paulo e a pregação itinerante

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Paulo e a pregação itinerante Ter, 03/02/2015 por Ciro Sanches Zibordi Artigo publicado na revista Obreiro Aprovado (CA!", ano 3#, n$%ero #& aulo 'oi u% pregador itinerante %uito di'erente de ual uer u% na terra+ As cartas ue ele escreveu igre)a de Corinto, especia de %aior cunho pessoal -, revela% co%o era a sua vida di*ria e o procedi%ento co%o pregador e ap.stolo+ as, na sua prega o aos presb teros (anci os" de 'eso, e% ileto, no retorno de sua te %ission*ria, identi'ica%os algu%as %arcas de u% verdadeiro pregad 4vangelho na vida de aulo, as uais 'ora% enu%eradas pelo pr.pri (At 20+1 617"+ Servo de Jesus Cristo e humilde Cha%a a aten o, e% Atos dos Ap.stolos e nas ep stolas paulinas, e%prego do ter%o 8Senhor 9esus Cristo:, o ual ; usado pelo ap.st por %ais de setenta ve<es+ 4sse t tulo, de %odo sint;tico, revel Senhor (=c 2+11", o Salvador - pois este o signi'icado do no%e 9e 1+21" - e o Cristo, o ungido de !eus (=c >+1 "+ 4% outras palavr conte%pla tr?s tipos de relaciona%ento de 9esus@ o !ele para co% o Cristo o !ele para conosco, co%o o Salvador e o nosso relacio para co% 4le, co%o servos, ha)a vista ser 4le o Senhor+ Ba prega o aos presb teros de 'eso, aulo asseverou ue, duran e% ue esteve na prov ncia da sia, testi'icou 8tanto aos )udeus gregos, a convers o a !eus, e a '; e% nosso Senhor 9esus Cristo: 4le uis di<er ue n o pregava u% 4vangelho inco%pleto, parcial, 9esus era apenas o Salvador, por eDe%plo+ 4le 'a<ia uest o de e 9esus ; o Senhor, o Salvador e o CristoE Bos dias atuais, poucos pregadores ue 'ala% do Senhor 9esus Cristo+ uitos se uer en'ati 9esus ; o Salvador, visto ue s. prega% sobre prosperidade 'inanc Calvino declarou ue o 8apostolado de aulo era algo para o louvo por uanto ele 'oi trans'or%ado de ini%igo e% servo: (CFSTA, p+ #5 'a<ia )us ao t tulo de 8servo de 9esus Cristo: (G% 1+1", u%a ve< !eus e% seu esp rito (v7", sendo, portanto, u% verdadeiro adorad >+23,2>"+ aulo se%pre se portou co%o servo do Senhor, co% toda a hu%ildade, dando toda a gloria a 9esus (1Co 7+1# e Hl 2+20", o u di' cil, pois o ser hu%ano te% u%a tend?ncia egolatria e ant Iouve u%a tentativa de idolatrar aulo e Jarnab;, e% sua pri%eira %ission*ria, %as eles lutara% brava%ente contra isso e dera% toda 9esus (At 1>+1161 "+ 4les dissera% aos ue ueria% lhes prestar c ta%b;% so%os ho%ens co%o v.s, su)eitos s %es%as paiDKes: (v15"+

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Paulo e a pregao itineranteTer, 03/02/2015 por Ciro Sanches ZibordiArtigo publicado na revistaObreiro Aprovado(CPAD), ano 36, nmero 67

Paulo foi um pregador itinerante muito diferente de qualquer um que j andou na terra. As cartas que ele escreveu igreja de Corinto, especialmente as de maior cunho pessoal , revelam como era a sua vida diria e o seu procedimento como pregador e apstolo. Mas, na sua pregao aos presbteros (ancios) de feso, em Mileto, no retorno de sua terceira viagem missionria, identificamos algumas marcas de um verdadeiro pregador do Evangelho na vida de Paulo, as quais foram enumeradas pelo prprio apstolo (At 20.18-19).

Servo de Jesus Cristo e humilde

Chama a ateno, em Atos dos Apstolos e nas epstolas paulinas, o frequente emprego do termo Senhor Jesus Cristo, o qual usado pelo apstolo Paulo por mais de setenta vezes. Esse ttulo, de modo sinttico, revela que Jesus o Senhor (Lc 2.11), o Salvador pois este o significado do nome Jesus (Mt 1.21) e o Cristo, o ungido de Deus (Lc 4.18). Em outras palavras, esse ttulo contempla trs tipos de relacionamento de Jesus: o Dele para com o Pai, como o Cristo; o Dele para conosco, como o Salvador; e o nosso relacionamento para com Ele, como servos, haja vista ser Ele o Senhor.

Na pregao aos presbteros de feso, Paulo asseverou que, durante o tempo em que esteve na provncia da sia, testificou tanto aos judeus como aos gregos, a converso a Deus, e a f em nosso Senhor Jesus Cristo (At 20.21). Ele quis dizer que no pregava um Evangelho incompleto, parcial, dizendo que Jesus era apenas o Salvador, por exemplo. Ele fazia questo de enfatizar que Jesus o Senhor, o Salvador e o Cristo! Nos dias atuais, poucos so os pregadores que falam do Senhor Jesus Cristo. Muitos sequer enfatizam que Jesus o Salvador, visto que s pregam sobre prosperidade financeira.

Calvino declarou que o apostolado de Paulo era algo para o louvor de Deus, porquanto ele foi transformado de inimigo em servo (COSTA, p. 65). Paulo fazia jus ao ttulo de servo de Jesus Cristo (Rm 1.1), uma vez que servia a Deus em seu esprito (v9), sendo, portanto, um verdadeiro adorador (Jo 4.23,24). Paulo sempre se portou como servo do Senhor, com toda a humildade, dando toda a gloria a Jesus (1Co 9.16 e Gl 2.20), o que muito difcil, pois o ser humano tem uma tendncia egolatria e antropolatria. Houve uma tentativa de idolatrar Paulo e Barnab, em sua primeira viagem missionria, mas eles lutaram bravamente contra isso e deram toda a glria a Jesus (At 14.11-18). Eles disseram aos que queriam lhes prestar culto: Ns tambm somos homens como vs, sujeitos s mesmas paixes (v15). Como tm se portado os pregadores itinerantes da atualidade? Do eles toda a glria ao Senhor (Is 42.8), ou no se importam que as pessoas tacitamente os idolatrem?

s vezes, Paulo gostava de apresentar seu curriculum vitae. Mas o que ele mais valorizava no era a sua fama no judasmo. Ele preferia fazer meno das aflies, privaes e angstias, alm dos aoites, prises, tumultos, viglias e jejuns em prol da obra do Senhor (2Co 6.4-10). No seu currculo constavam tambm os 39 aoites recebidos dos judeus pelo menos cinco vezes! E no somente isso. Ele lembrava os seus discpulos de que fora fustigado com varas trs vezes, sofrera trs naufrgios, apedrejamentos, perigos de salteadores e assassinos, etc. (11.29).

Quando necessrio, o pregador Paulo at mostrava suas credenciais de apstolo, apontava para as multides convertidas pelo Evangelho que pregava com simplicidade e no poder do Esprito, mas no fazia isso por soberba (2Co 3.1-4). Ele sempre lembrava seus discpulos de que ele era um mero servo de Jesus Cristo, assim com todos os outros, que fora chamado para exercer o ministrio de apstolo, pregador e mestre. Ele enfatizava que o seu sucesso em ganhar pessoas para Cristo se devia graa de Deus, e no sua capacidade (1Co 3.5-9). Ele pontificava que Deus requeria de todos obreiros que fossem fiis e deixassem de lado a competio, a rivalidade, resistindo tentao de uns quererem ser mais bem-sucedidos que outros (4.1-3).

Ao contrrio dos animadores de auditrio, pregadores malabaristas e milagreiros, ele era avesso ideia de ter um f-clube. E, por isso, evitava a ostentao e o emprego de linguagem rebuscada em suas ministraes, pregando somente a Cristo crucificado e evitando batizar muitas pessoas (1Co 1.14-23 e 2.1-5). Ele no queria que as pessoas se agregassem igreja por causa de seus talentos e erudio, e sim pelo poder do Evangelho (1Ts 1.5).

Os pregadores da atualidade que querem viver como celebridades realmente no devem apreciar a vida de Paulo, que vivia sob constante ameaa de morte, sendo considerado um espetculo para o mundo, um louco, desprezvel e fraco (1Co 4.9-10). Paulo no era um superpregador. Em diversas ocasies, foi esbofeteado e no tinha moradia certa ou casa prpria; e tambm passou fome, sede e nudez (v11 e Fp 4.10-13). Ele trabalhava de dia e de noite, at cansar, a fim de garantir seu sustento (1Co 4.12). E, em vez de ser aplaudido como certos pregadores que so convidados para programas de entrevistas para fazer a plateia rir , ele era injuriado, caluniado e considerado o pior tipo de pessoa do mundo. O que fazia ele diante disso? Ele no revidava, mas dizia: somos blasfemados e rogamos; at ao presente, temos chegado a ser como o lixo deste mundo e com a escria de todos (v13).

Homem de lgrimas e corajoso

Paulo disse aos presbteros efsios que servia ao Senhor, tambm, com muitas lgrimas e tentaes que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram (At 20.19). Quando ele mencionou lgrimas, referiu-se ao seu sofrimento e tambm aos seus momentos de orao, em que ele prostrado diante do Senhor derramava lgrimas na presena do Senhor, intercedendo pelos crentes da sia. Muitos questionam o costume de orarmos de joelhos, querendo saber de onde ele veio. A orao de joelhos era comum nos tempos da igreja primitiva (21.5), mas esse costume j existia desde os tempos veterotestamentrios (Ed 9.5; Sl 109.24 e Dn 6.10). Chama a ateno, no Novo Testamento, as menes textuais a quatro pregadores que se puseram de joelhos: Jesus Cristo (Lc 22.41); Estvo (At 7.60); Pedro (9.40); e Paulo. Este, depois de pregar aos presbteros de feso, em Mileto, ps-se de joelhos, e orou com todos eles (20.36). E, ao escrever aos crentes de feso, afirmou: me ponho de joelhos (Ef 3.14).

Paulo era um homem que sempre orou e jejuou (At 13.2,3). Essas duas coisas, alis, esto casadas (Mc 9.29 e At 14.23). O jejum deve fazer parte da vida do pregador itinerante, mas ao lado da orao. Tanto que o Senhor Jesus, no Sermo da Montanha, ao ensinar-nos a orar, menciona, logo em seguida, o jejum, mostrando que este s eficaz quando em conexo com aquele: tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tu porta, ora a teu Pai, que v o que est oculto; e teu Pai, que v o que est oculto, te recompensar. [...] E, quando jejuardes, no vos mostreis contristados como os hipcritas, [...] para no pareceres aos homens que jejuas, mas sim a teu Pai, que est oculto (Mt 6.6-18).

O pregador Paulo tambm tinha ousadia para superar as ciladas dos judeus incrdulos. Ele era corajoso e falava ousadamente acerca do Senhor (At 14.3), no temendo as perseguies. Um pregador itinerante sem ousadia, coragem, no pode fazer a obra do Senhor; ele precisa dessa qualidade sobretudo nos momentos mais difceis (4.31). A ousadia atua em conjunto com a nossa confiana de que o Senhor o nosso Ajudador (Hb 13.5,6). E Paulo era um pregador itinerante to ousado, a ponto de no se intimidar com os perigos e ameaas. No retorno de sua terceira viagem missionria, sabendo do dio que havia em Jerusalm contra ele, declarou: eu estou pronto, no s a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalm pelo nome do Senhor Jesus (At 21.13).

Como pregador itinerante, Paulo enfrentou a morte vrias vezes. Em alguns momentos, ele chegou a pensar que a sua hora de partir havia realmente chegado (2Co 1.8-9). Ele passou por constantes sofrimentos e angstias por causa das igrejas e seus membros, individualmente, com os quais se preocupava muito, a ponto de lhes dizer: em muita tribulao e angstia do corao, vos escrevi, com muitas lgrimas, no para que vos entristecsseis, mas para que conhecsseis o amor que abundantemente vos tenho (2.4). Ele era perdoador e pacificador, no querendo que os irmos vivessem em contenda ou alimentando mgoa ou dio em seu corao (v7-8).

Pregador cristocntrico e cheio do Esprito Santo

Pregar o evangelho significa anunciar toda a verdade acerca de Cristo contida nas Santas Escrituras. E, quando isso acontece, o Senhor coopera, confirmando a pregao com sinais (Mc 16.15-20 e Ef 6.17). O poder do evangelho reside, pois, na apresentao de toda a verdade da Palavra de Deus, e no em argumentaes humanas, ainda que sejam coerentes e satisfaam as exigncias do limitado raciocnio humano. [...] O evangelho que Paulo proclamava no se resumia em palavras. Ele expunha a Palavra de Deus, e o Esprito Santo fazia a sua parte (ZIBORDI, 2006, p. 170-171).

A pregao de Paulo aos presbteros de feso revela que ele era cheio do Esprito Santo e pregava uma mensagem cristocntrica (At 20.20-23). Paulo testificava tanto a judeus como a gentios o arrependimento para com Deus e a f em nosso Senhor Jesus (v21 - ARA). Quando ele aconselhou Timteo a pregar a Palavra (2Tm 4.2), tinha autoridade para fazer isso, pois jamais pregou o que as pessoas desejavam ouvir, e sim o que recebera do Senhor, o que convinha s doutrina, o que o povo precisava ouvir (1Co 11.23 e Tt 2.1). Segue-se que imprescindvel para o pregador itinerante manejar bem a Palavra da verdade (2Tm 2.15), assim como Paulo a manejava (At 13.13-45).

Paulo disse aos presbteros de feso que iria a Jerusalm sem saber o que lhe aconteceria ali, seno o que o Esprito Santo, de cidade em cidade, me revela (At 20.22-23). Ele era cheio do Esprito. E todo pregador que se preza tambm deve s-lo. Alis, o maior evangelista do sculo XX, em sua obra O Esprito Santo, afirmou que apropriado dizer que todo cristo no cheio do Esprito incompleto. A ordem de Paulo aos cristos de feso, enchei-vos do Esprito, vlida para todos os cristos, em qualquer poca, em qualquer lugar. No h excees (GRAHAM, 1988, p. 95).

Billy Graham, em outra obra um opsculo de grandes e repetidas tiragens na dcada de 1960 , conta que estava pregando numa igreja do Sul, h algum tempo. Um dicono compareceu embriagado. A igreja se reuniu em assembleia e o cortou da comunho. [...] Perguntei ao pastor: Todos os diconos vm cheios do Esprito Santo, aos domingos? Ele respondeu que no; eu continuei: Alguma vez o senhor os expulsou por isso? No! Eu disse ento: O senhor sabia que o mesmo versculo que diz no vos embriagueis com vinho diz tambm enchei-vos do Esprito? Isto no apenas um conselho, [...] Deus disse: Enchei-vos do Esprito (GRAHAM, 1968, p. 8).

Ser cheio do Esprito Santo muito mais que ser batizado com o Esprito ou ter dons espirituais. Ser cheio do Esprito significa ter a vida inteiramente controlada pelo Consolador (Ef 5.18). Assim como uma pessoa embriagada, cheia de bebida alcolica, por assim dizer, est sob a influncia do lcool, o pregador cheio do Esprito est sob a influncia Dele e tem a sua vida dirigida por Ele, semelhana de Filipe. E o que se destaca na biografia desse dicono-evangelista da igreja primitiva a sua obedincia. Ele pregava a multides em Samaria, quando foi chamado a partir para a estrada de Gaza, que estava deserta, e, sem questionar, dirigiu-se para l e pregou o Evangelho a um importante funcionrio da rainha Candace, da Etipia (At 8.5-27).

Como prova de que Paulo era cheio do Esprito e tinha profunda comunho com Ele, este lhe revelava muitas coisas que aconteceriam em sua vida. Isso aconteceu tambm na vida de Samuel (1Sm 9.15) e de Simeo (Lc 2.26). Deus, que conhece todas as coisas e revela os segredos (Dn 2.28), disse atravs do profeta ao Ams que no faria coisa alguma sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas (Am 3.7). Da a necessidade se termos a vida dirigida inteiramente por Ele! O esprito de Paulo, sob o controle do Esprito Santo, sentia-se compelido, no momento em que discursava em Mileto, a ir a Jerusalm. Ele, de fato, era guiado pelo Esprito de Deus (At 16.1-10) e tinha discernimento espiritual e autoridade (13.10-46), virtudes que no podem faltar a nenhum pregador itinerante (Lc 10.19, ARA e 1Rs 22.28-37).

Convicto da chamada e compromissado com a Palavra

Uma das partes mais fortes da pregao de Paulo em Mileto foi esta: em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministrio que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho da graa de Deus. [...] porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus (At 20.24-27). O pregador itinerante Paulo tomava muito cuidado para no torcer a mensagem do Evangelho (Gl 1.6-8). Ele no andava com astcia, nem procurava enganar seus ouvintes para tirar proveito financeiro deles (2Co 4.1-2). Ele jamais pregou mensagens de autoajuda, pensando em massagear os egos dos crentes e descrentes.

O seu compromisso era com a Palavra de Deus e com o Deus da Palavra. Ele vivia como um condenado morte, levando em seu corpo as marcas do Senhor Jesus (Gl 6.17), bem como suportando calnias e injrias, sofrimentos e provaes, privaes e perseguies (2Co 4.7-15). Seus ps estavam na terra, mas sua cabea j estava no cu. Ele no priorizava riquezas, propriedades e bens. Seu alvo era a glria celestial, as coisas invisveis e eternas reservadas aos santos e fiis (v16-18).

Quando ouo itinerantes fazendo apelos emocionais por causa do seu amor ao dinheiro (1Tm 6.10), lembro-me do que Paulo disse aos crentes de Corinto: no nos pregamos a ns mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e ns mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus (2Co 4.5). Se eles fossem como o pregador itinerante Paulo, no amariam o dinheiro (1 Tm 3.3 e Ef 5.5). Mas, infelizmente, pelo vil metal esto eles dispostos a fazer tudo (Nm 22.10-22; 2Pd 2.15,16 e Is 56.11). Esquecem-se de que o compromisso do pregador no com as suas prprias necessidades ou com as preferncias do povo, e sim com o Deus da Palavra e com a Palavra de Deus (Ez 2 e At 7).

Zeloso e desapegado dos bens materiais

Paulo no apenas expunha o Evangelho; ele se opunha aos erros que vinham de fora e os que surgiam entre os irmos (At 20.28-31). Ele afirmou que Deus o pusera para defesa do Evangelho (Fp 1.16). E, por isso, ops-se aos falsos apstolos de Corinto, aos quais chamou, ironicamente, de mais excelentes apstolos (2Co 11), e aos judaizantes da Galcia (Gl 1.18). Essa conduta apologtica, de defensor do Evangelho e tambm do rebanho, tambm ficou evidente em Filipenses 3.18 e Tito 1.10-11 e em outras partes de suas epstolas. De acordo com Atos 20.28, Paulo foi um legtimo defensor da Assembleia de Deus (gr.ekkesian tou theou), isto da Igreja Universal, formada pelos salvos de todas as pocas, de todas as denominaes, a qual o Senhor resgatou com seu prprio sangue.

Causa-me estranheza quando ouo de um pregador itinerante dizendo que deseja muito pastorear uma igreja, pois assim ter o seu sustento garantido e no precisar mais viajar. O pregador itinerante verdadeiramente chamado por Deus no viaja, sobretudo, porque quer ou goste de viajar, ou ainda porque precisa manter sua famlia. A pregao itinerante no uma profisso como qualquer outra. Quem recebeu de Deus um ministrio itinerante tem como motivao principal o chamamento divino. E todas as outras coisas, inclusive, o sustendo financeiro vm como consequncia, pois o Senhor se encarrega de tudo.

O pregador Paulo disse: De ningum cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste. [...] Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, necessrio auxiliar os enfermos e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa dar do que receber (At 20.33-35). Alguns itinerantes, mal-orientados ou mal-intencionados, dizem que no exigem cachs para pregar, mas empregam tcnicas reprovveis para arrancar tudo o que for possvel dos incautos, como dinheiro, relgios, alianas, cheques, etc. E alguns ainda acham que isso um dom especial que receberam do Senhor. Faam-me o favor!

Paulo passou muitas privaes e teve de trabalhar arduamente para no ser pesado s igrejas; e a responsabilidade de cuidar delas pesava constantemente sobre seus ombros. Mesmo assim, no queria receber oferta para no dar motivo para o acusarem de mercenrio (2Co 11.7-9). O pregador Paulo no vivia da itinerncia, ao contrrio de muitos, hoje, que reivindicam isso e at afirmam que a pregao itinerante uma profisso como qualquer outra. Ele trabalhava para se sustentar, visto que muitos criticavam os pregadores que viviam do Evangelho e diziam erroneamente que eles no tinham o direito de receber sustento da igreja (1Co 9.1-12).

Ao se despedir dos presbteros de feso, em Mileto, Paulo foi abraado afetuosamente por todos (At 20.36-38). Ele deixou saudades (cf. 2Cr 21.20). A Grande Comisso consiste em pregar o Evangelho e ensinar a s doutrina, fazendo discpulos de todos os povos e batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Esprito Santo (Mc 16.15,16 e Mt 28.19). E o pregador itinerante no prega apenas com as palavras; ele prega com a sua vida. Seu comportamento observado pela igreja. E, se a sua conduta e a sua postura forem condizentes com a Palavra de Deus que ele prega, isso contribuir para a formao de discpulos (At 13.46-52 e 14.19-28). Essa mais uma misso do pregador itinerante: deixar discpulos de Jesus Cristo em vrios lugares (1Co 11.1).

*Ciro Sanches Zibordi pastor na Assembleia de Deus em Niteri-RJ, articulista e autor dos livros:Erros que os Pregadores Devem Evitar,Evangelhos que Paulo Jamais PregariaeErros Escatolgicos que os Pregadores Devem Evitar, publicados pela CPAD.

REFERNCIASCOSTA, Hermisten.Calvino de A a Z. 1. ed. So Paulo: Editora Vida, 2006.GRAHAM, Billy.A Plenitude do Esprito e como Obt-la. 3. ed. So Paulo: Edies Enas Tognini, 1968.________.O Esprito Santo. 1. ed. So Paulo: Edies Vida Nova, 1988.ZIBORDI, Ciro Sanches.Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.