paulo de tarso ok

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Introdução “Bom noite a todos. Hoje nós vamos falar sobre “Paulo de Tarso e a Estrada de Damasco e os nossos processos de decisão”. Por que Paulo de Tarso? Será que serve para os dias de hoje? Ou será que é algo que estudamos para entender como aconteceu? Toda vez que nós recorremos aos textos bíblicos é na tentativa de trazer para os dias de hoje aquele conhecimento, aquele símbolo, aquela situação e pensar como tudo isso pode ser utilizado. Quem foi Paulo de Tarso Paulo não teve contato pessoal com Jesus, porém foi seu contemporâneo e considerado um dos seus apóstolos, porque foi ele quem levou a mensagem do Cristo para vários lugares e povos. Nasceu em Tarso, na Grécia, falava grego, hebreu e aramaico e foi discípulo de Gamaliel, um grande mestre com quem Estevão também estudou. Seu nome inicial era Saulo. Ocupou cargo de hierarquia como escriba, um Doutor da Lei. Era hábito, entre os hebreus, a pessoa ter uma profissão para não fazer da religião a sua profissão e Paulo nos mostra isto, trabalhava para se sustentar, ele construía tendas. Paulo de Tarso era uma pessoa de temperamento forte, decidido, focado, estudioso, e manteve essa personalidade até o momento em que ocorreu a grande transformação, ocasião em que ele precisou se reposicionar diante da vida, porém usando sempre da mesma energia. Assim, com a mesma força e coragem que perseguiu os seguidores do Cristo, ele também defendeu

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Page 1: Paulo de Tarso Ok

Introdução“Bom noite a todos. Hoje nós vamos falar sobre “Paulo de Tarso e a Estrada de

Damasco e os nossos processos de decisão”. Por que Paulo de Tarso? Será que serve para os dias de hoje? Ou será que é algo que estudamos para entender como aconteceu? Toda vez que nós recorremos aos textos bíblicos é na tentativa de trazer para os dias de hoje aquele conhecimento, aquele símbolo, aquela situação e pensar como tudo isso pode ser utilizado.

Quem foi Paulo de Tarso

Paulo não teve contato pessoal com Jesus, porém foi seu contemporâneo e considerado um dos seus apóstolos, porque foi ele quem levou a mensagem do Cristo para vários lugares e povos. Nasceu em Tarso, na Grécia, falava grego, hebreu e aramaico e foi discípulo de Gamaliel, um grande mestre com quem Estevão também estudou. Seu nome inicial era Saulo. Ocupou cargo de hierarquia como escriba, um Doutor da Lei. Era hábito, entre os hebreus, a pessoa ter uma profissão para não fazer da religião a sua profissão e Paulo nos mostra isto, trabalhava para se sustentar, ele construía tendas.

Paulo de Tarso era uma pessoa de temperamento forte, decidido, focado, estudioso, e manteve essa personalidade até o momento em que ocorreu a grande transformação, ocasião em que ele precisou se reposicionar diante da vida, porém usando sempre da mesma energia. Assim, com a mesma força e coragem que perseguiu os seguidores do Cristo, ele também defendeu os postulados Cristãos após sua conversão. Nós diríamos que ele apenas mudou o foco da sua energia e da sua atenção por ser uma pessoa extremamente ligada e direcionada para as coisas que queria fazer.

 Era israelita, do ramo dos Fariseus, mas também era cidadão romano. Nas leis que  vigoravam entre os Fariseus havia 346 proibições, ou seja, 346 formas indicativas de como proceder. Ficava muito difícil errar porque a pessoa ficava extremamente sinalizada, controlada, direcionada para aquilo que deve e não deve ser feito. E eram proibições não estabelecidas pelos pais, mas sim pela religião. A religião é que trazia a mensagem, a forma direcionada pelo sagrado, pelo transcendente, por Deus. Ficava a idéia de que foi Deus que disse o que pode e o que não pode ser feito. Assim podemos entender porque havia um grande controle por parte da igreja vigente na época, uma forma bastante fácil de controlar a maneira das pessoas procederem.

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Possuía conhecimento da cultura hebraica, da cultura grega e da cultura romana. Era fácil para ele transitar por estes ambientes diferentes. Se havia perseguição aos judeus ele dizia que era romano. Se necessitava das benesses do judaísmo dizia que era judeu. Ele tinha como contornar situações difíceis o tempo todo. Se hoje nós temos muitas informações sobre Paulo é porque ele era um homem culto, sabia escrever, se comunicar, se interessava por tudo o que estava acontecendo. Precisavam fazer perguntas em tal idioma? Era ele o homem indicado para realizar a tarefa. Com isso colheu uma quantidade muito grande de informações que chegaram até nós.

Ele dizia: “Sou do povo de Israel, da tribo de Benjamin, hebreu e filho de hebreus, circuncidado no 8º dia, fui fariseu em face da lei.”, ou seja, eu sei do que estou falando, conheço a tradição, não sou um qualquer, “fui fariseu em face da lei”. Quando uma pessoa com este grau de conhecimento, com este peso, diz: “Eu mudei. Eu fiz esta passagem daqui para cá” ele está fazendo isto com conhecimento de causa. Por isso, Paulo é um grande exemplo para nós espíritas, mostrando que precisamos estudar e buscar, nas raízes da vivência humana, o nosso conhecimento, os nossos porquês, os nossos motivos.

A estrada de Damasco

No livro Paulo e Estevão, Emmanuel relata que Paulo, ainda chamado de Saulo,  era apaixonado por Abigail, irmã de Estevão. Ao saber que Ananias foi quem converteu Abigail para o Cristianismo, vai em busca dele na cidade de Damasco, na Síria. E é durante esta viagem que ocorre a sua conversão, com a visão que ele tem de Jesus e a ocorrência do diálogo com o Divino Mestre. Como homem inteligente que era, entende rapidamente o que está acontecendo e imediatamente se posiciona diante de uma situação verdadeira e inquestionável, e diz: “Senhor, que queres que eu faça?”. Em seu íntimo, diz, “Acabou, eu não preciso mais que a verdade.” Neste momento é que há a sua conversão para o Cristianismo e a mudança de seu nome de Saulo para Paulo.

Paulo passa por esse processo de transformação de uma maneira rápida, porém o conhecimento dos postulados cristãos ele só vai adquirir gradativamente. Não basta a transformação e a constatação, a construção é gradativa. Isso acontece com todos nós quando encontramos dificuldades para entender e aplicar um novo conhecimento

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em nossa vida. Uma conversão é a adesão a um novo conjunto de princípios e valores. É uma mudança de caminho baseada em novos valores. Assim, quando nós chegamos à conclusão que certos princípios religiosos já não nos servem mais, e estamos precisando dar um novo sentido à nossa vida, nós estamos falando de significado de vida, nós não estamos falando pura e simplesmente de um processo racional, mas de significado da vida. A decisão é rápida, porém o engajamento na nova situação é gradativo.

As grandes decisões

Jesus não propôs uma nova religião, mas uma mudança de paradigma nas relações humanas, um novo jeito de se relacionar, o amar o próximo como a si mesmo. O paradigma ideal é a auto estima. Não existe relação de amor entre as pessoas que não esteja baseada na auto estima. Auto estima não é se achar o máximo, isso é orgulho. Auto estima é reconhecer os próprios valores, os pequenos passos que damos em busca da evolução moral e intelectual. Aí sim, plenamente consciente do que eu sou eu posso reconhecer o valor do outro, o valor do relacionamento. Emmanuel diz: “o casamento é um regime de convivência, no qual duas pessoas confiam uma na outra no campo da assistência mútua”.

Paulo não estava dominado pela falta de auto estima ou pelo medo. Ele tinha convicção de estar em condições de trabalhar dentro do campo do Senhor, de ser avaliado dentro da justiça, e dizia: ”Senhor, pode me avaliar”.  Por que, em suas cartas, ele fala muito do processo de suas lutas interiores? Ele dizia: “Esta é a boa luta. Quando eu olho para mim e vejo as minhas deficiências, as minhas carências, as minhas necessidades, eu trabalho fortemente para crescer e para corrigir”. Ele não buscava o erro do outros e sim os seus erros, lutando consigo mesmo, interiormente. Dizia ainda: “seja aquilo que você é, não aquilo que é fruto da aprovação dos outros”.

Em nossas vidas, inúmeras vezes, como Paulo de Tarso, precisamos trombar com situações verdadeiramente difíceis para haver transformação e mudança de rumos. Um exemplo disso nós temos no filme Titanic. Depois que a heroína é resgatada e perguntam o nome dela, ela dá o nome com o sobrenome do rapaz por quem ela havia se apaixonado. Ela está se dirigindo a um novo lugar, para uma terra prometida, então coloca um novo nome e diz: “Eu estou renovada, eu estou transformada, as minhas emoções foram reavaliadas”. Titanic é um filme

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extremamente simbólico mostrando que para acordar, muitas vezes, precisamos de um grande choque, de um grande confronto em nossas vidas. Trombar simbolicamente com uma grande massa de gelo, mergulhar simbolicamente em águas profundas, para sairmos renovados e com uma nova identidade.

A partir do momento que adotarmos essa nova realidade, estamos regenerados, seremos uma nova pessoa em Cristo. Estaremos realizando o nosso processo de transformação. É isto que importa.  Paulo ensinava: “Assim, realiza em ti, este homem novo, regenerado, santificado. Uma vez que você é filho de Deus, viva também como filho de Deus”. Veja se o seu comportamento, como Paulo insiste em apregoar, é coerente com aquilo que você diz, com aquilo que você prega, com aquilo que você aparenta. Viva como filho de Deus. O filho de Deus é justo, é equilibrado, ele aprende, ele modifica e mais ainda ele se modifica. O filho de Deus está em constante processo de transformação, tentando caminhar dentro das Leis de Deus. E Paulo, completa: “Se viveres como filho do Pai celeste, viverás como irmão de todos os homens e saberás como tratar os teus semelhantes. Somos filhos da luz, filhos do dia, não somos da noite, não somos das trevas”.

Paulo identifica o fazer com o ser. Diz ainda: “Você escolhe andar nas trevas. Por que você se subjuga? Por que você esconde a sua verdadeira natureza? Isto vai te causar sofrimento. Se você romper o medo você vai se expressar de acordo com a sua natureza divina, sagrada, espiritual, em processo, ainda não perfeita, mas potencialmente perfeita”. Deus nos criou prontos, mas, o trabalho de aflorar esta maravilha que Deus criou, cabe a cada um de nós. Diz Paulo, ainda: “Vigiemos pois e sejamos sóbrios”. Veja, ele não nos diz para sermos tristes, taciturnos. É ser alegre, mas alegre com consciência, alegre sabendo o que está fazendo. Ser alegre não é ser inconseqüente. Não aquele sedutor que está querendo, com um sorriso, trazer o outro para o seu campo de interesses, mas aquele que, por ser filho da luz, aquele que por ser irmão, aquele que trata o seu semelhante com justiça, com equilíbrio, com amor, com sabedoria, com alegria, diz: “Seja alegre,   mas veja bem se você, juntamente com a alegria, tem o equilíbrio”.

Para encerrar eu trouxe para vocês uma pequena história. Uma criança tentando testar o seu mestre, preparou-lhe uma cilada. Apanhou um filhote de ave e prendeu em suas mãos. O que ele planejava? Confundir o seu mestre, perguntando se a ave estaria viva ou morta. Perguntou: “Mestre, eu tenho uma ave aqui na minha mão. Ela está viva ou ela esta morta?”. Porém, mestre é mestre. Se o  professor respondesse que estava morta ele a soltaria. Se ele falasse, ela está viva, ele apertaria a ave até matá-la. E assim provaria que o professor estava em erro qualquer que fosse a

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resposta dele. No entanto o mestre respondeu: “A vida desse filhote está em suas mãos. Você tem a liberdade de pegar este pássaro, soltá-lo ou de esmagá-lo".

 A nossa vida é este pássaro. A responsabilidade é exclusivamente de cada um de nós. Como é que você vai se cuidar daqui para frente? Você vai piorar a sua situação ou vai entender o que houve e escolher o que é melhor em termos de crescimento? Nós nascemos com o potencial de justiça. Temos condições de avaliar. Sabemos o que devemos ou não devemos fazer numa situação de conflito. É só parar um pouquinho sem medo, sem escamotear a verdade e adotar aquilo que sabemos que tem que ser feito. A vida devolve com amor todo ato de amor que praticamos e devolve com dor as escolhas infelizes que fazemos. Na verdade só existe o bem, o mal é uma negação transitória do bem.

Assim, vamos visualizando a imagem luminosa de Jesus à nossa frente. Vamos imaginando o Mestre Divino nos perguntando: Por que o conflito? Por que este sofrimento? Por que esta situação difícil? E, como Paulo, vamos buscando na Lei de Deus, naquilo que Jesus nos ensina, a orientação para o nosso processo de escolha. Ou  nos escravizamos na ignorância ou nos libertamos para voar em direção a Deus.