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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA PERFIL DE MORBIMORTALIDADE DAS INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS EM MINAS GERAIS, NO PERÍODO DE 2007 A 2011 Cristiane Moreira Magalhães Andrade¹ Daniela Buosi Rohlfs² ¹ Farmacêutica Bioquímica formada pela Universidade Federal de Ouro Preto. Aluna da pós-graduação em Vigilância Sanitária, pela Universidade Católica de Goiás/IFAR. ² Engenheira Florestal. Mestre em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília UnB. Especialista em Gestão Integrada das Águas Saneamento Ambiental pela Universidade das Águas da Itália; especialista em Saúde e Poluição Atmosférica pela Universidade de São Paulo - USP. Doutoranda em Saúde Coletiva, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Atuando como Coordenadora Geral de Vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde. E-mail: [email protected] Resumo O presente artigo objetivou investigar o perfil de morbimortalidade das intoxicações por agrotóxicos no estado de Minas Gerais utilizando o Sistema Nacional de Agravos de Notificação SINAN e o Sistema de Informação de Mortalidade - SIM, além de fazer uma análise comparativa do total de casos registrados no Sistema de Informação Tóxico Farmacológica - SINITOX e no SINAN. Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo. No SINAN, houve 5015 casos de intoxicação sendo que a maioria ocorreu em homens. Tanto entre as mulheres quanto entre os homens, houve predomínio de intoxicações na faixa etária de 20 a 34 anos; na residência; na zona urbana; por raticidas; na pulverização; pela via digestiva; por tentativa de suicídio; fora do local de trabalho. A maioria teve atendimento hospitalar e cura sem sequela. No SIM, a ingestão de agrotóxicos foi a principal causa de morte (76%) entre esses agentes. Houve prevalência de registros no SINITOX. Apesar da subnotificação, foi possível traçar o panorama das intoxicações por agrotóxicos e sugerir algumas ações para aumentar os registros e proteger a população exposta dos efeitos nocivos dos agrotóxicos. Palavras-chave: Intoxicações. Morbimortabilidade. Suicídio. Subnotificação. Sistema de informação. Abstract This article aimed to investigate the morbidity and mortality profile of pesticide poisoning in the state of Minas Gerais using the National Notifiable Diseases System (SINAN) and by Mortality Information System - SIM, and make a comparative analysis of all cases registered in the Information System Toxico Pharmacological - SINITOX and in the SINAN. This is a retrospective descriptive study. In SINAN, there was 5015 cases of poisoning, the majority occurred in men. Both among women as among men, there was a predominance of intoxication in the aged 20 to 34 years, at the residence, in the urban area; rodenticides; in the spraying the digestive TRACT , for attempting suicide; outside the workplace. Most had hospital treatment and cure without sequelae. In SIM, ingestion of pesticides was the leading cause of death (76%) of these agents. The prevalence of records was in the SINITOX. Despite the underreporting, it was possible to trace the panorama of pesticide poisoning and suggest some actions to increase notifications and protect the exposed population from the harmful effects of pesticides. Keywords: Poisoning. Morbidity and Mortality. Suicide. Subnotification. Information System.

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Page 1: PERFIL DE MORBIMORTALIDADE DAS INTOXICAÇÕES POR ... E BIOLOGICAS/PERFIL... · domiciliar, na saúde pública, raticida e produto veterinário. Após ... 2614 casos de intoxicação

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA

PERFIL DE MORBIMORTALIDADE DAS INTOXICAÇÕES POR

AGROTÓXICOS EM MINAS GERAIS, NO PERÍODO DE 2007 A 2011

Cristiane Moreira Magalhães Andrade¹

Daniela Buosi Rohlfs²

¹ Farmacêutica Bioquímica formada pela Universidade Federal de Ouro Preto. Aluna da pós-graduação em

Vigilância Sanitária, pela Universidade Católica de Goiás/IFAR.

² Engenheira Florestal. Mestre em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília – UnB. Especialista em

Gestão Integrada das Águas – Saneamento Ambiental pela Universidade das Águas da Itália; especialista em

Saúde e Poluição Atmosférica pela Universidade de São Paulo - USP. Doutoranda em Saúde Coletiva, pela

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Atuando como Coordenadora Geral de Vigilância em Saúde

Ambiental do Ministério da Saúde. E-mail: [email protected]

Resumo O presente artigo objetivou investigar o perfil de morbimortalidade das intoxicações por agrotóxicos no estado

de Minas Gerais utilizando o Sistema Nacional de Agravos de Notificação – SINAN e o Sistema de Informação

de Mortalidade - SIM, além de fazer uma análise comparativa do total de casos registrados no Sistema de

Informação Tóxico Farmacológica - SINITOX e no SINAN. Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo. No

SINAN, houve 5015 casos de intoxicação sendo que a maioria ocorreu em homens. Tanto entre as mulheres

quanto entre os homens, houve predomínio de intoxicações na faixa etária de 20 a 34 anos; na residência; na

zona urbana; por raticidas; na pulverização; pela via digestiva; por tentativa de suicídio; fora do local de

trabalho. A maioria teve atendimento hospitalar e cura sem sequela. No SIM, a ingestão de agrotóxicos foi a

principal causa de morte (76%) entre esses agentes. Houve prevalência de registros no SINITOX. Apesar da

subnotificação, foi possível traçar o panorama das intoxicações por agrotóxicos e sugerir algumas ações para

aumentar os registros e proteger a população exposta dos efeitos nocivos dos agrotóxicos.

Palavras-chave: Intoxicações. Morbimortabilidade. Suicídio. Subnotificação. Sistema de informação.

Abstract This article aimed to investigate the morbidity and mortality profile of pesticide poisoning in the state of Minas

Gerais using the National Notifiable Diseases System (SINAN) and by Mortality Information System - SIM,

and make a comparative analysis of all cases registered in the Information System Toxico Pharmacological -

SINITOX and in the SINAN. This is a retrospective descriptive study. In SINAN, there was 5015 cases of

poisoning, the majority occurred in men. Both among women as among men, there was a predominance of

intoxication in the aged 20 to 34 years, at the residence, in the urban area; rodenticides; in the spraying the

digestive TRACT , for attempting suicide; outside the workplace. Most had hospital treatment and cure without

sequelae. In SIM, ingestion of pesticides was the leading cause of death (76%) of these agents. The prevalence of

records was in the SINITOX. Despite the underreporting, it was possible to trace the panorama of pesticide

poisoning and suggest some actions to increase notifications and protect the exposed population from the

harmful effects of pesticides.

Keywords: Poisoning. Morbidity and Mortality. Suicide. Subnotification. Information System.

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1 INTRODUÇÃO

Agrotóxicos são compostos largamente utilizados em vários setores econômicos

como na saúde pública, em empresas desinsetizadoras e aquelas envolvidas no transporte,

comercialização e produção desses produtos. Contudo o maior emprego ocorre na agricultura

(BRASIL, 1996).

A exposição aos agrotóxicos pode acarretar diferentes graus e tipos de

intoxicações ocasionados por contato direto ou indireto durante síntese, manuseio, preparo,

aplicação e transporte desses agentes ou ainda por meio da água, de alimentos e de leite

materno contaminados com resíduos (CARNEIRO et al, 2012).

As intoxicações podem se apresentar nas formas agudas ou crônicas. As agudas

acontecem por exposição a concentrações elevadas e após pouco tempo de contato com o

produto. Entre os vários efeitos, destacam-se náuseas, vômito, cefaleia, tontura, desorientação,

irritação de pele e mucosas, dificuldade respiratória, hemorragia, convulsões, coma e até a

morte (SILVA et al., 2005).

Já a sintomatologia crônica pode surgir anos após a exposição a um ou mais tipos

de agrotóxicos por longos períodos, a doses menores. Os efeitos pela exposição prolongada

são diversos, muitas vezes irreversíveis e de difícil reconhecimento clínico, entre os quais se

destacam as neoplasias, problemas nos sistemas nervoso, respiratório e cardiovascular

(DOMINGUES et al .2004; SOARES; ALMEIDA; MORO, 2003).

Os agrotóxicos constituem também importante causa de morte. De acordo com a

Organização Mundial da Saúde - OMS, cerca de três milhões de intoxicações agudas e 220

mil mortes por ano aconteceram em consequência da exposição a esses produtos. No Brasil,

os dados são subestimados, mas, apenas no ano de 2009, foram registradas 11.641

intoxicações e cerca de 188 casos de mortes (BRASIL, 2009a; WHO, 1990).

A ampla utilização, associada ao grande número de produtos disponíveis

aumentaram os impactos para o ambiente e a saúde. Somente o Brasil, no ano 2011,

comercializou 826 toneladas de agrotóxicos. Em Minas Gerais, no mesmo período, foram

comercializados 62.678 toneladas de produtos comerciais, distribuidos em mais de 1.271

marcas comerciais (IMA, 2011a, b).

No Brasil, os registros de intoxicação por agrotóxicos podem ser obtidos pelo

Sistema Nacional de Agravos de Notificação - SINAN e também pelo Sistema Nacional de

Informações Tóxico-Farmacológicas - SINITOX. Já os registros de mortalidade, incluindo

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aqueles relacionados a intoxicações por agrotóxicos, são obtidos por meio do Sistema de

Informação de Mortalidade - SIM (FARIA; FASSA; FACCHINI, 2007).

O SINAN é um sistema informatizado de base de dados nacional, gerenciado pelo

Ministério da Saúde. É utilizado para notificar e investigar, obrigatoriamente, determinadas

doenças e agravos determinados em legislação. Atualmente, a Portaria 104/2011 é

responsável pela definição das notificações, sendo que as intoxicações por agrotóxicos estão

nela incluídas. Essa norma estabelece também fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições

aos profissionais e serviços de saúde inerentes à notificação e à investigação (BRASIL, 2011).

O SINITOX é um sistema vinculado à Fundação Oswaldo Cruz, que coordena a

coleta, compila, analisa e divulga os casos de intoxicação e envenenamento obtidos por

notificação espontânea recebida pelos 35 Centros de Informação e Assistência Toxicológicas

(CIAT), situados em 19 estados brasileiros (BRASIL, 2012b).

O SIM foi desenvolvido pelo Ministério da Saúde - MS para a obtenção de dados

sobre mortalidade no país, enviados pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

Possui variáveis que permitem, a partir da causa da morte, construir indicadores e processar

análises epidemiológicas que contribuam para a eficiência da gestão em saúde (BRASIL,

2001).

A notificação efetiva nas bases de dados possibilita estimar e monitorar de forma

mais precisa o perfil de morbimortalidade de intoxicações por agrotóxicos, fornecendo

subsídios para que ações sejam planejadas, realizadas e aprimoradas, produzindo impactos

positivos na qualidade de vida da população exposta aos efeitos nocivos dessas substâncias

(BRASIL, 1996).

Diante disso, os objetivos que nortearam esta pesquisa foram:

Analisar o perfil epidemiológico de morbimortalidade relativo à exposição a

agrotóxicos, em Minas Gerais, utilizando-se as bases de dados do SINAN e SIM.

Realizar uma análise comparativa entre o total de intoxicações por agrotóxicos

notificados no SINAN e no SINITOX.

2 METODOLOGIA

Foi realizado um estudo descritivo e retrospectivo utilizando-se dados secundários

dos bancos do SINAN, SINITOX e SIM, com a garantia de sigilo e anonimato dos casos

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notificados nesses sistemas de informação, nos seguintes períodos: SINAN e SIM, no período

de 2007 a 2011; no SINTOX, no período de 2007 a 2010.

2.1 Fontes de dados

2.1.1 SINAN

Para a realização do estudo foram consideradas todas as notificações de

intoxicação por agrotóxicos, ocorridas em Minas Gerais no período de 2007 a 2011,

fornecidas em formato eletrônico pela Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais.

Foram incluídos no grupo todos os tipos de agrotóxicos: os de uso agrícola,

domiciliar, na saúde pública, raticida e produto veterinário. Após consulta da Ficha de

Investigação de Intoxicação Exógena (SINAN-NET), foram selecionadas, por sexo, as

variáveis: faixa etária, local de ocorrência da exposição, zona de exposição, grupo de agente

tóxico, finalidade da utilização, atividade exercida na exposição, via de exposição,

circunstância de exposição, decorrência do trabalho, tipo de exposição, tipo de atendimento e

evolução do caso.

Em seguida, os dados obtidos foram convertidos em tabela e gráficos, com o

auxílio do Microsoft Office Excel 2007 e ordenados para análise. Foram efetuados cálculos

de porcentagem de cada uma das variáveis nas tabelas sobre o total da população masculina e

sobre o total da população feminina.

2.1.2 SINITOX

Os dados de morbidade referentes à intoxicação por agrotóxicos foram obtidos

via on line, no próprio site do SINITOX, do ano de 2007 a 2010. O ano de 2011 não foi

analisado, em função de não estar disponível no site. O quantitativo obtido foi convertido em

tabela e gráficos, com o auxílio do Microsoft Office Excel 2007 e ordenados para análise.

2.1.3 SIM

Os dados sobre mortalidade foram obtidos no site do Tabnet-MG, administrado

pela Coordenadoria de Gestão de Sistemas de Informações de Saúde de Minas Gerais,

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referentes ao período de 2007 a 2011. A pesquisa foi efetuada no campo “Mortalidade por

causas externas”, selecionando-se os códigos X48, X87, Y18 e X68 da Classificação

Internacional de Doenças - CIDs. Posteriormente, os dados tabulados foram convertidos em

tabela e gráficos, com o auxílio do Microsoft Office Excel 2007 e ordenados para análise.

3 RESULTADOS

3.1 Dados de Morbidade – SINAN

O total de intoxicações exógenas, em Minas Gerais, no período de 2007 a 2011 no

SINAN aumentou. Nesse mesmo período, houve aumento também do número de intoxicações

relacionadas aos agrotóxicos, sendo que no período de 2007 a 2008, houve ampliação de 54%,

no período de 2008 a 2009, ampliação de 61%, no período de 2009 a 2010, ampliação de 14%

e no período de 2010 a 2011 houve aumento de 44 % (GRAF. 1). Apesar de os dados ainda

serem parciais, para o ano de 2012, o SINAN já registra 1.678 casos.

GRÁFICO 1 - Total de intoxicações exógenas relacionadas aos agrotóxicos, Minas Gerais, 2007 a 2011

Fonte: BRASIL, 2012c.

Contudo esses dados devem ser analisados com cautela uma vez que o aumento

dos casos de intoxicados por agrotóxicos reflete a obrigatoriedade da notificação pelos

serviços de saúde conforme será discutido mais adiante.

Em relação às intoxicações exógenas 44% do total foi em decorrência dos

medicamentos seguida de 14,3 % aos alimentos e bebidas. Os agrotóxicos foram os

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responsáveis pela terceira maior causa de intoxicação (GRAF. 2), com um total de 5015

casos, perfazendo 14 % do total.

GRÁFICO 2 - Total de intoxicações por grupo de agente tóxico, em Minas Gerais, 2007 a 2011

Fonte: BRASIL, 2012c.

Conforme discriminado na TAB. 1, de acordo com o sexo, a faixa etária

predominante de intoxicados por agrotóxicos foi a de 20 a 34 anos de idade ( 39,7% dos

homens, 36,5% das mulheres), seguida pela faixa etária entre 35 a 49 anos (24,9% dos

homens e 22,8% das mulheres).

Em relação ao local de ocorrência da exposição, 53,1% dos homens e 67,4% das

mulheres foram expostos na residência. Quanto à zona de exposição, 43,9 % dos homens e

61,2% das mulheres foram expostos na área urbana. De acordo com o agente tóxico, houve

2614 casos de intoxicação em decorrência dos raticidas, representando 52% do total de casos,

sendo 42,8% das intoxicações entre os homens e 64,5% entre asmulheres (GRAF. 3),

seguidos de 1365 casos de agrotóxicos agrícolas, representando 27 % do total, sendo que

desses, 79 % se referem aos homens e 21%, às mulheres.

GRÁFICO 3- Total de intoxicações por tipo de agrotóxico, em Minas Gerais, 2007 a 2011

Fonte: BRASIL, 2012c.

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Conforme TAB. 2, os inseticidas foram responsáveis por 17,2 % das intoxicações

em homens e 11,9% das intoxicações em mulheres. A principal atividade envolvida na

intoxicação foi a pulverização (14,4 % dos homens e 3,7% das mulheres). Com relação à via

de exposição/contaminação, a predominante foi a digestiva, com 3.684 casos, representando

74 % do total (66,6% entre os homens e 82,6% entre as mulheres), seguida da via respiratória,

com 649 casos, representando 13% do total (17,7% dos homens e 6,7% das mulheres)

A TAB. 3 evidencia, quanto à circunstância da exposição/contaminação, o

predomínio da tentativa de suicídio, 52,3% em homens e 70,6% em mulheres. Quanto ao

local de exposição, 65% dos homens e 82,1% das mulheres não foram expostos no trabalho.

Quanto ao tipo de exposição 85 % dos homens e 83,10 % das mulheres tiveram intoxicação

aguda (única e repetida). Com relação ao tipo de atendimento, 60,8% dos homens e 62,3% das

mulheres receberam atendimento hospitalar, sendo que de acordo a evolução do caso 81,4%

dos homens e 82,7% das mulheres tiveram cura sem sequela.

3.2 Dados de Mortalidade SIM

Em Minas Gerais, no período de 2007 a 2011, foi notificado, no SIM, um total de

538 casos de óbitos em decorrência das intoxicações por agrotóxicos, incluindo os casos de

suicídios (GRAF. 4), sendo que 76% desse total ocorreram em decorrência de auto-

intoxicação por exposição intencional aos agrotóxicos, seguidos de 12 casos de óbitos

provocados pela intoxicação por exposição a pesticidas, representando 2 % do total de óbitos

por exposição à agrotóxicos.

GRÁFICO 4 - Total de casos de mortalidade ocasionados por agrotóxicos em Minas Gerais 2007 a 2011

Fonte: BRASIL, 2012e.

TABELA 1

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Variáveis dos casos de intoxicação por agrotóxicos notificados no

SINAN, 2007 a 2011, Minas Gerais

Caracteristica nº de Indivíduos

Sexo Masculino Feminino Total

Nº % Nº %

2846 57 2167 43 5015

Faixa Etária SINAN

<1 Ano 54 1,9 32 1,5 86

1-4 204 7,2 177 8,2 381

5-9 52 1,8 35 1,6 87

10-14 59 2,1 112 5,2 171

15-19 243 8,5 327 15,1 570

20-34 1131 39,7 790 36,5 1921

35-49 709 24,9 493 22,8 1202

50-64 294 10,3 158 7,3 452

65-79 88 3,1 37 1,7 125

80 e+ 12 0,4 6 0,3 18

Local de ocorrência da exposição

Residência 1512 53,1 1461 67,4 2973

Ambiente de trabalho 623 21,9 141 6,5 764

Trajeto do trabalho 10 0,4 0 0,0 10

Serviços de saúde 1 0,0 1 0,0 2

Escola/creche 23 0,8 36 1,7 59

Ambiente externo 70 2,5 27 1,2 97

Outro 69 2,4 27 1,2 96

Ignorado 539 18,9 475 21,9 1014

Zona exposição

Urbana 1250 43,9 1327 61,2 2577

Rural 711 25,0 245 11,3 956

Periurbana 13 0,5 13 0,6 26

Ignorado 873 30,7 583 26,9 1456

Grupo do agente

Tóxico

Agrotóxico agrícola 1076 37,8 289 13,3 1365

Agrotóxico doméstico 201 7,1 211 9,7 412

Agrotóxico saúde

pública 54 1,9 80 3,7 134

Raticida 1217 42,8 1397 64,5 2614

Prod. veterinário 299 10,5 191 8,8 490

Ignorado 0 0,0 0 0,0 0 Fonte: BRASIL, 2012c

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TABELA 2

Variáveis dos casos de intoxicação por agrotóxicos notificados no

SINAN, 2007 a 2011, Minas Gerais

Caracteristica nº de Indivíduos

Sexo Masculino Feminino Total

Nº % Nº %

2846 57 2167 43 5015

Finalidade da utilização

Inseticida 490 17,2 258 11,9 748

Herbicida 357 12,5 87 4,0 444

Carrapaticida 36 1,3 13 0,6 49

Raticida 20 0,7 20 0,9 40

Fungicida 79 2,8 23 1,1 102

Preserv. madeira 2 0,1 1 0,0 3

Outro 61 2,1 28 1,3 89

Não se aplica 40 1,4 29 1,3 69

Ign/Branco 1762 61,9 1709 78,9 3471

Atividade exercida na exposição

Diluição 227 8,0 52 2,4 279

Pulverização 411 14,4 80 3,7 491

Tratamento de sementes 55 1,9 4 0,2 59

Armazenagem 10 0,4 3 0,1 13

Colheita 27 0,9 17 0,8 44

Transporte 5 0,2 0 0,0 5

Desinsetização 50 1,8 77 3,6 127

Produção 7 0,2 1 0,0 8

Outros 127 4,5 66 3,0 193

Não se aplica 106 3,7 85 3,9 191

Ign/Branco 1822 64,0 1783 82,3 3605

Via de exposicão

Digestiva 1895 66,6 1789 82,6 3684

Cutânea 214 7,5 80 3,7 294

Respiratória 504 17,7 145 6,7 649

Ocular 34 1,2 15 0,7 49

Parenteral 6 0,2 4 0,2 10

Vaginal 0 0,0 0 0,0 0

Transplacentária 3 0,1 0 0,0 3

Outra 6 0,2 2 0,1 8

Ign/Branco 185 6,5 133 6,1 318 Fonte: BRASIL, 2012c

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TABELA 3

Variáveis dos casos de intoxicação por agrotóxicos notificados

no SINAN, 2007 a 2011, Minas Gerais

Variáveis nº de Indivíduos

Sexo Masculino Feminino Total

Nº % Nº %

2846 57 2167 43 5015

Circunstância da

exposição

Uso Habitual 229 8,0 38 1,8 267

Acidental 833 29,3 410 18,9 1243

Ambiental 88 3,1 58 2,7 146

Uso terapêutico 0 0,0 1 0,0 1

Prescrição médica 2 0,1 0 0,0 2

Erro de administração 39 1,4 6 0,3 45

Automedicação 5 0,2 2 0,1 7

Abuso 11 0,4 4 0,2 15

Ingestão de alimento 14 0,5 7 0,3 21

Tentativa de suicídio 1488 52,3 1530 70,6 3018

Tentativa de aborto 1 0,0 4 0,2 5

Violência/homicídio 18 0,6 19 0,9 37

Outra 24 0,8 20 0,9 44

Ign/Branco 95 3,3 69 3,2 164

Exposição trabalho

Sim 726 25,5 153 7,1 879

Não 1849 65,0 1779 82,1 3628

Ign/Branco 272 9,50 236 10,8 508

Tipo de exposição

Aguda–única 2188 76,9 1652 76,2 3840

Aguda–repetida 230 8,1 149 6,9 379

Crônica 20 0,7 12 0,5 32

Aguda sobre crônica 13 0,5 5 0,2 18

Ign/Branco 396 13,8 350 16,2 746

Tipo de atendimento

Hospitalar 1730 60,8 1349 62,3 3079

Ambulatorial 1031 36,2 745 34,4 1776

Domiciliar 9 0,3 6 0,3 15

Nenhum 8 0,3 3 0,1 11

Ign/Branco 69 2,4 65 2,9 134

Evolução

Cura sem sequela 2318 81,4 1792 82,7 4110

Cura com sequela 44 1,5 33 1,6 77

Óbito por intoxicação

Exógena 101 3,4 43 1,9 144

Óbito por outra causa 7 0,3 0 0 7

Perda de Seguimento 41 1,4 20 0,9 61

Ign/Branco 336 11,8 280 12,9 616 Fonte: BRASIL, 2012c

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11

3.3 Dados de Morbidade – SINAN x SINITOX

O total de notificações registradas no SINAN, no período de 2007 a 2010, foi de

3.304 casos. No mesmo período, foram registrados 3.632 casos no SINITOX (GRAF. 5),

demonstrando que o número de casos de intoxicação por agrotóxicos é superior em 5% ao

registrado pelo SINAN. Ressalta-se, novamente, que o SINITOX apresenta registro apenas

até o ano de 2010.

GRÁFICO 5 - Comparação entre o número total de intoxicações por agrotóxicos notificados no SINAN e no

SINITOX , Minas Gerais, 2007-2010

Fonte: BRASIL, 2012 b, c.

4 DISCUSSÃO

No SINAN, desde o ano de 2004, as intoxicações por agrotóxicos foram definidas

como de notificação obrigatória em redes sentinelas, contudo a partir do ano de 2010, tais

notificações passam a ser compulsórias em unidade sentinela ou não. Ambas as alterações na

legislação explicam o aumento do número de intoxicações nesse Sistema (54% entre 2007 a

2008, 61% entre 2008 a 2009, 14% entre 2009 a 2010 e 44 % entre 2010 a 2011). Porém com

a obrigatoriedade das notificações por agrotóxicos em qualquer unidade de saúde, estima-se

que a quantidade de notificações aumente ainda mais (BRASIL, 2004; BRASIL, 2010).

Ainda quanto ao SINAN, a análise dos casos de intoxicação por agrotóxicos

notificados, demonstrou que entre as mulheres, houve expressivo número de casos de

intoxicações ocorridos na residência (67,4%), na zona urbana (61,2%), por raticidas (64,5%),

pela via digestiva (82,6%) e por tentativa de suicídio (70,6%). Os dados sugerem que as

mulheres estão empregando os raticidas para provocar suicídio. Nesse grupo populacional, o

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envenenamento por substâncias como medicamentos, produtos de limpeza e agrotóxicos, tem

sido considerado como causa predominante de tentativa de suicídio (MARÍN-LEÓN;

BARROS, 2003; VIANA et al. , 2008).

No Brasil, o chumbinho, produto irregular utilizado com raticida, tem sido

associado a casos de intoxicação e óbitos devido a tentativas de suicídios. Estimativas da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontam que quase 60% dos oito mil casos

de intoxicação relacionados por esse produto ocorridos no Brasil, anualmente, estão

relacionados ao aldicarbe, princípio ativo de muitos agrotóxicos e principal composto

utilizado no preparo do chumbinho, o que levou a essa instituição a banir esse agente químico

do mercado desde outubro de 2012 (SANTOS et al., 2011; MOLINA, 2012).

Vale ressaltar que a tentativa de suicídio aparece como a principal circunstância

desencadeadora de intoxicações por agrotóxicos (77% do total de casos). Nesse tipo de

episódio as manifestações clínicas são intensas, fazendo com que o indivíduo busque

assistência nos serviços de saúde, aumentando, portanto, a notificação dessa ocorrência,

diferentemente das intoxicações ocupacionais e acidentais, que, na maioria das vezes,

apresentam manifestações clínicas menos severas em um curto prazo de tempo (OLIVEIRA;

BURIOLA, 2009).

Quanto à faixa etária de maior prevalência de intoxicação por agrotóxicos,

verificou-se que os maiores índices compreenderam as idades produtivas, ou seja, entre 20 a

49 anos. Todavia observou-se que, na faixa etária entre 01 a 14 anos, houve 13% de casos de

intoxicação entre o total de casos. Esse índice pode estar relacionado ao trabalho infantil

realizado principalmente no meio rural, assim como pelos acidentes com crianças envolvendo

esses produtos em ambientes domésticos (OLIVEIRA; BURIOLA, 2009; SCARDOELLI et

al., 2011).

Por sua vez, Benatto (2002) admite que, mesmo não exercendo atividades

produtivas na agricultura, tanto menores de idade como adultos residentes no meio rural

podem se contaminar com os agrotóxicos de uso agrícola, uma vez que as residências estão

localizadas próximas às lavouras, aumentando o risco de intoxicação.

A exposição na área urbana foi de 2,70 vezes maior do que na área rural.

Considerando-se que 85% dos agrotóxicos são utilizados na agricultura, provavelmente um

número expressivo de intoxicações ocorridas no meio rural não foi notificado (OLIVEIRA-

SILVA; MEYER , 2003).

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A exposição ocupacional ocorreu em apenas 18% dos casos totais. Contudo, em

relação à população geral, os trabalhadores, nos mais diversos ramos econômicos

(agropecuária, saúde pública, empresas desinsetizadoras, transporte e comércio e indústrias de

formulação), são os que apresentam maior risco de intoxicação por agrotóxicos,

demonstrando que grande parte dos casos de intoxicação, entre o maior grupo exposto, ainda

não é notificada (BRASIL, 2009b).

Além disso, os trabalhadores podem estar expostos durante toda a sua vida laboral

a baixas doses, comumente, a múltiplos agrotóxicos, ocasionando efeitos em longo prazo.

Assim, muitos casos de intoxicações crônicas não estão sendo identificados e registrados por,

geralmente, não haver correlação entre o adoecimento e a exposição ocupacional aos

agrotóxicos (SILVA et al., 2005).

Aliás, a intoxicação crônica também é subestimada na população em geral. A

ingestão de alimentos com resíduos de agrotóxicos acima dos níveis toleráveis, tem sido

considerada como preocupante do ponto de vista de saúde pública em decorrência de efeitos

prejudiciais a saúde. Dados da Anvisa demonstram que um terço dos alimentos consumidos

rotineiramente pela população esta contaminado com resíduos dessas

substâncias,evidenciando a gravidade do problema (ANVISA, 2011; CARNEIRO et al.,

2012).

O campo “Atividade exercida na exposição” não foi preenchido/ignorado em 72%

dos casos, o que dificulta a compreensão e a análise mais aprofundada das situações de risco

de exposição ocupacional aos agrotóxicos uma vez que o conhecimento da totalidade das

atividades realizadas pelo trabalhador bem como as possibilidades de exposição geradas a

partir delas possibilita a aplicação de medidas preventivas e corretivas visando à proteção da

saúde (SILVA et al., 2005).

Apesar do baixo preenchimento desse campo de informação ou a incompletude do

dado, entre as atividades, a que teve maior percentual de intoxicação entre o total de casos

(10%) foi a pulverização seguida da diluição (6%). Independente de como a pulverização é

realizada (trator, costal ou tração animal), acarreta exposição massiva no aplicador. Além

disso, em ambas as atividades os trabalhadores utilizam, com pouca frequência, os

Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) tornando, assim, o risco de intoxicação ainda

maior (BEDOR et al, 2002; VEIGA, 2007).

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Destaca-se que o trabalhador tende a usar com pouca constância os EPIs, por

causarem desconforto térmico, já que essas vestimentas não estão adaptadas às condições

climáticas do país (VEIGA, 2007).

Vale ressaltar que, além do trabalhador, a pulverização pode acarretar

intoxicações em toda a população, pois esse tipo de aplicação ao ser realizada por aviões e

tratores ocasiona a dispersão do produto para longas distâncias, levando à exposição humana

e à contaminação dos solos, dos recursos hídricos, da fauna e da flora fora da área de

aplicação (JACOBSON et al., 2009).

Espera-se que as autoridades (trabalhistas, sanitárias e do meio ambiente)

intensifiquem a fiscalização em todas as fases da atividade exercida na exposição,

principalmente a pulverização e a diluição, em defesa da vida e dos recursos naturais.

O campo “finalidade de utilização” também apresentou uma alta porcentagem de

ignorados/branco (69%). O seu preenchimento deve ser estimulado pelas autoridades, pois

conhecer o tipo de ação do agrotóxico é útil para o diagnóstico e o tratamento específico das

intoxicações. A maioria dos casos (15%) foi ocasionada pelos inseticidas, os quais acarretam

grande risco à saúde, sendo responsáveis por significativo número de intoxicações e mortes

no país (OLIVEIRA; BURIOLA, 2009).

Com relação ao tipo de atendimento, a maioria dos pacientes intoxicados por

agrotóxicos recebeu atendimento hospitalar tanto entre os homens (60,8%) quanto entre as

mulhers (62,3%). A predominância desse tipo de atendimento evidência que a maioria dos

casos de intoxicação por agrotóxicos captados pelos serviços de saúde, conforme já descrito,

são os de maior gravidade, implicando no modelo hospitalocêntrico ainda vigente. Além do

mais, sugere que as unidades de atenção primária, principalmente as localizadas em áreas

rurais, mesmo quando recebem casos de intoxicação, não realizam a notificação (BENATTO,

2002).

Quanto ao tipo de exposição houve predomínio de intoxicações agudas, sejam

únicas ou repetidas, em ambos os sexos (85% dos homens e 83,10% das mulheres). A

tendência de se ter maior número de notificações por casos agudas é uma realidade no

SINAN, SINITOX e SIM, e por isso nenhum deles ainda responde adequadamente como

instrumento de vigilância em saúde (FARIA; FASSA; FACCHINI, 2007).

Quanto à mortalidade relacionada ao uso de agrotóxicos obtidos no SIM, observa-

se que grande parte dos casos deve-se à utilização desses produtos para provocar suicídio. Tal

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15

fato pode estar relacionado ao conhecimento da população sobre o alto poder tóxico dessas

substâncias, associado ao fácil acesso (OLIVEIRA; BURIOLA, 2009).

Além disso, esse sistema tem capturado, de forma clara, ocorrências por

exposição aguda. Já os óbitos por exposições crônicas, que podem estar relacionados a

diversos tipos de desfechos de saúde, em sua grande maioria, não são relacionados à

exposição a agrotóxicos, prejudicando, assim, a captura de registros de óbitos por esses

agentes químicos (OLIVEIRA-SILVA; MEYER, 2003).

Ao se comparar o número de intoxicações por agrotóxicos registradas pelos

sistemas SINAN e SINITOX, constatou-se que há um maior registro de notificações no

SINITOX em relação ao SINAN, nos anos de 2007, 2009 e 2010. Porém, não é possível

afirmar que os casos registrados por um sistema não estejam também registrados no outro.

Podem ocorrer, casos registrados pelos dois sistemas, por apenas um dos sistemas, ou casos

não registrados em nenhum deles (FARIA; FASSA; FACCHINI, 2007).

Cabe destacar que o Sistema nacional de registro oficial do Ministério da Saúde e

das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde é o SINAN. Porém, até os anos de 1990, as

intoxicações, incluindo por agrotóxicos, não eram notificadas, o que se constituía em uma

importante lacuna no Brasil em relação aos registros desses agravos. Assim, o SINITOX foi

desenvolvido na década de 1980, tendo como um dos objetivos o registro das intoxicações,

entre as quais a por agrotóxicos (OLIVEIRA, 2010).

Conhecer o perfil de morbimortalidade relativo à exposição aos agrotóxicos é

fundamental para a realização de ações estratégicas e bem planejadas. Contudo a

subnotificação tem dificultado o estabelecimento de um processo dinâmico de planejamento,

de avaliação, de manutenção e de aprimoramento das ações (BRASIL, 2009b).

Várias são as causas da subnotificação das intoxicações por agrotóxicos. Entre

elas, destacam-se a deficiência de profissionais de saúde treinados para reconhecer os quadros

de intoxicação, principalmente os casos crônicos; baixa iniciativa do trabalhador rural em

procurar os serviços de saúde, em decorrência da utilização de terapias alternativas para

tratamento ou por dificuldade de acesso aos serviços de saúde e dificuldade de diagnóstico

entre os casos suspeitos (SCHMIDT; GODINHO, 2006; OLIVEIRA-SILVA; MEYER ,

2003).

Com relação especificamente ao SINITOX, o subregistro está atrelado ao fato do

número de Centros não ser abrangente para todo o país. Além disso, a maioria deles possui

vínculos institucionais precários, algumas vezes vinculados às Secretarias de Saúde, ou em

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sua maioria, ligados às universidades ou a outros institutos, implicando na dificuldade de

manutenção de profissionais, bem como na regularidade e na suficiência de recursos

financeiros específicos para a realização das atividades (BOCHNER, 2007).

Além disso, em função do SINITOX ser um sistema de consulta para os

profissionais da saúde, geralmente, o registro de atendimento refere-se às intoxicações

agudas, havendo, portanto, subregistro das intoxicações crônicas. Soma-se a isso o fato de que

o número de registros varia de acordo com a capacidade de o profissional identificar e

reconhecer os casos de intoxicação. Ou seja, locais com maior número de casos propicia

maior experiência profissional no diagnóstico e no tratamento, acarretando menor número de

solicitação de auxílio ao Sistema. Ainda deve-se considerar que muitos profissionais

desconhecem ou não têm acesso ao SINITOX (OLIVEIRA-SILVA; MEYER, 2003).

Com relação ao sub-registro dos casos de mortalidade ocasionados pelos

agrotóxicos, uma das causas deve-se ao fato que somente os Institutos Médico Legais dos

grandes centros urbanos realizam análises toxicológicas necessárias à identificação dos casos.

Associado a isso, a causa do óbito se concentra no desfecho fatal da intoxicação, não sendo

considerada a causa principal (OLIVEIRA-SILVA; MEYER, 2003).

Apesar de haver vários sistemas de informação em saúde que possuem registros

de intoxicação por agrotóxicos no Brasil, verifica-se que nenhum deles atende adequadamente

aos objetivos de um sistema de vigilância em saúde, principalmente, porque os dados são

analisados isoladamente e os casos registrados, são em sua grande maioria, referentes às

intoxicações agudas (FARIA; FASSA; FACCHINI, 2007).

Além de aumentar as notificações, faz-se necessário desenvolver e fortalecer os

procedimentos de Vigilância em Saúde voltados para as populações expostas aos agrotóxicos.

Nesse sentido, o Ministério da Saúde publicou a Portaria n° 2.938/12, autorizando o repasse

de mais de 22 milhões para as Secretarias Estaduais de Saúde e o Distrito Federal, para o

planejamento das ações de vigilância, incluindo as de Vigilância em Saúde Ambiental,

Sanitária, Epidemiológica e de Saúde do Trabalhador. Para o estado de Minas Gerais, foi

destinado um milhão de reais (BRASIL, 2012d).

Apesar da provável subnotificação, a análise dos casos registrados evidenciou o

expressivo impacto dos agrotóxicos sobre a saúde humana no estado de Minas Gerais. Esse

estudo demonstrou a necessidade de aprimoramento das estratégias implantadas para

notificação, de forma que os registros ocorridos possibilitem ações de Vigilância em Saúde

mais eficazes.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O crescente consumo de agrotóxicos em Minas Gerais, assim como no restante do

país, expõe cada vez, maior número de pessoas aos efeitos nocivos dessas substâncias. Assim

conhecer o perfil epidemiológico da população, principalmente daquela mais vulnerável,

torna-se fundamental para o delineamento de estratégias eficazes de controle, de minimização

e de eliminação dos riscos.

Contudo, para o melhor desenvolvimento das ações, faz-se necessária a obtenção

de informações que retratem de maneira mais fidedigna possível a realidade da população em

risco. Tais informações terão esse caráter quando efetivamente forem registrados os casos nos

sistemas de informação.

Assim, deve-se investir na ampliação do número das notificações por agrotóxicos,

no âmbito do Sistema Único de Saúde, bem como na capacitação dos profissionais para

diagnóstico dessas intoxicações. É importante também a partir das informações obtidas traçar

medidas estratégicas para reduzir ao máximo o risco de intoxicação na população exposta.

Para atingir tais objetivos, são necessárias medidas sistêmicas:

Qualificar, ampliar e estruturar toda a rede de serviços de atenção à saúde, enfatizando

o papel da atenção primária, na identificação da população de risco, no diagnóstico e

no tratamento dos intoxicados, bem como na execução de ações preventivas,

corretivas e educativas visando à promoção e à proteção da população exposta.

Envolver a população, principalmente a trabalhadora, para a busca e a aplicação de

medidas e ações necessárias à redução/minimização dos riscos inerentes à utilização

dos agrotóxicos, destacando-se a importância do uso dos Equipamentos de Proteção

Individual e a busca frequente dos serviços primários de saúde para prevenção de

intoxicações agudas, crônicas e de doenças ocupacionais.

Fortalecer o processo de notificação no SINAN, sensibilizando gestores e profissionais

de saúde sobre a importância da notificação em todas as unidades de saúde, sejam elas

públicas ou privadas e independente de sua resolutividade (baixa, média ou alta

complexidade).

Expandir e estruturar os laboratórios públicos com pessoal e aparelhagem adequados

para a realização do diagnóstico dos casos suspeitos.

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Estimular e promover a troca de informações entre os centros de informação

toxicológica com as secretarias municipais e estaduais de saúde e os profissionais de

saúde.

Buscar parcerias para se implementar no meio rural práticas alternativas de cultivos

sem a utilização de agrotóxicos, oferecendo subsídios ao agricultor para que possa

desenvolvê-las em sua rotina de trabalho de maneira sustentável.

Desenvolver junto à Saúde Mental ações para minimizar as causas relacionadas às

tentativas de suicídio, em especial às relacionadas à própria exposição das pessoas aos

agrotóxicos.

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