pensando o desenvolvimento local na perspectiva terena
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PENSANDO O DESENVOLVIMENTO LOCAL NA PERSPECTIVA DAS
COMUNIDADES INDÍGENAS TERENA DE TAUNAY/IPEGUE
Luiz Henrique Eloy Amado1
Saulo Cassimiro2
Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo refletir sobre o desenvolvimento local
na perspectiva das comunidades indígenas Terena da aldeia Taunay/Ipegue.
Tradicionalmente, a noção de desenvolvimento contempla apenas aspectos de cunho
econômicos. No entanto, diante de certos efeitos provocados regionalmente pela
globalização traz à baila a necessidade de se refletir sobre o processo e o significado de
desenvolvimento, pensado no nível local, nos ideais e visões econômicas, cosmológicas
e políticas das comunidades indígenas. Buscando compreender e identificar as
problemas envolvidas ao tema, trabalharemos o etnodesenvolvimento local. As
ponderações a nível local tendem a considerar o conjunto das necessidades humanas
básicas (subsistência, proteção, afeto, entendimento, criação, participação, ócio,
identidade e liberdade), para além dos aspectos econômicos. Assim procuramos
demonstrar, não de forma exaustiva, mais algo que merece maior aprofundamento, as
discussões que servem de pontapé inicial para se pensar em projeto de
etnodesenvolvimento local na perspectiva terena.
Palavras – Chave: Desenvolvimento Local; Etnodesenvolvimento; Comunidade
Terena; Taunay/Ipegue.
GT. 5 - Inter/multiculturalidade desenvolvimento local, saúde e sustentabilidade
1 Terena da Aldeia Ipegue. Advogado. Mestrando do Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado
em Desenvolvimento Local em Contexto de Territorialidade – UCDB. Integrante do Programa Rede de
Saberes/UCDB. Assessor Jurídico do CIMI-MS. E-mail: [email protected] 2 Historiador. Indigenista colaborador do CIMI-MS. E-mail: [email protected]
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Considerações sobre Taunay/Ipegue
Os Terena falam língua da família lingüística Aruaque e descendem dos
Txané-Guaná. Até o final do século XIX estavam separados e se distinguiam entre si,
em vários povos: Terena (ou Etelenoé), Echoaladi, Quiniquinau (Equiniquinau) e
Laiana (AZANHA, 2002, p.02). Os Terena viviam no “Êxiva”, também conhecido
como Chaco paraguaio. Bittencourt e Ladeira (2000) dividem a história do povo Terena
em três momentos: tempos antigos ainda no êxiva, tempos de servidão e tempos atuais.
A região do êxiva ficava muito próximo a minas de metais preciosos, o que
chamou a atenção dos colonizadores portugueses e espanhóis ocasionando muitos
conflitos e destruição de várias aldeias. No século XVIII, os Guaná, deslocaram-se para
o Mato Grosso do Sul.
Segundo Sebastião (2012, p. 24),
[...] a saída dos Terena da região do Êxiva foi um marco histórico que nos é
repassado oralmente pelos nossos anciãos. A passagem das terras chaquenhas
para o território brasileiro pelo rio Paraguai no século XVII, é um marco do
passado que define uma nova fase na trajetória do povo Terena. O período
que no decorrer do século XVII, os Terena se instalaram na região do Mato
Grosso do Sul ocupando áreas de terras para praticarem a agricultura, período
conhecido como Kúxoti Káxe: Tempos Antigos que termina com a Guerra do
Paraguai.
Já em território brasileiro, o Terena ocupou regiões correspondentes aos
municípios de Sidrolândia, Dois Irmãos do Buriti, Aquidauana, Miranda, Rochedo,
Nioaque e Anastácio. Segundo Azanha (2001), a histórica ocupação Terena no
interflúvio Miranda-Aquidauana, remonta às primeiras décadas do século XIX, quando
Miranda era apenas um Presídio abastecido por estes mesmos índios.
Os grupos locais Terena têm fixado a aldeia denominada “Ipegue” no mesmo
lugar desde pelo menos 1850, dada a noticia deixada por vários cronistas,
entre os quais A. Taunay (“a sete léguas e meia de Miranda”). Esta
localização continuou confirmada pelos vários registros oficiais do Império,
mesmo depois da guerra com o Paraguai, pelo registro de Rondon quando
“demarcou” a “Reserva” do Ipegue em 1905 e pelo depoimento dos velhos
índios daquela aldeia. (AZANHA, 2001, p. 03).
Terra indígena Taunay/Ipegue, está localizada no município de Aquidauana,
Mato Grosso do Sul. Esta terra indígena é formada pelas seguintes comunidades
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(aldeias): Imbirussú, Morrinho, Água Branca, Lagoinha, Bananal, Ipegue e Colônia
Nova. Sua população é de 4.090 (FUNASA/2010).
Atualmente essas comunidades enfrentam problemas de várias ordens sociais
e principalmente a questão da demarcação de terra. T.I Taunay/Ipegue é fruto da
política do antigo SPI que reservou aos índios Terena terras ou aldeias em forma de
reservas, totalizando pouco mais de 6,4 mil hectares, enquanto que pelo estudo de
identificação a área tradicionalmente ocupada por estes índios seria pouco mais de
33.900 (trinta e três mil e novecentos hectares). Nota-se que os índios ocupam uma área
bem reduzida daquela necessária a sua sobrevivência e reprodução física e cultural,
chegando a igualar um estado de “confinamento”.
Disto resultam os problemas que a comunidade passa hoje, primeiramente
seria a falta de espaços para praticar a sua agricultura tradicional gerando assim uma
relação de dependência do governo estadual em relação a cestas básicas que um mês
vem e no outro não, deixando a comunidade a mercê da fome e do desamparo total.
Fora isto, não há por parte do poder público nenhuma iniciativa de apoio para que a
comunidade produza e se mantenha, perpetuando-se assim a relação de dependência
dessas comunidades, econômica e principalmente política.
Dessa relação de assistencialismo, resultam ações que vão implicar em todos
os setores da aldeia, entre elas a escola, que não tem autonomia para caminhar segundo
os ditames constitucionais de especificidade e diferença sendo obrigados a aceitarem de
cima para baixo as medidas adotadas pelo estado sem levar em conta a realidade da
comunidade e tão pouco derem a esta a oportunidade de se manifestar, fazendo tanto o
diretor quanto os professores reféns da “politicagem” existente na comunidade e
disseminada por não índios e partidos políticos. Outro setor que sofre com isso é a
saúde, a comunidade está farta de ver seus entes queridos morrerem pela falta de
assistência médica, pois na maioria dos casos um simples diagnóstico e um
encaminhamento adequado salvaria a vida de seus familiares, não há atendimento
médico e o pouco que tem não consegue dar o correto atendimento pela falta de
infraestrutura e de medicamentos.
Essas comunidades estão cercadas por fazendas, que de acordo com o estudo
de identificação e o relato dos anciãos são áreas tradicionais, e é justamente dentro
dessas fazendas que estão localizados a maior parte das nascentes dos córregos que
passam pela comunidade, bem como um dos maiores rios da região, de onde os índios
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tiram a pesca, mas que para tanto precisam pedir permissão do fazendeiro para poderem
pescar para sua própria sobrevivência. Ademais, essas terras que estão na posse dos
fazendeiros vêm sofrendo um grande desmatamento, no passado já ouve derrubada de
muita mata para fazer pasto para os gados e agora estão desmatando para
comercializarem madeiras.
Desenvolvimento Local e comunidade indígena
Tradicionalmente, a noção de desenvolvimento contempla apenas aspectos
de cunho econômicos. No entanto, diante de certos efeitos provocados regionalmente
pela globalização traz à baila a necessidade de se refletir sobre o processo e o
significado de desenvolvimento, pensado no nível local (BRAND, LIMA, MARINHO,
2001, p. 02). Para Little, é no nível local que começa o processo de construção da
autogestão étnica. Mais adiante desse trabalho trabalharemos o etnodesenvolvimento
local. As reflexões a nível local tendem a considerar o conjunto das necessidades
humanas básicas (subsistência, proteção, afeto, entendimento, criação, participação,
ócio, identidade e liberdade), para além dos aspectos econômicos.
[...] quando se fala em desenvolvimento local, não se leva em conta somente
o aspecto econômico, mas também se considera o desenvolvimento social,
ambiental, cultural e político, ou seja, o desenvolvimento em escala humana.
(ZAPATA, 2006).
O desenvolvimento local (endógeno) é um processo de mudanças de
paradigmas, liderado pela comunidade local, valendo-se de suas potencialidades,
buscando a melhoria da qualidade de vida da população (Idem, p. 02). Assim, perseguir
o conceito de empoderamento é base para a compreensão do desenvolvimento local.
Nesta perspectiva podemos trabalhar a autonomia da comunidade, questões de
democracia participativa, dignidade da pessoa humana, sustentabilidade e promoção do
respeito ao meio-ambiente.
Para Brand (2001, p. 60), citando Max-Neef, Elizalde e Hopenhayn (1986), o
desenvolvimento concentra-se na satisfação das necessidades humanas fundamentais.
Garantir a qualidade de vida dessas comunidades é, no mínimo, garantir os espaços de
convivência do modo tradicional, conforme o uso e costume de cada povo. É partir
desses territórios que as comunidades indígenas irão se desvencilhar de um cenário de
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total dependência e retrocesso social e cultural. Elizalde (apud. BRAND, LIMA,
MARINHO, 2001), relembra que as necessidades humanas fundamentais são a
subsistência, a proteção, o afeto, o entendimento, a criação, a participação, o ócio, a
identidade e a liberdade.
Antonio Elizalde (2000) apresenta três subsistemas que se estruturam em
torno das necessidades básicas e de satisfação. O primeiro engloba as necessidades
humanas (segurança, identidade, liberdade, afeto, etc). Já o segundo subsistema agrupa
as formas imateriais e psíquicas que permitem a conscientização de suas necessidades
preferências sensoriais (paladar, olfato, audição, tato, visão), formas de preparo de
alimentos e vestimentas, formas de religião, memória, identidade, mitos, entre inúmeros
outros. Já o terceiro subsistema abarca os bens, ou seja, os artefatos materiais
produzidos pela cultura, muitos dos quais são o suporte veicular para bens imateriais:
utensílios, ferramentas, alimentos, vestimentas, abrigos em suas mais diversas formas,
fotografias, filmes, discos, livros, são alguns dentre esses incontáveis bens (BRAND,
LIMA, MARINHO).
Atualmente as comunidades indígenas que pertencem à terra indígena
Taunay/Ipegue, vivenciam problemática relacionada à terra, configurando-se
necessidade fundamental. Tarefa imprescindível é identificar as potencialidades que
dispõe tais comunidades e a partir de então pensar um processo dinâmico liderado pela
comunidade no intuito de se desvencilhar dessa situação.
Segundo o programa de monitoramento do Instituto Socioambiental –
(ISA), existe atualmente sete associações3 indígenas registradas na terra indígena
Taunay/Ipegue, sendo: a) Associação das Mulheres da Aldeia Bananal, b) Associação
3 O Instituto Socioambiental (ISA) herdou do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI)
um grande cadastro de organizações indígenas e que posteriormente passou por diversas etapas de
atualização. Hoje, a pesquisa se dá, principalmente, por meio do vínculo das organizações com projetos
específicos – seja como proponentes, executoras ou parceiras. Esse tipo de mapeamento não exclui a
busca ativa de novas organizações; feita pela internet, por telefone ou ainda por correspondência. A
colaboração de pessoas que trabalham diretamente com os povos também pode ser fundamental.
O sistema de informação conta com mais de 500 organizações cadastradas, mas hoje não é possível
precisar o número exato daquelas que se encontram em funcionamento, pois há grande dificuldade para
encontrar informações atualizadas sobre sua situação. A criação das organizações indígenas está
profundamente ligada à demanda de projetos; e sua continuidade, à capacidade de articulação dessas
organizações ao lidar com as demandas do mundo burocrático e institucional no âmbito nacional e
internacional. A mudança de nome dessas instituições é outro problema frequente, e que ocorre por
diferentes motivos: mudança de diretoria, mudanças no Estatuto, aliança ou cisão entre grupos etc.
Problemas como esses fizeram com que se optasse por apresentar as organizações em forma de lista, e
sem a especificação de sua atividade ou inatividade. Disponível em http://ti.socioambiental.org/#!/terras-
indigenas/3867 Acesso em 06.08.2012.
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das Mulheres Indígenas da Aldeia Água Branca, c) Associação dos Agricultores
Indígenas de Taunay, d) Associação dos Amigos do Baixadão da Aldeia Ipegue, e)
Associação dos Moradores da Aldeia de Ipegue, f) Associação Indígena Terena dos
Apicultores da Aldeia Água Branca e g) Associação Recreativa Terena de Aquidauana.
Esses agrupamentos de pessoas, organizados em associações é um espaço
importante para se travar os debates sobre as necessidades reais da comunidade. Ávila
(2000, p. 71 – 73), afirma que para o desenvolvimento local a comunidade ideal é a
denominada stricto senso, onde há uma preponderância dos relacionamentos primários
sobre os secundários. Os relacionamentos primários “consistem naquela cadeia de
contatos e vínculos que as pessoas vão paulatina mas constantemente formando entre
elas (exemplo: vizinha)”. Os secundários são os vínculos que decorrem e se respaldam
em regras formais (exemplo: leis, regimentos, regulamentos, etc).
Na comunidade é muito comum afirmar que todos são parentes, pois os
vínculos que se formam ali são os primários. É justamento neste nível “local” o campo
propício para se pensar no desenvolvimento local endógeno. Refletir sobre comunidades
indígenas na perspectiva do desenvolvimento local traz a baila discussão sobre capital
social, democracia, sentimento de pertença, potencialidades, identidade, solidariedade,
agente, espaço e território.
O mesmo programa de monitoramento do ISA, arrola dois projetos4
registrados com participação indígena, sendo um com enfoque ambiental e outro
enfoque territorial. Vejamos:
Nome Convênio Ano de Início Enfoque
Pró-Alimento Sustentável Aldeia Bananal CI 0017/2009-39
(MS) 2009 Ambiente
Gestão Ambiental na Terra Indígena
Taunay/Ipegue PAAV 2/2009 (MS) 2009 Território
4 O monitoramento de projetos inclui a busca periódica de editais, convênios e contratos relacionados aos
povos indígenas no Brasil e publicados em sites governamentais e não governamentais, assim como no
Diário Oficial da União (DOU). O contato direto com as organizações indígenas é outra forma de
acrescentar informações ao sistema de dados, que conta com mais de 1500 projetos cadastrados. O
principal critério para a seleção de tais projetos é que haja a participação de organizações indígenas como
proponentes, executoras e/ou parceiras. Outro critério utilizado é a relação do projeto com um programa
ou edital específico aos povos indígenas, ainda que não conte explicitamente com a participação de uma
organização indígena. Estão computados somente os projetos realizados nos últimos cinco anos.
Disponível em http://ti.socioambiental.org/#!/terras-indigenas/3867 Acesso em 06.08.2012.
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Assim, oportuno se faz tecer algumas considerações sobre
etnodesenvolvimento e indigenismo participativo. Segundo Ricardo Verdum (2006,
p.71), o tema etnodesenvolvimento emergiu num “cenário internacional e nacional
como uma alternativa a ideia de que os povos indígenas são um obstáculos ao
desenvolvimento nacional”. Para Bonfil Batalla (Apud VERDUM, 2006, p. 73),
“etnodesenvolvimento pressupõe existirem as condições necessárias para que a
capacidade autônoma de uma sociedade culturalmente diferenciada possa se manifestar,
definindo e guiando seu desenvolvimento”.
Nesse contexto, afirmar que as comunidades indígenas sejam realmente
gestoras de seus territórios é ao mesmo tempo reconhecer que tais comunidade se valem
de seu quadro técnico de profissionais índios (professores, médicos, advogados,
agrônomos, etc). Para que as práticas sejam marcadas pela visão do profissional
indígena e o mais perto possível da realidade e anseios de seu povo.
Para Bonfil Batalla (Apud VERDUM, 2006, p. 74), é neste ponto que
vemos a diferença entre o etnodesenvolvimento e denominado indigenismo
participativo. Enquanto o indigenismo participativo “se define como uma política com
os índios, e não para os índios”. No etnodesenvolvimento são os índios, “e unicamente
eles, quem devem tomar em mãos as rédeas de seu próprio destino histórico”.
Os projetos que se pretende executar nas comunidades indígenas devem ser
orientados pelos princípios do etnodesenvolvimento. Para Azanha (2002, p. 32),
[...] o “etnodesenvolvimento”, quando referido às sociedades indígenas
brasileiras, envolveria os seguintes indicadores: a) aumento populacional,
com segurança alimentar plenamente atingida; b) aumento do nível de
escolaridade, na “língua” ou no português, dos jovens aldeados; c) procura
pelos bens dos “brancos” plenamente satisfeita por meio de recursos próprios
gerados internamente de forma não predatória, com relativa independência
das determinações externas do mercado na captação de recursos financeiros;
e d) pleno domínio das relações com o Estado e agências de governo, a ponto
de a sociedade indígena definir essas relações, impondo o modo como
deverão ser estabelecidas.
O autor reforça que tais indicadores podem ser tomados como metas nos
projeto de etnodesenvolvimento sustentado para sociedades indígenas, levando-se em
Fonte: http://ti.socioambiental.org
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conta a segurança territorial, usufruto dos recursos minerais, a demanda por produtos
manufaturados, etc.
Considerações Finais
Os índios terena têm um profundo conhecimento das riquezas ambientais
que existem em seus territórios. Conhecimento que deve ser levado em conta e servir de
indicador e/ou meta em possíveis projetos de etnodesenvolvimento em sua comunidade.
Ao mesmo tempo, o que chama atenção é a maneira fácil com que o terena tem em lidar
com produtos manufaturados, considerados por alguns como “produto do não índio”.
Dentre os terena temos hoje um grande número de acadêmicos que estão
chegando às universidades, como também professores mestres e doutores que
aprofundam seus conhecimentos voltados para sua comunidade. Ao mesmo tempo,
vemos escolas de comunidades terena com fácil acesso a informática, inseridos nas
grandes redes sociais. Seriam esses sinais de indicadores de bom desenvolvimento?
Por outro lado, vemos uma cobrança muito forte por conta dos anciãos e
lideranças tradicionais, em relação ao jovem que não fala seu idioma materno. Ou que
tem deixado de lado sua cultura e tradição. Esses também deveriam ser levados em
conta no projeto de etnodesenvolvimento.
Os terena estão presentes também nos espaços urbanos, políticos e
econômicos. Atuando em instâncias de poder onde é possível uma articulação em prol
de si mesmo e/ou de sua comunidade. Nas cidades onde estão localizadas as aldeias
terena, esses são fatores de peso tanto na questão econômica (mercado), quanto na
questão política (eleitoral).
Esses indicadores preliminares que procuramos demonstrar, não de forma
exaustiva, mais algo que merece maior aprofundamento, são reflexões iniciais. Tais
discussões servem de pontapé inicial para se pensar em projeto de etnodesenvolvimento
local na perspectiva terena.
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