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PERCEPÇÃO
DE
RISCOS
Cabo BM Osvaldo Gonçalves
Percepção
O conceito de risco é complexo. O estudo deste
conceito em várias disciplinas aumentou a sua
complexidade e ampliou o entendimento das
pessoas a esse respeito.
As iniciativas da comunicação de risco devem ser
tomadas de maneira a assegurar que a
mensagem chegue aos grupos-alvo da
população. Para tanto, é necessário, em
primeiro lugar, encontrar formas de desagregar
as diferenças e necessidades individuais e
incluir na informação as preocupações sentidas
pelo público
Percepção
As pessoas tendem a ser particularmente
resistentes à idéia de que se encontram em
risco diante de um perigo. A maioria das
pessoas considera que se encontra diante de
um perigo menor que a média dos outros, e
que tem menor possibilidade de morrer de um
ataque cardíaco, de se queimar ou de se tornar
viciado em drogas.
Este otimismo irreal baseia-se na informação
disponível e em um raciocínio que leva a
pessoa a pensar que o perigo não é uma
ameaça verdadeira, mesmo que afete pessoas
conhecidas.
Percepção
A percepção é um fator importante a ser
considerado quando se comunicam riscos.
Vários estudos de antropologia e sociologia
mostram que a percepção e a aceitação do
risco têm suas raízes em fatores culturais e
sociais.
Argumenta-se que a reação ao perigo decorre de
influências sociais transmitidas por amigos,
pela família, por colegas de trabalho e
personalidades públicas. Em muitos casos, a
percepção de risco pode desenvolver-se depois
de uma ação racional executada pelo próprio
Percepção
A informação sobre a magnitude do risco é importante
para que haja conscientização de riscos até então
desconhecidos, enquanto que a informação sobre a
susceptibilidade pessoal é importante na transição da
conscientização à decisão de agir.
Entretanto, tomar a decisão de agir é diferente de
passar à ação. A maioria das pessoas preocupa-se
com os mesmos riscos que são causa de
preocupação para seus amigos e por isso está alerta
e pronta para reagir diante da indicação de que um
perigo específico possa ou não representar uma
preocupação local.
Percepção
Os indivíduos que se sentem seguros e
aqueles cujas atitudes refletem um
certo nível de conhecimento sobre o
risco, vivenciam menos obstáculos
para modificar o ambiente em que
vivem do que aqueles que reagem
com atitudes de defesa.
Esse aspecto refletir-se-á no
planejamento das atividades de um
programa de comunicação de risco.
Percepção
Os estudiosos da percepção de risco estudaram
as características do risco que têm influência
na percepção. A seguir estão definidas as
condições que têm maior influência na forma de
perceber os riscos.
Medo
As mortes que mais tememos são as mais
preocupantes. O câncer, por exemplo, provoca
mais medo porque é visto como uma forma
horrível de se morrer. Isto explica por que os
perigos que podem causar câncer, tais como a
radiação e os agentes químicos, provocam
medos intensos.
Medo
O temor é um exemplo claro daquilo que
pensamos sobre um risco em termos dos
nossos sentimentos intuitivos, em um processo
denominado efeito heurístico.
Controle
A maioria das pessoas sente-se segura quando está
dirigindo. Segurar o volante com as mãos provoca o
sentimento de poder controlar os acontecimentos. Se
a pessoa trocar de assento, e passar para o lado do
carona, sente-se nervosa, pois deixa de ter o controle.
Se a pessoa sentir que tem algum tipo de controle sobre
o processo que determina o risco que enfrenta, tal
risco provavelmente não será visto como tão grande
quanto no caso em que não tenha nenhum controle
sobre ele.
O risco é algo natural ou gerado
pelas pessoas?
O risco é algo natural ou gerado pelas
pessoas?
As fontes de energia nuclear, tanto quanto os
telefones celulares, assim como os campos
elétricos e magnéticos, provocam com
freqüência maior preocupação do que a
radiação proveniente do sol.
A origem natural de um risco faz com que ele
seja percebido como um risco menor do que
aquele gerado pelas pessoas. Este fator pode
explicar a grande preocupação com relação a
várias tecnologias e produtos.
Escolha
Um risco selecionado por nós mesmos parece-nos
menos perigoso do que aquele que nos é imposto por
outra pessoa.
A pessoa que fala ao telefone celular enquanto dirige,
pode achar perigoso que outro motorista use o
telefone e ficará chateado com o risco imposto pelo
outro motorista, mesmo quando a própria pessoa
assume o mesmo tipo de risco, sem sentir a mesma
preocupação.
O controle que ela sente quando está dirigindo contribui
para esta percepção.
Efeitos nas crianças
A sobrevivência das espécies depende da sobrevida da
sua prole. Por isso, os riscos que correm as crianças,
tal como a exposição ao amianto na escola, ou o
seqüestro de um jovem, parecem mais graves do que
os mesmos riscos aos quais são expostos os adultos
(como a exposição ao amianto no local de trabalho ou
o seqüestro de um adulto.
Riscos Novos
Os novos riscos, incluindo-se a síndrome
respiratória aguda grave (SARS), o vírus do
Nilo e aqueles trazidos pelas novas tecnologias
e produtos, tendem a ser mais terríveis do que
aqueles com os quais convivemos há mais
tempo, pois nossa experiência ajudou-nos a
contextualizá-los.
Concientização
Quanto mais conscientes estivermos de um risco,
melhor é a nossa percepção e maior a nossa
preocupação.
Por exemplo, a síndrome respiratória aguda
grave (SARS) provocou mais cobertura da
mídia, mais atenção e maior preocupação do
que a gripe, que provoca um grande número de
óbitos todos os anos.
A conscientização de certos riscos pode ser alta
ou baixa dependendo da atenção dada aos
riscos.
Possibilidade de impacto pessoal
Qualquer risco pode parecer maior se a vítima for
a própria pessoa ou alguém próximo a ela. Isto
explica por que a probabilidade estatística é
freqüentemente irrelevante e pouco eficaz para
comunicar risco.
Quanto maior for a proximidade e o
conhecimento das conseqüências do risco,
maior poderá ser a sua percepção.
Relação custo benefício
Alguns analistas e estudiosos da percepção de
risco acreditam que a relação custobenefício é
o principal fator que determina um maior ou
menor medo diante de uma ameaça.
Se uma conduta ou escolha for vista como
benéfica, o risco a ela associado parecerá
menor do que quando tal benefício não for
percebido.
Confiança
Quanto mais confiança tiver nos profissionais que
estão encarregados da nossa proteção, nos
funcionários do governo ou nas instituições
responsáveis pela nossa exposição ao risco
(por exemplo, os funcionários do setor
ambiental ou os gerentes das indústrias) ou
ainda nos responsáveis pela informação sobre
um determinado risco, menos medo
sentiremos.
Quanto menos confiança sentirmos, maior será o
nosso nível de preocupação.
Memória de riscos
Um acidente memorável faz com que um risco
fique mais fácil de ser lembrado e imaginado e
pode, portanto, parecer maior (muitos lembram-
se do escapamento de metilisocianato em
Bhopal, na Índia, que afetou milhares de
pessoas).
As experiências pessoais são um elemento
importante da percepção, pois determinarão o
peso maior dado a certos riscos, quando
comparados a outros estatisticamente mais
significativos.
Difusão espacial e temporal
Eventos raros como os acidentes nucleares são
percebidos como mais perigosos do que os
riscos comuns e cotidianos (acidentes de
trânsito).
Efeito sobre a segurança pessoal e nos
bens
Um evento é percebido como perigoso quando
afeta interesses e valores fundamentais, como
por exemplo, a saúde, a moradia, o valor de
uma propriedade e futuro.
Equidade
É comum que as pessoas que têm de enfrentar
mais riscos do que os outros e que não têm
acesso a benefícios, sintam indignação.
A comunidade acredita que deve haver uma
distribuição eqüitativa dos benefícios e dos
riscos.
Processo
As instituições ou governos devem demonstrar
confiabilidade, honestidade e preocupação com
os impactos na comunidade. E devem
comunicar-se com a população antes de tomar
decisões, criando assim uma relação de
respeito.
Além disso, devem ouvir e responder às dúvidas
e questionamentos que possam surgir.
Quando essas condições não são cumpridas, a
percepção de risco em questão é afetada de
forma negativa.
Escala hierarquica de Maslow
Abraham Maslow desenvolveu a teoria do humanismo e uma das
suas maiores contribuições para a psicologia foi a teoria das
necessidades humanas, que explica que as necessidades
humanas são de natureza hierárquica.
Tal teoria defende que as pessoas não reagem tão-somente a
forças mecânicas (estímulos e reforços de comportamento) ou
a impulsos instintivos inconscientes, mas também a tudo aquilo
que contribui para o desenvolvimento do seu potencial
humano. Deste ponto de vista, as pessoas esforçam-se por
atingir os mais altos níveis de conscientização e sabedoria.
Outros psicólogos denominam as pessoas que chegam a esses
níveis de completamente funcionais ou possuidores de
personalidade saudável. Maslow as chamava de pessoas
realizadas.