pedras de verdade 2 (rev)
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Artigos relevantes sobre os acontecimentos hodiernos, sociais e espirituais.TRANSCRIPT
Roberto C. P. Junior
PEDRAS de VERDADE Tomo 2
● Círculo do Graal
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INTRODUÇÃO
Estes artigos colocam o leitor frente à frente com a realidade, tal como ela
é. Numa linguagem clara, objetiva, por vezes contundente e incisiva, os
textos mostram o mundo sombrio que o ser humano criou para si, com seu
afastamento voluntário da Luz. Desvendam, sem meias palavras, tudo o
que ele perdeu com isso. Mas também indicam o caminho das pedras que
permitirá à alma perscrutadora sair do caos atual, um caminho que só pode
ser percorrido por ela mesma, com suas próprias pernas.
O ser humano tem de acordar de seu milenar sono de chumbo e tomar o
caminho da ascensão espiritual. Agora! Se continuar a sonhar
tranqüilamente, no aconchego de sua indolência espiritual, acabará
dormindo para sempre, por toda a eternidade.
A criatura humana tem de se decidir, de uma vez por todas, a manejar
corretamente o tear da Criação, regido pelas inflexíveis Leis do Universo.
Está nas mãos dela própria tecer para si um belo e colorido tapete do
destino. Essa tarefa está nas mãos de cada um unicamente. Ninguém poderá
fazer isso por outrem.
Roberto C. P. Júnior
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Índice
Introdução
I – Conceito de tempo
II – Conceito de beleza
III – Objetos voadores mal identificados
IV – A Verdade: O que é e onde está I
V – A Verdade: O que é e onde está II
VI – Quando a morte é um direito
VII – As mazelas do falso amor
VIII – Mensagem de Natal
XI – Mensagem de Ano Novo
X – Bestas do Apocalipse
XI – Mensagem de Carnaval
XII – Mensagem de Páscoa
XIII – Vidas sem trabalho e trabalho sem vidas I
XIV – Vidas sem trabalho e trabalhos sem vida II
XV – Ovelhas negras, mães de aluguel
XVI – A falácia da personalidade hereditária
XVII – O que vem depois da morte
XVIII – As chamas que consomem o mundo
XIX – O enigma do homossexualismo
XX – A clonagem ética
XXI – A tragédia dos transgénicos
XXII – Ode aos animais
XXIII – A ilusão esportiva
Epílogo
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I
CONCEITO DE TEMPO
O tempo... Como definir essa grandeza? A
resposta não é óbvia. Requer uma análise mais
aprofundada, coisa que hoje pouca gente se
dispõe a fazer... por falta de tempo. Tempo
consumido quase que inteiramente na luta pela
vida, na batalha diária que se estende durante
anos, décadas, até a gloriosa apoteose: a
autocondecoração com a medalha de
“vencedor”, comenda que outorga ao agraciado o
direito de desfrutar do ócio caseiro com a
consciência do dever cumprido. Abrigado nessa
última trincheira ele poderá então, finalmente, aproveitar o tempo.
Verdade é que durante o desenrolar dessa peleja cotidiana, dessa insana
lufa-lufa, conseguimos reservar algumas horas semanais para o lazer e o
descanso, mas não para meditar nas questões cruciais da vida. Para essas
coisas não dispomos de tempo algum, não podemos absolutamente perder
tempo com isso.
“Assunto de filósofos!”, dirão muitos num estalo e com o passo apertado,
sorriso nos lábios e olhos no relógio. E assim vamos todos nós, os não
filósofos empedernidos, a correr pela vida afora, sem vivê-la, sem vivenciá-
la realmente, sem extrair dela os ensinamentos e reconhecimentos que nos
possibilitariam crescer como espíritos humanos que somos.
Comemos, bebemos e dormimos, exatamente como um rebanho bovino.
Talvez um pouco mais, pois também estudamos compulsoriamente,
trabalhamos mecanicamente e nos divertimos sofregamente. Assim como é
de se esperar de um rebanho humano. Mas será que a vida se esgota nisso?
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Em despender algumas décadas nessas atividades gregárias e só? E o
espírito humano? Que faz ele nesse espaço de tempo tomado integralmente
pelas necessidades corpóreas tão prioritárias?
Antes de responder a essas perguntas vamos tentar compreender a natureza
propriamente do tempo. De acordo com a teoria da relatividade de Einstein,
espaço e tempo estão interligados. Em velocidades próximas à da luz, a
massa de um corpo aumenta de forma perceptível, o espaço se contrai e o
tempo passa mais devagar.
O tempo passa mais devagar? Como é possível isso? Pode o ritmo do
tempo alterar sua pulsação sob determinadas circunstâncias? O tempo,
aliás, pulsa realmente?
Na infância tínhamos a nítida impressão de que o tempo, de fato, passava
mais devagar. Decorria uma eternidade até o período de férias chegar; o
Natal, sempre ansiosamente aguardado, era um evento que se repetia mui
raramente; o dia do aniversário, então, parecia mais um golpe de sorte
quando finalmente despontava.
À medida que crescemos a história se inverte. Parece que o tempo se
acelera. Mal repetimos nossas imutáveis resoluções definitivas de ano novo
e as semanas e meses já iniciam sua desabalada carreira. Quando nos
damos conta já estamos prestes a ultrapassar o primeiro semestre, para logo
em seguida nos surpreendermos com os primeiros acordes natalinos. E
apesar dessa mudança de percepção, sabemos que as intermináveis horas da
infância contêm os mesmos fugazes 60 minutos da fase adulta. Como se
explica isso?
Explica-se pela vivência. É a vivência do ser humano que muda a partir de
certa idade, e não o tempo. O tempo não muda. Os movimentos dos
ponteiros do relógio apenas registram numericamente a nossa passagem
dentro do tempo. O tempo não passa, nós é que passamos dentro dele.
Vamos tomar um exemplo. O registro da passagem de uma pessoa pela
Terra pode ser medido em um bem determinado número de anos. Digamos,
setenta. Mas isso não significa que esta pessoa tenha vivido tanto quanto
uma outra com o mesmo registro de anos. O registro é igual, mas a
vivência é diferente. E o que conta realmente, como verdadeira riqueza,
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como único lucro e substrato da existência terrena, é a vivência. Assim,
com base no que foi vivenciado a primeira pessoa pode ter vivido de fato
mais de cem anos, enquanto que a segunda, talvez, não mais de 30 anos.
Quanto maior mobilidade apresentar um espírito humano, quanto mais
vigilante e atuante for, tanto mais ele vivenciará num mesmo espaço de
registro de tempo. Exteriormente isso se mostra como uma aparente
dilatação temporal, isto é, para determinada pessoa o tempo parece
“esticar”, de forma a permitir que ela faça tudo a que se propusera.
Interiormente, porém, dá-se o contrário. Para aquela mesma pessoa o tempo
parece “voar”, de modo que mal consegue utilizá-lo como gostaria na
consecução de seus objetivos. Contudo, não foi o tempo que voou com
tamanha rapidez, e sim a própria pessoa é que atuou diligentemente dentro
dele. Foi ela que “voou” dentro do tempo, e por isso, somente por isso, ele
pareceu ter passado tão rápido. Conta-se que no fim da vida Leonardo da
Vinci se queixou de não ter tido tempo suficiente para fazer tudo quanto
queria...
Podemos colher um sem-número de outros exemplos dessa relatividade na
percepção do tempo. Basta que estejamos profundamente compenetrados
em alguma atividade importante, ou mesmo absorvidos pelo enredo de um
bom filme, e o tempo “voa” novamente. Por outro lado, enquanto estamos
presos à cadeira do dentista parece que descobrimos ali o conceito de
eternidade.
O tempo está, de fato, indissoluvelmente interligado ao espaço. Tempo-
espaço é o binômio concedido a cada criatura para o seu desenvolvimento,
esteja ela ainda na Terra ou em qualquer outra parte da Criação. Contudo, o
tempo não se altera. Ele permanece parado. O que muda é a percepção que
temos dele, segundo nossa própria mobilidade espiritual e terrena.
Mesmo aqui na Terra notamos, então, uma mudança na velocidade de
assimilação dos fatos a partir da adolescência. A partir daí o tempo parece
correr mais rápido, porque é nessa época que o espírito passa a atuar.
Quando o corpo terreno atinge um determinado estado de maturação, o
espírito dentro dele passa a se fazer valer plenamente, e então as vivências
se intensificam.
O simples início natural e automático da atuação espiritual já é, pois,
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suficiente para alterar a percepção do tempo, mesmo que em escala
reduzida. Contudo, na quase totalidade das pessoas o espírito não atua
como deveria a partir dessa época. Ao invés de se manter no comando da
situação, conforme seria de se esperar e como é, aliás, sua função, o
espírito se curva às imposições do intelecto, excessivamente estimulado e
unilateralmente desenvolvido já no início da segunda década de vida. A
vontade espiritual não consegue se sobrepor à intelectiva, e assim o
espírito, que é tudo no ser humano, que é o próprio ser humano, torna-se
escravo do seu raciocínio, um mero instrumento dado a ele para sua
utilização durante a vida terrena.
Por isso, toda essa correria da vida moderna não constitui nenhuma
vivência para o espírito. Toda essa aparente riqueza de experiências
cotidianas é, tão-só, fruto da atividade cerebral, que naturalmente só pode
encontrar valor em coisas materiais, visíveis e palpáveis, inteiramente
consentâneas com o conceito terreno de espaço e tempo. O que se acha
além do espaço-tempo terreno o cérebro humano, pela sua própria
constituição, não é capaz de compreender, enquanto que o espírito, único
capacitado para isso, encontra-se por demais fraco e sonolento para assumir
esta tarefa.
E assim o ser humano atravessa a vida, celeremente, sem se preocupar em
saber quem ele é, sem saber de onde vem e qual a finalidade da sua
existência. Pior: passa pela vida sem mesmo procurar saber como deve
proceder para poder continuar existindo na Criação. Nada disso tem
importância para ele, o espírito adormecido no esquife intelectual.
Se o espírito do ser humano atuasse como deveria, suas vivências seriam
incomensuravelmente mais ricas. Transformar-se-iam imediatamente em
reconhecimentos duradouros, indeléveis, e com isto em evolução. E a
própria ciência também não precisaria mais esforçar-se paroxisticamente
em esticar a vida em alguns poucos anos, pois poderíamos facilmente
vivenciar séculos durante nossa curta passagem pela Terra.
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II
CONCEITO DE BELEZA
Em nossa época é consenso quase
unânime que para um fenômeno
poder ser plenamente
compreendido é preciso antes
dissecá-lo com o raciocínio. De
outra forma não se concebe o
conhecimento. Só quando
classificado até as minúcias pela
fraseologia acadêmica é que algo
granjeia credibilidade e se torna de
pleno valor, e com isso também digno de reconhecimento.
Estamos tão acostumados com esse “método de avaliação”, tão
convencidos de sua eficácia, que nem nos damos conta de quão restrito ele
é, ou melhor, do quanto nos restringimos ao nos submeter a ele voluntária e
incondicionalmente. Não percebemos, de maneira alguma, quão limitada é
a capacidade analítica do cérebro, absolutamente incapaz – devido à sua
própria constituição material – de compreender fenômenos cuja origem se
acham acima do espaço e do tempo terrenos. Não percebemos essa
limitação exatamente porque fazemos uso do raciocínio para tudo, e este é
nosso maior erro.
Assim, de fenômenos gigantescos só conseguimos perceber míseros
fragmentos, formando imagens desfocadas que nem de longe apresentam
qualquer semelhança com a realidade. Culpa de nós mesmos, que elevamos
o córtex cerebral a ícone máximo da evolução humana, em detrimento do
espírito. Culpa nossa, que somos todos ouvidos às artimanhas do intelecto e
completamente surdos à voz da intuição.
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Tome-se, por exemplo, o conceito existente atualmente a respeito da
beleza. À menção desta palavra surgem nos cérebros das pessoas mais
evoluídas imagens de belas paisagens e sons da natureza, enquanto que nos
de outras formam-se apenas rostos de top-models e de artistas de cinema.
Mais adiante não se vai, só para trás e para baixo, pois a maioria considera
como sendo beleza até mesmo o despudor e a lascívia. Com poucas
variações, o conceito de beleza hoje reduz-se a essas concepções.
Claro que podemos chamar a natureza de bela. Bela ela sempre será, pois
sua formação não está sujeita à influência humana. A natureza, aliás, só se
degrada de algum modo quando o ser humano sobre ela põe a mão,
provocando desequilíbrios em múltiplas formas. Contudo, a beleza da
natureza a nós visível é apenas uma parte diminuta da indescritível beleza
reinante na obra da Criação, da qual a matéria constitui apenas o último e
mais denso plano.
Quanto à beleza física, é de causar espanto a importância desmesurada que
ela desfruta, tão efêmera é. Algumas poucas décadas já são suficientes para
que se desvaneça em meio a rugas, dobras flácidas, pigmentos senis e
cabelos brancos. Que angústia então, absolutamente desnecessária e
desproposital, não traz o processo natural de envelhecimento a tantas
pessoas inconformadas com isso. Uma gente atormentada por si mesma,
que por meio de cremes, poções e plásticas luta ferozmente para trazer de
volta uma juventude que há muito se esvaiu. Quadro triste esse.
Beleza não é isso. Beleza não se restringe a isso. Beleza é algo muito,
muito maior. Ela é o efeito natural e inevitável de todo e qualquer
fenômeno que se processa em conformidade com as leis da Criação. Tudo
o que age e se molda de acordo com essas leis será belo. Sempre. É
impossível não sê-lo. Mesmo aqui na Terra podemos então constatar isso,
ainda que em escala reduzida, observando a beleza sempre renovada da
natureza. Como ela, a natureza, se desenvolve incondicionalmente segundo
essas leis, não estando sujeita à vontade humana, tem necessariamente de
ser bela. Alguém, por acaso, já viu alguma flor feia?
Podemos afirmar, sem medo de errar, que a causa de tudo quanto não é
belo decorre exclusivamente de uma atuação contrária às leis da Criação,
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ou leis naturais. Sofrimento, dor, miséria, fome, doenças não são obras do
acaso, não são golpes do destino nem castigos divinos, mas apenas efeitos
automáticos da vontade humana errada. Jamais esteve previsto que coisas
desse teor pudessem existir aqui na Terra. Foi a própria humanidade que
insistiu em criar para si coisas assim tão feias, ao atuar teimosamente
durante milênios e milênios em sentido diametralmente oposto ao indicado
por essas leis férreas. Ao invés de direcionar seu livre-arbítrio para
incrementar ainda mais a beleza circunjacente, como era de se esperar dela,
a humanidade como um todo fez o inverso disso. E agora se surpreende ao
se ver obrigada a viver em meio ao horror de suas obras falsas.
Quem quiser viver rodeado de beleza tem de construí-la para si. E isso não
é difícil. Basta que a respectiva pessoa se esforce em viver de acordo com
essas poucas e simples leis naturais, procurando direcionar seus
pensamentos, palavras e ações sempre no sentido construtivo, no sentido do
bem. Se perseverar nisso sua vida tornar-se-á novamente bela, e também
ela própria, como resultado da atuação dessas mesmas leis.
Os que pautam suas vidas dessa forma são sempre bonitos. São aquelas
pessoas (poucas) que parecem clarear o ambiente só com a sua presença, e
que atraem magneticamente outras também possuidoras de qualidades
boas. Homens que inspiram confiança e mulheres que irradiam graça. São
belos no verdadeiro sentido da palavra, pouco importando se jovens ou
velhos.
Mas estes, infelizmente, são a exceção, e cada vez mais rara. A maior parte
da humanidade é constituída de almas feias, muitas horríveis mesmo,
deformadas pelo egoísmo, pela mentira, pela inveja e pelo ódio. Seres que
em maior ou menor grau conspurcam o ambiente e talham o ar a seu redor.
São, sim, criaturas horripilantes, mesmo se o reflexo de seus corpos no
espelho possa ser chamado de agradável.
No futuro, quando o conceito de beleza tiver sido endireitado à força, assim
como tudo o mais que essa humanidade torceu em sua cegueira espiritual, a
Terra voltará a ser habitada unicamente por seres humanos belos, na mais
completa acepção deste termo. A vida inteira voltará a ser bela, será tão
maravilhosa e linda como já fora no início. E como deveria ter
permanecido.
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III
OBJETOS VOADORES MAL IDENTIFICADOS
Mal identificados parece ser a expressão mais adequada, porque de uma
maneira ou de outra o fenômeno OVNI é, sim, identificado sob múltiplas
formas por um amplo espectro de especialistas, que vai dos infra-crentes
aos ultra-cépticos. Pessoas e organizações produzem continuamente novas
suposições a respeito, cuja única característica comum é serem todas
aguerrida e apaixonadamente defendidas pelas respectivas faixas do
espectro ufológico. As suposições, bem entendido, não precisam ser
necessariamente compreendidas. O entusiasmo basta.
Mas será razoável, será prudente rotular de uma maneira única os milhares
de testemunhos coletados em todo o mundo sobre aparições de estranhos
objetos e conformações luminosas?
Os mais respeitados estudiosos, que na maior parte são também os mais
respeitáveis, visto que procuram desvendar a realidade dos fatos de
maneira imparcial e sem idéias preconcebidas, estimam que entre 85% a
95% dos relatos sobre discos voadores são alarmes falsos. Ou se trata de
fenômenos atmosféricos perfeitamente conhecidos – ainda que raros – ou
são mistificações abertas.
O pequeno percentual de casos inexplicados ainda precisa ser dividido em
dois grupos distintos: o dos objetos luminosos de formas indefinidas e/ou
mutáveis, e o dos objetos voadores de formas definidas, de aparência
metálica, geralmente com o aspecto de dois pratos superpostos.
Para inconformismo certo do contingente sempre crescente dos fantasistas
astronômicos, pode-se afirmar com segurança que o grupo composto de
objetos luminosos desconhecidos são fenômenos exclusivamente naturais.
E isso por uma razão muito simples, prosaica mesmo: nada do que ocorre
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na natureza ou por seu intermédio pode ser antinatural. Essa hipótese já
fica afastada pela própria etimologia da palavra natureza. Antinatural é
apenas o comportamento de uma parcela não pequena da humanidade, que
quando não compreende um fenômeno qualquer da natureza se outorga o
direito de alimentar sua fantasia mórbida (com perdão do pleonasmo) com
as mais alucinadas explicações. E não só alucinadas como também
aliciantes, pois quanto mais absurda, quanto mais inverossímil for uma tal
explicação, tanto mais interesse despertará num outro grupo de seres
humanos, ainda mais numeroso, que forma uma única, extensa, compacta e
tristemente crédula massa de entusiastas volúveis.
Seria uma atitude muito mais digna nesses casos, aliás a única atitude
digna, afirmar singelamente: “Não sei do que se trata”, ou então: “Com os
conhecimentos e recursos que dispomos não podemos ainda esclarecer a
causa e a finalidade desses fenômenos.” Seria muito mais sensato do que
procurar acobertar a própria ignorância e fomentar a alheia com alguns
disparates pseudo-esotérico-científicos. Não são ares doutorais nem
semblantes de pretensa paz mística que fazem do diletante um sábio.
Esses interessantes fenômenos luminosos, já presenciados por muitos e até
registrados em fotos e filmes, são ocorrências naturais, naturalíssimas, pois
se assim não fossem simplesmente não poderiam ocorrer. Isso as leis
férreas que regem a Criação não permitem.
Essas conformações luminosas são oriundas do próprio planeta Terra, da
natureza terrena, assim como o são outros fenômenos atmosféricos, como a
aurora boreal, o praticamente desconhecido “fogo-de-santelmo” e o
raríssimo “raio-bola”. O fato de a origem e o significado daquelas
conformações ainda não serem compreendidos deveria tão-somente servir
de estímulo para que nos ocupássemos com mais seriedade do planeta em
que vivemos, que nos aprofundássemos na compreensão dos fenômenos
que se desenrolam nele. Deveríamos nos ater à manutenção e preservação
dessa morada que nos foi legada como pátria, sem permitir que nossa
imaginação nos arraste até os confins das galáxias. A imaginação
desenfreada atiça a fantasia, que por sua vez aduba a vaidade e a presunção.
Nossa atuação é aqui, no planeta Terra, pois somente nele podemos nos
desenvolver. A vontade sincera de compreender as leis que regem a
natureza e agir de acordo com elas traz, como primeiro e mais importante
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efeito, a humildade redespertada, que é a condição básica, incontornável,
para a compreensão de qualquer fenômeno na Criação.
Com relação ao segundo grupo de fenômenos estranhos, o das “naves
alienígenas”, o diagnóstico é mais simples, pois só há duas causas possíveis
para isso, capazes de abduzir ingênuos e incautos: mentira deslavada ou
fantasia desbragada. Só quem desconhece por completo as leis da Criação
(e até mesmo as leis da física) pode imaginar que seres de outros planetas
estejam agora sobrevoando sorrateiramente a Terra, oriundos de galáxias
distantes, ou do futuro, ou ainda do além, que são as três possibilidades
consideradas por quem dispõe de tempo para gastar nessas coisas.
Claro que é uma presunção infinita imaginar que apenas este nosso
pequeno planeta seja habitado. Não são poucos, felizmente, os cientistas
que crêem na existência de vida extraterrestre, pois o mais elementar
cálculo de probabilidade demonstra a insustentabilidade dessa concepção
pueril e egocêntrica, de que a vida é um milagre restrito à Terra. Contudo,
não é possível aos habitantes de cada planeta realizar visitas de cortesia
entre si em naves espaciais.
Também a idéia comumente difundida sobre a aparência de seres
extraterrestres, como sendo humanóides verdes, de cabeças grandes e olhos
amendoados, e ainda outras semelhantes aberrações anatômicas, é,
naturalmente, apenas mais um produto dessa doença incurável e contagiosa
chamada fantasia humana. Ela, a fantasia, induz as pessoas a acreditar em
absurdos desse tipo, enquanto que o intelecto, indissoluvelmente atado à
matéria, já há muito se encarregou de extinguir nelas o verdadeiro saber
sobre os seres da natureza, os enteais – estes sim de existência real –
exilando-os para longe, para o reino das mitologias, das lendas e dos contos
de fadas. Em relação ao aspecto dos habitantes de outros mundos, o ser
humano de hoje crê firmemente nas configurações distorcidas geradas pela
sua fantasia delirante, e (ironia das ironias) taxa de fantasia o saber sobre a
existência dos seres da natureza aqui na própria Terra, apenas porque
perdeu, por culpa própria, a capacidade de vê-los e interagir com eles.
Milhões de planetas são, sim, habitados. Mas habitados por seres humanos
como nós. A forma humana, a da criatura surgida segundo a imagem do
seu Criador, é a mesma por toda a parte. E nós, terráqueos, poderíamos até
estabelecer contato com habitantes de outros planetas, se apenas nos
tivéssemos desenvolvido de modo certo. Não desenvolvimento
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tecnológico, mas espiritual. As pessoas que se ocupam com a astronomia,
por exemplo, poderiam hoje ter chegado ao ponto de poder entrar
conscientemente em contato com esses seres humanos de fora da Terra, que
como nós também são seres espirituais. Unicamente o espírito vivo é capaz
de transpor as imensuráveis distâncias do universo material, não a técnica
morta e pesada, que mal consegue fazer um jipinho rodar alguns míseros
centímetros ali em Marte, que está colado à Terra em termos astronômicos.
Contudo, a possibilidade de contato espiritual com seres de outros planetas,
assim como muitas outras coisas mais, está completamente vedada a esta
humanidade terrena, que por vontade própria comprimiu o âmbito do seu
desenvolvimento, o mais que pôde, dentro dos estreitíssimos limites da
matéria.
O ser humano da época atual não pode formar uma idéia, absolutamente,
do quanto ele se restringiu, do quanto ele perdeu ao se manietar
incondicionalmente à matéria perecível. Primeiro ele fechou para si os
portais do Paraíso, depois perdeu o conhecimento que tinha dos seres da
natureza, e por último se isolou totalmente no universo, envolvendo o
planeta numa redoma escura que o mantém inacessível a qualquer
influência mais elevada.
A imagem acalentada por muitos, de naves partindo da Terra para cruzar o
cosmos em missões de exploração ou colonização, é apenas um tímido
resquício do anseio inconsciente de espíritos sufocados pelo raciocínio.
Seres atrofiados por si mesmos, que só conseguem ainda vislumbrar como
progresso a subida de foguetes... e não mais a ascensão do próprio espírito.
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IV
A VERDADE: O QUE É E ONDE ESTÁ
Parte 1
Qualquer um que ousar tratar deste assunto abertamente, dispondo ou não
de algum conhecimento de causa, será imediatamente desacreditado de
antemão, antes mesmo de ter suas idéias analisadas e avaliadas com
isenção. Será rotulado previamente e preventivamente, impiedosamente, de
enganador, de usurpador, de mistificador, e também de sectário, de
estelionatário, de salafrário. Adjetivos que não rimam com mentira, mas
que são todos subprodutos dela.
Uma reação, diga-se, bastante natural e previsível, considerando-se que a
mentira já desde muito foi entronizada como a tirana planetária das nações,
o farol que ilumina o proceder dos povos e dos indivíduos – e que com isso
determina também os seus destinos, o poderoso pajé mundial, que fez da
quase totalidade da humanidade uma tribo globalizada de zumbis, sem
discernimento nem vontade própria.
Tudo, mas tudo mesmo na vida humana de hoje está impregnado de
mentira. Regimes políticos e profissões, religiões e ciências, artes e
literatura, crenças esotéricas e filosofias multifacetadas, nada pôde
permanecer livre dela. E muita coisa nem mesmo quis. Vivemos sob o
império da mentira. É como se toda a Terra tivesse sido envolta por um
único e denso lodaçal repugnante, que fez submergir sem resistência toda a
raça humana juntamente com suas obras de que tanto se orgulha,
impedindo qualquer um de chegar à tona por mais que se esforce, e muito
menos ainda de voltar a ver com clareza e respirar ar puro.
Mentem entre si diuturnamente pais e filhos, professores e alunos, patrões e
empregados, governantes e governados. A mentira é o esteio da vida
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moderna, a base dos relacionamentos familiares, profissionais e públicos.
A primeira lição que uma criança aprende, ainda no berço, é como mentir e
enganar, com os seguidos exemplos dados pelos pais e parentes. Nos
Estados Unidos, nada menos que 90% dos executivos mentem
rotineiramente em suas relações de trabalho, conforme indicou uma recente
pesquisa; os outros 10%, provavelmente, mentiram quando responderam à
enquete... A chamada linguagem diplomática, esse idioma hipócrita com
que os chefes de Estado falam uma coisa querendo dizer outra, é a própria
mentira institucionalizada.
Que se pode esperar então, como resposta, ao se procurar falar sobre
verdade a quem tem a mentira como sustentáculo e conselheira? Ao se
tentar discorrer sobre as propriedades da água pura, cristalina, em meio ao
lodaçal? Ao se querer decantar os valores perenes da sinceridade e da
franqueza aos discípulos de Pinóquio? Erigimos em nosso íntimo um altar
para a mentira, e por isso divisamos sempre com cerrada desconfiança
qualquer vislumbre de verdade.
Contudo, vivemos numa época em que esse tristíssimo estado de coisas
está prestes a mudar. Não por obra e graça do ser humano, que já deu
provas mais do que suficientes de ser absolutamente incapaz de administrar
a sua própria casa, tendo utilizado a dádiva do seu livre-arbítrio unicamente
para transformar este planeta, outrora paradisíaco, num chiqueiro em
escombros. A intervenção se dá presentemente através de uma Vontade
superior, contra a qual a criatura humana é completamente impotente. Uma
Vontade que não mendiga uma conversão para o bem, mas que a impõe.
Para os seres humanos, que sempre insistiram em fazer o papel de areia no
mecanismo da engrenagem universal, só existem agora duas alternativas,
na última bifurcação da sua existência: integrar-se finalmente – e rápido –
às leis universais que regem a Criação, o que equivale a obedecer
voluntariamente a essa Vontade superior, ou… perecer.
Não varremos também nossas casas, para lançarmos fora toda a sujeira
acumulada? Não fazemos questão de conservá-la limpa? Não retiramos as
crostas mais aderentes, mais escondidas? Em nossa época a grande casa
Terra também está sendo limpa, até em seus últimos recônditos. E é por
essa razão que surge agora tanta imundície, proveniente dos locais mais
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insuspeitados. O ar ainda ficará sujo e empoeirado durante algum tempo,
com a limpeza que se processa agora vigorosamente, antes de começar a
clarear pouco a pouco. Terminada a limpeza, também o lodaçal da mentira
terá sido removido por completo, e a verdade ocupará novamente o lugar
que lhe cabe, voltando a imperar como única e legítima soberana mundial.
Para quem for capaz de represar os adjetivos mencionados no início deste
ensaio até completar sua leitura, quero tratar aqui do tema da verdade, sem
a mínima pretensão nem intenção de abrangê-lo e muito menos de esgotá-
lo, nem mesmo parcialmente. O propósito é tão-só indicar um rumo a quem
traz consigo, como bússola própria, o anseio sincero de encontrar, por si
mesmo, respostas sem lacunas às questões primordiais da vida humana.
Que é, pois, a verdade? Existiria uma verdade única, intangível e absoluta?
Será que alguma das milhares de religiões e seitas em funcionamento hoje
no mundo detém o conhecimento da verdade integral, o saber sem lacunas
sobre todo o existir e atuar universais?
Gerações de estudiosos, filósofos, místicos e religiosos se debruçaram
sobre a questão da verdade ao longo de milênios. O resultado desse esforço
(muito mais antagônico do que harmônico) foi uma miríade de correntes de
pensamento lançadas em todas as direções. Não surgiu daí uma visão clara,
nem mesmo um vislumbre do que efetivamente existe, e muito menos
ainda uma certeza inquestionável. Vejamos as principais delas:
Há uma corrente de pensamento, bem conhecida e que ostenta considerável
número de adeptos, que sustenta não haver nenhuma verdade além daquilo
que se pode perceber com os órgãos sensoriais do corpo e instrumentos
técnicos, sendo, por essa razão, uma completa perda de tempo esforçar-se
em sua busca. Uma outra concepção admite existir uma verdade que tudo
abrange, mas considera o ser humano incapacitado para descobri-la e
assimilá-la. Uma terceira corrente advoga então que cada qual tem a sua
própria verdade, que seria assim múltipla, não existindo, portanto, uma
verdade única. A quarta suposição crê na verdade revelada por alguma
religião, considerando-a como a única legítima, de modo que as verdades
sustentadas por outras crenças são tidas como falsas ou distorcidas. Uma
quinta suposição é a defendida por inúmeros movimentos esotéricos, que
afirma que uma pessoa pode atingir níveis cada vez mais elevados de
consciência (ou algo semelhante) e assim aproximar-se mais e mais de uma
● Círculo do Graal
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verdade, desde que iniciada nas práticas secretas da respectiva agremiação.
Também aqui, cada uma dessas entidades possui a sua própria verdade.
Há ainda uma outra linha, muito pouco conhecida e considerada, que
afirma existir, sim, uma verdade única e absoluta, e que o ser humano pode
obtê-la até um certo grau desde que preencha determinados requisitos
próprios, requisitos esses que nada têm a ver com exterioridades, como
nível cultural ou condição social, mas que dizem respeito, exclusivamente,
ao seu âmago, isto é, ao próprio espírito humano. Como tudo no mundo
hoje está obscurecido pela teia da mentira, é de se esperar logicamente que
a concepção mais pura, a que mais se aproxime da realidade, seja
justamente a menos considerada. E assim é. A mais verdadeira das
concepções sobre a verdade é exatamente esta última, e vamos ver porque
na segunda parte deste ensaio.
Muitíssimos pesquisadores acreditam que para se encontrar a verdade é
preciso renunciar ao mundo e viver no ascetismo, enquanto que outros
tantos estão convencidos de que é imprescindível estudar muito, talvez até
obter um phD em Teologia. A verdade, porém, é a própria simplicidade, a
própria singeleza, a própria lógica natural. Tudo o mais é produto exclusivo
do cérebro humano, que, como visto, é em nossa época impulsionado,
nutrido e conduzido pela mentira.
Assim, de forma absolutamente lógica e natural, tudo quanto é engendrado
exclusivamente pelo raciocínio humano tem, necessariamente, de estar
muito afastado da verdade, quando se trata de coisas que estão acima dos
conceitos terrenos de espaço e tempo. Nessas circunstâncias, nada pode
estar mais longe da verdade do que as concepções oriundas do ponderar
intelectivo, que jamais podem elevar-se do âmbito estreito da matéria,
mesmo quando ornadas com as mais fantásticas – e pueris – configurações
de fantasia. A compreensão acertada deste fato constitui o primeiro passo
do pesquisador em seu caminho na busca da verdade.
● Círculo do Graal
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V
A VERDADE: O QUE É E ONDE ESTÁ
Parte 2
Na primeira parte deste ensaio eu disse que a concepção sobre a verdade
que mais se aproxima da realidade é aquela que afirma que o ser humano
pode, sim, obter o conhecimento da verdade até certo grau, o
reconhecimento de como as coisas realmente são na Criação, e que para
tanto são necessários determinados requisitos próprios, determinadas
condições. Essas condições, porém, nada têm a ver com exterioridades,
como cultura, nível econômico, vinculação a alguma religião ou seita, etc.,
mas dizem respeito tão-somente ao íntimo do ser humano, ao seu
verdadeiro estado de alma, que na maior parte dos casos é muitíssimo
diferente da idéia que ele mesmo tem de si.
Para analisar esta concepção sobre a verdade, considerada a mais correta,
vamos estabelecer como premissa única que todo o Universo é regido por
leis muito bem determinadas. E reconhecer isso não é difícil, pois basta
contemplar com imparcialidade a própria natureza circunjacente. Em tudo
se observa a atuação de leis inflexíveis, perfeitas, que não falham nunca,
que não apresentam exceções. São de tal modo perfeitas que têm,
necessariamente, de ser abrangentes, isto é, traspassar toda a Criação,
portanto o que mais ainda houver acima do plano material a nós visível. E
se perpassam tudo quanto existe, devem originar-se de um ponto comum.
Quem então não estiver ainda totalmente obliterado pelo raciocínio, não
encontrará nenhuma dificuldade em conceber um Ser supremo, um
Criador, como ponto de origem dessas leis. Os que não podem atingir um
tal estágio de maturidade, que lhes dê essa convicção inabalável, já se
excluem por si mesmos de reconhecimentos mais elevados. Eles mesmos
fecham o portal do saber sobre si. E na maior parte das vezes fecham-no,
como é notório, com grande estrondo, para que todos percebam como são
absolutos e superiores em suas idéias, para que ouçam todos claramente
● Círculo do Graal
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com que firmeza estão decididos a afundar na estupidez e a medrar na
mediocridade.
Assim, já nesse estágio inicial do reconhecimento fica para trás,
automaticamente, toda uma legião de filósofos materialistas com seus
séquitos deslumbrados, hipnotizados pela ilusão de saber das ciências.
Absolutos e superiores são eles lá no seu mundinho que podem ver, cheirar
e apalpar, e que consideram como o único existente. E que para eles de fato
é, já que não passam de espíritos atrofiados, indissoluvelmente chumbados
à matéria. Deixemo-los lá embaixo, desfrutando prazerosamente o seu
"saber" em simpósios e seminários, comovendo suas seletas platéias com
um escambo sem fim de teorias e hipóteses. Prossigamos.
Jamais esteve previsto que o desenvolvimento do ser humano aqui na Terra
tivesse que se processar no escuro, às apalpadelas, sem uma compreensão
clara de sua origem e missão na Criação. Muito pelo contrário. Desde o
nascimento do primeiro ser humano na Terra, já estava determinado que ele
teria informações crescentes sobre o sentido da vida e de seu papel na
engrenagem universal. Mas isso sempre e somente quando ele atingisse,
por si mesmo, um determinado grau de maturidade. Nunca antes, pois o
solo precisa estar adequadamente preparado para a semeadura, caso
contrário ela não vinga. Isso é um efeito sobejamente conhecido também
aqui, na matéria visível.
Essa contingência espiritual de o ser humano ter de se esforçar para
amadurecer remonta, pois, aos primórdios da humanidade, e desde então
ela não mudou de maneira alguma. Permaneceu sempre a mesma, porque
faz parte integrante de uma lei da Criação. E uma lei da Criação é, por
definição, imutável, pois o que é perfeito não pode, evidentemente, estar
sujeito a aperfeiçoamentos. É contingência indesviável que o ser humano
tem de amadurecer por si mesmo, através das vivências que encontra em
suas peregrinações nas materialidades, caso quiser ascender. Atingido um
certo grau de maturidade, torna-se-lhe então possível acolher
reconhecimentos algo mais elevados, que levantam um pouco mais para ele
o véu da atuação do mecanismo da Criação.
De tempos em tempos, ao longo de centenas de milhares de anos, chegaram
então à Terra novas revelações da verdade, sempre em consonância com a
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respectiva maturidade atingida pelos povos.
A verdade foi sendo assim desvelada paulatinamente, exatamente como
fora previsto. O que, porém, nunca esteve previsto era que o próprio ser
humano, a partir de um determinado ponto, interrompesse bruscamente o
seu desenvolvimento espiritual. Inesperadamente ele começou a dar valor
apenas à matéria perecível, esquecendo-se pouco a pouco de que era, por
essência, um ser de espírito. E para abafar a voz acusadora da sua intuição,
que naquela época longínqua ainda se fazia ouvir nitidamente, ele criou
para si a mentira, que até então não existia em parte alguma da Terra. Ele
fechou sua alma para a verdade que brilhava radiosamente acima dele,
obscurecendo-a com ridículos penduricalhos moldados pelo seu intelecto, o
qual já se encontrava excessivamente desenvolvido, e que devido à sua
própria constituição material só podia mesmo divisar valores unicamente
em coisas materiais, as únicas para ele compreensíveis.
A partir daí as revelações do Alto passaram a chegar entremeadas de
advertências e exortações, para que aquelas criaturas se modificassem
ainda em tempo e pudessem retomar o caminho do reconhecimento da
verdade, com a concomitante – e conseqüente – evolução de seus espíritos.
Caso contrário, as sementes espirituais humanas, que até então se
desenvolviam maravilhosamente no grande campo de cultivo da matéria,
acabariam se perdendo, por imprestáveis e nocivas. Exatamente como se dá
também numa lavoura, quando sementes estragadas não conseguem
germinar ou dão origem a plantas fracas e improdutivas. Datam dessa
época os vários textos de profetas antigos, invariavelmente repletos de
severas advertências e admoestações.
As doutrinas trazidas por espíritos preparados, em épocas para isso bem
determinadas, eram em todos os sentidos puras e verdadeiras, malgrado
diferenças de forma entre elas, consentâneas às características dos povos a
que eram destinadas. Mas depois que a humanidade como um todo se
desviou do caminho ascendente, acontecia invariavelmente algo insólito:
decorrido um certo tempo da morte do respectivo preceptor, os dirigentes
então responsáveis pela doutrina começavam a imiscuir coisas estranhas a
ela, de modo que esta acabava se transformando em algo muito diferente e
até mesmo contrário aos ensinamentos originais. Os sucessores envolviam
a verdade das doutrinas, originalmente puras, com suas mentiras
● Círculo do Graal
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inventadas, consciente ou inconscientemente. Isso acontecia sempre, como
uma infeliz conseqüência natural do avanço crescente e ininterrupto da
mentira por toda a Terra, em todos os campos da vida humana. Até mesmo
com os ensinamentos trazidos por Jesus, o Filho de Deus, não se deu
diferentemente.
A maior prova de que as atuais religiões não correspondem às doutrinas
originais é a hostilidade mútua entre elas, velada ou não. Nunca poderia
acontecer que doutrinas provenientes da verdade pudessem fomentar a
discórdia entre os povos. Se as chamadas religiões tivessem permanecido
puras, elas até poderiam ter hoje formas diferentes, mas seriam
complementares entre si, convergentes, já que os ensinamentos originais
provieram da mesma fonte. Jamais poderiam ser incompatíveis entre si, e
muito menos ainda antagônicas.
O nível de conhecimento da verdade que a humanidade chegou a possuir
num passado remoto perdeu-se na noite dos tempos. Uma noite
terrivelmente longa, de espesso negrume, criada pela mentira, que manteve
assim durante milênios esta Terra imersa em trevas e cuidou para que o Sol
da verdade não mais brilhasse sobre ela.
Agora, nesta época crucial da história humana, a mais crucial que já
existiu, quando todas as estruturas geradas e nutridas pelo até então
onipotente raciocínio estão ruindo indisfarçavelmente por toda a parte,
fragorosamente, quando cada um tem de decidir sobre a sua própria
subsistência como espírito humano, a verdade está novamente na Terra.
Chegou aqui moldada para a época atual, para os seres humanos atuais. Os
requisitos para encontrá-la, porém, não mudaram, permanecem exatamente
os mesmos de outrora, como não poderia deixar de ser. Como sempre, é
preciso uma determinada maturidade de espírito, que só pode ser obtida por
esforço ascensional próprio, exclusivamente pessoal. Somente isto torna o
anseio espiritual legítimo, vivo, e não a mera curiosidade mental.
Quem possui esse anseio legítimo, ardente, e traz em si a humildade em
forma pura, atingiu também as condições necessárias para encontrar e
reconhecer a verdade nesta nossa época. Este terá efetivamente de
encontrá-la. Os outros não. Passarão por ela sem vê-la nem reconhecê-la,
pois não estão aptos para isso, mesmo que seu raciocínio lhes convença do
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contrário. A verdade integral está na Terra. Cabe ao espírito humano a
tarefa de encontrá-la e reconhecê-la, livre de idéias pré-concebidas de
sofismas cerebrinos.
Conhecer realmente a verdade significa vivê-la, vivenciá-la, viver dentro
dela e nela. É ter todas as dúvidas existenciais sanadas. É esforçar-se
continuamente em ascender espiritualmente. Saber a verdade significa
conhecer a Criação até o ponto de origem do ser humano. Conhecer a
Criação, porém, é o fundamento para reconhecer o caminho que vai se
abrindo à medida que se progride na escalada espiritual.
Essa possibilidade está ao alcance de cada um que ainda traz dentro de si
uma fagulha de verdade. Não é a erudição, não é o ocultismo nem o
misticismo, não é a crença cega que conduzem à verdade. O caminho para
lá só pode ser aberto pela condição interior do indivíduo, formada pela sua
própria vontade pura. Por nada mais no mundo.
A verdade provém do Criador. Ela nutre e revigora o espírito humano, e é
para ele a escada da ascensão espiritual. Já o seu antônimo, a mentira, é
uma invenção exclusiva da criatura humana degenerada. Ela corrói a alma,
suga as últimas forças do espírito e é para ele o poço que o conduz com a
máxima segurança até as profundezas da perdição espiritual.
O ser humano tem a escolha. Ainda.
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VI
QUANDO A MORTE É UM DIREITO
Ainda crianças aprendemos que ninguém tem o direito de tirar a vida de
outrem, e nem mesmo a sua própria. Os preceitos religiosos e as leis das
nações proíbem-no expressamente, e o caráter de muitas pessoas de bem
cuida de manter essa proibição firmemente sedimentada no âmago mais
profundo da consciência individual. Consciência esta na maior parte das
vezes moldada dolorosamente de choque em choque desde a primeira
idade, quando a criança e o pré-adolescente são forçados a constatar, com
perplexidade e incompreensão, que esse preceito tão básico, tão sagrado – o
da proibição de provocar a extinção da vida – é desrespeitado neste mundo
a cada fração de segundo, e sob múltiplas formas.
Para essas pessoas de boa índole, o horror evocado por latrocínios e
chacinas é tal, que elas simplesmente não podem admitir que o Estado
promova um horror semelhante, sob o amparo da lei; isso sem contar que
muitas estatísticas demonstram que a criminalidade não se tornou
significativamente menor nos países em que a pena capital foi adotada. É
este, no fundo, o principal argumento contra a pena de morte, sustentado
ainda pela assertiva contundente de que apenas Aquele que doou a vida tem
a prerrogativa de tirá-la, ou seja, tratar-se-ia de um ato fora das atribuições
de uma criatura humana. É uma argumentação poderosa essa, merecedora
de respeito, porque testemunha uma vontade sincera no sentido do bem.
Contudo, há nessa concepção uma falha fundamental, uma falha que
apenas não é reconhecida em virtude da falta de visão sobre as verdadeiras
conexões que determinam a vida humana.
É perfeitamente compreensível a aversão de uma pessoa boa ante a
possibilidade de tirar a vida de um ser humano. Mas essa aversão só existe
porque ela julga que todas as pessoas que como ela vivem na Terra são
também seres humanos. O erro está aí. Os chamados criminosos
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irrecuperáveis por exemplo, psicopatas que matam, estupram e promovem
toda a sorte de sevícias em seus atos criminosos não são mais, realmente,
seres humanos. Exteriormente eles ainda têm, sim, uma aparência humana,
mas isso não faz deles seres humanos absolutamente, pois o corpo humano
terreno é apenas uma ferramenta do espírito, e unicamente um espírito vivo
pode ser denominado de ser humano. O corpo material não é nenhuma
garantia de que dentro dele ainda vive um ser humano.
Os espíritos dessas ex-pessoas já estão mortos, e a aparência de suas almas
não têm mais a mínima semelhança com a forma humana. São monstros no
mais profundo e verdadeiro sentido da palavra, aberrações inomináveis que
conspurcam a Terra com sua presença asquerosa. Encontram-se muito, mas
muito abaixo do degrau ocupado por qualquer inseto, por mais
insignificante que seja. São menos do que um vírus patogênico, o qual tem
uma função a cumprir e a cumpre integralmente, enquanto que uma
aberração dessa estirpe, que apenas externamente se assemelha a um ser
humano não é nada, não passa de um amontoado de lixo em decomposição,
que somente aqui na Terra, sob a proteção do corpo terreno, ainda é capaz
de praticar suas atrocidades.
Muitas dessas “coisas” admitem que voltarão a matar e a estuprar caso
consigam fugir da prisão. Então vamos nós cuidar delas durante anos,
alimentá-las e tratá-las até que consigam seu intento? Que faríamos nós se
por ventura nos deparássemos em nossas casas com um aglomerado de lixo
fétido no meio da sala? Cobriríamo-lo com uma redoma para que não se
espalhasse ou o jogaríamos imediatamente na lata de lixo?
Direitos humanos, como o próprio nome já diz, são destinados a seres
humanos. Tão-somente seres humanos merecem usufruir direitos humanos.
Os outros não, porque humanos eles não são mais. E nunca mais voltarão a
ser. Dê-se a um assassino em série todas as condições necessárias para uma
reabilitação, todo o apoio, toda a assistência social que se pode imaginar, e
nada disso surtirá efeito. Ele continuará não sendo um ser humano. Não
pode mais sê-lo.
Sob esse ponto de vista, a própria denominação “pena de morte” não é
adequada. Não se trata propriamente de uma pena, mas sim de um direito.
É um direito de morte da sociedade, que não tem porque ser constrangida a
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viver acuada pela imundície.
Mas também não se justifica, de maneira alguma, o desejo de vingança
como estímulo a esse direito de morte. Vingança e ódio são sentimentos
muito negativos, que na reciprocidade só podem trazer desgraça
multiplicada a quem os alimenta dentro de si, mesmo quando dirigidos a
criminosos. O direito de morte é apenas o direito de viver sem lixo na sala.
Quando se analisa a vida hodierna sob uma ótica mais abrangente, não
restrita ao meramente terrenal, as aparentes incongruências se dissipam
automaticamente, enquanto que alguns conceitos tidos e havidos como
sólidos mostram toda a sua vacuidade com assustadora nitidez. Veja-se
então o aborto. Como o direito de morte mencionado anteriormente é a
única justificativa válida para se tirar a vida terrena de um ser maléfico, já
que não se trata mais de um ser humano, é inconcebível que uma mulher se
sinta no direito de praticar o aborto, com a idéia de que pode dispor do seu
corpo como bem entender. Uma gravidez, voluntária ou não, equivale a um
“pedido de vida” segundo as leis da natureza, e não a um direito de morte.
O aborto não passa de um crime, que sujeita a mulher que o pratica a
graves conseqüências anímicas, das quais ela só se tornará ciente quando
tiver deixado essa vida. Exceção aí apenas em caso de estupro, pois não é
difícil imaginar a espécie de criatura que pode se encarnar numa concepção
desse tipo.
Pela mesma razão nenhum ser humano tem o direito de tirar a própria vida.
Aliás, é preciso ser especialmente covarde para se praticar o suicídio. O
suicídio é a própria covardia, é a mais vergonhosa derrota imposta pela
preguiça espiritual, é a confissão da absoluta fraqueza interior, da
incapacidade de suportar os efeitos retroativos da atuação errada, é a
admissão da total incompetência em obter o amadurecimento pessoal
através da vivência indispensável. O suicida é uma criatura deplorável, que
com seu ato escarnece da dádiva da vida presenteada pelo seu Criador.
E a eutanásia? Seria também um crime ou mais um direito de morte? É
preciso diferençar. Há, na realidade, dois tipos: a ativa e a passiva.
Eutanásia ativa significa estabelecer procedimentos, inclusive ministrar
drogas, que abreviem a vida de um doente tido como desenganado. Já a
eutanásia passiva limita-se a deixar de oferecer recursos técnicos capazes
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de esticar artificialmente a vida de um paciente terminal, como por
exemplo aparelhos que substituem parte das funções vitais do corpo.
A primeira forma de eutanásia é um suicídio disfarçado, enquanto que a
segunda é um legítimo direito de morte.
A eutanásia passiva é o direito que cabe ao doente de morrer
condignamente. Só mesmo os mais empedernidos, enrijecidos e
“emburrecidos” materialistas podem encontrar alguma justificativa em se
manter uma pessoa em coma durante meses e até anos, através de
aparelhos. É preciso ser muito tapado mesmo para chamar uma tal situação
de “vida”. Como para o materialista só existe a vida terrena, ele acha então
preferível “viver” dessa forma a simplesmente morrer naturalmente.
Também tem grande peso aí um egoísmo exacerbado dos parentes e
responsáveis pelo moribundo, que dessa forma exigem que ele permaneça
neste mundo a qualquer preço, mesmo que seja como um vegetal.
Eutanásia passiva e eliminação de criminosos irrecuperáveis são duas
situações em que se configura o direito de morte. Contudo, quando estiver
findo o atual processo de depuração sobre a Terra, quando um novo tempo
tiver sido implantado, também essas duas situações terão desaparecido.
Doenças terríveis como as que assolam a pecaminosa humanidade de hoje
terão deixado de existir, porque nenhum dos seres humanos então
remanescentes precisará ser atingido por elas. E os chamados crimes
hediondos serão apenas uma triste recordação na memória desses seres
humanos purificados, lembrança amarga de uma era em que monstros
habitavam o planeta, da época em que os vivos andavam entre os mortos...
Vivos espiritualmente e mortos espiritualmente, pois outros não há.
Todavia, essa reminiscência angustiosa será logo suplantada pela alegre e
tranqüilizadora certeza de que toda a gama de mortos, aí incluído o grupo
dos ainda hoje denominados errônea e eufemisticamente de “seres humanos
de índole criminosa”, terá sido varrida para sempre da obra maravilhosa da
Criação.
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VII
AS MAZELAS DO FALSO AMOR
Dentre todos os conceitos originalmente puros que a humanidade como um
todo torceu ao longo de sua milenar decadência espiritual, talvez nenhum
outro tenha sido mais vilipendiado, mais achincalhado do que o expresso
na palavra amor.
Vamos começar pelo amor ao próximo. No que se transformou hoje esse
sentimento que é condição necessária e suficiente para o modo correto de
vida? Para, até mesmo, usufrui-la alegremente? Virou sinônimo de apatia,
de fraqueza e de moleza, de condescendência imprópria, confortável, para
com os erros e falhas dos semelhantes.
O amor ao próximo é hoje um amor complacente, falso, que com palavras
doces anestesia, sim, temporariamente a dor daquele que errou, mas o
impede de reconhecer a causa do sofrimento, o que infalivelmente força a
repetição futura desse mesmo sofrimento. Um amor que proporciona, sim,
um alívio momentâneo, mas ao preço da infelicidade perene; que
magnanimamente distribui esmolas aos desvalidos, mas não sem antes lhes
subtrair o tesouro da dignidade. Um amor que enxuga, sim, prontamente as
lágrimas do sofredor, mas apenas para que este possa divisar mais
nitidamente o sorriso beatificado a emoldurar o semblante compadecido de
seu amoroso consolador.
Amor ao próximo não pode ser isso. Amor, amor verdadeiro ao próximo é
dar a ele, antes de mais nada, aquilo que lhe é útil, independentemente se
isso lhe causa ou não alguma alegria efêmera. É mostrar de forma clara, até
mesmo contundente, os erros cometidos, os quais sempre retornam ao
gerador na forma de sofrimento contínuo. É dar apoio irrestrito, sólido, a
quem realmente se esforça em suplantar suas fraquezas; é ampará-lo na
travessia do árduo caminho do reconhecimento do erro, mesmo que seja
entre soluços e lágrimas de ambos. Pois unicamente o reconhecimento
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pessoal da atuação errada, implacável e abrangente, é capaz de fazer
alguém mudar de modo radical a sua sintonização interior. E tão-somente a
voluntária mudança dessa sintonização pode interromper de vez o ciclo
aparentemente sem fim do sofrimento intermitente.
O amor verdadeiro, severo, abre a duras penas o portal para a conquista da
felicidade, enquanto que o falso amor passa sobre ele, sem esforço, um
ferrolho intransponível. A atuação do primeiro é permeada de obstáculos,
dificultada por forte incompreensão e intensa crítica, enquanto que a do
segundo é aplainada com carinho, incentivada por aprovações sorridentes e
elogios inconseqüentes.
Essa nefasta concepção de falso amor se disseminou como uma pandemia
incurável, acabando por imiscuir-se em todos os campos da vida humana.
Mesmo o amor entre homem e mulher sucumbiu a esse engodo.
Muitíssimos casamentos exibem como esteio para uma vida em comum
apenas a atração física e instintos exacerbados, e chama-se então essa
contingência unilateral de “amor”. E com isso os casais, ou melhor dito os
parceiros de hoje, apenas ainda se esmeram em “fazer amor”, como se
fosse possível tal coisa em relação ao amor verdadeiro. Um amor
verdadeiro, puro, entre um homem e uma mulher não está sujeito
oscilações aleatórias de performances corpóreas. Ele é uma ligação
espiritual de irradiações, totalmente independente de meras exterioridades
físicas; por isso mesmo também não envelhece com os anos, não se torna
mais fraco ou menos interessante e nem mesmo pode se extinguir. Pelo
contrário. O verdadeiro amor se fortalece ainda mais com o tempo e, a tal
ponto, que pode reunir sempre de novo as almas enlaçadas por ele, para
uma nova vida em conjunto aqui na Terra ou em outros planos da Criação.
A morte terrena não representa nenhum obstáculo para o verdadeiro amor.
Nenhum túmulo é capaz de confiná-lo, porque ele não é formado de
matéria nem está sujeito a ela.
E o amor maternal? E o filial? Também ambos, originalmente naturais e
belos, foram irremediavelmente impregnados de falso amor. Durante
séculos o amor materno foi decantado como o mais nobre dos sentimentos
da mulher, como se a principal missão da feminilidade fosse gerar filhos
para poder fazer jus a esse sentimento. Ninguém se lembrou aí de que o ser
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humano, homem ou mulher, é essencialmente um ser espiritual, e como tal
tem de atuar em primeira linha. A procriação não é a principal função do
casal humano; considerá-la como tal é promover um rebaixamento
intencional do verdadeiro papel, da real missão do espírito humano na
Criação. É uma abjeção voluntária, indigna da espécie humana, decorrente
também da crônica indolência espiritual, que descarta de pronto a intuição
em toda deliberação e invariavelmente suprime qualquer tentativa de
reflexão mais aprofundada. Não foi por outro motivo, aliás, que o “crescei
e multiplicai-vos” foi alegremente recebido como uma revelação toda
especial, e posto em prática com espantoso afinco e admirável empenho
desde então.
As odes seculares erguidas em louvor ao amor materno, como se a mulher
não fosse mais do que uma graciosa espécie reprodutora bípede,
transformaram-no num fardo doentio que solapa o livre desenvolvimento
espiritual, tanto da mãe quanto dos filhos. Àquela faz crer que possui
direitos absolutos e permanentes sobre a prole, enquanto que a esta última
impõe a obrigatoriedade da gratidão eterna, mesmo que freqüentemente sob
o manto da hipocrisia. Isso, sem falar do asqueroso mercantilismo desse
“amor” filial. A americana Anna Jarvis, que no início do século
inadvertidamente criou o “dia das mães”, e que se empenhou pessoalmente
para que essa comemoração fosse adotada em outros 43 países, chegou ao
fim da vida, no ano de 1948, completamente amargurada com a sua
“invenção”. Morreu reclusa, remoída de desgosto e sofrimento, tendo de
presenciar como o seu propósito inicial, aparentemente inócuo e bem-
intencionado, se transformara numa aberração comercial de alcance global.
O falso amor inseriu-se de tal forma nas concepções humanas, ao longo de
milênios, que mesmo os esforços em compreender acertadamente a atuação
do nosso Criador foram por ele torcidos irremediavelmente. Imagina-se
hoje, pois, que o próprio Jesus tenha sido também complacente e
condescendente, buscando-se ver nisso uma prova inconteste da atuação do
Amor divino. Ele, que foi o Amor de Deus encarnado na Terra, e que por
isso mesmo foi particularmente severo com as criaturas cerebrinas daquela
época, é apresentado como exemplo máximo de atuação do falso amor, o
qual foi gerado exclusivamente pela indolência do espírito humano e
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conservado pela sua cegueira. Chegou-se mesmo a ponto de considerar a
sua morte na cruz como tendo sido um sacrifício voluntário, um holocausto
desejado e programado com antecedência pelo Alto, para a redenção
automática dos habitantes dessa Terra aqui, enquanto que na verdade tal
pavoroso acontecimento, fruto do livre-arbítrio da humanidade pecaminosa,
não foi mais do que um brutal assassinato. Passou-se assim ao largo de sua
Palavra, única via de salvação, para a cândida aceitação dessa concepção de
uma morte inevitável do Filho de Deus. O falso amor venceu mais uma
vez, e obteve aqui o seu maior triunfo. Ele envolveu a cristandade inteira
no aconchego de uma falsa esperança, deixando em segundo plano as
próprias palavras do Mestre, cujo cumprimento incondicional era a única
possibilidade de alcançar a almejada salvação.
Mas assim como tudo o mais que ainda é e está errado, também o falso
amor acha-se com os seus dias contados. No futuro, quando tivermos sido
forçados a reaprender o real significado da palavra amor, iremos
certamente pensar duas vezes, dez vezes, antes de ousarmos pronunciá-la
novamente.
● Círculo do Graal
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VIII
MENSAGEM DE NATAL
“— Sabes, Maria, que a estrela brilha sobre
o telhado que nos cobre?
— Eu sei, José!
— E sabes também o que esta estrela
anuncia?
— O Messias!”
Há pouco mais de dois mil anos, mais
precisamente em 12 a.C. segundo a nossa
contagem de tempo, a Terra foi palco do
mais extraordinário acontecimento de todos
os tempos. Ocorreu aqui um evento
excepcional, de inimaginável amplitude,
único desde o existir do Universo inteiro.
Numa determinada noite do final daquele ano, uma parte do Amor de Deus
– o Criador de Todos os Mundos, nasceu em nosso planeta. No céu, um
cometa de brilho intenso anunciava o cumprimento de antigas profecias, a
efetivação de uma graça incomensurável para toda a humanidade e
inconcebível à sua compreensão: o nascimento terreno de Jesus, o Filho de
Deus.
Durante pouco mais de três décadas, as atenções nas muitas moradas da
Casa do Pai, isto é, nos vários planos da gigantesca obra da Criação,
estiveram voltadas diretamente para cá. Desde aquela singela noite em
Belém, num estábulo de carneiros, até o terrível desfecho do Gólgota.
Nunca, em tempo algum, em lugar algum, um espírito humano chegará a se
aproximar da compreensão integral do fenômeno, de saber efetivamente
quão ampla, quão imensamente ampla foi a graça outorgada outrora à
humanidade com o nascimento daquela criança. Quando muito, poderá ele
adquirir – na medida exata de sua sinceridade – um tênue vislumbre do real
● Círculo do Graal
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significado da vinda de Jesus de Nazaré. Saberá então, humildemente, que
Ele desceu das alturas máximas para os confins da Criação, até o plano das
mais densas materialidades, com a missão de oferecer à transviada
humanidade terrena a possibilidade de salvação, através do cumprimento
de Sua Palavra.
O efeito subseqüente de divisão dos períodos históricos em antes e depois
do Seu nascimento, apesar de globalmente abrangente, foi a menor das
conseqüências de Sua passagem pela Terra, meramente exterior. As
conseqüências espirituais foram muito maiores, muitíssimo mais incisivas
para o gênero humano. Jesus concedeu novamente aos seres humanos a
possibilidade de se salvarem através do indispensável reenquadramento às
Leis vigentes na Criação. Por meio de parábolas Ele explicou então,
repetidamente, com toda a paciência, a atuação dessa Leis, de cujo saber a
própria humanidade já se privara há muito, em razão de seu
incompreensível afastamento da Luz, voluntário e persistente. Ficamos
sabendo assim que se tratavam de Leis que jamais poderiam ser
derrubadas, mas apenas cumpridas.
Sem a vinda de Jesus exatamente naquela época, nenhum ser humano
lograria chegar ao tempo presente com o seu espírito ainda vivo. A Sua
Palavra, dirigida a todos os povos indistintamente, foi uma bóia de salvação
para os seres humanos bons, permitindo-lhes atravessar com segurança,
sem se perderem, o espaço de tempo existente até o exame final da
humanidade.
E quando a odienta vontade da maior parte dessa humanidade, através de
seus asseclas, O cobriu de sofrimentos e por fim O crucificou, Ele, a
Palavra encarnada, rejeitando assim com escárnio a salvação oferecida pela
Palavra, tão premente para ela, foi unicamente a Sua inavaliável intercessão
“Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem!” que ainda manteve
aberta, até os dias de hoje, uma possibilidade de salvação a quem se
mostrar digno dela.
Se a humanidade como um todo não tivesse construído tão diligentemente a
estrada larga do mal, nem enveredado tão cheia de si por ela rumo ao
abismo, a vinda de Jesus não teria sido necessária. Mas, para que os poucos
bons não acabassem sendo arrastados conjuntamente no sorvedouro das
trevas, para que suas centelhas espirituais se conservassem acesas até a
● Círculo do Graal
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época do Juízo Final, O Amor de Deus se dispôs a vir até essa pequenina
Terra. Chegou até aqui para desobstruir e indicar novamente a eles o
estreito caminho que conduzia às alturas, o qual se achava por demais
maltratado, muito mal cuidado, em virtude de ter sido escassamente
utilizado até então, porque fora já completamente esquecido e abandonado
por todos.
Nenhum espírito humano, que através das palavras de Cristo pôde chegar
vivo à nossa época, tem idéia do quanto deve ao seu Salvador. Nenhum.
Não há um sequer desses filhos pródigos que possa avaliar com acerto o
alcance da graça a ele concedida, de lhe ter sido mostrado o caminho de
volta para casa, para o Paraíso. Pois agora lhe é novamente possível
ascender até lá por esforço próprio, como espírito purificado e plenamente
consciente, depois de ter feito seu talento dar juros sobre juros.
A bem dizer, só existe uma maneira de retribuir, por pouco que seja, o
maravilhoso presente dado por Deus à humanidade naquela longínqua noite
primeva de Natal: procurar viver integralmente os ensinamento ministrados
por Seu Filho, independentemente de como se compõem as formas
exteriores dos múltiplos ritos religiosos. Transformar em vida as palavras
do Mestre, esforçando-nos em reconhecer as Leis que regem a Criação e a
finalidade de nossa existência dentro dela, pois só quem procura...
encontrará! E só quem ama o próximo como a si mesmo estará em
condições de festejar o Natal da maneira certa: com a alma preenchida de
alegria e o coração a transbordar de gratidão.
● Círculo do Graal
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IX
MENSAGEM DE ANO NOVO
(Artigo escrito em janeiro de 2001)
Começa o último ano do milênio. Ou será o
penúltimo? Polêmicas à parte, 1999 surge no
hodômetro temporal humano carregado de
expectativas, de muitas esperanças. E de
desesperanças também. Dir-se-ia até de um certo
receio indefinido, talvez mesmo de um medo
indisfarçável. O que nos trará o ano novo?
Há poucos dias apenas e aquele renovado anseio de
fim de ano por melhores dias parecia de novo tão
factível, tão real dessa vez, tão ao alcance das
mãos de todos nós, que ajudamos a moldá-lo
novamente com nossa cota cíclica de otimismo
forçado, anestesiados que estávamos pela alegria
contagiante do réveillon, felizes no embotamento
de abraços e votos mútuos, fossem ambos sinceros
ou não.
Mas... e agora? Agora, quando os pés estão novamente firmes no chão já
limpo das rolhas de champanhe, quando o mundo, indiferente ao rogo
exigente de seus filhos, mostra novamente sua verdadeira face, cruel –
limpa também da maquiagem hipnótica dos fogos de artifício, é justamente
agora que ressurge a pergunta angustiante: O que nos trará o ano novo?
Aturdido por um emaranhado de profecias cabalístico-escatológicas e
vaticínios econômico-ambientalistas, o ser humano comum se esforça em
levantar um pouco o véu do futuro, pelo menos do seu: “O que me trará,
pois, este ano novo?”
Em relação à humanidade como um todo não é difícil, realmente, fazer
previsões. Ela continuará a colher e saborear compulsoriamente os frutos
amargos de sua maléfica semeadura dos últimos milênios. Apenas com a
diferença, bastante notória aliás, de que a quantidade e intensidade desses
retornos serão cada vez maiores, como já vem ocorrendo ao longo das
● Círculo do Graal
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últimas décadas. Quem tiver olhos para ver, que veja.
Guerras fratricidas, crimes hediondos, doenças terríveis, desequilíbrios
psíquicos, crises políticas e sociais globais, descalabro econômico-
financeiro generalizado, múltiplas catástrofes da natureza, alterações
climáticas incisivas, medo e insegurança disseminados por todos os
quadrantes... Os companheiros fiéis da humanidade neste século de horror
continuarão a sê-lo no ano que se inicia, continuarão sendo seus mais
aguerridos acompanhantes, no fechamento do ciclo de sua existência. E
ainda outros se juntarão ao séquito nesse trajeto final do féretro, como
recentemente já o fizeram os buracos na camada de ozônio e as alterações
solares. Tudo vai tomando forma como ela mesma sempre quis, como
continuamente fez questão de forjar para si com tanto empenho, através de
sua inacreditável, incompreensível desobediência coletiva às Leis
incontornáveis da Natureza.
Em relação a um único indivíduo, porém, a um ser humano cujo espírito
ainda esteja vivo, o futuro só a ele pertence. Somente a ele. Tão-somente
ele é senhor do seu destino. É ele mesmo quem molda para si o seu próprio
futuro, de acordo com sua maneira de viver no presente. Pode, assim,
preparar para si tanto um lugar repleto de alegria e felicidade, imerso em
luz, como um local de máximo sofrimento e dor, imerso nas trevas da mais
aterradora desesperança. A decisão é dele. Sempre e unicamente dele.
Por isso, ao invés de cismar inutilmente acerca de seu futuro, o ser humano
de espírito vivo deveria cobrar ânimo e agir. Agir agora, no presente! Ele
tem de arregimentar todas as suas forças unicamente no sentido do bem,
sem descanso, se quiser de fato construir um belo futuro para si. É ele
mesmo quem tem de colocar mãos à obra, com infatigável afinco! Cabe a
ele, exclusivamente, transformar de modo radical a sua vontade interior, o
que naturalmente acaba se exteriorizando também em seus pensamentos,
palavras e ações. E o pensamento purificado, a palavra verdadeira e a ação
correta constituem justamente o material de construção com que ele molda,
de modo inteiramente automático, um futuro radiante para si mesmo.
Repito: de modo inteiramente automático. Sem estafas intelectuais, sem
algemas dogmáticas e sem malabarismos místico-ocultistas.
Agindo dessa forma ele terá de formar um belo futuro para si, por nem ser
possível diferentemente segundo a Lei natural de causa e efeito, ou Lei da
reciprocidade. Como se vê, não é nada que a boa vontade e a perseverança
não possam conseguir. As pedras que aqui e acolá surgem nessa sua
empreitada, como se viessem do nada, e que ainda podem fazê-lo tropeçar
e se machucar, só lhe serão úteis na verdade. Elas também foram formadas,
lapidadas e colocadas no tapete do seu destino por ele mesmo, em
decorrência de sua sintonização errada de outrora. Não devem incutir-lhe
● Círculo do Graal
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medo ou desânimo, ao contrário, devem servir, sim, para ele conhecer os
erros que ainda lhe pendem e retemperar sua tenacidade em prosseguir para
cima, colhendo sempre novos reconhecimentos espirituais. Com isso ele
notará, pouco a pouco, que as pedras tornam-se paulatinamente menores e
mais raras à medida que sobe, até que um dia também elas terão
desaparecido por completo. Desse modo, a escalada lhe é facilitada a cada
dia, na medida direta do seu esforço em progredir. E, ao atingir
determinada altura, poderá divisar então nitidamente o belo futuro
acalentado, o porvir que ele mesmo formou para si, que ele mesmo
conquistou.
Sem esforço próprio ninguém ascende, ninguém progride. Sequer um
milímetro. É uma ilusão desmedida imaginar que a crença cega seja um
elevador espiritual, a desobrigar seus passageiros do esforço contínuo em
melhorar como seres humanos. Os que chamam de “orar aos céus” a litania
cotidiana de reclamar da vida e choramingar misérias, não passam de
mendigos preguiçosos. Desprezíveis como estes. Com essa indolência
inaudita, o futuro que tais “deserdados do destino” formam para si mesmos
é pavoroso. São suicidas espirituais, que voluntariamente enfraquecem seus
espíritos com essa inatividade forçada e, a tal ponto, que estes se tornam
por fim incapazes de se movimentar por si mesmos, acabando por morrer
de inanição espiritual, completamente paralisados, sem dispor mais de
forças para encontrar o Pão da Vida e se alimentar dele.
Só aquele que, através de esforço próprio, mantiver sempre acesa a chama
do seu espírito, ardendo em prol do bem e voltada para a Verdade, poderá
resistir aos próximos vendavais purificadores. Já os outros, os indolentes
espirituais crônicos, cuja única tarefa a que se dispõem realizar é a de
manter seus espíritos eternamente mergulhados num sono de chumbo,
verão, desconcertados, suas chamas fracas e bruxuleantes se apagarem já
nas primeiras rajadas.
O espírito humano dispõe do livre-arbítrio para o seu desenvolvimento. E é
por meio dessa dádiva que ele pode escolher seus próprios caminhos,
ficando, porém, incondicionalmente sujeito às conseqüências dessa sua
escolha. Por isso, é ele quem forma o seu próprio destino, e até mesmo o
seu destino final como espírito humano. Aí não se trata mais de uma
simples resolução de ano novo, mas de uma decisão que abrange toda uma
existência, a sua existência inteira, e não apenas essa atual vida terrena.
Vida eterna ou morte eterna estão nas mãos do próprio ser humano, pois o
seu futuro, o seu destino, somente a ele pertence. Este novo ano poderá ser
para ele então o primeiro de uma vida completamente nova, integrada às
Leis da Criação. E será... se ele quiser.
● Círculo do Graal
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X
BESTAS DO APOCALIPSE
Estão todos aí de novo, e trabalhando
como nunca. Gurus, enviados, avatares,
mediadores... Todos anunciando o fim do
mundo, com dia e até mesmo hora
marcada. O clube já superlotado dos
falsos profetas dessa nossa época
continua a admitir novos e competentes
profissionais a cada dia, no mundo
inteiro. Guias dos mais variados matizes
escatológicos surgem de repente, por toda
a parte, como cogumelos numa manhã
úmida. Cogumelos grandes, coloridos,
vistosos todos eles... e todos venenosos. Arregimentam um sem-número de
incautos seguidores e vão logo cumprir, conscientemente ou não, mas
sempre fielmente, suas missões: desviar a atenção das pessoas boas, o mais
possível, do significado real da incisiva transformação pela qual está
passando o nosso planeta e toda a humanidade.
Desviar, sim, e a qualquer preço, pois quem em seu juízo perfeito, e com
um pouco de discernimento, não rejeitaria de pronto as “revelações”
outorgadas por essas perfeitas bestas do apocalipse? Realmente, é preciso
atingir um grau supremo de estupidez para acreditar, por exemplo, que
seria possível fugir das responsabilidades espirituais suicidando-se, para
poder ascender até a estrela Sirius ou escapar lépido e fagueiro a bordo de
um disco voador escondido na cauda de um cometa. Ou, então, que se
poderia sobreviver ao fim do mundo bebendo da água do banho do sr.
Asahara, venerável líder da seita japonesa “Verdade Suprema” (aquela do
atentado no metrô de Tóquio), que dizia ser a reencarnação de Buda e
ostentava o humilde título de “Salvador do Século”.
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É de se questionar também a integridade encefálica dos seguidores do sr.
David Koresh, que afirmava ser o próprio Criador e levou setenta dos seus
a morrer gloriosamente queimados num confronto com o governo
americano; ou dos discípulos de Jim Jones (914 suicídios); ou ainda dos
membros da seita americana “Cristãos Preocupados”, que há poucos dias
apenas resolveram dar início ao apocalipse por conta própria em Jerusalém.
E não teve também um grupo numeroso que recentemente se aglomerou
num subúrbio de Dallas para esperar a chegada do Criador? Não parece
incrível? Nem tanto, considerando-se que Jesus Cristo em pessoa já está
reencarnado em vários lugares, segundo testemunhos contundentes (e
excludentes) deles próprios.
A lista é infindável. Mas além de fornecer material de primeira qualidade
para programas humorísticos, e eventualmente eliminar também alguns de
seus tolos seguidores, os dirigentes desses movimentos-de-fim-de-mundo
desencadeiam uma tragédia muito maior, muito mais grave para o gênero
humano do que faz crer as batidas de seus gongos místicos ou as trombetas
anunciadoras de suas ridículas performances teatrais.
Essas figurinhas deploráveis provocam um compreensível repúdio em
pessoas boas e sensatas ante qualquer notícia fora do comum em relação à
vida humana, ou de algo extraordinário que esteja prestes a ocorrer na
Terra. Escaldadas, com os dois pés atrás, elas rejeitam logo e de antemão
qualquer asseveração nesse sentido. Rejeitam sem examinar. E assim elas
põem tudo numa panela só, emitindo um veredicto condenatório prévio,
generalizado, sobre qualquer informação com que se deparam a respeito do
apocalipse e do Juízo Final.
É esta a maior tragédia, o mal maior. E é este também o objetivo
verdadeiro, o alvo máximo das trevas, que são na realidade quem
sustentam e impulsionam todos esses risíveis – e todavia tão perigosos –
movimentos armagedônicos. Pois com isso conseguem retirar das pessoas
boas a oportunidade de meditar com seriedade e isenção sobre os
acontecimentos em curso no mundo. Elas deixam de fazer isso com o
receio (a seu ver bem fundado) de despender sua preciosa atenção e escasso
tempo em outras estultices do gênero. E dessa maneira elas mesmas
descartam qualquer possibilidade de analisar sobriamente os
acontecimentos mundiais, de meditar sobre isso com isenção e de chegar
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assim ao reconhecimento do que está ocorrendo efetivamente com a
humanidade e com elas próprias. Perdem, desse modo, a possibilidade de
se enquadrar ainda em tempo às Leis da Criação; perdem, enfim, o prazo
de que dispõem para tanto.
Não atentam, na realidade, à profecia por elas mesmas freqüentemente
aludida sobre o advento de falsos profetas, na qual pode-se depreender
também nitidamente que o certo, o verdadeiro, estará na Terra justamente
nessa época dos falsos profetas. Não se dão ao trabalho de analisar
rigorosamente tudo quanto se lhes apresenta aí, diferençando com o
máximo rigor, com a mais apurada análise, o errado do certo, a pedra do
pão, o chumbo do ouro, o joio do trigo. Não percebem, de modo algum,
que o conceito de “falsos profetas” é muito mais abrangente do que
supõem, incorporando não apenas os mencionados malucos de carteirinha,
mas todo e qualquer dirigente, de toda e qualquer religião, filosofia ou seita
que não guia seus adeptos para o reconhecimento da incondicional
responsabilidade pessoal em cada pensamento gerado, em cada palavra
proferida, em cada ação realizada. Pois o ser humano dispõe do livre-
arbítrio para atuar aqui na Terra, podendo viver da maneira que desejar
portanto, mas permane e sempre integralmente responsável por tudo quanto
dele emana, cujas conseqüências refluem inevitavelmente para ele mesmo
após tempo maior ou menor, na forma de coisas boas ou más, segundo a
espécie do que foi gerado.
E o mundo está, de fato, passando por um gigantesco processo de
transformação. Um processo que vem já de décadas, e que apesar de estar
em sua última fase não tem data conhecida para seu término. Tal processo
de limpeza traz de volta à humanidade e a cada indivíduo, no fechamento
do ciclo, tudo quanto foi formado pela vontade e pela ação, e que ainda não
encontrou remissão através da lei de causa e efeito, ou lei de retorno
cármico. Decorre disso o acúmulo crescente, tanto em quantidade como em
intensidade, de acontecimentos terríveis em todos os campos da vida
humana, pois não é segredo para ninguém que a vontade da quase
totalidade da humanidade sempre pendeu para o mal. A própria História
registra isto com bastante clareza. Agora, todos nós colhemos o que
plantamos. Colhemos todos, quer queiramos ou não, no grande ajuste final
de contas.
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As catástrofes da natureza não estão aumentando em cumprimento a ordens
de profetas de esquina, mas sim como um dos múltiplos efeitos naturais e
inevitáveis da aceleração deste processo de depuração global, o qual, por
fim, deixará a Terra completamente limpa de toda a sujeira, incluindo eles
todos também, naturalmente. Aliás, não há nada de esotérico nesta
afirmação de crescimento contínuo de catástrofes, que pode ser
comprovada facilmente através de dados estatísticos. De acordo com uma
empresa de seguros alemã – uma das maiores do mundo por sinal – está
havendo aumento de ciclones tropicais, ondas de calor, incêndios em
florestas e tempestades de neve; nos últimos dez anos, segundo a empresa,
ocorreram três vezes mais desastres naturais do que os registrados na
década de 60, os quais provocaram nove vezes mais danos do que naquela
época.
Tudo o que nos atinge hoje é efeito retroativo. Conseqüência de nossa
nefasta atuação no passado e também no presente. Quer se trate de
destruições provocadas por catástrofes da natureza ou alterações climáticas,
descalabro econômico ou degenerescência moral, doenças ou crises de
medo, violência ou depressão, tudo é efeito do aceleramento desse retorno
coletivo, que traz de volta o mal semeado outrora, sempre na medida exata
da contribuição de cada um, tanto na forma como no conteúdo.
Atualmente, todo o mal cultivado pela humanidade e nela impregnado por
milênios está sendo forçado a se manifestar com a máxima intensidade, até
se auto-extinguir, se autoconsumir, levando consigo tudo e todos que a ele
estejam aderidos e que não foram capazes (ou não quiseram) se desprender
dele a tempo. Daí o crescimento exponencial das tragédias humanas,
nitidamente reconhecíveis em tudo quanto foi tocado pelo homem.
As pessoas que tomam conhecimento dessas coisas, ou que já estão sendo
obrigadas a constatá-las em seu próximo ou mesmo vivenciá-las em si, são
instadas dessa maneira a refletir seriamente sobre o que está ocorrendo de
extraordinário no mundo e nelas próprias. Têm, assim, o ensejo de chegar a
uma conclusão lógica: que tanto o sofrimento mundial como o individual
só podem ser, na verdade, efeitos do atuar errado dos próprios seres
humanos. A partir daí se lhes tornará clara também a necessidade inadiável
de uma mudança interior radical, de um reenquadramento integral às Leis
inflexíveis que regem esta Criação – as quais só admitem um
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desenvolvimento no sentido do bem – modificando conseqüentemente
também o seu pensar, seu falar e seu agir, contingência incontornável para
subsistir no Juízo.
“Tudo há de se tornar novo!” Desta sentença se depreende que unicamente
seres humanos renovados estarão aptos a viver na época renovada. E é
contra essa tão necessária mudança de sintonização interior das pessoas
boas, que agem, no fundo, as bestas apocalípticas, com o máximo empenho
de que são capazes. Oxalá, a indolência espiritual não triunfe novamente, e
essas pessoas boas possam ainda em tempo chegar ao despertar, e com isso
ao reconhecimento do caminho certo. É o que, com direito, se espera delas.
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XI
MENSAGEM DE CARNAVAL
Mensagem de carnaval?? E desde quando
o carnaval serve de inspiração para
mensagens?
Desde quando compreendemos que
podemos e devemos aprender com tudo o
que ocorre à nossa volta. Pois de tudo se
pode tirar algum proveito, obter algum
ensinamento, mesmo de um evento tão
parcamente revestido de utilidade como o é a festa de carnaval.
Todos os acontecimentos dessa nossa época falam para nós continuamente,
insistentemente, para que reconheçamos suas causas e conseqüências, de
forma a podermos direcionar e manter o leme de nossas vidas sempre no
rumo certo. Pois quem chega a conhecer deveras as causas do viver errado
e, principalmente, a reconhecer as conseqüências disso, este arregimentará
todas as suas forças, com o máximo empenho, para redirecionar sua vida de
até agora. Com toda a certeza.
Realmente, com toda a certeza. Certeza absoluta. Só não se esforçará em
seguir pela senda ascendente aquele que não enxerga onde pisa, ou melhor,
aquele que não quer ver onde pisa, mesmo quando já a afundar no pântano
visguento dos vícios e das paixões. O desconhecimento do funcionamento
das Leis naturais embota o espírito humano, enrijece-o, embaça-lhe a vista
e destrói paulatinamente sua capacidade de discernimento. A voluntária
ignorância sobre as causas e conseqüências de tão múltiplos e significativos
eventos hodiernos atua sobre o cansado espírito, já tomado por uma
inaudita sonolência, como uma aconchegante canção de ninar, que lhe é
muito bem vinda. Uma doce canção, que pouco a pouco se torna para ele
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no canto de cisne, a embalá-lo num seguro sono de morte espiritual.
Há dois aspectos que chamam de imediato a atenção no curto reinado de
Momo, e que merecem portanto ser analisados em maior profundidade.
O primeiro diz respeito às fantasias, ao significado que elas encerram. Qual
seria a motivação real capaz de levar uma pessoa tida como dentro dos
padrões da normalidade a, por exemplo, vestir um manto de plástico
ornado de lantejoulas, meter-se dentro de uma peruca de Luís XVI, cingir a
cabeça com uma coroa de papelão e sair a desfilar por aí, todo soberano no
compasso de cuícas e tamborins?
“Ora, divertir-se, evidentemente! Alegrar-se! Extravasar-se!” Mas por que,
exatamente, alguém se divertiria fazendo o papel de quem não é? Será que
o João Ninguém quer realmente sentir-se Luís XVI por 72 horas,
espargindo uma majestade fictícia entre súditos ilusórios, ou, ao contrário,
o que ele deseja de fato nesse curto período é esquecer-se de que é o João
Ninguém? Não quer ele eximir-se temporariamente de qualquer
responsabilidade, até ser guilhotinado pela realidade?
Vestir uma indumentária espalhafatosa qualquer, esconder o rosto sob uma
máscara, pular e cantar com trejeitos do sexo oposto, no embalo de álcool e
outras drogas, parece muito mais uma fuga do que uma diversão. Três dias
de total descontração, do mais completo alheamento, de folia geral, sem ter
de prestar contas de nada a ninguém, nem a si mesmo. É isto o que se
denomina “alegria” nos salões de carnaval. Irresponsabilidade absoluta,
inebriada de lança-perfume; dignidade sufocada em confete, estrangulada
em serpentina. É precisamente isto o que os foliões desejam. Querem
mergulhar por inteiro no desvario da louca liberalidade geral, ampla e
irrestrita, a qual, todavia, só tornará ainda muito mais amargo o inevitável
despertar na sombria quarta-feira de cinzas.
Insensatos esses todos. Insensatos esses todos e muito mais ainda os que
fazem da própria vida um grande carnaval. Os que fantasiados de castos
imaginam poder conspurcar à vontade o seu próximo, impunemente, com
pensamentos pestíferos; os que em proveito próprio destroem reputações
com algumas poucas palavras ardilosas, acobertados pela máscara da
astúcia; os que vestem sobre ternos bem cortados a fantasia da esperteza,
que os habilita a trazer múltiplos prejuízos a seus semelhantes, para lucro e
● Círculo do Graal
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satisfação pessoais, através das mais sórdidas maquinações, sempre
prodigiosamente destruidoras. Em suma, todos os que fazem do hedonismo
e do egocentrismo suas divindades mais sagradas, a quem se prostram
cotidianamente e com quem já há muito negociaram sua almas.
Insensatos, sim, insensatos. Pois já adentramos todos numa inesperada
quarta-feira de cinzas. Chegou o tempo de acordar. Pierrôs e Colombinas
que até hoje levavam a vida na brincadeira, cuidando apenas da cata de
novos prazeres e sensações, pouco ligando se calcados ou não no infortúnio
de outrem, terão as máscaras arrancadas e as fantasias rasgadas de cima a
baixo, para que se mostrem como realmente são. Seu bloco de carnaval,
imenso, se dispersará, e nunca mais poderão agrupar-se novamente para
continuar a usufruir a vida desregrada de até então, apoiada rotineiramente
na dor e no sofrimento infligido ao próximo. A vida carnavalesca de até
agora há de cessar, e com ela o lema luciferiano do “viver até exaurir-se”,
tão ardorosamente cumprido e disseminado por eles até aqui. Terão de
aprender, tarde demais, que a responsabilidade jamais se deixa separar da
atuação de um espírito humano, mesmo decaído.
O segundo aspecto digno de nota em relação ao carnaval é o pudor, ou
melhor dito, a falta dele. Ninguém, por certo, que já tenha visto algo das
festas carnavalescas no Brasil considerará exagerada a afirmação de que
elas não são mais do que orgias consentidas, depravações rítmicas levadas
a efeito por homens pervertidos e abrilhantadas por mulheres degeneradas.
Homens e mulheres que já não são nada além de machos e fêmeas, a se
degradarem mutuamente nesses bacanais sambantes, esforçando-se com
incrível empenho em descer a um nível muito abaixo do ocupado por
qualquer animal, o qual faz uso do sexo sempre e unicamente de forma
sadia e natural.
Menção especial aqui para as mulheres, que utilizam o carnaval como
excelente pretexto para exibir envaidecidas seus corpos nus e seminus,
numa asquerosa prostituição visual coletiva, regiamente paga em cada
olhar masculino de cobiça. Criaturas que transformaram seus corpos –
instrumentos para atuação do espírito – em arapucas voluptuosas, iscas
sedutoras prontas a fisgar para a desgraça legiões de tolos embasbacados e
fracalhões estúpidos.
● Círculo do Graal
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Mal sabem elas que com suas contorções sensuais põem à mostra muito
mais do que supostos chamarizes carnais. Pois o pudor é uma medida
direta, exata, infalível, do próprio valor espiritual de uma pessoa. Um ser
humano que tenha afastado de si todo o pudor é um ser vazio
espiritualmente. E um ser vazio espiritualmente deixou de cumprir sua
prerrogativa fundamental, a própria razão de sua existência, que é a
obtenção e manutenção da autoconsciência adquirida através de vivências,
em suas peregrinações pelas materialidades...
Esta medida infalível, naturalmente, é igualmente válida no caso oposto, e
nos dois sentidos. Assim, quanto mais enobrecido for também um ser
humano, tanto mais íntegro e inabalável será da mesma forma o seu
sentimento intuitivo de pudor corporal. E vice-versa.
A metáfora bíblica transmitida no Gênese sobre o “reconhecimento da
nudez” pelo casal humano, e a necessidade que ambos sentiram de cobri-la
quando se lhes despertou a noção do bem e do mal, é uma imagem que
evidencia o início deste processo de conscientização do espírito humano,
objetivo último e fundamental de sua passagem pelas várias partes da
Criação, que lhe possibilita, por fim, o próprio ingresso no Paraíso. Para
um espírito desenvolvido, que já tenha angariado um determinado grau de
autoconsciência, corpo e alma são invólucros absolutamente intangíveis,
invioláveis e incorruptíveis. Jamais uma tal pessoa consentiria ter o corpo
exposto à contemplação pública, nem tampouco a alma desnudada diante
de pretensos especialistas anímicos.
Bailes e desfiles carnavalescos, assim como várias outras contingências
semelhantes, atuam apenas como catalisadores de um longo processo de
degradação interior, em curso no íntimo de inúmeras pessoas que
fracassaram como seres humanos. Constituem meras oportunidades para
uma exacerbação visível do estágio em que se encontra a falta de pudor há
muito latente nelas.
Através dessa medida simples e direta da manifestação do sentimento de
pudor, o leitor pode bem imaginar a real situação espiritual da maior parte
da humanidade terrena.
● Círculo do Graal
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Quem surgiu primeiro: o ovo ou a galinha?
Brincadeira de criança à espera de uma solução
adulta. Mais desconcertante do que a pergunta
são as respostas que ela suscita, ou melhor, a falta
delas, invariavelmente substituídas por alguns
sorrisos parvos, amarelos, servindo de escudos
para a ignorância inconfessável.
Uma pergunta assim tão simples e direta, tão
singela e clara, comumente lançada ao ar com
notória perversidade por crianças e jovens, já é capaz de deixar em
péssimos lençóis não poucos pesquisadores e eruditos de qualquer área,
impossibilitados de encontrar, com as análises de seu raciocínio, uma
resposta de igual clareza e simplicidade. As capacitações do intelecto, tão
decantadas pelos círculos acadêmicos, não bastam para fornecer nesse
caso uma resposta convincente.
Mas devemos reconhecer que alguns dentre os doutos homens da ciência,
quando ainda dispõem de um resquício de humildade, ou quando
adquirem o reconhecimento forçado da própria incapacidade, se dignam a
rotular genericamente de enigma ou mistério aquilo para o que não
encontram resposta. Fenômenos que têm sua origem acima do espaço e
tempo terrenos, a eles tão familiares, também se encontram acima de sua
capacidade de compreensão. No entanto, quando até mesmo essa
comedida humildade falta, ou seja, na maioria dos casos, colocam eles
então no lugar a espantosa coragem de defender hipóteses disparatadas,
absurdas, teorias e teoremas de uma puerilidade constrangedora, de um
ridículo atroz, em completa dissonância com as leis inflexíveis que regem
a Criação. É o caso, por exemplo, das suposições em voga a respeito da
origem da vida, que pretensamente seriam capazes de esclarecer todas as
XII
MENSAGEM DE PÁSCOA
● Círculo do Graal
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dúvidas sobre o assunto, aí incluída a milenar charada da contínua
sucessão ovo-galinha.
Só mesmo criaturas submissas por inteiro ao intelecto podem considerar
verossímil, e até defender, a ideia de que a vida em nosso planeta surgiu
da fortuita reprodução automática, autônoma, de algumas moléculas
básicas. Sem dúvida uns aglomerados de átomos admiráveis, com vontade
própria, que nada tendo a fazer em meio ao tédio daquela sopa primordial
formada por eles mesmos, servida pelo acaso há uns 4 bilhões de anos,
acharam por bem começar a tirar cópias de si mesmos e... Bingo! Criaram
a vida! Francamente, seria melhor para todo mundo que as sumidades
(prêmios Nobel inclusive) que advogam essa... Digamos, “insensatez”,
tivessem permanecido no primeiro grupo, onde seus colegas
pesquisadores se contentam em classificar de mistério e enigma tudo
quanto jaz além de sua compreensão. Ainda é, sim, uma posição
igualmente tacanha, mas muito mais honesta e infinitamente menos
grotesca.
Enigmas na Criação não existem, tampouco mistérios. Essas
classificações foram criadas pelo cérebro humano como engodo, como
uma espécie de auto-atordoamento, depois que o ser humano terreno se
desvencilhou de todo o verdadeiro saber que chegara a possuir outrora –
numa época em que seu desenvolvimento ainda se processava de modo
normal – e se voltou exclusivamente para a matéria, deixando atrofiar
dentro de si as faculdades de seu espírito. Um crime abominável, e ainda
praticado com uma espécie de orgulho coletivo, o qual crescia na mesma
proporção em que aumentava o grau de miopia espiritual da humanidade,
até chegarem ambos à arrogância e à mais completa cegueira, que
passaram para a história fundidas no nome de materialismo.
A vida é uma dádiva do Amor do Criador, presente em toda a Sua
gigantesca Obra, e assim também neste plano material. Cada esporo, cada
ovo ou óvulo fecundado – os zigotos de seres humanos e animais –
encerram em si a promessa da continuação do grandioso espetáculo da
vida, fornecendo continuamente novos atores a este palco terreno, onde
todos entram prontos a desempenhar os mais variados papéis, em novos
atos descortinados pelo efeito de leis universais, aprendendo com eles na
grande trama do desenvolvimento progressivo. Uma eterna renovação
periódica de vida, num permanente dar e receber, direcionada
exclusivamente para o aperfeiçoamento da própria vida.
● Círculo do Graal
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A Páscoa, que não por acaso tem também como símbolo o ovo
(simbologia prodigiosamente surripiada pelo marketing do chocolate), era
de início uma festa para comemorar a chegada da primavera, que
indiscutivelmente traz também a renovação da vida a cada ano,
regularmente, em novas formas virginais. Por isso, Páscoa tem igualmente
o significado de renovação, renascimento, ressurreição. Sobre isso, aliás,
é muito elucidativo um vídeo elaborado pela Editora Ordem do Graal na
Terra.
Renascimento! Ressurreição! Esses são os significados originais da
Páscoa. Ressurreição que se verifica, inclusive, em cada nascimento
terreno. Uma ressurreição na carne, em virtude da nova vida terrena que
se inicia, e não uma ressurreição da carne, pois a alma, o invólucro mais
fino do espírito, é sempre o mesmo. O que muda em cada encarnação é
apenas a vestimenta mais externa, denominada corpo humano terreno,
num processo que se repete várias vezes mas que não é infinito, visto que
para tudo há um tempo determinado, e assim também para o
desenvolvimento previsto para o espírito humano.
Mas o corpo humano é formado de matéria, e em razão disso tem de
permanecer sempre no âmbito material, do qual se originou, nunca
podendo chegar a outros planos da Criação situados acima dele, que são
de espécie e constituição completamente diferentes. Uma decorrência
absolutamente natural e lógica de leis eternas, imutáveis e perfeitas. No
assim chamado “além” só podem estar almas humanas cuja constituição
seja idêntica à do respectivo plano. E no plano mais alto que um ser
humano pode alcançar, no plano espiritual denominado Paraíso, só podem
estar espíritos humanos exclusivamente, sem invólucros de outras
espécies. Jamais um corpo material poderá ascender até o plano espiritual
da Criação, ou mesmo a regiões acima deste. Uma tal coisa, as próprias
leis inflexíveis da Criação não permitem. Se fosse possível
diferentemente, então essas leis não seriam perfeitas e, por conseguinte,
também não o seria o próprio Criador. Certamente nenhum cristão
aceitaria a ideia de que o Filho de Deus tenha descido a essa Terra com a
deliberada intenção de burlar as leis de seu Pai. Muito pelo contrário, pois
ele mesmo asseverou ter vindo para cumpri-las, e não para revogá-las
(Mt5:17).
O que nós, seres humanos terrenos, temos de cuidar, e que constitui nosso
dever máximo nesta época de transição tão incisiva, é de promover a
ressurreição de nosso próprio espírito, fazendo-o renascer da indolência
● Círculo do Graal
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mortífera em que está mergulhado, redespertando e fortalecendo suas
capacitações adormecidas. Cada um de nós tem, pois, de promover a sua
própria Páscoa espiritual, e com a máxima urgência! Só assim poderemos
subsistir aos rigores desse final de inverno da existência humana, e chegar
redivivos à primavera da prometida Era de Paz que se anuncia, para
festejar com júbilo a grande Páscoa outorgada pelo Amor do Todo-
Poderoso.
Trata-se de um esforço que cada qual tem de realizar impreterivelmente,
totalmente só. Ele próprio tem de vencer todos os obstáculos internos e
externos, sem se importar com a incompreensão, escárnio ou zombaria
dos que consideram a matéria como realidade última. Realidade que para
eles é, de fato, a última, já que se excluem por si mesmos de
reconhecimentos mais elevados ao confiar integralmente apenas em seu
próprio raciocínio, que não está capacitado a assimilá-los absolutamente,
porque lhe são totalmente estranhos. E como não pode assimilá-los,
compreendê-los, esse raciocínio condena-os como impossíveis... Tão-
somente a intuição, a voz do espírito, pode reconhecer imediatamente
uma verdade quando se depara com ela, sem ter necessidade para tanto de
provas e contraprovas materialmente visíveis e palpáveis.
Apesar de saber que os mesmos sorrisos parvos mencionados no início
deste artigo estarão de volta agora inevitavelmente, quero dizer
simplesmente que foram ovos os que primeiro surgiram em nosso planeta,
há muitos milhões de anos. Nos primórdios, quando a Terra ainda era um
imenso campo de cultivo, preparada e fertilizada pelos incansáveis servos
enteais do Criador, os seres da Natureza, chegaram até aqui – no tempo
para isso determinado – sementes primordiais de vida vegetal e animal.
As sementes de animais eram abrigadas numa espécie de cápsulas, que
poderiam ser denominadas ovos primordiais. Sobre isso, os livros O
Nascimento da Terra e Os Primeiros Seres Humanos, ambos de Roselis
von Sass, fornecemm esclarecimentos incomparáveis.
A atual reprodução das espécies aqui na Terra, que se apresenta hoje na
forma dos óvulos e ovos que conhecemos, são efeitos diretos e distantes
daquela primeira semeadura de vida em nosso planeta, base para o
advento de todas as Páscoas futuras.
Que o ser humano espiritualizado, atualmente soterrado sob o jugo de seu
tirânico intelecto, possa ainda ressuscitar a tempo do caos que ele mesmo
formou e nutriu ao longo de milênios e, assim, festejar de modo vivo, para
sempre, a sua própria Páscoa.
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XIII
VIDAS SEM TRABALHO E TRABALHOS SEM VIDA
Parte 1
“Comerás o pão com o suor de teu rosto!” Parece claro hoje que esta
sentença nunca encerrou maldição alguma, mas uma bênção como poucas.
Mais até do que dignificar o homem, o trabalho é aquilo que dá sentido
propriamente à sua existência, é o que faz dele uma peça útil na
engrenagem da Criação.
Uma peça útil! Assim tem de se portar o ser humano dentro do grande Tear
de Deus. Como peça útil e necessária, sujeita a um processo contínuo de
aprimoramento, usinada e lubrificada pelas vivências que o trabalho
condiciona. Uma peça, naturalmente, pequena e limitada quando
comparada ao gigantesco conjunto da engrenagem universal, mas que
dispõe do admirável recurso de poder ajustar a si mesma ao longo de sua
vida útil, de corrigir eventuais falhas de origem e de se autocalibrar, de
modo a contribuir para o funcionamento harmonioso de todo o mecanismo.
Isso, se ela quiser, de fato, ajustar-se adequadamente a este mecanismo, o
que só é possível depois de conhecê-lo em detalhes, caso contrário ela mui
facilmente se deixará desregular e até trincar por qualquer trepidação mais
forte, acabando por tornar-se uma peça estorvante ao invés de útil,
completamente perdida dentro do imenso maquinário. Cabe, portanto, à
própria peça humana proceder ao necessário ajuste contínuo em si mesma,
para adequar-se ao movimento circunjacente. E tem de fazer isto enquanto
executa sua atividade, porque as engrenagens que mantêm tudo em
movimento na Criação jamais alteram seu ritmo sob nenhuma
circunstância, muito menos ainda são desligadas por qualquer motivo.
Peças defeituosas, que não querem mesmo adaptar-se, são simplesmente
lançadas fora de modo automático.
Não fosse essa dádiva chamada trabalho, que sempre teve sobre si o
● Círculo do Graal
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encargo de manter a raça humana em permanente movimento aqui na
Terra, em prol de sua subsistência corporal e de seu aperfeiçoamento
espiritual, ela já há muito teria se auto-extinguido, bem antes até do
término do prazo concedido para o seu desenvolvimento. Teria afundado
inteira na indolência mortífera, pela qual, aliás, sempre manifestou
incontestável e indisfarçável pendor. Se a vida pudesse ser realmente como
a maior parte das pessoas gostaria que fosse, ou seja, um “dolce far niente”
perpétuo, adviria logo a estagnação e com ela a doença e a morte, pois
outra coisa não pode surgir com o fim da movimentação. Não é
coincidência nem acaso, por exemplo, a ocorrência de tantas mortes,
aparentemente prematuras, pouco tempo depois da “conquista” tão
acalentada da aposentadoria, nos casos em que esses aposentados realmente
passam a exercer integralmente a profissão de administradores do ócio
remunerado. Ao desejarem “aproveitar” o resto da vida para descansar, eles
sem o saberem a encurtam de vez.
Tudo na vida é movimento. A própria vida o é. Movimento permanente,
ininterrupto, num equilíbrio contínuo entre o dar e o receber. (*) Deixar de
movimentar-se é dar, conscientemente, o primeiro passo para o
enrijecimento progressivo, estágio inicial do processo de morte. Equivale a
praticar um lento suicídio. Sem movimento, sem trabalho portanto,
ninguém pode viver, se pretender usufruir uma vida saudável e útil, em
consonância com as Leis da Criação.
Mas sendo o trabalho algo assim tão indispensável à natureza humana, qual
é a causa então de milhões, centenas de milhões de pessoas em todo o
mundo simplesmente não encontrarem ocupação? Por que o emprego,
pacto de vida e até de sobrevivência entre capital e trabalho, entre produção
e consumo, está em franco declínio em quase todos os países? Qual é, pois,
a causa real dessa tragédia global? O que se esconde atrás dos diagnósticos
e acima dos prognósticos de economistas e sociólogos, e que não é possível
abranger com análises intelectivas? O que provocou essa terrível doença
social, endêmica há poucas décadas e já pandêmica nos dias atuais?
Vamos partir de algumas premissas. Com um pouco de atenção (e isenção)
teremos de reconhecer que em todas as situações de vida em que surge um
desequilíbrio qualquer está sempre por detrás, como agente causador, a
mão do ser humano. Sempre. Em todas essas ocasiões, lá está ela
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despejando areia nas engrenagens perfeitas da Criação. Quer se trate de
fenômenos da Natureza ou relações humanas, onde surge algo perturbador
a causa é uma só: a interferência nefasta da criatura humana, única a dispor
de livre-arbítrio – contingência necessária a seu desenvolvimento espiritual
– e que faz dela também a única responsável por toda a desgraça, por todos
os males que assolam tanto seu ambiente como ela própria, porque utilizou
esta dádiva de poder decidir sempre em sentido diametralmente oposto ao
preconizado por Quem a concebeu e lha concedeu. Cada mal, cada
tragédia, cada descalabro teve sempre uma causa mais profunda, uma falha
anterior de origem espiritual que provocou então a inevitável ruína
subseqüente, visível e perceptível terrenamente.
Por isso, também já sabemos de antemão quem é o único culpado pela crise
de desemprego global e pela miséria sempre crescente. Só não é tão fácil
enxergar o que o ser humano fez de tão errado dessa vez para que as coisas
chegassem ao ponto que estão. Não é assim tão fácil reconhecer a falha
espiritual que acarretou um tal desequilíbrio entre o dar e o receber, a ponto
de tantos não disporem mais sequer do necessário à sua própria
subsistência. É difícil, porque em tudo procuramos ver apenas causas
exclusivamente terrenas, já que só distinguimos atualmente os últimos
efeitos, materialmente visíveis, de um falhar espiritual. As assim chamadas
causas econômicas, sociológicas e até antropológicas do desemprego não
são, na realidade, as verdadeiras causas, mas apenas efeitos de uma causa
primeira, maior e mais abrangente, de cunho espiritual.
Último alicerce a sustentar ainda a tênue paz social em que repousam
nações ricas e pobres, o nível de emprego submerge inexorável nesse
turbilhão pós-moderno e pré-catastrófico da economia globalizada,
afundando titanicamente sob o lastro da excessiva oferta de mão de obra e
da busca do lucro acima de tudo. Gente demais e cobiça demais a fazer
água por todos os lados...
Lucro e lucro! E lucro! Acima de tudo! Nunca, em tempo algum da
história, o Primeiro dos Dez Mandamentos foi tão criminosamente
desobedecido, tão acintosamente menosprezado, tão alegremente
escarnecido por uma criatura, como o foi pelo ser humano contemporâneo.
E, nunca, também, a humanidade inteira experimentou com tamanho
ímpeto e tão concentradamente as conseqüências nefastas de sua
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desoladora passagem pela Terra, frutos amargos que ela é obrigada a
consumir agora, provenientes de sua variegada semeadura má tão contrária
às disposições do seu próprio Criador. O descalabro econômico que ora
vivenciamos é apenas um desses frutos apodrecidos, um apenas, que nos
vemos forçados a deglutir na época atual, a época da ceifa.
O lucro como fim em si mesmo não gera prosperidade, não traz
movimentação benfazeja, pelo contrário, provoca somente estagnação por
toda a parte ao gerar apenas mais lucro ainda, numa absurda espiral ilusória
de riqueza, em tudo semelhante a uma Torre de Babel financeira, cujo fim
não será também mais radiante.
Um tal esforço convulsivo na obtenção do lucro pelo lucro é, no entanto,
apenas uma decorrência absolutamente natural do domínio irrestrito do
intelecto na vida humana, em detrimento do espírito. Como o intelecto é
um produto do cérebro, que nada mais é do que um órgão do corpo
material, ele só está apto a tratar da matéria e das coisa a ela relacionadas,
devido à sua própria constituição. Jamais poderá, portanto, servir como
guia absoluto para o ser humano, que é constituído de espírito
propriamente, e que por isso mesmo possui incumbências muito mais
elevadas, não podendo desperdiçar sua vida unicamente à cata de valores
terrenos, invariavelmente perecíveis e efêmeros.
O ser humano tão cheio de si e seu raciocínio descontrolado assemelham-se
a um garboso cavaleiro montado num cavalo bravio, que ele acredita já ter
domado há muito. O cavaleiro está orgulhoso das qualidades e do porte de
seu cavalo, absolutamente convencido de que este lhe é submisso, estando
sempre pronto a acatar suas ordens. Querendo mostrar então do que o
cavalo é capaz, ele o esporeia com toda a força e o deixa galopar sozinho,
com antolhos e sem rédeas, no caminho escolhido pelo próprio animal.
Todavia, ainda que tal caminho esteja repleto de perigos e leve direto para
um abismo, o cavalo xucro não se deterá diante de nada uma vez iniciada
sua corrida louca, acabando por perecer junto com seu desafortunado dono.
Desafortunado e bastante tolo também, é bom que se diga.
É precisamente isto o que o intelecto faz com o ser humano quando ganha
supremacia na vida dele, quando é por ele coroado e elevado a um trono de
soberano que não lhe cabe, usurpado do espírito. O domínio irrestrito do
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intelecto sobre o espírito, a preponderância do raciocínio frio sobre a voz
da intuição é, em última instância, o motor dessa tresloucada, dessa
desembestada corrida do lucro pelo lucro. É a causa principal, a verdadeira,
dessa competição insana, que jamais reverterá em qualquer progresso e em
nenhum bem estar geral. Muitíssimo pelo contrário. Trata-se de uma
corrida insensata, disputada entre contendores insensatos, que só faz
crescer ainda mais os níveis de desemprego, visto que o produto do
trabalho nunca será páreo para a lucratividade advinda da especulação, na
ótica míope da avaliação imediatista do raciocínio. Corrida gananciosa, de
máxima insensatez, onde só haverá perdedores cruzando a linha de
chegada.
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XIV
VIDAS SEM TRABALHO E TRABALHOS SEM VIDA
Parte 2
Vamos ver agora o que está por detrás da excessiva oferta de mão-de-obra
(tida como a segunda grande causa de desemprego no mundo), e analisar
como deve ser executado um trabalho qualquer em conformidade com as
Leis da Criação, para que o ser humano atue como um elemento
beneficiador e não como um torrão de areia dentro da engrenagem que a
movimenta, o qual, por fim, terá obrigatoriamente de ser lavado também
durante o processo de limpeza ora em andamento, para não danificar o
restante do conjunto da Obra.
À primeira vista parece que a humanidade sofreu aqui um golpe injusto do
destino, pois quem pode culpar quem ou o quê pela necessidade de
sustentar seis bilhões de almas? A quem cabe a culpa pelo número quase
inconcebível de habitantes neste planeta? Existiria, aliás, uma culpa por
esse desequilíbrio tão evidente?...
Naturalmente, existe uma culpa. E portanto também um culpado.
Novamente, e como sempre acontece em todas as distorções que surgem na
Natureza, a culpa cabe à própria humanidade. Uma culpa bem ampla na
realidade, muito mais ampla até do que se pode supor inicialmente,
ultrapassando de muito seus contornos mais exteriores não tão difíceis de
serem reconhecidos, como deficiências de informação, políticas
governamentais equivocadas, falta de educação básica, etc. É uma ampla
culpa, de caráter espiritual.
O completo domínio do intelecto sobre o espírito, desde milênios, fez com
que este último se enfraquecesse paulatinamente, em decorrência do natural
enrijecimento progressivo provocado pela falta de movimentação, a que foi
obrigado pelo seu verdugo racionalista. O espírito enfraquecido foi
perdendo assim, pouco a pouco, as ligações que mantinha com as alturas
luminosas, que era o seu destino final, tornando-se cada vez mais suscetível
a influências baixas. Através do afluxo contínuo dessas influências
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negativas, trevosas, as paixões humanas foram instigadas até não mais
poder, aí incluído o instinto sexual, que cresceu desmesuradamente até
atingir o estágio de doença incurável e contagiosa que se vê hoje. Essa
situação anômala, aliada à nefasta suposição secular de que a maternidade é
o ideal supremo da feminilidade humana (quando não é), aumentou em
muito os nascimentos terrenos.
Só que não ficou nisso. A preponderância da vontade má no ser humano,
decorrente da voluntária manietação do espírito e seu conseqüente
distanciamento da Luz, facilitou às almas que aqui se encarnavam
sobrecarregarem-se com novas culpas, sempre e sempre de novo. Ao invés
de utilizarem a vida terrena como um estágio necessário para a ascensão do
espírito, um degrau para a ascensão que ela de fato é, as almas se atavam
cada vez mais à matéria com suas ações e convicções erradas, e com isso
ficavam impossibilitadas de ascender. Tinham de voltar repetidamente à
Terra, para uma nova encarnação, em razão dos fios de culpa que haviam
adquirido em suas vidas anteriores. Através desse fenômeno antinatural,
não previsto, o planeta foi-se enchendo mais e mais, inclusive com
nascimentos em número cada vez maior de almas profundamente decaídas,
que já haviam sucumbido de todo àquelas influências trevosas e que se
encontravam até então em seus baixios correspondentes. Jamais essas
almas poderiam ter ascendido até esta Terra e a infestado por inteiro como
aconteceu, não fosse a ponte solicitamente estendida a elas pela sempre
crescente vontade má do restante da humanidade. E assim chegamos à
situação presente de superpovoamento global, em que milhões e milhões
estão aqui encarnados em condição de miséria extrema, por culpa própria,
totalmente excluídos da possibilidade de obter o seu próprio sustento.
A humanidade como um todo fez mal uso do livre-arbítrio. Julgou ser em
tudo auto-suficiente com suas limitadas capacitações cerebrinas e só
conseguiu colher desgraça sobre desgraça, como efeito natural e inevitável
de sua desobediência voluntária, consciente, às Leis estabelecidas pela
Vontade de seu Criador, a Quem ela não conhece mais.
Foram igualmente esses dois maiores inimigos da humanidade: o domínio
irrestrito do intelecto e a concomitante indolência do espírito, que cuidaram
de eliminar também todos os impérios que já passaram por aqui, tidos e
havidos como eternos em suas respectivas épocas, mas cujo apogeu nada
mais era no fundo do que uma mistura pútrida de cobiça, crueldade,
imoralidade e várias outras excrescências, encobertas todas com um verniz
de glória aparente, pintado pela violência e lustrado pela arrogância. Acaso
alguém supõe que agora, em nossa época, o processo será diferente? Vale
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lembrar que as Leis da Natureza são as mesmas de outrora, que elas são
imutáveis, eternas.
Essas Leis eternas, porém, sempre impulsionam tudo para o
desenvolvimento e o aperfeiçoamento. Única e exclusivamente. Desse
processo faz parte também a eliminação automática de todo o errado e
insano, seja em nações, povos, coletividades ou no próprio indivíduo. Por
essa razão, mesmo quando somos atingidos dolorosamente pelos seus
efeitos, estamos a receber bênçãos na realidade. Bênção para o espírito, que
é o que conta realmente. Para as pessoas ainda vivas em si, até mesmo a
dificuldade de obter um emprego pode ser útil, quando as obriga a encarar
a vida terrena e a época atual com a seriedade que lhe são devidas. Essas
pessoas boas, porém, podem ter certeza absoluta de que tal situação é
passageira, que não ficarão desamparadas se a sua vontade for realmente
pura, se o seu esforço em encontrar uma saída for incansável e, sobretudo,
se o seu anseio em melhorar como seres humanos for inabalável. Pois
mesmo na difícil situação de desempregado cada qual continua a forjar o
seu próprio destino, o seu futuro, segundo a sua maneira de ser e de atuar
no presente.
Uma vida cômoda é para incontáveis criaturas um enorme risco à
vivacidade de seus espíritos. A comodidade é para elas um veneno, porque
são fracas demais para se manterem ativas no espírito numa situação de
maior conforto, deixando-se de bom grado embalar por ele numa
sonolência entorpecedora. Acontece, porém, que a sonolência espiritual é o
primeiro degrau descendente rumo ao sono letal, à morte espiritual, o que
de mais terrível pode acontecer a um ser humano. Por isso, dificuldades
terrenas de qualquer espécie, mesmo sendo sempre efeitos de uma atuação
anterior contrária às Leis da Criação, são muitas vezes dádivas dos céus
quando atingem uma pessoa ainda boa em si, ao forçá-la a redirecionar seu
modo errado de viver e a se manter em contínua vigilância espiritual e
terrena, através de tão múltiplas e fortes vivências.
E mais importante ainda do que ter uma ocupação, é a maneira pela qual
exercitamos nossas funções dentro dela. Quantas pessoas não há que
possuem uma renda considerável, ou que ainda dispõem de um bom
emprego, de um bom salário, e no entanto executam suas atividades como
mero dever de ofício, mecanicamente, com o olhar e o pensamento
voltados exclusivamente para as horas futuras de lazer, quando então
poderão se ver livres do que consideram um fardo inevitável. São aquelas
eternas insatisfeitas, sempre dispostas a tornar um pouco mais amarga a
vida de seus semelhantes e a delas próprias.
● Círculo do Graal
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Com este modo de agir, porém, elas se excluem por inteiro das bênçãos
proporcionadas pelo trabalho. Alijam de si a alegria de executar suas
atividades com presteza e dedicação, pouco importando do que se trate.
Rejeitam a satisfação simples – mas indescritível em sua plenitude – de
contemplar com regozijo um trabalho bem feito. O seu próprio. Se não
podem sempre “fazer o que gostam”, então “não se sentem realizadas”,
conforme lhes ensinam não poucos manuais de auto-ajuda, verdadeiras
pragas escritas contra a felicidade. Sim, porque o verdadeiro lucro advindo
de um trabalho, assim como em tudo o mais, são as vivências
proporcionadas ao espírito humano durante a sua realização, pois
unicamente estas fazem-no amadurecer e ascender. A remuneração pelo
trabalho executado só é de proveito a uma pessoa aqui na Terra, mas as
vivências que adquiriu durante sua consecução ela leva consigo para o
outro lado, como legítimo substrato de sua existência, como verdadeiro
tesouro de sua alma.
Se as pessoas encarassem suas atividades profissionais, quaisquer que
sejam elas, como oportunidades preciosas de crescerem como seres
humanos, cientes de estarem contribuindo para o aperfeiçoamento do
mundo e delas próprias ao executarem-nas com dedicação, então a
insatisfação injustificada desapareceria logo, como que por encanto. A
insatisfação pelo trabalho deve ser creditada também às ponderações
intelectivas que nos assaltam, já que o intelecto só consegue eleger como
alvo máximo coisas pequenas, ínfimas mesmo, como alegrias e prazeres
passageiros. O que não se enquadra nisso ele classifica logo de indesejável
e inútil. E descarta. Por si só nunca chegará a compreender que o
verdadeiro valor de um trabalho está na forma como é executado.
A satisfação obtida pelo trabalho executado com presteza preenche o
espírito humano, faz com que ele se sinta, com todo o direito, uma peça
realmente útil e necessária na engrenagem que movimenta a Criação. Seu
trabalho passa assim a ter vida, torna-se realmente vivo, espiritualizado,
uma fonte de alegria constante para ele e seu ambiente. Uma alegria
genuína, perene, que se constitui na mais bela oração, no maior
agradecimento que ele pode ofertar ao seu Criador pela graça
incomensurável de poder existir.
● Círculo do Graal
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XV
OVELHAS NEGRAS, MÃES DE ALUGUEL
Depois do próprio choro, a
segunda coisa que um recém-
nascido é obrigado a ouvir assim
que aporta neste mundo tão
pouco acolhedor, são os
comentários de pais e parentes
sobre sua bagagem hereditária, já
nitidamente reconhecível no
corpo infantil. “Mas é a cara do
pai!”, diz o primeiro fatalmente;
“A boca é da mãe, não há dúvida!”, assevera outro; “Pode ser, mas a orelha
é do tio Fulano!”, retruca um terceiro. E por aí vai.
A partir dos primeiros anos da infância surgem então outras características
mais sutis, próprias do temperamento, reconhecidas igualmente como “de
família”. Um dos filhos, por exemplo, parece ser mais quieto, sempre com
aquele jeito meio taciturno do pai, ao passo que o outro dá mesmo a
impressão de ter saído à mãe, já que é bem mais falante. Ainda outros
aspectos, próprios da personalidade, manifestam-se paulatinamente ao
longo dos primeiros anos de vida.
Embora largamente conhecida e reconhecida, essa regra de hereditariedade
comportamental apresenta uma particularidade um tanto intrigante,
surpreendente mesmo: ela nem sempre funciona. De fato, às vezes
(muitíssimas vezes na realidade) ela falha fragorosamente, sem qualquer
explicação plausível. Quantos casos não há, por exemplo, em que numa
família de pais visivelmente bons, com um ou dois filhos também bons,
normais, surge um terceiro que é uma verdadeira peste, uma autêntica
● Círculo do Graal
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http://www.library.com.br/pedrasverdade/leia.htm Página 61
praga bíblica? Por quê, num caso desses, apenas os traços físicos
continuam sendo herdados, sem exceção, mas não as peculiaridades do
caráter? O que faz essa lei aparentemente descambar aí sem motivo e
produzir as famigeradas, as temíveis “ovelhas negras”, verdadeiros clones
de desgraça concentrada e de hospedagem compulsória?
Sempre que nos depararmos com alguma aparente incongruência no efeito
de leis naturais, temos de procurar a causa desse malogro em nós mesmos,
em nossa interpretação, e não nas próprias leis, que são absolutamente
perfeitas e que exatamente por isso jamais admitem qualquer falha, a
menor exceção, nenhum desvio.
A hereditariedade está adstrita ao corpo humano. Exclusivamente a este.
Trata-se de uma peculiaridade de ordem material, estritamente física.
Características corpóreas e predisposições genéticas podem, sim, ser
transmitidas de pai para filho, mas não a personalidade, não o caráter. Tais
atributos são exclusivos do espírito humano, angariados por ele mesmo em
sua peregrinação pela Criação, e por essa razão a própria alma já os traz
consigo por ocasião da encarnação.
A alma é o invólucro do espírito, assim como o corpo é o invólucro da
alma. Ambos os invólucros não têm vida autônoma, mas são apenas
vivificados pelo espírito, o único realmente vivo no ser humano, que, aliás,
é o próprio ser humano, aquilo que ele sente como sendo o seu “eu”.
O corpo infantil, portanto, nada mais é do que um invólucro material em
processo de desenvolvimento, que abriga uma personalidade humana já
plenamente formada, cujas características intrínsecas (boas ou más) tornar-
se-ão reconhecíveis quando o espírito se tornar apto a atuar neste mundo
através do corpo terreno já maduro, o que ocorre nos anos da adolescência.
Nesta época surge então o verdadeiro ser humano, como ele realmente é.
Pode-se dizer que é nesta época que o espírito humano nasce propriamente
para a sua atuação aqui na matéria. Antes ele não podia fazer isso, porque o
seu instrumento, o corpo terreno, ainda não estava plenamente
amadurecido, não estava “pronto” por assim dizer.
A hereditariedade é unicamente material. No máximo, pode-se divisar
alguns traços comuns de temperamento entre pais e filhos, mas não mais do
que isso. Traços de temperamento podem ser transmitidos por
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hereditariedade, porque ele, o temperamento, está estreitamente ligado ao
corpo, mais especificamente à composição do sangue. Mas mesmo nesses
casos o respectivo ser humano tem a possibilidade e até o dever de dominar
seus temperamentos, visto que o corpo é e permanecerá sempre apenas uma
mera ferramenta para a atuação do espírito. O espírito tem, pois, de
dominar o corpo, e não o contrário. Por essa razão, quando uma pessoa
afirma, com ar desalentado, não ter como evitar seus rompantes, já que
herdou tal destempero do pai ou da mãe, está na verdade fazendo uma
confissão aberta de preguiça espiritual. Mostra com isso ser
demasiadamente fraca para dominar a si mesma.
E como explicar então o aparecimento das ovelhas negras? Seria uma
loteria da natureza? Um azar do destino? Vamos começar descartando,
como já visto, aquela hipótese de uma falha nas leis da Criação e procurar
aprofundar nosso conhecimento sobre elas, de maneira a obter uma
interpretação correta dos seus efeitos.
Não existem acasos numa encarnação, assim como não existem acasos em
fenômeno algum da natureza. Uma alma não pode se encarnar num
determinado lugar, numa certa condição material e numa família específica
se não tiverem sido satisfeitas as disposições para isso, determinadas por
leis primordiais. Uma encarnação é o resultado final de múltiplas
contingências, determinadas por fios do destino que se sobrepõem e se
entrelaçam, urdidos em vidas terrenas anteriores, assim como pela
concomitante atração da alma pela sua espécie igual. Justamente essa
atração da igual espécie constitui uma lei fundamental da Criação, de
especial importância numa encarnação.
A alma prestes a encarnar é assim atraída para aquele local, para aquela
família cujas pessoas têm afinidades anímicas com ela. Força especial de
atração exercem justamente as fraquezas, porque são elas que precisam ser
dirimidas numa vida terrena. Desse modo, cada vida aqui na Terra é uma
oportunidade sem igual para se corrigir antigos erros, sobrepujar fraquezas
e evoluir espiritualmente. A vida terrena é, portanto, uma autêntica dádiva
dos céus.
Mas exteriormente parece haver realmente uma hereditariedade espiritual,
quando se nota que uma criança puxou uma determinada característica de
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comportamento do pai ou da mãe. Na realidade, porém, foram os pais que
propriamente “puxaram” aquela alma específica para dentro da família,
conforme suas próprias características anímicas. Não é difícil compreender
que a gestante, especialmente, possui uma força incisiva de atração, já que
a alma vai se encarnar no corpo em formação dentro dela.
Por isso, também não é difícil entender que mães com características
anímicas negativas não podem absolutamente atrair uma alma muito pura,
um ser humano bom e elevado. Ela e o seu companheiro têm, pois, de
receber em casa um hóspede com vícios e pendores. Com vontade boa
ambos os lados, pais e filhos, têm ensejo de vivenciar seus próprios erros
uns nos outros, nessa convivência difícil, e eventualmente até de remi-los
se estão realmente empenhados em melhorar como seres humanos. Com
vontade má, porém, essa situação os faz angariar ainda novas culpas por
cima das antigas, e conseqüentemente novos sofrimentos. Sofrimentos e
dores renovados, angariados por culpa própria portanto. Sempre e
unicamente por culpa própria.
No caso de ovelhas negras de pais bons, o que acontece é que durante a
gestação a mãe se permitiu rodear de pessoas animicamente pouco limpas
em seu convívio social, consentindo que essas exercessem uma tal força de
atração em volta dela que apenas uma alma turva pôde encarnar-se ali. Esta
consegue então ancorar-se na mãe através da presença constante daquelas
pessoas de características negativas.
A encarnação ocorre no meio da gravidez. Por isso, até essa época a
gestante deve observar o máximo cuidado em suas relações pessoais. Na
verdade deve observar sempre, mas o descuido nisso até a metade da
gestação vingar-se-á amargamente no futuro. O fruto de seu ventre será
também o de sua própria negligência. Quão amargo é, ela saberá na época
da maturação, na adolescência.
Essa força de atração na encarnação, infelizmente desconhecida e por isso
mesmo desconsiderada, explica também as aparentes incongruências no
comportamento de tantas das assim chamadas “mães de aluguel”. Essas
locadoras de úteros oferecem gestação para um casal impossibilitado de ter
filhos, devido a um problema qualquer. O óvulo da mulher que não pode
engravidar é fertilizado “in vitro” com o espermatozóide do companheiro e
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posteriormente implantado na mãe de aluguel.
Para todos os efeitos, a criança assim gerada seria então realmente filha do
casal contratante, já que a carga genética dela provém de ambos. Mas
apenas o corpo, o invólucro da alma, é formado segundo os padrões
genéticos do casal. O espírito que vai se encarnar ali é atraído
infalivelmente pela própria mãe de aluguel, sendo, portanto, filho dela
efetivamente. Pode tratar-se, por exemplo, de um ser humano ligado por
vários fios cármicos àquela mãe de aluguel, sejam eles bons ou ruins,
tecidos em vida anteriores. Por isso, em muitos casos, a mãe de aluguel se
desespera quando se vê obrigada a entregar o seu filho – que está de fato
ligado a ela – a uma estranha, que geralmente não contribuiu no processo
de atração. O contrato terreno, frio, analisado rigorosamente pelo intelecto
restrito, atesta que o filho é do casal, enquanto que a mulher que deu à luz
sente perfeitamente que o filho é seu, pois sua intuição em relação a esta
certeza é muito mais forte do que qualquer argumento legal ou
consideração racional.
Assim como nesses casos de ovelhas negras e mães de aluguel, muitos
outros enigmas da atualidade, tidos como indecifráveis, encontram uma
explicação simples e lógica quando se conhece os efeitos das Leis da
Criação. Uma dessas Leis, a Lei do Movimento, exige que cada qual se
movimente espiritualmente por si, em busca do reconhecimento da atuação
dessas mesmas Leis. Quem então se movimentar realmente, este então tem
de chegar ao reconhecimento dessas leis que regem a Natureza. Nem é
possível diferentemente. Mas somente quem procura, encontrará.
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XVI
A FALÁCIA DA PERSONALIDADE HEREDITÁRIA
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Minnesota estudou a vida
de 8 mil pares de gêmeos durante vinte anos, na tentativa de descobrir a
influência da hereditariedade na formação da personalidade humana.
Especial atenção foi reservada aos casos de gêmeos idênticos separados
pouco depois do nascimento, e que na vida adulta acabaram se
reencontrando. Segundo os cientistas, as semelhanças comportamentais
verificadas nesses casos devem ser atribuídas a fatores genéticos e não a
circunstâncias externas, já que ambas as pessoas possuem idêntica carga
genética e sofreram influências ambientais distintas.
O número de vezes que uma determinada característica se repetia nesses
pares de gêmeos, em relação ao total de grupos pesquisados, foi
considerado então como o percentual de influência genética para o
desencadeamento dessa característica. Assim, a felicidade ficou definida
como um sentimento 50% genético, já que do total de pares de gêmeos
pesquisados que se reencontraram, metade se declararam felizes. A
ansiedade e a susceptibilidade, por sua vez, demonstraram ter um padrão
genético de 50% e 60% respectivamente. Já a agressividade apresentou um
componente genético tão preponderante, que o estudo chega a sugerir que a
criminalidade pode, de fato, ser transmitida de pai para filho... Algumas
patologias também foram definidas como hereditárias por esse critério. Os
pesquisadores mostram-se tão seguros dos resultados obtidos que descem a
algumas firulas de extrema ousadia, como a afirmação de que “o hábito de
consumir café é mais facilmente herdado que o de tomar chá”, o que talvez
possa ser explicado pela injustificada ausência de gêmeos ingleses no
universo pesquisado. Em suma, o estudo quer fazer crer que todas as
coincidências encontradas nas personalidades dos gêmeos têm,
necessariamente, de estar relacionadas à atividade de um gene comum.
● Círculo do Graal
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Esse “necessariamente” é encontrado com bastante freqüência em trabalhos
científicos, estampado estrategicamente aqui e acolá como um escudo
contra intromissões indesejáveis. Assim como outros escudos adverbiais
semelhantes, também este tem a função de encobrir a ignorância, seja ela
consciente ou não. Trata-se de uma espécie de anteparo protetor, até bem
eficiente para rechaçar alguns tímidos questionamentos ou dúvidas, mas
que se mostra extremamente frágil quando atingido por um olhar indagador
penetrante, que o atravessa como se não existisse e vê com total clareza o
que se esconde por detrás dele: a incrível restrição inerente ao assim
chamado “método científico”.
Um método na verdade por demais limitado, que em tudo só pode
distinguir meros efeitos físicos, que só está apto a discernir e assimilar –
devido à sua própria constituição material – contingências terrenais
unicamente. Um método tão restrito quanto prepotente, pois tudo quanto
está acima dos conceitos terrenos de tempo e de espaço, tudo quanto não é
terrenamente visível e palpável, tudo, enfim, que lhe é de antemão
inatingível por natureza, ele arrasta à força para dentro do seu estreito
campo de atuação e visão, sem medir conseqüências, comprimindo-o nas
suas diretrizes tão limitadas, tão delimitadas, a fim de torná-lo mais ou
menos compreensível.
Pouco importa aí que se incorra em erros crassos, inevitáveis quando se faz
uso desse método para analisar fenômenos que se desenrolam além da
possibilidade de assimilação da ciência terrena. Para os auto-obliterados
seres humanos de raciocínio da época atual, uma tentativa de explicação
superficial já é plenamente suficiente, já lhes basta. Desde que, é claro, ela
esteja necessariamente inserida numa teoria científica qualquer, o que lhe
granjeia imediata credibilidade e a iça ao patamar de “verdade provisória
inquestionável”, titulação necessária e suficiente para fazer jus à admiração
indiscriminada da comunidade científica e à idolatria irrefletida da legião
de adeptos.
No meu artigo “Ovelhas Negras, Mães de Aluguel”, afirmei que diversas
contingências contribuem para a efetivação de um nascimento terreno. O
acaso, porém, não é uma delas.
As muitas coincidências verificadas nas vidas dos gêmeos apenas indicam
que essas pessoas formaram o seu destino de maneira muito semelhante,
através de seu atuar em outras vidas. Por conseguinte, puderam se encarnar
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nas mesmas circunstâncias terrenas nesta atual vida, recebendo
freqüentemente na mesma forma o efeito da reciprocidade de suas ações.
Se 50% dos gêmeos pesquisados são felizes, então significa simplesmente
que metade deles formaram o seu destino de tal forma que puderam ser
felizes nesta atual vida terrena. Será uma lastimável perda de tempo
continuar a desenrolar o DNA humano na tentativa de se encontrar um
gene desencadeador da felicidade. Não se achará nada aí. Somente o
espírito humano, como único realmente vivo, tem a prerrogativa de buscar
e encontrar a felicidade, e não o corpo terreno, que nada mais é do que um
invólucro do espírito, uma simples ferramenta para utilização na vida
terrena. O mesmo se dá com as demais características supostamente
herdadas, apontadas no estudo.
Por isso, ninguém tem motivo para agradecer nem direito de lamentar a
própria carga genética pela manifestação de uma característica boa ou má
da personalidade. Quem quiser conhecer a origem propriamente da
formação da personalidade tem de ir mais fundo em sua busca, acima e
além do mero invólucro material chamado “corpo”, tantas vezes
confundido com o verdadeiro “eu” do ser humano. O sentimento do “eu”
provém do espírito exclusivamente, é o próprio espírito, único responsável
pela formação da personalidade e de tudo quanto atinge a criatura humana,
quer sejam coisas boas ou más, quer se efetivem já aqui na Terra ou
somente no “além”.
Certamente muitos males corpóreos apresentam um grau maior ou menor
de predisposição genética, ou são mesmo integralmente hereditários. Isso,
porém, não significa que padecer ou não deles seja uma loteria, pois nada
existe que possa atingir o ser humano sem que ele mesmo tenha dado a
causa. Não existem acasos nos efeitos das leis que regem a Criação.
Crianças portadoras de doenças hereditárias foram atraídas animicamente
na encarnação justamente para pais capazes de transmitir uma tal doença a
seus descendentes. O carma anímico formou a ponte de atração para
aqueles pais. E muitas vezes a alma encarnada traz no corpo terreno apenas
o risco, herda apenas o perigo de contrair uma determinada doença pela
predisposição genética, a qual pode ou não efetivar-se segundo
determinadas circunstâncias.
Tais circunstâncias, mais uma vez, são estabelecidas pela própria conduta
de vida dessas pessoas. É o caso, por exemplo, da eclosão ou não do câncer
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pela ação dos assim chamados “oncogenes”, eles mesmos podendo ou não
surgir dos “protooncogenes”. A ciência já sabe que quando ativados os
oncogenes desencadeiam o câncer, mas nem desconfia que está nas mãos
da própria pessoa, exclusivamente, permitir ou não que isso ocorra, não
apenas como decorrência do seu modo de vida exterior, mas,
principalmente, pela sua vida interior.
Um carma pesado, pronto a se efetivar integralmente através de uma
doença séria, não precisa abater-se com toda a sua potencialidade sobre
uma pessoa. Mesmo numa situação de perigo como esta a criatura humana
não fica desamparada, não se encontra indefesa. Mesmo aqui é ela própria
a determinar sua senda, a fornecer os fios com que o tear da Criação tece o
tapete do seu destino. Se ela se esforçar realmente em melhorar em tudo,
em purificar a sua vontade, seus pensamentos, suas palavras e ações, se
procurar enobrecer tudo o que com ela entra em contato, então não
concederá mais nenhuma ancoragem para a efetivação integral de um
carma grave.
Como ela melhorou por esforço próprio, como ascendeu espiritualmente de
patamar, então também não tem mais em si a mesma espécie do retorno
cármico ruim. Não pode mais ser atingida integralmente pelo carma ruim a
ela ligado, pelo simples fato de que espiritualmente não se encontra mais lá
em baixo, naquele mesmo nível de quando o gerou por meio de uma
atuação errada qualquer. O efeito cármico danoso só poderá assim atingi-la
de modo muito enfraquecido, bastante atenuado, simbólico até, com o que
então será remido da mesma forma. E carma remido significa culpa
expiada! Outro caminho não há para o perdão dos pecados.
A atração da igual espécie – uma das leis da Criação – co-participa também
aqui automaticamente, cuidando para que o efeito retroativo seja justo até
as minúcias neste processo. Quanto melhor um ser humano tornar-se
interiormente, tanto menos será ele atingido por efeitos cármicos ruins, seja
em quantidade, seja em intensidade.
Mais uma vez se reconhece que tudo, mas tudo mesmo, está sempre nas
mãos do próprio ser humano. Unicamente ele é senhor do seu próprio
destino, unicamente ele decide o que vai encontrar em sua peregrinação:
dor ou alegria, sofrimento ou felicidade, perdição ou salvação. Ele decide,
ele planta, ele colhe.
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XVII
O QUE VEM DEPOIS DA MORTE?
Para quem se
contenta com
respostas prontas
para as questões
fundamentais da
existência humana,
também aqui, como
em tudo o mais, não
precisará fazer
nenhum esforço de
aprofundamento
interior. Só terá o trabalho de escolher. Pois cada religião, seita ou filosofia
já tomou a si esse encargo e pôs a disposição dos interessados uma
concepção toda particular da vida após a morte, a qual acaba valendo
automaticamente para bem determinadas regiões do globo, segundo a área
geográfica em que essa crença se disseminou. Assim, à parte incontáveis
nuances de denominações e interpretações, a maioria dos ocidentais irá
para algum lugar semelhante ao céu ou ao inferno, conforme tenha seguido
ou não as diretrizes de sua crença, enquanto que os orientais se desfarão em
alguma espécie de nirvana ou se encarregarão de velar pelos que ficaram
no mundo dos vivos. Já os materialistas, que apesar de apátridas espirituais
são contados aos milhões em todos os países da Terra, vão ao encontro do
ansiado (por eles) “nada absoluto”.
No extremo oposto estão aqueles que devotam sua vida em busca da
solução dos mistérios insondáveis da vida e da morte, mas que o fazem
apoiados exclusivamente no raciocínio, o que já impossibilita de antemão
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qualquer reconhecimento mais elevado. Como o raciocínio nada mais é do
que um produto do cérebro terreno, ele nunca será capaz – em razão de sua
própria constituição – de perscrutar coisas que estão acima dos conceitos
terrenos de espaço e de tempo. Por isso, os que fazem parte desse grupo
não estão em melhores condições do que os primeiramente mencionados,
que aceitam placidamente, apaticamente, qualquer esclarecimento
transcendental através de terceiros. Nenhum doutorado em teologia serve
de salvo-conduto e muito menos de escolta para o além.
Ambos os grupos, na realidade, comungam do mesmo mal, denominado
“crença cega”. Denominação essa, a bem dizer, apropriadíssima, já que
nenhum dos seus integrantes consegue realmente ver através dos antolhos
impostos por uma crença ou estudo rígido, sem vida, edificados
exclusivamente sobre ponderações intelectivas. Já em relação aos
materialistas não se trata propriamente de antolhos, mas de uma mortalha
espiritual tecida com espantoso afinco por eles mesmos, com a qual se
envolvem dos pés à cabeça para desfilar pela vida com mal contido
orgulho. Não há realmente porque perder tempo nem palavras com esses
tais, que diligentemente cavam a sua própria sepultura espiritual. Que
prossigam, pois, nessa sua tarefa que lhes parece tão importante, tão
edificante, de se enterrarem mutuamente na cova coletiva.
Somente uma parcela ínfima da humanidade encontra-se em condições de
perscrutar realmente o que a aguarda do outro lado da vida. São aqueles
poucos que ao invés de se curvarem às imposições do cérebro seguem
altivos os ditames do coração; são os que procuram ouvir e seguir a voz de
seu íntimo, a intuição, em contraposição às ordens do raciocínio. São os
que em matéria de fé só aceitam aquilo que podem compreender, e que
somente assim permitem que se torne vivo dentro deles. São aqueles
efetivamente donos de si mesmos, de seu próprio destino, mas não escravos
do intelecto ou de dogmas rígidos. E estes assim libertos são poucos.
Infelizmente.
Mas são justamente estes que intuirão, com certeza cristalina, que cada
qual por fim só poderá encontrar do outro lado aquilo que ele mesmo
forjou para si, através de tudo quanto dele emana, quer se trate de
pensamentos, de ações, ou da vontade interior. Nada diferente disso.
Saberão, com toda a clareza, que na outra vida simplesmente não pode
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haver mais nenhuma distinção nem separação de credos de qualquer
espécie, nenhuma diferenciação engendrada pelo raciocínio terreno. Lá não
há mais ideologias, não há mais hinos nem bandeiras, não há mais dinheiro
nem honrarias. Não há mais cristãos, judeus, muçulmanos, espíritas,
hinduístas, budistas ou xintoístas, mas tão-somente almas humanas,
simples almas humanas que têm de prestar contas de como utilizaram o
tempo a elas outorgado aqui na Terra.
Lá não conta mais nenhuma forma exterior de crença cega, mecanicamente
decorada, mas apenas a verdadeira crença interior, e na medida exata em
que esta é realmente viva no respectivo espírito humano. É o conteúdo, e
não a forma, que conta. Naquele mundo o que vale é a legitimidade da
veneração ao Criador e a vivacidade da gratidão para com Ele, e não a
quantidade de orações recitadas durante os anos terrenos. O que tem valor
lá é o verdadeiro amor ao próximo, profundamente intuído, e não o número
ou valor das esmolas distribuídas na Terra, como supõem tantos em sua
tola esperança, não confessada, de que estas lhes devam ser creditadas de
alguma maneira na outra vida, como um investimento metafísico de retorno
garantido.
Unicamente uma crença viva, vivificada pela própria pessoa, pode
transformar-se em convicção, e unicamente a convicção íntima é capaz
impulsioná-la a ascender espiritualmente, a tornar-se um ser humano
sempre melhor, preceito que, aliás, sempre foi o fundamento de toda
doutrina verdadeira. Somente mais tarde, quando os seguidores e dirigentes
dessas puras doutrinas originais resolveram “aperfeiçoá-las” por conta
própria, é que este ensinamento tão fundamental foi relegado para o
segundo ou até terceiro planos, ou mesmo completamente suprimido. Em
seu lugar foram então inseridas as formas vazias de crença cega, que não
exigem nenhum esforço de aperfeiçoamento interior e que por isso mesmo
sempre receberam calorosa acolhida por parte dos adeptos, em razão de sua
crônica indolência espiritual. A cantilena milenar dos dogmas cuidou de
embalar seus espíritos, já semi-adormecidos, num seguro sono de morte
espiritual.
Somos nós, nós mesmos que produzimos o material com que é formado o
mundo em que adentraremos após a nossa morte. Esse material de
construção de que dispomos são as ações, os pensamentos e as intuições.
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São esses os tijolos invisíveis com os quais é construído o tão temido
“além”. E não é possível ascender a outros planos da Criação sem entrar
primeiro neste mundo e lá permanecer durante algum tempo, mundo este
que se encontra mais próximo da nossa Terra de matéria grosseira.
Também só estará apto a prosseguir na ascensão espiritual, até o Paraíso,
quem puder entrar num mundo belo, correspondentemente mais elevado,
construído em conformidade com as leis da Criação, que tudo impulsionam
para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento.
Essas leis da Criação, ou leis naturais, são de tal simplicidade, são de
tamanha lógica e clareza, que fogem à compreensão do ser humano
moderno. Sim, são tão simples que ele não é mais capaz de compreendê-
las, impedido que está pelos sofismas de seu raciocínio. E, no entanto, elas
perfluem toda a Criação, atuando por conseguinte também aqui embaixo,
em nosso pequeno planeta, com idêntica inflexibilidade, imperturbáveis,
em seu ritmo eternamente uniforme. Se nos esforçássemos em afastar para
o lado aqueles antolhos, por pouco que fosse, de modo a poder perscrutar
com espírito livre essas leis da Criação, já seria possível reconhecê-las sem
maiores dificuldades.
Sabemos, por exemplo, que numa plantação de arroz não pode brotar
nenhum ramo de trigo, e que numa de feijão jamais surgirá um grão de
soja. Por isso, se semearmos cardos estamos certos de que não poderá
surgir dessa semeadura nem uma única flor sequer. Disso ninguém duvida,
de tão óbvio. Contudo, a mesma lei natural que atua aí de modo tão
implacável, não admitindo o menor desvio em seus efeitos, essa mesma lei
age igualmente sobre o ser humano. Nem poderia ser diferente, já que ele
nada mais é também do que um mero fruto da Criação, como tantos outros.
Quando Jesus pronunciou a sentença: “O QUE O SER HUMANO
SEMEIA, ISSO ELE COLHERÁ”, estava transmitindo o enunciado dessa
lei, denominada “Lei da Reciprocidade”. Essa lei da Criação, que atua tão
inflexivelmente em relação às sementes produzidas pela Natureza, a ponto
de nem nos darmos conta dela, atua também com a mesma inflexibilidade,
com a mesma segurança e implacabilidade em relação às sementes
produzidas pelo próprio ser humano, que são as suas intuições, seus
pensamentos, suas palavras e suas ações.
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Essas sementes humanas são igualmente plantadas no “outro mundo”, de
consistência material diferente, mais fina, produzindo também os
respectivos frutos, que terão de ser colhidos e degustados obrigatoriamente
pelo dono da sementeira, isto é, por quem as gerou. O que este gerador não
colher aqui na Terra, como efeito retroativo dessa mesma Lei da
Reciprocidade, colherá infalivelmente nesse assim chamado “além”. Após
a sua morte ele terá de ir então para o mundo que ele próprio ajudou a
formar, através dos efeitos irretorquíveis das leis da Criação, usufruindo
alegrias ou padecendo tormentos, lado a lado com almas da mesma espécie
que a dele.
Por isso, está nas mãos do próprio ser humano não apenas forjar o seu
destino aqui na Terra, mas também escolher categoricamente que tipo de
mundo irá habitar depois da morte. Ele mesmo cria para si este mundo de
acordo com a sua semeadura, o qual pode ser então agradável, cálido, cheio
de luz e alegria... ou o próprio inferno.
● Círculo do Graal
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XVIII
AS CHAMAS QUE CONSOMEM O MUNDO
Para quem cultiva o destemido hábito de
acompanhar com atenção os
acontecimentos mundiais, há de ter
causado espanto observar a lista de títulos
superpostos com que o ano de 2001 foi e
continua sendo laureado. Assim, ele foi o
“ano que entrou para a história”, o “ano-
tragédia”, o “ano que marcou o início do
século XXI”, o “ano-sangrento”, entre
outros epítetos igualmente superlativos.
O espanto não é suscitado propriamente
pelos acontecimentos, sem dúvida
trágicos, que marcaram o fatídico, semi-apocalíptico ano de 2001, e que
abalaram tantos corações e mentes em todo o mundo. O que seguramente
deixou espantado qualquer observador atento foi constatar que essas
classificações só ocorreram agora, em que a nação americana foi tão
duramente golpeada pelo terrorismo e arrastada a um imbróglio político-
religioso-militar de conseqüências francamente inimagináveis, ou, melhor,
que nem queremos imaginar. De fato, tudo indica que o revide de Tio Sam
não se limitará ao desmantelamento de uma rede terrorista, mas que se
voltará agora contra o recém-eleito “Eixo do Mal”, ou então contra outros
Eixos desse mesmo naipe, que de tempos em tempos teimam em se
levantar contra os idolatrados valores democráticos. Sim, é inquestionável:
o ano de 2001 foi realmente um “ano-tragédia”.
Acontece que o ano de 2000 também foi trágico. Foi marcado por guerras
fratricidas que dizimaram milhares e milhares de pessoas em todo o
● Círculo do Graal
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mundo; registrou o mais inquietante avanço da AIDS de até então, em sua
sinistra tarefa de varrer nações africanas de seus habitantes; viu países
serem convulsionados por catástrofes climáticas sem precedentes;
constatou o aumento avassalador das doenças ditas psiquiátricas, como a
depressão e a síndrome do pânico, que cuidaram de dilacerar
impiedosamente inúmeras almas angustiadas; observou, impotente, o
metódico crescimento da fome, da miséria e da desesperança no planeta,
assim como o feroz irromper de moléstias que se julgavam extintas há
muito, ou, pelo menos, razoavelmente controladas.
O ano de 2000 foi, portanto, bastante trágico. Assim como o foram, a seu
modo, os anos de 1999, 1998 e 1997. Na verdade, toda a década de 90 foi
trágica. E se fizermos uma retrospectiva rigorosa, verificaremos que a
década de 80 foi igualmente marcada por tragédias sem precedentes até
então. O mesmo se verifica com a década de 70...
O rol das tragédias humanas não deu até agora nenhum sinal de
esgotamento, ao contrário, estas apenas mudaram de patamar,
recrudescendo em quantidade e intensidade ao longo das últimas décadas.
Aqueles que até há pouco ainda defendiam alegremente o ingênuo conceito
de “fim da história” (indisfarçável exteriorização de um anseio íntimo), já
devem estar bem desapontados nessa altura dos acontecimentos. Ao
contrário do que imaginavam, o patético desfecho de uma das grandes
tragédias contemporâneas, o comunismo, não sinalizou o “fim da história
humana”, mas sim o iminente “fim da história da humanidade”. Uma
diferença nada sutil, que não se restringe a uma mera questão de semântica.
Pois não é a história que vai acabar, e sim a própria humanidade, esta
humanidade atual, é que está com seus dias contados...
2001 “entrou para a história” porque, desta vez, uma das inúmeras
tragédias que vêm assolando diariamente o mundo há décadas se abateu no
coração da pátria americana, e não no quintal de seus vizinhos africanos e
asiáticos. Se uma outra tragédia de grandes proporções se abater em algum
dos países da comunidade européia, então o respectivo ano em curso
seguramente também “entrará para a história”, ao lado do pioneiro 2001.
Para a mídia, governos e povos, o que parece ditar a dimensão de uma
tragédia é basicamente o local onde ela ocorre, e não sua magnitude.
● Círculo do Graal
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Contudo, os anos que temos pela frente também entrarão para a história, na
concepção primeiro-mundista. Angariarão para si esse duvidoso status ao
retribuírem à humanidade inteira um sofrimento cada vez maior, crescente
ano após ano, o qual não mais poderá ser escamoteado por ninguém. Um
sofrimento coletivo que já vem, sim, aumentando imperturbavelmente há
décadas, como efeito recíproco da conduta errada do ser humano ao longo
de milênios, em sua atuação diametralmente oposta à preconizada pelas
Leis que regem a Criação. Um sofrimento atroz, justo, cada vez mais
intenso, que tal como uma trombeta do Juízo Final ainda procura despertar
uma parte da humanidade de seu profundo sono espiritual. Pois apenas um
ser humano desperto espiritualmente pode transpor conscientemente as mós
da Justiça divina.
Do ponto de vista das Leis naturais, o ser humano é apenas uma criatura
que não deu certo, ou, melhor dito, que não quis dar certo, já que sempre
dispôs de seu livre-arbítrio e de auxílios quase indescritíveis para trilhar o
caminho verdadeiro. A criatura humana, porém, rejeitou invariavelmente
todos os auxílios e prosseguiu cegamente em seu desenvolvimento errado.
Desse modo, ela se apresenta hoje diante da natureza como uma espécie
nociva, que por essa razão necessita ser exterminada, para que a Criação
como um todo não sofra permanentemente.
Trata-se de um processo de limpeza em âmbito planetário. É como se o
mundo inteiro estivesse sendo consumido por um incêndio descomunal,
depurativo, que se alastra por toda a parte de modo devastador,
consumindo impiedosamente todo o mal por meio de chamas trágicas.
Chamas em forma de tragédias. E as labaredas desse incêndio gigantesco
são continuamente reavivadas pelo vendaval do mau querer humano
remanescente. Assim, é a própria humanidade que força sua inevitável
destruição. O fogo queima e destrói o próprio mal que o gerou e que ainda
o nutre. São, portanto, chamas purificadoras, e nada nem ninguém será
capaz de apagá-las. Elas só se extinguirão quando todo o mal tiver sido
erradicado da Terra, seja lá onde for que tiver se aninhado: na política, na
religião, na economia, nos povos, nas comunidades, nas famílias e no ser
humano individualmente.
Somente quando todo o mal tiver sido completamente calcinado, é que a
paz verdadeira poderá emergir finalmente, sem risco de ser novamente
● Círculo do Graal
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dilapidada por uma criatura transviada. Será então a época da aurora do tão
ansiado Reino de Paz de Mil Anos... Até lá, porém, muita obra humana
ainda terá de ser reduzida a cinzas.
Quando esse inconscientemente almejado Reino do Milênio estiver
implantado, a Terra estará parcamente habitada. Constituirá morada
unicamente para aquelas pessoas que, voluntariamente e em tempo certo, se
deram ao trabalho de purificar seu querer, seus pensamentos e suas ações,
de modo a poderem suportar as chamas purificadoras do Juízo Final. Quem
sobreviver, verá.
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XIX
O Enigma do Homossexualismo
Assunto delicado este. Sem dúvida um dos mais
incompreensíveis e incompreendidos temas a
reclamar uma explicação coerente.
Vamos deixar de lado as reações extremadas, que
não por acaso são as que mais se afastam de uma
conceituação acertada, justamente porque
equilibrada. Pois é desalentador observar essa
espécie de dicotomia maniqueísta, onde em
alguns países a prática homossexual é punida
com a morte, e não só do corpo como também da
alma, compelida a arder no inferno segundo os doutos inquisidores atuais,
enquanto que em outros, no extremo oposto, os casais homossexuais são
contemplados com bênçãos nupciais estatais, incentivados a “assumir sua
condição” e a usufruir todos os direitos legais. Essas posições tão díspares
entre si apenas comprovam que a incompreensão nesse campo é total.
Vamos, ao contrário, entrar no âmago propriamente do problema, descobrir
as verdadeiras causas que levam uma pessoa a sentir atração por outra do
mesmo sexo. Para tanto é preciso saber, antes de mais nada, que esta não é
a primeira vez que pisamos na Terra. Cada um de nós já esteve várias vezes
aqui, ao longo de múltiplas vidas terrenas, vivenciando alegrias e tristezas,
vitórias e derrotas, aprendendo com ambas, com vistas a um contínuo
aperfeiçoamento espiritual.
Quem não pode aceitar a verdade cristalina da reencarnação, este já afasta
de antemão qualquer possibilidade de um reconhecimento da verdade. Para
este, o homossexualismo continuará sendo um enigma indecifrável, assim
como todas as aparentes injustiças terrenas. Resignado, passa pela vida
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como um auto-míope espiritual, incapaz de discernir as reais conexões que
moldam o destino humano.
E, no entanto, foi ele mesmo que se excluiu da compreensão dos
verdadeiros fenômenos, ao se deixar obliterar por dogmas rígidos, à
semelhança de um escravo que permite ou até insiste que lhe vistam
antolhos. Antolhos de chumbo, forjados na bigorna da indolência espiritual
e mofados durante séculos nas catacumbas da incompreensão religiosa...
Assim é que, vergado pelo peso de seus antolhos dogmáticos, o doutrinado
escravo hodierno se mostra pronto a acolher as mais estapafúrdias
explicações sobre o homossexualismo, tais como: “doença mental”,
“provação divina”, “anomalia genética”, “possessão diabólica” e outras
tolices de nível equivalente. É o que seus antolhos lhe permitem enxergar...
O ser humano é um ente espiritual, que se encarna várias vezes na Terra
com vistas à sua indispensável evolução. Durante esse processo de
encarnações sucessivas ele é genericamente chamado alma. A alma
também pode ser vista, mais apropriadamente, como um corpo mais fino
do espírito, um invólucro especial de que ele se serve no assim chamado
“além”. A alma que se reencarna é, portanto, sempre a mesma; o que muda
nas múltiplas vidas terrenas é apenas o seu manto mais externo, a “roupa”
que ela veste em cada encarnação, a qual denominamos corpo físico.
Como a alma é sempre a mesma, ela leva para cada encarnação as marcas
das vivências anteriores, as quais se farão sentir nitidamente na atual vida
terrena a partir de uma determinada época. Essa época ocorre nos anos da
adolescência, quando o corpo físico se torna completamente formado,
permitindo assim o pleno atuar do ser humano espiritual encarnado nele.
Nessa fase, tudo quanto pende naquela alma, tudo quanto está dependurado
nela por assim dizer, decorrente de vivências angariadas em outras vidas
terrenas, tudo isso se manifestará abertamente de alguma maneira, com
toda a intensidade, quer se trate de características boas ou más.
Vamos supor então que numa vida terrena anterior, uma mulher tenha
começado a desenvolver uma predileção qualquer por assuntos e atividades
mais grosseiras, mais positivas, próprias do mundo masculino. Se essa
predileção se intensificou muito, acabou se transformando então num
“pendor”, isto é, numa característica que efetivamente passou a pender
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naquela alma, a qual ficou assim indelevelmente marcada por essa
inclinação.
A alma feminina assim fortemente marcada por uma vontade espiritual
errônea – poderíamos dizer também “torcida” por essa vontade – encarnará
futuramente num corpo ajustado a essas novas particularidades masculinas
angariadas, particularidades essas, bem entendido, não originais e por
conseguinte não naturais para ela. Assim, na próxima vida terrena, essa
alma originalmente feminina se encarnará, devido à sua voluntária torção,
num corpo masculino.
O ser humano espiritual, o “eu” propriamente daquela personalidade,
continua sendo feminino, porém nessa atual vida terrena se vê encerrado
dentro de um corpo físico masculino. Interiormente ainda sente atração
pelo outro sexo, isto é, o masculino, já que espiritualmente continua sendo
uma mulher. Contudo, se inconseqüentemente der vazão a esse sentimento,
isso se evidenciará exteriormente como um comportamento bem estranho
(para dizer o mínimo), pois o que se consegue observar de fora é apenas
um homem com trejeitos femininos procurando a companhia de outro
homem.
Muitas vezes essa situação acaba sendo remediada involuntariamente,
porque a mulher espiritual encarnada em corpo masculino freqüentemente
se sente atraída por uma outra alma torcida como ela, porém em sentido
oposto, ou seja, por um homem espiritual que, pelas mesmas razões
expostas, se encontra atualmente encarnado num corpo feminino. Com
isso, o espiritual e o material aparentemente se conciliam, porque ambas as
almas que procuram se unir padecem do mesmo tipo de pendor.
Não é difícil perceber que essa situação de almas torcidas não é natural
nem desejável. Mas também não é algo tão grave assim que não possa ser
remediado, desde que a respectiva pessoa encare essa vida atual como uma
importante etapa de aprendizado, e não como sua existência integral como
espírito humano que, como dito, abrange várias vidas, tanto no aquém
como no além. Ela pode perfeitamente vencer sua torção aqui e evitar a
repetição dessa situação no futuro.
Trata-se de uma etapa que tem muito a lhe ensinar, uma etapa sem dúvida
difícil, sofrida, pois praticamente as únicas coisas com que ela se depara
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são incompreensão, desprezo e zombaria. A atual vida terrena é, assim,
uma etapa muito dura, mas também é uma escola insubstituível, que a
ensina a encarar de frente sua torção anímica e vencê-la. Pressuposto que
não alimente a revolta dentro de si, pois dessa maneira só conseguiria
enredar-se ainda mais.
O indivíduo portador de uma alma torcida deve compenetrar-se de que se
vive num corpo não ajustado ao seu âmago mais profundo, então isso se
deve, exclusivamente, à sua própria culpa. Ciente disso, deve manter
sempre uma serena discrição, evitando principalmente estabelecer ligações
com outras pessoas que só poderiam fortalecer ainda mais sua torção. Se
agir sempre com moderação, sem entregar-se a atitudes extremas do tipo
“afirmar sua homossexualidade” e outras condutas semelhantes, que não
são mais do que tentativas ocas de legitimar algo ilegítimo, acabará então
por se desvencilhar desse erro aderido à sua alma. Calmamente vencerá sua
torção anímica e nunca mais se verá outra vez na situação de viver num
corpo que não corresponda ao seu “eu” espiritual. Naturalmente, isso vale
tanto para um espírito humano feminino como para um masculino.
O aqui exposto diz respeito ao homossexualismo intrínseco, que se
manifesta espontaneamente numa determinada época da vida. São aqueles
casos em que, ao chegar na fase da adolescência, a respectiva pessoa se
sente incompreensivelmente atraída pelo mesmo sexo.
É diferente daquelas pessoas que ainda não são almas torcidas, mas que
nesta vida começam a manifestar alguma predileção por atividades e
assuntos afetos ao sexo oposto. Nesse caso então não há desculpa. É
preciso literalmente cortar o mal pela raiz, não permitindo que essa
predileção continue e se transforme em pendor, evitando com isso avançar
o processo de torção anímica. Agindo dessa maneira, essas primeiras
inclinações homossexuais, inicialmente sempre fracas, não serão mais
nutridas e acabarão por secar e se desprender da alma, extinguindo-se por
si mesmas. Pode-se bem imaginar quanto sofrimento futuro tal pessoa
evitará com essa atitude firme, tanto para si como para seu ambiente.
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XX
A CLONAGEM ÉTICA
Apesar de o ser humano atual não necessitar de
nenhum incentivo especial para manter seu
orgulho pairando em alturas orbitais, a ciência
moderna não cessa de supri-lo com novidades
que nutrem continuamente sua presunção
ilusória de “senhor da Criação”.
A chamada clonagem humana tornou-se uma
fonte inesgotável de notícias desse tipo. Fale-se
bem ou fale-se mal, o estratosférico orgulho
humano sempre irrompe dos inúmeros artigos
que abordam o assunto, evidenciando-se nas entrelinhas e também nas
linhas, invariavelmente salpicadas de profícuos pontos de exclamação. E
assim acontece que muitos passam a acreditar realmente que o ser humano
é, de fato, o senhor da Criação e, com um pouco de esforço, já praticamente
igual ao Criador. Praticamente, bem entendido, já que é sempre
conveniente conservar uma certa humildade aparente...
“Clonagem humana é moralmente inaceitável!”, reverberam em uníssona
indignação (quem diria) o papa e o presidente americano. “Ninguém vai
obstruir o progresso humano!”, ameaça em pé de igualdade um médico
quase monstro italiano, secundado por um sem-número de irados
adoradores da ciência. “Ora, já produzimos embriões humanos clonados há
décadas!”, assustam o mundo impassíveis cientistas chineses, escondendo
um sorriso apenas racialmente amarelo diante de tamanho atraso dos seus
colegas ocidentais.
Orgulho, orgulho por toda a parte nesse debate estéril, nesse embate
histérico sobre a clonagem humana. Mesmo os que a combatem não estão
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isentos disso, pois também eles acreditam que, se quiser, o ser humano
hodierno pode realmente tomar para si as atividades afetas ao Criador dos
Mundos.
Centenas de fetos mal formados são necessários para se conseguir um
único animal clonado, aparentemente sadio. Será dessa performance que os
cientistas se orgulham? Do gasto de milhares de horas e dólares para
produzir natimortos em série? Sentem-se talvez poderosos em desempenhar
o papel de serial killers pré-natais? E o que será que um eventual clone
humano adulto pensaria disso? Será que se orgulharia de seu nascimento
fratricida? Ficaria enternecido em saber que um gélido tubo de ensaio num
laboratório qualquer fez as vezes da tradicional figura do pai nervoso na
maternidade?...
É o caso então de se procurar conhecer os pretensos benefícios aguardados
da pesquisa sobre a clonagem humana. Para tanto, temos de descer até as
profundezas abissais da mais crassa vaidade e presunção dessa
humanidade.
No degrau mais fundo da degenerescência clônica, na pré-história da
máxima involução do Homo ex-sapiens, encontramos uma malta feroz de
acadêmicos neandertalescos, empenhada em desenvolver clones humanos
com o único objetivo de fornecer órgãos para transplantes (*). As simiescas
sumidades acocoradas em torno desse projeto insano, idolatrado qual um
totem, grunhem que clones não têm alma, e por conseguinte não são
propriamente seres humanos. Nessa assertiva há, contudo, uma sutil falha
de interpretação. Pois somente quem há muito tempo já despencou do
patamar de ser humano, trazendo em si apenas uma alma corrompida como
núcleo, é que poderia fazer tal afirmação. Essa atitude apenas comprova
que os desprovidos de alma verdadeira são eles mesmos. Os que não são
mais seres humanos são eles próprios. Realmente, não vale a pena o
esforço em procurar adjetivos adequados para qualificar essas ex-pessoas.
No degrau imediatamente superior divisamos os criogênicos, uma gente
aparentemente séria mas de cabeça oca. Literalmente oca. É a turma que
manda congelar amostras de seus corpos após a morte, preferencialmente a
cabeça, com a tola esperança de serem ressuscitados no futuro através de
alguma técnica de clonagem. Acreditam que voltarão a viver no futuro com
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o mesmo corpo de agora, naturalmente na divertida companhia de mamutes
e pterodáctilos, que certamente também voltarão à vida pelo mesmo
simples método replicante. Que dizer desse pessoal? Por mais restritas que
tais pessoas se tenham tornado em sua cegueira intelectiva, por mais
claudicante que se mostre a tosca bengala do materialismo em que ainda se
apóiam, é realmente difícil avaliar com clareza uma conduta desse tipo.
Trata-se de uma espécie de amálgama de estupidez com ridículo, recheado
de vaidade. Deixemos esse degrau, onde não há mais nada para se ver
senão a mais completa ignorância espiritual.
O degrau seguinte mostra um ambiente festivo, alegre, onde a vinda de
clones humanos é aguardada com incontida ansiedade e terna esperança.
São os hedonistas e preguiçosos, que desejam clones humanos para
desempenhar algumas tarefas indignas de seres evoluídos, como: trabalhar,
estudar, calcular impostos, pagar multas, etc. Um admirável mundo novo,
onde os clones seriam uma espécie de robôs com alma, semi-escravos
muito prestativos e alegres. Esse grupo deseja tempo livre para
“desenvolver a criatividade” e usufruir a vida no doce ócio. Os clones que
cuidem do resto, pois já deverão se dar por muito satisfeitos em terem
chegado à vida justamente devido à criatividade humana... Fantasia
mórbida seria um qualificativo bastante atenuado para semelhante estultice.
Mas também aqui vamos nos abster de comentários mais aprofundados, e
essas pessoas tão criativas com certeza também irão preferir assim.
Subindo um pouco mais, em busca de algum vislumbre de ética junto aos
defensores da clonagem humana, deparamo-nos com um agrupamento de
pesquisadores muito atarefados. São os que querem utilizar células-tronco
para reproduzir órgãos sadios. Afirmam eles que, se utilizadas células-
tronco de um embrião clonado do paciente, estaria de antemão solucionado
o problema da rejeição, já que este receberia um órgão novo formado do
próprio material genético.
Ainda antes de poder refutar essa idéia, nossa atenção é atraída para uma
região mais elevada desse mesmo plano. Nesse local mais alto trabalha
uma ala dissidente, compreensivelmente incomodada com a perspectiva de
produzir embriões apenas com esse tétrico objetivo, para logo em seguida
descartá-los como inúteis estepes humanóides. Esses dissidentes planejam
utilizar células-tronco extraídas da medula óssea do próprio paciente e, a
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partir daí, tentar desenvolver um órgão sadio para efetuar o transplante.
Há duas questões aqui. A primeira é saber se as células-tronco realmente se
prestam a assumir as funções de qualquer tecido humano, de músculos a
nervos. Ainda há muita controvérsia a respeito. Estudos recentes têm
despejado um balde de água um tanto gelada nesse entusiasmo
aparentemente sem muito fundamento. A segunda questão é saber se este é
o caminho certo para se obter a cura real de doenças crônicas. Como
sempre, os pesquisadores só conseguem divisar o meramente terrenal
diante de si, incapazes que são de reconhecer as causas anímicas de
inúmeras doenças degenerativas, inclusive o câncer. Naturalmente muitas
outras doenças têm, de fato, sua origem em modos nocivos de vida, como
má alimentação e hábitos perniciosos, figurando em primeira linha o vício
de fumar. O problema é que, mesmo que se mostrem viáveis, as células-
tronco desenvolvidas nunca poderão atuar na causa propriamente de uma
ou de outra, jamais poderão curar males de alma nem modificar hábitos de
vida errôneos. Em ambos os casos, a chave para uma cura efetiva das
doenças está na movimentação ascendente do espírito humano, o que
requer vontade séria e perseverança, qualidades escassas nos dias de hoje.
No flanco místico desse degrau tão movimentado, isto é, no lado oposto de
onde atuam os dois times de pesquisadores celulares mencionados,
encontramos confabulando animadamente mais um grupo de pessoas bem
intencionadas. Bem intencionadas e algo excêntricas. Os membros desse
grupo querem nada mais nada menos do que conseguir uma amostra do
sangue de Jesus impregnado na cruz e providenciar sua clonagem. Seria
essa então a chamada “segunda vinda de Cristo”, ansiosamente aguardada
por tantos fiéis, e que se realizaria de uma maneira um tanto bizarra,
através da inesperada e providencial ajuda da ciência moderna.
É impossível não aludir aqui novamente ao orgulho humano, desta vez
presente em grau máximo, roçando o infinito. Vamos nos dar o trabalho de
tentar destrinchar essa idéia. Na hipótese, de antemão impossível, de se
encontrar uma amostra do sangue de Jesus, e na suposição absurda de que
essa amostra de dois mil anos fornecesse uma célula passível de ser
clonada, e na ilusão de que esse clone se transformasse num embrião
humano, e ainda acreditando que esse embrião se desenvolvesse sem
problemas em algum ventre escolhido e desse origem a uma criança
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normal, e admitindo por fim que essa criança se tornasse um adulto, então
nem por isso Jesus estaria de volta.
O que teria retornado à Terra, através da reencarnação, teria sido um
espírito humano comum, encarnado num corpo terreno humano comum,
desenvolvido numa gestação nada milagrosa. Aliás, como sempre foram,
são e serão todas as gestações humanas: eventos absolutamente regulares,
em estrita concordância com as leis da natureza. A alma que teria se
encarnado nesse corpo terreno clonado – o qual apresentaria as feições
terrenas de Jesus – seria uma alma comum, provavelmente sobrecarregada
de carma e culpa como a maioria de nós, pobres seres humanos. Este
homem poderia abraçar as mais diversas filosofias de vida quando adulto,
sem poder ser contestado pela legião de fariseus do século XXI. Poderia ser
judeu, muçulmano, budista, hinduísta ou mesmo agnóstico. Poderia até ser
cristão. Poderia ser qualquer coisa nesse mundo, tudo, menos Jesus.
Há dois mil anos Jesus Cristo, o Filho de Deus, desceu das alturas máximas
e encarnou num corpo humano terreno para poder trazer à Terra sua
Palavra salvadora. Tão-só esta é capaz de salvar alguém, e isso somente
quando a respectiva pessoa se empenhar em viver realmente segundo essa
Palavra, com todas as fibras do seu ser, isto é, em todo o seu querer, pensar,
falar e agir. Tudo o mais é ilusão desmedida, fruto de devaneios teológicos
de pretensos intérpretes autorizados das Escrituras, que mais não fazem
senão fomentar a indolência espiritual com seus dogmas auto-
entorpecentes.
Podemos, sim, devemos mesmo efetuar a clonagem da legítima Palavra de
Jesus em nossas vidas. Devemos viver de tal modo que nos tornemos
verdadeiros clones dessa Palavra. Esta é a única clonagem capaz de trazer
benefícios à humanidade, a única clonagem ética.
(*) Sobre o crime dos transplantes de órgãos, ver meu artigo “Por Trás dos
Transplantes”.
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XXI
A TRAGÉDIA DOS TRANGÉNICOS
Cientistas versus ambientalistas,
pragmáticos versus idealistas. Uma
luta desigual, com um desfecho bem
previsível. Nem poderia ser diferente,
quando as regras do jogo são
definidas por apenas um dos lados,
como é o caso aqui.
A disparidade de forças entre as
partes é tal, que se evidencia nas
próprias denominações dos
contendores, tecidas pelo grupo mais
forte e vestidas pelo grupo mais fraco, sem questionamento. Realistas
versus utopistas, progressistas versus retrógrados. Do lado “certo” da
guerra, o dos vencedores, acantonam-se impecáveis legiões de
racionalistas, de ajuizados pés-no-chão, com as fardas abarrotadas de
trabalhos científicos, irrefutáveis todos eles. Do lado “errado” da peleja, o
dos perdedores, não se vê mais do que uns grupelhos barulhentos de
sonhadores perdidos, uns visionários mal ajambrados, municiados apenas
de uma indignação visceral e de uma inquietação íntima cujas causas não
se lhes tornam claras.
O alto comando da transgenia sabe que a vitória total é só uma questão de
tempo. Cada novo país que capitula sob o fogo cerrado dos relatórios
tecnicistas, qual obuses certeiros – inatacáveis porque indevassáveis –
constitui uma batalha a mais ganha no front dessa não prevista nova guerra
mundial. Com isso, os generais da genética degenerada ganham cada vez
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mais terreno por toda a parte e consolidam suas posições. Fazendo da
prepotência humana seu quartel-general, eles contemplam satisfeitos o
avanço contínuo das tropas iluministas. O triunfo completo já desponta,
para quem quiser ver, no horizonte sombrio desse nosso mundo, desse
mundo que já foi nosso mas que agora é deles. Parece que nenhuma
oposição oriunda do coração pode fazer frente ao bombardeio de saturação
das ogivas científicas, antecedidas pelo silvo característico de vitupérios e
vilipêndios, de invectivas intelectivas. A vitória esmagadora dos produtos
transgênicos será mais uma a ingressar no rol de tantas outras realizações
do engenho humano, como o lixo radioativo, a poluição em cotas
autorizadas, a pesca predatória, a caça, o extrativismo sustentável, o uso de
cobaias em experimentos, o foie gras, a clonagem de animais... Uma série
de horrores sem fim.
É verdade que não se pode negar os resultados dos relatórios científicos.
Eles cumprem exatamente o que deles se espera ou se exige: provam
cientificamente que as sementes transgênicas são seguras, comprovam
cientificamente que não causam danos ao meio ambiente e à saúde das
pessoas. Eles, pois, cumprem tudo isso. Cientificamente.
E essa é a maior de todas as tragédias. Aceitar laudos científicos nesse
assunto equivale a entregar à raposa a chave do galinheiro. Infelizmente,
porém, é isso o que acontece. Como a quase totalidade das pessoas vê na
ciência o supra-sumo da capacidade humana, e os cientistas como
verdadeiros deuses, com poderes tão ou mais espetaculares do que os dos
da mitologia, elas realmente acreditam que a ciência é o árbitro justo e
infalível para essa questão. Com o olhar voltado para cima, sem piscar,
fixado na comunidade científica, elas aguardam sequiosas pela descida da
olímpica luz da sabedoria acadêmica, que iluminará sua ignorância e as
guiará pelos caminhos de um admirável mundo novo. Sustentadas por uma
ingenuidade tocante, estão convencidas de que se a ciência der um parecer
favorável aos produtos transgênicos, então isso será a prova de que estão
aprovados...
Doce e triste ilusão. Por mais bem elaborados, por mais detalhados que
sejam os relatórios científicos e os volumosos estudos de impacto
ambiental, eles nunca poderão prever os efeitos finais nefastos da
transgenia. Simplesmente porque esses efeitos últimos, devastadores, não
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apresentam nenhum sinal, nenhum indício materialmente perceptível, que
pudesse eventualmente ser detectado no código genético alterado. Os
alimentos transgênicos não foram programados para dar um aviso prévio
do que são capazes de provocar; apenas aguardam silentes como as minas,
impassíveis como as bombas-relógio, pelo grito angustiado de uma
sociedade logo perplexa, que ecoará pelos campos e cidades por eles
nutridos. O grito uníssono, entrecortado, de... “tarde demais!”.
As sementes transgênicas comportam uma irradiação alterada, e por essa
razão não mais pertencem à natureza como tal. Elas não fazem mais parte
da natureza, porque não são mais naturais! E o que não é natural traz em si
o germe da morte.
Mas aqui já adentramos num campo que o raciocínio humano não consegue
acompanhar, muito menos assimilar. Essa incapacidade notória, essa
limitação insuperável da razão humana se manifesta então na forma de
descaso e zombaria por parte dos racionalistas. Como o raciocínio não pode
compreender nada do que se encontra além do meramente terrenal, visto
ser apenas um produto do cérebro, ele rejeita tudo o mais como impossível,
porque lhe é de fato impossível discernir a realidade tal como é. No caso
em foco, o raciocínio não faz mais do que infundir nos rostos circunspectos
que recobrem tantos cérebros sagazes, um certo ar de inteligência
guarnecido de um sorriso zombeteiro. Nada mais que isso. A retidão de
caráter, a pureza do coração, a nobreza de alma, a vivacidade do espírito,
não são qualidades que possam ser observadas no DNA, e por isso nunca
lograremos obter um cientista materialista geneticamente modificado para
o bem. Os pouco realmente bons o são por índole própria, e estes jamais
defenderão a transgenia.
Esses escassos pesquisadores íntegros não podem assegurar que os
transgênicos são inócuos, não podem asseverar que só trazem benefícios. E
como poderiam fazê-lo? Como poderiam apregoar as vantagens de uma
planta transgênica resistente a agrotóxicos se ela própria, modificada assim
criminosamente, se lhes apresenta como mais um tóxico no meio agrícola?
Um novo e desconhecido “agro-tóxico”? Como lhes seria possível defender
o envenenamento genético de uma cultura para que resista a venenos?...
Não vamos aqui nem discutir as alegadas vantagens econômicas das
sementes transgênicas, porque isso seria descer ao nível de esterco no trato
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do problema. Nenhum pesquisador razoavelmente lúcido e minimamente
honesto poderia transferir a preocupação com a saúde dos consumidores
para um patamar inferior ao da redução de custos das lavouras.
Uma semente transgênica é um corpo estranho, um antígeno inoculado
num organismo perfeito. Acontece, senhores bem-intencionados, que esse
organismo perfeito, a natureza, tem muito bem como se defender de cepas
patogênicas, e se defende realmente, com resultados invariavelmente
catastróficos para a humanidade. Isso, aliás, ela própria já poderia ter
reconhecido, se sua presunção intelectiva não lhe obstruísse continuamente
a intuição espiritual.
Todos os assim chamados desequilíbrios da natureza não são nenhum
desequilíbrio, mas tão-somente reações automáticas à ação deletéria do ser
humano. Onde quer que essa criatura tenha posto a mão, lá deixou
incubado o germe da destruição, que sempre vingou, após um tempo maior
ou menor. Pragas incontroláveis, secas inclementes, inundações
devastadoras e tantos outros “distúrbios” da natureza são apenas efeitos
recíprocos contra a maior de todas as pragas, o Parasita sapiens, que
presentemente tenta cultivar mais uma excrescência dentro do corpo
outrora sadio da natureza, na forma de sementes e plantas transgênicas. A
espécie humana é a serial killer da vida na Terra, é a maior inimiga da
natureza em todos os tempos. Mas pode estar certa, certíssima, de que já há
muito foi reconhecida por ela como tal, sendo agora tratada
correspondentemente.
Por isso, os hoje ainda mal vistos ambientalistas-idealistas não precisam se
desesperar em sua luta quixotesca contra os produtos transgênicos e seus
patrocinadores. Nada do que é contrário à natureza, portanto contrário às
leis naturais, pode subsistir indefinidamente. Dura algum tempo e
desaparece exemplarmente, sucumbe espetacularmente, como testemunho
do mais profundo malogro da arrogância humana. Arrogância
incompreensível de uma espécie que se atreveu a querer melhorar a
natureza, sem mesmo procurar saber antes do seu legítimo Dono pelas
conseqüências de suas ações e, sobretudo, se tinha acaso permissão para
agir assim.
Contudo, o conhecimento desse descalabro inevitável de tudo quanto foi
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torcido pelo raciocínio humano não significa que os defensores da natureza
devam aguardar sentados, observando de camarote o desenrolar desse
drama trágico sobre o palco claudicante da prepotência humana. Não. Cada
um deles deve ser uma trombeta sonante, conscientemente voltada para a
enorme muralha erguida pela presunção dos racionalistas, a qual com isso
ruirá mais depressa ainda, para alívio e bênção de todas as pessoas de alma
limpa. Não são necessárias mais do que essas trombetas tocadas com o
fôlego do idealismo, sem violências, sem bandeiras partidárias, sem
ideologias tacanhas.
Os ambientalistas podem, devem e têm de lutar com a mais plena
convicção da justeza de sua causa. Não devem avançar cabisbaixos para
dentro do teatro de operações, acabrunhados, temerosos de mais uma
derrota. Seria uma imagem deplorável essa, inclusive aos olhos do
adversário. Mirem-se no exemplo de certas artes marciais, cujo lema vem
escrito em caracteres orientais sob a faixa que prende o quimono do
lutador: “Quem teme perder já está vencido.” Não temamos perder.
Encaremos o adversário com altivez desta vez, resolutos e sem luto.
Encaremo-lo sem medo, sem receio de não poder contrapor a ele nenhum
escudo científico. Nosso paradigma é outro. Bastam-nos os ditames de
nossos corações. Se estes forem justos, se estiverem sintonizados com as
leis que regem a Criação, então a vitória contra a aberração dos
transgênicos é certa. Será essa a primeira grande vitória de uma série. Da
nossa série.
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XXII
ODE AOS ANIMAIS
“Faça-se a Luz!”
E a Luz se fez.
“Fervilhem as águas de seres vivos, voem
pássaros sobre a terra!”
“Produza a terra seres vivos segundo a sua
espécie!”
“Animais domésticos, animais pequenos e
animais selvagens, segundo a sua
espécie!”
E assim se fez.
Feitos pela Vontade do Criador, destruídos pela vontade do homem. Pode
haver algo mais sórdido, mais torpe do que um crime praticado contra uma
criatura indefesa, como é o animal?...
Quem diante dessa pergunta ainda se injuria, quem, indignado,
prontamente expele uma refutação atabalhoada, apenas prova que essa
torpeza também já se alojou em seu coração.
Ao contrário do ser humano, o animal é sempre inocente em todas as
circunstâncias. Jamais sofre por culpa própria, pelo desrespeito a qualquer
uma das leis da Criação, mas tão-somente devido à maldade do bicho
homem e dos muitos desequilíbrios que este provoca no planeta. O Homo
sapiens tornou-se um animal degenerado, provou e comprovou ser uma
espécie que não deu certo, e por isso terá de desaparecer agora de seu
habitat. Assim determina a mãe Natureza contra qualquer coisa que
perturba a harmonia e não se ajusta às suas leis.
Terá de desaparecer na sua quase totalidade, para que as outras espécies
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possam continuar a se desenvolver em paz, sem precisar mais temer esse
monstro ensandecido, que não vê nada diante de si senão seu próprio bem-
estar. Um “bem-estar” freqüentemente refestelado no desrespeito, na
tortura e na morte de animais.
Para que fêmeas vazias dessa espécie humana pudessem se deleitar com
pelugens macias, filhotes de focas são mortos a pauladas diante das mães-
foca desesperadas. Para que machos astutos dessa espécie não precisassem
amargar uma redução de seus lucros no comércio da carne de frango,
pintinhos recém-nascidos são lançados vivos no fogo. E para que um tipo
especialmente sórdido dessa espécie – o Homo politicus – pudesse ficar
bem junto a seus eleitores, tão sórdidos quanto eles, acaba de surgir no
Brasil um projeto de lei que autoriza o sacrifício de animais para fins de
cultos religiosos. Cultos que invocam e pedem proteção aos seres da
natureza...
Um livro inteiro poderia ser produzido apenas para descrever as
atrocidades que o ser “humano”, covarde a não mais poder, já foi capaz de
praticar contra os animais, postos na Terra em confiança, para serem
cuidados, guardados e respeitados pela espécie dominante. E uma
enciclopédia poderia ser montada apenas para registrar a enorme, a
gigantesca indignação que toma conta dos poucos membros da espécie
humana que ainda amam, de todo coração, a Natureza e seus entes.
Verdade é que algumas pessoas ainda se sentem por vezes constrangidas,
meio sem graça, ao terem de admitir, diante de si e de outros, que desejam
muito mais cuidar e tratar de um animal doméstico, do que ajudar ou até
adotar um menino de rua. Afinal de contas, este último é um ser humano...
Não há razão para tal constrangimento. Essas pessoas boas sentem
intuitivamente imediato amor e dedicação pelo animal justamente porque
este não é um ser humano! O animal nunca é dissimulado em suas ações. O
olhar amoroso de um bichinho dirigido ao seu dono será sempre legítimo.
Jamais acobertará a inveja, o inconformismo e o malquerer típicos dos
indivíduos que têm de colher nessa época os frutos podres que semearam
em sua inútil e nociva existência. Indivíduos que nunca sentiram nenhum
amor, nem mesmo carinho pelos animais, mas apenas desprezo. Que nunca
nutriram no íntimo nenhum desejo de oferecer a eles, como agradecimento,
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uma simples ode, mas somente ódio, um ódio sem justificativa e sem
tamanho, do tamanho de sua própria ignomínia.
Eles não sabem, nem desconfiam, mas já há muito também não são mais
seres humanos. Perderam o direito a essa denominação quando suas almas,
desfiguradas pela cobiça, pelo ódio e pela ingratidão, deixaram de ter
qualquer semelhança com os seres surgidos outrora à imagem do Criador.
Desceram muito abaixo do patamar ocupado por qualquer animal da Terra,
que nunca matou por prazer, que nunca se divertiu com o sofrimento de seu
semelhante, que nunca afrontou o Onipotente.
Não vale a pena continuar a discorrer mais sobre o abominável crime
milenar do ser humano contra os animais. Do enorme rosário de culpas que
ele terá de responder diante do trono do Juiz, esse delito, especificamente,
não poderá contar com nenhuma atenuante. Quem pratica ou mesmo dá
apoio a qualquer ação dirigida contra os animais, já não conta mais
espiritualmente. Visto de cima, ele não existe mais na Criação. Apenas
continuará a vegetar mais alguns anos ainda aqui na Terra, até ser varrido
para fora da grande Obra, para alívio de todas as demais criaturas, criadas
pela mesma Vontade do mesmo supremo Deus.
Gostaria apenas de citar um diminuto trecho da conhecida carta que o
cacique Seathl enviou, em 1855, ao presidente dos Estados Unidos, no
ponto em que ele faz menção aos animais:
“Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias, abandonados pelo
homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem
e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais
valioso do que um bisão que nós, os índios, matamos apenas para
sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos
os animais acabassem, os homens morreriam de solidão espiritual, porque
tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo
está relacionado entre si. Tudo quanto fere a terra fere também os filhos
da terra. (…) O homem branco também vai desaparecer, talvez mais
depressa do que as outras raças. Ele continua poluindo a sua própria
cama, e há de morrer numa noite, sufocado em seus próprios dejetos!”
Felizmente, o sábio cacique não viveu para constatar que essa sua previsão,
já tão amarga, não ficaria restrita apenas ao homem branco, mas que se
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estenderia a toda a humanidade do futuro. Ele não precisou ver como o ser
humano, capaz de no seu tempo deixar bisões se decompondo nas
pradarias, estaria ele próprio apodrecido na alma no final dos tempos, rumo
à sua decomposição espiritual. Não teve de assistir como a raça humana
estaria marcada para a extinção, e que não deixaria atrás de si nenhuma
lembrança boa, nenhuma saudade às demais espécies que subsistiriam na
Terra. Disso tudo ele foi poupado.
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XXIII
A ILUSÃO ESPORTIVA
Onde quer que o ser humano deponha o
intelecto à frente do espírito, o
raciocínio por cima da intuição, lá
surgem focos de doenças, porque outra
coisa não pode brotar de uma sementeira
má. Ao invés de atuar como espírito
humano dentro da matéria, enobrecendo
tudo ao seu redor, como é sua missão,
ele age como criatura terrena
exclusivamente, como se nada de
espiritual tivesse dentro de si.
Desse modo, tudo o que é originalmente
bom, útil e bonito, após escorrer por
seus dedos racionalistas torna-se mau,
nocivo e feio. Esse processo aparece com muita nitidez na arte, seja
pintura, escultura ou música. Tudo o que de extraordinariamente belo a arte
nos legou em séculos passados, transmudou-se num amontoado de lixo
informe, cinzelado ao longo do século XX e também no atual, quando o
raciocínio frio atingiu seu apogeu e tudo sobrepujou em sua ânsia de
salientar-se com qualidades que não possui. O raciocínio fez do coração do
homem seu escabelo, e do espírito vivo seu escravo. E com isso reduziu a
aterro sanitário quase toda a arte, outrora magnífica. As formas adquiridas
pela pintura e música contemporâneas, geradas apenas por neurônios,
prescindem de qualificativos. Não porque existam muitos a escolher, mas
porque não se descobre nenhum que lhes faça a devida justiça. Como essas
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“coisas” estão sempre muito abaixo do alcance dos dicionários mais
recentes e perspicazes, é impossível encontrar adjetivos adequados para
qualificar razoavelmente um tal horror.
Contando apenas com o archote bruxuleante do intelecto a iluminar as
picadas trevosas que abriu na materialidade, para desbravá-la a seu modo, o
ser humano hodierno torceu até a lei básica do movimento na Criação, a
qual estabelece que algo só pode ser conservado íntegro e sadio se mantido
em contínua movimentação. Aplicada corretamente ao corpo físico, essa lei
cuidaria de mantê-lo sempre são e vigoroso. Mas o raciocínio transformou
a salutar movimentação física em... esporte. E, com isso, o que era sadio
tornou-se mórbido mais uma vez.
A arte do esporte! Louvada e elevada em toda parte, sempre e sempre, mais
e mais. Exaltada com esperança no mundo todo, decantada com orgulho
entre os povos, divinizada com olímpica emoção pelas nações! Como
poderia ser danosa?... Para quem tem olhos para ver, o enaltecimento
esportivo atual é apenas mais uma amostra aterradora de como os conceitos
de certo e errado estão completamente torcidos em nossa época. De como o
enrijecimento espiritual já envolveu quase toda a humanidade, extinguindo
suas aspirações mais nobres e comprimindo seu campo de visão em limites
cada vez mais estreitos.
O esporte é, sim, danoso, porque se fundamenta na competição. Não visa
em primeira linha angariar e conservar a saúde do corpo, senão mostrar
quem é o “melhor” numa determinada modalidade. “O importante não é
ganhar, e sim competir!”, rebaterão prontamente injuriados discípulos de
Coubertin, arautos do esporte enobrecido. Mas não, de jeito nenhum. Para
qualquer esportista desse planeta o importante é, sim, ganhar. Sempre. E
mesmo se algum deles realmente acreditasse nessa utopia, lá no fundo do
seu coração, e não apenas a murmurasse para si próprio entre soluços e
olhos marejados ao perder o primeiro lugar, então seria igualmente insano.
Competir... Para quê? Para um dia ter a honra de escalar o pódio e divisar
com orgulho a bandeira do seu país tremulando acima das demais? Para se
emocionar ao ver todos os “inimigos” calados ali em volta, forçados a
escutar cabisbaixos o hino de seu país, obrigados a reconhecer o triunfo de
sua nação? Para poder ser ovacionado num carro de bombeiros e verter
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lágrimas de herói? Isso é patriotismo?... É para isso que jovens
desperdiçam os melhores anos de suas vidas em treinamentos? É para isso
que se submetem a cirurgias recorrentes para reparar músculos e tendões
lesionados? É para essa finalidade que se desenvolvem vestimentas
especiais e potentes anabolizantes? É para esse ideal que técnicos famosos,
com suas estratégias de guerra, são contratados a peso de ouro? Doping
então é tática de espionagem? Luxações e distensões são condecorações
por combate, medalhas marcantes por bravura em ação?...
Como é patético ver senhores grisalhos, engravatados, discutir mui
seriamente aspectos futebolísticos num programa de debates,
profundamente compenetrados em analisar lances e emitir diagnósticos e
prognósticos. Coisa mais degradante. Até hilariante seria, não fosse tão
ridículo. Incrivelmente ridículo. Que proveito verdadeiro pode trazer a um
povo a conquista de uma copa do mundo, um título de Fórmula 1, o
cinturão dos peso-pesados? Alegria popular? Orgulho nacional? Triste do
país que precisa dessas quinquilharias para se dar alguma valia, para avivar
sua auto-estima. Triste do povo que separa cuidadosamente parte de seus
minguados rendimentos para poder ver de longe seus ídolos esportivos
nadando em rios de dinheiro.
E triste da humanidade inteira, que caiu espiritualmente tão fundo a ponto
de não mais conseguir enxergar o papel deplorável que exerce ao enaltecer
essas coisas sem nenhum valor, frutos do raciocínio calculista, materialista,
em detrimento do aperfeiçoamento espiritual. Triste das nações desportivas
desse mundo, que podem ver numa maratonista que chega quase
desfalecida à linha de chegada, o maior exemplo da “tenacidade humana
que supera todos os obstáculos”, do “ideal olímpico elevado ao seu mais
alto grau”. Aquela atleta claudicante, até hoje alvo de loas em todo o
mundo, não fez mais do que cometer um grave delito contra seu corpo, ao
levá-lo a um estado de extenuação completo, a ponto de quase sofrer uma
síncope nos braços do médico que a aguardava junto à linha de chegada. O
médico torcia para que a jovem tão valente, corajosa ao extremo,
conseguisse vencer o desafio olímpico traçado à sua frente, o qual poderia
ter-lhe custado somente a vida. Ambos não passam de criminosos, e o
mundo inteiro que torcia em conjunto, cúmplices.
Um argumento poderoso em favor do esporte, repetido vezes sem conta por
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entendidos em educação, é de que ele afasta os jovens carentes da violência
e das drogas. É mesmo? A prática desportiva possui o poder de desviá-los
dos muros da FEBEM, ou de retirá-los de lá e conduzi-los a uma vida
digna e honesta? Quantos jovens delinqüentes e viciados em drogas saem
efetivamente recuperados dos centros de reeducação, onde o esporte é
prática diária? Quantos deles saem de lá tão transformados interiormente, a
ponto de poderem retornar ao convívio em sociedade, interessados no bem-
estar do próximo?... Nenhuma criatura interiormente má, de índole
maléfica, consegue limpar a violência impregnada em sua alma corrompida
com saltos e corridas, nem tampouco é capaz de trocar a seringa pela bola,
seja de que esporte for. Em sua quase totalidade, o viciado não deixa as
drogas pelo esporte, mas continua se esvaindo com ambos os tipos de
entorpecentes.
O esporte competitivo é sempre nocivo, nunca contribuiu para melhorar em
nada o íntimo do ser humano, ao contrário, só fez incutir nele o anseio de
sobressair a todo custo. Essa competitividade continuamente nutrida por
centenas de milhões de terráqueos não ficou sem efeito no ambiente mais
fino que nos envolve. Extrapolou o âmbito dos estádios e passou a exercer
sua influência nefasta num sem-número de almas humanas que trazem em
si um pendor semelhante. Estas passaram a ser então literalmente
assediadas por essas influências, impingindo nelas a necessidade
permanente de competir e competir, para vencer na vida e salientar-se a
qualquer preço.
Os efeitos globais dessa insânia são terríveis. Como, devido a isso, quase
todos os seres humanos se vêem hoje como competidores em tudo, leais ou
não, uma simples rusga de trânsito pode facilmente desembocar numa
tragédia, e o próprio trânsito torna-se pista de competição para os
atarefados pilotos do dia-a-dia. A derrota numa inocente partida de dominó
ou num jogo de cartas tem cacife para infartar qualquer um dos
entusiasmados competidores. Um gol no final do segundo tempo é motivo
para pancadaria e morte entre as grandes massas de competidores,
denominadas “torcidas”. Torcida é bem o termo para essa espécie de gente
belicosa. As empresas, grandes ou pequenas, não visam mais aperfeiçoar
seus produtos e garantir sua sobrevivência, mas principalmente destruir
seus competidores, esmagar a maldita concorrência. Um grande empresário
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afirmou que se um concorrente seu estivesse se afogando, sua primeira
providência seria enfiar uma mangueira de água na sua boca. Declarações
como essas são tidas como ditados de suma sabedoria, máximas de grande
inspiração, e utilizadas em cursos de aperfeiçoamento de executivos. Como
se estes campeões de stress não tivessem sido ensinados, desde tenra
infância, a se preparar para uma luta renhida no assustador mundo
competitivo que os aguardava lá fora, de tocaia, tal qual um bicho-papão
insaciável. “O importante é competir!” Eis é o lema atual da raça humana.
Os países competem loucamente entre si, em corridas armamentistas,
espaciais, comerciais e culturais. Competem e competem. Todos
competem. E ninguém mais vive.
Esse é o resultado da competição e da competitividade desenfreada, o
mundo competitivo em que vivemos, do qual o esporte é seu principal
fomentador e patrocinador. É isso que a humanidade tem a apresentar no
presente, ao término do período concedido para o seu desenvolvimento.
Um grande estádio planetário, com bilhões de competidores infelizes,
vazios espiritualmente, é a taça que ela pode erguer agora em triunfo para o
seu Criador, como fruto máximo de sua evolução.
Contudo, se ela pudesse ver com clareza o que gerou para si mesma com
isso, se pudesse ter um pequeno vislumbre do que a aguarda na
reciprocidade, prontamente mudaria seu lema para: “O importante é
sobreviver!” Sobreviver espiritualmente, poder subsistir agora, na época do
ajuste final de contas.
Sonhar um pouco de vez em quando não é errado, pois isso não acirra
nenhuma competição. Mas enquanto alguns poucos ainda se permitem
sonhar acordados com uma improvável, talvez impossível melhoria da
humanidade, esta vive sonhando com sua própria grandeza, embalada na
ilusão de sua importância e de seus feitos esportivos. Em breve, todos nós
acordaremos.
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Epílogo
Roberto C. P. Junior é espiritualista, mestre em ciências e autor dos
livros: "Vivemos os Últimos Anos do Juízo Final", "Visão Restaurada
das Escrituras", "Capotira", "Jesus Ensina as Leis da Criação" e "O
Filho do Homem na Terra", os dois últimos disponíveis em edição
impressa. Roberto é membro da Ordem do Graal na Terra e autor de
vários artigos de cunho filosófico disponíveis nos sites "Library" e
"SóCultura".