peÇa - revogação de prisão preventiva

5
ALUNA: Aline Santin Botelho, R.A: 81491, Turma: 01—UEM EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DO FORO REGIONAL DE IBIPORÃ, DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE LONDRINA – ESTADO DO PARANÁ. Alcebíades, brasileiro, solteiro, técnico de informática, portador da cédula de identidade R.G n. 89.907.345-98, e do CPF n. 076.342.541-65, residente à rua Maria das Dores, 645, Jardim das Flores, cidade de Ibiporã-PR, neste ato representado pela advogada abaixo signatária, devidamente investida de poderes, e regularmente inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil, apresentar pedido de REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA , com fulcro no Art. 316, do CPP , pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: I – DOS FATOS Alcebíades foi preso preventivamente por acusação da prática do crime de apropriação indébita. Devido à pluralidade de acusações em que este já foi acusado, porém em nenhum deles foi condenado com sentença transitada em julgado, o Delegado desta Comarca decidiu por estes motivos representar pela prisão preventiva de meu cliente Alcebíades, que fora acatada por esta Douta Juíza, após parecer favorável do Ministério Público.

Upload: aline-santin

Post on 05-Jan-2016

20 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

modelo

TRANSCRIPT

Page 1: PEÇA - Revogação de Prisão Preventiva

ALUNA: Aline Santin Botelho, R.A: 81491, Turma: 01—UEM

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DO FORO REGIONAL DE

IBIPORÃ, DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE LONDRINA – ESTADO DO

PARANÁ.

Alcebíades, brasileiro, solteiro, técnico de informática, portador da

cédula de identidade R.G n. 89.907.345-98, e do CPF n. 076.342.541-65, residente à rua

Maria das Dores, 645, Jardim das Flores, cidade de Ibiporã-PR, neste ato representado pela

advogada abaixo signatária, devidamente investida de poderes, e regularmente inscrita na

Ordem dos Advogados do Brasil, apresentar pedido de REVOGAÇÃO DA PRISÃO

PREVENTIVA, com fulcro no Art. 316, do CPP, pelas razões de fato e de direito a seguir

expostas:

I – DOS FATOS

Alcebíades foi preso preventivamente por acusação da prática do

crime de apropriação indébita. Devido à pluralidade de acusações em que este já foi

acusado, porém em nenhum deles foi condenado com sentença transitada em julgado, o

Delegado desta Comarca decidiu por estes motivos representar pela prisão preventiva de

meu cliente Alcebíades, que fora acatada por esta Douta Juíza, após parecer favorável do

Ministério Público.

Page 2: PEÇA - Revogação de Prisão Preventiva

II – DO DIREITO

A prisão cautelar é uma medida excepcional, regida pelo princípio da

necessidade, mediante a demonstração do fumus boni iuris e do periculum in mora,

porquanto restringe o estado de liberdade de uma pessoa, que ainda não foi julgada e tem a

seu favor a presunção constitucional da inocência, nos termos do art. 5º da Constituição

Federal.

A manutenção da prisão do acusado não merece prosperar, uma vez

que este não preenche os requisitos da prisão preventiva, elencados no Art. 312, do Código

de Processo Penal, onde dispõe:

“Poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria”; a qual também será decretada em caso de “descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares”.

Desta feita, o nosso ordenamento é claro quanto às garantias do

cidadão que são protegidas, por isso, quanto à garantia da ordem pública, este tendo um

conceito muito amplo, consequentemente, alguns autores defendem que seria aplicado

quando houver a possibilidade do sujeito cometer novos crimes se estiver em liberdade

durante o inquérito, podendo assim, comprometer a ordem e ofender a sociedade. No caso

em questão, Alcebíades, ora preso preventivamente, em nenhuma das acusações pelos

crimes anteriores já sofridas, fora condenado. Neste sentido, não resta demonstrada autoria

dos crimes em questão.

No que diz respeito à garantia da Ordem Econômica, podemos dizer

que o sujeito, estando em liberdade, pode gerar um grande risco a toda a ordem econômica,

o que, novamente não se aplica no caso exposto.

E com base na Aplicação da Lei Penal, em nenhum momento, tanto

nas antigas acusações em que foi absolvido, quanto na presente. Neste diapasão, promover

a prisão preventiva contra o ora acusado, não se perfaz necessário, visto que em nenhum

momento o mesmo se negou a participar ou contribuir com as investigações, ou ofereceu

qualquer dificuldade para a aplicação da lei penal.

O acusado possui residência fixa e pretende colaborar com toda a

persecução penal, no que couber, como já explicitado. Não oferece risco à instrução criminal

Page 3: PEÇA - Revogação de Prisão Preventiva

e tampouco aos possíveis envolvidos na persecução penal, razão pela qual não justifica a

prisão preventiva do mesmo. Vivemos num Estado Democrático de Direito, respaldado no

Princípio Constitucional da Inocência, até que seja transitado em julgado a sua condenação

por sentença devidamente prolatada, por um juiz de direito natural e nos termos legais. A

mera acusação da prática de tal crime, baseando-se em fatos passados, cujo faz-se

importante relembrar, não fora em nenhum deles condenado, não pode servir para que o ora

acusado Alcebíades, seja preso em caráter preventivo, sendo tal medida aviltante, e assim,

ferindo princípios constitucionais que são norteadores de um processo justo e eficiente.

ISTO POSTO, pede-se pela revogação da prisão preventiva com

fulcro no Art. 316, do CPP, que assim dispõe:

“O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo,verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novodecretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem”.

Nesse sentido o professor Luiz Flávio Gomes:

“A prisão preventiva não é apenas a última ratio. Ela é a extrema ratioda última ratio. A regra é a liberdade; a exceção são as cautelaresrestritivas da liberdade (art. 319, CPP); dentre elas, vem por último,a prisão, por expressa previsão legal. g. n.” - grifo nosso.

Assim, como exposto no Art. 316, e também conforme segue o Art.

319, do CPP:

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:

I – comparecimento periódico em juízo, no prazo e nascondições fixadas pelo juiz, para informar e justificaratividades;

II – proibição de acesso ou frequência a determinadoslugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato,deva o indiciado ou acusado permanecer distante desseslocais para evitar o risco de novas infrações;

III – proibição de manter contato com pessoa determinadaquando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva oindiciado ou acusado dela permanecer distante;

IV – proibição de ausentar-se da Comarca quando apermanência seja conveniente ou necessária para ainvestigação ou instrução;

V – recolhimento domiciliar no período noturno e nos diasde folga quando o investigado ou acusado tenharesidência e trabalho fixos;

VI – suspensão do exercício de função pública ou deatividade de natureza econômica ou financeira quandohouver justo receio de sua utilização para a prática deinfrações penais;

Page 4: PEÇA - Revogação de Prisão Preventiva

VII – internação provisória do acusado nas hipóteses decrimes praticados com violência ou grave ameaça,quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco dereiteração;

VIII – fiança, nas infrações que a admitem, para asseguraro comparecimento a atos do processo, evitar a obstruçãodo seu andamento ou em caso de resistência injustificadaà ordem judicial;

IX – monitoração eletrônica.

§ 4o – A fiança será aplicada de acordo com asdisposições do Capítulo VI deste Título, podendo sercumulada com outras medidas cautelares.

Restam, claramente infrutíferos, quaisquer argumentos que possam

ensejar a prisão preventiva, visto que, esta é uma medida subsidiária a ser aplicada, e não

pode ser decretada ou convertida sem que antes tenha sido imposta uma medida cautelar

alternativa, e ainda, deve sempre ser considerada em último dos casos.

Nesse mesmo sentido, a jurisprudência assim explana:

“Não demonstrada, suficientemente, a necessidade da prisão preventiva, merece prosperar o pedido de sua desconstituição. Recurso provido”. (RSTJ – 106430).

Cumpre assim, trabalhar com as medidas cautelares previstas no Art.

319, do CPP, das quais, são as mais adequadas para o caso em análise, e merecem

prosperar no caso concreto mediante sua aplicação, ao contrário da prisão preventiva,

imposta por este Douto Juízo equivocadamente.

III – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, Pede-se:

1. A revogação da prisão preventiva, por ausência de requisitos para sua manutenção,

com a expedição do respectivo alvará de soltura;

2. Ou, caso V. Excelência entenda de forma distinta, que conceda, então, uma das

medidas cautelares dentre as constantes no rol do Art. 319, CPP;

3. A intimação do Ilustre representante do Ministério Público, nos termos da lei.

Page 5: PEÇA - Revogação de Prisão Preventiva

Termos em que,

Pede deferimento.

Maringá para Ibiporã, 29 de julho de 2015.

Aline Santin Botelho

Advogada

OAB/PR- xxx.xx