p&d e inovação para micro e pequenas empresas do estado do rio de janeiro - como criar um ambiente...

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    Realizao:

    Apoio:

    Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro

    SEBRAE/ RJ Servi o Brasi leiro de Apoi o s Micro e Pequenas Empresas

    REINC Rede de Incubadoras, Parques Tecnolgicos e Plos do Estado do

    Rio de Janeiro

    FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

    ANPROTEC Associao Nacional de Entidades Promotoras deEmpreendimentos Inovadores

    P&D e inovao para micro e pequenas empresas do Estado do Rio de Janeiro -como criar um ambiente de inovao nas empresas. Rio de Janeiro, Redede Tecnologia do Rio de Janeiro, 2008. 268 p.

    Textos apresentados no 10 Encontro REINC, realizado em 8 e 9 de novembrode 2007, no Rio de Janeiro.

    ISBN 978-85-85620-12-7

    1.Inovao Tecnolgica 2.Empresas - Pesquisa e Desenvolvimento3.Microempresas - Inovao - Rio de Janeiro (Estado) 4.Pequenas Empresas -

    Rio de Janeiro (Estado) 5.Incubadoras de Empresas I.REINC - Rede deIncubadoras, Parques Tecnolgicos e Plos do Estado do Rio de Janeiro II.Redede Tecnologia do Rio de Janeiro

    P474

    CDU - 338.2:658.11(815.3)

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    Ficha Tcnica

    SEBRAE/ RJ

    Srgio Malt a Diretor superintendenteCezar Vasquez DiretorMarcus M. Monteiro Gerente da rea de Tecnologia

    Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro

    Paulo Alcantara Gomes Presidente do Conselho DiretorArmando Augusto Clemente Secretrio ExecutivoPaula Gonzaga Gerente Geral

    Sistematizadores

    Rafael Gomes Clement e (GPI/ COPPE/ UFRJ)Renata Lbre La Rovere ( I E/ UFRJ)Thiago Renault (UFF)Vinci us Cardoso (GPI/ COPPE/ UFRJ)

    Autores dos Textos Encomendados

    Adelaide Antunes e colaboradores (EQ/ UFRJ)Eloi Fernandez y Fernandez (ONI P/ PUC-Rio) e Camilo August o Sequeira (PUC-Rio)Gabriela Maria Amorim Padilha (FIOCRUZ)Helena M. M. Lastres (I E/ UFRJ/ BNDES) e Jos Eduardo Cassiolato ( I E/ UFRJ).John Lemos Forman (SEPRORJ)Jos Manoel Carvalho de Mello (UFF)Lia Hasenclever ( I E/ UFRJ) e Yves Faur ( I RD)Mauro Osrio da Silva (UFRJ)Rafael Gomes Clemente (GPI / COPPE/ UFRJ) e Heitor Mansur Caulliraux (GPI/ COPPE/ UFRJ)Raimar van den Bylaardt (IBP/ ONIP), Paulo Buarque Guimares e Oswaldo Pedrosa (ABPIP)Renato Flrido Cameira (GPI / COPPE/ UFRJ), Adriano Proena (GPI / COPPE/ UFRJ) ecolaboradoresSrgio Mecena Filho (UFF) e Lygia Alessandra Magalhes Magacho (PUC-Rio)Thiago Borges Renault (UFF)

    REI NC Rede de I ncubadoras, Parques Tecnolgicos e Plos do Estado do Rio de Janei ro

    Incubadora e Plo Tecnolgico da Fundao Bio-Rio; Incubadoras Tecnolgica e deCooperat ivas Popul ares da COPPE/ UFRJ; I ncubadoras Tecnolgica, Cult ural e Social daPUC-Rio; Incubadora de Empresas do Instituto Politcnico da UERJ; Incubadora deEmpresas de Teleinformt ica do CEFET/ RJ; I ncubadora de Empresas de Base Tecnolgi ca

    em Agronegcios da UFRRJ; I ncubadora de Empresas da UFF; I ncubadora de Empresasdo INT; Incubadora de Empresas do INMETRO; Incubadora de Empresas do SENAC Rio;Incubadora do LNCC; Incubadora de Cooperativas Populares da Prefeitura de Maca;I niciat iva Jovem; I ncubadora de Empresas da UERJ/ RJ; I ncubadora da Universidadede Petrpolis; e Incubadora de Empresas da UVA; Incubadora de Empresas de BaseTecnolgica do Exrcito (IETEX).

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    07 Apresentaes

    17 I nt roduo

    25 Elementos para construo de um ambiente deinovao para as MPEs

    27 Discusses sobre o ambiente de inovao

    27 Mudanas no contexto global

    31 O papel do territrio

    35 A dinmica do ambiente de inovao: a abordagem da Hlice Trplice

    37 O papel da Universidade no sistema de inovao

    40 Novos modelos de negcio

    46 O papel das incubadoras no sistema de inovao

    51 Estudos de Setores Estratgicos para o estado do Rio de Janeiro

    61 Polticas para a inovao e Proposio de medidas para o fomento inovao

    62 As Linhas de Fomento Inovao e sua aderncia realidade das MPEs.

    67 Sntese das Proposies de medidas para o fomento inovao

    67 Proposies extradas dos Estudos Setoriais para Polticas Pblicas

    Sumrio

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    77 Textos apresentados no X Encontro ReINC

    79 Rio de Janeiro: Trajetria e estratgias de desenvolvimento econmico-social

    92 Ambientes produti vos baseados em inovao: Uma discusso sobrea experincia de polticas para sistemas produtivos e inovativos locaisno Brasil

    103 Experincias de APLs e outros arranjos de empresa no estado do Riode Janeiro: Resultados j alcanados e cenrios futuros

    121 Gest o de int angveis nas MPEs e quest es sobre terr i t r io e

    territorialidade129 I novao: Novas abordagens e suas implicaes para as MPEs

    15 3 I nst rumentos de apoio inovao baseado na int erao universidade-empresa: Como adequ-los realidade das MPEs -A universidade brasileirae a sua contribuio ao sistema de inovao

    16 6 Como incorporar tcnicas modernas de apoio comercializao ecomo o modelo de incubao fomenta o surgimento de empresas debase tecnolgica - Universidades, estrutura organizacional dapesquisa e a t ransferncia/ comercial izao de conheciment os no

    Brasil

    178 Gesto de competncias em redes de organizaes e governana deredes e de arranjos: O que se discute na academia e como usar naprtica

    19 4 Estudo setorial: O ambiente t ecnolgico e de inovao no setor debiotecnologia do Estado do Rio de Janeiro

    207 Proposta de um framework do setor de t elecom: O setor in formacionalmultimdia emergente

    235 Ambiente t ecnolgico e de inovao no setor de t ecnologias dainformao e comunicao do Rio de Janeiro

    25 5 A indst ria de transformao de plsti cos

    26 3 Plataformas tecnolgicas para a indst ria de pet rleo

    Sumrio

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    A Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro tem papel fundamental na articulao entre aoferta instalada entre suas 46 instituies associadas e o setor produtivo, proporcionando serviosde qualidade e agregando conhecimento s empresas com vistas inovao.

    A Redetec entende que a interao universidade-empresa fortalece as MPEs, visto queconst it ui import ante vantagem compet it iva nesse novo ambiente: mediante pesquisa e desenvolvi-mento (P&D), as empresas utilizam tecnologias existentes ou combinao criativa de tecnologias afim de se capacitar para gerir todo o processo de inovao.

    Nesse contexto, a Redetec percebe que o trabalho cooperativo deve ser, cada vez mais,valorizado, tanto na promoo da cultura inovao quanto no incentivo a projetos conjuntos dedifuso e absoro de novas tecnologias, estimulando as parcerias e alianas com centros tecnolgicose instituies de ensino para a produo do conhecimento.

    Ao longo de toda a traj etr ia de parcerias, seja com o Sebrae/ RJ, seja com as prpriasinstituies de ensino e pesquisa, atravs de suas redes temticas como, por exemplo, a ReINC Rede de I ncubadoras, Parques Tecnolgi cos e Plos do Rio de Janei ro, a Redetec se faz bematuante nesse processo inovativo, estreitando tambm seus laos com a ANPROTEC - AssociaoNacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores e com a FINEP Financiadora deEstudos e Projetos.

    Esperamos que essa publicao sirva de insumo para aumentar a competitividade das em-presas com a criao de um ambiente para a inovao.

    Boa leitura a todos!

    Armando Clemente

    Secretrio ExecutivoRede de Tecnologia

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    Cezar Vasquez

    DiretorSebrae/ RJ

    Hoje, tecnologia e inovao so element os estratgicos de desenvolvimento. Para o Serviode Apoio s Micro e Pequenas Empresas no Estado do Rio de Janeiro (Sebrae/ RJ), no h dvidas

    que possuir capacidade de renovar processos e produtos um fator essencial para empresas que

    pretendem alcanar sucesso em um mundo cada vez mais competitivo e integrado.

    A administrao do processo de inovao nas MPEs um dos focos prioritrios de nossa

    atuao. O Sebrae/ RJ t em conti nuament e ampliado i nvest iment os em programas e projet os

    desenvolvidos com parceiros que trabalham com o tema. Compete entidade planejar, coordenar e

    orientar programas tcnicos e at ividades de apoio s pequenas empresas, com o objeti vo de disseminar

    informaes. Nossa meta estimular a implantao da cultura da inovao e fazer com que esta

    seja efetivamente inserida no cotidiano das empresas.

    O desenvolvimento scioeconmico de nosso pas passa, i nevit avelmente, pela t ransformaode informaes em conhecimento til, que propicie o desenvolvimento tecnolgico. Promover a

    competitividade e o crescimento sustentvel das micro e pequenas empresas significa gerar

    oport unidades de negcios no mbit o da inovao e da tecnologi a e caminhar na direo de um

    Brasil melhor.

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    Dez mais do que um nmero. um smbolo, que denota completude e excelncia. Essesqualificativos se aplicam ao X Encontro da Rede de Incubadoras, Parques Tecnolgicos e Plos do Rio deJaneiro (REI NC), em cujo contexto se realizou o workshopcorporificado e perpetuado na presente obra.

    O evento internacional valorizou a comemorao desse marco na trajetria da Rede e lhe deuo carter de ponto de inflexo histrico. Ponto que articula, de um lado, a concluso do ciclo

    pioneiro de sua existncia, em que a REI NC produziu result ados reconhecidos como relevantes para odesenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, com repercusses em outras partes do Brasil. E dooutro, a formulao de uma proposio de atuao consistente no prximo ciclo, fundamentada nacriao de um ambiente que torne a inovao o eixo estruturante do processo de atingimento de umpadro de excelncia mundial por microempresas e empresas de pequeno porte (MPE).

    Essa proposio tem a retaguarda de instituies de nomeada. A Rede de Tecnologia do Rio deJaneiro (REDETEC) articula mais de 40 instituies de C&T do Estado na promoo de um encontroqualificado entre demanda e oferta de conhecimento tecnolgico. uma plataforma paradigmticado modelo da Hlice Trplice, um de cujos autores, o Professor Henry Etzkowitz, foi convidado dehonra e palestrant e destacado do workshop. A gama de iniciativas bem sucedidas da REDETEC, uma dasquais a REINC, inspirou e deve ainda inspirar outros estados da Federao a criar redes similares.

    O SEBRAE / RJ, um dos mais di nmicos componentes do Sistema SEBRAE, est tambm sob osigno dez, uma vez que comemora o crescimento de 10%, em 2007, do faturamento nominal das MPEdo Estado. Seu engajamento na proposio de atuao estabelecida no workshop est alinhada aopensamento estratgico do SEBRAE Nacional, que definiu 2008 como o Ano da Inovao.

    A FINEP, cuja divisa ser a Agncia Brasileira de Inovao, readquiriu musculatura com arenovao das condies de operao do Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico(FNDCT). Sua sensibilidade para o papel diferenciado dos mecanismos de promoo de empreendi-mentos inovadores foi reforada com as evidncias obtidas em recente avaliao do segundo proces-so de seleo pblica de propostas para apoio financeiro sob a forma de subveno econmica,realizado em 2007, sint eti zada pelo seu Presidente em entrevista recm publi cada no not cias.cgee1 : Por exemplo, 12 a 13% das empresas part icipantes e das empresas contempladas so incubadas ouapoiadas por parques tecnolgicos participantes. Indiretamente, o dado uma avaliao da pertinncia

    e relevncia do sistema de incubadoras e parques tecnolgicos as micro e pequenas empresas de basetecnolgica no representam 12% do universo das empresas que inovam no Pas.

    Nesse contexto, fcil compreender o entusiasmo com que a ANPROTECparticipou do workshop,apia a presente publicao e acompanhar os desdobramentos da proposio de atuao adianteexposta. Ademais, a relao da Associao com o Rio de Janeiro gentica, eis que nascemos nessacidade, exatos 20 anos antes do X Encontro da REINC, como resultado de um seminrio organizadopelas entidades que j atuavam ou tinham interesse na rea do empreendedorismo e inovao.

    Ao concluir o segundo ciclo decenal da ANPROTEC, o movimento est em pleno processo det ransformao em conseqncia do novo posicionamento estratgico, que levar incubadoras e par-ques tecnolgi cos a se consolidar como plataformas para, entre out ros, gerao e suport e a empresasinovadoras estratgicas para a competitividade dos principais arranjos produtivos locais do Pas;

    intensificao da cooperao entre empresas e instituies cientfico-tecnolgicas; gerao e apoioa empresas inovadoras focadas na promoo da competitividade global de setores econmicosprioritrios para o Brasil; e, igualmente, promoo do empreendedorismo social de carter inovador.

    So conhecidas as fragil idades cult urais e organizacionais brasi lei ras para t ransformar i diasboas em resultados efetivos. Devemos nos preparar bem para o desafio da implementao da boaidia de estimular a criao de um ambiente de inovao nas MPE. Jogando como boa equipe, asinstituies ajudaro a fazer com que um nmero expressivo de MPE vista a camisa deze brilhe noscampeonatos locais, regionais e internacionais de competitividade com responsabilidade.

    1 Boletim Eletrnico sobre as atividades do Centro de Gesto e Estudos Estratgicos, nmero 12, fevereiro 2008.

    2 Guilherme Ary Plonski, professor titular da Universidade de So Paulo, Presidente da ANPROTEC e membro doConselho Deliberativo Nacional do SEBRAE.

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    Procurando contribuir na busca do desenvolvimento socioeconmico do Estado doRio de Janeiro e apresentando aos grandes players do Rio de Janeiro a possibilidade decontarem com as Incubadoras de Empresas e suas empresas residentes como fonte de INOVA-O, realizamos com muito orgulho o nosso 10 Encontro da ReINC (Rede de Incubadoras,Parques Tecnolgicos e Plos do Rio de Janeiro). 10 anos de existncia em guas nem sempre

    cristalinas demonstram o nosso esforo bem sucedido para alavancar o movimento de incu-bao no estado.

    A temtica do encontro - que pretendeu traar um Plano de Ao visando subsidiar umapol t ica de inovao nas MPEs do Estado do Rio de Janei ro, por int ermdio do SEBRAE/ RJ, daRede de Tecnologia do Rio de Janeiro e da FINEP, no sentido de prover acesso a serviostecnolgicos e incorporar conhecimento cient f ico e tecnolgico que seja crucial para alavancara competitividade das empresas - colocou as incubadoras como protagonista e agente indutordesse processo.

    Finalmente, pretende-se que as discusses surgidas no encontro auxiliem as aes do novoPlanejamento Estratgico das Incubadoras do Rio de Janeiro, com vistas a identificar osmeios de consolidar a sua contribuio para o desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro.Com o apoio da FINEP, todas as 20 incubadoras e a REINC tero seus planejamentos estrat-gicos elaborados no comeo de 2008. Sem contar ser este um outro indcio de que a REINCquer estar em frequente estado de renovao.

    O fruto deste 10 Encontro da ReINC estamos encaminhando agora. A publicao que apre-sentamos o resultado dos trabalhos desenvolvidos no 10 Encontro da ReINC e esperamosque este livro apie o desenvolvimento de uma poltica de INOVAO no Estado do Rio deJaneiro.

    Em nome da Rede de Incubadoras, Parques Tecnolgicos e Plos do Rio de Janei ro agradeo atodos os patrocinadores, parceiros e s instituies que apoiaram este evento, em especial Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro.

    Frederico Lanza

    Coordenador da ReINC

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    Introduo

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    A Rede de Tecnologia do Rio de Janei ro e o SEBRAE/ RJ vm desenvolvendo, ao longo de 15anos de parceria, vrios projetos, produtos e servios com o objetivo de fortalecer as Micro ePequenas Empresas (MPEs) instaladas no estado, quer atravs do uso do componentetecnolgico em seu processo produt ivo, quer no desenvolvimento de um novo produto.

    Dentre essas atividades est a operacionalizao do Programa SOLUTEC que compreende: os

    produt os Sebraetec (Suport e Tecnolgi co, Clnicas Tecnolgi cas, Encont ros, AperfeioamentoTecnolgico, Ps-Clnicas); Palestras; o Bnus Metrologia; a divulgao e orientao de uti-lizao do Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas (SBRT) no Rio de Janeiro, o ProgramaFOCAR de apoio prot eo dos int angveis e a coordenao de outras aes que ut i li zam aoferta de conhecimento instalada nas instituies que compem a Rede de Tecnologia.

    A longevidade desta parceria ent re a REDETEC e o SEBRAE/ RJ s possvel porque as duasinst it uies esto f reqentemente preocupadas no desenvolvimento de metodologi as e no-vas aes, objetivando encontrar a melhor forma de motivar o empresariado na busca deinformaes rumo inovao e qualidade.

    Portanto, deu-se incio a um projeto original para a estruturao de um novo mtodo de

    apoio s MPEs, considerando pesquisa e desenvolvimento (P&D) e i novao como fat ores dediferenciao e de competitividade. O referido mtodo pretende se basear na aproximao dosetor produtivo com as universidades e os institutos de pesquisa, no qual a Rede de Tecnologia,em parceria com o SEBRAE/ RJ, exercer o seu papel de art iculadora da ofert a com a demandapor tecnologia, organizando as competncias tecnolgicas locais, identificando oportunida-des e interesses das empresas e estruturando um ambiente favorvel inovao.

    Este ambiente poder ser alcanado por meio de uma maior participao de universidades edos institutos de pesquisa sediados no estado nos assuntos ligados s MPEs, de formaque possa ser criada e, sobretudo, fortalecida uma cultura de interao entre universidade-empresa continuada, tendo em vista que o setor produtivo, salvo raras excees, ainda seencontra muito afastado dos conhecimentos cientficos e tecnolgicos cruciais para o au-mento de sua compet it ivi dade.

    Coadunando com os objetivos propostos, a Rede de Incubadoras, Parques Tecnolgicos ePlos do Rio de Janeiro (Reinc), com o apoio da FINEP e das instituies j citadas, decidiuque este o momento adequado para replanejar a sua atuao, especialmente nodirecionamento da atuao das incubadoras para a soluo de problemas locais, incorporan-do-as defi ni t ivamente na economia do estado do Rio de Janeiro como um agente alavancadordo desenvolvimento das empresas e do aumento de sua competitividade.

    Nesse sentido, o projeto de desenvolvimento da metodologia de criao de um ambientefavorvel inovao nas MPEs tem os seguint es objet ivos a serem alcanados:

    Discuti r e nivelar conceitos relacionados I novao, Gesto do Conhecimento e daInovao, Interao Universidade-Empresa, Modelos de Negcios, dentre outros, nosent ido de congregar informaes relevantes para as empresas, as quais subsidiaro asformas de atuao e os possveis produtos e solues do Projeto.

    Selecionar algumas experincias int ernacionais para avaliar a possibil idade de replic-las, de forma adaptada realidade brasileira, em algumas reas que caracterizam ascompetncias do estado do Rio de Janeiro.

    Desenvolver e validar um modelo/ mtodo de processo de organizao dos setores produ-tivos selecionados e suas ligaes com universidades e centros de pesquisa do estado.

    Considerar as experincias das aglomeraes de empresas dinamizadas no estado do Riode Janeiro como base para a avaliao de uma possvel forma de atuao do Projeto,sejam nos arranjos produtivos locais (APLs) ou outros arranjos de empresas j existentes,sejam na formao de novos ambientes com tais caractersticas, procurando buscar umanova viso sistmica para as empresas com foco em inovao e P&D, considerando tam-bm o papel dos governos locais como atores facil it adores do desenvolvimento local.

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    Sensibi li zar os atores envolvidos, em especial os empresrios, sobre as questes tecnolgicasque possam ser geradas pela parceria com as universidades e institutos de pesquisa, noque diz respeit o capacit ao/ aprendizagem tecnolgica, proteo, t i tularidade elicenciamento relacionados aos direit os de propriedade intelectual e ao desenvolvimentotecnolgico necessrio para a colocao de novos produtos no mercado.

    Avaliar os instrumentos atuais de apoio tecnolgico s MPEs, de forma a ot imizar o processode desenvolvimento tecnolgico necessrio insero de novos produtos no mercado.

    Melhorar a competi t ividade das micro e pequenas empresas por meio da ident if icaode tecnologias passveis de proteo, do acesso s bases de dados de informaotecnolgica, da orientao para a proteo intelectual, i ncluindo a elaborao do rela-trio de patente, do apoio prospeco tcnica, econmica e de mercado para asempresas com potencial de proteo e ao desenvolvimento de projeto de produto ouprocesso para as empresas cujas tecnologias tm potencial comercial com foco naconquista de mercados.

    Assim, a primeira etapa do projet o se const it uiu na organizao de um workshop, no mbit o

    do X Encontro Anual da REINC, onde foram discutidos conceitos de inovao, informaes eexperincias dos ambientes produtivos existentes no estado do Rio de Janeiro, alm dediscusses sobre outros grupos de empresas, especialmente, aquelas de base tecnolgicainstaladas em incubadoras, plos e parques tecnolgicos.

    Metodologia do workshop:

    Os palestrant es convidados receberam a encomenda de desenvolver um art igo com base nostemas propostos para o workshop, abaixo indicados, que subsidiaram as apresentaes e aelaborao desse documento.

    Conceitos de Inovao apresentao de conceitos e definies relacionados inovao,

    segundo diferentes vises; discusso sobre as novas estratgias das empresas diante dessenovo cenrio.

    I novao em Ambientes Produti vos defin io e caracterizao dos conceit os relacionados inovao em ambientes produtivos e discusso das vantagens, particularidades e impactosde cada abordagem para as polticas de inovao.

    Territrio - explorao dos aspectos relacionados ao desenvolvimento regional na anliseeconmica, impacto das caractersticas regionais sobre a inovao, como alavancar acompetitividade de produtos e servios tradicionais de uma dada regio.

    Inovao e Modelo de Negcios como um modelo de negcios para micro e pequenasempresas pode inserir a inovao como diferencial na busca de vantagens competitivas,utilizando-se como ferramentas a prospeco de mercado, a incubao ou o licenciamentocomo modelos de comerciali zao do produto ou servio que envolve determinada tecnologia.Como monitorar o progresso do modelo de negcios em relao estratgia adotada e quaisso as medidas corretivas necessrias. Como integrar as informaes empresariais em aesque gerem negcios efetivos.

    Instrumentos de Apoio Inovao apresentao dos principais instrumentos de apoiofinanceiro e tecnolgico s micro e pequenas empresas e principais dificuldades de seu usopelas empresas.

    Estudos Setoriais apresentao de estudos setoriais j existentes, destacando-se as princi-pais caractersticas, foras e fraquezas do ambiente tecnolgico e de inovao em cada setor.

    Experincias Internacionais em Inovao Tecnolgica - apresentao das principais caracte-rsticas dos Modelos de Inovao Italiano e quais foram os pontos crticos de sucesso efracasso de adaptao desse modelo no Brasil.

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    Programao do Workshop - 8 de novembro de 2007 quinta-feira

    Abertura do workshopPaulo Alcantara Gomes - Presidente REDETEC, Srgio Malta - Diretor Superintendente SEBRAE/RJ, Cezar Vasquez - Diret or Sebrae/ RJ, Ary Plonski - President e ANPROTEC, Rochester Gomesda Costa - Superintendente Interino da rea de Pequenas Empresas Inovadoras da FINEP,

    Marilene Carvalho - Diretora de Inovao e Meio Ambiente da FIRJAN e Frederico Lanza Coordenador da ReINC.

    Instrumentos de Apoio Inovao baseado na Interao Universidade-Empresa: comoadequ-los realidade das MPEsModerador: Jos Manoel Carvalho de Mello (UFF)Palestrante: Prof. Henry Etzkowitz Professor of Management of Inovation - Institute forPolicy and Pratice - University of Newcastle upon Tyne

    Experincias Internacionais em Inovao Tecnolgica: panorama da I novao na Re-gio de Milo

    Moderador: Cezar Vasquez ( SEBRAE/ RJ)Palestrante: Davide Diamantini - Universit di Milano-Biccoca, Coordenador do DoutoradoInternacional em Sociedade da Informao e Vice Diretor do Departamento de Pesquisa QUASI- Qualidade da Vida na Sociedade da Informao

    Criao de Ambientes Produtivos baseados em Inovao: uma discusso sobre sistemasde inovao, sistemas produtivos locais e conceitos anlogosModerador: Ary Plonski (ANPROTEC)Palestrante: Helena Lastres Assessora da Presidncia do Banco Nacional de Desenvolvimen-to Econmico e Social (BNDES)

    Gesto de Competncias em Redes de Organizaes e Governana de Redes e de Arran-jos: o que se discute na Academia e como usar na prticaModerador: Luiz Borges (I ncubadora da UERJ/ Friburgo)Palestrantes: Srgio Mecena Filho - Coordenador Acadmico Incubadora da Universidade Fe-deral Fluminense (UFF) e Lygia Magacho Assessora da Direo do Instituto Gnesis daPontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

    Experincias de APLs e outros Arranjos de Empresa no Estado do Rio de Janeiro: resul-tados j alcanados e cenrios futurosModerador: Celso Leonardo (Incubadora da UVA)Palestrant e: Lia Hasenclever (I E/ UFRJ) - Professora Adjunt a do Inst i t uto de Economia daUniversidade Federal do Rio de Janeiro ( I E/ UFRJ)

    Gesto de Intangveis nas MPEs e Questes sobre Territrio e TerritorialidadeModerador: Stella Regina Reis da Costa (Incubadora da UFRRJ)Palestrante: Camilo Augusto Sequeira Coordenador de Pesquisa do Instituto de Energia daPontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

    Mesa Redonda: Economia do Estado do Rio de Janeiro: as caractersticas locais/ regionaiscomo ativo para um ambiente de inovao e a estratgia de competio dos produtosregionaisModerador: Ana Arroio Especialista em Projetos Institucionais da FIRJANPalestrantes: Mauro Osrio, Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro

    (UFRJ), Andr Urani - Conselheiro do Instituto de Economia da Universidade Federal do Riode Janeiro ( I E/ UFRJ), Srgio Besserman Presidente do I nsti t uto Pereira Passos da Prefei t u-ra da Cidade do Rio de Janeiro (IPP)

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    Programao do Workshop - 9 de novembro de 2007 sexta-feira

    Apresentao da Pesquisa Industrial de Inovao Tecnolgica PINTECModerador: Marcelo Amaral (Incubadora da UFF)Palestrante: Mariana Rebouas (IBGE) - Coordenadora da Pesquisa de Inovao Tecnolgicado Insti t uto Brasileiro de Geografia e Estat st ica (PINTEC/ I BGE)

    Inovao e Modelo de Negcios nas EmpresasModerador: Jos Alberto Aranha - Incubadora da PUC

    Inovao: quais so os novos conceitos em discusso no momento?Palest rant e: Rafael Clemente - Pesquisador do Grupo de Produo Int egrada (GPI / COPPE/UFRJ)

    Como incorporar tcnicas modernas de apoio comercializao e como o modelode incubao fomenta o surgimento de empresas de base tecnolgicaPalestrante: Thiago Borges Renault Pesquisador da Universidade Federal Fluminense

    (UFF)

    Mesa Redonda: Instrumentos de Apoio Inovao baseados no Financiamento s Em-presasModerador: Regina Fti ma Faria ( I ncubadora da COPPE/ UFRJ)

    O CRIATEC e outros instrumentos de apoio inovao Marcio Bernardo Spata Geren-te do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES)

    Linhas de financiamento inovao adaptadas ao estgio de desenvolvimento dasempresas Rochester Gomes da Costa, Superintendente Interino da rea de PequenasEmpresas Inovadoras da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP)

    Como fomentar a inovao do Estado do Rio de Janeiro Rex Nazar - Diretor deTecnologia da Fundao de Amparo Pesquisa Carlos Chagas Filho do Estado do Rio deJaneiro (FAPERJ)

    Estudos Setoriais: O Ambiente Tecnolgico e de Inovao nos Setores de Petrleo e Gs,Plstico, Biotecnologia, Telecomunicaes e Software do Rio de JaneiroModerador: Ktia Aguiar (Incubadora do BIORIO)

    Petrl eo e Gs Paulo Buarque Macedo Guimares Secretrio Execut ivo da AssociaoBrasileira de Produtores Independentes de Petrleo (ABPIP)

    Polmeros Adelaide Antunes - Professora Titular da Escola de Qumica da Universidade

    Federal do Rio de Janei ro ( EQ/ UFRJ)

    Biotecnologia Adelaide Antunes Professora Titular da Escola de Qumica da Universi-dade Federal do Rio de Janei ro (EQ/ UFRJ)

    Telecomunicaes Renato Flrido Cameira - Professor do Grupo de Produo Integrada(GPI/ COPPE/ UFRJ)

    TIC John Forman - Presidente do Conselho Deliberativo Riosoft (RIOSOFT)

    Sntese dos Resultados do Workshop e Desenvolvimento de um Mtodo para o Projeto

    Insero de P&D e Inovao nas MPEs do Rio de Janeiro e Replanejamento da REINCGrupo de sistemat izadores: REDETEC/ SEBRAE, Rafael Clement e (GPI/ COPPE/ UFRJ) , Renat a LaRovere (I E/ UFRJ), Thiago Renault (UFF), Vin ici us Cardoso (GPI / COPPE/ UFRJ) .

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    A estrutura desse documento de trabalho

    Tambm constava na metodologia do workshop a incorporao ao grupo de trabalho dequatro relatores/ sistemat izadores, especiali stas nas suas reas, que alm de fazerem anot a-es durante o evento sobre os principais pontos discutidos para apresentao no encerra-mento do evento, f oram responsveis pela redao desse documento, que consolida as infor-

    maes necessrias para subsidi ar as prximas etapas do proj eto. O documento fornece umapanormica das pesquisas mais recentes que esto sendo desenvolvidas nas instituies doRio de Janeiro, nos temas citados. Os autores dos papers, que so a base do documento,representam a pujana do Rio de Janeiro na oferta de conhecimento de qualidade. Ossistematizadores deste documento, que tambm esto contidos nesse universo de grandezaacadmica, so os professores Rafael Gomes Clemente (Pesquisador do Grupo de ProduoI nt egrada da COPPE/ UFRJ), Renata Lbre La Rovere (Professora do I nst i tut o de Economia daUFRJ), Thiago Renault (Pesquisador da Universidade Federal Fluminense - UFF) e VinciusCardoso ( Pesquisador do Grupo de Produo I nt egrada da COPPE/ UFRJ).

    O documento est dividido da seguinte maneira: a primeira parte traz os elementos para a

    construo de um ambiente de inovao nas MPEs, onde se discute as mudanas advindas daglobali zao, o seu impacto na sociedade e os novos modelos de negcios; o papel doterrit rio, em especial como o Rio de Janeiro conf igurou suas polt icas pblicas para apoio aaglomerados de empresas e APLs e o papel das universidades e incubadoras de empresasnesse contexto de inovao. Na segunda parte encontram-se as resenhas dos estudos setoriai sencomendados aos especialistas. Em seguida, h uma seo sobre o cenrio das polticaspblicas para a inovao, onde esto expostas as possibilidades de concesso de financia-mentos para at ividades de inovao em empresas inovadoras no Rio de Janeiro e uma sntesedas proposies de medidas para o fomento inovao, que pretende resumir o que os papersorientam como possveis aes para a criao de um ambiente favorvel inovao para asMPEs. Na lt ima seo desse documento se encontram, na ntegra, os textos encomenda-dos para a apresentao no X Encontro ReINC(Rede de Incubadoras, Parques Tecnolgicose Plos do Rio de Janeiro).

    Prximos Passos:

    A apresentao desse documento subsidiar a terceira etapa do projeto, que consiste naelaborao da metodologia de atuao da Rede de Tecnologia e do SEBRAE/ RJ nas MPEs, queincluir a validao dos setores econmicos foco do projeto; a produo de indicadores dedesempenho do projeto e do resultado nas MPEs contempladas. Em paralelo, ainda serorganizado um segundo workshop, mais fechado que o primeiro, orientador para o estado do

    Rio de Janeiro traar um plano de polticas pblicas para as MPEs, com uma anlise maisaprofundada das polt icas estadual e municipal de incenti vo criao de um ambiente favo-rvel inovao insumo fundamental para o sucesso do projeto.

    Esse documento, tal como o workshop, tambm servir de base para o planejamento estrat-gico da REINC (Rede de Incubadoras, Parques Tecnolgicos e Plos do Rio de Janeiro), que seinicia em janeiro de 2008, com a participao de todas as incubadoras aqui instaladas.

    A equipe do projeto acrescenta que, tanto o workshop quanto o presente documento nopretenderam esgotar o assunto em questo e que, nitidamente, novos temas devem se incor-porar discusso como: a gesto das competncias int ernas empresa, suas modelagens de

    processos, sua capacit ao para gesto da inovao, et c. Tambm no constam no documen-to os prprios produt os e servios hoje ut i li zados pela Redetec e pelo Sebrae/ RJ, no progra-ma SOLUTEC de apoio s MPEs, que sero validados ou reformatados ao longo do projeto.

    Por fim, qualquer sugesto que esse documento poder suscitar ser de muita ajuda e muitobem-vinda!

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    O sentido principal deste documento a discusso da criao de um ambiente favorvel inovao particularmente, no Estado do Rio de Janeiro. Este propsito se justifica pelacrescente necessidade das empresas adotarem prticas que as permitam competir ou, pelomenos, sobreviver em um ambient e econmico e social que passou e passa por considerveismudanas. Em diferentes graus de profundidade, todos os textos apresentados no seminrioapresentam seus argumentos e proposies baseados neste pano de fundo.

    O presente captulo apresentar os elementos para a construo de um ambiente de inovaopara as MPEs, que envolve atores de diversas esferas inst i tucionais em um sistema de inova-o, utilizando-se do conceito de Hlice Trplice que analisa o processo de inovao a partirdas interaes entre atores das esferas institucionais governamental (responsvel pela for-mulao de polticas pblicas de apoio inovao); acadmica (produtores do conhecimen-to) e empresarial.

    Discusses sobre o ambiente de inovaoAs discusses sobre o ambiente de inovao esto subdi vidi das em: i ) mudanas no contex-to global - seo sistematizada por Rafael Clemente que se utilizou do seu prprio textointitulado Inovao: novas abordagens e suas implicaes para as MPEs, feito em parceriacom o professor Heit or Caull i raux, do GPI / UFRJ, e do t exto Gesto de Intangveis nas MPEse Questes sobre Territ rio e Territ orialidade , deEloi Fernndez y Fernndez e Camil o AugustoSequeira, ambos do Inst i tut o de Energia/ Departamento de Engenharia Mecnica da PUC; i i )o papel do territrio seo sistemati zada por Renata La Rovere, com as mani festaes doprofessor da UFRJ, Mauro Osrio da Silva, no texto intitulado Rio de Janeiro: trajetrias eestratgias de desenvolvimento econmico-social; da professora da UFRJ, Lia Hasenclever,no t exto escri to em co-autoria com o professor do I nsti tut de Recherches sur le Dveloppement

    Yves Faur, intitulado Experincias de APLs e Outros Arranjos de Empresa no Estado do Riode Janeiro: resultados j alcanados e cenrios futuros; e dos professores da UFRJ, HelenaM. M. Lastres e Jos Eduardo Cassiolato, Arranjos Produtivos Locais: as especificidades doenfoque analtico e as complexidades de seu uso como instrumental de poltica. Tambm,nessa seo, encontram-se os principais aspectos abordados pelo professor Davide Diamantini,em sua apresentao International Experiences in Innovation: The Case of Lombardy. i i i ) aabordagem da Hlice Trplice, em especial a contribuio do Prof. Henry Etzkowitz naapresentao no workshop intitulada The Triple Helix Model and Micro and Small Firms,escrito pelo Thiago Renault, iv) o papel da universidade no sistema de inovao, cujoresponsvel pela sistematizao tambm foi Thiago Renault, que se utilizou dos textos doprofessor Jos Manoel Carvalho de Mello, do NEICT/ UFF, i nt i tulado A uni versidade brasileira

    e a sua contribuio para o sistema de inovao e dele prprio, intitulado Universidades,est rut ura organi zacional da pesquisa e a transferncia/ comercial izao de conhecimentos noBrasil ; v) o papel das incubadoras, tambm de Thiago Renault que sistematizou Gesto deCompetncias em Redes de Organizaes e Governana de Redes e de Arranjos: o que sediscute na Academia e como usar na prtica, de Srgio Mecena (UFF) e Lygia Magacho(PUC); vi) os novos modelos de negcios, cujo responsvel, Rafael Clemente, sistematizouo seu prprio texto incorporando parte do texto de Mecena e Magacho, ambos os textosanteriormente mencionados.

    Mudanas no contexto global

    Ao longo dos textos, algumas mudanas no contexto global so ressaltadas pelos autores epodem ser sistematizadas em cinco grandes questes, a saber: o fenmeno da globalizao,a evoluo das tecnologias de informao e comunicao (TIC), a emergncia da China, acrescente importncia dos ativos intangveis e a crescente importncia da inovao comoelemento central da estratgia competitiva das empresas. Estes cinco fatores, com relaesdiretas entre si, so comentados a seguir.

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    A partir da liberalizao econmica e da expanso de mercados antes restritos a fronteirasgeogrficas diversas mudanas ocorreram no cenrio econmico e social. Este fenmeno,amplamente denominado como globalizao, traz profundas implicaes para o cenrio com-petitivo. A complexidade de atuao, caracterizada por clientes cada vez mais exigentes eheterogneos, pela insero das empresas em redes globais de fornecimento, pela competi-o ampla com atores de diferentes partes do globo, pela reduo dos ciclos de vida dos

    produtos, pela emergncia de novas tecnologias, entre outros fatores, gera um ambiente denegcios cada vez mais dinmico, que exige das empresas uma elevada capacidade de adap-tao e renovao. Rafael Clemente e Heitor Caulliraux destacam a importncia dessa capa-cidade de inovao e da adoo de novos modelos de negcio para que as empresas possamobter vantagens competi t ivas neste cenrio.

    Para Eloi Fernndez y Fernndez e Camilo Sequeira, neste cenrio globalizado e complexo oterritrio perde importncia com o crescimento das oportunidades ligadas ao uso dastecnologias de informao e de comunicao. Sergio Mecena e Lygia Magacho apontam acrescente evoluo das tecnologias de informao e comunicao (TIC), que permitem acrescente implantao de negcios em meio digital, reduzindo os custos e agilizando o

    acesso. Esta digi tali zao faz com que os negcios passem a segui r as regras de comercial izaoda informao, ou seja, o custo significativo est no projeto, sendo o custo de reproduomuito reduzido. Eles afirmam que esse princpio se aplica para toda a cadeia, o que reduzsignificativamente o custo de coordenao e torna vivel a coordenao de um sistema devalor desagregado, independente da posio geogrfica da funo da cadeia de valor ou dascomplexidades de operao envolvidas, aumentando a capacidade de gesto de informao,bem como, a velocidade de feedbackdas informaes de mercado e operao, dando caracte-rsticas mais flexveis ao negcio. Com o avano das TICs e a crescente digitalizao dascadeias de valor, pode-se notar uma reduo significativa dos custos de transao, o quepermite adoo de modelos cada vez mais desverti cali zados e no l imit ados pelo t errit rio.

    Fernndez e Sequeira descrevem que as resistncias globalizao se traduzem numa pressopoltica sobre as empresas no sentido de preservar a cultura e as caractersticas do local oque gera uma constant e tenso, uma vez que o mundo gl obali zado t ambm exerce presso nosent ido de abert ura das empresas e t ransparncia de informaes para funcionrios, f ornece-dores, clientes e parceiros.

    Tambm importante o impacto da mudana exercida a partir da emergncia da China. Ocrescimento elevado, com taxas prximas a 10% ao ano, transformou a China em um impor-tante motor de dinmica global com importante peso no desenvolvimento da economiamundial. Esta mudana pode ser caracterizada por trs principais vertentes1 .

    A primeira o impacto da demanda chinesa sobre energia, minrio, commodities agrcolas e

    matrias-primas industr iai s, causando uma elevao nos preos relat ivos dessas commoditiese uma esperada continuidade destes valores. Esta vertente claramente benfica para oBrasil e seus efeitos positivos j esto sendo aproveitados por diversas empresas.

    A segunda vertente o impacto que os produtos chineses, de baixo custo e larga escala,exercem na reduo dos preos relativos dos bens manufaturados. As empresas brasileirasprecisam rever suas estratgias e modelos de operao para responder a esta competio,que tende a se acirrar uma vez que com a desacelerao americana a China precisar redirecionarseus produtos a outros mercados consumidores.

    1 Denominadas por Luiz Carlos Mendona de Barros, Paulo Pereira Miguel e Jos Roberto Mendona de Barros emrecente arti go no jornal Valor Econmico, 12/ 11/ 2007: A16, como as t rs cabeas do drago.

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    2 O trabalho organizado por De Negri e Salerno se baseou numa base de dados integrada pelo I nsti tuto de PesquisaEconmica Aplicada (IPEA) que possui dados da Pesquisa Industrial-Inovao Tecnolgica (Pintec) e da PesquisaIndustrial Anual (PIA) do IBGE; da Relao Anual de Informaes Sociais (Rais) do Ministrio do Trabalho eEmprego (MTE); da Secretaria de Comrcio Exterior (Secex) do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comr-cio Exterior (MDIC); do Censo do Capital Estrangeiro (CEB) e do Registro de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE) doBanco Central do Brasil (Bacen); e da base de dados de compras governamentais (ComprasNet) do Ministrio doPlanejamento, Oramento e Gesto (MPOG).

    A terceira vertente a elevao do nvel de renda da populao chinesa, que se transformaem um enorme mercado consumidor, cuja demanda no ser totalmente satisfeita pela pro-duo local, o que abre oport unidades para empresas brasi lei ras expandi rem seus mercados.

    O outro fator visto nos textos, em especial o de Fernndez e Sequeira, a crescente impor-tncia dos ativos intangveis na gerao de riqueza. Os autores destacam que segundo a

    teoria econmica clssica, as fontes fundamentais de riqueza so os recursos naturais, ocapital e o trabalho. Assim, a produtividade resulta da combinao eficiente dessas trsfontes, atravs da administrao e da aplicao da tecnologia. Eles argumentam que naeconomia de hoje o aumento da produtividade no vem do trabalho, mas da capacidade deequipar o trabalhador com novas habilidades baseadas em conhecimentos novos. A adminis-t rao do capital i ntelectual ou dos ati vos de conhecimento e o aprendizado das organizaesse transformaram em fatores-chave na gerao de valor.

    Ao longo dos ltimos anos, diversas iniciativas foram realizadas para tratar os ativos intan-gveis nas empresas, com estudos demandados tanto por empresas quanto pelos rgos degoverno. Dentre essas, os autores destacam o I ntellectual Capit al Statement Made in Europe

    (InCaS) . Este projeto, com o objeti vo de apoiar as empresas a avaliar o seu capi tal i ntelec-tual, procura focar nas pequenas e mdias empresas em funo da importncia destas naeconomia. O Instituto de Energia da PUC-Rio tambm est envolvido em um projeto seme-lhante. O objet ivo o desenvolvimento de um mtodo para gesto dos ati vos intangveis, deforma integrada, e que possa ser apli cado a qualquer organizao. I niciati va semelhant e foicitada por Helena Lastres em sua apresentao, quando comentou sobre o esforo em cursono BNDES para o desenvolvimento de um mtodo de valorao de ativos intangveis.

    Fernndez e Sequeira argumentam que no basta que os administradores tenham conscinciae viso da nova economia e da importncia dos intangveis como fatores fundamentais nagerao de valor. necessrio que os organismos responsveis por polticas governamentaiscompartilhem essa viso. E que procurem utilizar esses novos modelos e mtodos na anliseeconmica, financeira, e na identificao do grau de comprometimento das empresas compolticas scio-ambientais.

    O ltimo fator encontrado nos textos, conseqncia dos quatro outros apresentados, acrescente incorporao da inovao como uma questo central nas estratgias competitivasdas empresas. Clemente e Caulliraux destacam que a superioridade de desempenho das em-presas que inovam j foi objeto de inmeras pesquisas por diferentes instituies, mas parao Brasil, de especial interesse a Pesquisa Industrial - Inovao Tecnolgica (Pintec), tam-bm objeto de uma das apresentaes no X Encontro da ReINC. Esta foi a base2 para otrabalho organizado por De Negri e Salerno (2005). A partir da investigao realizada, DeNegri , Salerno e Cast ro af i rmam que a escala de produo das fi rmas inovadoras considera-

    velmente maior do que a das demais. O faturamento mdio destas empresas de R$ 135,5milhes. J nas focadas em produtos padronizados, este de R$ 25,7 mi lhes e nas que nodi ferenciam nem produto e nem processos o faturamento de R$ 1,3 mi lho. Alm disso, asfirmas que inovam e diferenciam produtos tm eficincia de escala mdia de 0,77, ou seja,60,4% maior do que a efi cincia de escala mdia das empresas que no di ferenciam produt o,que de 0,48. Estes dados podem ser observados na tabela a seguir.

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    Outra informao importante sobre essa diferena que nas firmas que inovam e diferenciamprodutos, cada pessoa ocupada responsvel por R$ 74,1 mil de valor adicionado na produ-o, que corresponde a 67,3% a mais do que um trabalhador das firmas especializadas emprodutos padronizados, que possuem uma mdia de R$ 44,3 mil. A diferena ainda maisgritante se comparada mdia das empresas que no diferenciam produtos e tm produtivi-dade menor, que de R$ 10 mil.

    Essa diferena se reflete tambm nos salrios, nos quais se percebe que a remunerao mdiamensal dos trabalhadores das firmas que inovam e diferenciam produto de R$ 1.254,65, jnas firmas especializadas em produtos padronizados de R$ 749,02 e de R$ 431,15 nas

    empresas que no diferenciam produtos e tm produtividade menor.

    Tal diferena de desempenho demonstra a importncia da capacidade de inovar como fatorcrt ico para a permanncia e para o sucesso no mercado at ual. Em out ra pesquisa apresentadano texto de Clemente e Caulliraux, realizada pelo Boston Consulting Group (BCG) com 1070executivos de diferentes indstrias em 63 pases, as empresas apontadas por estes executi-vos como as 25 mais inovadoras tiveram desempenho bastante superior se comparados oretorno por ao com bechmarkscomo os ndices Standard & Poors.

    Nessa mesma pesquisa a inovao foi citada como uma das trs prioridades estratgicas por72% destes executi vos e este mesmo percent ual af i rma que aumentar o gasto com inovao

    nos prximos anos, com considervel aumento dos investimentos em pases em desenvolvi-mento, com o objetivo de elevar as suas taxas de crescimento dos negcios.

    As mudanas no contexto global possuem diferentes nuances e tornam o ambiente competi-tivo extremamente complexo, impondo requisitos de desempenho cada vez mais elevadospara as empresas. O reconhecimento da inovao como fonte de diferenciao competitiva e,conseqentemente, desempenho superior impe uma srie de desafios para as empresas epara demais instituies interessadas na criao de um ambiente propcio inovao. Estesdesafios, como sero explorados nas prximas sees, so extremamente complexos, poispassam por esforos de entendimento das novas regras competitivas, pela adequao dosquadros concei tuais e ferramentas analt icas para t rat-las, pela formulao de novas polt i-cas e formas de gesto e, por fim, e mais difcil, por romper com a inrcia das antigas

    abordagens, que atualmente se mostram no mais suficientes para tratar o ambiente econ-mico e social em que estamos inseridos. Apenas com esforos reflexivos como o deste docu-mento, os desafios podero ser superados e o ambiente propcio inovao alcanado.

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    O papel do territrio

    No mundo globalizado, o territrio permanece importante sob dois aspectos: em primeirolugar, as caractersticas do local podem ser um elemento de diferenciao importante para osprodutos e servios da empresa. Em segundo lugar, no territrio que a empresa buscaraumentar suas competncias, seja atravs da interao com instituies de apoio, seja atra-

    vs da interao com instituies de pesquisa, ou ainda atravs da utilizao dos recursos doterritrio. O territrio um locusprivilegiado de cooperao entre empresas e entre estas einstituies, uma vez que a cooperao bem-sucedida depende do estabelecimento de laosde conf iana, que se d mais facilmente no mbi to do t errit rio. Enquanto a proximidade porsi s no garante o estabelecimento destes laos, ela pode facilitar a ao de empresas einstituies.

    O territ rio est sempre sujei t o s foras cent rpetas que geram dinamismo e foras centr fu-gas que estimulam a migrao de investimentos para outras regies. No caso brasileiro, osprocessos de interiorizao das atividades industriais so foras centrfugas para as metrpo-les e foras centrpetas para outras regies que passam a aglutinar atividades econmicas

    que geram renda e emprego, tornando-se plos de crescimento. Os arranjos produtivos lo-cais, cujo cresciment o se faz sent ir no Brasil a part i r da dcada de 70 do sculo passado, soum reflexo deste fenmeno de interiorizao. Existem, porm, diferentes atores que com-pem estas foras centrpetas, como mostrado nos trabalhos do X REINC.

    Os trabalhos apresentados discutem a questo do territrio sob mltiplos aspectos. O primei-ro aspecto se relaciona com as dificuldades conceituais que acabam interferindo na proposi-o de polticas. Lastres e Cassiolato lembram que existe uma tendncia de diferentes mo-delos terico-conceituais em (i) isolarem o estudo dos fenmenos econmicos de seu quadrohistrico e poltico-social, (ii) ignorarem que o comportamento das variveis econmicasdepende de atores e parmetros sociais e polticos. Limitao adicional refere-se tendnciade alguns dos novos modelos terico-conceituais em se apoiarem na crena de que territ-rio e tempo podem ser ignorados. No cerne da crtica realizada pelos autores est o usoindiscriminado dos conceitos de arranjos produtivos locais, clusters, distritos industriais ecadeias produt ivas, t ratados normalmente como se fossem sinni mos. Alm di sso, predomi-nante a idia de aglomerao o que acaba por fazer com que a simples existncia de umaaglomerao seja cri t rio para a seleo de casos para estudo ou para foco de pol t icas. Out rapercepo dos aut ores a nfase excessiva dada locali zao e mapeamento destes arranjosque, apesar de serem iniciativas importantes, acabam por consumir todo o esforo e recursosfinanceiros e humanos das pesquisas, prejudicando as atividades de formulao e implanta-o das polticas que so as aes finalsticas.

    O segundo aspecto apontado se relaciona aos procedimentos de identificao das aglomera-

    es. Lastres e Cassiolato lembram que esta identificao realizada a partir de estatsticasoficiais, que desconsideram os casos baseados em atividades informais, os quais no Brasilpossuem um peso importante na economia. Existe assim o risco de focar a ateno apenasnas aglomeraes mais estruturadas, uma vez que a seleo normalmente realizada nos queapresentam indicadores acima da mdia, o que pode acabar por no considerar sistemas quepossam ter grande importncia para o desenvolvimento social e regional, e que no deveriamser excludos a priori das polticas. Existe tambm, no que se refere identificao, umdebate sobre os procedimentos utilizados para caracterizar as aglomeraes, que acaba porbloquear, desgastar e desmobilizar os esforos de apoio a estas aglomeraes. Essa adoo dediferentes conceitos faz, muitas vezes, que sistemas fiquem ora includos, ora fora da agendade pesquisa e de poltica, sob a justificativa de serem ou no caracterizados como APLs.

    Lastres e Cassiolato propem que seja adotado o conceito de sistema de inovao para acaptura e anlise das aglomeraes. Uma vez que este conceito mais amplo, j que repre-senta uma ferramenta analtica e de poltica mais abrangente e mais avanada do que que-las baseadas em aglomeraes produtivas, inibe algumas das limitaes apontadas anterior-mente. Eles citam outro texto de sua autoria em que avaliam o uso do conceito de APLs no

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    Brasil ao longo de mais de meia dcada e ressaltam alguns aspectos importantes. O primeiro o entendimento superficial dos pontos centrais dos quadros de referncia, principalmentea dissociao entre desenvolvimento econmico social e o entendimento restrito decompet it ivi dade e inovao. A lgica de escolha, rest ri ta para aglomeraes identi fi cadas aparti r dos indi cadores t radicionais, como destacado, representa uma alt ernat iva, normalmen-te enviesada por dar mais nfase a fatores, maiormente econmicos, o que acaba por deixar

    de lado o t ratamento em um conjunto de objet ivos econmicos e sociais. Os autores t ambmapresentam o conceito de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais ASPILs. Estaviso, segundo eles, envolve conjunt os de atores econmicos, polt icos e sociais, locali za-dos em um mesmo territrio e que apresentam vnculos ao desempenharem atividades deproduo e inovao. ASPILs geralmente incluem empresas (produtoras de bens e serviosfi nais, fornecedoras de insumos e equipament os, prestadoras de servios, comercial izadoras,clientes, et c., cooperati vas, sindicat os, associaes e representaes) e demais organizaesvoltadas formao e treinamento de recursos humanos, informao, pesquisa, desenvolvi-mento e engenharia, promoo e financiamento. Os autores ressaltam, ainda, que os arran-jos produtivos locais so diferentes, pois representam os casos de sistemas fragmentados edesarticulados.

    As dificuldades apontadas por Lastres e Cassiolato esto na raiz do terceiro aspecto tratadopelos textos: o descolamento entre os programas de apoio s empresas e as necessidades doterritrio. A discusso deste descolamento aprofundada por Hasenclever e Faur. O textodestes autores tem i ncio com a constatao que o tema do desenvolvimento local se tornacada vez mais relevante para o Brasil na medida em que o pas passa por um processo dedesconcentrao industrial e de interiori zao do crescimento. A parti r de um levantamentoda literatura especializada sobre este fenmeno, os autores propem uma tipologia de expe-rincias de desenvolvimento local segundo os atores chaves que organizam a governana dasiniciativas de desenvolvimento. Os tipos de experincias seriam: experincias baseadas nascaractersticas da sociedade local; experincias a partir de pequenos empresrios; experin-cias a partir de grandes empresas; experincias com envolvimento estadual; experinciascom engajamento principal de rgos tcnicos e/ ou profi ssionais. Em seguida, eles argumen-tam que a multiplicidade de iniciativas diferenciadas mostra a ausncia de consenso sobre amelhor forma de promover o desenvolvimento local. Os autores citam como exemplo depolt icas de desenvolvimento l ocal cujos result ados nem sempre so sati sfatrios as polt icasde apoio aos arranjos produtivos locais. Estas polticas envolvem um fortalecimento dasaglomeraes de empresas, que no Brasil no apresentam o grau avanado de cooperao eespecializao dos distritos industriais italianos.

    Hasenclever e Faur lembram os elementos bsicos das iniciativas de desenvolvimento eco-nmico l ocal para ident if icar os desafios colocados ao desenvolvimento local no Brasi l. Esteselementos so: a mobi li zao e a part icipao dos atores locais; a postura pr-ati va do poder

    pblico local; a existncia de grupos de liderana local; a cooperao pblico-privada; aelaborao de uma estratgia territorial de desenvolvimento; o apoio s MPMEs (financeiro ede capacitao); a coordenao de programas de ao e dos instrumentos de apoio; e ainstitucionalizao do quadro para o desenvolvimento local atravs de um pacto polticosupra parti drio. No caso brasileiro os desafi os principais residem na fragi li dade das MPMEs ena informalidade das atividades, que resulta em perda da arrecadao tributria municipal eda capacidade endgena do financiamento do desenvolvimento.

    O quarto aspecto apresentado nos textos o fato do t errit rio ter especi fi cidades que afetama capacidade inovadora das empresas. A localizao de instituies de ensino e pesquisa noterritrio e a articulao destas com as empresas locais fazem parte dos atributos necessri-

    os para o desenvolvimento das regies. Cont ribuem com a discusso deste ponto os textos deDiamantini , de Hasenclever e Faur e de Si lva. O professor Diamant ini realizou uma apresen-tao sobre um panorama das experincias no campo da inovao na regio da Lombardia, naI tlia. Trata-se da regio l der it aliana em at ivi dades de inovao contando com 13 uni versi-dades, 74 cursos de ps-graduao e mais de 250.000 estudantes. Dos alunos matriculados,9.000 pertencem a cursos tecnolgicos com mais de 60 diferentes especialidades. Na regio

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    da Lombardia esto localizados 25% de todos os pesquisadores italianos, cerca de 35% dototal de investimentos italianos em atividades de P&D.

    Como est ratgia de promoo das ati vidades de P&D o governo local elegeu reas priori t riaspara investimento tais como (i) Biotecnologia; (ii) Novos materiais; (iii) TICs. Alm disso, asreas de sade, energia e meio ambiente, ali mentao, bens art st icos/ cult urais e sistemas

    de produo e manufatura.

    A partir desta contextualizao, o autor apresenta um programa italiano de indicadores deacompanhamento cujos principais result ados foram: ( i) 227 centros de pesquisa e desenvol-vimento ativos no sistema de monitoramento chamado QuESTIO; (ii) 9 centros de excelnciadetectados; (iii) criao de um fundo regional de capital de risco para investir em iniciativaspromissoras; (iv) promoo de parcerias entre instituies de ensino e pesquisa, rgosgovernamentais e cmera de comrcio.

    A apresentao do autor trouxe um cenrio na Itlia similar ao que est sendo vivido noBrasil atualmente, com forte concentrao das atividades de inovao em regies especfi-

    cas, polticas pblicas pautadas por decises estratgicas de setores prioritrios e esforo deimplantao de um sistema de acompanhamento destas atividades de inovao.

    No caso especfico do Rio de Janeiro, o surgimento de arranjos produtivos locais, apesar deter dinamizado as economias locais, no leva a um adensamento das cadeias produtivasnecessrio para sustent ar o desenvolvimento local. Existem diversas razes para expl icar estefenmeno. Em primeiro lugar, o territrio do Rio de Janeiro marcado por especificidadeshistricas e polt icas, cujo principal marco a cult ura de capit alidade ident if icada por Sil va,que impem obstculos identificao, por parte das instituies, das reais necessidadesdos municpios fluminenses. Esta cultura de capitalidade contribuiu para um quadro de es-tagnao do estado que tem incio nos anos 60 e se prolonga at hoje, cujos resultadosprincipais foram: a deteriorao da mquina pblica estadual, com carncia de pessoal e

    critrios de seleo de funcionrios pouco transparente; a atrao de investimentos que setornaram enclaves, em vez de elementos de dinamizao do desenvolvimento regional (comopor exemplo, a Rio Polmeros e o plo automotivo de Resende); um sistema universitriopouco eficiente e desarticulado das necessidades locais; e uma limitada dotao de recursosestatais para iniciativas de fomento ao desenvolvimento tecnolgico.

    Em segundo lugar, as empresas fluminenses apresentam uma srie de caracterst icas comunsa empresas de pequeno porte: postura reativa face s mudanas do mercado, cultura indivi-dualista e mesmo de desconf iana em relao a seus pares e central izao dos conhecimentosda empresa na pessoa do gerente ou proprietrio. Em terceiro lugar, o quadro de estagnaoeconmica generali zada pela qual at ravessa o estado cujo crescimento f ica abaixo da mdia

    nacional por dcadas, mesmo aps o desenvolvimento das atividades de extrao e prospecode petrleo cont ribui para a cul tura conservadora das empresas e para a desart iculao dasiniciativas institucionais.

    O texto de Hasenclever e Faur confirma a anlise de Silva. Os autores apresentam os resul-tados de uma pesquisa envolvendo quatro configuraes produtivas localizadas no estado doRio de Janeiro Campos dos Goytacazes, Itagua, Maca e Nova Friburgo para mostrar quea promoo do desenvolvimento local no estado do Rio de Janeiro apresenta uma srie dedesafios no que se refere a trs objetos de anlise: empresas, projetos de apoio emunicipalidades. As empresas so em sua maioria micro e pequenas, pouco especializadas,pouco inovadoras e com reduzidos laos de cooperao com outras empresas e instituies.

    H diversos projetos de apoio ao desenvolvimento local, que, porm, so feitos sem umdiagnstico prvio das necessidades locais, implementados por funcionrios com alta taxa derotatividade e que no fazem um acompanhamento das empresas apoiadas. Em geral, osresultados dos projetos ficam aqum do esperado pelas empresas, a no ser no caso dasiniciativas de capacitao de pessoal e de aperfeioamento de produtos e processos. Asempresas apoiadas em geral so mais antigas, mais especializadas e com maior grau de

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    qualificao do que as no-apoiadas. Os municpios participam pouco dos projetos de apoiopor serem dependentes de transferncias externas de recursos. Apesar disso, eles fazemesforos de dinamizao do tecido econmico local atravs de secretarias de desenvolvimen-to e de fundos de apoio a projetos de desenvolvimento. Os municpios no conseguemcoordenar as vrias lideranas e representaes locais para promover um consenso sobre aspolt icas de desenvolvimento local, mas poderiam ter uma atuao import ante para reforar

    o capit al social local. Os autores ressalt am que a reduzida capacidade inovadora das empre-sas, a ineficincia dos projetos de apoio e a fragilidade dos municpios so obstculos cujasuperao depende no apenas de polticas mais focadas como tambm de um quadro deestabilidade econmica e poltica.

    O desenho de polt icas mais focadas depende de uma mudana no ambient e inst i tucional do Riode Janeiro. Como mostrado por Si lva, a consti tuio de uma cult ura de capitalidade no territ -rio gerou formas de raciocnio que impediram a percepo da perda de dinamismo das ativida-des econmicas do Rio de Janeiro, que teve incio na dcada de 60 e se perpetua at os dias dehoje. Alm de provocar uma miopia em relao aos problemas de desenvolvimento local, acultura da capitalidade levou a propostas fracassadas de desenvolvimento industrial, que se

    limitavam a seguir um foco industrialista tpico da viso federal sem levar em considerao asreais condies do territrio. Essa sucesso de fracassos est na raiz da prtica poltica declientelismo, que foi se tornando cada vez mais forte medida que o Rio de Janeiro se afastapoli t icamente do regime mil i tar. Assim, o Rio de Janeiro apresenta t axas de crescimento redu-zidas que persistem mesmo aps o fim do regime militar. Isto leva a uma precarizao da infra-estrutura do estado refletida em indicadores como acesso a abastecimento de gua e dacidade, refletida em indicadores como o ndice de desenvolvimento humano.

    A este quadro mais geral, devemos adicionar os elementos identificados por Hasenclever eFaur em seu texto para desenvolver uma anlise mais completa do ambiente institucionalno estado do Rio de Janeiro. Estes autores apontam para uma srie de caractersticas doambiente inst i tucional que condicionam a promoo do desenvolvimento local. Em primeirolugar, cada local tem um conjunto de iniciativas de desenvolvimento as quais podem serconduzidas por diferentes atores. Estes atores seriam: organizaes que se desenvolvem aparti r de fatores de ident idade social ( cult ura, religio etc.) e condies fsicas e ambientaisdo local; pequenos empresrios locais; grandes empresas que escolhem o local para se insta-lar devido a suas caractersticas; municipalidades; governos estaduais; e rgos tcnicos eprofi ssionais. Em segundo lugar, as insti tuies municipais t m um papel reduzido nasin iciat ivas de promoo do desenvolvimento local. I sto se deve a uma combinao de fato-res. Por um lado, as iniciativas municipais se sobrepem a iniciativas de outras instituiesestaduais e federais e, raramente, existe uma articulao entre iniciativas de organismos deesferas de competncia diferentes. Por outro lado, o oramento dos municpios limitadopela legislao brasileira e a rotatividade de funcionrios imposta pelo quadro poltico difi-

    culta a implementao de programas de apoio ao desenvolvimento. Em terceiro lugar, osprojetos de apoio so desenhados sem uma base poltica ampla e freqentemente existe umafalta de convergncia ou consenso entre as foras econmicas locais acerca dos rumos etrajetrias a serem perseguidos para o desenvolvimento econmico local. Os municpios emgeral no cumprem o papel de aglutinar as lideranas locais em torno de projetos de desen-volvimento comuns. Em quarto lugar, os projetos de apoio implementados por instituiesestaduais, federais e rgos tcnicos e profissionais freqentemente so desenvolvidos apartir de diretrizes gerais destes rgos, sem um diagnstico detalhado das necessidadeslocais. Por cont a disso, estes projetos acabam ati ngindo um nmero relati vamente reduzidode empresas. Em quinto lugar, os projetos de apoio parecem seguir uma regra de seleo dotipo pick the winnerque limit a o escopo de sua atuao. Finalmente, esses projetos raramen-

    te so avaliados por consultores externos, o que facilita a replicao de equvocos no seudesenho e na sua implementao.

    Assim, os textos apresentados que tratam da problemtica do Rio de Janeiro apontam para anecessidade de uma estrat gia de reestruturao do setor pbl ico no estado, que seria essen-cial para a implementao de polticas de fortalecimento do territrio atravs do adensamento

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    de cadeias produtivas, do apoio aos potenciais plos de desenvolvimento regional, do apoioa micro e pequenas empresas de base tecnolgica, da melhoria de eficincia das instituiesuniversitrias e do desenvolvimento de mecanismos de financiamento que permitam umambiente propcio i novao e ao desenvolvimento local.

    Com base nessas discusses, os autores sugerem que as novas polticas de desenvolvimento

    do territrio devem reforar uma viso sistmica, passando a:

    Focali zar centralmente a promoo de processo de gerao, aquisio, uso e dif uso deconhecimentos;

    Est imular as mlt iplas fontes de conhecimento, assim como as interaes entre osdiferentes atores, visando dinamizar localmente os processos de aprendizado e decapacitao produtiva e inovativa;

    Fomentar o enraizamento e a dif uso do conhecimento codifi cado e tcit o por toda arede de atores locais.

    A dinmica do ambiente de inovao: a abordagem da Hlice Trpl ice

    consensual ent re os formuladores de pol t icas pblicas para a dinamizao de um ambientefavorvel a inovao a idia de que este fenmeno sistmico sistemas de inovao eque envolvem atores de diversas esferas institucionais.

    Entre os pesquisadores que mais se destacam na anlise do processo de inovao est o Prof.Henry Etzkowitz, co-autor do conceito de Hlice Trplice que analisa o processo de inovaoa partir das interaes entre atores das esferas institucionais governamental, empresarial eacadmica. Para o autor, universidades desempenham atualmente um papel de liderana na

    sociedade do conhecimento, uma vez que a produo de conhecimento e a formao derecursos humanos esto no cerne da atuao de un iversidades.

    Neste contexto o autor mostra a evoluo do modelo de interao entre estas diferentesesferas institucionais e a sua influncia na dinamizao do processo de inovao. Uma pri-meira verso do modelo da Hlice Trplice apresentado pelo autor foi o Modelo Estadista,conforme a figura 1 abaixo:

    Figura 1 Modelo estadista da Hlice Trplice

    As principais caractersticas do Modelo Estadista so: (i) a esfera governamental domina asdemais; (i i) coordenao burocrt ica de cima para baixo ; ( ii i ) projetos de larga escala; (i v)escolha de campees nacionais; (v) as universidades desempenham basicamente a funo deensino neste modelo.

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    Uma segunda configurao da Hlice Trplice apresentada pelo autor o Modelo Laissez Faireque pode ser ilustrado pela figura 2 abaixo:

    Figura 2 Modelo Laissez Faire da Hlice Trplice

    No Modelo Laissez-Faire da Hli ce Trpl ice as esferas inst i tucionais atuam de forma separadae as principais caractersticas deste modelo so: (i) universidades desempenham o papel de

    reali zar pesquisa bsica e formao de recursos humanos; ( i i ) na esfera empresarial as empre-sas esto ligadas basicamente pelo mercado; (iii) a atuao do governo se limita a aes decorreo em falhas de mercado; (iv) mentalidade individualista centrada no empreendedorherico; (v) unidades de int erface entre as front eiras bem defi nidas de cada esfera inst it ucional.

    Uma terceira configurao do modelo apresentado pelo autor foi o Modelo de Organizaes eAes Hbridas. Este modelo pode ser ilustrado pela seguinte figura:

    Figura 3 Modelo de Organizaes/ aes Hbri das da Hlice Trpli ce

    Neste estgio do modelo, observam-se instituies hbridas que se localizam nas sobreposiesentre as interfaces das di ferentes esferas insti tucionais. Alm disso, atores desempenhamfunes em diferentes esferas institucionais e existe uma maior circulao de recursos huma-

    nos entre essas front eiras sobrepostas. Exemplos do posicionamento de atores do sistema deinovao sob a abordagem da Hlice Trplice podem ser observados na figura 4 abaixo.

    Figura 4 Exemplo de Sistema de inovao sob a tica da Hlice Trplice aplicado a realidadefluminense.

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    A f igura il ustra bem a at uao de atores como o Sebrae/ RJ e a Redetec Rede de Tecnologiado Rio de Janeiro - como catalisadores deste sistema de inovao. Instituies posicionadasnas int erfaces insti t ucionais, to import antes para o processo de inovao.

    Outros exemplos de mecanismos hbridos inerentes ao modelo da Hlice Trplice incluem aatuao de universidades em atividades empresariais tais como a formao de empresas de

    base tecnolgica atravs de incubadoras de empresas e a comercializao de tecnologiaatravs de escritrios de transferncia de tecnologia.

    Alm di sso, observam-se tambm empresas atuando com programas de educao corporati va,realizando aes de poltica pblica e tambm instituies governamentais atuando comoinvestidores de risco.

    Um importante aspecto desse modelo o surgimento de Organizadores Regionais de Atividadesde Inovao (Regional Innovation Organizer) que so instituies governamentais ou quasegovernamentais que ajudam a criar um espao de consenso entre os atores da Hlice Trplice. Oautor desta seo acredita ser esta a maior vocao de atores como a Redetec e o SEBRAE/ RJ.

    Para Etzkowitz, o espao de inovao composto por um espao de conhecimento, onderecursos humanos qualificados e novos conhecimentos so gerados de forma constante, umespao de consenso, onde so geradas idias e estratgias para a dinamizao do processo deinovao. Cita como exemplos o Vale do Silcio e a Rota 128 em Boston.

    O papel da Universidade no sistema de inovao

    O texto de Mello traz um interessante panorama sobre as universidades brasileiras e suaspotencialidades e limitaes de contribuio para o processo de inovao. Como foi apresen-tado por Etzkowitz, na abordagem da Hlice Trplice, estas instituies esto em uma posi-o privilegiada para a dinamizao do processo de inovao, uma vez que produzem novosconheciment os e formam recursos humanos quali f icados em diversas reas do conhecimento,estando capacitadas para atuar na soluo de problemas multidisciplinares.

    Para Mello, a est ratgia pri ncipal das insti tuies de ensino superior no sent ido de contribui rpara o processo de inovao alcanar excelncia em ensino e pesquisa, podendo assimproduzir novos conhecimentos e formar recursos humanos quali fi cados para atuar nos setoresempresarial e governamental.

    Neste sentido, a excelncia em pesquisa fundamental, pesquisa de ponta, principalmente nocampo das cincias naturais seria uma precondio para o fomento s inovaes radicais, produo de descont inuidades, rupt uras no t ecido i ndust rial, ao fort alecimento e a apario

    de indstrias baseadas na cincia, nas indstrias de alta tecnologia. Por outro lado, exceln-cia em pesquisa aplicada tambm importante, para contribuies ao nvel de inovaesincrementais, em produtos e em processos, no tecido industrial, pri ncipalmente nas indstri -as de mdia e baixa intensidade tecnolgica.

    Analogamente, recursos humanos de base para tais inovaes devem contemplar uma signi-ficativa proporo de graduados, mestres e doutores em cincias naturais e engenharia, emfuno das necessidades presentes e futuras, regionais e nacionais. Alm da prpria compe-tncia interna das universidades na regio ou nao para a formao de tais recursos huma-nos, import a muit o a existncia de atri butos ao nvel macro, desde a proporo de estudan-tes matri culados no ensino superior em relao ao t amanho da populao estudant il na faixa

    etria de 18-25 anos, at a existncia de uma cult ura recept iva a cincia.Universidades podem tambm contribuir de uma forma mais pr-ativa para o sistema deinovao, local, regional ou nacional. Esta atitude pr-ativa se consubstancia atravs daformao de estruturas e mecanismos nas universidades que facilitem a transferncia deconhecimentos / t ecnologias para o tecido i ndust rial. vista por abordagens como a da

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    Hlice Trplice, apresentada anteriormente por Etzkowitz, como sendo o exerccio pela uni-versidade de sua terceira misso: contribuir justamente para o desenvolvimento econmico.

    Assim, o trabalho de Mello analisa basicamente trs pontos:

    (i) anlise da formao do sistema de educao superior brasileiro, seu desenvolvimento e

    enquadramento legal;

    - O Brasil t em um sistema de educao superior de eli te (cobre 11% da populao emidade entre 18-24 anos, so aproximadamente 4 milhes de alunos matriculados), queteve uma formao tardia, iniciada de forma sistematizada somente a partir da dcadade 1930. Os principais marcos legais so: a Lei da Educao superior de 1931, a Lei daEducao Superior de 1968 e a incluso na constituio de 1988 de um artigo sobre oensino superior;

    - Os dados apresentados (ano de 2005) apontam para 2.165 inst it uies de ensino supe-rior das quais 290 so universidades. Este nmero apresentou crescimento expressivonas ult imas dcadas, privil egiando o setor pri vado.

    (ii) anlise da institucionalizao da pesquisa e da ps-graduao, com nfase no papel dasuniversidades;

    - A insti tucionalizao das at ividades de pesquisa nas universidades brasil eiras tem in-cio na dcada de 1960, os marcos desta institucionalizao foram a criao da Univer-sidade de Braslia; criao do FUNTEC Fundo Nacional para o DesenvolvimentoTecnolgico, pelo BNDES; criao da COPPE - coordenao de ps-graduao e pesquisaem engenharia da UFRJ;

    - O marco legal para a implantao deste sistema de ps-graduao e pesquisa foi a Lei

    de Educao Superior de 1968.

    - O nmero de ti tulados cresceu expressivamente desde ento, at ingindo atualmentecerca de 8.000 doutores (DSc) e 27.650 mestres (MSc) por ano. So aproximadamente15.000 grupos de pesquisa atuando em 268 instituies. As publicaes brasileiras em jornais indexados participam com 1,7% da produo cientfica mundial, o que nosconfere o 17 lugar no ranking cient f ico mundial. Na Amrica Lat ina somos respons-veis por 40% da produo cient fi ca.

    (iii) Sistema de educao superior e a inovao

    Existem algumas competncias que so essenciais para a consolidao de um sistema deinovao dinmico. I ndependentemente do papel atri budo s universidades neste sistema,seja pr-ativo atravs da gerao de atividade econmica, seja na formao de mo-de-obrae realizao de pesquisa, estas competncias so essenciais para a existncia de um ambien-te de inovao. Destacam-se entre estas competncias (i) a existncia de universidades comatividades de ensino e pesquisa; (ii) Existncia de programas de ps-graduao stricto sensucom nvel de excelncia; (iii) formao de recursos humanos qualificados em reas estratgi-cas para inovao; (iv) Publicaes cientficas com alto nvel de qualidade nas reas estrat-gicas para inovao.

    Com relao s reas de formao e excelncia, Mello mostra a concentrao do sistema nocampo das cincias humanas e sociais; as engenharias participam com cerca de 10% dasmatrculas e dos cursos de ps-graduao; so 196 instituies que ofer