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Paulo Tigre 1 O eclipse do estado: reflexões sobre o Estado na era da globalização. (Evans, 2007 cap.3) IE/UFRJ Curso Desenvolvimento Econômico Comparado Prof. Paulo Tigre

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Page 1: Paulo Tigre1 O eclipse do estado: reflexões sobre o Estado na era da globalização. (Evans, 2007 cap.3) IE/UFRJ Curso Desenvolvimento Econômico Comparado

Paulo Tigre 1

O eclipse do estado: reflexões sobre o Estado na era da globalização. (Evans, 2007 cap.3)

IE/UFRJ Curso Desenvolvimento Econômico Comparado

Prof. Paulo Tigre

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Temas da aula

Eclipse do Estado Estado e Globalização Consenso de Washington Ataques especulativos: importancia do K

internacional Futuro do Estado desenvolvimentista Estado e sociedade civil Bens públicos globais

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Eclipse do Estado Nettl (1968): Alternativas ao Estado:

partidos políticos (GB), Instituições jurídicas (EUA).

Debates atuais: grau de intervenção do Estado na economia – sociedade civil e mercados como substitutos.

OCDE: crescimento demográfico fez duplicar os orçamento públicos em relação ao PIB. Pensões e serviços assistenciais.

Eclipse do Estado: deterioração da capacidade políticas e administrativas. institucional pública.

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Estado e Globalização

Nettl: importância do Estado na esfera internacional era uma constante.

Fim da guerra fria: redução dos conflitos militares e políticos vem mudando a ideologia global. Pensamento anglo-saxão se tornou ideologia dominante.

Empresas transnacionais: globalização econômica reduz o poder do Estado-Nação.

IDE cresce 3x + rápido que o comercio internacional. Regras globais são necessárias para o capital global.

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Economia e poder global Mundo clássico: poder econômico (empresas) ↔ capacidade política

e militar do país. Expansão territorial era o meio de controle de ativos produtivos.

Necessidade de “território vital” para assegurar matérias primas, energia, alimentos e trabalho conduzia a política militar internacional. Petróleo no Oriente Médio

Em um mundo de redes produtivas globais os lucros da expansão territorial são duvidosos, reduzindo a necessidade do poder do Estado.

Acesso a capitais, tecnologia – alianças estratégicas. Sistema financeiro global desafia a autoridade pública na esfera

econômica. Fim dos controle cambiais e sobre os fluxos de capital. Ataques especulativos

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Ataques especulativos

Estados que fogem de políticas defendidas pelos mercados financeiros serão castigados pela desvalorização da moeda e redução do acesso ao capital.

Menor autonomia para estabelecimento de políticas públicas

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Estado e dependência econômica David Cameron (1978): Existe correlação estatística positiva

entre abertura econômica e tamanho do governo é positiva. Um aumento do comercio em relação ao PIB aumenta a

vulnerabilidade externa dos países e um setor público maior representa um contrapeso protetor. Rodrick (1996) confirmou a análise de Cameron para os países da OCDE.

O Leste Asiático, que representou a mudança mais significativa na divisão internacional do trabalho confirma a importância da intervenção estatal para promover o desenvolvimento. Estado promove a competitividade e a abertura comercial.

Estado menor não melhora a participação de um país na economia global.

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Atração de investimentos externos Países pequenos com burocracia coesa e competente

conseguem negociar melhor com empresas transnacionais.

Caso Costa Rica: Estado organizado, boa infra-estrutura, regras estáveis garantiram o investimento em competição com Brasil, Chile e México.

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Crescimento do PIB da Costa Rica após Intel

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Consenso de Washington Organismos internacionais – OMC, Banco

Mundial e FMI passaram a refletir, a partir dos anos 80, a doutrina norte-americana expressa no Consenso de Washington de que quanto menos os Estados individuais atuem na economia melhor será o resultado para o mundo.

Abertura do sistema financeiro global. Mecanismos frouxos de controle (Acordo de Basileia) estão levando a crise atual.

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Visão sobre o Estado Idade de Ouro do capitalismo (1945-1973): Economistas

viam o Estado como caixa-preta. Havia muito interesse nas política públicas, mas pouco interesse na análise institucional do próprio Estado.

Após a recessão, iniciada com a crise do petróleo de 1973, o Estado foi apontado como culpado. Neo-utilitaristas viam o crescimento do Estado não como resultado da demanda por bens públicos, mas sim pela ação de burocratas que buscavam a obtenção de rendas para si.

O problema, na ótica neo-utilitarista, não é a falta de capacitação dos burocratas e da adequação das políticas públicas, mas sim a própria natureza das instituições públicas.

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Modelos neo-utilitaristas são profecias que se cumprem: ao deixar os Estados sem recursos e capacitação, abrem caminho para o aumento da ineficiência.

O desprestigio das carreiras públicas abre caminho para a corrupção. Ela é maior em áreas desorganizadas do Estado e onde os benefícios não são universais.

Diante da falta de incentivos salariais e profissionais, o único estímulo para vincular-se ao setor público é obter rendas próprias.

Contradição: em determinadas instancias da economia da informação a demanda das grandes empresas é por maior intervenção do Estado para garantir a propriedade intelectual. Combate a pirataria é chave na política econômica internacional dos EUA.

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A sociedade civil e o Estado Sociedade civil pode substituir Estados? O caso das ONGs: a revitalização da

sociedade civil sr apresentou como uma solução social e política capaz de proporcionar bem estar público e tornar o Estado obsoleto, da mesma forma que os mercados globais no campo econômico.

Otimismo pouco realista: falta universalidade e transparência nas ações da sociedade civil.

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Estado e sociedade civil

Associações civis podem exercer um papel complementar, mas não substituir o Estado. Caso da China: mútuo enpowerment

Construção simultânea de contrapartes competentes Estado-Sociedade.

Associações voluntárias podem se conectar aos serviços e programas de governo e influenciá-los.

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O futuro do Estado desenvolvimentista Pêndulo liberal x intervencionista: desde Adam Smith,

Marx, Neoclássicos, Pós-Guerra, Neoliberalismo. Liberalismo foi uma reação ao excesso de intervenção.

Insuficiência de capacidade do Estado tornou o otimismo excessivo sobre o potencial de transformação em pessimismo excessivo (Rodrik). Superado o pessimismo pode-se reconsiderar o papel do Estado no desenvolvimento.

A oscilação do pendulo não representaria uma volta ao passado, mas sim a legitimação das ações do Estado em instrumentos efetivos para a obtenção de fins coletivos.

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Pêndulo: é possível alcançar um ponto médio eficiente?

Interesses públicos x empresariais em conflito. Prerrogativas do interesse privado.

Revisão ideológica necessária Questão global: EUA é reticente em aceitar

bens públicos globais: meio ambiente, paz, combate a pobreza.

Confronto x cooperação internacional. Visão do modelo liberal.

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O que está errado nesta foto?

 

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Bens públicos

O por do sol não é um bem excludente, pois não se pode excluir os que não pagam de usufrui-lo.

Outros exemplos de bens não-excludentes são defesa, faróis e fogos de arifício.

Empresas privadas tendem a subproduzir bens não-excludentes porque os consumidores tem pouco incentivo para pagar por eles.

Bens públicos são Public tanto não excludentes como também não rivais.

www.econoclass.com/whatswrongwithpicture.html

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Bens públicos

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Bens públicos

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Bens públicos• Iluminação pública• A lei• TV aberta

Rival

Não rival

Exclusivo Não exclusivo

Bens privados• alimentos• automóveis

Bens comuns• peixes no mar aberto• atmosfera

Bens “clube”• TV a cabo

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Bens públicos globais

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Bens públicos globais

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Paz

Estabilidade financeira

Controle da malaria

Paz

Valor para países desenvolvidos

Valor para países em desenvolvimento

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Bens públicos globais

Assimetrias de poder: os países mais poderosos podem bloquear e vetar qualquer exercício de autoridade sobre questões globais relativas aos bens públicos globais.

Meio ambiente: tratado de Kioto Regulação financeira: Acordo de Basiléia Saúde e alimentação: acesso a medicamentos,

combate a pobreza Acesso ao conhecimento: creative commons, open

science.

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Protocolo de Kyoto Evento realizado em Kyoto, Japão em 1997 que

decidiu por consenso adotar um Protocolo segundo o qual os países industrializados reduziriam suas emissões combinadas de gases de efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990 até o período entre 2008 e 2012.

Esse compromisso, com vinculação legal, promete produzir uma reversão da tendência histórica de crescimento das emissões iniciadas nesses países há cerca de 150 anos.

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Posicionamento em relação à efetivação do Protocolo de Kyoto. Estados Unidos: é um dos países que mais emite gases

poluentes, cerca de 25% do total expelido no mundo, apesar disso não se comprometeu com as metas de redução do Protocolo de Kyoto. Segundo os líderes norte-americanos, o país não aderiu, pois tal decisão embargaria o crescimento econômico do país.

Brasil: é totalmente a favor do protocolo e não aprova a displicência dos Estados Unidos em relação a essa questão.

União Européia: é constituída por quinze países, pois se trata de um bloco econômico, todos os componentes do bloco se posicionaram a favor da aplicação efetiva das metas propostas pelo Protocolo de Kyoto e reprova as articulações norte-americanas.

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Posicionamento em relação à efetivação do Protocolo de Kyoto.

Rússia, a partir de 1991, entrou em declínio e o país deixou de ser uma potência mundial, pois antes o estado russo ocupava o terceiro lugar em emissão, no entanto, com a decadência da ex-União Soviética aliada ao desmoronamento da economia não se fez necessário estipular metas de redução, como não ocorreu crescimento não aumentou a emissão.

China: apresenta o segundo percentual de emissão de gases poluentes do mundo, porém, sua condição de nação subdesenvolvida dá direito a nenhum cumprimento de metas de redução estipulada pelo protocolo, fato que indignou os líderes norte-americanos.

Japão: ocupa o quarto lugar em emissão de gás-estufa, o país é mediador nas negociações entre os países, recentemente seu apoio é disputado entre EUA e UE. Austrália: se mostra favorável ao Protocolo, mas, para a inserção efetiva e submissão das propostas, exige que os EUA se integrem ao grupo de adeptos às reduções.

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O futuro... Liberalismo solidário: volta ao welfare state é

possível? Funções do Estado: “mais robusta com menos

peso” – prioridade para a segurança interna e internacional. Mais repressão , menos solidariedade?.

Co-produção de serviços públicos? Sinergia entre Estado e sociedade: saída entre a falta de capacidade atual e gerar grupos de apoio menos ambivalentes.

Estado de menor peso carece de capacidade para prover serviços públicos?

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Fluxos financeiros globais

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