perfil de juliano vilar

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Perfil – Juliano Valente Vilar Cantar para viver Música em volume máximo. Nuvens de fumo e vozes em diferentes tons. A imagem inicial da personagem é a do solitário: mergulhado na selecção prévia das música que tocam no bar, em pé, num canto escuro do recinto, a comungar com os seus discos. Juliano Valente Vilar é “disc-jokey” nas horas vagas, fá-lo por prazer e devoção ao Reggae. A música ambiente para a conversa não poderia ser outra melhor, se não esta. Nasceu em Brasília (capital do Brasil) há 26 anos, no dia 4 de Janeiro de 1980. Cresceu a brincar com sua guitarra na capital brasileira, até ter de se mudar de malas e bagagens, em 1997, para a capital da Guiné-Bissau, acompanhando os pais embaixadores. Ali, a vida dividia-se entre a escola e a rua, onde fazia música, lembra Juliano enquanto prepara um cigarro. Alegra-se ao lembrar que formou a primeira banda de Rock da Guiné-Bissau. De facto, naquela época o Rock-in-Roll ainda não tinha chegado ao país, e a paz estava de malas prontas para partir. A banda chamava-se “Os Primatas”, mas, entretanto, veio a guerra e a banda acabou, assim como as tardes tranquilas onde o único “bombardeio” era o som feito pelas guitarras. Acende o seu cigarro pela segunda vez. A chama do cigarro volta simultaneamente com a sua entusiasmo. Recorda que depois de fugir de Bissau, preferiu acompanhar os pais em mais uma missão diplomática, desta vez em Portugal. Após uma breve estada em Lisboa, foi a vez de instalar-se em Coimbra. Juliano não demora a encontrar-se com a música. Em pouco tempo forma a primeira banda em Portugal, os “Imagem Censurada”, com a ajuda de amigos que fez na cidade dos estudantes. A banda não durou muito, mas o entusiasmo em continuar a fazer música não parou. Após o fim da primeira banda, forma “Os Contrabandas”, onde é o vocalista, com muito mais experiência de vida e de música, admite. Juliano pára a conversa por uns instantes; olha para o vazio, pensa, e em seguida comunica que é preciso voltar para a mesa de som. O gira-discos está a espera. Despede-se, volta para o canto escuro da sala, e cumprimenta a solidão e seus discos mais uma vez. Cláudio Vaz - 4º Jornalismo 2177 caracteres

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Perfil de Juliano Vilar 4ª ano de Jornalismo Universidade de Coimbra, Portugal

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Page 1: Perfil de Juliano Vilar

Perfil – Juliano Valente Vilar

Cantar para viver

Música em volume máximo. Nuvens de fumo e vozes em diferentes tons. A

imagem inicial da personagem é a do solitário: mergulhado na selecção prévia das música

que tocam no bar, em pé, num canto escuro do recinto, a comungar com os seus discos.

Juliano Valente Vilar é “disc-jokey” nas horas vagas, fá-lo por prazer e devoção

ao Reggae. A música ambiente para a conversa não poderia ser outra melhor, se não

esta. Nasceu em Brasília (capital do Brasil) há 26 anos, no dia 4 de Janeiro de 1980.

Cresceu a brincar com sua guitarra na capital brasileira, até ter de se mudar de malas e

bagagens, em 1997, para a capital da Guiné-Bissau, acompanhando os pais

embaixadores.

Ali, a vida dividia-se entre a escola e a rua, onde fazia música, lembra Juliano

enquanto prepara um cigarro. Alegra-se ao lembrar que formou a primeira banda de Rock

da Guiné-Bissau. De facto, naquela época o Rock-in-Roll ainda não tinha chegado ao

país, e a paz estava de malas prontas para partir. A banda chamava-se “Os Primatas”,

mas, entretanto, veio a guerra e a banda acabou, assim como as tardes tranquilas onde o

único “bombardeio” era o som feito pelas guitarras. Acende o seu cigarro pela segunda

vez. A chama do cigarro volta simultaneamente com a sua entusiasmo. Recorda que

depois de fugir de Bissau, preferiu acompanhar os pais em mais uma missão diplomática,

desta vez em Portugal.

Após uma breve estada em Lisboa, foi a vez de instalar-se em Coimbra. Juliano

não demora a encontrar-se com a música. Em pouco tempo forma a primeira banda em

Portugal, os “Imagem Censurada”, com a ajuda de amigos que fez na cidade dos

estudantes. A banda não durou muito, mas o entusiasmo em continuar a fazer música não

parou. Após o fim da primeira banda, forma “Os Contrabandas”, onde é o vocalista, com

muito mais experiência de vida e de música, admite.

Juliano pára a conversa por uns instantes; olha para o vazio, pensa, e em

seguida comunica que é preciso voltar para a mesa de som. O gira-discos está a espera.

Despede-se, volta para o canto escuro da sala, e cumprimenta a solidão e seus discos

mais uma vez.

Cláudio Vaz - 4º Jornalismo

2177 caracteres