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Gestão da Assistência Farmacêutica.

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  • UnA-SUSM

    dulo 1: Introduo ao Curso de Gesto da Assistncia Farmacutica - Educao a distncia

    Gesto da AssistnciaFarmacutica

    UnA-SUS

    EaD

    Eixo 1: Polticas de Sade eAcesso aos Medicamentos

    Mdulo 1: Introduo ao Curso de Gestoda Assistncia Farmacutica - EaD

  • Introduo gesto da assIstncIa farmacutIca

    Mdulo 1

  • GOVERNO FEDERALPresidente da Repblica Dilma Vana Rousseff Ministro da Sade Alexandre Rocha Santos PadilhaSecretrio de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade (SGTES) Mozart Jlio Tabosa SalesDiretor do Departamento de Gesto da Educao na Sade (DEGES/SGTES) Felipe Proeno de OliveiraSecretrio de Cincia, Tecnologia e Insumos Estratgicos (SCTIE) Carlos Augusto Grabois Gadelha Diretor do Departamento de Assistncia Farmacutica e Insumos Estratgicos (DAF/SCTIE) Jos Miguel do Nascimento JniorResponsvel Tcnico pelo Projeto UnA-SUS Francisco Eduardo de Campos

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAReitora Roselane Neckel Vice-Reitora Lcia Helena PachecoPr-Reitora de Ps-Graduao Joana Maria PedroPr-Reitor de Pesquisa e Extenso Edison da Rosa

    CENTRO DE CINCIAS DA SADEDiretor Srgio Fernando Torres de Freitas Vice-Diretora Isabela de Carlos Back Giuliano

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS FARMACUTICASChefe do Departamento Mriam de Barcellos FalkenbergSubchefe do Departamento Maique Weber BiavattiCoordenadora do Curso Eliana Elisabeth Diehl

    COMISSO GESTORACoordenadora do Curso Eliana Elisabeth DiehlCoordenadora Pedaggica Mareni Rocha FariasCoordenadora de Tutoria Rosana Isabel dos SantosCoordenadora de Regionalizao Silvana Nair LeiteCoordenador do Trabalho de Concluso de Curso Luciano Soares

    Coordenao Tcnica Alessandra Fontana, Bernd Heinrich Storb, Fernanda Manzini, Kaite Cristiane Peres, Guilherme Daniel Pupo, Marcelo Campese, Samara Jamile Mendes

    AUTORESSilvana Nair LeiteMaria do Carmo Lessa Guimares

  • 2013. Todos os direitos de reproduo so reservados Universidade Federal de Santa Catarina. Somente ser permitida a reproduo parcial ou total desta publicao, desde que citada a fonte.

    Edio, distribuio e informaes:Universidade Federal de Santa CatarinaCampus Universitrio 88040-900 Trindade Florianpolis - SCDisponvel em: www.unasus.ufsc.br

    EQUIPE DE PRODUO DE MATERIALCoordenao Geral da Equipe Eleonora Milano Falco Vieira e Marialice de MoraesCoordenao de Design Instrucional Andreia Mara FialaDesign Instrucional Equipe Necont Reviso Textual Judith Terezinha Mller LohnCoordenadora de Produo Giovana SchuelterDesign Grfico Felipe Augusto Franke Ilustraes Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann PaschoalDesign de Capa Andr Rodrigues da Silva, Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann Paschoal Projeto Editorial Andr Rodrigues da Silva, Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann PaschoalIlustrao Capa Ivan Jernimo Iguti da Silva

    EQUIPE DE PRODUO DE MATERIAL (2 EDIO)Coordenao Geral da Equipe Eleonora Milano Falco Vieira e Marialice de MoraesCoordenao de Produo de Material Andreia Mara FialaDesign Instrucional Agnes SanfeliciReviso Textual Judith Terezinha Muller LohnDesign Grfico Tas Massaro

  • SUMRIO

    unidade 2 introduo gesto da assistncia farMacutica ......... 7Lio 1 - Conceitos iniciais de gesto ................................................. 10Lio 2 - Requisitos da gesto ........................................................... 17

    referncias ......................................................................... 27

  • Unidade 2

    Mdulo 1

  • Unidade 2 - Introduo gesto da assistncia farmacutica 7

    UNIDADE 2 INTRODUO GESTO DA ASSISTNCIA FARMACUTICA

    Ementa da Unidade

    Conceitos fundamentaisparaodesenvolvimentodagestonareadasade.

    Requisitosnecessriosparaagesto.

    Carga horria da unidade: 5 horas.

    Objetivos especficos de aprendizagem

    ReconhecerosreferenciaisaplicadosnoCursoparaagestodaassistnciafarmacutica.

    Definirediferenciarosconceitosdegestoegerncia.

    Identificarosrequisitosparaagerncia.

  • Leite e Guimares8

    Apresentao

    Na unidade 1 deste Mdulo, foi destacada a importncia daqualificaodosprofissionaisparaatuaoemumareadinmicaequeexigeflexibilidade,tendoaspessoasnocentrodasaeseosmedicamentoscomoinstrumentosteraputicos.

    Agora que voc j refletiu sobre a complexidade do cotidiano dagestodaassistnciafarmacutica,sobreaintegralidadedasaesdesade,aparticipaodaequipedesadeedacomunidade,ousurio no centro das aes e se os investimentos na rea estocontribuindo para a resolubilidade das aes de sade, voc teminformaes para iniciar seus estudos de gesto da assistnciafarmacuticadoCurso.

    Nestaunidade,comearemosadarsubsdiosparaquevocpossaencontrarasrespostas,deacordocomasuarealidade,edesenvolverhabilidadesnecessriasparaoconhecimentoeusodeinstrumentosde gesto capazes de transformar o seu dia a dia e consolidar aassistnciafarmacuticanombitodoSistemanicodeSade.

    Conteudistas responsveis:

    SilvanaNairLeiteMariadoCarmoLessaGuimares

    Conteudista de referncia:

    JosleneLacerdaBarreto

  • Unidade 2 - Introduo gesto da assistncia farmacutica 9

    APRESENTAO DA PERSONAGEM

    EusouumaprofissionaldoSistemanicodeSade,farmacutica,quepoderiamorarnasuacidade, sentar ao seu lado e ter asmesmasdvidas que voc a respeito de como fazeras coisas damelhor forma paramim, para acomunidadeeparaomunicpio/estado.

    MeunomeFlora.Este foionomeescolhidopormeiodeumaenquete,pelosseuscolegasdaEtapaNordesteda1ediodoCurso.

    Duranteesteestudovocvaisedepararcomalguns questionamentos propostos, ao longodo texto, aos quais voc dever responder.Para que possa registrar suas respostas,disponibilizamos,noAVEA,aferramentablocodenotas.Elabemsimplesdeusar,mas,sevoc tiver alguma dificuldade, pea ajuda aoseututor.Nodeixederegistrarsuasrespostas!

    Almdisso,vocvaisedepararcomconsideraesfeitaspormim,asquaissempreestaroinseridasemcaixascomfundodecorrosa,conformeexemplificadoaseguir:

    Ol, estudante, pretendo trazer pontos importantes da gesto da

    assistncia farmacutica. Peo que fique atento s caixas com esse

    formato, pois ser a marca das minhas consideraes ao longo de todo

    o Curso.

  • Leite e Guimares10

    ENTRANDO NO ASSUNTO

    Lio 1 Conceitos iniciais de gesto

    Vamosiniciarentendendoumaquesto:porqueumCursocomfoconagesto?

    Voc,provavelmente,comomuitosdens,nodiaadia,acabanorefletindosobreoqueestfazendo,qualoseuobjetivofinaleparaondevocestconduzindosuaenergiaprodutiva. Issoaconteceporquefazemosnossas tarefasde forma automatizada.A consequncia quechegamosaofinaldodiasemnossentirmosgratificadospornosabermosoqueproduzimoseparaqu.Eporqueamaioriadaspessoasagemassim?Comecemospelanossaformaoprofissional,vocselembracomofoisuaformaonafaculdade?

    Acreditoquevocfoilevadoaacreditar,durantesuagraduao,queoconhecimentotcnico,especializado,seriacapazderesolvertudoouquasetudo.Mas,arealidadecotidiana,muitasvezes,apresentafacetasedificuldadesemqueo conhecimento tcnicoespecficonosuficientepararesolv-las.

    Osprofissionaisdesadesedefrontam,noseudiaadiadetrabalho,comumacomplexaemultideterminadarealidade.Osproblemasqueela apresenta precisam ser solucionados com conhecimento maisamplo da prpria realidade. Alm disso, esses exigem, tambm,flexibilidade e sensibilidade, pois envolvemmuitas pessoas,muitosinteresses,muitascausas.

    Portanto,precisoquecadaumdenstenhamuitoclarooobjetivoquenorteiaonossotrabalhoeosresultadosquequeremosalcanar.Senotemosissoclaro,nossotrabalhoficapenoso,nossocotidianose torna estafante e desmotivador, pois no sabemos para ondeestamosindoe,assim,corremosoriscodenochegaralugaralgum.

  • Unidade 2 - Introduo gesto da assistncia farmacutica 11

    Link

    Voc j assistiu ao desenho ou ao filme Alice no Pas das Maravilhas?

    Esse filme tem uma cena muito famosa na rea de gesto que representa

    bem o que estamos falando a respeito da importncia de saber aonde

    se quer chegar.

    Veja o trecho sugerido no link: http://www.youtube.com/watch?v=lhTsGPp2lZ0&feature=related

    Aofocaragesto,onossoCursotemapropostadeserefletirsobreaconduodenossotrabalhoedenossareadeatuaoprofissional,almdenoscapacitarcomocondutoresdenossosetor,denossarea,nosespaosinstitucionaisondeatuamos.

    Sevocvaisecapacitarcomogestor,precisa,primeiramente,saberoquesignificagerir/gerenciar.Vocsabe?

    Nesta unidade, voc deve ter por objetivo de aprendizagemreconhecerosignificadodagesto.

    Ento,vamoscomearrefletindosobreoatodegerenciar.

    Antes de seguir adiante, anote em seu bloco de notas cinco verbos/aes

    que voc considera sinnimos de gerenciar. O que gerenciar para voc?

    Ambiente Virtual

    O que gesto?

    DesdeosprimrdiosdaAdministraoClssicaqueTayloreFayol,consideradospaisdagernciacientfica,conceituamgernciacomooatodeplanejar,coordenar,controlar,avaliareorganizar.Essasso, at osdias atuais, as aes lembradas commais frequnciaquandosepensaemsinnimosdegesto,degerncia.

  • Leite e Guimares12

    Voc colocou no seu bloco de notas algum desses verbos como

    sinnimo de gerenciar? Se alm desses voc anotou outros, no se

    preocupe, pois, com certeza, eles sero lembrados mais frente!

    Na contemporaneidade, com a consolidao da democraciana grande maioria dos pases, as experincias concretas como gerenciamento de organizaes modernas esto gerando aincorporao de novos verbos como sinnimos de gerenciar, aexemplodeliderar,conduzir,ouvir,e,maisdoqueisso,essesverbosestosubstituindoaideiadecontrole,antesmuitopresaconcepodegerncia.

    Em suas anotaes voc colocou algum desses sinnimos? Voc incluiu

    liderar?

    Aideiadeliderana,atualmente,estatreladaaoconceitodegerncia.Osestudiososdarea reconhecemquea lideranaumfenmenonoprivativodagerncia, uma vezquehpessoasque a exercemsemestaremnacondiodegerentes.Contudo,noseconcebeumgerentesemserlder.Eessaconclusofcildeentender,quandoseobservaqueafunodeumgestorconduzirpessoaserecursosparaaobtenode resultados,caractersticanatadeum lder, isto,sercapazdeinfluenciarpessoasparaoalcancedeumobjetivocomum.

    Nessatrajetria,somuitosossignificadosencontradosnaliteraturasobregesto/gerncia,nosnocampodaadministraocomoemoutroscamposdeconhecimento.Nocampodasade,porexemplo,maisrecentemente,comaimplantaodoSistemanicodeSade(SUS),aNormaOperacionalBsica (NOBSUS),de1996, fazumadistinoentregernciaegesto,queficoufortementeimpregnadanovocabulriodosprofissionaisdesade.

    NessaNOB,gernciaconceituadacomoaadministraodeumaunidadeourgodesade(ambulatrio,hospital,instituto,fundaoetc.)quesecaracterizacomoprestadordeserviosaosistema.

    Por sua vez, gesto ficou conceituada como a atividade e aresponsabilidadededirigirumsistemadesade(municipal,estadualoufederal),medianteoexercciodefunesdecoordenao,articulao,

  • Unidade 2 - Introduo gesto da assistncia farmacutica 13

    negociao, planejamento, acompanhamento, controle, avaliao eauditoria.Quemexerceessasfunessoossecretriosmunicipais,estaduaisefederaisdesade.

    No entanto, a distino entre esses termos no padronizada naliteratura,e,naprtica,podemosclaramenteperceberqueasaeseasresponsabilidadesentreosprofissionaisdesadequeatuamemdiversosserviosefunesnosotodistintas.

    No seu municpio ou estado, s o secretrio desenvolve essas aes

    descritas? E essas funes, como aes isoladas, garantem uma boa

    gesto/ gerncia?

    V ao AVEA, acesse a ferramenta bloco de notas e responda a essas

    questes.

    Ambiente Virtual

    Em funo desses questionamentos, os estudos na rea daadministrao tm revelado um debate bastante rico sobre ofenmeno da gesto, sua complexidade e multideterminao,envolvendo conhecimentos de vrios campos disciplinares. Nessecontexto, a gesto vem sendo concebida como uma prticasocial, comoexpressaGelsonSilva Junquilho (2001) emum textoprovocativosobreosmitoseosfolcloresdafunogerencial.

    Nessamesmadireo,Barreto eGuimares (2010), combase nadiscussofeitaporJunquilho(2001),sugeremoseguinteconceitodegesto:Gesto um processo tcnico, poltico e social capaz de produzir resultados(p.1208).

    Acesse o AVEA e leia o artigo Gesto e ao gerencial nas organizaes

    contemporneas: para alm do folclore e o fato, de Gelson Silva

    Junquilho (2001). O artigo est disponvel na Biblioteca.

    Essa leitura ser significativa para uma melhor compreenso dessas

    questes.

    Ambiente Virtual

  • Leite e Guimares14

    Agesto,portanto,umprocessotcnicoporqueexigecapacidadeanalticacombaseemconhecimentocientfico.Nocasodagestodasade,porexemplo,parasetomaremdecises,necessrioutilizarinformaesreferentessituaodesadeeaousodemedicamentosdeumadeterminadapopulao,deformasistematizada,atualizadaecombaseemmtodosepidemiolgicosesociolgicos.Damesmaforma,agestodasadeutiliza-sedetecnologiasdeplanejamento,desuastcnicasemtodos,paraanlisedasituao(diagnstico),para identificao e priorizao de problemas e para definio daImagem-Objetivoaseralcanada.

    Nessamesmadireo,asatividadesdesenvolvidaspelaassistnciafarmacuticadevemserpautadaseminformaestcnicas,desdeoconhecimentodosproblemasda realidadeemqueest inseridoo servio at o trabalho especfico de seleo de medicamentosou programao. Como por exemplo: Comisses de Farmcia eTeraputica (CFT), elaborao de programao e distribuio dosprodutos,alocaoderecursos,organizaodeequipesdetrabalho,entreoutros.

    Aindanoplanoanaltico,agesto requer,demaneiramaisampla,uma anlise da situao em que est inserida. No nosso caso,estamos falando tambmdocontextodaadministraopblica.precisoconheceranaturezadaadministraopblica.

    A administrao pblica um conjunto de instituies que representa

    o Estado, ente maior que rege a sociedade. Essa administrao envolve

    um componente poltico muito forte, pois significa que o poder da

    sociedade est ali representado.

    Portanto, no podemos desconhecer ou achar que isso seja umdefeitoaserconsertado,ouumimpedimentoparaquepossamosdesenvolvernossotrabalhodeformaprodutiva.Essanaturezapolticaimplica reconhecer que os acionistas desta grande organizaoquesechamaEstadosoapopulao,comdiferentespoderese,consequentemente,comdiferentesgrausdeinfluncianoprocessodecisrio. Reconhecer esse papel central da populao poltica enaconformaodaspolticaspblicasoquediferenciaumgestorcontemporneoecapazdeobterresultadosdegestosustentveis,comovamosverduranteoCurso.

    precisocompreender, tambm,quetodoprocessodedecisoumaaopolticaporqueenvolveescolhas,confrontosdeopinies

  • Unidade 2 - Introduo gesto da assistncia farmacutica 15

    e de interesses. As decises so resultado de negociaes entrediferentes alternativas e prioridades e, nesse sentido, requeremmuitahabilidade,muitojogodecintura,visoestratgicaeusodeferramentas importantes, comoanegociaoe amotivao,paraadministrar/gerenciarosdiversosinteressesdosmembrosdeumaorganizao, de uma sociedade, com poderes dessemelhantes,oriundosdevariadasfontes.Pensebem:noissomesmoquetodosfazemos na administrao da vida familiar, quando encontramosconflitosdepoderediferentesinteresses?

    Ou seja, a gesto conduz o cotidiano,mas pode ser exercida deformasmaisoumenosadequadas,levandoadiferentesresultados.,certamente,umprocessodinmicoecontnuodeinteraoentredistintos saberes, recursos e pessoas, com dspares ideologiase compreenses de mundo e das necessidades que devem serpriorizadas.No,portanto,umprocessosemconflitos.

    Quando falamos em conflito, o que vem primeiro a sua mente? Algo

    negativo ou positivo? A ideia de conflito assusta voc? Reflita sobre

    isso e registre no AVEA, na ferramenta bloco de notas, seu pensamento.

    Reflita, tambm, sobre o que pode haver de positivo no conflito e se

    existem graus variados de conflitos.

    Ambiente Virtual

    O conflito inerente s sociedades humanas, no possvel extingui-lo, pois uma sociedade sem conflito significa uma sociedade sem diferenas. E a existncia de diferenas saudvel, reconhecer que no somos iguais, no pensamos igual e temos projetos e interesses diferentes. E isto a essncia da democracia, que exige respeito s diferenas. O conflito decorrente destas diferenas pode e deve ser enfrentado mas com as armas da civilidade, condizente com a capacidade humana de pensar, de argumentar, de ouvir, de aprender e de respeitar o outro. O conflito pode e deve ser tratado como impulsionador de mudanas. E este impulso para a mudana que devemos extrair de situaes de conflito, de disputas. Em prol de mudanas importantes para o benefcio de muitos (MARTINELLI; ALMEIDA, 1998).

    Portudoisso,possvelcompreenderagestocomoumaprticatcnica, social e poltica, dotada de tenses que so inerentes srelaes de produo, ao mundo do trabalho, que pressupeinteresseseconflitosdecorrentesdainserodesigualdoshomensnasociedadeenasorganizaes.

  • Leite e Guimares16

    Issosignificaque,comoprocessosocial,agestorefletediferentescrenas, valores, interesses, foras e fragilidades. O processo deconduoagestonomundodotrabalhonoestdesconectadodarealidadesocial,umaaohumanaquerefleteessasociedadeetambmamodifica,deformadinmicaeconstante.

    No mundo do trabalho, a essncia da gesto conduzir para a

    obteno de resultados!

    Sintetizando: gesto fazer acontecer!

    Ou seja, conduzir pessoas, recursos, para mudar uma situao

    na direo de um objetivo desejado, por isso uma conduo

    comprometida com um projeto, com um resultado. Assim percebida, a

    gesto resultado e no esforo.

    A sensao de se chegar em casa ao final do dia cansado, sem saber

    muito bem o que se fez, vem do fato de estarmos presos ao esforo, e

    no ao resultado, e isso se d, principalmente, por no sabermos, muitas

    vezes, para onde queremos ir, aonde queremos chegar. O esforo

    irrelevante do ponto de vista gerencial, porque, quando voc avaliado,

    o que est em jogo so os resultados, isto , o que foi alcanado.

    A essa altura de nosso contedo, esperamos que voc estejaempolgadoeentusiasmadocomtudooqueiraprender.Estamossomentenocomeodenossacaminhada.Eomaisimportantequevocverquepodefazersuaatividadediriacadavezmelhor!

    Esse conceito de gesto nos d pistas de que no existe umafrmulamgicae infalveldegerir,pelocontrrio,oprocessoexigecapacitao e esforo tcnico, com conhecimentos e habilidadeshumanasepolticaseinteraocomasociedade.Eissopossvelquando se tem a clareza de que todos esses componentes soimportantes,caminhamjuntos,edequetodosnstemoscondiesdeaprender,praticar,desenvolveremelhoraragesto.

    Portudooquefoiditoatagora,possvelconcordarcomPauloRoberto Mota1(1995)quandoafirmaquegestoarte,poisenvolvehabilidade, criatividade, sensibilidade. cincia, porque exigeconhecimentostcnicos,queprecisamseracessadosparagerenciar,ouseja,precisodesenvolvercapacidadeanalticaereflexiva,bemcomohabilidadeshumanas,considerandoqueograndeinsumodagernciaohomem,gente,e,comotal,repletodesingularidades.

    Bacharel em Administrao pela EBAPE/FGV, mestre

    e ph.D. em Administrao Pblica pela University of

    North Carolina (EUA). Autor do livro Planejamento

    organizacional.

    1

  • Unidade 2 - Introduo gesto da assistncia farmacutica 17

    Link

    Pare um pouco agora e oua a msica Gente, de Caetano Veloso, que

    fala sobre a importncia de vermos cada um de ns como um ser nico.

    A msica est disponvel no endereo:

    http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/44729/

    Depois de refletirmos sobre a complexidade da prtica gerencial,imaginamosquevocdeveestarseperguntandosobrequaissoosrequisitosdagestoeoqueprecisoparagerenciar.

    Qual sua ideia sobre isso? A partir de sua experincia, reflita sobre o que

    voc leu e ouviu at agora. Faz algum sentido?

    V ao AVEA e registre suas respostas na ferramenta bloco de notas.

    Ambiente Virtual

    Lio 2 Requisitos da gesto

    Almdesaberoconceitodegesto,importantequevocidentifiqueos requisitos necessrios para voc desenvolver processos degerncia/gesto.

    Existeumautor,consideradoumdosmaioresestudiososdaAmricaLatinasobreplanejamentoestratgicodegoverno,chamadoCarlos Matus2quedefendeumaideiadegovernoquenosajudaaentenderagernciacomoumatodegovernar.

    Reflexo

    Voc j deve ter ouvido algum fazer comentrios com este teor: esta

    casa no tem governo! e aqui no tem governo!. Qual o sentido

    dessas frases?

    Voc concorda que o significado dessas frases esta casa no tem

    gerente? Aqui no tem quem conduza, quem organiza etc.?

    Livros publicados:Adeus, Senhor Presidente;O lder sem Estado-maior;Estratgias polticas: chimpanz, Maquiavel e Ghandi;Poltica, planejamento e governo;Entrevista com Matus: o Mtodo PES eTeoria do Jogo Social.

    Seus principais conceitos so:Planejamento Estratgico Situacional (PES);Tringulo de Governo;Trs cintos de Governo eTringulo de ferro nas macro-organizaes.

    2

  • Leite e Guimares18

    poressalinhadepensamentoqueoconceitodegovernodeCarlosMatusadotadocomosinnimodegerncia.CarlosMatustraduzessa ideia de governo atravs de uma imagem que conhecidacomoTringulodeGoverno,demonstradaaseguir.

    Projeto de governo

    Governabilidade dosistema

    Capacidade degoverno

    Figura 1 - Tringulo de Matus

    Fonte: Adaptada de MATUS (1993).

    O vrtice Projeto de governosetraduzcomoanecessidadedeterdireo,projetosclaroseumconjuntodeleisqueorienteesustenteasdecises.

    O vrtice Capacidade de governo significa a importncia demanteremobilizarrecursosoperacionais,tcnicosehumanosparaaconsecuodoprojeto.

    O vrtice Governabilidade do sistemasignificaanecessidadedeconstruirfortesalianascompessoasqueapoiemoprojeto,ouseja,quese reduzaa resistnciaaoprojetodegoverno.Essasituao,segundoCarlosMatus,sematerializadaseguinteforma:

    no adianta ter bons projetos, boas ideias e muitos atoresapoiando;senotiverrecursosparaoperacionaliz-los,elesnoseconcretizaro;

    noadiantaterbonsaliadoserecursosmateriaisefinanceiros,senosesabeparaondeir!Nosaberemosconduzi-losafavordosprojetos;

    noadiantaterrecursosesaberparaondeirsevoccontacomforte resistncia e muitas foras contrrias ao projeto. Dessaforma,elepodernoserealizar.

  • Unidade 2 - Introduo gesto da assistncia farmacutica 19

    Neste Curso, se voc optar pelo aperfeioamento ou pelaespecializao,desenvolverumaatividadeprticachamadaPlanoOperativo. Tenha sempre emmente essas ideias para elaboraodestaatividade.

    Veja,humainterdependnciaentreastrsdimensesdoTringulodeMatus,elasprecisamserconduzidasdeformaintegradaparaqueseu projeto se concretize.Nesse sentido, conduzir ou gerenciar umaprticaquerequervisoampliadadosproblemasedarealidadequesepretendetransformar.Requerconhecimento,recursosdetodanaturezae,sobretudo,muitahabilidadeparalidarcomadversidades,conflitosdeinteressesediferentesprojetos.Almdisso,considerandoque o ambiente a realidade social, extremamente dinmica, ogerentetrabalhaemsituaodeincertezasedeimprevisibilidade.

    Ok, ento, preciso ter projetos, ter capacidade de governar e ter

    governabilidade sobre o sistema. Tudo bem, mas como se faz para

    conseguir isso? Quais habilidades preciso desenvolver, quais condies

    de trabalho e qual natureza dos apoios preciso conquistar? Na verdade

    no possvel nenhuma prescrio nem receita de bolo para uma boa

    gesto. Desconfie de quem lhe oferecer uma ou outra.

    As situaes somuito complexas e peculiares. Cada situao nicaecadarealidadeseapresentadeformaparticular.Vocprecisater discernimento e bom senso para pensar sobre sua realidade,almde atuar pensandonas suaspeculiaridades.Mas, preciso,principalmente,muitasensibilidadeedesenvolveracapacidadedeaprendercomasdiferenasedesaberouvirdiferentesposieseoutrasformasdeanalisarosproblemaseasnecessidades.

    S quando amplia a capacidade de ver e de ouvir semprejulgamentos o gerente consegue ampliar sua viso sobre osproblemasdaorganizaoearealidadequesequertransformar.

    Existem, porm, requisitos importantes para o desenvolvimento da gesto de um servio, poltica ou sistema.Vamos,ento,pensarsobrecadaumdeles,seguindo,inclusive,oTringulodeMatus.

    preciso ter projeto ter um propsito:

    Opropsitooalvoquequeremosatingircomoresultadodonossotrabalho, numa perspectiva de longo, mdio ou curto prazo. Oimportante que nossas tarefas tenham uma direo, um sentido,

  • Leite e Guimares20

    imediato ou cumulativo, sendo esse claro, definido e pactuado. necessrioterumpropsitoasealcanar,oquecontribui,diretamente,paraelevarnossamotivao,e,assim,noficarmospresosaoesforo,apagandoincndioouficandoderiva.

    Nosetorpblicodesade,tambmsofremoscomafragmentaodonossotrabalho,ecomasupervalorizaodasatividadesadministrativas,muitasvezes,perdemosavisodonossopropsitomaior:contribuirparaapromoodasadedaspessoas.

    A sadedaspessoas,dapopulao, oobjetivode longoprazodetodoprofissionaldesade.Terclarezadissofundamentalparaa humanizao do atendimento sade e para a construo daresolutividade da ateno sade, o que vai, consequentemente,gerarnossasatisfaocomotrabalhador.

    Bom, importante refletir aqui sobreo que pretendemos para aassistnciafarmacutica.

    Como vimos, preciso construir objetivos comuns, ter propsitos. Vamos

    pensar, ento, sobre o que entendemos por assistncia farmacutica. O

    que voc entende por assistncia farmacutica? Isso est bem claro

    para voc? E para os gestores da sade do seu municpio ou estado?

    Como consensuar um objetivo com a equipe de sade do seu municpio?

    hora, ento, de parar para pensar nisso. Mesmo que voc j tenha

    lido recentemente, abra agora a Poltica Nacional de Assistncia

    Farmacutica e releia com esse olhar: o que a assistncia farmacutica

    no servio em que voc atua? Qual a assistncia farmacutica que

    voc, seus colegas e dirigentes querem ter?

    Reserve alguns minutos para essa reflexo e anote em seu bloco de

    notas um conceito (uma breve descrio) do que a assistncia

    farmacutica hoje no servio em que voc atua. O que a

    assistncia farmacutica hoje na formao dos farmacuticos?

    A Resoluo n. 338/2004, que aprova a Poltica Nacional de Assistncia

    Farmacutica (PNAF), est disponvel na Biblioteca. Acesse!

    Ambiente Virtual

    Agestocomeacomumacordoquefazemossobreumpropsito,paraondequeremos ir, ou seja, queobjetivosqueremosalcanar.Se os objetivos forem alcanados, nossa realizao plena, porisso, fundamentalqueagestosejaorientadaporumprocesso

  • Unidade 2 - Introduo gesto da assistncia farmacutica 21

    de planejamento participativo, descentralizado e que favorea aconstruodepropsitos(ouImagem-Objetivo)pactuadosentreosdiferentesatoresenvolvidos.

    Essa pactuao muito importante, pois, se todos os envolvidosconhecemaimportnciadeseconstruiresseprojeto,acumulam-seforaepoderparasuaconsecuo.

    O propsito deve ser coletivo, de todos ou de muitos, e no apenas do

    chefe ou de quem ocupe, naquele momento, o cargo de chefia.

    Em algumas situaes, a ausncia de sentido no trabalho, deum propsito, gera uma conduo sem direo e sem reflexo enos transforma em seguidores/servidores passivos, autmatos/burocrticos,ouemdirigentesinflexveisedesprovidosdebomsenso.

    Essa realidade, embora ainda presente na atualidade, tem origembemantigaebaseia-senaconcepodequeexisteumaseparaoentrepessoasquepensameaquelasqueexecutam.Eissonofavoreceotrabalhoemequipe,otrabalhocolaborativo.Spodemoscolaborar se estivermos identificados e comprometidos com osresultados/propsitos que a organizao pretende alcanar. Essaantigaseparao,nosdiasatuais, traduzidaemquemmandaequemobedece,entreosqueplanejameosqueexecutam3,quereproduz,nomundodotrabalhoatual,aseparaoentreproprietriosdos meios de produo e detentores da fora de trabalho (ostrabalhadores),presentenassociedadescapitalistas.

    Felizmente, o mundo contemporneo tem feito conquistassignificativas, alguns muros foram derrubados, e o mundo dotrabalho tem apropriado essas mudanas, reconhecendo que otrabalhador produz mais e melhor quando reconhecido pelo quepensaenoapenaspeloquefaznosentidodecumprirtarefas.

    O tempo dos tarefeiros, papagaios/repetidores de ordens oumeroscumpridoresdeordens,sempensarnoqueestofazendoenoporqu,estficandoparatrs.Essaseparaoentrepensar/saberxfazertambmfavoreceoquesedenominadealienaodotrabalho,reduzindo-nosamerosapertadoresdebotes.

    Fayol dizia que o sucesso das organizaes estava nas polticas gerenciais e defendia que o gerente deveria decidir, pois o trabalhador no tinha nem tempo nem dinheiro (e capacidades) para se dedicar a conhecer o trabalho. Era apenas para executar o que era decidido por outros, os gerentes.

    3

  • Leite e Guimares22

    Link

    Voc j viu o filme Tempos modernos, de Charlie Chaplin?

    Acesse o link e veja os malefcios que um trabalho desprovido de sentido traz para o

    trabalhador.

    Selecionamos, tambm, um filme curta-metragem, cujo nome O dia

    em que Dorival enfrentou a guarda, que retrata tambm a situao de

    funcionrios que so meros cumpridores de ordens, que no pensam

    nem questionam. O roteiro gira em torno do desejo do preso Dorival

    de tomar um banho, pois h dez dias ele no pode tomar devido a uma

    ordem dada no sabe por quem.

    E ele questiona essa ordem ao soldado, ao cabo, ao sargento e, por fim, ao

    tenente: afinal, quem deu a ordem? E ningum sabe a resposta. E Dorival

    fala que, se no sabe quem deu a ordem e obedece, um boneco.

    E quando um dos funcionrios lembra que o lema da organizao a

    ordem, Dorival argumenta: vocs no tm lema; pau-mandado no tem

    lema! Esse argumento nos faz pensar que, quando no sabemos para

    onde ir, ns fazemos o que outros nos mandam fazer.

    Assista ao vdeo, disponvel no AVEA, que retrata essa questo de forma

    muito interessante e reflita durante o filme sobre situaes que voc, como

    gestor/condutor de servios de sade, pode vivenciar e sobre as quais tem

    que tomar decises. Por exemplo, voc deixaria Dorival tomar banho?

    Justifique sua resposta no bloco de notas.

    Ambiente Virtual

    Seobservarmosasmudanasqueestoocorrendoanossavolta,percebemosqueofuturoqueseavizinhaapontaparaumtrabalhadorenoumservidor,ouseja,paraumprofissionalcomprometidocomatransformaodasociedadeequesabeeconhece,criticamente,qual o sentido da transformao que se pretende e qual a suaresponsabilidadeparacomasociedade.

    preciso ter recursos de toda natureza

    Paraconduzirumainstituio/organizao/setor/rgonadireodeumpropsitodefinido,imprescindvelterrecursosdetodanatureza,inclusive recursos de poder. Descobrir, utilizar emobilizar o poder(inclusiveoqueexistenaspessoasaoseuredor)desuaequipe,doseu

  • Unidade 2 - Introduo gesto da assistncia farmacutica 23

    setor,ecoloc-loaserviodoprojetoumaestratgiaimportantedegesto.Masprecisamostambmderecursosfinanceiros,materiaisehumanos.Temosrecursos?Temospessoascomqualidadeeemquantidadesuficientes?

    Se no os temos e se eles so necessrios, precisamos, ento,mobilizar recursos de poder para consegui-los. Se os temos,precisamosus-losa favordoprojetocomum,poisessedevesernossocompromissoemotivaomaior.

    Isso significa que nossa capacidade de governo pode ser aferidapelanossacapacidadedemanteremobilizarrecursosnecessriosparaaconsecuodenossosobjetivos/propsitos,pois,paraquearealidadesejatransformadanadireodesejada,necessrioqueessadireosejapactuadaentretodososenvolvidosequetodosestejamconscientesdoquantoprecisamfazer.

    No entanto, voc sabe que essa pactuao no um processosimples, pois, como j foi dito, o contexto no harmnico, noexisteumpensamentoniconemumanicamaneiradepensaraassistncia farmacutica,nohconsensosfortesemtornodessecampodeatuaodofarmacutico.E,essaumarealidadenosparaaassistnciafarmacutica,masparaquasetodososcamposdeatuaoprofissional.

    H sempre possibilidades de escolhas, por isso a gesto utilizaferramentasimportantescomoanegociao.

    A negociao e a pactuao so ferramentas de gesto que respeitam as

    diferenas e que admitem diversidades de interesses, de opinies, de formas

    de pensar e de analisar dada realidade. So instrumentos de essncia

    democrtica. O avesso da negociao a imposio, o autoritarismo.

    por essa razo que os instrumentos de gesto do SUS, a exemplo das

    Programaes Pactuadas e Integradas (PPIs), dos Pactos da Sade, so

    orientados por princpios democrticos.

    Issoporqueagestodasade temum fortecomponentepolticoesocial,nopodendoprescindirdenegociaoconstante:comaequipe,comosdirigentes,comosusurios.

    Negociarsignificaaceitarquenemtodasasnossasprioridades,asnossascertezaseosnossosinteressessoosmelhoreseosmais

  • Leite e Guimares24

    corretos e que,muitas vezes, os outros tm tambm importantescontribuies para o processo. ter umapostura flexvel, outraimportantehabilidadedeumgerente/gestor.Anegociaoaplicadaemtodososcamposdavidasocial:umaferramentapolticaaplicadaportodososcidados.DuranteoCurso,teremosoportunidadedeexercitar a negociao nas atividades prticas e refletir sobre asformasdeaplic-lasnocotidianodotrabalhoemsade.

    preciso construir a governabilidade do sistema

    EsteoterceirorequisitooucondiodagestoquandoanalisadanaperspectivadoTringulodeGovernodeCarlosMatus.

    Todasashabilidades,ferramentaseconsideraescontextuais,ataquicolocadas,soimportantesparadarsustentabilidadegesto,oqueCarlosMatuschamadegovernabilidadedosistema.

    Devemosreconhecerque,muitasvezes,assituaesquevivemosemnossocotidianode trabalhoesto foradenossosespaosdeconhecimento,deintervenooudepoder.Umbomexemplopodeserumadasreivindicaesmaiscomunsentreosfarmacuticos:anecessidadedecontratarmais farmacuticos!Muitoscolegas logoidentificamque,paraestaao,precisomaisqueadefiniopelofarmacutico:precisoabriravaga,precisodisputaravagacomoutrascategoriasprofissionais,definiraalocao...ouseja,dependedeoutraspessoastambm;opoderdedecidiredeexecutarestaaonoesttodocomofarmacutico.Oquefazemosento?

    Se tivermos viso estratgica e pr-atividade, vamos buscararticulaes,utilizarosargumentoseconstruirparceriasealianas.Agovernabilidadenoestsnoquenspodemosdesenvolverporcontaprpria,oucomasnossasprpriasmos,elaconstrudapelanossacapacidadedeinfluenciar,argumentareaproveitartodasas oportunidades possveis. Por isso, os estudos sobre gestocontemporneadefendemqueaformaodegestoresdeveenvolverconhecimento tcnico/instrumentaleconhecimentonocampodasrelaeshumanas,dascinciassociaisedacinciapolticaparadarcontadopreparoparaaatuao,deformamaisarticuladaedecisiva.

    Agovernabilidadedeumsistemanoestbaseadasnapossibilidadedeofarmacuticodecidireexecutarsozinhoumadeterminadaao.Ela construda a partir da identificao de possveis aliados, degruposderesistnciaseatmesmodaquelescontrriosaoprojetodegoverno.Atarefadeumgestor,aoanalisaressecenrio,pensarestrategicamente, conduzir para construir alianas fortes e capazesde reduzir possveis resistncias. Em algumas situaes, elevarnossagovernabilidadeumatarefa imprescindvel,sobpenadeno

  • Unidade 2 - Introduo gesto da assistncia farmacutica 25

    conseguirmos levar adiante nossos propsitos gerando frustraopessoal, alm das consequncias para a sociedade (principalinteressadanosresultadosdanossaao).

    A construo da governabilidade passa tambm pela importanteconstruodaautonomia.Essaautonomiasignificaqueossujeitosdiretamenteenvolvidos(aequipe/osusurios)devempensar,tomardecises e ter poder de implantar as aes e as diretrizes queentendem necessrias. Todo processo de conduo revela algumgraudeautonomiadecisria,considerandoque,emdeterminadoscontextos, muito importante conquistar a autonomia necessriaparapodertomardeciseseexecut-las.

    A construo da governabilidade passa tambm pela socializao de nossas

    ideias, pelo aperfeioamento dos mecanismos e meios de comunicao,

    pela adoo de uma postura mais aberta para o dilogo e para a escuta.

    Essastrscondies/requisitosdagestonoslevamaconcluirqueexistemformas,maneiraseestilosdeconduzir;queessaconduofaz muita diferena, inclusive classifica ou tipifica a gesto. Vocj deve ter ouvido os seguintes termos: gesto participativa,cogesto, autogesto, pois, s vezes, a gesto conceituadaapartir da formacomoseconduz,ouseja, atravsde atributosqueacaracterizam.AolongodoCurso,vamosexplorarmaisessesconceitoseasprticasdegestoquedelesresultam.

    Vamos pensar sobre isso? Como esses conceitos de gesto se

    materializam na prtica cotidiana: voc consegue identificar, no seu

    local de trabalho, na sua equipe, na sua realidade, como so mobilizados

    e aplicados estes recursos de gesto, como negociao, pactuao?

    Como se constri a governabilidade?

    V ao AVEA e responda a essa pergunta na ferramenta bloco de notas.

    Ambiente Virtual

  • Leite e Guimares26

    Anlise crtica

    SoessesospressupostosqueestofundamentandoesteCursodeGestodaAssistncia Farmacutica.Combaseneles,mas tambmaltamente fundamentados pela competncia tcnica e operacionaldos servios farmacuticos, que se pretende contribuir para odesenvolvimentodecompetncias,habilidadeseatitudespautadasnaqualidadeenaefetividadedasaesvoltadasparaapromoodousoracionaleresponsveldemedicamentosenorteadaspelosprincpiosdoSUS:universalidade,integralidadeeequidade.Agesto,nestembito,precisasercaracterizadapelasdiretrizesdaparticipao,docontrolesocial,dadescentralizaoedatransparncia.

    Todasessas reflexessero retomadasnasunidadesquese iniciamnoMduloTransversal,commaisdetalhamento.ApartirdoMdulo2,emdiversasoportunidades,vamospararumpouquinhoparapensar,discutireconstruirashabilidades,ascompetncias,asferramentaseascondiesparaqueagestodaassistnciafarmacuticasejacapazdegerarresultadosconcretosparaamelhoriadasadedaspessoas.FiqueatentosdicasqueaFloravaitrazeraolongodetodooCurso.

  • Unidade 2 - Introduo gesto da assistncia farmacutica 27

    Referncias

    BARRETO, J. L.; GUIMARES, M. C. L. Avaliao da gestodescentralizada da assistncia farmacutica bsica emmunicpiosbaianos,Brasil.Cad. Sade Pblica,v.26,n.6,p.1207-1220,jun.2010.

    JUNQUILHO, G. S. Gesto e ao gerenciais nas organizaescontemporneas: para alm do folclore e o fato. Gesto & Produo,v.8,p.304-318,2001.

    MARTINELLI, P. D.; ALMEIDA, A. P. Negociao e soluo de conflitos:doimpasseaoganha-ganhaatravsdomelhorestilo.SoPaulo:Atlas,1998.

    MATUS,C.Poltica, planejamento e governo.Braslia:InstitutodePesquisaEconmicaAplicada,1993.

    MOTTA, P. R.Gesto contempornea: a cincia e a arte de serdirigente.SoPaulo:Record,1995.256p.

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    Autores

    Silvana Nair Leite

    GraduadaemFarmciapelaUnivali/SC,cursoumestradoedoutoradoemSadePblicapelaFaculdadedeSadePblicadaUniversidadedeSoPaulo(USP/SP).Foiconsultora,pelaOrganizaoPanamericanadeSade,doDepartamentodeAssistnciaFarmacuticadoMinistriodaSadeentre2007e2010.professoradaUniversidadeFederaldeSantaCatarina (UFSC),nasreasdeassistncia farmacuticaeestgioemsadecoletivanoCursodeFarmciaenoProgramadePs-graduaoemFarmciadaUFSCedaUniversidadedeBraslia(UnB).Coordenaprojetosdepesquisaeextensosobregestodaassistnciafarmacutica,sadepblicaepromoodasade.Atuanarepresentaodacategoriafarmacuticacomoconselheiraevice-presidente do Conselho Regional de Farmcia de Santa Catarina,presidente da Escola Nacional dos Farmacuticos, na diretoria doSindicatodosFarmacuticosdoEstadodeSantaCatarina,nadiretoriadaFederaoNacionaldosFarmacuticos(FENAFAR),enoComitGestordo InstitutoNacionaldeCinciaeTecnologiapara InovaoFarmacutica.

    http://lattes.cnpq.br/9922706294578800

    Maria do Carmo Lessa Guimares

    Especialista em Sade Pblica pela Fundao Oswaldo Cruz EscolaNacionaldeSadePblicadoRiodeJaneiro,mestreemSade Comunitria pela Universidade Federal da Bahia e doutoraemAdministraoPblicapelamesmauniversidade.FezdoutoradosanducheemAdministraoPblicanoInstitutdesHautesEtudesdelAmriqueLatine(IHEAL)naUniversitSorbonneNouvelle,emParis/Frana,em1998.ProfessoraAssociada IdoCursodeGraduaoemFarmciadaUniversidadeFederaldaBahia(UFBA)desdeoanode 1990 e professora permanente do Ncleo de Ps-GraduaoemAdministraodaEscoladeAdministrao (NPGA)damesmauniversidade.CoordenadoradoNcleodeEstudosePesquisasemAssistnciaFarmacutica(NEPAF)edoGrupodePesquisaGestodaAssistnciaFarmacuticadaFaculdadedeFarmciadaUFBA.Professora visitante da Universit Commerciale Luigi Bocconi, emMilo/Itlia,de janeiroamarode1992epesquisadoradoCentrodi Ricerche sulla Gestione dellAssistenza Sanitria (CERGAS) nomesmoperodo.Desenvolveestudosepesquisasnareadepolticaspblicas,comnfaseemavaliaodagestoe implementaodepolticaspblicasdescentralizadasedosnovosmodelosdegestopblicanocontextofederativobrasileiro.

    http://lattes.cnpq.br/2296425571390944