pela construção de editorial pedra do cavalo biblioteca] · desemprego sempre maior; o transporte...

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Ano I - Feira de Sentaria, dezembro de 1982 - M 12 - Cr*40,00 ——' 30 mil pessoas desabrigadas pela construção de Pedra do Cavalo BIBLIOTECA] ' I Ml lllllM i ! —%——M^^g Fala-se de crise econômi- ca. Aliás, i crise * a grande aesculpa para os erros do modelo adoxado pelo gover- no jBrasilelro. Erros que não atingem somente as •classes mais pobres,, mas também as classes médias. Mas que crise é esta? Que impede a aplicação de recur- sos em muitos setores da so- ciedade (educação, habita- ção, saúde etc, etc.) mas que favorece os grandes investimentos, os grandes projetos? Construir barragens no Brasil de hoje está em mo- da. É barragem por todo o cento mas que não justifica o volume dos investimentos. As barragens servem para se produzir energia elétrica, mas energia elétrica o Brasil tem demais, está sobran- do; servem pra favorecer a irrigação, mas isso para os poucos que dispõem de boa condição econômica. Para quê as barragens, en- tão? Mas o Brasil tem que í:;i;e;, porq .o barra- gens são financiadas com re- cursos externos e os "do- nos" do dinheiro impõem em que e onde aplicar. Está sendo construída, próxima a Feira de Santana, a barragem de Pedra do Ca- m valo. A terceira maior da A mérica Latina. Pouco se tem falado dela e quando se fala, se abordam os possíveis aspectos positivos que por- ventura haverão. Nunca se fala dos problemas que de-i correrão da sua construção. Um dos graves problemas que merece a atenção de todos é a situação dos lavra- dores que moram e traba- lham na área a ser jnun- dada. Segundo a FETAG se- rão quase 30.000 pessoas a ser expulsas. Ou isso não é um problema sério? (Leia página 4). ANIVERSÁRIO DE O GRITO DA TERRA ÚOríto da Terra FEIRA DE SANTANA, DEZEMBRO OE 1981 - ANO 1.(11 - CRMO.OO UMA NOVA EXPERIÊNCIA NA HISTÓRIA DE FEIRA DE SANTANA O GRITO DA TERRA é uma experiência nova para Feira de Santana e para o Estado da Bahia. Uma experiência que nasceu da necessidade dos setores populares virem a dispor de um veiculo de comunicação que venha defen- der única e exclusivamente os interesses das classes trabalhadoras e da nação brasileira. Ele devera se constituir, na prática, num instrumento de luta pela soberania nacional. Faz aproximadamente um ano que representantes de várias entidades e grupos organizados da comunidade vêm se reunindo e discutindo a impor- tância de um jornal desta naturezapara Feira de Santana e para a região, assim como buscando formas de viabilização. Uma forma encontrada para viabilizar O GRITO DA TERRA foi a elaboração de um documento de com- promisso mútuo, abordando os aspectos defendidos por todas as entidades e grupos, que as suas formas de pensar e de agir são diferentes. Este documento, até o momento, foi assinado por 28 entidades e grupos organi- zados de Feira de Santana (Carta de Prnclpios. pag. 2). O GRITO DA TERRA nasce como um jornal mensal, mas é sua pretensão transformar-se em semanal, de uma forma gradativa, dando oportunidade, nessa trajetória, de aprendizado a todos que dele participam. Sabemos todos que a continuidade da experiência não e tarefa fácil. mar. pelo contrario, das mais dific rt is e vai depender, basicamente, do empenho daqueles que acreditam nele e compreendem o seu significado. O GRITO DA TERRA é um jornal crítico, independente e amplo que se propõe a interpretar objetivamente os fatos e fornecer subsidies para o debate entre as entidades que o constituem e junto ao público. O Regimento Interno elaborado e aprovado pelas entidades que integram O GRITO DA TERRA estabelece que metade das suas páginas será compos- ta de matérias das próprias entidades e por isso da sua responsabilidade. A outra metade será composta de matérias de responsabilidade do Corpo de Opinião, formado por sete pessoas escolhidas entre todos os participantes. Haverá, ainda, um espaço reservado para a publicação de cartas e matérias enviadas pelos leitores. O GRITO DA TERRA e uma proposta aberta Novos grupos e entidades poderão, se desejarem, fazer parte dele. desde que se comprometam com o cumprimento da sua Carta de Princípios. Este é o primeiro número do Jornal. Embora contemos com a colaboração de pessoas qualificadas e de vasta experiência no campo jornalístico, reconhecemos que para a maioria dos seus integrantes é uma experiência nova e por isso um novo aprendizado. As criticas e sugestões seríb de extrema importância para a melhoria da sua qualidade. Co memoramos neste de- zembro um ano que foi dado um novo Grito em Feira de Santana. Saiu a lume o primei- ro número do nosso Jornal O GRITO DA TERRA. Celebra- mos hoje um ano de lutas, de conquistas, de vitórias, de der- rotas, de dificuldades. Mas principalmente um ano de urna busca sincera de acertar e fazer algo sério e diferente! Tudo isto é resultado do es- forço de muita gente. Do entu- siasmo de muitos que dSo o seu_ tempo, sua inteligência, seu trabalho para esta expe- riência caminhar em frente; da uniSo de muitas entidades que entenderam o projeto o assu- miram e o estão levando para a frente; da colaboração de ir- mãos nossos, de outros países e continentes e países que e«- tSo assumindo conosco as ale- grias e riscos desta caminhada. Atividades recreativas, cul- turais e políticas estão marcan- do o nosso primeiro aniversá- rio. Anteriormente, uma Assembléia Geral dos Associa- dos, com uma análise desta primeiro ano marcou a refle- xão crítica do caminho anda- do. 0 nosso não é um aniversá- rio de ricos! Não será feito de esbanjamentos. É antes um compromisso a continuar na luta que, estamos constatando, está valendo a pena. Um compromisso de buscar cumprir, sempre mais, a carta de princípios que assina- mos no nascimento do jornal. Um compromisso de buscar crescer. E um apelo! Precisamos de entidades, associações, pes- soas, forças que somem con- nosco. Somente a força comum nos poderá fazer vitoriosos! Editorial Pag. 02 Isto você deve saber Pág. 03 Sindicato de Conceição do Coité em notícias Pág. 03 Oração do Natal Pág. 05 Carta dos professores Pág. 06 O PT e as eleições Pág. 07 Sindicalista (bancário) preso em Salvador Pág. 07 Coluna sindical Pág. 08

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Page 1: pela construção de Editorial Pedra do Cavalo BIBLIOTECA] · desemprego sempre maior; o transporte caro, difícil e sub-humano para suaquem ... vamos baixar a cabeça? Nunca! Vamos

Ano I - Feira de Sentaria, dezembro de 1982 - M 12 - Cr*40,00

——'

30 mil pessoas desabrigadas pela construção de Pedra do Cavalo BIBLIOTECA]

' I Ml lllllM i !■■—%——M^^g

Fala-se de crise econômi- ca. Aliás, i crise * a grande aesculpa para os erros do modelo adoxado pelo gover- no jBrasilelro. Erros que já não atingem somente as

•classes mais pobres,, mas também as classes médias. Mas que crise é esta? Que impede a aplicação de recur- sos em muitos setores da so- ciedade (educação, habita- ção, saúde etc, etc.) mas que favorece os grandes investimentos, os grandes projetos?

Construir barragens no Brasil de hoje está em mo- da. É barragem por todo o cento mas que não justifica o volume dos investimentos. As barragens servem para se produzir energia elétrica, mas energia elétrica o Brasil já tem demais, está sobran- do; servem pra favorecer a irrigação, mas isso só para os poucos que já dispõem de boa condição econômica. Para quê as barragens, en- tão? Mas o Brasil tem que í:;i;e;, porq .o barra- gens são financiadas com re- cursos externos e os "do- nos" do dinheiro impõem em que e onde aplicar.

Está sendo construída, próxima a Feira de Santana, a barragem de Pedra do Ca-

m

valo. A terceira maior da A mérica Latina. Pouco se tem falado dela e quando se fala, só se abordam os possíveis aspectos positivos que por- ventura haverão. Nunca se

fala dos problemas que de-i correrão da sua construção. Um dos graves problemas que merece a atenção de todos é a situação dos lavra- dores que moram e traba-

lham na área a ser jnun- dada. Segundo a FETAG se- rão quase 30.000 pessoas a ser expulsas. Ou isso não é um problema sério? (Leia página 4).

1° ANIVERSÁRIO DE O GRITO DA TERRA

ÚOríto da Terra FEIRA DE SANTANA, DEZEMBRO OE 1981 - ANO 1.(11 - CRMO.OO

UMA NOVA EXPERIÊNCIA NA HISTÓRIA DE FEIRA DE SANTANA

O GRITO DA TERRA é uma experiência nova para Feira de Santana e para o Estado da Bahia. Uma experiência que nasceu da necessidade dos setores populares virem a dispor de um veiculo de comunicação que venha defen- der única e exclusivamente os interesses das classes trabalhadoras e da nação brasileira. Ele devera se constituir, na prática, num instrumento de luta pela soberania nacional.

Faz aproximadamente um ano que representantes de várias entidades e grupos organizados da comunidade vêm se reunindo e discutindo a impor- tância de um jornal desta naturezapara Feira de Santana e para a região, assim como buscando formas de viabilização. Uma forma encontrada para viabilizar O GRITO DA TERRA foi a elaboração de um documento de com- promisso mútuo, abordando os aspectos defendidos por todas as entidades e grupos, já que as suas formas de pensar e de agir são diferentes. Este documento, até o momento, foi assinado por 28 entidades e grupos organi- zados de Feira de Santana (Carta de Prnclpios. pag. 2).

O GRITO DA TERRA nasce como um jornal mensal, mas é sua pretensão transformar-se em semanal, de uma forma gradativa, dando oportunidade, nessa trajetória, de aprendizado a todos que dele participam. Sabemos todos que a continuidade da experiência não e tarefa fácil. mar. pelo contrario, das mais dificrtis e vai depender, basicamente, do empenho daqueles que acreditam nele e compreendem o seu significado.

O GRITO DA TERRA é um jornal crítico, independente e amplo que se propõe a interpretar objetivamente os fatos e fornecer subsidies para o debate entre as entidades que o constituem e junto ao público.

O Regimento Interno elaborado e aprovado pelas entidades que integram O GRITO DA TERRA estabelece que metade das suas páginas será compos- ta de matérias das próprias entidades e por isso da sua responsabilidade. A outra metade será composta de matérias de responsabilidade do Corpo de Opinião, formado por sete pessoas escolhidas entre todos os participantes. Haverá, ainda, um espaço reservado para a publicação de cartas e matérias enviadas pelos leitores.

O GRITO DA TERRA e uma proposta aberta Novos grupos e entidades poderão, se desejarem, fazer parte dele. desde que se comprometam com o cumprimento da sua Carta de Princípios.

Este é o primeiro número do Jornal. Embora contemos com a colaboração de pessoas qualificadas e de vasta experiência no campo jornalístico, reconhecemos que para a maioria dos seus integrantes é uma experiência nova e por isso um novo aprendizado. As criticas e sugestões seríb de extrema importância para a melhoria da sua qualidade.

Co memoramos neste de- zembro um ano que foi dado um novo Grito em Feira de Santana. Saiu a lume o primei- ro número do nosso Jornal O GRITO DA TERRA. Celebra- mos hoje um ano de lutas, de conquistas, de vitórias, de der- rotas, de dificuldades. Mas principalmente um ano de urna busca sincera de acertar e fazer algo sério e diferente!

Tudo isto é resultado do es- forço de muita gente. Do entu- siasmo de muitos que dSo o seu_ tempo, sua inteligência, seu trabalho para esta expe- riência caminhar em frente; da uniSo de muitas entidades que entenderam o projeto o assu- miram e o estão levando para a frente; da colaboração de ir- mãos nossos, de outros países e continentes e países que e«- tSo assumindo conosco as ale- grias e riscos desta caminhada.

Atividades recreativas, cul- turais e políticas estão marcan- do o nosso primeiro aniversá- rio. Anteriormente, uma Assembléia Geral dos Associa- dos, com uma análise desta primeiro ano já marcou a refle- xão crítica do caminho anda- do.

0 nosso não é um aniversá- rio de ricos! Não será feito de esbanjamentos.

É antes um compromisso a continuar na luta que, estamos constatando, está valendo a pena. Um compromisso de buscar cumprir, sempre mais, a carta de princípios que assina- mos no nascimento do jornal. Um compromisso de buscar crescer.

E um apelo! Precisamos de entidades, associações, pes- soas, forças que somem con- nosco.

Somente a força comum nos poderá fazer vitoriosos!

Editorial

Pag. 02

Isto você deve saber

Pág. 03

Sindicato de Conceição do Coité em notícias

Pág. 03

Oração do Natal

Pág. 05

Carta dos professores

Pág. 06

O PT e as eleições

Pág. 07

Sindicalista (bancário) preso em Salvador

Pág. 07

Coluna sindical

Pág. 08

Page 2: pela construção de Editorial Pedra do Cavalo BIBLIOTECA] · desemprego sempre maior; o transporte caro, difícil e sub-humano para suaquem ... vamos baixar a cabeça? Nunca! Vamos

P*«m»2r DnsBmbrotK O GRITO DA TERRA

EDITORIAL ,AlffiUS POLITICAGEM

Em nosso número anterior , 0 GRI- TO DA TERRA refjetia a política. A proximidade do 15 de novembro — elei- ções nos afogava num mar nojento de politicagem! 0 que se ouviu, se viu, se presenciou de corrupção, sujeira é indis- cutívell Principalmente na nossa Bahia. Até parece que nosso estado possui ver- tentes de arraigada corrupção, desonesti- dade, prepotência, etc, porque tudo foi feito tão abertamente e tão impunemen- te pelos detentores do poder. Todos os brasileiros-baianos vimos e ouvimos estas coisas nestes dias de pré-eleiç8es, votação e apuração.

Há um clamor a ser feito: é preciso varrer de nossas consciências o espaço para a politicagem. 0 Nordeste, é ver- dade, ainda não soube dizer o seu não ao sistema opressor em que vivemos man- tidos, embora não o tenhamos escolhido. Infelizmente, os detentores do poder, agora, estão a dizer que contam com o apoio incontestável do povo para exercer o arrocho salarial, aumentar tudo —des- de a gasolina até os gêneros de primeira necessidade; eles dizem que com a vitória^ nas urnas, o povo atesta estar satisfeito com o ensino pago, com as escolas públi- cas se acabando em todos os sentidos; os detentores do poder estão dizendo que o povo votou neles e por isso o povo apro- vou e está apoiando a pol ítica econômica do Sr, Delfim Neto e Cia.

Mas acontece que os votos foram tra- zidos pelo esbanjamento do dinheiro pú- blico realizado nas vésperas das eleições.

Pobre e podre politicagem! Seria a hora de retomar um processo

político de participação, de percepção, de análise, de conscientização profunda de tudo isso o que é nossa realidade. Não podemos nos esquecer de que trabalho de politização — participação séria no bem comum — é feito no dia'a dia, no aprofundamento curtido das questões da vida. Refletindo a carestia, refletindo a escola de nossos filhos e sua (des) educa- ção; refletindo a saúde: os módicos tão ricos e exploradores da miséria; refl^tin-

£p a corrupção e menti rada dos homens públicos, autoridades etc; refletindo o desemprego sempre maior; o transporte caro, difícil e sub-humano para quem tem pouco dinheiro.

É urgente nãos esquecermos, em nos- sas associações, sindicatos, grupos de re- flexão etc, que pol ítica é isso: participar com consciência da vida real de toda a comunidade e de seus problemas.

O que se passou foi a politicagem no- jenta e nos deixa a refletir o que fizemos no dia das eleições; o que faz todo o Nordeste votando para o Governo e di- z.endo, assim, que apoiam os governantes e aquilo que eles estão fazendo cpm o Brasil e com o povo.

Novamente os ricos, os poderosos, os violentos, muitos enrolões estão no po- der e postos por nós, por nossos votos. E daí? ... vamos baixar a cabeça? Nunca! Vamos refletir os nossos erros, as nossas ingenuidades.

Vamos retomar o processo de assumir a nossa história e de não deixar que eles — os poderosos — nos pisem, nos mani- pulem, fazendo de nós coisas e n^o pes soas.

LAVRADORES, COM SEDE, DENUNCIAM O PREFEITO

J

Lavradores de Terra Boa, no município de Boa Vista do Tupim, procuraram a re- dação de O GRITO DA TERRA para -denunciar o prefeito daquele município por estar negando água para o consumo das famílias.

O prefeito Aurélio Alves de Oliveira, do PDS-2, alega que não abastece a região, habitada por cerca de 400 famílias porque perdeu as eleições para o candidato do PDS-1, Getúlio Sena Barros.

Os lavradores denuncia- ram que sofrem os proble- mas das secas há muito tem- po, uma vez que já comple-

tou dois anos que não caem boas chuvas na região e "já tem dois anos que nós não tem nenhuma colheita".

Os lavradores, em com- pleto desespero, já recor- reram também ao prefeito eleito em 15 de novembro — e que ainda não tomou posse — com vistas à resolu- ção do problema, diante das negativas do prefeito em servirá população.

Na região de Terra Boa carrega-se a água com até 2 léguas de distância M2 qui- lômetros). "Muitas vezes são mulheres de bàrrigão, já pra ter crianças que tem que

ícarregar a água", afirma um dos lavradores presentes. "Pra conseguir um carro dágua tivemos de ir ao município vizinho de Mar- cionílio Souza e fretar Um carro, fazendo-se uma va- quinha entre várias pessoas a fim de não se morrer de sede, mas somos pobres e não temos condições de fa- zer isso sempre. Por outro lado isso é obrigação do pre- feito, porisso não fomos- pe- dir nenhum favor a ele, fomos exigir o nosso direi- to", afirma outro lavrador que esteve em nossa reda- ção.

r OerítodaTena

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^\

^D^- ScTaSfdas Entidades de Feira de Santan Rua J. J. Seabra, 163 - K andar - sala 103 Feira de Santana - Bahia - Brasil

RMporaaMIM«to «ditorial: Corpo de Opiniio. Corpo d* OpJnlBo: M«i* Renllda Dáltro, Jp* Carlos Btinto SMMn* NiHnA tiCMMrtte BaptJsta, Hélder Agostinho Carneiro de Oliveira, Josenor NaeoJmento Cerqúelf», Jaime da Crui Uacaf de Magalhlet lopat, lides Ferreira de Oliveira.

Otagramaçio, composiçfo e ImpressSo: Editora Jornal Feira Hoje Ltda. - Rua Macárlo Cerquelra, 313 - Feira de Santana. Aa matérlaa assinadas sfo de responsablildada axeiiittVa de saus autoras.

ADEFS REALIZA ASSEMBLÉIA GERAL

A Associação de Entida- esforço em sentido de man- sado em apoiar a implanta r darem-matérias e de assumi-

rem a "distribuição do jornal.

Entre as entidades presen-

tes, cada uma assumiu uma

cota mínima por mês. Tam-

bém se discutiu a importân-

cia das assinaturas, ficando as

entidades empenhadas nu-

ma "campanha de assi-

natura", tendo-se como meta

conseguir o dobro do

número de assinantes (hoje

em torno de pouco mais de

300);

3. A aceitação do públi-

co que lê o jornal é a me-

lhor possível, entretanto

esse público ainda é limita-

do e se caracteriza ainda,

em sua maioria, por pessoas

das chamadas "classes mé-

dias". Para que o jornal ga-

nhe a aceitação do seu "pú-

populares) e a situação fi- bljco base" é preciso que custo mais baixo. Esse estu-

nanceira, chegando-se às faça discussões sobre ele do já está sendo feito pela

seguintes„conclusões: junto aos grupos das cama-

das populares. As entidades

1. Sem tirar a importân- se comprometeram em de-

ciá do tipo de jornal, não se senvolver maior esforço nes-

conseguiu ainda um tipo de se sentido,

jornalismo que faciFite a lei- 4. Ouanto à situação fi- tura por parte de uma popu- nanceira, foi visto que o

jornal ainda subsiste graças

à ajuda que recebeu da De-

veloppment et Paix (Cana-

dá) e do CNCD (Bélgica), já tura. Este aspecto, e^tretan- qUe as suas receitas estão fazer alguma coisa. Foi

to, dificilmente será corri- muito baixas em razão da combinado então que, mes-

gido enquanto o jornal fór pouca participação das enti- mo sendo o dia 11 de de-

impresso fora, embora acre- dades. Aumentando esta zembro a data em que o jor- dife-se que se possa melho- participação, como se espe-

rar. A linguagem também ra, e considerando os recur-

não é ainda-de fácil compre- sos ainda disponíveis, acre-

ensão pelo povo. dita-se ter assegurada a so-

2. Poucas entidades estão ma necessária aos 6 próxi-

assumindo, na prática, o jor- mos números. O Centre'

nal que elas próprias cria- National de Cooperation au

ram. ^Carece de um maior Developpmént está interes-

des de Ferra de Santana

(ADEFS) realizou uma As-

sembléia Geral no dia 27 de

novembro, conforme estava

previsto, para uma avaliação

.do jornal O GRITO DA

TERRA neste primeiro ano

de existência. Participaram da Assem-

bléia representantes de 18

entidades que integram o

jornaF, sendo que são 30 as

entidades que assinaram a

sua Carta de Princípios.

Dentro da perspectiva da

avaliação, centrou-se maior

atenção nos seguintes pon-

tos: o tipo de jornalismo

que estamos fazendo, a par-

ticipação das entidades, a

aceitação do público, a pe-

netração do jornal no "pú-

blico base" (as camadas

lação que não tem o hábito

de leitura. O jornal ainda é

bastante "massudo e pesa-

do", dificultando a sua lei*

ção da gráfica do jornal. Re-

centemente ele comunicou

que garantiria 25% do orça-

mento do projeto e que es-

taria se esforçando para

conseguir mais 50%, com-

pletando 75% do orçamento

global, já que a ADEFS se

incumbiria em levantar os

25% restantes na própria

região.

Foi sugerido que a

ADEFS estudasse a possibi-

lidade de adquirir uma má-

quina de escrever com me-

mória e assumir a diagrama-

ção e composição do jornal,

pagando somente os custos

de impressão o que poderia

trazer duas grandes vanta-

gens: uma diagramação e

composição mais atraente

para o "público base" e um

ADEFS.

Foi sugerido também

que não se deixasse passar o

primeiro aniversário do jor-

nal "em branco", sem ne-

nhuma comemoração. Foi

lembrado que a criação do

jornal O GRITO DA TER-

RA foi um fato histórico

para Feira de Santana e re-

gião e por isso deveria-se

nal completa um ano, a

comemoração será realizada no dia'18 de dezembro com

atividades culturais e folcló-

ricas, tendo como local o

Mercado de Arte Popdtar,

no horário das 8 às 12

horas.

Líder Sindical assassinado Ele foi assassinado pelos

pistoleiros Delmiro, Delmar

e Leônidas, filhos do grilei-

ro José Gomes Novaes,

No dia 21 de novembro

o lavrador e dirigente sindi-

cal ELIAS Zl COSTA LIMA

foi assassinado às 7 horas da

manhã, dentro do mercado

municipal, enquanto fazia a

sua feira. Zizi, como era co-

nhecido, foi assassinado a

sangue frio, à traição. Lhe

deram 2 tiros calibre 38 pe-

las costas e, depois de caí-

do, os assassinos lhe deram

mais um tiro de espingarda

20.

Zizi era sindicalista desde

1973 e sempre defendeu os

posseiros da sua região, con-

tra a ação dos grileiros. Era

presidente do Sindicato dos

Trabalhadores Rurais de

Santa Luzia, no Maranhão,,

onde foi assassinado.

conhecido por "Zé Marcia- no";,

A grilagem teve início

em 1981 quando Zé Marcia-

no, depois de comprar 4

protocolos da COMARCO,

num total de 450 hectares,

começou a invadir as terras,

atingindo mais de 300 famí-

lias. Em janeiro de 1982,16

homens armados saíram de

roça em roça pressionando

os lavradores a plantar ca-

pim em suas roças. Em

junho deste ano tentou im-

pedir os lavradores de fazer^

suas colheitas. Na noite do

dia 12 de julho, a família do

grileiro (inclusive a sua es-

posa) fez um tiroteiro com

a ajuda de 13 capangas na

localidade de Lagoa do Ca-

pim. Com medo de haver

morte, os lavradores foram

para a mata, onde ficaram 6

dias. Na ausência dos lavra-

dores, o grileiro incendiou

suas casas e destruiu seus pertences.

Todos os absurdos prati-.

cados pelo grilejro foram

denunciados na Delegacia

de Polícia de Santa Luzia,

sem .que nenhuma medida

eficiente fosse tomada. E

mesmo depois da audiência

no INTERMA (Instituto de

Terras do Maranhão) com a

presença do deputado do

PDS Nagib Haickèl (ao lado

do grileiro) e de comunica-

ção à Secretaria de Seguran-

ça Pública, nada foi resol-

vido e a questão sempre foi

adiada. Zizi deixou a viúva com

9 filhos. é a violência no campo.

E a ganância dos poderosos

expulsando e assassinando

trabalhadores que vivem do

seu trabalho e que produ-

zem alimentos para esta

grandiosa Nação.

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GRITO DA TERRA D«zembro/82 ngimi

Isso. você deve saber... ..COMEÇAM A APARECER OS

AUMENTOS - Depois que o governo ga-

nhou as eleições em boa quantidade dos

estados do país, os aumentos que esta-

vam guardados e escondidos começam a

aparecer. Não tinham aparecido ainda

porque o governo tinha que fazer figura

bonita antes das eleições. Agora ele pode

fazer o que quizer por mais quatro anos.

Assim... o aluguel para janeiro sobe

100%; subiram as passagens de avião...

subiram os preços dos ônibus interesta-

duais... subiu o preço da energia elétri-

ca... Isso fora as outras coisas que vêm

p&r a( porque a gasolina... o óleo diesel e

o gas de cozinha estão sendo aumentados

também. E com a 'gasolina é claro que

sobe todo o resto. Menos o salário. .

xxx

O QUE P DO ESTADO E DO PAR-

TIDO? Essa é uma pergunta que deveria

ser analisada e respondida por rnuitos di-

retores de colégios de Feira de Santana.

Há uma confusão Ifeita por conveniên-

cia) entre partido no poder e estado.

Assim é que os muros, vidraças e, até os

quadros negros de muitos colégios estar

duais e municipais foram entupidos de

propagandas eleitorais. Nos municipais

pelo PMDB. Nos estaduais pelo PDS. 0

Colégio Assis Chateaubriant parece que

resolveu dar exemplo neste particular. Os

muros e paredes — até internas — que

davam gosto ver pela limpeza — pintura

feita com a colaboração de uma quantia

que cada aluno teve que dar para isso —

hoje estão imundos, cheios de propagan-

das.

Isso se chama destruição dos bens pú-

blicosl

0 triste e lamentável é a gente ver que

isso começa a acontecer dentro das e.sco-

las e com a autorização ou consentimen-

to de direções e de professores, é uma

ótima educação que se está dando as

crianças. As crianças... amanhã... repe-

tirão a mesma coisa. E o; interessante é

que por vezes são castigadas por isso. Pe-

lo mau feito que seus mestres lhes ensi-

#haraml

COMEÇAM OS NOVOS IMPOSTOS

— Gastou-se tanto dinheiro com propa-

ganda nestas eleições, especialmente o

PDS que é para a gente ficar de orelha

em pé perguntando de onde é que veio

tanto dinheiro. Naturalmente que^veio do

dinheiro que o povo paga ao. governo.

E... ficar de orelha em pé perguntando se

não vinha novo imposto. Se não vêm

novos, por enquanto os antigos estão

sendo modificados. 0 Imposto de Ren-

da, por exemplo. Quem tinha imposto de

renda a pagar podia pagar em até oito

prestações, a partir da data do recebi-

mento* da notificação. Agora a coisa mu-

dou \ Tem que pagar de vez... na data da

entrega da declaração. Quem quizer pa-

gar em prestações... tem juros e correção

monetária.

«^gura a corda que ainda vem mais

coisa I Tem que se arranjar dinheiro 111

xxx

0 VOTO DA CAPITAL É EMOCIO-

NAL E CIRCUNSTANCIAL? Comen-

tando o fato de que em Salvador o PDS

perdeu feio, o Governador Antônio Car-

los Magalhães disse na TV que o voto da

capital é emocional e por isso de oposi-

ção. Parece justamente o contrário. As

capitais são onde os votos vão sendo ca-

da vez mais difíceis de controlar... de fa-

zer os turrais., de obedecer aos chefes

políticos... aos coronéis. A gente poderia

dizer que vai ficando mais frio e mais ra-

cional. Menos encabrestado. Este voto

esta ficando mais livre e mais sériol Mas isso não é interessante e nem con-

veniente ao Sr. Governador reconhecer!

xxx

VEM Aí LEI DELEGADA! Há dois

anos atrás, durante as férias, a Assem-

bléia Legislativa do Estado delegou (ôu

seja deu) ao governador o poder de fazer

leis sem a aprovação dos deputados, du-

rante o recesso (férias) dos deputados es-

taduais. Nesta época saíram muitas leis

que não é bom nem lembrar\

O Governador gostou. Claro que sim,

porque pode jogar sem marcação. Jogar

solto. Agora... parece que vai enviar num

novo pedido de delegação. E quer por

mais tempo. Dizem os jornais que por

seis meses. Assim, no final do seu man-

dato ele faria o que quizesse... e o seu

substituto teria uns dois meses para fazer

e desfazer sem ter que prestar contas a

ninguém. £ claro que a Assembléia vai

dar a delegação. Porque tem maioria do

PDS... que não liga pro povo... tem é que

obedecer ao Governador.

Quem estiver vivo daqui a seis meses

poderá contara bagaceiral Estão dizendo

até que uma das medidas vai ser a demis-

são do'amontoado de funcionários que

foram contratados nas vésperas das elei-

ções, somente para mostrar que o gover-

nador é bonzinhol

Com essas e outras ainda temos cora-

gem de desejar uns aos outros UM BOM

NATAL\ Mas ... é que a esperança éa

última que morrei...

PEQUENAS ELEITORAIS Um PDSista:

"Reconhecemos que a situação do povo é crítica « precisa ser modificada, mas precisamos dar um voto de confiança ao gover- no que é quem pode fazer as mu- danças".

UM PMDBista (membro do jornal Tribuna da Luta Operá- ria):

"Estamos vitoriosos. Nós vie- mos para Feira de Santana com o objetivo de evitar que Luciano

Ribeiro viesse a sier o prefeito de Feira de Santana".

Um PTtaa: "A proposta do PT nSo é ga-

nhar eleições. Nós demos uma grande lição de como fazer cam- panha limpa, sem corrupção, sem qualquer tipo de sujeiras".

Comentários da Redação: O pedessista se esquece de

que, se o governo quisesse mudar a situação já teria feito de muito tempo, assim como a história es-

ta aí para ensinar: as mudanças 'jciais em benefício da maioria da população ou são conquista- das por ela ou não virão.

0 peemedebista tinha real- mente um grande objetivo. O pior de tudo foi que conseguiu enganar o povo o tempo todo.

0 petista não pode se esque- cer de que ganhar eleições tam- bém faz parte do processo. Aliás, este deve ser um objetivo de qualquer partido político.

Sindicato de Conceipão do Coité em notícias

Mensalmente o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Corjceição do Coité realiza um encontro dos novos membros para a entrega das carteiras de sócio. Na opor- tunidade é discutido o esta- tuto do Sindicato e o fun- cionamento. Este trabalho de conscientização dos novos sócios vem senão coberto de êxito, porque observa-se a participação ativa destes sócios dentro do movimen- to.

xx xxx

A equipe da Pastoral Rural, e membros do Sindi- cato, organizaram no último

dia 29 de" novembro, o pri- meiro dia do novenário em louvor a nossa Senhora da Conceição. Na oportuni- dade foi apresentada uma mensagem sobre a real situa- ção das famílias na Zona Rural sendo concluída com um sociodrama pela Equipe de moradores da Faz. Terra Nova. A missa foi celebrada pelo Vigário Pe. José Antô- nio dos Reis e animada pelo violeiro Curió da Bahia.

x x x x x

Os Jovens Rural estão or- ganizando o seu primeiro encontro no município de Coité, com a colaboração da

Pastoral Rural e do Sindi- cato dos Trabalhadores RU' rais. 0 tema a ser debatido é a realidade çlo jovem na nos- sa região. O encontro será realizado nos dias 18 e 19 de dezembro.

x x x x x

Graças ao trabalho de ba- se que vem realizando a cer- ca de dois anos, os sócios começaram a despertar para a realidade em que vivem e a' colaborarem e partici- parem do movimento sindi: cal. Porém, por desconhece- rem os estatutos e não te- rem consciência, muitos dei- xaram de pagar suas mensa-

lidades e a diretoria resolveu dar uma oportunidade anis- tiando parcialmente esta dívida.

Todo início de mês a sede do Sindicato dos Tra- balhadores Rurais de Con- ceição do Coité serve como centro de encontro dos diri- gentes sindicais da região. Durante-esses encontros são discutidos os problemas dos trabalhadores rurais, tais como: o problema do traba- lhador do motor de sisal, a questão da aposentadoria por invalidez dos trabalha- dores mutilados pelos moto- res de sisal, a necessidade de uma maior oganização da classe de trabalhadores ru- rais etc. O último encontro foi realizado no dia 6 de no- vembro quando se fez tam-

bém um planejamento para o ano-de 1983.

PASTORAL DA TERRA E SINDICATO

Um trabalho que vem produzindo bons frutos em Conceição do Coité é o apoio da Pastoral da Terra. 0 vigário local, Pe. José An- tônio dos Reis vem prestan- do importande contribuição no encaminhamento das ati- vidades do Sindicato de Tra- balhadores Rurais de Con- ceição do Coité. Além do encontrão realizado no mês de maio com trabalha- dores rurais, a equipe for- mada pela Paróquia e Sin- dicato está agora preparan- do o Natal do Trabalhador Rural, quando realizaremos um mês de atividades, co-

meçando em IP de dezem- bro, visando sobretudo a or- ganização da ciasse e ao mesmo tempo preparar os trabalhadores para o verda- deiro sentido do Natal de Jesus Cristo.

CURSO DE VETERINÁ- RIA

Com a promoção do Sin- dicato de Trabalhadores Ru- rais de Conceição do Coité e o INCRA, realizou-se o I Curso Prático de Veterinária no período de 13 a 16 de Outubro para pequenos agri- cultores do município de Conceição do Coité com a participação de 20 associa- dos deste Sindicato (foto).

Celso Costa Amando Presidente do STR/C. Coité-Ba

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Pátfe»4 DKembro/82 O GRITO DA TERRA

BARRAGEM DE PEDRA DO CAVALO DESABRIGA 30 MIL PESSOAS

A barragem de Pedra do Cavalo foi inau- gurada apenas para cumprir uma forma- lidade política e conseguir, com isso, alguns votos a mais para o partido governista. Mas a construção prossegue e a conclusão dèfir nitiva deve ser conseguida somente daqui a um ano se não surgirem imprevistos, embo- ra as águas comecem a ser armazenadas dentro de aproximadamente seis meses, conforme afirmam técnicos da DESEN- VALE — Companhia de Desenvolvimento do Vale do Paraguassu, órgão encarregado da execução da obra.

No momento atravessa-se uma fase que se poderia chamar de "febre das barra- gens". Encontram-se em construção ou com conclusão recente no Brasil, 113 bar- ragens nos vários cantos deste vasto territó- rio Poderia se perguntar: para que tanta ba?ragem? As justificativas do governo, no geral, giram em torno de três objetivos: pro- dução de energia elétrica, abastecimento de água de cidades vizinhas e irrigação. Estes são, por exemplo, os objetivos de Pedra do

sua própVia força. Os pequenos agricultores, mais prejudi-

cados, se mobilizaram para exigir os seus direitos e não reivindicavam apenas uma indenização justa, a sua bandeira lera Terra por Terra, isto é, se iriam perder suas terras, queriam outrasterras em iguais condições pa- ra produzir. A CHEFS reagiu, amparada no Decreto de Desapropriação de Utilidade Pú- blica que dava direito apenas à indenização. O** agricultores não aceitaram e consegui- rás negociar diretamente com o Ministério das Minas e Energia.

A primeira vitória importante dos lavra- dores junto ao Ministério das Minas e Ener- gia foi a formação de um Grupo de Traba- lho nomeado pelo ministro César Cais atra- vés da Portaria de rf. 1860, do qual partici- param três representantes dos próprios la- vradores. Esse grupo de trabalho fez um es- tudo detalhado da situação e a partir daí a construção da barragem passou a tonar ou-

TnbalhadorM nirait qus tarao MIM Urras tomadas palas águas discutam o MU destino.

Cavalo. Aparentemente estes objetivos justi-

ficam os investimentos, mas uma análise mais profunda mostrará que não existem apena!»_ flores, mas também muitos espi- nhos. Só que as flores ficam para uns e os espinhos para outros.

A BARRAGEM DO SOBRADINHO

A primeira barragem de grande porte construída em território do nosso Estado foi Sobradinho,próximo a Juazeiro. Ali quatro cidades foram submersas e 72 mil pessoas foram desalojadas. O governo "preo-, cupou-se" muito com as famílias desalo- jadas, construiu até agro-vilas para elas. Só que a sua preocupação não correspondia com as preocupações das famílias que fo- ram obrigadas a sair de suas casas e de suas

♦terras. No caso de Sobradinho as promessas dos

órgãos do governo eram as mais floridas e a verdade é que grande oarte das famílias atingidas estão hoje habitando os "cintu- rões de miséria" das grandes cidades, pas- sando os mais variados tipos de privações, sobretudo as famílias mais pobres.

A BARRAGEM DE ITAPARICA

A barragem de Itaparica é outro "elefan- te branco" que está sendo construída tam- bém no Rio São Francisco, a exemplo de Sobradinho, em terras da Bahia ê de Per- nambuco. O seu eixo se localiza no munri- cípio de Petrolândia.

Ali também as promessas eram as melho- res e mais bonitas, mas a população local, sobretudo a população que seria atingida, acompanhou o drama da população atin- gida pela barragem de Sobradinho e não fi- cou de braços cruzados. O órgão executor do projet* é a CHEFS e, inicialmente, os agricultores que teriam suas terras tomadas pelas águas entraram em contato com ela a fim de tomarem conhecimento da área que seria inundada, dos critérios de indenização das propriedades e das benfeitorias etc. Co- mo sempre, acontece com esses órgãos, a CHEFS dava sempre "as costas como res- postas" aos questionamentos dos lavradores que não tinham a quem apelar senão para a

municípios que serão atingidos, sendo que os principais são: Feira de Santana,'São Gonçalo, Cruz das Almas, Santo Estevão e Antônio Cardoso, sendo que estes dois últi- mos serão mais atingidos do que todos.

Como existem grandes propriedades com muitos posseiros habitando nas fazen- das estima-se que existem mais de 3.000 famílias que serão atingidas o que represen- ta um total superior a 20.000 pessoas.

Pelo Decreto do Governo da Bahia pu- blicado no Diário Oficial de 21 de maio de 1982, desapropriando a área, são 42.000 hectares de terras a área que será atingida. Mas somente com os mapas em mãos po- der-se-á ter uma idéia mais correta , já que pelo que se informa extraoficialmente, uma área situada num lugar alto que for rodeada de água e por isso não poderá ser utilizada não está incluída na área citada no Decreto Governamental.

É importante que se diga que o governo desapropriou a área com Fins de Utilidade Pública e não com Fim de Interesse Social, o que legalmente, deixa a-popuíação.atin- gida mais desamparada. Mão houve a preo- cupação para com a coletividade e assim o governo desincümbe-se das obrigações pre- vistas-na outra modalidade.

Mas tem muita água pra correr por de- baixo da ponte. Mesmo que se diga que da- qui a 6 meses as águas começam a chegar, não há, ainda, um projeto de relocação do pessoal que será diretamente atingido. A DESENVALE "garante" que não haverá I prejuízo para ninguém, porém, ao toma- ram-se os exemplos dè outras barragens, as perspectivas para os lavradores não são das melhores.

A FETAG — Federação.dos Trabalhado- res na Agricultura do Estado da Bahia está atuando na área, procurando mobilizar os Sindicatos de Trabalhadores Rurais e os próprios agricultores para discutirem con- juntamente o problema e estèbelecerem-se formas de atuação. Os moradores da área

- Nova Ipuaçu: casas nova* e bonitas, mas saro oferecer meios da sobrevivtncia para a populaçio

tro rumo. Os direitos dos trabalhadores ru- rais passaram a ser mais respeitados.

A segunda vitória importante foi a trans- formação do Decreto de Desapropriação para. Utilidade Pública para Desapropriação com Fim Social. E isso mudou muita coisa. Enquanto o Decreto para fins de Utilidade Pública garantia apenas a indenização, o De- creto para fins Sociais era bem mais amplo e mais completo. Com isso, os agricultores conquistaram o direito de receber outra ter- ra à beira do lago. Recentemente foram en- tregues 27 lotes de 25 hectares com irriga- ção e outros benefícios para os lavradores. Foi feita uma festa no local para comemo- rar a vitória.

é importante ressaltar que no Decreto de Desapropriação para Fins de Utilidade Pública o Estado preocupa-se quase que unicamente com a sua própria defesa, en- quanto que o Decreto com Fins Sociais obriga o Estado a se preocupar com a Cole- tividade.

rias e para as propriedades são desconhe- cidos pelos agricultores. A FETAG entrou em contato com a DESENVALE, fazendo- Ihe uma série de solicitações, entre elas a tabela de preços, mais nãp foi (ainda?) aten- dida.

Sabe-se que alguns dos fazendeiros que têm propriedades no local já foram indeniza- dos, mas nenhum dos pequenos proprietá- rios ou dos posseiros dajrea.

É possível que aconteça aqui o que ocor- reu em Sobradinho: lá a CHESF indenizou os proprietários e aqueles que mantinham posseiros em suas propriedades deveriam indenizá-los, só que não agiram assim e quan- do os posseiros foram à CT-IEFS reclamar receberam a resposta de que os fazendeiros foram indenizados na totalidade, devendo re- passar aos posseiros a sua pacte.

Tudo pode acontecer com os agriculto- res da área de Pedra do Cavalo. A julgar-se pelos exemplos de Sobradinho e Itaparica, tanto podem sair com "uma mão adiante e outra atrás" como podem fazer valer o res- peito aos seus direitos e à sua dignidade, como conseguiram os trabalhadores rurais de Itaparica.

NOVA IPUAÇU

A sede do Distrito de Ipuaçu tem exata- mente 93 casas habitadas por pessoas sim- ples, por trabalhadores que se dedicam basi- camente a atividades agropecuárias. A maioria da população não possui terras e adquire o seu sustento através da venda da sua força de trabalho nas fazendas próxi- mas, como diaristas, sem qualquer proteção da Previdência Social. Outros são posseiros que cultivam a terra como autônomos e outros ainda são parceiros, isto é, traba- lham em terras alheias e entregam parte da colheita para o proprietário, como aluguel.

Ipuaçu vai desaparecer, o local serã to- talmente inundado pelas águas. A DESEN-, VALE construiu a "Nova Ipuaçu", ou seja, construiu 80 casas para agregar as famílias do povoado a ser inundado. Casas bonitas, novas, amplas; um povoado novo, urbaniza- do, com uma praça que promete ser bonita depois de concluída (ver foto). Mas existem alguns problemas para a população de Ipua- çu, problemas sérios inclusive: primeiro, construiram-se somente 80 casas, ou seja, 13 a menos do total existente em Ipuaçu; o segundo problema é o mais importante de todos: não se sabe de que vai viver a popu- lação na nova localização. Atualmente to- dos já têm consolidada a sua forma de subsistência, mas na "Nova Ipuaçu" não há nada de concreto que garanta a sobrevivên- cia das famílias. "Moradores de Ipuaçu admitem: muitos vão para lá mas serão obrigados a abandonar a nova casa porque não têm como viverem lá"

No dia 19 de novembro celebrou-se a úl- tima Missa na Igreja de Ipuaçu, conforme foi divulgado. A 'população chorou pelo

BARRAGEM DE PEDRA DO CAVALO

Não se sabe ao certo qual a área total a ser inundada com as águas de Pedra do Ca- valo. O que se sabe é que a DESENVALE cadastrou quase 1.000 propriedades nos 12

titã a a igreja que desaparecerá, será coberta pelas águas.

de nada sabem, a não ser que foram "visita- dos" por técnicos que fizeram o cadastra- mento da área e das promessas de indeniza- ção. Mas até mesmo os critérios de indeniza- ção e os valores atribuídos para as benfeito-

"destino" do povoado, porque foi ali que os moradores nasceram, cresceram, criaram raízes. E de uma hora para outra tudo será destruído para dar lugar às águas que em breve começarão a chegar.

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O GRITO DA TERRA DHMnbro/82 PiginaS

Oraição do Natal DÚVIDAS ELEITORAIS i Faz «agora 2.983 anos que você nasceu. i-Quer di- zer, senão erraram na conta- gem dos anos. Você veio, deu a grande lição, mas para alguns você não foi muito legal não. Sabe por quê? Porque você incomodou de- mais os que tinham o poder político, econômico e reli- gioso da época. Tanto assim que lhe passaram o porrete com 33 anos de idade. Mas você tinha que incomodar mesmo. Afinal não foi esta a sua missão? Incomodar os grandes, porque trazia uma m^iisagem e proposta de li- bertação dos pequenos.

Mas você ressuscitou, co- mo dizem òs Evangelhos, e voltou aos céus. Muita gente pensa que por isso você cor- reu do pau; que Você aban- donou os pequenos, os tra- balhadores, porque quem sobe, sobe, em geral, esquece de quem fica cá em baixo.

Este pessoal esquece que ■Você mesmo disse que esta- ria junto com os seus até o fim do mundo. Muita gente esquece que você disse que estava presente pela sua for- ça, pela sua mensagem, pela proposta que você falou, apresentou, viveu e morreu por ela: a liberdade total dos homens. Muita gente es- quece que Você continua presente nos pequenos que sofrem, são humilhados, expoliados, injustiçados to- dos os dias. Você disse que o que^se fizesse a cada um dos pequenos se fazia a vo- cê.

Pois é, amigo. Todo ano o mundo comemora a data do seu nascimento. O Natal. E o mundo dos que têm di- nheiro, dos que exploram, dos que têm poder, aprovei- tam esta ocasião e utilizam do seu nome e do seu ani- versário para faturar. Mas

', têm também aqueles que

aproveitam esta data para lembrar a sua proposta, seus ensinamentos e sentir sua presença.

Nós que vemos a sua pre- sença e o valor da sua pro- posta, queremos, nerte seu aniversário, lhe dizer algu- mas coisas daqui do mundo e do Brasil que não estão de acordo com sua proposta.

Veja o seguinte: os tuba- rões, continuam'Nngolindo os peixinhos pequenos do mesfno jeito de quando Vo- cê passou por aqui; ou pior, porque hoje eles têm umas técnicas mais sofisticadas que as de seu tempo; recen- temente, Israel, com a ajuda dos Estados Unidos, massa- crou milhares de irmãos seus, inocentes; 0 Brasil está recorrendo ao Fundo Mone- tário Internacional e isso não vai ser bom para nós: vai ter menos salário, mais fome, mais desemprego e outras coisas; morre uma criança por minuto no Bra- sil com o mal da pobreza absoluta; milhares de irmãos seus não têm casa para mo- rar; o desemprego aumenta nas cidades; os lavradores continuam sendo expulsos de suas terras pela ganância dos ricos e das grandes em- presas; estão construindo a Barragem de Pedra do Cava- lo, ainda não se sabe bem para quê e... ela foi inaugu- rada ainda sem poder come- çar a funcionar. Só para fa- zer festa... enrolar o povo e arranjar votos pra um tal de PDS.

Vê lá amigão. Dá uma forcinha pra nós. Nós conti- nuamos a construir o mun- do que você anunciou e queria e pelo qual morreu.

Mas surgiu também mui- ta coisa boa que você já de- ve ter conhecimento: qpn- quistamos a anistia (foi pela metade, mas serviu); os tra-

balhadores estão se organi- zando um pouco mais nos seus sindicatos para reforçar a luta pelo mundo mais jus- to que você anunciou; veio o pluripartidarismo; bastan- te capenga, manipulado pe- lo governo, mas já serviu pa- ra a fundação de seis par- tidos políticos, sendo que um morreu e ficaram cinco (PDS - PTB - PDT - PMDB - PT) bonitas as siglas, não? E... a notícia das notícias: com fraudes, manipulação, compra de vo- tos, vinculação e tudo tive- mos eleições no Brasil.

Agora a -notícia que não é boa: o PDS ganhou em to- do o Nordeste. Parece men- tira, mestre, mas é verdade. E escute mais: comenta-se que no caso da Bahia, houve fraude a não mais poder. E ate tem gente quanto nem adianta sabe que sabe quem é o principal responsável por tudo isso Mas... por enquanto nem adianta saber, porque o povo, faminto, sem mora- dia, sem escola, e às vezes, guiado, simplesmente pela necessidade imediata, se dei- xa levar pela promessa de um emprego, pelo sapato , pelo saco de cimento etc, e sè esquece de que está se vendendo e se entregando ao governo que o vai lhe maltratar 'pór mais tempo.

Mas, Mestre, o Natal é sempre esperança. Não aquela esperança dos que pensam que esperar é ficar sentado de braços cruzados. Não. Natal é esperança que você anunciou: a esperança dos que esperam, trabalhan- do, fazendo, construindo), gritando, denunciando, ca- minhando.

Nosso pedido é que você não se esqueça de nós. Con- tinue com a gente, a cami- nhada e o bolo em que você mesmo nos meteu.

O PDS ganhou as eleições para governa- dor da Bahia é para prefeito de Feira de Santana. Entretanto, algumas dúvidas pai- ram na cabeça das pessoas e não foram respondidas por quem de direito (as autori- dades judiciais, os políticos, os analistas

etc). . 1. Por que o horário previsto pelo Tribu-

nal Superior Eleitoral paracomeçaro pro- cesso de votação em 15 de novembro era às 8 horas. Por que em Feira de Santana houve Secções Eleitorais que só iniciaram os seus trabalhos depois do meio dia, e so- bretudo nas áreas onde se esperava uma maioria de votos para a oposição?

2. Por que os juizes eleitorais de Feira de' Santana não convocaram os mesários individualmente, como de costume, fazen- do com que ninguém soubesse se iria ou não trabalhar no dia da votação?

3^ Por que a maioria (se não quase to- dos) os mesários que trabalharam no dia da votação eram "cabos eleitorais" do PDS?

4. Por que os escrutinadores (as pessoas que fizeram a apuração dos votos) eram mi- litantes do PDS?

5. Por que, no processo de apuração dos

votos, os juizes eleitorais só permitiam até 2 fiscais de cada partido de oposição em algumas juntas apuradoras mas, em muitas ocasiões se verificava 6, 8 e até 10 "fiscais" do PDS sem que os juizes os incomodas- sem?

6. Como explicar o fato de os eleitores que trabalham na barragem de Pedra do Cavalo terem feito a sua inscrição todos juntos, no livro de registro? A inscrição foi feita lá mesmo, levando-se o livro de regis- tro eleitoral para o canteiro de obras?

7. Por que muitos eleitores que vivem em condições de verdadeira miséria troca- ram o seu voto por donativos como roupa, sapato, tijolos para construção, cimento, arame farpado etc, distribuídos pelo PDS?

8. Por que na contagem dos votos mui- tos mapas não fechavam e os escrutinado- res, muitas vezes, arranjavam um "jeitinho próprio" para fechar, chegando ao ponto de esconderem até votos?

9. Por que em algumas Secções Eleito- rais os mesários já distribuíam as cédulas já preenchidas com os nomes dos candidatos do PDS sem que ninguém tomasse provi- dências?

Termina o período eleitoral Passaram-se as eleições.

Certamente que elas consti- tuíram o principal aconteci- mento político para o Bra- sil, nas últimas duas déca- das. Quantos brasileiros vo- taram, pela primeira vez, pa- ra governadores dos Esta- , dos? Certamente que al- guns milhões. Mas ess&s bra- sileiros que votaram pela primeira vez para governa- dores, ao lado de todos ou- tros eleitos, senti r-se-iam bem mais satisfeitos se esti- vessem votando, também, para os prefeitos das capi- tais, para os prefeitos das chamadas áreas de seguran- ça nacional e para Presiden- te da República.

Nio foram ainda, apesar de tudo, as eleições que a sociedade brasileira deseja- ria. Eleições limpas, sem fraudes, sem corrupção. A sociedade brasileira deseja, e terá que lutar por isso, que sejam realizadas eleições li- vres, democráticas, sem tan- ta interferência do poderio econômico. Quantos mi- lhões de votos foram literal- mente comprados, trocados por pares de sapatos, por roupas, por tijolos, por sa- cos de cimento, por rolos de

arame e por donativos em dinheiro? Muitos, sem dúvi- da. Isso expressa, de um la- do, uma realidade de extre- ma pobreza e miséria da po- pulação, por um lado, e, por outro, um ato de irresponsa- bilidade dos políticos que deveriam estar a serviço da população permanentemen- te, o que não fazem. Assim, concentram todo poder de força nos períodos eleitorais e aí sai ganhando quem tem mais para gastar. Isso pode ser constatado com os can- didatos pobres que não dis- punham de fortunas para gastar. Alguns deles, inclu- sive, com trabalhos de base consolidados durante alguns anos, mas que viram os gru- pos com os quais convive- ram durante muito tempo, decidirem por quem lhe fez qualquer donativo nas vés- peras das eleições.

Mas estão aí os novos eleitos. A poeira das elei- ções começam a ser assen- tada. O que se espera desses novos governantes e parla- mentares? Espera-se sim- plesmente que atuem com a história na mão, como um espelho; que dêem mais tenção para as classes so-

ciais mais oprimidas e mais sofridas; espera-se, sobre- tudo no caso da Bahia e de Feira de Santana, que não ocorram fatos como em eleições anteriores onde a perseguição, sobretudo aos servidores públicos, tem sido uma triste marca na história das últimas eleições. No caso do governo da Ba- hia esse risco é menor, já que o Sr. João Durval Car- neiro vai simplesmente con- solidar o carlismo e soldar mais um elo na corrente do continuismo. Para Feira de Santana, espera-se que o Sr. José Falcão - da Silva não venha a repetir os^ seus atos da vez quê assumiu a Prefei- tura de Feira de Santana quando demitiu, em massa, grande parte do funcionalis- mo municipal que são sim- ples trabalhadores, que der- ramam suor para servir à comunidade e, diga-se de passagem, com salários de fome, como se costuma di- zer.

Que parem os ressenti- mentos e que os novos go- vernantes dediquem sua atenção para os graves e sé- rios problemas que a popu- lação enfrenta atualmente.

LEIA E ASSINE - Cadernos do CE AS - O NEGO:): jornal do

Movimento Negro Unificado - Cadernos do CET-Belo

Horizonte - O Técnico Agrícola: jornal

da ASTA - Publicação do Centro

Pastoral de Vergueiro - S. Paulo.

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O GRITO DA TERRA "DMwmbn>/82 Piginat

BRASIL VAI AO FMI. E DAI? De uns dois meses paj-a

cá os jornais, as rádios, a te-

levisão, vêm falando muito

numa palavra: FMI, ou seja.

Fundo Monetário Interna-

cional. A imprensa dizia que

o Brasil ia recorrer ao FMI,

os ministros da área econô-

mica desmentiam. Mas co-

mo aqui as coisas slo assim

mesmo, quando as autori-

dades desmentem uma notí-

cia é porque ela é verdade.

Esta tem sido a regra. Mas que "bicho" é esse

tal de FMI? O Fundo Mo-

netário Internacional é uma

. pppécie de grande banco in-

ternacional para socorrer os

países membros era épocas

de crise. Como o Brasil vive

uma séria crise, então re-

solve recorrer ao FMI. Só

que, se por um lado, o FMI faz empréstimos aos países

que recorrem a ele, por ou-

tro lado faz as suas imposi-

ções a esses países. E aí ele

,rião pensa nas necessidades

desses países, mas pensa em

isua própria necessidade. Ou

seja, com essa história de

ajudar outros países, o FMI

termina , por fazer com que

esses países adotem uma po-

lítica econômica que bene-

ficie ao próprio FMI,e não

ao seu povo. No caso concreto do Bra-

sil, entre outras medidas

que serão adotadas por im-

posição do FMI, duas delas

são de grande importância

porque afetam diretamente

à. população -^abalhadora

mais pobre. A primeira me-

dida é a modificação da Lei

Salarial. Os aumentos sala-

riais a cada seis meses deixa-

rão de existir. Os trabalha-

dores assalariados passarão a

ter aumentos só de ano em

ano. E a quem beneficia

esta medida? Aos patrões,

aos empresários. A segunda

medida que também vai afe-

tar diretamente a população

mais pobre. é o corte dos

subsídios parS a agricultura. O que significa isso: o cré-

dito agrícola receberá me-

nos subsídios, p que quer

dizer que os juros serão

mais altos. Ora, se com os

juros de 21% ao ano o pe-

queno agricultor para cum-

prir com os seus compro-

missos com os bancos é com

grande dificuldade, imagine-

se quando aumentarem os

juros! Essa medida vai afe-

tar também a população ur-

bana, em dois sentidos: de

um lado, os alimentos bási-

cos ficarão mais caros ainda

e, de outro, a oferta de ali-

mentos vai cair. É uma

questão lógica: se os juros

aumentam, os agricultores

plantam menos e plantando

menos será menor a pro-

dução o que pode levar o

Brasil a importar os alimen-

tos básicos em outros paí-

ses, daqui a alguns anos,

apesar das condições favorá-

veis para continuar sendo

um grande produtor e for-

necedor de produtos agríco-

las, se houvesse uma políti-

ca que desse importância

maior à agricultura.

Essas medidas, ao lado

de outras, não agradam nem

beneficiam ao povo brasi-

leiro, mas sim ao FMK

Nota de apoio A ASSOCIAÇÃO DE ENTIDADES DE

FEIRA DE SANTANA (ADEFS), ENTI- DADE MANTENEDORA E RESPON- SÁVEL PELO JORNAL O GRITO DA TERRA, RECONHECENDO O MOMEN- TO CRÍTICO DO SISTEMA EDUCACIO- NAL BRASILEIRO, HOJE, E A NECES- SIDADE E IMPORTÂNCIA DE MOBILI- ZAÇÕES COM VISTAS À CONQUISTA DE MELHORES CONDIÇÕES DE ENSI-

NO E DE TRABALHO NAS ESCOLAS, VEM DE PUBLICO MANIFESTAR O SEU IRRESTRITO APOIO AÕ MOVIMENTO

GREVISTA DOS FUNCIONÁRIOS E PROFESSORES DA UNIVERSIDADE FE- DERAL DA BAHIA (UFBa), ESTES ÚLTI- MOS REPRESENTADOS PELA SUA ASSOCIAÇÃO, A APUB'. -

FEIRA DE SANTANA, 03

DE DEZEMBRO DE 1982.

NAIDISON DE QUINTELLA BAPTISTA PRESIDENTE

bc

A cwncA £ 5eMPRE ÜTIL^ ^^eMÈFiCA, CONSTRUTIVA ,f

5Ç DIMÇ A05 OUTfttf.

JQUANDO JC DfSTíMA

f ■1*

&T

ir

CARTA DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS À POPULAÇÀO Durante a greve na Uni-

versidade Federal da Bahia

(UFBa) os professores divul-

garam a seguinte carta

aberta à população:

"Os professores universi-

tários estão em greve. So-

mos obrigados a fazer uma

greve porque os órgãos do

governo continuam a tratar

a educação sem a, impor-

tância devida e exigida por

toda sociedade.

Lutamos por:

1. Participação de todos

nas decisões sobre a Univer-

sidade; 2. Reposição salarial

mais o equivalente ao INPC

no período maio/novembro,

num total de 75,5%

3. Reajuste semestral,'

como as demais classes tra-

balhadoras;

4. Contratação imediata

e regular dos professores

concursados.

Com as gr.eves anteriores

conseguimos impedir as ten-

tativas do governo para im-

plantar, ao seu modo, e sem

ouvir a comunidade univer-

sitária, a sua "reforma". Hor

je, eles voltam a ameaçar

com um novo "Pacote",

pretendendo abrir caminho

para a-implantação do ensi-

no pago de forma autori-

tária, sem ouvir o Congresso

nem a' Comunidade Acadê-

mica. Assim, convocamos

toda a população a parti-

cipar destas discussões e lu-

tas, que envolvem direta-

mente os interesses e direi-

tos da comunidade.

Como todo trabalhador,

o professor tem seu salário

corroído pela inflação, e,

portanto, é seu direito lutar

pela reposição salarial e pela

correção semestral. Espaço físico precário, carência de

equipamentos, falta de pro-

fessores, péssimas^ondições

de trabalho, arrocho" sala-

rial», são alguns exemplo da

política educacional do go-

verno.

Um exemplo do desres-

peito com que o governo

trata a educação é a sua re-

cusa de contratar profes-

sores que se submeteram a

um concurso público e regu-

lar, deixando os alunos sem

aulas, pretendendo contra-

tar pro fessores temporários,

o que violenta a lei da car-

reira do magistério e pode

comprometer seriamente a

qualidade do ensino.

Desde junho deste ano,

os professores, através do

seu órgão ríacional de classe

— ANDtS — vêm tentanto

abrir negociações com o go-

verno, a respeito destas rei-

vindicações. Isto foi feito

através dos canais regulares,

contando inclusive com a

colaboração de parlamenta- res e da imprensa. Esgota-

dos todos estes meios só nos

restou o caminho da greve.

Percebe-se claramente

que a intenção do governo é

se desobrigar da manuten-

ção do ensino superior e

público no país e progres-

sivamente entregá-lo à ini-

ciativa privada. Essa ameaça

é a razão relevante da con-

solidação da nossa greve e

torna-a de importância re-

dobrada em relação às ante-

riores, pois aproxima mais a

"luta dos professores à dos

estudantes, funcionários e

de todo o povo, o sentido

de resguardar o maior patri-

mônio comum —a gratui-

dade do ensino público".

Aviso ao público de "O Grito da Tei^a"

Avisamos às entidades mem- bros da ADEFS, assinantes e leitores em garal, que em vir- tude das atividades programa-

das para o nosso aniversário, "O GRITO DA TERRA" dos meses de dezembro de 1982 e janeiro de 1983 circularam na segunda quinzena^

r Estórias que o povo conta ;P fnra o "zeoelin orateado" de um morador de Feira de San Como se fora o "zepelin prateado" de

Chico Buarque ô sua "Geni", o ano de 1964 trouxe um estranho personagem a Feira de Santana: "O Capelão".

Um nome que levava o pavor aos habitantes desta cidade. Não se tratava de coincidência entre o homem e,o fato, muito pelo contrário, ele chegou no bojo do movimento militar que derrubou João Goulart da presidência, e era o res- ponsável pelas caçadas aos oposicionistas acusados de comunistas. Porém, a sua ação não se limitava a estas caçadas; nas horas de folga, espalhava o medo a quem se atrevesse a jogar bola em local ou ho- rário que ele julgasse incoveniente. Du- rante a noite percorria a cidade esvazian- do ruas e bares.

Ao ouvir o alarma de "lá vem o Cape- lão" as crianças entravam em polvorosa e os adultos procuravam um local seguro ou um álibi pala a sua presença ali.

Sua presença provocava tanto medo que dificilmente alguém saberia descre- ver as suas feições, ninguém o olhava di- retamente.

As versões mats amenas sobre sua ori gem falavam de um alemão ou polonês que presenciara a morte dos pais por fu- zilamento na Segunda Guerra, e tivera as unhas arrancadas ao cair prisioneiro dos soviéticos. Ai estaria a explicação para tanta fúria.

A sua frase predileta era: "entra na jipa", referindo-se ao jipe onde colocava o desaventurado que caisse em suas mãos,

Numa de suas rondas noturnas, o ca- pelão encontrou no bar "Portas Abertas"

um morador de Feira de Santana, sergi- pano de nascimento, 1,55 metros de altura, na casa dos vinte anos, conhecido como "Peixeiro" ou "Baixinho" tido e havido como um rapaz "pacato até certo ponto". Em pé junto ao balcão, "Peixei- ro" mal havia começado a tomar a que seria a 1? de uma série de cervejas, quan- do o, "alarme" foi gritado, Era tarde, o perto do "Capelão" estava a um palmo do seu nariz, literalmente, A galera pare- cia torcida organizada do Redenção, não se manifestava,

No que seria o mais longo diálogo tra- vado entre o Capelão e um homem co- mum, ouviu-se:

— Aqui não é lugar para criança, meí

nino a esta hora já deveria estar sonhan- do,

Era o "certo ponto", Há muitos anos que ninguém assim se dirigia, inpune- mente, ao "Peixeiro", A resposta não tardou: - Menino é a "puta que o pa- riu" III

As garras sem unhas do Capelão só encontravam JD vácuo. O "Baixinho" es- corregou pelo vão de suas pernas e dri- blou, na passagem, três soldados que ten- taram, em vão, segurá-lo,

Seguramente, Feira de Santana ama- nheceu mais feliz, a notícia .voava tanto quanto o "Peixeiro" e todos sentiam-se vingados de tantas humilhações. O Cape- lão passou a ser apenas mais um policial, até a sua transferência. CARO LEITOR:,

Se você conhece alguma das "estórias que o povo conta", envie para a nossa redação.

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O GRITO DA TERRA DHMnbro/82

O PT e as eleições %$ eleições passaram, os debates com. os candidatos, feitura para conseguir votos

resultados estã^v aí, muitos utilizaram o dinheiro do go- e também ameaçou os seus

festejaram outros ficaram verno para fazer a propagan- funcionários,

tristes, outros desesperados, da eleitoral, ameaçaram fun- O Partido dos Trabalha-

Quem ganhou? Quem per- :ionários públicos para dores (PT) ou qualquer um

deu? Às vezes agente olha que eles votassem com o dos seus candidatos podem

assim, um resultado e vai lo- PDS. ser acusados de qualquer

0 PDS foi ajudado tam- destas corrupções? bém pelos empresários que Agente pode analizar as

doaram quantias fabulosas eleições por muitos lados,

de dinheiro para fazer a pro- Eu comecei a analizar por

paganda e fav0s para com- este, porque antes de ver

prar votos dos mais ingê- qual foi o resultado é preci-

simples e na verdade, a vida nuos.

inteira, nós nos acostuma- Os candidatos do PDS,

rnos a fazer julgamento des- puderam utilizar toda a má-

kç tipo. Julgamentos que quina de serviços do Estado não nos ajudam a entender para comprar a consciência idéias políticas dos outros,

as coisas mais profandamen- dos eleitores, matrículas em mas, contra esta máquina de

te. é como a escola e a reli- escolas públicas, ligações de corrupção, que já se tornou

gião nos ensinam: "dividir frompas nos Hospitais como tão comum utilizar, que

os homens entre bons e o D. Pedro de Alcântara,

maus vitoriosos e derrota- exames laboratoriais no

dos e assim por diante". IAPSEB concedidos a não

Assim, a gente para refle- beneficiários

go dizendo: "este foi eleito,

este não foi, está baleado.

E, pronto. Acaba por aí".

Parece que os números di-

zem tudo. Fazer isto é coisa muito

so lembrar, até às pessoas de

boa memória, que a luta de

um pequeno partido, como

o ^PT, não foi só contra as

empréstimos tir o que foi esta eleição, a bancários 'facilitados no

poucos são os que vomitam

de nojo; quando a vêem

funcionar, já se acostuma-

ram com a imagem repug-

nante deste cancro.

é bom dizer também,

que nós do Partido dos Tra- campanha e os resultados, Baneb, previlégios para con

tem que pesar muita coisa, seguir as casas da URBIS, li e, não é possível neste pe- gações de água e de luz, ma- balhadores, já sabíamos que

queno artigo, analisar tudo teriais de construção e mui- iríamos enfrentar isto tudo,

o que Fe passou, e, qual vão tas outras coisas para cor- e muito mais coisas, como

ser as conseqüências disto romper, que faria uma lista as calúnias, as chacotas, os

tudo para Feira de Santana, muito grande, isto sem falar preconceitos e até mesmo a

para a Bahia e para o Brasil, nos pequenos favores como nossa inexperiência

Mas, vamos começar a le- doações de óculos, denta-

vantar aqui algumas quês- duras, remédios, camisas, sa-

tões, partindo da análise de patos, fotografias e transfe-

como se saiu cada partido, rências de títulos de eleitor

O PDS foi ajudado de to- e até doações de dinheiro

dos os jeitos possíveis, pelo dentro de caixas de fósforo

Porém, ninguém pode

negar que enfrentamos tudo

isso com coragem e con-

vicção de nossas propostas,

nunca nos curvamos a acei-

tar com naturalidade, esta

governo estadual e federal, nas filas de votação ou nas corrupção, nem mesmo com

Já no ano passado, Figueire- feira livres. do e seus comandados, co- Os candidatos do PMDB,

meçaram a fazer regras para tirando aí um ou dois, fize-

vencer as eleições. Inventa-- rama mesma coisa. Se igua-

ram a vinculação de voto, e laram na corrupção e na conservaram a Lei Falcão, compra de votos. Aqui em te do que se poderia e deve-

que proibia o rádio e a tele- Feira, o PMDB também se ria falar.

visão de fazer entrevistas ou utilizou dos serviços da pre- ANTÔNIO OZZETTI NETO

um silêncio comprometedor

e cúmplice.

Estas coisas que aqui es-

crevemos não explicam

tudo. São uma pequena par-

r

v

APVEB tem novo endereço A Associação Profissional dos Vigilan- bosa, n. 19, 5P andar, sala 504, Edifício

tes do Estado da Bahia - APVEB mu- dou-se para novo endereço: Rua Rui Bar- Rio Lima Centro, Salvador-Bahia,

Os técnicos agrícolas da Bahia realizam o seu I Encontro

Durante o período de 29/09 a 02/10/82 foi realizado em Uruçuca (EMARC) o I En- contro Estadual dos Técnicos Agrícolas da Bahia.

O evento foi promovido pela Associação Profissional dos Técnicos Agrícolas do Es- tado da Bahia — ASTA-Ba e pela Sociedade dos Técnicos Agrícolas do Cacau — STAC, tendo contado com o apoio da CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviços), EMATER-BAe CEPLAC.

O conteúdo do referido encontro cons- tou de palestras, debates, atividades recrea- tivas e culturais, e da realização de' uma Assembléia Geral da ASTA-BA.

Os temas tratados na oportunidade fo- ram: A EXTENSÃO RURAL NA BAHIA, A ORGANIZAÇÃO DOS PRODUTORES, POLÍTICA SALARIAL NO BRASIL, O ENSINO AGRfCOLA DO 2P GRAU NO BRASIL, AGRICULTURA E DESENVOL- VIMENTO, O TÉCNICO AGRfCOLA NA SOCIEDADE. Apesar de não constar expli- citamente da programação, o tema-base do encontro foi a regulamentação da Lei 5.524 de 05 de novembro de 1968, que permeiou todas a?,, atividades ali desenvolvidas. Justi- ficando-se isto pelo fato de existira profis- são desde o início do século, (I Escola Agrícola do Brasil foi fundada em 1910) sem que haja no entanto, o reconhecimento legal de sua existência, configurado na regu- lamentação da acinia referida Lei, apesar de decorridos praticamente 14 (quatorze) anos de sua provação em Congresso e Sanção pe- la Presidência da República.

No final do encontro foi elaborado um documento abordando o posicionamento dos Técnicos Agrícolas com referência aos problemas que lhes afetam direta e indireta- mente, tanto do pohto de vista profissional como no tocante a sua vida na sociedade.

A seguir, publicamos parte das conclu- sões. O restante será publicado em nossos pfóximos números.

I. EXTENSÃO RURAL NA BAHIA

A Extensão rural na Bahia, não se dife- rencia da Extensão rural no Brasil. Pois, es- tá voltada exclusivamente para o aspecto tecnológico visando a venda de máquinas e insumos agrícolas, ignorando a elevação so- cial do ruricola e afastando os técnicos bra- sileiros do planejar e criar nossa própria tec- nologia, adaptando-a as nossas necessidades e características,regionais. Entendemos que a Extensão Rural na Bahia, assim como no Brasil, deve passar pelo seguinte processo:

a) Ser discutido pelas partes interessadas (pelo produtor, trabalhador rural e os técni-

Sindicalista preso em Salvador

Foi preso o Diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia, Moisés Bebê, no dia 26 de novembro do corren- te, 11 dias após as eleições, em atividade sindical, quan- do convocava o pessoal do Baneb e Desembanco em Salvador, para uma reunião contra as demissões nestes dois bancos. A prisão de Moisés Bêbé teve todas as características de caráter político e se deu em forma de seqüestro.

No dia 17 de novembro foi demitido do Baneb Ri- cardo Athayde Caldas Pirv

Io. Na Baneb Poupança, foi demitida Nelma Barreto de Oliveira, e no Desembanco José Lopo Dantas. Todos com ótima folha de serviços e não receberam explicações oficiais. Extra-oficialmente foram informados que se tratava de punição por have- rem se manifestado nas elei- ções contra o partido do Governo. O Sindicato é apartidário. No entanto, não pode calar-se, como não foi o fato, quando retira-se dos associados os direitos pol íticos.

O Grito da Terra torna

cos) todo processo de decisão que diz res- peito as respectivas classes;

b) Ajustar os objetivos da Extensão Ru- ral aos interesses gerais da Nação conside- rando os aspectos sócio-econômico e cultu- ral do meio rural;

c) Estimular a produção de alimentos básicos (culturas de subsistência) e não permitir que a expansão das culturas de exportação, implique na diminuição das an- teriormente citadas;

d) Regular a política de crédito agrícola de forma que atenda prioritariamente os pequenos e médios produtores, com a fina- lidade de fixar o homem do campo..

II - A ORGANIZAÇÃO DOS PRODU- TORES RURAIS

O Estado, através de suas instituições provoca um tipo de organização que consi- dera os produtores como meros instrumen- tos viabilizadores de seus programas. As ins- tituições, que aparentemente levam um conteúdo técnico, na verdade estão levando em seu bojo a ideologia do Estado. Esse procedimento que gera a dependência do produtor rural não se constitui num proces- so educativo, além de inibir a participação do pequeno agricultor.

Em face disto, cremos ser necessário criar uma pol ítica educativa que desperte a consciência do pequeno produtor, para a importância do mesmo nas decisões de suas organizações de classe. Isto, por entender- mos que elas representam os'interesses da maioria.

III - POLÍTICA SALARIAL NO BRA- SIL

A política salarial do Brasil está voltada para o lucro de empresários, sem considerar em momento nenhum as necessidades bási- cas dos trabalhadores. Em função dela os reajustes são inferiores aos índices inflacio- nários e não está garantida a estabilidade no trabalho, gerando o desemprego. Diante disso, propomos:

a) Estabilidade no emprego; b) Piso salarial uniforme, para todo o

país, que atenda as reais necessidades do trabalhador;

c) Redução da jornada de trabalho, de 48 para 40 horas;

d) Estabelecimento de um mecanismo que proporcione a justa distribuição da pro- dutividade;

e) Criar condições legais para a livre or- ganização do trabalhador nos seus sindica- tos e pela Central Ünica dos Trabalhadores.

público o seu repúdio ao, ato de terrorismo, que foi o

seqüestro do companheiro sindicalista, ao tempo em que conclama toda a popu- lação a lutar contra o bar- barismo que se tenta im- plantar na Bahia, quando se prega tanta abertura, a lutar contra um mini-ditador de aldeia, como é o caso do Sr. ACM, que pelo fato de sair vitorioso das urnas, o seu partido, tenta já em tão cur- to espaço de tempo, por suas mangas de fora e agir como se fosse dono da Ba- hia.

O CAPITALISMO AGONIZA "Caro Chefe de família: Acreditamos que sua situação finan-

ceira estável é fruto de trabalho, inteli- gência e força de vontade, ou seja: sua posiçlo na sociedade foi conseguida com honestidade. Por isso achamos conveni- ente alertá-lo para o perigo que ronda sua posição e até sua vida.

Dizem que o Brasil é uma ilha de tran- qüilidade. Triste enganol Estamos vi- vendo um clima revolucionário que po- derá ser agravado após 25 de novembro, caso determinados elementos, ligados a movimentos de esquerda cheguem ao po- der, através do voto de pessoas honestas, conscientes, mas desavisados. Nosso aler- ta visa, também, apontar os desvios do dito "CLERO PROGRESSISTA" que deturpando a palavra de Deus, prega a violência e a luta de classe, apesar das críticas feitas pelo PAPA JOÃO PAULO 11 a esta pregação marxista. João de Deus conhece a "Democracia" comunista que esmaga a sua terra natal, a Polônia.

Sob a capa de um socialismo demo- crata-cristão os bispos D. PEDRO CA- SALDAGLIA, D. MATHIAS W. SCHIDT, D. JOSÉ BRANDÃO DE CAS- TRO, D. JOSÉ RODRIGUES DE SOU- ZA, D. JAIRO RUI MATOS DA SILVA, D. JOSÉ BRANDÃO DE CASTRO e outros menos votados, além dos candi-

datos abaixo mencionados, pretendem roubar o que foi conseguido com sacri- fícios por homens de bem.

DOMINGOS LEONELLI, CARLOS MARIGHELLA, LUÍS UMBERTO PI- NHEIRO, MARCELO CORDEIRO, AMABfLIA ALMEIDA, FERNANDO SANTANA, ARMANDO LESSA OLI- VEIRA, MURILO LEITE, NATÂLIO D ANDAS, FERNANDO SCHMIDT, EMERSOM PALMEIRA, SÉRGIO DIAS, WALDIR PIRES, WALDEMAR OLIVEIRA, EMILIANO JOSÉ, JANE VASCONCELOS, LfDECE DA MOTA, ADELMO OLIVEIRA, NEY CAM- PELLO, ALCEBfADES COUTO, INÁ- CIO GOMES e outros, capachos do im- perialismo soviético.

Posteriormente faremos distribuir no- vos nomes comprometidos também com a corrupção. Não queremos fazer a "SUA CABEÇA" e sim fazê-lo ver o que existe por trás da demagogia.

MOVIMENTO CRISTÃO DEMO- CRÁTICO".

Esta carta foi distribuída, às vésperas das eleições, para centenas de pessoas de Feira de Santana, com endereço de Sal- vador. Qual os interesses dos seus auto- res? Que "Movimento Cristão Democrá- tico" é este? Quem está por trás, a TFP ou o PDS?

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PáOinat Danmbro/SZ O GRITO DA TERRA

COLUNA SINDICAL i t- B~* '

O que1 vai pelas entidades

CONDUTORES

O delegado sindical João Vieira, do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários de Salvador, afirma que encontra-se em tramitação na Justiça do Trabalho uma ação que o Sindicato está movendo contra as empresas Autossel e Industrial, por desres- peito à CLT e ao acordo firmado entre o Sindicato e as empresas.

O delegado sindical avisa ainda que o dissipo cole- tivo da classe no que trata do novo salário prcsa«iSsional dos motoristas interestaduais com base no INPC en- trou em vigor a partir de 19 de dezembro.

Encontra-se em fase de construção o prédio onde funcionará o gabinete médico-odontológico e uma barbearia para prestação de serviço aos associados do

. «indicato.

BANCÁRIOS

Enquanto, não for efetivada a construção de um diretor social para assumir a sede de lazer do Sindica- to dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Feira, a atual diretoria do sindicato optou por fazer um revezamento entre membros representantes da en- tidade para dar melhor assistência aos associados e conscientizá-los da importância de participação da classe nos destinos de sua sede.

Por outro lado prosseguem os trabalhosíde arreca- dação de fundos para a construção da 2? etapa, com grande aceitação por parte dos associados e se encon- tra em fase de compra os refletores que permitirão a realização de jogos durante a noite.

O sindicato, através de sua diretoria, continua em- penhado em desenvolver a fiscalização para punir os Bancos que não respeitam os direitos dos bancários, e faz uma solicitação aos companheiros pare. que procu- rem o Sindicato e denunciem as irregularidades exis- tentes.

GRÁFICOS

A Associação dos Trabalhadores Gráficos de Feira, mantém em cada gráfica um representante que possa desenvolver um trabalho de fiscalização nos atos in- coerentes dos empresários que continuam agindo irre- gularmente no que diz respeito às obrigações sociais para com os funcionários. Um levantamento já foi^ realizado contendo as anotações que serão entregues na Justiça do Trabalho, para posterioV análise e puni-

' ção dos infratores incorrigíveis. Está sendo distribuído um questionário aos traba-

lhadores gráficos para as indicações de sugestões para a realização da semana do trabalhor gráfico que será realizada em fevereiro do próximo ano.

TAXISTAS

0 Sindicato dos Condutores Autônomos de Veícu- los Rodoviários de Feira de Santana pretende dar iní- cio no próximo ano à construção da sede própria, implantação de uma cooperativa de consumo, instala-^ ção de uma borracha ri a e oficina com peças e acessó- rios com o propósito de melhorar a assistência do Sindicato aos seus associados e dependentes, cujos primeiros sinais de melhora se verificaram com a am- pliação dos benefícios sociais em forma de novos con- vênios firmados para melhor atender a categoria.

A diretoria vem desenvolvendo uma campanha de conscientização da classe, com cursos de relações hu- manas, para melhor preparar a categoria dos abusos causados por alguns motoristas irresponsáveis à popu- lação.

COMERCIÂRIOS

Com a volta do presidente efetivo, o Sindicato do Empregados no Comércio realizará um trabalho que visa informar aos seus associados os seus direitos, que com o movimento de fim de ano é esquecido pelos donos de casas comerciais que visam se beneficiar com o lucro tirado nas costas dos empregados. A dire- toria ficará bastante atenta e não vai deixar passar em brantíb nenhum tipo de abuso que venha a prejudicar a classe, mais é necessário também que os companhei- ros venham ao sindicato para denunciarem as irregula- ridades para que se possa tomar as devidas providên- cias.

CARLOS MELLO e COSME REBEIRO

Obs: Solicitamos das entidades de classe que continuem enviando suas correspondências para a Avenida Getúlio Vargas, 260 sala 102.

O pulo do gato Alguns prefeitos eleitos

em 15 de novembro pela

oposição e, mais precisa-

mente, pelo PMDB, já estão

começando a arrumar suas

malas para dar o "pulo do

gato", ou seja, mudarem pa-

ra o PDS. É o caso de dois

prefeitos de cfdades próxi-

mas a Feira de Santana:

Teodoro Sampaio e Concei-

ção do Jacu ípe.

Segundo uma fonte bem

informada, os dois prefçitos

já iriam procurar o governa-

dor Antônio Carlos Maga-

lhães para comunicar a sua

intenção e foram aconselha-

dos a não fazerem isso.

Quer dizer, a não seguirem

este caminho, mas seguir

outra ti lha que os levasse ao

mesmo destino. Um político "experien-

te", segundo a mesma fon-

te, comprometeu-se a' con-

versar com o prefeito eleito

pelo PDS em Feira de San-

tana, José Falcão da Silva,

para que este procure o go-

vernador a fim de lhe dar a

informação e induzir o go-

vernador a estabelecer "um

preço". Com isso atingiriam

duas metas: não haveria o

"oferecimento" por parte

dos dois prefeitos que pre-

tendem dar o pulo, o que è

umVtánto humilhante, e re-

forçaria a presença de José

Falcão na região.

E o eleitorado que esco:

lheu esses prefeitos exata-

mente por terem idéias e

transmitirem mensagens

oposicionistas, como fica?

Qual a justificativa que esses ilustres vão apresentar às co-

munidades que os escolhe-

ram?

No Brasil, tudo é pos-

sível. Milhares de pessoas —

no caso os eleitores — ele-

gem, um candidato e, de-

pois/ele sozinho decide mu-

dar de um partido para ou-

tro e nada acontece. Mas a

Lei é essa, por mais absurda

que pareça, tem que ser cum-

prida.

Quanto ao pulo dos dois

prefeitos eleitos em 15 de no-

vembro é só questão de tem-

po. Os eleitores que os esco-

lheram pçnsando noutro ti-

po de governo municipal

podem se preparar por que

pelo visto não vai demorar

muito tempp.

A seca: a velha mais conhecida do nordestino

"A seca é a velha mais conhecida do nordestino". Com esta frase quer-se dizer que o nordestino sem se as- sustar quando ela chega, no entanto, tem vez que da for- ma que ela vem não dá pra agüentar, é O caso de agora, sobretudo no sertão da Ba- hia onde os animais são dizi- mados por falta de alimen- tos, a população passa fome e sede. Há lugares em que se mendiga dos chefes políti- cos um "carro d'água" e, enquanto não chega, carre- ga-se água com 12 quilôme- tros de distância, utilizando- se o jegue como meio de transporte e, até mesmo "a cabeça", com a própria for- ça do homem ou da mulher.

Existem municípios e re- giões que não chove há dois anos, A população pobre da zona rural está em completo desespero. Falta tudo: água e comida. Em alguns lugares já se registram fatos no sen- tido de que o "alimento"

único que a população dis- põe é a "farinha de umbu- zeiro" (feita com a raiz do umbuzeiro) e o ourícuri.

Milhares de trabalhado- res rurais têní abandonado sua terra porque não têm mais condições de viver lá. Em algumas cidades a situa- ção é de pânico com a con- centração de flagelados e já se registram saques em de- pósitos de alimentos. A si- tuação é séria e muito grave.

O certo é que nó Nordes- te, todo ano se verificam ca- sos desse tipo. Hoje é aqui na Bahia, amanhã será em Pernambuco, Ceará, Piauí e assim por diante. Mas não se adotam providências para sanar tais problemas. Alter- nativas é que não faltam. Muitos técnicos têm apre- sentado propostas que, se postas em prática, reduziria significativamente tais pro- blemas. Mas não se adotam tais medidas.

Não é de hoje que parla-

O grito sofocado

Saudade que dói em peitos rasos

penumbra da noite perdida,

onde renasce o mar?

Nas águas do meu ser!

Onde se localiza esse ser?

No abismo do infinito!

Força invisível acalentada no destino

dos homens desamparados,

traz-lhe a amada como sossego

•Mergulhas no sol dos seres traumatizados;

devolvendo a cadência do prazer,

aliviando o sofrer

Não que o ardor seja eterno, e sim,

uma névoa densa Há ainda o engano seduzindo aos oprimidos,

há também, uma-espada lutando para reatá-lo

Corda que feres... desarmarras os corações atrofiados

pelo egoísmo Na face de alguém, se intercala um sorriso

por traz deste, uma lágrima se esconde.

Onde se põe esta Lua que não alumia

as noites de boêmia?

Ali no seu clarão, se concentra um homem

talvez solidão, talvez ressentimento

Sua viola entoa o eco do seu canto

que expressa sua força, sua fé

diante de um mundo tribulado e

de uma sociedade criminosa

Na ventania da noite fria

se vai seu grito:

LIBERDADE... LIBERDADE!

mentares (da oposição) de- nunciam a má utilização dos recursos destinados aos pro- gramas de socorro em casos de secas. Denunciam a cor

água para a sua localidade, está criando um laço de de- pendência, fica "devendo" um favor àquele chefe pol í- tico (por não perceber que

ru pç ã o . Denunciam que aquilo é um direito seu). Es existe uma "indústria' em funcionamento e que o pró- prio governo não tem inte- resse em fazê-la parar de funcionar.

Por que, por exemplo , não se investe massivamente na escavação de poços arte- sianos, de cisternas, de açu- des etc, sem a interferência dos pol/ticos locais que de- turpam' qualquer tentativa neste sentido? É que não há interesse para isso. Veja- se o seguinte: se com o di- nheiro que vem para "com- bater" as secas se construí- rem poços açudes, etc, isso poderá quebrar a dependên- cia da população para com os políticos locais e isso nin- guém quer. Ao tempo em que a população- mendiga um carro pipa para levar

se favor, geralmente, é pago com o voto em épocas de eleições. Como os políticos não querem perder esses vo- tos e não sofrem nas mes- mas proporções o problema das secas, então ele não adota essas medidas. Outra forma de manter a depen- dência são as conhecidas frentes de trabalho, planeja- das e executadas de forma que só fazem reforçar essa dependência.

É toda uma situação que escraviza o povo que já é oprimido e explorado por uma sociedade que só faz ti- rar dele mas que não existe para servf-lo.

Até quando essa situação vai se manter? Por mais cin- co anos, por mais cinqüen- ta, por mais cem anos?

O GRITO DA TERRA é um jornal que se .sustenta, basicamen-

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