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91 ARTIGO ORIGINAL Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 91-103, out/dez 2019 Adolescência & Saúde RESUMO Objetivo: O uso de álcool e outras drogas durante a adolescência pode levar a inúmeros problemas no desenvolvimento dos usuários, tanto cognitivo quanto social. O cérebro em formação, a interação com o meio em que vive e os conflitos existentes durante esta fase da vida interferem nos resultados que o abuso de álcool e outras drogas podem trazer a este adolescente. O objetivo deste trabalho é identificar o uso de álcool e outras drogas por estudantes do ensino médio de uma escola particular e uma escola pública em Anápolis-Goiás e as consequências escolares e familiares. Métodos: Foi utilizado um questionário semiestruturado com questões sociodemográficas (sexo, idade, religião, vida familiar, entre outros) e o Inventário de Triagem do Uso de Drogas - Dusi - R. Resultados: O álcool teve maior prevalência de uso (52,1%), seguida por tabaco (12,4%) e maconha (8,9%). Os estudantes que usaram drogas tiveram maiores chances de ter problemas escolares e familiares, como faltas, discussões com os pais, não fazer deveres escolares e usar doses maiores das drogas para chegar ao efeito desejado. Conclusão: O uso indiscriminado e sem acompanhamento de drogas pode trazer consequências aos usuários e o conhecimento deste uso pode auxiliar no combate e prevenção entre a população pesquisada. Os resultados demonstram algumas dessas consequências no âmbito escolar e familiar, mostrando a necessidade de campanhas de prevenção e informação para jovens e pais. PALAVRAS-CHAVE Drogas Ilícitas; Adolescente; Epidemiologia. ABSTRACT Objective: The use of alcohol and other drugs during youth can bring several problems in the cognitive and social development of the users. The maturation of the brain, the interaction with the environment they live in, and the conflicts during this life phase can end up interfering in the results that abuse of alcohol and other drugs can bring to teenagers. The primary goal of this work is to identify the use of alcohol and other drugs by high school students from a private and a public school in Anápolis, and the consequences of it in their scholar life and the relationship with their family. Methods: This research used a semi-structured questionnaire with social-demographic questions (gender, age, religion, family life etc) and the Drug Use Screening Inventory - DUSI - R. Results: Alcohol had a higher prevalence of use (52.1%), followed by tobacco (12.4%) and marijuana (8.9%). Students who used drugs were more likely to have school and family problems, O uso de álcool e outras drogas por adolescentes: consequências na vida familiar e escolar Use of alcohol and other drugs among teenagers: consequences on family and school life Iago Silva de Almeida 1 Patrik Michel dos Anjos Silva 2 Pedro José Menezes Cardoso 3 Paulo Victor Monteiro Quinan 4 Lucas Rassi Garcia 5 Andréia Moreira da Silva Santos 6 Andreia Moreira da Silva Santos ([email protected]) – Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGELICA). Av. Universitária – Cidade Universitária, Anápolis, GO, Brasil. CEP: 75075-070. Submetido em 28/02/2019 - Aprovado em 18/06/2019 1 Graduação em Medicina pelo Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Anápolis, GO, Brasil. 2 Graduação em Medicina pelo Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Anápolis, GO, Brasil. 3 Graduação em Medicina pelo Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Anápolis, GO, Brasil. 4 Graduação em Medicina pelo Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Anápolis, GO, Brasil. 5 Graduação em Medicina pelo Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Anápolis, GO, Brasil. 6 Doutorado em Ciências da Saúde (Neurociências) pela National University of Ireland (NUIG). Mestrado em Neurofarmacologia pela National University of Ireland (NUIG). Docente no curso de medicina do Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Anápolis, GO, Brasil. > > >

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91ARTIGO ORIGINAL

Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 91-103, out/dez 2019Adolescência & Saúde

RESUMOObjetivo: O uso de álcool e outras drogas durante a adolescência pode levar a inúmeros problemas no desenvolvimento dos usuários, tanto cognitivo quanto social. O cérebro em formação, a interação com o meio em que vive e os conflitos existentes durante esta fase da vida interferem nos resultados que o abuso de álcool e outras drogas podem trazer a este adolescente. O objetivo deste trabalho é identificar o uso de álcool e outras drogas por estudantes do ensino médio de uma escola particular e uma escola pública em Anápolis-Goiás e as consequências escolares e familiares. Métodos: Foi utilizado um questionário semiestruturado com questões sociodemográficas (sexo, idade, religião, vida familiar, entre outros) e o Inventário de Triagem do Uso de Drogas - Dusi - R. Resultados: O álcool teve maior prevalência de uso (52,1%), seguida por tabaco (12,4%) e maconha (8,9%). Os estudantes que usaram drogas tiveram maiores chances de ter problemas escolares e familiares, como faltas, discussões com os pais, não fazer deveres escolares e usar doses maiores das drogas para chegar ao efeito desejado. Conclusão: O uso indiscriminado e sem acompanhamento de drogas pode trazer consequências aos usuários e o conhecimento deste uso pode auxiliar no combate e prevenção entre a população pesquisada. Os resultados demonstram algumas dessas consequências no âmbito escolar e familiar, mostrando a necessidade de campanhas de prevenção e informação para jovens e pais.

PALAVRAS-CHAVEDrogas Ilícitas; Adolescente; Epidemiologia.

ABSTRACTObjective: The use of alcohol and other drugs during youth can bring several problems in the cognitive and social development of the users. The maturation of the brain, the interaction with the environment they live in, and the conflicts during this life phase can end up interfering in the results that abuse of alcohol and other drugs can bring to teenagers. The primary goal of this work is to identify the use of alcohol and other drugs by high school students from a private and a public school in Anápolis, and the consequences of it in their scholar life and the relationship with their family. Methods: This research used a semi-structured questionnaire with social-demographic questions (gender, age, religion, family life etc) and the Drug Use Screening Inventory - DUSI - R. Results: Alcohol had a higher prevalence of use (52.1%), followed by tobacco (12.4%) and marijuana (8.9%). Students who used drugs were more likely to have school and family problems,

O uso de álcool e outras drogas por adolescentes: consequências na vida familiar e escolarUse of alcohol and other drugs among teenagers: consequences on family and school life

Iago Silva de Almeida1

Patrik Michel dos Anjos Silva2

Pedro José Menezes Cardoso3

Paulo Victor Monteiro Quinan4

Lucas Rassi Garcia5

Andréia Moreira da Silva Santos6

Andreia Moreira da Silva Santos ([email protected]) – Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGELICA). Av. Universitária – Cidade Universitária, Anápolis, GO, Brasil. CEP: 75075-070.Submetido em 28/02/2019 - Aprovado em 18/06/2019

1Graduação em Medicina pelo Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Anápolis, GO, Brasil.2Graduação em Medicina pelo Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Anápolis, GO, Brasil.3Graduação em Medicina pelo Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Anápolis, GO, Brasil.4Graduação em Medicina pelo Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Anápolis, GO, Brasil.5Graduação em Medicina pelo Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Anápolis, GO, Brasil.6Doutorado em Ciências da Saúde (Neurociências) pela National University of Ireland (NUIG). Mestrado em Neurofarmacologia pela National University of Ireland (NUIG). Docente no curso de medicina do Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Anápolis, GO, Brasil.

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92 Almeida et al.O USO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS POR ADOLESCENTES: CONSEQUÊNCIAS NA VIDA FAMILIAR E ESCOLAR

Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 91-103, out/dez 2019

drogas dos estudantes com as consequências es-colares e familiares.

MÉTODO

Este estudo de corte transversal, observacio-nal e amostragem não probabilística foi realizado com os estudantes do ensino médio de duas esco-las, sendo uma particular e outra pública, na cidade de Anápolis – Goiás. As escolas contam com cerca de 200 alunos cada. A amostra foi caracterizada como de conveniência, com participação dos alu-nos que aceitaram participar da pesquisa a partir da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e permissão dos pais, com a assinatura do termo de assentimento de menor. A escolha das escolas foi realizada de maneira aleatória, dentro do mesmo perímetro urbano, para que a população tivesse as características mais aproximadas possíveis.

O questionário foi aplicado em sala de aula, de forma individual, sem identificação do pes-quisado, conforme os preceitos éticos exigidos na RE 466/2012. Os dados foram coletados após aprovação do comitê de ética sob o CAEE nº 56365516.3.0000.5076.

Foram aplicados dois questionários, um para levantamento do perfil sociodemográfico, com questões sobre o sexo, religião, idade e vida familiar dos participantes, e outro para avaliar os tipos de drogas utilizadas, as consequências na vida escolar e os conflitos familiares presentes nos usuários de álcool e outras drogas (Inventário De Triagem Do Uso De Drogas - Dusi – R). Os questionários são de fácil aplicação e entendimento, consistindo em

INTRODUÇÃO

O uso de álcool sempre foi comum nas socie-dades. Porém, nos últimos anos pesquisas mostram dados alarmantes acerca do aumento do consumo dessa substância em jovens e adolescentes1,2. Se-gundo a Universidade Federal de São Paulo, 80% dos adolescentes já beberam alguma vez na vida e, de acordo com a Secretaria Nacional Antidrogas, 22% dos jovens estão sob risco de desenvolver dependência de álcool3,4. No Brasil, as drogas le-gais, como o álcool e o tabaco, são os problemas de saúde pública mais proeminentes5 e o álcool é a droga mais consumida por adolescentes entre 14 e 16 anos6.

O consumo prematuro de álcool pode gerar alterações no desenvolvimento da capacidade cognitiva e consequências sob o campo psico-e-motivo dos jovens usuários. Dentre esses danos, no uso agudo se destacam estado de confusão mental, perda dos níveis de atenção, influência na execução de ações (ato de iniciar ações e resolução de problemas), dificuldade no reconhecimento espacial e problemas na retenção de memória. No consumo crônico, as consequências podem ser desde o surgimento de doenças (hepatite al-coólica e pancreatite) a prejuízo definitivo nos campos de cognição, como memória, execução de ações, velocidade de tomada de decisões e processamento de informações7. Os problemas familiares apresentados por estes estudantes tanto podem contribuir para o abuso de drogas como podem ser consequência do uso3,8,9,10.

Deste modo, este estudo determinou o perfil dos estudantes que fazem uso de substâncias lícitas e ilícitas, e correlacionou o uso de álcool e outras

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such as absenteeism, discussions with their parents, not doing homework and using larger doses of drugs to achieve the desired effect. Conclusion: The indiscriminate and unmonitored drug abuse can have consequences for the users, and the knowledge of this abuse can aid in the combat and prevention among the researched population. Results demonstrate some of these consequences in the school and family context, showing the need for prevention and information campaigns for teenagers and its parents.

KEY WORDSStreet Drugs; Adolescent; Epidemiology.

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93Almeida et al. O USO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS POR ADOLESCENTES: CONSEQUÊNCIAS NA VIDA FAMILIAR E ESCOLAR

Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 91-103, out/dez 2019Adolescência & Saúde

perguntas diretas e respondidas em no máximo 30 minutos. O questionário sociodemográfico foi desenvolvido pelos pesquisadores. O Inventário de Triagem do Uso de Drogas - Dusi – R foi validado no Brasil por De Micheli e Formigoni11.

Os resultados foram avaliados utilizando o programa SPSS 21. Os dados foram apresentados na forma de frequência e porcentagem, e a ava-liação do padrão de uso e a correlação entre as consequências escolares e os conflitos familiares, foram avaliados através do teste de Qui-Quadra-do de Pearson. Quando a proporção de células com contagem menor que cinco ultrapassou 20% utilizou-se a razão de verrossimilhança (Likelihood ratio). A razão de chances (OR) foi calculada con-siderando um intervalo de 95% de confiança. O nível de significância para os testes estatísticos foi fixado em 0,05.

RESULTADOS

Na escola pública, 29,3% dos pesquisados são do sexo masculino e 70,7% do sexo feminino, e na escola privada, 41,5% são do sexo masculino e 58,5 do sexo feminino; em relação à escolari-dade, na escola pública, 33 (44%) são do 1º ano, 31 (41,3%) do 2º ano e 11 (14,7%) do 3º ano, e na escola privada, 21 (22,3%) são do 1º ano, 28 (29,8%) do 2º ano e 45 (47,9%) do 3º ano (Tabela 1)

Sobre o tipo de habitação, na escola públi-ca, um aluno (1,3%) relatou morar em vivenda, seis (8,0%) em apartamento e 68 (90,7%) em casa, diferentemente da escola privada, em que 24 (25,5%) moram em apartamento e 70 (74,5%) em casa. Sobre a religião, observou-se que na escola pública 50 (66,7%) se dizem católicos, 20 (26,7%) evangélicos e cinco (6,7%) possuem um religião diferente dessas, já na escola privada, 39 (41,5%) são católicos, 48 (51,1) evangélicos e sete (7,4%) são de outra religião. Para a etnia, na es-cola pública, 23 (30,7%) se declararam brancos, 40 (53,3%) pardos, dois (2,7%) amarelos e dez (13,3%) negros, já na escola privada, 57 (60,6%) se declararam brancos, 30 (31,9%) pardos, dois

(2,1%) amarelos e cinco (5,3%) negros (Tabela 1) Em relação ao estado civil dos pais, na escola

pública 56 (74,7%) adolescentes possuem pais casados e 19 (25,3%) divorciados, para a escola privada, 72 (76,6%) tem pais casados, 21 (22,3%) divorciados e um (1,1%) viúvo; por fim, para a renda familiar, na escola pública sete (9,3%) alunos possuem um salário mínimo de renda, 35 (46,7%) dois salários, 16 (21,3%) três salários, seis (8,0%) quatro salários, e 11 (14,7%) cinco salários ou mais, e para a escola privada, nenhum aluno apresentou renda de um salário mínimo, sete (7,4%) dois sa-lários, dez (10,6%) três salários, 16 (17,0%) quatro salários e 61 (64,9%) cinco salários ou mais.

De todos os dados sociodemográficos relacio-nados, apenas estado civil dos pais não apresentou uma diferença estatística relevante (p=0,509), sen-do que todos os outros apresentaram um p≤0,05.

A tabela 2 apresenta os dados de frequência e porcentagem em relação ao uso das principais drogas relatadas pela amostra, enquanto a tabela 3 também mostra os dados em relação a frequência e porcentagem, dividindo a amostra entre a escola pública e particular. Não se observou diferença estatística em relação ao uso de substâncias entre as escolas pesquisadas.

Foi observado nos indivíduos que utilizaram álcool nos últimos 30 dias que estes tem até 2 ve-zes mais chance de ter sentindo “fissura” ou forte desejo pela droga, precisam usar uma dose maior para atingir o efeito desejado, sentem estar muito envolvidos pelo álcool, deixam de realizar alguma atividade por ter gasto dinheiro com a droga, que-brado regras sob efeito do entorpecente, mudam repentinamente de humor pelo álcool, já sofreram algum acidente de carro, já machucaram alguém ou brigaram com membros da família devido ao uso da droga, além de problemas de relaciona-mento com amigos, em comparação àqueles que não usaram álcool. Pôde ser analisado, também, que os alunos que utilizaram álcool têm 2,2 vezes mais chance de ter apresentado problemas de memória por causa do uso e 2,4 vezes mais de gostar de “brincadeiras” que envolvem bebidas.Foi encontrado que os adolescentes que afirmaram terem consumido maconha nos últimos 30 dias

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Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 91-103, out/dez 2019

desconhecerem onde você está ou o que está fazendo. Dentre os alunos que utilizaram tabaco nos últimos 30 dias, notou-se que há 2,7 vezes mais chances de deixar de fazer os deveres de casa frequentemente e 5,4 vezes mais chances de faltar ou chegar atrasado na escola devido ao uso da droga (Tabela 6). A tabela 5 mostra ainda que os adolescentes que fizeram uso de maconha têm 6,7 vezes mais chance de ter pais que desconhecem o que eles gostam ou não gostam e 11,5 vezes mais chance de ter pais que frequentemente não sabem onde eles estão ou o que estão fazendo.

Para a área de problemas escolares, alunos que fizeram uso de álcool no último mês têm 1,3 vezes mais chance de deixar de fazer os deveres de casa e de mudar os amigos da escola do que os que não utilizaram, além de apresentar, também, 2 vezes mais chance de ter tido problema na escola e faltado ou chegado atrasado na aula pelo uso da droga (Tabela 6).

É importante ressaltar que houve uma relação muito expressiva entre os estudantes que utiliza-ram tabaco nos últimos 30 dias e o consumo de álcool, sendo que dos 21 usuários de tabaco da amostra, obteve-se que 20 destes consumidores também fizeram uso de álcool, concluindo, assim, que 95,2% dos fumantes utilizaram álcool. Além disso, quanto aos alunos que relataram ter ingerido bebida alcoólica 22,7% fizeram o uso de tabaco. Mostrando, com isso, que uma droga pode estar associada como fator de risco da outra, visto que dos 81 estudantes que não consumiram álcool, apenas 1 aluno fez o uso de cigarro no último mês.

possuem até 3,5 vezes mais chance de ter sintomas de abstinência após o uso da droga e de gostar de brincadeiras que envolvam bebidas. Também foi achado que esse grupo apresenta 5,2 vezes mais chance de ter deixado de realizar alguma atividade por ter gasto dinheiro com a droga e 5,5 vezes mais chance de mudar rapidamente de humor devido ao uso da substância (Tabela 4).

Em relação a problemas familiares, foi de-monstrado que os adolescentes que fizeram uso de bebida alcoólica no último mês têm 1,4 vezes mais probabilidade de os pais desconhecerem o que o ele gosta ou não gosta de fazer e de ter discussões frequentes com os pais envolvendo gritos em comparação aos que não usaram. Dentre os alunos que utilizaram tabaco nos últimos 30 dias, notou-se que há até 4 vezes mais chances de quebrar regras ou desobedecer às leis sob o efeito da droga, se machucar acidentalmente ou alguém depois de usar a droga, ter sintomas de abstinência após usar a droga, ter problemas para lembrar o que fez enquanto sob o efeito da droga e gostar de brincadeiras ‘que envolvem bebidas’. Além disso, notou-se também que há de 4,4 até 10,5 vezes mais chances de precisar usar mais e mais droga para chegar ao efeito desejado, deixar de realizar alguma atividade por ter gastado dinheiro com a droga, mudar rapidamente de humor por causa da droga e tem problemas para resistir ao uso da droga. Dentre os alunos que utilizaram tabaco nos últimos 30 dias, notou-se que há de 2,5 a 2,8 vezes mais chances da família dificilmente fazer coisas juntos, de faltar regras sobre o que pode e o que não pode fazer e dos pais frequentemente

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Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 91-103, out/dez 2019Adolescência & Saúde

Tabela 2. Frequência e porcentagem, nos últimos 30 dias, do uso de drogas entre 169 adolescentes de uma escola pública e uma particular em Anápolis, Goiás.

Tabela 3. Comparação entre a frequência do uso de drogas entre 169 adolescentes de uma escola pública e uma particular em Anápolis, Goiás.

Pública

n (%)

Privada

n (%)

Álcool (p=0,642)

Não usei 37 (49,3%) 44(46,8%)

1 a 2 vezes 24 (32%) 27 (28,7%)

3 ou mais

Tabaco (p=0,632)

14 (18,6%) 23 (24,4%)

Não usei 68 (90,6%) 80 (85,2%)

1 a 2 vezes 4 (5,3%) 7 (7,4%)

3 ou mais

Maconha (p=0,699)

3 (4%) 7 (7,4%)

Não usei 70 (93,3%) 84 (89,3%)

1 a 2 vezes 2 (2,7%) 6 (6,3%)

3 ou mais 3 (4%) 4 (4,3%)

Droga Não usei 1 a 2 vezes 3 ou mais vezes

n (%) n (%) n (%)

Álcool 81(47,9) 51(30,2) 37(21,9)

Tabaco 148(87,6) 11(6,5) 10(5,9)

Maconha 154(91,1) 8(4,7) 7(4,2)

Tabela 1. Descrição sociodemográfica de uma amostra de 169 adolescentes de uma escola pública e uma particular de Anápolis, Goiás.

Pública n(%)

Privada n(%)

Sexo

Masculino 22(29,3) 39(41,5)

Feminino 53(70,7) 55(58,5)

Escolaridade

1º ano 33(44) 21(22,3)

2º ano 31(41,3) 28(29,8)

3º ano 11(14,7) 45(47,9)

Tipo de Habitação (p=0,04)

Vivenda 1(1,3) 0(0)

Apartamento 6(8) 24(25,5)

Casa 68(90,7) 70(74,5)

Religião (p=0,03)

Católico 50(66,7) 39(41,5)

Evangélico 20(26,7) 48(51,1)

Outros 5(6,7) 7(7,4)

Etnia (p<0,01)

Branco 23(30,7) 57(60,6)

Pardo 40(53,3) 30(31,9)

Amarelo 2(2,7) 2(2,1)

Negro 10(13,3) 5(5,3)

Estado Civil dos Pais (p=0,509)

Casado 56(74,7) 72(76,6)

Divorciado 19(25,3) 21(22,3)

Viúvo 0(0) 1(1,1)

Renda Familiar (p<0,01)

1 salário 7(9,3) 0(0)

2 salários 35(46,7) 7(7,4)

3 salários 16(21,3) 10(10,6)

4 salários 6(8) 16(17)

5 ou mais salários 11(14,7) 61(64,9)

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Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 91-103, out/dez 2019

Tabela 4. Frequência de consumo de substâncias segundo uso e intensidade do envolvimento nos últimos 12 meses entre 169 alunos de uma escola pública e uma particular em Anápolis, Goiás.

Álcool Tabaco Maconha

n (%) OR IC n (%) OR IC n (%) OR IC

Já sentiu “fissura” ou forte

desejo por álcool ou outras

drogas?

35(79,5) 1,8* 1,4~2,4 10(22,7) 2,5 1,1~5,6 6(13) 1,8 0,7~5

Precisou usar mais e mais droga para chegar ao efeito desejado?

18(94,5) 2* 1,6~2,4 12(63,2)10,5* 5,1~21,6 4(21,1) 2,8 1~8,1

Já sentiu não conseguir controlar o uso da droga?

5(83,3) 1,6 1,1-2,4 1(16,7) 1,3 0,2~8,5 0(0) - -

Já sentiu que estava dependente ou muito envolvido pela droga?

7(87,5) 1,7* 1,2~2,3 3(37,5) 3,3 1,2~9

1(12,5) 1,4 0,2~9,6

Deixou de realizar alguma atividade por ter gasto dinheiro com a droga?

11(100) 2* 1,7~2,4 8(72,7) 8,8* 4,6~16,6 4(36,4) 5,2* 1,9~13,7

Quebrou regras ou desobedeceu às leis sob efeito da droga?

17(89,5) 1,8* 1,5~2,3 6(31,6) 3,1* 1,3~7,1 4(21,1) 2,8 1~8,1

Muda rapidamente de humor por causa da droga?

14(100) 2* 1,7~2,4 9(64,3) 8,3* 4,2~16,2 5(35,7) 5,5* 2,1~13,9

Sofreu algum acidente de carro depois de usar a droga?

5(100) 1,9* 0,9~1 2(40) 3,4 1~10

1(20) 2,3 0,3~14

Se machucou acidentalmente ou alguém depois de usar a droga?

10(100) 2* 1,7~2,3 4(40) 3,7* 1,5~9

2(20) 2,4 0,6~9,3

Já brigou com membro da família ou amigo pelo seu uso da droga?

10(90,9) 1,8* 1,4~2,3 4(36,4) 3,3 1,3~8,3 1(9,1) 1 0,1~7,1

Teve problemas de relacionamento com amigos devido ao uso da droga?

13(92,9) 1,9* 1,5~2,3 3(21,4) 1,8 0,6~5,5 3(21,4) 2,7 0,8~8,6

Teve sintomas de abstinência após o uso da droga?

29(85,3) 1,9* 1,5~2,4 8(23,5) 2,4* 1,1~5,4 7(20,6) 3,4* 1,3~8,9

continua

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Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 91-103, out/dez 2019Adolescência & Saúde

continua

continuação da tabela 4

Álcool Tabaco Maconha

n (%) OR IC n (%) OR IC n (%) OR IC

Teve problemas para lembrar o que fez enquanto sob efeito da droga?

33(91,7) 2,2* 1,7~2,7 11(30,6) 4* 1,8~8,8 6(16,7) 2,4 0,9~6,4

Gosta de brincadeiras “que envolvem bebidas”?

39(95,1) 2,4* 1,9~3,1 11(26,8) 3,4* 1,5~7,4 8(19,5) 3,5* 1,3~9,2

Tem problemas para resistir ao uso da droga?

9(81,8) 1,6* 1,1~2,2 5(45,5) 4,4* 2~9,9

2(18,2) 2,2 0,5~8,5

*p≤0,05.

Tabela 5. Frequência de consumo de substâncias segundo relato de problemas familiares entre 169 adolescentes de uma escola pública e uma particular em Anápolis, Goiás.

Álcool Tabaco Maconha

N(%) OR IC N(%) OR IC N(%) OR IC

Algum membro da sua

família usou maconha ou

cocaína no último ano?

11(64,7) 1,2 0,8~1,8 4(23,5) 2,1 0,8~5,5 3(17,6) 2,2 0,7~7,1

Algum membro da família

usou álcool a ponto de

causar problemas?

30(61,2) 1,2 0,9~1,6 6(12,2) 0,9 0,4~2,3 5(10,2) 1,2 0,4~3,3

Algum membro da família

foi preso no último

ano?

13(61,9) 1,2 0,8~1,7 5(23,8) 2,2 0,9~5,3 3(14,3) 1,7 0,5~5,7

Tem discussões frequentes

com pais que envolvam

gritos?

23(69,7) 1,4* 1~1,9

6(18,2) 1,6 0,6~3,9 4(12,1) 1,4 0,5~4,4

Sua família dificilmente faz

coisas juntas?

29(65,9) 1,3* 1~1,8

10(22,7) 2,5* 1,1~5,6 6(13,6) 1,8 0,7~5

Pais desconhecem o

que você gosta ou não

gosta?

33(67,3) 1,4* 1,1~1,9 9(18,4) 1,8 0,8~4 11(22,4) 6,7* 2,2~20

Na sua família faltam regras

sobre o que você pode ou

não fazer?

11(64,7) 1,2 0,8~1,8 5(29,4) 2,7* 1,1~6,6 4(23,5) 3,2 1,1~9

Pais desconhecem o que

você pensa sobre as coisas

importantes?

38(58,5) 1,2 0,9~1,6 9(13,8) 1,2 0,5~2,6 8(12,3) 1,8 0,6~4,8

Pais brigam muito entre si? 24(60) 1,2 0,8~1,6 6(15) 1,2 0,5~3,1 5(12,5) 1,6 0,5~4,4

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98 Almeida et al.O USO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS POR ADOLESCENTES: CONSEQUÊNCIAS NA VIDA FAMILIAR E ESCOLAR

Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 91-103, out/dez 2019

Álcool Tabaco Maconha

N(%) OR IC N(%) OR IC N(%) OR IC

Pais frequentemente

desconhecem onde você

está ou o que está fazendo?

22(88) 1,9* 1,5~2,4 7(28) 2,8* 1,2~6,4 10(40) 11,5* 2,4~30,8

Pais estão fora de

casa a maior parte do

tempo?

46(58,2) 1,2 0,9~1,6 11(13,9) 1,2 0,5~2,7 9(11,4) 1,7 0,6~4,5

Sente que seus pais não se

importam ou não cuidam

de você?

5(55,6) 1 0,5~1,9 1(11,1) 0,8 0,1~5,9 2(22,2) 2,7 0,7~10

Se sente feliz em relação

ao local no qual você

vive?

16(64) 1,2 0,9~1,7 2(8) 0,6 0,1~2,4 3(12) 1,4 0,4~4,7

Se sente em perigo em casa? 5(71,4) 1,3 0,8~2,2 2(28,6) 2,4 0,7~8,4 1(14,3) 1,6 0,2~10,8

*p≤0,05.

continuação da tabela 5

Tabela 6. Frequência de consumo de substâncias segundo relato de problemas escolares entre 169 adolescentes de uma escola pública e uma particular em Anápolis, Goiás.

Álcool Tabaco Maco-nha

n(%) OR IC n(%) OR IC n(%) OR IC

Gosta da escola? 72(52,9) 1 0,7~1,6 16(11,8) 0,7 0,3~1,9 12(8,8) 0,9 0,2~3,2

Tem problemas para se concentrar na escola ou nos estudos?

53(54,1) 1 0,8~1,4 13(13,3) 1,1 0,5~2,6 7(7,1) 0,6 0,2~16

Notas são abaixo da média?

23(63,9) 1,3 0,9~1,7 7(19,4) 1,8 0,8~4,2 4(11,1) 1,3 0,4~3,9

“Cabula” aulas mais que dois dias por mês?

14(63,6) 1,2 0,8~1,8 5(22,7) 2 0,8~5,1 5(22,7) 3,3 1,2~8,8

Falta muito à escola? 11(57,9) 1,1 0,7~1,7 4(21,1) 1,8 0,6~4,9 3(15,8) 1,9 06~6,3

Pensou seriamente em abandonar a escola?

21(63,6) 1,2 0,9~1,7 4(12,1) 0,9 0,3~2,6 1(3) 0,2 0,04~2,1

Deixa de fazer os deveres de casa frequentemen-te?

48(60) 1,3* 0,9~1,7 15(18,8) 2,7* 1,1~6,8 8(10) 1,2 0,4~3,3

Se sente sonolento nas aulas?

61(55) 1,1 0,8~1,6 13(11,7) 0,8 0,3~1,9 8(7,2) 0,5 0,2~1,5

Chega atrasado para a aula frequentemente?

16(61,5) 1,2 0,8~1,7 6(23,1) 2,2 0,9~5,1 4(15,4) 2 0,6~5,8

Seus amigos da escola são diferentes daqueles do ano passado?

57(58,8) 1,3*

0,8~1,8 13(13,4) 1,2 0,5~2,7 8(8,2) 0,8 0,3~2,2

continua

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Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 91-103, out/dez 2019Adolescência & Saúde

DISCUSSÃO

Em consonância com os dados encontrados na literatura sobre o assunto, o presente estudo demonstrou que o álcool é a droga mais consu-mida entre os adolescentes, seguida de tabaco e maconha. Foi encontrado quanto ao uso de substâncias nos últimos 30 dias uma prevalência de 52,1% do consumo de álcool, 12,4 de tabaco e 8,9% de maconha. Tais dados assemelham-se a um estudo realizado com 1316 alunos, onde foi verificado que 43% utilizaram álcool pelo menos uma vez no último mês12. Observa-se também em outro trabalho realizado com 965 alunos, um uso de 12,8% de tabaco nos últimos 30 dias13. Em comparação a uma pesquisa realizada com 2410 alunos, o uso de maconha no último mês foi de 5,8%14.

Contudo, as prevalências encontradas para as substâncias mostraram-se divergentes em relação a um estudo realizado por Vieira et al.14, com uma amostra de 1170 alunos, na qual houve prevalência de 33% do consumo de álcool, seguido pelo tabaco (4,4%) e por outras drogas (0,6%), nos últimos 30 dias15. Tal desigualdade encontrada pode ser decorrente das diferentes faixas etárias analisadas, sendo a deste estudo representada por alunos do ensino médio, e no estudo em comparação, representada por escolares do 8º ano do ensino fundamental. No entanto, ainda que as preva-lências se mostrem diferentes, o álcool continua sendo a droga mais utilizada, seguido do tabaco e outras drogas. Vale ressaltar também que, em relação ao uso por pelo menos uma vez na vida, os dados foram mais próximos (60,6% para álcool, 16,9% tabaco e 2,3% drogas ilícitas).

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Álcool Tabaco Maco-nha

n(%) OR IC n(%) OR IC n(%) OR IC

Irrita facilmente ou se chateia quando está na escola?

32(59,3) 1,2 0,9~1,6 6(11,1) 0,8 0,3~2 3(5,6) 0,5 0,1~1,8

Fica entediado na escola? 54(55,7) 1,1 0,8~1,5 12(12,4) 0,9 0,4~2,2 9(9,3) 1,1 0,4~2,9

Notas na escola são pio-res do que costumavam ser?

31(55,4) 1 0,8~1,4 9(16,1) 1,3 0,6~3,3 5(8,4) 1 0,3~2,8

Se sente em perigo na escola?

9(60) 0,9 0,5~1,5 4(22,2) 1,9 0,7~5,2 1(5,6) 0,5 0,08~4,2

Já repetiu de ano alguma vez?

15(55,6) 1 0,7~1,5 4(14,8) 1,2 0,4~3,3 3(11,1) 1,3 0,3~4,3

Se sente indesejado nos clubes escolares ou ativi-dades extracurriculares?

9(56,3) 1 0,6~1,7 2(12,5) 1 0,2~3,9 0(0) - -

Faltou ou chegou atrasa-do na escola devido ao uso da droga?

7(100) 2* 1,7~2,3 4(57,1) 5,4* 2,4~11,9 2(28,6) 3,5 0,9~12,8

Teve problema na escola por causa da droga?

8(100) 2* 1,3~2,3 2(25) 2,1 0,5~7,5 2(25) 3 0,8~11,4

Alguma vez a droga interferiu nas suas lições de casa ou trabalhos?

8(88,9) 1,7* 1,3~2,3 3(33,3) 2,9 1~8,2 2(22,2) 2,7 0,7~10,3

Já foi suspenso alguma vez?

15(68,2) 1,3 0,9~1,9 4(18,2) 1,5 0,5~4,3 3(13,6) 1,6 0,5~5,4

continuação da tabela 6

*p≤0,05.

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Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 91-103, out/dez 2019

Outro ponto importante dessa pesquisa é que apesar da diferença estatística significativa entre a renda familiar mensal dos estudantes da escola pública e particular, não foi identificado a mesma diferença no padrão de consumo das drogas pesquisadas. Esse fato difere dos dados encontrados por Silva et al.16, onde foi percebido que o uso de álcool e drogas ilícitas nos últimos 12 meses esteve relacionado à renda mais elevada15. No mesmo sentido, Carlini-Cotrin, Gazal-Carvalho e Gouveia17, observaram que os alunos de insti-tuições particulares tiveram maior uso de álcool, tabaco e maconha do que alunos da rede pública.

Em relação ao uso das substâncias pesquisa-das e sua consequência em âmbito familiar, neste estudo foi observado que os alunos que utilizaram álcool tiveram 1,3 a 1,9 vezes mais chance de ter pais que desconhecem as atividades realizadas pelos filhos e seus interesses, discussões frequen-tes envolvendo gritos e falta de atividades em família. O resultado encontrado é semelhante ao do estudo de Malbegier, Cardoso e Amaral18, que indica 1,6 a 2,4 vezes mais destes problemas nos alunos que faziam uso de álcool, divergindo no desconhecimento das atividades realizadas pelo filho, com relevância apenas no uso de drogas ilícitas. Vale ressaltar que este item foi o único que apresentou relevância estatística com o uso de todas as drogas analisadas.

No que tange ao início do uso de substâncias, 25% dos adolescentes que afirmaram ter utilizado bebida alcoólica no último mês, ingeriram pelo menos um copo de álcool pela primeira vez na vida antes dos 12 anos. Esse início de uso precoce da substância é associado a problemas como aci-dentes automobilísticos, comportamento sexual de risco e prejuízos na formação para cognição na vida adulta, além de ser a porta de entrada para outras drogas19. Além disso, o início do uso pre-coce de bebidas alcóolicas pode estar associado a maior chance de uso abusivo, aumentar o risco de consumirem tabaco e outras drogas, ter a sensação de falta de punição dos pais para consumo de substâncias, e terem pais que consomem drogas20.

Em outra pesquisa, 39,2% dos adolescentes participantes afirmaram ter experimentado álcool

pela primeira vez dentro de casa21. A somatória desses fatores se torna preocupante devido a maior parte da amostra deste estudo ter consumido bebidas alcóolicas no último mês. Sendo assim, grande parcela dos jovens participantes da pesqui-sa pode estar sobre graves riscos de desenvolver dependência futura e de ter outros prejuízos. Outro fator agravante é a possível falta de entendimento por parte dos pais da gravidade de se estimular esses hábitos, visto que a presença de pais que bebem ser um dos fatores de risco para o início e continuação do uso de substâncias. Há também de ressaltar a importância de se descontinuar o hábito de pais oferecerem bebidas alcoólicas para os filhos quando jovens, fato muitas vezes comum e que parece inofensivo.

Outro fator agravante é a presença de pais que não tem relação próxima aos filhos e de bri-gas frequentes, comportamentos que também aumentam a chance de consumir álcool. Como os jovens estão em uma fase de descobrimento, angústias e impulsividade, ter esses problemas em casa pode predispor o consumo de substâncias como válvula de escape para suas frustrações e desentendimentos.

Inserido nesse contexto, a escola desempenha papel fundamental na formação desses estudantes, visto que estão em fase de transição e maturidade para a vida adulta. Sendo assim, deve-se imple-mentar meios de atuação para os profissionais de educação exercerem influência positiva para prevenção e descontinuação do uso de substâncias, já que muitas vezes a figura do professor é vista como formadora de opinião para os estudantes.

Além disso, também é importante que o am-biente escolar seja mediador entre os estudantes e os pais, promovendo oportunidades de diálogos e resolução de problemas que muitas vezes são negligenciados pelos pais, mas percebidos no ambiente escolar. O uso de drogas é associado à maior abstenção escolar e atrasos, problemas na escola, não resolução das tarefas escolares e mudanças constantes dos grupos de amigos. Os profissionais da educação devem ficar atentos para esses fatores para identificar possíveis alunos que estejam desenvolvendo hábito de consumo de

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Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 91-103, out/dez 2019Adolescência & Saúde

substâncias e informar os pais, buscando soluções para essas questões.

Há também a necessidade da escola promo-ver campanhas de entendimento e conhecimento para os pais sobre quais atitudes estes devem exer-cer dentro de casa para prevenir o uso de drogas e melhorar o relacionamento familiar.

É importante salientar ainda que existe uma correlação entre o consumo de álcool e tabaco, indicando que uma substância aumenta o consu-mo da outra22. Além dessa associação, o uso de uma substância psicoativa aumenta risco do uso de outra21. Pôde-se observar na amostra analisada que dos 21 estudantes que fizeram uso de taba-co no último mês, 20 também utilizaram álcool, confirmando assim uma forte associação entre essas drogas lícitas.

Variados trabalhos indicam a prevalência do uso de tabaco entre adolescentes, aparecendo entre as drogas mais utilizadas, perdendo apenas para o álcool, o que justifica uma maior atenção em relação a esta droga, em virtude dos variados problemas que tal substância pode causar, princi-palmente doenças graves como câncer, enfisema, problemas cardíacos e doença vascular encefálica22. O período da adolescência tem grande vulnerabi-lidade para o início do uso, pois essa faixa etária sofre grande influência dos grupos em que convive e de ser uma época da vida em que os jovens estão em fase de experimentação e definição de hábitos e gostos.

Os resultados trazidos por essa pesquisa mos-tram que a prevalência do consumo de tabaco entre adolescentes foi de 12,4% nos últimos trinta dias, porcentagem que se assemelha a encontra-da por Nascimento et al.24 (8,3%). Porém, o uso é menor do que o obtido em outros países da América Latina, como Argentina (25,5%), Uruguai (17,7%) e Peru (17,3%)21. Pode-se levantar algu-mas hipóteses para o menor consumo da droga no Brasil. A proibição da propaganda em favor do tabaco em grandes meios de comunicação, a mudança de hábitos culturais, a maior propagação das consequências geradas pelo tabagismo, o clima mais quente em grande parte do território nacional, a aprovação de novas leis que proíbem

o uso de tabaco em locais públicos são possíveis fatores que têm ajudado na diminuição do hábito de fumar entre a população brasileira.

Pode-se inferir também que o distanciamento familiar por parte dos pais, no sentido de não saberem o que os filhos estão fazendo ou onde estão, e não fazer coisas juntos, a ausência de re-gras e limites impostos pelas figuras paternas, são problemas familiares associados à maior chance de consumo de tabaco pelos jovens usuários. Ou seja, é essencial para a boa convivência do lar e para a prevenção do uso de substâncias, a pre-sença constante dos pais na vida dos filhos, com diálogo, atenção, vigília e cuidado. Há necessidade de se promover essas ações nas escolas e no meio cultural da sociedade, para que cada vez mais esse hábito esteja presente nos lares.

Por fim, foi notado nesse estudo que alunos usuários de tabaco tem mais chance de faltar ou chegar atrasado na escola e deixar de fazer os deveres de casa. Apenas esses fatores já são sufi-cientes para se perceber a influência na geração de problemas que a substância traz, mesmo que as outras variáveis não tenham apresentado rele-vância estatística.

Quanto ao uso de maconha, foi encontrado também que existem chances aumentadas dos pais desconhecerem o que os filhos gostam, o que estão fazendo, ou onde os filhos estão. Para os problemas escolares, não foi encontrado ne-nhuma variável com relevância estatística nesse estudo. Apesar de se ter conhecimento que o uso de drogas pode causar variados problemas para a saúde e desempenho do jovem, como dificuldades no aprendizado, queda no desempenho escolar e prejuízo na formação cognitiva e emocional, faltam na literatura estudos que comprovem o prejuízo no desempenho escolar e relação familiar associados ao uso isolado de maconha.

Percebeu-se, então, que muitos participantes desta pesquisa demonstraram ser consumidores de bebidas alcoólicas, com prevalência bem superior às outras drogas psicotrópicas. Um fator que pode ser citado como responsável por essa realidade é o fácil acesso ao álcool, além de ser de baixo custo e de relativa aceitação social. Isso reafirma

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Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 91-103, out/dez 2019

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Vale relembrar que a venda de bebidas alcoó-licas para menores de 18 anos é proibida por lei, e deve ser punida conforme sua gravidade. Alguns hábitos culturais também são responsáveis pela altíssima prevalência do uso dessa droga entre os adolescentes, como pais que oferecem bebidas aos filhos, pais que bebem dentro de casa e pais que encarregam os filhos de comprarem bebidas alcoólicas para eles. Todos esses costumes são muito entremeados na sociedade brasileira, mas com o maior entendimento de suas consequências, é importante que se descontinue sua propagação.

Alguns comentários se apresentam, final-mente. Apesar da amostra ter sido pequena, a realidade identificada pela análise de dados, com grande quantidade de usuários de álcool, tabaco e maconha, justifica a necessidade de se combater esse uso com campanhas educativas de conscien-tização e prevenção.

Além de se confirmar o alto índice epide-miológico do uso de álcool, tabaco e maconha, também se observou relação entre este uso e

problemas relacionados ao convívio familiar e à vida acadêmica. Este resultado pode refletir tanto uma relação de causa como de consequência para o uso de substâncias e os problemas descritos, havendo necessidade de um estudo longitudinal para tal avaliação.

Vale ressaltar que todas as substâncias influen-ciam de maneira negativa nos âmbitos familiar, escolar e uso de substâncias. Porém é importante perceber que cada uma possui um grau de im-pacto singular nas respectivas áreas. Ademais, devido aos números substanciais e para que haja mais resultados conclusivos, são necessárias mais pesquisas nesse sentido na cidade de Anápolis.

NOTA DE AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Programa Institu-cional de Iniciação Científica - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PI-BIC/CNPq) e à Fundação Nacional de Desenvolvi-mento do Ensino Superior Particular (Funadesp) pela bolsa de incentivo à pesquisa.

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103Almeida et al. O USO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS POR ADOLESCENTES: CONSEQUÊNCIAS NA VIDA FAMILIAR E ESCOLAR

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