pedido de liberdade provisória - homicídio qualificado - crime hediondo
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Pedido de Liberdade Provisória – Homicídio Qualificado – CrimeHediondo
EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA PRIMEIRAVARA CRIMINAL DE ........................ .
Protocolo .........................
.......................................... , brasileiro,solteiro, industriário, nascido em ................, filho de ...........................e ........................................., residente à rua ................... nº ....,BAIRRO ........., distrito de ...................., município de ..............., via deseu advogado in fine assinado, (m.j.), permissa máxima vênia, vem
perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, artigo 5º,LVI, de nossa Carta Magna, combinado com o parágrafo único do artigo310 do Código de Processo Penal, requerer:
LIBERDADE PROVISÓRIA VINCULADA SEM FIANÇA
face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados.
SÚMULA DOS FATOS
1 Conforme cópia do Auto de Prisão emFlagrante, em apenso (doc. ...), o Requerente, foi preso e autuado emflagrante delito sob a acusação de ter infringido a norma incriminadora
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do artigo 121 “caput” do Código Penal Brasileiro, cuja inocência será provada, oportunamente, durante o persecutio criminis in judicio.
2 Embora o Órgão Ministerial, na denúncia,tenha dado classificação da conduta atribuída ao Requerente, como sefosse homicídio qualificado pelo motivo fútil e meio cruel, na narrativados fatos não se vislumbra de nenhum episódio que possa dar ensejo aexistência de tais qualificadoras. Há neste caso excesso de acusação noque tange a capitulação provisória contida na denúncia, podendo destaforma, o Juiz conceder o benefício do art. 310 e seu parágrafo único doCPP.
3 O requerente, exerce ocupação lícita (doc....), reside em lugar certo e sabido no distrito de .............., municípiode ................ ., (doc......), além de ser primário e de bons antecedentes,não existindo qualquer registro judicial de relevo que possa desabonar
sua pessoa e ausente qualquer das hipóteses autorizativas da prisão preventiva insertos no artigo 312 do Código de Processo Penal
4 O requerente, embora jovem, possuifamília constituída, com filhos menores, cuja subsistência dependeexclusivamente de sua atividade laborativa.
DO DIREITO
Se é verdade que o Juiz não pode, na fasede recebimento da denúncia, desclassificar o crime nela indicado, ourejeitar a acusação por considerar menos exata a capitulação dada ao fato,não é menos certo que "o despacho de recebimento da denúncia nãoimporta no reconhecimento de determinado crime com asconseqüências decorrentes da classificação provisória da inicial ".Assim já entendia a jurisprudência (RT 241/109) e a boa doutrina (JoséFrederico Marques, Elementos de direito processual penal, Forense,1965, v. IV, p. 51), ao tempo da prisão preventiva obrigatória.
Por ser esta a tradição de nosso direito, osTribunais Superiores, agora sob o império da chamada Lei dos CrimesHediondos, voltou a proclamar, em v. acórdão da lavra do saudoso Des.
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Dínio Garcia, que, "se se entender infundada a capitulação inicial, nem por isso deve ser rejeitada a denúncia. Mas possível, em tal caso, aconcessão do benefício previsto no artigo 310, par. ún., do CPP.” Damesma forma ,” se duvidosa a hipótese, consoante as circunstânciasconcretas que o caso apresenta, pode ser aconselhável a libertação do
paciente" (RJTJSP 111/553 ). O entendimento vem encontrando eco noColendo STJ (HC 5.356 - PR, 5ª T., em 15.04.1997, rel. Min. FélixFischer, DJU de 25.08.1997, p. 39.398 e HC 5.818 - DF, 6ª T.,27.05.1997, rel. Min. William Patterson, DJU de 23.06.1997, p. 29.192) edeve ser adotado, sempre que o Juiz vislumbre excesso de acusação ou,como na hipótese, a capitulação motivadora da prisão-custódia, ouimpeditiva das contracautelas previstas em lei, apareça, sem anecessidade de exame aprofundado da prova, como capaz de não vir a
prevalecer.
É também, de se admitir a existência de
jurisprudência que nega, com esteio no disposto no artigo 2º, II, da Lei nº8.072/90, possibilidade de concessão de liberdade provisória a autor decrime hediondo, não sendo necessário invocar os pressupostos da prisão
preventiva para mantê-lo custodiado à luz de sua inerente periculosidade.Com o devido respeito, não é esse o melhor entendimento.
Longo o debate a respeito de ser permitida ou não a liberdade provisória nos casos de crimes catalogadoscomo hediondos. Se firme é a jurisprudência acerca da
constitucionalidade do regime integralmente fechado para os condenados pela prática de delitos dessa natureza fixado pela Lei nº 8.072/90, omesmo não ocorre com relação à vedação da liberdade provisória.
Numerosos são os acórdãos do Colendo STJ que não aceitam a negaçãoda liberdade provisória com o fundamento único de se tratar de crimehediondo. Confira-se:
"Processual penal. Prisão processual. Crimehediondo. Motivação única. Insuficiência.
A negativa do direito de recorrer emliberdade sob fundamento único de tratar-sede crime capitulado como hediondorepresenta constrangimento ilegal, porque o
Juiz deve demonstrar in concreto a
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necessidade de confinamento antes dadecisão condenatória definitiva. Precedentesdo STJ - RHC 2.472/SP e RHC 4.261-3/SP.Recurso de habeas corpus provido" (6.ªT., RHC 5.723/SP, rel. Min. FernandoGonçalves, j. 17.09.1999, v.u., DJU03.02.1997, p. 784). E:
"Liberdade provisória - Crime hediondo -Prisão decretada na fase de pronúncia -
Ausência de fundamentação válida esubstanciosa a justificar a necessidade dacustódia - Benefício concedido.
Os Juízes e Tribunais estão sujeitos,expressamente, ao dever de motivação dosatos constritivos do status libertatis doacusado, devendo sempre fundamentar a
decisão que decretar, revogar ou deixar deordenar a prisão provisória do réu; assim, a prisão decretada na sentença de pronúncia,ainda que se trate de crime classificado comohediondo, não impede, por si só, a liberdade
provisória se demonstrado que a decisão dacustódia carece de fundamentação válida esubstanciosa a justificar a sua necessidade"(6.ª T.; HC 5.247-RJ; rel. Min. WillianPatterson; j. 16.12.1997; v.u.).
É certo que esses arestos dizem respeitoao direito de apelar em liberdade, ou de não ser preso o réu por força desentença de pronúncia. Mas o princípio que está afirmado é que, paranegar a liberdade provisória, seja ela em função de que modalidade for de
prisão processual, e não importando o crime, é preciso fundamentar emalgum dos casos de prisão preventiva.
Perfilhado esse entendimento, vale dizer,não basta ter o crime qualificação de hediondo para que a liberdade
provisória seja vedada, sendo imprescindível fundamentar-se suanegação.
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Pergunta-se, então, em qualquer circunstância, sendo o crime hediondo, descaberá a liberdade provisória?
Não. Sempre será necessário que o Juiz fundamente a constrição,independentemente da natureza do crime.
Neste perfil é aconselhável ouvir oinsuperável mestre Tourinho Filho:
"E quanto aos crimes hediondos e ao tráficode drogas? O parágrafo segundo do artigo 2ºda Lei nº 8.072/90 (Lei dos CrimesHediondos) autoriza o Juiz, em decisãofundamentada, a permitir o apelo emliberdade. Quer-nos parecer haver inversãode valores: a Constituição exige que a prisãoseja fundamentada, e não que se fundamente
para que o réu possa apelar em liberdade.”
Ademais, é de indagar: se nesses casos,que constituem, na orografia dos crimes, como diria Hungria, o seu pontoculminante, admite a lei possa o Juiz, em decisão fundamentada, permitir o apelo em liberdade, com muito mais razão poderá conceder o benefícioda liberdade provisória.
Face a digressão retro perfilada e a jurisprudência dominante, não obstante tenha o réu sido denunciado por homicídio qualificado, é admissível a concessão da liberdade provisória,se o juiz, após a análise das provas, entender que o acusado é primário,de bons antecedentes, possui residência fixa e ainda houver a
possibilidade de desclassificação do crime pelo Tribunal do Júri. Ahediondez do crime não pode ficar adstrita, tão-somente, aoentendimento inicial do Ministério Público, que assim se expressou nadenúncia. A definição típica inicial inserta na peça acusatória não podevaler, por si só, como se imutável fosse, o que, muitas vezes, não resiste àapuração dos fatos até o desfecho do processo. Assim, deve o juiz dacausa, depois de verificadas as circunstâncias que envolveram o delito
praticado e examinados os elementos probatórios, aferir a necessidade ounão de manter o acusado encarcerado até o julgamento, pois, em tese, poderá até ocorrer a desclassificação da capitulação exordial considerada pelo Parquet.
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Destarte, pelo acima alinhavado, seriaindispensável para a manutenção da segregação provisória doRequerente, que uma das circunstâncias mencionadas aflorasse das
provas até agora coligidas, o que não ocorreu, ou que ficassedemonstrado sua necessariedade, vez que se trata de medida drástica eexcepcional, impondo-se, assim a concessão da liberdade provisória ora
pleiteada.
Hodiernamente, caminha o pensamentodoutrinário no sentido de que, preenchidos, os requisitos legais para aconcessão da liberdade provisória, esta passa a ser direito públicosubjetivo do réu, independente da gravidade do delito, não ficandosujeito ao poder discricionário do juiz a sua concessão, embora o textolegal, dado à expressão poderá, possa indicar.
Neste diapasão, é o pensamento doinsuperável mestre Tourinho Filho, que assim leciona:
“ sua concessão, a princípio pareceu-nosmera faculdade do juiz. Meditando sobre oassunto, concluímos tratar-se de umverdadeiro direito público subjetivo doindiciado ou réu. Nem teria sentidoficassem satisfeitos todos os pressupostos
para a obtenção da liberdade provisória,sem necessidade da prestação da fiança e o
juiz deixasse de lha conceder, por entender tratar-se de mera possibilidade de poder fazer, a ele conferida pelo texto legal. Seriauma rematada injustiça permitir-se que aliberdade provisória ficasse nadependência da boa ou má vontade do
magistrado...”. ( in Processo Penal, Vol. 3,Ed. 16, pág. 451).
Portanto, Excelência, tendo sidodemonstrado pelas argumentações, fundamentos jurídicos e documentosque instruem o presente pedido, possui o Requerente, todos requisitos
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legais para a concessão do benefício da liberdade provisória e seuatendimento se torna imperioso e indeclinável nos termos do artigo 5º,LXVI, da Constituição Federal, combinado com artigo 310, parágrafoúnico do CPP., já que dos autos não ressaem elementos idôneos ademonstrar que a liberdade do Requerente importará em atentado àordem pública, ao bom andamento da instrução criminal ou da retaaplicação da lei penal.
DIANTE DO EXPOSTO, espera oRequerente seja o presente pedido recebido, e depois de ouvido o nobrerepresentante do Ministério Público, deferido concedendo-lhe
LIBERDADE PROVISÓRIA, comprometendo-se desde já comparecer em todos atos ulteriores do processo, pois desta forma Vossa Excelência ,estará, como de costume editando decisório, compatível com maiselevados ditames da JUSTIÇA.
LOCAL E DATA
___________________________OAB