percepÇÃo ambiental de moradores … · ... o fluxo de energia e (3) a ciclagem ... que ocorre...

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CAPÍTULO 1 ASPECTOS E CONCEITOS ECOLÓGICOS FUNDAMENTAIS A palavra “ecologia” deriva do grego (oikos, casa e logos, estudo), significando então “estudo da casa”. Literalmente, então, a ecologia é o estudo do “lugar onde se vive” (WEBSTER’S UNABRIDGED DICTIONARY, s.d. apud ODUM, 1988). Ernst Haeckel deu à palavra Ecologia, um significado mais abrangente em 1870, dizendo que “por ecologia, quer-se dizer o corpo de conhecimento referente à economia da natureza”, além das relações dos animais e plantas com o ambiente (AVILA-PIRES, 1999). Odum (1988) ainda compara a palavra “economia” com a ecologia, já que derivam da mesma palavra (oikos), e nomia significa manejo; economia seria o manejo da casa. Entende- se então o porquê de “economia da natureza”. A palavra ecologia passou a ter uso geral somente no fim dos anos 1800, quando os cientistas americanos e europeus começaram a se autodenominar ecólogos. As primeiras sociedades e periódicos dedicados à Ecologia apareceram nas primeiras décadas do século vinte. Desde então, a Ecologia tem passado por um enorme crescimento e diversificação, e os ecólogos profissionais agora são em número de dezenas de milhares. (RICKLEFS, 2003) O estudo da ecologia sempre foi fundamental desde muito cedo na história humana. Para sobrevivência, é necessário conhecimento do ambiente. E segundo Ricklefs (2003), a ecologia é a ciência pela qual se estuda (além da “casa”), como os organismos (animais, plantas e micróbios) interagem entre si e com o mundo natural. A ciência da ecologia estuda todas as interações entre os seres vivos, incluídos os seres humanos e seu ambiente. O ar e até algumas rochas que funcionam como partes dos ciclos da vida também estão incluídos. Quando os ecologistas examinam [por exemplo] uma minhoca, o objetivo consiste em compreender suas funções em seu ecossistema. (CALLENBACH, 2001)

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Page 1: PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE MORADORES … · ... o fluxo de energia e (3) a ciclagem ... que ocorre num só sentido. Uma parte da ... propôs a utilização da energia dentro dos sistemas,

CAPÍTULO 1

ASPECTOS E CONCEITOS ECOLÓGICOS FUNDAMENTAIS

A palavra “ecologia” deriva do grego (oikos, casa e logos, estudo), significando então

“estudo da casa”. Literalmente, então, a ecologia é o estudo do “lugar onde se vive”

(WEBSTER’S UNABRIDGED DICTIONARY, s.d. apud ODUM, 1988).

Ernst Haeckel deu à palavra Ecologia, um significado mais abrangente em 1870,

dizendo que “por ecologia, quer-se dizer o corpo de conhecimento referente à economia da

natureza”, além das relações dos animais e plantas com o ambiente (AVILA-PIRES, 1999).

Odum (1988) ainda compara a palavra “economia” com a ecologia, já que derivam da

mesma palavra (oikos), e nomia significa manejo; economia seria o manejo da casa. Entende-

se então o porquê de “economia da natureza”.

A palavra ecologia passou a ter uso geral somente no fim dos anos 1800, quando os cientistas americanos e europeus começaram a se autodenominar ecólogos. As primeiras sociedades e periódicos dedicados à Ecologia apareceram nas primeiras décadas do século vinte. Desde então, a Ecologia tem passado por um enorme crescimento e diversificação, e os ecólogos profissionais agora são em número de dezenas de milhares. (RICKLEFS, 2003)

O estudo da ecologia sempre foi fundamental desde muito cedo na história humana.

Para sobrevivência, é necessário conhecimento do ambiente. E segundo Ricklefs (2003), a

ecologia é a ciência pela qual se estuda (além da “casa”), como os organismos (animais,

plantas e micróbios) interagem entre si e com o mundo natural.

A ciência da ecologia estuda todas as interações entre os seres vivos, incluídos os seres

humanos e seu ambiente. O ar e até algumas rochas que funcionam como partes dos ciclos da

vida também estão incluídos. Quando os ecologistas examinam [por exemplo] uma minhoca,

o objetivo consiste em compreender suas funções em seu ecossistema. (CALLENBACH,

2001)

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Quando se fala em ecologia, muito é dito a respeito dos Ecossistemas, que é um

sistema ecológico, assim como podem ser muitos outros. Ricklefs (2003) diz que os sistemas

ecológicos podem ser tão pequenos quanto os organismos ou tão grandes quanto à biosfera

inteira. E ainda completa: pode ser um organismo, uma população, um conjunto de

populações vivendo juntos (freqüentemente chamados de comunidade), um ecossistema [ou a

biosfera inteira da Terra].

Segundo Odum (1988, p. 9):

Os organismos vivos e o seu ambiente não-vivo (abiótico) estão inseparavelmente inter-relacionados e interagem entre si. Chamamos de sistema ecológico ou ecossistema qualquer unidade (biosfera) que abranja todos os organismos que funcionam em conjunto (a comunidade biótica) numa dada área, interagindo com o ambiente físico de tal forma que um fluxo de energia produza estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e não-vivas.

O primeiro entre os proponentes desse novo ponto de vista ecológico, durante os anos

1920, foi o ecólogo inglês Charles Elton. Uma década mais tarde, o ecólogo vegetal Arthur

George Tansley avançou com a idéia de Elton. Porém foi Raymond Lindeman, um ecólogo

aquático, que em 1942 trouxe o conceito de ecossistema como um sistema transformador de

energia (RICKLEFS, 2003).

Um ecossistema é considerado unidade funcional na ecologia, pois contém tanto os

organismos (biótico) quanto o ambiente abiótico. Ainda, têm-se três componentes básicos: (1)

a comunidade, (2) o fluxo de energia e (3) a ciclagem de materiais (ODUM, 1988). Uma

representação de um ecossistema e seus componentes básicos pode ser vista na figura 1.

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Figura 1 – Representação gráfica de um ecossistema, segundo Odum (1988, p. 11).

Um ecossistema não é um ambiente fechado: inclui ambientes de entrada e de saída

junto com o sistema delimitado. Caso a “caixa” central (observando a figura 1) fosse um

recipiente impermeável, o seu conteúdo vivo (um lago, uma cidade, etc.) não sobreviveria a

tal fechamento. Essa mesma “caixa” central não precisa ser um local específico como uma

cidade ou um lago, podendo ter limites arbitrários (eventuais), porém precisam ser definidos

geometricamente falando. Um ecossistema funcional ou do mundo real precisa de uma

entrada para manter os processos vitais e, na maioria dos casos, um meio de exportar a

energia e os materiais já processados. Tanto ambiente de entrada quanto de saída são

essenciais para que um ecossistema funcione e se mantenha (ODUM, 1988).

O tamanho dos ambientes de entrada e saída pode variar e depende de alguns fatores

como, por exemplo: 1) tamanho do sistema, 2) intensidade metabólica, 3) equilíbrio

autotrófico-heterotrófico (relação com a cadeia alimentar e o fluxo de energia (RICKLEFS,

2003) e 4) estádio do desenvolvimento. Pensando assim, uma grande serra florestada

apresenta ambientes de entrada e saída muito menores do que um riacho ou uma cidade.

(ODUM, 1988)

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Sob o ponto de vista trófico um ecossistema apresenta um estrato (camada) autotrófico (auto-alimentador) e heterotrófico (necessidade de alimentos já elaborados), além de outros componentes: 1) substâncias inorgânicas (C, N, CO2, H2O e outras, envolvidas nos ciclos de materiais); 2) compostos orgânicos (proteínas, carboidratos, lipídios, substâncias húmicas, etc.) que ligam o biótico e o abiótico; 3) o ambiente atmosférico, hidrológico e do substrato, incluindo o regime climático e outros fatores físicos; 4) produtores, organismos autotróficos (plantas verdes); 5) macroconsumidores ou fagótrofos, organismos heterotróficos; 6) microconsumidores, saprótrofos, decompositores ou osmótrofos, organismos heterotróficos (bactérias e fungos) que obtém sua energia através da degradação de tecidos mortos ou absorvendo matéria orgânica dissolvida. Uma característica dos ecossistemas é a interação dos componentes autotróficos e heterotróficos (ODUM, 1988, p. 11).

Dentro dos ecossistemas, é fundamental a existência de três itens, como já falado. Se

tratando de comunidade, há vários conceitos. Pinto-Coelho (2002) define como uma unidade

ecológica, sendo que os organismos interagem com o meio físico, sofrendo influências do

mesmo; é a reunião entre a totalidade dos organismos. Ricklefs (2003), diz que muitas

populações de diferentes tipos que vivem no mesmo lugar formam uma comunidade

ecológica. Tais comunidades não possuem fronteiras definidas. É uma abstração,

representando um nível de organização mais do que uma unidade discreta de estrutura na

Ecologia.

As comunidades exibem certas propriedades estruturais e funcionais: 1) presença de muitas espécies em uma determinada área; 2) recorrência (ou repetição) da “comunidade” no tempo e no espaço e 3) a presença de mecanismos de controle, homeostase (PINTO-COELHO, 2002).

Portanto, comunidade dentro de ecologia visa o estudo das interações entre as

populações componentes além das interações com o meio físico, possuindo mecanismos

internos de “controle” destas populações (RICKLEFS, 2003).

Foi dito que o ecossistema pode ser do tamanho de uma comunidade ou tão grande

quanto à biosfera inteira. A própria comunidade pode ser aplicada de tal conceito. Uma

comunidade pode ser tão pequena como um emaranhado microbiano ao longo do leito dos

rios ou tão grande como uma floresta tropical (CALLENBACH, 2001).

Deve-se lembrar que todos que participam de um ecossistema estão inseridos na

comunidade. Seja ele produtor, consumidor ou decompositor, independente do nível trófico

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em que se encontra. Todos são organismos participantes de uma unidade maior, a

comunidade. E não há como negar a inter-relação entre eles: somente o fato da energia passar

por entre os organismos (fixada pelos produtores – autótrofos), já os põe numa relação

(CALLENBACH, 2001).

Podem-se entender os conceitos básicos sobre energia observando as cadeias

alimentares. Como visto, a energia dentro de um ecossistema de uma cadeia alimentar é um

fluxo, que ocorre num só sentido.

Uma parte da energia solar que entra é transformada, e sua quantidade, elevada (quer dizer, é convertida em matéria orgânica, uma forma de energia mais concentrada que a luz solar) pela comunidade, mas a maior parte é degradada, passa pelo sistema e sai dele na forma de energia calórica, de baixa qualidade (sumidouro – escoamento de calor). A energia pode ser transformada, mas não reutilizada (ODUM, 1988).

Para melhor explicar, Callenbach (2001, p. 77) cita as duas Leis da Energia:

Primeira Lei da Energia: a energia não pode ser criada nem destruída – ela só muda de forma. Segunda Lei da Energia: quando a energia passa de uma forma a outra, parte dela acaba numa forma mais dispersa e menos útil – em geral, algum tipo de calor.

A essa energia não-disponível, de menor utilidade, resultante das transformações, é

dado o nome de entropia (este termo também é usado como índice geral da desordem

associada com a degradação da energia) (ODUM, 1988).

Callenbach (2001) diz que os nutrientes básicos são reciclados pela vida. Os seres

humanos (ao usar a energia) reciclam o metal ou o papel. Embora a matéria se movimente em

ciclos, a energia só flui.

Com os conceitos de cadeia alimentar e suas relações com o ecossistema, Lindeman

propôs a utilização da energia dentro dos sistemas, como sendo de uma pirâmide, onde no

topo estaria a menor quantidade dela, referente ao último nível trófico antes dos

decompositores e na base estariam os produtores ou autótrofos. Argumentava ainda, que a

energia é perdida em cada nível por causa do trabalho realizado pelos organismos naquele

nível e pela ineficiência das transformações biológicas de energia (RICKLEFS, 2003).

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Ainda de acordo com Ricklefs, Eugene P. Odum foi um dos mais fortes proponentes

de uma abordagem sobre uma nova estrutura conceitual de medição do fluxo de energia e

reciclagem de nutrientes. Odum retratou os ecossistemas como diagramas de fluxo de energia

(figura 2). Com isso, evidenciava-se o princípio de que a energia passa de um elo para o outro

na cadeia alimentar.

Figura 2 – Diagramas do fluxo de energia nos ecossistemas segundo Odum (RICKLEFS, 2003, p. 119)

Os organismos, os ecossistemas e a biosfera inteira conseguem manter uma pequena quantidade de entropia interna, através de uma contínua e eficiente dissipação de energia de alta utilidade para dar energia de baixa utilidade. Com isso, é possível dentro destes organismos e ecossistemas criar e manter um alto grau de ordem interna (ODUM, 1988).

Para finalizar os três itens básicos de um Ecossistema, existem os ciclos

biogeoquímicos. Segundo o Dicionário Silveira Bueno, ciclo é uma “série de fenômenos que

se sucedem numa certa ordem”. Bio trata de organismos vivos, de vida e geo, às rochas, ar e

água da Terra; a geoquímica trata da composição química do planeta e com as trocas de

elementos entre as várias partes da crosta terrestre, da atmosfera e dos oceanos, rios ou outras

massas de água. Portanto, pode-se dizer que ciclo biogeoquímico é a circulação dos elementos

químicos (essenciais à vida) no ambiente, aos organismos e destes ao ambiente novamente;

também é chamado por ciclagem de nutrientes (ODUM, 1988).

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Ao contrário da energia, os componentes orgânicos dos ecossistemas se mantêm

dentro dos mesmos, porém energia e ciclagem de materiais estão interligadas (RICKLEFS,

2003).

Alguns elementos são mais importantes aos seres vivos do que outros. Segundo Odum

(1988), de 30 a 40 elementos (dos mais de 90 conhecidos na Natureza) são essenciais aos

organismos vivos, alguns em maior quantidade, outros em menores. Alguns elementos não

essenciais também fluem e muitas vezes, ligados àqueles essenciais, como é o caso do

estrôncio, entrando na alimentação animal e como conseqüência, na humana, sendo

depositado nos ossos.

Para Callenbach (2001), os principais ciclos biogeoquímicos são os ciclos da água, do

nitrogênio, do carbono, do enxofre e do fósforo.

Estes três itens básicos característicos dos ecossistemas formam os mecanismos de

homeostasia do mesmo. Esta homeostase é que determina a estabilidade do sistema, e pode

ser dividida de duas formas: 1) a estabilidade de resistência indica a capacidade de um

ecossistema de resistir a perturbações e a 2) estabilidade de elasticidade, indica a capacidade

de se recuperar quando o sistema é perturbado. Uma é excludente à outra, ou seja, é difícil os

dois desenvolverem-se juntas.

Assim, uma floresta de pinheiros da Califórnia é bastante resistente ao fogo (com cortiça grossa e outras adaptações), mas se queimar recuperar-se-á muito lentamente, ou talvez nunca. Por outro lado, a vegetação de chaparral da Califórnia pega fogo com facilidade (pouca estabilidade de resistência), mas se recupera rapidamente, em poucos anos (excelente estabilidade de elasticidade) (ODUM, 1988, p. 33).

Pensando na Terra em homeostase dentro da Ecologia, James Lovelock, cientista,

físico, inventor e engenheiro em colaboração com Lynn Margulis em 1973, explicam a Teoria

Gaia, que sustenta que os organismos, principalmente os microorganismos, evoluíram junto

com o ambiente físico, formando um sistema complexo de controle, o qual mantém favoráveis

à vida as condições da Terra. (LOVELOCK, 1979 apud ODUM, 1988). Dentro deste

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equilíbrio, estão todos os componentes básicos de um ecossistema; sendo assim, podemos

pensar na Terra (biosfera) como um grande ecossistema.

Haja vista o que fora falado sobre tais componentes básicos de um ecossistema (fluxo

de energia, comunidade e ciclagem de materiais) e o foco principal do presente trabalho,

pode-se trabalhar a cidade ou sistemas urbanos ou ainda áreas metropolitanas, como

ecossistemas, apesar de alguns autores o chamarem de ecossistema incompleto ou

heterotrófico; heterotrófico, pois a produção de alimentos é mais encontrada nas áreas rurais

vizinhas (ODUM et al, 1987).

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CAPÍTULO 2

ECOSSISTEMAS URBANOS – CIDADES

O homem desde o princípio de sua existência tem tendência a formar bandos ou

grupos. Viver isoladamente não era e nem continua sendo vantagem, principalmente nos

tempos mais remotos, onde a sobrevivência era mais complicada que nos dias atuais, claro.

Alimentação, moradia, trabalhos, etc. eram muito mais fáceis de realizar em

comunidades. Essa constante vivência seria ainda pior, caso o homem não possuísse uma

característica fundamental, que o difere dos outros animais, que é sua adaptação perante o

ambiente: vive nas terras geladas do Norte, nos desertos, nos trópicos, etc. Assim como ele

aprendeu a conviver em outros locais, perante a necessidade ele aprendeu também a conviver

nas cidades, porém muitas vezes este aprendizado levou ou ainda leva grandes sistemas

naturais ao completo declínio (BRANCO, 2003).

Ainda de acordo com o autor acima, o ambiente da cidade é atraente para a população

rural, visto que na cidade existem inúmeras possibilidades de lazer e aperfeiçoamento

cultural. Sendo assim, estas pessoas tentam abandonar o meio rural, enfrentando diversos

problemas como a falta de segurança e outros fatores que não são habituais a elas.

Figura 3 – Proporção da população por situação de domicílio (1980 – 2000). Fonte: IBGE.

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É notável que apesar da “fuga” da população rural para os centros urbanos (figura 3),

há também certa quantidade de pessoas que saem das grandes cidades (metrópoles) e

procuram as cidades mais interioranas. As razões que as levam a buscar outras cidades, já são

conhecidas: insegurança, congestionamentos, ruídos, etc.

Novaes (2002) coloca que os habitantes das metrópoles (que podem) começam a fugir,

em busca de segurança, melhor qualidade de vida e de empregos, crescente em alguns setores

do interior e Odum et al (1987) completa dizendo que esta ida em direção ao interior, também

está ligada ao encarecimento dos combustíveis e procura por impostos mais baixos.

As cidades também recebem o nome de centros urbanos (figura 4). Centro é uma

denominação muito correta, haja vista que nela são agrupados os principais serviços e

produtos de determinada região. O que difere uma cidade, um “ecossistema urbano” de um

“ecossistema natural” pode ser resumido simplificadamente na palavra auto-suficiência. Para

tal comparação, é conveniente pensar em uma floresta, que possui tal suficiência, consegue

sobreviver sozinha, sem a necessidade de introdução de materiais oriundos do meio externo,

ela é equilibrada. Uma cidade necessita entrar em equilíbrio com os recursos naturais que

ainda fazem parte de suas terras: as águas, o ar e o solo (BRANCO, 2003).

Segundo Odum (1988), um ecossistema urbano pode ser também analisado como um

ecossistema natural, ao afirmar que a cidade se difere de um sistema heterotrófico (não auto-

suficiente) natural (um recife de ostras, por exemplo), pois apresenta um metabolismo mais

intenso, exigindo um influxo (força) maior de energia concentrada, atualmente suprida na

maior parte por combustíveis fosseis. Além da energia, uma grande necessidade de entrada de

materiais (para uso comercial e industrial) e por fim uma saída maior e mais venenosa de

resíduos (que em grande parte do tempo necessita ser retirada do ambiente urbano, sob risco

de causar poluição – BRANCO, 2003), muitas vezes, substâncias mais tóxicas que suas

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precursoras. Apesar disto, a cidade apresenta um cinturão verde (árvores, por exemplo), mas é

incapaz de prover subsistência à população.

Para que se possa entender melhor a comparação de uma cidade com um ecossistema,

deve ser levado em conta o fato das cidades crescerem. Pode parecer um ponto normal o

crescimento urbano, mas fundamental quando é pensado na maneira como as atividades

humanas aconteciam há tempos atrás. Por exemplo, a ciclagem de materiais, onde os resíduos

urbanos eram capturados pelas populações rurais para que fosse utilizado como fertilizante,

novamente produzindo alimentos e provendo assim sustento às cidades maiores, obtendo um

ciclo dos nutrientes. Com o crescimento urbano esta ciclagem tem um fim, além da utilização

dos fertilizantes propriamente ditos.

O tamanho dos sistemas urbanos também parece estar introduzido na comparação com

ecossistemas, haja vista que as cidades seguem uma espécie de hierarquia, onde cidades

menores dão suporte às maiores (ODUM et al, 1988). A figura 4 ilustra a explicação.

Figura 4 – Apresentação de mapa de uma região, mostrando diferentes cidades, demonstrando a idéia

de hierarquias (ODUM et al, 1987).

A hierarquia também está contida no fluxo de energia, presente nas cidades como

alimentos e em sua maioria, combustíveis fósseis. É válido lembrar aqui, que para uma cidade

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grande a luz solar praticamente não é aproveitada ou pelo menos não da forma como nas

populações rurais e cidades pequenas. Melhor definindo a energia em sistemas urbanos, seria

dizer convergência de energia das menores cidades às maiores, pois muitas populações

pequenas sustentam uma maior, muitas sustentam outra maior ainda, sucessivamente ou

ainda, imaginar essa convergência como uma rede alimentar (ODUM et al, 1988; ODUM,

1988).

Figura 5 - Diagrama de energia de uma cidade, de acordo com Odum et al (1987).

Conforme discutido no capítulo I, na Segunda Lei sobre energia, quando é passada de

uma forma à outra, é gerado calor. Este calor constitui um grave problema, pois está presente

em vários locais das cidades. Considerando um carro se movendo e a transformação da

energia presente no álcool em energia de movimento, há formação de calor. É possível pensar

agora no quanto calor é aumentado em uma cidade, que possui milhares de carros em sua

frota. Somando a isso, as transformações caloríficas que acontecem em fábricas, casas,

grandes edifícios, etc. Arrumar uma forma de diminuir esta energia é necessário para que a no

âmbito geral, possa-se reduzir temperaturas urbanas, diminuindo um pouco o efeito chamado

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“ilhas de calor”. Isto agrava a situação da cidade, elevando consideravelmente suas

temperaturas (BRANCO, 2003).

Vários “fluxos” podem ser agregados a sistemas urbanos. Apesar de não haver a

ciclagem de nutrientes ou esta ser bem reduzida, o dinheiro, por exemplo, flui entrando e

saindo de sistemas urbanos além da circulação interna.

Figura 6 – Metabolismo dos ecossistemas urbanos segundo DIAS (2000, p. 229).

Os combustíveis e a energia elétrica vêm de fora da cidade sendo então considerados

subsídios para a mesma. A migração de pessoas também é um ciclo, porém com um ponto

interessante dentro. Caso a migração seja demasiada grande, a cidade necessitará aumentar

diversos parâmetros (impostos, áreas para construção de casas, caminhos, etc.). Quando uma

população já não suporta mais o crescimento urbano, começa o êxodo, com as pessoas

buscando cidades menores e com melhor “qualidade de vida” (ODUM et al, 1987).

Geralmente as cidades menores, interioranas, são as mais procuradas, devido à tradicional

“calmaria” das mesmas, pois não há como negar, por exemplo, que o fluxo de carros e o

índice de poluição sejam menores nas cidades que dão suporte às maiores (figura 4 e 5).

Entretenimento Informação Educação

Tecnologia

Ar poluído

A CIDADE

Ar Matéria-

prima

Combustíveis

Bens manufaturados Serviços

Lixos

Alimentos

Esgotos

Água

Ruído CalorEnergia

solar Pessoas

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Um desequilíbrio em alguma das três características básicas de ecossistema, dentro da

cidade, pode provocar um acontecimento muito conhecido que é da poluição. De acordo com

a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (apud SIRVINSKAS, 2006):

[...] conceitua poluição como “a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos” (art. 3º, III, da Lei n. 6.938/81).

Além dos mais diversos tipos, existem as mais diversas origens e conseqüências.

Talvez seja a poluição um dos fatores que levem ao êxodo urbano. As pessoas em busca de

melhoria na saúde, devido os diversos tipos de poluição, tendem a deixar os grandes centros

urbanos.

Derisio (2000) cita os tipos de poluição, como sendo:

• das águas: pode ser natural (folhas, animais mortos), de ordem industrial (despejos),

esgotos domésticos, agropastoril (fertilizantes, defensivos agrícolas, trazidos pela

chuva).

• do ar: pode-se dividir em relação à saúde, onde pode provocar doenças agudas,

crônicas e levar à morte, encurtamento da vida ou dano ao crescimento, além de

alterações fisiológicas; aos materiais, relacionado com a abrasão, deposição, remoção,

ataque químico direto/indireto e corrosão eletroquímica; às propriedades da atmosfera,

principalmente relacionado à visibilidade (maior distância onde é possível ver e

identificar “a olho nu” um objeto); à vegetação, havendo redução da capacidade de

fotossíntese, deposição de poluentes no solo e penetração pelos estômatos; à

economia, onde os efeitos provocados pela poluição do ar geram custos aos habitantes

(gastos com controle e danos causados).

• do solo: o dano principal é a suscetibilidade à erosão, com inundações e alterações de

cursos d’água como conseqüências indiretas, mas também se tem mostrado

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inadequado a disposição indiscriminada de resíduos no solo, que podem ser

carregados para os aqüíferos subterrâneos pelas águas pluviais que se infiltram.

Também se torna problemática a presença de metais nos resíduos aplicados ao solo,

uma vez que podem inibir a reposição da vegetação.

• auditiva: sob o ponto de vista sociológico, levam à irritação geral, perturbação na

comunicação, prejuízo ao repouso, ao relaxamento, à concentração e à performance,

perturbação do sono, associação de medo e ansiedade, mudança na conduta social e

restrições na vida doméstica.

• vibração: uma das problemáticas é vir acompanhada do ruído, porém não afeta

somente humanos mas também materiais. O corpo humano sob efeito da vibração

pode ser acometido de transtornos como visão obscura, perda de equilíbrio, perda de

concentração, deformações etc. Porém é válido lembrar que tais efeitos ocorrem com a

vibração direta sobre o corpo, à distância somente o ruído é perceptível.

• visual: é o comércio de produtos ou serviços atuando através dos anúncios de seus

produtos por meio de outdoors, cartazes, painéis eletrônicos, fachadas de néon,

distribuição de prospectos (folhetos) nos faróis, etc.; anúncios e cartazes também são

colocados ao longo das rodovias e estradas cobrindo inclusive paisagens naturais;

tecnicamente, a poluição visual é a degradação ambiental resultante das publicidades

comerciais e sociais que direta ou indiretamente coloquem em risco a segurança, o

bem-estar da comunidade ou afetem as condições estéticas do meio ambiente urbano

ou rural (SIRVINSKAS, 2006).

Segundo o Dicionário Silveira Bueno, poluição também é chamada de sujeira. Desde

jovens, as pessoas aprendem que sujeira não é interessante e nem um pouco saudável. E isto

se torna um grave problema quando grandes centros urbanos são o foco da situação.

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A poluição seja ela qualquer um dos tipos, diminui a qualidade de vida das pessoas,

alterando o ambiente em que se vive. Incluído nisso, estão as áreas verdes dentro dos centros

urbanos, que podem sofrer alterações também, modificando suas características “naturais”.

Algumas áreas como praças, por exemplo, podem ficar completamente descaracterizadas,

necessitando de auxílio ou até mesmo de sua total reforma.

Para que seja possível mensurar a valorização das áreas verdes urbanas por moradores,

é necessária uma correta interpretação do que eles vêem e pensam sobre tais locais. Assim, é

possível analisar o impacto que tais áreas causam na vida das pessoas e muitas vezes

consegue-se identificar problemas nestas áreas. Essa interpretação da visão dos moradores, é

chamado percepção ambiental.

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CAPÍTULO 3

PERCEPÇÃO AMBIENTAL

De acordo com Faggionato (1996), a percepção é algo individual e a partir de cada

um, a resposta perante diversas situações será diferente. O estudo da percepção ambiental é de

fundamental importância para que se possam compreender melhor as inter-relações entre o

homem e o ambiente; também é possível descobrir as impressões que os indivíduos têm sobre

determinado assunto. Também é notável através da percepção ambiental, a satisfação ou a

insatisfação da pessoa a respeito do assunto.

Perceber um fato, um fenômeno, significa capta-los bem, dar conta deles com alguma

profundidade; através da percepção, pode-se passar do subjetivismo à objetividade; pode-se

tirar de ‘dados obscuros’ certa claridade que norteia o estudo (PHILIPPI JR., 2004).

Assim que obtido a percepção ambiental individual, é possível adquirir a percepção

coletiva e conseguindo dados maciços de moradores, traçar perfis sobre a opinião pública à

respeito de determinado local.

A percepção ambiental está intrinsecamente ligada à valores. A percepção que

determinada pessoa tem sobre meio ambiente, por exemplo, está relacionada à valores

adquiridos por ela ao longo da vida. Se for tratado à respeito da percepção ambiental ligada às

árvores, bem provável que as pessoas se recordem de experiências que tenham tido com

árvores e assim gerem ‘sua percepção’. Pode-se chamar de valores ou então significados,

aquilo que seja significante para o indivíduo (LIMA, 1993; SOUSA, 2004)

A investigação acerca da percepção ambiental pode resultar em soluções mais rápidas

e efetivas para problemas desta ordem. Sendo assim, a própria percepção ambiental é uma

forma de índice (LIMA, 1993).

Dentre os vários usos que podem ser atrelados à percepção ambiental, são destacáveis

alguns mais próprios ao trabalho: a) uma avaliação da degradação ambiental (FERREIRA,

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2001 apud SCHMITZ, 2005); b) a elaboração de um plano para o ambiente e c) o

desenvolvimento conjunto de percepção ambiental e educação ambiental.

Todos estes visam melhor qualidade de vida, melhor qualidade do ambiente e uma

reaproximação do homem ao seu natural (SCHMITZ, 2005).

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CAPÍTULO 4

METODOLOGIA

CARACTERIZAÇAO GERAL DO MUNICÍPO DE BATATAIS (SP)

4.1 Breve descrição histórica

Por volta de 1594, os Afonso Sardinha e João do Prado atravessaram a “Paragem dos

Batatais”, habitada pelos índios caiapós. Já em meados de 1725, Bartolomeu Bueno da Silva,

o Anhangüera passou pela região em busca de ouro. A região passa então a ser alvo de muitas

pessoas atraídas pelas descobertas de riquezas. O nome Batatais aparece em 1728 em

documentos de doação de uma sesmaria (terreno inculto ou abandonado que era doado; antiga

medida agrária) com esse nome. No começo do século XIX, havia 15 posses de sesmarias na

região hoje conhecida por Batatais, que foram dividindo-se e constituindo fazendas. Em 1810

já havia um cemitério e em 1814 já existia capelas e povoados. Em 1815, houve a elevação à

categoria de freguesia. Em 14 de março (aniversário da cidade atualmente) de 1839, a

freguesia foi elevada à vila. Em 1875 passou-se então ao nível de cidade, com a instalação da

comarca acontecendo poucos dias depois. Já em 1994 (23 de dezembro), a recebeu então o

título de Estância Turística (site DA PREFEITURA MUNICIPAL DA ESTÂNCIA

TURÍSTICA DE BATATAIS, s.d.; site BATATAISONLINE.COM.BR, s.d.)

4.2 Dados sócio-econômicos

Batatais dista 355 quilômetros da capital do Estado, São Paulo; 481 quilômetros de

Belo Horizonte (MG) e 750 quilômetros do Rio de Janeiro (RJ). Está situado entre duas

importantes cidades, Ribeirão Preto (SP) a 42 quilômetros à sudoeste e Franca (SP) a 49

quilômetros ao norte. Faz divisa com Sales Oliveira, Nuporanga, São José da Bela Vista,

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Restinga, Patrocínio Paulista, Altinópolis, Brodowski e Jardinópolis. Suas principais vias de

acesso são a Rodovia Cândido Portinari (SP-334), a Rodovia Estadual Altino Arantes (SP-

351) e a Via Anhanguera (SP-330). Localizado pelas coordenadas geográficas 20º 53’ 34’’ S

e 47º 35’ 31’’ O, estando a 862 metros acima do nível do mar. De acordo com o site da

Prefeitura Municipal da Estância Turística de Batatais (PMETB, 2006), sua área é de 851

km2. O site do SEADE (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, 2006), coloca que a

área do município em 2005 era de 838 km2.

Figura 7 – Batatais e cidades circunvizinhas. O ponto vermelho é a referência para a localização do município no sistema de Mapas Interativos do IBGE. Escala 1:446.730. Fonte: IBGE1.

De acordo com o site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2006), o

número de habitantes em 01/07/2005 era de 55.501 pessoas, resultando em uma densidade

demográfica de 65,21 hab/km2 (adotando a área municipal como sendo a fornecida pelo

mesmo site, de 851 km2). E de acordo com dados do IBGE (apud Prefeitura Municipal da

Estância Turística de Batatais, s.d.), a estimativa para 2006 era de 56.920 pessoas,

aumentando a densidade demográfica para 66,14 hab/km2 (0,93 hab/km2 a mais que o ano

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anterior). O site do SEADE coloca que em 2005 a população urbana era de 51.990 habitantes

e a população rural era de 2.580 habitantes (total de 54.570 habitantes).

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.00080 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Anos

Hab

itant

es

Pop. UrbanaPop. Rural

Figura 8 – População urbana e rural ao longo dos últimos 25 anos no município. Dados obtidos junto ao

SEADE; acervo pessoal.

A taxa de mortalidade registrada em 2004 foi de 6,63 mortes por mil habitantes e a

taxa de natalidade do mesmo ano foi de 14,58 por mil habitantes. No ano 2000 havia 14.992

domicílios e destes, 99,30% possuíam abastecimento de água; 14.115 domicílios na área

urbana e 877 domicílios na área rural. Em 1999, 100% da área urbana era atendida pela coleta

de lixo e em 2000, o nível de atendimento de esgoto sanitário era de 98,59%. Em 2003, havia

100 leitos hospitalares disponíveis pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Em 2000, o Índice de

Desenvolvimento Humano Municipal era de 0,825 (alto desenvolvimento humano para

valores maiores de 0,800; calculado dividindo-se por três a somatória do índice de

longevidade, índice de educação e índice de renda) (SEADE, 2006).

A respeito da Educação, o IBGE (2006) afirma que em 2004 a matrícula total do

Ensino Fundamental foi de 7.410 matrículas, 2.388 matrículas do Ensino Médio e em 2003,

2.348 matrículas do Ensino Superior.

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4.3 Dados Físicos

Batatais apresenta clima úmido, com 3 meses de seca e temperaturas subquentes, com

médias entre 15 e 18º em pelo menos um mês, de acordo com o site do IBGE (2006). Já o site

da PMETB (2006) coloca o clima da cidade como tropical (ameno) com inverno seco,

chovendo principalmente de novembro a março, com temperatura máxima de 34º C, mínima

de 8ºC e médias de 21º C. Em relação às chuvas, o site do SIGRH (Sistema de Informações

para o Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, 2006), informa os dados

de quantidade mensal de chuvas desde 1943 até 2004. Para o estudo, iniciou-se a verificação

dos dados a partir de 1976, sendo que em 2000 têm-se somente os meses de abril a dezembro

e em 2004 somente janeiro e fevereiro.

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

400,0

76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99

abril

a d

ez/2

000

2001

2002

2003

jan

e fe

v/20

04

Mensal Média

Figura 9 – Precipitação mensal média (em mm3), desde 1976 até fevereiro de 2004. Dados obtidos junto ao site do SIGRH. Acervo pessoal.

De acordo com o site Climatempo, uma previsão para o dia 18/10/2006 (quarta-feira),

mostrava para Batatais temperatura máxima de 29º C e mínima de 23º C, ventos em média

12,6 km/h, umidade relativa do ar em 80%, 20 mm de precipitação e índice UV (ultravioleta)

entre moderado e baixo. Já o site do CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos

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Climáticos) para a mesma data, apresentava temperatura máxima de 29º C e mínima de 19º C

e índice UV extremo (12; índice UV para céu claro).

0

5

10

15

20

25

30

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meses

Tem

pera

tura

em

º C

Figura 10 – Temperatura média durante o período de 20/02/2002 até 26/10/2006. Fonte: IAC/CIIAGRO, 2006.

O município faz parte do cerrado, segundo os Mapas Interativos do IBGE, e sua

constituição Geológica é composta por rochas vulcânicas de composição básica da Era

Mesozóica. Faz parte do Patamar Oriental da Bacia do Paraná, da classe de bacias e

coberturas sedimentares, subclasse da Bacia Sedimentar do Paraná. Sua topografia é

considerada ondulada, situada entre duas colinas (Site PMETB).

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Figura 11 – Demonstrativo do relevo do município estudado. Fonte: EMBRAPA – Brasil em relevo – Satélite Landsat2.

De acordo com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (2006) com relação à

Biodiversidade (Vegetação), Batatais apresenta uma área de 83.800 ha., sendo 4.049 ha. de

vegetação natural remanescente, equivalente a 4,8%. Possui ainda uma Unidade de

Conservação (UC) sendo esta uma Floresta Estadual com área de 1.353,27 ha. de Mata

Atlântica (Floresta Estacional Semidecidual), criada em 1943 (Fundação Florestal, 2006).

Entre os habitantes do município, a UC é chama de Horto Municipal.

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Figura 12 – Mapa da cobertura vegetal do Estado de São Paulo. Extraído e modificado do site do IBGE (s.d.). No quadrado, destaque do município de Batatais. A área S significa Savana (Cerrado) com atividades agrárias; F, Vegetação secundária e atividades agrárias; SN, Savana/Floresta Nacional.3

A predominância pedológica é do tipo Latossolo Vermelho, com pequeno

aparecimento de Latossolo Vermelho-Amarelo (site IBGE, 2006).

O município faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio da Prata, Sub-Bacia Hidrográfica

do Rio Paraná (site IBGE, 2006). A cidade tem o Rio Sapucaí fazendo divisa com os

municípios de São José da Bela Vista, Restinga, Franca e Patrocínio Paulista (site PMETB,

2006).

S

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Figura 13 – Hidrografia do município e municípios vizinhos; dentro do quadrado tracejado a cidade de Batatais; a seta indica o Rio Sapucaí; o círculo tracejado indica o que o IBGE define como “terreno sujeito à inundação” – área aprox. de 17 km2 – distância aprox. de 16 km do ponto dentro do quadrado. Fonte: IBGE.4

De acordo com as divisões hídricas feitas pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado

de São Paulo (2006) no seu Relatório de Qualidade Ambiental do Estado de São Paulo 2006,

a cidade de Batatais junto com outros 23 municípios, compõem a UGRHI 08 (Unidade de

Gerenciamento de Recursos Hídricos nº. 08), abrangidos pelos Rios Sapucaí e Grande.

Segundo a divisão Geomorfológica do Estado de São Paulo, a maior parte desta Unidade está

inserida nas Cuestas Basálticas e parcialmente no Planalto Ocidental Paulista, constituída das

bacias hidrográficas dos rios Sapucaí, das Canoas, do Carmo e de outros de menor porte,

todas as bacias drenando para o Rio Grande.

Sobre dados biológicos, de acordo com relatório emitido pela CETESB (Companhia

de Tecnologia de Saneamento Ambiental) – Setor de Águas Interiores referente ao ano de

2005, a última análise foi no dia 12/12/2005, 9:45h, na ponte que liga Nuporanga à São José

da Bela Vista, local de coleta mais próximo da cidade de Batatais. Havia registro de chuvas

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nas últimas 24h, sendo a coloração da água marrom, pH 5,5*, temperatura do ar e da água em

20ºC. Do parâmetro Ecotoxicológico, a toxicidade foi considerada crônica* e a respeito dos

parâmetros Microbiológicos, os níveis de Coli Termo eram de 7900* Unidades formadoras de

colônia/100mL. Todos os itens assinalados com asterisco (*) estão fora do padrão de

qualidade da Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 357/05. É

importante destacar que em todas as outras cinco coletas ao longo do ano de 2005, todos os

resultados estiveram dentro dos padrões de qualidade, sem números com alta variação.

Conforme descrito no item 4.1, Batatais apresenta-se como Estância Turística.

Segundo o Governo do Estado de São Paulo (2006), a classificação de Estância Turística é

concedida às cidades que:

“Ofereçam condições de lazer, recreação, recursos naturais e culturais específicos; além disso, a cidade também tem de ter infra-estrutura e serviços direcionados ao turismo, seguindo legislação específica e pré-requisitos para qualificação”.

Tais pré-requisitos são encontrados no Decreto nº. 11.022 de 28 de dezembro de 1971

(Site da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, s.d.): existência atrativos de natureza

histórica, artística ou religiosa, ou de recursos naturais e paisagísticos; bem como condições

para o lazer, dentro dos itens de salubridade ambiental como águas sem contaminação e níveis

mínimos de poluição, abastecimento regular de água potável e coleta de esgoto mesmo na

época de maior afluxo de turistas, ar atmosférico sem alterações nocivas ou ofensivas à saúde,

rede hoteleira e área para lazer e recreação como jardins, bosques ou passeios públicos.

Sendo assim, para que o título de Estância Turística seja obtido é necessário que

alguns padrões sejam alcançados. E é perfeitamente possível que caso não haja devido

cuidado com a cidade, perde-se o título. Dessa forma, uma forma de controle é necessária pois

muitas vezes os Governos não dão tanta atenção à algumas áreas. Com o índice de qualidade

ambiental urbana, pode-se delimitar um padrão de comparação entre cidades para que uma

melhoria nos serviços seja conquistada. Além disso, com a percepção ambiental é possível

ouvir a opinião e denotar a visão que os moradores têm sobre a cidade e com isso fortalecer o

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padrão de qualidade ambiental urbano pois os habitantes da cidade é que usufruem dos

serviços oferecidos pelos Governos, sabendo então dizer onde e o que tem problemas.

4.4 Percepção ambiental

Para desenvolvimento da percepção ambiental no município de Batatais – SP foi

utilizada metodologia proposta por Queiroz e Montefeltro (2004), baseado na análise

qualitativa e quantitativa dos dados, obtidos através de questionários com perguntas de

múltipla escolha e perguntas descritivas. Um modelo deste questionário se encontra no

apêndice do trabalho.

Foram realizadas 60 entrevistas durante um período de sessenta e quatro dias nos

meses de julho, agosto e setembro de 2006. Visto o objetivo em saber a percepção ambiental

da cidade de Batatais, as entrevistas foram realizadas somente com os “moradores fixos”

sendo os transeuntes, não entrevistados.

A área urbana do município estudado foi dividida em quatro faixas circulares (X, Y,

W, Z), tendo como centro o ponto entre a Praça da Matriz e a Praça dos Jardins (com arte

topiaria), conforme ilustrado na figura 14 e 15 a seguir. As faixas eram traçadas com raios de

múltiplos de 5 cm, sendo que a faixa inicial ‘X’ foi traçada com raio de 5 cm no mapa que

equivalem a 500 metros; ‘Y’ distava 1000 metros do ponto central; ‘W’, 1500 metros e ‘Z’

2000 metros. A escolha do método de círculos foi adotada pelo fato da cidade possuir uma

distribuição que se assemelha a tal. Foram entrevistados 15 moradores por faixa. À medida

que as pessoas eram entrevistadas, foi-se criando uma seqüência numérica identificadora e

estes números inseridos no mapa, representado pela figura 15.

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Figura 14 – Ponto central para delimitação dos círculos que separarão a cidade em faixas. A seta 1 indica a

Praça da Matriz e a seta 2 a Praça dos Jardins; o quadrado entre as duas é o ponto central (v. figura 15); escala 1:10.000.

Figura 15 – Círculos traçados para divisão das quatro áreas para entrevistas com moradores; escala 1:10.000.

1

2

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O questionário continha 15 perguntas, além de especificação de data e hora da

entrevista. Começando por um básico questionário sócio-econômico, onde fora anotado sexo,

há quanto tempo reside no local, idade na data da entrevista, estado civil declarado,

escolaridade e ocupação atual do entrevistado além da anotação do endereço. Especificando

para área ambiental, foram feitas perguntas sobre entendimento de áreas verdes na cidade

(análise da percepção ambiental na cidade), razão da procura destas áreas além do dia que

visita ou visitaria estas áreas e quanto tempo despenderia no local (análise da utilização dos

recursos), todas estas questões de múltipla escolha. Passando às questões dissertativas, foram

questionadas quais áreas verdes a pessoa conhecia na cidade (conhecimento da cidade), o que

era entendido por meio ambiente, quais são os principais problemas ambientais municipais e

por fim era pedido para que a pessoa colocasse numa ordem de preferência, uma seqüência de

seis fotos, que se encontram disponíveis abaixo.

Com estas questões, além da percepção ambiental sobre o município, pretendeu-se

levantar a percepção que as pessoas têm sobre o conceito de meio ambiente, de áreas verdes e

sua inter-relação; o relacionamento do meio ambiente com o município e o relacionamento

das questões ambientais com o próprio morador.

O questionário que foi aplicado bem como as fotos apresentadas aos moradores, é

demonstrado no apêndice.

Para obtenção de uma preferência média das fotos demonstradas também foi utilizado

o cálculo citado por Queiroz e Montefeltro (2004), onde:

PM significa Preferência média; xi é a ordem de preferência pela paisagem; fi é o

número de vezes que a paisagem foi citada na respectiva ordem de preferência e n é o número

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de indivíduos amostrados. O resultado de PM pode variar de 1 a 6. Quanto menor o resultado

da PM, maior a preferência pela paisagem.

Para as questões dissertativas, foram reunidas as respostas e comentadas nos

Resultados.

Alguns dados foram tabulados e organizados em gráficos para melhor entendimento.

Todos os gráficos contidos no capítulo 5 foram gerados pelo autor.

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CAPÍTULO 5

RESULTADOS

Sobre a questão um, das 60 pessoas entrevistadas, 45 eram do sexo feminino e 15 do

sexo masculino.

75%

25%

feminino

masculino

Figura 16 – Distribuição dos entrevistados com relação à sexo (questão 1). Fonte: acervo pessoal.

Sobre a questão dois, há quantos anos reside no local (da entrevista), a mínima obtida

foi de menos de um ano (com valores variando de 15 dias até 9 meses), a máxima foi de 86

anos e em média, 23 anos. Foram criados intervalos de dados (de 10 anos) para melhor

agrupar os moradores.

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

menos de 1 ano até 10anos

de 11 anos até 20

de 21 anos até 30

de 31 anos até 40

mais de 41 anos

Inte

valo

de

tem

po

Porcentagem de moradores

Figura 17 – Porcentagem dos moradores a respeito da quantidade de tempo que mora no local (questão 2).

Fonte: acervo pessoal.

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Para a questão três, sobre a idade dos entrevistados, a mínima foi de 11 anos, máxima

de 86 e média de 51 anos. No intervalo de tempo criado (a cada 15 anos), a maior

concentração de pessoas está na faixa com mais de 61 anos (35%).

0%

10%

20%

30%

40%

menos ouigual a 15

anos

de 16 a 30anos

de 31 a 45anos

de 46 a 60anos

mais de 61anos

Intervalos de 15 anos

Mor

ador

es

Figura 18 – Distribuição da porcentagem dos moradores dentro do intervalo de idade de 15 anos (questão 3).

Fonte: acervo pessoal.

Sobre a declaração do estado civil atual dos moradores, na questão quatro, foram

citados cinco tipos diferentes: casado(a), viúvo(a), solteiro(a), divorciado(a) e separado(a),

ficando distribuídas conforme a figura 19 sendo que a maior parte são de casados com pouco

mais de 48%.

48,3%

18,3%

28,3%

1,7%

3,3%

casados

viúvos

solteiros

divorciados

separados

Figura 19 – Distribuição do estado civil declarado pelos moradores (questão 4). Fonte: acervo pessoal.

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Para a quinta questão, a respeito da escolaridade, o máximo grau de instrução

declarado foi pós-graduação (especialista) completa, estando o 2º grau completo e o 1º grau

incompleto com o mesmo número de entrevistados (20).

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

Sem estudo

1º Grau completo

1º Grau - cursando

1º Grau incompleto

2º Grau completo

2º Grau - cursando

2º Grau incompleto

Superior completo

Superior - cursando

Superior incompleto

Pós-graduação completa

Gra

u de

esc

olar

idad

e

Moradores

Figura 20 – Escolaridade declarada pelos entrevistados (questão 5). Fonte: acervo pessoal.

Para a sexta questão, sobre a ocupação exercida atualmente, as respostas encontram-se

agrupadas na tabela 1.

Tabela 1 – Agrupamento das ocupações declaradas pelos moradores.

OCUPAÇÕES %

do lar/dona de casa 38,3% aposentado(a) 21,7% ocupações que aparecem uma única vez 16,7% estudante 8,3% costureira/reforma roupas 5,0% vendedor(a) 3,3% doméstica/doméstica (trabalha em casa) 3,3% bancário/estágio no banco 3,3%

TOTAL 100,0% Fonte: acervo pessoal.

Na questão sete, sobre o que os moradores acreditam ser áreas verdes, é válido lembrar

que mais de uma alternativa poderia ser marcada. Sendo assim, a figura 21 apresenta as

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respostas mais citadas dos moradores. Destaque para a opção ‘Bosques’, onde 90% dos

moradores disseram acreditar que é uma área verde.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

Praças Parques Cemitérios Bosques Ruas comárvores

Terrenoscom mato

Áreas verdes

Porc

enta

gem

dos

mor

ador

es

Figura 21 – Porcentagem da opinião dos moradores sobre o que eles acreditam ser áreas verdes dentro de áreas

urbanas (questão 7). Fonte: acervo pessoal.

Sobre a oitava questão, onde novamente era possível marcar mais de uma opção, foi

exposto o motivo que leva os moradores a freqüentarem as áreas citadas. Destaca-se aqui a

alternativa ‘Contato com a natureza’, onde pouco mais de 80% dos moradores afirmaram ser

um dos motivos que os levam a tais áreas.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Lazer Passeio Descanso Contato coma natureza

Motivo da procura das áreas verdes

Por

cent

agem

dos

mor

ador

es

Figura 22 – Motivos mais citados da procura das áreas verdes pelos moradores (questão 8). Fonte: acervo

pessoal.

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Sobre a questão nove, à respeito de que dia o morador freqüenta o que considera áreas

verdes, também era possível assinalar mais de uma opção. Caso o morador declare que

qualquer dia seria bom para visita ou declare que todos os dias são bons para visitas, todos os

dias eram assinalados. Aqui, com valores próximos dos 80%, Domingo foi o dia mais

escolhido pelos moradores para visitação à estas áreas.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo

Dias preferidos para visitação

Porc

enta

gem

dos

mor

ador

es

Figura 23 – Porcentagem de moradores indicando a preferência dos dias para visitação dos locais que considera

como áreas verdes urbanas (questão 9). Fonte: acervo pessoal.

Já que há maior procura por tais áreas aos finais de semana (sábado e domingo), ações

junto da comunidade podem ser desenvolvidas. Por exemplo, oficinas rápidas de educação

ambiental, reciclagem ou cuidados com lixo e com a área. Geralmente é o tempo que as

famílias tem para levar seus filhos à estes locais, sendo assim uma ferramenta para atingir à

todas as pessoas, desde os mais novos.

Sobre a questão dez, quanto tempo o morador gasta nos locais considerados áreas

verdes, houve certo equilíbrio entre as respostas (figura 24).

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13%

37%37%

13%

até 30 minutos

entre 30 minutos e 1 hora

entre 1 e 2 horas

mais que duas horas

Figura 24 – Tempo despendido nos locais que o morador considera área verde (questão 10). Fonte: acervo

pessoal.

Sobre a questão 11, de quais áreas verdes o morador conhece na cidade (lembrando

que se tratava de questão dissertativa) foram selecionadas as cinco áreas mais citadas. Para

tal, os locais foram agrupados. Citações como Praça Matriz, Praça da Igreja, Jardins da Igreja,

Jardins, eram considerados como Praça Matriz/Praça dos Jardins e colocados em um

segmento. Porém, claro, somente uma citação por unidade era considerado. Caso houvesse

como resposta de um morador Jardins, Praça Matriz e Bosque na mesma resposta eram

considerados um “ponto” como Praça Matriz/Praça Jardins e um “ponto” como Bosque. Pela

tabela 2 e pela figura 25 pode-se verificar o agrupamento realizado.

Tabela 2 – Áreas verdes mais citadas pelos moradores

Cinco áreas mais citadas Nº. de citações

Bosque (Bosque Municipal Dr. Alberto G. Gomes) 49 Praça Matriz, Praça Igreja, Jardins da Igreja, Jardins 29 Horto 19 Cachoeira (Centro Náutico Engº. Carlos Zamboni) 14 Ruas, ruas arborizadas, várias ruas, arborização das ruas 6

Fonte: acervo pessoal.

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0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

Bosque (BosqueMunicipal Dr.

Alberto G. Gomes)

Praça Matriz,Praça Igreja,

Jardins da Igreja,Jardins

Horto Cachoeira (CentroNáutico Engº.

Carlos Zamboni)

Ruas, ruasarborizadas, váriasruas, arborização

das ruas

Áreas verdes citadas

Porc

enta

gem

dos

mor

ador

es

Figura 25 – Porcentagem das cinco áreas verdes mais citadas pelos moradores. Fonte: acervo pessoal.

Acredita-se que estes cinco locais foram os mais destacados pois há uma agregação de

valores por parte dos moradores. O Bosque Municipal tem pistas para prática de caminhadas;

no percurso, vários exercícios físicos podem ser acompanhados por instruções em cartazes;

além do lazer, é um estímulo à atividade física. A Praça da Matriz e a Praça dos Jardins se

destacam por conter arte de topiaria, onde os arbustos que crescem são modelados para terem

aspecto de estátuas, formatos, etc. O Horto (Floresta Estadual de Batatais), possui trilhas

espalhadas por uma grande área. Na Cachoeira (Centro Náutico), várias atividades de lazer e

passeio podem ser realizadas. Por fim as Ruas arborizadas não possuem exatamente uma

função a não ser mais propriamente a estética; porém é esta que dá características de “boa

qualidade de vida” ao local onde se vive; ruas ‘desertificadas’ são consideradas feias pela

população; já locais onde as ruas são amplamente arborizadas, seja ela com arvores recentes

ou antigas, são mais bem vistos. Na tabela 3 a seguir, estão dispostas fotos dos cinco locais

mais citados.

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Tabela 3 – Fotos locais das cinco áreas verdes mais citadas como conhecidas pelos moradores na cidade5.

1º - Bosque Municipal Dr. Alberto Gaspar Gomes

Figura 26 – Entrada do Bosque Municipal, pela Av.

Francisco Faggioni.

Figura 27 – Entrada do Bosque Municipal pela Rua

Coronel Ovídio.

2º - Praça da Matriz e Praça dos Jardins

Figura 28 – Praça da Matriz

Figura 29 – Praça dos Jardins

3º - Horto Municipal (Floresta Estadual de Batatais)

Figura 30 – Entrada do Horto Municipal

Figura 31 – Horto Municipal

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4º - Cachoeira (Centro Náutico Engº. Carlos Zamboni)

Figura 32 – Centro Náutico Engº. Carlos Zamboni Figura 33 – Vista aérea do Centro Náutico

5º - Ruas arborizadas

Figura 34 – Rua Dr. Chiquinho Arantes

A respeito da décima segunda questão, do que o morador entendia por meio ambiente,

17 pessoas, cerca de 28,3%, preferiram não responder a questão, incluindo-se aqui um

morador que declarou “que não entende direito das coisas”. Acredita-se que o motivo seja por

não saberem se expressar, conceituar ou simplesmente não sabiam o que era meio ambiente.

Foram citadas muitas respostas para tal questão. Podem-se destacar muitas vezes respostas

como “meio/lugar em que vivemos”, idéias associadas à “verde” e elementos naturais como

árvores, ar, água, reforçado com a palavra natureza, concordando com a resposta da questão 8,

onde a maior parte dos moradores declarou que visita tais áreas para um maior contato com a

natureza. Percebeu-se também muita confusão entre o que é meio ambiente (o morador que

diz “ambiente saudável, onde possa se respirar ar puro, respirar saúde”) e ações para serem

feitas com relação ao meio ambiente (segundo o morador, “trazer tudo muito limpo, não jogar

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coisas no córrego”). Ainda dentro desta idéia sobre fazer algo com relação ao meio ambiente,

muitas respostas como “plantar” e “cuidar do verde” foram citadas. Muitos não sabiam definir

meio ambiente, porém não ligaram a pergunta ao tema da pesquisa, sobre áreas verdes.

De acordo com Reigota (1991) apud Fiori (2002), as concepções gerais de meio

ambiente são: a) Naturalista, onde o meio ambiente é visto como sinônimo de natureza

intocada, evidenciando-se somente o aspecto natural; b) Globalizante, onde são vistas as

relações recíprocas entre natureza e sociedade e c) Antropocêntrica, onde se evidencia a

utilização dos recursos naturais para a sobrevivência do ser humano. Com base nestas

divisões, podem-se enquadrar as respostas desta questão de acordo com a tabela 4.

Tabela 4 – Distribuição dos entrevistados sobre a concepção de meio ambiente.

Concepção Moradores Porcentagem

Naturalista 13 21,7% Globalizante 23 38,3% Antropocêntrico 6 10,0% Não responderam 17 28,3% Resposta não contextualizada 1 1,7%

TOTAL 60 100,0% Fonte: acervo pessoal.

Para uma melhor definição de Meio Ambiente, pode-se citar Reigota (2004):

Um lugar determinado e/ou percebido onde estão em relações dinâmicas e em constante interação os aspectos naturais e sociais; essas relações acarretam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e políticos de transformação da natureza e da sociedade.

Sobre a questão treze, as respostas foram classificadas de acordo com o tipo, seguindo

o que Antunes (2002) apud Bento (2004) diz judicialmente sobre o dano ambiental. Porém, ao

invés de dano, foi utilizado o problema ambiental citado pelos moradores, como: a) ecológico,

(ex: “falta de árvores”); b) saúde e bem estar da população (ex: “falta de água, ruas sujas,

praças também”); c) segurança (“drogas”) e d) atividades produtivas (não citados). Sendo

assim, a tabela 5 reúne estes conceitos:

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Tabela 5 – Classificação dos problemas ambientais citados pelos moradores.

CONSEQÜÊNCIA DO PROBLEMA % Não respondeu, não sabe, acredita não ter 33,3% Saúde e bem estar 31,7% Ecológico 30,0% Segurança 5,0% Atividades produtivas 0,0%

TOTAL 100% Fonte: acervo pessoal.

É importante destacar aqui, algumas respostas que sobressaíram, como por exemplo, a

quantidade de pessoas que respondeu “descaso”, tanto do Governo municipal quanto da

população. Além disso, “queimada de cana” também foi muito citada. Devido ao forte

potencial canavieiro da região, a quantidade de queimada é grande. Algumas respostas um

pouco fora do foco da pergunta também são destacadas, como “bagunça, folia na rua, drogas”,

além de um morador dizer que é necessário “canalizar córrego para eliminar mau cheiro e

insetos”.

Sobre a questão 14, para ordenação de seqüência de fotos foi feita tabela (tabela 6)

contendo as seis imagens e a colocação que recebeu de todos os questionários. Por exemplo, a

foto ‘A’ foi citada 29 vezes em primeiro lugar, 14 em segundo, 11 em terceiro, 4 em quarto, 2

em quinto e nenhuma vez foi citada na sexta posição.

Tabela 6 – Quantidade de vezes que as fotos foram citadas de acordo com sua colocação; em negrito, as fotos mais citadas em cada posição (foto B, Praça, não se destacou em nenhuma)

Fotos 1º lugar 2º lugar 3º lugar 4º lugar 5º lugar 6º lugar

A 29 14 11 4 2 0 B 15 13 11 17 4 0 C 1 2 6 5 37 9 D 5 21 16 14 2 2 E 9 10 16 18 5 2 F 1 0 0 2 10 47

Fonte: acervo pessoal.

Utilizando a fórmula citada na Metodologia, foi possível calcular a Preferência média

(Pm) dos entrevistados (figura 25). Vale lembrar que, de acordo com Queiroz e Montefeltro

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(2004), quanto menor o valor numérico de Pm, maior a preferência por determinado tipo de

paisagem.

1,93

2,70

4,70

2,88 3,10

5,68

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

A B C D E F

Fotos

Pre

ferê

ncia

méd

ia

Pm dos moradores

Figura 25 – Preferência média dos moradores. Fonte: acervo pessoal.

Sendo assim, de acordo com a figura 25, fica definida a posição em termos de

preferência pela população:

Tabela 7 – Demonstração das posições das Preferências médias.

Posição Foto Pm 1º A 1,93 2º B 2,70 3º D 2,88 4º E 3,10 5º C 4,70 6º F 5,68

Fonte: acervo pessoal.

A interpretação da tabela indica que a foto A do Parque é a preferida dos moradores

(paisagem que mais gostou) provavelmente pelo fato de ser uma grande área verde que o

entrevistado se identifica bem, mostrando sua preferência por locais amplos, abertos e com

muita arborização; em segundo lugar, pela foto B da Praça, despertando a atenção das pessoas

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pelos jardins, bancos (para descanso) e é bem possível que o fato de constar uma igreja, tenha

ajudado na escolha da resposta; em terceiro lugar, a foto D da Rua com árvores

provavelmente associada à ruas em que o morador conhece mostrando assim que o

entrevistado gosta de ter árvores por perto, seja em frente à sua casa ou quando anda pela rua;

em quarto lugar a foto E, do Bosque, pelo fato de serem áreas com remanescente de vegetação

natural, intocada pelo homem, aumentando a idéia de contato com a natureza; em quinto

lugar, a foto C da Cidade, seria justificável sua posição pelo fato de dar a impressão de toda

cidade ser suja, movimentada e poluída (atenção para o fato de não ser falado que a foto era

da cidade de São Paulo) sendo assim uma das últimas escolhas do morador e por último lugar,

a foto F do Tráfego (paisagem que menos gostou), pois passa a idéia de atraso, cansaço e

poluição constantes, itens que a população não busca em local algum (MIRANDA et al,

2003).