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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO. VALDEMAR BARANKIEVICZ PATRULHA ESCOLAR- UMA FILOSOFIA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA EM APOIO ÀS ESCOLAS CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO.

VALDEMAR BARANKIEVICZ

PATRULHA ESCOLAR- UMA FILOSOFIA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA EM APOIO ÀS ESCOLAS

CURITIBA

2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO.

VALDEMAR BARANKIEVICZ

PATRULHA ESCOLAR- UMA FILOSOFIA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA EM APOIO ÀS ESCOLAS

Artigo apresentado como requisito final ao término de curso de

Pós Graduação na disciplina de “Gerenciamento Integrado em

Segurança Pública”.

Orientador: Professor Marcio Adriano Anselmo.

CURITIBA

2012

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Patrulha Escolar- Uma Filosofia De Polícia Comunitária Em Apoio Às Escolas Valdemar Barankievicz1

Resumo

Atualmente as escolas estão vivenciando tempos difíceis, em que situações de naturezas diversas e alheias ao caráter educacional, ocorrem tanto no entorno, quando no interior dos educandários e que nem sempre os profissionais da educação estão devidamente preparados para o enfrentamento. Desta forma o presente trabalho sob forma de divulgação, faz relatos de casos e assim dá ênfase à participação da Patrulha Escolar, com o perfil de Polícia Comunitária, em apoio às Escolas no Município de Irati PR. Tais escolas, embora tranqüilas, diariamente registram fatos que perturbam a rotina educacional. Neste trabalho, foi levado em conta o fato de o autor estar inserido diretamente na linha de frente das atividades da Polícia Militar como 3º Sargento e responsável pelo policiamento da área. Dentro desta abordagem foi discutida a postura do professor nas ocorrências, tanto no ato de indisciplina, quanto infracional envolvendo membros da escola. Também foi discutido qual avaliação que estes profissionais dão para o trabalho da PEC (Patrulha Escolar Comunitária) em seu auxílio. Tal avaliação foi medida por questionário direcionado aos docentes em questão. Conclui-se que a participação da família na mediação de conflitos, é de fundamental importância para um desfecho mais positivo possível. A estrutura familiar é tida como fator influenciador na educação onde a ausência de tal estrutura, terá como resultado filhos revoltados e sem comprometimento com seu próprio futuro. Concluiu-se que manter uma escola perfeita e sem problemas, é utopia diante da série de complexidade existente nestes ambientes. Porém é notável que quando todas as partes que compreendem uma comunidade escolar exercem com exatidão suas funções, os problemas tendem a serem minimizados.

PALAVRAS- CHAVE- Escola; professor; ato infracional; família; Patrulha Escolar

Comunitária.

                                                            1  Valdemar  Barankievicz  incluiu  na  PMPR  no  ano  de  1991  e  atualmente  exerce  a  função  de  2º  Sargento, formado  pela  Academia Militar  do Guatupê,  graduado  em  Licenciatura  em História  pela UNICENTRO,  atua desde 2006 na Patrulha Escolar Comunitária, atendendo de  forma contínua as escolas do Município de  Irati, além de dar suporte para as escolas das cidades Inácio Martins, Teixeira Soares, Fernandes Pinheiro, Rebouças, Rio Azul e Mallet. Email [email protected]

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Abstract

Currently the schools are living deeply difficult times, where situations of diverse and other people's natures to the educational character, occur in such a way in entorno, when in the interior of the educational establishments and that nor always the professionals of the education duly are prepared for the confrontation. In such a way the present work under spreading form, thus makes stories of cases and of the emphasis to the participation of the Pertaining to school Patrol, with the profile of Communitarian Policy, in support to the Schools in the City of Irati PR. Such schools, even so calm, daily register facts that disturb the educational routine. In this work, responsible Sergeant and for the policing of the area was taken in account the fact of the author to be inserted directly in the line of front of the activities of the Military Policy as 3º. Inside of this boarding the position of the professor in the occurrences was argued, as much in the act of indiscipline, how much infracional involving members of the school. Also which evaluation was argued that these professionals give for the work of the PEC in its aid. Such evaluation was measured by questionnaire directed to the professors in question. One concludes that the participation of the family in the mediation of conflicts, is of basic importance for a possible more positive outcome. The familiar structure is had as influenciador factor in the education where the absence of such structure, as will have resulted rebelled children and without comprometimento with its proper future. One concluded that to keep a perfect school and without problems, it is utopia ahead of the series of existing complexity in these environments. However she is notable who when all the parts that understand a pertaining to school community exert with exactness its functions, the problems tend to be minimized.  

KEYWORDS: School; professor; infracional act; family; Communitarian Pertaining

to school patrol. 

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO. 2. METODOLOGIA 3 A ABORDAGEM DOS PROBLEMAS. 3.1 A Relação entre alunos, Escola e a Patrulha Escolar.

4. A EQUIPE PEDAGÓGICA E SUA ATUAÇÃO. 5. A ATUAÇÃO DA PATRULHA ESCOLAR NO PERFIL DE POLÍCIA COMUNITÁRIA. 5.1. A Implantação da PEC no Paraná.

6. A ATUAÇÃO DA PEC E A AVALIAÇÃO DOS EDUCADORES. 6.1 O levantamento físico das escolas.

6.2 O Policiamento no entorno dos educandários

6.3 O policial da PEC dentro da Escola.

6.4. Vizinhança Segura.

7 PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência).

8 CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BOBLIOGRÁFICAS ANEXO

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1. INTRODUÇÃO. Este trabalho de pesquisa propõe um relato empírico sobre o trabalho

realizado pela Polícia Militar do Paraná nas Escolas Públicas e particulares do

Estado através do policiamento especializado do Batalhão de Patrulha Escolar

Comunitária.

O trabalho foi à cidade de Irati, territorialmente, fundamentado pelos

resultados dos questionários desenvolvidos nas escolas com dados quantitativos,

onde além de conhecer o conceito dos alunos e educadores, terá como problema: a

intervenção da PM (Polícia Militar) nos assuntos relacionados à educação possui a

aprovação dos educadores e é realmente a melhor maneira de se lidar com a

situação? Este trabalho se propõe a discutir o tema sob o ponto de vista do

pesquisador como Policial Militar e integrante do BPEC (Batalhão de Patrulha

Escolar Comunitária), atuante na área de prevenção à criminalidade junto aos

estabelecimentos de ensino na cidade de Irati e também nas cidades próximas.

Buscou-se levantar algumas indagações tais como: de que maneira a família

pode influenciar nos rumos educacionais traçados pela escola? E, como a escola

pode influenciar nos rumos educacionais traçados pela família? De igual modo,

levantarão algumas questões norteadoras (hipóteses): se já está muito claro que os

problemas do mal comportamento dos alunos ocorridos nas escolas, os autores

normalmente tratam-se de alunos oriundos de famílias com problemas na estrutura,

por que não se cria um mecanismo com a missão de tratar o problema em sua raiz?

Nesse processo, uma coisa é certa, é necessário que haja comprometimento

e interação entre os órgãos e que as ações sejam eficazes; precisa-se focar a

atenção em nossos padrões de atitudes e comportamentos; é necessário ser

criativo, tanto Escola, quanto Família, frente aos problemas surgidos

constantemente. Portanto, é fundamental pesquisar, analisar para promover um

processo de reflexão sobre o tema, verificar quais os limites e possibilidades dos

adolescentes, para que a última alternativa em relação aos jovens seja aplicação de

uma medida sócio-educativa, mas sim, aumentar a qualidade de vida,

principalmente das comunidades mais carentes, visando propiciar ao adolescente

uma melhor integração e um maior fortalecimento pessoal.

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Necessário então, tentar contextualizar a problemática sobre a origem do

desequilíbrio instalado, verificar as causas e buscar alternativas de solução,

analisando possíveis meios para minimizar a crise atual.

O problema não é novidade nem de fácil solução, exigindo também uma

análise cuidadosa, devido à sua complexidade, podendo ser abordado, pelo menos,

em três dimensões: a violência dentro da escola, a violência em torno da escola e o

modo como a escola enfrenta a questão da violência sem o apoio de uma equipe

multidisciplinar.

Entender o assunto como uma questão social e não um problema restrito aos

muros das escolas possibilita a busca por soluções eficazes tornando possível o

envolvimento de vários agentes representantes dos diferentes órgãos da sociedade

civil organizada. A Polícia Militar do Paraná, representante do Estado e também

principal responsável na prevenção e manutenção da ordem pública, em resolução

conjunta com a Secretaria Estadual de Educação, criou o BPEC, sendo definidas

como prioridade, as ações direcionadas às instituições de ensino tanto para

combater as ações violentas praticadas em seus interiores arredores, como

aproveitar o ambiente de educação para desenvolver uma cultura de paz aos seus

freqüentadores, através da interação, mediação dos conflitos, palestras com

assuntos pré-definidos como a aplicação do PROERD (Programa Educacional de

Resistência às Drogas e a Violência).

A presença do Policial no ambiente escolar, servindo como suporte de

segurança e tendo como meta principal, ações de Polícia Comunitárias, será foco

deste trabalho analisando-se sua a t u a ç ã o como vetor para a melhoria do convívio

nas escolas, bem como a avaliação e aceitação desta parceria, segundo os pontos

de vista de Diretores, Professores medidos através de questionário, para que a partir

de uma sistematização das atuações necessárias possa-se aprimorar o

relacionamento entre a Polícia e a Comunidade Escolar na tentativa de promover a

sensação de segurança nas escolas e maior eficiência nas ações.

O objetivo deste trabalho visa analisar as ações realizadas pela Patrulha

Escolar Comunitárias no Município de Irati no intuito de apoiar as escolas a prevenir

a incidência de atos violentos e promoção da nova filosofia de Policiamento

Comunitário nas escolas de Irati e seus resultados.

Também, através dos estudos direcionados, pretendemos fortalecer a idéia

de que os métodos de atuação e ação preventiva devem ser desenvolvidos

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pela escola e Polícia Militar nas escolas de Irati, priorizando o envolvimento da

família, ainda como a dinâmica mais eficaz. Também pretende-se avaliar os

conceitos dados pelos diretores, professores através do questionário, em

relação aos projetos desenvolvidos nas escolas, a forma de aplicação e a eficácia

dos projetos.

O tema em estudo se justifica em razão de que está tornando-se comum,

manchetes da mídia sobre a crescente eclosão de atitudes agressivas, que atingem

tanto a integridade física, quanto psicológica de professores e alunos. Também já

está bem claro que os fatores determinantes quanto à postura dos estudantes, tanto

no interior da Escola como fora, estão ligados a desestrutura familiar e a omissão

desta pelos assuntos escolares envolvendo seus filhos.

Por esse motivo, aumenta a preocupação de todos os integrantes da

comunidade escolar quanto aos fatos ilícitos ocorridos em locais próximos ou até

mesmo dentro da escola, fazendo-se necessária uma investigação para

compreender e encontrar alternativas possíveis de modificar essa situação. A

relevância acadêmica deste projeto decorre da necessidade de se discutir as

práticas violentas que ocorrem no âmbito escolar, identificando ações que

coíbam as mesmas, bem como avaliar se as ações já praticadas, especialmente

pela Polícia Militar, têm sua eficácia comprovada pela ótica dos diretores,

professores e alunos.

2. METODOLOGIA.

A fundamentação deste trabalho consiste no questionário aplicado aos

educadores como forma de avaliar os trabalhos dos policiais nas escolas de Irati.

Para aprofundar a reflexão sobre a referida temática serão utilizadas obras

relacionadas com o policiamento comunitário, além de utilizar os dados colhidos

através de questionário direcionado aos alunos de uma escola de Irati, pela

pedagoga Dulcelena Maria Sabóia Obrzut, em seu artigo para o PDE (Programa de

Desenvolvimento Educacional) no ano de 2011. Dulcelena exerce função na

ouvidoria do núcleo de educação de Irati e como grande parceira, acompanha os

trabalhos da PEC de Irati desde a sua implantação. Ainda para compor este

material, propiciaram-se estudos sobre a legislação vigente, no que se refere aos

direitos e deveres dos alunos e encaminhamentos de condutas infratoras.

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3. A ABORDAGEM DOS PROBLEMAS. 3.1 A Relação entre alunos, Escola e a Patrulha Escolar.

Cada vez mais, torna-se evidente o desgaste, tanto físico, quanto psicológico

dos educadores em sala de aula, assim como a equipe pedagógica das escolas, em

razão do alto grau de indisciplina dos alunos. A freqüência de atos infracionais e

indisciplina têm sido encaradas como um fardo aos educadores e que aflige escolas

de todo o Brasil e de modo mais incisivo as escolas públicas.

A violência na escola não pode ser analisada de forma isolada; ela é parte de

um processo amplo, que vai além da escola. Isso implica uma série de fatores que

dizem respeito ao contexto social como um todo. Além disso, o que está

preocupando muito todos os integrantes das comunidades escolares é o fato de que

cada vez mais, alunos das classes menores sendo advertidos. Os sextos anos, por

exemplo, estão envolvendo-se cada vez mais em atos de indisciplina e o que é pior,

ações caracterizadas como ato infracional. Os professores e orientadores, já não

possuem mais ferramentas para lidar com as diferentes situações surgidas nos

diferentes turnos de aula. Os métodos e técnicas tradicionais já não produzem os

mesmos efeitos que alguns poucos anos atrás produziam.

Dentro desta discussão, apresentaremos números apresentados no trabalho

da Professora, pedagoga e ouvidora do Núcleo de Educação de Irati. Foi realizada

uma pesquisa para a coleta de dados relativos à violência escolar. Foi utilizado

questionário, contendo questões abertas e fechadas, destinado aos 36 alunos das

duas turmas do período da tarde, do Colégio Estadual Duque de Caxias de Irati,

uma 5ª série e uma 7ª série.

Com a sistematização das respostas dos alunos pode-se evidenciar que: 44%

dos alunos não conhecem o Estatuto da Criança e do Adolescente. Já sobre

conhecer e cumprir o Regimento Escolar 56% responderam que conhecem e

cumprem “um pouco”. 44% dos alunos responderam que respeitam os colegas e são

respeitado por eles. Também 58% dos alunos concordaram que o diálogo pode ser

a solução para resolver os problemas escolares.

A escola foi considerada segura por 39% dos alunos e 72% dos alunos

responderam que às vezes presenciam casos de violência na escola. Sobre as

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formas de violências que ocorrem na escola, 28% ameaças, 5% agressões físicas,

14% agressões verbais, furtos e roubos 17%, uso de material proibido 31% e 5%

responderam que não ocorrem violências na escola.

Quanto às ameaças 19% dos alunos responderam que já foram ameaçados

por colegas. Os alunos, ainda responderam que comportamentos violentos ocorrem

com mais freqüência nos horários de entrada das aulas 17% e 25% na rua e no

entorno da escola.

Sobre o bullying 86% dos alunos sabiam seu significado. 53% dos alunos

responderam que já se comportaram de forma violenta com colegas, professores e

funcionários da escola. Na percepção de 25% dos alunos as agressões físicas

contra colegas são os comportamentos mais violentos, seguidos das agressões

verbais contra colegas 17%, agressão verbal contra professor 5%, desrespeito aos

colegas e professores 15%, ameaças 5%, 40% dos alunos não responderam esta

pergunta. Os alunos identificaram como tipos de violência que sofrem na escola:

chutes, socos, agressão verbal 7%, agressão física 29%, ameaças 14%, ameaças

no ônibus escolar 14%, bullying 7%, inimigo no ônibus 7%, não responderam 22%.

Quando os alunos sofrem violência procuram ajuda, de amigos 12%, da diretora

11%, da pedagoga 3%, de professores 3%, resolvem sozinhos 28%, não

responderam 22%. 64% dos alunos responderam que seus pais preocupam-se com

eles e estão sempre presentes na escola e 58% relatam aos pais os problemas

escolares.

A tentativa em trazer à escola os pais e envolvê-los nas situações surgidas,

cada vez mais encontra entraves. É comum se tentar contatar os pais dos alunos

autores das ações tidas como ilícitas na escola, e que, exigem a presença do

responsável pelo aluno, não se obtêm êxito. O número do telefone fornecido no ato

da matrícula ou não confere, ou quem atende do outro lado, ao perceber que é da

escola de seu filho, desliga o aparelho, pois sabe que quando a escola liga é por que

seu filho (a) “aprontou mais uma”.

No cotidiano escolar, pais que simplesmente ignoram a obrigação prevista na

legislação. (ECA Art. 129.) “São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: ... V -

obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e

aproveitamento escolar...“. O Estatuto deixa claro que os pais, além da matrícula,

têm o dever de acompanhar a freqüência e o aproveitamento escolar do filho. O

mero colocar na escola não elide a obrigação dos pais.

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A situação em que o aluno reside em área rural, distante da escola, e que o

contato com os responsáveis se dá apenas por “bilhetinho” que na maioria das

vezes não chega ao seu destinatário. Esta tática do aluno é manifestada para que

seus pais não descubram sua postura dentro da escola. Outro método aplicado é a

informação confusa dada pelo aluno sobre sua residência.

Neste aspecto, as escolas não possuem estrutura alguma para lidar com esta

situação. Não há obrigação legal de alguém da escola deslocar até a residência de

aluno, seja para localizá-lo ou para intimar pais omissos a comparecer na escola.

Atendendo esta deficiência do sistema, a PEC de Irati assumiu a missão. O

pedido foi feito informalmente pelo Ministério Público local. A idéia é para deslocar

em apoio às escolas até a residência dos alunos que se envolvem em atos, tanto de

indisciplina, quanto infracional. Esta prática está sendo muito apoiada por todas as

escolas atendidas. Em muitos casos é visto como a única “válvula de escape” das

escolas de contatar com os pais omissos.

Tal deslocamento também está comum em casos de evasão escolar, em que

os Patrulheiros irão investigar a causa do aluno ter abandonado a escola. É

necessário esclarecer que em nenhuma ocasião, pais ou responsáveis, foram

forçados a entrar na viatura policial. Os policiais esclarecem aos pais que a

importância de sua presença na escola. Também é esclarecido que é de

fundamental importância na resolução dos conflitos na esfera administrativa da

escola. A presença da equipe PEC em sua casa é justificado pela indisponibilidade

de comunicação da escola com eles.

Até setembro de 2012, não houve nenhuma denúncia por constrangimento

pelo fato da presença da PEC na casa de alguns pais ou responsável em Irati,

porém alguns demonstraram vergonha pela sua falta de comprometimento.

O embasamento legal desta ação da PM está em entender isso como o

cumprimento do que o próprio ECA determina em seu Art. 110 previsto como

garantia “... VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em

qualquer fase do procedimento” (ECA art.110). A família que normalmente e

indispensavelmente deveria ser à base da educação, onde seus membros recebem,

ou pelo menos deveriam receber desde criança as normas de conduta de

convivência em sociedade. Os filhos deveriam ser moldados conforme o que rege os

bons costume e maneiras de se viver bem. O que se percebe são alguns alunos que

não recebem nem o básico da educação. É muito visível que em muitas famílias,

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nem os pais ou responsáveis possuem alguma instrução e, portanto, não teriam

qualidades mínimas para passar qualquer instrução. Neste sentido, seria difícil

alguém ensinar boas maneiras e conduta, a qual nem eles possuem.

Criar é também educar, de sorte que o primeiro seria um dever genérico do

qual o segundo seria uma de suas espécies. Educar, por outro lado, em sentido

amplo, no propósito de transmitir e possibilitar conhecimentos, despertando valores

e habilitando o filho para enfrentar os desafios do cotidiano.

A educação, neste sentido, viabilizaria o desenvolvimento mental, moral,

espiritual e social da criança e do adolescente. É comum neste processo, alunos

que residem com avós, inclusive com idade acima de 80 anos e criando mais de um

neto. O que a sociedade poderia cobrar destes idosos heróis, que já não possuem

energia para sua própria sobrevivência. Desta forma, muito menos andar atrás de

netos com 12 anos de idade e que não aceitam ou acatam regras mínimas.

Como estes idosos poderiam exigir que seus netos, permaneçam em casa

auxiliando nas tarefas diárias da casa ou escola. Também é comum que em muitos

destes lares, não haver nenhuma atividade positiva. Isto serviria para distração ou

atrativo na tentativa em fazer com que o menor permaneça mais tempo em contato

com os familiares. Tal método,evitaria a permanência nas ruas, sem monitoramento

e em companhias não recomendáveis. Cristina Brito Dias, da Universidade Católica

de Pernambuco (Unicap) diz:..."avós deseducam os netos e, não se pode negar, há

um fundo de verdade nesta afirmação. Os avós não colocam de castigo, dificilmente

dão broncas e ainda fazem a maioria das vontades dos netos".

É claro que isto não é regra, pois em muitos casos, estes avós possuem mais

estrutura que os próprios pais. Neste campo, porém, nos deparamos com outro

problema. Com a intenção em agradar os netos, é comum que avós proporcionem

uma liberdade exagerada sem nenhum limite ou regra.

Esta ausência de algum mecanismo de controle na casa certamente vai entrar

em conflito com a rotina da escola. A regra prevista pelo regimento escolar expõe

com clareza todos os direitos e também deveres dos estudantes.

Este choque de mudança de ambiente é o que tem se mostrado como o

grande vilão na questão de indisciplina e ato infracional na escola. O educandário

não é atrativo para o estudante que vai reagir de maneira muito adversa

dependendo do aluno. Tal reação pode ir desde a resistência em participar das

aulas, brincadeiras em horário de aulas, além da ausência da sala sempre que

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possível. Além disso, a prática do deboche quando o professor lhe chama a atenção,

e o que é pior, a prática de atos violentos e o boolyng contra colegas e até

professores.

4. A EQUIPE PEDAGÓGICA E SUA ATUAÇÃO.

Diante da complexidade de problemas vivido nas escolas, é fundamental que

tais ambientes estejam estruturados e preparados para o enfrentamento. Os

profissionais envolvidos devem estar capacitados a lidar com os problemas surgidos

na escola contemporânea.

No entanto, a rotina escolar mostra que o despreparo de alguns funcionários

é explícito, assim como o desinteresse na busca por soluções alternativas, como

projetos pedagógicos que auxiliem nas resoluções dos conflitos escolares. Marilia

Pontes Sposito, em sua obra, A Instituição Escolar e a Violência diz: Uma das possibilidades de se evidenciar a falta de conhecimento sistemático pode ser localizada no exame da produção discente na Pós-Graduação em Educação. Em um período de 15 anos (1980 - 1995) foram defendidos cerca de 6.092 trabalhos entre teses de doutorado e dissertações de mestrado. Desse expressivo volume, apenas quatro estudos (duas teses de doutorado e duas dissertações de mestrado) examinaram a violência que atinge a unidade escolar. Insuficientemente investigado, o assunto é complexo e deixa de ser fenômeno peculiar à sociedade brasileira. Algumas informações e relatos, extraídos de jornais ou de estudos realizados em outros países, podem anunciar, sem tons de falsa dramaticidade e sensacionalismo, a extensão e a magnitude do problema (SPOSITO 1998 p 01).

Uma descrição do cotidiano de colégios da cidade de Irati, mesmo sendo

compreendida como uma cidade cujos educandários são considerados seguros e

tranqüilos, mesmo assim introduz o leitor no universo da violência existente em

praticamente todas os ambientes de ensino. Neste aspecto, citamos inclusive

escolas particulares, de forma incontestável onde professores que já não ousam dar

aula com a porta fechada.

Professores funcionários de orientação agredidos e ameaçados, carro

danificado em frente da escola em resposta a tentativa do professor se impor em

sala de aula. Portões fechados a cadeados, tentativa de penetração constante na

área do estabelecimento por pessoas estranhas a ele, ou alunos tentando evadir-se.

Devemos lembrar que tais relatos se dizem respeito apenas no âmbito

interno das escolas, pois no entorno destas, a gravidade do problema se estende.

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Em Irati, recentemente ocorreu duas situações em que alunas no caminho de

suas residências entraram em vias de fato onde uma delas de posse de faca tentou

contra a vida de sua colega que por sorte não perdeu a vida.

O que espanta nestas ocorrências, é o fato que motiva os atos de violência,

normalmente é torpe e banal.

É importante destacar que fora dos portões das escolas, a responsabilidade

não seria mais das escolas, e sim das famílias e órgãos de segurança pública.

Infelizmente, faltam projetos pedagógicos voltados para os problemas. Este método

seria de grande valia no auxílio à resolução de conflitos, assim como lidar com a

intolerância.

A pedagoga e ouvidora do núcleo de Educação de Irati, Dulcelena em seu

artigo para o PDE diz: Neste aspecto, o papel do pedagogo torna-se de fundamental

importância, tanto na resolução dos conflitos surgidos, quanto na eficácia dos projetos na escola.   

Tendo em vista o assessoramento às escolas nas questões de segurança e a interação com a comunidade escolar, os policiais militares, na maioria das vezes conseguem diminuir os casos de violência dentro e no entorno da escola.

Ressalte-se, que mesmo podendo contar com o assessoramento dos policiais da Patrulha Escolar Comunitária é responsabilidade da escola, cumprir a função de garantir o acesso ao saber sistematizado, como também promover junto aos educandos, “o pleno desenvolvimento da pessoa” e “seu preparo para o exercício da cidadania”.(SABÓIA, OBRZUT 2011, pg. 06). 

Segundo SAVIANI : Pedagogo é aquele que possibilita o acesso à cultura, organizando

o processo de formação cultural. É, pois, aquele que domina as formas, os procedimentos, os métodos através dos quais se chega ao domínio do patrimônio cultural acumulado pela humanidade. (...) A palavra pedagogia traz sempre ressonâncias metodológicas, isto é, de caminho através do qual se chega a determinado lugar. Aliás, isto já está presente na etimologia da palavra: conduzir (por um caminho) até determinado lugar. (SAVIANI, 1985 n 09)

Diante das exposições de parte das funções que cabe a um pedagogo,

percebe-se que se cada profissional desta área cumprisse sua função com

empenho, os problemas seriam menores.

Pode-se dizer que a maioria das ocorrências atendidas pela equipe da

Patrulha Escolar no âmbito escolar, pelo menos na cidade de Irati, certamente não

caberia interferência. Os problemas seriam resolvidos na esfera administrativa com a

participação e envolvimento obrigatório da família. O fato é comprovado pelo desejo

de 91.5% dos professores questionados.

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È comum em algumas escolas do Município, professores queixando-se das

atitudes inadequadas e repetidas de alguns alunos. Ocorre que não se permite mais

que o professor ministre boas aulas.

Porém, muitos dos relatos à equipe de policiais, não está registrado nem em

ata ou ficha individual do aluno. SABÓIA OBRZUT (p 20) diz: “... infrações cometidas

pelos alunos e a crescente solicitação de assessoramento externo para resolver os

problemas sinalizam a necessidade de promover ações preventivas, no interior da

escola, para tornar os relacionamentos mais solidários e fraternos”.

Também, somado as variadas atribuições do pedagogo, é imprescindível a

necessidade de interação, sintonia e envolvimento da equipe pedagógica com os

outros órgãos com responsabilidade na problemática.

É de responsabilidade da escola a informação, por exemplo, ao conselho

tutelar, sobre situações envolvendo adolescentes e principalmente crianças vítimas

em qualquer aspecto. A omissão da escola certamente terá como resultado o

agravamento das situações, fora o fato de ser responsabilizada criminalmente. Faz parte da cultura do povo brasileiro pedir apoio da polícia para

todo e qualquer tipo de problema, sem antes tentar resolvê-lo de outra forma, o que produz uma sobrecarga de trabalho ao serviço policial, que envolvido com problemas pormenores... acaba por vezes deixando de atender ocorrências que realmente necessitam de intervenção policial. (BONDARUK, SOUZA, 2012 pg.46).

A informação e o enfrentamento em rede referente às mazelas das escolas,

normalmente tendem a minimizar as conseqüências. Está comprovado que cada

órgão ao cumprir com eficácia a sua função os resultados virão de forma positiva.

No entanto, quando a rede não funciona, os problemas serão conseqüentemente

agravados. O fato então, será repassado aos policiais militares, atuantes na Patrulha

Escolar que por sua vez, em muitos casos, é obrigada a atuar de forma nitidamente

social. Com esta prática, supre-se assim uma falha do sistema e o que é pior,

prejudica-se a real função de polícia. O policiamento preventivo ou na forma mais

grave repressivo se resume a apoio a outros órgãos.

5. A ATUAÇÃO DA PATRULHA ESCOLAR NO PERFIL DE POLÍCIA COMUNITÁRIA.

5.1. A Implantação da PEC no Paraná.

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O Projeto Patrulha Escolar2 após sua implantação, cada vez mais ganhou

força. Passou a ser muito mais que um projeto institucional, pois também foi

reciclado, melhorado e melhor estruturado. A idéia é realmente estar dentro da

filosofia e das estratégias do policiamento comunitário. Com isso ganhou uma 3ª

fase com status e estrutura de projeto de Governo do Estado.

Executado na forma de Patrulha Escolar Comunitária, também nada mais é

que a basilar atividade de "policiamento ostensivo" em "ação de presença" que deve

atuar precipuamente preventivamente (ações proativas), e atuar supletivamente na

repressão a crimes e a atos infracionais.

A prevenção se dá pela observação da filosofia de Polícia Comunitária, ou

seja, pela aproximação da escola e do seu ambiente, ampliando a segurança no

local e em seu entorno; pelo esclarecimento de dúvidas sobre o trabalho policial,

pelo assessoramento à escola quanto à segurança; e pela interação com a

comunidade escolar e com as autoridades locais. O Manual de Policiamento

Comunitário diz: A adoção desse tipo de policiamento não só exige empenho das autoridades e da comunidade, mas, sobretudo, mudança na cultura policial: requer retreinamento dos envolvidos, alteração na estrutura de poder de tomada de decisão com maior autonomia para os policiais que estão nas ruas; alteração nas rotinas de administração de recursos humanos, com a fixação de policiais a territórios; mudanças nas práticas de controle interno e externo e de desempenho, entre outros. Essas mudanças, por sua vez, exigem também que a decisão de implementar o policiamento comunitário seja uma política de governo, entendendo-se que tal decisão irá atravessar diferentes administrações: o policiamento comunitário leva anos para ser totalmente integrado pelas forças policiais (NEV/USP 2009, pg 08).

O Projeto "Patrulha Escolar Comunitária" está dividido em cinco etapas:

Avaliação das instalações; Coleta de informações junto à comunidade escolar para

formação de diagnósticos; Concretização das idéias, tomada de providências e

mudanças nos procedimentos; Palestras à comunidade escolar (para alunos, pais,

                                                            2   No Estado do Paraná, a Patrulha Escolar, através do Projeto Gralha Azul, foi criada no ano

de 1994. Estando sensível aos problemas de violência vividos diariamente pelos ambientes de ensino, e consciente de sua responsabilidade para com a comunidade buscou medidas direcionadas ao problema, visando com tal medida, minimizar os problemas assim como proporcionar uma maior sensação de segurança nas escolas, assim como um clima de bem estar, afinal é tudo o que os pais esperam do Estado quando não têm seus filhos sob sua vigilância.

A ação de polícia ostensiva preconizada pelo Projeto Gralha Azul era desenvolvida por duplas de Policiais-Militares Femininas que realizavam suas atividades por meio do "patrulhamento motorizado" e de "permanência" em áreas internas, externas e adjacentes aos estabelecimentos de ensino da Capital, complementando com visitas programadas a eles, com a finalidade de ampliar a sensação de segurança e a proteção às crianças e aos adolescentes que freqüentavam nossas escolas.

 

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professores e funcionários); Elaboração do Plano de Segurança.

Em resumo, também a Patrulha Escolar, com a filosofia de polícia

comunitária, tem por objetivos específicos:

1. Fazer do ambiente escolar um local seguro e tranqüilo para alunos e

professores e de despreocupação para pais e familiares;

2. Dar especial atenção ao uso e tráfico de drogas nas escolas e em suas

proximidades;

3. Ampliar e consolidar a permanência do policial-militar junto à comunidade

para torná-lo conhecido e participante nas soluções dos problemas de segurança;

4. Incentivar o relacionamento entre educandários e Unidades Operacionais

de Área, proporcionando maior conscientização dos alunos por meio de projetos,

palestras ou debates coordenados pela Polícia Militar, para o fornecimento de

informações que possibilitem à detectação e extinção dos fatores que causam risco

à segurança do corpo docente e discente; e

5. Incentivar e apoiar atividades culturais, desportivas e de lazer para a

comunidade escolar, programas comunitários de amparo e proteção à criança e ao

adolescente, campanhas educativas antidrogas, de segurança no trânsito, de

proteção ao meio ambiente, de retorno às aulas, de férias em paz, entre outras.

Como se pode perceber neste resumo as atribuições da PEC, e que se

encontram relacionadas e previstas pela DIRETRIZ Nº 004/2.003-PMPR, são

muitas, porém na prática tais ações avançam para um campo ainda mais

abrangente. A professora Dulcelena na sua obra diz: O aumento significativo do número de crianças e adolescentes na

escola, em especial na escola pública, somou-se ao surgimento de violências, como agressões físicas e verbais contra professores e alunos, brigas, depredações, bullying, furtos, roubos, ameaças, porte de armas etc. Devido à complexidade dos problemas, que fogem da competência escolar, a presença de policiais militares é requisitada de maneira freqüente para manter a segurança dentro e no entorno da escola. (SABÓIA OBRZUT 2011, pg. 16)

A afirmação da professora Dulcelena se dá em razão de que os alunos

estão aumentando nas escolas, porém é necessário que a estrutura das escolas

acompanhem o acréscimo, e isto na prática não acontece. Escolas fisicamente

absoletas, além do número de funcionários insuficientes para o monitoramento.

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6. A atuação da PEC em Irati e a avaliação dos educadores.

Pode-se afirmar que a filosofia de policiamento nas escolas de Irati é

positiva. Prova disso foi o resultado do questionário, elaborado e direcionado a 130

educadores como amostragem. A iniciativa foi deste autor por julgar necessário

avaliar a qualidade do trabalho realizado pela PEC nesta cidade, e assim poder

fazer os ajustes necessários. Citamos como resultados principais onde 100% dos

professores sentem-se mais seguros com a PEC, 96.9% apoiam a presença dos

policiais em sala de aula, 99.2% concordam como comunitária a forma de atuação,

97% apóiam a revista coletiva. O conceito sugerido também foi bom, sendo que

84.7% julga ótimo o trabalho realizado, 13.8% bom e apenas 1.5 regular. 100% dos

questionados demonstram que a PEC deve permanecer na escola .

Foi também avaliado o pensamento dos professores quanto à forma de

enfrentamento à violência e os conflitos na escola. 91.5% dizem ser a favor de que

os problemas sejam resolvidos na esfera administrativa da escola junto com os pais

e 8.5% acham que os fatos devem ser encaminhados para a delegacia com

representação. Mediante invejados números, além de outros anexados no final deste

trabalho, está comprovado que a PEC de Irati tem demonstrado um bom trabalho

em sua atuação. Porém isto não significa que os trabalhos devam resumir-se na

mesmice de sempre. É necessário trabalhar de forma direcionada nas questões

apontadas pelos educadores como ainda pendente e mal resolvidas como as drogas

e uso de drogas. Mesmo não absorvendo as causas, ações como maior interação

com os alunos poderiam minimizar as causas.

Também é importante destacar neste trabalho que desde a implantação da PEC em

Irati, nunca houve denúncia de abuso de autoridade pelos policiais da PEC.

6.1 O levantamento físico das escolas.

No início da implantação da PEC, foram feitos levantamentos referentes a

itens de segurança a serem providenciados em cada escola, e através de formulário

próprio, foram repassadas sob forma de orientação aos diretores, e quando

anexadas aos pedidos por melhoria estrutural, foram fundamentais para que os

projetos solicitados fossem atendidos. Há um entendimento dentro da SEED de que

policiais da PEC embora não sendo considerados peritos para emitir laudo, são mais

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capacitados no aspecto de segurança para as escolas do que os próprios diretores,

cuja preocupação e dedicação maior estão no caráter pedagógico.

 

6.2 O Policiamento no entorno dos educandários

O fato das escolas passarem a proteger mais seu espaço, principalmente

através da construção muros onde não existia e mais altos onde eram

insignificantes, somou-se com outras ações da PEC. No entorno dos educandários

intensificaram-se as abordagem de pessoas ociosas e estranhas ao recinto escolar.

Para aqueles indivíduos mal intencionados, que percebendo que as escolas

passaram a ser guarnecidas, logo perceberam que aqueles locais já não eram mais

ambientes favoráveis às suas práticas ilícitas.

Importante destacar que a mudança não ocorreu do dia pra noite, mas sim

através de um processo de conscientização e sempre dentro dos moldes de polícia

comunitária. Neste método, as pessoas são abordadas com técnica policial, mas

com o devido respeito e quando não oferecem justificativa plausível para estar ali

próximo da escola, são orientadas a não permanecerem naquele espaço por ser

considerada área de risco. NASSARO, Adilson Luís Franco (2011) fala: "Abordagem

é uma manifestação do dever de poder de polícia, ocasião em que o policial

promoverá a restrição de determinados direitos individuais, em atenção ao interesse

público e manutenção da ordem".

Somado ao patrulhamento no entorno das escolas, que como já mostramos

tem como resultado a satisfação da comunidade escolar. Tem ainda o fato do

policiamento preventivo nas entradas e saídas das aulas. São nestes, momentos de

grande concentração de alunos, que o perigo se multiplica e sendo assim exige por

parte dos policiais, maior atenção e comprometimento no exercício da função. É

necessário conciliar a atenção ao risco de atropelamentos com outros fatores de

riscos pertinentes àquela circunstância.

Existe ainda outro complicador que é o fator número de escolas e de policiais

para atendimento. Como são muitas escolas e só uma viatura para atender, é

necessário a prática do rodízio, para que nenhum educandário permaneça muito

tempo sem o devido policiamento preventivo. Notícias de fatos ocorridos em escolas

ou nas suas adjacências são a justificativa para que o policiamento esteja presente.

Matéria da Gazeta do Povo relata:

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Passado um ano do massacre que resultou na morte de 12 crianças em uma escola no bairro de Realengo, zona oeste do Rio, a efetividade da adoção de medidas de segurança – visando a coibir casos de violência de menor gravidade –, é uma preocupação viva em instituições públicas e privadas. Para especialistas, câmeras de segurança, muros, policiamento e empenho apenas das escolas não são suficientes para afastar de vez o perigo. (Gazeta do Povo 2012)

O que já se sabe é que os problemas nascem da família desestruturada e

são refletidas nas escolas. Os órgãos sociais não agem com eficiência e os

resultados não são bons.

6.3 O policial da PEC dentro da Escola.

Quando se faz referência entre Escola e Polícia, logo se associa a

prática de executar apenas rondas no entorno delas. O que muitas pessoas que

não participam da comunidade escolar, principalmente na cidade em foco, é que

os policiais da PEC que atuam na cidade de Irati, permanecem muito mais

tempo dentro das escolas do que no seu entorno.

A sintonia e o grau de confiança criado ao longo do espaço deste a

implantação possibilitam aos policiais a liberdade em interagir constantemente,

tanto com os professores, como alunos no interior das escolas onde atuam.

Como a falta de alguns professores é normal, também é normal a escola não ter

outro professor para a devida substituição.

Desta forma torna-se ação comum policiais ali presentes em visitas de

rotina, aproveitar o espaço para práticas interativas com os alunos, sob aspecto

de orientação. Nestes casos, o teor de conversa pode variar de turma ou faixa

etária dos alunos alvos. Para turmas apontadas pela direção como exemplares,

uma oportunidade em mostrar aos alunos a importância da interação entre a

polícia e a comunidade. Por outro lado quando a turma é denunciada como

difícil de lidar, também surge aí, a oportunidade em levar aos alunos as

conseqüências de seus atos num futuro muito próximo.

Os alunos, menores em sua maioria, precisam ter em mente a

consciência de que quando se envolvem em situações diversas como ato

infracional, estarão expondo as pessoas que mais lhe amam, que são os seus

pais ou outro responsável com o qual convive. O fato de ser um poli

cial fardado em frente falando sobre regras de conduta, normalmente prende a

atenção dos alunos e o efeito é percebível. Esta interação também possibilita

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aos alunos a oportunidade em suprir dúvidas, angústias, mitos e curiosidades

sobre os policiais. Roberson Luiz Bondaruk, Comandante da PMPR fala que:

O trabalho do policial comunitário vai muito além do mero atendimento reativo de ocorrências policiais. Em seus contatos diários com a comunidade, com criatividade e ajuda desta mesma comunidade, o policial encontra soluções viáveis para problemas do dia a dia das pessoas, mesmo que não sejam estes necessariamente problemas policiais, mas que muitas vezes viriam a ser, reduzindo ou eliminando no curto e no longo prazo, as conseqüências de tais problemas. (BONDARUK , 2010)

Outra atuação da PEC que merece destaque se dá na mediação dos conflitos

ocorridos no interior dos educandários, envolvendo alunos com alunos ou alunos e

professores. Como já vimos anteriormente, a maioria dos conflitos escolares poderia

ser contornado de forma administrativa e pacífica pela equipe pedagógica e direção.

No entanto a freqüência com que tais problemas têm ocorrido leva os profissionais

da educação ao desgaste, tanto físico, como emocional.

Soma-se como fator agravante, o fato de que a família, como parte principal

desse processo, que deveria ser a primeira a demonstrar o interesse em colaborar

na resolução dos conflitos. O que ocorre na prática é que em muitas situações, é a

última a tomar posição ou atitude. Em algumas ocorrências, os pais ou responsáveis

não são localizados para tomarem conhecimento dos fatos.

Quando é feito a matrícula, o responsável recebe cópia do regimento escolar,

onde está previsto a obrigação em deixar o número do telefone e endereço, assim

como o dever em atualizar sempre que necessário. No entanto, na prática isto nem

sempre é levado a sério. À escola então resta como alternativa, encaminhar bilhetes

via o próprio aluno, o qual normalmente não entrega a correspondência por temor a

possível represaria dos pais.

Desta forma a escola se apresenta inválida para algumas situações, restando

o apoio da PEC. A presença dos policiais na mediação dos conflitos, além de

proporcionar segurança aos educadores, possibilita a chance de que aquela

situação terá grandes chances de chegar a um desfecho. Uma das garantias é fazer

com que todas as partes envolvidas estarão presentes. A garantia será concretizada

no momento em que a equipe ao perceber que alguma parte envolvida não está

presente por algum motivo, toma-se a iniciativa no sentido de deslocar até a

residência ou trabalho, e assim fazer com que o círculo se complete.

Também é importante que as partes sejam conscientes de suas obrigações

como pais e assim cada conflito terá como desfecho um resultado plausível. O

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objetivo visa sempre um acordo entre as partes, de forma harmoniosa, de modo que

no dia seguinte os envolvidos terão a capacidade de usufruir do mesmo espaço,

porém sem repetir os mesmos erros ou intolerância.

Outra ação considerada de suma importância pela comunidade escolar, neste

aspecto inclui-se principalmente os pais, diz respeito à revista coletiva em alunos.

Não são raras as solicitações de diretores no sentido de se fazer revista nos alunos.

Para que ocorra tal prática, os diretores são orientados a solicitar o serviço via ofício

para o comando da PEC, que por sua vez estende o pedido ao representante do

Ministério Público e Judiciário.

È importante esclarecer que e este trâmite se dá apenas em caso de revista

preventiva. Para os casos de fundada suspeita ou denúncia, a revista poderá ser

feita a qualquer momento. O Código de Processo Penal Art. 244 diz:  A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou

quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar (CPP, art. 244).

Para que revista em menores ocorra sempre de forma a respeitar o está

previsto no ECA, os policiais da PEC receberam capacitação, de modo que em Irati,

jamais houve denuncia de abuso de autoridade na ação. Outro amparo para que

haja a revista sempre que necessário, é o fato de que nas reuniões de pais, é

colhido assinatura em ata, de todos aqueles que concordam e entendem a revista

em seus filhos como ação preventiva de segurança.

A confiança que a equipe da PEC de Irati conseguiu ao longo dos tempos de

atuação servirá de suporte para que os pais tenham a garantia de que seus pupilos

não sofrerão nenhum tipo de constrangimento na abordagem e revista, pois tudo o

que se busca é a certeza da segurança de todos os alunos.

6.4. Vizinhança Segura.

O estreitamento nas relações entre policia, e comunidade dá sinais na

redução dos crimes e promoção da cidadania e segurança. A Constituição Federal

no Art. 144 diz: “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de

todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das

pessoas e do patrimônio..." ( Constituição Federal,1990).

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Diante deste pensamento, quanto mais à comunidade participa e dá suporte

de apoio nas decisões relacionadas à segurança pública, os resultados serão mais

positivos. Assim, define-se como uma estratégia organizacional para que os

esforços policiais sejam mais bem mobilizados, por fazer necessário que a polícia se

torne aberta aos problemas que a comunidade identifica. Essa reorientação da

polícia envolve os seguintes elementos principais, que podemos denominar como as

variáveis básicas do policiamento comunitário:

3.1.1 Descentralização do Comando: o desdobramento do comando em comandos

subalternos possibilita uma aproximação maior com a comunidade escolar mirada.

3.1.2 Autonomia aos policiais da área: o oficial, ou sargento com o apoio dos demais

policiais componentes de uma determinada equipe da PEC, estarão inseridos na

comunidade escolar, e desta forma participantes do cotidiano de cada escola, assim

como conhecedores de todos os problemas rotineiros e também recentes dos

estabelecimentos de ensino.

3.1.3 O policial se ajusta aos interesses de cada escola;

3.1.4 Os policiais conhecedores de seus clientes: na rotina dos trabalhos da PEC, é

comum os policiais conhecerem a maioria daqueles alunos que repetem atos, tanto

infracional, como de indisciplina. Também é perceptível pelos policiais a forma

variada com que os profissionais da educação encaram os problemas surgidos

diariamente. Tanto a sala de aula se ajusta ao perfil de cada professor, assim como

a escola reflete o perfil da direção.

3.1.5 A parceria Escola Comunidade e Polícia;

3.1.6 A presença policial em sala de aula: a marca maior da PEC está no fato da

presença constante em contato direto com os alunos em sala de aula. Esta

aproximação possibilita um contato maior, criando assim um vínculo de confiança

aluno- policial. Os alunos precisam entender que a presença dos policiais nas

escolas tem como objetivo principal propiciar a maior sensação de segurança

possível aos alunos, derrubando o mito de que a função da PEC seria apenas para

reprimir atos ilícitos por parte dos estudantes. Além destes esclarecimentos, soma-

se as palestras pré definidas.

3.1.7 A interferência policial no relacionamento pais e escola: Na cidade de Irati é

comum o deslocamento de uma equipe da PEC até a residência de pais de alunos

com histórico de atos ilícitos freqüentes na escola em que estudam, porém tais pais

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são omissos e esta falha paternal é apontada por estudiosos como a principal causa

do fracasso dos filhos.

7. PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência).

Com a criação do BPEC, o PROERD3, que também já era aplicado nas

quartas séries, atual quinto ano, das escolas municipais e algumas particulares, foi

anexado ao comando deste batalhão. Tal Programa Desenvolvido pela Polícia Milita

e voltado para a valorização da vida, que cuja missão institucional, vem de uma

sociedade mais saudável e feliz.

Em Irati, o Programa iniciou no ano de 2002, tendo como instrutor, o autor

deste trabalho, sendo formados neste ano, 800 alunos das escolas Públicas

Municipais. A dinâmica do Programa é a mesma em nível mundial, sendo assim,

dispensa-se uma abordagem mais aprofundada de sua aplicação. As aulas

acontecem uma vez por semana em cada turma e no final das 10 lições, os alunos

participam de uma formatura onde demonstram o compromisso de viver longe das

drogas e da violência e recebem o certificado. O PROERD é visto por todos, como a

melhor forma de Policiamento Comunitário, pois além da interação com os alunos,

estes por sua vez, cobram dos pais as lições que aprenderam em sala com o

policial. É comum em todo final de programa, depoimentos de alunos que se

orgulham de contribuir com seus pais na renúncia de algum vício.

8. Conclusões

Refletindo sobre o conteúdo deste trabalho, pode-se afirmar que as mazelas

de nossos educandários estão longe de um utópico desejo de que estes ambientes

se transformem da noite para o dia, ou seja, escolas com alto grau de registros de                                                             

3 O PROERD é a adaptação brasileira do programa norte-americano Drug Abuse Resistence Education - D.A.R.E., surgido em 1983. No Brasil, o programa foi implantado em 1992, pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, e hoje é adotado em todo o Brasil; conta com três currículos: O Programa possui como material didático o Livro do Estudante, o Livro dos Pais e o Manual do Instrutor, auxiliando aos respectivos alunos e Policiais PROERD no desenvolvimento das lições. O Programa consiste em uma ação conjunta entre as Policias Militares, Escolas e Famílias, no sentido de prevenir o abuso de drogas e a violência entre estudantes, bem como ajudá-los a reconhecer as pressões e as influências diárias que contribuem ao uso de drogas e à prática de violência, desenvolvendo habilidades para resisti-las.

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ocorrências passem a tornar-se um ambiente livre destes atos. Nota-se, portanto

que, quando as escolas possuem uma estrutura equilibrada onde os integrantes são

comprometidos com a qualidade da educação, os problemas do cotidiano serão

minimizados. A direção da escola deve ser capacitada de forma que consiga através

de seus atos, demonstrar sua autoridade e competência para manter o educandário

sob sua responsabilidade, um ambiente tranqüilo, onde os objetivos educacionais

sejam cumpridos. Para que isso seja possível, não existe uma receita fechada e

pronta, mas sim, ações eficazes e atitudes inovadoras, além do básico que é fazer

cumprir o regimento próprio de cada escola. Também é necessário que os

estudantes tenham plena consciência do conteúdo do regimento e sua função na

manutenção da ordem naquele ambiente. Desta forma, ao cumprir com suas

obrigações, os educadores terão o pleno direito em cobrar o devido apoio de outros

órgãos neste processo educacional. O apoio da Patrulha Escolar, com fundamental

importância, já comprovou que tem dado resposta ao apelo dos educadores mesmo

dentro de seus limites. O questionário aplicado aos educadores, e anexo neste

trabalho, serviu para medir a aprovação positiva dada pelos professores aos

trabalhos da PEC direcionado à comunidade escolar de Irati. O pronto atendimento

aos chamados junto com as ações pré-definidas, e principalmente o

comprometimento dos policiais da PEC em tentar dar uma solução para os anseios,

foi determinante na opinião dos questionados que demonstram seu contentamento.

Conclui-se também que a participação continua da família na rotina escolar, influi

diretamente no comportamento dos filhos que se sentem monitorados e valorizados.

Da mesma forma, a escola torna-se importante elo na intermediação das famílias

desestruturadas e os meios sociais, afinal o resultado do desequilíbrio familiar reflete

na postura dos filhos na escola. Neste processo, a PEC também desempenha sua

função de forma a suprir as necessidades das escolas na interação escola família.

Ficou claro que a mediação dos conflitos na escola, ainda é a melhor forma para que

as partes cheguem a um acordo. Também é fato que nos casos mais graves, os

infratores devem ser responsabilizados de acordo com a legislação em vigor, e para

que isto ocorra, todos os trâmites legais devem ser respeitados e que cada órgão

cumpra com o seu dever legal dentro de uma sociedade politicamente organizada.

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Polícia Cidadã Para um Povo Cidadão, AVM- VOLUME XII março de 2012.

BONDARUK, Roberson Luis_ Polícia Comunitária_ 2010 - CONSEG Conselho Comunitário de Apucarana Disponível em http://www.consegapucarana.org.br/?url=mostra_noticia&id=225;Pol%EDcia%20Comunit%E1ria%20%20Ten.-Cel.%20PMPR%20Roberson%20Luiz%20Bondaruk Acessado em 26 de Out. de 2012. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília, 1990.

_______. Código Processo Penal - Decreto-lei 3689/41 | Decreto-lei nº 3.689, de três de outubro de 1941.

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_______, Manual de Policiamento Comunitário: Polícia e Comunidade na Construção da Segurança [recurso eletrônico] / Núcleo de Estudos da violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP). – Dados eletrônicos. - 2009.104 p Disponível em http://www.nevusp.org/downloads/down247.pdf acessado em 26de Out. de 2012.

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MARIA, Sabóia Obrzut, Dulcelena, Programa de Desenvolvimento Educacional.

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SIMAS, Ana- Gazeta do Povo. Disponível em http://www.gazetadopovo.com.br/pazsemvozemedo/conteudo.phtml?id=1241909&tit=Escolas-buscam-remedio-antiviolencia acessado em 25 out 2012. Acessado em 26 de Nov de 2012 SPOSITO, Marília Pontes. A instituição escolar e a violência. Cad. Pesqui., São Paulo, n. 104, jul. 1998 . Disponivel em

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ANEXO

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DA PATRULHA ESCOLAR COMUNITÁRIA DE IRATI PARA 130 PROFESSORES DAS ESCOLAS ESTADUAIS ATENDIDAS . 1. DEPOIS DO INÍCIO DA ATUAÇÃO DA PATRULHA ESCOLAR COMUNITÁRIA, HOUVE ALGUMA MUDANÇA NA ESCOLA PARA QUE ELA FICASSE MAIS SEGURA? a. (100%) Sim b. () Não 2. SE HOUVE MUDANÇAS, DE QUE TIPOS FORAM ELAS? Nº RESPOSTAS COM MÚLTIPLA ESCOLHA. a. (40) Muro mais alto b. (82) Melhorou o comportamento dos alunos c. (107) Desaparecimento de pessoas estranhas no entorno da escola d.(120) Diminuiu os problemas nas entradas e saídas das aulas e (50) Diminuiu os atos infracionais (crimes) na escola f. (76) Os alunos estão sendo responsabilizados pelos atos praticados na escola g. (10) Outras: 3. VOCÊ CONCORDA COM A PRESENÇA DA PEC EM SALA DE AULA? a. (96.9%) Sim b. (3.1%) Não 4. VOCÊ ACHA QUE AS AÇÕES DA PEC SÃO REALMENTE COMUNITÁRIAS? a. (99.2%) Sim b. (0.8%) Não 5. QUAL PROCEDIMENTO VOCÊ ACHA QUE OBTERIA MELHORES RESULTADOS, SOBRE AS INFRAÇÕES (leves) COMETIDAS NA ESCOLA? a.(8.5%) Devem ser encaminhadas a autoridade competente com a devida representação? b.(91.5%) Devem ser resolvidas na própria escola com o envolvimento dos pais, cujo resultado seja a concordância dos pais em sanções legais previstas, aplicáveis pela Escola? 6. VOCÊ CONCORDA COM A REVISTA COLETIVA EM SALA? a. (97%) Sim b. (3%) Não 7. NO DIA-A-DIA DA ESCOLA, A PRESENÇA DA PEC TROUXE MAIS SEGURANÇA? a. (0.8%) Ficou como estava b. (99.2%) Trouxe mais segurança 8. VOCÊ ACHA QUE A PATRULHA ESCOLAR DEVE CONTINUAR? a. (100%) Sim

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b. () Não 9. VOCÊ ESTÁ SATISFEITO COM A ATUAÇÃO DA PEC EM SUA ESCOLA? a. (84.6%) Sim b. () Não c. (15.3%) Em parte d. () Não sabe responder 10. EM SUA OPINIÃO, QUAIS OS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE SEGURANÇA DA ESCOLA, QUE A PATRULHA ESCOLAR AINDA NÃO RESOLVEU? a. (0.9%) Roubo b. (7.6%) Furto c. (46.1%) Brigas d. (45.4%) Drogas 11. O QUE VOCÊ PENSA A RESPEITO DE CÂMERAS NA ESCOLA ? a.(33.8%) a favor na área geral menos banheiro e sala de aula b.(53.8%) a favor em todos os inclusive banheiros (parte geral) e salas de aula. c.(12.4%) a favor menos na sala 12. QUE CONCEITO VOCÊ DARIA PARA A PEC DE IRATI ? a.() ruim b.(1.5%) regular c.(13.8%) bom d.(84.7%) ótimo 13. SUGESTÕES, CRÍTICAS PARA MELHORAR OS RESULTADOS DA PEC NA ESCOLA SE DESEJAR. 25 RESPONDERAM QUE SERIA ÚTIL MAIS POLICIAIS. 05 RESPONDERAM MAIS PRESENÇA NAS ESCOLAS