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Setor de Ensino a Distância Barbacena MG 2011 SOLOS Profª.: Tatiana Amaral

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Setor de Ensino a Distância

Barbacena – MG

2011

SOLOS Profª.: Tatiana Amaral

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SUMÁRIO

1- Introdução ..................................................................................................... 03

2- Formação do solo ......................................................................................... 04

2.1- Fatores de formação do solo ................................................................ 05

2.2- Processos de formação do solo ............................................................ 12

2.3- Formação do perfil do solo .................................................................. 14

3 - Morfologia do solo ...................................................................................... 16

3.1 – Cor ...................................................................................................... 16

3.2 – Consistência ...................................................................................... 18

3.3 - Textura do solo .................................................................................. 18

3.4 - Estrutura do solo ................................................................................ 23

4- Sistema brasileiro de classificação de solos ................................................. 26

5- Conservação do solo ..................................................................................... 33

5.1 - Principais agentes de degradação do solo ........................................... 33

5.2 - Práticas de conservação do solo ......................................................... 38

5.3- Capacidade de uso do solo ................................................................... 43

6- Amostragem do solo ..................................................................................... 44

7- Acidez do solo e calagem ............................................................................. 47

8- Fertilidade do solo e recomendação de calagem e adubação ....................... 50

8.1- Determinação da necessidade de calagem ......................................... 51

8.2 – Interpretação do resultado da análise de solo .................................... 53

8.3- Cálculo da adubação ............................................................................ 57

9- Glossário ...................................................................................................... 62

10- Referências bibliográficas .......................................................................... 67

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1- INTRODUÇÃO

“Não existe nada em toda a natureza que seja mais importante ou que mereça mais

atenção que o solo. O solo é que verdadeiramente torna o mundo um ambiente agradável

para a Humanidade. É o solo que nutre e provê toda a natureza; toda a criação depende do

solo, ele é o alicerce básico para nossa existência”.

Friedrich Albert Fallon, 1862

1.1- Definição

TERRA → é a porção do planeta não coberta por oceanos.

SOLO → é uma mistura organizada de minerais, matéria orgânica, organismos vivos, ar e

água que juntos suportam o desenvolvimento das plantas. Corresponde a uma fina camada de

material transformado sobre a terra.

O significado original de solo vem do latim da palavra "solum" que em português significa

chão.

PEDOLOGIA → ciência que estuda os solos

Para muitos o SOLO é terra, é poeira, é meramente o chão, um suporte para os pés e

para plantas. Não é algo que mereça estudo, é uma superfície monótona. Para um cientista do

solo, o solo é seu objeto de estudo, é um corpo complexo, rico de informações, vivo e que

abriga uma infinidade de seres.

O solo consiste de um corpo natural e complexo cuja origem e desenvolvimento são

determinados pelos chamados fatores de formação do solo. É composto por sólidos, líquidos e

gases.

O solo é o resultado de algumas mudanças que ocorrem nas rochas. Estas mudanças

são bem lentas, sendo que as condições climáticas e a presença de seres vivos são os

principais responsáveis pelas transformações que ocorrem na rocha até a formação do solo.

As rochas são consideradas o principal material de origem, pois, se transformam até

resultar no solo. As rochas são materiais naturais formados pela associação de minerais que,

após sofrerem intenso desgaste, darão origem aos solos. Os minerais são compostos de

átomos unidos através de diferentes tipos de ligações. Além da constituição, a classificação

das rochas também é baseada nos processos geológicos que as formaram.

No solo, existem minerais provenientes diretamente das rochas, chamados de

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mineiras primários e os minerais secundários, que são formados a partir da alteração dos

minerais primários.

É importante entendermos O SOLO como corpo dinâmico natural, cujas

características (como a de um ser vivo) são decorrentes das combinações das influências que

recebem.

2- FORMAÇÃO DO SOLO (GÊNESE DO SOLO)

A formação do solo tem início no momento em que as rochas entram em contato com

o meio ambiente e começam a sofrer transformações.

O solo resulta da ação simultânea do clima e organismos que atuam sobre o material

de origem (rocha), que ocupa determinada paisagem ou relevo, durante um período de tempo.

Esses elementos (rocha, clima, organismo, relevo e tempo) são chamados de fatores de

formação do solo. Esses fatores são parte do meio ambiente e atuam de forma conjunta. Uma

combinação de eventos físicos, químicos e biológicos está envolvida na formação do solo.

Durante seu desenvolvimento o solo sofre a ação de diversos processos de formação

como perdas, transformações, transportes e adições. Esses processos são responsáveis pela

transformação da rocha em solo. O solo diferencia da rocha por ser constituído de uma

sucessão vertical de camadas (ou horizontes) que diferem entre si na cor, espessura,

granulometria, conteúdo de matéria orgânica e nutriente.

O tipo de material de origem (tipo de rocha) e o clima determinam o tipo de solo

formado.

Esses processos (adições, perdas, transformações e transportes) são responsáveis pela

formação de todos os tipos de solos existentes.

A formação de solo é um processo lento. Sob condições climáticas ideais, um

material de origem de menor resistência pode levar de 100 a 400 anos para desenvolver um

centímetro de solo. Sob condições climáticas não adequadas e com material de origem mais

resistente, pode-se levar centenas ou milhares de anos para formar esta mesma quantidade de

solo. Calcula-se que os solos usados na agricultura demoram entre 3000 a 12000 anos para

tornarem-se produtivos.

Pequenos animais, bactérias, fungos e raízes de plantas também fazem parte do

processo biológico de formação do solo. Um dos animais mais importantes é a minhoca. Um

hectare de terreno pode ter uma população de minhoca capaz de processar nove toneladas de

solo por ano.

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Fungos e bactérias decompositores têm importante participação nos ciclos de muitos

minerais. Eles, assim como outros animais, reduzem o material orgânico a tamanhos menores,

melhorando a qualidade do solo.

Para entendermos melhor o processo de formação do solo, acompanhe atentamente a

seqüência abaixo:

1) Rocha matriz exposta.

2) Chuva, vento e sol desgastam a rocha formando fendas e buracos. Com o tempo a rocha vai

esfarelando-se.

3) Microrganismos como bactérias e algas se depositam nestes espaços, ajudando a decompor

a rocha através das substâncias produzidas.

4) Ocorre acúmulo de água e restos dos microrganismos.

5) Organismos um pouco maiores como fungos e musgos, começam a se desenvolver.

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6) O solo vai ficando mais espesso e outros vegetais vão surgindo, além de pequenos animais.

7) Vegetais maiores colonizam o ambiente, protegidos pela sombra de outros.

8) O processo continua até atingir o equilíbrio, determinando a paisagem de um local.

Formação do solo

O processo de formação de solos é chamado de intemperismo, ou seja, são

fenômenos físicos, químicos e biológicos que agem sobre a rocha e conduzem à formação de

partículas não consolidadas.

O intemperismo tem sido definido de várias maneiras: “fracionamento das rochas”,

“decomposição e alteração das rochas”, “colapso da rocha”, “deterioração da rocha”. Existem

três tipos de intemperismo: o intemperismo físico, o intemperismo químico e o intemperismo

biológico.

O tipo de material de origem e o clima determinam o tipo de solo formado.

Vento e água podem causar a colisão de pequenas partículas, aumentando o

intemperismo. O formato arredondado de cascalhos e de blocos rochosos às margens de

cursos d’água é prova desse desgaste pelas águas. Além disso, vento e água removem

partículas pequenas para outros locais onde servirão de material de origem para formação de

outros solos. A água das chuvas é ligeiramente ácida, o que pode facilitar a dissolução das

rochas.

Outros tipos de organismos, como plantas e pequenos animais (fungo do solo,

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besouro, formiga, caramujo, minhoca, nematóide, ácaros, tatuzinho etc), também contribuem

para a formação do solo, aumentando a quantidade de matéria orgânica que é incorporada

com os pequenos fragmentos de rochas para formar o solo. A matéria orgânica decomposta,

chamada húmus, mistura-se com as partículas da camada superficial e constituem um

ingrediente muito importante do solo. O húmus supre, em parte, as necessidades da planta em

nutrientes.

A intensidade do intemperismo depende de vários fatores, como: tamanho das

partículas constituintes das rochas, permeabilidade do manto rochoso, posição do nível

freático, temperatura da rocha, composição e quantidade de água subterrânea, oxigênio,

macro e microflora presentes e solubilidade relativa da rocha exposta.

Intemperismo Físico

Intemperismo físico ou desintegração, é a modificação da forma e tamanho da rocha

e dos minerais, sem haver alteração na composição química dos mesmos. O vento e água são

agentes do intemperismo físico.

Intemperismo Químico

Intemperismo químico ou decomposição, é a modificação da composição química da

rocha e dos minerais. O intemperismo químico é de maior importância que a alteração física

para a formação do solo.

Intemperismo Biológico

As plantas, animais e microrganismos atuam em conjunto por meio de processos

físicos e químicos no processo de formação dos solos.

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2.1- FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO

A formação e morfologia do solo resulta da interação de fatores e processos de

formação.

Fatores de Formação Processos de Formação

(Externos) (Internos)

- material de origem - adições

- organismos - perdas

- clima - translocações

- relevo - transformações

- tempo

Sequência cronológica hipotética de evolução do perfil do solo. As letras A, B, C, R são os horizontes que

constituem o solo.

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Os fatores de formação do solo podem ser definidos como agentes, forças, condições,

que atuam sobre o material de origem com a potencialidade de determinar sua mudança.

1 - Material de origem

O material de origem é a matéria-prima a partir da qual se formam os solos, podendo

ser de natureza mineral (rochas ou sedimentos) ou orgânica (resíduos vegetais).

As rochas subdividem-se em magmáticas (ou ígneas), metamórficas e sedimentares.

As rochas magmáticas ou ígneas são formadas pelo resfriamento do magma na superfície da

terra. Magma é a matéria incandescente, constituinte do núcleo terrestre, de onde é trazida à

superfície pelos vulcões.

As rochas metamórficas são formadas pelo metamorfismo (mudança de composição)

de rochas existentes (rochas ígneas, sedimentares ou mesmo metamórficas) devido ao

extremo calor, pressão ou pela ação do tempo.

As rochas sedimentares são formadas a partir da sedimentação ou deposição de

partículas de rochas pré-existentes (rochas ígneas, metamórficas ou mesmo sedimentares) ou

pelo acúmulo de restos orgânicos. São formadas em camadas.

Tipos de rochas

Exemplos dos principais tipos de rochas:

MAGMÁTICAS

METAMÓRFICAS

SEDIMENTARES

Granito Gnaisse Arenitos

Basalto Quartzito Argilitos

Diabásio Xistos Calcários

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Dependendo do tipo de material de origem, os solos podem ser arenosos, argilosos,

férteis ou pobres.

É importante salientar que uma mesma rocha poderá originar solos muito diferentes,

dependendo da variação dos demais fatores de formação. Por exemplo, um granito, em região

de clima seco e quente, origina solos rasos e pedregosos em virtude da reduzida quantidade de

chuvas. Já, em clima úmido e quente, essa mesma rocha dará origem a solos mais profundos,

não-pedregosos e mais pobres.

Com exceção do hidrogênio, oxigênio, carbono e nitrogênio, os demais nutrientes

para as plantas, como cálcio, magnésio, potássio, fósforo etc, provêm dos minerais presentes

nas rochas que, ao se decomporem pela ação do intemperismo, liberam esses elementos para o

solo para serem absorvidos pelos vegetais.

2 - Clima

O clima exerce influência na formação dos solos principalmente através da

precipitação, temperatura, vento, insolação, umidade relativa, evapotranspiração (perda de

água das plantas e do solo pela ação do calor). O clima vai afetar a intemperização do material

de origem, os organismos vivos que vivem sobre e no solo, e o relevo.

Precipitações e temperaturas elevadas favorecem os processos de formação do solo.

Climas úmidos e quentes (regiões tropicais) são fatores favoráveis à formação de solo muito

intemperizados (alterados em relação à rocha), profundos e pobres, o que resulta em acidez e

baixa fertilidade, como é o caso da maioria dos solos brasileiros. Em regiões de baixa

precipitação (áridas e semi-áridas), os solos são menos intemperizados, mais rasos, de melhor

fertilidade e, geralmente, pedregosos.

A água que precipita sobre o solo pode contribuir para a erosão superificial, ser

armazenada (e utilizada pelos organismos do solo ou nos processos de intemperismo

químico), ou ser lixiviada através do perfil do solo (carreando substâncias orgânicas e

inorgânicas solúveis).

Conforme a intensidade do vento e da insolação, a água armazenada no solo pode ser

perdida por evapotranspiração (diminuindo o estoque da mesma no solo). O vento, além disto,

pode carrear partículas sólidas que estejam dispersas na superfície do terreno.

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3 - Relevo

Dependendo do tipo de relevo (plano, inclinado ou abaciado), a água da chuva pode

entrar no solo (infiltração), escoar pela superfície (ocasionando erosão) ou se acumular

(formando banhados ou várzeas).

Nos relevos planos, praticamente toda a água da chuva entra no solo, propiciando

condições para formação de solos profundos.

Em relevos inclinados, grande parte da água escoa pela superfície, favorecendo

processos erosivos e dificultando a formação do solo, sendo tais áreas ocupadas,

predominantemente, por solos rasos.

As áreas com relevo abaciado, além das águas da chuva, também recebem aquelas

provenientes das áreas inclinadas, tendendo a um acúmulo e favorecendo o aparecimento de

banhados (várzeas), onde se formam os solos chamados de hidromórficos, ou seja, com

excesso de água.

Em relevos planos, podem ocorrer solos rasos quando a região é muito seca, e a

quantidade de chuvas não é suficiente para a formação de um solo profundo.

4 - Organismos

Os organismos que vivem no solo (vegetais, minhocas, insetos, fungos, bactérias etc)

exercem papel muito importante na formação, visto que, além de seus corpos serem fonte de

matéria orgânica, atuam também na transformação (decomposição) dos constituintes

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orgânicos e minerais.

A vegetação também exerce influência na formação do solo pelo fornecimento de

matéria orgânica, na proteção contra a erosão pela ação das raízes fixadas no solo e reduzindo

o escorrimento superficial da água no solo, permitindo que o solo se conserve melhor, mesmo

em condições de relevo bastante acidentado. Este efeito também irá favorecer os corpos de

água (rios, lagos, etc.) que receberão menor carga de sedimentos.

Ao se decompor, a matéria orgânica libera ácidos que também participam na

transformação dos constituintes minerais do solo.

5 - Tempo

Para a formação do solo, é necessário determinado tempo para atuação dos processos

e dos fatores que levam à sua formação. O tempo que um solo leva para se formar depende do

tipo de rocha, do clima e do relevo. Solos desenvolvidos a partir de rochas mais fáceis de ser

intemperizadas formam-se mais rapidamente, em comparação com aqueles cujo material de

origem é uma rocha de difícil alteração. Por exemplo, os solos derivados de quartzito (rocha

rica em quartzo) demoram mais tempo para se formarem do que os solos originados de

diabásio (rocha rica em ferro), por ser o mineral quartzo muito resistente ao intemperismo

(alteração).

Nos relevos mais inclinados (morros, montanhas), o tempo necessário para formação

de um solo é muito mais longo, comparativamente aos relevos planos.

Uma questão frequentemente levantada é: Quanto tempo leva um solo para ser

formado? A única certeza é que são necessários milhares de anos. O tempo de formação do

solo é longo; todavia, sua degradação pode ser rápida, motivo pelo qual sua utilização deve

ser cercada de todo cuidado.

O tempo determina a maturidade do processo de formação do solo, dividindo os

solos em jovens e maduros, dependendo da intensidade da atuação.

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2.2- PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO

1-Adição

Tudo que é incorporado ao solo em desenvolvimento é considerado como adição. O

principal constituinte adicionado é a matéria orgânica proveniente da morte dos organismos

que vivem no solo, principalmente a vegetação. Por serem ricos no elemento carbono, esses

compostos orgânicos imprimem cores escuras à porção superior do solo.

2- Perda

Durante o seu desenvolvimento os solos perdem materiais na forma sólida (erosão) e

em solução (lixiviação). Em relevos muito inclinados os solos são mais rasos em decorrência

da perda de materiais por erosão.

A água da chuva solubiliza os minerais do solo os quais liberam elementos químicos

(principalmente cálcio, magnésio, potássio e sódio) que são levados para as águas

subterrâneas. Esse é um processo de perda denominado lixiviação. Essas perdas por lixiviação

explicam a ocorrência de solos muito pobres (baixa fertilidade) mesmo sendo originados a

partir de rochas que contêm grande quantidade de elementos nutrientes de plantas.

3 - Transformação

São denominadas transformações os processos que ocorrem durante a formação do

solo produzindo alterações químicas, físicas e biológicas. Como exemplo de alteração

química, pode-se citar a transformação dos minerais primários (que faziam parte da rocha) em

novos minerais (minerais secundários). As argilas são o exemplo mais comum de minerais

secundários. É o caso de muitas rochas que não contêm argila, porém esse material faz parte

do solo formado. Qual seria a explicação? Nesse caso, alguns minerais primários da rocha

sofreram intemperismo e se transformaram em argila. E de onde vieram as areias que os solos

contêm? Essas areias são provenientes também dos minerais contidos na rocha e que ainda

não foram transformados ou são muito resistentes para serem alterados.

As cores vermelha, amarela ou vermelho-amarela são resultantes da formação de

compostos (óxidos) a partir do elemento químico ferro liberado pela alteração das rochas.

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Os materiais vegetais que caem no solo (folhas, galhos, frutos e flores) e as raízes

que morrem também sofrem transformações. Pela atuação de organismos do solo,

transformam-se em húmus, que é um composto mais estável e responsável pela cor preta dos

solos. Nesse processo, ocorre liberação de ácidos orgânicos, que também contribuem para a

alteração dos componentes minerais do solo.

4 – Transporte ou Translocação

Em decorrência da ação da gravidade e da evapotranspiração (perda de água das

plantas e do solo pela ação do calor), pode ocorrer translocação de materiais orgânicos e

minerais dentro do próprio solo. Em condições de clima com poucas chuvas, elementos

químicos, como, por exemplo, o sódio, pode ser levado em solução para a superfície do solo e

depositados na forma de sal. Em climas úmidos, ácidos orgânicos e partículas minerais de

tamanho reduzido (argila) podem ser transportados pela água para os horizontes mais

profundos do solo.

2.3- FORMAÇÃO DO PERFIL DO SOLO

O solo é dividido em camadas horizontais, chamados de horizontes.

A natureza e o número de horizontes variam de acordo com os diferentes tipos de

solo. Os solos geralmente não possuem todos esses horizontes bem caracterizados, entretanto,

pelo menos possuem parte deles.

Normalmente o solo possui três horizontes bem fáceis de distinguir, o horizonte O, o

horizonte A e o horizonte B. Outras camadas importantes no perfil de um solo são o horizonte

C e R, caracterizados pela rocha matriz decomposta (C) e não decomposta (R).

Horizontes:

Horizonte O: camada orgânica superficial. É constituído por detritos vegetais e substâncias

húmicas acumuladas na superfície, ou seja, em ambientes onde a água não se acumula (ocorre

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drenagem). É bem visível em áreas de floresta e distingui-se pela coloração escura e pelo

conteúdo em matéria orgânica.

Horizonte A: camada mineral abaixo da camada O ou H. É o horizonte onde ocorre grande

atividade biológica o que lhe confere coloração escurecida pela presença de matéria orgânica.

Existem diferentes tipos de horizontes A, dependendo de seus ambientes de formação. Esta

camada apresenta maior quantidade de matéria orgânica que os horizontes subjacentes B e C.

Horizonte B: camada mineral situada mais abaixo do horizonte A. Apresenta menor

quantidade de matéria orgânica, e acúmulo de compostos de ferro e argilo minerais. Ocorre

concentração de minerais resistentes, como quartzo em pequenas partículas (areia e silte). É o

horizonte com bom desenvolvimento estrutural.

Horizonte C: camada mineral de material inconsolidado, ou seja, por ser relativamente pouco

afetado por processos pedogenéticos, o solo pode ou não ter se formado. É o horizonte com

baixo desenvolvimento estrutural.

Horizonte R: camada mineral de material consolidado, a rocha propriamente dita.

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Horizontes do solo Exemplo de solo que possui apenas os horizontes A e

R (rocha).

3 - MORFOLOGIA DO SOLO

Morfologia é o estudo e a descrição da aparência do solo. As informações

morfológicas são importantes para a identificação, classificação dos solos e para a

interpretação da análise de solo.

As principais características do solo observadas na descrição morfológica são: cor,

consistência, textura e estrutura. Todas as características morfológicas observadas em campo,

no perfil do solo são de fundamental importância para a caracterização do solo, juntamente

com as análises químicas e físicas determinadas em laboratório.

3.1 - COR

A cor é considerada uma das propriedades morfológicas mais importantes. Os solos

podem apresentar cores variadas, tais como: preto, vermelho, amarelo, acinzentado etc. Essa

variação irá depender não só do material de origem, mas também de sua posição na paisagem,

conteúdo de matéria orgânica e minerais.

A cor tem grande importância no momento de diferenciar os horizontes (camadas)

dentro de um perfil e auxiliar na classificação dos solos.

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Para a determinação das cores do solo o método mais empregado pelos pedólogos é a

comparação de uma amostra de solo com a referência padronizada, que é a Carta de Cores de

Munsell.

Efeito da Matéria Orgânica na Cor do Solo

Quanto mais material orgânico, mais escuro é o solo, o que poderia indicar boas

condições de fertilidade e grande atividade microbiana.

O horizonte A, normalmente, é o mais escuro, pois é o que mais recebe matéria

orgânica, proveniente dos animais e vegetais que estão no interior ou sobre o solo. Os demais

horizontesdo solo também apresentam matéria orgânica, porém em menor proporção. Por este

motivo, os horizontes B e C normalmente são mais claros que o horizonte A.

Efeito dos Minerais na Cor do Solo

As diferenças entre as cores mais avermelhadas ou amareladas dos solos estão

frequentemente associadas aos diferentes tipos de óxidos de ferro.

Solos de coloração vermelha podem indicar grande quantidade de óxido de ferro

(hematita). Enquanto solos amarelos apresentam grande quantidade de goetita, outro tipo de

óxido de ferro.

Solos com elevada quantidade de quartzo (como ocorre em muitos solos arenosos),

são normalmente claros.

Efeito do Excesso de Água na Cor do Solo

Um solo bem drenado é um solo no qual a água não tem dificuldade para infiltrar. No

entanto, nos solos mal drenados (com excesso de água), um ou mais horizontes do solo

podem ficar com cor acinzentada. Esta cor indica que o ferro foi lavado (perdido para o lenço

freático), devido às condições de redução (ausência de oxigênio), perdendo, assim a coloração

vermelha ou amarela típica dos solos bem drenados.

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3.2 - CONSISTÊNCIA

É caracterizada pela plasticidade e pegajosidade, sendo determinada em amostras de

solo molhado.

Entende-se por consistência a influência que as forças de coesão e de adesão exercem

sobre os constituintes do solo. A força de coesão é a atração de partículas sólidas por

partículas sólidas. A força de adesão é a à atração das moléculas de água pela superfície das

partículas sólidas.

Plasticidade e Pegajosidade

A plasticidade é observada quando o solo úmido pode ser modelado constituindo

diferentes formas.

A pegajosidade refere-se à aderência do solo úmido a outros objetos. Esta é uma

característica muito importante, pois um solo muito pegajoso é difícil de ser trabalhado para

diversas finalidades, como construção de um aterro por um engenheiro civil, ou o cultivo por

um produtor rural.

3.3 - TEXTURA DO SOLO

A parte mineral do solo é constituída por partículas de várias formas e tamanhos. São

elas: os matacões, calhaus, cascalhos, areia, silte e argila.

A textura do solo refere-se à proporção das frações areia, silte e argila de um solo.

Estas partículas podem ser separadas em grupos, de acordo com o seu tamanho, são as frações

do solo. O estudo das frações do solo constitui a granulometria.

A composição granulométrica do solo é obtida a partir da análise granulométrica

(realizada em laboratórios de solos).

Classificação das partículas do solo:

Matacões - maior que 200 mm

Calhaus - de 200 a 20 mm

Cascalhos ou Seixos – de 20 a 2 mm

Areia Grossa - de 2 a 0,20 mm

Areia Fina - de 0,20 a 0,05 mm

Silte - de 0,05 a 0,002mm

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Argila- menor que 0,002 mm

Para estudos agropecuários do solo, consideramos como partículas minerais principais:

– areia;

– silte;

– argila

As pedras são fragmentos de rochas, visíveis a olho nu; podem ser arredondadas,

com ângulos irregulares ou mesmo achatadas. Apresentam, normalmente, as mesmas

características da rocha de que se originaram (só diferem no tamanho).

Seixos, só diferem das pedras pelo tamanho menor. São também visíveis a olho nu.

Areia são partículas minerais, grãos ou fragmentos, podem ser arredondadas ou

bastante irregulares (angulosas). A areia grossa pode ser vista a olho nu e a areia fina, só pode

ser vista ao microscópio.

Tanto as pedras como os seixos e areias são frações completamente inertes, isto é,

não fornecem nutrientes às plantas. Nestas frações só se encontram minerais primários.

Silte é uma partícula intermediária entre as argilas e as areias; maior que a argila e

menor que a areia fina. Só são visíveis ao microscópio. Apresenta pequena capacidade de

troca, ou seja, fornece em pequena quantidade nutrientes para as plantas. São pouco plásticos

e quase sempre são envolvidos por matéria orgânica e argila; são macios ao tato (parecem

talco). São insolúveis. A fração silte do solo é constituída por minerais primários.

Argilas, só são visíveis ao microscópio, e são constituídas, principalmente, por

minerais secundários. São plásticos e solúveis.

Normalmente as argilas apresentam formas achatadas (forma de lâminas). Têm

grande capacidade de troca (fornecem os nutrientes às plantas) e são solúveis.

A argila e a matéria orgânica do solo, possuem cargas negativas que atraem

elementos com carga positiva (cátions), como, potássio (K+), cálcio (Ca

2+), magnésio (Mg

2+) e

principalmente alumínio (Al3+

) e também cargas positivas que atraem elementos com cargas

negativas, como, o fósforo (H2PO4-) e o enxofre (SO4

2-). A argila e a matéria orgânica

regulam praticamente todas as atividades do solo; é através destas partículas que as plantas

retiram do solo os nutrientes necessários para o seu crescimento.

Normalmente nenhum solo é composto de um só tipo de partículas; ele é formado

por uma mistura delas, que entram em porcentagens variáveis. As quantidades de partículas

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ou frações dão a textura do solo. Assim:

- solo muito argilosos, quando tem mais de 60% de argila;

- solo argiloso, quando tem mais de 40% de argila;

- solo siltoso, quando tem mais de 45% de silte;

- solo arenoso, quando tem mais de 70% de areia;

- solo franco (textura média), quando tem menos de 35% de argila, mais de 15% de areia, e

que não sejam de textura arenosa.

Os solos arenosos são também denominados solos leves e os argilosos solos pesados.

Os termos leve e pesado não se referem ao peso do solo mas, à facilidade com que são

trabalhados.

Praticamente, no campo, pode-se de maneira grosseira determinar a textura. Para

tanto, deve-se:

- tomar na palma da mão um pouco do solo;

- umidecê-lo;

- amassar (com dedos da outra mão);

- tentar formar filamento ou macarrão da grossura de um palito de fósforo (nem mais grosso

nem mais fino);

- tentar dobrar o filamento ou macarrão até formar o desenho de um 8.

Resultado:

▪ Se não formar (moldar) o filamento ou macarrão, o solo é arenoso;

▪ Se conseguir formar o macarrão, mas não conseguir fazer o 8, o solo é siltoso;

▪ Se conseguir formar o macarrão e depois formar com ele um 8 sem que se quebre, o solo é

argiloso.

Minerais que compõem as partículas do solo:

Além do tamanho, é necessário saber quais são os minerais que ocorrem nas frações

areia, silte e argila do solo.

É principalmente nas frações areia e silte que se encontram os minerais primários

capazes de fornecer os nutrientes que as plantas necessitam. Estes nutrientes, principalmente

K, Ca, Mg e micronutrientes (por exemplo, Fe, Mn, Cu, Zn etc) fazem parte da estrutura de

alguns minerais primários e são liberados para a solução (água) do solo pelo intemperismo. A

planta, ao retirar a água do solo (solução do solo) contida nos microporos, absorve também

estes nutrientes essenciais ao seu crescimento. Então, os minerais primários, quando presentes

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no solo, funcionam como adubos naturais, que liberam lentamente os nutrientes para as

plantas.

O quartzo é o principal e o mais comumente mineral encontrado nas frações areia e

silte dos solos, apesar de não apresentar elementos essenciais para as plantas (nutrientes).

A caulinita é o principal mineral da fração argila, encontrado nos solos de todo o

mundo, sobretudo, naqueles mais intemperizados (velhos) desenvolvidos na região tropical

úmida. Este mineral é caracterizado por apresentar baixa quantidade de cargas negativas

(CTC) e formato de lâminas microscópicas.

A vermiculita e montmorilonita, também são minerais presentes na fração argila,

ocorre principalmente em solos mais jovens. Esse mineral apresenta grande quantidade de

cargas negativas (CTC), o que confere aos solos elevada capacidade de retenção de água e de

nutrientes para as plantas.

Os óxidos de ferro e alumínio são também importantes constituintes da fração argila

dos solos muito velhos. Normalmente, tais óxidos determinam a cor e influenciam a estrutura

e a adsorção de nutrientes nos solos. Os óxidos mais comuns e abundantes no solo são a

gibbsita (óxido de alumínio – cor branca), a goethita (óxido de ferro) e a hematita (óxido de

ferro). A hematita é responsável pela cor vermelha, e a goethita é responsável pela cor

amarela dos solos.

Principais minerais fontes de nutrientes para as plantas:

Minerais Nutrientes contidos no

mineral

Olivina Mg, Fe, Cu, Mn, Mo, Zn

Piroxênio Ca, Mg, Fe, Cu, Mn, Zn

Anfibólio Ca, Mg, Fe, Cu, Mn, Zn

Biotita (mica preta) K, Mg, Fe, Cu, Mn, Zn

Muscovita (mica branca) K

Ortoclásio (feldspato potássico) K

Plagioclásio (feldspato cálcico) Ca, Cu, Mn

Apatita P, Ca, Fe, Mg

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Matéria Orgânica

A matéria orgânica (MO) é constituída por restos vegetais (folhas, galhos, frutos e

raízes) e animais (esqueletos e fezes). Embora seja encontrada geralmente em pequenas

quantidades (normalmente menos que 5% do volume do horizonte A dos solos), a matéria

orgânica tem grande influência nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo e no

desenvolvimento das plantas.

Com a decomposição biológica dos restos de plantas e animais, é formado o húmus

ou fração húmica do solo. Esta fração interfere em várias propriedades do solo, tais como:

promove adsorção de cátions (apresenta elevada CTC), auxilia na estabilização da estrutura

do solo, aumenta a retenção de água, influencia diretamente a cor, conferindo coloração

escura no horizonte A, e reduz a plasticidade e a pegajosidade do solo. Grande parte da CTC

dos solos desenvolvidos sob clima tropical advém das cargas negativas presentes na fração

húmica.

A matéria orgânica apresenta as seguintes funções:

a) Química:

1 - A MO tem efeito fundamental sobre a fertilidade do solo. Serve como fonte de

nutrientes para as plantas, principalmente Nitrogênio (N), Enxofre (S) e Fósforo (P,) a

partir da mineralização dos resíduos que retornam ao solo (controlado pelos

microrganismos).

2 - A MO apresenta cargas elétricas de superfície e contribui para a capacidade de

troca de cátions (CTC). Devido à capacidade de liberar ou receber íons H+, evita

variações nos valores de pH do solo (Efeito tampão).

b) Física – os componentes orgânicos que formam a MO atuam como agentes

cimentantes das partículas do solo. A maior estabilidade que a MO promove aos

agregados também dificulta a dispersão e o arraste das partículas pelas águas das

chuvas, aumentando a resistência do solo è erosão.

c) Biológica – os componentes de carbono da MO servem como fonte de energia e

nutrientes para os organismos do solo. Portanto, a atividade desses microrganismos

está diretamente relacionada à disponibilidade de carbono.

As plantas absorvem os nutrientes do solo e os incorporam nos tecidos vegetais. Com

a decomposição biológica destes tecidos vegetais, processo chamado de mineralização, os

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nutrientes retornam ao solo, podendo ser novamente absorvidos pelas plantas. Este processo

de reaproveitamento é chamado de ciclagem de nutrientes.

A preservação da matéria orgânica no solo se faz através da combinação de várias

técnicas de manejo, tais como:

adubação orgânica

conservação do solo e da água.

adubação verde

consorciação de culturas

manejo adequado dos restos culturais

cultivo mínimo e/ou plantio direto

3.4 - ESTRUTURA DO SOLO

O conjunto de agregados do solo, chamados de “torrões do solo”, em seu estado

natural, forma a estrutura do solo. Estes agregados são formados pelas partículas do solo

(areia, silte, argila e outros componentes como a matéria orgânica).

Os tipos de estrutura do solo são as formas que as partículas assumem no solo. São

quatro os principais tipos de estrutura do solo:

a) em forma de esferóide: granular (este tipo de estrutura normalmente favorece a ocorrência

de muitos poros, sendo mais comum no horizonte A);

b) em forma de bloco (é muito comum no horizonte B);

c) em forma de prisma; prismático e colunar;

d) em forma de placa: laminar.

Tipos de estrutura para o solo, formadas a partir da união de agregados.

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Podemos fazer uma analogia entre a estrutura do solo e a estrutura de uma casa. A

casa é construída com diferentes materiais (tijolos, areia, cimento etc) que formam uma

estrutura e deixam espaços vazios (quartos, sala, cozinha etc). No solo, ocorre um processo

semelhante, visto que as partículas do solo (areia, silte, argila) formam uma estrutura

(granular, blocos, prismática, laminar), que permite a existência de espaços vazios (poros do

solo), nos quais se encontra a fração líquida do solo (solução do solo) e a fração gasosa do

solo (ar do solo). Quando há estrutura em um solo, as partículas individuais (areia, silte,

argila) estão unidas, dificultando a perda do solo pela erosão hídrica (água) ou eólica (vento).

Propriedades da estrutura do solo:

Porosidade

A porosidade refere-se à quantidade de poros no solo. No solo, o espaço poroso é a

porção ocupada pelo ar e pela água. A porosidade é função do tamanho e do arranjo das

partículas no corpo do solo.

Os solos em que predominam as partículas pequenas, argilas, são sempre mais

porosos que aqueles em que predominam as partículas grandes, as areias.

Um solo tem sua porosidade aumentada à medida que aumenta o seu teor de matéria

orgânica; ela tem a propriedade de juntar as partículas formando aglomerados ou agregados.

Os solos arenosos têm uma porosidade que varia de 35 a 50%, enquanto que nos

solos argilosos ela varia de 40 a 60%. À medida que se aprofunda e a quantidade de matéria

orgânica diminui, a porosidade do solo diminui.

Existem no solo dois tipos de poros: os macroporos e os microporos. Os macroporos

são os poros grandes, ocupados pelo ar e os microporos os poros pequenos, ocupados pela

água.

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O solo é formado por três fases: fase sólida, fase líquida e fase gasosa.

Permeabilidade

É a maior ou menor capacidade que um solo apresenta em deixar passar água e ar.

A permeabilidade está diretamente ligada à textura e estrutura. Nos solos arenosos,

em que predominam as partículas de areia, com grande quantidade de poros grandes, a

permeabilidade é grande, ou seja, é rápida, ao passo que ela é pequena ou lenta nos solos

argilosos e compactos.

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4- SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS (SiBCS)

O sistema de classificação, identificação e mapeamento dos solos do Brasil iniciou-

se na década de 50, culminando com o atual Sistema Brasileiro de Classificação de Solos

(Embrapa, 2006). A classificação visa à organização do conhecimento. No caso da

classificação dos solos, essa organização nos permite estabelecer relações com o ambiente,

possibilitando grupamentos de solos com características semelhantes para fins de estudos e

transferência de conhecimento.

Neste item, são relacionadas as 13 ordens de solo do Brasil e, de forma resumida, são

dados o conceito, a região de ocorrência mais comum, além de algumas informações sobre as

qualidades e limitações ao uso agrícola, como também discute-se o significado do ponto de

vista ambiental.

A classificação de solos tem aplicações práticas principalmente em levantamentos de

solos, sendo utilizada como referência em amostragem (de solos, rochas e plantas), em

resultados de experimentos científicos, práticas de conservação e na indicação da fertilidade

de solos.

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Classes

(Ordens)

Elemento

formativo

Significado do elemento formativo Características

Argissolo argi Derivado de argila Solos com acúmulo de argila.

Cambissolo cambi Do latim cambiare, que significa trocar Solo com horizonte B em estádio inicial de formação

Chernossolo cherno Do russo, significando cor preta Solos com horizonte A escuro e rico em nutrientes (Ca, Mg, K)

Espodossolo espodo

Do russo spodo, cinza madeira Solos muito arenosos com acúmulo de matéria orgânica e

compostos de alumínio e/ou ferro no horizonte B

Gleissolo glei Do russo, significando cor cinzenta Solos com cores acinzentadas e com excesso de água.

Latossolo lato

Do latim later, que significa tijolo, pelo fato de

que na Índia esses solos eram utilizados para

fabricação de tijolos.

Solos muito intemperizados, velhos e profundos

Luvissolo luvi

Do latim luvi, significando saturado, lavado Elevada quantidade de nutrientes (Ca, Mg, K) e com acúmulo

de argila no horizonte B

Neossolo Neo Do latim neo, que significa novo Solo em início de formação

Nitossolo Nito

Derivado de nitidus, brilhante, nítido Solos com os agregados do horizonte B exibindo superfícies

brilhantes

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Organossolo organo Derivado de orgânico, produtos oriundos de

carbono

Altos teores de matéria orgânica

Planossolo plano Plano, solo de relevo plano Solos com excesso de água e com horizonte B adensado

Plintossolo plinto Derivado de plintita, ladrilho Presença de plintita (material rico em ferro)

Vertissolo verti

Do latim vertere, que significa inverter

(movimento expansão/contração)

Solos com grande capacidade de contração e expansão. Grande

número de fendas, quando seco.

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Argissolos

a) Conceito: apresentam acúmulo de argila no horizonte B e reduzida capacidade de reter

elementos nutrientes de plantas no horizonte A.

b) Ocorrência: encontram-se praticamente em todos os estados brasileiros ocupando relevos

moderadamente declivosos.

c) Significado agrícola: quanto a fertilidade, esse tipo de solo varia de baixa até alta

fertilidade.

d) Significado ambiental: são solos bastante susceptíveis à erosão, principalmente em relevos

mais declivosos.

Cambissolos

a) Conceito: são solos geralmente rasos e apresentam horizonte B ainda em um estádio inicial

de formação. A fertilidade é bastante variável, podendo ser alta ou baixa, dependendo da

rocha que lhes deu origem e do clima.

b) Ocorrência: em todo o Brasil, ocorrendo principalmente em relevos mais declivosos.

c) Significado agrícola: quando se apresentam férteis, são intensamente usados apesar do

relevo e da eventual presença de pedras. Naqueles de baixa fertilidade, porém situados em

relevo plano, a utilização de corretivos e fertilizantes torna-os produtivos.

d) Significado ambiental e urbano: usualmente os solos rasos em relevos inclinados tornam-se

muito susceptíveis à erosão e aumentam o assoreamento dos rios. Essa situação é agravada

quando, juntamente com o solo, são levados fertilizantes e outros produtos químicos, o que

vai contaminar os corpos de água. Em situação de relevo declivoso e reduzida espessura, a

opção mais recomendável seria destiná-los à preservação da fauna e flora ou pastagem.

Ocupações urbanas neste tipo de solo representam problemas sanitários e de deslizamento, em

decorrência do relevo e/ou reduzida profundidade do solo.

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Chernossolos

a) Conceito: são solos muito férteis e que apresentam um horizonte A escuro, rico em matéria

orgânica e nutrientes (cálcio, magnésio, potássio).

b) Ocorrência: encontrados em regiões com rochas ricas em cálcio, magnésio e potássio Os

chernossolos são solos poucos expressivos no Brasil, ocorrendo em pequenas áreas na região

sul e no nordeste do país.

c) Significado agrícola: o relevo declivoso e a presença de pedras são sérios impedimentos à

utilização de máquinas. A alta fertilidade faz com que sejam intensamente utilizados na

agricultura, porém são raros no Brasil.

d) Significado ambiental: os relevos muito inclinados ocupados por esses solos denunciam

áreas ambientalmente frágeis com grandes riscos de erosão e assoreamento de rios.

Espodossolos

a) Conceito: são solos muito arenosos com acúmulo no horizonte B de matéria orgânica e/ou

ferro, provenientes dos horizontes superficiais do solo. Em alguns casos, este horizonte B

pode ser duro e pouco permeável à água. Ocorrem em relevo plano.

b) Ocorrência: principalmente no noroeste da Amazônia e parte do litoral brasileiro.

c) Significado agrícola: considerando a grande quantidade de areia, esses solos apresentam

baixa fertilidade, baixa capacidade de retenção de nutrientes.

d) Significado ambiental: por serem arenosos, são extremamente frágeis e devem ser

considerados como área de preservação.

Gleissolos

a) Conceito: são solos que apresentam um horizonte B ou C de cor acinzentada (horizonte

glei).

b) Ocorrência: em todo o Brasil, em regiões planas ou abaciadas (várzeas e banhados).

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c) Significado agrícola: uma vez drenados (retirada do excesso de água por meio de valetas ou

canais), podem ser utilizados para a agricultura. Geralmente, são de baixa fertilidade o que

implica a obrigatoriedade de emprego de calagem e adubação.

d) Significado ambiental e urbano: dada a proximidade da superfície, o lençol freático pode

ser facilmente contaminado por produtos químicos e fertilizantes utilizados na agricultura.

Latossolos

a) Conceito: são solos profundos, bastante intemperizados (velhos e alterados em relação à

rocha) e geralmente de baixa fertilidade. Ocupam normalmente topos de paisagens, em relevo

normalmente quase plano. De maneira geral, são muito porosos, permeáveis e com boa

drenagem. Podem ser originados a partir de diversos tipos de rochas (material de origem).

b) Ocorrência: são solos que ocupam mais da metade do Brasil, encontrados em todos os

estados do País.

c) Significado agrícola: suas características, tais como: boa profundidade, relevo quase plano,

ausência de pedras, boa drenagem e permeabilidade fazem com que sejam dos mais utilizados

na produção rural. Embora geralmente de baixa fertilidade, as práticas de adubação e calagem

podem torná-los muito produtivos.

d) Significado ambiental e urbano: de modo geral relevo quase plano, grande profundidade e

alta permeabilidade são atributos que levam a considerar os Latossolos como de alta

estabilidade e com baixo risco de erosão, tendo grande capacidade para suportar estradas,

construções, além de ser local adequado para instalação de aterros sanitários.

Luvissolos

a) Conceito: são solos ricos em nutrientes (cálcio, magnésio, potássio) e acumulação de argila

no horizonte B.

b) Ocorrência: ocorrem no Brasil em condições de climas mais secos. Quando situados em

clima úmido, originam-se de rochas que são boas fornecedoras de nutrientes.

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c) Significado agrícola: em regiões de clima semi-árido (nordeste do Brasil), esses solos

podem apresentar grande quantidade de sódio, fazendo com eu o solo fique muito duro

dificultando a penetração de raízes, além de interferir no crescimento das plantas por

dificultar a absorção de cálcio, magnésio e nitrogênio pela planta.

d) Significado ambiental: de maneira geral, as áreas ocupadas pelo Luvissolo são

ambientalmente muito frágeis, principalmente por causa do relevo declivoso ou da reduzida

cobertura vegetal (caatinga), que os tornam muito susceptíveis à erosão.

Neossolos

a) Conceito: são solos rasos, apresentando mais comumente apenas horizonte A sobre o

horizonte C ou a rocha de origem (camada R).

b) Ocorrência: em todo o Brasil, ocupando preferencialmente relevos muito inclinados.

c) Significado agrícola: como principais obstáculos ao uso, podem ser citados o relevo

declivoso, pouca espessura e presença de pedras. Podem ser de baixa ou alta fertilidade.

Quando férteis, são muito utilizados. No caso de baixa fertilidade e relevos inclinados, os

solos devem ser reservados para preservação da flora e fauna.

d) Significado ambiental e urbano: considerando as características já relatadas, constituem

áreas extremamente frágeis. Devem ser evitados para ocupação urbana.

Nitossolos

a) Conceito: são solos caracterizados pela presença de um horizonte B cujos agregados

apresentam em sua superfície brilho característico (reluzente). Esse brilho pode ser causado

pela presença de argila vinda dos horizontes superficiais do solo em suspensão na água.

b) Ocorrência: em todo o Brasil, com concentração principalmente nos estados do sul do

Brasil.

c) Significado agrícola: no Paraná, são, em sua maioria, de alta fertilidade. Em outras regiões

podem ser muito pobres, porém, quando devidamente corrigidos e fertilizados, são muito

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produtivos.

d) Significado ambiental: quando em relevos ondulados e mal manejados, a erosão é

inevitável.

Organossolos

a) Conceito: são solos que apresentam elevados conteúdos de material orgânico. A grande

quantidade de matéria orgânica é favorecida pelo acúmulo de restos vegetais em ambientes

saturados por água (banhados). Em razão da falta de oxigênio, a decomposição é lenta, e se

acumula matéria orgânica. Os altos teores de matéria orgânica fazem com que apresentem cor

escura.

b) Ocorrência: em todo o Brasil, em regiões que permitem saturação por água, tais como

várzeas e banhados.

c) Significado agrícola: como são solos de banhados, devem ser feitas valetas pra a saída do

excesso de água (drenagem). Geralmente, são de baixa fertilidade e exigem grande quantidade

de calcário.

d) Significado ambiental: quando drenados, ficam mais arejados e a matéria orgânica é

decomposta pelos microrganismos. Esse solo tem grande importância no meio ambiente por

abrigarem fauna e flora específicas e funcionarem como verdadeiras esponjas na retenção de

água proveniente das chuvas e das partes altas do relevo. A proximidade a curso de água e o

lençol freático elevado tornam essas áreas facilmente contamináveis por agrotóxicos,

fertilizantes e outros produtos químicos, assim como por qualquer tipo de lixo, doméstico ou

industrial. Devem ser preservados, não sendo recomendável qualquer tipo de utilização, seja

para atividades agrícolas, seja para local de moradia.

Planossolos

a) Conceito: são solos de constituição bem argilosa e adensado.

b) Ocorrência: como o nome sugere, os solos situam-se em relevo plano – baixadas,

depressões ou várzeas – com restrição à saída de água, principalmente no Rio Grande do Sul,

pantanal, e semi-árido do Nordeste.

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c) Significado agrícola: as principais limitações são o excesso de água e o impedimento à

penetração de raízes pelo horizonte B adensado. São usualmente utilizados para pastagens ou

arroz no Rio Grande do Sul e Pantanal. Alguns destes solos têm elevados teores de sódio, que

pode prejudicar as culturas.

d) Significado ambiental: a ocorrência em locais favoráveis ao acúmulo de água potencializa a

possibilidade de contaminação do lençol freático.

Plintossolos

a) Conceito: são solos que apresentam segregação de ferro no horizonte B ou C, constituindo

manchas de cores variadas.

b) Ocorrência: preferencialmente encontrados em regiões de relevo plano, em que há

dificuldade de escoamento de água, como várzeas, depressões. Grandes áreas desta classe de

solo são encontradas na Amazônia e Centro-Oeste do Brasil.

c) Significado agrícola: as principais condições que limitam o uso agrícola são o excesso de

água e a baixa fertilidade. A retirada da água (drenagem) pode levar a um endurecimento da

parte inferior do solo, criando dificuldade para a penetração de raízes e da água das chuvas.

d) Significado ambiental: a retirada do excesso de água pode levar ao endurecimento da parte

inferior do solo, o que altera sua condição natural em prejuízo da flora e fauna típicas dessas

áreas.

Vertissolos

a) Conceito: são solos cuja principal característica é a formação de fendas quando secos, por

conterem muita argila com grande capacidade de expansão (quando molhadas) e contração

(quando secas).

b) Ocorrência: ocupam, preferencialmente, relevos planos, ocorrem principalmente em áreas

semi-áridas do nordeste do Brasil, sudeste do Rio Grande do Sul, Recôncavo Baiano e

algumas áreas do Pantanal.

c) Significado agrícola: embora sejam geralmente de alta fertilidade, o fato de serem muito

pegajosos, quando úmidos, e muito duros, quando secos, são fatores que dificultam o uso de

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máquinas agrícolas, daí o fato de serem ocupados por pastagens. O processo de contração e

expansão pode constituir impedimento à implantação de árvores em decorrência do possível

rompimento do sistema radicular.

d) Significado ambiental e urbano: a água das chuvas tem dificuldade de penetrar nesses solos

e escoa pela superfície, causando erosão. Pelo fato de ocorrerem geralmente em depressões e

próximos a corpos de água, esses solos constituem áreas ambientalmente fragilizadas. Além

disto, a expansão e a contração das argilas do solo prejudicam a construção de casas, estradas

e outras obras civis.

5- CONSERVAÇÃO DO SOLO

A conservação do solo e da água engloba um conjunto de medidas, objetivando a

manutenção ou recuperação das condições físicas, químicas e biológicas do solo,

estabelecendo critérios para o uso e manejo das terras, de forma a não comprometer sua

capacidade produtiva.

Estas medidas visam proteger o solo, prevenindo-o dos efeitos danosos da erosão

aumentando a disponibilidade de água, de nutrientes e da atividade biológica do solo, criando

condições adequadas ao desenvolvimento das plantas.

Os agentes de degradação do solo atuam diretamente sobre a agricultura e, em

conseqüência, na pecuária.

5.1 - PRINCIPAIS AGENTES DE DEGRADAÇÃO DO SOLO:

• o intemperismo,

• as queimadas,

• a agricultura itinerante e

• a erosão do solo.

Intemperismo

Como vimos, a degradação dos solos é iniciada na sua formação ou gênese. É através

da degradação da rocha pela atuação do intemperismo que temos a formação do solo. O

homem pode acelerar o intemperismo ao fazer uma escavação e expor uma camada inferior de

solo. Uma vez exposta, esta região sofre ação dos agentes intemperizantes (água, temperatura

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etc.) e ela é degradada mais intensamente do que quando estava encoberta.

Desmatamento

O desmatamento foi uma das primeiras ações dos portugueses aqui no Brasil. Desde

então, essa prática não deixou de ser praticada, mesmo com o surgimento de leis buscando

proteger essas áreas naturais. Você pode apontar dois motivos para não se fazer a retirada das

árvores? Uma árvore é composta de:

As copas das árvores têm um papel importante, pois atuam como guarda-chuvas.

Assim como os guarda-chuvas, as copas das árvores protegem os solos em relação à

exposição direta ao sol e às gotas de chuva. Ao cortar uma árvore em uma floresta, a sombra

que ela fazia deixa de existir e o solo fica exposto a uma maior radiação solar. O solo

desprotegido terá uma maior variação de temperatura entre o dia e a noite, o que favorece o

intemperismo físico.

O controle da variação da temperatura no solo é importante, se pensarmos que pode

existir água entre as trincas das rochas ou do solo. Dependendo da diminuição da temperatura

e da quantidade de água no solo, é possível que essa água existente no solo aumente de

volume e promova quebra das partículas do solo. Além disso, a temperatura baixa reduz a

velocidade de reações químicas e da atividade biológica. A conseqüência disso é a redução da

taxa de intemperismo e volume de solo formado.

A falta da copa das árvores também permite o contato direto do solo com as gotas de água das

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chuvas. Isso leva à separação e ao transporte de partículas do solo.

Já as raízes das árvores auxiliam na condução de água no solo. Ao retirar as árvores,

há uma redução da infiltração da água no solo. O desmatamento não afeta somente o solo,

mas também a diversidade da fauna e flora, causando a redução de ambos. O desmatamento

para comércio ilegal de madeira e carvão leva à desertificação das áreas e tais práticas não se

preocupam em manter as características químicas e físicas dos solos. Diante disso, os solos

perdem a capacidade de suprir as necessidades químicas das plantas, as quais não conseguem

desenvolver-se nestas áreas, levando a um desequilíbrio ecológico.

Queimadas

O fogo, desde os tempos mais remotos, tem sido a prática mais utilizada para

limpeza das áreas de plantio. Prática condenável! Ela leva à redução da matéria orgânica e dos

seres vivos (animais, vegetais, microrganismos) que habitam os solos.

Algumas pessoas defendem o uso do fogo justificando que as plantas desenvolvem

melhor após a queimada. E, em parte, isso é verdade, porque ocorre a mineralização da

matéria orgânica e rápida liberação de nutrientes para as plantas. Porém, com o passar dos

anos, ocorre o esgotamento dos nutrientes no solo. Isso ocorre porque a matéria orgânica

mineralizada é mais fácil de ser carregada pela água da chuva, e o solo empobrece mais

rápido, deixando poucos nutrientes para serem absorvidos pelas plantas.

Agricultura itinerante

A agricultura itinerante é aquela praticada por pessoas que não possuem terras

próprias. Elas abrem clareiras no meio da mata com o uso do fogo no local onde realizarão o

cultivo (milho, soja). Como não há investimento para manutenção da fertilidade do solo,

quando ele não tem mais nutrientes, a área é abandonada e uma nova é procurada para iniciar

o ciclo.

Esse tipo de agricultura é muito comum na região amazônica, sendo considerada uma

prática itinerante, pois a cultura migra de um lugar para outro. Não é necessário muito

investimento nem há preocupação com a conservação do solo.

Erosão do solo

A erosão é a remoção do solo de um lugar para ser depositado em outro por um

agente (vento, água). A erosão causada pela água recebe o nome de erosão hídrica e pode

ser de três níveis:

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• laminar,

• sulco e

• voçoroca.

A erosão hídrica sofre intensa influência:

• da declividade do terreno,

• do volume de água que escoa e

• da velocidade de escoamento da água.

Quanto maior a declividade do terreno, maior o volume de água que escoa. Quanto

maior for a velocidade da água em escoamento, maior será a capacidade de erosão. Na erosão

laminar, o desgaste do solo ocorre a cada chuva. De forma lenta, é formada uma camada em

declive, bem fina e paralela à superfície.

A erosão em sulcos ocorre em solos desprotegidos com declives acentuados. Como

já vimos, isso favorece a velocidade de escoamento da água das chuvas e aumenta a

ocorrência de pequenos sulcos na superfície do solo.

A erosão em voçoroca é um estágio avançado da erosão em sulcos. Com o aumento

da declividade e o volume de água das chuvas escoando com maior velocidade, são formados

sulcos cada vez mais profundos, denominados voçorocas. Esse tipo de erosão não permite o

uso de maquinário nem o uso agrícola da área devido à formação de grandes fendas. Uma

erosão desta dimensão é favorecida pela retirada de mata, mas o tipo de solo também exerce

importante contribuição. O mau manejo de pastagem pode levar à formação de voçoroca. Isso

acontece quando a pastagem não é suficiente para a alimentação animal. O pasto acaba, o solo

fica exposto e ocorre a erosão.

5.2 - PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO DO SOLO

As práticas de conservação do solo ou práticas conservacionistas são atividades

exercidas com o objetivo de manter ou tornar o solo produtivo. Dentre as principais práticas

conservacionistas, temos:

• ajustamento da gleba à capacidade uso;

• rotação de culturas;

• cobertura morta;

• adubação;

• adubação verde;

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• calagem;

• plantio direto,

• sistemas agroflorestais;

• sistemas agrossilvopastoril;

• plantio em nível;

• carpas alternadas;

• faixa de retenção;

• escarificação;

• subsolagem.

Quando essas práticas são exercidas para controlar a erosão baseiam-se em dois

princípios:

• diminuir o volume e a velocidade de escoamento das águas das chuvas e

• proteger o solo contra o impacto direto das gotas das águas da chuva.

Essas práticas podem também ser exercidas para controlar alguns outros aspectos,

como:

• recompor os nutrientes ao solo;

• aumentar a porosidade;

• aumentar infiltração da água no solo etc.

Ajustamento da gleba à capacidade uso:

Esta prática baseia-se no princípio de que solos diferentes devem ser utilizados

considerando-se a capacidade de sustentação de cada um. Ou seja, deve-se considerar o teor

nutricional de cada tipo de solo. Por exemplo, um solo fértil deve ser destinado para culturas

como milho ou feijão. Essas culturas necessitam de grande quantidade de nutrientes para

desenvolvimento. Se alguma dessas culturas for colocada em um solo com baixo teor

nutricional, podem acontecer duas coisas: não se desenvolverão ou terão um desenvolvimento

abaixo do esperado, apresentando grãos menores ou mal formados. As duas possibilidades

representam prejuízo para o agropecuário.

Outra situação pode ser descrita pelo uso de solos de áreas inclinadas (com declives

superiores a 12%) com culturas anuais (milho, feijão, soja), pois o uso intenso de

maquinário pode favorecer a erosão.

O maquinário atua de duas formas: compactando o solo e aumentando o volume de

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água que escoa na superfície, ou através do revolvimento intenso do solo, levando a intensa

desagregação. Então o que seria o ajustamento da gleba à capacidade de uso? Seria ajustar o

solo para o que se deseja cultivar, levando em consideração o teor nutricional do solo ou suas

características físicas, como o declive.

Rotação de culturas:

É o rodízio planejado de culturas numa mesma área. Nesse tipo de cultivo, quando o

ciclo de uma cultura acaba, em seguida inicia-se uma nova. Veja, a seguir, um exemplo de

rotação de culturas.

Cobertura morta:

A cobertura morta consiste em cobrir o solo com capins, palhas, restos vegetais em

decomposição etc. Ao fazer essa cobertura, protegemos o solo contra o impacto direto das

gotas de água e a incidência dos raios solares. Além disso, essa cobertura aumenta a umidade

e diminui a variação de temperatura do solo.

Adubação verde

É a incorporação de plantas ou partes de plantas ao solo com o objetivo de melhorar

suas características (químicas, físicas e mineralógicas). Essa incorporação é feita enterrando-

se ou misturando-se restos de plantas ao solo. Quando a planta incorporada é da família das

leguminosas (soja, feijão), os resultados alcançados são melhores. Estas plantas retiram o

nitrogênio do ar, que passa a fazer parte das células da planta. Ao passarem pela

decomposição, os nutrientes da leguminosa ficarão disponíveis para a cultura comercial

(milho, feijão, etc.) em sucessão.

Como exemplos de espécies de leguminosas usadas como adubo verde temos:

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mucuna preta, mucuna cinza, lab-lab, guandu, Crotalaria juncea, feijão de porco etc.

São características desejáveis das plantas para uso como adubo verde:

• crescimento rápido e eficiente cobertura do solo (ou seja, proteger bem o solo);

• cobertura abundante;

• grande quantidade de massa verde e de matéri a seca;

• fixar nitrogênio (N2) do ar;

• pouca exigência nutricional;

• resistência a insetos-pragas e doenças comuns às culturas comerciais (soja, milho);

• sistema radicular agressivo e amplo (ou seja, plantas que apresentam raízes com

capacidade de desenvolver em solo duro e compactado, além de alcançarem uma área

extensa);

• facilidade de obtenção de sementes;

• facilidade de plantio e extinção.

Calagem

É a prática de incorporação de materiais alcalinos ao solo. O mais comum é a adição

de calcário. A adição desse material alcalino objetiva: corrigir a acidez do solo, aumentar a

CTC, aumentar a disponibilidade e assimilação de nutrientes, estimular o desenvolvimento da

vida microbiana.

Nessa prática, uma parte do calcário é espalhada sobre o solo. Em seguida, passa-se

o arado ou a grade, misturando o calcário ao solo. Ao fazer isso, o calcário adiciona cátions ao

solo e, por conseqüência, aumenta a CTC e diminui a acidez do solo. A diminuição da acidez

do solo estimula o desenvolvimento dos micróbios.

Plantio direto

O plantio direto é o processo de semeadura direta em solo. Preferencialmente, o solo

é coberto com palha do cultivo anterior e depois a semente é colocada em sulcos ou covas.

Isso elimina as operações de aração, gradagem e outros métodos convencionais de preparo do

solo. A movimentação feita no solo somente nos sulcos de plantio onde são distribuídas as

sementes e adubos é suficiente para germinação e desenvolvimento das plantas.

Algumas das vantagens do plantio direto são:

• conduz à agricultura sustentável;

• proporciona a preservação do meio ambiente;

• evita o preparo convencional (aração e a gradagem) do solo a cada cultivo;

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• gera economia, rapidez e melhores resultados na colheita, já que não haverá as operações de

aração e gradagem, aumentando a vida útil das máquinas;

• recompõe as características físicas e químicas do solo.

O plantio direto possibilita a agricultura sustentável, uma vez que diminui o

revolvimento do solo. Conseqüentemente, evita a desestruturação e perda de solo por erosão.

Além disso, promove a rotação de culturas para a formação de palhada.

Sistemas Agroflorestais

É uma forma de uso e manejo do solo que utiliza árvores e/ou arbustos (frutíferas,

madeireiras) em associação com culturas comerciais em uma mesma área. Isso pode acontecer

simultaneamente ou em uma seqüência temporal. Um exemplo seria o plantio de feijão entre

as plantas de laranja em um pomar.

Sistemas Agrosilvopastoril

Consiste na associação de espécies florestais (eucalipto, teça, cedro australiano) ou

frutíferas (laranja, manga, abacate, coco) com animais (bovinos e eqüinos) em uma área de

pastagem. Essa área não tem limite definido. Esse sistema diversifica o uso do solo e promove

a reciclagem dos nutrientes. Nele os animais digerem o capim. O produto final dessa digestão

são as fezes, que retornam ao solo com os nutrientes (não utilizados pelos animais). Dessa

forma os nutrientes voltam a ficar disponíveis para as plantas, inclusive o capim.

Plantio em nível

Prática que consiste em fazer as operações de preparo do solo, como arações,

gradagens, plantios e capinas, seguindo as curvas de níveis do terreno. Ao fazer o plantio em

curvas de níveis, a força de descida da água é reduzida e distribuída pelo solo.

Faixa de retenção

É o cultivo em faixas de plantas densas, como a cana-de-açúcar e o capim colonião.

Elas são consideradas densas por cobrirem bem o solo e dar-lhe boa proteção. No geral, as

faixas são estritas, com largura de aproximadamente dois a três metros. As faixas são

espaçadas de 30 a 50 metros entre si e alocadas em nível no terreno, para reter a terra que a

água da chuva arrasta. Ou seja, geralmente o terreno é inclinado e elas são colocadas em

diferentes faixas (em nível).

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5.3- CAPACIDADE DE USO DO SOLO

A exploração agrícola dos solos deve ser feita visando o aproveitamento do potencial

das áreas e sua conservação, mas também levando em conta aspectos econômicos. Para isso, é

necessário que se programe antecipadamente o uso racional da terra, considerando a aptidão

do solo. Cada solo tem um limite máximo de possibilidade de uso, além do qual não poderá

ser explorado sem risco de erosão. Em outras palavras, as culturas certas devem estar nos

lugares certos.

O termo “capacidade de uso” está relacionado ao grau de risco de degradação dos

solos e a indicação do seu melhor uso agrícola. As características do solo e do relevo servem

de base para a determinação de oito classes de capacidade de uso da terra, as quais indicam o

melhor uso da terra, bem como as práticas que devem ser implantadas para melhor controlar

as forças da erosão e, ao mesmo tempo, assegurar boas colheitas.

A classificação de capacidade de uso do solo é baseada em 8 classes, dividida em

terras próprias para cultivos anuais e impróprias para cultivos anuais. Esta última classe ainda

se divide em terras para cultivo permanente e de preservação.

De acordo com sua adequação as terras apresentam:

1. Terras Próprias para Cultivo anuais - classes I, II, III e IV

2. Terras Impróprias para Cultivos anuais - classes V, VI, VII e VIII

Classe I – Terras próprias para todos os usos, inclusive cultivos intensivos.

Classe II – Terras próprias para todos os usos, inclusive cultivos intensivos, mas com

limitações moderadas de uso no que diz respeito à suscetibilidade à erosão.

Classe III – Terras também apropriadas para cultivos intensivos, mas que necessitam de

práticas complexas de conservação.

Classe IV – Terras impróprias para cultivos intensivos, mas aptas para pastagens e

reflorestamento ou manutenção da vegetação natural e com grande suscetibilidade à erosão.

Classe V – Terras Impróprias para cultivos anuais, devem ser mantidas com pastagens ou

reflorestamento.

Classe VI – Terras que não devem ser cultivadas com lavouras intensivas, sendo mais

adaptadas para pastagens, reflorestamento ou cultivos especiais que mais protegem os solos.

Classe VII – Solos sujeitos a limitações permanentes mais severas, mesmo quando usados

para pastagens ou reflorestamento.

Classe VIII – Terras impróprias para cultivo, recomendadas (pelas condições físicas) para

proteção da flora, fauna ou ecoturismo.

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6- AMOSTRAGEM DO SOLO

A amostragem do solo é a principal etapa da avaliação da fertilidade do solo, pois é

com base na análise química do solo que são definidas a dose de corretivo e de adubo. A

amostragem de solos deve ser feita de forma criteriosa, de modo a representar da melhor

maneira possível a área a ser cultivada.

6.1- Coleta de Amostras

Para que a amostra do solo seja representativa, a área amostrada deve ser a mais

homogênea possível. Assim, a área a ser amostrada deverá ser subdividida em glebas ou

talhões homogêneos. Nesta subdivisão leva-se em conta a vegetação, a posição topográfica

(topo do morro, meia encosta, baixada), as características perceptíveis do solo (cor, textura,

condição de drenagem) e o histórico da área (cultura atual e anterior, produtividade

observada, uso de fertilizantes e de corretivos).

Sugere-se, no entanto, para maior eficiência, não amostrar áreas superiores a 10 ha.

Na amostragem de solo trabalha-se com amostras simples e amostras compostas.

Amostra simples é o volume de solo coletado em um ponto da área e a amostra composta é a

mistura homogênea das várias amostras simples coletadas da área. Depois de formada a

amostra composta, retira-se uma parte e envia para a análise no laboratório.

Para que a amostra composta seja representativa da área, devem ser coletadas de 20 a

30 amostras simples por área.

As amostras simples devem ser uniformemente distribuídas por toda a área, o que é

obtido realizando a coleta ao longo de um caminhamento em zig-zag pela área.

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É importante que as amostras simples coletadas em uma área tenham o mesmo

volume de solo. Isto se consegue padronizando a profundidade de coleta das amostras

simples.

A amostragem de solo pode ser feita em qualquer época do ano; no entanto, esta deve

ser realizada com boa antecedência da época de plantio.

Atenção! Locais como formigueiros, cupinzeiros, de queimada, de acúmulo de fezes

e deposições de adubos e corretivos devem ser evitados na retirada de amostragem, pois

implicam em erro.

6.2- Profundidade de Amostragem

Para a maioria das culturas, as amostras são coletadas na camada de 0 a 20 cm.

Quando se trata de culturas perenes, recomenda-se coletar as amostras simples nas camadas

de 0 a 20 cm, de 20 a 40 cm e de 40 a 60cm de profundidade.

6.3- Instrumentos utilizados

Os equipamentos mais comuns para a coleta de amostras de solo são o trado

holandês, que tem bom desempenho em qualquer tipo de solo, o trado de rosca, mais

adequado para solos arenosos e úmidos; o trado calador, ideal para amostragem em terra fofa

e ligeiramente úmida; a pá de corte, equipamento mais disponível e simples para o agricultor

e, que deve ser utilizada junto com o enxadão em solos secos e compactados. Equipamentos

automatizados e equipados com GPS, para amostragem de solos tem sido disponibilizado aos

agricultores.

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6.4- Preparo da amostra a ser remetida ao laboratório

As amostras simples de cada área devem ser muito bem misturadas, constituindo a

amostra composta. Desta, retira-se cerca de 500g, para a remessa ao laboratório.

As amostras devem ser acondicionadas em sacos plásticos fornecidos pelo

laboratório, juntamente com um questionário, que deve ser cuidadosamente preenchido. Este

questionário vai servir para a recomendação da adubação e calagem necessárias.

Identificar as amostras cuidadosamente, indicando o nome do proprietário, o

município e o nome da propriedade.

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7- ACIDEZ DO SOLO E CALAGEM

A acidez e alcalinidade são expressas pelos valores de pH. O pH (potencial

hidrogeniônico) do solo representa a atividade do íon hidrogênio e é determinado numa

suspensão de solo com água destilada após meia hora de repouso.

A escala de pH varia de 0 a 14. Abaixo de 7,0, o meio é ácido, pois o número de

átomos de H+ (hidrogênio) é maior do que o de moléculas de OH

- (Hidroxila) e acima de 7,0,

o meio é alcalino ou básico. Quando o pH é igual a 7,0, o número de átomos de H+ é igual ao

de moléculas de OH- , e o meio é neutro.

Os processos de formação do solo tendem a gerar acidez.

A maioria dos solos brasileiros é naturalmente ácida, em função do alto grau de

intemperismo.

A acidez é um dos principais fatores químicos do solo que afeta o desenvolvimento

das plantas, pois determina a existência ou não de elementos fitotóxicos (elementos que são

tóxicos para as plantas) e afeta a disponibilidade de quase todos nutrientes no solo.

Como regra geral, quanto maior a proporção da CTC que estiver ocupada por cálcio,

magnésio, potássio e sódio, menor a acidez do solo. Por outro lado, quanto maior a proporção

de hidrogênio e alumínio no solo, maior a acidez.

O intemperismo gera, principalmente silício (Si) e alumínio (Al). O silício é lixiviado

enquanto o alumínio permanece, em sua quase totalidade, no solo.

Essa escala de pH foi obtida em função do equilíbrio que existe entre os átomos de

H+ e as moléculas de OH

- dissociadas na água, cujo equilíbrio pode ser representado pela

reação abaixo:

H2O H+ + OH

-

Calagem

A calagem é uma prática rotineira e indispensável para o aumento da produtividade

agrícola nos solos ácidos. A grande maioria dos solos de Minas Gerais apresenta, em geral,

características químicas inadequadas, tais como: elevada acidez, altos teores de Al trocável e

deficiência de nutrientes, especialmente de cálcio (Ca), magnésio (Mg) e fósforo (P).

A dosagem adequada de calcário é estabelecida com base na análise de solo.

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Corretivos:

Corretivos da acidez dos solos são produtos capazes de neutralizar (diminuir ou

eliminar) a acidez dos solos e ainda levar nutrientes vegetais ao solo, principalmente cálcio e

magnésio.

A neutralização da acidez consiste em neutralizar os H+, o que é feito pelo ânion OH

-

. Portanto, os corretivos de acidez devem ter componentes básicos para gerar OH- e promover

a neutralização.

De acordo com a legislação brasileira, os corretivos de acidez são classificados em:

a) Calcário: produto obtido pela moagem da rocha calcária. Seus constituintes são o

carbonato de cálcio (CaCO3) e o carbonato de magnésio (MgCO3) . Os calcários

podem ser classificados quanto a concentração de MgO (Óxido de Magnésio) e quanto

ao PRNT (Poder relativo de neutralização total):

Natureza do Calcário MgO (%) PRNT (%)

Calcítico < 5 45 a 60

Magnesiano 5-12 60,1 a 75

Dolomítico >12 75,1 a 90

b) Cal virgem agrícola: produto obtido industrialmente pela calcinação ou queima

completa do calcário. Seus constituintes são o óxido de cálcio (Cão) e o óxido de

magnésio (MgO), e se apresenta como pó fino.

c) Cal hidratada agrícola ou cal extinta: produto obtido industrialmente pela hidratação da

cal virgem. Seus constituintes são o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e o hidróxido de

magnésio (Mg(OH)2), e também se apresenta na forma de pó fino.

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d) Calcário calcinado: produto obtido industrialmente pela calcinação parcial do calcário.

Seus constituintes são CaCO3 e MgCO3. Apresenta-se na forma de pó fino.

e) Escória de siderurgia: sub-produto da indústria do ferro e do aço. Seus constituintes são

o silicato de cálcio (CaSiO3) e o silicato de magnésio (MgSiO3).

f) Carbonato de cálcio: produto obtido pela moagem de margas (depósitos terrestres de

carbonato de cálcio), corais e sambaquis (depósitos marinhos de carbonato de cálcio,

também denominados de calcários marinhos). Sua ação neutralizante é semelhante à

do carbonato de cálcio dos calcários.

Capacidade neutralizante dos corretivos:

A capacidade neutralizante dos corretivos da acidez do solo é conhecida como poder

relativo de neutralização total (PRNT). É expresso em porcentagem, em relação à capacidade

de neutralização do carbonato de cálcio puro (CaCO3), daí o termo relativo.

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8- FERTILIDADE DO SOLO E RECOMENDAÇÃO DE CALAGEM E

ADUBAÇÃO

Quando falamos de fertilidade do solo, estamos falando da capacidade do solo em

fornecer nutrientes para as plantas crescerem e produzirem colheitas esperadas para a espécie.

A capacidade do solo de fornecer nutrientes não se refere somente à saída de nutrientes do

solo, mas também à capacidade de retê-los e disponibilizá-los às plantas posteriormente. Além

do solo, a água e o ar fornecem nutrientes, como os elementos carbono (C), hidrogênio (H) e

oxigênio (O). A água (H2O) fornecendo H e O, e o ar (mistura de gases, inclusive o gás

carbônico - CO2) fornecendo C e O. Esses elementos são utilizados durante o processo da

fotossíntese. Durante a fotossíntese, os elementos químicos do gás carbônico e da água são

reorganizados na presença de luz e formam o gás oxigênio (O2) e o açúcar (C6H12O6). Ou

seja, é durante a fotossíntese que a planta produz seu alimento, o açúcar.

As plantas precisam mais do que água e gás carbônico para crescerem e produzirem

colheitas; elas necessitam de outros nutrientes, os chamados essenciais. Para facilitar o estudo

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de fertilidade do solo, os nutrientes essenciais foram agrupados em dois grupos, considerando

a concentração em que estão presentes nas plantas em: macronutrientes e micronutrientes.

Os macronutrientes são os nutrientes presentes em maior concentração nas plantas,

quando comparados com os micronutrientes. Os macronutrientes são encontrados em gramas

(g) do nutriente em quilogramas (kg) da matéria seca da planta. São eles: C, H, O, N

(nitrogênio), K (potássio), Ca (cálcio), Mg (magnésio), P (fósforo) e S (enxofre).

Os micronutrientes estão presentes em menor concentração. Eles são encontrados em

Miligramas (mg) do nutriente em quilogramas (kg) da matéria seca da planta. São eles: B

(boro), Cl (cloro), Cu (cobre), Fe (ferro), Mn (manganês), Mo (molibdênio), Ni (níquel), Se

(selênio) e Zn (zinco).

Atenção! Os macronutrientes estão em gramas e os micronutrientes em miligramas por quilo.

Os macronutrientes estão em uma concentração mil vezes maior que os micronutrientes por

quilo.

8.1- Determinação da Necessidade de Calagem:

A ação neutralizante do calcário é importante para a determinação da quantidade de

calcário a ser adicionada ao solo. Essa ação neutralizante é informada pelo PRNT (poder

relativo de neutralização total) do calcário. Quanto mais o valor da PRNT se aproxima de

100%, maior o poder de neutralização de um calcário, ou seja, maior sua capacidade de elevar

o pH do solo.

Para determinar a quantidade de calcário a ser adicionada ao solo várias fórmulas

podem ser utilizadas, mas, para simplificar e garantir a eficiência, utilizaremos o método da

neutralização do Al3+

e da elevação dos teores de Ca2+

e Mg2+

proposto pela Comissão de

Fertilidade do Solo de Minas Gerais (1999) e adaptado.

Primeiro vamos determinar a necessidade de calagem:

NC = 2 x Al3+

+ 2 – (Ca2+

+ Mg2+

)

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Onde:

NC = necessidade de calagem;

Al3+

= teor de alumínio trocável;

Ca2+

= concentração de íons cálcio presente na amostra de solo;

Mg2+

= concentração de íons magnésio presente na amostra de solo.

Para determinarmos a quantidade de calcário a ser adicionada no solo devemos utilizar a

seguinte fórmula:

NC = 2 x Al3+

+ 2 – (Ca2+

+ Mg2+

)

A NC calculada indica a quantidade de CaCO3 ou calcário PRNT = 100% a ser

incorporado por hectare, na camada de 0 a 20 cm de profundidade. Portanto, indica a dose de

calcário teórica. Na realidade, a determinação da quantidade de calcário a ser usada por

hectare deve levar em consideração:

1) A percentagem da superfície do terreno a ser coberta na calagem (SC em %). A superfície

coberta refere-se à área em que será espalhado o calcário. Se o calcário for espalhado na área

toda, o SC é igual a 100. Se for espalhado em faixa que represente 50% da área, o SC será

igual a 50.

2) A profundidade (P) que será incorporado o calcário (P em cm). A profundidade de

incorporação do calcário no solo refere-se à profundidade máxima a que o calcário será

incorporado no solo. Se esta for de 30 cm, o P será igual a 30;

3) O poder relativo de neutralização total (PRNT em %) do calcário a ser utilizado.

QC = NC x SC_ x _P x _100__

100 20 PRNT

Exemplo:

Sr. Antônio nos procura para fazermos a recomendação de calagem em uma área onde será

plantado milho. Os resultados da análise de solo informam que o teor de Al3+

é de 0,7

cmolc/dm3, Ca

2+ de 1,25 cmolc/dm

3 e Mg

2+ de 0,42 cmolc/dm

3.

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NC = 2 x Al3+

+ 2 – (Ca2+

+ Mg2+

)

NC = 2 x 0,7 + 2 – (1,25 + 0,42)

NC = 1,4 + 2 – 1,67

NC = 1,4 + 0,33

NC = 1,73 t/ha

Para determinar a quantidade de calcário a ser adicionado ao solo, vamos considerar que a SC

é de 100%, P de 20 cm e o calcário será dolomítico PRNT de 80%. Utilizamos a fórmula a

seguir:

QC = NC x SC/100 x P/20 x 100/PRNT

QC = 1,73 x 100/100 x 20/20 x 100/80

QC = 2,16 t de calcário dolomítico PRNT de 80% por hectare, que deverá ser espalhado em

área total e em uma profundidade de 20 cm.

8.2 – Interpretação do resultado da análise de solo:

Quando falamos de amostragem de solo vimos que as amostras de solos são enviadas

ao laboratório para análise. O que recebemos do laboratório é uma tabela como a apresentada

a seguir.

Tabela 1 – Resultado de uma análise de solo

Na tabela acima temos os resultados de uma análise química de solo. Vamos ao significado de

cada termo:

Quando nos deparamos com os resultados de uma análise de solo, o primeiro passo é verificar

o valor de pH. Mas por que primeiro o pH?

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O valor de pH é extremamente importante, pois regula a disponibilidade de elementos

químicos no solo. Se o pH estiver muito baixo (abaixo de 4,5), os macronutrientes têm a

disponibilidade diminuída. Ou seja, mesmo estando no solo, os macronutrientes não estão

disponíveis para as plantas. No caso contrário, se o pH estiver muito alto (acima de 7), os

micronutrientes é que têm a disponibilidade diminuída. Então, o ideal é que o valor de pH

fique entre 5,5 e 6,5, porque é nessa faixa que associamos boa disponibilidade de macro e

micronutrientes. Na prática, elevamos o valor de pH utilizando o calcário, que é um produto

com propriedades alcalinas (ou básicas). Esse procedimento é chamado de calagem.

Repare na tabela que entre a indicação do pH e seu valor há a fórmula química da

água (H2O). Ela está ali para mostrar que o pH foi determinado com base em água.

A seguir, continuaremos com a síntese de cada fator com os respectivos valores de

referência. Não se preocupe com as unidades de medida, em seguida veremos cada uma delas.

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Al3+

– concentração de alumínio no solo, em cmolc/dm3. Também denominado acidez

trocável. São recomendados valores abaixo de 0,50 cmolc/dm3 para evitar a toxidez às plantas

e elevação da acidez do solo.

H+Al – acidez potencial, em cmolc/dm3. São recomendados valores abaixo de 2,50

cmolc/dm3. Dessa forma, evita-se a redução do pH e, por conseqüência, a redução na

disponibilidade de macronutrientes.

SB – soma de bases é a soma das concentrações de potássio, cálcio, magnésio e sódio em

cmolc/dm3.

SB = K+ + Ca2+

+ Mg2+

+ Na2+

São recomendados valores acima de 3,60 cmolc/dm3. Esse valor é recomendado para manter

uma boa disponibilidade de nutrientes e o pleno desenvolvimento das culturas.

t – capacidade de troca catiônica efetiva é a soma das concentrações da soma de bases mais

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alumínio.

t = SB + Al (unidade = em cmolc/dm3)

São recomendados valores acima de 4,60 cmolc/dm3. Dessa forma, a boa reserva de nutrientes

no solo é mantida, para posterior disponibilização às plantas.

T – capacidade de troca catiônica total é a soma das concentrações de soma de bases mais a

acidez potencial.

T = SB + H + Al, em cmolc/dm3

São recomendados valores acima de 8,60 cmolc/dm3. Esses valores mantêm a boa reserva de

nutrientes no solo para posterior disponibilização às plantas.

Capacidade de troca catiônica (CTC) = se uma solução com sais (nutrientes), é colocada em

contato com certa quantidade de solo, verifica-se a troca entre cátions contidos na solução

salina e os cátions da fase sólida do solo. Essa reação de troca ocorre com rapidez, em

proporções estequiométricas e é reversível. A quantidade de cátions que passou a neutralizar

as cargas negativas do solo pode ser determinada e é chamada de Capacidade de Troca

Catiônica ou CTC. CTC é a capacidade que um solo possui de reter (segurar) catíons (íons

positivos, como Ca2+

, K+, Mg

2+ dentre outros) e posteriormente disponibilizar estes cátions

(liberar) para a solução do solo para que sejam absorvidos pelas plantas.Existe também a

capacidade de troca aniônica (CTA), mas de menor importância nos solos brasileiros.

V – saturação por bases é a porcentagem de soma de bases presentes na capacidade de troca

catiônica total.

V = (100*SB)/T, em %.

São recomendados valores acima de 60%. Dessa forma, é possível manter boa a reserva de

cálcio, magnésio e potássio no solo, para posterior disponibilização às plantas.

m – saturação por alumínio é a porcentagem de alumínio presente na capacidade de troca

catiônica efetiva.

m = (100*Al)/t, em %

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São recomendados valores abaixo de 50%. Assim, é possível reduzir a interferência do

alumínio no pH e alguma toxidez nas plantas.

P-rem – em solo mais argiloso haverá maior adsorção e sobrará menos P (menor valor de P-

rem) do que nos solos mais arenosos. Não há escala de valores para o P-rem, pois este indica

a quantidade de fósforo que o solo possui e o teor de argila. Se o solo for argiloso e o P-rem

for alto, isso indica que a concentração de fósforo no solo é alta e o contrário indicará que

pouco fósforo está presente no solo.

Unidades:

A unidade mg/dm3 é a quantidade de nutriente em miligramas (mg) por decímetro

cúbico (dm3) de solo. Então, o resultado de potássio da análise da Tabela 1 indica que para

cada 1dm3 de solo temos 77 mg de potássio. Vale lembrar que 1 dm

3 equivale a 1 L.

Já a unidade cmolc/dm3 é a quantidade de nutriente em cmolc (centi mol de carga) por

decímetro cúbico (dm3) de solo. Esta unidade leva em consideração a valência do nutriente.

8.3- Cálculo da adubação:

Há vários métodos para recomendação de adubação, mas seguiremos o utilizado pela

Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (CFSEMG, 1999).Três passos

devem ser seguidos, são eles:

1º passo: classificar a disponibilidade de fósforo (levando em consideração o teor de argila ou

P-rem) e potássio apresentados nos resultados da análise de solos.

2º passo: associar a disponibilidade de fósforo e potássio com a exigência da cultura.

3° passo: fazer a conversão de P2O5, K2O e N para os adubos minerais ou adubos orgânicos.

Agora, vamos ver os detalhes de cada um desses passos:

1º passo: pela tabela 1 (resultado da análise de solo) temos que o valor de P é de 11,8 mg/dm3

e P-rem é de 25,1 mg/L.

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1a) Veja que o valor de P-rem (25, 1 mg/L) encontra-se entre os valores 19 e 30 mg/L na

primeira coluna.

1b) Seguindo a linha desse valor de P-rem, encontramos o valor do fósforo (11,8 mg/dm3).

11,8 mg/dm3 encontra-se entre 11,5 e 15,8 mg/dm

3, na quinta coluna (contando da esquerda

para a direita).

1c) Subindo a coluna, verificamos na classificação que esse valor corresponde a uma

disponibilidade média de fósforo para as plantas.

1d) Para o potássio, veja que temos somente uma linha a seguir.

1e) O valor de potássio igual a 77 mg/dm3 (tabela 1 – resultado da análise de solo) está entre

70,1 - 120,0 mg/dm3. Este recebe a classificação “bom”. Ou seja, a disponibilidade de

potássio no solo é boa para as plantas.

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2º passo: associar a disponibilidade de fósforo e potássio com a exigência da cultura.

Tabela 2 – Exigência de uma cultura em função da disponibilidade do nutriente no solo.

A disponibilidade de fósforo é média, como determinamos no primeiro passo. Então, na

Tabela 2, basta procurar na primeira coluna (disponibilidade de P ou K) a classificação média.

Então, para a disponibilidade média de fósforo, devemos adicionar ao solo 300 kg de P2O5 por

hectare para fazer a correção desse nutriente.

Agora vamos fazer o mesmo para o potássio. Para disponibilidade boa de potássio devemos

adicionar ao solo 150 kg de K2O por hectare.

Atenção! Veja que nesta tabela o fósforo é representado pelo óxido de fósforo (P2O5) e o

potássio por óxido de potássio (K2O), por serem a forma como estes elementos químicos são

encontradas nos adubos.

3° passo: fazer a conversão de P2O5, K2O e N para os adubos minerais ou adubos orgânicos.

Para fazer essa conversão, vamos utilizar um exemplo tomando como base a análise de solo

anterior (Tabela 1) e considerando o resultado da análise granulométrica a seguir:

OBS.: a análise granulométrica deve ser feita junto com a análise de fertilidade do solo.

Lembre-se que a análise granulométrica ou textural indica a proporção das frações areia, silte

e argila de um solo.

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Tabela 3 - Análise granulométrica

a) A concentração de P no solo é de 11,8 mg/dm3

(Tabela 1), o que corresponde a uma

disponibilidade média de fósforo no solo. O teor de argila no solo é de 45% (dag/kg é igual a

%), como vemos na Tabela 3. Observe que para a concentração de P devemos relacioná-la à

granulometria do solo. Isso se deve ao fato de o fósforo ser altamente retido pelas argilas.

Então, quanto maior a quantidade de argila no solo, maior a retenção desse elemento no solo.

b) A concentração de K no solo é de 77 mg/dm3 (Tabela 1), o que corresponde a uma

disponibilidade boa de potássio no solo. Observe que para potássio não relacionamos ao teor

de argila. Ao contrário do fósforo, o potássio não é retido com a mesma intensidade de força

pelas argilas. O potássio é retido, mas com menor intensidade de força, o que permite a troca

por outros elementos.

c) Ao associar a disponibilidade de fósforo e potássio no solo com a exigência da cultura

(Tabela 2), temos:

Fósforo (P) – disponibilidade média – exigência da cultura de 300 kg de P2O5/ha.

Potássio (K) – disponibilidade boa – exigência da cultura de 150 kg de K2O/ha.

Nitrogênio (N) – valor fixo, em função da exigência da cultura e perdas ocorridas – 225 kg de

N/ha.

d) Agora, vamos à conversão para os adubos minerais:

Existem os adubos simples, que são fertilizantes formados de um composto químico que

contém um ou mais nutrientes para as plantas. E os adubos formulados que contém

basicamente três nutrientes em proporções diferentes para as plantas, que são o nitrogênio

(N), fósforo (P) e potássio (K). Os adubos simples não possuem 100% dos nutrientes. Por

exemplo, o sulfato de amônio possui 20% de nitrogênio, o superfosfato simples (18% de

P2O5) e o cloreto de potássio (60% de K2O), a uréia contém 45% de nitrogênio.

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Temos duas alternativas, usar os adubos minerais simples e fazer a mistura dos mesmos ou

usar adubos formulados, formulações encontradas no mercado.

Uso de adubos simples:

1) o sulfato de amônio encontra-se na concentração 20% de N, ou seja, apresenta 20 kg de N

para cada 100 kg de sulfato de amônio. Pegamos o valor da exigência de cultura (225 kg de

N) e aplicamos a regra de três.

100 kg de sulfato de amônio _________ 20 kg de N

X _________ 225 kg de N

X = 1125 kg de sulfato de amônio por hectare.

Agora, vamos fazer o mesmo para os outros nutrientes. Sabemos que o superfosfato simples

possui uma concentração de 18% de P2O5.

100 kg de superfosfato simples _________ 18 kg de P2O5

X _________ 300 kg de P2O5

X = 1666,67 kg de superfosfato simples por hectare.

E que o cloreto de potássio possui uma concentração de 58% de K2O.

100 kg de cloreto de potássio _________ 58 kg de K2O

X _________ 150 kg de K2O

X = 258,62 kg de cloreto de potássio por hectare.

A mistura a ser aplicada em 1 hectare é: 1125 kg de sulfato de amônio + 1666,67 kg de

superfosfato simples + 258,62 kg de cloreto de potássio.

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9- GLOSSÁRIO

Adesão – força ou atração entre partículas sólidas e partículas líquidas.

Adsorção – retenção de íons por partículas sólidas por ligações fracas e reversíveis.

Agregados do solo – agrupamento de partículas de areia, silte e argila formando um torrão ou

agregado. O conjunto de agregados forma a estrutura do solo.

Ânions – íons que apresentam carga negativa.

Argilomineral – minerais silicatados que ocorrem na fração argila.

Argilomineral 1:1 – minerais silicatados com estrutura em forma de lâminas, sendo uma

lâmina tetraedral unida a uma lâmina octaedral.

Argilomineral 2:1 – minerais silicatados com estrutura em forma de lâminas, sendo duas

lâminas tetraedrais e uma lâmina octaedral.

Carta de cores ou Carta de Munsell – carta com escala de cores para serem comparadas com a

cor do solo.

Capacidade de troca de cátions (CTC) – quantidade de cátions que o solo pode adsorver por

unidade de peso ou volume. É expressa em Cmolc Kg -1

.

Características morfológicas do solo – características do solo que podem ser identificadas a

olho nu ou por manipulação. Exemplo: cor, textura, estrutura etc.

Cátions – íons que apresentam carga positiva.

Classes de solos – grupo de solos que apresentam características semelhantes sendo diferentes

de um outro grupo (classe) de solos. Pode ser referenciada em diferentes níveis categóricos.

Classificação natural ou taxonômica – classificação baseada nas propriedades naturais do

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solo.

Coesão – força ou atração presente na interface líquido-líquido.

Compactação do solo – diminuição do espaço poroso do solo e consequente aumento da

densidade do solo.

Densidade de partículas – é a relação entre a massa e o volume das partículas do solo, sem

levar em conta o volume dos poros.

Densidade do solo – é a relação entre a massa seca do solo e o seu volume (partículas +

poros).

Descrição morfológica do solo: descrição das características morfológicas de cada horizonte

de um perfil de solo.

Edafologia: (do grego “EDAPHOS”), que também significa solo ou terra) é o estudo do solo,

do ponto de vista dos vegetais superiores. Considera as diversas propriedades do solo na

medida em que se relacionam com a produção vegetal.

Espaço aéreo – é a proporção percentual da porosidade ocupada pelo ar. É variável de acordo

com a umidade do solo.

Estrutura do solo: arranjamento das partículas areia, silte e argila em agregados que

apresentam diferentes formas, tamanho e forças que os mantém unidos.

Eutrofização: aumento acentuado de nutrientes em rios e lagos que pode resultar na morte de

peixes e outros animais e vegetais aquáticos.

Evaporação: passagem da água na fase líquida para a forma de vapor liberada para a

atmosfera que ocorre na superfície do solo.

Expansividade: propriedade de alguns argilominerais 2:1 que se expandem ou se contraem

com a entrada ou saída de água entre suas camadas.

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Floculação das argilas: processo físico químico de aproximação e estabilização das argilas que

é indispensável para a formação de agregados estáveis.

Fração terra fina seca ao ar (TFSA): corresponde a massa de solo seco ao ar, destorroado e

que passou em peneira de malha de 2 mm.

Friável: condição fofa de solo úmido que esboroa-se (desfaz-se) com leve pressão entre o

polegar e o indicador.

Granito: rocha ígnea intrusiva ácida constituída de quartzo, mica, feldspato e minerais

acessórios. Está associada a feições destacadas na paisagem como serras ou áreas de maior

declividade. É uma rocha muito resistente ao intemperismo químico e como conseqüência

apresenta, normalmente, solos pouco desenvolvidos.

Hematita: óxido de ferro (Fe2O3) que com pequena quantidade colore o solo de vermelho.

Horizonte: camadas diferenciadas pela cor, textura, estrutura com originadas no processo de

intemperização e pedogênese do material de origem (geralmente rocha).

Horizontes de transição: horizonte situado entre dois horizontes principais e que apresenta

características comuns aos dois. Ex: horizonte AB ou BA.

Intemperismo: mudanças físicas e químicas que ocorrem nas rochas, causada pelos agentes

atmosféricos.

Íons: átomos com carga elétrica.

Limo: o mesmo que silte.

Lixiviação: circulação de elementos químicos pela movimentação descendente de água no

solo. Quando há a saída do perfil também é denominada percolação.

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Matéria orgânica; material de origem animal ou vegetal em diferentes estágios de

decomposição, bem como produtos orgânicos resultantes da sua transformação.

Matiz: componente da cor do solo que consta no lado superior direito da tabela Munsell e

que considera a contribuição do vermelho (red) e do amarelo (yellow). Varia de 10R a 10Y.

No matiz 10R a cor vermelha contribui com 100% e a amarela com 0%, no matiz 5YR a

cor vermelha contribui com 50% e a amarela com 50%, no matiz 7,5YR a cor vermelha

contribui com 37,5% e a amarela contribui com 62,5%, no matiz 10Y a cor vermelha

contribui com 0% e a amarela com 100%. No exemplo 5YR 5/3, o matiz corresponde a 5

YR.

Mica: mineral de argila do tipo 2:1, apresentam no seu "esqueleto" duas camadas de

tetraedro de silício e uma camada de octaedro de alumínio.

Mineral: material inorgânico com composição química e estrutura cristalina definida. São

exemplos: quartzo, feldspato.

Partículas minerais: partículas de constituição essencialmente mineral.

Partículas orgânicas: partículas de constituição essencialmente orgânica.

Pedogênese: denominação do conjunto de conjunto de processos que dão origem aos solos.

Pedologia – (do grego “PEDON” que significa solo ou terra), considera o solo simplesmente

como corpo natural. Estuda, examina e classifica os solos como são encontrados no seu

ambiente natural.

Permeabilidade: capacidade de um meio de permitir a passagem de um fluido.

Poros do solo: espaços entre as partículas sólidas e entre os agregados do solo e que são

ocupados pelo ar e pela água do solo.

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Porosidade: volume de poros do solo ou da rocha ocupados pelo ar e pela água e não por

partículas sólidas.Inclui macropos e microporos que após a drenagem natural da água da

chuva ou da irrigação são ocupados, respectivamente, pelo ar e pela água.

Quartzo: é o mineral mais abundante na Terra. Nos solos geralmente concentra-se na fração

areia.

Salinização: processo de formação do solo caracterizado pela alta concentração de sais,

característicos de regiões secas.

Silicatos: minerais primários ou secundários cuja unidade estrutural é o tetraedro de SiO4.

Sistema brasileiro de classificação de solos (SiBCS): sistema multicategórico e hierárquico

que organiza os solos em classes que apresentam características semelhantes.

Solução do solo: corresponde a fase líquida do solo e íons nela dissolvidos.

Taxa de infiltração: volume de água que passa por uma unidade de área, perpendicular ao

movimento, em uma unidade de tempo.

Textura: proporções de argila, silte e areia.

Terraço fluvial: planície que margeia os rios e riachos.

Trado: equipamento utilizado para coleta de amostras de solo.

Transpiração: passagem da água da fase líquida para a forma de vapor liberada para a

atmosfera pelas plantas.

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10- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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do Solo-Sociedade Brasileira de Ciência do Solo.Campinas-SP-1993.

EMBRAPA – Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de

Solos – EMBRAPA – SOLOS – RJ – 1999.

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Ensino Agrícola - Campinas – SP, 1973.

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