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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Jefferson Dias Caldas PERDAS NA COLHEITA MECANIZADA DE GRÃOS FEIJÃO, SOJA E MILHO GUARAPUAVA-Pr 2009

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Jefferson Dias Caldas

PERDAS NA COLHEITA MECANIZADA DE GRÃOS

FEIJÃO, SOJA E MILHO

GUARAPUAVA-Pr 2009

Perdas Na Colheita Mecanizada De Grãos

Feijão, Soja e Milho

GUARAPUAVA – Pr

2009

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Jefferson Dias Caldas

Perdas Na Colheita Mecanizada De Grãos

Feijão, Soja e Milho

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso ao de GestãoAgrária e Desenvolvimento Regional da Faculdade de Ciências Exatas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista. Orientador: Professora SuellenCórdova

GUARAPUAVA-Pr

2009

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SUMARIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 7 2.PRIMEIRAS COLHEDEIRAS.................................................................................. 9 3. AVALIAÇÃO DE ESPAÇAMENTOS E POPULAÇÕES DE PLANTAS DE FEIJÃO VISANDO À COLHEITA MECANIZADA DIRETA .............................. 10

3.1. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 13 3.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 14

4. PERDAS NA COLHEITA MECANIZADA DA SOJA NA REGIÃO DO ALTO PARANAÍBA ................................................................................................................ 16

4.1. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 18 4.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 20

5. PERDAS NA COLHEITA MECANIZADA DE MILHO NO ALTO PARANAIBA........................................................................................................................................ 22

5.1. MILHO BRANCO ................................................................................................ 24 5.2. MILHO TRANSGÊNICO ..................................................................................... 25 5.3.CARACTERÍSTICAS DA PLANTA....................................................................... 27 5.4.CULTIVO DE MILHO NO BRASIL ..................................................................... 27

6. CONCLUSÃO........................................................................................................... 38 7. LITERATURA CITADA......................................................................................... 39

5

Resumo

O presente trabalho teve por objetivo avaliar as perdas

ocasionadas na colheita mecanizada da cultura do feijão, soja

e milho em lavouras do Alto Paranaíba – MG, na safra

2008/2009, pelos métodos da Embrapa e da Pesagem, em

função da velocidade de trabalho e da idade das colhedoras.

Na metodologia da Embrapa, os grãos perdidos após a

passagem da colhedora foram coletados em área conhecida e

quantificados via copo medidor padronizado. Na metodologia

da Pesagem, os grãos foram pesados e a sua umidade

corrigida para 12%. Os resultados permitiram concluir que,

em 6 das 14 propriedades analisadas, a metodologia do copo

medidor da Embrapa diferiu estatisticamente da metodologia

da Pesagem quanto ao valor da massa de grãos perdidos. Não

houve uma correlação da idade da colhedora e da velocidade

de avanço com a perda de grãos, indicando que essas não

foram as causas principais das perdas..

6

A colheita Mecanizada nas Propriedades Rurais

Jefferson Dias Caldas

Introdução

A modernização da colheita mecanizada de grãos teve inicio na década de

70 com a fabricação nacional de máquinas de médio porte e leves. A

mecanização dos processos, além da racionalização e controle da evolução

de custos é de grande importância para o aumento da produtividade e

humanização do trabalho, afastando o trabalhador rural da exposição às

condições climáticas, vários tipos de topografias e vegetações

diferenciadas, ainda dos riscos de picadas de animais peçonhentos. Após

dez anos da edição das publicações relacionadas ao processo de

modernização da agricultura brasileira, cabe ponderar, a partir das

notificações veiculadas na literatura dos países de capitalismo avançado

relacionada com a transformação da agricultura, que àquela época já se

dispunha na prática de pelo menos mais uma modalidade de

prosseguimento da difusão das inovações mecânicas na produção agrícola.

Tal alternativa se substancia no deslocamento parcial ou total do exercício

da função de reproduzir o capital adiantado em maquinários para fora do

âmbito da unidade de produção agrícola, pelo que tem sido referenciada

como um processo de desativação de tarefas e funções, as quais

previamente integravam a composição organizacional da unidade de

produção agrícola, e que gradativamente passam a ser exercidas por

agências externas. Perante a isso, essa opção tem sido apontada como uma

alternativa capaz de assegurar a permanência dos estabelecimentos rurais de

pequena escala de produção num padrão de organização da produção

7

agrícola demarcado pelo amplo uso das inovações mecânicas. Assim, tais

constatações necessitam de uma reconsideração, ao menos parcial, ou

ainda, sugere a readequação do atual padrão agrícola pela qual, segundo

PUGLIESE (1986)09,

"a unidade de produção agrícola se converte na sede física de uma

série de atividades que podem ser realizadas:

a) com máquinas, equipamentos e outros meios de produção que não

pertencem ao estabelecimento... b) com mão-de-obra empregada e paga

por agências externas ao estabelecimento... c) a partir de decisões (de tipo

de cultivo, características dos tratos culturais) não tomadas pelo

estabelecimento rural, senão impostas por indústrias, cooperativas ou

empresas comerciais... “

Em outros termos, o postulado é de que a forma futura, ou mais acabada, de

suprimento das necessidades de força produtiva veiculada pelos novos

instrumentos de trabalho agrícola é de compra/venda de partes da vida útil

dos maquinários agrícolas, através da qual o empreendedor da produção

agrícola suprirá suas necessidades temporárias de capacidade operacional

relacionada com a execução dos trabalhos agrários diretos. De forma que o

movimento em curso se caracteriza também pela conformação de um novo

mercado, assim como pela nova condição de uso dos instrumentos de

trabalho mecanizados, a de uso supra-empresarial ou supra-unidades

agrícolas.

8

2. Primeiras Colhedeiras

A colheitadeira, também conhecida como ceifeira-debulhadora (nome

utilizado em Portugal), colhedeira (sudeste do Brasil), colhedora ou

ceifadeira é um equipamento agrícola destinado à colheita de lavouras, tais

como de cana-de-açucar, algodão ou grãos (trigo, arroz, café, soja, milho

etc).

A ceifeira mecânica foi inventada por Obed Hussey (1792 — 1860),

inventor e fabricante de equipamentos mecânicos de uso agrícola

estadunidense nascido no Maine. Hussey ficou famoso ao inventar o que foi

a primeira máquina colheitadeira primária de sucesso, que funcionava à

tração animal. A invenção atingiu grande êxito comercial depois de ser

patenteada em 1833, nos estados de Illinois, Maryland, Nova Iorque e

Pensilvânia.

A partir de 1831, outro industrial norte-americano Cyrus Hall McCormick,

nascido a 15 de Fevereiro de 1809 e falecido a 13 de Maio de 1884, iniciou

a construção de sua primeira ceifeira mecânica. Em 1947,Chicago, fundou-

se a empresa McCormick’s Reaper Works que passou produzir ceifeiras em

série, permidindo difundir a máquina nos Estados Unidos e, depois, na

Europa, onde foi premiada nas Exposições Internacionais de Londres

(1851) e Paris (1855).

As primeiras máquinas destinadas a este tipo de serviço eram chamadas

ceifeiras mecânicas e foram primeiro desenvolvidas para a colheita de

milho e trigo. A primeira máquina motorizada do gênero, foi inventada por

Obed Hussey (1792 — 1860), um inventor e fabricante de equipamentos

mecânicos de uso agrícola estadunidense nascido no Maine. Hussey ficou

famoso ao inventar o ceifeiro, a primeira máquina colheitadeira primária de

sucesso, e que funcionava à tração animal, e que atingiu grande êxito

comercial depois de ser patenteada em 1833, nos estados de Illinois,

Maryland, Nova Iorque e Pensilvânia.

9

A modernização das lavouras, com grandes plantios comerciais em grandes

áreas e com a escassez de mão-de-obra no meio rural estados-unidense,

contribuíram para que a colheita feita manualmente fosse substituída por

máquinas de tração animal que logo passaram a ser motorizadas por

motores a vapor e posteriormente por motores de combustão interna. Além

disso, com o uso de colheitadeira houve melhoria na qualidade do produto

colhido, a colheita é feita com maior rapidez, eficácia e menor teor de

impurezas.

Com o passar do tempo foram invetadas máquinas destinadas a uma gama

cada vez maior de gêneros agrícolas, como por exemplo a Máquina

colhedora de café, inventada no Brasil em 1979 por um imigrante japonês,

Shunji Nishimura, em Pompéia, SP.

3. AVALIAÇÃO DE ESPAÇAMENTOS E POPULAÇÕES DE

PLANTAS DE FEIJÃO VISANDO À COLHEITA

MECANIZADA DIRETA

Feijão é um nome comum para uma grande variedade de sementes de

plantas de alguns gêneros da família Fabaceae (anteriormente,

Leguminosae).

O seu cultivo é bastante antigo. Há referências a ele na Grécia antiga e no

Império romano, onde feijões eram utilizados para votar (um feijão branco

significava sim, e um feijão preto significava não).

O prato "feijão com arroz" (ou "arroz-e-feijão") é um dos mais típicos dos

lares brasileiros, acompanhado com alguma "mistura" (nome comum no

estado de São Paulo para qualquer coisa que se coma com arroz-e-feijão,

como, por exemplo, bife ou batata-frita). O feijão também é a base de um

dos principais pratos da culinária típica brasileira, a feijoada tal como em

Portugal onde o feijão comum (Phaseolus vulgaris) é a base de várias sopas

e da feijoada, misturado com arroz ou como elemento de acompanhamento

obrigatório das tripas à moda do Porto e ainda em alguma doçaria (por

10

exemplo o pastel de feijão). As vagens verdes (feijão verde) podem

acompanhar, cozidas, qualquer prato de peixe cozido, e, cortadas às tiras,

em sopa (sopa de feijão carrapato). No caso do feijão frade, é

frequentemente servido com cebola e salsa picadas, a acompanhar atum.

Três espécies de feijão são muito cultivadas no Brasil:

• Phaseolus vulgaris, o feijão comum, cultivado em todo o território;

• Vigna unguiculata, vulgarmente chamado de feijão de corda, feijão

macassa, caupi e outros, predominante na região Nordeste e na Amazônia e

• Cajanus cajan, feijão-guandu ou andu, comum no nordeste,

principalmente em sua variedade arbórea.

O consumo em quantidades de média a alta de feijão está sendo associado a

diminuição no desenvolvimento de doenças como o diabetes, obesidade,

doenças cardiovasculares e até mesmo neoplasias. Acredita-se que esse

efeito benéfico do consumo do feijão é devido à presença de metabólitos

secundários nessa leguminosa, os fitoquímicos, sendo os que presentes em

maiores concentrações os compostos fenólicos e os flavonóides.

O maior problema para o cultivo do feijão, em lavouras empresariais, reside

na dificuldade de mecanização da colheita, devido às elevadas perdas que

ocorrem no processo. Isso acontece porque a maioria das cultivares de

feijão existentes atualmente possuem baixa altura de inserção de vagens,

concentradas nos 2/3 inferiores da planta, e também altos índices de

acamamento (Silva & Bevitori, 1994). Isso impede a utilização de

colheitadeiras tradicionais em face das elevadas perdas com a operação de

colheita (Alcântara et al., 1991). Apesar disso, na atualidade, número

significativo de produtores rurais demonstram grande interesse na

implantação da cultura do feijão e no uso de novas tecnologias que

viabilizem a produção em termos empresariais. A planta ideal de feijão para

colheita mecanizada, conforme Simone et al. (1992), é a que tem a altura

superior a 50 cm; de porte ereto do tipo I ou II; resistência ao acamamento;

ramificação compacta, com três ou quatro ramificações primárias, cujo

ângulo de inserção seja agudo, positivo; vagens concentradas sobre o ramo

11

principal e sobre os 2/3 superiores da planta; vagens indeiscentes com não

mais de 6 a 8 cm de comprimento; maturação uniforme e boa desfolha

natural por ocasião da colheita. A pesquisa tem obtido alguns sucessos

quanto à mecanização da colheita do feijoeiro, mediante a adaptação dos

equipamentos e do melhoramento genético do feijoeiro. Outra alternativa

seria provocar modificações na arquitetura da planta por meio de práticas de

manejo da cultura. Na cultura da soja, que apresenta similaridades com o

feijão quanto à arquitetura, manejo de cultivo e hábitos de crescimento, já

está bem definido que altura de planta, altura de inserção das primeiras

vagens e índice de acamamento, normalmente aumentam com o aumento na

população de plantas (Costa Val et al., 1971; Queiroz, 1975; Espínola,

1978). Pouca atenção tem sido dada à cultura do feijão quanto ao efeito de

práticas de manejo sobre as características agronômicas relacionadas à

colheita mecanizada. Alcântara et al. (1991) observaram que o aumento da

população de plantas aumentou a altura de inserção de vagens, enquanto

Medina (1992) não observou efeito da população sobre a altura de inserção

da primeira vagem. Dutra et al. (1977) verificaram que o aumento do

espaçamento reduziu a altura de inserção da primeira vagem e aumentou a

altura das plantas. Cunha & Oliveira (1978) constataram que a variação na

população de plantas não afetou a altura das plantas. Já Moura et al. (1977)

verificaram que o espaçamento não afetou a altura das plantas. A cultura do

feijão mostra-se tolerante a uma grande variação na população de plantas/ha

sem sofrer alterações no rendimento de grãos. Dariva et al. (1975) não

encontraram efeito de variação no espaçamento sobre o rendimento de

grãos, enquanto Santa Cecília et al. (1974) e Rocha (1991) constataram que

a redução do espaçamento aumentou o rendimento. O presente estudo

objetivou avaliar o efeito do espaçamento entre linhas e da população de

plantas sobre as características agronômicas relacionadas com a

mecanização da colheita.

12

3.1. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em área experimental da Fazenda Alto

Paraíso, Município de Ibiá, MG. Usou-se a cultivar Pérola, que apresenta

hábito de crescimento indeterminado, Tipo II (Centro Internacional de

Agricultura Tropical, 1981), em todas as combinações de três espaçamentos

entre linhas (25, 50 e 75 cm) com quatro populações de plantas/ha (100,

200, 350 e 500 mil). O delineamento experimental foi um fatorial 3x4

distribuído em blocos, com quatro repetições. As parcelas foram compostas

por 11, 6 e 5 linhas de 4 m de comprimento para os espaçamentos 25, 50 e

75 cm entre linhas, proporcionando áreas úteis de 5,25, 6,0 e 6,75 m2,

respectivamente. A semeadura foi realizada no dia 24/01/2009, e as

sementes foram distribuídas eqüidistante mente na linha de semeadura, de

forma manual, nas proporções adequadas para a obtenção das populações

desejadas. Os tratos culturais empregados na condução do experimento

foram os normalmente recomendados para a cultura. Por ocasião da

maturação das plantas foi determinado, no campo, o índice de acamamento,

utilizando-se uma escala visual de 1 a 9, em que: 1 - significava todas as

plantas eretas; 2 - poucas plantas caídas ou todas as plantas levemente

inclinadas; 3 - 25% das plantas caídas ou todas as plantas inclinadas em

torno de 25 graus; 5 - 50% das plantas caídas ou todas as plantas inclinadas

45 graus; 7 - 75% das plantas caídas, ou todas inclinadas em torno de 65

graus; 8 - poucas plantas não caídas ou todas as plantas quase tocando o

solo; 9 - todas as plantas caídas (Antunes & Silveira, 1993). Também, nesse

momento, foram determinados, em 20 plantas colhidas ao acaso em cada

parcela, a porcentagem de plantas com vagens encostando no solo, e com o

auxílio de uma régua graduada determinou-se a distância da ponta da

vagem mais baixa até o solo (cm), a altura da planta (cm) e a altura de

inserção da primeira vagem (cm). Nestas últimas determinações, usaram-se

10 plantas colhidas ao acaso na área útil de cada parcela. O rendimento de

grãos foi padronizado para 13% de umidade e convertido em kg/ha.

13

3.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em nenhuma característica avaliada ocorreu interação significativa entre os

fatores espaçamento entre linhas e população de plantas, a não ser no índice

de acamamento (P<0,05). Houve uma tendência de redução no acamamento

das plantas nos espaçamentos testados, fato mais visível no espaçamento de

75 cm. No espaçamento de 50 cm não houve efeito da variação na

população de plantas. No espaçamento de 25 cm, porém, observa-se que o

índice de acamamento foi mais alto na população de 100 mil plantas/ha, não

diferindo entre os outros níveis de população. Nas populações mais baixas

observam-se diferenças nos índices de acamamento entre os espaçamentos,

porém não ocorreu nas populações mais altas, e ocorreu maior acamamento

na combinação do maior espaçamento com a menor população de plantas.

Quanto à altura das plantas, a análise de variância mostrou diferenças

significativas apenas do efeito do espaçamento entre linhas. Observa-se,

que ocorreu aumento linear da altura das plantas com o aumento do

espaçamento, fato também observado por Dutra et al. (1977). Já Moura et

al. (1977) constataram que o espaçamento não afeta a altura de feijoeiros,

enquanto Cunha & Oliveira (1978) não encontraram efeito de população.

Em relação à porcentagem de plantas que encostam as vagens no solo, a

análise da variância mostrou efeito significativo do espaçamento entre

linhas e da população de plantas. O efeito do espaçamento foi linear, e

cresceu com o efeito do

espaçamento. O aumento de 25 para 50 cm entre linhas provocou um

acréscimo de 3,5%, ao passo que, quando passou para 75 cm entre linhas, o

aumento foi de 28,4% O aumento da população de plantas provocou uma

redução linear na porcentagem de plantas com vagens encostando-se ao

solo. Quanto à altura da inserção da primeira vagem, a análise de variância

mostrou significância estatística quanto aos fatores espaçamento e

14

população. O aumento do espaçamento entre linhas aumentou linearmente a

altura da inserção da primeira vagem. Dutra et al. (1977) constataram o

contrário. Para a população de plantas não se observa um efeito consistente

sobre a altura da inserção da primeira vagem, apenas uma pequena

tendência de acréscimo. Também Moura et al. (1977) e Medina (1992) não

encontraram efeito da variação na população de plantas sobre a altura da

inserção das vagens. No entanto, outros trabalhos têm demonstrado

tendência de acréscimo na altura da inserção das vagens, com o aumento na

população de plantas (Alcântara et al., 1991). Quanto à altura da ponta da

vagem mais baixa até o solo, verifica-se, pela análise da variância, que

houve efeito significativo apenas do espaçamento. O aumento do

espaçamento entre linhas

provocou redução linear nesta variável, e o efeito foi mais acentuado nos

espaçamentos mais largos. O rendimento de grãos foi afetado

significativamente apenas pelo espaçamento. Observa-se, que o aumento no

espaçamento provocou aumento linear no rendimento de grãos, passando de

1.197 kg/ha para 2.112 kg/ha. Outros autores, porém, como Dariva et al.

(1975), não encontraram efeito da variação no espaçamento entre linhas

sobre o rendimento de grãos. Também Santa Cecília et al. (1974) e Rocha

(1991) constataram reduções nos rendimentos de grãos com o aumento do

espaçamento entre linhas.

15

4. PERDAS NA COLHEITA MECANIZADA DA SOJA NA

REGIÃO DO ALTO PARANAÍBA

Soja é um grão rico em proteínas, cultivado como alimento tanto para

humanos quanto para animais. A soja pertence à família Fabaceae

(leguminosa), assim como o feijão, a lentilha e a ervilha. A palavra soja

vem do japonês shoyu. A soja é originária da China. O maior produtor de

soja do mundo são o Brasil, seguido de Estados unidos, Argentina, China,

Índia e Paraguai.

O óleo de soja é o mais utilizado pela população mundial no preparo de

alimentos. Também é extensivamente usado em rações animais. Outros

produtos derivados da soja incluem óleos, farinha, sabão, cosméticos,

resinas, tintas, solventes e biodiesel.

No Brasil até o século XIX a soja era plantada na Bahia, em pequena

escala, mas, sua disseminação pelo Brasil se deu graças aos imigrantes

japoneses.

A soja é uma das plantações que estão sendo geneticamente modificadas em

larga escala, e a soja transgênica está sendo utilizada em um número

crescente de produtos. Atualmente, 80% de toda a soja cultivada para o

mercado comercial é transgênica. A Monsanto é a empresa líder na soja

geneticamente modificada.

A soja é considerada uma fonte de proteína completa, isto é, contém

quantidades significativas de todos os aminoácidos essenciais que devem

ser providos ao corpo humano através de fontes externas, por causa de sua

inabilidade para sintetizá-los.

Como ilustração do poder nutritivo da soja, saliente-se o fato de que ela é o

único alimento protéico fornecido por organizações humanitárias a

africanos famélicos. Com uma alimentação exclusivamente baseada em

soja, crianças à beira da morte recuperam todo o seu peso em poucas

semanas. Esse fenômeno ocorreu em larga escala nas crises humanitárias de

16

Biafra (Década de 1970), Etiópia (Década de 1980) e Somália (Década de

1990).

O processo de beneficiamento da soja, incia-se com o esmagamento, no

qual basicamente se separa o óleo bruto (aproximadamente 20% do

conteúdo do grão) do farelo, utilizado largamente como ração animal. O

óleo bruto passa por um processo de refino até assumir propriedades ideais

ao consumo como óleo comestível.

O Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba constituem importantes regiões

produtoras de grãos do Estado de Minas Gerais. Nessas áreas, a soja

(Glycine max (L.) Merrill) representa uma das principais culturas. Apesar

do bom nível tecnológico de muitos produtores brasileiros, o processo de

colheita da soja provoca desperdícios significativos. Um levantamento feito

pela Embrapa, na safra 2007/2008, apontou desperdício de 4,2% da soja

colhida. O Brasil cultiva cerca de 21 milhões de hectares de soja e em cada

hectare ficam, em média, 2 sacos no chão, perdidos (LANDGRAF, 2004).

Esse número torna-se mais preocupante ainda, quando se leva em

consideração que a perda tolerável é de apenas 1 saco ha-1 (EMPRESA

BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA, 2004).

Uma colhedora combinada é uma máquina agrícola constituída de órgãos

auxiliares e órgãos fundamentais. Os órgãos auxiliares constam

basicamente de um motor de combustão interna, sistema de transmissão

para deslocamento, tanque de combustível e uma cabine com posto de

operador, com os comandos da máquina. Os órgãos fundamentais compõem

a unidade de colheita, dividida em sistema de corte e alimentação, trilha,

separação e limpeza (BALASTREIRE, 1987; GADANHA JÚNIOR et al.,

1991; LAGUNA BLANCA, 1997). A velocidade de trabalho recomendada

para uma colhedora de soja é determinada em função da produtividade da

cultura e da capacidade admissível de manusear toda a massa que é colhida

junto com o grão. Ao tomar a decisão de aumentar ou diminuir a

velocidade, não se deve preocupar somente com a capacidade de trabalho

da colhedora, mas verificar se os níveis toleráveis de perdas estão sendo

17

respeitados. Embora as origens das perdas sejam variadas e ocorram tanto

antes quanto durante a colheita, cerca de 80% a 85% delas ocorrem pela

ação dos mecanismos da plataforma de corte das colhedoras (EMBRAPA,

1998). Segundo Mesquita et al. (2001), as perdas de grãos independem das

marcas e da idade das colhedoras com até 15 anos; a partir daí, as perdas

podem ser superiores. Ainda de acordo com os autores, as perdas tendem a

aumentar de forma acentuada com velocidades de trabalho superiores a 7

km/h, e os níveis de grãos quebrados tendem a aumentar com a redução do

teor de água dos mesmos. Desta forma, o passo inicial para reduzir esse

problema é conhecer os níveis de perda média das propriedades e suas

causas, para, a partir daí, propor medidas mitigadoras.

4.1. MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado na região do Alto Paranaíba – MG, na

safra 2008/2009. Avaliaram-se as perdas de grãos de soja ocasionadas na

colheita mecanizada em 14 propriedades, utilizando-se a metodologia da

Embrapa Soja (MESQUITA et al., 1998) e metodologia da Pesagem. As

duas metodologias utilizadas foram realizadas em conjunto, de forma

simultânea nas áreas. As propriedades escolhidas para avaliação pertenciam

a produtores associados ao Clube Amigos da Terra de Uberlândia (CAT),

caracterizando-se pelo emprego de alta tecnologia. Foram realizadas 4

repetições de cada metodologia, para cada propriedade, em locais

aleatórios. Todas as máquinas avaliadas eram colhedoras combinadas

autopropelidas de fluxo tangencial, dotadas de plataforma tipo molinete,

reguladas para colheita de soja. A velocidade de avanço das colhedoras,

mantida constante ao longo das avaliações, foi obtida cronometrando-se o

tempo gasto para percorrer um percurso de comprimento conhecido. Em

cada propriedade, empregou-se a velocidade de rotina do operador. A

mesma variou de 3,8 a 7,0 km/h, estando dentro da faixa recomendada

pelos fabricantes para a operação de colheita. O ano de fabricação das

18

colhedoras foi obtido através de testemunho dos proprietários e variou de

1995 a 2009. As máquinas avaliadas no presente trabalho não seguiram um

padrão de idade e marca, pois o objetivo principal foi efetuar as medições

de perda de grãos média, nas condições de cada propriedade, de forma

aleatória.

As avaliações foram feitas após a passagem da colhedora, utilizando as

regulagens próprias de cada agricultor e descontando as perdas pré-colheita.

Os grãos perdidos no solo foram coletados e colocados no copo medidor da

Embrapa, onde foi realizada a leitura direta de perda em sacos/ha. Após esta

etapa, os grãos foram levados para o Laboratório de Análises de Sementes

da Universidade Federal de Uberlândia – UFU, para serem pesados.

Quantificou-se também a umidade dos grãos. Os resultados foram

analisados em perda de grãos, quantificado em quilos por unidade de área.

Na metodologia da Embrapa, os dados de perda foram coletados utilizando-

se o copo medidor, o qual associa o volume à quantidade de grãos perdidos,

empregando-se uma escala graduada. Foram mensuradas as perdas de soja

por meio da coleta de todos os grãos e vagens caídos no solo dentro de uma

armação de madeira e barbante de 2 m2. Os grãos recolhidos foram

colocados no copo medidor calibrado e, assim, obteve-se a leitura direta da

perda em sacos/ha. A metodologia da Pesagem, considerada como padrão

de referência, consistiu em recolher os grãos da área convencionada de 2

m2, os quais foram pesados em balança eletrônica de precisão, obtendo-se a

massa de grãos perdidos na área conhecida. A leitura da umidade dos grãos

foi realizada por meio de um determinador de umidade marca Gehaka,

modelo universal. O resultado final da massa de grãos foi corrigido para o

teor de água de 12%. Para a comparação das médias de perda pelas duas

metodologias, em cada propriedade, utilizou-se o teste de Student, a 5% de

probabilidade. Realizou-se, também, uma análise de correlação entre perda

e velocidade de avanço da colhedora, e perda e idade da colhedora,

utilizando se o coeficiente de correlação de Pearson.

19

4.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando todas as propriedades, a perda geral média foi maior quando

obtida pelo método da Embrapa. Provavelmente, isso ocorreu em

decorrência de fatores intrínsecos ao copo medidor, pois o método da

Pesagem é o parâmetro comparativo padrão, ou testemunha comparativa.

Ele mostra a massa real dos grãos perdidos, corrigida para o teor de água de

12%. Em contrapartida, o copo medidor proporciona uma estimativa de

perda de grãos, em sacos/ha, por meio de uma média geral do diâmetro dos

grãos de soja. Levando em consideração a quantidade de grãos atingida em

uma escala, possibilita a leitura direta, independente da cultivar, do teor de

água do grão, da quantidade de grãos quebrados e dos diferentes diâmetros.

Uma quantidade pequena de grãos, mas com maior diâmetro terá

equivalência com uma grande quantidade de grãos, mas com menor

diâmetro, na leitura da escala volumétrica do copo medidor, entretanto, em

massa de grãos será diferente, ou seja, a metodologia com o copo medidor

pode apresentar distorções. Também não há correção referente ao teor de

água. Grãos com maior umidade apresentam maior diâmetro, possibilitando

leituras errôneas. Um fator também determinante é a quantidade de espaços

vazios entre os grãos de soja de formato esférico colocados no copo

medidor.

Não há precisão na aferição da leitura, pois alguns grãos a mais ou a menos

apresentarão a mesma leitura na escala, já que será visualizada a média de

posição sobre a marca no copo por quem a está visualizando. A

metodologia do copo medidor, no entanto, não pode ser descartada, pois

não apresentou diferença significativa, pelo teste de Student, em 8 das 14

propriedades analisadas.

Salienta-se que a metodologia do copo medidor possibilitou leituras de

forma prática e rápida, mas não tão precisas quanto à metodologia de

20

pesagem. Trata-se, portanto, de uma importante ferramenta prática de

campo, no entanto, de uso mais limitado na pesquisa. A perda média de

grãos nas propriedades analisadas, pelo método padrão da pesagem, foi de

50,93 kg/ha, isto é, menos do que um saco/ha. De acordo com Mesquita et

al. (2001), este valor é aceitável. Campos et al. (2005), avaliando perdas na

colheita mecanizada de soja no Estado de Minas Gerais, encontraram

valores variando de 24 a 126 kg/ha. Analisando os resultados, percebe-se

que não houve um padrão de correlação entre idade e perda. Essa não se

correlacionou com a idade das máquinas, indicando que a sua causa não

está ligada diretamente com o ano de fabricação da colhedora.

Provavelmente, essa perda deveu-se à ação de outros fatores, tais como a

falta de regulagem adequada da colhedora. Também pode ter havido perda

causada pela própria arquitetura das plantas de soja, com a inserção das

vagens muito próximas ao solo, não possibilitando a entrada das mesmas na

plataforma. De acordo com Alves Sobrinho e Hoogerheide (1998), o estado

de conservação da máquina, a taxa de utilização anual e a eficiência do

operador influenciam as perdas na colheita. Segundo Mesquita et al. (2001),

as perdas de grãos independem da marca e da idade das colhedoras com até

15 anos. A partir daí, as perdas são superiores, o que não foi observado no

presente trabalho. A perda de grãos, avaliada pelo método da pesagem, em

função da velocidade de avanço da colhedora, não houve um padrão de

correlação entre as duas variáveis, indicando que a velocidade de avanço

não foi a causa principal da perda, até a velocidade de 7 km/h. Ressalta-se

que todas as velocidades analisadas estavam dentro da faixa recomendada

pelos fabricantes. Pelo exposto, pode-se sugerir que os operadores

trabalhem no limite superior da faixa recomendada de velocidade, visto que

não ocorreu aumento de perda. O incremento da velocidade permite o

aumento da capacidade operacional das máquinas. Diante disso, deve-se

analisar outras circunstâncias relativas às causas ocorridas que

possibilitaram as perdas de grãos, pois o fator velocidade de deslocamento

da colhedora não seguiu um padrão linear que possibilitasse ligar o fator

21

perda com a velocidade desempenhada. As perdas de grãos de soja

ocorreram provavelmente em detrimento a fatores práticos de não

realização de regulagens adequadas na colhedora. De acordo com Landgraf

(2004), a principal causa do desperdício está relacionada à inadequação de

mecanismos da colhedora, o que inclui a má regulagem de componentes da

máquina. Cerca de 80% das perdas ocorrem pelo funcionamento

inadequado dos mecanismos da plataforma de corte das colhedoras,

formada por molinete, caracol e barra de corte. A troca de navalhas

quebradas, o uso correto da velocidade do molinete e do cilindro trilhador e

a limpeza de outros componentes estão entre os ajustes que devem ser

observados. Em geral, a velocidade das colhedoras deve variar entre 4 e 7

km/h. Velocidades superiores a esses valores causam impactos e raspagem

da haste, induzindo a perdas. Em algumas máquinas de fluxo axial, esses

valores de velocidade podem ser elevados sem grande incremento de

perdas. De acordo com Pinheiro Neto e Gamero (2000), a colheita

mecanizada da soja acarreta perdas quantitativas de grãos e sementes que

ficam na superfície do solo, assim como perdas qualitativas para a soja

comercializada como grão ou semente.

5. PERDAS NA COLHEITA MECANIZADA DE MILHO NO

ALTO PARANAIBA

O milho é um conhecido cereal cultivado em grande parte do mundo. O

milho é extensivamente utilizado como alimento humano ou ração animal,

devido às suas qualidades nutricionais. Existem várias espécies e variedades

de milho, todas pertencentes ao gênero Zea.

Todas as evidências científicas levam a crer que seja uma planta de origem

americana, já que aí era cultivada desde o período pré-colombiano. É um

dos alimentos mais nutritivos que existem, contendo quase todos os

aminoácidos conhecidos, sendo exceções a lisina e o triptofano.

22

Tem um alto potencial produtivo, e é bastante responsivo à tecnologia. Seu

cultivo geralmente é mecanizado, se beneficiando muito de técnicas

modernas de plantio e colheita. O milho é cultivado em diversas regiões do

mundo. O maior produtor mundial são os Estados Unidos. No Brasil, que

também é um grande produtor e exportador, São Paulo e Paraná são os

estados líderes na sua produção.

Atualmente somente cerca de 5% de produção brasileira se destina ao

consumo humano e, mesmo assim, de maneira indireta na composição de

outros produtos. Isto se deve principalmente à falta de informação sobre o

milho e à ausência de uma maior divulgação de suas qualidades

nutricionais, bem como aos hábitos alimentares da população brasileira, que

privilegia outros grãos.

Segundo Mary Poll, em trabalho publicado na revista Pnas, os primeiros

registros do cultivo do milho datam de há 7.300 anos, e foram encontrados

em pequenas ilhas próximas ao litoral do México, no golfo do México. Seu

nome, de origem indígena caribenha, significa "sustento da vida".

Alimentação básica de várias civilizações importantes ao longo dos séculos,

os Olmecas, Maias, Astecas e Incas reverenciavam o cereal na arte e

religião. Grande parte de suas atividades diárias eram ligadas ao seu cultivo.

Segundo Linda Perry, em artigo publicado na revista Nature, o milho já era

cultivado na América há pelo menos 4.000 anos.

O milho era plantado por índios americanos em montes, usando um sistema

complexo que variava a espécie plantada de acordo com o seu uso. Esse

método foi substituído por plantações de uma única espécie.

Com as grandes navegações do século XVI e o início do processo de

colonização da América, a cultura do milho se expandiu para outras partes

do mundo. Hoje é cultivado e consumido em todos os continentes e sua

produção só perde para a do trigo e do arroz.

O plantio de milho na forma ancestral continua a praticar-se na América do

Sul, nomeadamente em regiões pouco desenvolvidas, no sistema conhecido

no Brasil como de roças.

23

No final da década de 1950, por causa de uma grande campanha em favor

do trigo, o cereal perdeu espaço na mesa brasileira. Atualmente, embora o

nível de consumo do milho no Brasil venha crescendo, ainda está longe de

ser comparado a países como o México e aos da região do Caribe.

A composicao puro ou como ingrediente de outros produtos, é uma

importante fonte energética para o homem. Ao contrário do trigo e o arroz,

que são refinados durante seus processos de industrialização, o milho

conserva sua casca, que é rica em fibras, fundamental para a eliminação das

toxinas do organismo humano.

Além das fibras, o grão de milho é constituído de carboidratos, proteínas e

vitaminas do complexo B. Possui bom potencial calórico, sendo constituído

de grandes quantidades de açúcares e gorduras. O milho contém vários sais

minerais como (ferro, fósforo, potássio e zinco) no entanto é rico em ácido

fítico, que dificulta a absorção destes mesmos.

5.1. Milho branco

Uma das variedades mais difundidas no Brasil é o milho branco. Tem como

principais finalidades a produção de canjica, grãos e silagem.

A planta tem altura próxima de 2,20 metros, sendo que a espiga nasce a

1,10 metro do solo. A espiga é grande, cilíndrica e apresenta alta

compensação. O sabugo é fino, os grãos são brancos, profundos, pesados e

de textura média. O colmo tem alta resistência física e boa sanidade.

A planta é especialmente resistente às principais doenças foliares do milho,

em diferentes altitudes e épocas de plantio. Podem ser colhidas até duas

safras de milho branco por ano.Em algumas épocas e regiões do Brasil, a

cotação da saca de milho branco pode ser até 50% superior à do milho

tradicional. O auge da demanda ocorre no período imediatamente anterior à

Quaresma, pois a canjica é um prato típico destas festividades.

No Brasil, o milho branco é bastante difundido nos estados do Paraná e São

Paulo, mas há também plantações isoladas nos estados de Santa Catarina,

24

Minas Gerais e Mato Grosso. Entre os principais municípios produtores

estão Londrina, Irati e Pato Branco no Paraná, e Quadra - que é considerada

a "Capital do Milho Branco" -, Tatuí e Itapetininga em São Paulo.

Nos Estados Unidos, a produção de milho branco em 2004 correspondia a

3% do total. Embora ainda minoritário, o milho branco tem ganho espaço

no mercado nos últimos anos, e a área plantada tem refletido o aumento na

demanda. Um dos motivos é que o mercado reconhece que ainda não

existem variedades trangênicas de milho branco, o que automaticamente

aumenta seu valor de mercado em nichos específicos.

5.2. Milho transgênico

Em relatório recentemente divulgado, notificou-se que determinado tipo de

milho transgênico (o MON 863) causou problemas em camundongos

(alterações no sangue e rins menores).

A variedade transgênica mais conhecida é desenvolvida pela Monsanto, e é

conhecida como RR GA21 (tolerante ao herbicida glifosato). Ela é utilizada

extensivamente nos Estados Unidos.

Outras empresas atuantes no ramo incluem a Syngenta e a DuPont. Em

1999, a Novartis foi a primeira empresa a receber autorização do governo

brasileiro para realizar testes no país com o milho transgênico BT,

resistente a insetos. Segundo os produtores de sementes, o milho

transgênico traz um aumento médio de 8% na produtividade.

Nos EUA, mais de 70% do milho semeado é transgênico.

A produção de variedades transgênicas na Argentina e no Brasil é

crescente, embora nem sempre a prática do cultivo dessas variedades seja

legal.

Há também relatos de milho transgênico em Honduras (terra de origem do

milho), onde variedades transgênicas "contaminaram" as variedades locais.

No México, o milho transgênico também enfrenta séria oposição

governamental.

25

O milho é um exemplo da manipulação de espécies pelo Homem, sendo

utilizado tanto pelos defensores quanto pelos opositores dos transgênicos. O

milho cultivado pelos índios mal lembra o milho atual: as espigas eram

pequenas, cheias de grãos faltando, e boa parte da produção era perdida

para doenças e pragas. Através do melhoramento genético, o milho atingiu

sua forma atual.

Os defensores dos transgênicos utilizam este exemplo para dizer que a

manipulação das características genéticas de vegetais não é novidade, e já

foi feita anteriormente, com muito menos controle do que atualmente. Os

opositores dos transgênicos utilizam o mesmo exemplo para defender que

há alternativas para a manipulação direta dos genes de espécies vegetais,

técnica à qual se opõem.

Nem sempre as remessas de milho importado dos Estados Unidos chegam

aos países da América Latina com rotulagem indicando isso aos

consumidores. Apesar disso, pesquisas mexicanas indicam que a

contaminação do milho nativo pode ter sido causada pela polinização

acidental, que talvez tenha ocorrido também em outros países centro-

americanos.

Os milhos trangênicos, de propriedade de algumas poucas empresas, ao

entrar em contato com o ambiente natural, se espalham. Há casos nos

Estados Unidos em que um pequeno agricultor planta milho e depois

precisa pagar royalties, pois tais espigas eram transgênicas e estavam

patenteadas por grupos financeiros. Já que o milho transgênico está

tomando o lugar com o milho de verdade, natural, tais acontecimentos tem

sido cada vez mais comuns.

Os ativistas que enfrentam os transgênicos tentam acabar com a

possibilidade de que, algum dia, uma pessoa faminta não possa plantar uma

espiga de milho porque esta pertence a alguma empresa.

O consumidor pode optar por não consumir milhos transgênicos se procurar

por o milho orgânico, já que os demais milhos não especificam o teor do

que está sendo vendido.

26

5.3.Características da planta

O milho pertence ao grupo das angiospermas, ou seja produz as sementes

no fruto. A planta do milho chega a uma altura de 2,5 metros, embora haja

variedades bem mais baixas. O caule tem aparência de bambu, e as juntas

estão geralmente a 50 centímetros de distância umas das outras.

A fixação da raiz é relativamente fraca. A espiga é cilíndrica, e costuma

nascer na metade da altura da planta.

Os grãos são do tamanho de ervilhas, e estão dispostos em fileiras regulares

presas no sabugo, que formam a espiga. Eles têm dimensões, peso e textura

variáveis. Cada espiga contém de duzentos a quatrocentos grãos.

Dependendo da espécie, os grãos têm cores variadas, podendo ser amarelos,

brancos, vermelhos, azuis ou marrons. O núcleo da semente tem um

pericarpo que é utilizado como revestimento.

5.4.Cultivo de milho no Brasil

Cultivado em todo o Brasil, o milho é usado tanto diretamente como

alimento, quanto para usos alternativos. A maior parte de sua produção é

utilizada como ração de bovinos, suínos, aves e peixes.

Atualmente somente cerca de 15% de produção brasileira se destina ao

consumo humano e, mesmo assim, de maneira indireta na composição de

outros produtos. Isto se deve provavelmente à falta de informação sobre o

milho e suas qualidades e ao costume culinário brasileiro de utilizar mais os

grãos de arroz e feijão.

Ao lado da soja, a cultura de milho é uma das pontas-de-lança da recente

expansão da atividade agrícola brasileira. O cultivo de milho é altamente

27

beneficiado pela tecnologia e pelas inovações da pesquisa agrícola, sendo

um dos principais casos de sucesso da chamada revolução verde.

Além dos benefícios óbvios decorrentes da exportação (como a geração de

divisas para o país), a cultura de milho adquire importância estratégica

quando se leva em conta a vantagem de mercado que uma grande produção

nacional de milho traz para atividades agrícolas que usam a ração animal

como base, como a pecuária, a avicultura, a suinocultura e até a

piscicultura.

Os estados líderes na produção de milho são São Paulo e o Paraná. Afora o

seu alto prestígio no agronegócio, o milho também é uma das culturas mais

cultivadas pela agricultura familiar brasileira, tanto para a subsistência

quanto para a venda local.

Aproximadamente 85% do total de propriedades rurais do país pertencem a

grupos familiares. Cerca de 60% dos alimentos consumidos pela população

brasileira e 37,8% do valor bruto da produção agropecuária são produzidos

por agricultores familiares. No sistema de agricultura familiar, a direção da

unidade produtiva é exercida pela família, a mão-de-obra familiar é superior

à contratada e a propriedade dos meios de produção é da família (Castelões

2005). No Brasil, existem aproximadamente 4,8 milhões de

estabelecimentos de agricultura familiar, dos quais 10% estão no estado de

Minas Gerais. Dentre os dez principais produtos produzidos por esses

núcleos, o milho ocupa o quarto lugar (INCRA, 2000). Na safra 2003/04, o

Brasil apresentou uma produção de aproximadamente 42,191 milhões de

toneladas de milho, dos quais 14,2% foram produzidos no estado de Minas

Gerais, cuja produtividade é 35,4% superior à media nacional, sendo que

sua área plantada representa 10% da área total plantada no Brasil (IBGE,

2005). Embora o estado apresente tais características, têm sido verificado,

em áreas cultivadas sob o sistema de agricultura familiar da Zona da Mata

Mineira, valores menores de produtividade. Esse fato pode estar associado à

dificuldade de mecanização dessas áreas, que apresentam elevadas

declividades. De acordo com Santos (2000), aproximadamente 40% da

28

produção de milho do Brasil é colhida manualmente, restando 60% colhidos

mecanicamente. Ressalta-se que a porcentagem de áreas colhidas por

máquinas tende a aumentar visto o aumento da frota mecanizada, que, nos

últimos quatro anos, apresentou aumento médio de 20% na produção de

máquinas de colheita (ANFAVEA, 2006). As vantagens apresentadas pela

colheita mecânica são bem claras, isto é, redução do tempo

de execução da colheita e conforto ao indivíduo envolvido (Souza et al.,

2001). Entretanto, algumas peculiaridades relacionadas às interações

máquina-planta durante esse processo podem provocar elevada perda de

produto.

Essas peculiaridades estão relacionadas com a quantidade de material que

entra nos sistemas internos das máquinas (Queiroz et al., 2004) e a energia

transmitida no processo de colheita pelos mecanismos que compõem esses

sistemas. Dentre os mecanismos que constituem a colhedora combinada, de

acordo com Souza ET al. (2003), aqueles que formam o sistema de trilha

são considerados os mais complexos, principalmente por serem

responsáveis pela trilha e separação parcial do produto. Tanto o sistema de

trilha quanto os sistemas de corte, de separação e de limpeza apresentam

suas perdas de grãos altamente influenciadas pela taxa de alimentação da

máquina e das condições da cultura no momento da colheita. De acordo

com Mantovani (2000), quando não há necessidade de antecipação da

colheita, esta deve ser iniciada quando o teor de água estiver na faixa de 18

a 20%. Dessa forma, além das características dos sistemas da colhedora, a

condição em que as plantas se encontram no momento da colheita tem

efeito direto no processo, pois, conforme Souza et al. (2001), o aumento no

teor de água do produto diminui a eficiência de trilha e da separação

mecânica.

Por outro lado, Puzzi (1986) relata que o atraso na época da colheita

mecânica, após maturação do milho, provoca diminuição do teor de água

dos grãos e, conseqüentemente, aumento das perdas. Outros fatores que

podem influenciar as perdas na colheita mecânica são a baixa escolaridade,

29

aliada à falta de treinamento dos operadores (Alves Sobrinho et al., 1998), e

a idade da colhedora (Mesquita et al., 2002).

O objetivo foi avaliar a perda quantitativa de grãos ocorrida na produção de

milho, em lavouras do Alto Paranaíba, estudando-se a influência da

velocidade de deslocamento e da rotação do cilindro trilhador da colhedora.

O trabalho foi conduzido numa área de agricultura familiar da zona rural do

município de Ibiá, MG. Na lavoura, foi utilizado o milho Agroceres BRS

2110, com espaçamento de 0,90 m. A máquina utilizada na colheita foi uma

colhedora combinada TC 57, com sistema convencional de trilha, fabricada

em 1994. As variáveis investigadas nos ensaios foram a taxa de alimentação

da máquina, obtida pela variação da velocidade de trabalho da mesma (1ª

simples, 2ª reduzida e 2ª simples), e a rotação do cilindro trilhador,

trabalhando-se com 720 e 850 rpm. A colhedora, trabalhando nas marchas

1ª simples, 2ª reduzida e 2ª simples, apresentou velocidades de

deslocamento de 1,22; 1,50 e 2,45 km/h, respectivamente. A abertura entre

cilindro e côncavo foi de 48 mm na entrada e 25 mm na saída do sistema de

trilha, por essa ter sido a regulagem que apresentou menor dano mecânico

visível ao produto. A peneira superior foi regulada com 17 mm de abertura

e a inferior, com 11 mm. Em cada teste, foram determinados a velocidade

de deslocamento da máquina, a massa de grãos colhidos e o tempo

necessário para colhê-la e a massa de grãos perdidos. Antes de iniciar a

colheita com a máquina, foram realizadas medições, utilizando-se uma

armação de 30 m2, em diferentes locais da área, a fim de determinar a perda

natural, totalizando-se dez amostras. As perdas naturais foram obtidas do

quociente da massa de grãos perdidos pela área da armação (equação 1).

Pn = 10 m/a

em que:

Pn - perda natural, kg/ha;

m - massa de grãos perdidos naturalmente, a área da armação, g;

A - área da armação, m².

30

Para determinar as perdas na plataforma de corte, nos mecanismos interno e

perda total, relativas à colhedora, foi usada uma armação de 2 m², colocada

no sentido transversal ao plantio das linhas. Os grãos soltos e aqueles

contidos em sabugos encontrados no chão dentro da armação foram

pesados.

Para determinar as perdas na plataforma de corte, colheram-se duas linhas

de plantio. Parou- se a colhedora e os mecanismos da plataforma de corte

foram desligados. Deu-se marcha-a-ré na colhedora, a uma distância igual à

metade do comprimento da máquina. Colocou-se a armação na parte

colhida em frente à colhedora e todos os grãos ali presentes, soltos ou nas

espigas, foram recolhidos e pesados. A perda na plataforma de corte foi

determinada conforme a equação 2:

PP = MP/A-Pn

em que:

PP - perda na plataforma de corte, kg ha-1;

MP - massa de grãos perdidos na plataforma de corte, na área da armação,

g.

Na medição da perda total, depois da passagem da máquina, foi colocada a

armação atrás da colhedora, na parte colhida, e os grãos presentes nesse

espaço, estivessem eles nos sabugos ou não, foram coletados e pesados.

Essa perda total de grãos foi determinada conforme a equação a seguir:

PT = 10 MT/A

em que:

PT - perda total, kg/ha;

MT - massa total de grãos, na área da armação, g.

31

Visando determinar as perdas nos sistemas de trilha e de separação e

limpeza, o picador de palha foi desligado. Para determinar as perdas nos

mecanismos internos da colhedora, subtraíram-se das perdas totais as

perdas da plataforma de corte (equação 4). Os grãos que se encontravam

nos sabugos foram considerados perdas por deficiência de trilha e os grãos

soltos, por deficiência de separação e limpeza.

PI = PT-PN-PP

em que:

PI - perda nos sistemas internos da máquina, kg/ha.

.

Para se determinar a capacidade de colheita, a máquina foi colocada para

colher numa distância conhecida, cronometrando-se o tempo gasto por ela

nesse percurso e, em seguida, pesando-se o produto colhido. A capacidade

de colheita foi obtida da relação entre a massa de grãos colhidos e o tempo

gasto no percurso, conforme se observa na equação 5. Para garantir que um

teste não influenciasse o próximo, a máquina foi totalmente limpa de grãos

e palhada ao final de cada teste.

CC = 3,6 MG/t

em que:

CC - capacidade de colheita, t h-1;

MG - massa de grãos colhidos, kg;

t - tempo gasto no percurso, s.

Em todos os testes de campo, o teor de água dos grãos perdidos pela

máquina foi considerado igual ao teor de água dos grãos contidos no tanque

graneleiro da colhedora. A produtividade da lavoura foi determinada pela

soma da massa colhida e perdida durante a colheita e antes dela. Foram

32

determinadas a densidade da palhada e a razão em peso seco da relação

palha/grãos da cultura. Estes parâmetros serviram para determinar a

quantidade de massa processada pela máquina, nos testes. A densidade livre

da palhada foi determinada com o auxílio de dois recipientes de volume

conhecido, enquanto certa quantidade de massa de palha foi colocada

dentro do recipiente, livremente, sem compactação. Utilizaram-se dois

recipientes de volumes diferentes, buscando minimizar os erros envolvidos

nessa medição, conforme recomendado por Souza et al. (2003). Finalmente,

foi determinado o peso da massa de palha seca, sendo sua densidade

expressa em quilogramas por metro cúbico. A taxa de alimentação de

palhada foi obtida por meio da determinação da massa de grãos que

alimentou a máquina em cada teste e da relação palha/grão da cultura.

Foram retiradas amostras no tanque graneleiro da máquina, para a

determinação do teor de água do produto, usando-se o método padrão em

estufa a 105 ± 3oc por 24 h, com três repetições, conforme recomendações

de Brasil (1992).

O diâmetro equivalente do grão de milho foi determinado considerando o

volume do grão como o de uma esfera.

Foi montado um experimento em esquema fatorial 3x2, com três

velocidades de deslocamento e duas rotações do cilindro trilhador, instalado

segundo o delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e de metodologia

de superfície de resposta. Os modelos foram escolhidos com base na

significância dos coeficientes de regressão, utilizando-se o teste t e o

coeficiente de determinação. As médias foram comparadas utilizando-se o

teste de Tukey, a 5% de probabilidade. As análises estatísticas dos dados

foram realizadas utilizando-se o programa computacional SAEG, versão 9.

O teor de água do milho durante a colheita foi de 13,5 ± 0,2%, sendo esse

valor considerado baixo para a colheita desse tipo de produto, pois têm sido

recomendados valores entre 18 e 20% (Mantovani, 2000). Como os

pequenos agricultores dependem do empréstimo ou aluguel de maquinário

33

para execução da colheita, e sendo que nem sempre há disponibilidade na

época adequada, acabam realizando colheita tardiamente, com o produto

mais seco. A densidade livre da palhada seca foi de 12,01 ± 1,83 kg m3 e a

relação palha/grão foi de 1,80 ± 0,25 kg/kg/ha. Resultado semelhante de

relação palha/grão foi obtido por Dourado Neto et al. (2003), que,

estudando o efeito da população de planta e do espaçamento sobre a

produtividade do milho, observaram valores de 1,75 e 1,83 kg/kg, para a

maior (90.000 plantas/ha) e a menor (30.000 plantas/ha) população de

plantas, respectivamente. O diâmetro equivalente do grão foi de 7,11 ± 0,51

mm. A perda natural foi de 17,1 kg ha-1, representando aproximadamente

0,73% da produtividade média da lavoura, que foi de 2336,4 kg/ha.

Segundo Bragachini e Peiretti (2005), na colheita de milho, em estudo

realizado na Argentina, essa perda pode alcançar valores de 65 kg/ha,

equivalendo a 0,9%.

Não foi observada influência da velocidade de deslocamento e da rotação

do cilindro trilhador sobre as perdas na plataforma de corte, no sistema de

trilha e a perda total. Para a menor velocidade de deslocamento, a rotação

do cilindro trilhador de 850 rpm apresentou menor perda nos sistemas de

separação e limpeza. Esse fato ocorreu provavelmente devido à palhada ter

ficado mais fracionado ao sair do sistema de trilha, favorecendo o aumento

da eficiência do ventilador e ocasionando diminuição da espessura da

camada de palha sobre as peneiras, o que facilitou a passagem dos grãos por

essa camada. Em geral, a perda total ocorrida no processo de colheita

mecanizada foi de 9%, sendo que 3,5% ocorreram na plataforma de corte,

2,4% na trilha e 3,1% na separação e limpeza. Conforme dados do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2005), perdem-se, em média,

mais de 11% de grãos de milho por problemas de colheita.

Essa porcentagem de 9% de perda total pode ter sido favorecida pelo atraso

da colheita mecânica, que Fo realizada aproximadamente aos 30 dias após a

maturação da cultura. Resultados semelhantes de perdas foram apresentados

por Puzzi (1986). Segundo Portella (2000), pode-se afirmar que pelo menos

34

50% dessas perdas poderiam ser eliminadas, desde que fossem respeitadas

as épocas de colheita. Isso indica que, devido à pouca disponibilidade de

maquinário no momento adequado de colheita, na região onde foram

realizados os testes, o produtor fica à mercê da perda qualitativa e

quantitativa de grãos por atraso da colheita. Além disso, outro fator que

pode ter influenciado o processo de perdas é a idade da máquina, pois, de

acordo com Mesquita et al. (2002) e Campos et al. (2005), as perdas

aumentam conforme a idade da colhedora. Não foi observada diferença

significativa da velocidade de deslocamento sobre os índices de perdas na

plataforma de corte, na trilha e nos sistemas de separação e de limpeza da

colhedora, independentemente da rotação do cilindro trilhador, exceto na

rotação de 850 rpm, em que a velocidade de 1,50 km/h proporcionou menor

índice de perda por deficiência de trilha. Considerando a rotação do cilindro

trilhador, observou-se que, na maior velocidade de trabalho, a de 850 rpm

apresentou maior valor de índice de perda na plataforma de corte. Por outro

lado, na velocidade de 1,50 km/h, houve diminuição do índice de perda na

trilha quando foi aumentada a rotação do cilindro trilhador. O aumento na

rotação do cilindro trilhador proporcionou diminuição e aumento no índice

de perdas no sistema de separação e limpeza para as velocidades de 1,22 e

1,50 km/h, respectivamente, enquanto não houve efeito na velocidade de

2,45 km/h.

Para as respectivas rotações do cilindro trilhador, com a máquina

trabalhando com 1,2; 1,5 e 2,5 km/h, respectivamente.

Quando a máquina trabalhou com a velocidade de 1,2 km/h e rotação no

cilindro trilhador de 720 rpm, o índice de perda da separação e limpeza foi

maior, seguido pelo índice da plataforma de corte e da trilha. Nessa mesma

velocidade e numa rotação de 850 rpm, não foi observada diferença entre os

valores de índice de perda para os sistemas da máquina. Analisando a

velocidade de 1,5 km/h, na rotação de 720 rpm, pode-se observar que não

houve diferença entre os índices de perdas na plataforma de corte, na trilha

e nos sistemas de separação e limpeza, enquanto na rotação de 850 rpm, o

35

menor índice ocorreu na trilha, apresentando-se semelhantes os valores da

plataforma e da separação e limpeza do produto.

Na maior velocidade de deslocamento da máquina, o índice de perdas para

a rotação de 720 rpm apresentou-se para os três sistemas, de forma similar,

enquanto, na maior rotação, na plataforma de corte, ocorreu o maior índice

de perda, não havendo diferença entre os outros sistemas. De maneira geral,

o índice de perda na plataforma de corte foi de 39%, 26% na trilha e 35%

nos sistemas de separação e de limpeza. O maior índice de perda ocorrido

na plataforma de corte está relacionado com o baixo teor de água do

produto no ato da colheita, pois, quanto menor seu valor, maior é a

possibilidade de granação provocada pela ação mecânica do rolo espigador

e correntes coletoras.

Analisando o comportamento dos índices de perdas nos mecanismos

internos da colhedora, observaram-se valores de 65,7 e 56,9% para as

rotações de 720 e 850 rpm, respectivamente. Verifica-se que houve

diminuição das perdas internas quando foi aumentada a rotação do cilindro

trilhador da máquina. Esse fato pode estar relacionado com a maior energia

transmitida ao processo de trilha, separação e limpeza. Resultado

semelhante foi observado por Souza

et al. (2001). Analisando-se o coeficiente de correlação para a perda na

plataforma de corte e a perda total, observa-se que o aumento da taxa de

alimentação provocou diminuição nos seus valores, para as duas rotações,

não acontecendo da mesma forma para a trilha e o sistema de separação e

limpeza. Na menor rotação do cilindro trilhador, as perdas na trilha foram

proporcionais ao aumento da taxa de alimentação de palhada, ocorrendo o

comportamento contrário na maior rotação. No sistema de separação e de

limpeza, na rotação de 720 rpm, na medida em que foi aumentada a taxa de

alimentação de palhada da máquina, houve diminuição das perdas,

enquanto, na rotação de 850 rpm, houve aumento. A capacidade de colheita

aumentou com o incremento da taxa de alimentação de grãos da colhedora,

representado pela variação da velocidade de deslocamento e da rotação do

36

cilindro trilhador. Capacidade de colheita da colhedora em função da

velocidade de deslocamento (V) e rotação do cilindro trilhador (R). A

Colheita foi obtida na velocidade de deslocamento de 2,5 km/h e na rotação

do cilindro trilhador de 850 rpm, equivalendo a 1,2 t/h. Observando os

parâmetros do modelo selecionado para representar o comportamento da

capacidade de colheita, verifica-se que a velocidade de deslocamento foi o

fator que mais influenciou a capacidade de colheita. Embora as perdas

obtidas na região onde o trabalho foi realizado estejam acima da ideal, estas

são inferiores àquelas praticados na Argentina, onde segundo Bragachini &

Peiretti (2005), podem chegar a 385 kg/ha. Alves Sobrinho et al. (1998)

afirmam que a redução das perdas pode ser obtida se os produtores fizerem

monitoramento constante da colheita.

Além disso, a realização da colheita na época adequada pode favorecer a

melhoria da regulagem da máquina, visando ao aumento de eficiência de

colheita, pois o atraso na colheita diminui o teor de água do produto,

aumentando a possibilidade de danos mecânicos, fazendo que o operador

regule a máquina também para manter a qualidade dos grãos, pela

diminuição dos quebrados.

37

6. Conclusão

A combinação do maior espaçamento com a menor população provoca o

maior índice de acamamento. A redução no espaçamento entre linhas reduz

a altura das plantas, a altura da inserção das vagens e o rendimento de

grãos, mas provoca aumento na altura da ponta da vagem mais baixa até o

solo, e redução na porcentagem das plantas encostando vagens no solo. O

aumento na população de plantas não afeta a maioria das características

agronômicas das plantas, porém provoca redução na porcentagem de

plantas encostando vagens no solo, não provocando modificações no

rendimento de grãos. A altura das plantas e a altura da inserção da primeira

vagem, medida após a arranca das plantas, não servem como critérios para a

avaliação da seleção de plantas para a colheita mecanizada.

Em 6 das 14 propriedades analisadas, a metodologia do copo medidor de

avaliação de perdas de grãos de soja na colheita diferiu da metodologia da

pesagem quanto ao resultado final. Não houve uma correlação da idade da

colhedora e da velocidade de avanço com a perda de grãos, indicando que

essas não foram as causas principais das perdas. A perda média de grãos de

soja na colheita, nas propriedades analisadas, foi de 80,86 kg ha-1 (método

da Embrapa) e de 50,93 kg ha-1 (método da Pesagem), estando esta dentro

do padrão aceitável.

Contudo, pode-se concluir que na cultura do milho não foi observada

influência da velocidade de deslocamento e da rotação do cilindro trilhador

sobre as perdas na plataforma de corte e no sistema de trilha. As menores

velocidades de deslocamento e a rotação do cilindro trilhador de 850 rpm

apresentaram menor perda nos sistemas de separação e limpeza. A

velocidade de deslocamento de 2,5 km h-1 e a rotação de 850 rpm

apresentaram os maiores valores de capacidade de colheita.

38

7. Literatura Citada

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