patricia maria campos de almeida a elaboração da opinião...

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Patricia Maria Campos de Almeida A elaboração da opinião desfavorável em português do Brasil e sua inserção nos estudos de Português como Segunda Língua para Estrangeiros (PL2E) Tese de Doutorado Tese apresentada ao Programa de Pós- graduação em Letras da PUC-Rio como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Letras. Orientadora: Profa. Dra. Rosa Marina de Brito Meyer Rio de Janeiro Março de 2007

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Patricia Maria Campos de Almeida

A elaboração da opinião desfavorável em português do Brasil e sua inserção nos estudos de Português como Segunda Língua para Estrangeiros (PL2E)

Tese de Doutorado

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Letras da PUC-Rio como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Letras.

Orientadora: Profa. Dra. Rosa Marina de Brito Meyer

Rio de Janeiro Março de 2007

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Patricia Maria Campos de Almeida

A elaboração da opinião desfavorável em português do Brasil e sua inserção nos estudos de Português como Segunda Língua para Estrangeiros (PL2E)

Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor pelo Programa de Pós-graduação em Letras da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.

Profa. Dra. Rosa Marina de Brito Meyer Orientadora

Departamento de Letras – PUC-Rio

Profa. Dra. Adriana Ferreira de Souza Albuquerque Departamento de Letras – PUC-Rio

Profa. Dra. Norimar Pasini Mesquita Júdice Instituto de Letras – UFF

Profa. Dra. Mônica Maria Rio Nobre Faculdade de Letras – UFRJ

Profa. Dra. Marta Reis Almeida Department of Spanish and Portuguese – Yale University

Prof. Dr. Paulo Fernando Carneiro de Andrade Coordenador Setorial do Centro de Teologia e Ciências Humanas

Rio de Janeiro, 19 de março de 2007

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Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, da autora e da orientadora.

Patricia Maria Campos de Almeida

Licenciada em português/francês e especialista em Português Língua Estrangeira (PLE) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 2002, obteve seu título de Mestre em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Atua, desde 1993, com o ensino de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E) e participa ativamente de encontros ou associações científicas dessa área. Em 1997, iniciou suas atividades como docente da Faculdade de Letras / UFRJ. Nessa instituição, vem ministrando regularmente cursos de português para falantes de outras línguas e de formação de futuros professores de PL2E. Atualmente, ocupa a coordenação do Programa de Ensino e Pesquisa em Português para Estrangeiros (PEPPE), sendo responsável tanto pela supervisão dos cursos de PL2E oferecidos no âmbito da extensão, quanto pela orientação dos monitores que atuam no referido Programa.

Ficha Catalográfica

CDD: 400

Almeida, Patricia Maria Campos de A elaboração da opinião desfavorável em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E) / Patricia Maria Campos de Almeida; orientadora: Rosa Marina de Brito Meyer. – 2007. 300 f.: il.; 30 cm Tese (Doutorado em Letras) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. Inclui bibliografia 1. Letras – Teses. 2. Opinião desfavorável. 3. Atos de fala. 4. Português como segunda língua. 5. PL2E. 4. Pragmática. I. Meyer, Rosa Marina de Brito. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Letras. III. Título.

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À Clara Inês,

a clara luz

que ilumina meu viver.

Aquela que me fez descobrir

a magnitude do significado da

VIDA.

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Agradecimentos

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimento, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar. (...) Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grande chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim. (...) (Vinícius de Morais)

A Deus, por me conceder o dom de ter vida e de dar vida a um outro ser. Por Ele sempre iluminar os caminhos por onde tenho trilhado e por me cercar de pessoas maravilhosas.

Aos meus pais, pelo incentivo que sempre me deram para que eu investisse em minhas escolhas e por terem despertado em mim o gosto pelas letras.

A Respicio, por tudo que ele representa: amor, carinho, cumplicidade, compreensão, força e dedicação. Por podermos caminhar juntos em uma estrada que temos construído desde que nos conhecemos e por termos enfeitado esse caminho com uma tão bela flor. Como cantaram Tom Jobim e Vinícius de Morais:

Assim como o oceano só é belo com o luar. Assim como a canção só tem razão se se cantar. Assim como uma nuvem só acontece se chover. Assim como o poeta só é grande se sofrer. Assim como viver sem amor não é viver. Não há você sem mim, eu não existo sem você.

À Profa. Dra. Rosa Marina de Brito Meyer – docente com quem tenho tido o privilégio de compartilhar alguns dos melhores momentos da minha vida acadêmica – por ter me incentivado a fazer a pós-graduação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela orientação atenta, cuidadosa, de indiscutível competência na área de PL2E.

À Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e a seus dirigentes, por terem me concedido uma bolsa de isenção total, sem a qual eu não poderia ter realizado os cursos, nem este trabalho.

Ao meu irmão que, mesmo distante, sempre me apoiou de todas as formas.

Às queridas Lourdes e Sônia, por todas as demonstrações de afeto e por todo apoio.

A todos os meus professores da PUC-Rio, por compartilharem comigo – e com todos os outros alunos – seus conhecimentos: Profa. Dra. Rosa Marina de Brito Meyer, Profa. Dra. Lúcia Pacheco de Oliveira, Profa. Dra. Bárbara Hemais, Profa. Dra. Liliana Bastos, Profa. Dra. Helena Martins, Profa. Dra. Carmelita Dias, Profa. Dra. Violeta Quental, Profa. Dra. Mariza do Nascimento Silva Pimenta-Bueno, Profa. Dra. Maria do Carmo L. Oliveira, Profa. Dra. Maria das Graças Dias Pereira e Profa. Dra. Margarida Basílio.

À Francisca Ferreira de Oliveira – a Chiquinha – por estar sempre pronta a auxiliar os estudantes na Secretaria.

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Às queridas companheiras do Setor de Português Língua Estrangeira, da UFRJ – Danúsia e Ana Catarina – pelas lutas que temos empreendido juntas, pelas vitórias e por compreenderem as ausências e o distanciamento, comuns em uma fase de dedicação à pesquisa.

Às minhas queridas amigas Mônica e Márcia por todos os momentos divertidos que já vivenciamos e que ainda vamos vivenciar.

A todos os membros da família Rio Nobre, pelo carinho.

Às professoras Vera Regina Caribé Simmelhag, Edione Trindade de Azevedo, Gema Andrade da Costa Val, Percília Santos e Adriana Rezende que, em momentos distintos de minha trajetória escolar / acadêmica, ajudaram-me, orientaram-me e mostraram-me o quão maravilhoso seria abraçar a carreira docente.

A Priscilla Santos e Andrea Belfort, minhas dedicadas alunas da UFRJ, pela seriedade que têm demonstrado com relação ao estudo e à pesquisa. Por termos transformado nossa convivência de sala de aula em uma linda amizade.

A todos os estagiários / monitores do Programa de Ensino e Pesquisa em Português para Estrangeiros [UFRJ].

Ao Marco Antonio Monteiro Wanderley, Pastor da Igreja Batista da Esperança, pelo apoio, amizade e confiança. Ao abrir as portas da referida Igreja, permitiu-me realizar muitas das entrevistas empregadas nesta pesquisa. Agradeço igualmente a gentileza e a consideração de todos aqueles da Igreja Batista da Esperança que aceitaram participar da pesquisa.

A Ivonilton Martins de Castro por ter me auxiliado com a coleta de dados, indicando alguns dos participantes dessa pesquisa.

A todos aqueles que participaram dessa pesquisa, dedicando parte de seu tempo para conceder-me a entrevista exposta ao longo deste trabalho.

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Resumo

Almeida, Patricia Maria Campos de; Meyer, Rosa Marina de Brito. A elaboração da opinião desfavorável em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E). Rio de Janeiro, 2007, 300p. Tese de Doutorado – Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Atualmente há, na área de ensino de língua estrangeira, a compreensão de

que um bom usuário de uma LE deve desenvolver um conjunto de competências,

tais como: gramatical, sociolingüística, discursiva e estratégica. A necessidade de

se considerar todas essas competências advém do fato de que o sucesso em uma

comunicação real e intercultural não pode ser garantido apenas com base no

conhecimento lingüístico (Meyer, 2002). Procuramos investigar como elaboramos

a emissão da opinião desfavorável, buscando verificar que elementos lingüísticos

compõem-na e em que contextos emitimos tal tipo de opinião. Objetivamos,

portanto, delinear um modelo de quadro que nos permita compreender as

estratégias empregadas no ato de elaborar a opinião desfavorável. Foram

fundamentais para esta pesquisa os conceitos advindos da Gramática sistêmico-

funcional e referentes ao contexto, além de conceitos do campo da Pragmática. Os

dados da pesquisa – obtidos após aplicação de um Discourse completion test –

permitiram-nos identificar quatro categorias dentro das quais foram distribuídas as

formas de elaboração do ato de emitir uma opinião desfavorável, a saber: 1.

Opinião desfavorável direta; 2. Opinião desfavorável indireta; 3. Falsa opinião

positiva; 4. Não manifestação de opinião. Além disso, foram identificadas

formulações periféricas que, ao acompanharem as categorias listadas, têm como

objetivos amenizar o impacto da opinião desfavorável e salvaguardar a face dos

interlocutores. A pesquisa demonstrou que se faz necessário – no contexto de

ensino de língua estrangeira – ter um conhecimento dos diferentes atos de fala,

dentro dos quais inclui-se o ato de opinar desfavoravelmente a fim de que

possamos nos comunicar adequadamente em situações reais de uso.

Palavras-chave Opinião Desfavorável; Atos de fala; Português como segunda língua; PL2E;

Pragmática.

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Abstract

Almeida, Patricia Maria Campos de; Meyer, Rosa Marina de Brito (Advisor). The statement of an unfavourable opinion in Brazilian Portuguese and its insertion in the studies of Portuguese as second language for foreigners (PL2E). Rio de Janeiro, 2007, 300p. Doctorate Thesis – Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Nowadays, in the field of foreign language (FL) teaching, it is understood

that a good user of an FL should develop a group of competences such as

grammatical, sociolinguistic, discoursive and strategic competences. The need to

consider all of them derives from the fact that the success in a real intercultural

communication cannot be assured through linguistic knowledge only (Meyer,

2002). This thesis investigates how an unfavourable opinion can be expressed and

also which linguistic elements are used and in which contexts this kind of opinion

is given. Our aim, thus, is to propose a model of table that provides an

understanding of the strategies used in the act of stating an unfavourable opinion.

The concepts from systemic functional Grammar related to the context, as well as

those of Pragmatics, were paramount to this research. The data – gathered by

means of a Discourse completion test – allowed us to identify four categories that

classify the ways of giving an unfavourable opinion, namely: 1. direct

unfavourable opinion; 2. indirect unfavourable opinion; 3. false positive opinion;

4. absence of opinion. Furthermore, peripheral formulations were identified.

Coexisting with the categories listed above, they aim at diminishing the impact of

an unfavourable opinion and preserving the interlocutors’ face. The research

showed that – in the context of foreign language teaching – the knowledge of the

different acts of speaking is necessary, including the act of stating an unfavourable

opinion, so that proper communication can be established in real-life situations.

.

Keywords

Unfavourable opinion; Speech acts; Portuguese as a second language; PL2E;

Pragmatics.

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Sumário

1 – Introdução 18 2 – O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E 25 2.1 – A publicação, no Brasil, de materiais de PL2E 25 2.2 – O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E com ênfase no ensino da forma

27

2.3 – O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E com ênfase no ensino do uso

44

3 – Fundamentação Teórica 65 3.1 – Opinar: delineando uma definição 65 3.2 – Estudos sobre a expressão da opinião 68 3.3 – Lingüística sistêmico-funcional e a relação língua-usuário-contexto

70

3.4 – Pragmática 73 3.4.1 – Teoria dos atos de fala 74

3.4.1.1 – Ato de fala e contexto sócio-cultural 85 3.4.2 – Teoria da polidez 91

4 - Metodologia 96 4.1 – Perfil dos participantes 96 4.2 – Coleta e organização dos dados 98

4.2.1 – Ficha de Identificação 100 4.2.2 – Discourse Completion Test 103 4.2.3 – A dinâmica da coleta 106

4.3 – Recursos tecnológicos 107 4.4 – Procedimentos empregados na análise dos dados 109 5 – Análise e discussão dos dados 111 5.1 – Levantamento das Configurações Contextuais 111 5.2 – Marcadores de opinião 114 5.3 – Estudo descritivo da emissão da opinião desfavorável 118

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5.3.1 – Formulações Centrais – Análise dos dados parciais 119 5.3.1.1 – Opinião Desfavorável Direta (ODDcen) 120 5.3.1.2 – Opinião Desfavorável Indireta (ODIcen) 123 5.3.1.3 – Falsa Opinião Positiva (FOPcen) 124 5.3.1.4 – Não Manifestação de Opinião (NMOcen) 125

5.3.2 – Formulações Centrais – Análise da totalidade dos dados 128 5.3.2.1 – Opinião Desfavorável Direta (ODDcen) 127

5.3.2.1.1 – Processos de elaboração da Opinião Desfavorável Direta

128

5.3.2.1.2 – Prefaciadores das formulações ODDcen 137 5.3.2.1.3 – Constituição das formulações ODDcen 140

5.3.2.2 – Opinião Desfavorável Indireta (ODIcen) 146 5.3.2.2.1 – Processo de elaboração da Opinião Desfavorável Indireta

147

5.3.2.2.2 – Constituição das formulações ODIcen 152 5.3.2.3 – Falsa Opinião Positiva (FOPcen) 156

5.3.2.3.1 – Processo de elaboração da Falsa Opinião Positiva

157

5.3.2.3.2 – Falsa Opinião Positiva X Opinião Positiva 160 5.3.2.3.3 – Constituição das formulações FOPcen 165

5.3.2.4 – Não Manifestação de Opinião (NMOcen) 168 5.3.2.4.1 – Processos de elaboração da Não Manifestação de Opinião

169

5.3.2.4.2 – Constituição das Formulações NMOcen 175 5.3.3 – ‘Formulações Centrais’ da ‘Opinião Desfavorável’ – Análise da relação entre as diferentes variáveis e sua elaboração

178

5.3.4 – ‘Formulações Centrais’ da ‘Opinião Desfavorável’ – Análise do perfil dos participantes

185

5.3.5 – Formulações Periféricas 188 5.3.5.1 – Pedido (PEDper) 190 5.3.5.2 – Razão (RAZper) 192 5.3.5.3 – Sugestão (SUGper) 193 5.3.5.4 – Incentivo (INCper) 194 5.3.5.5 – Elogio (ELOper) 195 5.3.5.6 – Comentário (COMper) 196 5.3.5.7 – Desejo (DESper) 197

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5.3.5.8 – Ameaça (AMEper) 197 5.3.5.9 – Repreensão (REPper) 199 5.3.5.10 – Opinião Desfavorável Indireta como Formulação Periférica (ODIper)

200

5.3.5.11 – Falsa Opinião Positiva como Formulação Periférica (FOPper).

201

5.3.5.12 – Não Manifestação de Opinião como Formulação Periférica (NMOper)

202

6 – Considerações Finais 207 7 – Referências Bibliográficas 212 Apêndice 1 221 Apêndice 2 223 Apêndice 3 233 Apêndice 4 237

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Lista de Quadros, Gráficos, Figuras e Tabelas1 Quadros

Quadro 2.1: O ato de opinar em Avenida Brasil 1 52 Quadro 2.2: O ato de opinar em Avenida Brasil 2 53 Quadro 2.3: Tudo Bem? Português para a nova geração – Vol. 1 – distribuição do conteúdo

58

Quadro 2.4: Tudo Bem? Português para a nova geração – Vol. 2 – distribuição do conteúdo

58

Quadro 4.1: Perfil dos participantes (I) 96 Quadro 4.2: Perfil dos participantes (II) 96 Quadro 4.3: Perfis selecionados para a primeira fase da pesquisa 97 Quadro 4.4: Elementos essenciais para a formulação das situações do DCT

106

Quadro 5.1: Papéis envolvidos nas diferentes situações do DCT 113 Quadro 5.2: A inserção das formulações periféricas na emissão da opinião desfavorável – análise parcial

203

Gráficos

Gráfico 5.1: Incidência dos Marcadores de Opinião 118 Gráfico 5.2: Distribuição da Opinião Desfavorável 129 Gráfico 5.3: Distribuição das formulações ODDcen pelas situações do DCT

179

Gráfico 5.4: Formulações ODDcen distribuídas pela variável ‘Relações’

179

Gráfico 5.5: Formulações ODIcen distribuídas pela variável ‘Relações’

180

Gráfico 5.6: Distribuição das formulações ODIcen pelas situações do DCT

180

Gráfico 5.7: Formulações FOPcen distribuídas pela variável ‘Relações’

181

Gráfico 5.8: Distribuição das formulações FOPcen pelas situações do DCT

181

Gráfico 5.9: Distribuição das formulações NMOcen pelas situações 182 1 A numeração segue o seguinte princípio: o primeiro número se refere ao capítulo em que se encontra a ilustração. O segundo número, por sua vez, indica a ordem em que ela aparece dentro do capítulo. Desse modo, o Gráfico 5.8 está no quinto capítulo e é o oitavo da série.

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do DCT Gráfico 5.10: Formulações NMO distribuídas pela variável ‘Relações’

182

Gráfico 5.11 Formulações ODDcen distribuídas por ‘Tópico’ 183 Gráfico 5.12: Formulações ODIcen distribuídas por ‘Tópico’ 184 Gráfico 5.13 Formulações FOPcen distribuídas por ‘Tópico’ 184 Gráfico 5.14: Formulações NMOcen distribuídas por ‘Tópico’ 184 Gráfico 5.15: Sexo dos participantes e elaboração da Opinião Desfavorável

186

Gráfico 5.16: Faixa etária dos participantes e elaboração da Opinião Desfavorável

187

Gráfico 5.17: Renda familiar dos participantes e elaboração da Opinião Desfavorável

187

Gráfico 5.18 Índice de ‘Formulações Centrais’ isoladas X ‘Formulações Centrais’ + ‘Periféricas’

188

Figuras

Figura 2.1: Relação dos materiais de PL2E publicados no Brasil 26 Figura 2.2: Dando Opiniões (Tudo Bem? Português para a nova geração – volume 2)

60

Figura 3.1: A linguagem na gramática sistêmico-funcional 72 Figura 3.2: Processo de formação da Configuração Contextual 73 Figura 3.3: Atos que integram o ato de fala 78 Figura 3.4: Incidência da força ilocucionária sobre o ato de fala 80 Figura 3.5: Gráfico de contorno do enunciado “Bonita”, expressando opinião positiva [boNIta]

81

Figura 3.6: Gráfico de contorno do enunciado “Bonita”, expressando opinião desfavorável [boni:ta]

81

Figura 3.7: Gráfico de contorno do enunciado “Bonita, hein?”, expressando opinião desfavorável e irônica [boni::ta, hein?]

82

Figura 3.8: ‘Casa’, ‘Rua’ e Espaços Limítrofes 89 Figura 3.9: Realização do ato de opinar 91 Figura 4.1: Ficha de Identificação – Dados Pessoais 101 Figura 4.2: Ficha de Identificação – Dados para Contato 101 Figura 4.3: Ficha de Identificação – Informações Adicionais 102 Figura 5.1: Realização do Exemplo 30: ah... ficou bom. [0011MaA06]

125

Figura 5.2: Quadro tipológico de referência para o ato de emitir 127

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uma opinião desfavorável [dados parciais] Figura 5.3: Elaboração da ‘Opinião Desfavorável Direta’ 145 Figura 5.4: Elaboração da ‘Opinião Desfavorável Indireta’ 156 Figura 5.5: ah... muito bonito [0152FbA14] 161 Figura 5.6: interessante [0171FaA06] 161 Figura 5.7: legal [0201MaA14] 162 Figura 5.8: Elaboração da ‘Não Manifestação de Opinião’ 174 Figura 5.9: Quadro tipológico de referência para o ato de emitir uma opinião desfavorável [dados completos]

177

Figura 5.10: Opinião desfavorável direta e falsa opinião positiva no contínuo da opinião desfavorável

204

Figura 5.11: Contínuo da emissão da opinião desfavorável 205 Tabelas

Tabela 5.1: Resumo das formulações ODDcen 140

Tabela 5.2: Resumo das formulações ODIcen 153

Tabela 5.3: Resumo das formulações FOPcen 166

Tabela 5.4: Resumo das Formulações NMOcen 175

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Lista de Siglas

FORMULAÇÕES CENTRAIS

ODDcen Opinião Desfavorável Direta como formulação central ODIcen Opinião Desfavorável Indireta como formulação central FOPcen Falsa Opinião Positiva como formulação central NMOcen Não Manifestação de Opinião como formulação central

FORMULAÇÕES PERIFÉRICAS

AMEper Ameaça como formulação periférica

COMper Comentário como formulação periférica

DESper Desejo como formulação periférica

FOPper Falsa Opinião Positiva como formulação periférica

INCper Incentivo como formulação periférica

ODIper Opinião Desfavorável Indireta como formulação periférica

PEDper Pedido como formulação periférica

RAZper Razão como formulação periférica

REPper Repreensão como formulação periférica

SUGper Sugestão como formulação periférica

ELOper Elogio como formulação periférica NMOper Não Manifestação de Opinião como formulação periférica

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CONVENÇÕES DE TRANSCRIÇÃO

Critérios de transcrição estabelecidos a partir de Ribeiro (1991), Tannen (1989) e Marcuschi (1997) (apud Bastos & Pereira, 1998).

Símbolo Especificação .. pausa observada ou quebra no ritmo da fala, com menos

de meio segundo

... pausa de meio segundo, medida com cronômetro

.... pausa de um segundo

(1.5) números entre parênteses indicam a duração da pausa acima de um segundo durante a fala, medida com cronômetro

. descida leve, sinalizando final de enunciado

? subida rápida, sinalizando uma interrogação

, descida leve, sinalizando que mais fala virá

-- fragmentação de uma unidade entonacional antes da conclusão do contorno entonacional projetado

- não é enunciado o final projetado da palavra

: alongamento da vogal

:: ou ::: duração mais longa do alongamento da vogal MAIÚSCULA ênfase ou acento forte

- - - - - silabação (letra a letra) repetições reduplicação de letra ou sílaba

( ) dúvidas, suposições, anotações do analista, observações sobre comportamento não verbal (riso, tosse, atitude, expressão face, gestos, ruídos do meio ambiente etc)

eh, ah, oh, ih, hum, ahã,

humhum

pausa preenchida, hesitação ou sinais de atenção

/.../ indicação de transcrição parcial ou de eliminação

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La prisión de la lengua José Avello

(...) Eso es la lengua, un sometimiento, la cárcel de tu herencia, un modo de pensar y de sentir, un foco de luz para la mirada. Pero también es la puerta por la que transita la razón para domesticar las emociones y transformar el caos en una arquitectura: el alma de tu cuerpo. Cuando el mundo te atenaza el corazón y te lo muerde, buscas una palabra que te libere de la parálisis: “tristeza”, dices, “pena”, “miedo”, quizás “melancolía”, la lengua te permite saber qué es lo que pasa, convierte la emoción salvaje en sentimiento y te rescata de los torbellinos innominados del terror, pues terror sólo es aquello que carece de nombre. Así descubres que la lengua es tu más alta tecnología de supervivencia y que tu modo de sobrevivir es el español, un modo de sentir, un modo de pensar y un modo de saber particular. Que hay otros, pero que ése es el tuyo y que contiene, para tu gratitud, muchas modalidades. Tus antepasados te han legado, por ejemplo, el modo subjuntivo y con él la capacidad de imaginar mundos posibles y alternativos a la simpleza de la indicación o a la ilusoria tiranía del imperativo. Quizás la lengua no sea sino una prisión sin puertas ni cerrojos, una cárcel abierta en la que paradójicamente el mundo anhela entrar, pues solo en la lengua hay consuelo para él: un sentido, un cosmos. Fuera habita el caos. AVELLO, J. La prisión de la lengua. In: En español. Madrid: Grupo Santillana. Pp. 44-45.

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1 Introdução

Assim como cada um coloca onde quer a fronteira dos seus limites, não há regras que separem as concessões necessárias das abusivas. Mas há algumas pistas universais. “A verdade é uma arma letal. Não dá para dizer a uma amiga que a festa dela estava um horror (...). A pessoa franca demais é absolutamente desagradável”. (Ribeiro, 1999, p. 133).

Nas últimas décadas, as áreas relacionadas às comunicações têm

observado um desenvolvimento bastante considerável. Inúmeras são as

ferramentas disponíveis para estimular o contato entre as pessoas e, de uma

certa forma, diminuir a distância entre elas. Apenas para citar três exemplos

bastante comuns atualmente, temos: o telefone móvel, a internet e os programas

de mensagens instantâneas que integram texto escrito, voz e imagem. Diante de

tantas inovações, a possibilidade de interagir com o outro aumenta sobremaneira

e a comunicação interpessoal, envolvendo indivíduos que tenham ou não a

mesma bagagem cultural, parece ganhar destaque nunca antes visto. Até

mesmo no contexto de ensino de língua estrangeira, observa-se a aplicação de

abordagens que contemplam a importância da comunicação, partindo do

princípio de que usamos a língua para interagir e realizar ações (Travaglia,

1997). Um exemplo bastante difundido atualmente é o da Abordagem

Comunicativa para ensino de línguas estrangeiras.

Considerando o exposto acima, pode-se dizer que aqueles que se

dedicam, hodiernamente, à tarefa de ensinar uma língua estrangeira e, em

especial, o português como segunda língua para estrangeiros – PL2E, de acordo

com a nomenclatura proposta por Meyer (2004)1 – certamente já se viram diante

da tarefa de ter de levar seus estudantes a desenvolverem sua competência

comunicativa no idioma-alvo, enfocando diferentes – mas integradas –

competências, tais como: lingüística, sociolingüística e pragmática (Conseil de

l’Europe, 2000) ou, conforme Cardoso (2004), estratégica, lingüístico-

comunicativa, sociolingüística e sociocultural. Tendo em vista o panorama que

se configura atualmente, o objetivo do ensino do português como uma L2E,

então, é, muito freqüentemente, o de tornar esses estudantes capazes de

interagir com brasileiros em diversos contextos situacionais, sobretudo naquelas 1 Esta também é a nomenclatura adotada nos cursos de pós-graduação da PUC-Rio, instituição a que a autora do referido artigo está vinculada.

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situações mais comuns da vida diária, não deixando de contemplar as situações

relativas aos contextos profissional e acadêmico.

Foi com a preocupação de levar meus estudantes a serem capazes de

utilizar a língua portuguesa em diferentes contextos, com os mais variados

interlocutores e com os mais diversos propósitos, que certo dia propus, em um

de meus cursos de português língua estrangeira, uma discussão acerca das

vantagens e desvantagens de se morar em uma metrópole como o Rio de

Janeiro. Em um dado momento da aula, uma estudante de origem jamaicana,

após ter sido questionada acerca de sua opinião sobre a cidade do Rio de

Janeiro, proferiu como resposta o seguinte enunciado: “Não gosto dessa

cidade!”. Comecei, imediatamente, a perguntar-lhe os porquês daquela opinião,

em uma tentativa de buscar justificativas para uma resposta tão inesperada e tão

diversa das outras que até então tinha escutado dos demais estudantes.

Certamente minha expectativa era a de obter uma resposta positiva que

valorizasse minha cidade ou, pelo menos, uma resposta desfavorável prefaciada

ou indireta, já que há estudos a respeito de aspectos relacionados à elaboração

da negação em português do Brasil (Prado, 2001; Albuquerque, 2003) indicando

que procuramos evitar a emissão direta de respostas que tenham carga

negativa.

Caso semelhante é ilustrado pela epígrafe escolhida para abrir este

primeiro Capítulo. Obviamente, a fala reproduzida está inserida em um contexto

sócio-cultural brasileiro, caracterizado pela existência da figura do ‘homem

cordial’, pela resistência ao conflito, pela indiretividade e pelo jeitinho (DaMatta,

1997; Holanda, 1995; Barbosa, 1992; Meyer, 2000; Kepp, 2003). Diante desses

aspectos, compreende-se a razão das discussões e estudos empreendidos na

tentativa de melhor compreender porque o brasileiro tem, de modo geral,

dificuldade em optar pela verdade e pela franqueza em algumas ocasiões e

também a sua preferência por respostas evasivas, muitas vezes criticadas por

aqueles que têm outros parâmetros culturais. A esse respeito, Keep (2003), um

norte-americano com passagens pelo Brasil, faz o seguinte comentário em um

livro que retrata seu dia-a-dia no Brasil e sua visão dos brasileiros e de sua

cultura.

Eu fui criado não no Brasil católico, mas na América protestante, onde a salvação está ligada à conduta pessoal e moral rígida no cotidiano, e não na redenção. Isso ajuda a explicar por que os americanos são muito mais bruscos do que os brasileiros, que são mais corteses. (Keep, 2003, p. 153).

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Introdução 20

A surpresa causada pelas situações descritas levou-me a buscar

explicações que pudessem justificá-las. Uma investigação no material didático

adotado na turma da aluna citada apontou para o fato de que o ato de opinar,

apesar de ser enfocado, era tratado de modo superficial, além de ser confundido

com os atos de concordar e discordar. Ademais, no caso da ‘Opinião

Desfavorável’, os exemplos apresentados no material ilustravam casos de

opinião desfavorável direta, sem comentários acerca dos contextos situacionais

em esse tipo de opinião poderia ser proferida. Foi possível verificar, então, que

esse tópico, quando abordado, resumia-se à sua apresentação na forma de

listas, seguidas, às vezes, de alguns poucos exemplos, sem menção à questão

do uso.

A busca, então, por um melhor entendimento das questões expostas até

este momento delineou, de certa forma, o tema proposto nesta Tese: a

elaboração, em português do Brasil, da ‘Opinião Desfavorável’. Foi também de

fundamental importância o fato de que há, de modo geral, na área de PL2E,

poucos estudos sobre os atos de fala. Por conta disso, não se identificou um

quadro mais detalhado sobre a construção da ‘Opinião Desfavorável’.

Os fatos apresentados, bem como o tema da pesquisa, remetem a uma

discussão recorrente na área de ensino de língua estrangeira que diz respeito

àquilo que se considera conhecer ou falar bem uma língua. Essas noções

certamente não têm uma única definição, visto que podem ter diferentes

contornos em função da abordagem de ensino de língua estrangeira (LE) que se

esteja considerando. Saber uma língua estrangeira em concepções de base

estruturalista significa, por exemplo, conhecer bem a sua estrutura. Isso, no

entanto, não é garantia de que se tenha sucesso em uma situação real de

comunicação. Por conta desse fator, parece haver, atualmente, na área de

ensino de LE, a compreensão de que saber gramática não é um indicador para

avaliar se alguém é ou não bom usuário de uma língua. No caso da aluna

jamaicana, ela demonstrou conhecimento a respeito do sistema da língua, mas

talvez não se possa dizer o mesmo com relação à competência interacional ou

às regras de interação social que empregamos nas diferentes situações

comunicativas. A necessidade de se considerar todas as competências

mencionadas anteriormente advém do fato de que o sucesso em uma

comunicação real e intercultural não pode ser garantido apenas com base no

conhecimento lingüístico (Meyer, 2002). É preciso levar também em conta que

diferenças culturais, de comportamento ou de regras de interação – apenas para

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21

citar algumas – podem criar ruídos que dificultam ou impedem a compreensão,

tal como sugerido pela situação anteriormente apresentada.

O mesmo ocorre com a elaboração da ‘Opinião Desfavorável’. Nesse caso,

não basta conhecer os marcadores de opinião ou saber a conjugação do verbo

achar, de uso corrente quando se trata de emissão de opinião [cf. Capítulo 5]. É

preciso também saber, por exemplo, as regras que regulam as inúmeras

escolhas que os falantes fazem quando se encontram em diferentes contextos

situacionais. Isso significa que não basta saber produzir um enunciado

gramaticalmente correto como o sugerido pela epígrafe “A festa estava

realmente um horror”. A isso deve se somar um conhecimento a respeito da

ocasião e das pessoas com as quais se pode empregar tal enunciado.

Tendo em vista o tema apresentado, objetiva-se, com esta pesquisa,

verificar como os brasileiros, em especial aqueles naturais do estado do Rio de

Janeiro, constroem sua opinião quando confrontados a situações que exigem a

emissão de uma ‘Opinião Desfavorável’. A esse que pode ser considerado o

objetivo geral, somam-se os seguintes objetivos específicos:

1. Verificar se as variáveis sexo, faixa etária e renda regulam a

elaboração da ‘Opinião Desfavorável’.

2. Verificar o grau de relacionamento entre as variáveis campo e

relações (Halliday, 1989) e a elaboração da ‘Opinião Desfavorável’.

3. Verificar em que medida o tópico a respeito do qual deve versar a

‘Opinião Desfavorável’ interfere na elaboração da mesma.

Tanto o tema como os objetivos traçados para esta investigação tiveram

sua origem em uma situação concreta de ensino/aprendizagem de PL2E. Essa

mesma situação também motivou as cinco perguntas que norteiam este

trabalho.

• De que modo a ‘Opinião Desfavorável’ é tratada pelos diferentes

materiais didáticos de português como segunda língua para

estrangeiros editados no Brasil?

• Como é elaborada, em português do Brasil, a emissão da ‘Opinião

Desfavorável’?

• Que elementos lingüísticos compõem uma ‘Opinião

Desfavorável’?

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Introdução 22

• Em que contextos – e diante de que pessoas – podemos, por

exemplo, emitir uma ‘Opinião Desfavorável’ direta tal como fez a

referida estudante?

• Em que medida o conteúdo proposto pelos materiais de PL2E se

aproxima ou se afasta do quadro descritivo da ‘Opinião

Desfavorável’?

A realização deste estudo envolveu, portanto, a busca de respostas para

os questionamentos apresentados e elaboração de um quadro a partir do qual

pudéssemos compreender as estratégias que empregamos no ato de elaborar a

‘Opinião Desfavorável’. Para tanto, foram considerados os materiais didáticos de

PL2E, a fim de que pudéssemos verificar como a questão da ‘Opinião

Desfavorável’ é tratada por eles e foram analisados enunciados produzidos por

falantes de português do Brasil diante de situações que exigiam uma ‘Opinião

Desfavorável’. Estes dados foram a base da elaboração de um quadro descritivo

da ‘Opinião Desfavorável’.

Dão suporte a este estudo alguns conceitos advindos da lingüística

sistêmico-funcional (Halliday, 1994), tais como: contexto de situação, variáveis

situacionais [campo, modo e relações] e configuração contextual. Além disso,

são fundamentais também conceitos do campo da pragmática como: ato de fala

(Austin, 1962; Searle, 1981, 1995), polidez e face (Brown & Levinson, 2000

[1987]). Da Antropologia Social, contribuem os conceitos de ‘Casa’ e ‘Rua’

estabelecidos por DaMatta (1997 [1979]; 1997; 1999 [1984]).

Este estudo foi realizado em duas etapas. Na primeira delas, em caráter

experimental, foram entrevistadas sete pessoas que tiveram de emitir opinião

como reação a doze situações distintas, gerando oitenta e quatro2 respostas que

compõem o corpus da primeira fase desta pesquisa. Os dados dessa fase

permitiram a elaboração daquilo que foi considerada uma taxionomia provisória

do ato de emitir uma ‘Opinião Desfavorável’. Após essa fase, verificou-se a

necessidade de ampliação do número de situações a que os participantes eram

expostos. Uma vez os ajustes necessários tendo sido feitos, foi iniciada a

segunda fase da pesquisa, da qual participaram noventa indivíduos, sendo

quarenta e cinco de cada sexo. Todos os participantes tiveram de responder a

um questionário composto de dezoito situações que apresentavam contextos

situacionais distintos diante dos quais cada participante deveria elaborar uma 2 Do total, uma resposta está inaudível.

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‘Opinião Desfavorável’ (cf. Capítulo 4). Esse questionário, chamado Discourse

Completion Test (DCT), é de uso corrente entre aqueles que se dedicam a

estudar atos de fala. A aplicação do referido instrumento gerou mil seiscentas e

vinte respostas que foram analisadas considerando-se critérios apresentados

mais adiante, no capítulo referente à Metodologia. O objetivo, tal como visto

anteriormente, era traçar um modelo de quadro descritivo para a emissão da

‘Opinião Desfavorável’ em português do Brasil que pudesse servir de suporte

para aqueles que têm como tarefa ensinar ou projetar materiais didáticos de

PL2E.

Antes de abordar a organização do trabalho, vale destacar as razões que

levaram à escolha da denominação ‘Opinião Desfavorável’ no lugar de ‘Opinião

Negativa’. A terminologia ‘Opinião Negativa’ remete-nos imediatamente e quase

exclusivamente àquelas formulações que apresentam obrigatoriamente algum

termo associado à elaboração da negação em português, como: não, nunca,

jamais, ninguém, entre outros. Já na coleta da primeira fase, observou-se a

produção de enunciados que não tinham nenhuma característica de formulações

negativas, como por exemplo: “é::: são bonitas. você: você gosta realMENte de

usar esse tipo de cor?” [0021FaA12]3. Diante disso, a denominação ‘Opinião

Negativa’ deixou de ser significativa para esta pesquisa. Já o conceito ‘Opinião

Desfavorável’`, por ser mais abrangente, admite formulações como a

apresentada (cf. Capítulo 5).

Com relação à organização desta Tese, devem ser considerados 6

capítulos. Este primeiro Capítulo, tal como visto, tem a finalidade de apresentar

as linhas gerais da pesquisa empreendida. O Capítulo 2 contempla uma

discussão acerca do modo como os materiais didáticos de PL2E publicados no

Brasil vêm, ao longo do tempo, tratando do ato de opinar de um modo geral e,

mais especificamente, do ato de opinar desfavoravelmente. Para tanto, foi,

inicialmente, realizado um levantamento dos materiais produzidos e publicados

no Brasil entre 1948 – data considerada atualmente como o ano da primeira

publicação de material para ensino de português do Brasil a falantes de outras

línguas (Júdice e Almeida, 2006) – e 2006. Uma vez identificados os referidos

materiais, cada um deles foi submetido a uma análise com o objetivo de verificar

se apresentavam informações relativas ao ensino de ato de opinar,

principalmente ao ato de opinar desfavoravelmente, visto que este é o interesse

dessa pesquisa. Essas informações poderiam versar, por exemplo, sobre o

3 O código se refere à identificação do informante (cf. Capítulo 4).

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Introdução 24

modo de estruturar lingüisticamente, em português do Brasil, tal ato ou ainda

sobre as estratégias discursivas possíveis em um contexto brasileiro.

O Capítulo 3 é dedicado aos princípios teóricos que norteiam essa

pesquisa. Inicialmente, por este se tratar de um estudo acerca da opinião,

considerou-se pertinente traçar uma definição do que seja opinar para, na

seqüência, abordar os princípios adotados. A realização desta pesquisa contou,

tal como mencionado anteriormente, com a integração de conceitos relacionados

a três campos teóricos relativos à área de estudos da linguagem: Lingüística

Sistêmico-Funcional, Pragmática e Antropologia Social.

No capítulo 4, são apresentados os aspectos relacionados à metodologia

empregada na elaboração e desenvolvimento desta pesquisa. O Capítulo 5, por

sua vez, é voltado para a apresentação da descrição dos dados, com destaque

para a descrição das diferentes estratégias que empregamos na elaboração do

ato de opinar desfavoravelmente e para o estabelecimento de uma taxionomia.

Além disso, esse capítulo também se dedica a apresentar reflexões acerca dos

motivos que levam um falante de português do Brasil a optar por uma estrutura

em detrimento de outra similar. Finalmente, dedico o Capítulo 6 às

considerações finais.

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2 O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E

(...) temos visto o surgimento e desdobramentos do movimento comunicativo funcional que propõe, entre outras coisas, o deslocamento do foco primário de atenção para as funções comunicativas dentro da fala (como por exemplo, “expressar uma opinião”, numa “conversa informal”). (Almeida Filho, 1993, p. 57).

Neste capítulo, dedicar-nos-emos a traçar um histórico dos materiais

publicados no Brasil para o ensino de português como segunda língua para

estrangeiros (PL2E)4, a fim de compreendermos como a questão da elaboração

do ato de opinar tem sido apresentada aos estudantes estrangeiros ao longo do

tempo e sob diferentes enfoques metodológicos. Inicialmente, será apresentado

um levantamento dos materiais, com o objetivo de fornecer uma visão geral de

como tem se desenvolvido, no Brasil, a produção editorial de materiais didáticos

de português como segunda língua para estrangeiros. Posteriormente, esses

materiais, separados em dois grupos – com ênfase na forma e com ênfase no

uso – serão comentados.

2.1 A publicação, no Brasil, de materiais de PL2E

Os materiais didáticos disponíveis para ensino de português do Brasil

como segunda língua, sobretudo quando comparados àqueles voltados para o

ensino de outros idiomas, tais como inglês, francês ou espanhol, são em número

reduzido; principalmente se tivermos em conta apenas os materiais publicados

em nosso país. Uma explicação possível para isso reside no fato de que o

interesse pelo aprendizado do português como segunda língua ou como língua

estrangeira5, em comparação com aquele demonstrado pelos idiomas citados,

ainda tem pouca expressividade, apesar de o português ser o idioma de

aproximadamente 200 milhões falantes, segundo dados do Instituto Camões e

4 Não consideraremos materiais voltados para o público infanto-juvenil, nem edições experimentais. 5 Utilizamos a denominação ‘português como segunda língua’ para fazer referência à situação de ensino/aprendizagem do português em países que têm esse idioma como língua oficial. Já a denominação ‘português língua estrangeira’ é reservada para o ensino/aprendizagem do português em países que têm um outro idioma oficial.

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 26

de ser a língua oficial das seguintes nações: Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné

Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.6

Na Figura 2.1, apresentada a seguir, pode-se observar, ao lado da linha do

tempo, os títulos publicados e seus respectivos autores.

Figura 2.1: Relação dos materiais de PL2E publicados no Brasil

1948 A língua portuguesa para estrangeiros (H. W. Töpker) – 2ª. Ed.

Português para Estrangeiros (M. Marchant) 1954 1964 Português para estrangeiros – segundo livro

(M. Marchant) Português: conversação e gramática (H. S. Magro e P. DePaula)

1973

1978 Português do Brasil para Estrangeiros 1 – conversação, cultura e criatividade (Yázigi)

Português Básico para Estrangeiros – (S. Monteiro) – 3ª. Ed.

1980

1981 Falando... Lendo... Escrevendo... Português: um curso para estrangeiros (E. E. O. F. Lima e S. A. Iunes)

Tudo Bem: conjunto pedagógico audiovisual 1 (R. Ramalhete)

1984

1985 Tudo Bem: conjunto pedagógico audiovisual 2 (R. Ramalhete)

Muito Prazer!: curso de português do Brasil para estrangeiros – Volume 1 (A. M. F. Santos)

1988

Fala Brasil: Português para Estrangeiros (P. Coudry e E.F. Patrocínio)

1989 Muito Prazer!: curso de português do Brasil para estrangeiros – Volume 2 (A. M. F. Santos)

1990 Português Via Brasil: um curso avançado para estrangeiros (E. E. O. F. Lima e S. A. Iunes)

Avenida Brasil 1: curso básico de português para estrangeiros (E. E. O. F. Lima et al.)

1991

1992 Aprendendo português do Brasil: um curso para estrangeiros (M. N. C. Laroca, N. Bara e S. M. C. Pereira)

Avenida Brasil 2: curso básico de português para estrangeiros (E. E. O. F. Lima et al.)

1995

1997 Português para estrangeiros – Nível avançado – Leituras e exercícios práticos (M. Marchant)

Bem-Vindo! A língua portuguesa no mundo da comunicação (S. Florissi, M. H. O. Ponce e S. R. B. A. Burim)

1999 Falar... Ler... Escrever... Português: um curso para estrangeiros (E. E. O. F. Lima e S. A. Iunes)

2000 Sempre Amigos: Fala Brasil para jovens (P. Coudry e E. F. Patrocínio)

Interagindo em Português: textos e visões do Brasil – Vols. 1 e 2 (E. R. Henriques e D. M. Grannier)

2001

Tudo Bem? Português para a nova geração. – Vols. 1 e 2 (S. Florissi, M. H. O. Ponce e S. R. B. A. Burim)

2002 Passagens – Português do Brasil para Estrangeiros (R. Celli)

2003 Diálogo Brasil (E. E. O. F. Lima, S. A. Iunes e M. R. Leite)

Português do Brasil para chineses (Y. Aiping) 2004 Estação Brasil: português para estrangeiros (A. C. Bizon e E. Fontão)

2005 Português Via Brasil: um curso avançado para estrangeiros – Edição revista e ampliada (E. E. O. F. Lima e S. A. Iunes)

Panorama Brasil: ensino de português no mundo dos negócios (S. Florissi, M. H. O. Ponce e S. R. B. A. Burim)

2006

6 Fonte: www.instituto-camoes.pt/actividades/ple/10razoes.html, em 13 fev. 2005.

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

27

A Figura 2.1 nos fornece, igualmente, a freqüência com que os títulos têm

sido postos à disposição de professores e alunos. Ademais, é possível visualizar

os períodos e autores mais profícuos. Verifica-se que, em um período de 58

anos [de 1948 a 2006], foram publicadas 27 obras, uma média de 0,4 livros a

cada ano ou 1 livro a cada dois anos e meio, aproximadamente. É preciso

destacar, entretanto, que até a década de 80 a freqüência da publicação dos

referidos materiais é irregular, havendo grandes intervalos de tempo. A partir da

metade da década de 80, com o lançamento do conjunto pedagógico Tudo Bem,

de Raquel Ramalhete, em 19847, observa-se um incremento no número de

materiais para ensino de português a falantes de outras línguas. Considerando

apenas o período de 1999 a 2006, temos a publicação de dez obras, número

equivalente a 37,03% do total publicado desde 1948. Apesar de ser, conforme

visto, um número reduzido quando comparado ao de lançamentos para outros

idiomas, ele serve como indicador para o crescimento recente da área de PL2E

no Brasil.

Deve-se ainda considerar que os materiais elencados anteriormente

podem ser agrupados de acordo com as orientações teórico-metodológicas que

apresentam. No entanto, tendo em vista que a finalidade desta pesquisa não é

discorrer a respeito de abordagem e metodologia de ensino de língua

estrangeira, mas tratar – a partir de um prisma funcional – do modo como o ato

de emitir uma opinião desfavorável é construído por falantes de português do

Brasil e ensinado a estudantes estrangeiros, optamos por elaborar dois grandes

conjuntos em função da observação da recorrência de determinados padrões

nas obras analisadas. No primeiro deles serão arroladas aquelas obras que têm

por objetivo priorizar o ensino da forma ou da estrutura lingüística. No segundo

conjunto estarão aqueles livros que apresentam preocupação não só com o

ensino da forma, mas, sobretudo, com o ensino do uso.

2.2 O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E com ênfase no ensino da forma

Dos materiais que compõem a Figura 2.1, uma parcela considerável

fundamenta-se no ensino da forma ou da estrutura lingüística, conforme veremos

a seguir.

7 Ano da publicação do primeiro volume.

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 28

Morita (1998), em artigo em que discorre a respeito dos materiais didáticos

de PL2E, aponta o livro Spoken Brazilian Portuguese, de Vicenzo Cioffari,

datado da década de 50, como o primeiro livro conhecido de PL2E. No entanto,

no levantamento bibliográfico realizado para esta pesquisa, que considera

apenas materiais publicados no Brasil, encontramos uma referência, cuja

segunda edição data de 1948. Trata-se do livro de Hermine Weise Töpker

intitulado A língua portuguesa para estrangeiros, analisado mais detalhadamente

por Júdice e Almeida (2006).

No prefácio de sua obra, Töpker (1948) diz que ela se destina a ensinar os

estrangeiros a falarem a “linguagem prática”, com, por exemplo, a introdução de

gírias e expressões não dicionarizadas. Além disso, ela visa a apresentar-lhes,

em textos diversos, aspectos da História do Brasil, da Geografia, dos costumes e

dos produtos brasileiros.

Segundo Töpker, seu público-alvo é bastante diversificado, podendo a

obra ser empregada com crianças ou adultos de diferentes nacionalidades. A

autora alega, ainda, que seu material didático pode ser útil para o ensino mais

especializado de português, pois poderia ser utilizado com diferentes

“profissionais”. A fim de dar conta de um público-alvo tão abrangente e

diversificado, Töpker propõe àqueles que se interessarem em utilizá-lo que

escolham as lições de maior relevância.

Ainda no prefácio, apesar de a autora propor o ensino de uma “linguagem

prática”, há a preocupação explícita com o ensino das formas ditas corretas.

Desse modo, a autora tem na gramática da língua portuguesa o seu fio condutor

– “fiz ziguezaguear a gramática portuguesa através do livro” (Töpker, 1948, p. 5)

– e recomenda veementemente o estudo sistemático dos verbos, pois, segundo

ela, “sem o conhecimento perfeito dos verbos nenhum estrangeiro será capaz de

falar português corretamente” (idem).

O livro apresenta sessenta lições, todas iniciadas por um curto texto, em

geral de cunho narrativo ou descritivo. O objetivo desses textos é introduzir o

aspecto gramatical e/ou o léxico pertinente a uma determinada lição. Apesar da

menção à “linguagem prática”, já comentada anteriormente, o que se observa é

que os poucos diálogos que fazem parte da obra são estruturados de modo a

privilegiar algum tópico lingüístico, havendo recurso às díades pergunta /

resposta completa, conforme pode ser observado a seguir.

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Exemplo 1: O Sr. (Senhor) fala português? Sim, Senhor, falo um pouco. Você fala português? Não, Senhora, não falo nada. A Sra. (Senhora) fala português? Sim, Senhora, falo algumas palavras. (...) (Töpker, 1948, p. 13) Exemplo 2: O Sr. compra chá? Sim, Senhor, compro chá. Você compra leite? Não, Senhora, não compro leite, compro café. Vocês compram vinho? Sim, Senhora, compramos vinho. (...) (Töpker, 1948, p. 13)

Nos exemplos acima, há uma evidência do privilégio da forma em

detrimento de questões relacionadas ao uso que se faz da língua (Widdowson,

1991), pois o assunto em pauta é a conjugação dos verbos terminados em –ar,

como, por exemplo, falar e comprar. Atualmente, no entanto, parece ser

consenso o fato de que o aprendizado de uma língua envolve mais do que a

apresentação de frases gramaticalmente corretas, tal como sugerido na

introdução deste estudo. Segundo Widdowson,

(...) quando adquirimos uma língua não aprendemos unicamente como compor e compreender frases corretas como unidades lingüísticas isoladas de uso ocasional; aprendemos também como usar apropriadamente as frases [ou parte delas] com a finalidade de consegir um efeito comunicativo. (Widdowson, 1991, p. 14)

As lições se completam com a apresentação pormenorizada do tópico

gramatical, seguida por exercícios de repetição. Ao término das sessenta lições

há um apêndice intitulado ‘Assuntos gramaticais’ e um vocabulário plurilíngüe

[alemão, inglês, francês e italiano].

As escolhas feitas pela autora de A língua portuguesa para estrangeiros

para o ensino da língua portuguesa não privilegiam, conforme já apontado,

aspectos referentes ao uso; fato compreensível tendo em vista a época de

publicação da obra. Desse modo, não se observa menção ao modo como os

brasileiros elaboram a emissão da opinião de um modo geral. Esse mesmo fato

será observado em outros materiais, como veremos mais adiante.

A obra Português para Estrangeiros8, de autoria de Mercedes Marchant,

tem sua primeira edição datada de 1954. Apesar de o livro ter sido lançado na

década de 50 e de haver numerosas reedições atualizadas, como a 27ª. edição

[atualizada e reformulada]9, de 1992 – em análise nesta pesquisa – não se

observam alterações significativas. Na edição empregada neste estudo, as

reformulações são visíveis no aspecto visual, pois há a introdução de mais uma 8 Neste trabalho comparou-se uma edição de 1969 (6ª. Ed. Revista) com uma de 1992 (27ª. Ed. Atualizada e reformulada). 9 Adotou-se a 27ª. Edição por esta ser a primeira com a indicação ‘reformulada’.

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 30

cor em uma obra impressa originalmente em preto e branco, a inclusão de fotos

para substituir os desenhos simples das primeiras edições e de destaques para

as informações mais relevantes. Quanto ao aspecto organizacional da obra,

observa-se que Marchant, na edição mais recente, opta por distribuir o conteúdo

em 6 grandes unidades. Anteriormente, conteúdo equivalente estava diluído ao

longo de 21 lições, o que dava a impressão de uma melhor apresentação dos

tópicos selecionados para ensino.

No que diz respeito ao conteúdo, poucas alterações são observadas,

conforme a autora sublinha no prefácio da 27ª. Ed.: “O conteúdo do livro é o

mesmo; diferente é a sua apresentação, a qual inclui ilustrações que

desempenham papel muito grande na decodificação da mensagem” (Marchant,

1992, p. 7). Essas alterações se dão, em sua maioria, na escolha dos textos que

compõem as diferentes lições / unidades. Se na versão de 1954 a autora dá

preferência a textos descritivos ou narrativos, na edição mais recente há um

predomínio de diálogos, como tentativa de simular diálogos reais. Os temas e os

exercícios são mantidos praticamente na íntegra. Quanto à gramática e aos

quadros de pronúncia, parece não ter havido alteração.

A base do material é, como ressalta Morita (1998), estrutural, com

destaque para os exercícios de lacuna que têm por objetivo fixar e/ou rever o

conteúdo gramatical apresentado. Tal como ocorre na obra de Töpker analisada

anteriormente, não são explorados aspectos relacionados aos usos que um

aprendiz de PL2E pode fazer do português. Desse modo, mais uma vez não se

vêem informações mais detalhadas acerca de como formular opiniões.

Também de autoria de Marchant, a obra Português para Estrangeiros –

segundo livro, de 196410, destina-se a estrangeiros que já tenham conhecimento

prévio do idioma. O objetivo da autora é levar o aprendiz a fazer uma revisão da

morfologia verbal. Para tanto, dedica-se a apresentar-lhe a “conjugação de todos

os verbos irregulares” (Marchant, 1968, p. 5) e a fazer um “confronto entre

tempos e modos” (idem). A fim de promover a fixação das diferentes

conjugações e rever as estruturas gramaticais, Marchant oferece uma série de

exercícios de lacuna. A pouca preocupação com o uso do idioma se torna mais

evidente em exercícios que apresentam perguntas cuja freqüência de uso é

baixa ou cujo objetivo é fixar uma conjugação verbal, conforme mostram os

exemplos 3 e 4, a seguir.

10 Data da publicação da 1ª. Edição.

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31

Exemplo 3: Responda às seguintes perguntas na afirmativa:

1. Eu me levanto cedo todos os dias? 2. Eu sempre me deito tarde? 3. Eu me correspondo com muitas pessoas? 4. Eu me dedico ao estudo? 5. Eu me preocupo com meus alunos? 6. Eu sempre me lembro de trazer os livros para a aula? 7. Eu me interesso pelo progresso dos meus alunos? 8. Eu me encontro com meus amigos todos os dias? 9. Eu me oponho a falar inglês na aula de português? 10. Eu o encontro diariamente? (...) (Marchant, 1968, p. 12) Exemplo 4: Responda às seguintes perguntas: 1. O senhor está com frio hoje? 2. O senhor está em férias? 3. O senhor está mal de negócios? 4. O senhor está com vontade de ir ao cinema hoje? 5. O senhor está irritado hoje? 6. O senhor está em casa amanhã? 7. O senhor está de acordo com o horário desta aula? 8. O senhor está cansado? 9. O senhor está disposto a trabalhar até tarde hoje? 10. O senhor está mais gordo? (Marchant, 1968, p. 19)

Com a mesma ênfase no ensino da gramática, Marchant publicou, em

1997, Português para estrangeiros – nível avançado – Leituras e exercícios

práticos. Apesar do intervalo que separa esta das outras obras de Marchant,

pode-se dizer que a essência continuou praticamente a mesma, visto que o foco

continua direcionado para o ensino da gramática. Este material apresenta uma

seqüência de tópicos gramaticais acompanhada de exercícios estruturais para

sua fixação. Seis textos completam a obra. Trata-se de um manual para

consolidar conhecimentos sobre a língua portuguesa como o anterior –

Português para Estrangeiros – volume 2 – , sem referência, como os demais, ao

ato de opinar.

As contribuições do Estruturalismo para o ensino de línguas estrangeiras

são mais visíveis nos seguintes materiais de PL2E: Português Básico para

Estrangeiros, de Monteiro; Falando... Lendo... Escrevendo... Português: um

curso para estrangeiros, de Lima e Iunes e Português, conversação e gramática,

de Magro e DePaula. A análise dessas obras nos revela que a concepção de

língua adotada é aquela que a vê como um conjunto de regras gramaticais ou de

estruturas a ser aprendido. No prefácio da obra Falando... Lendo... Escrevendo...

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 32

Português: um curso para estrangeiros, a importância do aprendizado de

estruturas fica evidente nas duas passagens transcritas a seguir:

(...) os textos e os exercícios foram criados a partir de centros de interesse de ordem familiar, profissional e social, permitindo uma assimilação rápida das estruturas apresentadas. 11 (Lima e Iunes, 1992, p. xiii) Grande número de exercícios estruturais, de complementação, de repetição, substituição e transformação, além de exercícios de redação dirigida e livre, foram elaborados a fim de auxiliarem na fixação das estruturas gramaticais.12 (Lima e Iunes, 1992, p. xiii)

Desse modo, há uma ênfase no ensino da gramática explícita e na

aprendizagem das estruturas ou de itens gramaticais por meio, por exemplo, de

pattern drills e da manipulação de sentenças isoladas, objetivando o

desenvolvimento da competência lingüística. Segundo Galisson (1980), o ensino

de LE pautado em bases estruturalistas tem em conta a dimensão lingüística,

com privilégio do saber verbal, cujo objetivo é desenvolver a capacidade de

compreender e produzir frases gramaticais. Ainda de acordo com o autor, essa

perspectiva estaria em oposição a um ensino sustentado por pilares

funcionalistas, pois nesse caso observa-se, ao lado da dimensão lingüística, a

dimensão não-lingüística – o saber verbal e o não verbal.

A influência de aspectos do Estruturalismo nas obras citadas anteriormente

se torna mais evidente na medida em que temos em vista que ele “diz respeito

ao modo de ver a língua como um sistema em que cada elemento só tem valor

quando posto em relação com outros elementos a que se opõe”13 e que

consideramos alguns de seus princípios, tais como: a dicotomia sintagma /

paradigma e a noção de constituintes imediatos.

A dicotomia sintagma / paradigma, apresentada por Saussure14, diz

respeito ao fato de que, em língua, tudo se baseia em relações. Desse modo,

nas relações sintagmáticas, os “termos estabelecem entre si (...) relações

baseadas no caráter linear da língua, que exclui a possibilidade de pronunciar

dois elementos ao mesmo tempo” (Saussure, 1970, p. 142). Já as relações

associativas ou paradigmáticas estão em um nível fora do discurso, pois dizem

11 Grifo nosso. 12 Grifo nosso. 13 http://fr.encyclopedia.yahoo.com/articles/sy/sy_287_p0.html 14 Saussure trata de relações sintagmáticas e associativas. Os termos paradigma e paradigmático, em substituição a associação e associativa, foram introduzidos por Hjelmslev (Carvalho, 1987; Pimenta-Bueno, 2004).

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respeito ao modo como as palavras se associam em nossa memória e formam

grupos. Nos materiais citados, a ênfase na dicotomia sintagma / paradigma se

revela, por exemplo, na formulação de alguns exercícios, tal como se observa

abaixo.

Exemplo 5: O que eu sou? 1. O que eu sou? – Você é alemão. 2. O que eu sou? – Você é alemã. 3. O que eu sou? – Você é americano. 4. O que eu sou? – Você é ascensorista. 5. O que eu sou? – Você é barbeiro. 6. O que eu sou? – O senhor é brasileiro. 7. O que eu sou? – A senhora também é brasileira.

(Monteiro, 1980, p. 7)

Exemplo 5a: Answer the following questions with the verb MORAR (to live): Onde é que você mora? Onde é que eu moro? Onde é que Maria mora? Onde é que ele mora? Onde é que nós moramos? Onde é que eles moram? Onde é que os senhores moram? Onde é que elas moram?

.................. na rua Augusta.

.................. na rua Vitória.

.................. na rua Sergipe.

.................. na rua Angélica.

.................. na avenida Leme.

.................. na avenida Mariana.

.................. na avenida Paulista.

.................. na avenida Atlântica. (Magro e DePaula, 1992, p. 3)

Exemplo 6: O senhor é engenheiro? Não, não sou. 1. O senhor ...... diretor? 2. O senhor ...... médico? 3. O senhor ...... professor? 4. O senhor ...... brasileiro? 5. O senhor ..... americano? 6. Você ...... estudante? 7. Você ...... secretária? 8. Você ...... brasileiro?

Não, .................. ..................... Não, .................. ..................... Não, .................. ..................... Não, .................. ..................... Não, .................. ..................... Não, .................. ..................... Não, .................. ..................... Não, .................. .....................

(Lima e Iunes, 1992, p. 2)

No Exemplo 5, há, no eixo sintagmático, reforço da estrutura você / o [a]

senhor[a] é + nacionalidade ou profissão. No Exemplo 5a, dá-se ênfase à fixação

da formulação da frase interrogativa iniciada por “Onde é que...?”. Já no

Exemplo 6, observa-se a repetição da estrutura da resposta negativa “Não, não

sou”.

Onde é que você mora?

Eixo sintagmático

Não, não sou.

Eixo sintagmático

No que diz respeito ao eixo paradigmático, também denominado de eixo

das oposições ou substituições, o Exemplo 5 apresenta um exercício por meio

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 34

do qual pretende-se que o estudante fixe estruturas com as quais pode

expressar sua nacionalidade ou profissão. O Exemplo 5a nos mostra um

exercício cujo objetivo é fixar as formas do verbo morar. Já o Exemplo 6

apresenta ao estudante estrangeiro, tal como o Exemplo 5, a formulação “O

senhor / Você é + profissão ou nacionalidade”, como se vê a seguir.

Nesses exercícios são exploradas as relações paradigmáticas, i. é.,

aquelas que uma unidade lingüística estabelece com as unidades ausentes e

que poderiam ocupar o seu lugar

Quanto à noção de constituintes imediatos, que teve, segundo Crystal

(2000) destaque na lingüística estruturalista de Bloomfield, ela diz respeito “às

divisões que podem ser efetuadas dentro de uma construção sintática, em

qualquer nível. (...) o processo continua até que se atinjam constituintes

irredutíveis” (Crystal, 2000, p. 63). Lyons (1987) acrescenta a esta definição o

fato de que o conceito de Bloomfield também pode se aplicar a formas

vocabulares. No material de Magro e DePaula, a contribuição da análise de

constituintes imediatos é mais visível na apresentação dos tempos verbais, como

se vê a seguir.

Exemplo 7:

Eu falar + ei

Você / ele / ela falar + á

Nós falar + emos

Vocês / eles / elas falar +ão

(Magro e DePaula, 1992, p. 148)

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No caso acima, os autores dividem o verbo em 2 partes essenciais,

recurso empregado comumente no ensino de LE, o radical e a terminação.

Outro traço comum entre as duas obras é o fato de que as lições são, na

maior parte das vezes, iniciadas por diálogos, cujo objetivo mais evidente é o de

apresentar o tópico gramatical da lição.

Exemplo 8:

Diálogo

Júlia Ontem telefonei para você, mas não encontrei você em casa.

Renato Ontem... Deixe-me ver. Ah! Sim, precisei levar meu carro à oficina e cheguei em casa muito tarde. Por que não telefonou novamente?

Júlia Luís convidou-me para ir ao teatro e voltei para casa muito tarde. Bem, aluguei um apartamento e vou me mudar.

Renato Onde fica o apartamento?

Júlia Fica no Flamengo, bem perto da praia.

Renato Que bom! Gosto muito dessa zona. Quando é que você vai se mudar?

Júlia Provavelmente no fim desta semana. Agora preciso comprar móveis novos.

Renato Você precisa de ajuda?

Júlia Muito obrigada. Não preciso de nada agora.

(Magro e DePaula, 1992, p. 26)

O diálogo acima introduz a lição V do livro Português: conversação e

gramática. Pode-se observar, por exemplo, a recorrência do pretérito perfeito

dos verbos terminados em –AR. Como esperado, este é o primeiro assunto

abordado na lição. Não há, entretanto, proposta de reutilização ou de

reconstrução dos diálogos.

Tendo em vista o foco das obras Português Básico para Estrangeiros,

Falando...Lendo...Escrevendo... Português: um curso para estrangeiros e

Português, conversação e gramática, não foi encontrada referência ao modo

como comunicamos, em português do Brasil, uma opinião.

Em 1999, dezoito anos, portanto, após a publicação de Falando... Lendo...

Escrevendo... Português: um curso para estrangeiros, Lima e Iunes lançaram

uma reelaboração dessa obra, intitulando-a Falar... Ler... Escrever: um curso

para estrangeiros. No prefácio, as autoras afirmam que “grandes modificações

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 36

foram feitas, a fim de atualizar e completar a obra” (Lima e Iunes, 1999, p.ix). De

fato, houve acréscimo, substituição ou alteração de textos e exercícios, além de

modificações significativas com relação ao aspecto gráfico, com a inserção de

mais cores, ilustrações e fotos. A essência da obra, no entanto, parece ter

permanecido a mesma. Apesar da menção ao fato de que o livro se

caracterizaria como estrutural-comunicativo, verificou-se, durante a análise da

referida obra, que o caráter estrutural do manual se impõe por meio da farta

oferta de exercícios de lacunas destinados à fixação das diversas estruturas

lingüísticas apresentadas ao longo do livro. Observa-se, portanto, uma primazia

da estrutura em detrimento do caráter comunicativo, mantendo-se, dessa forma,

algo anunciado no prefácio da obra publicada em 1981, já citado anteriormente e

retomado a seguir:

Grande número de exercícios estruturais, de complementação, de repetição, substituição e transformação, além de exercícios de redação dirigida e livre, foram elaborados a fim de auxiliarem na fixação das estruturas gramaticais.15 (Lima e Iunes, 1992, p. xiii)

Na versão de 1999, a importância dada ao aspecto estrutural pode ser

corroborada pela seguinte afirmação extraída do prefácio da obra:

Mantivemos o grande número de exercícios em cada unidade, pois o sucesso da 1ª. Edição nos mostrou que eles funcionam como apoio à aprendizagem e ao trabalho do professor. Eles têm dois objetivos: fixar as estruturas gramaticais e desenvolver as expressões oral e escrita de forma dirigida e espontânea. (Lima e Iunes, 1999, p. ix). 16

Além disso, no Manual do Professor, são mencionados dentre os objetivos

específicos:

1. Dar aos estudantes estruturas gramaticais essenciais e vocabulário ativo, que permitam fácil e rápida comunicação desde as primeiras unidades.

2. Proporcionar aos estudantes, de maneira firme e segura, uma progressão ativa da base gramatical, aliada a situações diárias.

3. Expor os estudantes a um grande número de exercícios que consolidarão as estruturas gramaticais e desenvolverão as expressões oral e escrita de

15 Grifo nosso. 16 Grifo nosso.

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forma espontânea ou dirigida, ampliando os conhecimentos adquiridos.17 (Lima e Freitas, 2000, pp. 11-12)

Nos trechos extraídos da obra em análise é possível verificar, então, a

importância dada às estruturas gramaticais no processo de ensino/aprendizagem

do PL2E. Acredita-se que sua aprendizagem pode garantir uma comunicação

fácil e rápida. Entretanto, sabe-se que há muitos outros fatores, além da

gramática e do léxico envolvidos no processo de comunicação em uma língua

estrangeira.

Com relação ao assunto tratado nesta pesquisa, pode-se afirmar que a

manifestação da opinião também não é objeto de estudo sistemático na obra

Falar... Ler... Escrever: um curso para estrangeiros. No entanto, tal como ocorre

em outros materiais de PL2E, há exercícios que exigem do estudante um

posicionamento crítico com relação a algum assunto e a exposição, dessa

maneira, de sua opinião, seja ela favorável ou desfavorável. Nesse sentido,

foram identificados os enunciados que seguem:

Exemplo 9:

Você acha que o Prefeito está fazendo um bom governo? Por quê? (Lima e Iunes, 1999, p.140)

Por que todo mundo quer ouvir Cícero contar sua história? Por que fazem questão de tirar fotos de Cícero com algemas? Dê sua opinião. (Lima e Iunes, 1999, p.183)

Cada um dos exercícios vem inserido em um conjunto de perguntas de

interpretação, na seqüência de um texto da rubrica ‘Contexto’.

Além de Falando... Lendo... Escrevendo... Português: um curso para

estrangeiros e de Falar... Ler... Escrever... Português: um curso para

estrangeiros, Lima e Iunes publicaram, em 1990, Português via Brasil: um curso

avançado para estrangeiros. Conforme já aponta o título, a obra se destina

àqueles estrangeiros que têm conhecimento prévio do idioma, equivalente ao

nível básico. As 10 unidades que compõem o referido livro têm a mesma

estrutura, ou seja, 4 textos – um inicial que abre a unidade, um em linguagem

coloquial, um em linguagem formal e um, intitulado “Cotidiano Brasileiro”, que

apresenta alguma informação relacionada ao Brasil. Esses textos vêm seguidos

de exercícios que exploram seu conteúdo. Ainda fazem parte das unidades o

17 Grifo nosso.

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tópico ‘Gramática’ em que as autoras dão explicações sobre a língua portuguesa

acompanhadas de exemplos, e a seção denominada ‘Pontos de vista’, cujo

objetivo é estimular, a partir da sugestão de um tema polêmico, o debate entre a

turma. A ordem das diferentes seções é a mesma em todas as unidades: (1)

Texto inicial, (2) Gramática, (3) Linguagem coloquial (4) Cotidiano brasileiro, (5)

Gramática, (6) Pontos de vista e (7) Linguagem formal.

Tendo em vista a organização das unidades, pode-se concluir que grande

parte do foco está direcionada para o desenvolvimento das habilidades de leitura

e de produção escrita, além de haver uma preocupação acentuada com o ensino

sistemático da gramática.

Com relação ao ato de opinar, é possível afirmar que não há, no livro, uma

preocupação com o seu ensino, mas na seção ‘Pontos de vista’ da Unidade 1, as

autoras fornecem uma lista que contém expressões relevantes para o

desenvolvimento de um debate. Dentre tais expressões há algumas relacionadas

à emissão da opinião, conforme se observa no trecho abaixo, extraído da obra

Português Via Brasil: um curso avançado para estrangeiros, de Lima e Iunes.

Exemplo 10:

Pontos de Vista

Objetivos do item

Todas as unidades deste livro contêm a seção Pontos de Vista, cujo objetivo é, através da apresentação de um tema polêmico, estimular o debate entre os alunos e entre o aluno e o professor.

Começando:

O texto trata de, parece-me que, na minha opinião.

Em primeiro lugar, antes de tudo, logo de início, de (um) modo geral.

Desenvolvendo:

Em segundo lugar, de (por) um lado... de (por) outro, de (por) uma parte... de (por) outra, em relação a, quanto a, no que se refere a, no que diz respeito a, sob esse ponto de vista, concordo com, sou de opinião que, na minha opinião.

Aprofundando:

Na verdade, além do mais, além disso, em todo caso, obviamente, naturalmente, evidentemente, quer dizer, sem dúvida, além do que.

Restringindo, opondo-se:

(muito) pelo contrário, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, discordo de, estar enganado.

Concluindo:

Assim, por isso, pode-se concluir que, em resumo, resumindo, em conclusão.

(Lima e Iunes, 1990, p.19)

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No conjunto acima, as expressões relativas à emissão da opinião

encontram-se misturadas àquelas que empregamos para fazer uma

enumeração, concordar, discordar ou negar. Não há, portanto, nenhuma forma

de destaque para esse ato em especial, seja com relação à sua elaboração ou

às estratégias discursivas que os brasileiros empregam no momento em que

opinam.

No ano de 2005, foi lançada uma versão revista e ampliada do material

Português Via Brasil: um curso avançado para estrangeiros. As alterações

relativas ao aspecto gráfico e à apresentação física do livro foram significativas e

serviram para adequar mais o material às exigências do público atual. No que

concerne ao aspecto gráfico, houve o acréscimo de imagens, a introdução de

cores e melhor distribuição do conteúdo informativo na página. Quanto à

apresentação, a nova versão está em um formato maior que sua precedente.

No que diz respeito à organização interna da obra, foi possível verificar que

o número de unidades foi mantido – dez – e a distribuição do conteúdo por cada

uma sofreu algumas alterações. Houve a introdução de duas novas seções

intituladas ‘Gramática em Revisão’ e ‘Pausa’. Com a primeira, as autoras

pretendem retomar os “(...) tópicos essenciais mais complexos do nível

intermediário (...)” (Lima e Iunes, 2005b, p. 5) e, assim, propor uma “reflexão

mais independente do assunto” (Ibid., p. 5). A seção “Pausa” é definida da

seguinte forma:

Esta seção, com quadros, desenhos, pequenos textos, propostas de ‘brincar’ com as palavras, ao mesmo tempo que permite aos alunos uma quebra bem humorada no quadro das aquisições, dá-lhes oportunidade de expressar-se livremente. (Lima e Iunes, 2005b, p.6)

Além dessas alterações, deve-se destacar que a seção ‘Gramática’ da

primeira versão passou a ser denominada ‘Gramática Nova’. Ainda com relação

à organização, vale mencionar que há, em cada unidade, nove seções

ordenadas de modo idêntico, a saber: (1) Texto inicial, (2) Gramática em revisão,

(3) Cotidiano brasileiro, (4) Linguagem coloquial, (5) Gramática nova (I), (6)

Pausa, (7) Gramática nova (II), (8) Ponto de vista e (9) Linguagem formal. As

seções intituladas ‘Texto inicial’, ‘Cotidiano brasileiro’, ‘Linguagem coloquial’, e

‘Linguagem formal’ continuam sendo aquelas em que o estudante pode

encontrar textos para leitura. Tal como na primeira versão, esses textos são

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seguidos de exercícios de interpretação e/ou reescritura. A gramática continua

permeando cada uma das unidades, sendo agora apresentada em três

momentos. Inicialmente, em ‘Gramática em revisão’, é oferecida uma revisão de

alguns aspectos gramaticais. Posteriormente, os tópicos considerados novos são

apresentados em duas partes: ‘Gramática nova (I)’ e ‘Gramática nova (II)’. Ainda

seguindo a estruturação da versão inicial, pode-se verificar a permanência da

seção ‘Pontos de vista’, cujo objetivo foi apresentado anteriormente. Vale

destacar que o trecho extraído da versão original e apresentado no Exemplo 10

como um dos momentos em que as autoras fazem referência à questão da

opinião é retomado na versão mais recente do livro Português Via Brasil: um

curso avançado para estrangeiros18. A esse respeito, as autoras afirmam, em

seu Manual do Professor, que o aluno, ao empregar as expressões sugeridas

“estará sendo treinado para apresentar sua opinião em reuniões profissionais ou

em outras ocasiões mais ou menos formais” (Lima e Iunes, 2005b, p. 7).

Considerando, mais uma vez, o espaço destinado ao ensino do ato de

opinar e, mais especialmente, da opinião desfavorável, conclui-se, pela análise

da obra citada, que o assunto não merece destaque. Além do trecho a que foi

feita alusão, há, ao longo da obra, apenas três propostas de exercícios que

fazem menção explícita ao ato de opinar, como mostra o Exemplo 11,

apresentado a seguir.

Exemplo 11

Dê sua opinião sobre o assunto. (Lima e Iunes, 2005, p. 17)

Apresente sua opinião sobre o caso em discussão. (Lima e Iunes, 2005, p. 81)

O que você acha da idéia? Tem ela algum fundamento científico? . (Lima e Iunes, 2005, p. 81)

A análise da nova versão do livro Português Via Brasil: um curso avançado

para estrangeiros corrobora a conclusão apresentada por ocasião do estudo da

primeira versão e reforça o fato de que não é dada ênfase nem às formulações

possíveis em língua portuguesa para a expressão da opinião, nem às estratégias

que empregamos nas mais diferentes situações em que uma opinião é exigida.

A influência do Estruturalismo, tal como explicitada anteriormente, também

pode ser encontrada na obra de Laroca, Bara e Pereira (1992), Aprendendo

Português do Brasil, na forma de manipulação de estruturas, no uso da repetição 18 Na versão de 2005, o conteúdo a que se fez referência se encontra na página 16.

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41

e da memorização como recursos auxiliares do aprendizado. Os autores, no

entanto, admitem ter outras influências, como, por exemplo, a do funcionalismo.

Este os teria levado à introdução de situações reais de comunicação nos

diálogos que abrem as unidades e na seção ‘Expansão vocabular’.

No livro do professor (Laroca, Bara e Pereira, 1993), os autores comentam

que cada unidade é composta de um conteúdo funcional e outro gramatical,

ambos previstos nos diálogos de abertura. No entanto, ao longo do livro-texto

não há sugestão de tarefas que retomem o conteúdo funcional proposto nesses

diálogos. A unidade se desenvolve, portanto, em torno do conteúdo gramatical,

não havendo menção ao ato de opinar ou a qualquer outro ato de fala.

Faz-se necessário considerar, ainda, a obra de Rachel Ramalhete Tudo

Bem, composta de dois volumes, publicados em 1984 (vol. 1) e 1985 (vol. 2).

Espera-se, com o conjunto audiovisual, desenvolver, sobretudo, as habilidades

orais de compreensão e produção, uma vez que a autora acredita que “falar é o

aspecto mais difícil de uma língua, e o que requer maior tempo de treino”

(Ramalhete, 1984, p. xvii).

As unidades de Tudo Bem são elaboradas em torno de diálogos,

apresentação de tópicos gramaticais e exercícios estruturais em sua maioria.

Com relação aos diálogos, há, no final do livro, um conjunto de ilustrações a

partir das quais espera-se resgatar o seu conteúdo. Quanto à gramática, ela é

apresentada na forma de itens isolados. Isso significa que os modelos verbais e

nominais são inseridos em mini-diálogos ou, conforme denominação da autora,

“pingue-pongues”.

No que diz respeito ao ato de opinar, há, no segundo volume, uma unidade

intitulada “O que é que você acha?” (Unidade 6). O título escolhido nos leva a

crer que esse será o ponto central da unidade. No entanto, há apenas um

exercício a respeito do assunto onde o ato de opinar, tal como ocorre em Via

Brasil, de Lima e Iunes, divide espaço com os atos de concordar e discordar,

conforme se verifica abaixo.

Exemplo 12:

O que é que você acha?

1. Discordo completamente

2. Discordo em parte.

3. Não tenho opinião a respeito.

4. Concordo de um modo geral, mas...

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5. Concordo inteiramente.

a. As turmas no colégio devem ser organizadas segundo o nível dos alunos, separando-se os fortes dos fracos. 1 – 2 – 3 – 4 – 5

b. Os doentes incuráveis deveriam poder ter uma morte sem dor, se manifestassem esse desejo. 1 – 2 – 3 – 4 – 5

c. Os criminosos deveriam ser recuperados, e não punidos. 1 – 2 – 3 – 4 – 5

d. No centro das grandes cidades o tráfego de carros particulares deve ser proibido. 1 – 2 – 3 – 4 – 5

e. A energia nuclear corretamente utilizada é a solução para o futuro. 1 – 2 – 3 – 4 – 5

f. A vida era muito melhor antigamente. 1 – 2 – 3 – 4 – 5

g. Não pode haver igualdade entre homens e mulheres. 1 – 2 – 3 – 4 – 5

h. As novas descobertas da engenharia genética podem ajudar muita gente. 1 – 2 – 3 – 4 – 5

(Ramalhete, 1985, p. 60)

Além da proposta acima, há, também no volume 2, outro exercício em que

se pede ao estudante que dê sua opinião.

Exemplo 13:

Qual é a solução? Dê sua opinião, usando expressões como:

Não vale a pena, é melhor, é impossível, não adianta.

(Ramalhete, 1985, p. 33)

Vê-se, portanto, que há, no livro citado, pouca oferta de informação e

exercício relativos à expressão da opinião.

Considerando ainda o conjunto de materiais para ensino de português

como segunda língua para estrangeiros que priorizam o ensino da forma, não se

pode deixar de mencionar o título Português do Brasil para Chineses, publicado

em 2004 pela professora Yuan Aiping. Chinesa de origem, a autora propõe um

“manual prático de estudo do coloquial português falado no Brasil para usuários

da língua chinesa” (Aiping, 2004, p. 5), com o objetivo de preparar aqueles que o

utilizarem para terem “um amplo domínio e uso do português do Brasil” (Aiping,

2004, p. 6).

Na edição bilíngüe [português-chinês], o conteúdo é apresentado ao longo

de dez lições, precedidas por uma unidade de abertura em que são

apresentadas informações sobre a fonética do português e sucedidas por

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43

glossário, apêndice gramatical e gabarito dos exercícios. As dez lições tratam

dos seguintes assuntos: (1) Cumprimentar e apresentar, (2) Que horas são?, (3)

Quanto custa?, (4) Telefonar, (5) Uma família feliz, (6) Pegar ônibus, (7) Fazer

compras, (8) Procurar um apartamento para alugar, (9) No banco e (10) Consulta

médica. Esses tópicos são apresentados ao estudante por meio de diálogos no

início de cada lição, podendo o número de diálogos variar de dois (lição 5, p. ex.)

a dez (lição 4, p. ex.). Os tópicos apresentados parecem sugerir um enfoque

mais voltado para o uso, ocasião em que seriam contemplados os diferentes

atos de fala a eles relacionados. No entanto, o que se vê ao longo das dez

lições, é a retomada do conteúdo do diálogo para a elaboração de lista de

palavras, precedida pela indicação ‘Vocabulário’, e para a apresentação de

exercícios do tipo ‘Complete os diálogos’, como se vê no exemplo a seguir,

extraído da Lição 1.

Exemplo 14:

Situação 2

1. Paulo: Oi Maria, tudo bem?

Maria: Tudo bem, e você?

Paulo: Tudo bem. Maria, essa é minha mulher, Renata.

Maria: Muito prazer, Renata.

Renata: Igualmente.

2. José: Boa noite! Dona Renata.

Renata: Boa noite! Seu José, esse é o meu marido, Paulo

José: Muito prazer!

Paulo: O prazer é meu.

(Aiping, 2004, p. 22).

Complete os diálogos:

(...)

5. A: Maria, este é meu marido.

B: ___________________________________________________

A: Igualmente.

6. A: ____________________________________________________

B: O nome dele é Paulo.

A: ____________________________________________________

(...)

(Aiping, 2004, p. 27).

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 44

Nesse tipo de exercício, o aluno apenas retoma parte do diálogo

apresentado a fim de fixar sobretudo a forma escrita. Outras propostas de

utilização dos diálogos iniciais ou de seu conteúdo não são oferecidas.

Tendo em vista o exposto, as lições se estruturam da seguinte forma:

situação [em que é apresentado o tópico da lição], seguida de vocabulário e,

eventualmente, de palavras adicionais. Conforme visto, o número de situações

oferecidas por lição não é padronizado, podendo ir de duas até dez. Em algumas

lições há uma seção intitulada ‘Notas’ que tem por objetivo fornecer o significado

de algumas expressões comuns em língua portuguesa. Há também espaço para

a sistematização da gramática e para os exercícios de fixação, apresentados em

bloco no final da seção.

Tal como nos demais materiais com foco direcionado para o ensino da

forma, na obra Português do Brasil para Chineses também não há menção ou

proposta para ensino do ato de opinar. Há apenas duas breves passagens na

Lição 5 que poderiam ser consideradas como uma emissão de opinião favorável.

No diálogo de abertura, uma das personagens diz o seguinte a respeito dos

membros da família de seu interlocutor: “Todos são lindos”. Mais adiante, a

mesma personagem diz “Parabéns! Flávia, você tem uma família feliz e bonita”

(Aiping, 2004, p. 75). Nessas duas passagens observa-se que a personagem, ao

utilizar os termos qualificadores ‘lindos’ e ‘feliz e bonita’, emite sua opinião

favorável a respeito da família de sua interlocutora.

Como pôde ser visto, a edição de materiais de PL2E com ênfase na forma

se distribui ao longo da linha do tempo, não havendo uma época predominante.

Como seria de esperar em materiais dessa natureza, não foi encontrada

referência sistemática ao ensino do ato de opinar.

2.3 O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E com ênfase no ensino do uso

Os materiais para ensino de português para estrangeiros publicados no

Brasil, conforme visto, têm, em grande parte, foco direcionado para o ensino da

forma lingüística, independentemente da época em que foram publicados. Por

conta disso, apenas uma parcela, composta principalmente de títulos mais

recentes, faz menção a aspectos relacionados ao uso ou ao fato de que se

aprende uma língua para realizar ações.

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45

A consideração de que falar uma língua e, portanto, aprender uma língua

estrangeira não se resume a conhecer a gramática ou ter a habilidade de

compor frases corretas [competência gramatical] advém da compreensão de que

outras competências são acionadas durante o processo comunicativo, tais como

competência estratégica, competência lingüístico-comunicativa, competência

sociolingüística e competência sociocultural19 (Cardoso, 2004). Segundo

Widdowson,

Geralmente se exige que usemos o nosso conhecimento do sistema lingüístico com o objetivo de obter algum tipo de efeito comunicativo. Isso equivale a dizer que geralmente se exige que produzamos exemplos de uso de linguagem: nós não manifestamos simplesmente o sistema abstrato da língua, mas também o fazemos fluir simultaneamente como comportamento comunicativo com significados. (Widdowson, 1991, p. 16)

Ainda neste sentido, o Cadre Européen Commun de Référence pour les

Langues reconhece, no processo de aprendizagem de uma língua estrangeira e

em seu uso, a importância, dentre outros aspectos, do desenvolvimento de um

conjunto de competências, do contexto e das condições em que uma LE é

utilizada.

O uso de uma língua – e também seu aprendizado – compreende as ações realizadas por pessoas que, como indivíduos e como atores sociais, desenvolvem um conjunto de competências gerais e, principalmente, uma competência para comunicar. Essas pessoas utilizam as competências de que dispõem em contextos e condições variados, seguindo diferentes restrições com o intuito de realizar atividades linguageiras. (CONSEIL DE L’EUROPE, 2000, p. 15)2021

Nessa visão, e no quadro teórico da gramática sistêmico-funcional

(Halliday, 1994), por exemplo, a linguagem deixa de ser considerada como

representação do pensamento ou como mero instrumento de comunicação

(Koch, 1998) e passa a ser vista como um sistema de construção de

significados. Nessa ótica, a linguagem é tida como o lugar da interação, pois

19 http://www.sil.org/lingualinks/LANGUAGELEARNING/OtherResources/GudlnsFrALnggAndCltrLrnngPrgrm/AspectsOfCommunicativeCompeten.htm 20 L’usage d’une langue, y compris son apprentissage, comprend les actions accomplies par des gens qui, comme individus et comme acteurs sociaux, développent un ensemble de compétences générales et, notamment une compétence à communiquer langagièrement. Ils mettent en oeuvre les compétences dont ils disposent dans des contextes et des conditions variés et en se pliant à différents contraintes afin de réaliser des activités langagières (…). (CONSEIL DE L’EUROPE, 2000, p. 15). 21 As traduções apresentadas nesta Tese são responsabilidade da autora.

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 46

através de seu uso, interagimos com o outro, processo durante o qual são

construídos e reconstruídos os significados. Isso revela o caráter dinâmico da

linguagem. Nessa perspectiva, a linguagem a ser considerada é aquela

empregada em situações sociais reais atuais, por pessoas que têm um propósito

comunicativo (Almeida, 2002).

Tendo em vista que esse é um fator preponderante neste trabalho, uma

vez que estamos diante do uso real de língua quando realizamos o ato de opinar

de um modo geral, identificamos os seguintes materiais didáticos para estudo:

Português do Brasil para estrangeiros: conversação, cultura e criatividade, Muito

prazer! (volumes 1 e 2), Fala Brasil, Sempre Amigos, Avenida Brasil (volumes 1

e 2), Diálogo Brasil, Bem vindo!, Tudo Bem? Português para a nova geração,

Panorama Brasil: ensino de português no mundo dos negócios, Interagindo em

Português (volumes 1 e 2), Passagens – Português do Brasil para estrangeiros e

Estação Brasil: português para estrangeiros.

Os materiais mencionados anteriormente se propõem a enfocar não só

aspectos relacionados à forma, mas sobretudo aspectos de uso da língua,

conforme se observa nos trechos abaixo, extraídos de algumas das obras

selecionadas.

(...) sensibilizamos o aluno quanto aos contrastes existentes nos usos do português informal / neutro / formal tanto em atividades especiais (...) quanto em situações que resultam do próprio uso espontâneo do português por parte dos alunos. (Centro de Lingüística Aplicada do Instituto de Idiomas Yázigi, 1978, p. 7)

Este primeiro volume traz, principalmente, situações criadas para provocar a participação oral do aluno. Essas situações, pelas quais ele passa ou passará no seu dia-a-dia, são um ponto de partida para as atividades em grupo, em pares ou individuais. (...) Primeiro, frases curtas ou expressões, passando pouco a pouco para estruturas mais longas e elaboradas, de modo que eles possam ir adquirindo autoconfiança no uso da nova Língua. (Santos, 1988, p. 9)

O destaque de Fala Brasil é a Sistematização feita com base no uso efetivo da língua. (Coudry e Patrocínio, 1989, Apresentação)

Os autores se propõem a trabalhar com o “caráter funcional da linguagem”. (Coudry e Patrocínio, 1989, Apresentação)

Avenida Brasil destina-se a estrangeiros de qualquer nacionalidade, adolescentes e adultos que queiram aprender Português para poderem comunicar-se com os brasileiros e participar de sua vida cotidiana. (Lima et al., 1991, Prefácio)

Os autores querem levar o aluno a “adquirir instrumentos para a comunicação”. (Lima et al., 1991, Prefácio)

(...) o livro integra atividades de conversação, compreensão oral, escrita e leitura, de uma maneira viva e atual, levando sempre em consideração o português do dia-a-dia. (Ponce, Burim e Florissi, 1999)

(o módulo à palavra é sua’) apresenta situações práticas de uso da língua. (Coudry e Patrocínio, 2000, contra capa)

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O objetivo geral do curso é promover a interação entre os participantes. Para isso, iremos trabalhar em conjuntos fornecendo a eles os instrumentos para que se comuniquem em português (...). (Henriques e Grannier, 2001, p. x).

Um dos objetivos das autoras é “praticar estratégias comunicativas”. (Henriques e Grannier, 2001, p. x).

O método visa a transmitir ao aluno competências lingüísticas que correspondam à sua necessidade de comunicar-se corretamente em linguagem coloquial, em situações cotidianas, tanto profissionais quanto sociais, no campo oral – compreensão e expressão – e no da escrita – leitura e redação. (Lima et al., 2003, p. ix)

A coerência entre a proposta apresentada pelos autores dos materiais e

aquilo que de fato é oferecido ao longo da obra certamente deveria ser objeto de

estudo mais aprofundado. No entanto, tendo em vista o escopo deste trabalho,

focaremos principalmente nos pontos que têm relação com a elaboração da

opinião.

Dos livros elencados nesta seção, o primeiro a apontar a relevância de se

considerarem no contexto de ensino de língua estrangeira, questões

relacionadas ao uso foi o livro Português do Brasil para estrangeiros:

conversação, cultura e criatividade, elaborado no Centro de Lingüística Aplicada

do Instituto de Idiomas Yázigi e publicado em 1978. Trata-se de uma obra

voltada para iniciantes, com o objetivo de levá-los a atingir uma competência oral

básica. Para isso, considera essencial a integração de três abordagens distintas,

a saber:

• abordagem gramatical: apresentação do sistema verbal;

• abordagem comunicacional: inserção de diálogos semi-estruturados

que visam promover a interação entre os participantes da aula;

• abordagem sociolingüística: emprego de diferentes registros e de

diferentes graus de polidez.

A atenção dispensada a questões de uso fica mais clara ao longo das

lições, nas rubricas intituladas ‘Diálogos equivalentes’, ‘Identificação de uso’ e

‘Frases equivalentes’. No caso de ‘Diálogos equivalentes’, busca-se, pela

apresentação de duas situações que se equivalem em conteúdo, demonstrar ao

estudante que existem a nossa disposição, no sistema lingüístico, diferentes

possibilidades para que possamos comunicar uma informação a nosso

interlocutor. Quanto à ‘Identificação de uso’, propõe-se ao estudante estrangeiro

que ele identifique o registro (formal / neutro / informal) empregado. No caso de

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 48

‘Frases equivalentes’, tal como em ‘Diálogos equivalentes’, o objetivo é mostrar

que uma informação pode ser expressa de várias formas.

A obra, no entanto, não faz menção aos atos de fala que são priorizados.

Do mesmo modo, não foram observadas referências ao modo de expressar a

opinião.

A sensibilização para o fato de que usamos a língua para realizarmos

ações também está presente na obra de Santos, Muito Prazer!, de 1988 (vol. 1).

Apesar de o índice da obra indicar apenas os assuntos de gramática abordados

e os títulos das lições, uma leitura mais atenta do conteúdo do livro de Santos

revela que há uma preocupação em apresentar e trabalhar diferentes funções

lingüísticas, tais como: apresentar-se (vol. 1, lição 1), apresentar alguém (vol. 1,

lição 2), falar da rotina (vol. 1, lição 5), expressar preferência e desejo (vol. 2,

lição 4), entre outras. Isso é realizado com a oferta, por exemplo, de exercícios

de simulação. A expressão da opinião também é contemplada como um dos

conteúdos do segundo volume da obra de Santos. Inicialmente é sugerida uma

atividade oral em que os estudantes são levados a dar sua opinião a respeito do

tópico “o uso diário de jeans”. Para subsidiar os estudantes com informações a

respeito do assunto, é oferecido um texto seguido de algumas opiniões que

servem de modelo para que o estudante elabore, em seguida, a sua própria

opinião, tal como se vê a seguir

Exemplo15:

Atividade oral – DANDO OPINIÕES.

Jeans sempre jeans

Vendido pela primeira vez por um comerciante italiano da cidade de Gênova, o jeans foi logo adotado por fazendeiros e operários por causa da resistência do tecido. Aos poucos, foi sendo usado pelos jovens do mundo inteiro e hoje é peça indispensável no vestuário de crianças, jovens e adultos. Há pessoas, porém, que discordam do uso diário do jeans ou o consideram roupa exclusiva para jovens.

Veja, abaixo, algumas opiniões sobre o uso do jeans:

“Gosto de usar jeans de qualquer jeito e em qualquer lugar.”

(Rodrigo, estudante, 16 anos)

“Eu acho que o uso do jeans não depende da idade da pessoa que usa, mas do lugar onde ela está.”

(Raquel, universitária, 19 anos)

“Por ser uma roupa informal, o jeans só deve ser usado em casa.”

(Adriana, secretária, 25 anos)

“No verão ele esquenta e no inverno ele esfria as pernas.”

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(Rosana, dona de casa, 36 anos)

“Eu uso, sim, e acho que todo mundo usa porque é uma roupa prática.”

(Leonardo, 15 anos)

“Na nossa escola, só os alunos têm permissão para usar jeans; os professores e diretores devem se vestir formalmente.”

(C.S.L., 47 anos, diretor de uma escola particular)

Agora é a sua vez.

Escolha algumas das opiniões apresentadas e faça seus comentários.

Eu concordo com o uso do jeans para...

Eu discordo do uso do jeans para...

Eu acho que o jeans pode ser usado...

Na minha opinião, o jeans não deve ser usado...

Eu nunca uso jeans...

Eu sempre uso jeans...

Eu só uso jeans para...

(Santos, 1989. pp. 28-29)

Em outro momento do livro, na ocasião em que o presente do subjuntivo é

ensinado, a autora apresenta algumas expressões que, segundo ela, ao virem

acompanhadas de verbos nesse tempo, servem para que expressemos opiniões.

Exemplo16:

Você também pode expressar sua opinião com algumas expressões acompanhadas do Presente do Subjuntivo:

pode ser que – duvido que – é provável que – é possível que – é impossível que – não acredito que – talvez

(Santos, 1989, p. 41)

O exercício que segue, entretanto, tem como meta apenas a fixação das as

formas do presente do subjuntivo vistas.

Exemplo 17:

Complete as frases como no exemplo, dando sentido a elas:

a. Talvez o ônibus chegue atrasado.

b. Duvido que aquilo ..... um disco voador.

c. É provável que a gente ..... um teste amanhã.

d. Pode ser que vocês ..... razão.

e. Não acredito que este candidato ..... a eleição.

f. É impossível que eles ..... falando a verdade.

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g. Talvez eu nunca ..... à Europa.

h. Pode ser que amanhã ..... sol.

i. Talvez o João ..... o endereço de Daniela.

j. É impossível que ele ..... todos estes livros numa semana.

(Santos, 1989, p. 42)

Tal como ocorre em Português do Brasil para estrangeiros: conversação,

cultura e criatividade, há também, em Muito Prazer!, propostas de trabalho com

diferentes registros.

Quanto ao livro didático Fala Brasil, escrito por Patrocínio e Coudry e

publicado em 1996, seu objetivo é levar o estudante estrangeiro a atingir

proficiência em língua portuguesa por intermédio da conciliação do aprendizado

da escrita com a prática oral através de situações tiradas da vida cotidiana, e do

estudo das lições de gramática. Nesse material, a gramática é vista como algo

que deve ajudar o aluno a se comunicar, sendo a sua sistematização, segundo

os autores, feita com base no uso efetivo da língua.

Pode-se dizer que no referido material não há sistematicidade em seu

sumário, pois há uma confusão entre as funções comunicativas apresentadas

(Unidades I e II, por exemplo) e as situações propostas (Unidade 5, por

exemplo). Desse modo, temos:

Unidade I – cumprimentar, apresentar, identificar.

Unidade II – pedir, comprar, agradecer / responder.

MAS

Unidade V – no aeroporto, no hotel, no restaurante.

Diante do exposto, a busca pelas informações a respeito do ato de opinar

não foi possível a partir do sumário. Fez-se necessário observar todo o material

a fim de localizar os dados referentes a este estudo. Chegou-se à conclusão de

que o material não se dedica a apresentar o ato de opinar. Há apenas um

exercício em que o estudante deverá dar a sua opinião, mas cujo foco central

está na prática do condicional / futuro do pretérito, conforme se vê no exemplo

abaixo:

Exemplo 18: Dê opinião usando o condicional:

Exemplo: Que tal levá-la para jantar fora? (ela adorar) Eu acho que ela adoraria. (Patrocínio e Coudry, 1996, p.155).

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Há, ainda, uma outra referência no momento em que os autores de Fala

Brasil apresentam algumas expressões e conjunções que podem servir de

auxiliares para a tarefa de redigir um texto. Nessa ocasião, são apresentadas as

formulações “na (minha) opinião (do autor), eu acho que, a meu ver” como

possibilidades para alguém formular sua opinião (Patrocínio e Coudry, 1996, p.

157).

Patrocínio e Coudry, além de serem os autores de Fala Brasil, publicaram

em 2000 o material didático Sempre Amigos: Fala Brasil para jovens, destinado

a um público jovem. Diferentemente de todos ou outros materiais de PL2E

publicados até então, Sempre Amigos tem uma organização em módulos,

permitindo ao professor escolher a seqüência em que os assuntos serão

apresentados aos estudantes. Os seis módulos que compõem a obra têm as

seguintes denominações: ‘A palavra é sua’, ‘Organizando as idéias’, ‘Verbos em

ação’, ‘Jogos’, ‘Fique por dentro’ e ‘Para falantes de espanhol’. O primeiro

módulo traz situações práticas do dia-a-dia com observações referentes ao

emprego de registros variados. O foco está direcionado tanto para a produção na

modalidade escrita quanto oral. ‘Organizando as idéias’ é o módulo em que as

estruturas estão sistematizadas e onde há também propostas de exercícios para

fixação. Já em ‘Verbos em ação’, como o nome sugere, há o estudo dos verbos

seguido de exercícios. Os ‘jogos’ se referem às atividades lúdicas voltadas para

o público-alvo da obra. Quanto ao ‘Fique por dentro’, há diferentes tópicos

relacionados à História e à cultura do Brasil. O módulo ‘Falantes de Espanhol’ é

fruto de um trabalho contrastivo entre o português e o espanhol, visto que

aborda aqueles pontos em que os falantes de espanhol têm mais dificuldade

durante o processo de aprendizado do português. Dos seis módulos à

disposição do professor, ‘A palavra é sua’ e ‘Fique por dentro’ permitem,

segundo Patrocínio e Coudry, o desenvolvimento do discurso do aluno. No

entanto, é no primeiro que encontramos os atos de fala priorizados no livro, a

saber: cumprimentar, despedir, desculpar, interromper, apresentar / identificar,

oferecer / pedir, dizendo as horas, alô, direções, na lanchonete, pintando o sete.

Vê-se que em Sempre Amigos, como em outros materiais, há uma mescla

entre os atos de fala e, por exemplo, as situações enfocadas. Observa-se

também que o ato de opinar não recebe tratamento na obra citada.

Em 1991 é publicado o primeiro volume do conjunto Avenida Brasil: curso

básico de português para estrangeiros, escrito por Lima et al. O material é

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 52

voltado para um público diversificado – de adolescentes a adultos – que tenha

como meta “comunicar-se com os brasileiros e participar de sua vida cotidiana”

(Lima et al., 1991, p. 3). A opção por um método denominado comunicativo-

estrutural permite às autoras integrar atividades comunicativas com o ensino da

estrutura da língua.

Diferentemente do que ocorre em outros livros já comentados nesta seção,

no sumário de Avenida Brasil encontramos referência sistemática aos atos de

fala que serão privilegiados em cada lição. Desse modo, é possível localizar com

facilidade em que lição será apresentado o ato de opinar. No primeiro volume, o

assunto é introduzido na lição 8, enquanto que no segundo, publicado em 1995,

ele aparece na lição 6. Nas duas lições existe a proposta de um tema para ser

debatido [Trabalho (volume 1) e Superstição (volume 2)], proposta esta que vem

acompanhada de uma lista de frases que denotam opinião.

Na lição 8 do livro Avenida Brasil 1, os atos comunicativos a serem

privilegiados são: “dar opiniões, tomar partido, confirmar, contradizer, definir”

(Lima et al., 1991, p. 5). Uma análise da lição leva-nos a observar que há ainda

os atos de concordar e discordar que também estão relacionados com a questão

da opinião. Entretanto, nesse caso estamos diante da emissão da segunda

opinião. Neste trabalho, vale destacar, a atenção será direcionada para a

emissão da primeira opinião. Diante disso, não consideraremos os casos de

segunda opinião. A lição 8 de Avenida Brasil 1 apresenta, por exemplo, as

seguintes formulações:

Quadro 2.1: O ato de opinar em Avenida Brasil 1

Discuta com seu colega. O que é trabalho? O que não é? [p. 75] Para mim o número 1 não é... porque... Acho que sim! Na minha opinião, o número 2... porque... Para você, quais destes direitos são muito importantes? Quais não são? [p. 77] Eu acho importante ter férias todo ano porque... Eu não acho importante...

Na formulação da opinião, observa-se um predomínio do verbo ‘achar’

como introdutor do conteúdo avaliativo. Por se tratar de um verbo regular, de

fácil conjugação, é possível verificar que em outras lições que precedem a lição

8 há introdução de formulações avaliativas / opinativas – mesmo que esse não

seja o objetivo da lição – tal como ocorre no diálogo de abertura da lição 7 (“-

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

53

esse quadro é muito esquisito! – Eu acho genial.”) ou no da página 72 (“- O que

você acha do homem nesta foto?”).

Já em Avenida Brasil 2, há uma retomada do assunto na lição 6, momento

em que são apresentados aos estudantes os seguintes atos comunicativos: “dar

uma opinião, expressar indiferença, descrédito, desconfiança” (Lima et al., 1995,

p. 5). O quadro de possibilidades exposto em Avenida Brasil 2 está reproduzido

no Quadro 2.2, apresentado a seguir.

Quadro 2.2: O ato de opinar em Avenida Brasil 2

Discuta o assunto “simpatias” com seus colegas. Faça perguntas. Responda as deles. [p. 60]

Perguntando Respondendo Em sua opinião...? Dando opinião Expressando indecisão Você é a favor ou contra...?

A meu ver... Não tenho opinião formada sobre...

O que você acha disso...? Em minha opinião... Não sei dizer se... Você concorda com...? Eu sou da opinião que... Não sei o que dizer

sobre... Você discorda de...? Para mim, ... Talvez. Quem sabe? Você acha que...? Eu sou a favor / contra... Eu sou completamente

contra... Expressando indiferença

Eu acho interessante / absurdo

Não acho nada.

Eu acho que sim / que não... Para mim tanto faz. Concordo plenamente. Sei lá. Concordo em termos. Discordo disso.

Na lição 9 do mesmo volume, os autores listam, ao lado de outros verbos,

aqueles que são considerados os verbos de opinião, a saber: “achar, pensar,

acreditar, crer...” (Lima et al., 1995, p. 92). Informações a respeito do uso de

cada um deles não são apresentadas, ficando a oferta dessas informações, em

nosso entendimento, a critério de cada professor.

Apesar de na obra citada o ato de opinar estar, em algumas vezes,

atrelado a outros atos, observa-se preocupação com seu ensino de forma mais

sistemática e também em levar o estudante a empregá-lo de forma autônoma.

Uma das autoras do conjunto pedagógico Avenida Brasil integra também a

equipe responsável pela obra Diálogo Brasil: curso intensivo de português para

estrangeiros, publicada em 2003. Conforme apontado no prefácio e na

apresentação da quarta capa, o livro se destina a profissionais e executivos que

tenham necessidade do português para trabalhar em solo brasileiro e/ou com

empresas brasileiras e também a um público jovem. Previsto para ser utilizado

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 54

do nível iniciante até o final do nível intermediário, o livro apresenta temas e

vocabulário mais voltados para o mundo do trabalho e dos negócios, tais como

‘Telecomunicações no Brasil’ (Unidade 1), ‘A agenda do empresário’ (Unidade

2), ‘Almoço para executivos’ (Unidade 3), ‘Governo investe na criação de

indústria’ (Unidade 4), ‘Executivos e estresse: uma realidade preocupante’

(Unidade 8), entre outros.

O conteúdo está distribuído em quinze unidades temáticas, cuja divisão foi

elaborada em torno de três eixos, a saber: (1) Lendo e falando, (2) Estudando a

língua e (3) Conversando. Conforme a denominação sugere, o primeiro eixo

dedica-se a apresentar textos para leitura, exercícios de interpretação e

diálogos; já o eixo ‘Estudando a língua’ apresenta o estudo sistemático da

gramática associado a exercícios; o terceiro eixo retoma e amplia a temática

apresentada ao longo da unidade, sugerindo tópicos para discussão e, desse

modo, estimula a expressão oral do estudante. Uma unidade temática estrutura-

se, então, da seguinte maneira:

Eixo 1 - Lendo e falando

A1 – pensando sobre o assunto

A2 – lendo o texto

A3 – voltando ao texto

A4 – dialogando

Eixo 2 - Estudando a língua

B1 – estudando a língua

B2 – aplicando o que aprendeu

Eixo 3 – Conversando

C1 – trocando idéias

C2 – chegando lá

A preocupação com a comunicação e com o uso da língua portuguesa está

presente não só no prefácio, ocasião em que se fala em “(...) comunicar-se

corretamente em linguagem coloquial, em situações cotidianas, tanto

profissionais quanto sociais (...)” (p. ix) e “(...) preparando o aluno a falar22

quase de imediato”, mas também ao longo da obra. O índice, tal como o de

Avenida Brasil, é organizado de modo a oferecer informações relevantes a

22 Grifo no original.

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

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respeito dos temas a serem abordados em cada unidade para leitura e

conversação, bem como sobre os tópicos gramaticais e os atos de fala

privilegiados. Como esperado, a localização do assunto em pauta neste capítulo

foi facilitada em função do aspecto citado. Já na Unidade 2, no eixo ‘Lendo e

falando’, o estudante encontra a primeira informação sobre como dar a opinião,

transcrita no Exemplo 19:

Exemplo 19: Dando opinião - Você acha que a reunião vai ser rápida? - Acho que sim. (Lima et al., 2003, p. 15)

Na mesma unidade, mas no eixo ‘Estudando a língua’, encontramos uma

proposta de sistematização, apresentada a seguir.

Exemplo 20: O que você acha Eu acho que... - Você acha que a reunião vai ser rápida? Eu não acho que... - Acho que sim. Acho que sim... Acho que não...

(Lima et al., 2003, p. 19)

Já na seção ‘Conversando’, o estudante, ao ser instigado a discutir sobre a

quantidade de reuniões que são feitas nas empresas, é levado a empregar o que

aprendeu, estimulado pela questão “O que você acha de tantas reuniões” (Lima

et al., 2003, p. 26).

Há, ainda, ao longo da obra outras propostas para emprego das

formulações aprendidas, tal como apresentado no Exemplo 21.

Exemplo 21:

• O que você acha dos restaurantes brasileiros que conhece? (Lima et al., 2003, p. 42)

• Na sua opinião, o que pode atrair mais um executivo, em Campinas? (Lima et al., 2003, p. 92)

• O lazer é importante para as pessoas que trabalham? Qual é a sua opinião? (Lima et al., 2003, p. 122)

• Na sua opinião, o que é mais confortável: roupas de algodão, de seda, ou de fibras sintéticas? Por quê? (Lima et al., 2003, p. 152)

• O que você acha da Internet? (Lima et al., 2003, p. 194) • Você faz uso do comércio eletrônico? Você acha que ele é seguro?

(Lima et al., 2003, p. 194) • A Internet chegou para ficar em seu país? Qual é a sua opinião? (Lima

et al., 2003, p. 194)

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 56

• Na sua opinião, a música e o ritmo brasileiro lembram muito o ritmo africano? (Lima et al., 2003, p. 208)

• Você acredita que, num futuro próximo, as relações comerciais serão feitas só através dos grandes blocos comerciais? (Lima et al., 2003, p. 238)

Diante do quadro geral da emissão da opinião, é oferecida ao estudante

apenas uma parcela das possibilidades. Não há, por exemplo, referência ao

modo como minimizamos o impacto de uma opinião desfavorável ou à maneira

de formular a emissão da opinião sem os verbos de opinião.

Ponce, Burim e Florissi, autoras de Bem-vindo! – material publicado pela

primeira vez em 1999 – propõem como ponto central de sua obra o aspecto da

comunicação sem, no entanto, abrirem mão das referências à gramática

tradicional. O conteúdo é apresentado em 20 unidades, divididas em cinco

grupos, cujas estruturas são as seguintes:

• Grupo 1: Aprenda [conteúdo da lição]; Estudo de [tópicos de

gramática]; Enfoque [tópicos de gramática]; Psiu [vocabulário];

Gramática.

• Grupo 2: Aprenda [conteúdo da lição]; Estudo de [tópicos de

gramática]; Enfoque [tópicos de gramática]; Psiu [vocabulário];

Gramática.

• Grupo 3: Aprenda [conteúdo da lição]; Estudo de [tópicos de

gramática]; Enfoque [tópicos de gramática]; Psiu [vocabulário];

Textos sobre História do Brasil

• Grupo 4: Aprenda [conteúdo da lição]; Estudo de [tópicos de

gramática]; Enfoque [tópicos de gramática]; Psiu [vocabulário];

Amplie seu vocabulário [Correspondência e documentos diversos].

• Grupo 5: Curiosidades; Gente e cultura brasileira; Enfoque; Psiu;

Amplie seu vocabulário.

Desse modo, o sumário traz mais informações a respeito da gramática que

será aprendida do que a respeito do conteúdo funcional.

Tal como ocorre em Fala Brasil, há uma assistematicidade no sumário. A

apresentação da rubrica ‘Aprenda’ – aquela em que é exposto o conteúdo da

unidade – pode envolver tanto um ato comunicativo, quanto uma situação ou um

tema, como pode ser visto a seguir.

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

57

Exemplo 22: Unidade 1 – Aprenda... Cumprimentos Dias da semana Meses do ano O alfabeto Unidade 6 – Aprenda... No hotel

(Ponce, Burim e Florissi., 1999, Índice)

Como se vê, na Unidade 1, os estudantes aprenderão a se cumprimentar e

a dizer os dias da semana, por exemplo. Já com relação à Unidade 6, sabemos

apenas que se trata de algo relativo ao contexto hoteleiro, mas não sabemos se

o estudante aprenderá a fazer uma reserva, uma reclamação ou a pedir uma

informação. Todas são ações possíveis de serem realizadas no contexto de um

hotel.

Tendo o exposto acima em vista, a localização, na obra, de referências ao

modo como elaboramos a opinião é dificultada. Foram encontrados apenas

exercícios em que se solicita ao estudante que emita sua opinião sobre um

assunto.

Exemplo 23: • Na sua opinião, a CPLP deveria ou não deveria existir? Por quê? (Ponce, Burim

e Florissi, 1999, p. 75) • Agora ouça a fita e dê a sua opinião sobre as soluções dadas para Tomás.

(Ponce, Burim e Florissi, 1999, p. 97) • E você? O que você acha do desempenho das mulheres modernas? Você acha

que a mulher já atingiu a igualdade no mercado de trabalho? Você acha que as mulheres atuais levam uma vida melhor do que as das décadas passadas?

• Se você fosse presidente de uma empresa, contrataria uma mulher para um cargo de diretoria? Por quê? (Ponce, Burim e Florissi, 1999, p. 136)

• Na sua opinião: (1) qual é o esporte mais perigoso? E o menos perigoso?; (2) qual é o mais divertido?; (3) qual é o mais caro; (4) Qual é o mais fácil de praticar? E o mais difícil?; (5) qual é o mais saudável? (Ponce, Burim e Florissi, 1999, p. 184)

• Escreva sua opinião a respeito do casamento (não coloque seu nome no papel). Agora passe suas anotações, assim como as de seus colegas, pela classe. Leia o bilhete de um dos colegas e tente adivinhar quem o escreveu. (Ponce, Burim e Florissi, 1999, p. 195)

Dados ou explicações sobre o modo de construção da opinião ou

referentes às estratégias que empregamos não foram encontrados.

Em 2002, as mesmas autoras publicam os dois volumes do material

intitulado Tudo Bem? Português para a nova geração. A proposta é de

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 58

apresentar um material dirigido às necessidades de um público jovem, que tenha

pelo menos 11 anos. Tendo esse aspecto em vista, há situações, léxico e

atividades direcionados para esse público-alvo. Os dois volumes são

constituídos de 10 unidades cada um. Eles têm fixas as seções ‘Aprender’ e

‘Enfoque’ – denominações empregadas também em Bem-Vindo, das mesmas

autoras. Na primeira é possível encontrar diálogos e vocabulário. Já na seção

‘Enfoque’ está localizado o conteúdo gramatical da unidade. As demais seções,

apresentadas nos quadros que seguem, têm uma distribuição particular em cada

um dos volumes.

Quadro 2.3: Tudo Bem? Português para a nova geração – Vol. 1 – distribuição do conteúdo

U

nida

de 1

Uni

dade

2

Uni

dade

3

Uni

dade

4

Uni

dade

5

Uni

dade

6

Uni

dade

7

Uni

dade

8

Uni

dade

9

Uni

dade

10

Aprender X X X X X X X X X X

Enfoque X X X X X X X X X X

Solte a língua X X X X X X X X X X

O que é, o que é??? X X X X X X X X

Conectando-se X X X X X X X X X X

Psiu! X X X X X X X X X X

Música X X X X X

Piadas X X X X X X X X

Você sabia que...? X X X X X X X X

Quadro 2.4: Tudo Bem? Português para a nova geração – Vol. 2 – distribuição do conteúdo

Uni

dade

1

Uni

dade

2

Uni

dade

3

Uni

dade

4

Uni

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5

Uni

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6

Uni

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7

Uni

dade

8

Uni

dade

9

Uni

dade

10

Aprender X X X X X X X X X X

Enfoque X X X X X X X X X X

Você sabia que? X X X X X X X

Geografia do Brasil X X X X X

Humor X X X X X X

Na Região... fala-se assim X X X X X

Psiu X X X X X X X X X

Poema X X

Curiosidades X X

Trabalho: um novo desafio X X X X X

História do Brasil X X X X X

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

59

Tal como em Bem-Vindo!, as autoras de Tudo Bem? Afirmam que a

prioridade é a comunicação natural e espontânea. A gramática e sua

sistematização, no entanto, não são desconsideradas. Uma vez mais, o

sumário da obra não é claro com relação ao conteúdo comunicativo da

unidade, pois na rubrica ‘Aprenda’ é possível encontrar a indicação de uma

situação (p. ex.: “No aeroporto” - unidade 10 do volume 1), um tema (p. ex.:

“Estações do ano / Tempo” – unidade 4 do volume 1) ou, de modo menos

freqüente, a sugestão de um ato de fala (“Cumprimentos / Apresentação / O

alfabeto” – unidade 1 do volume 1). Vale frisar que no caso de apresentação de

uma situação fica a dúvida com relação aos atos que serão priorizados, uma

vez que em um aeroporto, por exemplo, pode-se comprar, pedir informação,

reclamar, entre outros tantos atos possíveis.

Tendo o exposto acima em vista, seria esperado não localizar no índice

informação relativa ao ensino da emissão da opinião. Na verdade, não há

menção explícita aos atos de fala que serão focalizados ao longo da obra. No

entanto, nos dois volumes, são introduzidos alguns exercícios que têm como

objetivo apresentar / fixar / reforçar tais atos. No caso da opinião, há propostas

presentes desde o primeiro volume como as transcritas a seguir.

Exemplo 24: • De qual inovação você gostou mais? Por quê? (Ponce, Burim e Florissi,

2003, p.52)23 • E vocês? Discuta com seu colega: Vocês acham, que “a vida vai acabar

encontrando um jeito bom da gente ser feliz?” Vocês acham que no futuro teremos rios limpos, peixes nadando, ar puro, pássaros voando? O que vocês acham que as pessoas deverão fazer para não destruir o futuro da Terra? Vocês já estão contribuindo para isso? (Ponce, Burim e Florissi, 2003, p.120)

• Agora cada aluno deve escrever sobre o que discutiram. Não se esqueça de colocar: a situação atual (comparação com o passado), a sua opinião a respeito do tema e sua opinião sobre o futuro. Façam introdução, idéia central e conclusão. (Ponce, Burim e Florissi, 2003, p.121)

• Você acha mais interessante, no Exterior, morar em casa de família ou em alojamento de estudantes? Por quê? (Ponce, Burim e Florissi, 2002, p.18)

• Você acha que a mulher tem que ser mais educada que o homem? (Ponce, Burim e Florissi, 2002, p.65)

• O que você acha das pichações? (Ponce, Burim e Florissi, 2002, p.128)

Ainda com relação ao ato de opinar, no material Tudo bem? Português

para a nova geração, vale destacar que no volume 2, há, no final da última

unidade, um quadro em que são apresentadas expressões introdutórias da

opinião, seguido de exercício para emprego das expressões (cf. Figura 2.2). 23 Os exemplos do primeiro volume foram extraídos da segunda edição, publicada em 2003.

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Figura 2.2: Dando Opiniões (Tudo Bem? Português para a nova geração – volume 2)

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61

Na mesma linha de Diálogo Brasil, é publicado, em 2006, mais um material

voltado para o mundo dos negócios. Trata-se de mais uma publicação de Ponce,

Burim e Florissi – Panorama Brasil: ensino do português no mundo dos

negócios. A obra é composta por dez unidades que abordam áreas relacionadas

ao mundo dos negócios, além de um apêndice que contém as explicações

gramaticais dos tópicos apontados nas diferentes unidades. Voltado para um

público de nível intermediário/avançado, o livro apresenta, desde o início, textos

para leitura e propostas para discussão.

Com relação à questão da opinião, observou-se, mais uma vez, que não

há seção específica para seu ensino. Apesar disso, são propostos diversos

exercícios em que o aluno deverá opinar, alguns dos quais compõem o Exemplo

25.

Exemplo 25:

• Você acha que o status do café está mudando lá fora? E no Brasil? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.18)

• Na sua opinião, que tipo de informação lhe faz / fez mais falta sobre os hábitos alimentares encontrados nas diversas regiões brasileiras? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.18)

• Em sua opinião, o ‘saber tradicional’ tem alguma influência no mundo da tecnologia? Caso sua resposta seja afirmativa, em que campos ele se manifesta mais? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.30)

• Na sua opinião, uma jóia é sempre associada a seu valor

monetário? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.40) • Na sua opinião, o design agrega realmente um valor especial à

jóia? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.40) • Guna chegou ao Brasil em 1973 e, obviamente, já tinha em seu

imaginário uma idéia do que encontraria por aqui. Na sua opinião, qual era a imagem mais divulgada do Brasil naquela época? Que personagens eram internacionalmente famosos? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.42)

• Que elementos, na sua opinião, nunca poderiam ser atribuídos à felicidade? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.46)

• Qual é a sua opinião sobre a doação de órgãos após a morte? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.51)

• Quais são, em sua opinião, as maiores dificuldades encontradas por um profissional que se desloca para outro país sem a sua família? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.52)

• Que idiomas, em sua opinião, deveriam ter prioridade de escolha entre os jovens? Justifique suas escolhas. (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.72)

No ano de 2001, é posto à disposição dos interessados em aprender

português do Brasil como segunda língua o material Interagindo em Português,

de Henriques e Grannier, composto de dois volumes. Direcionado, segundo as

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 62

autoras, tanto para jovens quanto adultos, e voltado para cobrir desde o nível

iniciante até o avançado, o material tem como objetivo desenvolver as quatro

habilidades e praticar as estratégias comunicativas.

No material Interagindo em Português 1 e 2, não foi encontrada uma

sistematização para o assunto em pauta. Em unidades isoladas, podem ser

localizadas situações ou trechos em que é sugerido ao estudante o ato de

opinar, tal como ocorre no diálogo da p. 82, do volume 1.

Exemplo 26: Quem são estas pessoas? A: Então, que tal o Zé? B: Ah, é... maravilha... A: O que você me diz dele? Não é lindo? B: Tem razão. Seu carro novo é lindo mesmo. A: Carro? Do que você está falando? Ficou louca, é? B: Ah, do modelo, da cor, do tamanho, tudo... A: Já sei. Tem alguém aí perto. Acertei? B: É isso aí. A: Aposto que é seu pai. Não, não é não. Ele tá viajando. Meu Deus! É o Zé que está aí com você? B: É. Então, tá. Depois a gente se fala, né? Um beijo. A: Nooossa! Outro... (Grannier e Henriques, 2001, p. 82)

Em outra ocasião, no volume 2, as autoras pedem que o estudante dê a

sua opinião ao perguntarem “Você acha que Janine se adaptou bem aqui no

Brasil? Justifique.” (Grannier e Henriques, 2001, p. 61).

No ano de 2002, Celli publica o material Passagens – português do Brasil

para estrangeiros. O livro, voltado para o nível pré-intermediário e destinado a

adolescentes e adultos, apresenta uma organização de conteúdo particular, uma

vez que ele está distribuído em 222 unidades. Dessas, 39 se referem a revisão

de conteúdo e 4 a apresentação de informações relativas à pronúncia do

português. No final, há um apêndice. O grande número de unidades se deve ao

fato de que cada página do livro corresponde a uma unidade. Com isso, parece

não haver coesão entre os conteúdos propostos nem uma diretriz clara para a

progressão dos mesmos.

Apesar da preocupação da autora em “dar ao aluno condições de

desenvolver habilidades de comunicação (ler-falar-ouvir e escrever)”, não há

apresentação consistente dos objetivos comunicativos de cada unidade. Tal

como visto por ocasião da análise de outros materiais, não há referência ao

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

63

modo como elaboramos a opinião. No entanto, há, mais uma vez, ao longo do

livro, exercícios que exigem que o aluno dê sua opinião como os que seguem.

Exemplo 27:

• Na sua opinião, que línguas um turista deve saber? (Celli, 2002, p.1) • Sua opinião: As crianças devem ter muitas atividades durante o dia?

Explique seu ponto de vista. (Celli, 2002, p.58) • Qual é a sua opinião sobre os cursos de defesa pessoal? (Celli, 2002,

p.64) • O que você acha de uma mulher ser motorista de ônibus, de táxi ou de

caminhão? (Celli, 2002, p.117) • Que profissões, na sua opinião, são consideradas essencialmente

masculinas? (Celli, 2002, p.117)

Em 2005, Bizon e Patrocínio – esta também autora de Fala Brasil:

português para estrangeiros e Sempre Amigos: Fala Brasil para jovens –

publicam Estação Brasil: português para estrangeiros para aqueles que já têm

proficiência básica em língua portuguesa e desejam ampliá-la. Diferentemente

de outros materiais analisados neste capítulo, Estação Brasil não oferece

sistematização gramatical ao estudante. São oferecidas quatro linhas temáticas

(1) Questões culturais, (2) Cidadania e cotidiano, (3) Trabalho e qualidade de

vida e (4) Linguagens, dentro das quais é possível encontrar textos e tarefas que

privilegiam produção escrita, atividades de produção oral, bem como atividades

de compreensão oral. Com isso, as autoras pretendem não só proporcionar

momentos para que o estudante melhore sua proficiência e utilize a língua

portuguesa nas modalidades escrita e oral, mas também um espaço de reflexão

intercultural.

Apesar de não haver direcionamento para a emissão da opinião, as

autoras fazem uma observação na seção ‘Comportamento e linguagem’, inserida

no Capítulo 1, que se aplica à problemática da emissão da opinião,

principalmente daquela que estamos classificando nesta pesquisa como

desfavorável. O trecho, transcrito a seguir, trata de indiretividade do brasileiro

quando confrontado a algumas situações particulares.

Talvez você já tenha observado que, em algumas culturas, como na oriental, não é aceitável ser muito direto; pode ser rude. Uma das características atribuídas ao brasileiro é a de ser cordial. Talvez essa atribuição se justifique, em parte, pelo uso freqüente de expressões não diretivas, como o caso de se evitar o não, mencionado acima. Entretanto, esse é um estereótipo que não pode ser tomado como regra geral. Dependendo da situação, as pessoas podem utilizar uma linguagem mais ou menos direta. (Bizon e Fontão, 2005, p.14)

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O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E. 64

O trecho transcrito acima vem ilustrado por dois exemplos que refletem

apenas os atos de recusar e reclamar, ameaçadores à face como o ato de opinar

desfavoravelmente, e mostram como realizar esses atos empregando uma

linguagem direta ou sutil. Além disso, os exercícios que seguem também

apresentam apenas os atos mencionados, desconsiderando a problemática que

envolve, na mesma medida, a emissão da opinião.

Como se pôde ver, os materiais de PL2E publicados no Brasil e

disponíveis no mercado, independentemente da orientação – forma ou uso – não

apresentam, de modo geral, um estudo sistemático a respeito do modo como

elaboramos a opinião favorável ou desfavorável. É de fundamental importância

que estudantes e professores estejam informados a respeito das possibilidades

de que dispomos dentro do sistema da língua e também das estratégias

possíveis de emissão dessa opinião, pois, desse modo, ruídos e mal entendidos

durante a conversação em língua portuguesa podem ser minimizados.

A análise das obras selecionadas demonstra, em resumo, que ainda há

uma lacuna a ser preenchida e que, portanto, o assunto deve ser tratado a fim

de que seja esboçado um panorama mais claro a respeito de como brasileiros

opinam. Isso permitirá que professores de PL2E tenham mais subsídios para a

elaboração de material a respeito do assunto.

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3 Fundamentação Teórica

“Estou com a maioria” é como alguém, não querendo se expor, mascara sua opinião diante de uma discussão politicamente inflamável – sem ter a menor idéia de quem está com a maioria ou o que ele pensa. (Keep, 2003, p. 152).

Neste trabalho, conforme apontado na introdução, pretende-se

empreender um estudo sobre a opinião, com foco na emissão da ‘Opinião

Desfavorável’, a fim de melhor compreendermos as estratégias empregadas na

elaboração desse ato por falantes de português do Brasil. Tendo esse objetivo

em vista, iniciaremos este capítulo tecendo considerações a respeito da

definição do que seja opinar para, em seguida, apresentarmos uma revisão

bibliográfica que contempla estudos que têm como foco a questão da opinião.

Na terceira parte, trataremos de alguns princípios da Lingüística Sistêmico-

Funcional em que este trabalho se apóia. Na seqüência, discorreremos a

respeito dos pressupostos da Pragmática e da Antropologia Social relevantes

para esta pesquisa.

3.1 Opinar: delineando uma definição24

Dentre as atividades lingüísticas que realizamos rotineiramente, podemos

considerar que o ato de opinar ou de expressar uma opinião é realizado com

relativa freqüência. Em inúmeras situações somos instados a emitir um parecer a

respeito de algo ou de alguém, seja no ambiente de trabalho, no familiar ou entre

amigos. Nessas ocasiões, não é incomum termos de dar uma opinião sobre,

respectivamente, um projeto, um novo prato preparado com esmero por algum

parente ou o último filme em cartaz. A realização do ato de opinar, conforme

será visto mais adiante, não é, no entanto, tão simples quanto possam deixar

transparecer os exemplos citados.

Segundo Ferreira (1986), há quatro acepções possíveis para o termo

opinar. 24 Esta seção está pautada em Almeida (2004).

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Fundamentação teórica 66

Opinar – [Do lat. Opinare] V. Int. 1. Expor o que julga acerca de um assunto em estudo, deliberação, etc.; dar o seu parecer. 2. Dizer manifestando opinião. T. i. 3. Expor o que julga; dar o seu parecer. T.d. 4. Ser de opinião; dizer, manifestando opinião; julgar; entender. (Ferreira, 1986, p. 1227).

A definição mencionada deixa claro que está vinculada, ao termo opinar, a

noção de julgamento de valor, a qual, por sua vez, já estava presente na palavra

latina opīnō, ās, āre, cujo sentido era ‘julgar, pensar, crer’ (Torrinha: s.d., p. 588).

O estabelecimento de uma associação entre o conceito de opinião e a

categoria de julgamento também pode ser observado na definição elaborada por

Charaudeau e Maingueneau (2004) para o referido conceito. Os autores fazem

igualmente menção à possibilidade de a opinião estar vinculada a uma

modalidade e ao conceito sociológico de “opinião pública”. A opinião como

modalidade exprime, segundo os autores:

o lugar que o propósito do enunciado ocupa no universo de crenças do sujeito falante, atitude intelectiva que pode ser marcada por verbos (eu penso, eu creio, eu duvido etc.) ou por advérbio (provavelmente, possivelmente etc.). (Charaudeau e Maingueneau: 2004, p. 353).

Ainda como modalidade, a opinião faria parte dos atos elocutivos ou

locutivos – aqueles em que o “locutor situa seu propósito em relação a ele

mesmo” (Charaudeau: 1992, p. 575). Enquanto categoria de julgamento, a

opinião seria resultante de uma atividade de pensamento. Conforme definem os

autores em epígrafe, a opinião, nesse caso, “salienta, portanto, um julgamento

hipotético que se pronuncia a favor ou contra os fatos do mundo” (Charaudeau e

Maingueneau: 2004, p. 353). Nesse caso, a opinião é “oriunda do sujeito; ela

reflete a atitude avaliativa do sujeito a propósito de um saber e lhe interna” (op.

cit. loc. cit.). Por fim, Charaudeau e Maingueneau fazem referência ao conceito

de opinião pública, lembrando que se adentra, nesse caso, o campo da

sociologia, da ciência política e da psicologia social. Nessa última vertente

insere-se, de algum modo, o trabalho desenvolvido por Tarde (1991 [1910]),

referido a seguir.

Tarde (1991 [1910]), em seu ensaio sobre a opinião e a conversa, cujos

objetivos são (1) tratar de assuntos relacionados à opinião pública e (2)

estabelecer os primeiros elementos da ciência que a estudaria, elabora algumas

questões que nos levam a refletir sobre a essência da opinião em si, tais como:

“O que é a opinião? Como se gera? Quais são as suas diversas fontes? (...)

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

67

Qual a sua fecundidade e a sua importância social?” (Tarde: 1991 [1910], p. 58).

A busca de respostas para essas questões é, certamente, de fundamental

importância para que seja possível compreender o ato de opinar.

Segundo Tarde, o termo opinião se confunde com duas noções que

parecem estar interligadas “a opinião propriamente dita, entendida como

conjunto de julgamentos, e a vontade geral, que é o conjunto dos desejos”

(Tarde: 1991 [1910], p. 58). Observa-se que esse autor também estabelece um

vínculo entre opinar e julgar. Ampliando sua definição, Tarde compara a opinião

a um “agrupamento momentâneo e mais ou menos lógico de julgamentos”

(Tarde: 1991 [1910], p. 61), deixando transparecer a idéia de que a construção

da opinião pode ser considerada algo sócio-historicamente construído. Na

mesma perspectiva, Silveira (2000) faz a seguinte afirmação:

(...) uma opinião individual é uma forma especial de representação mental, ou seja uma forma de avaliar algo/alguém, tendo por parâmetro o marco das cognições sociais de seu grupo. Tal marco é que dá identidade cultural aos diferentes membros de um grupo social, ainda que eles construam opiniões variadas enquanto indivíduos. (Silveira, 2000, p. 15)

Ao solicitarmos a opinião de alguém, queremos, conforme visto nas

definições anteriormente citadas, que uma avaliação (ou julgamento) seja feita.

Isso, entretanto, pode gerar polêmicas e implicações sociais, sobretudo nos

casos em que a opinião a ser emitida é de valor negativo. Quais, por exemplo,

seriam os impactos de uma ‘Opinião Desfavorável’ sobre o ouvinte? Qual o grau

de aceitabilidade desse tipo de opinião no contexto brasileiro? Quando ela pode

ser proferida, em que contextos e diante de quem? Quais são as estratégias

lingüístico-discursivas que empregamos para elaborarmos a emissão dessa

opinião e, conseqüentemente, da avaliação? Mais adiante, procuraremos discutir

o fato de que a emissão da opinião envolve não só o desenvolvimento de uma

competência lingüística, mas, principalmente, conhecimentos pragmático-

culturais. A seguir, serão apresentados alguns estudos empreendidos a respeito

da elaboração da opinião.

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Fundamentação teórica 68

3.2 Estudos sobre a expressão da opinião

Os estudos lingüísticos sobre o ato de opinar, quando comparados aos de

desculpar-se ou fazer pedidos, parecem apresentar-se em menor número, tanto

em inglês quanto em português, sendo esta última uma língua em que ainda há

pouca pesquisa sobre o assunto.

Strauss (2004), no seu estudo em que discute a importância de o falante

indicar sua posição cultural (cultural standing) no momento em que expressa sua

opinião a respeito de um tópico previamente discutido, apresenta três

perspectivas dentro das quais normalmente se distribuem os estudos sobre a

expressão da opinião.

A primeira delas parte do princípio de que a opinião é emitida por ocasião

de uma conversa, inserindo-se em sua estrutura. Desse modo, encontram-se,

nessa perspectiva, os trabalhos que discutem a maneira como as conversas são

estruturadas. Trata-se de estudos da linha da Análise da Conversação, tais

como os de Pomerantz (1984), Mulkay (1985) e Almeida (2003), entre outros.

Em artigo intitulado “Agreeing and disagreeing with assessments: some

features of preferred / dispreferred turn shapes” (1984), Pomerantz estuda a

concordância e a discordância em construções avaliativas ou opinativas,

sobretudo em segundas avaliações, momento em que alguém emite parecer a

respeito do referente mencionado em um “enunciado avaliativo inicial” (Bastos &

Pereira, 1998). Conforme definição de Ferreira (1986), concordar e discordar

significam, respectivamente “ter a mesma opinião sobre; pôr-se de acordo em;

acordar” (p. 447) e “não concordar [não ter a mesma opinião sobre]25, estar em

desarmonia; ser incompatível; divergir” (p. 596), tendo, portanto, o estudo em

epígrafe pontos de contato com o assunto desta pesquisa. Essas construções

avaliativas ou opinativas são tidas como produtos da participação do falante;

com sua opinião, ele demonstra conhecimento daquilo que está avaliando. A

autora busca, então, apresentar aspectos da coordenação das segundas

avaliações com suas precedentes, bem como descrever os tipos de organização

que são relevantes para a produção das segundas avaliações, empregando,

para tanto, as noções de preferência e não-preferência. Como se pôde observar,

25 Nota explicativa da autora.

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69

a pesquisa de Pomerantz, bem como outros a serem descritos posteriormente,

volta-se para o estudo das segundas avaliações ou opiniões.

Há de se destacar ainda, nessa linha, o estudo de Mulkay (1985) que,

partindo da pesquisa de Pomeranz (1984), e analisando também dados em

inglês, estudou o mesmo assunto em correspondências trocadas entre

cientistas. Em português, merecem destaque os estudos realizados por Oliveira

(1996) e por Bastos e Pereira (1998). Enquanto o primeiro trata da organização

da preferência em cartas de pedidos de empresas estatais brasileiras, no

segundo as autoras analisam uma reunião de treinamento gerencial, tendo em

vista os conceitos acima mencionados ao lado dos de alinhamento, participação

e polidez.

O trabalho de Almeida (2003), bem como os precedentes, apóia-se no

estudo de Pomerantz (1984), por ter em foco o emprego dos conceitos de

preferência e não-preferência e por ter como objetivo investigar a organização da

preferência por ocasião da emissão de avaliações, tendo em vista um contexto

informal. O diferencial entre os dois estudos pode ser definido em termos do tipo

de contexto informal observado. Na pesquisa empreendida por Almeida foi

analisada uma reunião de família brasileira. Nesse caso, esteve, portanto, em

foco o uso de conversação cotidiana espontânea em língua portuguesa. Em sua

conclusão, Almeida apontou para o fato de que as categorias derivadas do

trabalho de Pomerantz e empregadas para descrever os casos encontrados em

português não foram suficientes, tendo sido necessário criar uma nova categoria

– a da concordância construída com repetição do verbo da avaliação inicial –

para dar prosseguimento à pesquisa.

Vale destacar que os trabalhos de Pomerantz (1984) e Mulkay (1985)

abordam casos do inglês, enquanto Oliveira (1996), Bastos e Pereira (1998) e

Almeida (2003) apresentam dados do português, buscando todos identificar

estratégias empregadas na elaboração da avaliação ou opinião. É também digno

de nota o fato de que esses trabalhos, por se dedicarem a questões de

concordância e discordância, estão voltados para a análise das segundas

avaliações ou opiniões. Na presente pesquisa, diferentemente dos trabalhos

citados, estaremos focalizando a emissão da primeira avaliação / opinião ou

opinião por solicitação.

A segunda perspectiva apontada por Strauss (2004) agrupa aqueles

trabalhos que têm como foco a investigação, a partir do conceito de ‘face’, de

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Fundamentação teórica 70

como as relações sociais de poder e solidariedade afetam a expressão de

pontos de vista potencialmente ofensivos, como é o caso da opinião

desfavorável, principalmente diante do fato de que as pessoas querem que sua

identidade e suas escolhas, por exemplo, sejam validadas por todos. São

referências dessa perspectiva os trabalhos inseridos no âmbito da Teoria da

Polidez, tais como o de Brown & Levinson (1987) e o de Galembeck (1999),

sendo este um estudo a respeito do português. Mais adiante será apresentado

um panorama mais detalhado da referida teoria [v. 3.4.2] e de alguns conceitos

relacionados, empregados neste estudo.

Em terceiro lugar, mas não menos importante, estão os trabalhos que

tratam da modalidade epistêmica e que focalizam os meios empregados pelos

falantes para (1) marcar que tipo de provas eles têm para dar sustentação às

afirmações que fazem, bem como para (2) indicar o grau de certeza que

atribuem a tais afirmações. Um exemplo desse tipo de estudo é, conforme

aponta Strauss (2004), o de Chafe & Nichols (1986).

Tendo em vista o exposto nesta sessão intitulada “Estudos sobre a

expressão da opinião”, foi possível verificar que a elaboração da opinião em

português do Brasil é, ainda hoje, assunto de um número reduzido de pesquisas,

sendo estas, na maior parte das vezes, direcionadas para o estudo das

segundas opiniões. Na sessão a seguir, será apresentada a visão de língua e

linguagem em que se insere este estudo, além de apontar a importância da

noção de contexto e de categorias que nos permitirão, posteriormente,

empreender uma análise contextual.

3.3 Lingüística sistêmico-funcional e a relação língua-usuário-contexto26

Tendo em vista o fato de que esta pesquisa visa o estudo da linguagem

em uso e que se pauta, portanto, na relação entre língua, usuário e contexto,

acreditamos que o aparato teórico fornecido pela abordagem sistêmico-funcional

seja produtivo para este trabalho.

Segundo Neves (1997), o estudo de uma língua a partir de uma

abordagem funcionalista “tem como questão básica de interesse a verificação de

como se obtém a comunicação com essa língua, isto é, a verificação do modo

como os usuários da língua se comunicam eficientemente” (Neves, 1997, p. 2). 26 Esta seção está pautada em trabalho anterior elaborado pela autora (Almeida, 2002).

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Nessa perspectiva, considera-se que a língua serve a determinadas funções ou

propósitos como, por exemplo, expressar opinião, comunicar idéias ou reclamar

(Crystal, 2000). Desse modo, o que se busca neste trabalho é investigar como

os usuários da língua portuguesa comunicam suas opiniões.

A gramática sistêmico-funcional, tal como proposta por Halliday (1994),

tem como objetivo não só descrever o sistema da língua, mas também as formas

pelas quais esse sistema se relaciona com os textos – instâncias reais de língua.

Halliday (1994, p. xiii) denomina a sua gramática de ‘gramática funcional’ e

fornece três razões para isso. A primeira delas aponta para o fato de que nessa

gramática discute-se como a língua é usada, levando-se em consideração

aspectos relativos ao contexto de uso. A segunda razão é pautada na

compreensão que o significado em uma língua contém componentes funcionais

(as metafunções). Em último lugar, o autor nos lembra que cada elemento em

uma língua é explicado com referência à sua função no sistema lingüístico.

O fato de considerar como essenciais em uma gramática questões

relacionadas a significado e uso faz com que a gramática proposta por Halliday

seja de base semântica (significado) e funcional (uso) (Bloor e Bloor, 1995, p. 1).

No quadro teórico da gramática sistêmico-funcional, a linguagem deixa de

ser considerada como representação do pensamento ou como mero instrumento

de comunicação (Koch, 1998) e passa a ser considerada como um sistema de

construção de significados. Nessa ótica, a linguagem é vista como o lugar de

interação, pois através de seu uso, interagimos com o outro – processo durante

o qual são construídos e reconstruídos os significados. Isso revela o caráter

dinâmico da linguagem, pois o sistema é atualizado de diferentes maneiras a

cada vez que é acessado.

A linguagem a ser considerada, na perspectiva hallidiana, é aquela

empregada em situações sociais reais atuais, por pessoas que têm um propósito

comunicativo. Considerar que ao usarmos a linguagem temos um propósito,

significa adotar uma visão funcional da linguagem e acreditar que, por meio da

linguagem, realizamos algo em um dado contexto, buscando atingir objetivos

(Halliday & Hasan, 1989, p. 15).

Na proposta hallidiana, partindo do princípio de que o contexto é peça

fundamental no processo de construção de significados, considera-se que a

linguagem se organiza em torno de dois sistemas, a saber: o sistema de dados

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Fundamentação teórica 72

do contexto social e o sistema lingüístico, conforme ilustra a Figura 3.1,

apresentada adiante.

No que diz respeito ao sistema de dados do contexto social, observa-se a

existência de um subsistema contextual, formado, de acordo com a

denominação de Halliday, pelas três variáveis situacionais: campo (o que está

acontecendo), modo (o meio e o papel da linguagem) e relações (participantes e

suas relações) (cf. Halliday & Hasan, 1989).

Figura 3.1: A linguagem na gramática sistêmico-funcional

A combinação das escolhas feitas a partir do repertório de possibilidades

fornecidas por cada variável dá formato àquilo que Halliday denomina

Configuração Contextual (CC). A cada nova combinação de escolhas, portanto,

obtém-se uma nova CC (Halliday e Hasan, 1989, p. 55). (v. Figura 3.2).

Merece destaque a importância que ganham os dados contextuais na

elaboração do discurso. No caso da emissão de opiniões, conforme veremos

mais adiante no Capítulo 5, bem como de outros atos de fala, é a definição do

contexto que fornecerá as pistas para que o falante faça as suas escolhas no

sistema da língua [sistema lingüístico].

O sistema de escolhas disponíveis é a “gramática” da língua, a partir da qual, o falante ou escritor faz suas seleções. Essas seleções não são feitas no vácuo, mas de acordo com o contexto das situações de comunicação. Os atos de fala subentendem, por isso, a prática criativa e repetitiva de fazer opções em situações e cenários sociais e pessoais. (Halliday, 1970, p. 142)27

27 The system of available options is the ‘grammar’ of the language, and the speaker, or writer, selects within this system: not in vacuo, but in the context of speech situations. Speech acts thus involve the creative and repetitive exercise of options in social and personal situations and settings. (Halliday, 1970, p. 142).

LINGUAGEM

Sistema de dados do contexto social

Sistema lingüístico

Subsistema contextual

Subsistema semântico

Subsistema léxico-gramatical

Subsistema fonológico

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Logo, a seleção das formas será definida pelas características do contexto.

Para isso é necessário que saibamos com quem falamos, qual é o tipo de

relacionamento existente entre os participantes e onde se dá a interação. Na

teoria hallidiana, conforme ilustrado na Figura 3.1, o contexto de situação é

fundamental, pois é ele que fornece aos participantes de uma interação grande

parte das informações sobre os significados que estão sendo negociados e

sobre aqueles que são mais prováveis.

Figura 3.2: Processo de formação da Configuração Contextual

Fatores concernentes à situação concreta ou contexto, aos papéis dos

participantes, aos seus propósitos e objetivos afetam sobremaneira a escolha, a

estruturação e a natureza do texto. Assim, o texto [oral ou escrito] e, portanto, o

ato de emitir uma opinião desfavorável, deve ser visto em relação ao contexto

em que foi produzido.

3.4 Pragmática

Este trabalho, além de buscar apoio em princípios e conceitos da

gramática sistêmico-funcional, fundamenta-se em pressupostos da pragmática

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Fundamentação teórica 74

por ser esta uma área preocupada com o estudo do significado elaborado por

um falante e interpretado por um ouvinte tendo em vista um contexto específico

– elementos fundamentais para uma compreensão adequada a respeito do

modo como elaboramos uma opinião desfavorável. Com relação à importância

do contexto, Moura (2000), ao tratar da fronteira entre a semântica e a

pragmática, argumenta que nesta última a significação é contextualmente

dependente (op. cit, p. 66). Além disso, outro aspecto de relevância para este

estudo reside no fato de que a pragmática considera igualmente o fato de que

comunicamos muito mais do que apenas aquilo que falamos. As teorias

pragmáticas empregadas para análise e aqui consideradas são: a teoria dos atos

de fala e a teoria da polidez.

3.4.1 Teoria dos atos de fala

A teoria dos atos de fala é comumente associada aos filósofos J. L. Austin

e John Searle por conta da importância que têm seus trabalhos para a

formulação das bases dessa teoria. Enquanto a obra do primeiro – How to do

things with words, publicada postumamente em 1962 – é tida como a base sobre

a qual se fixaram os pilares da referida teoria, os estudos de Searle – Speech

Acts e Expression and Meaning, publicados respectivamente em 1969 e 197928 –

são reconhecidos por terem apresentado uma ampliação e um desenvolvimento

mais sistemático da teoria dos atos de fala, além de sua semantização. (Cook,

2001; Santos, 2003; Charaudeau e Maingueneau, 2004; Kerbrat-Orecchioni,

2005).

Na teoria dos atos de fala, o princípio geral subjacente prevê que agimos

por meio da linguagem ou, como sugere o título da obra de Austin, pode-se

afirmar que dizer é fazer. De acordo com este autor, a função fundamental da

linguagem não é descrever o mundo, mas comunicar (Costa, 2002). Tendo esse

aspecto em vista, não se parte da análise de frases, mas de enunciados

(utterances), pois estes são atos realizados em situações concretas de

comunicação. A linguagem, nessa teoria, é entendida não como expressão do

pensamento ou como um instrumento, mas como uma forma de ação. Essas três

concepções de linguagem, revistas por Travaglia (1997), podem ser assim

resumidas:

28 Neste trabalho, faremos referência às obras traduzidas – Os actos de fala, publicada em 1981 e Expressão e Significado, publicada em 1995.

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Linguagem como expressão do pensamento: para essa concepção as pessoas não se expressam bem porque não pensam. A expressão se constrói no interior da mente, sendo sua exteriorização apenas uma tradução. A enunciação é um ato monológico, individual, que não é afetado pelo outro nem pelas circunstâncias que constituem a situação social em que a enunciação acontece.

Linguagem como instrumento: nessa concepção a língua é vista como um código, ou seja, como um conjunto de signos que se combinam segundo regras, e que é capaz de transmitir uma mensagem, informações de um emissor a um receptor. (...) Essa concepção levou ao estudo da língua enquanto código virtual, isolado de sua utilização (...). Isso fez com que a Lingüística não considerasse os interlocutores e a situação de uso como determinantes das unidades e regras que constituem a língua, isto é, afastou o indivíduo falante do processo de produção, do que é social e histórico na língua.

Linguagem como processo de interação [ou forma de ação]29: nessa concepção o que o indivíduo faz ao usar a língua não é tão-somente traduzir ou exteriorizar um pensamento, ou transmitir informações a outrem, mas sim realizar ações, agir, atuar sobre o interlocutor (ouvinte/leitor). A linguagem é, pois, um lugar de interação humana, de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores, em uma dada situação de comunicação e em um contexto sócio-histórico e ideológico.

(Travaglia: 1997, pp. 21-23)

Com o estabelecimento da terceira concepção apresentada – linguagem

como processo de interação ou forma de ação – passa, então, a haver a

compreensão de que toda atividade verbal tem um caráter acional, conforme

afirma, por exemplo, Yule (2003):

Na tentativa de se expressar, as pessoas não apenas produzem enunciados que contêm estruturas gramaticais e palavras, mas realizam ações por meio desses enunciados. (Yule, 2003, p. 47)30

A perspectiva apresentada, no entanto, não é exclusiva da obra de Austin

ou Searle, pois ela já vinha sendo desenvolvida anteriormente em outros campos

do saber por estudiosos como: Aristóteles, Benveniste, Malinowski e

Wittgenstein (Costa, 2002; Kerbrat-Orecchioni, 2005).

No campo da filosofia, Wittgenstein é, sem dúvida, um nome a considerar.

Sua obra é dividida em dois momentos (Nef, 1995; Marcondes, 1997). O primeiro

29 Observação da autora. 30 In attempting to express themselves, people do not only produce utterances containing grammatical structures and words, they perform actions via those utterances. (p. 47)

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Fundamentação teórica 76

momento, também conhecido como primeiro Wittgenstein, é marcado pela obra

‘Tractatus’ e o segundo Wittgenstein, pela obra ‘Investigações filosóficas’.

No Tractatus, Wittgenstein propõe uma relação entre linguagem,

pensamento e mundo. Isso significa a existência de uma correspondência lógica

e direta entre as configurações de simples objetos presentes no mundo,

pensamentos na mente e palavras na língua. Desse modo, a configuração das

idéias na mente e a relação das palavras em uma sentença são idênticas na

forma com a estrutura da realidade que representam. Linguagem e pensamento

trabalham como um retrato do real e conceber ou falar do real significa ser capaz

de formar esse retrato (cf. teoria pictórica do significado in Marcondes: 1997, p.

269; teoria representacional do quadro in Nef: 1995, p. 146).

É preciso mencionar ainda que o primeiro Wittgenstein aborda a

problemática que advém da inexistência de relação entre forma gramatical e

forma lógica da linguagem:

A maioria das proposições e questões dos filósofos surge de nosso fracasso em compreender a lógica de nossa linguagem (Wittgenstein, apud Marcondes: 1997, p. 269)

O que se pode depreender do primeiro Wittgenstein é a escolha por um

caminho não-mentalista para explicar o significado na linguagem. Isso significa,

antes de tudo, opor-se à premissa básica presente em uma visão mentalista,

resumida por Alston (1997, p. 41) da seguinte forma:

O que dá um certo significado a uma expressão lingüística é o fato de ela ser regularmente usada na comunidade como a ‘marca’ de uma certa idéia. As idéias com que fazemos o nosso pensamento têm uma existência e uma função independentes da linguagem. (Alston,1997, p. 41)

Apesar de continuar na trilha de um caminho não-mentalista, o segundo

Wittgenstein se distancia daquele que é denominado o primeiro Wittgenstein.

O segundo Wittgenstein é marcado pela publicação da obra ‘Investigações

Filosóficas’ (1953), conforme exposto mais acima. Nessa obra, Wittgenstein

entende linguagem dentro de uma perspectiva de jogos da linguagem, deixando

de lado a visão anterior que a considerava sob seu aspecto lógico e

representacional (Marcondes: 1997, p. 270; Nef: 1995, p. 146).

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Podemos também imaginar que todo o processo do uso de palavras é um daqueles jogos por meio dos quais as crianças aprendem sua língua materna. Chamarei esses jogos de “jogos de linguagem” (...) (Wittgenstein 1979, §7)

Wittgenstein considera, portanto, que estamos sempre atuando com jogos

de linguagem, ou seja, não é possível entendermos as palavras apenas com

relação aos objetos presentes no mundo, conforme ele havia concebido

anteriormente.

As crianças são educadas para executar essas atividades, para usar essas palavras ao executá-las, e para reagir assim às palavras dos outros. (Wittgenstein 1979, §6)

Para entendê-las é necessário conhecer o contexto de atividades humanas

não lingüísticas nas quais o uso da linguagem é elaborado. Na sua concepção,

as palavras e as suas circunstâncias comportamentais constituem o jogo de

linguagem. Segundo Nef (op.cit., p. 148), nessa nova perspectiva Wittgenstein

se propõe a trocar o binômio significação e verdade pelo de significação e uso

(“A significação é o uso”), permitindo-lhe considerar atos diversos como, por

exemplo, dar ordens ou interrogar. Trata-se, enfim, de considerar a linguagem

uma prática social.

Tendo o exposto em vista, conclui-se que o segundo Wittgenstein adota

uma visão pragmática para explicar o sentido da expressão lingüística.

No âmbito da teoria dos atos de fala, falar ou usar uma língua pressupõe a

execução, dentro de um contexto sócio-cultural determinado, de diferentes atos

de fala, definidos como “unidades básicas ou mínimas de comunicação

lingüística” (Searle, 1981, p. 26) (cf. Rose, 1992; Nelson, 2002a). Como o ato de

fala é, conforme apresentado, a ação realizada via uma elocução (Yule, 2003),

considera-se, portanto, como atos de fala: fazer pedidos ou promessas,

desculpar-se, dar ordens, fazer afirmações, recusar, entre outros. A essa lista,

poderíamos, então, acrescentar o ato de fala ‘expressar uma opinião’, focalizado

nesta pesquisa com especial destaque para a ‘Opinião Desfavorável’. Merece

ainda atenção o fato de que a meta da teoria dos atos de fala é, de acordo com

Crystal, analisar “o papel dos enunciados em relação ao comportamento do

falante e do ouvinte em uma comunicação interpessoal” (Crystal: 2000, p. 34).

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Desse modo, o ato de fala não deve ser visto de forma isolada, extraído de seu

contexto, conforme será visto mais adiante.

De acordo com Austin, a produção de um ato de fala envolve, de forma

simultânea, a produção de três atos, a saber: (1) ato locucionário, (2) ato

ilocucionário e (3) ato perlocucionário (Crystal, 2000; Saeed, 2000; Cook, 2001;

Corrêa, 2002; Costa, 2002; Santos, 2003; Yule, 2003; Kerbrat-Orecchioni, 2005)

(cf. Figura 3.3). O ato locucionário, também identificado como ato de enunciação

por Searle (1981, p. 35) ou ato de dizer por Crystal (2000, p. 143), diz respeito

ao ato de enunciar palavras por meio de um arranjo sintático, acrescido de

conteúdo semântico que lhe dá significado (Searle, 1981; Crystal, 2000; Corrêa,

2002). Quanto ao ato ilocucionário, pode-se dizer que ele é a realização do ato

em si, “o responsável por um fazer” (Corrêa, 2002, p. 42). Sua definição é

elaborada tendo em vista o propósito comunicativo que o falante busca atingir,

fazendo com que alguns atos ilocucionários sejam designados pelos verbos a

seguir: prometer, afirmar, dar uma ordem, pedir etc. O ato perlocucionário, por

sua vez, diz respeito aos efeitos que são produzidos no ouvinte em função da

emissão de um ato de fala. O ato de ordenar, por exemplo, ao ser emitido por

um falante F, leva o ouvinte O a realizar uma ação ou fazer algo.

Figura 3.3: Atos que integram o ato de fala

A produção do ato de fala envolve, além dos três atos descritos

anteriormente, um componente denominado força ilocucionária ou ilocutória

(Kerbrat-Orecchioni: 2005, p. 28). Sua incidência sobre um determinado

enunciado faz com que este possa ser considerado um ato particular. A

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relevância da força ilocucionária se faz mais explícita nos casos em que um

mesmo ato locucionário indica dois ou mais atos de fala. No caso de “Bonito.”,

por exemplo, como uma possível resposta à indagação “O que você acha do

meu novo celular?”, podemos estar diante de um elogio ou opinião favorável,

opinião desfavorável31 ou, ainda, de uma repreensão. A cada interpretação,

deparamo-nos com uma análise diferente (cf. Figura 3.4), corroborando a

inexistência de uma relação de 1:1 entre a estrutura lingüística e o valor

ilocutório de um ato de fala, tal como aponta Kerbrat-Orecchioni:

Não há uma relação biunívoca entre estrutura lingüística e valor ilocutório, uma vez que um mesmo ato de fala pode ser realizado de maneiras diferentes e que, de forma inversa, uma única estrutura lingüística pode expressar valores ilocutórios distintos. (Kerbrat-Orecchioni: 2005, p. 7)

A tal fenômeno relaciona-se a questão da diretividade / indiretividade do

ato de fala. Normalmente, associa-se aos três tipos básicos de sentença –

declarativa, interrogativa e imperativa – três tipos gerais de atos de fala ou

funções comunicativas – afirmação, pergunta e pedido. Fala-se, portanto, em ato

de fala direto quando há uma relação estreita entre estrutura e função (afirmação

– sentença declarativa, pergunta – sentença interrogativa, pedido – sentença

imperativa). Caso contrário, poder-se-ia estar diante de um ato de fala indireto

(p. ex.: pedido realizado por meio de sentença interrogativa ou declarativa) (Yule,

2003).

Em português, tal como ocorre em inglês ou francês, os atos de fala

realizados de forma indireta são normalmente considerados mais polidos do que

os atos diretos.

No que diz respeito ao ensino de português para falantes de outras

línguas, podemos considerar que a inexistência de um paralelo entre estrutura

lingüística e valor ilocutório envolve uma certa problemática, na medida em que

sua resolução ultrapassa o nível da competência lexical e gramatical, pois esta

competência isolada não contempla a variedade de interpretações sugerida.

A determinação da força ilocucionária no caso apresentado e em outros

semelhantes está vinculada a duas questões: (1) Illocutionary Force Indicating

Devices (IFIDs) e (2) condições de felicidade.

31 V. Discussão sobre “Falsa opinião positiva”, no capítulo 5 - Análise dos dados.

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Figura 3.4: Incidência da força ilocucionária sobre o ato de fala

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No caso das IFIDs, alguns autores consideram-nas como o meio mais

claro de indicar da força ilocucionária. Trata-se de explicitar o ato ilocucionário

realizado através da utilização de uma expressão que contenha o verbo que

nomeia o referido ato [o verbo performativo]. Como em grande parte das vezes o

verbo performativo não é mencionado de forma explícita, outros elementos

contam como IFIDs. Nesse caso, a força ilocucionária, em português, pode ser

marcada pelos seguintes processos: a ordem das palavras, o acento tônico, a

pontuação, o modo dos verbos e a entoação (Searle, 1981). Nesta pesquisa,

consideraremos esta última um fator de relevância para o estudo da expressão

da ‘Opinião Desfavorável’, pois a entoação, como se observou, é tida como um

“componente significativo na realização do ato de fala”, (Santos, 2003, p. 47) (cf.

Yule, 2003) já que nos permite dar significados diferentes a um mesmo

enunciado, como exemplificam também as figuras a seguir.

Figura 3.5: Gráfico de contorno do enunciado “Bonita”, expressando opinião positiva [boNIta]

Figura 3.6: Gráfico de contorno do enunciado “Bonita”, expressando opinião desfavorável [boni:ta]

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Figura 3.7: Gráfico de contorno do enunciado “Bonita, hein?!”, expressando opinião desfavorável e irônica [boni::ta, hein?]

Os três exemplos anteriormente citados foram produzidos por um falante

do português do Brasil, residente no estado do Rio de Janeiro, do sexo

masculino, como resposta à seguinte situação.

Seu amigo foi convidado para uma festa de casamento e precisa comprar uma camisa. Um dia, na hora do almoço, ele aproveita que está no shopping almoçando com você e lhe pede acompanhá-lo até uma loja. Na loja, ele pede à vendedora para experimentar uma camisa. Assim que ele termina de vesti-la, ele sai da cabine e lhe pergunta: O que você acha dessa camisa?

Variação 1: Você acha a camisa realmente bonita. O que você lhe diz?

Variação 2: Você não acha a camisa bonita. O que você lhe diz?

Dos três exemplos, o primeiro refere-se à variação 1 que exigia do falante

a emissão de uma opinião de valor positivo. Os exemplos 2 e 3, por sua vez,

referem-se à variação 2 que exigia a produção de uma opinião de valor negativo.

No entanto, podemos observar que todas as respostas são semelhantes na sua

forma, com destaque para o fato de que as opiniões de valor negativo [cf.

Figuras 3.6 e 3.7] não vêm acompanhadas de termos negativos. Nesse caso, o

que faz com que as três respostas sejam distintas? Conforme visto e de acordo

com o que mostram as ilustrações produzidas com o auxílio do programa

Speech Analyser, a entoação é o elemento que acarreta a alteração de

significado.

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No que diz respeito às condições de felicidade necessárias para a

determinação da força ilocucionária, pode-se considerar que elas se referem às

circunstâncias esperadas ou apropriadas para a realização de um certo ato de

fala. Espera-se que este seja bem sucedido na medida em que os critérios das

condições de felicidade forem satisfeitos. Essas condições se subdividem,

conforme descrito por Searle (1981) e retomado de forma mais sintética por Yule

(2003), em (1) condições gerais, (2) condições de conteúdo, (3) condições

preparatórias, (4) condições de sinceridade e (5) condições essenciais. Ambos

autores se utilizam do ato de fala “Prometer” para explicar as diferentes

condições. Desse modo, as condições gerais dizem respeito às condições

denominadas por Searle de input e output. Isso significa que os participantes

devem ter condições de produzir e compreender a língua que esteja sendo

empregada. Vale destacar que, no caso do ensino de PL2E, essa é uma

condição fundamental para uma realização e uma compreensão adequadas de

qualquer ato de fala – não só da opinião desfavorável. Além disso, esse tipo de

condição prevê que os participantes não devem desenvolver “formas parasitárias

da comunicação, por exemplo, contar anedotas ou desempenhar um papel no

teatro” (Searle: 1981, p. 77).

Com relação às condições de conteúdo, tanto Searle quanto Yule dizem

que, no caso da promessa, é necessário que o enunciado diga respeito a um

evento futuro. Além disso, esse evento futuro deverá ser necessariamente uma

atitude futura do falante. No caso da opinião desfavorável, o enunciado diz

respeito a algo localizado no passado ou no presente, pois é necessário já ter

sido exposto ou estar em exposição à ação ou ao objeto a respeito do qual

deverá versar a opinião. Como opinar a respeito de algo que não foi ou que não

esteja sendo experienciado ou vivenciado?

No que diz respeito às condições preparatórias, os dois autores citados

argumentam, com base, mais uma vez, no exemplo da promessa, que deve

existir um beneficiário, alguém que deseje a realização da promessa. Além

desse elemento, o evento não se realiza por si só, devendo haver quem, de fato,

pratique e queira concretizar a promessa. Segundo Searle (1981, p. 79), é

preciso que “o prometido [seja] algo que o ouvinte quer que seja feito”. No caso

da opinião desfavorável, sua elaboração não pode prescindir de um recipiente –

algo ou alguém que seja o foco da opinião.

As condições de sinceridade, como a própria denominação sugere,

indicam o que o falante realmente tenciona realizar com um determinado ato de

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Fundamentação teórica 84

fala. Já as condições essenciais, utilizando novamente o caso da promessa,

significam que se cria uma obrigação, por parte do falante, de levar adiante a

ação prometida.

No âmbito da teoria dos atos de fala, faz-se necessário também fazer

referência, ainda, ao conceito ‘evento de fala’ (speech event) que se refere às

circunstâncias que rodeiam a elocução, incluindo até mesmo outras elocuções.

Além disso, a natureza do evento de fala, em grande parte, determina a

interpretação de um ato de fala realizado por uma elocução. Segundo Yule,

Um evento de fala é uma atividade em que os participantes interagem por meio da linguagem de maneira convencional para chegar a determinado desfecho. Pode incluir um ato de fala principal óbvio, como, por exemplo, ‘Eu realmente não gosto disso’, em um evento de fala de ‘reclamação’, mas também irá abranger outros enunciados que levarão a esta ação central e reagirão a ela em seguida. Na maioria das vezes, um ‘pedido’ não é realizado por um único ato de fala enunciado repentinamente. (Yule: 2003, p. 57).32

No quadro da referida teoria, Austin, propõe igualmente uma taxionomia

composta de cinco categorias dentro das quais são classificados os atos

ilocucionários, assim denominadas: (1) atos veriditivos, (2) atos expositivos, (3)

atos exercitivos, (4) atos comportativos e (5) atos compromissivos. Searle

(1995), por sua vez, ao retomar e ampliar o trabalho de Austin, discute a

taxionomia citada e, com base nos critérios de propósito ilocucional, direção de

ajuste e condições de sinceridade, sugere nova taxionomia para classificação

dos atos ilocucionários, igualmente composta por cinco categorias, a saber: (1)

assertivos; (2) diretivos; (3) compromissivos; (4) expressivos e (5) declarações.

O propósito ilocucionário de cada uma das categorias pode ser resumido,

conforme proposta de Searle (op. cit.) da seguinte maneira:

Assertivos – comprometer o falante com a verdade da proposição expressa (São exemplos os atos de afirmar e concluir);

Diretivos – levar o ouvinte a fazer algo (ex.: Você pode me emprestar uma caneta?);

32 A speech event is an activity in which participants interact via language in some conventional way to arrive at some outcome. It may include an obvious central speech act, such as ‘I don’t really like this’, as in a speech event of ‘complaining’, but it will also include other utterances leading up to and subsequently reacting to that central action. In most cases, a ‘request’ is not made by means of a single speech act suddenly uttered. (Yule: 2003, p. 57)

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Compromissivos – comprometer o falante com alguma linha futura de ação (ex.: Prometo que farei todo o trabalho.);

Expressivos – expressar um estado psicológico, sentimentos (ex.: Sinto muito pelo ocorrido.);

Declarações – provocar uma nova situação no mundo exterior (ex.: Eu te batizo.).

O ato em foco nesta pesquisa parece estar inserido na categoria dos atos

expressivos, definida como aquela por meio da qual pode-se “... expressar

estados psicológicos que podem ser expressões de prazer, dor, preferências,

alegria ou tristeza. Estão relacionados à experiência do falante” (Yule: 2003, p.

53)33. Ao elaborar o ato de opinar desfavoravelmente, o falante verbaliza seu

sentimento com relação a algo ou alguém.

3.4.1.1 Ato de fala e contexto sócio-cultural

A realização de um ato de fala, tal como apontado anteriormente, engloba

tanto o uso da forma lingüística quanto a submissão às normas sociais vigentes

em um dado contexto (Lorenzo-Dus: 2001, p. 109). Desse modo, sugere-se que

o estudo a respeito da produção de atos de fala seja associado a uma análise do

contexto sócio-cultural em que eles ocorrem.

O conceito de cultura que perpassa esta pesquisa é aquele que a

considera como uma forma de comunicação (Hall, 1959), como um modo que

tem uma comunidade de organizar a vida, de pensar, de tecer considerações a

respeito de assuntos diversos, dizendo respeito a todos os aspectos relativos à

vida social (Hall, 1959; DaMatta, 1986; Santos, 1994). Desse modo, trata-se de

algo que é próprio ao indivíduo e não abstrato ou alheio. Tal conceituação

afasta-se, portanto, de visões de cultura que a vêem como um possível sinônimo

para sofisticação, sabedoria, status, educação, estudo ou formação escolar

(DaMatta, 1986; Santos, 1994). Partindo da denominação de cultura objetiva e

cultura subjetiva, o presente trabalho, pelo que já foi dito, orienta-se para esta

última. Esses dois conceitos são retomados e sintetizados em artigo de autoria

de Meyer, Albuquerque e Alencar (2003):

33 “Express psychological states and can be statements of pleasure, pain, likes, dislikes, joy or sorrow. They are about the speaker’s experience” (Yule: 2003, p. 53).

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Cultura objetiva é aquela que se vê, se ouve, se toca; é aquilo que existe, que alguém faz/fez, acontece/u, que pode ser nomeado. São portanto os produtos concretos de um grupo social: a literatura, a música, a arquitetura, a culinária, o folclore, a Historia, a estrutura política, etc. Importante, sem dúvida, mas não mais do que a cultura subjetiva. Cultura subjetiva é aquela que se sente, se percebe, se vive; é como se faz, por que se faz, para que se faz. São os princípios sociais e pessoais que regem uma sociedade, os seus valores morais, comportamentais, interacionais: é aquilo que não se vê, mas que condiciona todos os nossos atos (Meyer, Albuquerque e Alencar, 2003, p.51)

Tendo em vista a importância que tem a cultura subjetiva para o processo

comunicativo e também o fato de que “diferentes culturas variam com relação

aos seus estilos interacionais e apresentam diferentes preferências e modos de

realização dos atos de fala” (Santos, 2003, p. 44), diversos estudos que têm por

objetivo investigar a produção de atos de fala em distintos contextos sócio-

culturais vêm sendo publicados, tais como: Nelson et al. (2002a) e Nelson et al.

(2002b) que tratam da elaboração de recusas nos contextos egípcio e

americano; Al-Issa (2003) que aborda o mesmo ato de fala, mas elaborado por

jordanianos que aprendem inglês como língua estrangeira; além de Almeida

(2004) que discorre sobre a elaboração dos elogios em português do Brasil,

Tatsuki (2000) que enfoca a elaboração das queixas em japonês e inglês,

Trosborg (1995) que trata dos pedidos, queixas e desculpas elaborados por

nativos e não nativos de língua inglesa e Wierzbicka (1991) que faz cruzamentos

entre, por exemplo, japonês X inglês, grego X inglês.

Com relação a esta pesquisa, o ato de fala ‘expressar uma opinião’ será

enfocado tendo em vista sua inserção em um contexto brasileiro, em especial

quando produzido por falantes que residam no estado do Rio de Janeiro. Desse

modo, faz-se mister compreender o referido contexto. Para tanto, empregaremos

algumas categorias sociológicas, sendo estas definidas por DaMatta (1997) nos

seguintes termos:

Uso categoria sociológica como um conceito que pretende dar conta daquilo que uma sociedade pensa e assim institui como seu código de valores e idéias: sua cosmologia e seu sistema classificatório; e também para traduzir aquilo que a sociedade vive e faz concretamente – o seu sistema de ação que é referido e embebido nos seus valores. (DaMatta, 1997, p. 15)34

Primeiramente, faremos referência às categorias ‘Casa’ e ‘Rua’,

desenvolvidas pelo antropólogo DaMatta (1997 [1979]; 1997; 1999 [1984]) em

34 Grifos no original.

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diferentes obras, com o objetivo de retratar e compreender a sociedade

brasileira, demonstrando preocupação em definir com clareza o que é o Brasil

como nação e o brasileiro como povo. Tal definição é construída a partir de uma

análise de fatos do cotidiano, de situações sociais com existência concreta e das

instituições consideradas informais pela sociedade brasileira. Apesar de se

referirem literalmente a entidades concretas, a espaços realizados material e

geograficamente, os conceitos apresentados, em uma perspectiva antropológica,

designam algo mais complexo:

(...) entidades morais, esferas de ação social, províncias éticas dotadas de positivismo, domínios culturais institucionalizados e, por causa disso, capazes de despertar emoções, reações, leis, orações, músicas e imagens esteticamente emolduradas e inspiradas. (DaMatta, 1997, p. 15)

Dessa forma, ‘Casa’ e ‘Rua’ constituem-se em “modos de ler, explicar e

falar do mundo” (DaMatta, 1999 [1984], p. 29) ou ainda em “espaços de onde se

pode julgar, classificar, medir, avaliar e decidir sobre ações, pessoas, relações e

moralidade” (Idem, p. 33).

Apesar de haver uma dicotomia entre o ‘mundo da casa’ e o ‘mundo da

rua’, conforme será visto mais adiante, os dois são complementares. Como

integrantes da sociedade brasileira, circulamos com esperada desenvoltura

nesses dois universos nem sempre compreendidos em sua totalidade por

aqueles que não compartilham do mesmo modus vivendi que têm os brasileiros

(Meyer, 2000). A esse respeito, Meyer faz a seguinte afirmação:

(...) é muito mais fácil levar um falante de inglês a usar corretamente as estruturas morfo-sintáticas do português do que perceber com clareza determinadas sutilezas do comportamento social lingüístico do brasileiro. (Meyer, 2000, p.1)

Se por um lado a ‘Casa’ é um espaço normalmente associado à

segurança, ao aconchego, à calma, ao porto seguro de qualquer indivíduo; a

‘Rua’, por outro lado, remete-nos às imagens de insegurança, perigo, abandono,

pulsão. O ‘mundo da casa’ é, portanto, definido por DaMatta nos termos que

seguem.

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Fundamentação teórica 88

Como espaço moral importante e diferenciado, a casa se exprime numa rede complexa e fascinante de símbolos que são parte da cosmologia brasileira, isto é, de sua ordem mais profunda e perene. Assim, a casa demarca um espaço definitivamente amoroso onde a harmonia deve reinar sobre a confusão, a competição e a desordem. (DaMatta, 1999 [1984], p. 27)

Se a casa distingue esse espaço de calma, repouso, recuperação e hospitalidade, enfim, de tudo aquilo que define a nossa idéia de “amor”, “carinho” e “calor humano”, a rua é um espaço definido precisamente ao inverso. (DaMatta, 1997, p. 57)

(...) casa remete a um universo controlado, onde as coisas estão nos seus devidos lugares (...) a casa subentende harmonia e calma: local de calor (...) e afeto. (...) em casa se descansa. (...) Na casa, temos associações regidas e formadas pelo parentesco e relações de sangue. (...) Assim, em casa, as relações são regidas naturalmente35 pelas hierarquias de sexo e das idades (DaMatta, 1997 [1979], p. 90-91)

Já o ‘mundo da rua’, em oposição, é revelado pelo mesmo estudioso

como:

Mundo exterior que se mede pela “luta”, pela competição e pelo anonimato cruel de individualidades e individualismos. (DaMatta, 1999 [1984], p. 28)

Já sabemos que ela [a rua] é local de “movimento”. Como um rio a rua se move sempre num fluxo de pessoas indiferenciadas e desconhecidas que nós chamamos de “povo” e de “massa”. (...) Na rua não há, teoricamente, nem amor, nem consideração, nem respeito, nem amizade (...) estamos no reino do engano, da confusão e do logro. (DaMatta, 1999 [1984], pp. 29-30)

A categoria rua indica basicamente o mundo, com seus imprevistos, acidentes e paixões (...) a rua implica movimento, novidade, ação (...) na rua se trabalha (...) na rua, as relações têm um caráter indelével de escolha, ou implicam essa possibilidade. (...) na rua é preciso muitas vezes algum esforço para se localizar e descobrir essas hierarquias, fundadas que estão em outros eixos (...) na rua é preciso estar atento para não violar hierarquias não sabidas ou não percebidas. (DaMatta, 1997 [1979], p. 90-91)

Carvalho e Martins (1998), apesar de não fazerem menção explícita aos

conceitos ‘Casa’ e ‘Rua’, admitem igualmente tal distinção e consideram que

apresentamos comportamentos distintos em função do contexto em que nos

encontramos.

Por conta de suas características peculiares, compreende-se, em uma

certa medida, a impossibilidade de esses espaços se misturarem por completo.

No entanto, gradações são possíveis, conforme as descritas por DaMatta.

35 Grifo no original.

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89

A rua pode ser vista e manipulada como se fosse um prolongamento ou parte da casa, ao passo que zonas de uma casa podem ser percebidas, em certas situações como parte da rua. (DaMatta, 1997 [1979], p. 96)36

Nesse sentido, Porto (2006) analisa como são construídos os espaços

limítrofes – aqueles que não se situam nem na ‘Casa’, nem na ‘Rua’. O autor

busca verificar as ocasiões em que “o brasileiro (...) transfere as relações de

familiaridade e afetividade para espaços que são caracterizados por relações de

impessoalidade e de distanciamento” (Porto, 2006, p. 24)

A Figura 3.8, apresentada mais adiante, é uma tentativa de reproduzir

graficamente os prolongamentos possíveis entre “Casa” e “Rua”.

Figura 3.8: ‘Casa”, ‘Rua’ e Espaços Limítrofes

Do ponto de vista da língua, esses espaços também têm sua relevância na

medida em que eles influenciam as escolhas que fazemos no momento de

elaboração do nosso discurso. Retomando, mais uma vez, as palavras de

DaMatta:

Embora existam muitos brasileiros que falam uma mesma coisa em todos os espaços sociais, o normal – o esperado e o legitimado – é que casa, rua e outro mundo demarquem fortemente mudanças de atitudes, gestos, roupas, assuntos,

36 Grifos no original.

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Fundamentação teórica 90

papéis sociais e quadro de avaliação da existência em todos os membros de nossa sociedade. O comportamento esperado não é uma conduta única nos três espaços, mas diferenciado de acordo com o ponto de vista de cada uma dessas esferas de significação. Nessa perspectiva, as diferenciações que se podem encontrar são complementares, jamais exclusivas ou paralelas. (DaMatta, 1997, p. 48)

Tratando de modo especial a emissão da opinião desfavorável no contexto

brasileiro, podemos nos perguntar acerca dos pontos de interseção entre sua

elaboração e os conceitos descritos. Se o ‘mundo da casa’, conforme descrito,

significa resumidamente hospitalidade e harmonia, espera-se que haja, nesse

contexto, (1) maior cuidado com a elaboração do ato de opinar

desfavoravelmente para não desestabilizar a ordem ou (2) mais compreensão no

caso de uma opinião desfavorável direta. O mesmo vale para o ‘mundo da rua’.

Por ser este um espaço caracterizado pela ausência de amor, consideração ou

respeito, estariam os participantes de uma interação preocupados em buscar

estratégias que minimizassem os efeitos ameaçadores do referido ato? As

questões levantadas serão retomadas mais adiante, no capítulo reservado para

a análise dos dados.

Além dos conceitos apresentados, para um entendimento mais

pormenorizado do contexto sócio-cultural, Santos (op. cit., p. 45) aponta que “o

estudo dos atos de fala deve considerar (...) os padrões sociais (...) que regulam

o comportamento lingüístico dos falantes, como, por exemplo, os graus de

distância social e de poder entre os participantes do ato comunicativo e sua

interação com outros fatores situacionais”, categorias que serão adotadas nesta

pesquisa.

Por distância social, entendemos, de acordo com Marques Reiter (2000),

que se trata do grau de familiaridade existente entre os participantes. Desse

modo, amigos ou familiares próximos representam relacionamentos familiares,

onde há menor distância social. Nesse caso, prevalece a “relação pessoal”. Por

outro lado, estranhos ou colegas de trabalho recentes representam maior

distância social, vigorando as “relações sociais”. É preciso, ainda, considerar o

caso de vizinhos, ocasião em que os limites entre a relação social e pessoal se

tornam relativamente tênues, revelando, muitas vezes, uma relação onde se

mesclam os dois aspectos. Os dados, portanto, foram analisados levando-se em

consideração tais aspectos.

Quanto à variável poder, ela ocorre quando uma pessoa, por conta de

convenções estabelecidas socialmente, tem controle sobre a outra.

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91

Neste trabalho, em síntese, consideraremos ‘expressar uma opinião’ como

um ato de fala, regulado por aspectos sócio-culturais e padrões sociais. Além

disso, a compreensão de que a entoação tem um papel de fundamental

importância para a elocução e compreensão de tal ato de fala é peça chave

nesta pesquisa.

3.4.2 Teoria da polidez

A Figura 3.9, publicada no jornal ‘O Globo’ em 29 de março de 1992, para

ilustrar uma reportagem intitulada A mentira tem pernas compridas, exemplifica o

tópico que está sendo discutido neste trabalho e nos revela o momento em que

uma opinião é proferida. O rapaz, certamente após a indagação de sua amiga /

colega a respeito de como estaria o seu cabelo, profere a seguinte resposta “-

Seu cabelo está lindo.”. Como o cabelo da personagem não parece seguir os

padrões atuais para corte de cabelo, podemos nos perguntar se o rapaz

realmente achou o cabelo de sua interlocutora lindo ou se está usando uma

estratégia de polidez (Brown & Levinson, 2000 [1987]).

Figura 3.9: Realização do ato de opinar

O conceito de polidez foi exposto por Brown e Levinson em obra intitulada

Politeness: some universals in language usage, publicada primeiramente em

1978, e diz respeito à manutenção, por parte dos participantes de uma troca

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Fundamentação teórica 92

comunicativa, do equilíbrio social e das relações cordiais. Trata-se de buscar

preservar a harmonia de uma relação interpessoal (Silva, 1999; Kerbrat-

Orecchioni, 2006).

A polidez tem sua origem nas relações sociais, as quais, por sua vez,

refletem a cultura de um determinado povo (Becher, 1980; Gripp, 2005). Por

conta desse caráter, a polidez se apresenta como um elemento de fundamental

importância para a interação de um grupo social. Além disso, ela é definida como

uma ação compensadora que serve para contrabalançar o efeito perturbador que

causam os atos de ameaça à face. Esses atos podem ser ordens, pedidos,

oferecimentos, elogios, críticas e também a opinião desfavorável, por exemplo.

A fim de que seja possível empregar de modo adequado as estratégias de

polidez que minimizem os efeitos dos atos listado acima, é necessário

determinar o risco de cada um deles. Para tanto, Brown e Levinson (2000 [1987])

desenvolveram uma fórmula composta de três fatores relacionados à natureza

social:

1. distância social [ou relação horizontal] entre os interlocutores [inclui o

grau de familiaridade e contato].

2. poder relativo [ou relação vertical] do ouvinte sobre o falante.

3. grau de posição de um ato sobre a imagem do falante e do ouvinte.

Segundo Kerbrat-Orecchioni (2006), na medida em que os fatores citados

aumentam, o grau de polidez deve se elevar. É preciso observar, tal como

Beltzer (1996, apud Silva, 1999, p. 118) que a polidez “só deve ser considerada

em relação a um contexto particular, de acordo com as expectativas de um

interlocutor particular e com sua interpretação concomitante”.

Tendo o exposto acima em vista, a noção de face, desenvolvida por

Goffman (1967), é peça de fundamental importância para a construção do

modelo de Brown e Levinson e diz respeito a “public self-image that every

member wants to claim for himself” ou, nas palavras de Macedo, “imagem

pública que qualquer indivíduo quer preservar em uma interação”. Brown e

Levinson, a partir do conceito de Goffman, propõem as noções de face negativa

e face positiva. A primeira delas refere-se ao direito e desejo de cada um de não

ser impedido na realização de suas ações. Quanto à face positiva, trata-se do

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desejo de todo falante de ser apreciado e aprovado pelos outros. Brown e

Levinson argumentam que na comunicação humana – na escrita ou na fala – as

pessoas tendem a salvar continuamente sua face e a do outro.

Galembeck (1999), ao discutir os mecanismos de preservação da face em

fragmentos opinativos, aponta para o seguinte fato:

Nos diálogos e demais formas de interação face-a-face, o falante acha-se em posição vulnerável, já que expõe publicamente a sua auto-imagem (face). Dessa forma, ele corre o risco de exibir o que deseja ver resguardado e deixar de colocar em evidência o que tem a intenção de mostrar. Por esse motivo, o falante adota procedimentos que lhe permitem controlar a construção dessa auto-imagem (Galembeck, 1999, p. 173).

Nos casos de manifestação de opinião, como o exemplificado na Figura

3.9, o falante se expõe de maneira mais direta e isso evidencia a necessidade da

preservação da face.

Koike (1992), Meyer (2000), Prado (2001) e Albuquerque (2003) – em

estudos que tratam respectivamente da questão da polidez no português do

Brasil, da polidez na interface inglês e português, da elaboração da recusa a

convites e dos atos de negar – observam que a elaboração da negação é, de

modo geral, um ato difícil de ser realizado por brasileiros, exigindo, portanto,

estratégias várias que lhes permitam evitá-la. No Capítulo 5, veremos de que

modo isso se aplica aos casos de opinião desfavorável.

Na comunicação diária, adaptamo-nos a diferentes contextos situacionais.

Isso significa que temos, entre amigos, certa liberdade para fazermos e dizermos

certas coisas que não teríamos coragem de fazer diante de estranhos ou de

pessoas menos conhecidas. Da mesma forma, evitamos excesso de formalidade

com amigos. Na verdade, evitamos deixar o ouvinte em situação embaraçosa ou

desconfortável.

A esse respeito, Becher (1980), em estudo sobre a polidez afirma o

seguinte:

Sabemos intuitivamente que, dependendo do relacionamento existente entre os falantes, a exigência social do uso de expressões de polidez será maior ou menor. Por “exigência social” entendemos fatores como: nível de intimidade entre os falantes, classe social a que pertencem (principalmente se houver diferença entre as classes sociais) e natureza da solicitação (ou resposta). (Becher, 1980, p. 15)

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Fundamentação teórica 94

Leão (1992), ao tratar do modo como nós – brasileiros – devemos abordar

os assuntos que surgem por ocasião de uma conversa, sugere que tenhamos

“cuidado com o excesso de sinceridade” (op. Cit., p. 22), a fim de evitarmos

possíveis conflitos. No caso apresentado na Figura 3.9, o rapaz, ao evitar dizer

que o cabelo de sua interlocutora estaria feio ou esquisito, deixa de ser sincero,

mas, com essa atitude, preserva a sua face e a de sua amiga, além de garantir a

harmonia na interação. Apesar de não tratar a questão com maior rigor ou

profundidade, a percepção do real de Leão (1992) deixa transparecer aquele que

parece ser um traço revelador de nossa cultura: a opção por não dizermos a

verdade ou não sermos sinceros em todas as situações. De modo mais

científico, DaMatta (1997), ao discutir o rito do “sabe com quem está falando?”,

admite que “somos avessos às crises” (p. 184). Segundo esse autor,

(...) sabemos que o conflito aberto e marcado pela representatividade de opiniões é, sem dúvida alguma, um traço revelador de um igualitarismo individualista que, entre nós, quase sempre se choca de modo violento com o esqueleto hierarquizante de nossa sociedade. (DaMatta, 1997, p. 184)

Os atos de ameaça à face, tal como emitir uma opinião desfavorável, são

atos que infringem a necessidade que tem o ouvinte de manter a sua auto-

estima. As estratégias de polidez foram desenvolvidas com o propósito de

minimizar esses atos

Brown e Levinson (2000 [1987]) resumiram o comportamento humano da

polidez em quatro estratégias, a saber: bald on record, polidez positiva, polidez

negativa e off-record-indirect.

• bald-on-record – emprego de comentários diretos; nada é feito para

minimizar as ameaças à face do interlocutor.

• polidez positiva – demonstra reconhecimento, por parte do falante,

de que seu interlocutor tem o desejo de ser respeitado. Evidencia

que o relacionamento entre falante e ouvinte é amigável e expressa

reciprocidade (group reciprocity).

• polidez negativa – reconhece a face do ouvinte, mas também

reconhece que o falante está de algum modo impondo algo.

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• off-record indirect – diz respeito àquelas declarações consideradas

como reais e indiretas relativas ao desejo / vontade.

Diante do exposto, podemos concluir que a emissão da opinião ultrapassa

o limite do puramente lingüístico. O falante precisa não somente saber como

estruturar seu enunciado, mas, como participante de uma dada cultura,

interpretar adequadamente os dados contextuais a fim de ter a noção das

implicações sociais no momento em que tiver de dar o seu parecer, a sua

opinião a respeito de qualquer assunto. Por conta disso, podemos considerar

que estamos diante de uma questão lingüístico-cultural que merece destaque. O

seu estudo exige a adoção de uma perspectiva de língua que possa abarcar a

complexidade apontada. Desse modo, seu estudo será empreendido levando-se

em consideração uma perspectiva funcional da língua, conforme visto.

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4 Metodologia

É preciso lembrar que a distinção entre ciência e outros saberes está no método, sobretudo. Enquanto estes são taxados de senso comum, postura acrítica, credulidade etc., por vezes sem razão, ciência é assumida como conhecimento metódico, testado, e se possível verdadeiro. Assim, é a metodologia que coloca mais propriamente a pretensão científica e seu domínio define na prática quem é ou não cientista. (Demo, 1999, pp. 24-25).

Neste capítulo objetiva-se (1) discorrer a respeito do perfil dos

participantes; (2) apresentar os princípios adotados para a coleta e organização

dos dados; (3) tratar dos recursos tecnológicos empregados na pesquisa e (4)

apresentar os procedimentos empregados na análise dos dados.

4.1 Perfil dos participantes

Nesta pesquisa, contamos com a participação de 90 (noventa) falantes

nativos de português do Brasil, naturais do Rio de Janeiro, sendo 45 homens e

45 mulheres, levando-se também em consideração, para a seleção dos

participantes, dados a respeito do nível sócio-econômico e da faixa etária,

conforme se vê nos Quadros 4.1 e 4.2, apresentados a seguir.

Quadro 4.1: Perfil dos participantes (I)

Sexo Nível sócio-econômico

Faixa etária

No. de participantes

17-25 05 A 26-49 05 Mais de 50 05 Masculino 17-25 05 B 26-49 05 Mais de 50 05 17-25 05 C 26-49 05 Mais de 50 05

Quadro 4.2: Perfil dos participantes (II)

Sexo Nível sócio-econômico Faixa etária

No. de participantes

17-25 05 A 26-49 05 Mais de 50 05 Feminino 17-25 05 B 26-49 05 Mais de 50 05 17-25 05 C 26-49 05 Mais de 50 05

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97

A identificação do nível sócio-econômico foi realizada a partir de

informação dada pelo participante a respeito do valor de seu rendimento mensal

familiar34.

Como se pôde observar, a coleta de dados foi feita com homens e

mulheres de variados níveis sócio-econômicos e faixas etárias, com o intuito de

estabelecer, com base nessas informações, similaridades e/ou diferenças entre

as formas empregadas na elaboração da opinião desfavorável.

Para a primeira fase da pesquisa, momento em que foi aplicada a versão

preliminar do Discourse Completion Test35, contamos com a participação de 07

(sete) falantes do português do Brasil, naturais do Rio de Janeiro, com os

seguintes perfis:

Quadro 4.3: Perfis selecionados para a primeira fase da pesquisa

Sexo Nível sócio-econômico Faixa etária No. de participantes A 17-25 01 Masculino B 26-49 02 C 26-49 01

Sexo Nível sócio-econômico Faixa etária No. de participantes

A 17-25 01 Feminino C 26-49 01 Mais de 50 01

As coletas referentes às duas fases da pesquisa foram realizadas, em sua

maioria, nas dependências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e

contaram com a participação de estudantes de graduação e de pós-graduação

de diferentes unidades, alunos matriculados no curso de extensão CLAC [Cursos

de Línguas Abertos à Comunidade], além de funcionários. Parte da coleta foi

também realizada com alunos e funcionários da Pontifícia Universidade Católica

do Rio de Janeiro (PUC-Rio), com funcionários da Procuradoria do Estado do

Rio de Janeiro e com integrantes de uma igreja batista localizada no centro do

Rio de Janeiro. As coletas foram realizadas entre março/2005 e agosto/2006.

34 Para mais detalhes a respeito da definição de nível sócio-econômico e faixa etária, veja 4.2.1, neste capítulo. 35 Para mais detalhes a respeito da formulação do Discourse Completion Test empregado nesta pesquisa, veja 4.2.2, neste capítulo.

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Metodologia 98

4.2 Coleta e organização dos dados

No âmbito da pragmática e, mais especificamente, no da pragmática

intercultural (cross-cultural pragmatics) há diversos estudos, cujas metas são

investigar e descrever as estratégias lingüísticas empregadas pelos falantes no

momento em que elaboram, seja em língua materna ou em língua estrangeira,

diferentes atos de fala, tais como: pedidos (Blum-Kulka, 1987; Blum-Kulka et al.,

1989; Rose, 1992; Marquez Reiter, 2000; Vidal, 2000; Aoyama, 2002), desculpas

(Trosborg, 1987; Marquez Reiter, 2000), queixas (Tatsuki, 2000), recusa (Nelson

et al., 2002a; Nelson et al., 2002b; Al-Issa, 2003) ou resposta a elogios (Lorenzo-

Dus, 2001; Díaz, 2003).

Em um número considerável dessas pesquisas, os autores discorrem a

respeito da dificuldade encontrada durante a realização da coleta de dados.

Manes e Wolfson (1981), bem como Billmyer e Varghese (2000) e Lorenzo-Dus

(2001) comentam que o ideal, no caso da investigação sobre atos de fala, seria

capturar a produção espontânea do ato de fala em foco. Por outro lado, os

mesmos autores admitem que, em certas ocasiões, o emprego de tal método de

coleta se mostra difícil, tendo em vista que o pesquisador pode precisar

empreender a coleta de grandes quantidades de dados para que seja possível

capturar o fenômeno desejado. Além disso, Macedo (2003) atesta que a

obtenção de dados de produção espontânea não é tarefa fácil em face daquilo

que a autora denomina “paradoxo do observador”. De acordo com esse

paradoxo, o lingüista, ao mesmo tempo em que busca “descrever a linguagem

em seu contexto natural de uso” (Macedo, 2003, p. 60), interfere com a sua

presença, com as anotações que faz, com os equipamentos para gravação em

áudio e/ou vídeo etc. Desse modo, podemos nos perguntar em que medida o

participante da pesquisa apresenta um comportamento lingüístico natural ou até

que ponto os dados porventura obtidos refletem uma produção realmente

espontânea. Acrescente-se a isso o fato de que Aoyama (2002), em estudo

sobre as estratégias de pedidos elaboradas em um local de trabalho japonês,

apesar de ter trabalhado com elocuções ocorridas naturalmente (naturally

occurring utterances), concluiu que seus dados, coletados em uma cafeteria no

Japão, corroboravam dados anteriormente obtidos por Blum-Kulka (1989) com o

emprego de Discourse Completion Test (DCT), metodologia a respeito da qual

discorreremos a seguir.

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O Discourse Completion Test (DCT) é um instrumento de coleta de dados

empregado amplamente, ao lado do Open Role Play e do Close Role Play

(Marquez Reiter, 2000), em estudos que objetivam investigar a produção de atos

de fala, com resultados já comprovados. Adaptado em 1982 por Blum-Kulka, o

DCT se constitui em um questionário por meio do qual apresenta-se ao

participante da pesquisa um conjunto de situações após as quais ele deverá

esboçar alguma reação, respondendo por escrito (Billmyer & Varghese, 2000). O

fato de as respostas serem escritas tem suscitado, por parte de alguns

estudiosos, críticas, sob a alegação de que dados de fala estariam sendo

coletados por meio da modalidade escrita. Por entendermos que a modalidade

escrita dá ao usuário a possibilidade de maior elaboração de sua resposta e,

portanto, um possível afastamento daquilo que seria de fato dito, adotamos a

proposta de Nelson et al. (2002a, 2002b). Os autores sugerem que os dados

sejam primeiramente coletados por meio de gravação em áudio e,

posteriormente, transcritos.

Das situações elaboradas fazem parte informações contextuais e sociais,

aspectos de fundamental importância para que um falante proceda à escolha

das formas lingüísticas que serão empregadas na realização do ato de fala

(Halliday, 1989; Almeida, 2002). Dessa maneira, as situações foram elaboradas

de modo a deixar claros aspectos relacionados à descrição do cenário (setting)

onde se desenvolve a cena, dos participantes envolvidos, das características

sociais pertinentes, além do propósito do falante. Essa metodologia para coleta

de dados vem sendo empregada com sucesso pelos pesquisadores do Cross

Cultural Speech Act Realization Project (CCSARP) que, segundo Rose (1992),

representa o que há de mais desenvolvido em termos de pesquisa a respeito de

atos de fala.

O DCT tem sido apontado como um instrumento que nos dá a

possibilidade de obter uma grande quantidade de dados em um curto espaço de

tempo e em contextos em que a observação pode ser difícil (Lorenzo-Dus 2001;

Rose, 1992; Márquez Reiter, 2000). Além disso, Billmyer e Varghese (2000)

consideram-no de fácil manuseio tanto por parte do pesquisador quanto por

parte do participante. Ademais, as situações fornecem um contexto controlado

para a realização dos atos de fala e sua coleta.

Pelos motivos apresentados anteriormente e por julgarmos que a aplicação

do DCT forneceria os dados necessários à análise da emissão da opinião em

situações em que o falante já sabe antecipadamente que ela é desfavorável,

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Metodologia 100

optamos pela escolha dessa metodologia para coletar os dados desta pesquisa.

Os participantes deste estudo foram submetidos, juntamente com o DCT, a uma

Ficha de Identificação.

A seguir, discorreremos mais detalhadamente a respeito de como a Ficha

de Identificação e o DCT foram elaborados.

4.2.1 Ficha de Identificação

A fim de obter informações a respeito do participante, elaboramos uma

Ficha de Identificação, aplicada antes do DCT. Essa ficha, cujo modelo encontra-

se no Apêndice 1, foi dividida em três partes, a serem apresentadas a seguir.

Na primeira delas, denominada ‘Dados Pessoais’ (cf. Figura 4.1),

buscamos identificar o participante por meio da coleta das seguintes

informações: nome, faixa etária, país de origem, estado de residência, sexo e

profissão. Apesar de o país em questão ser o Brasil e de os dados desta

pesquisa terem sido todos coletados no estado do Rio de Janeiro, decidimos

acrescentar essas informações, tendo em vista que os dados obtidos por

ocasião deste estudo poderão ser empregados para a realização futura de

estudos comparativos com outros idiomas, a exemplo do que é feito no

CCSARP. Desse modo, garantiu-se, de antemão, que o corpus estivesse

totalmente identificado. Com relação ao nome dos participantes, vale destacar

que o anonimato de todas as pessoas que colaboraram com o desenvolvimento

desta pesquisa foi mantido. No que diz respeito à faixa etária, optamos por uma

divisão em três faixas, a saber (1) 17 - 25 anos; (2) 26 – 49 anos e (3) mais de

50 anos. A primeira faixa corresponde à idade em que as pessoas, geralmente,

terminam o ensino médio e ingressam na Universidade ou no mercado de

trabalho. A faixa etária de 26 a 49 anos representa a força da idade em pleno

trabalho. Já a terceira faixa – mais de 50 anos – diz respeito àquela faixa em que

algumas pessoas dão início seu processo de retirada do mercado de trabalho.

Menores de 17 anos não foram considerados para fins desta pesquisa, pois

parte-se do pressuposto de que o ensino de uma língua estrangeira para

pessoas dessa faixa etária tem especificidades não consideradas nesta

pesquisa, mais direcionada para aqueles que atuam com o ensino de PL2E para

adultos.

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101

Figura 4.1: Ficha de Identificação – Dados Pessoais

I – Dados pessoais

Nome

Faixa etária (1) 17 – 25 anos

(2) 26 – 49 anos

(3) mais de 50 anos

País de origem BRASIL Estado Rio de Janeiro

Sexo Masculino ( ) Feminino ( )

Profissão

Na segunda parte – ‘Dados para contato’ (Figura 4.2) – buscamos obter o

e-mail e/ou o telefone do participante. Com esses dados, a possibilidade de um

novo contato, caso necessário, estaria garantida.

Figura 4.2: Ficha de Identificação – Dados para Contato

]

II – Dados para contato

e-mail

Tel.

A terceira e última parte, denominada ‘Informações adicionais’, é composta

de dois itens, a saber: grau de instrução e rendimento mensal familiar, ambos

subdivididos em três subitens, como se vê na Figura 4.3, apresentada mais

adiante. Por rendimento mensal familiar entende-se, conforme definição do

IBGE, a “soma dos rendimentos mensais dos componentes da família”.36

Em cada Ficha de Identificação, destinou-se um espaço para o número de

registro, de 010 a 099, sendo cada número representativo de um participante da

pesquisa, de modo que o primeiro participante foi identificado como 010.

Conforme dito anteriormente, os sete primeiros informantes foram contabilizados

na primeira fase da pesquisa, sendo numerados de 001 a 007.

Essa medida permitiu-nos armazenar o material de modo ordenado e

garantiu um fácil cruzamento entre a Ficha de Identificação de cada participante

e seus dados.

36 [http://www.ibge.gov.br/ consultado em 27 de fevereiro de 2005]

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Metodologia 102

Figura 4.3: Ficha de Identificação – Informações Adicionais

III – Informações adicionais

Grau de instrução37 (a) Superior

(b) Médio

(c) Fundamental

Rendimento mensal familiar

(A) Acima de 12 salários mínimos38

(B) De 4 a 12 salários mínimos

(C) Até 4 salários mínimos

A preocupação com a organização do corpus e a experiência positiva

obtida com o armazenamento dos dados da pesquisa de mestrado realizada

anteriormente (Almeida, 2002) levou-nos a elaborar, com base nas informações

colhidas na Ficha de Identificação, um código identificador alfanumérico.

Compõem esse código as seguintes informações:

• Número de registro – de 001 a 007 [dados da primeira fase] e de 010 a

099 [dados da segunda fase] – indica a posição de um conjunto de dados

dentro do corpus.

• Faixa etária – 1 [17-25 anos], 2 [26 – 49 anos] ou 3 [mais de 50 anos]

• Sexo – M ou F

• Instrução – a [Superior], b [Médio] ou c [Fundamental]

• Nível sócio-econômico – A [rendimento mensal familiar acima de 12

salários mínimos], B [rendimento mensal familiar de 4 a 12 salários

mínimos] ou C [rendimento mensal familiar até 4 salários mínimos].

• Número da situação – de 01 a 12 [primeira fase] e de 01 a 18 [segunda

fase] – indica a situação do DCT.

Desse modo, o código apresentado a seguir (Exemplo 1) nos fornece a

indicação de que temos aí dados do conjunto 010 - parte integrante do corpus -

de um participante que tem idade entre 26 e 49 anos, do sexo masculino, com

nível superior, de nível sócio-econômico B, ou seja, com rendimento mensal

37 Essa informação era complementada pelo entrevistador com a indicação completo / incompleto. 38 Valor do salário mínimo em 2 de março de 2005: R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais) [Fonte: Jornal O Globo, 2 de março de 2005, p. 32]. Em 1º. de janeiro de 2006, passou, no estado do Rio de Janeiro, a R$ 369,45.

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103

familiar oscilando entre 4 e 12 salários mínimos. Temos, ainda, a informação de

que a situação do DCT exemplificada é a de número 04, de um conjunto de 1839.

Exemplo 1:

iden

tific

ação

do

info

rman

te d

e 01

0 a

099

Faix

a et

ária

Sexo

Esco

larid

ade

Nív

el s

ócio

-eco

nôm

ico

Situ

ação

do

DC

T

010 2 M a B 04

Cada um dos exemplos apresentados nesta pesquisa será acompanhado

de seu código identificador, a fim de facilitar a recuperação de informações sobre

o participante envolvido e a situação a que o exemplo se refere. No Apêndice 3 é

apresentado um detalhamento do perfil de todos os participantes envolvidos

nesta pesquisa.

4.2.2 Discourse Completion Test

Nesta pesquisa, de acordo com o que foi visto anteriormente, voltamos

nossa atenção para o ato de fala opinar ou emitir opinião a respeito de algo ou

alguém. Buscou-se investigar, em especial, o modo como os falantes elaboram,

em português do Brasil, sua opinião em um contexto em que já sabem

antecipadamente que a opinião pessoal é desfavorável ou negativa. A fim de

obter os dados necessários a essa investigação, elaboramos um Discourse

Completion Test, cuja versão completa encontra-se no Apêndice 2.

Conforme mencionado, trata-se de um questionário composto de situações

preparadas com o intuito expresso de provocar, por parte do respondente, a

formulação, oralmente, de uma opinião, tal como se vê a seguir, no Exemplo 2.

Exemplo 2:

“Você é funcionário de uma empresa e foi convocado por seu supervisor para uma reunião em que ele fez a exposição das metas para o semestre seguinte. Você achou a apresentação confusa e cansativa. Ao término da reunião, você percebe que o supervisor conversa rapidamente com outros funcionários. Ele, então, se dirige a você e pergunta: “O que você achou da reunião?”

39 Na primeira fase, o DCT contava com apenas 12 situações.

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Metodologia 104

O que se observa no Exemplo 2, extraído do DCT criado para esta

pesquisa, é uma situação em que o participante assume o papel de funcionário

de uma empresa que deve, a pedido de seu supervisor, opinar a respeito do

desempenho deste durante uma apresentação. A opinião real a ser expressa

tem uma carga negativa, uma vez que a apresentação foi classificada como

‘confusa e cansativa’. No entanto, estão em jogo, por exemplo, relações de

hierarquia profissional e, portanto, de distância social e poder. Busca-se, então,

por intermédio da aplicação do DCT, verificar como elaboramos opinião

desfavorável nesse e em outros casos.

A inserção, ao final da situação, de formulações interrogativas, tais como

“O que você achou da reunião?” ou “O que você acha?” tem, de acordo com

Rose (1992), a função de garantir a verbalização do ato desejado e, ao mesmo

tempo, evitar que se faça a sua descrição.

Para a primeira fase da pesquisa, foram elaboradas doze situações, com a

preocupação de que refletissem situações rotineiras ou familiares aos falantes

em geral. Apesar de todas exigirem, por parte do respondente, a emissão de

uma opinião, elas se diferenciam por versarem a respeito de tópicos diferentes,

conforme será visto a seguir, e por conta da introdução das variáveis sociais:

distância social e poder, a respeito das quais discorremos em 3.4.1. Para a

segunda fase, foram incluídas seis situações: três ilustradas pela interação entre

marido e mulher e três pela interação entre motorista de táxi e passageiro. Isso

se fez necessário, pois verificamos, ao final da primeira fase, que não tinham

sido contempladas as relações familiares e, portanto, de menor distância social,

nem as relações ocasionais entre desconhecidos, momento em que teríamos

maior distância social.

As dezoito situações foram preparadas de modo que a opinião versasse a

respeito de três tópicos diferentes, a saber: um trabalho / ação realizada pelo

ouvinte (uma habilidade), aparência física do ouvinte (algo inerente) ou um bem

(algo externo). Essa tripartição foi adotada a fim de observarmos se haveria

variação na emissão da opinião em função de tais fatores.

O Quadro 4.4, apresentado mais adiante, mostra, de forma resumida, a

integração entre todos os elementos que tomaram parte na formulação das

situações do DCT. Na primeira coluna estão ordenadas de forma crescente as

dezoito situações. Na segunda, foram apresentados os tópicos a respeito dos

quais a opinião deveria ser elaborada – ação realizada, aparência física ou um

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105

bem, conforme explicitado anteriormente. A terceira coluna traz informação

relativa à relação de poder que envolve os participantes das situações

apresentadas no DCT. A simbologia adotada representa cinco tipos de relação, a

saber:

0 situação em que o respondente interage com um familiar íntimo.

- situação em que o respondente [funcionário] interage com alguém que

está em situação hierárquica superior [supervisor], tendo, portanto, menos

poder.

= situação em que o respondente tem tanto poder quanto seu

interlocutor [vizinho, amigo]

+ situação em que o respondente [chefe] interage com alguém que está

em situação hierárquica inferior [subordinado], tendo, portanto, mais poder.

++ situação em que o respondente interage com um desconhecido que

está a seu serviço [motorista de táxi, trocador de ônibus].

A quarta e última coluna contém dados referentes ao tipo de relação que

se estabelece entre os participantes das situações formuladas para o DCT,

podendo esta ser:

1. Pessoal entre familiares e amigos.

2. Social entre colegas de trabalho.

3. Social/pessoal entre vizinhos.

4. Social [+ Distância pessoal] entre desconhecidos.

As doze situações identificadas com [*] fizeram parte do DCT aplicado na

primeira fase, tendo sido respondidas pelos sete participantes, gerando 84

respostas. Uma das respostas, no entanto, foi classificada como inaudível e

desconsiderada para esta pesquisa. A análise desses e dos dados da segunda

fase é objeto do Capítulo 5.

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Metodologia 106

Quadro 4.4: Elementos essenciais para a formulação das situações do DCT

Ordem da situação no DCT

Tópico a respeito do qual versa a opinião

Relação de poder

Tipo de relação (social ou pessoal)

Situação 1 Ação realizada 0 Pessoal

Situação 2 [*] Ação realizada - Social

Situação 3 [*] Ação realizada = Social / Pessoal

Situação 4 [*] Ação realizada = Pessoal

Situação 5 [*] Ação realizada + Social

Situação 6 Ação realizada ++ Social [+ Distância social]

Situação 7 Aparência física 0 Pessoal

Situação 8 [*] Aparência física - Social

Situação 9 [*] Aparência física = Social / Pessoal

Situação 10 [*] Aparência física = Pessoal

Situação 11 [*] Aparência física + Social

Situação 12 Aparência física ++ Social [+ Distância social]

Situação 13 Bem 0 Pessoal

Situação 14 [*] Bem - Social

Situação 15 [*] Bem = Social / Pessoal

Situação 16 [*] Bem = Pessoal

Situação 17 [*] Bem + Social

Situação 18 Bem ++ Social [+ Distância social]

Já o DCT completo, composto das dezoito situações, conforme já

mencionado, foi aplicado a noventa participantes, gerando um total de 1620

respostas, analisadas no Capítulo 5. Essas respostas, bem como as anteriores

referentes à primeira fase, após terem sido gravadas com o auxílio do programa

computacional Praat ou de um gravador digital, receberam o código identificador,

foram transcritas e digitadas em formato Word.

A fim de tornar o acesso ao corpus mais fácil e, assim, gerenciar

adequadamente as informações, foi criado, com o auxílio do programa Microsoft

Access, um banco de dados. Essa medida permitiu-nos realizar diversos tipos de

cruzamentos e seleções de dados. Os dados, na íntegra, estão no Apêndice 4.

4.2.3 A dinâmica da coleta

As coletas foram realizadas individualmente, em uma sala onde

permaneciam apenas a pesquisadora e o participante. Após o preenchimento da

Ficha de Identificação, o participante era submetido a um teste de voz com o

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107

objetivo não só de verificar o funcionamento do programa utilizado e do

microfone, mas, principalmente, para tornar a interação com os equipamentos

mais amigável e menos tensa. Nesse momento, também a título de teste, a

pesquisadora pedia para que o participante formulasse uma opinião a respeito

de um cartão postal, utilizando o comando “O que você acha desse postal?”, a

fim de observar se o mesmo empregaria o discurso direto, necessário para a

formulação das respostas que seriam dadas para as situações do DCT.

Depois do término dos procedimentos iniciais, o participante recebia,

então, a instrução de que seria apresentado a um conjunto de dezoito situações

e que deveria, após cada uma delas, esboçar sua reação oralmente o mais

rápido possível, garantindo, dessa forma, que o participante não tivesse muito

tempo para a formulação das respostas. Após tais orientações, dava-se, então,

início à coleta dos dados.

4.3 Recursos tecnológicos

As fases de coleta, armazenamento e análise dos dados envolveram o

emprego de diferentes programas computacionais, a saber: Praat, Word,

Microsoft Access, MonoconcPro e KWIC Concordance40.

Com relação ao Praat, trata-se de um software para análise de fala

desenvolvido por Paul Boersma e David Weenick, do Instituto de Ciências

Fonéticas (Institut of Phonetics Sciences), da Universidade de Amsterdã. Esse

programa, disponível como freeware em www.praat.org ou em

www.fon.hum.uva.nl/praat/, permite ao pesquisador realizar inúmeras tarefas,

tais como:

• Gravar arquivos de áudio que podem ser analisados em etapa

posterior;

• Transcrever, etiquetar e segmentar dados de áudio;

• Realizar análises fonéticas e acústicas em nível segmental

(espectrograma, análise de formantes etc) e suprasegmental (pitch

[curva de F0], intensidade e duração etc);

• Realizar síntese da fala;

• Construir ferramentas para aprendizagem;

40 Disponível para download em http://www.chs.nihon-u.ac.jp/eng_dpt/tukamoto/kwic_e.html.

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Metodologia 108

• Elaborar análises estatísticas a partir de estudos fonéticos.

Nesta pesquisa, o Praat foi empregado em três etapas: coleta,

armazenamento dos arquivos de som e análise dos dados. Ele permitiu gravar e

armazenar os arquivos de áudio.

O programa Word foi empregado para digitação e armazenamento das

respostas obtidas após a aplicação do DCT.

O terceiro programa utilizado nesta pesquisa foi o Microsoft Access 2003.

Trata-se de um sistema relacional de administração de banco de dados que

permite o gerenciamento de banco de dados, tornando mais fáceis a

organização e o acesso às informações.

Fez-se também uso de um programa desenvolvido por Michael Barlow, do

Departamento de Lingüística da Universidade de Rice. Trata-se do

MonoconcPro, um organizador de concordâncias41 [concordancer], utilizado

sobretudo em lingüística de corpus. Com esse programa é possível, a partir de

um determinado corpus, realizar tarefas como: criar listas de palavras em ordem

alfabética ou por freqüência de emprego; gerar produção de concordâncias

[concordance] e obter informação sobre colocações [collocation]. A fim de

complementar este programa, empregamos, igualmente, o KWIC Concordance,

um freeware que, por utilizar a interface Windows, dialoga mais facilmente com

este.

De modo geral, uma das vantagens apontadas com relação a esse tipo de

programa – o organizador de concordâncias – diz respeito à possibilidade de

obter os dados inseridos em contexto, tal como afirma Reppen:

A utilização primária em pesquisa dos dois softwares [MonoconcPro e WordSmith Tools] é gerar concordâncias ou listagens de todas as ocorrências de determinada palavra em dado texto, mostrando-as no contexto. (Reppen, 2001, p. 33)42

O Exemplo 3, apresentado a seguir, foi extraído do corpus desta pesquisa

com o auxílio do MonoconcPro. Conforme dito, é possível verificar alguns dos

contextos em que o verbo achar43 foi utilizado.

41 Cf. tradução proposta por Almeida Filho e Schmitz (1997). 42 The primary research use of both software packages [MonoconcPro e WordSmith Tools] is to generate concordances, or listings of all the occurrences of any given word in a given text, with words shown in context. (Reppen, 2001, p. 33) 43 A busca foi realizada com a inserção de ach*, de modo a que pudéssemos obter todas as ocorrências para o verbo achar.

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109

Exemplo 3: 1. Eu [[achei]] a reunião confusa e cansativa e: gostar ... 2. ... repetisse para todos.... Novamente. Eu [[acho]] que você deveria continuar praticando.. ... 3. ... o... Você poderia ter feito melhor. Eu [[acho]] que está ficando bom. Você deveria cont ... 4. ... ia, mas não para ambiente de trabalho. [[Acho]] que poderia ter sido:: melhor expos:to: ... 5. ... coisas, mas foi interessante É... Eu [[acho]] que a repetição leva à melhora cada vez ... 6. ... repetição leva à melhora cada vez mais. [[Acho]] que ce tem que estudar bastante. Não ... 7. ... r aí: pra poder perder mesmo massa. Eu [[acho]] que você que TEM que estar satisfeito, ... 8. ... .. Eu preferia o anterior, né? Bom, eu [[Acho]] que você não deveria fazer isso. Eu ach ...

Os resultados gerados pelo programa citado apresentam o item procurado

– ach* - entre colchetes e inseridos em um contexto mínimo, tal como exposto no

Exemplo 3. Os truncamentos, representados pelas reticências, são também

gerados automaticamente pelo programa. Vale destacar que, em caso de

necessidade, o usuário pode, durante a utilização do MonoconcPro, solicitar

expansão do contexto.

Nesta pesquisa, o MonoconcPro, bem como o KWIC Concordance, foram

empregados com dois objetivos: gerar freqüência de uso e gerar produção de

concordâncias.

4.4 Procedimentos empregados na análise dos dados

A análise dos dados desta pesquisa foi empreendida sobretudo com o

emprego de um paradigma qualitativo que, segundo Minayo (1996, p. 21),

“aprofunda-se no modo dos significados das ações e relações humanas, um lado

não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas”.

Após ter realizado a coleta e a transcrição dos dados, a análise destes foi

iniciada a partir do levantamento das configurações contextuais, empregando as

variáveis campo, modo e relações (cf. Halliday, 1989), a serem detalhadas no

capítulo a seguir. Após essa etapa, os 83 enunciados da primeira fase e os 1620

da segunda fase foram estudados.

Inicialmente, todas as respostas foram analisadas a fim de que se pudesse

identificar e classificar seu núcleo ou o momento da fala em que a opinião é

expressa. Na segunda fase da análise, foi identificada, em algumas respostas, a

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Metodologia 110

presença de elementos periféricos – aqueles que orbitam em torno do núcleo e

que têm, na maior parte das vezes, a função de atenuar o impacto da opinião

desfavorável. Uma vez identificados os elementos periféricos, passou-se a sua

classificação e descrição. Em etapa posterior, foram verificados os processos de

elaboração tanto do núcleo como dos elementos periféricos empregados pelos

informantes. Ainda com relação à etapa de análise, observou-se o papel das

seguintes variáveis na elaboração da opinião desfavorável: (a) campo e relações

(variáveis contextuais), (b) relação de poder e distância social entre os

participantes e (c) tópico (aparência física, habilidade e bem/posse). Por fim, foi

considerada a relação entre perfil do participante e escolha do tipo de opinião

desfavorável a ser emitida.

As etapas de análise acima descritas e as exemplificações são

apresentadas e detalhadas nos próximos capítulos.

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5 Análise e Discussão dos Dados

E sabemos que o conflito aberto e marcado pela representatividade de opiniões é, sem dúvida alguma, um traço revelador de um igualitarismo individualista que, entre nós, quase sempre se choca de modo violento com o esqueleto hierarquizante de nossa sociedade. (DaMatta, 1997, p. 184)

Neste Capítulo, objetiva-se apresentar e proceder à análise dos dados

coletados nas duas fases da pesquisa, levando em consideração o enfoque

teórico e os conceitos expostos nos Capítulos 2 e 3. Da primeira fase, conforme

visto anteriormente, participaram 7 indivíduos. Os objetivos dessa etapa foram

testar o instrumento de coleta de dados e, a partir de uma análise inicial, esboçar

uma taxionomia que pudesse ser empregada posteriormente na análise da

totalidade dos dados. Da segunda fase da pesquisa, participaram 90 indivíduos

de ambos os sexos, seguindo os critérios apresentados no Capítulo 4. Nessa

fase, os participantes tiveram de responder a versão definitiva do DCT composta

de dezoito situações. A taxionomia elaborada previamente pôde, então, ser

avaliada e ajustada.

Inicialmente, serão submetidas à análise as configurações contextuais das

situações formuladas para esta pesquisa, a partir das variáveis campo, modo e

relações (Halliday, 1989; Halliday e Hasan, 1989), considerando o DCT em sua

versão definitiva. Posteriormente, empreenderemos um estudo dos marcadores

de opinião empregados, confrontando-os com aqueles apresentados, por

exemplo, nos materiais didáticos de PL2E descritos no Capítulo 2. Em seguida,

serão descritas e analisadas as opiniões desfavoráveis obtidas após a aplicação

do DCT43.

5.1 Levantamento das Configurações Contextuais

Tendo em vista a existência de uma dependência contextual do sentido

discursivo (Meyer, 1980; Saeed, 2000; Silva, 2004), faz-se necessário

empreender uma descrição dos contextos onde as opiniões desfavoráveis em

foco neste trabalho foram proferidas. Apesar de não se tratar de situações reais

43 DCT das duas fases – v. Apêndice.

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Análise e discussão dos dados 112

de interação discursiva, buscamos considerar na formulação das situações que

compõem o DCT, de forma mais fidedigna possível, ações comuns aos

contextos retratados, conforme será visto mais adiante.

A descrição dos contextos apresentados nas situações será realizada

tomando-se por base as três variáveis situacionais já comentadas no Capítulo 3

e denominadas campo, modo e relações (Halliday, 1989; Halliday e Hasan,

1989). O conjunto dessas três variáveis estabelece uma determinada

configuração contextual. As variáveis citadas e sua relação com os contextos

pesquisados serão apresentadas a seguir.

A variável campo diz respeito à natureza da ação social e envolve tanto o

tipo de ação que está a ser desenvolvida como seus objetivos. Nas situações

formuladas, apesar de haver dois objetivos comuns a todas [pedido de

elaboração e elaboração propriamente dita de uma opinião desfavorável], são

considerados contextos e ações distintos.

Um dos contextos retratados é aquele que identificamos como ‘ambiente

de trabalho’. Uma vez definido o contexto, buscamos ações comuns a ele para a

elaboração das situações, tais como: participar de reuniões (situação 2), solicitar

realização de serviços (situação 5), conversar com o chefe ou com funcionários

(situações 8, 11, 14 e 17)

O segundo contexto foi denominado ‘vizinhança’ e diz respeito àquele

contexto próximo à residência em que moramos e às relações sociais que se

estabelecem entre os vizinhos (situações 3, 9 e 15).

Quanto ao terceiro contexto, optou-se por identificá-lo como ‘familiar’, pois

se trata de situações passíveis de acontecerem entre familiares e amigos

(situações 1, 7 e 13 [cônjuges] e situações 4, 10 e 16 [amigos]). Na perspectiva

de DaMatta (1997 [1979]; 1997; 1999 [1984]), apresentada no Capítulo 3, este

seria um contexto que tem identificação com o espaço da ‘Casa’.

O quarto contexto é marcadamente o espaço da ‘Rua’ (DaMatta, op.cit.),

local em que encontros esporádicos podem ocorrer, e pessoas que nunca se

viram podem entabular uma conversa (situações 6 e 18 [táxi] e situação 12

[ônibus]).

Mais adiante, em 5.3.3, veremos como a variável campo pode impactar a

elaboração da opinião desfavorável.

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113

No que diz respeito à variável modo, pode-se dizer que ela se refere ao

papel que a língua desempenha em uma atividade. Nos casos em análise, a

linguagem falada é a empregada, com todas as nuances possíveis para a

realização do ato de emitir uma opinião desfavorável, cujo valor é negativo. Vale

lembrar, conforme mencionado na Metodologia, que as opiniões deveriam versar

a respeito de três tópicos, a saber: trabalho realizado, aparência física do

interlocutor e algum bem ou posse do interlocutor.

A variável relações, por sua vez, diz respeito aos participantes e aos

papéis que estão envolvidos na atividade social que está sendo realizada. Os

papéis são de diferentes naturezas, com variações em termos da distância social

e das relações de poder, conforme ilustra o Quadro 5.1, apresentado a seguir.

Quadro 5.1: Papéis envolvidos nas diferentes situações do DCT

Situação Emissor da opinião Ouvinte

01 Cônjuge Cônjuge

02 Funcionário de empresa Supervisor

03 Vizinho Vizinho

04 Amigo Amigo

05 Funcionário de empresa Faxineiro

06 Passageiro Motorista de táxi

07 Cônjuge Cônjuge

08 Funcionário de empresa Chefe

09 Vizinho Vizinho

10 Amigo Amigo

11 Coordenador Funcionário de empresa

12 Passageiro Trocadora de ônibus

13 Cônjuge Cônjuge

14 Funcionário de empresa Supervisor

15 Vizinho Vizinho

16 Amigo Amigo

17 Chefe Funcionário de empresa

18 Passageiro Motorista de táxi

Temos, em resumo, relações que se estabelecem entre (1) cônjuges

(situações 1, 7 e 13) e (2) amigos (situações 4, 10 e 16), ocasiões em que

distância social e poder são minimizados; entre (3) vizinhos (situações 3, 9 e 15),

ocasião em que a distância social pode se impor e (4) funcionário de empresa e

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Análise e discussão dos dados 114

superior hierárquico (situações 5, 11 e 17 [falante ocupa posição hierárquica

superior] e situações 2, 8 e 14 [falante ocupa posição hierárquica inferior])

momento em que – comparativamente – há maior imposição de distância social

e poder. Há, igualmente, relações que se constroem entre desconhecidos

(situações 6,12 e 18)

Mais adiante, em 5.3.3 e 5.3.4, veremos de que maneira os aspectos do

contexto, principalmente as variáveis campo e relações, além da questão da

mudança de tópico, podem estar ligadas à produção do ato de fala em estudo.

5.2 Marcadores de opinião

Galembeck argumenta que os marcadores de opinião “são representados

por duas classes de elementos gramaticais: os verbos de opinião (...) e certas

expressões adverbiais (...).” (Galembeck, 1999, p. 182). Tal como proposto de

modo geral pelos materiais didáticos de português como segunda língua para

estrangeiros (PL2E) analisados no Capítulo 2 deste estudo, os seguintes verbos

são considerados verbos de opinião: achar, crer, supor, ver, notar, entre outros

(Galembeck, 1999). Quando expressos na primeira pessoa do singular, eles têm

a função de introduzir a opinião do falante que a assume completamente.

Quanto às expressões adverbiais, Galembeck exemplifica mencionando as

seguintes expressões: na minha opinião, no que me diz respeito, pessoalmente,

para mim. Nesse caso, alguns dos materiais de PL2E analisados também

enfocam tais expressões.

Com relação aos dados analisados, porém, não podemos admitir que a

presença do marcador de opinião seja um requisito obrigatório já que em

algumas formulações esses marcadores inexistem.

A fim de verificarmos quais seriam os marcadores de opinião empregados

com mais freqüência pelos participantes da pesquisa, utilizamos como recurso

auxiliar os programas MonoconcPro e Kwic Concordance por meio dos quais é

possível efetuar buscas em contexto.

Na primeira fase da pesquisa, foram localizados, tal como propõe

Galembeck, cinco tipos de marcadores, a saber: verbo achar, eu sou de opinião /

a minha opinião é que, para / pra mim, além de pessoalmente. Apesar de os

verbos crer e acreditar também terem sido pesquisados, nenhuma ocorrência foi

localizada no conjunto de dados.

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115

No caso do verbo achar, foram encontradas nos dados 29 ocorrências.

Como exposto, ao construir sua opinião com o verbo achar, o falante se

compromete diretamente, como podemos observar nos exemplos listados a

seguir44.

1. Eu [[achei]] a reunião confusa e cansativa e: gostar 2. Eu [[acho]] que você deveria continuar praticando.. 3. Eu [[acho]] que está ficando bom. Você deveria cont 4. [[Acho]] que poderia ter sido:: melhor expos:to: ... 5. É... Eu [[acho]] que a repetição leva à melhora cada 6. [[Acho]] que ce tem que estudar bastante. Não ... 7. Eu [[acho]] que você que TEM que estar satisfeito, 8. Bom, eu [[Acho]] que você não deveria fazer isso. Eu 9. Eu [[acho]] que você deve cortar e: manter uma apar 10. [[acho]] que pra MIM tá perfeito. É:: ficou leg ... 11. [[acho]] melhor você mudar os seus hábitos. É s ... 12. Eu [[achei]] interessante, mas eu gostaria de dicuti . 13. Eu [[acho]] que num ambiente profissional... Existe 14. Eu [[achei]] muito bonito... As plantas estão muito 15. Eu [[achei]] uma porcaria.. Não tô acostumada a come 16. Eu [[achei]] que você não fez um serviço legal... Go 17. eu [[acho]] que ficou legal. Eu gostava mais do: d ... 18. Eu [[acho]] que cabelo grande foi feito para mulher 19. [[Achei]] legal... Bonito o seu celular. Achei l ... 20. [[Achei]] legal porque eu também gosto da persona ... 21. Eu [[achei]] essas cores muito fortes para você... A 22. Eu [[achei]] muito cansativa e eu não entendi Nada.. 23. Bom, eu [[acho]] que você num tá BEM ainda... Pode 24. [[Acho]] que ficou até pior, sei lá.. Não precis ... 25. [[Achei]] que não ficou muito legal, não.. Porque ... 26. [[Acho]] que é um desperdício você:: gastar o qu ... 27. Não [[achei]] legal não porque isso é muito tradicion 28. Não [[achei]] muito legal não... Porque eu não entend 29. [[Achei]] ruim. Está me incomodando muito. Não ...

Com relação aos marcadores (1) para / prá mim, (2) eu sou de opinião / a

minha opinião é que e (3) pessoalmente, foram encontradas, respectivamente, 4,

2 e 1 ocorrências.

1. pra [[MIM]] tá perfeito. É:: ficou legal. Olha, p ... 2. para [[mim]]... É indiferente. É... Essas camisas s 3. Pra [[mim]] continua o mesmo. Se você tá se sentin ... 4. Pra [[mim]] não tem muito valor não. 1. Eu sou da [[opinião]] que quanto:: maior a quantidade

44 Conforme visto na Metodologia, os truncamentos observados foram gerados automaticamente pelo programa MonoconcPro.

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Análise e discussão dos dados 116

2. A minha [[opinião]] é que você assenta melhor com 1. Mas [[pessoalmente]] eu não faria o que você fez.

Com a coleta total dos dados concluída, buscou-se levantar, na segunda

fase da pesquisa, a ocorrência dos marcadores mencionados, a saber: verbo

achar, eu sou de opinião / a minha opinião é que, para / prá mim, pessoalmente,

verbos crer e acreditar.

Com relação ao verbo achar, foi possível verificar que houve 589 menções

a esse verbo. Considerando que o corpus da segunda fase tem 29602 palavras,

as menções ao verbo achar equivalem a quase 2% do total. As variações mais

recorrentes encontradas foram as seguintes: [eu] estou / tô achando, [eu] acho e

[eu] achei. As formas da primeira pessoa do presente e do pretérito do indicativo

– justamente aquelas que indicam quem está emitindo a opinião - estão na lista

das 20 palavras mais utilizadas45 pelos participantes, apresentada a seguir.

Corpus File: C:\Documents and Settings\Patricia\Meus documentos\PUC - DOUTORADO - PESQUISA

2\Da qualificação até defesa\08 - Análises definitivas\Totalidade dos dados - só respostas sem identificação - para monoconc.txt

que 1229 eu 980 mas 516 um 468 muito 455 acho 348 mais 312 bem 310 e 297 se 269 uma 233 bom 213 gostei 210 assim 200 tem 200 porque 179 achei 176 legal 162 ficou 148 ter 145

É preciso, no entanto, mencionar o fato de que no total de ocorrências do

verbo achar estão incluídas as repetições feitas por um mesmo informante por

ocasião de uma resposta. Isso significa que em um enunciado como o que

45 Foram desconsideradas as preposições.

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117

segue, foram contadas quatro menções ao verbo achar, pois foi o número de

vezes que ele foi empregado.

pô.. sinceramen::te eu acho que não ficaria muito bom pra empresa.. assim.. pro

local em que você trabalha essa aparência. Acho que você devia manter uma

aparência mais limpa.. assim.. dá um aspe.. as pessoas te olham diferente. Há um

certo preconceito com cabelo grande e desleixado assim.. então acho que.. pra

empresa se você puDEsse manter uma um corte mais tranqüilo.. assim.. acho que

ficaria melhor. [0111FaC11]

Considerando apenas as respostas proferidas, sem levar em conta o

número de vezes em que o citado verbo foi repetido, teríamos 434 respostas

(26,79%) – de um total de 1620 – em que o verbo achar foi mencionado pelo

menos uma vez. Isso é revelador da importância, para o ensino de PL2E, por

exemplo, de formulações opinativas com o uso desse verbo.

Com relação aos outros marcadores, foram obtidos os seguintes índices

de ocorrências no corpus:

• eu sou de opinião = não há registro no corpus da segunda fase.

• [n]a minha [sincera] opinião = 11 ocorrências

• para mim = 2 ocorrências

• prá mim = 84 ocorrências

• pessoalmente = 3 ocorrências

• verbo crer [1ª. pessoa do presente do indicativo] = 3 ocorrências

• verbo acreditar [1ª. pessoa do presente do indicativo] = 4

ocorrências

A relação entre os diferentes índices de ocorrências de marcadores de

opinião identificados nesta pesquisa está resumida no Gráfico 5.1, apresentado

mais adiante.

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Análise e discussão dos dados 118

Vale destacar que os participantes optaram, na elaboração de muitas

respostas, por não empregar marcador de opinião, utilizando, como será exposto

mais adiante, outros recursos.

Gráfico 5.1: Incidência dos Marcadores de Opinião

Incidência dos marcadores de opinião

43384

2110

589

0100200300400500600700

acha

r

eu so

u de o

pinião

[n]a m

inha [

since

ra] op

inião

para

mim

prá m

im

pess

oalm

ente

crer

acred

itar

Marcadores de opinião

Tota

l de

ocor

rênc

ias

O levantamento apresentado leva-nos à conclusão de que o verbo achar

foi o marcador de opinião mais produtivo. Observando os materiais de PL2E,

julgamos que seja, portanto, pertinente, dar mais atenção às formulações com

este tipo de marcador. É preciso, no entanto, que o foco seja também

direcionado, no ensino de PL2E, para outras formas de marcar a emissão da

opinião desfavorável, conforme descrição que será apresentada a seguir.

5.3 Estudo descritivo da emissão da opinião desfavorável

A análise empreendida com os dados coletados permitiu-nos verificar a

existência de quatro categorias dentro das quais foram distribuídas as diferentes

formas de elaboração do ato de emitir uma opinião desfavorável e a partir das

quais foi elaborado um quadro tipológico de referência (cf. Figuras 5.2 e 5.9)

para o ato de fala em epígrafe. As categorias mencionadas foram denominadas

da seguinte forma:

1. Opinião Desfavorável Direta;

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119

2. Opinião Desfavorável Indireta;

3. Falsa Opinião Positiva;

4. Não Manifestação de Opinião;

Ao longo desse Capítulo, far-se-á, também, referência às siglas ODDcen,

ODIcen, FOPcen e NMOcen que correspondem, respectivamente, a cada uma

das categorias citadas.

Tendo em vista o fato de que as formulações que compõem essas quatro

diferentes categorias são aquelas que na verdade indicam o momento em que

uma opinião desfavorável é proferida, optamos por agrupá-las sob uma mesma

denominação, a saber: ‘Formulações Centrais’. A essas formulações opõem-se

as chamadas ‘Formulações Periféricas’, pois estas se apresentam, de modo

geral, como formulações que acompanham as ‘Formulações Centrais’

normalmente com o objetivo de atenuá-las.

Conforme será visto adiante de maneira mais detalhada, a categoria

‘Opinião Desfavorável Direta’ se opõe, em geral, às outras categorias na medida

em que estas indicam, normalmente, estratégias empregadas pelos falantes

para evitar a emissão de uma opinião desfavorável de forma direta,

resguardando, assim, sua face e a de seu interlocutor, tal como discutido no

Capítulo 3.

A seguir serão apresentadas e descritas as quatro categorias identificadas

tendo em vista não só aspectos formais, mas também sócio-discursivos. Levar-

se-á, inicialmente, em consideração o conjunto de dados da primeira fase da

pesquisa para, em seguida, apresentar a análise do corpus definitivo.

5.3.1 Formulações Centrais – Análise dos dados parciais

De acordo com o que foi previamente mencionado, serão descritas, nesta

seção, as ‘Formulações Centrais’ tendo em vista a análise dos dados da primeira

fase da pesquisa. A análise mais detalhada, considerando os dados da segunda

fase, será empreendida mais adiante, em 5.3.2.

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Análise e discussão dos dados 120

5.3.1.1 Opinião Desfavorável Direta (ODDcen)

A ‘Opinião Desfavorável Direta’ apresenta características formais

semelhantes àquelas descritas por Albuquerque (2003) para a categoria

negação explícita direta que integra seu estudo a respeito dos atos de negar. Em

ambas, o elemento central é o não, conforme ilustram os Exemplos 1 e 2.

Exemplo 1: não gostei da comi:da, pois não gosto de: comidas exóticas.

[0011MaA03]46

Exemplo 2: não gostei do servi:ço... você poderia ter feito melhor. [0011MaA04]

Da mesma forma, tal como proposto por Mateus et alli (1994) e Neves

(2000) e corroborado por Albuquerque (2003), o operador de negação em

questão pode não só ocupar posição pré-verbal (Exemplo 3), mas também a

posição pós-verbal (Exemplo 4), sobretudo em casos que se queira marcar

comunicativamente a negação.

Exemplo 3: não gosTEI. [0073FcC03]

Exemplo 4: gostei NÃO... tudo hoRRÍvel. [0062MbC03]

Além disso, ao lado desse operador podem coexistir outros elementos

negativos, conforme sugerem os exemplos a seguir.

Exemplo 5: tava muito cansati:va e eu não entendi quase nada do que você

explicou. [0052FbC01]

Exemplo 6: eu achei MUIto cansativa e eu não entendi NAda... eu queria falar

com o senhor a respeito disso mesmo. [0062MbC01]

Exemplo 7: que limPEza? Que eu NÃO vi limPEza nenhuma. [0062MbC04]

46 Os elementos destacados referem-se ao tópico que está em discussão.

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121

A ‘Opinião Desfavorável Direta’ pode, ainda, ser realizada com o uso de

itens lexicais que carregam significado negativo, como em:

Exemplo 8: foi conFUsa [0032MaB01]

Exemplo 9: achei ruim. [0073FcC01]

Exemplo 10: eu achei uma porcaRIa.. não tô acostuMAda a comer esse tipo de:

de coMIda... eu gosto MUIto de uma comida BRAsileira. [0052FbC03]

O significado negativo nos enunciados acima pode ser compreendido na

medida em que admitimos a seguinte equivalência:

foi conFUsa = não foi clara.

achei ruim = não achei bom.

eu achei uma porcaRIa (...). = eu achei muito ruim = eu não achei nada

bom.

Nas duas formulações de ‘Opinião Desfavorável Direta’ apresentadas foi

possível encontrar termos que desempenham as funções de reforço ou ênfase e

de atenuador. Na função de reforço, temos:

Exemplo 11: é: algu:mas... alguns pratos eu realmente não gostei. [0042MaB03]

Exemplo 12: você realmente está me incomoDANdo porque sua voz sai um pouco

FORte e::... não é aquela voz agradá:vel que eu gostaria de escutar. [0052FbC02]

Exemplo 13: está me incomoDANdo muito. [0073FcC02]

Exemplo 14: gostei NÃO... tudo hoRRÍvel. [0062MbC03]

Nos exemplos 11 e 12, verificamos o emprego do advérbio ‘realmente’ com

a finalidade de reforçar ou intensificar, respectivamente, a informação de que o

falante não apreciou alguns dos pratos que lhe foram oferecidos e a de que a

voz do interlocutor é de fato desagradável. O mesmo pode ser observado no

Exemplo 13, ocasião em que o falante opta pelo emprego de ‘muito’ para dar

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Análise e discussão dos dados 122

mais ênfase ao fato de que o barulho produzido pelas aulas de canto é

incômodo. Já no Exemplo 14, o falante fez uso do emprego de termo de maior

valor (upgrade). No caso em questão, optou-se, no momento de qualificar os

pratos servidos, por ‘horrível’ no lugar de ‘ruim’.

A fim de ilustrar a função de atenuador da ‘Opinião Desfavorável Direta’,

foram selecionados os seguintes exemplos:

Exemplo 15: é: algu:mas... alguns pratos eu realmente não gostei. [0042MaB03]

Exemplo 16: bom, eu acho que você num ta BEM ainda... pode melhoRAR.. mas

no momento ta incomodando. [0052FbC02]

Exemplo 17: pra mim não tem MUIto valor não. [0073FcC09]

Exemplo 18: não gosTEI muito não. [0073FcC11]

No Exemplo 15, o falante, indagado a respeito do que tinha achado do

jantar servido e diante da constatação de que este não tinha sido bom, refere-se

apenas a alguns pratos no lugar de referir-se ao jantar como um todo. Desse

modo, ele busca minimizar o efeito que causaria a emissão de uma opinião

direta e opta por iniciar sua fala com o emprego de um elemento que atenue o

impacto da opinião. O uso de ‘ainda’ no Exemplo 16 deixa margem para a

compreensão de que o interlocutor vai melhorar, de que ainda há chance para

tal. Nos Exemplos 17 e 18, temos o emprego de ‘muito’ com valor de atenuador ,

diferentemente do emprego visto anteriormente quando ele tinha função de

reforço (Exemplo 15). Nesse caso, a fim de evitar a ‘Opinião Desfavorável

Direta’, o falante sugere que o celular tem algum valor (Exemplo 17) e que

gostou, pelo menos em parte, do quadro comprado pelo amigo (Exemplo 18).

Ainda com relação à formulação da ‘Opinião Desfavorável Direta’, vale

mencionar o fato de que esta pode ser considerada – a exemplo de outros atos

de fala – um ato de ameaça à face (cf. Capítulo 3). Por conta disso, observamos

que os falantes empregam algumas estratégias, além do emprego do atenuador

já visto, que podem ser antepostas ou pospostas ao ato em foco neste estudo. O

intuito dessas estratégias é amenizar a força desse ato e preservar a face dos

interlocutores, conforme será exposto em 5.3.5, por ocasião da análise das

‘Formulações Periféricas’.

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123

5.3.1.2 Opinião Desfavorável Indireta (ODIcen)

No caso da ‘Opinião Desfavorável Indireta’, conforme a denominação

sugere, o falante busca meios de evitar a expressão direta desse tipo de opinião

e, assim, salvaguardar sua face e a de seu interlocutor. Como não são

encontrados os elementos explícitos de negação já discutidos, a compreensão

de que a opinião expressa é desfavorável exige, basicamente, que o interlocutor

acesse o nível do não-dito, do subentendido, pois a mensagem real está

implícita, conforme afirma Ilari (2001).

As mensagens lingüísticas comportam às vezes implícitos que não podem ser previstos com base apenas no sentido literal. Importantíssimos para a interpretação final da mensagem, esses implícitos só podem ser descobertos por um trabalho de conjectura feito a partir de uma avaliação global da situação comunicativa, em que o ouvinte procura recuperar as intenções do falante. Mensagens que comportam esse tipo de implícito são sempre interpretadas como “indiretas” e obrigam, tipicamente, o ouvinte a perguntar: “O que foi que ele quis me dizer com isso?”, “Aonde ele quis chegar?” etc. (Ilari, 2001, p. 92). São apresentados a seguir exemplos em que o falante optou pela

emissão de uma ‘Opinião Desfavorável Indireta’.

Exemplo 19: acho que poderia ter sido:: melhor exposto as coisas, mas foi

intereSSANte. [0021FaA01]

Exemplo 20: eu acho que você deveria continuar pratiCANdo... quem sabe um dia

você melhora. [0011MaA02]

Exemplo 21: é... eu acho que a repetição leva à melhora cada vez mais. acho que

cê tem que estudar bastante. [0021FaA02]

Exemplo 22: prefiro:: quando você estava de cabelo branco. [0011MaA07]

Exemplo 23: é::... eu preferia o anterior, né? [0021FaA07]

Exemplo 24: prefiro FLOres [0073FcC10]

No Exemplo 19, a fim de evitar dizer que a reunião foi de fato confusa e

cansativa, o falante afirma que o assunto em pauta poderia ter sido melhor

exposto. Com isso, ele deixa dúvidas a respeito daquilo que realmente quer

significar, pois é possível compreender que (1) o assunto foi bem exposto, mas

poderia ter sido melhor ou (2) o assunto não foi – de modo algum – exposto de

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Análise e discussão dos dados 124

forma clara. Dessa maneira, o falante se isenta de emitir uma opinião real e

deixa para seu interlocutor a tarefa de interpretar o que se quis dizer. Processo

semelhante ao que foi descrito ocorre nos demais exemplos, quando o que se

quer realmente dizer é que a pessoa não está cantando bem (Exemplos 20 e

21), que o cabelo branco era mais bonito do que o pintado (Exemplos 22 e 23)

ou que as imagens de cerâmica não são bonitas (Exemplo 24).

À ‘Opinião Desfavorável Indireta’ pode se agregar um tom de ironia, a qual

acessamos também por meio da compreensão do implícito, conforme

demonstram os exemplos a seguir.

Exemplo 25: você tem cerTEza que está faZENdo? [0032MaB02]

Exemplo 26: você tem cerTEza que HOUve limPEza? [0021FaA04]

Exemplo 27: Você está pretendendo usar isso aí AONde? [0042MaB12]

A emissão da opinião desfavorável nos casos acima foi elaborada na

forma de uma pergunta, com ironia, sem que houvesse a exigência de uma

resposta. O objetivo é fazer o interlocutor perceber que há algo errado, como no

Exemplo 26, ocasião em que se busca fazer o faxineiro ver que a limpeza da

sala foi mal feita.

5.3.1.3 Falsa Opinião Positiva (FOPcen)

Na ‘Falsa Opinião Positiva’, o falante emite uma opinião que é apenas

aparentemente positiva, tal como expressa nos exemplos a seguir. Trata-se de

uma tentativa de não agredir seu interlocutor, empregando o recurso da polidez

positiva (Brown e Levinson, 2000 [1987]), resumido no Capítulo 3 desta Tese.

Exemplo 28: eu achei intereSSANte, mas eu gostaria de discutir com o senhor

alguns tópicos. [0042MaB01]

Exemplo 29: eu acho que está ficando bom. Você deveria continuar

freqüentando para que continue a emagrecer mais. [0011MaA05]

Exemplo 30: ah... ficou bom. [0011MaA06]

Exemplo 31: achei leGAL... boNIto o seu celuLAR. [0052FbC09]

Exemplo 32: o seu jardim ficou bem bonito. [0011MaA10]

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125

Exemplo 33: é:: ficou legal [0021FaA10]

Exemplo 34: é::: são bonitas. você: você gosta realMENte de usar esse tipo de

cor? [0021FaA12]

Observa-se a ocorrência de itens lexicais ou formulações que valorizam o

tópico a respeito do qual a opinião é expressa, tais como: interessante, ficar

bom, achar / ficar legal, ser / ficar bonito (a). Nesse caso, a marcação de que a

opinião não é de todo positiva será feita pela entoação, assunto de relevância

comprovada no estudo dos atos de fala, conforme visto no Capítulo 3. Na Figura

5.1 pode-se observar que na elaboração da ‘Falsa Opinião Positiva’ a entoação

será, normalmente, descendente

Figura 5.1: Realização do Exemplo 30: ah... ficou bom. [0011MaA06]

Merece destaque, ainda, o emprego do adjetivo ‘interessante’ para

qualificar a reunião (Exemplo 28). Atualmente, parece ser esse um termo-curinga

na emissão da opinião de um modo geral. Tal observação poderá ser melhor

investigada na medida em que mais dados forem coletados e analisados.

5.3.1.4 Não Manifestação de Opinião (NMOcen)

Nos casos de ‘Não Manifestação de Opinião’, o falante procura não emitir

sua opinião a respeito do tópico questionado e, conseqüentemente, não se

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Análise e discussão dos dados 126

comprometer. Dois processos são empregados na construção desse tipo de

opinião.

Exemplo 35: se tá bom pra você::... tá bom. [0032MaB05]

Exemplo 36: se você se sente bem, eu acho que ficou legal. [0052FbC05]

Exemplo 37: eu acho que voCÊ TEM que esTAR satisfeito, não os outros.

[0021FaA06]

Exemplo 38: quanto você perDEU? [0042MaB05]

No primeiro processo, exemplificado em 35, 36 e 37, o falante, em geral,

deixa para o seu interlocutor a tarefa de construir uma opinião. No segundo

caso, ilustrado pelo Exemplo 38, ele opta por fazer uma digressão e, dessa

forma, retardar a emissão da opinião.

Tendo em vista as quatro categorias anteriormente descritas, propomos,

com base nos dados coletados até o presente momento, um quadro tipológico

de referência para o ato de emitir uma opinião desfavorável, representado pela

Figura 5.2, apresentada mais adiante.

Vale ressaltar que, de forma geral, os materiais de PL2E que reservam

espaço para o ato de opinar não se dedicam a tratar da ‘Opinião Desfavorável

Indireta’, da ‘Falsa Opinião Positiva’ ou da ‘Não Manifestação de Opinião’ que

apresentam maior grau de complexidade tanto para elaboração quanto para

compreensão. O foco está, portanto, mais concentrado na exposição da ‘Opinião

Desfavorável Direta’, com marcas explícitas que evidenciam a negação.

Com relação aos diferentes enunciados que compõem as quatro

categorias descritas, é preciso observar que, com freqüência, eles não ocorrem

isoladamente, mas em conjunto com outras formulações que têm como objetivos

atenuar ou reforçar a opinião desfavorável, tal como será visto em 5.3.5.

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127

Figura 5.2: Quadro tipológico de referência para o ato de emitir uma opinião desfavorável [dados

parciais]

5.3.2 Formulações Centrais – Análise da totalidade dos dados

As quatro categorias da ‘Opinião Desfavorável’ identificadas e analisadas a

partir dos dados coletados na primeira fase da pesquisa serão retomadas, tal

como anunciado, para aprofundamento e maior detalhamento da análise. Em

muitas ocasiões, critérios definidores dessas diferentes categorias serão

retomados para ampliação.

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Análise e discussão dos dados 128

5.3.2.1 Opinião Desfavorável Direta (ODDcen)

A análise primeira da categoria denominada ‘Opinião Desfavorável Direta’

ou ODDcen, apresentada em 5.3.1.1, foi elaborada, conforme visto no capítulo

em que se tratou da Metodologia, a partir de um corpus experimental. Nesta

seção, o assunto será retomado para aprofundamento, considerando a

totalidade dos dados coletados.

A categoria citada integra – juntamente com a ‘Opinião Desfavorável

Indireta’, a ‘Falsa Opinião Positiva’ e a ‘Não Manifestação de Opinião’ – o

conjunto de formulações possíveis encontrado nesta pesquisa para a construção

da ‘Opinião Desfavorável’ em português do Brasil. Seu nome foi cunhado tendo

em vista o fato de que o falante, mesmo diante de uma situação em que é

incitado a emitir uma opinião desfavorável, elabora-a de modo direto. De acordo

com a teoria da polidez desenvolvida por Brown e Levinson (2000 [1987]),

verifica-se, nesse caso, o emprego da estratégia bald-on-record, ocasião em que

são empregados comentários diretos sem que nada seja feito para minimizar as

ameaças que possam existir à face do interlocutor (cf. Capítulo 3). Os exemplos

abaixo completam tal afirmação.

Exemplo 39: PÉ::ssimo [0141FcC03]

Exemplo 40: não entendi NA:da. [0152FbA02]

Exemplo 41: não tá MUIto gosto::sa... mas eu TÔ com tanta fome. [0231FbBC01]

A seguir serão discutidos os processos identificados para elaboração da

‘Opinião Desfavorável Direta’ ou ODDcen.

5.3.2.1.1 Processos de elaboração da Opinião Desfavorável Direta

O corpus desta pesquisa, de acordo com o que foi previamente

apresentado, é composto de 1620 respostas. Desse total, 681 (42,04%) foram

classificadas como ‘Opinião Desfavorável Direta’, tal como exposto no Gráfico

5.2, apresentado a seguir.

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129

Gráfico 5.2: Distribuição da Opinião Desfavorável

Distribuição da Opinião Desfavorável

14,75%

25%

42,04%

18,21%Não Manifestaçãode OpiniãoFalsa OpiniãoPositivaOpinião DesfavorávelDiretaOpinião DesfavorávelIndireta

Em 5.3.1.1, por ocasião da análise dos dados parciais, verificou-se que a

elaboração da ODDcen, por envolver a questão da negação, apresentava

características desta. Com a análise integral do corpus, foi possível reforçar as

conclusões a que se tinha chegado inicialmente. Desse modo, a ODDcen possui,

em seu núcleo, traços formais que se assemelham àqueles descritos por

Albuquerque (2003) em estudo realizado sobre os atos de negar. Esses traços,

mencionados em 5.3.1.1, serão retomados neste momento para nova discussão.

O traço mais característico da ‘Opinião Desfavorável Direta’, assim como

dos dados da ‘negação explícita direta’ apresentados por Albuquerque (2003), é

a existência do operador de negação não em seu núcleo, conforme ilustram os

exemplos listados a seguir.

Exemplo 42: não gostei da comida. [0131FbB04]

Exemplo 43: não ficou muito clara prá mim. [0191FbB02]

Exemplo 44: sinceramen::te não é o modelo que mais me agrada. [0181MaB18]

Na discussão anterior, mencionou-se o fato de que esse mesmo operador

poderia, a exemplo do proposto por outros estudiosos (Mateus et alli, 1994;

Neves, 2000; Albuquerque, 2003), ocupar duas posições: pré-verbal e pós-

verbal, como mostram, respectivamente, os enunciados 45 e 46 abaixo. No caso

da posição pós-verbal, vale lembrar que o falante, ao utilizá-la, enfatiza e marca

comunicativamente a negação.

Exemplo 45: esse quadro não faz o meu esti::lo... mas::... é: interessante.

[0201MaA16]

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Análise e discussão dos dados 130

Exemplo 46: gostei NÃO... tudo hoRRível. [0062MbC03]

Além dos casos apresentados, verificou-se, nos dados desta pesquisa, a

possibilidade de o não ocupar simultaneamente as duas posições citadas,

configurando-se em uma dupla negação. A esse respeito, Perini (2002) afirma

que esse tipo de construção é mais comum na fala, e a inserção de um segundo

não deve seguir algumas regras.

Na língua falada, a negação do verbo pode ser expressa da mesma forma que na escrita, isto é, simplesmente colocando não ates do verbo. Mas é mais freqüente acrescentar uma segunda ocorrência do não.

O posicionamento do segundo não segue estas regras:

1. O segundo não ocorre no final da sentença (exceto nas estruturas coordenadas).

2. Ele nega a oração principal, nunca a subordinada, salvo nos casos de orações objetivas, que podem ser negadas separadamente (se ocorrerem por último na sentença)

Nas orações coordenadas com e e apenas um sujeito para ambas, o segundo não ocorre no final de toda a estrutura ou no final da primeira oração. Ele nega o que quer que o preceda. (Perini, 2002, p. 434)47

Os Exemplos 47 e 48 apresentam, portanto, casos em que o não aparece

em posição pré- e pós-verbal, reforçando o caráter desfavorável que a opinião

expressa.

Exemplo 47: ah:: não gostei desse tipo de quadro não... prefiro outros tipos.

[0701FbA16]

Exemplo 48: ah sinceramente... eu não gosto dessas coisas estranhas não. sei lá

essas coisas assim... muito elaboradas.. com negócio assim.. ah não... é

diferente.. mas particularmente não faz muito meu gosto não. [0261FaC04]

47 In the spoken language, verb negation may be expressed the same way as in the written language, that is, by simply preposing não to the verb. But it is more common to add a second occurrence of não. The positioning of the second não follows these rules:

1. The second não occurs at the end of the sentence (except in coordinated structures). 2. It negates the main clause, never the subordinate one, except for objective clauses, which

may be independently negated (if last in the sentence). In coordinated sentences with e and just one subject for both, the second não occurs at the end of the whole structure or at the end of the first sentence; it negates whatever precedes it. (Perini, 2002, p. 434)

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131

Além dos casos mencionados, os dados apontaram para a possibilidade

de o não vir acompanhado de outros elementos de valor negativo, como nada,

nenhum(a) e nunca, corroborando mais uma vez, a análise inicial.

Exemplo 49: posso falar a verDAde?... esse quadro tá faltando algo aí... faltando

mais detalhes aí... não dá prá gente entender NAda... dos desenhos... e:: e do

visual do quadro [0723McC16]

Exemplo 50: não consegui entender nada [0753FcB02]

Exemplo 51: O seu carro é XX .. eu também já tive um XX também e é::... esse

carro não vale nada .. não presta .. marca horrível [0782MbC18]48

Exemplo 52: eu não acho legal você deixar esse cabelo crescer não... que essa

aparência sua não inspira confiança nenhuma aqui na empresa [0793FbA11]

Exemplo 53: é:: não é nenhum Picasso.. mas dá prá enganar [0803MbA16]

Exemplo 54: boni::to mas prá mim não faz diferença nenhuma... eu recebo só...

só recebo ligações e faço ligações necessárias prá mim [0833FbA14]

Exemplo 55: pô achei hoRRÍvel cara.. não vou comer um negócio desses nunca

mais. [0251MbA04]

No caso de nunca, há, ainda, a possibilidade de ele ocorrer isoladamente

ou associado a nada.

Exemplo 56: é:: bom... prá quem aprecia deve tá uma bele::za... mas como eu não

sou... bom... nunca comi essa comida.. não achei muito boa... porque não estou

habitua::do.. mas.. tudo bem [0541MbA04]

Exemplo 57: bom:: [risos] eu adoREI você ter feito.. porque você NUNca faz

NAda... mas tá ruim... da próxima vez a gente tenta melhorar. [0312FaC01]

Tal como o caso da dupla negação, podemos ter a tripla negação,

constituída dos elementos de valor negativo citados inseridos entre dois

operadores de negação não. Vale destacar que nesse e nos demais casos em

que haja mais de um elemento de negação, um atua como reforço do outro.

Nesse sentido, Perini (2002) afirma o seguinte:

48 A marca do carro foi omitida.

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Análise e discussão dos dados 132

Um princípio geral do português é o de que várias negativas na mesma sentença dão ênfase uma à outra, em vez de se anularem, como acontece no inglês. Pode haver, portanto, até mesmo mais de duas. (Perini, 2002, p. 433)49

Os Exemplos 58, 59 e 60 representam casos em que se observou a tripla

negação.

Exemplo 58: não notei nenhuma diferença não [0823MbA08]

Exemplo 59: o importante é você gostar cara... eu não sou muito chegado não...

isso não me atrai não... esse quadro aí não me transmite nada não... mas eu

acho que você tem que fazer a tua vontade.. se você gostou isso é que é

importante [0823MbA16]

Exemplo 60: o::lha... o nariz não tem diferença nenhuma não... continua o mesmo

[0563McC09]

É preciso considerar também o fato de que a palavra não pode ter outros

valores discursivos além da negação. Segundo Andrade (2000),

O termo não, porém, tem enorme relevância em orações não só por ser um dos elementos básicos da negação, mas porque carrega inúmeros outros valores semânticos para os quais devemos atentar. A proposta deste trabalho está então vinculada à descrição dos diversos usos da palavra não, com foco mais intenso em situações em que esta tem um papel e valor semântico principais outros que não a de advérbio de negação. (Andrade, 2000, p. 9).

Tendo essa afirmação em vista, Andrade (2000) fez um trabalho descritivo

em que listou o uso do não como marcador conversacional para indicar o início

da tomada de turno, como marcador de estratégia de polidez e em frases

interrogativas. Complementarmente, estudou a forma contraída né. Nos dados

desta pesquisa, verificou-se a ocorrência do primeiro e do terceiro casos, ou seja

o não sendo utilizado como um marcador conversacional com a função de

apontar o começo do turno e em frases interrogativas, como nos exemplos que

seguem.

49 It is a general principle in Portuguese that several negatives in the same sentence reinforce each other, instead of canceling each other, as in English; thus, there may be even more than two. (Perini, 2002, p. 433)

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133

Exemplo 61: não.. tá tranqüilo.. tranqüilo.. só.. só tinha umas sujeiras aqui naquele

cantinho ali mas tá tranqüilo.. brigada. [0111FaC05]

Exemplo 62: Você não a::cha o carro um pouco peque::no e com a mecâ::nica

meio complica::da? [0211MbB18]

O núcleo da ‘Opinião Desfavorável Direta’ também pode ser constituído

por um ou mais itens lexicais marcados negativamente [- positivo], ao contrário

do que ocorre com a ‘Falsa Opinião Positiva’, descrita posteriormente, em

5.3.2.3, de cuja constituição fazem parte termos marcados positivamente

[+positivo]. Esse processo de elaboração da ODDcen está exemplificado a

seguir.

Exemplo 63: eu vou pedir prá você cortar esse cabe::lo... prá não dar má

impressão prá empresa... você está com um jeito de pessoa SUja e desleiXAda [0701FbA12]

Exemplo 64: não achei boa não... vou ser franco a você... eu pedi a você antes..

para que caprichasse na limpeza.. porque isso aqui é um escritório... é muita

gente.. então é:: muito ruim.. fica muito ruim pras pessoas quando chegarem

aqui.. encontrarem tudo assim.. desarrumado.. e você procura fazer as coisas com

mais atenção... com mais capricho [0723McC05]

Exemplo 65: ih ca::ra... tá muito feio... tá esquisito... você é um cara bran::co... cê

tem que jogar assim um castanho mais... essa cor tá forçando muito uma barra...

quem olha sabe que é tinta [0823MbA10]

Exemplo 66: não gostei muito não... é um sabor meio desagradável.. prá ser

sincera [0793FbA04]

Exemplo 67: pô... o teu carro é uma porcaria [0973McC18]

Nos casos apresentados acima, o significado negativo dos termos

marcados em negrito pode ser expresso pela seguinte relação:

Pessoa suja e desleixada = pessoa que não se limpa e que não se cuida.

Fica muito ruim = não fica bom

Tá muito feio... tá esquisito = não está bonito

É um sabor meio desagradável = o sabor não é agradável

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Análise e discussão dos dados 134

Teu carro é uma porcaria = teu carro não é nada bom.

A relação acima evidencia a polaridade negativa dos termos em negrito,

empregados pelos participantes deste estudo.

Igualmente inseridos na categoria de itens lexicais citada anteriormente,

pois têm também carga negativa, estão aqueles termos relacionados ao

xingamento, cujo intuito é insultar ou afrontar alguém. Desse modo, são

direcionados ao interlocutor e não ao objeto ou ação sobre o qual deveria recair

a opinião. Os exemplos numerados de 68 a 76 apresentam os xingamentos mais

empregados.

Exemplo 68: você é louco. [0231FbB07]

Exemplo 69: cê é LOUco::... cabelo grisalho é super charmo::so... por que você

pintou? [0272FbB10]

Exemplo 70: CAra... que paRAda de boiola é essa? [0321MaA10]

Exemplo 71: pô::xa cara... esse estilo aí meio maluco.. etc... essa arte moderna aí

é meio esquisita... mas até que tá maneirina.. as cores até que são bem...

coloridas.. coloridas [0921MbC16]

Exemplo 72: isso tá riDÍculo... uma paraiBAda isso daqui... pelo amor de Deus...

jardim de infância já passou. [0321MaA15]

Exemplo 73: tá parecen::do um paLHAço. [0141FcC17]

Exemplo 74: tá parecendo mais cores de transviado [0782MbC17]

Exemplo 75: cê é retardado de comprar esse negócio ruim? [0131FbB13]

Exemplo 76: ah:: amor::... tu é burro ou o que? você não sabe que essa marca é

Péssima?.. se estragar... o dinheiro vai sair do seu bolso. [0312FaC13]

Os xingamentos foram empregados por indivíduos de ambos os sexos,

tendo sido elaborados majoritariamente por pessoas da faixa etária 1 [17 a 25

anos]. Como era de se esperar, eles ocorreram mais freqüentemente nas

situações que retratavam o espaço da ‘Casa’ (DaMatta, 1997 [1979]; 1997; 1999

[1984]) e que envolviam amigos ou familiares [marido e mulher], pois, nesse

contexto, a proximidade / intimidade pode servir como elemento-chave para a

sua expressão. Apesar de ter sido em menor número, merece destaque também

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135

o fato de ter havido casos de xingamento nas situações que retratavam interação

entre vizinhos e entre chefe e empregado. No caso desta última, o xingamento

parece servir para marcar o distanciamento e a relação de poder do chefe sobre

seu empregado.

Na elaboração da ‘Opinião Desfavorável Direta’, observa-se, ainda, a

possibilidade de ocorrência de termos de reforço [upgrade], tal como os

encontrados por Pomerantz (1984) e Almeida (2000) em estudos acerca da

preferência e da não-preferência em construções de concordância e

discordância em inglês e português do Brasil, respectivamente (cf. Capítulo 3). O

tipo de reforço encontrado por ocasião da análise das respostas classificadas

como ODDcen envolve o uso dos seguintes intensificadores: realmente, tão,

bastante, muito e mesmo, tal como exemplificado a seguir.

Exemplo 77: é:: o sabor das... desses alimentos é completamen::te exó::tico... e

até um pouco agressivo prá mim... pro meu paladar... eu realmente não apreciei

algumas comidas.. por talvez não ter histórico daqueles sabores nesses paladares

tão novos [0622FaA04]

Exemplo 78: muito estra::nho... eu achei essa peça muito estranha... realmente

não gostei não [0793FbA06]

Exemplo 79: ah:: você ficou diferen::te... tão esquisito... tô achando que você ficou

mais velho... eu não sei.. eu tava acostumada com aquele seu cabelo.. né? assim..

sei lá.. você ficava com cara mais de nenenzinho... agora tá com uma cara

estranha... mas de qualquer modo eu gosto de você.. né? então logo logo eu vou

me acostumar com isso. [0432FaB07]

Exemplo 80: se fosse... se EU fosse você... eu não levaria pra casa esse quadro

não.. ele tem...é um pouquinho cafo::na ele não... não vai se adaptar muito bem a

tua... não é... não é aconselha:::vel você botar:: na sua parede um quadro de::sse

tão... tão vulgar [0453FbC16]

Exemplo 81: as cores são bastante gritantes hein? [0472FbC17]

Exemplo 82: eu já tive um modelo desse e achei realment::e bastante

insatisfatório. [0472FbC18]

Exemplo 83: muito feio. [0141FcC06]

Exemplo 84: pô:: tive um carro desses.. meu camarada... e o carro.. pô:: o motor

dele é muito ruIM.. muito aperTAdo.. minha família é GRANde.. tenho três filhos..

muLHER ...minha mulher tá GORda que nem uma baLEia... aí tive que trocar o

carro [0302MaB18]

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Análise e discussão dos dados 136

Exemplo 85: ah:: não gostei não... antes ta:va mais bonito... o::.. o jardim... não

gostei mesmo [0563McC15]

Ainda no papel de reforço [upgrade], foram também identificadas as formas

do superlativo horrível e péssimo.

Exemplo 86: não achei muito bom não, achei uma porcaria, você ficou horrível [0782MbC07]

Exemplo 87: o seu carro é XX .. eu também já tive um XX também e é esse carro

não vele nada .. não presta .. marca horrível [0782MbC18]50 Exemplo 88:

péssimo [0863FcC01]

Vale lembrar que as múltiplas negações, assunto abordado anteriormente

nesta seção, também se enquadram nos casos de reforço identificados.

Em 5.3.5, por ocasião da análise dos Elementos Periféricos, veremos, em

mais detalhes, que alguns deles dão, igualmente, ênfase à ‘Opinião

Desfavorável Direta’, como a ‘Repreensão’ (REPper) (cf. Exemplo 89) e a

‘Ameaça’ (AMEper) (cf. Exemplo 90), marcadas em negrito.

Exemplo 89: você podia ter me consultado antes de comprar porque essa

marca não é muito boa não [0281MaB13]

Exemplo 90: o::lha só... deixa eu te dizer uma coisa... eu não tenho NA::da contra

cabe:los gran:des... acho muito bonitos... quanto mais bem trata::dos melhor...

mas:: eu vou ser muito hones::ta com você... é::: isso tá fora do padrão da

empresa... e:::.. assim.. eu vou te avisar lo::go que se eu for chamada a atenção

quanto ao seu cabelo.. eu vou ter que conversar com você.. ou você vai ter que cortar:: ou:: então vou ter que te dispensar:: porque.. você já conhece as

nor:mas.. e sabe que esse perfil não é permitido aqui.. né? então você já tá avisa::do... depois você não reclama comi::go.. né? [0432FaB11]

Além das formulações compostas por reforço, foram novamente

encontradas, a exemplo do que foi apresentado por ocasião da análise dos

dados parciais, formulações com atenuadores, tais como algum / a e muito.

50 A marca do carro foi omitida.

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137

Exemplo 91: é:::... com relação a:.. a:.. a nossa comida do dia-a-dia... BAStante

diferente né?... algumas coisas eu gostei do sabor... outras não me apeteceu

[0572FbC04]

Exemplo 92: não ca:ra... tá tranqüilo.. não dá... não tá...não chega a incomodar

não... não é muito boa.. muito boa não... mas não chega a incomodar não

[0602MbA03]

No exemplo 91, o falante, ao opinar desfavoravelmente a respeito de um

jantar que lhe teria sido servido, refere-se a apenas algumas das iguarias

servidas [“outras não me apeteceu”] e minimiza o impacto sobre seu interlocutor

dizendo “algumas coisas eu gostei do sabor”. Em 92, temos, mais uma vez, o

emprego de ‘muito’ como atenuador. Com ele, o falante permite que seu

interlocutor entenda que a música, por não ser muito boa, pode ser razoável.

Deve-se considerar, também, a existência de Elementos Periféricos com

função de atenuador, tais como: ‘Falsa Opinião Positiva’51 (FOPper) e ‘Incentivo’

(INCper) – exemplificados a seguir.

Exemplo 93: eu achei um pouco confusa.. mas::... interessante [0201MaA02]

Exemplo 94: poxa.. seu.. seu cabelo pintado ficou muito artificial.. ficou meio

estranho... mas acho que com o tempo vai acabar melhorando.. relaxa

[0101FbB11]

Exemplo 95: amor:::... você fez uma surpre::sa.. mas essa marca.. assim.. eu já

ouvi dizer que não é a melhor do mercado [0292FaA13]

Esses elementos, por introduzirem idéia contrária àquela contida na

opinião de fato, vêm, com mais freqüência inseridos em estruturas adversativas.

5.3.2.1.2 Prefaciadores das formulações ODDcen

Por ocasião da descrição dos processos de elaboração da ‘Opinião

Desfavorável Direta’, foi possível verificar que essa é uma categoria da ‘Opinião

51 Sobre a ‘Falsa Opinião Positiva’ como elemento periférico (FOPper), consultar a seção 5.3.5.11 deste trabalho.

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Análise e discussão dos dados 138

Desfavorável’ em que se inserem aqueles enunciados cuja carga negativa é

explicitada verbalmente pelos participantes. Com isso, o falante deixa claro para

seu interlocutor sua real intenção comunicativa.

A análise dos dados permitiu, ainda, verificar que a intenção do falante

em proferir uma opinião desfavorável fica explícita e também reforçada quando

ele opta por empregar, além dos processos descritos, os marcadores que

seguem:

• na minha sincera opinião

Exemplo 96: na minha sincera opinião acho que não... acho que você deve

cortar o cabelo.. até prá::.. prá::.. prá cara da empresa... porque cabelo grande

não combina com a cara da empresa e com as metas que a gente tem que seguir

[0891MbC11]

• sinceramente

Exemplo 97: o::lha... sinceramen::te... eu não tô notando nada não...mas.. acho

que você tem que emagrecer mais ainda [0653MbB08]

• sinceramente?

Exemplo 98: sinceramente?... não achei que ficou bom não [0653MbB15]

• sinceridade

Exemplo 99: bem.. sinceridade.. não foi legal... prefiro falar a verdade.

[0381FbA02]

• me desculpa a sinceridade

Exemplo 100: ah:: sinceramen::te... eu preferia você como estava antes... não sei

se é porque tô acostuma::da.. né?... com seu jeito como era... mas é que ficou tão

esTRA::nho... sei lá... não pare:ce você... tá diferen::te tá esquisi::to... ai... cê me desculpa a sincerida::de... mas não dá pra disfarçar não... eu pelo menos não

gostei. [0432FaB10]

• prá / para ser [bem] sincero / a

Exemplo 101: amor... não gostei muito não.. prá ser bem sincero [0891MbC07]

• vou ser sincero

Exemplo 102: o::lha... não achei que ficou bom não meu amigo... vou ser sincero a você... você procura um outro médico que é especializado no assunto.. porque

esse aí estragou é com o seu nariz [0723McC09]

• Prá / para te dizer / falar a verdade

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139

Exemplo 103: cara... prá te falar a verdade não gostei [0891MbC10]

• na verdade

Exemplo 104: o::lha... na verdade eu eu já tive um veículo dessa marca né?...

desse mode::lo... não me adaptei... a ele tanto que troquei... mas se está sendo...

está atendendo bem ao seu prefil.. no caso.. com seu motorista de táxi... eu acho

que está tudo tranqüilo... não tem problema algum... prá mim.. eu não gostei

[0572FbC18]

• posso falar a verdade?

Exemplo 105: posso falar a verDAde?... esse quadro tá faltando algo aí...

faltando mais detalhes aí... não dá prá gente entender NAda... dos desenhos... e::

e do visual do quadro [0723McC16]

As formulações apresentadas nos exemplos anteriores (de 96 a 105)

podem ser consideradas alguns dos recursos à disposição do falante para

posicionar-se em relação a um conteúdo proposicional. Sobre este assunto, Ilari

(2001) faz a seguinte afirmação:

A linguagem corrente coloca à disposição do falante uma série de recursos destinados a precisar os limites dentro dos quais se compromete com uma determinada afirmação. Os usos desses recursos representa sempre uma intervenção do falante a propósito do conteúdo de sua mensagem. Os lingüistas reúnem às vezes esses recursos de intervenção sob a denominação genérica de modus, e falam de “modalizações de uma afirmação”. (Ilari, 2001, p. 34)

Dentre os exemplos de maneiras de modalização de uma afirmação

apresentados pelo autor mencionado, figura o “uso de advérbios que qualificam

a fala (não o conteúdo da fala)”. Um dos advérbios relacionados por Ilari (2001) é

‘para falar a verdade’ que, juntamente com outros, também faz parte, tal como

apresentado, do conjunto de possibilidades utilizado pelos participantes deste

estudo.

Tendo em vista que todas as expressões citadas envolvem o conceito de

sinceridade ou verdade e considerando o fato de que esses marcadores vêm,

normalmente, localizados imediatamente antes da opinião propriamente dita,

verifica-se que eles servem para que o falante prepare seu interlocutor para

receber a opinião desfavorável.

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Análise e discussão dos dados 140

Nesta seção, foram descritos os processos de elaboração da ODDcen

utilizados por todos aqueles que participaram desta pesquisa. A seguir, discutir-

se-á a respeito das relações que se estabelecem entre a ODDcen e as

formulações periféricas.

5.3.2.1.3 Constituição das formulações ODDcen

As 681 formulações pertencentes à categoria ‘Opinião Desfavorável Direta’

puderam ser agrupadas em função da observação da existência de alguns

padrões recorrentes, dando origem a 143 formas possíveis para elaborar essa

opinião, conforme apresentado na Tabela 5.1, apresentada abaixo.

Tabela 5.1: Resumo das formulações ODDcen

5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6

01 (ODDcen) 344

02 ODIper (ODDcen) 04

03 FOPper (ODDcen) 04

04 INCper (ODDcen) 01

05 PEDper (ODDcen) 08

06 RAZper (ODDcen) 19

07 REPper (ODDcen) 05

08 SUGper (ODDcen) 08

09 COMper (ODDcen) 06

10 AMEper (ODDcen) 02

11 DESper (ODDcen) 01

12 SUGper (ODDcen) SUGper 03

13 REPper (ODDcen) REPper 03

14 RAZper (ODDcen) RAZper 02

15 RAZper (ODDcen) SUGper 02

16 INCper (ODDcen) RAZper 01

17 FOPper (ODDcen) RAZper 02

18 REPper (ODDcen) SUGper 01

19 REPper (ODDcen) PEDper 01

20 FOPper (ODDcen) PEDper 01

21 NMOper (ODDcen) FOPper 01

22 PEDper (ODDcen) PEDper 02

23 ODIper (ODDcen) COMper 01

24 COMper (ODDcen) COMper 03

25 FOPper (ODDcen) SUGper 01

26 FOPper (ODDcen) COMper (ODDcen) 01

27 RAZper (ODDcen) COMper (ODDcen) 01

28 COMper (ODDcen) COMper SUGper 01

29 SUGper (ODDcen) SUGper (ODDcen) 01

30 REPper (ODDcen) PEDper COMper 01

31 RAZper (ODDcen) mas FOPper 01

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141

32 RAZper (ODDcen) mas COMper 01

33 ODIper (ODDcen) mas INCper 01

34 FOPper (ODDcen) mas FOPper 05

35 NMOper (ODDcen) mas INCper 01

36 FOPper (ODDcen) mas INCper 01

37 NMOper (ODDcen) mas NMOper 03

38 NMOper (ODDcen) mas FOPper 01

39 COMper (ODDcen) mas FOPper 01

40 COMper (ODDcen) mas COMper 01

41 PEDper (ODDcen) mas FOPper 01

42 PEDper (ODDcen) mas COMper 01

43 NMOper (ODDcen) INCper mas (ODDcen) 01

44 COMper (ODDcen) mas COMper (ODDcen) 01

45 FOPper (ODDcen) mas FOPper mas (ODDcen) 01

46 RAZper (ODDcen) RAZper (ODDcen) mas INCper 01

47 NMOper (ODDcen) mas COMper mas FOPper INCper 01

48 FOPper (ODDcen) ODIper mas INCper SUGper FOPper 01

49 COMper mas (ODDcen) 06

50 FOPper mas (ODDcen) 28

51 ELOper mas (ODDcen) 01

52 INCper mas (ODDcen) 01

53 NMOper mas (ODDcen) 01

54 RAZper mas (ODDcen) 02

55 FOPper só que (ODDcen) 02

56 COMper só que (ODDcen) 01

57 FOPper agora (ODDcen) 01

58 PEDper RAZper (ODDcen) 01

59 SUGper RAZper (ODDcen) 01

60 REPper ODIper (ODDcen) 01

61 FOPper mas (ODDcen) PEDper 01

62 FOPper mas (ODDcen) COMper 01

63 FOPper mas (ODDcen) RAZper 02

64 ELOper mas (ODDcen) INCper 01

65 ELOper mas (ODDcen) COMper 01

66 INCper mas (ODDcen) SUGper 01

67 NMOper mas (ODDcen) PEDper 01

68 FOPper só que (ODDcen) SUGper 01

69 COMper só que (ODDcen) SUGper 01

70 FOPper agora (ODDcen) RAZper 01

71 FOPper COMper (ODDcen) FOPper 01

72 FOPper só (ODDcen) mas FOPper 01

73 FOPper agora (ODDcen) mas FOPper 01

74 FOPper mas (ODDcen) COMper (ODDcen) 01

75 FOPper mas (ODDcen) mas NMOcen 01

76 FOPper só que (ODDcen) PEDper SUGper 01

77 FOPper PEDper (ODDcen) mas FOPper 01

78 COMper RAZper (ODDcen) mas INCper (ODDcen) 01

79 FOPper só que (ODDcen) FOPper mas (ODDcen) 01

80 NMOper mas (ODDcen) mas NMOper mas (ODDcen) 01

81 NMOper mas só que (ODDcen) 01

82 FOPper COMper agora (ODDcen) 01

83 ODIper INCper mas (ODDcen) 01

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Análise e discussão dos dados 142

84 FOPper COMper mas (ODDcen) 01

85 FOpper mas COMper (ODDcen) 02

86 NMOper mas FOPper (ODDcen) 01

87 FOPper mas REPper (ODDcen) 01

88 FOPper mas SUGper (ODDcen) 01

89 COMper mas RAZper (ODDcen) RAZper 01

90 ELOper FOPper mas (ODDcen) mas INCper 01

91 FOPper mas ODIper (ODDcen) agora FOPper 01

92 FOPper mas PEDper (ODDcen) mas INCper 01

93 FOpper COMper FOPper (ODDcen) mas FOPper 01

94 ODIper mas FOPper mas (ODDcen) 01

95 ODIper mas INCper mas (ODDcen) 01

96 COMper mas ODIper mas (ODDcen) 01

97 FOPper mas ODIper AMEper (ODDcen) AMEper 01

98 FOPper mas ODIper COMper mas (ODDcen) 01

99 (ODDcen) INCper 01

100 (ODDcen) RAZper 22

101 (ODDcen) REPper 08

102 (ODDcen) SUGper 21

103 (ODDcen) DESper 01

104 (ODDcen) AMEper 05

105 (ODDcen) COMper 05

106 (ODDcen) FOPper 02

107 (ODDcen) PEDper 15

108 (ODDcen) mas FOPper 14

109 (ODDcen) mas INCper 04

110 (ODDcen) mas COMper 01

111 (ODDcen) mas ELOper 01

112 (ODDcen) mas NMOper 02

113 (ODDcen) mas PEDper 01

114 (ODDcen) mas SUGper 01

115 (ODDcen) DESper COMper 01

116 (ODDcen) RAZper (ODDcen) 03

117 (ODDcen) NMOper (ODDcen) 01

118 (ODDcen) RAZper AMEper 01

119 (ODDcen) RAZper DESper 01

120 (ODDcen) COMper (ODDcen) 05

121 (ODDcen) REPper (ODDcen) 01

122 (ODDcen) COMper REPper 01

123 (ODDcen) COMper SUGper 01

124 (ODDcen) RAZper NMOper 01

125 (ODDcen) RAZper REPper 01

126 (ODDcen) SUGper COMper 01

127 (ODDcen) SUGper RAZper 01

128 (ODDcen) REPper RAZper 01

129 (ODDcen) mas FOPper COMper 01

130 (ODDcen) mas FOPper SUGper 01

131 (ODDcen) RAZper mas INCper 01

132 (ODDcen) PEDper mas FOPper 01

133 (ODDcen) RAZper mas NMOper 01

134 (ODDcen) mas ELOper INCper 01

135 (ODDcen) FOPper mas (ODDcen) 01

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143

136 (ODDcen) DESper FOPper DESper 01

137 (ODDcen) mas COMper (ODDcen) 02

138 (ODDcen) mas INCper mas (ODDcen) 01

139 (ODDcen) SUGper mas (ODDcen) REPper 01

140 (ODDcen) mas INCper SUGper ELOper 01

141 (ODDcen) mas SUGper mas FOPper 01

142 (ODDcen) COMper mas (ODDcen) mas INCper COMper 01

143 (ODDcen) PEDper ODIper mas INCper agora REPper 01

681

Ao contrário das outras categorias, a diferença entre a quantidade de

‘Opinião Desfavorável Direta’ que aparece de forma isolada e aquela que

aparece com o apoio de alguma formulação periférica é bastante reduzida:

50,51% contra 49,49%. Esse equilíbrio parece se justificar pelo fato de que a

‘Opinião Desfavorável Direta’ é, dentre as quatro categorias, aquela em que há

mais probabilidade de ameaça à face. Por conta disso, há mais necessidade de

elementos que minimizem o impacto na realização desse ato.

Tendo o exposto acima em vista, vale ressaltar que o primeiro padrão

observado diz respeito àquelas formulações de ‘Opinião Desfavorável Direta’

que são construídas isoladamente, como, por exemplo, “Eu acho que é ruim prá

empresa.” [0231FbB11]. Nesse caso, não há ocorrência de formulações

periféricas com a função de enfatizar ou amenizar a opinião desfavorável.

Os 142 padrões restantes incluem casos em que a ODDcen vem

associada a um ou mais elementos periféricos. Uma descrição mais detalhada

acerca de cada elemento periférico será apresentada em 5.3.5.

Com relação à posição desses elementos no enunciado, pode-se dizer que

eles podem ocupar três posições:

1. os elementos periféricos podem preceder a ODDcen.

Nos exemplos a seguir, a ODDcen está marcada em negrito. Em 106, ela é

precedida por um ‘Incentivo’. Nesse caso – uma situação que sugeria a interação

entre um casal – a informante, do sexo feminino, inicia sua fala sugerindo que a

atitude do seu interlocutor teria sido positiva, deixando subentendido que gosta

de surpresa. A seqüência, no entanto, ao ser introduzida pela adversativa mas,

já aponta a opinião desfavorável.

Já em 107, como a apresentação não foi compreendida pelo falante, ele

inicia sua fala pedindo ao chefe que faça nova explicação. Por conta dessse

aspecto, o elemento periférico em questão é o ‘Pedido’.

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Análise e discussão dos dados 144

Exemplo 106: amor:::... você fez uma surpre::sa.. mas essa marca.. assim.. eu já ouvi dizer que não é a melhor do mercado [0292FaA13]

Exemplo 107: poderia me explicar novame:nte porque::: eu não entendi:... o que o senhor falou [0141FcC02]

2. os elementos periféricos podem suceder a formulação da ODDcen.

Nesse caso, o falante já inicia sua fala com a ODDcen, deixando para o

final a tarefa de acentuar essa opinião ou atenuá-la. Em 108, a ‘Repreensão’ é o

elemento periférico que tem a função de reforçar a ODDcen. Já em 109, a

‘Sugestão’, parece indicar um comprometimento maior do falante com o assunto

em pauta, pois, a partir do que vê, sugere soluções com base em sua própria

experiência.

Exemplo 108: eu achei que você não fez quase nada... porque que tá assim? cê

lembra do que eu pedi para você fazer? porque que cê não fez.. assim? você pode

explicar? [0342MbC05]

Exemplo 109: Não gosto muito de branca de neve NÃO ficaria melhor se

pusesse mais árvores, um:: copo de leite, um:: girassol...; [0162FbC15]

3. os elementos periféricos antecedem e sucedem a ODDcen.

A combinação de elementos periféricos, nesse caso, pode ser bastante

diversificada. É possível encontrar dois ou mais elementos com função de

minimizar a força da ODDcem ou o inverso – elementos empregados com o

intuito de reforçar a ODDcen. Pode haver também uma mistura desses

elementos. O Exemplo 110 apresenta uma ODDcen precedida por um ‘Elogio’ e

sucedida por um ‘Incentivo’. Nesse caso, os elementos atuam no sentido de

salvaguardar a face dos participantes. Já em 111, temos, tanto à direita quanto à

esquerda da ODDcen, o elemento periférico denominado ‘Repreensão’,

reforçando a opinião expressa.

Exemplo 110: bom:: [risos] eu adoREI você ter feito.. porque você NUNca faz NAda... mas tá ruim... da próxima vez a gente tenta melhorar [0312FaC01]

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145

Exemplo 111: porra mi::na... porque tu não foi coMIgo?... me chamou pra ir

com...conTIgo pra comprar?... agora tu comprou essa marca aí que é uma MERda... pu:: depois quem vai ter que pagar o conserto sou EU... porra.. só faz

merda [0302MaB13]

A análise mais detalhada da categoria ‘Opinião Desfavorável Direta’

permitiu a elaboração de um quadro mais pormenorizado e a identificação dos

processos disponíveis aos falantes e aprendizes de português do Brasil para sua

construção. De forma resumida, sua elaboração se processa tendo em vista os

critérios apresentados na Figura 5.3.:

Figura 5.3: Elaboração da ‘Opinião Desfavorável Direta’

A ‘Opinião Desfavorável Direta’ é apenas uma das possibilidades para

elaboração da ‘Opinião Desfavorável’. Nas seções a seguir serão apresentadas

as demais categorias. Em 5.3.3 e 5.3.4, verificar-se-á em que medida as

variáveis contextuais e o perfil dos participantes interferem na escolha das

diferentes categorias de ‘Opinião Desfavorável’.

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Análise e discussão dos dados 146

5.3.2.2 Opinião Desfavorável Indireta (ODIcen)

Por ocasião da descrição da ‘Opinião Desfavorável Direta’, verificou-se

que esta se caracteriza, primordialmente, pela presença de termos de polaridade

negativa. No caso da ‘Opinião Desfavorável Indireta’, conforme mencionado em

5.3.1.2, seção em que os dados parciais desta categoria foram analisados,

observa-se a tentativa dos falantes de evitar a expressão direta de uma opinião

que seja desfavorável e, com isso, evitar ameaças à face do seu interlocutor à

sua própria (cf. Teoria da Polidez - Capítulo 3). Isso se dá em função do fato de

que a expressão implícita, característica da ODIcen, oferece aos falantes de um

dado idioma “inesgotáveis recursos comunicativos em matéria de polidez.”52

(Charaudeau e Maingueneau, 2004, p. 272).

No caso da ‘Opinião Desfavorável Indireta’, ver-se-á, a partir da análise

total dos dados, que esta exige que os interlocutores estejam, então,

sensibilizados para o fato de que, em muitas ocasiões, dizemos mais do que o

sentido primeiro das palavras. Isso exige, por parte dos participantes, um

trabalho interpretativo a fim de reconhecer os conteúdos implícitos. Charaudeau

e Maingueneau (2004), no verbete em que tratam do implícito, abordam esse

trabalho interpretativo da seguinte maneira:

O trabalho interpretativo consiste, pois, em combinar as informações extraídas do enunciado com certos dados contextuais, graças à intervenção das regras da lógica natural e das máximas conversacionais, para construir uma representação semântico-pragmática coerente e verossímil do enunciado. O cálculo dos subentendidos é um procedimento complexo, que faz intervir diversas competências, e que pode fracassar ou levar a resultados errôneos – versão fraca: o subentendido não é percebido, o que constitui para a comunicação uma espécie de pequena catástrofe (...); versão forte, e mais catastrófica ainda: é o mal-entendido, espécie de erro de cálculo cometido pelo destinatário. Os conteúdos explícitos colocam, evidentemente, menos problemas para os interlocutores.53 (Charaudeau e Maingueneau, 2004, p. 271)

A questão do implícito está presente na resposta transcrita no Exemplo

112. Essa resposta foi elaborada para a situação que exigia que o chefe emitisse

uma opinião acerca de duas camisas compradas por seu subordinado.

Exemplo 112: NO::ssa... quase fiquei cega. [0361FaA17] 52 Grifo no original. 53 Grifos no original.

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147

Um aprendiz de PL2E, por exemplo, poderia, em um primeiro momento,

perguntar-se a razão de o falante ter proferido tal resposta. Tal dúvida advém do

fato de a relação entre a resposta e a opinião esperada não ser explícita, pois há

mais no nível do não-dito do que no nível do dito. No entanto, considerando a

máxima da relevância estabelecida por Grice (1979), parte-se do princípio de

que aquilo que foi dito é relevante naquele dado contexto e está relacionado ao

que foi solicitado/perguntado.

O trabalho interpretativo associado à compreensão da resposta

apresentada no Exemplo 112 exige que a relação estabelecida no enunciado

proferido pelo informante 0361FaA na situação 17 seja compreendida. Tal

relação prevê que ficamos “cegos” quando, por exemplo, uma luz muito forte

incide sobre nossos olhos. Normalmente é uma situação considerada

desagradável aos sentidos. Transferindo isso para a situação apresentada,

conclui-se que o que se quis dizer é que as cores das camisas eram muito fortes

e desagradáveis aos olhos de quem estava emitindo a opinião.

A seguir, outros exemplos serão apresentados com o objetivo de discutir

em mais detalhes a elaboração da ‘Opinião Desfavorável Indireta’.

5.3.2.2.1 Processo de elaboração da Opinião Desfavorável Indireta

Das 1620 respostas que integram o corpus desta Tese, 295 – o

equivalente a 18,21% - foram classificadas como ‘Opinião Desfavorável Indireta’

ou ODIcen (cf. Gráfico 5.2 – Distribuição da Opinião Desfavorável).

Tal como exposto em 5.3.2 e no início desta seção, a característica

principal da ‘Opinião Desfavorável Indireta’ foi confirmada pela análise do

conjunto de dados. O processo de elaboração da ODIcen envolve,

necessariamente, a questão do implícito.

Essa mesma análise permitiu traçar de modo mais detalhado uma

descrição das estratégias empregadas pelos falantes durante o processo de

elaboração da ODIcen.

Uma primeira maneira de evitar emitir de forma direta uma opinião

desfavorável envolve o recurso à comparação. Ao dizer, por exemplo, que um

outro objeto é melhor ou que a aparência física anterior de alguém seria mais

bonita, o falante, na verdade, deixa subentendido que o objeto a respeito do qual

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Análise e discussão dos dados 148

está opinando não é bom ou que a pessoa está feia. Os exemplos a seguir (de

113 a 122) se enquadram nesse tipo de processo de elaboração da ODIcen.

Exemplo 113: oh... meu amor... não tinha um aparelho um pouco melhor... uma marca melhor não? [0402FbB13]

Exemplo 114: pô::.. ca::ra... sei lá... eu acho que você tava melhor an::tes... mas

se você tá::... se você acha legal assim... eu acho que esse nego::cio do cabe::lo

ser bran::co não tem nada a ver... se... se você prefere pintar.. eu prefiro... prá

mim ta::va bom do jeito que ta::va... assim... eu como teu amig::o... eu acho que

você até se dava melhor com as mulheres [0502MbC10]

Exemplo 115: acho que você tem que aparar mais o cabe::lo.. e:: aparecer na empresa com uma performance melhor [0521MbA11]

Exemplo 116: achei que poderia ter ficado melhor [0551FaC05]

Exemplo 117: o::lha... Carlos... eu acho que.. antes de você comprar.. você devia

ter falado comigo.. porque DVD a gente tem que ter... é::: pedir opinião pras

pessoas que já têm.. prá ver... por exemplo.. esse DVD que você comprou é mais

barato.. mas as instruções dele vêm toda em inglês... e a gente não sabe inglês..

assim.. perfeitamen::te prá ficar lendo tudo... enquanto eu tenho colegas que compraram um DVD melhor.. um pouquinho mais caro.. mas vem com as

instruções todas em português... ficaria muito mais fácil prá gente manusear

[0713FaA13]

Exemplo 118: o natural era melhor [0813FaA09]

Exemplo 119: o antigo era mais SE:xy. [0162FbC10]

Exemplo 120: eu acho que você deveria ter comprado uma MARca um pouco mais::... confiá::vel... podia até ser mais cara.. mas.. mais confiável.

[0181MaB13]

Exemplo 121: podia ser um pouco mais moderno. [0231FbB15]

Exemplo 122: poderia ter sido mais clara [0551FaC02]

Em todos os exemplos se observa o emprego do comparativo de

superioridade, identificado pelo uso de mais ou da forma sintética melhor.

Merece destaque também a informação de que nas mesmas formulações o

segundo termo da comparação não está expresso. Desse modo, a opinião de

fato – que está contida no segundo termo da comparação – está implícita.

A esse respeito, Neves (2000) afirma o seguinte:

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149

A oração comparativa (segundo termo da comparação) pode estar completamente elíptica. Nesse caso, o segundo termo comparativo tem de ser reconstituído a partir do contexto ou do conhecimento compartilhado entre os interlocutores, e, muitas vezes, sua reconstituição é totalmente subjetiva. (Neves, 2000, p. 912)

Expandindo, por exemplo, a resposta apresentada no Exemplo 120,

teríamos o seguinte enunciado “eu acho que você deveria ter comprado uma

MARca um pouco mais::... confiá::vel... podia até ser mais cara.. mas.. mais

confiável do que essa que você comprou.”. O trecho em negrito representa,

portanto o segundo termo da comparação onde se completa a opinião

desfavorável.

Outro processo possível para a elaboração da ODIcen diz respeito à

formulação de uma sugestão, como os exemplos que seguem.

Exemplo 123: eu a:cho que:: você deveria cortar o caBElo.. senão vai prejudicar

a minha firma. [0141FcC11]

Exemplo 124: você deveria cortar o seu cabe:lo. [0181MaB11]

Exemplo 125: eu acho que você é que deveria fazer uma nova plástica.

[0181MaB12]

Exemplo 126: você deveria cantar mais baixo e em outro horário. [0381FbA03]

Exemplo 127: eu só acho que você poderia cantar um pouquinho mais baixo..

para não incomodar. [0162FbC03]

Exemplo 128: cê poderia treinar um pouquinho mais... prá melhorar né?.. e não

ficar achan::do assim que está incomodando muito as pessoas [0701FbA03]

Exemplo 129: cê podia pelo menos aparar as pontas. [0371MbB11]

Exemplo 130: melhor cortar. [0191FbB11]

Observa-se, de modo mais freqüente, estruturas elaboradas com os

verbos dever e poder no futuro do pretérito ou no imperfeito. A utilização desse

recurso deixa entrever que o falante tem a intenção de sugerir ao seu interlocutor

que tome alguma atitude, como cortar o cabelo (Exemplos 123, 124, 129 e 130),

fazer uma plástica (Exemplo 125) ou cantar mais baixo (Exemplos 126, 127 e

128). Ao fazer tais sugestões, está implícita a opinião de que o corte de cabelo

atual não está bom, a aparência física não está boa e o canto não é agradável.

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Análise e discussão dos dados 150

Existe, ainda, a possibilidade de o falante expressar preferência por um

bem/posse, aparência ou habilidade diferente daquele a respeito do qual está

emitindo sua opinião.

Exemplo 131: eu prefiro a nossa comidinha brasileira. [0402FbB04]

Exemplo 132: eu prefiro o antigo... cê ficava muito mais bonito [0472FbC10]

Exemplo 133: é::.. diferen::te.. mas eu prefiro uma carne de sol [0632MaA04]

Exemplo 134: eu prefiro homens de cabelo natural [0813FaA10]

Exemplo 135: pô:: cara.. meio diferente... mas eu prefiro ainda o feijão e arroz da mamãe... na boa [0921MbC04]

Exemplo 136: Você sabe que eu prefiro seus cabelos longos [0982MbC07]

Exemplo 137: Bem.. na verdade eu preferia o original... o anterior. [0181MaB09]

Exemplo 138: preferia como tava antes. [0281MaB07]

Exemplo 139: Amor ficou bom... mas.. assim..eu preferia o anterior porque eu já

estava acostumada. [0292FaA07]

Exemplo 140: eu preferia como era... homens ficam sempre bem de cabelo

branco. [0361FaA10]

Exemplo 141: preferia o cabelo grisalho. [0402FbB10]

Exemplo 142: ah ficou legal... tá coerente com seu com seu rosto e tal... mas eu

preferia.. cê sabe que eu gosto de cabelo comprido.. eu preferia cabelo comprido.. não vou mentir prá você que eu preferia.. cê sabe disso.. mas tá legal..

o cara fez um bom trabalho.. mas eu preferia cabelo comprido.. cê sabe

[0511MbB07]

Exemplo 143: preferia o anterior... você era mais feminina prá mim [0823MbA07]

Exemplo 144: é.. eu achei mais ou menos mas eu preferia você com os cabelos brancos você fica bem melhor com o cabelo natural [0843MbB10]

Exemplo 145: Eu prefiro cores mais discretas. [0231FbB17]

Exemplo 146: meu amor::.. que que você fez com o seu caBE::lo? Até que ficou

bem:: boni:to.. só que DEIxa ele crescer.. deixa.. por favor.. eu gosto tanto dele comprido. [0101FbB07]

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151

Exemplo 147: está uma delí::cia.. mas é::.. preferiria que::... me passa o sal aí

amor.. porque tá:: meio::... eu gosto de mais salga::do... hoje me deu vontade de

comer mais salgado [0541MbA01]

A expressão da preferência conforme apresentada pelos exemplos

anteriores (de 131 a 147) tem implícita a mensagem de que aquilo que está sob

julgamento não agrada. Ao dizer, por exemplo, “eu prefiro cores mais discretas”,

o falante sinaliza para seu interlocutor que (1) aquela cor não é discreta e (2)

aquela cor não me agrada. O mesmo processo de interpretação ocorre com o

enunciado exemplificado em 143: “preferia o anterior... você era mais feminina”.

Ao proferi-lo, o falante diz (1) com esse corte você não está feminina, (2) não

gosto desse corte.

A elaboração da ‘Opinião Desfavorável Indireta’ pode, eventualmente,

envolver também mais de um dos processos apresentados anteriormente, como

no exemplo apresentado a seguir.

Exemplo 148: é.. eu achei mais ou menos mas eu preferia você com os cabelos brancos você fica bem melhor com o cabelo natural [0843MbB10]

Temos, nesse caso, uma associação da expressão da preferência [“eu

preferia você com os cabelos brancos”] com a comparação [“você fica bem

melhor com o cabelo natural”].

A ironia, tal como identificada nos dados parciais, foi verificada também por

ocasião da análise total dos dados. Enquadram-se no caso da ironia, os

exemplos listados a seguir.

Exemplo 149: ah... tá boa::.. mas.. acho::... que podia tá melhor.. você tem certeza

que... cê cozinhou diREIto? [0211MbB01]

Exemplo 150: que plástica? [0222MaB09]

Exemplo 151: você limpou isso aqui? [0321MaA05]

Exemplo 152: você limPOU? [0191FbB05]

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Análise e discussão dos dados 152

Apesar de terem sido formulados como perguntas, os enunciados

exemplificados acima na verdade não exigiam uma resposta. O objetivo primeiro

seria fazer o interlocutor se dar conta de que haveria algo errado, sem

necessariamente mencionar isso de forma explícita.

Apesar de a marca da ODIcen ser o implícito, há meios possíveis de

reforçar ou atenuar a opinião expressa. No caso da ODIcen, são os elementos

periféricos que podem atuar como reforço ou atenuador. Aqueles que têm função

primeira de reforçar a opinião desfavorável implícita na ODIcen são a ‘Ameaça’ e

a ‘Repreensão’, por exemplo.

Exemplo 153: Se você quiser continuar: com o seu empre:go, corte o seu

cabe:lo [0201MaA11]

Exemplo 154; Poxa amor.. sinceramente eu não esperava que você fosse fazer isso.. eu gostava tanto do seu cabelo comprido.. [0111FaC07]

Já aquele elemento periférico que atua como atenuador é, mais

freqüentemente, a FOPper, conforme exemplificado a seguir.

Exemplo 155: não cara... poxa... tartaruga poderia ser mais bonitinha... não... mas

pô:: tá maneiro... tá maneiro... essa arte moderna aí você sabe como é né?... mas tá bom.. tá bom.. tá bom.. tá bom [0921MbC06]

Os processos empregados pelos informantes desta pesquisa para

elaborarem a ‘Opinião Desfavorável Indireta’ foram descritos. A seguir, será

esboçado um panorama de como as formulações periféricas se integram às

formulações ODIcen.

5.3.2.2.2 Constituição das formulações ODIcen

Tal como visto anteriormente, houve 295 ocorrências de enunciados

classificados como ‘Opinião Desfavorável Indireta’. Em função da existência de

características semelhantes entre diversos enunciados, estes foram agrupados.

Desse modo, foram identificados 68 padrões recorrentes, listados na Tabela 5.2.

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153

Tabela 5.2: Resumo das formulações ODIcen

4 3 2 1 0 1 2 3 4 5

01 (ODIcen) 170

02 NMOper (ODIcen) 01

03 COMper (ODIcen) 04

04 FOPper (ODIcen) 06

05 INCper (ODIcen) 01

06 RAZper (ODIcen) 01

07 REPper (ODIcen) 03

08 PEDper (ODIcen) 03

09 AMEper (ODIcen) 01

10 FOPper (ODIcen) FOPper 01

11 RAZper (ODIcen) AMEper 01

12 NMOper (ODIcen) SUGper 01

13 PEDper (ODIcen) PEDper 01

14 REPper (ODIcen) COMper 01

15 REPper (ODIcen) REPper 01

16 COMper (ODIcen) DESper 01

17 AMEper (ODIcen) COMper AMEper 01

18 FOPper (ODIcen) mas FOPper 01

19 NMOper (ODIcen) mas FOPper 01

20 FOPper (ODIcen) SUGper mas (ODIcen) 01

21 até que FOPper (ODIcen) 01

22 FOPper mas (ODIcen) 21

23 FOPper só (ODIcen) 02

24 FOPper só que (ODIcen) 03

25 FOPper agora (ODIcen) 01

26 COMper mas (ODIcen) 01

27 NMOper mas (ODIcen) 01

28 FOPper SUGper (ODIcen) 01

29 NMOper INCper (ODIcen) 01

30 FOPper mas (ODIcen) REPper 02

31 FOPper mas (ODIcen) PEDper 03

32 FOPper mas (ODIcen) COMper 01

33 FOPper mas (ODIcen) mas FOPper 02

34 FOPper só que (ODIcen) mas FOPper 03

35 FOPper só que (ODIcen) mas FOPper INCper 01

36 FOPper só que (ODIcen) REPper mas FOPper 01

37 FOPper mas (ODIcen) mas FOPper mas (ODIcen) 01

38 FOPper mas (ODIcen) FOPper mas (ODIcen) mas FOPper 01

39 FOpper mas PEDper (ODIcen) 01

40 COMper FOPper mas (ODIcen) 01

41 FOPper REPper FOPper mas (ODIcen) mas FOPper 01

42 REPper até que FOPper só que (ODIcen) 01

43 (ODIcen) FOPper 01

44 (ODIcen) COMper 02

45 (ODIcen) INCper 06

46 (ODIcen) PEDper 03

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Análise e discussão dos dados 154

47 (ODIcen) RAZper 02

48 (ODIcen) REPper 03

49 (ODIcen) SUGper 03

50 (ODIcen) ELOper 01

51 (ODIcen) RAZper (ODIcen) 01

52 (ODIcen) mas FOPper 05

53 (ODIcen) mas INCper 01

54 (ODIcen) mas NMOper 01

55 (ODIcen) mas PEDper 01

56 (ODIcen) mas REPper 01

57 (ODIcen) mas SUGper 01

58 (ODIcen) FOPper mas (ODIcen) 01

59 (ODIcen) REPper mas FOPper 01

60 (ODIcen) SUGper mas FOPper 01

61 (ODIcen) RAZper (ODIcen) COMper 01

62 (ODIcen) mas COMper (ODIcen) 01

63 (ODIcen) mas RAZper (ODIcen) 01

64 (ODIcen) mas FOPper mas (ODIcen) 01

65 (ODIcen) mas PEDper mas REPper 01

66 (ODIcen) mas RAZper mas INCper 01

67 (ODIcen) RAZper (ODIcen) FOPper mas PEDper 01

68 (ODIcen) mas FOPper SUGper mas FOPper SUGper 01

Uma comparação entre os padrões possíveis para a elaboração da

ODIcen revela que ela ocorre preferencialmente de forma isolada, sem o apoio

de ‘Formulações Periféricas’. São 57,63% contra 42,37%. Outro dado revelador

é a presença constante da ‘Falsa Opinião Positiva’ atuando como elemento

periférico (FOPper). Isso significa que, além de a ODIcen ser, por si só, um

recurso de polidez para evitar a emissão direta da opinião desfavorável, o falante

utiliza mais um recurso que tem a mesma finalidade. Tanto a FOPper quanto os

outros elementos periféricos serão objeto de análise mais detalhada em 5.3.5.

Tal como ocorreu por ocasião da análise da ‘Opinião Desfavorável Direta’,

foi possível verificar que os elementos periféricos, com relação à ODIcen,

podem também ocupar três posições possíveis, marcadas em negrito nos

exemplos:

1. precedendo a ODIcen

No exemplo a seguir, a ODIcen “o meu negócio é mais arroz e feijão” deixa

implícita, conforme já visto, a mensagem de que a comida oferecida na verdade

não agradou. Isso é corroborado pela presença do elemento adversativo só que

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155

para introduzir a ODIcen. Além da opção pela ODIcen, o falante, com a intenção

de atenuar ainda mais a emissão da sua opinião, optou por introduzir sua fala

com o elemento periférico ‘Falsa Opinião Positiva’, em negrito no exemplo.

Exemplo 156: o::lha... na realida:de muito legal... só que o meu negócio é mais

arroz e feijão [0531MbC04]

2. sucedendo a ODIcen

No enunciado que segue, a ODIcen é reforçada pelo elemento periférico

‘Razão’.

Exemplo 157; Eu a:cho que:: você deveria cortar o caBElo.. senão vai prejudicar a minha firma [0141FcC11]

3. precedendo e sucedendo a ODIcen

No caso a seguir, a ODIcen está inserida entre duas estruturas de

formulação periférica FOPper. Além disso, há também, finalizando a fala, o

elemento periférico ‘Incentivo’. Vale destacar que a transição da FOPper para a

ODIcen e desta para a FOPper seguinte é marcada pela presença de elementos

de valor adversativo [só que e mas].

Exemplo 158: Olha.. tá tu:do lin::do.. tá tudo mu::ito fofo.. só que (pausa) a

comida tá um pouQUI::nho sem sal e cê precisa de cozinhar um pouQUInho mais

esse seu arroz.. mas tá Ótimo.. vamos continuar comendo [0101FbB01]

Nesta seção, foi apresentada uma descrição mais detalhada da

categoria da ‘Opinião Desfavorável’ denominada ‘Opinião Desfavorável Indireta’.

A Figura 5.4, apresentada adiante, sintetiza os processos possíveis para sua

elaboração.

A ‘Opinião Desfavorável Indireta’ pode ser considerada, conforme visto,

como uma forma indireta e, portanto, polida de emitir uma ‘Opinião

Desfavorável’. Nas seções seguintes serão analisadas outras duas categorias

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Análise e discussão dos dados 156

que têm este mesmo perfil: a ‘Falsa Opinião Positiva’ e a ‘Não Manifestação de

Opinião’.

Figura 5.4: Elaboração da ‘Opinião Desfavorável Indireta’

5.3.2.3 Falsa Opinião Positiva (FOPcen)

Conforme exposto mais brevemente em 5.3.1.3, a denominação dada a

esta categoria da ‘Opinião Desfavorável’ foi cunhada levando, inicialmente, em

consideração o fato de que todas as formulações pertencentes a esta categoria

apresentam pelo menos um item lexical marcado positivamente [+positivo], como

ilustram os exemplos a seguir.

Exemplo 159: Ah.. muito bonito. [0152FbA14]

Exemplo 160: Muito interessan::te... uma coisa muito útil para a vida moderna.

[0181MaB14]

As palavras grifadas, no entanto, foram empregadas pelos participantes

desta pesquisa não com o intuito de emitir uma opinião verdadeiramente

positiva, mas com a intenção de minimizar para o interlocutor o impacto da

opinião desfavorável, cuja emissão estava prevista nas situações apresentadas

aos noventa participantes. Isso significa que, mesmo sabendo que a opinião a

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157

ser formulada deveria ter uma carga negativa, os falantes optaram, em algumas

ocasiões, por formulações que continham itens marcados positivamente. Dessa

característica adveio, então, o conceito de ‘falsa’ que compõe o nome da

categoria, pois, na verdade, em nenhuma das respostas listadas acima os

falantes tinham a real intenção de formular uma opinião favorável.

A opção por uma ‘Falsa Opinião Positiva’, ou FOPcen54, indica certa

preocupação, por parte daquele que tem a tarefa de emitir a opinião, em não

agredir seu interlocutor, nem ameaçar sua face. Além disso, denota também sua

intenção em salvaguardar a própria face (cf. Capítulo 3). Mais adiante, trata-se-á

dos contextos em que esse tipo de estratégia foi mais empregada.

5.3.2.3.1 Processo de elaboração da Falsa Opinião Positiva

Do total de respostas que compõe o corpus desta pesquisa, 405, o

equivalente a 25% (cf. Gráfico 5.2 – Distribuição da Opinião Desfavorável), foram

classificadas como exemplares de ‘Falsa Opinião Positiva’. Conforme visto, a

característica desse tipo de formulação é a existência de palavras ou estruturas

que valorizem o tópico a respeito do qual deve versar a opinião, como os

exemplos que seguem.

Exemplo 161: está ótima. [0241FbC01]

Exemplo 162: pôxa ficou muito bom... ficou muito legal mesmo. [0281MaB15]

Exemplo 163: ah... o jardim agora ficou bem mais alegre.. ficou colori::do.. e tal...

criança é que vai adorar. [0292FaA15]

Exemplo 164: poxa... eu acho que você vai marcar a maior presença usando

essas roupas. [0332FaA17]

Exemplo 165: hum:: show de bola [0921MbC01]

Na elaboração da ‘Falsa Opinião Positiva’, sobretudo na fala feminina,

foram também empregados termos avaliativos em sua forma diminutiva,

54 FOPcen em oposição a FOPper. Enquanto a primeira sigla se refere à ‘Falsa Opinião Positiva’ como formulação central, a segunda diz respeito à possibilidade de a FOP funcionar como formulação periférica.

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Análise e discussão dos dados 158

principalmente o termo ‘bonitinho’, conforme apresentado nos Exemplos 166 e

167.

Exemplo 166: ahh.. boniti::nho.. [e mudo de assunto] [0111FaC15]

Exemplo 167: eu achei que ficou bonitinho... mas não sei se vai durar muito

tempo. [0422FbC13]

Há, ainda, incidência de termos de reforço [upgrade] na construção da

‘Falsa Opinião Positiva’, como os encontrados por ocasião da análise da

‘Opinião Desfavorável Direta’. No corpus desta pesquisa, considerando em

especial as respostas classificadas como FOPcen, o tipo de reforço [upgrade]

identificado foi o uso de intensificador que modifica o termo avaliativo

empregado, tais como: realmente, tão, bem, bastante, muito e mesmo.

Exemplo 168: realmente ficou LINdo. [0241FbC15]

Exemplo 169: realmente... você tá com uma nova forma física... [0723McC08]

Exemplo 170: comida tá tão gosTOsa.. ném55... [0632MaA01]

Exemplo 171: até que seu jardim ficou bem meigo com essas... coisas de branca

de neve.. [010 1 F b B 15]

Exemplo 172: ficou um trabalho bem interessante... você se esforçou muito... [013

1 F b B 06]

Exemplo 173: tá bem jovem [048 2 F b B 12]

Exemplo 174: bastante interessante. [0181MaB06]

Exemplo 175: achei realmente a família bastante agradável. [0472FbC15]

Exemplo 176: bastante produti::va [0521MbA02]

Exemplo 177: o senhor tá muito bem .. emagreceu [0782MbC08]

Exemplo 178: muito criativo [0963MbA06]

Exemplo 179: bom.. bom.. muito bom [0973McC15]

Exemplo 180: (...) achei bom mesmo [0563McC14]

55 Apelido carinhoso. Redução de neném.

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159

Há, ainda, a incidência, em menor número, de formas no superlativo, como

por exemplo, maneiríssimo e ótimo.

Exemplo 181: achei que ficou ótimo. [0281MaB09]

Exemplo 182: achei ótimo. [0943MbC09]

Exemplo 183: estava ótimo. [0992MbC01]

Exemplo 184: é::.. maneiRÍssimo.. POxa.. realmente.. tira foto.. toca mp3.. tem

rádio AM/FM.. filma.. grava.. faz tudo... daqui a pouco ele vai tá andando

sozinho... cuiDAdo... cuida bem dele. [0121FaB14]

Verificou-se, ainda, a existência de respostas com duplo reforço. Isso

significa que, dos termos listados anteriormente, pode haver a ocorrência

simultânea de dois deles, tal como exemplificado a seguir.

Exemplo 185: pôxa muito bonitas mesmo. [0281MaB17]

Exemplo 186: é.. me parece bem legal mesmo.. bem espaçoso.. me parece

silencioso também.. bonito.. legal.. legal. [0111FaC18]

Exemplo 187: muito bonito. Como você conseguiu fazer algo tão boNIto.

[0241FbC06]

Exemplo 188: incrível... apaRElho realMENte muito BOM. [0241FbC14]

Exemplo 189: realmente o celular é muito bonito... queria ter um desses.

[0131FbB14]

Exemplo 190: ah... o jardim agora ficou bem mais alegre.. ficou colori::do.. e tal

criança é que vai adorar. [0292FaA15]

Nesta seção foi possível, então, verificar como os informantes desta

pesquisa, todos falantes de Português do Brasil, construíram a ‘Falsa Opinião

Positiva’. A seguir, o tópico versará a respeito das pistas deixadas por esses

falantes para indicar ao interlocutor que a opinião expressa não era de fato uma

opinião positiva.

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Análise e discussão dos dados 160

5.3.2.3.2 Falsa Opinião Positiva X Opinião Positiva

Conforme mencionado em passagens anteriores, objetivava-se, com o

DCT elaborado para esta pesquisa, coletar amostras de opinião desfavorável.

Mesmo que as situações exigissem a elaboração desse tipo de opinião, 25% das

respostas formuladas, tal como exposto, não apresentaram de fato uma opinião

desfavorável, mas uma opinião aparentemente positiva. Os motivos para esta

opção podem ser diversos. Os dados revelaram, por exemplo, que nas situações

em que o falante se encontra em posição hierárquica inferior e, portanto, com

menor poder, houve, comparativamente com as outras relações de poder, o

maior índice de ocorrência de ‘Falsa Opinião Positiva’. Isso é revelador do fato

de que o falante tem o desejo de não ferir seu interlocutor que, nessa situação

especial, tem mais poder. Além disso, há também, o intuito de preservação da

própria face.

A ocorrência do tipo de formulação descrito nesta seção leva

necessariamente ao seguinte questionamento: em quê a ‘Falsa Opinião Positiva’

difere de uma ‘Opinião Positiva’ de fato? A análise do conjunto de dados permitiu

verificar a existência de estratégias empregadas pelos falantes por meio das

quais eles deixam pistas para seu interlocutor, sinalizando a expressão de uma

opinião positiva falsa.

A primeira delas diz respeito à entoação empregada por ocasião da

elocução da ‘Falsa Opinião Positiva’. Diversos estudiosos apontam para a

importância desse aspecto na realização dos atos de fala em geral. No caso da

emissão da opinião, este se mostrou também ser de grande relevância, tal como

antecipado em 5.3.1.3.

À primeira vista, temos, nos Exemplos 191, 192 e 193, enunciados que

valorizam o tópico a que estariam relacionados.

Exemplo 191: ah... muito bonito [0152FbA14]

Exemplo 192: interessante [0171FaA06]

Exemplo 193: legal [0201MaA14]

Qualquer um dos enunciados apresentados acima poderia ser empregado

como uma opinião positiva de fato. Retomando afirmação de Kerbrat-Orecchioni

apresentada na Fundamentação Teórica deste estudo, “uma única estrutura

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161

lingüística pode expressar valores ilocutórios distintos” (Kerbrat-Orecchioni,

2005, p.7). Nos casos apresentados, a entoação descendente dada pelos

falantes a cada um dos enunciados revela que a intenção real não é expressar

uma opinião favorável, mas uma opinião que seja desfavorável (cf. Figuras 5.5,

5.6 e 5.7). A entoação, ao permitir ao falante que atribua a seu enunciado um

significado diferente daquele esperado, funciona, portanto, como um marcador

da força ilocucionária. Nesse caso, tal como apontado no Capítulo 3 na seção

em que se trata da Pragmática, diz-se mais do que aquilo que está realmente

dito. Cabe ao interlocutor estar sensível a esse pormenor. No caso de um

estudante estrangeiro aprendendo português, tem-se aí um ponto de relevância

para o ensino, pois diz-se, na verdade, algo diferente do que está previsto pelo

significado dos termos empregados. Nesse caso, dizer “legal” significa entender

“Não achei muito legal”.

As Figuras 5.5, 5.6 e 5.7, apresentadas mais adiante, ilustram a entoação

dada a cada um dos enunciados exemplificados anteriormente. Vale destacar a

curva descendente de cada um deles.

Figura 5.5: ah... muito bonito [0152FbA14]

Figura 5.6: interessante [0171FaA06]

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Análise e discussão dos dados 162

Figura 5.7: legal [0201MaA14]

Outro aspecto a ser considerado e indicativo de que a opinião expressa

não é realmente uma opinião positiva reside no fato de que a opinião positiva,

por seu um ato social preferido, é, normalmente, em português do Brasil,

expresso de modo mais enfático, com destaque para a adjetivação, muitas vezes

excessiva aos olhos de falantes de outras línguas e passível de dar início a um

choque de culturas. A esse respeito, mas considerando os atos de elogiar e

agradecer, Meyer (2004) faz a seguinte afirmação:

Atos sociais preferidos – ou seja, marcados positivamente nas regras de interação social –, os elogios e agradecimentos devem, ao contrário dos atos despreferidos, ser formulados de forma direta e, mais do que isso, com ênfase, muita ênfase56. Nesse caso, ser sutil, breve, digressivo significa ser descortês. O falante deve, portanto, ser absolutamente enfático, receptivo, quase teatral. Qualquer coisa menos do que isso é pouco. Assim, se você recebe um presente – qualquer presentinho – você não deve nunca, NUNCA dizer apenas “Muito obrigado/a”, ou mesmo “Muito obrigado/a, gostei muito”. Assim seco, sem ênfase prosódica, sem adjetivos em profusão, sem um especial abrir de olhos, esse agradecimento é, na realidade, uma forma polida de dizer que você não gostou do presente. (Meyer, 2004, p. 82)

Podemos considerar que os Exemplos 191, 192 e 193, apresentados

anteriormente, assim como outras ocorrências do corpus, constituem-se em

estruturas curtas, muitas vezes elaboradas em torno de apenas um adjetivo de

valor positivo, dando, portanto, pouca ênfase ao tópico sobre o qual deve recair

a opinião. Desse modo e seguindo a mesma linha do exposto por Meyer, as

56 Grifo nosso.

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163

respostas exemplificadas, associadas à entoação, parecem indicar pouco

interesse ou comprometimento do falante com relação à opinião que expressa. A

opção por uma resposta curta, constituída de pouca adjetivação parece denotar

“uma forma polida” de emitir uma opinião desfavorável ou de dizer que não

achou interessante ou que não achou bonito. Vale destacar o fato de que as

respostas mais curtas são, normalmente, construídas com os seguintes

adjetivos: interessante, legal e a forma diminutiva de bonito – bonitinho. Tal

como antecipado em 5.3.1.3, esses parecem ser termos-curinga na expressão

da ‘Falsa Opinião Positiva’.

A terceira estratégia empregada pelos falantes para dar pistas de que a

opinião positiva expressa é falsa envolve o uso do elemento até como marcador

de contra-expectativa (Baião e Arruda, 1996), como no exemplo que segue.

Exemplo 194: olha.. a reunião até que foi (pausa) muito interessan::te apesar de

ter sido bem longa.. mas (pausa) valeu a pena. [0101FbB02]

Muito freqüentemente, o até, seguido de que, tem sido considerado

apenas com relação ao aspecto temporal. A esse respeito, Koch e Vilela (2001),

em capítulo sobre a conjunção, afirmam que ele indica, ao lado de então, antes

que, logo que, depois que, uma relação seqüencial de tempo (Koch e Vilela,

2001, p. 260), classificando-a como uma conjunção subordinativa temporal

(idem, p. 266). Neves (2000), trata igualmente, afirmando que “algumas

conjunções temporais são compostas, isto é, constituem o que

tradicionalmente se denomina locuções conjuntivas, que têm, normalmente, o

elemento QUE como final” (Neves, 2000, p. 789).57

Sendo assim, dentre outras conjunções, a autora apresenta os seguintes

exemplos de emprego da conjunção até que, com valor temporal:

Exemplo 195: O problema fica relegado ao abandono e – ATÉ QUE ocorra nova

desgraça – ninguém fala mais no assunto. (CPO) (Neves, 2000, p. 789).58

Exemplo 196: Se vendesse o anel, o dinheiro daria para o sustento de João Berço

ATÉ QUE ele morresse. (BOI) (Neves, 2000, p. 789).59

57 Grifos no original. 58 Grifo no original. 59 Grifo no original.

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Análise e discussão dos dados 164

Os exemplos com uso de até que, inseridos do corpus desta pesquisa e

apresentados a seguir, no entanto, parecem não se enquadrar no que foi

exposto.

Exemplo 197: nossa.. como seu nariz ficou diferente.. né..até que ficou legal.

[0101FbB09]

Exemplo 198: até que seu jardim ficou bem meigo com essas... coisas de

branca de neve.. né.. ficou.. ficou bonitinho. [0101FbB15]

Baião e Arruda (1996), além de tratarem das noções espacial, temporal e

inclusiva que carrega o elemento até, analisam-no como um marcador de contra-

expectativa. Nesse sentido, as autoras afirmam que “os operadores

argumentativos podem ser utilizados para manter ou não a expectativa do

ouvinte quanto a determinada informação” (Baião e Arruda, 1996, p. 256)

Nos exemplos 197 e 198, apresentados anteriormente, é possível

perceber, de modo mais explícito, que o elemento até, associado ao que,

carrega a função já apontada, de marcador de contra-expectativa. Em 194, a

expectativa era de que a reunião não tivesse sido boa, por conta de sua

duração. Entretanto, ao empregar até que, quebra-se esta expectativa. O falante,

apesar de tudo, deixa entrever, para seu interlocutor, um indício de que a

reunião não teria sido de todo positiva.

Ainda com relação às pistas lançadas pelo falante a respeito de que a

opinião positiva elaborada é, na verdade, uma ‘Falsa Opinião Positiva’, deve-se

considerar que a FOPcen, marcada em negrito, pode vir acompanhada de

elementos periféricos60 que indicam para o interlocutor algum tipo de

descontentamento e, conseqüentemente, apontam a opinião desfavorável.

Esses elementos periféricos vêm, muitas vezes introduzidos por conjunção de

valor adversativo.

Exemplo 199: é bom. .aí:: .. acho bonito .. e tal .. mas não sou a pessoa

adequada pra poder dar uma opinião concreta .. porque não entendo muito

dessa arte. [0913MbB16]

60 Descrição mais detalhada dos elementos periféricos em 5.3.5.

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165

Exemplo 200: está bom amor... mas acho que você poderia ter me perguntado

antes. [0241FbC07]

Exemplo 201: ah ótimo mas acho que a gente poderia ter esperado um pouco

mais pra juntar um pouco mais de dinheiro pra comprar uma marca melhor ser

uma coisa durável. [0992MbC13]

Exemplo 202: achei pô:: uma boa iniciati::va... só que::... você podia ter

espera::do.. prá gente poder decidir junto né?.. pô::... já falei várias vezes.. a gente

tem que decidir tudo junto. [0531MbC13]

No Exemplo 199, o núcleo da opinião está logo no início – “acho bonito” –

e é seguido por um elemento periférico iniciado pela conjunção adversativa mas.

Nesse momento de sua fala, o informante afirma não poder, na verdade, esboçar

uma opinião, desconstruindo aquela que acabara de elaborar. Além disso, ele se

justifica dizendo que não entende muito da arte em questão. O mesmo tipo de

formulação podemos encontrar nos Exemplos 200 e 202. Nesse caso, a opinião

positiva inicial – “está bom amor” e “achei pô:: uma boa iniciati::va” – é seguida

por uma repreensão (introduzida por mas ou só que), sinalizando o

descontentamento do falante.

Nesta seção foram apresentadas as estratégias utilizadas pelos

informantes desta pesquisa para sinalizarem para seus interlocutores que a

opinião positiva formulada em algumas situações não era de fato verdadeira. A

seguir, discorrer-se-á a respeito da constituição das formulações classificadas

como ‘Falsa Opinião Positiva’.

5.3.2.3.3 Constituição das formulações FOPcen

A análise das 405 formulações denominadas ‘Falsa Opinião Positiva’

permitiu-nos verificar a recorrência de certos padrões em sua estruturação. A

partir da observação dessa recorrência, foi possível levantar 47 estruturas

possíveis para a elaboração da FOPcen. Tais estruturas estão elencadas na

íntegra na Tabela 5.3, apresentada a seguir.

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Análise e discussão dos dados 166

Tabela 5.3: Resumo das formulações FOPcen

3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 Total

01 (FOPcen) 279

02 REPper (FOPcen) 01

03 COMper (FOPcen) 05

04 SUGper (FOPcen) 03

05 AMEper (FOPcen) 01

06 PEDper (FOPcen) 01

07 RAZper (FOPcen) 01

08 até que (FOPcen) 02

09 INCper (FOPcen) SUGper 01

10 NMOper (FOPcen) NMOper 01

11 NMOper (FOPcen) PEDper 01

12 até que (FOPcen) REPper mas (FOPcen) 01

13 NMOper até que (FOPcen) 01

14 NMOper mas (FOPcen) 05

15 COMper mas (FOPcen) 02

16 COMper mas (FOPcen) mas COMper 01

17 COMper mas (FOPcen) INCper (FOPcen) 01

18 COMper mas (FOPcen) mas INCper 01

19 ELOper mas até que (FOPcen) 01

20 PEDper COMper mas (FOPcen) 01

21 (FOPcen) INCper 15

22 (FOPcen) PEDper 06

23 (FOPcen) RAZper 03

24 (FOPcen) SUGper 04

25 (FOPcen) ELOper 02

26 (FOPcen) COMper 23

27 (FOPcen) DESper 02

28 (FOPcen) RAZper INCper 01

29 (FOPcen) INCper SUGper 01

30 (FOPcen) RAZper (FOPcen) 03

31 (FOPcen) COMper (FOPcen) 01

32 (FOPcen) agora COMper 01

33 (FOPcen) mas COMper 07

34 (FOPcen) mas PEDper 05

35 (FOPcen) mas NMOper 01

36 (FOPcen) mas REPper 03

37 (FOPcen) mas SUGper 07

38 (FOPcen) só que COMper 01

39 (FOPcen) só que REPper 01

40 (FOPcen) COMper mas (FOPcen) 01

41 (FOPcen) INCper (FOPcen) INCper 01

42 (FOPcen) NMOper mas (FOPcen) 01

43 (FOPcen) agora PEDper RAZper PEDper 01

44 (FOPcen) mas REPper mas (FOPcen) 01

45 (FOPcen) só COMper mas (FOPcen) 01

46 (FOPcen) COMper mas (FOPcen) COMper (FOPcen) 01

47 (FOPcen) NMOper mas (FOPcen) ELOper PEDper (FOPcen) 01

405

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167

O primeiro aspecto a ressaltar diz respeito ao índice de formulações

FOPcen que aparecem de forma isolada, i.é, sem o apoio de formulações

periféricas que atenuem seu impacto. O índice de formulações isoladas no

corpus é de 68,89%. Esse alto índice pode ter sua origem no fato de que a

FOPcen já é por si só um recurso de polidez a disposição do falante para emitir

sua opinião desfavorável, não havendo necessidade de recurso a outra

estratégia de atenuação.

Nos 31,11% restantes (126 respostas) estão incluídas todas as 46

formulações possíveis restantes. Dentre essas, merecem destaque as

formulações em que a ‘Falsa Opinião Positiva’ vem seguida por um ‘Incentivo’ ou

por um ‘Comentário’, pois estas foram as mais recorrentes, com,

respectivamente, 15 e 23 ocorrências, representando juntas 9,38% de todas as

respostas formuladas.

Observa-se, também, a ocorrência de formulações periféricas tanto à

esquerda quanto à direita do núcleo, marcado em negrito. Os Exemplos 203 e

204 ilustram o primeiro caso, enquanto os Exemplos 205 e 206 se referem ao

segundo caso.

Exemplo 203: ah acho que spa é sempre uma boa né... bom:: fazer exerCÍcio pra

saÚde.. melhorar.. né? Tá sempre exercitando.. com certeza fez muito bem pra você [0261FaC08]

Exemplo 204: olha... eu acho que tudo artificial parece assim... uma plástica

parece uma coisa falsa... a senhora tá natural... a senhora tá bem... a senhora não parece ter quarenta anos não [0332FaA12]

Exemplo 205: foi muito interessante... eu espero que todos tenham

compreendido o que você quis expor [0361FaA02]

Exemplo 206: legal... deve ser bem difícil trabalhar com madeira né? [0272FbB06]

Há casos, ainda, como os que seguem, em que há ocorrência simultânea

de formulações periféricas, à direita e à esquerda do núcleo, marcado em

negrito.

Exemplo 207: é:: eu não... eu não tenho.. assim.. uma visão muito boa prá parte...

da parte artística pela minha profissão e tal.. que é mais das ciências exatas... mas

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Análise e discussão dos dados 168

é:: acho interessan::te... acho que a gente tem que começar e estar sempre praticando.. melhorando... e acho que é o começo... tá bom do jeito que tá..

mas acredito que as suas próximas obras vão cada vez... vão ser mais é::...

perfeccionistas... cê tem que sempre estar melhorando [0612MaB6]

Exemplo 208: cê me desculpe... mas eu não entendo muito de... de escultura..

mas.. tá bom... tá boni::to e tu::do.. mas no momento não me interessa... porque

eu não tô precisando [0713FaA6]

O quadro esboçado até este momento corrobora a afirmação feita em

outros momentos desta Tese de que o quadro da opinião, em especial da

opinião desfavorável, é bem mais amplo, detalhado e complexo do que aquilo

que normalmente é oferecido pelos materiais de PL2E.

5.3.2.4 Não Manifestação de Opinião (NMOcen)

Conforme visto na parte do capítulo dedicada à análise preliminar da

categoria ‘Não Manifestação de Opinião’, também identificada pela sigla

‘NMOcen’61, esta define-se pelo fato de que o falante evita emitir opinião a

respeito de um tópico qualquer, afastando, dessa forma, toda espécie de

comprometimento seja com o tópico em questão, seja com seu interlocutor. A

NMOcen é um dos recursos de polidez – juntamente com a opinião desfavorável

indireta e a falsa opinião positiva – empregados pelos falantes para se esquivar

da expressão de uma opinião desfavorável e, portanto, ameaçadora à face.

Inicialmente, foram identificados dois processos relativos à construção da

‘Não Manifestação de Opinião’ (Cf. 5.3.1.4): (1) o falante deixa para seu

interlocutor a tarefa de construir uma opinião e (2) o falante opta por fazer uma

digressão e, dessa forma, retarda a emissão da opinião. Com a coleta integral

dos dados, foi possível identificar outros processos e estabelecer um panorama

mais detalhado da categoria em epígrafe, exposto a seguir.

61 NMOcen em oposição a NMOper. Enquanto que a primeira sigla se refere à ‘Não Manifestação de Opinião’ como formulação central, a segunda diz respeito à possibilidade de a NMO funcionar como formulação periférica.

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169

5.3.2.4.1 Processos de elaboração da ‘Não Manifestação de Opinião’

A coleta integral dos dados, gerou, conforme apresentado anteriormente,

um total de 1620 respostas. Dessas, 239 foram arroladas dentro da categoria

‘Não Manifestação de Opinião’, o que equivale a 14,75% do total, tal como ilustra

o Gráfico 5.2, apresentado em 5.3.2.1.1. A análise dessas formulações permitiu-

nos verificar a ocorrência de três processos [ou estratégias], a saber: (a) uso de

termo ou construção de valor indefinido, (b) fuga do assunto e (c) devolução para

o interlocutor.

(a) Uso de termo ou construção de valor indefinido

A compreensão do modo como opera esse processo exige que se faça

antes um detalhamento acerca do que se denominou ‘termo ou construção de

valor indefinido’. O levantamento das respostas identificadas como ‘Não

Manifestação de Opinião’ revelou certa regularidade no uso de termos e

construções que não apontavam nem para uma polaridade positiva – como

aqueles empregados por ocasião da expressão da ‘Falsa Opinião Positiva’ –

nem para uma polaridade negativa – como os empregados por ocasião da

‘Opinião Desfavorável Direta’.

Perini (1995), em capítulo que trata do escopo da Semântica e da

Pragmática, lembra que ”os itens léxicos que compõem uma língua têm

significado próprio (...). Esse significado é codificado no item através de traços

semânticos, dos quais evidentemente existe uma variedade imensa (...)” (Perini:

1995, 244). Poder-se-ia, então, considerar, conforme visto, que na ‘Falsa

Opinião Positiva’, os termos que têm o traço semântico [+positivo] ou marcados

positivamente são definidores da categoria. Desse modo, observa-se, a partir do

corpus da pesquisa, o emprego de termos tais como: bonito [+positivo],

excelente [+positivo], ótimo [+positivo], interessante [+positivo]. No extremo

oposto, na ‘Opinião Desfavorável Direta’, termos marcados negativamente ou

com traço [-positivo] identificam a referida categoria. Tendo isso em vista, foi

freqüente, nesse caso, o uso de itens lexicais como: cansativa [-positivo], feio [-

positivo], horroroso [-positivo], ruim [-positivo], dentre tantos outros. Já no caso

da ‘Não Manifestação de Opinião, foram empregados pelos falantes termos que

não se adequavam nem à polaridade positiva, nem à negativa, como por

exemplo: diferente, normal, razoável, regular, entre outros. Nesse caso, poder-

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Análise e discussão dos dados 170

se-ia utilizar o traço [+neutro] (ou [+indefinido]). Retomando Perini, cabe salientar

que esse seria apenas um dos traços semânticos dos referidos itens, pois cada

“item léxico encerra uma matriz de traços semânticos’ (Perini: 1995, 244).

Além disso, as definições propostas para essas palavras apontam para a

complexidade de se tentar distribuí-las em uma das duas polaridades

anteriormente apresentadas. Ferreira (1986), por exemplo, apresenta as

seguintes definições:

Diferente – que não é igual; que não coincide; que difere, diverge;

divergente, diverso, desigual (...) (p. 588).

Normal – que é segundo a norma; habitual, natural (...). (p. 1198)

Razoável – (...) moderado; comedido; acima de medíocre; aceitável (...) (p.

1455).

Regular – (...) que está no meio-termo; mediano, médio; nem bom, nem

mau; razoável, suficiente (...). (p. 1476).

Como se vê, nenhum dos itens parece carregar o traço [+positivo] ou [-

positivo], estando todos em um patamar de neutralidade. Desse modo, a

definição do termo ‘regular’ é a que melhor traduz o conjunto. Trata-se de itens

que estão “no meio termo”.

O mesmo se observou com relação a algumas construções que não

pareciam tender para nenhum dos pólos – positivo ou negativo. A resposta

elaborada pelo informante 0713FaA12 parece ilustrar com propriedade o que se

deseja explicar. Ao dizer “: o::lha... eu acho... eu acho que você::... prá quarenta

anos.. vamos dizer.. você tá:: com uma aparência de quaren::ta anos”, acaba

não revelando nada além daquilo que sua interlocutora já sabe – sua própria

idade.

Por conta dos aspectos mencionados, optou-se, então, pelo emprego de

‘termo e construção de valor indefinido’ para fazer referência a tais palavras e/ou

estruturas.

Tendo o exposto acima em vista, pode-se concluir que o processo

denominado ‘uso de termos e construções de valor indefinido’, inserido na

categoria de ‘Não Manifestação de Opinião’, envolve, por parte do falante, a

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171

seleção, dentro do sistema da língua, de um conjunto de termos e formulações

que se encontram em uma posição intermediária, não tendendo, portanto, nem

para o pólo positivo, nem para o pólo negativo.

Exemplo 209: nossa.. que difeRENte. [0171FaA16]

Exemplo 210: bastante diferente do anterior. [0181MaB07]

Exemplo 211: bem diferen::te. [0231FbB06]

Exemplo 212: normal. [0932MbC08]

Exemplo 213: normal... já vi TANtos iguais. [0141FcC14]

Exemplo 214: está razoável. [0412MbB01]

Exemplo 215: razoÁvel. [0453FbC04]

Exemplo 216: regular. [0953MaA02]

Exemplo 217: bastante regular. [0181MaB05]

Exemplo 218: dá pro gasto. [0222MaB10]

Exemplo 219: mais ou menos. [0482FbB02]

Exemplo 220: é::: é:: ficou mais ou menos... mas eu particularmen::te não faria...

eu ficaria com o meu nariz.. porque eu sou a favor de que a gente tem que ser

natural como Deus fez né?... então.. se te satisfez... tudo bem. [0713FaA09]

Exemplo 221: bem kitsch. [0391FbA15]

Os exemplos listados corroboram o fato de que o emprego dessa

estratégia denota, por parte daquele que emite a opinião, um desejo de não

comprometimento ou envolvimento.

(b) Fuga do Assunto

O segundo processo de ‘Não Manifestação de Opinião’, inicialmente

identificado com o rótulo de ‘digressão’, foi, por fim, denominado ‘fuga do

assunto’ em função do fato de que neste caso, em especial, o falante opta por

evitar abordar o assunto que tiver sido proposto por seu interlocutor, podendo (1)

se auto imputar a culpa por não poder expressar opinião a respeito de algo ou

por não saber / conhecer algo, (2) afirmar a necessidade de realizar outra ação

ou (3) tratar um tópico que esteja relacionado àquele a respeito do qual o falante

deveria emitir sua opinião.

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Com relação ao primeiro caso, o falante evita manifestar sua opinião ao

declarar que não tem conhecimento suficiente a respeito do assunto que esteja

em questão, conforme apresentado nos exemplos a seguir.

Exemplo 222: no::ssa.. na verdade nem tenho escutado você cantar.. eu passo

o dia inteiro fora de casa.. trabalhando.. não tenho escutado você cantar.. mas

eu gostaria de escutar. [0111FaC03]

Exemplo 223: bom::...eu não posso dizer.. assim.. avaliar o seu desempenho..

porque geralmente eu tô chegando ou tô saindo quando você tá fazendo suas

aulas de can::to... mas um dia eu faço questão de ficar para depois dar a minha

opinião. [0292FaA03]

Exemplo 224: sei lá eu não tenho opinião nenhuma em relação a canto não entendo de canto... de música. [0422FbC03]

Exemplo 225: na verda::de eu entendo tão pouco de arte... eu fico sem graça de

dizer que eu não entendo muito... esse é um assunto que sempre me deixa muito

na saia justa... porque eu não entendo quase nada de arte... não consigo dar opinião. [0622FaA16]

Exemplo 226: não entendo NAda de AR:te. [0162FbC16]

Com auxílio do programa Kwic Concordance, foi possível identificar

algumas das construções mais comuns para esse tipo de formulação, como as

que seguem:

não entend-i Ø

-o [nada]

[quase nada]

[eu] [muito]

entendo tão pouco [de ...]

não [tenho] opinião

não [consigo dar]

não posso avaliar

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173

Outra forma de ‘Fuga do assunto’ é possível, ainda, quando o falante

afirma a necessidade de realizar alguma outra ação que o impeça de continuar a

conversa, como nos Exemplos 227 e 228.

Exemplo 227: ah eu já vou andando lá pra frente que eu já vou descer. [0131FbB12]

Exemplo 228: chegou minha vez... deixa eu ir lá... depois a gente conversa...

tchau... [0131FbB09]

Ainda com relação à ‘Fuga do assunto’, outra possibilidade encontrada nos

dados coletados para esta pesquisa leva o falante a evitar o tópico a respeito do

qual deveria elaborar sua opinião tratando de um assunto correlato.

Exemplo 229: pô.. que legal um spa.. pô legal.. onde que é.. assim.. você passou quanto tempo lá.. comia o quê..assim... ah.. [eu ia mudar de assunto]

[0111FaC08]

Exemplo 230: NO::ssa... mas como é lá no spa?... me conta. [0131FbB08]

Nos casos acima, a situação do DCT exigia que o falante opinasse a

respeito da forma física de seu chefe. No entanto, tendo em vista o peso dos

fatores contextuais, o falante – que está, por exemplo, em posição hierárquica

inferior –busca tratar de outro assunto em uma tentativa de minimizar ou até

mesmo anular o impacto da emissão de uma opinião desfavorável. Nos casos

em questão, os informantes, ao decidirem direcionar a conversa para o SPA ou

clínica de emagrecimento, deixam claro que optaram por fugir do assunto, talvez

em busca de retardar a possibilidade de emitir uma opinião desfavorável.

(c) Devolução para o interlocutor

Além das duas estratégias descritas anteriormente, relacionadas à

categoria ‘Não Manifestação de Opinião’, foi identificada uma terceira,

denominada ‘devolução para o interlocutor’. Nesse caso, o falante se isenta de

emitir uma opinião desfavorável ao atribuir ao seu interlocutor essa tarefa.

Exemplo 231: O importante é você se sentir bem consi::go mEs:mo.

[0201MaA12]

Exemplo 232: O importante é estar bem consigo mesmo. [0231FbB12]

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Exemplo 233: Algumas pessoas exage::ram com a preocupação estética... eu

acho que o importan::te é você se sentir bem... se você se sente jovem... ótimo. [0272FbB12]

Exemplo 234: se você se sente mais jovem é claro que você é mais jovem.

[0371MbB12]

Exemplo 235: ah:: você gostou? se você gostou pra mim tá tudo bem.

[0332FaA07]

Os quatro primeiros exemplos acima foram respostas elaboradas para a

situação 12 do DCT. Nessa situação, simulava-se uma interação entre uma

trocadora e um passageiro, momento em que aquela pretendia saber a opinião

do passageiro acerca de sua aparência física. A fim de evitar a manifestação da

opinião, o informante, no papel do passageiro, ao dizer, por exemplo, “o

importante é estar bem consigo mesmo”, deixa a tarefa de fazer o julgamento de

valor ou emitir uma opinião para a própria trocadora. Nesse caso, cabe a ela

decidir se acha que está bem ou não. O mesmo ocorre com o exemplo 235, o

falante devolve para seu interlocutor a pergunta motivadora da expressão da

opinião – “você gostou?”.

Considerando as categorias anteriormente descritas, bem como as

diferentes estratégias, pode-se, de forma resumida, apresentar a ‘Não

Manifestação de Opinião’ da seguinte maneira:

Figura 5.8: Elaboração da ‘Não Manifestação de Opinião’

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175

5.3.2.4.2 Constituição das Formulações NMOcen

De um total de 239 formulações denominadas NMOcen, foram

encontradas apenas seis tipos de formulações recorrentes, conforme pode ser

visto na tabela a seguir:

Tabela 5.4: Resumo das Formulações NMOCcen

0 1 2 Total

01 (NMOcen) 233

02 (NMOcen) COMper 02

03 (NMOcen) INCper 01

04 (NMOcen) ELOper 01

05 (NMOcen) PEDper 01

06 (NMOcen) mas PEDper 01

239

Diferentemente das outras formulações para expressão da opinião

desfavorável, no caso da ‘Não Manifestação de Opinião’, as formulações

encontradas normalmente não vêm acompanhadas de elementos periféricos.

Conforme ilustra a Tabela 5.4, do total de formulações NMO, 233 – 97,49% –

aparecem de forma isolada. Desse modo, apenas 2,51% das possibilidades

aparecem seguidas de elementos periféricos.

Como traço comum, observa-se que os poucos elementos periféricos que

acompanham as formulações NMOcen vêm à direita do núcleo da opinião. O

fato de não ter havido ocorrência, nesse caso, de elementos periféricos à

esquerda do núcleo, parece indicar que o interlocutor não precisa ser preparado

para receber a opinião. O falante já inicia sua fala indicando que não

manifestará opinião a respeito do assunto que tenha sido exposto. Acredita-se

que isso ocorra em virtude do fato de que a NMOcen não precise de

atenuadores, uma vez que já se caracteriza como uma forma de não emissão da

opinião solicitada.

Os elementos periféricos que, nos dados coletados para esta pesquisa, co-

ocorrem com a NMOcen são: Comentário, Incentivo, Elogio e Pedido, ilustrados

com os exemplos a seguir.

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Exemplo 236: o::lha... eu acho... eu acho que você::... prá quarenta anos.. vamos

dizer.. você tá:: com uma aparência de quaren::ta anos.. no que eu tô

entendendo... ago:::ra um artista tem vá::rias opções... tem meios né?.. e:: eles

têm que estar com uma aparên::cia boa.. prá aparecer numa te::la né?... então

têm que estar ma::gro... tem que estar sem barri::ga... sem estô::mago... com uma

pele boni::ta... agora você.. como eu.. tô com uma aparência... tô com cinqüenta e

cinco anos... eu acho que eu tenho aparência de cinqüenta e cinco anos.

[0713FaA12]

Exemplo 237: ah cê tá no início.. tem que continuar né? tem muita coisa prá

aprender.. imagino né? e é isso mesmo.. continue se é isso que você quer

mesmo.. continue estudando bastante. [0261FaC03]

Exemplo 238: é um quadro diferen::te né?.. assim.. vai cair bem com o estilo da

casa. [0292FaA16]

Exemplo 239: eu achei diferen::te o seu traba::lho.. mas você pode me explicar

melhor... do que se trata. [0492MaA6]

Em todos os exemplos listados, o falante inicia sua resposta sem se

posicionar com relação ao tópico ou objeto da opinião, fazendo uso, para tanto,

de termos e construções de valor indefinido como: “eu acho que você::... prá

quarenta anos.. vamos dizer.. você tá:: com uma aparência de quaren::ta

anos..”., “ah cê tá no início”, “é um quadro diferen::te né?..”, “um estilo meio...

eXÓtico.. meio diferente”, “eu achei diferen::te o seu traba::lho”. Na seqüência,

vemos, por parte do falante, a elaboração de:

1. Comentário [Exemplo 236]: “ago:::ra um artista tem vá::rias

opções... tem meios né?.. e:: eles têm que estar com uma

aparên::cia boa.. prá aparecer numa te::la né?... então têm que

estar ma::gro... tem que estar sem barri::ga... sem estô::mago...

com uma pele boni::ta... agora você.. como eu.. tô com uma

aparência... tô com cinqüenta e cinco anos... eu acho que eu

tenho aparência de cinqüenta e cinco anos”.

2. Incentivo [Exemplo 237] “tem que continuar né? tem muita coisa

prá aprender.. imagino né? e é isso mesmo.. continue se é isso

que você quer mesmo.. continue estudando bastante.”

3. Elogio [Exemplo 238]: “vai cair bem com o estilo da casa.”

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177

4. Pedido [Exemplo 239]: “mas você pode me explicar melhor... do

que se trata.”

Considerando que a totalidade dos dados coletados foi analisada e a

descrição pormenorizada das quatro categorias da ‘Opinião Desfavorável’ foi

empreendida, propomos, na Figura 5.9, uma ampliação do quadro tipológico de

referência para o ato de emitir uma opinião desfavorável, representado

inicialmente pela Figura 5.2.

Figura 5.9: Quadro tipológico de referência para o ato de emitir uma opinião desfavorável [dados completos]

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Tendo em vista que as quatro categorias da ‘Opinião Desfavorável’

identificadas nesta pesquisa foram descritas e considerando, conforme

mencionado anteriormente, a importância das variáveis contextuais e do tópico

na elaboração da ‘Opinião Desfavorável’, passar-se-á à discussão dessa

questão.

5.3.3 ‘Formulações Centrais’ da ‘Opinião Desfavorável’ – Análise da relação entre as diferentes variáveis e sua elaboração.

No Capítulo 3, na seção dedicada às contribuições da gramática sistêmico-

funcional para este estudo, tratou-se da importância do contexto no processo de

construção de significados. Nessa perspectiva, considera-se que o falante faz

suas escolhas no sistema da língua a partir da definição dos dados contextuais

ou do estabelecimento da Configuração Contextual. Tendo isso em vista, foram

consideradas, na constituição do DCT, as variáveis contextuais ‘Campo’ e

‘Relações’, conforme conceituação proposta por Halliday (cf. Capítulo 4). Foram

ainda contempladas as variáveis relação de poder e distância social entre os

participantes, além do tópico a respeito do qual a opinião deveria ser elaborada.

Nesta seção, buscar-se-á, portanto, verificar de que modo essas diferentes

variáveis interferem na elaboração da opinião desfavorável.

Com relação à variável ‘Relações’, de acordo com o que foi explicitado

anteriormente, as situações que compõem o DCT foram elaboradas de modo a

considerar variados graus de relações entre os participantes. Tendo isso em

vista, as dezoito situações podem retratar interações entre desconhecidos,

familiares, amigos, vizinhos ou colegas de trabalho. No caso desta última, nas

situações em ambiente de trabalho, ora o falante assume o papel de alguém que

se encontra em posição hierárquica superior, ora ele se encontra na posição de

alguém que possui status hierárquico inferior.

No caso da ‘Opinião Desfavorável Direta’ (ODDcen), os maiores índices de

formulações, considerando a variável ‘Relações’, ocorreram naquelas situações

em que o falante interage em ambiente de trabalho com alguém que se encontra

em posição hierárquica inferior – situações 5, 11 e 17 – ou entre amigos –

situações 4, 10 e 16 (cf. Gráfico 5.3).

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179

Gráfico 5.3: Distribuição das formulações ODDcen pelas situações do DCT

Distribuição de formulações ODDcen pelas situações do DCT

4,26% 8,66%2,94%

7,78%

7,78%

4,26%5,73%2,50%2,79%4,70%7,34%1,91%

6,17%3,96%

4,40%

8,52%

6,90%9,40%

123456789101112131415161718

No primeiro caso, quando o falante dirige sua opinião a alguém

hierarquicamente inferior, o índice de formulações classificadas como ODDcen

foi de 22,02%. Nessa situação, o falante detém mais poder e parece não

demonstrar tanta preocupação em salvaguardar a face de seu interlocutor ou a

sua própria. Quando se trata de amigos, a proximidade entre os interlocutores dá

a liberdade para opiniões mais sinceras e diretas e o mesmo índice desce

sensivelmente para 21% (cf. Gráfico 5.4).

Gráfico 5.4: Formulações ODDcen distribuídas pela variável ‘Relações’

Formulações ODDcen distribuídas pela variável 'Relações'

16,16%

21,00%

10,13%22,02%

15,12%

15,57%

Família

Amigos

Vizinhos

Colegas de trabalho[superior]Colegas de trabalho[inferior]Desconhecidos

Considerando, ainda, a variável ‘Relações’, a análise das respostas

classificadas como ‘Opinião Desfavorável Indireta’ revela que é no contexto

familiar, sobretudo quando se observa a relação entre marido e mulher –

situações 1, 7 e 13, que se encontra o maior número de formulações dessa

natureza (cf. Gráfico 5.5).

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Gráfico 5.5: Formulações ODIcen distribuídas pela variável ‘Relações’

Formulações ODIcen distribuídas pela variável 'Relações'

28,13%

15,25%17,29%

22,37%

10,17% 6,78%

Família

Amigos

Vizinhos

Colegas de trabalho[superior]Colegas de trabalho[inferior]Desconhecidos

Talvez a proximidade e a cumplicidade próprias de um casal dêem a

liberdade necessária para a elaboração de uma opinião desfavorável, mas o

receio de desestabilizar o lar, a casa, parece levar o mesmo casal a atenuar, por

meio da indiretividade, o impacto da mesma opinião. Essa tensão parece motivar

o maior índice de formulações ODIcen nessa situação. Se no espaço da ‘Casa’

ocorre tal como descrito, na ‘Rua’, local onde os desconhecidos podem se

encontrar casualmente, temos o menor número de formulações ODIcen (cf.

Gráfico 5.6).

Gráfico 5.6: Distribuição das formulações ODIcen pelas situações do DCT

Distribuição de formulações ODIcen pelas situações do DCT

9,15% 3,39%

10,85%

3,39%

8,81%1,01%

9,83%3,05%4,40%11,86%

7,12%2,71%

6,44%9,40%

9,15%

3,73%2,03%

0,00%

123456789101112131415161718

A análise dos dados classificados como ‘Falsa Opinião Positiva’

demonstrou que esse tipo de formulação é mais comum nas situações em que o

falante interage com alguém que esteja em uma posição hierárquica superior,

tendo este, portanto, mais poder (cf. Gráfico 5.7).

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181

Gráfico 5.7: Formulações FOPcen distribuídas pela variável ‘Relações’

Formulações FOPcen distribuídas pela variável 'Relações'

13,57%10,36%

23,45%7,39%

24,97%

20,25%

Família

Amigos

Vizinhos

Colegas de trabalho[superior]Colegas de trabalho[inferior]Desconhecidos

Nesse caso, o falante, ao identificar o contexto situacional em que se

encontra, verifica a necessidade de salvar a face de seu interlocutor e de

proteger a sua própria face. Com isso, o falante evita uma situação que poderia

ser constrangedora caso emitisse uma ‘Opinião Desfavorável Direta’. Como seria

de se esperar nesse caso, o menor índice de FOPcen deu-se naquelas

situações que o falante se dirige, no contexto de trabalho, por exemplo, a uma

pessoa hierarquicamente inferior (cf. Gráfico 5.8).

Gráfico 5.8: Distribuição das formulações FOPcen pelas situações do DCT

Distribuição de formulações FOPcen pelas situações do DCT

9,15%7,65%

4,20%4,93%

3,45%1,97%

10,62%2,47%

9,87%7,90%

3,95% 3,45%

1,97%2,96%

7,16%3,45%

10,90%

10,62%

123456789101112131415161718

No caso específico da NMOcen, observou-se que o maior índice de

formulação – 25,95% – ocorre quando os participantes da situação não se

conhecem, havendo, portanto, maior distanciamento social entre eles. Tal

fenômeno pode ser explicado pelo fato de o contato entre esses indivíduos ser

esporádico ou casual, não existindo, naturalmente, envolvimento /

comprometimento entre tais pessoas. Por conta disso, o falante parece não se

preocupar em não emitir a opinião solicitada e esperada por seu interlocutor. O

gráfico a 5.9 ilustra a distribuição de NMOcen em função da variável ‘Relações’.

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Análise e discussão dos dados 182

Gráfico 5.9: Formulações NMO distribuídas pela variável ‘Relações’

Formulações NMO distribuídas pela variável 'Relações'

9,20%16,72%

23,01%10,03%15,06%

25,95%

Família

Amigos

Vizinhos

Colegas de trabalho[superior]Colegas de trabalho[inferior]Desconhecidos

Se por um lado, o maior índice de NMOcen ocorre entre desconhecidos,

por outro, temos, entre familiares, o menor índice – apenas 9,2% das

formulações foram classificadas como ‘Não Manifestação de Opinião’.

No que tange à variável ‘Campo’, as formulações ‘ODDcen’ se distribuem

de forma equilibrada, havendo predomínio no espaço da casa e do trabalho,

sobretudo quando o falante tem mais status que seu interlocutor, conforme visto

anteriormente, por ocasião da análise da variável ‘Relações’.

No que tange aos enunciados classificados como ‘ODIcen’, o resultado

reflete, em alguma medida, o exposto anteriormente, pois o espaço da ‘Casa’

permanece como seu locus privilegiado. Quanto às respostas ‘FOPcen’, temos

forte presença do ambiente da ‘Rua’, espaço em que as relações são mais frias,

exigindo maior cuidado por parte do falante no processo de elaboração da

opinião desfavorável. Quanto ao caso da ‘NMOcen’, como seu maior índice foi

entre desconhecidos (cf. Gráfico 5.10), esperava-se que a ‘Rua’ fosse mesmo o

espaço mais privilegiado para a expressão da NMOcen.

Gráfico 5.10: Distribuição das formulações NMOcen pelas situações do DCT

Distribuição de formulações NMOcen pelas situações do DCT

1,25% 7,53%5,43%

1,25%6,28%

5,02%

10,04%

10,88%4,60%

4,18%2,93% 1,67%

16,74%

4,60%

2,93%

3,35%4,60%

6,69%

123456789101112131415161718

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183

Neste estudo, consideraremos, ainda, a variável ‘Tópico’. Conforme visto

anteriormente, pretendia-se, com a análise desta variável, verificar em que

medida o tópico a respeito do qual a opinião deveria ser elaborada poderia

influenciar a formulação desta. Tendo isso em vista, foram selecionados três

tópicos para elaboração do DCT: bem / posse, aparência física e habilidade. A

seguir, será apresentado, então, o resultado da análise que considerou a

variável citada.

Com relação às formulações categorizadas como ‘Opinião Desfavorável

Direta’, a análise da variável ‘Tópico’ revelou que de forma isolada, há maior

índice de emprego de ODDcen nas situações 18, 2 e 16. Elas envolvem os

seguintes tópicos: bem / posse [18 e 16] e ação realizada [2]. Observando o

conjunto de dados, há maior índice de emprego de ODDcen nas situações que

envolvem o tópico bem / posse. Por outro lado, o menor índice de ODDcen

ocorreu com situações que tinham como tópico a aparência física, tal como

ilustra o Gráfico a seguir. Isso indica que é mais difícil emitir uma ‘Opinião

Desfavorável Direta’ quando o assunto envolve a aparência física do interlocutor.

Gráfico 5.11: Formulações ODDcen distribuídas por ‘Tópico’

Formulações ODDcen distribuídas por tópico

35,68%

24,97%

39,35% Ação realizadaAparência físicaBem / posse

O mesmo ocorreu com relação às formulações ODIcen. Nesse caso,

houve maior índice de emprego de ODIcen nas situações 10, 3 e 7 que dizem

respeito aos seguintes tópicos: aparência física [10 e 7] e ação realizada [3].

Considerando o conjunto de dados, houve maior índice de emprego de ODIcen

nas situações que envolviam o tópico aparência física, corroborando o fato de

que opinar a respeito da aparência física de alguém é um ato que expõe muito o

falante (cf. Gráfico 5.12).

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Análise e discussão dos dados 184

Gráfico 5.12: Formulações ODIcen distribuídas por ‘Tópico’

Formulações ODIcen distribuídas por tópico

36,61%

38,98%

24,40%Ação realizadaAparência físicaBem / posse

Quanto à ‘Falsa Opinião Positiva’, temos, de forma isolada, referência à

ação realizada [situação 6] e a bem / posse [situações 14 e 15]. Nos dados, de

forma geral, observa-se, com o auxílio do Gráfico 5.13, um equilíbrio com

relação ao tópico, havendo uma leve tendência para maior índice de FOPcen

quando o tópico está relacionado a bem / posse.

Gráfico 5.13: Formulações FOPcen distribuídas por ‘Tópico’

Formulações FOPcen distribuídas por tópico

32,82%

32,33%

34,84%Ação realizadaAparência físicaBem / posse

No que diz respeito aos enunciados definidos como ‘Não Manifestação de

Opinião’, há maior índice de emprego nas situações que envolvem opinião

acerca de aparência física, tal como demonstrado no Gráfico 5.14.

Gráfico 5.14: Formulações NMOcen distribuídas por ‘Tópico’

Formulações NMOcen distribuídas por tópico

23,41%

51,88%

24,68%Ação realizadaAparência físicaBem / posse

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185

Tais situações exigiam do entrevistado que ele formulasse uma opinião

desfavorável acerca dos seguintes tópicos, todos relacionados à aparência física

de seu interlocutor: corte de cabelo, perda de peso, cirurgia plástica do nariz,

nova cor de cabelo, comprimento do cabelo e aparência geral. A preferência dos

participantes da pesquisa, quando expostos a essas situações apresentadas foi,

conforme já antecipado, pela ‘Não Manifestação de Opinião’. O gráfico 5.14, já

apresentado, revela que mais da metade das respostas NMOcen proferidas

tiveram como tópico a aparência física do interlocutor.

Em função desses dados, pode-se concluir que a elaboração de uma

opinião desfavorável a respeito da aparência física de um indivíduo é um

processo mais complexo, levando as pessoas a buscarem uma estratégia que

lhes dê a possibilidade de não discorrer a respeito do referido tópico, sobretudo

quando a opinião a ser emitida é desfavorável.

Nesta seção foi possível verificar que papel desempenham as diferentes

variáveis na elaboração da opinião desfavorável. A análise aponta para o fato de

que não é possível desconsiderar, por ocasião da elaboração do ato de opinar,

questões relativas às relações que se estabelecem entre os participantes do

processo comunicativo, ao contexto em que eles se encontram ou ao assunto

que esteja sendo abordado. Levando a questão para a área de ensino de PL2E,

isso significa que há mais do que simplesmente saber articular palavras em

português. É preciso, na verdade, conforme já apontado nesta Tese,

desenvolver um conjunto de competências.

Na sessão a seguir, a análise levará em conta dados relativos ao perfil dos

participantes, com o intuito de verificar a importância deste no processo de

elaboração da ‘Opinião Desfavorável’.

5.3.4 ‘Formulações Centrais’ da ‘Opinião Desfavorável’ – Análise do perfil dos participantes.

Nesta seção, dedicar-nos-emos a apresentar uma análise do perfil dos

participantes da pesquisa, considerando os dados do perfil descritos no Capítulo

4. Tem-se, com ela, o objetivo de verificar as preferências pelas formulações

possíveis de Opinião Desfavorável a partir de dados como: sexo, faixa etária e

renda dos participantes

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Análise e discussão dos dados 186

A análise do perfil dos participantes nos revela que indivíduos do sexo

feminino apresentaram preferência, de modo geral, pela ‘Opinião Desfavorável

Indireta’ e pela ‘Não Manifestação de Opinião’. Tendo isso em vista, os

participantes do sexo masculino optaram, com mais freqüência pela ‘Opinião

Desfavorável Direta’ e pela ‘Falsa Opinião Positiva’, conforme ilustrado pelo

Gráfico 5.15, mais adiante.

Com relação à faixa etária, a ODDcen foi mais empregada, de modo geral,

por aqueles informantes que declararam ter mais de 50 anos. Das 681

respostas, 263 (38,62%) foram elaboradas por pessoas dessa faixa contra 202

(29,66%) e 216 (31,72%) respostas para, respectivamente, a faixa etária 1 (de

17 a 25 anos) e 2 (de 26 a 49 anos).

Gráfico 5.15: Sexo dos participantes e elaboração da Opinião Desfavorável

Sexo dos participantes e elaboração da Opinião Desfavorável

57,32%

45,43%52,88%

48,90%42,60%

54,57%

47,12%51,10%

0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%

ODDcen ODIcen FOPcen NMOcen

Tipo de Opinião Desfavorável

Valo

res

perc

entu

ais

Sexo Feminino

Sexo Masculino

A ODIcen, por sua vez, foi o recurso de elaboração da Opinião

Desfavorável mais utilizado pelos informantes que declararam idade entre 17 e

25 anos – 120 (40,68%) das 295 respostas classificadas como ODIcen. Com

relação à FOPcen, houve empate entre as faixas 1 (de 17 a 25 anos) e 2 (de 26

a 49 anos). Em cada uma delas foi contabilizado um total de 146 respostas

(36,05%), restando 113 respostas (27,9%) elaboradas por participantes da faixa

etária 3 (mais de 50 anos). Quanto à NMOcen, esta formulação é mais comum

entre indivíduos que declararam ter entre 26 e 49 anos, pois eles foram

responsáveis por 95 respostas (39,75%) de um total de 239. O gráfico a seguir

resume os dados apresentados.

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187

Gráfico 5.16: Faixa etária dos participantes e elaboração da Opinião Desfavorável

Faixa etária dos participantes e elaboração da Opinião Desfavorável

0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%

ODDcen ODIcen FOPcen NMOcen

Tipo de Opinião Desfavorável

Valo

res

perc

entu

ais

Faixa etária 1(de 17 a 25anos)Faixa etária 2(de 26 a 49anos)

Faixa etária 3(mais de 50anos)

No quesito renda familiar, temos predominância de emprego de ‘Opinião

Desfavorável Direta’ (38,62% das respostas) entre as pessoas que declararam

ter renda familiar de até 4 salários mínimos. A ‘Opinião Desfavorável Indireta’ foi

a formulação preferida pelos participantes com renda familiar mensal entre 4 e

12 salários (36,27%). A ‘Falsa Opinião Positiva’ e a ‘Não Manifestação de

Opinião’ foram formas mais utilizadas por aqueles que disseram ter renda

superior a 12 salários mínimos (cf. Gráfico 5.17).

Gráfico 5.17: Renda familiar dos participantes e elaboração da Opinião Desfavorável

Renda familiar dos participantes e elaboração da Opinião Desfavorável

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

ODDcen ODIcen FOPcen NMOcen

Tipo de Opinião Desfavorável

Valo

res

perc

entu

mais de 12 salários

de 4 a 12 salários

até 4 salários

A fim de complementar a análise empreendida até este momento das

‘Formulações Centrais’ da ‘Opinião Favorável’, será apresentada a seguir a

descrição das ‘Formulações Periféricas’ identificadas por ocasião da análise dos

dados.

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Análise e discussão dos dados 188

5.3.5 Formulações Periféricas

Foram denominadas ‘Formulações Periféricas’ aquelas que funcionam

como satélites das ‘Formulações Centrais’. Enquanto estas dão o tom da opinião

expressa, as primeiras têm as seguintes funções (1) atenuar o impacto

produzido por tal opinião, funcionando como um recurso de polidez, ou (2)

reforçar / enfatizar a opinião desfavorável, dando-lhe mais força.

Conforme resume o Gráfico 5.18, as ‘Formulações Periféricas’ ocorrem

com mais freqüência com a ‘Opinião Desfavorável Direta’ (ODDcen). Uma

explicação possível para tal fenômeno pode estar ligada ao fato de que a

ODDcen, de acordo com a descrição empreendida neste estudo, é a categoria

da ‘Opinião Desfavorável’ com maior potencial de ameaça à face. Por conta

disso, sua expressão parece exigir mais a presença de formulações que

atenuem seu impacto sobre o interlocutor. Por outro lado, quando há o desejo de

realmente deixar explícito o caráter desfavorável da opinião, é mais provável que

se opte pela ODDcen acompanhada, possivelmente, de uma formulação

periférica, cujo propósito não seria de atenuar a ODDcen, mas de reforçá-la.

Gráfico 5.18: Índice de ‘Formulações Centrais’ isoladas X ‘Formulações Centrais’ + ‘Periféricas’

Índice de Formulações Centrais Isoladas X Formulações Centrais + Periféricas

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%

ODDcen i

solad

a

ODDcen +

perifé

ricas

ODIcen i

solad

a

ODIcen +

perifé

ricas

FOPcen i

solad

a

FOPcen +

perifé

ricas

NMOcen i

solad

a

NMOcen +

perifé

ricas

Categorias da Opinião Desfavorável

Valo

res

perc

entu

ais

Se por um lado a ‘Opinião Desfavorável Direta’ é aquela em que se

observa, conforme visto, maior índice de associação com ‘Formulações

Periféricas’, a ‘Não Manifestação de Opinião’ – uma fuga por si só da expressão

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

189

de uma opinião que tenha carga negativa como a desfavorável – encontra-se no

extremo oposto, pois há apenas 2,51% de associações com ‘Periféricas’.

Tendo em vista o exposto acima e considerando o Gráfico 5.18, percebe-

se que quanto mais à direita, mais próximo se vai em direção às formulações

indiretas. O movimento, nesse caso, das formulações que aparecem isoladas

segue em um crescendo. As formulações combinadas (Centrais + Periféricas),

inversamente, apresentam um movimento descendente.

Vale lembrar, conforme visto anteriormente, que foram encontrados, em

maior ou menor grau, registros de formulações periféricas com todas as

formulações centrais.

Com relação à posição no enunciado, as ‘Formulações Periféricas’,

marcadas em negrito nos exemplos que seguem, podem: (1) anteceder a

‘Formulação Central’, (2) suceder a ‘Formulação Central’, (3) ocupar

simultaneamente as duas posições citadas e (4) vir intercalada com relação à

‘Formulação Central’. Cada um dos exemplos apresentados ilustra, na

seqüência, um dos casos citados.

Exemplo 240: valeu a sua intenção.. mas podia ter sido melhor [0873FcC01]

Exemplo 241: pô:.. um estilo meio... eXÓtico.. meio diferente.. O que que é isso? Não entendi direito [0111FaC16]

Exemplo 242: é.. bonitas... as cores são um pouco cheguei... EU particularmente

não ia gostar de ver meu marido vestindo:: umas camisas com essas cores.. tão

berrantes assim... mas até que combina com você.. acho que vai ficar bem em você. [0121FaB17]

Exemplo 243: bom.. achei um pouco a comida meio exótica né.. um gosto meio

esquisito assim.. não comeria normalmente não.. mas..bom.. já que você gostou.. não.. valeu a pena experimentar.. mas eu não comeria mais não

[0111FaC04]

No Exemplo 240, temos a ‘Formulação Periférica’ denominada ‘Incentivo’

(INCper) (“valeu a sua intenção”) antecedendo a expressão da ‘Opinião

Desfavorável Indireta’ (“podia ter sido melhor”). Vale destacar a opção do falante

pela adversativa mas, utilizada com o intuito de marcar a transição do ‘Incentivo’,

marcadamente positivo e atenuador de qualquer opinião que pudesse ser

expressa, para a ODIcen, cuja carga é, apesar de implícita, negativa.

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Análise e discussão dos dados 190

Já no Exemplo 241, temos o oposto, pois a ‘Formulação Periférica’ “o que

que é isso? Não entendi direito.”, classificada como um ‘Pedido’ (PEDper),

sucede a ‘Formulação Central’ NMOcen (“pô:... um estilo meio exótico... meio

diferente”).

Com relação ao Exemplo 242, vê-se a ‘Formulação Central’ ‘Opinião

Desfavorável Direta’ (ODDcen) (“as cores são um pouco cheguei... EU

particularmente não ia gostar de ver o meu marido vestindo:: umas camisas com

essas cores.. tão berrantes assim...”) entre as periféricas ‘Falsa Opinião

Positiva’ (FOPper) (“é.. bonitas”) e ‘Incentivo’ (INCper) (“até que combina com

você.. acho que vai ficar bem em você.”).

O exemplo seguinte, por sua vez, traz uma ‘Opinião Desfavorável Direta’

desmembrada (“um gosto meio esquisito assim,,, não comeria normalmente

não.. (...) eu não comeria mais não”). Entre as duas partes temos um ‘Incentivo’

(INCper) (“já que você gostou.. não.. valeu a pena experimentar..”). Além disso,

a mesma opinião é precedida pela ‘Formulação Periférica’ NMOper (“achei um

pouco a comida meio exótica”).

Na análise parcial dos dados, foram identificadas, nove ‘Formulações

Periféricas’, a saber: (1) Pedido, (2) Razão, (3) Sugestão, (4) Incentivo, (5)

Elogio, (6) Repreensão, (7) Opinião Desfavorável Indireta, (8) Falsa Opinião

Positiva e (9) Não Manifestação de Opinião. A análise total dos dados permitiu

verificar a pertinência dessas formulações e identificar mais três, assim

denominadas: Comentário, Ameaça e Desejo. A seguir serão descritas todas as

‘Formulações Periféricas’ que surgiram por ocasião da análise. Os exemplos

utilizados pertencem aos dois corpora desta pesquisa, sendo um constituído com

os dados da primeira fase e outro com os dados da segunda.

5.3.5.1 Pedido (PEDper)

Nesse tipo de ‘Formulação Periférica’, também identificada pela sigla

PEDper e marcada em negrito nos exemplos selecionados, o falante elabora um

pedido com os seguintes intuitos:

1. obter mais esclarecimentos.

Exemplo 244: boNI::to.. intereSSAN:te... quem é o pintor? [0211MbB16]

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191

Exemplo 245: legal... deve ser bem difícil trabalhar com madeira.. né?

[0272FbB06]

Nesses casos, o ‘Pedido’ parece servir como uma estratégia para mudar o

foco da conversa. No momento, por exemplo, em que o falante pergunta “quem

é o pintor?” (Exemplo 244), ele deixa de centrar sua atenção no quadro a

respeito do qual deveria opinar e passa a abordar outro assunto. O mesmo

ocorre no Exemplo 245. A situação exigia que a opinião versasse a respeito de

uma peça de artesanato feita em madeira. Após dizer brevemente que a peça

era “legal”, o falante direciona a conversa para que seu interlocutor fale a

respeito da dificuldade de se trabalhar com tal material.

2. fazer com que o interlocutor realize alguma ação.

Exemplo 246: eu achei a reunião com Fusa e cansaTIva e: gostaria que cê repetisse para todos... novamente. [0011MaA01]

Exemplo 247: eu achei intereSSANte, mas eu gostaria de discutir com o senhor alguns tópicos. [0042MaB01]

Exemplo 248: eu achei que você não fez um serviço legal... gostaria que você fizesse de novo. [0052FbC04]

Exemplo 249: Poderia me explicar novame:nte porque::: eu não entendi:... o que

o senhor falou [0141FcC02]

Exemplo 250: dá prá perceber que você ainda está no começo. você pode cantar um pouquinho mais baixo? [0361FaA03]

Nesse caso, o falante, ao fazer o pedido, espera de seu interlocutor a

realização de uma ação, como: repetir o assunto da reunião, participar de uma

discussão, realizar novamente a faxina da sala ou cantar mais baixo.

A ‘Formulação Periférica’ denominada ‘Pedido’ pode acompanhar todas as

‘Formulações Centrais’, em qualquer uma das posições apresentadas. No caso

da ‘Não Manifestação de Opinião’, em especial, conforme visto em 5.3.2.4, as

ocorrências identificadas apontavam apenas o PEDper sucedendo a NMOcen.

Normalmente, o pedido identificado, sobretudo quando envolve a

realização de uma ação, estrutura-se a partir do verbo gostar no futuro do

pretérito. Conforme apontam Vilela e Koch, “o modo realizado no chamado

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Análise e discussão dos dados 192

futuro do pretérito62 exprime o ‘irreal’ no passado (...) ou pedido63(...) ou ainda

a suavização de uma afirmação” (Vilela e Koch, 2001, p. 178). Há, igualmente, a

possibilidade de emprego do verbo poder no presente ou no futuro do pretérito,

ou, ainda, a formulação de uma pergunta direta como: “quem é o pintor?” ou

“deve ser difícil trabalhar com madeira.. né?”.

5.3.5.2 Razão (RAZper)

Nesse caso, o falante, ao emitir sua ‘Opinião Desfavorável’, apresenta uma

razão ou justificativa que a fundamente, introduzida por conjunções como: pois e

porque (Neves, 2000, p. 801) (Exemplos 251, 252, 253 e 254). Essas

conjunções podem também estar implícitas, como no Exemplo 255.

Exemplo 251: não gostei da comi:da, pois não gosto de comidas exóticas. [0011MaA03]

Exemplo 252: não achei legal não porque isso é muito tradicional...prefiro coisa

mais moderna. [0062MbC10]

Exemplo 253: não achei muito legal não... porque eu não entendo de quadro e

para mim... é indiferente. [0062MbC11]

Exemplo 254: olha... rapaz eu.. eu acho que eu não faria isso não... porque eu gosto muito do jeito que a gente é... do jeito quando nasce... eu não.. não..

não vejo assim.. feio.. bonito.. dessa forma plástica não... acho que.. sei lá.. eu

sempre prefiro mais natural... pra mim eu não levo muito em conta o que foi ou o

que é agora... eu levo em conta o que é a gente.. né? como que a gente nasceu

[0342MbC09]

Exemplo 255: sua aparência é muito importante pro seu trabalho... então acho

melhor você cortar o seu cabelo [0632MaA11]

Não foram encontrados registros de RAZper com a ’Não Manifestação de

Opinião’. Nessa circunstância, a elaboração de uma ‘Razão’ talvez não se

justifique por conta do fato de que a NMOcen é, conforme visto, um modo de o

falante fugir da emissão de uma opinião que seja desfavorável. Tendo isso em

62 Grifo no original. 63 Grifo nosso.

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

193

vista, não haveria a necessidade de justificativa ou apresentação de razões para

a elaboração da opinião desfavorável.

5.3.5.3 Sugestão (SUGper)

Uma vez diante da necessidade de expressar uma ‘Opinião Desfavorável’,

a elaboração da ‘Sugestão’ surge para o falante como uma forma de apontar –

para seu interlocutor – caminhos a fim de que este promova mudanças com o

intuito de conseguir, em uma próxima ocasião, que uma opinião positiva seja

dirigida a seu favor.

Exemplo 256: bom, eu acho que você não deveria fazer isso. eu acho que você deve corTAR e: manter uma aparência melhor::... pra até mesmo pra se

apresentar pra outras pessoas. [0021FaA08]

Exemplo 257: eu acho que está ficando bom. você deveria continuar freqüentando para que continue a emagrecer mais. [0011MaA05]

Exemplo 258: o senhor realmente está com uma ótima aparência.. acho que

deveria visitar o spa mais vezes [0101FbB08]

Exemplo 259: não gosto muito de branca de neve NÃO ficaria melhor se pusesse mais árvores, um:: copo de leite, um:: girassol... [0162FbC15]

Nos dados desta pesquisa, a sugestão é, mais freqüentemente, introduzida

pelo verbo dever que, segundo Vilela e Koch, é um dos auxiliares de modo,

definidos como aqueles que “modificam a relação entre o sujeito frástico e o

processo verbal, exprimindo valores como ‘necessidade’ (ter de/que, dever64),

‘capacidade’ ou ‘possibilidade’ (poder), ‘desejo’ (querer)” (Vilela e Koch, 2001, p.

72). Nos casos apresentados, o verbo dever tem um “semantismo pleno que

exprime obrigação (= valor deôntico)” (op. Cit., p. 73).

Neves insere o mesmo verbo no conjunto daqueles denominados

modalizadores que se definem por serem “verbos que se constroem com outros

para modalizar os enunciados” 65 (Neves, 2000, p. 62) A autora indica dois tipos

64 Grifo nosso. 65 Grifo no original.

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Análise e discussão dos dados 194

de modalidades: a epistêmica (ligada ao conhecimento) e a deôntica (ligada ao

dever), sendo esta última a que se aplica aos casos expostos.

Em 256, por exemplo, o falante sugere para seu interlocutor a necessidade

de cortar o cabelo, pois isso garantiria uma melhor aparência. Já em 257 e 258,

o falante sugere que seu interlocutor tem ainda necessidade de freqüentar um

SPA por mais tempo.

5.3.5.4 Incentivo (INCper)

O ‘Incentivo’ é uma forma de o falante se solidarizar com seu interlocutor.

O Exemplo 260 nos mostra que é por seu intermédio que o falante indica para

seu interlocutor que há uma esperança de que este possa cantar bem ao dizer-

lhe “pode melhorar”. O mesmo ocorre com a fala produzida pelo informante

0211MbB, pois ao dizer “um dia você consegue melhorar”, lança mão de uma

estratégia de polidez.

Exemplo 260: bom, eu acho que você num tá BEM ainda... pode melhoRAR..

mas no momento tá incomodando. [0062MbC02]

Exemplo 261: é chefe de FAto as férias te fizeram muito bem.. você ta assim com

aquela cara de quem DEScansou.. de quem se divertiu.. de quem relaxou MUIto..

cê tá com uma aparência Ótima e acho assim... é um bom início.. continue mantendo sua dieta.. suas atividades físicas que um dia.. tsc... cê chega no ponto [0121FaB08]

Exemplo 262: ah cê tá no início.. tem que continuar né? tem muita coisa prá

aprender.. imagino né? e é isso mesmo.. continue se é isso que você quer

mesmo.. continue estudando bastante [0261FaC03]

Exemplo 263: cê não tá me atrapalhando não... como estão as aulas? tão sendo

boas? cê tá gostan::do? continua treinando [0272FbB03]

Exemplo 264: é... eu devo concordar com vc que todo início é um pouco difícil

entendeu.. a gente encontra obstáculos.. dificulDAdes.. nem sempre a gente

consegue atingir aquilo que seria o nosso objetivo final logo de cara... mas

digamos assim que::... depois de algum tempo bastante treinamento você pode

conseguir chegar lá.. sabe... não desiste não .. até que você tem talento.

[0121FaB03]

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195

Exemplo 265: Eu acho que cê tem que treinar mais... eh:::... um dia você consegue melhorar [0211MbB03]

Observa-se que a formulação do ‘Incentivo’ pode ser iniciada pelo verbo

poder que – tal como o verbo dever, descrito em 5.3.5.3 – integra o grupo dos

auxiliares de modo ou verbos modalizadores. Esse verbo, na verdade, tem

valores múltiplos e um deles diz respeito à capacidade (Vilela e Koch, 2001, p.

72), sentido que está subjacente ao Exemplo 260 apresentado acima.

São também comuns as formulações com verbos no Imperativo. Segundo

Vilela e Koch (2001),

O valor do Imperativo está intimamente ligado à situação, ao contexto (...). A situação – intervindo aqui também a entoação – indica em que medida o que é pedido se caracteriza como “pedido”, “ordem”, “conselho”, “ameaça”, “advertência”, etc. Há um sema evidente que é o de “futuro” (o tempo de realização). (Vilela e Koch, 2001, p. 179).

Nos casos analisados, mais do que indicador de ordem – função principal

e muitas vezes exclusiva desse modo verbal, prevista de forma reducionista por

alguns materiais de PL2E, por exemplo – o Imperativo sinaliza um incentivo.

5.3.5.5 Elogio (ELOper)

O ‘Elogio’, bem como outras ‘Formulações Periféricas’ já descritas, tem

como funções desviar a atenção do interlocutor da opinião desfavorável que tiver

sido expressa e amenizar o impacto desta que é considerada, conforme visto,

um ato de ameaça à face. No Exemplo 266, o falante, após ter sido instado a

emitir uma opinião relativa ao novo jardim de seus vizinhos, sobretudo a respeito

das peças de cerâmica que retratam os personagens Branca de Neve e os 7

anões, inicia com uma ‘Falsa Opinião Positiva’ (“eu achei muito boNIto”) para,

em seguida, formular um ‘Elogio’ – não ao jardim como um todo – mas às

plantas, dizendo que estas “estão muito bem cuidadas”. Só depois disso ele

emite sua opinião desfavorável com relação às imagens (“só não gosto daqueles

anões”). Sua fala é finalizada com um novo ‘Elogio’, direcionado ao restante do

jardim: “tá muito bonito”.

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Análise e discussão dos dados 196

Exemplo 266: eu achei muito boNIto... as plantas estão muito BEM cuidadas...

ele tá muito... ficou... deu uma renovada... só não gosto ... daqueles anões... mas de resto, tá muito bonito. [0042MaB10]

Exemplo 267: Fazer escultura até que é uma arte bem difícil.. né.. ainda mais desse tipo bem diferente.. mas até que é interessante o seu trabalho

[0101FbB06]

Exemplo 268: é um quadro diferen::te né?.. assim.. vai cair bem com o estilo da casa. [0292FaA16]

Exemplo 269: AMOR.. ainda bem que eu não casei com você SÓ pela sua

aparência. existem traços na sua personalidade que eu admiro.. como por exemplo a sua inteligência.. a sua sinceridade... o seu senso de humor e dá pra viver disso até seu cabelo crescer novamente. [0121FaB07]

A diferença entre o ‘Elogio’ e a ‘Falsa Opinião Positiva’ – seja ela

considerada como ‘Formulação Central’ ou ‘Periférica’ – reside no fato de que o

primeiro envolve algo que esteja relacionado de algum modo com o objeto ou a

pessoa sobre a qual deve recair a opinião. A ‘Falsa Opinião Positiva’, por sua

vez, é uma opinião diretamente vinculada àquilo que se deseja avaliar – um

objeto, uma característica física ou uma habilidade, por exemplo. Desse modo, a

situação retratada no Exemplo 267 exigia uma opinião a respeito de uma

escultura em especial – uma cabeça de cavalo feita em madeira. O falante opta,

conforme visto, por fazer um elogio à arte de fazer escultura, deixando para

outro momento a realização do ato de opinar. O mesmo processo se observa no

Exemplo 269, ocasião em que o informante deveria opinar a respeito de um

corte de cabelo. A informante 012, nesse caso, fez um elogio a outras

características não mencionadas do seu interlocutor.

5.3.5.6 Comentário (COMper)

A ‘Formulação Periférica’ denominada ‘Comentário’ tem uma posição

flutuante, pois pode preceder ou suceder a ‘Formulação Central’.

Exemplo 270: olha... eu acho que tudo artificial parece assim... uma plástica parece uma coisa falsa... a senhora tá natural... a senhora tá bem... a senhora

não parece ter quarenta anos não [0332FaA12]

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197

Exemplo 271: é::... eu não tô acostumado a... a utilizar desse tipo de comida... mas achei interessan::te [0492MaA04]

Exemplo 272: estranhei no come::co... mas creio que ficou legal [0551FaC10]

Exemplo 273: o::lha... eu acho... eu acho que você::... prá quarenta anos.. vamos

dizer.. você tá:: com uma aparência de quaren::ta anos.. no que eu tô

entendendo... ago:::ra um artista tem vá::rias opções... tem meios né?.. e:: eles têm que estar com uma aparên::cia boa.. prá aparecer numa te::a né?... então têm que estar ma::gro... tem que estar sem barri::ga... sem estô::mago... com uma pele boni::ta... agora você.. como eu.. tô com uma

aparência... tô com cinqüenta e cinco anos... eu acho que eu tenho aparência de

cinqüenta e cinco anos [0713FaA12]

Exemplo 274: bom... eu acho que gosto não se discute.. né? mas eu não gostei

muito não... não faz muito o meu.. meu gênero não [0332FaA16]

O ‘Comentário’ envolve uma digressão que pode estar relacionada ao

tópico em discussão ou não.

5.3.5.7 Desejo (DESper)

Nesse tipo de ‘Formulação Periférica’, o falante esboça um desejo, tal

como exemplificado a seguir.

Exemplo 275: foi muito interessante... eu espero que todos tenham compreendido o que você quis expor [0361FaA02]

Exemplo 276: não é:: não... não tá incomodando não... às vezes sai um pouco alto

e tal... mas a gente já tá se acostuman::do.. espero que você melhore [0612MaB03]

A expressão que denota o sentimento de desejo mais comumente

empregada foi ‘espero que’, seguida de tempos do modo subjuntivo.

5.3.5.8 Ameaça (AMEper)

Essa formulação foi mais empregada nas situações que retratavam,

sobretudo, uma relação assimétrica entre os personagens envolvidos, tendo sido

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Análise e discussão dos dados 198

utilizada majoritariamente, como esperado, por aquele que detinha mais poder

na relação. Isso significa que o maior índice de AMEper foi observado nas

situações em que o participante assumia, por exemplo, o papel de chefe. Isso

parece corroborar o rito do “Você sabe com quem está falando?” apresentado

por DaMatta (1997). Ao tratar do assunto, o autor faz a seguinte afirmação:

(...) ensinamos o samba e o futebol, falamos da praia e da mulher brasileira, das nossas informalidades e aberturas (...), mas jamais estampamos diante da criança e do estrangeiro o “sabe com quem está falando?”, Ao contrário, chegamos até a proibir o seu uso como indesejável, embora isso seja feito somente para usar a execrável formalidade na primeira situação no dia seguinte. Consideramos a expressão como parte do “mundo real”, da “dura realidade da vida”, um recurso ensinado e ativado no mundo da rua, esse universo de cruezas que separamos e defendemos do nosso “lar”, da nossa “morada”, da nossa “casa”. O mundo da rua usa o “sabe com quem está falando?”, mas nós decidimos não integrar o rito no modo doce, gostoso e não-rotinizado com que preferimos tomar consiência do nosso universo social. (DaMatta, 1997, p. 183)

Observa-se que o “Você sabe com quem está falando?” marca a

verticalidade das relações e se iguala ao ditado popular “Manda quem pode e

obedece quem tem juízo”. Ambos, apesar de não terem sido mencionados de

forma explícita por nenhum dos participantes, estão contidos nas falas

transcritas abaixo.

Exemplo 277: bom... eu a::cho que você deveria pensar bem:: porque a

ima:gem de alguém com cabe::lo compri:do... não é tão boa.. quanto alguém com

cabe::lo curto [0211MbB11]

Exemplo 278: Se você quiser continuar: com o seu empre:go, corte o seu

cabe:lo [0201MaA11]

Exemplo 279: o::lha.. eu tenho que falar pra você a verdade... a empresa não tem

um perfil de jovem.. que você tá atualmente.. com esse o seu cabelo compri:do...

eu acho melhor como sua supervisora... como sua supervisora te recomendar

você cortar esse cabelo aí... dar uma aparada... senão alguém vai te chamar a atenção [0292FaA11]

Nas situações ilustradas pelos Exemplos 277, 278 e 279, verifica-se que o

falante ocupa, hipoteticamente, um cargo de chefia e está, por isso, em uma

situação mais privilegiada socialmente. Nos casos analisados, o falante, então,

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

199

se vale dessa posição para ameaçar aquele que supostamente seria seu

subordinado de perder seu emprego.

Apesar, como disse DaMatta, de a ‘Casa’ não ser o espaço privilegiado do

rito do “sabe com quem está falando?”, verificou-se a ocorrência da formulação

AMEper também nesse contexto. Nesse caso, a proximidade entre os

participantes parece permitir seu uso em caso de conflito declarado como o

apresentado pelo Exemplo 280.

Exemplo 280: ah:: amor::... tu é burro ou o que? você não sabe que essa marca é

Péssima?.. se estragar... o dinheiro vai sair do seu bolso [0312FaC13]

5.3.5.9 Repreensão (REPper)

A ‘Repreensão’ e a ‘Ameaça’ foram as ‘Formulações Periféricas’

encontradas que têm como objetivo reforçar a opinião desfavorável.

Exemplo 281: não gostei do servi:co... você poderia ter feito melhor. [0011MaA

04]

Exemplo 282: não... poderia ter feito melhor. [0073FcC04]

Exemplo 283: está bom amor... mas acho que você poderia ter me perguntado antes. [0241FbC07]

Exemplo 284: achei pô:: uma boa iniciati::va... só que::... você podia ter espera::do.. prá gente poder decidir junto né?.. pô::... já falei várias vezes.. a gente tem que decidir tudo junto [0531MbC13]

Exemplo 285: na realidade... o objetivo foi distorcido.. eu vim aqui prá andar de táxi.. mas o seu trabalho está razoavelmente bom... não era bem o objetivo esse..

mas está razoavelmente satisfatório [0443MaA06]

Exemplo 286: eu achei que você não fez quase nada... porque que tá assim? cê lembra do que eu pedi para você fazer? porque que cê não fez.. assim? você pode explicar? [0342MbC05]

Exemplo 287: poxa amor.. sinceramente eu não esperava que você fosse fazer isso.. eu gostava tanto do seu cabelo comprido.. ah.. mas.. ah.. eu::.. ah.. mais ou

menos.. ah.. eu gostava de antes.. mas pode crescer de novo o cabelo.. né?

[0111FaC07]

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Análise e discussão dos dados 200

Exemplo 288: ah::... não acreDIto que cê fez Isso.. ce pinTOU o seu cabelo e

tirou aqueles cabelos grisalhos que eu achava LINdo? [0292FaA10]

5.3.5.10 Opinião Desfavorável Indireta como Formulação Periférica (ODIper)

A ‘Opinião Desfavorável Indireta’, a ‘Falsa Opinião Positiva’ e a ‘Não

Manifestação de Opinião’, além de funcionarem como ‘Formulações Centrais’,

podem também ser utilizadas como ‘Periféricas’, desde que sigam as seguintes

regras:

1. A ‘Opinião Desfavorável Direta’ por ser a categoria em que se inscrevem

as formulações mais objetivas e diretas de expressar uma opinião

desfavorável tem prevalência sobre as demais e, por conta disso, sempre

será o núcleo. Tendo isso em vista, a ODDcen não aceita ser periférica de

nenhuma outra formulação.

2. A ‘Opinião Desfavorável Indireta’ só pode ser ‘Formulação Periférica’ da

ODDcen.

3. A ‘Falsa Opinião Positiva’ pode ser ‘Formulação Periférica’ da ODDcen e

da ODIcen.

4. A ‘Não Manifestação de Opinião’ pode ser ‘Formulação Periférica’ da

ODDcen, ODIcen ou FOPcen.

5. A NMOcen não aceita, ODIper ou FOPper como periféricas.

A ‘Opinião Desfavorável Indireta’, já descrita anteriormente, pode ocupar –

tal como a ‘Falsa Opinião Positiva’ e a ‘Não Manifestação de Opinião’ – dois

espaços distintos, a saber: (1) formulação central ou (2) formulação periférica.

No Exemplo 289, apresentado a seguir, é expressa uma ‘Opinião Desfavorável

Direta’ (‘Formulação Central’), precedida por uma ‘Indireta’ (‘Formulação

Periférica’), marcada em negrito. Com a expressão desta, o falante procurará

preparar seu interlocutor para lançar sua real opinião. O mesmo processo ocorre

nos exemplos que seguem.

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201

Exemplo 289: Eu achei essas cores muito fortes para você... a minha opinião é que você assenta melhor com cores mais neutras, mais claras, né?... com estilo diferente... esse estilo de cor não é para você. [0052FbC12]

Exemplo 290: Preferia mais o outro. Esse eu não gostei não. [0201MaA07]

Exemplo 291: Ah... cê tá precisando melhorar um pouquinho... não tá muito

boa não. [0281MaB01]

Exemplo 292: é que no início tudo é difícil.. né? então imagino que.. como você é iniciante.. as dificuldades são grandes. é:: assim... vou ser honesta com

você... me incomoda um pouco.. sim... mas eu acho que você deve continuar

tentando.. né? assim.. quem sabe daqui a um tempo vai estar bem melhor, né?

[0432FaB03]

Como ‘Formulação Central’, a ‘Opinião Desfavorável Indireta’ é o meio

através do qual a opinião é construída. Como ‘Formulação Periférica’, ela serve

de suporte à ‘Opinião Desfavorável Direta’, amenizando-a.

5.3.5.11 Falsa Opinião Positiva como Formulação Periférica (FOPper)

A exemplo do que foi sinalizado em passagens anteriores, a ‘Falsa Opinião

Positiva’, marcada em negrito nos exemplos que seguem, também pode ocupar

a posição de ‘Formulação Periférica’. Tal como descrito em 5.3.2.3, há, nesse

caso, a introdução de itens lexicais ou formulações que valorizam o ser, o objeto

ou a atitude a respeito dos quais o falante deverá emitir uma opinião. Seu

objetivo, tal como já apresentado para outras formulações, é também o de

abrandar a expressão da ‘Opinião Desfavorável’.

Exemplo 293: eu achei muito boNIto... as plantas estão muito BEM cuidadas...

ele tá muito... ficou... deu uma renovada... só não gosto ... daqueles anões... mas

de resto, tá muito bonito. [0042MaB10]

Exemplo 294: é... essas camisas são... são bonitas e tal... mas não faz muito o

meu estilo não. [0062MbC12]

Exemplo 295: prá quem gosta, fanTÁStico. sinceramen:te eu não gosto de nada

feito em MAdeira. [0162FbC06]

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Análise e discussão dos dados 202

Exemplo 296: é:: bem lega::l.. bem confortá::vel.. eu já até tive um desses só

que eu não me dei muito bem com ele.. mas eu troquei.. mas é (pausa) interessantezinho. [0101FbB18]

Exemplo 297: boNIto... muito boNIto, mas eu não colocaria um desses na minha

casa [0121FaB16]

Exemplo 298: eu achei um pouco confusa.. mas::... interessante [0201MaA02]

5.3.5.12 Não Manifestação de Opinião como Formulação Periférica (NMOper)

A ‘Não Manifestação de Opinião’ pode desempenhar os papéis de: foco da

emissão da opinião ou ‘Formulação Periférica’. Nos casos apresentados a

seguir, a ‘Não Manifestação de Opinião’ aparece, como ‘Formulação Periférica’

associada a uma ‘Formulação Central’. A NMOper, normalmente, atua aliviando

a tensão que se estabelece entre os participantes em uma situação dessa

natureza.

Exemplo 299: rapaz... não sou o melhor prá julgar arte... eu não tenho tanto conhecimen:to... mas ficou legal... deve... deve ter uma mensagem aí ..mas eu.. eu sinceramen:te não conheço [0662MaA16]

Exemplo 300: nossa.. como seu nariz ficou diferente.. né..até que ficou legal

[0101FbB09]

Exemplo 301: nossa.. pra falar a verdade.. num tinha repara.. num lembro mais como era o seu nariz antes.. mas.. parece que ficou bom.. né. Num tô

lembrada de antes mas parece que ficou legal [0111FaC09]

Exemplo 302: ih:: pintou o cabe::lo. BOM é:: ficou diferen:::te né? já tava acostumada com você an::tes.. ago::ra cê tá diferen:te né? a gente acostuma de novo... mas tá legal tá legal.. se você:: achou legal.. tá legal tá tá legal assim

[0261FaC10]

Exemplo 303: eu diria que a::as comidas de..de.. outros países são bem exóticas.. um paladar bem diferente.. mas.. por isso que eu prefiro a brasileira.

[0101FbB04]

Exemplo 304: eu prefiro as cores neutras... mas você.. você tem que saber o que você gosta de vestir. [0321MaA17]

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203

A integração entre as ‘Formulações Centrais’ e as ‘Formulações

Periféricas’, considerando os dados parciais pode ser observada no Quadro 5.2,

apresentado a seguir.

Quadro 5.2: A inserção das formulações periféricas na emissão da opinião desfavorável – análise

parcial

FORMULAÇÃO PERIFÉRICA FORMULAÇÃO CENTRAL

FORMULAÇÃO PERIFÉRICA

Falsa opinião positiva Opinião desfavorável Pedido

Opinião desfavorável indireta direta Razão

Não manifestação de opinião Sugestão

Elogio Incentivo

Repreensão

Elogio

Não manifestação de opinião

Falsa opinião positiva Opinião desfavorável Falsa opinião positiva

indireta

Falsa opinião Pedido

positiva Sugestão

Não manifestação de opinião

Nos dados parciais, as ‘Formulações Periféricas’ identificadas ocupavam

apenas duas posições com relação às ‘Formulações Centrais’. Ora elas

antecediam estas, ora elas as sucediam. A coleta integral dos dados e sua

análise permitiram verificar que esta relação entre ‘Formulações Centrais’ e

‘Formulações Periféricas’ era bem mais complexa do que o previsto inicialmente.

Os quadros mais detalhados que retratam essas relações foram apresentados

em 5.3.2.1.3, 5.3.2.2.2, 5.3.2.3.3 e 5.3.2.4.2.

A análise empreendida permitiu-nos também, com base em Meyer (1980)

e em Freitas (2000), elaborar um contínuo para a ‘Opinião Desfavorável’. Meyer,

em seu estudo a respeito da modalização e da adesão, formulou um contínuo

para o conceito de adesão, partindo da seguinte observação:

O conceito de adesão é, como o de distância, uma linha contínua, com pólos extremos de máxima e mínima. Ou seja, podemos ter a adesão máxima e a mínima, mas sempre como o mesmo fenômeno, nunca como elementos

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Análise e discussão dos dados 204

independentes um do outro. Não há ponto de ruptura, passagem de um estágio para o outro, saltos. Há apenas uma progressão de maior ou menor adesão, mais ou menos compromisso com o enunciado. (Meyer, 1980, p. 36)

Já Freitas (2000) elaborou um contínuo para os atos de concordar e

discordar após observar que havia diferentes níveis de intensidade para os

referidos atos. Segundo a autora, “a criação do eixo visa a uma melhor

organização das estruturas analisadas e, principalmente, ao entendimento da

existência de diferentes níveis de concordância e discordância presentes na

interação social” (Freitas, 2000, p. 26).

No caso em foco nesta pesquisa, verificamos, tal como propuseram Meyer

e Freitas, a existência – dentro do estudo da opinião desfavorável – de pólos

extremos onde se situariam a opinião desfavorável direta de um lado e a falsa

opinião positiva de outro. Essa distribuição está pautada não só nos aspectos

formais já descritos anteriormente, mas principalmente na menor [pólo negativo]

ou maior [pólo positivo] presença de recurso de polidez. Nesse caso, a opinião

desfavorável direta estaria no pólo negativo enquanto a falsa opinião positiva

estaria no extremo oposto ou no pólo positivo, tal como ilustrado na Figura 5.10.

Figura 5.10: Opinião desfavorável direta e falsa opinião positiva no contínuo da opinião desfavorável

Opi

nião

des

favo

ráve

l dire

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de

form

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erifé

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pini

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om re

forç

o ou

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no

supe

rlativ

o

- N

eutro +

Também não observamos entre todas as estratégias e processos

envolvidos no ato de opinar desfavoravelmente pontos de ruptura. Há, ao

contrário, conforme apontam Meyer (1980) e Freitas (2000), uma progressão que

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205

se desenvolve de um pólo ao outro. Na Figura 5.11 tentamos demonstrar como

se dá tal progressão.

Figura 5.11: Contínuo da emissão da opinião desfavorável

Opi

nião

des

favo

ráve

l dire

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forç

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o

- N

eutro +

A ‘Não Manifestação de Opinião’ foi considerada como o ponto neutro do

contínuo por ela significar, conforme visto, uma forma que o falante tem a sua

disposição para se isentar de emitir opinião desfavorável quando solicitado a dar

uma opinião a respeito de algo ou alguém. No caso das estratégias que se

situam à esquerda do ponto neutro, vale destacar o fato de que a opinião

desfavorável direta não é necessariamente mais impactante do que a opinião

desfavorável indireta. Essas duas estratégias, somadas aos diferentes

processos identificados e descritos se distribuem complementarmente no

contínuo. Os exemplos a seguir vêm corroborar essa afirmação.

Exemplo 305: eu achei boNIto... as plantas estão muito BEM cuidadas... ele tá

muito... ficou... deu uma renovada... só não gosto... daqueles anões... mas de

resto, ta muito bonito. [0042MaB10]

Exemplo 306: você tem cerTEza que HOUve limPEza? [0021FaA04]

No Exemplo 305, a opinião solicitada é explicitada no trecho em negrito e,

nesse caso, de acordo com o que foi discutido anteriormente, o participante da

pesquisa optou por estruturá-la como uma opinião desfavorável direta. No

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Análise e discussão dos dados 206

entanto, essa opinião aparece cercada por elaborações de falsa opinião positiva

e elogio que funcionam como atenuadoras do impacto da opinião, em uma

tentativa de o falante salvar sua face e a de seu interlocutor. Já no Exemplo 306,

temos uma opinião desfavorável indireta com incidência de ironia. Apesar da

necessidade de acessar o nível do não-dito, o que se quer dizer é que não

houve nenhum tipo limpeza. Acreditamos que, diante do exposto, o Exemplo 306

estaria mais próximo do pólo negativo do que o Exemplo 305, tal como previsto

na Figura 5.11.

No Capítulo 3 desta pesquisa, foi mencionado o fato de que estudos sobre

questão da polidez em português do Brasil, como os empreendidos por Becher

(1980), Koike (1992), Meyer (2000), Prado (2001), Albuquerque (2003), apontam

para a dificuldade que têm os brasileiros em realizar atos de ameaça a face,

sobretudo aqueles que envolvem de alguma forma uma negação.

Ao longo deste Capítulo, foram apresentadas e descritas as quatro

categorias em que a ‘Opinião Desfavorável’ parece desdobrar-se. O

estabelecimento de uma comparação entre tais categorias nos leva a verificar

que a ‘Opinião Desfavorável Direta’ se opõe às demais. Enquanto a ODDcen se

mostrou como um tipo formulação em que o falante está mais preocupado em

garantir seu direito à expressão, tendo, portanto, menos cuidado em salvar a

face de seu interlocutor, as formulações que integram as outras categorias são,

em algumas medida, estratégias que denotam maior ou menor grau de polidez.

Isso vem ao encontro dos trabalhos anteriores no sentido de que reafirma a

noção de que o brasileiro, de modo geral, teme o conflito aberto.

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6 Considerações Finais

Fight for your opinions, but do not believe that they contain the whole truth, or the only truth. (Charles A. Dana)1

Nas áreas de Lingüística e Língua Portuguesa é possível encontrar

estudos sistemáticos a respeito de atos de fala em geral. Já no campo do PL2E,

observa-se um movimento inverso. Apesar da importância, para o ensino desse

e de outros idiomas, de se compreender como são constituídos os diferentes

atos de fala, verificou-se, com o levantamento das obras de referência dessa

área, que não há muitos estudos sobre atos de fala. Nesse caso, a falta de obras

de referência pode levar o professor de PL2E, quando indagado a respeito de

algo relacionado ao assunto em tela, a elaborar, muitas vezes, sua explicação

com base no seu saber de falante nativo. Pode-se dizer, então, que o saber

intuitivo se sobrepõe, no caso mencionado, ao saber declarativo.

Tal como visto anteriormente, estudos a respeito da elaboração da opinião

e, principalmente, da opinião desfavorável com foco direcionado para o ensino

de PL2E não foram localizados. Desse modo, esse estudo inaugura e delimita

um vasto campo de possibilidades para pesquisas futuras.

Neste estudo, tal como anunciado na Introdução, buscou-se verificar as

estratégias lingüísticas e discursivas empregadas por falantes nativos de

português do Brasil – naturais do estado do Rio de Janeiro – por ocasião da

elaboração de uma opinião desfavorável. Para tanto, os noventa participantes

selecionados tiveram de responder a um Discourse Completion Test composto

de dezoito situações. Todas elas foram elaboradas de modo a privilegiar

determinadas informações contextuais e também um dos seguintes tópicos:

bem/posse, habilidade do interlocutor para executar alguma tarefa e aparência

física. Com isso, foi possível verificar e descrever as escolhas lingüísticas e

discursivas feitas pelos participantes, bem como os aspectos motivadores de

uma escolha em detrimento de outra.

1 “Lute por suas opiniões, mas não acredite que elas contenham toda a verdade ou a única verdade.” [tradução livre] Citação localizada na página www.quatationspage.com/subjects/opinions. Acesso em 9 de janeiro de 2007.

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Considerações Finais

208

Apesar de o corpus desta Tese ser composto por produções orais de

falantes nativos de português do Brasil, a pesquisa e seus resultados se aplicam

à área de PL2E na medida em que fornecem subsídios para que possamos

melhor compreender como se processa a elaboração da opinião desfavorável

em Português e para que materiais a respeito do tópico citado possam ser

elaborados com base em dados reais e no uso efetivo da língua.

Justifica-se a escolha do tema desta pesquisa – a elaboração, em

português do Brasil, da opinião desfavorável – no fato de que os resultados

obtidos com a sua realização forneceram subsídios, conforme visto, para uma

melhor compreensão da complexidade que envolve o ato de fala em tela e para

uma apresentação mais adequada do assunto para aprendizes de PL2E.

Quanto à condução da pesquisa propriamente dita, houve alguma

dificuldade com relação à disponibilidade, por vezes limitada, de alguns

informantes para a aplicação do Discourse Completion Test (DCT) e ao espaço

para realização da coleta. Conforme dito na Metodologia, optou-se, neste

estudo, pela coleta gravada. A gravação demanda tempo do informante e um

local que seja adequado – preferencialmente com pouco ou nenhum ruído. Vale

destacar também que a opção pela coleta de dados orais significou um trabalho

complementar de transcrição.

Por outro lado, houve fatores que contribuíram positivamente para o bom

andamento do trabalho de coleta e organização de dados. Aqueles que se

dispuseram a participar da pesquisa relatavam, com freqüência, ter gostado de

responder ao DCT. Além disso, muitos participantes afirmaram ter vivenciado

muitas das situações apresentadas no referido teste, sinalizando para o fato de

que as situações elaboradas retratavam, em uma certa medida, situações reais

de interação. Com relação à organização dos dados, a opção pela criação de um

banco de dados facilitou o acesso a eles e permitiu diversos recortes, bastando

selecionar o tipo de dado a ser pesquisado no banco, como por exemplo:

respostas de informantes do sexo feminino ou masculino, respostas elaboradas

por informantes da faixa etária 1, entre tantos outros.

A fim de que fosse possível compreender em profundidade o espaço

destinado nas obras de referência da área de PL2E à discussão e apresentação

da opinião desfavorável, foi realizado um levantamento bibliográfico a partir do

qual se delimitou tal espaço. Conforme dito, nas obras de cunho teórico não

foram identificadas referências ao ato em questão, apesar de haver estudos

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sobre outros atos de fala como elogios (Almeida, 2006) e respostas a elogios

(Lorenzo-Dus, 2001). Com relação às obras didáticas, destinadas ao uso em

sala de aula, chegou-se à conclusão de que a menção ao ato de opinar e, em

especial, ao ato de opinar desfavoravelmente não é feita de modo sistemático,

apesar de este ser um ato realizado com bastante freqüência não só no contexto

brasileiro, mas em inúmeros outros contextos.

O estudo prosseguiu com o estabelecimento de uma definição para o

conceito de opinar e com a identificação de estudos já realizados sobre a

expressão da opinião em outros idiomas. Conforme dito anteriormente, a noção

de língua[gem] adotada nesta pesquisa teve por base os estudos da Lingüística

Sistêmico-funcional. Tendo essa perspectiva em vista, foram adotados alguns

conceitos que nortearam a análise de dados, tais como: variável contextual,

campo, modo, relações e configuração contextual. Do campo da Pragmática,

foram relevantes e fundamentais os conceitos de ato de fala, polidez e face. Da

Antropologia Cultural, empregamos os conceitos propostos por DaMatta

denominados casa e rua. A relação de variadas correntes de estudos teóricos

permitiu uma abordagem multidisciplinar do fenômeno em questão e, portanto,

uma análise em diferentes perspectivas.

No que diz respeito à análise dos dados, privilegiou-se em um primeiro

momento, a partir das variáveis contextuais já citadas, o levantamento das

configurações contextuais possíveis, a fim de verificar e descrever os diferentes

contextos em que as opiniões desfavoráveis foram emitidas Na seqüência, foi

feito um levantamento considerando todos os marcadores de opinião

empregados. Isso permitiu observar, por exemplo, que o verbo achar – bastante

privilegiado pelos materiais didáticos de PL2E – tem mesmo alto índice de

recorrência. Por outro lado, há outras formulações que concorrem com a

apresentada e que deveriam também ser privilegiadas no ensino, como as

apresentadas no Capítulo 5, por exemplo.

Com relação ao estudo descritivo sobre a opinião desfavorável, chegou-se,

a partir dos dados coletados e analisados, à conclusão de que ela se desdobra

em quatro categorias, a saber: ‘Opinião Desfavorável Direta’, ‘Opinião

Desfavorável Indireta’, ‘Falsa Opinião Positiva’ e ‘Não Manifestação de Opinião’.

Além disso, foram identificadas doze formulações periféricas cuja função é,

conforme descrito, atuar como atenuador ou reforço por ocasião da emissão da

opinião desfavorável. As doze formulações foram identificadas da seguinte

forma: Pedido, Razão, Sugestão, Incentivo, Elogio, Comentário, Desejo,

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Considerações Finais

210

Ameaça, Repreensão, Opinião Desfavorável Indireta, Falsa Opinião Positiva e

Não Manifestação de Opinião.

No processo de análise dos dados, foi também possível confirmar o

importante papel que desempenham as variáveis contextuais campo e relações

na elaboração da opinião desfavorável. Como elas estão intimamente

relacionadas à definição dos dados contextuais, o falante se utiliza dessas

informações para fazer as escolhas mais adequadas no sistema da língua.

Deve-se ainda destacar o impacto que teve a variável tópico na elaboração da

opinião desfavorável. Verificou-se a partir do estudo dessa variável que há

assuntos a respeito dos quais é mais fácil opinar desfavoravelmente, como um

bem ou posse, assim como há outros que devem, na medida do possível, ser

evitados, como opinar a respeito da aparência física de alguém.

Com esta pesquisa foi possível verificar a complexidade que envolve o ato

de opinar. Tal complexidade diz respeito não somente a aspectos lingüísticos,

mas também discursivos, culturais e entonacionais, por exemplo. Opinar

desfavoravelmente é um ato que coloca o falante diante de uma multiplicidade

de possibilidades e da necessidade de proceder a inúmeras escolhas, tendo

sempre em vista, na maior parte das vezes, a necessidade de salvaguardar sua

face e a de seu interlocutor.

Além dos aspectos já destacados, vale ressaltar que a pesquisa aponta

para a possibilidade de desdobramentos futuros. Sugerimos a seguir outras

pesquisas que, a partir desta, podem ser realizadas:

• Aos dados já analisados, poderão, por exemplo, ser confrontados

dados coletados em outras regiões do Brasil a fim de verificar

semelhanças e diferenças na realização do ato de opinar

desfavoravelmente.

• O corpus construído para a realização desta Tese permite, ainda, a

realização de pesquisa comparativa na perspectiva de

interlanguage pragmatics ou de cross cultural studies.

• Pode-se, ainda, realizar uma pesquisa detalhada a respeito da

entoação na produção do ato de opinar desfavoravelmente,

observando sobretudo os casos de ‘Opinião Desfavorável Indireta’

e ‘Falsa Opinião Positiva’.

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211

Ressalte-se que, além disso, este estudo e seus resultados também serão

de grande utilidade para o desenvolvimento de novos materiais didáticos para o

ensino de PL2E, como exposto anteriormente.

Com a finalidade de levar os aprendizes de PL2E a se comunicarem de

maneira mais efetiva, é imperioso que as diferentes possibilidades de realização

de um ato de fala como o apresentado nesta pesquisa, bem como as

implicações de ordem cultural, sejam aos poucos elucidadas. Tal como

apontado, a compreensão, por parte do docente, de toda a complexidade que

envolve a realização de um ato de fala tem uma repercussão positiva no

processo de ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira.

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219

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APÊNDICE 1 Ficha de Identificação Modelo da Ficha de Identificação apresentada aos participantes da pesquisa.

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Referências Bibliográficas 222

Código Identificador1

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO

I – Dados pessoais

Nome

Faixa etária (1) 17 – 25 anos

(2) 26 – 49 anos

(3) mais de 50 anos

País de origem BRASIL Estado Rio de Janeiro

Sexo Masculino ( ) Feminino ( )

Profissão

II – Dados para contato

e-mail

Tel.

III – Informações adicionais

Grau de instrução (a) Superior

(b) Médio

(c) Fundamental

Rendimento mensal familiar2

(A) Acima de 12 salários mínimos3

(B) De 4 a 12 salários mínimos

(C) Até 4 salários mínimos Data da coleta: ____/____/______

Responsável pela coleta: __________________________

1 Número de registro (3 dígitos); Faixa etária (1, 2 ou 3); Sexo (M / F); Instrução (a, b ou c); Nível sócio-econômico (A, B ou C); Situação no. (de 01 a 12). 2 Rendimento mensal familiar - Soma dos rendimentos mensais dos componentes da familia, exclusive os das pessoas cuja condição na familia fosse pensionista, empregado doméstico ou parente do empregado doméstico. [http://www.ibge.gov.br/ consultado em 27 de fevereiro de 2005]

3 Valor do salário mínimo em 2 de março de 2005: R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais) [Fonte: Jornal O Globo, 2 de março de 2005, p. 32]. Valor em janeiro/2006: R$ 369,45.

Número de registro

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APÊNDICE 2 Discourse Completion Test

Neste apêndice poderão ser encontrados os Discourse Completion Test empregados nas duas fases da pesquisa

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Referências Bibliográficas 224

DCT – Fase 1

• Você está participando de uma pesquisa que tem por objetivo investigar como o brasileiro reage em diferentes situações.

• Sua colaboração é realmente importante, pois sem ela não seria possível obter os dados necessários para a análise.

• Você encontrará, a seguir, doze situações diante das quais deverá esboçar sua reação oralmente.

• Seja o mais sincero(a) e o mais realista possível, por favor.

• Seu nome, seu telefone e endereço eletrônico serão mantidos em sigilo.

MUITO OBRIGADA!! [Leia, por favor, cada uma das situações e imagine que elas se passam com você. Reaja do modo mais realista possível.]

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225

1. Você é funcionário4 de uma empresa e foi convocado por seu supervisor para uma reunião em que ele fez a exposição das metas para o semestre seguinte. Você achou a apresentação confusa e cansativa. Ao término da reunião, você percebe que o supervisor conversa rapidamente com outros funcionários. Ele, então, se dirige a você e pergunta: “O que você achou da reunião?” 2. Você tem um vizinho – com quem você não tem muita intimidade – que está fazendo aulas de canto em sua residência. Na verdade, você acredita que ele não tem talento para o canto. Um dia, durante uma caminhada nas redondezas de sua residência, você encontra seu vizinho que, preocupado com a possibilidade de estar lhe importunando com as aulas de canto, diz o seguinte: “Espero não estar importunando você com as minhas aulas de canto. Comecei há pouco tempo, sabe? O que você está achando?”

3. Seu amigo acaba de voltar de uma viagem durante a qual experimentou uma série de pratos exóticos. A fim de contar as novidades da viagem, mostrar fotos e vídeos que produziu, seu amigo decide marcar um jantar em sua residência, ocasião em que ele serve a seus convidados algumas das iguarias que provou na época da viagem. Você acha o sabor da comida muito diferente, o que não lhe agrada de jeito nenhum. Ao final do jantar, seu amigo lhe pergunta: “o que achou do jantar? 4. Na firma em que você trabalha, você tem uma sala a sua disposição. No final do dia, vendo que a sala está suja e desarrumada, você pede ao faxineiro que deixe tudo em ordem para o dia seguinte. No dia seguinte, ao entrar em sua sala, você vê que o trabalho não foi bem feito. O faxineiro, ao passar diante de sua sala, diz-lhe o seguinte: “Bom dia, como vai o senhor? O que achou da limpeza que fiz ontem?” 5. Você é funcionário em uma empresa. Ao retornar ao trabalho, depois das férias coletivas, você reencontra seu chefe na frente dos elevadores. Ele conta para você que aproveitou as férias para passar alguns dias em um SPA para emagrecer um pouco, pois estava acima do peso. Você, na verdade, não nota diferença alguma. Ele pergunta sua opinião a respeito de sua nova forma física, dizendo o seguinte: “Passei alguns dias em um SPA e acho que já estou com uma nova forma física, pois perdi uns quilos. O que você acha?”

6. Seu (Sua) vizinho (a) – com quem você não tem muita intimidade – não gostava muito do formato do nariz que tinha e decidiu fazer uma cirurgia plástica. Depois de recuperado (a), você o (a) encontra na fila do 4 As palavras sublinhadas deverão ser trocadas em função do sexo do informante.

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Referências Bibliográficas 226

banco. Ao vê-lo (a), você fica surpreso, pois acha que o novo nariz parece pior do que original. Após conversarem um pouco a respeito da cirurgia, seu (sua) vizinho (a) pergunta o seguinte: “O que você achou do meu nariz depois da plástica?” 7. Seu amigo, apesar de relativamente jovem, tem os cabelos praticamente brancos. Ele não gosta muito dessa característica, pois acha que fica parecendo mais velho do que realmente é. Seu amigo, então, decide pintar o cabelo. Alguns dias depois, você reencontra seu amigo na rua, mas quase não o reconhece por causa da cor do cabelo. Sua primeira impressão é de que seu amigo ficou feio com o cabelo pintado, além de ter adquirido um ar artificial. Vocês conversam um pouco, ele fala da mudança que fez no visual e pergunta sua opinião, dizendo: E aí?! O que achou do meu novo visual?”

8. Você trabalha em uma empresa onde coordena uma equipe de vendedores. Um de seus subordinados deixou o cabelo crescer. Você acha que ele ficou com uma aparência desleixada e teme que isso prejudique a imagem da empresa. Depois de uma reunião, enquanto todos arrumam seus pertences e fazem comentários gerais, ele diz que pretende deixar o cabelo crescer ainda mais e pergunta: “O que você acha?”

9. Você é funcionário de uma empresa. Seu supervisor quer falar com você a respeito da escala de trabalho para o feriado que se aproxima e pede para que você vá até a sua sala. Enquanto vocês conversam, o celular de seu supervisor toca. Ele atende e logo em seguida desliga. Ele, então, olha para o celular e diz que não consegue mais viver sem aquele aparelho. Ele mostra o celular para você, dizendo que é o último modelo e que tem todas as novidades tecnológicas disponíveis no momento. Você, na verdade, acha que celular é um bem dispensável. O que você diz ao seu supervisor quando ele pergunta: “o que você achou do celular que eu lhe mostrei?

10. Os seus vizinhos – com os quais você não tem muita intimidade – deram ao jardim um novo tratamento paisagístico. A fim de dar um toque de graça, eles decidem pôr no jardim imagens de cerâmica da Branca de Neve e dos 7 anões. Ao ver a novidade, você pensa consigo mesmo que seus vizinhos tiveram, na verdade, muito mau gosto. Numa manhã de sábado, ao sair para sua caminhada rotineira, você encontra seus vizinhos no portão e pára para uma breve conversa. Seus vizinhos, então, comentam a respeito do novo jardim, chamam-no para dar uma olhadinha e perguntam : “E então? O que você achou?”

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11. Você foi convidado por seu amigo para ir a uma festa na casa dele. Ao chegar, seu amigo lhe mostra empolgado o quadro que acabou de adquirir, mas você, na verdade, não gosta do estilo. O que você diz a seu amigo quando ele lhe pergunta “O que você achou do quadro?”

12. Você trabalha em uma empresa onde chefia uma equipe de funcionários. Um dia, depois do horário do almoço, você vê que um de seus funcionários chega com uma sacola. Você, curioso (a), pergunta se ele fez compras. Ele, então, diz que sim e tira da sacola duas camisas. Você acha as cores bastante berrantes. Depois de mostrá-las a você, ele coloca as camisas de novo na sacola e pergunta o que você achou. O que você lhe diz?

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Referências Bibliográficas 228

DCT – Fase 2

• Você está participando de uma pesquisa que tem por objetivo investigar como o brasileiro reage em diferentes situações.

• Sua colaboração é realmente importante, pois sem ela não seria possível obter os dados necessários para a análise.

• Você será exposto a dezoito situações diante das quais deverá esboçar sua reação oralmente. Imagine, portanto, que as situações se passam com você. Reaja do modo mais realista possível, dizendo aquilo que realmente diria em circunstância semelhante.

• Seja o mais sincero e o mais realista possível, por favor.

• Seu nome, seu telefone e endereço eletrônico serão mantidos em sigilo.

MUITO OBRIGADA!!

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1. Depois de um dia cansativo de trabalho, sua esposa5, que não tem muito talento para os serviços domésticos, resolve preparar, para agradá-lo, um jantar bem leve. Ela prepara seu prato com muita satisfação e se senta ao seu lado para que vocês saboreiem o jantar. Ela faz uma menção de que a comida está muito boa. Você, no entanto, não gosta muito do aspecto da comida. Além disso, ao dar a primeira garfada, você percebe que o arroz está pouco cozido e que a comida está completamente insossa. Sua esposa, ao perceber que você já tinha provado a comida, pergunta: “Amor, o que você achou da comida?” 2. Você é funcionário de uma empresa e foi convocado por seu supervisor para uma reunião em que ele fez a exposição das metas para o semestre seguinte. Você achou a apresentação confusa e cansativa. Ao término da reunião, você percebe que o supervisor conversa rapidamente com outros funcionários. Ele, então, se dirige a você e pergunta: “O que você achou da reunião?” 3. Você tem um vizinho – com quem você não tem muita intimidade – que está fazendo aulas de canto em casa. Na verdade, você acredita que ele não tem talento para o canto. Um dia, durante uma caminhada nas redondezas de sua residência, você encontra seu vizinho que, preocupado com a possibilidade de estar lhe importunando com as aulas de canto, diz o seguinte: “Espero não estar incomodando você com as minhas aulas de canto. Comecei há pouco tempo, sabe? O que você está achando?” 4. Seu amigo acaba de voltar de uma viagem durante a qual experimentou uma série de pratos exóticos. A fim de contar as novidades da viagem, mostrar fotos e vídeos que produziu, seu amigo decide marcar um jantar em sua residência, ocasião em que ele serve a seus convidados alguns dos pratos que provou na época da viagem. Você acha o sabor da comida muito diferente, o que não lhe agrada de jeito nenhum. Ao final do jantar, seu amigo lhe pergunta: “o que achou do jantar? 5. Na firma em que você trabalha, você tem uma sala a sua disposição. No final do dia, vendo que a sala está suja e desarrumada, você pede ao faxineiro que deixe tudo em ordem para o dia seguinte. No dia seguinte, ao entrar em sua sala, você vê que o trabalho não foi bem feito. O faxineiro, ao passar diante de sua sala, diz-lhe o seguinte: “Bom dia, como vai o senhor? O que achou da limpeza que fiz ontem?” 6. Em um dia de bastante chuva, você resolve tomar um táxi para ir trabalhar. O motorista, como muitos outros, inicia uma conversa com você. Depois de vocês conversarem sobre o tempo e um pouco sobre a política nacional, o motorista conta-lhe, de modo empolgado, que faz, nas horas vagas, artesanato em madeira. Ele, então, ao parar no sinal vermelho, puxa, de uma sacola, uma das peças que havia terminado de fazer para mostrá-la a você. Sua impressão, ao ver a peça esculpida, foi

5 As palavras sublinhadas deverão ser substituídas em função do sexo do participante.

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Referências Bibliográficas 230

de estranheza, pois você não conseguia identificar com clareza do que se tratava. Você, na verdade, acha a peça feita em madeira feia. Depois de falar como tinha esculpido a peça e de dizer-lhe que se tratava da cabeça de um cavalo, ele lhe pergunta: “O que o senhor achou do meu trabalho?” 7. Sua esposa, que tem uma linda cabeleira, está decidida a fazer-lhe uma surpresa. Ela, então, resolve ir ao cabeleireiro para cortar o cabelo bem curto. Ao final do corte, ela acha que ficou ótimo e volta feliz para casa, esperando encontrá-lo. Assim que você a vê entrar em casa, leva um susto, pois não contava com uma mudança tão radical. Depois do impacto inicial, você olha com mais atenção e se dá conta de que ela, com o novo corte, perdeu o ar jovial que tanto lhe agradava. Ela, querendo saber sua impressão, pergunta: “E então, o que você achou do novo visual?” 8. Você é funcionário em uma empresa. Ao retornar ao trabalho, depois das férias coletivas, você reencontra seu chefe na frente dos elevadores. Ele conta para você que aproveitou as férias para passar alguns dias em um SPA para emagrecer um pouco, pois estava acima do peso. Você, na verdade, não nota diferença alguma. Ele pergunta sua opinião a respeito de sua nova forma física, dizendo o seguinte: “Passei alguns dias em um SPA, perdi uns quilos e acho que já estou com uma nova forma física. O que você acha?”

9. Seu (Sua) vizinho (a) – com quem você não tem muita intimidade – não gostava muito do formato do nariz que tinha e decidiu fazer uma cirurgia plástica. Depois de recuperado (a), você o (a) encontra na fila do banco. Ao vê-lo (a), você fica surpreso, pois acha que o novo nariz parece pior do que original. Após conversarem um pouco a respeito da cirurgia, seu (sua) vizinho (a) pergunta o seguinte: “O que você achou do meu nariz depois da plástica?” 10. Seu amigo, apesar de relativamente jovem, tem os cabelos praticamente brancos. Ele não gosta muito dessa característica, pois acha que fica parecendo mais velho do que realmente é. Seu amigo, então, decide pintar o cabelo. Alguns dias depois, você reencontra seu amigo na rua, mas quase não o reconhece por causa da cor do cabelo. Sua primeira impressão é de que seu amigo ficou feio com o cabelo pintado, além de ter adquirido um ar artificial. Vocês conversam um pouco, ele fala da mudança que fez no visual e pergunta sua opinião, dizendo: E aí?! O que achou do meu novo visual?” 11. Você trabalha em uma empresa onde coordena uma equipe de vendedores. Um de seus subordinados deixou o cabelo crescer. Você acha que ele ficou com uma aparência desleixada e teme que isso prejudique a imagem da empresa. Depois de uma reunião, enquanto todos arrumam seus pertences e fazem comentários gerais, ele diz que pretende deixar o cabelo crescer ainda mais e pergunta: “Chefe, o que você acha?”

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12. Você precisa ir ao centro da cidade e, como já está um pouco atrasado, decide tomar um ônibus que está bastante cheio. Você, por comodidade, fica perto da trocadora que está lendo uma revista de fofoca. Ela puxa conversa e começa a falar dos artistas e de sua vida. Ao se deparar com a foto de uma artista, ela critica sua aparência, dizendo que a artista já tinha feito uma série de cirurgias para parecer mais jovem. Ela comenta com você que tem 40 anos e diz que se sente muito bem. Você, na verdade, acha que ela não está tão bem assim. Na sua opinião, ela aparenta mesmo ter os 40 anos que alega. Nessa situação, o que você responde quando ela lhe diz: “Eu pareço mais jovem do que a artista da revista! O que você acha?” 13. Sua esposa, cansada de ver filme no videocassete, decide usar algumas economias para comprar um aparelho de DVD e fazer uma surpresa para você. Como não conhece bem o equipamento, usa o preço como o fator mais importante para decidir a compra. Desse modo, leva para casa o modelo mais barato que encontra. Assim que você chega em casa, ela lhe mostra empolgada o aparelho. Você fica frustrada no momento em que vê a marca e o modelo, pois sabe que aquela marca não é muito confiável. O que você diz quando ela lhe pergunta: “O que você achou do aparelho de DVD?”

14. Você é funcionário de uma empresa. Seu supervisor quer falar com você a respeito da escala de trabalho para o feriado que se aproxima e pede para que você vá até a sua sala. Enquanto vocês conversam, o celular de seu supervisor toca. Ele atende e logo em seguida desliga. Ele, então, olha para o celular e diz que não consegue mais viver sem aquele aparelho. Ele mostra o celular para você, dizendo que é o último modelo e que tem todas as novidades tecnológicas disponíveis no momento. Você, na verdade, acha que celular é um bem dispensável que serve, no máximo, para ligações de emergência. O que você diz ao seu supervisor quando ele pergunta: “o que você achou do celular que eu lhe mostrei?

15. Os seus vizinhos – com os quais você não tem muita intimidade – deram ao jardim um novo tratamento paisagístico. A fim de dar um toque de graça, eles decidem pôr no jardim imagens de cerâmica da Branca de Neve e dos 7 anões. Ao ver a novidade, você pensa consigo mesmo que seus vizinhos tiveram, na verdade, muito mau gosto. Numa manhã de sábado, ao sair para sua caminhada rotineira, você encontra seus vizinhos no portão e pára para uma breve conversa. Seus vizinhos, então, comentam a respeito do novo jardim, chamam-no para dar uma olhadinha e perguntam : “E então? O que você achou?” 16. Você foi convidado por seu amigo para ir a uma festa na casa dele. Ao chegar, seu amigo lhe mostra empolgado o quadro que acabou de adquirir, mas você, na verdade, não gosta do estilo. O que você diz a seu amigo quando ele lhe pergunta “O que você achou do quadro?”

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Referências Bibliográficas 232

17. Você trabalha em uma empresa onde chefia uma equipe de funcionários. Um dia, depois do horário do almoço, você vê que um de seus funcionários chega com uma sacola. Você, curioso, pergunta se ele fez compras. Ele, então, diz que sim e tira da sacola duas camisas. Você acha as cores bastante berrantes. Depois de mostrá-las a você, ele coloca as camisas de novo na sacola e pergunta o que você achou. O que você lhe diz? 18. Você teve de fazer hora-extra na empresa em que trabalha. No final do expediente, a empresa chama um táxi para levá-lo em casa, pois nesse dia você não tinha ido de carro. No caminho, o motorista conversa com você e começa a lhe contar, muito satisfeito, que o carro em que estão é novo, pois ele tinha acabado de comprá-lo. Ele elogia o carro, dizendo que é confortável e silencioso. Você, que já tinha tido um modelo parecido, acha o carro pequeno e a mecânica muito complicada. Por não ter gostado do carro, você tinha trocado por outro. Após fazer uma série de elogios ao carro, o que você diz ao motorista quando ele pergunta: “O que você acha do carro?”

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APÊNDICE 3 Detalhamento do perfil dos participantes

Detalhamento do perfil de todos os participantes envolvidos nesta pesquisa.

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Referências Bibliográficas 234

Detalhamento do perfil dos participantes – Fase 1

Faixa etária Sexo Grau de Instrução Rendimento familiar

17-25 26-49 +50 M F Sup Méd Fund + 12 4 a 12 Até 4

0011MaA X X X X 0021FaA X X X X 0032MaB X X X X 0042MaB X X X X 0052FbC X X X X 0062MbC X X X X 0073FcC X X X X

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Detalhamento do perfil dos participantes – Fase 2

Faixa etária Sexo Grau de Instrução Rendimento familiar

17-25 26-49 +50 M F Sup Méd Fund + 12 4 a 12 Até 4

0101FbB X X X X 0111FaC X X X X 0121FaB X X X X 0131FbB X X X X 0141FcC X X X X 0152FbA X X X X 0162FbC X X X X 0171FaA X X X X 0181MbB X X X X 0191FbB X X X X 0201MaA X X X X 0211MbB X X X X 0222MaB X X X X 0231FbB X X X X 0241FbC X X X X 0251MbA X X X X 0261FaC X X X X 0272FbB X X X X 0281MaB X X X X 0292FaA X X X X 0302MaB X X X X 0312FaC X X X X 0321MaA X X X X 0332FaA X X X X 0342MbC X X X X 0352FbB X X X X 0361FaA X X X X 0371MbB X X X X 0381FbA X X X X 0391FbA X X X X 0402FbB X X X X 0412MbB X X X X 0422FbC X X X X 0432FaB X X X X 0443MaA X X X X 0453FbC X X X X 0463FbB X X X X 0472FbC X X X X 0482FbB X X X X 0492MaA X X X X 0502MbC X X X X 0511MbB X X X X 0521MbA X X X X 0531MbC X X X X 0541MbA X X X X

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Referências Bibliográficas 236

Detalhamento do perfil dos participantes – Fase 2 (cont.)

Faixa etária Sexo Grau de Instrução Rendimento familiar

17-25 26-49 +50 M F Sup Méd Fund + 12 4 a 12 Até 4

0551FaC X X X X 0563McC X X X X 0572FbC X X X X 0583FaA X X X X 0593FcC X X X X 0602MbA X X X X 0612MaB X X X X 0622FaA X X X X 0632MaA X X X X 0643FbB X X X X 0653MbB X X X X 0662MaA X X X X 0672MaB X X X X 0682FaA X X X X 0691MaC X X X X 0701FbA X X X X 0713FaA X X X X 0723McC X X X X 0733FcB X X X X 0743MbB X X X X 0753FcB X X X X 0762MaA X X X X 0773FaB X X X X 0782McC X X X X 0793FbA X X X X 0803MbA X X X X 0813FaA X X X X 0823MbA X X X X 0833FbA X X X X 0843MbB X X X X 0853FcC X X X X 0863FcC X X X X 0873FcC X X X X 0881MbC X X X X 0891MbC X X X X 0903MbB X X X X 0913MbB X X X X 0921MbC X X X X 0932MbC X X X X 0943MbC X X X X 0953MaA X X X X 0963MbA X X X X 0973McC X X X X 0982MbC X X X X 0992MbC X X X X

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APÊNDICE 4 Dados transcritos Os dados que compõem esta pesquisa serão apresentados a seguir, tendo sido organizados por informante. Legenda empregada para a organização dos dados:

• CÓD = Refere-se a um código de ordenamento das respostas criado pelo Banco de Dados Access. A numeração é seqüencial – de 1 a 1620.

• Inf. = Código do informante, formado por dois dígitos – de 10 a 99.

• Faixa Etária = Faixa etária declarada pelo informante.

• Sexo = Sexo declarado pelo informante.

• Esc. = Escolaridade declarada pelo informante.

• Renda = Renda familiar declarada pelo informante.

• DCT = Número da situação do DCT a que uma determinada resposta corresponde – de 1 a 18.

• Resposta = Transcrição das respostas formuladas pelos informantes.

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Referências Bibliográficas 238

CÓD Inf. Faixa

Etária Sexo Esc. Renda DCT Resposta

1 10 1 F b B 1 Olha.. tá tu:do lin::do.. tá tudo mu::ito fofo.. só que (pausa) a comida tá um pouQUI::nho sem sal e cê precisa de cozinhar um pouQUInho mais esse seu arroz.. mas tá Ótimo.. vamos continuar comendo.

2 10 1 F b B 2 Olha.. a reunião até que foi (pausa) muito interessan::te apesar de ter sido bem longa.. mas (pausa) valeu a pena.

3 10 1 F b B 3 Acredito que com um pouco mais de treino você consiga ser um bom cantor... mas todo começo é bem difícil mesmo... mas... continue tentando.

4 10 1 F b B 4 Eu diria que a::as comidas de..de.. outros países são bem exóticas.. um paladar bem diferente.. mas.. por isso que eu prefiro a brasileira.

5 10 1 F b B 5 Até que sua:: faxina até me ajudou bastan::te.. podia ter caprichado um pouquinho mais.. mas mesmo assim muito obrigada.

6 10 1 F b B 6 Fazer escultura até que é uma arte bem difícil.. né.. ainda mais desse tipo bem diferente.. mas até que é interessante o seu trabalho

7 10 1 F b B 7 Meu amor::.. que que você fez com o seu caBE::lo? Até que ficou bem:: boni:to.. só que DEIxa ele crescer.. deixa.. por favor.. eu gosto tanto dele comprido.

8 10 1 F b B 8 O senhor realmente está com uma ótima aparência.. acho que deveria visitar o spa mais vezes.

9 10 1 F b B 9 Nossa.. como seu nariz ficou diferente.. né..até que ficou legal.

10 10 1 F b B 10 Olha.. eu aconselharia que você cortasse o cabelo. Nada contra ele comprido.. longe de mim criticá-lo.. mas para que a loja mantenha um bom padrão de uma boa aparência.. eu aconselharia você a cortá-lo.. de verdade.

11 10 1 F b B 11 Poxa.. seu.. seu cabelo pintado ficou muito artificial.. ficou meio estranho... mas acho que com o tempo vai acabar melhorando.. relaxa.

12 10 1 F b B 12 É.. até que a senhora tá... bem conservada pra sua idade mesmo.

13 10 1 F b B 13 Oh meu querido.. que bom que cê conseguiu comprar.. cê tava querendo tanto.. né... gostei muito de cê ter conseguido.

14 10 1 F b B 14 Muito bonito.. muito legal o seu celular.. mas pra mim.. sinceramente.. não teria tanta necessidade de tantas utilidades assim pra ele.

15 10 1 F b B 15 Até que seu jardim ficou bem meigo com essas... coisas de branca de neve.. né.. ficou.. ficou bonitinho.

16 10 1 F b B 16 Olha.. é um quadro bem divertido.. eu não entendo muito de quadros não.. mas é bem bonito esse aí que cê ganhou.. que cê comprou

17 10 1 F b B 17 Você tem um gosto MUito exótico.. não?!

18 10 1 F b B 18 É:: bem lega::l.. bem confortá::vel.. eu já até tive um desses só que eu não me dei muito bem com ele.. mas eu troquei.. mas é (pausa) interessantezinho.

19 11 1 F a C 1 Ah:: amor.. tá gosto::sa.. assim .. tá o arroz tá um pouco cru assim.. mas tá gostoso.. tá.. tá tranqüilo.. gostei.. briGAda.

20 11 1 F a C 2 Bom.. eu achei: alguns pontos um pouco confusos.. confesso.. não entendi muito bem quando você fala de tal assunto.. mas aquele outro tópico onde você diz isso.. isso.. isso.. achei bem interessante.. e tal.. concordo.. acho legal::.

21 11 1 F a C 3 No::ssa.. na verdade nem tenho escutado você cantar.. eu passo o dia inteiro fora de casa.. trabalhando.. não tenho

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escutado você cantar.. mas eu gostaria de escutar.

22 11 1 F a C 4 Bom.. achei um pouco a comida meio exótica né.. um gosto meio esquisito assim.. não comeria normalmente não.. mas..bom.. já que você gostou.. não.. valeu a pena experimentar.. mas eu não comeria mais não.

23 11 1 F a C 5 Não.. tá tranqüilo.. tranqüilo.. só.. só tinha umas sujeiras aqui naquele cantinho ali mas tá tranqüilo.. brigada.

24 11 1 F a C 6 Bom.. pra falar a verdade.. antes de você falar que era a cabeça de um cavalo eu não tinha entendido muito bem.. mas agora que você falou eu prestei atenção melhor na peça assim.. ah.. tá legal.. assim.. pô.. parabéns.. você devia continuar.. assim.. fazendo mais e tal.. pra adquirir uma pratica legal.. ah.. parabéns.. tá legal.

25 11 1 F a C 7 Poxa amor.. sinceramente eu não esperava que você fosse fazer isso.. eu gostava tanto do seu cabelo comprido.. ah.. mas.. ah.. eu::.. ah.. mais ou menos.. ah.. eu gostava de antes.. mas pode crescer de novo o cabelo.. né

26 11 1 F a C 8 Pô.. que legal um spa.. pô legal.. onde que é.. assim.. você passou quanto tempo lá.. comia o quê..assim... ah.. [eu ia mudar de assunto]

27 11 1 F a C 9 Nossa.. pra falar a verdade.. num tinha repara.. num lembro mais como era o seu nariz antes.. mas.. parece que ficou bom.. né. Num tô lembrada de antes mas parece que ficou legal.

28 11 1 F a C 10 Ah.. poxa.. tá meio estra::nho né.. eu tava acostumada a te ver meio de cabelo branco.. e tal.. nem achava que era ruim antes não sei porque você implicava tanto com o cabelo branco. Ah.. eu achei.. sei lá.. se você se sente melhor assim.. tudo bem.. mas eu achava que antes tava tranqüilo.

29 11 1 F a C 11 Pô.. sinceramen::te eu acho que não ficaria muito bom pra empresa.. assim.. pro local em que você trabalha essa aparência. Acho que você devia manter uma aparência mais limpa.. assim.. dá um aspe.. as pessoas te olham diferente. Há um certo preconceito com cabelo grande e desleixado assim.. então acho que.. pra empresa se você puDEsse manter uma um corte mais tranqüilo.. assim.. acho que ficaria melhor.

30 11 1 F a C 12 Ahh.. [eu ia ficar..] ahh.. [só.. não ia falar nada]

31 11 1 F a C 13 Poxa.. me parece um aparelho bem bonito e tudo.. só que eu já ouvi falar que essa marca não é muito boa.. mas tem garantia? Sei lá.. a gente pode até tentar experimentar ou tentar trocar caso dê algum defeito.. ou alguma coisa.

32 11 1 F a C 14 Pô.. muito boni::to.. muito legal::.. as funções e tudo e tal.. quebra bastante galho quando a gente precisa assim mas.. pode ser uma coisa.. às vezes é uma coisa dispensável assim .. você.. acho que você acostuma ter um celular e depois não consegue viver mais sem.. mas eu acho que é uma coisa que é tão necessária assim.

33 11 1 F a C 15 Ahh.. boniti::nho.. [e mudo de assunto]

34 11 1 F a C 16 Pô:.. um estilo meio... eXÓtico.. meio diferente.. O que que é isso? Não entendi direito.

35 11 1 F a C 17 Bonito suas camisas.. não que eu usaria.. acho que eu não uso umas cores assim não.. mas bem bonito.. acho que vai ficar legal em você.

36 11 1 F a C 18 É.. me parece bem legal mesmo.. bem espaçoso.. me parece silencioso também.. bonito.. legal.. legal.

37 12 1 F a B 1 É amor .. de fa::to assim.. cozinhar não é muito o seu dom..sabe.. eu acho que você faz outras coisas melhores.. se é que você me entende.. mas .. eu tô muito feliz assim pela iniciativa.. pela tentativa de agradar.. sabe.. eu consigo::.... entender a intenção do seu coração em me fazer um agrado.. mas a gente pode melhorar isso.. vou ta fazendo um treinamento intensivo com você.. o arroz pode cozinhar um pouquinho mais.. um pouquinho de alho.. cebola.. orégano

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Referências Bibliográficas 240

assim sabe..dão um toque especial na comida.. mas de coração eu tô muita agradecida pela intenção em me agradar.. pela:: iniciativa que você teve.. de coração estou assim lisonjeada com essa sua atitude.

38 12 1 F a B 2 É:: .. a reunião foi boa.. foi proveitosa.. mas eu acho assim que faltou um pouco assim de clareza no que ele tava querendo.. acho que ele poderia ter sido um pouco mais direto.. ter sido mais objetivo nas metas.. nos objetivos a serem alcançados.. acho que ele enrolou um pouco mas deu pra gente captar o espírito da coisa e dentro do possível como membro inte integrante do.. da equipe de trabalho eu vou estar fazendo o possível pra me enquadrar dentro daquilo que foi proposto e pra COMO equipe estar atingindo todas as metas que foram propostas.

39 12 1 F a B 3 É... eu devo concordar com vc que todo início é um pouco difícil entendeu.. a gente encontra obstáculos.. dificulDAdes.. nem sempre a gente consegue atingir aquilo que seria o nosso objetivo final logo de cara... mas digamos assim que::... depois de algum tempo bastante treinamento você pode conseguir chegar lá.. sabe não desiste não .. até que você tem talento.

40 12 1 F a B 4 Bem a vida tá aí.. né.. pra novas experiências.. conhecer novas coisas.. mas de fato não há nada que substitua um arroz com feijão.. bife e batata frita e um COpo de suco BEM gelado pra acompanhar valeu a experiência mas definitivamente não é o que mais me agrada.

41 12 1 F a B 5 É:: muito obrigada por ter atendido o meu pedido mas acho que algumas coisas ainda continuaram meio fora do lugar.. mas depois a gente senta e conversa sobre isso.. eu te dou um toque direitinho sobre onde eu gosto que guardem certas coisas.. como eu gosto que fica arrumado a minha mesa mas muito obrigada por ter atendido o meu pedido bem prontamente.. tenha um bom dia.

42 12 1 F a B 6 Muito bonito.. eu admiro muito as pessoas assim que têm dom pra arte.. pq eu particularmente sou uma negação.. eu não desenho.. eu não pinto.. eu não bordo eu não faço NAda.. eu tenho todo o meu lado artístico completamente atrofiado.. então de maneira geral eu admiro muito as pessoas que tem uma vocação pra arte.. mas definitivamente exatamente por não saber fazer eu sou uma pessoa também que não aprecia muito a coisa. sou incaPAZ de olhar uma tela é... com aqueles monte de rabisco e tinta espalhada e achar que aquilo é uma obra de arte. pra mim não passa de um monte de rabisco com tinta espalhada. e assim como eu não tenho um gosto refinado para apreciar escultura ADMIRO mas não é o tipo de coisa que eu colocaria dentro da minha casa.

43 12 1 F a B 7 AMOR.. ainda bem que eu não casei com você SÓ pela sua aparência. existem traços na sua personalidade que eu admiro.. como por exemplo a sua inteligência.. a sua sinceridade... o seu senso de humor e dá pra viver disso até seu cabelo crescer novamente.

44 12 1 F a B 8 é chefe de FAto as férias te fizeram muito bem.. você ta assim com aquela cara de quem DEScansou.. de quem se divertiu.. de quem relaxou MUIto.. cê tá com uma aparência Ótima e acho assim... é um bom início.. continue mantendo sua dieta.. suas atividades físicas que um dia.. tsc... cê chega no ponto.

45 12 1 F a B 9 pô ficou legal.. tipo assim.. é::.. deu uma melhorada.

46 12 1 F a B 10 é... eu vejo que:: alguém aí mudou de cara.. passou um viena hair no cabelo.. mas eu acho que autenticidade é tudo.. CAra. seja o que você É. pra que ficar escondendo cabelo branco.. mais cedo ou mais tarde eles vão aparecer.. eu acho que homem particularmente fica muito charmoso de cabelo grisalho.. muLHER dá um aspecto de velhice.. de descuido.. de desleixo.. mas homem. Cara.. com aqueles cabelinhos grisalhos é. .. tsc.. tudo de bom.

47 12 1 F a B 11 Que que você acha de permanecer na equipe.. que você está trabalhando? Porque.. eu acho que você trabalha com vendas e.. eu acho que quando você trabalha com venda a aparência importa muito.. acho que o cliente.. ele gosta de sentir que ele

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tá tratando com uma pessoa que tem uma postura que... de maneira geral... a sua aparência vai influenciar em cima do produto que você está vendendo.. acho que quando você tem um bom cartão de visita e.. a sua aparência influencia nisso.. isso vai influenciar na sua relação com o cliente e INfelizmente se eu achar que a sua aparência está prejudicando a sua relação com o cliente.. vou ser obrigada a tomar uma atitude mais drástica... MAS nada contra cabelos grandes.. faça aquilo que você achar melhor.

48 12 1 F a B 12 é realmente eu devo admitir que você prá quarenta anos tá muito bem... mas... venhamos e convenhamos.. se eu tivesse o dinheiro dela mesmo estando TÃO bem aos quarenta anos quanto você está.. eu também faria uma plástica... mas já que você não tem o dinheiro e acha que tá bem... pronto... unir o útil ao agradável.. você não tem vontade de fazer cirurgia e e nem tem condição... então... tudo perfeito.

49 12 1 F a B 13 Benzinho. Querido. Lindo. do meu coração cê já ouviu falar que o barato costuma sair mais caro? cusTAva ter comprado um pouQUInho melhor? Cê.. cê.. sabe que marca é essa? cê já viu alguma coisa disso no mercado? tem preced... tem proc... tem precedentes? se estragar eu não me responsabilizo... mas tô muito feliz pela nossa aquisição.. é bem melhor que o vídeo cassete.. poderia ter sido assim uma Sony um Phillips mas tudo bem.. já que foi esse... tá bem.

50 12 1 F a B 14 É::.. maneiRÍssimo.. POxa.. realmente.. tira foto.. toca mp3.. tem rádio AM/FM.. filma.. grava.. faz tudo... daqui a pouco ele vai tá andando sozinho... cuiDAdo... cuida bem dele.

51 12 1 F a B 15 é... ficou legal... ta bonitinho...assim... não sei... cês devem ter gostado, né ficou assim divertido..alegre.. bem infantil né... quem sabe um dia eu não faço um parecido?

52 12 1 F a B 16 BoNIto... muito boNIto, mas eu não colocaria um desses na minha casa.

53 12 1 F a B 17 é bonitas... as cores são um pouco cheguei... EU particularmente não ia gostar de ver meu marido vestindo:: umas camisas com essas cores.. tão berrantes assim... mas até que combina com você.. acho que vai ficar bem em você.

54 12 1 F a B 18 Cara... uma das coisas que eu mais admiro no ser humano é a individualidade de cada um... como é que opiniões sobre a mesma coisa podem variar tanto? engraçado que eu já tive exatamente esse carro.. esse mesmo modelo.. e eu não gostei do tamanho.. eu não gostei da mecânica... e acabei perdendo a paciência com o carro.. e comprei outro... mas que bom que você está satisfeito.. que bom que você tá gostando do carro.. você tá achando que você fez uma excelente compra... porque eu realmente me decepcionei muito com essa marca.

55 13 1 F b B 1 ah... péssima.

56 13 1 F b B 2 Foi muito boa.

57 13 1 F b B 3 Você precisa ainda melhorar bastante.

58 13 1 F b B 4 Não gostei da comida.

59 13 1 F b B 5 Ficou boa.

60 13 1 F b B 6 Ficou um trabalho bem interessante... você se esforçou muito... tá bem legal.

61 13 1 F b B 7 ah... ficou muito melhor assim... muito mais bonito.

62 13 1 F b B 8 NO::ssa... mas como é lá no spa?... me conta.

63 13 1 F b B 9 Chegou minha vez... deixa eu ir lá... depois a gente conversa... tchau...

64 13 1 F b B 10 ah... sinceramente... eu não gostei não.

65 13 1 F b B 11 eu acho que você deve cortar esse cabelo... não deixar ele crescer.

66 13 1 F b B 12 ah eu já vou andando lá pra frente que eu já vou descer.

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Referências Bibliográficas 242

67 13 1 F b B 13 cê é retardado de comprar esse negócio ruim?

68 13 1 F b B 14 Realmente o celular é muito bonito... queria ter um desses.

69 13 1 F b B 15 é pras crianças brincarem?

70 13 1 F b B 16 ah... não gostei não... não faz meu estilo não.

71 13 1 F b B 17 É... as cores são um pouquinho cheguei né?

72 13 1 F b B 18 Ah... eu também já tive um desses mas achei outro melhor.

73 14 1 F c C 1 Está:: boa.

74 14 1 F c C 2 Poderia me explicar novame:nte porque::: eu não entendi:... o que o senhor falou.

75 14 1 F c C 3 PÉ::ssimo

76 14 1 F c C 4 Não gostei.

77 14 1 F c C 5 Você não limpou NAda.

78 14 1 F c C 6 Muito feio.

79 14 1 F c C 7 TeRRÍ:vel.

80 14 1 F c C 8 Só que po:de dizer é: a balança.

81 14 1 F c C 9 A plás:tica foi MAL feita.

82 14 1 F c C 10 Ficou: le:gal.

83 14 1 F c C 11 Eu a:cho que:: você deveria cortar o caBElo.. senão vai prejudicar a minha firma.

84 14 1 F c C 12 Em cada PERna..né?

85 14 1 F c C 13 Vai trocar.. porque eu não gostei.

86 14 1 F c C 14 Normal... já vi TANtos iguais.

87 14 1 F c C 15 Você não tem nenhum bom gosto.

88 14 1 F c C 16 Te:RRÍvel.

89 14 1 F c C 17 Tá parecen::do um paLHAço.

90 14 1 F c C 18 Eu já tive um desses...eu não gostei dessa porcaria desse carro.

91 15 2 F b A 1 Bo::a. [risos]

92 15 2 F b A 2 Não entendi NA:da.

93 15 2 F b A 3 Bom...está bom.

94 15 2 F b A 4 Difere::nte.

95 15 2 F b A 5 Mais ou menos.

96 15 2 F b A 6 É::. eXÓtico.

97 15 2 F b A 7 Não gostei MUito não.

98 15 2 F b A 8 Cê tá com uma cara Boa.

99 15 2 F b A 9 Ah... ficou bom.

100 15 2 F b A 10 Preferi:a o anterior.

101 15 2 F b A 11 Não acho legal não.

102 15 2 F b A 12 Ah.. você tem razão.

103 15 2 F b A 13 Não achei muito legal... eh.. a marca não é boa.

104 15 2 F b A 14 Ah.. muito bonito.

105 15 2 F b A 15 Ah... mais ou menos.

106 15 2 F b A 16 Ah... boni::to.

107 15 2 F b A 17 Ah.. são boNItas.

108 15 2 F b A 18 Já..já tive um desses e não gostei muito.

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109 16 2 F b C 1 Pô.. sinceramen::te... tá sem sal, tá crua::, você poderia deixar mais tempo no fogo, tá sem gos::to.

110 16 2 F b C 2 Um pouco conFUsa.

111 16 2 F b C 3 Eu só acho que você poderia cantar um pouquinho mais baixo.. para não incomodar.

112 16 2 F b C 4 Eu sou meio enjoada pra comer... eu sinceramen:te não gostei.

113 16 2 F b C 5 Você poderia ter feito melhor.

114 16 2 F b C 6 Pra quem gosta, fanTÁStico. Sinceramen:te eu não gosto de nada feito em MAdeira.

115 16 2 F b C 7 Ficou muito esqui.. esTRAnho.

116 16 2 F b C 8 Hum... sinceraMENte não dá pra reparar não.

117 16 2 F b C 9 Deve tá um pouco incha:do ain:da né?

118 16 2 F b C 10 O antigo era mais SE:xy.

119 16 2 F b C 11 Se você tivesse de férias, tudo bem. Mas pra empre::sa eu acho que fica::... meio pesado, né?

120 16 2 F b C 12 É.. realmente.. é... é...aparência normal::... se tivesse quarenta anos mesmo. Eu não lhe daria nem mais nem menos.

121 16 2 F b C 13 BrincaDEIra hein? Não tinha um MElhor não?

122 16 2 F b C 14 LINdo... só que: pra mim:: celular basta liGAR e receBER ligações

123 16 2 F b C 15 Não gosto muito de branca de neve NÃO ficaria melhor se pusesse mais árvores, um:: copo de leite, um:: girassol...

124 16 2 F b C 16 Não entendo NAda de AR:te.

125 16 2 F b C 17 Muito LINdas.. mas não tinha uma corZInha melhor não?

126 16 2 F b C 18 Você teve sor:te.. porque eu tinha um... não goste:i dava sempre proble::mas e eu até troquei por causa disso.

127 17 1 F a A 1 Uma deLÍ:cia.

128 17 1 F a A 2 Cansati:va.

129 17 1 F a A 3 Pode continuar treinando.

130 17 1 F a A 4 Não gostei muito não.

131 17 1 F a A 5 Precisa melhorar al..algumas coisas.

132 17 1 F a A 6 Interessan:te.

133 17 1 F a A 7 Cadê o cabelo?

134 17 1 F a A 8 Cê tá com uma cara Ótima.

135 17 1 F a A 9 Combinou com o seu rosto.

136 17 1 F a A 10 Achei que ce podia colocar um mais per... parecido com o seu anterior.

137 17 1 F a A 11 Contanto que não prejudique a sua imagem.

138 17 1 F a A 12 Ah... cê tá bem.

139 17 1 F a A 13 Mas porque que cê comprou esse?

140 17 1 F a A 14 É bonito... mas o importante é falar.

141 17 1 F a A 15 Ah... cês muDAram TUdo, né?

142 17 1 F a A 16 Nossa.. que difeRENte.

143 17 1 F a A 17 Ah... são alegres.

144 17 1 F a A 18 Ah... é um bom carro.

145 18 1 M a B 1 Horrí:vel.

146 18 1 M a B 2 Cansati:va.

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Referências Bibliográficas 244

147 18 1 M a B 3 Regular.

148 18 1 M a B 4 Bastante exó:tico.

149 18 1 M a B 5 Bastante regular.

150 18 1 M a B 6 Bastante interessante.

151 18 1 M a B 7 Bastante diferente do anterior.

152 18 1 M a B 8 Com cerTEza emagreceu basTANte.

153 18 1 M a B 9 Bem.. na verdade eu preferia o original... o anterior.

154 18 1 M a B 10 Interessan::te mas não me pare:ce muito natural.

155 18 1 M a B 11 Você deveria cortar o seu cabe:lo.

156 18 1 M a B 12 Eu acho que você é que deveria fazer uma nova plástica.

157 18 1 M a B 13 Eu acho que você deveria ter comprado uma MARca um pouco mais::... confiá::vel... podia até ser mais cara.. mas.. mais confiável.

158 18 1 M a B 14 Muito interessan::te... uma coisa muito útil para a vida moderna.

159 18 1 M a B 15 Bem... interessante mas eu não teria o mesmo gosto para essa decoração.

160 18 1 M a B 16 Mas que coisa FEIA.

161 18 1 M a B 17 Eu sinceramen::te não sairia na rua com essas caMIsas

162 18 1 M a B 18 Sinceramen::te não é o modelo que mais me agrada.

163 19 1 F b B 1 É::.. boa.

164 19 1 F b B 2 Não ficou muito clara prá mim.

165 19 1 F b B 3 É:... espero que você melhore.

166 19 1 F b B 4 Ah... mais ou menos.

167 19 1 F b B 5 Você limPOU?

168 19 1 F b B 6 intereSSAN:te

169 19 1 F b B 7 Ficou estranho.

170 19 1 F b B 8 Você não mudou muito.

171 19 1 F b B 9 Acho que o outro era melhor.

172 19 1 F b B 10 Você não precisava ter mudado.

173 19 1 F b B 11 Melhor cortar.

174 19 1 F b B 12 É.. realmente.. você é bem jovem.

175 19 1 F b B 13 Acho que essa marca não é boa.

176 19 1 F b B 14 Legal.

177 19 1 F b B 15 Legal.

178 19 1 F b B 16 Esse estilo não me agrada.

179 19 1 F b B 17 Não use no horário de trabalho.

180 19 1 F b B 18 Esse carro não é bom.

181 20 1 M a A 1 Está sem sal.

182 20 1 M a A 2 Eu achei um pouco confusa.. mas::... interessante.

183 20 1 M a A 3 É..Você canta:: bem::...mas poderia:: cantar mais baixo, por favor?

184 20 1 M a A 4 Eu não gosto desse tipo de comida.

185 20 1 M a A 5 Poderia ser melhor::, mas tudo bem. Dessa vez passa.

186 20 1 M a A 6 Não aprecio muito bem esse tipo de arte, não.

187 20 1 M a A 7 Preferia mais o outro. Esse eu não gostei não.

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245

188 20 1 M a A 8 Ah... legal.

189 20 1 M a A 9 Ah... ainda é muito ce::do. Ainda não me acostumei com o seu visual ainda não.

190 20 1 M a A 10 Você pintou o cabelo?

191 20 1 M a A 11 Se você quiser continuar: com o seu empre:go, corte o seu cabe:lo.

192 20 1 M a A 12 O importante é você se sentir bem consi::go mEs:mo.

193 20 1 M a A 13 Você deveria ter:: comprado jun:to comigo pra gente escolher jun:to.

194 20 1 M a A 14 legal.

195 20 1 M a A 15 É... esses anões aí:: não foram muito criati:vos, mas tá:: boniti:nho o seu jardim.

196 20 1 M a A 16 esse quadro não faz o meu esti::lo... mas::... é: interessante.

197 20 1 M a A 17 não me venha trabalhar com essas camisas, por favor.

198 20 1 M a A 18 É::.. eu já tive esse ca::rro e não gostei muito de:le não.

199 21 1 M b B 1 Ah... tá boa::.. mas.. acho::... que podia tá melhor.. você tem certeza que... cê cozinhou diREIto?

200 21 1 M b B 2 Achei boa... só fiquei um pouco confu:so.. gostaria de conversar depois... pra... esclarecer umas coisas.

201 21 1 M b B 3 Eu acho que cê tem que treinar mais... eh:::... um dia você consegue melhorar.

202 21 1 M b B 4 Tava BOM. Comida diferente. Não tô acostumado com isso.

203 21 1 M b B 5 Que limPE:za? Você não fez limPE:za neNHU::ma. Da próxima vez.. eu quero BEM limpo, tá?

204 21 1 M b B 6 No::ssa.. interessan::te seu trabalho. uma visão da cabe::ça.. interessan::te.

205 21 1 M b B 7 Ficou boni::to, mas eu gostava do cabelo grande.

206 21 1 M b B 8 Muito bom. Eh.. exercícios físicos são sempre bons... mas continue.. eh::.. você tá indo no caminho certo.

207 21 1 M b B 9 Ficou bom.... bem melhor do que antes.

208 21 1 M b B 10 difeRE::nte, né? A primeira... à primeira vista parece:... um::: bem diferente.. foi um choque... mas tá bom.

209 21 1 M b B 11 Bom... eu a::cho que você deveria pensar bem:: porque a ima:gem de alguém com cabe::lo compri:do... não é tão boa.. quanto alguém com cabe::lo curto.

210 21 1 M b B 12 Eu acho que cê TÁ muito bem prá quarenta anos... com certeza.

211 21 1 M b B 13 Eu acho que cê devi::a ter me consultado antes de comprar esse apare::lho... acho que a gente podia chegar numa conclusão melhor.

212 21 1 M b B 14 Muito boni::to...eh... parece ser bem moder::no... bem interessante.

213 21 1 M b B 15 Bem intereSSAN::te... bem enfeita::do, né?... Mas é legal.

214 21 1 M b B 16 BoNI::to.. intereSSAN:te... quem é o pintor?

215 21 1 M b B 17 Nossa.. colori::das, né? São para o carnaval?

216 21 1 M b B 18 Você não a::cha o carro um pouco peque::no e com a mecâ::nica meio complica::da?

217 22 2 M a B 1 HoRRÍvel.

218 22 2 M a B 2 Confu:sa.

219 22 2 M a B 3 Precisa melhorar um pouqui:nho.

220 22 2 M a B 4 Mais ou menos.

221 22 2 M a B 5 Não houve limpeza nenhuma.

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Referências Bibliográficas 246

222 22 2 M a B 6 Diferente.

223 22 2 M a B 7 Poderia ter mantido o:.. o corte original.

224 22 2 M a B 8 Nem tanto.

225 22 2 M a B 9 Que plástica?

226 22 2 M a B 10 Dá pro gasto.

227 22 2 M a B 11 Não é bom para sua aparência.

228 22 2 M a B 12 Sem comentários.

229 22 2 M a B 13 Não muito... bom.

230 22 2 M a B 14 Bonitinho.

231 22 2 M a B 15 Legal.

232 22 2 M a B 16 Não entendo muito do assunto.

233 22 2 M a B 17 Deve ficar bem em você.

234 22 2 M a B 18 Já tive um e não gostei muito.

235 23 1 F b B 1 Não ta MUIto gosto::as.. mas eu TÔ com tanta fome.

236 23 1 F b B 2 Ótima.

237 23 1 F b B 3 Podia ser um pouquinho mais baixo.

238 23 1 F b B 4 Horrí::vel.

239 23 1 F b B 5 Podia ser melhor.

240 23 1 F b B 6 Bem diferen::te.

241 23 1 F b B 7 Você é louco.

242 23 1 F b B 8 É.. foram poucos dias, né?

243 23 1 F b B 9 Olha, eu não sou a favor de cirurgia plástica. Acho muito perigoso.

244 23 1 F b B 10 Prefiro as coisas naturais.

245 23 1 F b B 11 Eu acho que é ruim pra empresa.

246 23 1 F b B 12 O importante é estar bem consigo mesmo.

247 23 1 F b B 13 Daqui a alguns meses nós vamos ter que comprar outro.

248 23 1 F b B 14 MUIto bonita.

249 23 1 F b B 15 Podia ser um pouco mais moderno.

250 23 1 F b B 16 Não entendo muito dessas coisas.

251 23 1 F b B 17 Eu prefiro cores mais discretas.

252 23 1 F b B 18 Minha família é muito grande.. pref.. preciso de um carro maior.

253 24 1 F b C 1 Está ótima.

254 24 1 F b C 2 Confusa.

255 24 1 F b C 3 Está ótimo o trabalho.

256 24 1 F b C 4 Muito gostoso.

257 24 1 F b C 5 Eu acho que:.. poderia dar mais uma arrumadinha aqui::... ajeitar isso aqui::.

258 24 1 F b C 6 Muito bonito. Como você conseguiu fazer algo tão boNIto.

259 24 1 F b C 7 Está bom amor... mas acho que você poderia ter me perguntado antes.

260 24 1 F b C 8 Está ótimo.

261 24 1 F b C 9 Muito bonito.

262 24 1 F b C 10 Está bom... mas eu acho que o cabelo anti::go.. também não era feio.

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247

263 24 1 F b C 11 Eu acho que pra sua imagem aqui na empresa seria melhor que você não deixasse esse cabelo tão grande.

264 24 1 F b C 12 Eu acho que você está muito bem assim pra sua idade.

265 24 1 F b C 13 Eu acho que... o aparelho é bom... mas.. poderia ter comprado o outro que é um pouquinho melhor e só um pouquinho mais caro

266 24 1 F b C 14 Incrível... apaRElho realMENte muito BOM.

267 24 1 F b C 15 Realmente ficou LINdo.

268 24 1 F b C 16 Muito bonito. Acho que vai ficar muito bem na sua sala.

269 24 1 F b C 17 O modelo é MUIto bonito.

270 24 1 F b C 18 Eu acho esse carro muito bom, porém o modelo tal também não é ruim.

271 25 1 M b A 1 Olha... eu não gostei muito não... assim... mesmo sabendo que você teve um trabalho pra preparar.. eu não gostei muito não.

272 25 1 M b A 2 Achei interessan::te.. mas tem alguns pontos que eu tenho algumas idéias.. e a gente podia melhorar um pouco.

273 25 1 M b A 3 É... ouvi uns barulhos estranhos assim... mas depois que fui entender que era você cantando.

274 25 1 M b A 4 pô achei hoRRÍvel cara.. não vou comer um negócio desses nunca mais.

275 25 1 M b A 5 Bom dia fulano... é o seguinte.. a limpeza ficou faltando algumas coisas que eu queria te mostrar que podem ser melhoradas... vem cá comigo.

276 25 1 M b A 6 Achei legal.. cara... gostei do seu trabalho.. legal

277 25 1 M b A 7 É:: ficou bem diferente né? cê foi... bem brusca a sua mudança... assim.. foi.. bem diferente

278 25 1 M b A 8 É:: achei legal... ficou com um corte um pouco mais jovial.. ficou legal.

279 25 1 M b A 9 É:: ficou legal... assim.. eu nunca faria uma plástica.. não gosto muito de plástica.. mas ficou legal.. ficou legal.

280 25 1 M b A 10 Que isso cara? ficou estranho cara... que coisa estranha que tu fez no teu cabelo cara... que isso

281 25 1 M b A 11 Olha só fulano... como seu chefe nesse departamento aqui.. eu acho que isso pode prejudicar o nosso trabalho... então talvez seja necessário mudar um pouco o seu visual.

282 25 1 M b A 12 é verdade... cê parece ter mesmo menos de quarenta anos.

283 25 1 M b A 13 eu não queria dizer não.. mas esse aparelho não é muito bom não... é uma bela porcaria, eu diria.

284 25 1 M b A 14 eu achei legal... tem vários apetrechos.. várias coisas assim modernas... mas eu uso só uma coisa bem simples mesmo... eu não uso muito esse tipo de celular não, sabe?

285 25 1 M b A 15 Pôxa... legal esses bonequinhos aí... são um pouco estranhos assim.. mas são simpáticos.

286 25 1 M b A 16 pô não gostei muito não cara... achei meio estranha essa pintura... não gosto muito desse tipo de coisa sabe?

287 25 1 M b A 17 é são bem espalhafatosas essas camisas mesmo né... mas legal..se você gosta

288 25 1 M b A 18 Caramba.. tu acha tudo isso desse carro? já tive um desses e não fiquei muito feliz com ele não.

289 26 1 F a C 1 Ah... o arroz tá um pouquinho duro.. mas dá pra comer.. tá faltando um pouquinho de sal.. se botar sal dá.. tá bom.. tá bom... se botar sal dá pra gente comer... é isso

290 26 1 F a C 2 Ah:: a reunião foi boa... deu pra esclarecer alguns pontos.. alguns outros ficaram meio:: digamos.. têm que ser revistos.. assim.. explicados melhor... que eu acho que de repente algumas pessoas não entenderam.. podem não ter pego

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Referências Bibliográficas 248

direito.. mas considerando tudo que você falou foi:: foi boa a reunião.. foi boa

291 26 1 F a C 3 ah cê tá no início.. tem que continuar né? tem muita coisa prá aprender.. imagino né? e é isso mesmo.. continue se é isso que você quer mesmo.. continue estudando bastante.

292 26 1 F a C 4 ah sinceramente... eu não gosto dessas coisas estranhas não. sei lá essas coisas assim... muito elaboradas.. com negócio assim.. ah não... é diferente.. mas particularmente não faz muito meu gosto não.

293 26 1 F a C 5 Ah:: tá legal.. mas cê de repente poderia voltar? porque eu acho que ainda tá faltando umas coisinhas.. eu acabei bagunçando.. cê poderia voltar no final da tarde para dar uma outra arrumada?

294 26 1 F a C 6 Ah:: legal.. interessante.. diferente né? ver uma pessoas assim... que trabalha né? Dirigindo.. e tem esse::: gosta de fazer arte né? é difícil encontrar isso:: legal é:: interessante.. bonito

295 26 1 F a C 7 ah legal.. mas eu tava tão acostumada com o outro.. fica difícil acostumar de novo.. vai demorar um pouco ah:: porque você fez ISSO tava tão::.. sei lá MUIto radical

296 26 1 F a C 8 ah acho que spa é sempre uma boa né... bom:: fazer exerCÍcio pra saÚde.. melhorar.. né? Tá sempre exercitando.. com certeza fez muito bem pra você.

297 26 1 F a C 9 é.. ficou diferen::te né? cê::: não tava satisfei::to an::tes quis mudar: né? ficou diferen::te... ago::ra cê... imagi::no que cê esteja feliz né? agora fez exatamen::te o que você queria...né? como é que você tá se achando então?

298 26 1 F a C 10 ih:: pintou o cabe::lo. BOM é:: ficou diferen:::te né? já tava acostumada com você aN::tes.. ago::ra cê tá diferen:te né? a gente acostuma de novo... mas tá legal tá legal.. se você:: achou legal.. tá legal tá tá legal assim.

299 26 1 F a C 11 Ah... eu acho que vai ficar estra::nho... se eu fosse você não deixava crescer não... acho que é muito melhor.. sabe... não é tão quente...cabelo grande esQUENta pra caram::ba.. tem que penTEAR.. traTAR.. paSSAR CREm..e essas coisas... se eu fosse você.. deixava o cabelinho CURto... é bem melhor.. até em termos de traba::lho assim... e cabelo lon::go eu acho que não vai combinar com você não.

300 26 1 F a C 12 a senho::ra tá muito bem... tem que se cuidar mes::mo né? essas atrizes se cuidam... elas ficam com seSSENta seTENta fazendo plástica né? e não aparentam o que têm... a gente né? que não tem como fazer plástica todos os dias.. todos os anos.. tem que se cuidar mesmo... usar creme... a senhora tá muito bem sim.. tá muito bem.

301 26 1 F a C 13 ah legal... MAS essa MARca PÔxa... ela não parece muito confiável... tem tantas outras marcas aí... pôxa de repen::te mais... um pouco mais caras... tem certeza que valeu a pena?... de repente.. essa marca.. mas já que cê comprou né?.. contanto que funcione tá bom.

302 26 1 F a C 14 ah legal... bonito... hoje em dia o celular tem muito mais função do que ligar né?.. mas:: é boni::to... cada:: dia com certeza novas tecnologias.. novas.. novos equipamentos... é:: boni::to boni::to mês::mo.. fez uma boa compra.

303 26 1 F a C 15 Ah::... o jardim? tá lindo lindo lindo lindo LINdo...essas flores.. essas plantas... ah:: os bonequinhos? Ah:... ficaram bonitinhos.. bonitinhos né?... Branca de neve e os anõezinhos né? bonitinhos.

304 26 1 F a C 16 ah boni::to colori::do né? não entendo muito dessas coisas de pintura.. essas coisas abstratas né?.. não entendo muito.. mas é bonito sim... é bonito.. vai ficar bem ali na.. na parede.. na sua sala... é onde você vai colocar né? bonito.. bonito.

305 26 1 F a C 17 Boni::to ce gosta dessas cores fortes.. assim.. essas cores mais fluorescentes né? é... é.. diferente né? tem coisa... é bom cor viva né?.. dá uma outra... uma outra aparência diferente... é bonito... eu particularmente.. eu não gosto

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

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dessas coisas.. pra mim né.. essas coisas fortes não... eu prefiro coisas mais clássica... mas é bonito... dependendo da pessoa fica...combina.. gostei.. legal

306 26 1 F a C 18 Bom::... como eu já tive um carro des::se... eu.. já não concordo com o senhor.. porque... eu vendi o meu carro porque eu detesTA::va... sempre me dava proBLEma... acho que é questão de adaptação... pelo menos eu não me adaptei.. vendi.. e:: comprei outro... eu particularmente não concordo muito com o senhor né?... eu já tive experiência com esse carro.. e não foi muito agradável.

307 27 2 F b B 1 a comida tá bo::a... mas cê esqueceu um pouquinho do tempero.

308 27 2 F b B 2 tiveram alguns pontos que eu fiquei um pouco em dúvida... mas ao longo do.. do ano a gente vai esclarecen::do.

309 27 2 F b B 3 cê não tá me atrapalhando não... como estão as aulas? tão sendo boas? cê tá gostan::do? continua treinando.

310 27 2 F b B 4 não gostei muito não... que negócio esquisito.

311 27 2 F b B 5 se pude::sse.. hoje... eu gostaria que você desse uma arrumada novamen::te... tem alguns pontos que não ficaram muito bons.

312 27 2 F b B 6 legal... deve ser bem difícil trabalhar com madeira né?

313 27 2 F b B 7 NO::ssa acho que você exagerou... vai demorar um tempinho para eu me acostumar.

314 27 2 F b B 8 é sempre bom ir para um lugar:: cal::mo.. tranqüi::lo em que se possa relaxar... quantos quilos você perdeu?

315 27 2 F b B 9 legal também tenho vontade de mudar o meu.l

316 27 2 F b B 10 ce é LOUco::... cabelo grisalho é super charmo::so... por que você pintou?

317 27 2 F b B 11 eu não acho muito legal que você esteja em desacordo com a empresa... você sabe... você tem que manter uma aparência... seria melhor você pensar sobre o assun::to.

318 27 2 F b B 12 Algumas pessoas exage::ram com a preocupação estética... eu acho que o importan::te é você se sentir bem... se você se sente jovem... ótimo.

319 27 2 F b B 13 e aí como é o apare::lho? funciona bem? tem certeza que é bom? não vai dar problema?

320 27 2 F b B 14 Ó::timo cê acha importante ter isso tudo no aparelho?

321 27 2 F b B 15 ficou com um ar bem infantil, né?

322 27 2 F b B 16 achei meio breGUInha né? mau GOSto.

323 27 2 F b B 17 espero que você não as use no trabalho.

324 27 2 F b B 18 Eu já tive um carro desses... eu tive muitos proble::mas com relação à mecâ:nica.. ao espaço inter:no... mas se você tá gostando.

325 28 1 M a B 1 Ah... cê tá precisando melhorar um pouquinho... não tá muito boa não.

326 28 1 M a B 2 Achei boa... achei só um pouco confusa.

327 28 1 M a B 3 ah... nem tem dado pra escutar direito não... mas qualquer dia eu passo lá pra ver como é que tá.

328 28 1 M a B 4 olha... estranhei um pouquinho... não gostei muito não.

329 28 1 M a B 5 podia ter caprichado um pouquinho mais.

330 28 1 M a B 6 ah... eu achei que tá bom... ta legal.

331 28 1 M a B 7 preferia como tava antes.

332 28 1 M a B 8 É cê ta parecendo melhor mes::mo.

333 28 1 M a B 9 Achei que ficou ótimo.

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Referências Bibliográficas 250

334 28 1 M a B 10 É:: achei que ficou um pouco artificial.

335 28 1 M a B 11 Olha... acho que não é muito bom para o seu futuro aqui dentro da empresa não... acho melhor você cortar.

336 28 1 M a B 12 é realmente você tá muito bem mesmo.

337 28 1 M a B 13 você podia ter me consultado antes de comprar porque essa marca não é muito boa não.

338 28 1 M a B 14 Olha não entendo muito desses últimos celulares assim não... mas acho que ele tá bem legal.

339 28 1 M a B 15 pôxa ficou muito bom... ficou muito legal mesmo.

340 28 1 M a B 16 pôxa muito bom... muito legal mesmo.

341 28 1 M a B 17 pôxa muito bonitas mesmo.

342 28 1 M a B 18 Olha eu tive um desse aí.. e não gostei não..tanto que eu troquei por esse aqui.

343 29 2 F a A 1 eu adoREI a coMIda.. adoREI a surPREsa... só que.. bom.. assim..o arroz tá um pouquinho cru... mas ta gostoso... eu gostei

344 29 2 F a A 2 Bom é... eu achei interessan::te mas tem algumas coisas que ficaram um pouco confusas.. e foi até bom o senhor ter me chamado..porque aí eu esclareço agora as coisas que fic... ficaram pendentes.

345 29 2 F a A 3 Bom::...eu não posso dizer.. assim.. avaliar o seu desempenho.. porque geralmente eu tô chegando ou tô saindo quando você tá fazendo suas aulas de can::to... mas um dia eu faço questão de ficar para depois dar a minha opinião.

346 29 2 F a A 4 é bastante exó::tico né?.. assim.. eu ficaria com o arroz.. feijão.. e batata frita... mas de repen::te eu posso aprender a gostar desse prato aí.

347 29 2 F a A 5 BOM DIA... foi bom o senhor ter me chamado aqui.. porque:: depois eu quero que o senhor venha aqui na minha sala.. que eu tenho umas coisinhas pra mostrar que eu não gostei... tá bom?

348 29 2 F a A 6 NOSSA... isso é uma cabeça de caVAlo? caRAMba que int...assim.. eu tinha penSAdo que isso era outra coisa... mas pô legal.. assim.. interessante.. muito bonito.

349 29 2 F a A 7 Amor ficou bom... mas.. assim..eu preferia o anterior porque eu já estava acostumada.

350 29 2 F a A 8 O::lha.. bem que eu tava percebendo alGUma diferença... então é isso.. reparando melhor agora.. humm.. deu uma emagrecidinha, hein?

351 29 2 F a A 9 ficou..ficou legal.. ficou legal ..só que.. assim.. eu acho que era desnecessário né? eu gostava do seu nariz como era antigamente.

352 29 2 F a A 10 Ah::... não acreDIto que cê fez Isso.. ce pinTOU o seu cabelo e tirou aqueles cabelos grisalhos que eu achava LINdo?

353 29 2 F a A 11 O::lha.. eu tenho que falar pra você a verdade... a empresa não tem um perfil de jovem.. que você tá atualmente.. com esse o seu cabelo compri:do... eu acho melhor como sua supervisora... como sua supervisora te recomendar você cortar esse cabelo aí... dar uma aparada... senão alguém vai te chamar a atenção.

354 29 2 F a A 12 ah... eu acho que a senhora parece que tem a idade que tem.

355 29 2 F a A 13 amor:::... você fez uma surpre::sa.. mas essa marca.. assim.. eu já ouvi dizer que não é a melhor do mercado.

356 29 2 F a A 14 achei LINdo seu telefone celular.. só que se fosse comigo.. eu não teria coragem de dar essa fortuna num aparelho de telefone... mas eu achei lindo.

357 29 2 F a A 15 ah... o jardim agora ficou bem mais alegre.. ficou colori::do.. e tal criança é que vai adorar.

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358 29 2 F a A 16 é um quadro diferen::te né?.. assim.. vai cair bem com o estilo da casa.

359 29 2 F a A 17 as camisas são bonitas né? as cores são.. assim.. bem vivas só não cai bem prá trabalhar aqui no escritório.. mas para o dia-a-dia.. prá um shopping.. pra um passeio fica bem legal.

360 29 2 F a A 18 Eu já tive um carro desse.. e assim.. no meu caso a experiência não foi muito boa não... era pequeno pra minha família.. e mecânica vivia dando problemas... mas de repente era só o meu carro.. esse.. de repente.. não dá tantos problemas como o meu.

361 30 2 M a B 1 pô:: a comida da minha mãe é bem melhor.

362 30 2 M a B 2 achei muito interessan::te essa proposta.. porque nós já tamos prevendo o que vai acontecer no futuro.. e podemos trabalhar melhor.

363 30 2 M a B 3 muito bom.. e tô notando melhoras desde quando você começou... continua assim.

364 30 2 M a B 4 pô:: sinceramen::te? eu prefiro um feijão com arroz.

365 30 2 M a B 5 tá bom... tá tranqüilo... tá ótimo.

366 30 2 M a B 6 muito intereSSAN::te... tem umas tendên:cias surrealistas e tal.

367 30 2 M a B 7 espeTÁculo... ficou até mais jovem.

368 30 2 M a B 8 pô:: ficou manei::ro... agora o senhor vai ter que gastar mais dinheiro comprando roupinha no::va.. com essa nova silhueta

369 30 2 M a B 9 pô:: nem tinha nota::do... mas ago::ra.. que cê falou... até que ficou legal.

370 30 2 M a B 10 pô:: tá de peruca? [risos] assume essa tua velhice... teu cabelo branco, rapaz... agora bota essa coisa riDÍcula aí na cabeça

371 30 2 M a B 11 desde que vc trate dessa JUba e mantenha sempre PREso.. laVAdo.. tá tranqüilo

372 30 2 M a B 12 qual é a idade da senhora mesmo? quarenta? ih::: tá muito bem... MUIto bem... seu marido deve estar adorando.

373 30 2 M a B 13 porra mi::na... porque tu não foi coMIgo?... me chamou pra ir com...conTIgo pra comprar?... agora tu comprou essa marca aí que é uma MERda... pu:: depois quem vai ter que pagar o conserto sou EU... porra.. só faz merda.

374 30 2 M a B 14 bom.. legal... manei::ro... mas::: eu acho que o telefone não precisa ter tanta modernidade assim não... é só pra falar mesmo ...se comunicar... eu não gastaria esse dinheiro todo num celular... também não tenho como você, né?

375 30 2 M a B 15 pô:: legal... adoro esse anõezinhos aí da Branca de Neve... ficou boni::to.

376 30 2 M a B 16 pô:: boni::to... esse quadro é bom pra ficar na Sala... perto da televisão.

377 30 2 M a B 17 pô:: são LINdas... manei::ras... vou até comprar umas pra mim.

378 30 2 M a B 18 pô:: tive um carro desses.. meu camarada... e o carro.. pô:: o motor dele é muito ruIM.. muito aperTAdo.. minha família é GRANde.. tenho três filhos.. muLHER ...minha mulher tá GORda que nem uma baLEia... aí tive que trocar o carro

379 31 2 F a C 1 bom:: [risos] eu adoREI você ter feito.. porque você NUNca faz NAda... mas tá ruim... da próxima vez a gente tenta melhorar.

380 31 2 F a C 2 ah::: eu achei legal.

381 31 2 F a C 3 bom::...desde que você não come::ce à noi::te... na hora que eu tenho que dormir... porque eu tenho que estudar no dia seguinte.. porque eu ainda estou:: estudan::do... tudo bem.

382 31 2 F a C 4 ah não é mui::to a minha praia não... né?... mas eu gostei.

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Referências Bibliográficas 252

383 31 2 F a C 5 bom::... faltaram algumas coisas... aí.. da próxima vez você melhora..tá?... mas tudo bem... sem problemas.

384 31 2 F a C 6 achei engraça::do, né? deve ter dado muito traba::lho prá fazer... legal:: continua assim... quem sabe um dia vai parecer realmen::te a cabeça de um cavalo.

385 31 2 F a C 7 ah:: amor::: cê não vai me matar não?.. mas eu não gostei... não faz o meu esti::lo... você sabe que não faz o meu esti::lo.

386 31 2 F a C 8 ah:: legal:: deu uma emagrecidi::nha mesmo... agora tem que continuar a dieta, né?

387 31 2 F a C 9 ca::ra... tu é DOIdo de fazer plás::tica no nariz... meu Deus... sempre quis fazer::... nunca tive cora::gem né? mas... cê tá gostando? se você estiver bem com você... legal

388 31 2 F a C 10 ca::ra... eu acho que você deveria usar o natural.. né? porque::: primeiro que eu a:cho o ó homem pintar o cabelo.. né? mas se você gos::tou.

389 31 2 F a C 11 bom.. eu acharia Ótimo.. né? se você não trabalha::sse numa loja... que o perfil não pede isso... e já tá exagerado esse cabelo... então eu acho que você não deve de jeito nenhum... senão eu mesma vou ser chamada à atenção

390 31 2 F a C 12 bom... pra quem tem dinheiro.. né? tá bonito o tempo inteiro... faz uma plástica ali.. uma plástica ali... agora a gente que não tem dinheiro... a gente tá ótima.

391 31 2 F a C 13 ah:: amor::... tu é burro ou o que? você não sabe que essa marca é Péssima?.. se estragar... o dinheiro vai sair do seu bolso.

392 31 2 F a C 14 ah:: eu acho que não vale a pena comprar celular caro não... porque celular.. você... é pra falar.. e daqui a um ano já tá saindo de moda... você vai ter que pagar outro... então é burrice pra mim gastar muito com celular.

393 31 2 F a C 15 ah:: que graci:::nha adore::i.

394 31 2 F a C 16 ah:: não gostei muito não.

395 31 2 F a C 17 ah:: achei as cores muito berRANtes... não faz o meu estilo não... você gosta?

396 31 2 F a C 18 ah:: pra ser sincera.. eu já tive um de::sses.. achei complica::do.. não gostei.. ache::i peque::no... aí troquei... você gostou?

397 32 1 M a A 1 tá maraviLHO::sa.. meu amor.

398 32 1 M a A 2 bom... eu acho que tinha que rever algumas questões porque:: tá um pouco confuso.

399 32 1 M a A 3 eu acho que cê tem que estudar um pouquinho mais só.

400 32 1 M a A 4 aí.. na moral malu::co... essa coisa é muito ruim cara.

401 32 1 M a A 5 você limpou isso aqui?

402 32 1 M a A 6 sinceramen::te... eu não entendo muito disso aí não... mas.. sei lá.. você que sabe... você que é o artista.

403 32 1 M a A 7 pra QUE que você fez isso?

404 32 1 M a A 8 eu ia perguntar eXAtamen::te isso... o que que a senhora fez que você tá um espeTÁculo.

405 32 1 M a A 9 tá Ó::timo... Ó::timo.

406 32 1 M a A 10 CAra... que paRAda de boiola é essa?

407 32 1 M a A 11 eu acho que não condiz com o perfil da nossa empresa.

408 32 1 M a A 12 ô::: maraVIlha... com certeza.

409 32 1 M a A 13 pode trocar?

410 32 1 M a A 14 não... com certeza... é essencial pra vida de hoje.

411 32 1 M a A 15 isso tá riDÍculo... uma paraiBAda isso daqui... pelo amor de Deus... jardim de infância já passou.

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412 32 1 M a A 16 sinceramen::te... eu não me ligo muito nisso não... mas você... a casa é sua... você sabe o que faz..ué.

413 32 1 M a A 17 eu prefiro as cores neutras... mas você.. você tem que saber o que você gosta de vestir.

414 32 1 M a A 18 eu já tive um pareci::do e não gostei muito não... eu.. se fosse você.. eu prestava atenção no modelo do seu carro.

415 33 2 F a A 1 ah:: tá gosto::as... só que o arroz tinha que estar um pouco mais cozido, né?

416 33 2 F a A 2 ah:: depois você poderia me esclarecer alguns itens... porque eu a::cho que não ficou bem claro... pra mim.

417 33 2 F a A 3 se você continuar dessa forma... você vai virar um Pavarotti.

418 33 2 F a A 4 exótico.

419 33 2 F a A 5 boa... mas você pode passar aqui no final do expediente prá limpar hoje também?

420 33 2 F a A 6 ah:: interessan::te... mas você só faz cava::lo ou você faz outros animais?

421 33 2 F a A 7 ah:: você gostou? se você gostou pra mim tá tudo bem.

422 33 2 F a A 8 ah:: poxa... legal... acho que passar um tempo assim.. num spa.. deixa a gente com novas energi::as... ah:: cê tá bem.

423 33 2 F a A 9 ah:: eu acho que quando uma coisa incomoda a gente... a gente tem que mudar mesmo... se você tá se sentindo bem agora com seu novo nariz... legal.

424 33 2 F a A 10 eu prefiro natural.

425 33 2 F a A 11 ah:: eu acho que isso é:: é moda.. né? deixar o cabelo comprido... mas se você gosta... mas eu acho que pra ter cabelo comprido.. você tem que tratar... tem que manter ele preso no ambiente de traba::lho.. é isso.

426 33 2 F a A 12 olha... eu acho que tudo artificial parece assim... uma plástica parece uma coisa falsa... a senhora tá natural... a senhora tá bem... a senhora não parece ter quarenta anos não.

427 33 2 F a A 13 poxa... que legal... mas dizem que essa marca não é boa.

428 33 2 F a A 14 olha... eu não entendo muito de celular não... mas.. poxa.. legal esse seu celular... interessante... muito [5 seg] muito... muito novo.. né? eu... não sou muito fã dessas novas tecnologias não.

429 33 2 F a A 15 lindo meus sobrinhos adoraram.

430 33 2 F a A 16 bom... eu acho que gosto não se discute.. né? mas eu não gostei muito não... não faz muito o meu.. meu gênero não.

431 33 2 F a A 17 poxa... eu acho que você vai marcar a maior presença usando essas roupas.

432 33 2 F a A 18 ah:: é confortável...inclusive eu já tive um carro como esse... eu gostava muito... só que eu tive que trocar.

433 34 2 M b C 1 olha... tá muito bem tempera::do... acho que o tempe::ro numa comida é a melhor coisa pra você conseguir produzir o resultado.. né? o sabor ...agora... talvez você pudesse ter deixado cozinhando um pouquinho mais.. o arroz... você não acha?

434 34 2 M b C 2 eu achei bastante esclarecedora... porque eu ainda não tinha idéia da.. da.. do nosso planejamento para o próximo semestre... mas eu.. eu sinto necessidade de.. de mais uma conversa a respeito... ou talvez de mais uma reunião.

435 34 2 M b C 3 eu acho que você podia ouvir um pouco mais os.. os cantores que te influenciam... e tentar seguir aquelas músicas... porque te daria um pouco mais de.. assim.. concentração... eu acho que às vezes você fica um pouco.. assim.. fazendo aqueles exercícios... e talvez você pudesse chegar logo a algum lugar com isso... eu acho isso.. né? não sei.

436 34 2 M b C 4 ah:: ó... não gostei desse negócio aqui que você me deu pra comer não... mas é interessante... eu acho que.. eu acho que

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Referências Bibliográficas 254

talvez comer lá no lugar deva ser uma outra impressão.

437 34 2 M b C 5 eu achei que você não fez quase nada... porque que tá assim? cê lembra do que eu pedi para você fazer? porque que cê não fez.. assim? você pode explicar?

438 34 2 M b C 6 olha.. rapaz.. interessan::te esse trabalho... deve ser influenciado por aquelas vanguardas européias que eu nem conheço direito... porque tá difícil pra mim até entender.

439 34 2 M b C 7 não sei... eu tô pensando ainda na nova mulher com quem eu tô casado... eu acho que ainda vou levar um tempo pra te dizer isso.

440 34 2 M b C 8 eu acho que a forma física nem sempre é o que te deixa bem... às vezes realmente é a sensação de você estar se sentindo bem consigo mesmo... você pode ter uma forma de um jeito ou de outro... e.. eu acho que o mais importante é você se.. se dar bem consigo mesmo.

441 34 2 M b C 9 olha... rapaz eu.. eu acho que eu não faria isso não... porque eu gosto muito do jeito que a gente é... do jeito quando nasce... eu não.. não.. não vejo assim.. feio.. bonito.. dessa forma plástica não... acho que.. sei lá.. eu sempre prefiro mais natural... pra mim eu não levo muito em conta o que foi ou o que é agora... eu levo em conta o que é a gente.. né? como que a gente nasceu

442 34 2 M b C 10 pô:: cê tá querendo se esconder ou tá querendo pegar mulher?

443 34 2 M b C 11 ah:: legal agora você vai ser meu braço direito, viu?

444 34 2 M b C 12 com certeza... a gente tem que economizar o nosso dinheiro... não ficar gastando com as coisas.. assim.. que a sociedade coloca pra gente. a senhora tá se achando jovem... tá se vendo jovem... é isso aí mesmo. tá certo.

445 34 2 M b C 13 eu acho ele boni::to... agora eu já ouvi alguns amigos meus falando que.. que pode dar problemas na.. na.. nas primeiras... nos primeiros meses.. nas primeiras semanas... é bom a gente ficar com o telefone da assistência técnica sempre a mão.. assim.. o manual

446 34 2 M b C 14 ah:: é bonito.. né? você passa pelo menos o dia inteiro sempre com alguma coisa pra fazer.. né? porque aí você tem quase.. sei lá.. um computador... um videogame.. né? isso é bom... porque aí a gente não deixa de se divertir.

447 34 2 M b C 15 ah:: rapaz... eu... se fosse eu botar no jardim da minha casa.. eu botava um Saci... um Negrinho do Pastoreio... esse negócio de Banca de Neve é coisa de europeu... não é a gente não.

448 34 2 M b C 16 bom... eu vou te responder dependendo do que você vai me responder primeiro... quanto custou?

449 34 2 M b C 17 é:: essa camisa deve ser boa pra sair com a família domingo... cada roupa tem uma ocasião.

450 34 2 M b C 18 cara... eu já tive um desses... eu não gostei muito não... mas de repente pra você é mais prático.. né? não sei... cada um tem uma necessidade... pra minha necessidade ele não era tão legal não.

451 35 2 F b B 1 horrível.

452 35 2 F b B 2 cansativa.

453 35 2 F b B 3 você precisa praticar mais.

454 35 2 F b B 4 eXÓtico.

455 35 2 F b B 5 regular.

456 35 2 F b B 6 você precisa polir mais.

457 35 2 F b B 7 você ficou mais velho.

458 35 2 F b B 8 você se sente bem?

459 35 2 F b B 9 nenhuma diferença.

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460 35 2 F b B 10 você tá bem?

461 35 2 F b B 11 corte o cabelo.

462 35 2 F b B 12 cada um tem a idade que quer.

463 35 2 F b B 13 vai trocar já.

464 35 2 F b B 14 legal.

465 35 2 F b B 15 interessante.

466 35 2 F b B 16 interessante.

467 35 2 F b B 17 o gosto é seu.

468 35 2 F b B 18 verifique você mesmo.

469 36 1 F a A 1 está não tanto gostosa... mas eu sei que você pode fazer muito melhor.

470 36 1 F a A 2 foi muito interessante... eu espero que todos tenham compreendido o que você quis expor.

471 36 1 F a A 3 dá prá perceber que você ainda está no começo. você pode cantar um pouquinho mais baixo?

472 36 1 F a A 4 teRRÍ::vel... não sei se o problema foi seu.. ou se é meu ...mas.. enfim.. detestei.

473 36 1 F a A 5 muito bem... mas eu acho que você esqueceu de limpar alguns canti::nhos... você pode rever comigo agora.. por favor?

474 36 1 F a A 6 mui::to interessan::te.... eu ado::ro trabalhos desse tipo... eu acho que o senhor deve continuar esculpindo.. e:: fazendo o que você gosta.

475 36 1 F a A 7 eu não gostei muito não... ainda bem que se eu puder fazer alguma coisa com o meu.. agora eu posso.. né?

476 36 1 F a A 8 ah:: sem dúvida... além disso.. spa é muito bom para a par::te mental... te deixa muito bem.

477 36 1 F a A 9 ficou bom... o que que você achou?

478 36 1 F a A 10 eu preferia como era... homens ficam sempre bem de cabelo branco.

479 36 1 F a A 11 você não acha que isso pode te causar algum incômodo?

480 36 1 F a A 12 mas eu acho que sempre tem alguma coisa pra melhorar.. e com dinheiro isso se torna muito mais fácil... você não acha?

481 36 1 F a A 13 se der problema você manda consertar.. não é?

482 36 1 F a A 14 eu não me interesso tanto por celular... mas se te atraem essas características.. eu acho que você deve tomar muito conta do seu celular.

483 36 1 F a A 15 o jardim ficou muito bonito...mas os anões.. eu tiraria.

484 36 1 F a A 16 não interessa o que eu achei... interessa como você se sente vendo isso todo dia.

485 36 1 F a A 17 NO::ssa... quase fiquei cega.

486 36 1 F a A 18 ah:: eu já tive um desse... mas eu não gostei muito não... acabei trocando.

487 37 1 M b B 1 pô:: bem... está bem melhor.

488 37 1 M b B 2 desculpe... mas eu achei ela um pouco cansativa.

489 37 1 M b B 3 eu gosto muito de mu::sica... e acho até que as pessoas devem aprender ...mas é:: pode escolher uns horários mais adequados?

490 37 1 M b B 4 uma comida muito exótica... interessante.

491 37 1 M b B 5 você fez a limpeza?.. a sala não está parecendo que está limpa.

492 37 1 M b B 6 trabalho diferente... é arte moderna?

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Referências Bibliográficas 256

493 37 1 M b B 7 você pode me dar um tempo pra pensar sobre isso?

494 37 1 M b B 8 está bem melhor.

495 37 1 M b B 9 é... estranho... vai demorar um pouquinho para eu me acostumar.

496 37 1 M b B 10 pra ser sincero... esse visual aí tá muito artificial.

497 37 1 M b B 11 cê podia pelo menos aparar as pontas.

498 37 1 M b B 12 se você se sente mais jovem é claro que você é mais jovem.

499 37 1 M b B 13 pô:: amor... você comprou o aparelho mais barato?

500 37 1 M b B 14 celular bem sofisticado... kit babaca legal.

501 37 1 M b B 15 pô:: olha só pessoal... não me agradou muito não... mas se vocês gostaram... tudo bem.

502 37 1 M b B 16 é:: pô:: legal.

503 37 1 M b B 17 camisa legal pras pessoas que gostam de aparecer mais.. né? não combina muito comigo não.

504 37 1 M b B 18 eu já tive um carro pareci::do não entendi muito bem não... mas se você entende.. né?.

505 38 1 F b A 1 não tá boa.

506 38 1 F b A 2 bem.. sinceridade.. não foi legal... prefiro falar a verdade.

507 38 1 F b A 3 você deveria cantar mais baixo e em outro horário.

508 38 1 F b A 4 como é que você conseguiu comer isso?

509 38 1 F b A 5 é tá bem né?... mas poderia fazer isso aqui de novo pra mim... por favor?

510 38 1 F b A 6 diferen::te.

511 38 1 F b A 7 que aconteceu de ter cortado o cabelo?

512 38 1 F b A 8 nem percebi [risos]

513 38 1 F b A 9 ficou melhor.

514 38 1 F b A 10 ai... cê tá estranho.

515 38 1 F b A 11 é impossível... tem que cortar o cabelo.

516 38 1 F b A 12 parece... com certeza.

517 38 1 F b A 13 ah... não gostei... essa marca é horrorosa.

518 38 1 F b A 14 maneiro.

519 38 1 F b A 15 completamente dispensável.

520 38 1 F b A 16 não entendi o que ele quis dizer com esse quadro.

521 38 1 F b A 17 que gosto meio estranho.

522 38 1 F b A 18 pra quem gosta... eu já tive um parecido e não gostei.

523 39 1 F b A 1 tá ótima.

524 39 1 F b A 2 [silêncio] boa.

525 39 1 F b A 3 é eu acho que se você se esforçar... tem jeito... por enquanto eu vou me mudar.

526 39 1 F b A 4 que que você cozinhou pra mim?

527 39 1 F b A 5 é né... num tá muito limpo não.

528 39 1 F b A 6 meio abstrato.

529 39 1 F b A 7 que foi? deu piolho?

530 39 1 F b A 8 é.. né.. agora você tem uma perspectiva de uma vida mais saudável... é isso aí, né?

531 39 1 F b A 9 é ficou bem diferente.

532 39 1 F b A 10 Viena hair?

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533 39 1 F b A 11 é recomendável que cê não deixe crescer muito... por que isso dá uma aparência de desleixo... senão pode prejudicar a imagem da empresa.

534 39 1 F b A 12 é.

535 39 1 F b A 13 bacana.

536 39 1 F b A 14 tem coisas melhores na vida.

537 39 1 F b A 15 bem kitsch.

538 39 1 F b A 16 não entendi muito bem a proposta... mas.. enfim.. sobre uma certa ótica deve fazer algum sentido.

539 39 1 F b A 17 [silêncio] é... [silêncio] combina com o seu tom de pele.

540 39 1 F b A 18 gosto mais dele quando tão dirigindo ele pra mim.

541 40 2 F b B 1 ah... meu amor...está Ótima.

542 40 2 F b B 2 achei a reunião muito cansativa.

543 40 2 F b B 3 olha... talento você não tem... mas você pode continuar.. porque é uma coisa que você gosta de fazer.

544 40 2 F b B 4 eu prefiro a nossa comidinha brasileira.

545 40 2 F b B 5 não gostei. não está no capricho.

546 40 2 F b B 6 que peça linda.

547 40 2 F b B 7 não gostei.

548 40 2 F b B 8 você está Ótimo.

549 40 2 F b B 9 preferia o anterior.

550 40 2 F b B 10 preferia o cabelo grisalho.

551 40 2 F b B 11 olha... para a empresa seria melhor você dar um corte no cabelo.

552 40 2 F b B 12 você está perfeita.

553 40 2 F b B 13 oh... meu amor... não tinha um aparelho um pouco melhor... uma marca melhor não?

554 40 2 F b B 14 eu não entendo muito de modelos diferentes... pra mim qualquer modelo serve.

555 40 2 F b B 15 achei muito bonito... muita criatividade.

556 40 2 F b B 16 não faz o meu estilo.

557 40 2 F b B 17 as cores estão muito vivas.

558 40 2 F b B 18 eu já tive esse carro e não gostei.

559 41 2 M b B 1 está razoável.

560 41 2 M b B 2 confusa.

561 41 2 M b B 3 acho que você precisa melhorar a voz.

562 41 2 M b B 4 bom.

563 41 2 M b B 5 ficou faltando algumas coisas.

564 41 2 M b B 6 diferente.

565 41 2 M b B 7 envelheceu um pouco.

566 41 2 M b B 8 acho que não.

567 41 2 M b B 9 não ficou muito bom.

568 41 2 M b B 10 ficou exótico.

569 41 2 M b B 11 acho que você precisa melhorar a aparência.

570 41 2 M b B 12 eu pensaria melhor na sua posição.

571 41 2 M b B 13 o barato sai caro.

572 41 2 M b B 14 achei dispensável.

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Referências Bibliográficas 258

573 41 2 M b B 15 cafona.

574 41 2 M b B 16 arte diferente.

575 41 2 M b B 17 as cores são alegres.

576 41 2 M b B 18 o carro é desconfortável.

577 42 2 F b C 1 não ficou muito boa.

578 42 2 F b C 2 achei que não foi muito proveitosa... eu não entendi muito bem.

579 42 2 F b C 3 sei lá eu não tenho opinião nenhuma em relação a canto não entendo de canto... de música.

580 42 2 F b C 4 não gostei.

581 42 2 F b C 5 achei que ficou faltando algumas coisas pra fazer... se você podia dar uma passadinha lá e resolver.. né? terminar de limpar.

582 42 2 F b C 6 diferente.

583 42 2 F b C 7 ah:: não gostei muito... mas é o jeito né? esperar crescer.

584 42 2 F b C 8 achei que fez bem... você tem que se sentir melhor... se tá se sentindo melhor.. mais leve é importante.

585 42 2 F b C 9 ficou bom. gostei.

586 42 2 F b C 10 acho que vou precisar de um tempo para me acostumar à nova cor.

587 42 2 F b C 11 não sei se seria bom pra imagem da empresa... acho que não fica muito bom.. pro seu cargo.. o cabelo.

588 42 2 F b C 12 acho que tem que se sentir bem com a idade que parece né? se você se sente bem com essa imagem é isso aí... isso é que é importante... a artista não achava que estava bem e resolveu fazer plástica

589 42 2 F b C 13 eu achei que ficou bonitinho... mas não sei se vai durar muito tempo.

590 42 2 F b C 14 bonito.. moderno.. arrojado.. gostei.. combina com você.

591 42 2 F b C 15 gostei.. ficou colorido.. deu um pouco de vida pro jardim.

592 42 2 F b C 16 não gostei muito não.

593 42 2 F b C 17 ah:: são bonitas as camisas... gostei... um estampado vivo.. colorido.

594 42 2 F b C 18 bem... eu não me adaptei...mas se você gosta.. tá tudo certo.

595 43 2 F a B 1 o::lha... comi já comida melhor... mas.. assim.. você tá tentando.. né? então vou fazer o quê? por hoje a gente come... mas é preciso que você treine mais... porque sinceramente.. não tá perfeito não.

596 43 2 F a B 2 bem.. assim... confesso que achei um pouco cansati:va. não sei se é porque hoje eu também... né.. tive a faculda::de.. vim pra cá direto... senti um pouco confusa.. né? mas acho que você conseguiu passar o objetivo... acredito que as pessoas tenham entendido.

597 43 2 F a B 3 é que no início tudo é difícil.. né? então imagino que.. como você é iniciante.. as dificuldades são grandes. é:: assim... vou ser honesta com você... me incomoda um pouco.. sim... mas eu acho que você deve continuar tentando.. né? assim.. quem sabe daqui a um tempo vai estar bem melhor, né?

598 43 2 F a B 4 o::lha é:: em nome da nossa amizade eu vou ser basTANte sincera... sei lá.. eu sou mais um feijãozinho com arroz.. uma batatinha.. né? um bifinho.. assim.. valeu pela experiência... para conhecer... mas eu confesso a você que eu não comeria de novo não

599 43 2 F a B 5 é::: eu não sei... sabe... assim... eu acho que não ficou muito boa não... o que que foi que aconteceu? faltou tempo? você precisava de alguma coisa? você estava com o horário em cima? porque sinceramente... eu acho que podia ter ficado

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melhor.. né? mas tudo bem... dessa vez passa... agora.. vê se da próxima vez você não faz isso de novo.

600 43 2 F a B 6 bem diferen::te né? sinceramente eu não tinha percebido que era uma cabeça de um cavalo... mas.. assim.. cada artista tem o seu estilo.. né? e às vezes nem sempre a gente entende a mensagem ou idéia que o artista quer passar... mas eu acho que é interessan::te.. né? você tem que fazer bastante mesmo para ir cada vez ficando melhor... se aprimorando.. né? quem sabe você não vira um grande artista?

601 43 2 F a B 7 ah:: você ficou diferen::te... tão esquisito... tô achando que você ficou mais velho... eu não sei.. eu tava acostumada com aquele seu cabelo.. né? assim.. sei lá.. você ficava com cara mais de nenenzinho... agora tá com uma cara estranha... mas de qualquer modo eu gosto de você.. né? então logo logo eu vou me acostumar com isso.

602 43 2 F a B 8 ai... nossa... eu não tinha percebido... eu sou muito distraída... eu não reparo muito nessas coisas não.. ah:: legal.. né? ficou bom.. né? acho interessante.. assim.. no:::ssa que coisa legal.. e:: quantos dias você ficou lá?.. assim.. e como é que foi? conta pra mim... como é que foi a experiência lá?

603 43 2 F a B 9 pois é meni::na... eu tava assim olhando... ficou BEM diferente... eu vou ser assim sincera... se eu te encontrasse em outro lugar e não te conhecesse... porque a gente já se conhece.. né? pelo menos de vista... eu diria que era outra pessoa... porque.. assim.. no::ssa foi uma grande transformação.. realmen::te ficou BEM diferente BEM diferente mesmo.

604 43 2 F a B 10 ah:: sinceramen::te... eu preferia você como estava antes... não sei se é porque tô acostuma::da.. né?... com seu jeito como era... mas é que ficou tão esTRA::nho... sei lá... não pare:ce você... tá diferen::te tá esquisi::to... ai... cê me desculpa a sincerida::de... mas não dá pra disfarçar não... eu pelo menos não gostei.

605 43 2 F a B 11 o::lha só... deixa eu te dizer uma coisa... eu não tenho NA::da contra cabe:los gran:des... acho muito bonitos... quanto mais bem trata::dos melhor... mas:: eu vou ser muito hones::ta com você... é::: isso tá fora do padrão da empresa... e:::.. assim.. eu vou te avisar lo::go que se eu for chamada a atenção quanto ao seu cabelo.. eu vou ter que conversar com você.. ou você vai ter que cortar:: ou:: então vou ter que te dispensar:: porque.. você já conhece as nor:mas.. e sabe que esse perfil não é permitido aqui.. né? então você já tá avisa::do... depois você não reclama comi::go.. né?

606 43 2 F a B 12 é:: pois é... né? é mesmo? que interessan::te... é::: eu não sou muito boa.. assim.. pra dar idade pras pessoas não.. pois é.. mas você é::.. NO::ssa... que leGAL... pois é... sinceraMEN::te.. eu.. assim.. é::.. você parece mais nova né?... assim... realmente... e tudo é::: eu concordo com você.

607 43 2 F a B 13 ah:: não acreDI:::to que você comprou esse... assim NÃO... valeu a intenção... mas é que.. assim.. esse é PÉ:::ssimo... ele é muito RUIM... todo mundo que compra fala mui:::to mal... você jogou seu dinheiro fora.. por que logo logo a gente vai ter que colocar na assistên::cia... ai meu Deus... tem como trocar por outro?.. eu aju:do eu.. eu.. coloco o valor a mais pra poder a gente comprar um aparelho melhor... até porque não adianta ter um aparelho que funciona e depois dá defeito.. e:: ai.. você vai ficar aborrecido.. né? vai até dizer que é uma PORcaria... e no fundo no fundo.. é.. né?.

608 43 2 F a B 14 o::lha é:: eu não sou muito ligada em celular não... celular pra mim só serve pra duas coisas... pra.. receber mensagem... passar mensagem... receber ligação e fazer ligação... pra mim.. isso é supérfluo... assim.. mas:: é muito boni::to.. né? se você gos::ta... acho que vale a pena ter... mas no meu caso... não acho muito interessante aparelho tão sofisticado.

609 43 2 F a B 15 pois é.. né?... assim... eu vi que tem umas figu::ras... Branca de Neve é? e os sete anões.. pois é::.. é interessante.. né?... fica com um ar.. assim.. de fantasia... me lembra muito contos de fadas... coisas de criança... é bonitinho.. né?

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Referências Bibliográficas 260

engraçadi::nho.. né?

610 43 2 F a B 16 a::i... não sei... é diferen::te pra caramba... EU.. sinceramente.. não compraria pra mim não... acho tão::... sei lá... acho que ia ficar esquisi::to... não gosto muito dessas cores que foram usadas... desse jeito assim...é:: diferente demais pra mim... eu... às vezes eu acho que sou meia clássica.. sabe? até um pouquinho cafona... eu acho que.. pra mim.. não combinaria não... mas se você gostou.. né? foi ótimo.

611 43 2 F a B 17 pois é... assim... são boNI::tas as camisas... intereSSAN:::tes.. assim ..você tem.. assim.. um even::to especial pra usar? não.. porque.. assim.. prá trabalhar::... dependendo do que você for fazer.. quem estiver aqui na empresa... eu acho que chama muito a aten::cão.. né? de repente fica interessante pra você sair com sua namorada... pra uma balada... algo parecido... mas realmen::te.. elas são chamativas... não sei se combinaria com o padrão da empresa... sei lá... tô dan::do só uma opinião né? na verdade

612 43 2 F a B 18 pois é... eu já tive um de::sse... confesso que::: não deu muito certo pra mim não... eu achei ele um pouco complica:::do.. achei ele peque:::no... não sei.. sabe.. cada um tem um gosto diferente... talvez com você seja legal... mas.. pra mim.. não foi uma boa experiência não... sinceraMENte... eu..acho melhor o que eu estou usando agora.

613 44 3 M a A 1 a comida estava excelente... foi você que fez... então foi muito bom.

614 44 3 M a A 2 a reunião foi profícua... atingiu seus objetivos.

615 44 3 M a A 3 realmen::te eu admiro muito lições de canto por isso achei que foi válida a sua aul... a aula canto que você está tendo.

616 44 3 M a A 4 o jantar estava excelente.

617 44 3 M a A 5 a limpeza foi muito bem feita realmente não tenho nada a reclamar.

618 44 3 M a A 6 na realidade... o objetivo foi distorcido.. eu vim aqui prá andar de táxi.. mas o seu trabalho está razoavelmente bom... não era bem o objetivo esse.. mas está razoavelmente satisfatório.

619 44 3 M a A 7 eu achei que você estava melhor com o corte anterior... esse corte não me agradou muito.

620 44 3 M a A 8 na minha opinião... você não perdeu os quilos que deveria perder porque::: você continua mais ou menos com a mesma compleição física de anteriormente.

621 44 3 M a A 9 é:: realmen::te... com relação ao nariz anterior você melhorou de aparência.

622 44 3 M a A 10 é:: eu achei que o::: com o cabelo anterior.. estava mais condizente com a sua personalidade.. com esse novo cabelo não vi muita::: muita::: é::: coerência em relação a sua::: a sua aparência física... sua personalidade.

623 44 3 M a A 11 eu acho que você deve deixar que todos usem o cabelo de acordo com a vontade de cada... um isso está in::: inserido na personalidade de cada um deles.

624 44 3 M a A 12 eu penso que você deveria se contentar com a sua aparência por que cada um tem a sua::: é:::: a sua individualidade e essa individualidade deve ser preservada... ela tem a aparência dela e você deve ter a sua aparência.

625 44 3 M a A 13 o aparelho de dvd completa realmente:::.... o:::... a:::... os aparelhos que deveriam ter dentro de casa... então era o que estava faltando... esse aparelho completa realmente o conjunto de aparelhos necessários a uma casa.

626 44 3 M a A 14 celular é muito bom e atende a tudo aquilo que você deseja.. não só a você mas a mim também...então achei interessante a aquisição desse celular... é completo.

627 44 3 M a A 15 eu achei que o::: a:: aquisição dos... dos anõezinhos atendeu às expectativas de vocês.. mas a mim particularmente não me interessou muito não... achei interessante a maneira como

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vocês fizeram o dispositivo aí dos bonequinhos no:: no:: jardim... mas a mim não disse muito não... porque eu não.. não cuido muito de jardim... não é a minha área não.

628 44 3 M a A 16 esse quadro não faz muito meu estilo não.. entendeu?... tipo de::: pintura renascentista não é::... não tem muito a ver comigo não... por isso não... pra mim foi indiferente a confecção desse quadro.

629 44 3 M a A 17 essas camisas a mim particularmente não agradaram muito... devem ter agradado muito a você porque você achou melhor comprá-las...mas a mim particularmente não disseram muito... achei que a compra foi::... inconsistente.

630 44 3 M a A 18 embora eu veja algumas coisas que não me agradem muito no carro... achei que ele atende ao objetivo.. entendeu? que é você se deslocar de um lugar para outro... mas a mim particularmente não gostei muito do carro não.

631 45 3 F b C 1 meu amor::.. você na cozi::nha é uma negação... mas ta ó::timo dá pra comer... é comível

632 45 3 F b C 2 não entendi NAda

633 45 3 F b C 3 a mim não incomoda

634 45 3 F b C 4 razoÁvel

635 45 3 F b C 5 é:: poderia ser melhor

636 45 3 F b C 6 o::lha... não é muito interessan::te... mas é razoável né? se você caprichar mais um pouqui::nho.. vai sair bem melhor

637 45 3 F b C 7 não gostei... poderia deixar como esta::va né?

638 45 3 F b C 8 eu a::cho que você teria que escolher outro SPA.. porque esse não aprovou.

639 45 3 F b C 9 não notei diferença alguma.

640 45 3 F b C 10 ah::... poderia ser melhor... porque essa cor não ficou muito bem prá você.

641 45 3 F b C 11 eu a::cho que... você teria que ir a um barbei::ro fazer um novo corte::: para melhorar um pouco o visual... dessa forma não tá legal.

642 45 3 F b C 12 acho que não.

643 45 3 F b C 13 eu acho que não.

644 45 3 F b C 14 eu supo::nho que essa marca não é muito confiável... você teria que ter pesquisado mais... comprado um outro... uma outra marca mais.. mais... mais legal né? que essa daí não é muito confiável... já falei né?

645 45 3 F b C 15 pra mim... ele não tem tanta utilidade assim... é um bem pra:: uma emergên::cia... na hora que você.. precisa.. ele esteja sempre à disposição... mas não que seja tão importante assim.

646 45 3 F b C 16 se fosse... se EU fosse você... eu não levaria pra casa esse quadro não.. ele tem...é um pouquinho cafo::na ele não... não vai se adaptar muito bem a tua... não é... não é aconselha:::vel você botar:: na sua parede um quadro de::sse tão... tão vulgar

647 45 3 F b C 17 achei uma coisa... essas cami::sas de tão mau gosto.. que eu não levaria pra casa de maneira alguma... nem vestiria

648 45 3 F b C 18 sinceramen::te.. acho que esse carro não é um dos melhores... tem outras marcas mais...eh... que se adapta melhor... são mais práticas.. mais confortáveis.. essa marca aí já troquei um não gostei.

649 46 3 F b B 1 eu achei a comida mais ou menos... quanto ao sal.. ela estava com muito pouco sal... eu levo o saleiro prá mesa e completo com o saleiro

650 46 3 F b B 2 não gostei da reunião... faltou explicar com mais deta::lhes.. pra mim entender o que eu vou resolver

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Referências Bibliográficas 262

651 46 3 F b B 3 bom... com bastante estudo talvez você consiga chegar lá... mas por enquanto você tá ruim pra caramba.

652 46 3 F b B 4 PÔ não gostei muito não... mas se os convidados gostaram.. tudo bem prá mim.

653 46 3 F b B 5 ah estou muito zanga::da.. porque a limpeza foi mui:::to precária... acho que você podia eh:: fazer as coisas mais bem feitas.

654 46 3 F b B 6 o trabalho tá mui::to boni::to... eu espero que você continue e aperfeiçoe cada vez mais.

655 46 3 F b B 7 não gostei NAda... preferia o corte antigo... não estou gostando.

656 46 3 F b B 8 eu acho que ainda está faltando um pouqui::nho mais para você chegar ao ponto ideal.

657 46 3 F b B 9 está bom né? você gostou? Porque se você gostou está ótimo.

658 46 3 F b B 10 não gostei... preferia os cabelos brancos... ficava muito mais bonito em você

659 46 3 F b B 11 achei PÉ::ssimo... você com o cabelo cortado fica muito mais jovem e parece muito mais limpo

660 46 3 F b B 12 dou nada... importância nenhuma prá artista.

661 46 3 F b B 13 é muito melhor você trocar... porque essa marca não é muito confia::vel... e o problema de ter um defeito mais rápido do que nós pensamos... então acho que::... enquanto tá compra recente... vamos trocar por um outro... outra marca

662 46 3 F b B 14 muito boni::to... não faz meu gênero mas... eh eh modelo é bonito.. nas horas de sufoco eu acho muito válido.. mas não tenho grande empenho em comprar um igual

663 46 3 F b B 15 as plantas estão lindas... muito bonito o jardim... eu me encanto com as flores... só isso

664 46 3 F b B 16 eu não vou desgostar o meu amigo né?... Portanto.. o quadro é bonito... bonito.. muito lindo..

665 46 3 F b B 17 você gostou das tuas camisas... então use-as com bom.. com bom gosto e aproveite bastante

666 46 3 F b B 18 está muito bonito... que você tenha bastante saúde para poder aproveitar o carro.

667 47 2 F b C 1 tá ótimo... pode melhorar um pouquinho.

668 47 2 F b C 2 eu achei que deveria ter outras posições.. eh:: outros eh:: uma forma mais prática.. mais fácil de você estar exemplificando o que você tá querendo...eu vou dizer exatamente o que eu achei

669 47 2 F b C 3 ah... eu acho ó::timo que a pessoa tente fazer aquilo que ela gosta... agora.. ela tem que ver os horários em que ela tá fazendo isso né?... Dependendo do horário.. claro que vai importunar né?

670 47 2 F b C 4 eu achei bastante diferente... mas eh:: realmente pro meu paladar não agradou

671 47 2 F b C 5 você poderia ter feito um pouquinho melhor... ter caprichado ..porque não ficou de acordo.

672 47 2 F b C 6 eu achei bastante interessan::te... mas você vai ter que treinar um pouquinho mais... porque não tá parecendo um cavalo não.

673 47 2 F b C 7 ficou diferente... mas da próxima vez cê me consulta antes de fazer essa besteira

674 47 2 F b C 8 cê realmente já sentiu alguma diferença nas suas roupas?

675 47 2 F b C 9 eu acho que se você gostou tá Ótimo.

676 47 2 F b C 10 eu prefiro o antigo... cê ficava muito mais bonito

677 47 2 F b C 11 eu vou perguntar o que você pretende né?... Se vocÊ tá

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

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querendo realmente continuar sendo um vendedor... você tem que se preocupar muito com a sua imagem que é tudo.

678 47 2 F b C 12 ah eu acho que se você se acha com menos de quarenta anos ..ótimo... porque quem comanda é a cabeça... o corpo não manda tanto

679 47 2 F b C 13 foi o mais barato?... vai dar proble::ma ...mas tudo bem.. vamos aproveitar enquanto está funcionando.

680 47 2 F b C 14 eu achei excelen::te.. bonito... tá te agradando... tá suprindo todas as suas necessidades... Ótimo.

681 47 2 F b C 15 achei realmente a família bastante agradável.

682 47 2 F b C 16 bastante original

683 47 2 F b C 17 as cores são bastante gritantes hein?

684 47 2 F b C 18 eu já tive um modelo desse e achei realment::e bastante insatisfatório.

685 48 2 F b B 1 está ótimo

686 48 2 F b B 2 mais ou menos

687 48 2 F b B 3 cê está bem

688 48 2 F b B 4 está uma delícia

689 48 2 F b B 5 hoRRÍvel

690 48 2 F b B 6 criativo.

691 48 2 F b B 7 maravilhoso

692 48 2 F b B 8 mais ou menos

693 48 2 F b B 9 melhorou

694 48 2 F b B 10 hoRRÍvel

695 48 2 F b B 11 deve ficar bem

696 48 2 F b B 12 tá bem jovem

697 48 2 F b B 13 esse não é bom.

698 48 2 F b B 14 é muito chato

699 48 2 F b B 15 não gostei

700 48 2 F b B 16 interessante

701 48 2 F b B 17 hoRRível

702 48 2 F b B 18 bom.

703 49 2 M a A 1 muito boa

704 49 2 M a A 2 parece ser objeti::va::... mas a gen::te tem que é::: conversar um pouco mais sobre ela

705 49 2 M a A 3 bom... eu.. eu a::cho que as suas aulas podem ser um pouco ma::is.. é:: técnicas... eu acho que você deveria pensar um pouquinho mais nisso

706 49 2 M a A 4 é::... eu não tô acostumado a... a utilizar desse tipo de comida... mas achei interessan::te

707 49 2 M a A 5 bom... você:: não fez a limpe:::za ontem.. né?.. conforme pedido... mas será que ho::je você pode voltar e dar uma olhada novamen::te?

708 49 2 M a A 6 eu achei diferen::te o seu traba::lho.. mas você pode me explicar melhor... do que se trata

709 49 2 M a A 7 eu acho que você::... acho você deve... acho que ficou interessan::te né?... você se sentiu bem com o cor::te... mas você deve pensar.. deve olhar melhor... deve se olhar melhor e prá ver.. quem sabe.. você fica mais bonita revendo o corte

710 49 2 M a A 8 você deve continuar::: a fazer a die::ta e quem sa::be voltar ao SPA e dar continuida::de... vai te fazer bem

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Referências Bibliográficas 264

711 49 2 M a A 9 você achou que ficou bom?... então ficou bom

712 49 2 M a A 10 eu achei exceLENte... eu acho que você deve continuar... você também deve ter ficado satisfei::to... tá legal

713 49 2 M a A 11 eu gostaria de fazer uma sugestão para você.. com respeito ao seu perfil.. seu visual.. e tal.. e espero que você venha gostar da minha::: da minha opinião

714 49 2 M a A 12 eu acho que se você tá se achando melhor do que a artista... eu acho que você deve continuar dessa forma

715 49 2 M a A 13 você perguntou ao vendedor se essa marca era uma marca boa?... se ele disse que essa marca é boa.. e confia::vel... eu tô de acordo.

716 49 2 M a A 14 bom... esse... esse seu celular pode ser que não seja o melhor do mercado... mas eu achei interessante.

717 49 2 M a A 15 eu achei ó::timo... eu achei ó::tima essa.. essa atitu::de de vocês de.. de estar trabalhan::do em cima do jardim... de estar podan::do o jardim... pôxa que legal

718 49 2 M a A 16 bom... eu achei diferen::te... mas é:: se você gosta também.. ótimo

719 49 2 M a A 17 bem exóticas

720 49 2 M a A 18 já tive um pareci::do.. é:: na época até que deu um certo trabalho.. e tal.. mas eu resolvi trocar por um outro.. um outro tipo de carro

721 50 2 M b C 1 bom... tá boa... só que:: não sei... acho que tá meio sem sal... não... tá::... faltou um pouco.. entendeu?... eu acho que você podia ter ter tomado mais cuidado com isso.. mas.. prá mim tá bom... dá prá comer

722 50 2 M b C 2 foi boa sim... foi produti::va.. eu acho que deu prá gente::... é::... ver todos os aspectos.. é:: é:: o:: o:: andamento das coisas... foi como previsto

723 50 2 M b C 3 ah:: eu acho que tá legal... acho que você pode melhorar sempre... você tá indo bem no seu.. tá evoluin::do.. eu tô sentindo a evolução... assim.. a cada dia que você canta.. assim.. eu percebo que você tá melhoran::do

724 50 2 M b C 4 pô:: ca::ra.. sei lá.. essa comi::da é muito diferen::te.. num.. não gostei muito não.. entendeu?.. sei lá.. não gostei não

725 50 2 M b C 5 o::lha... eu acho que você limpou bem... mas algumas coisas você não tomou muito cuida::do.. assim.. eu acho que você devia dar uma... tomar mais cuida::do... prestar mais atenção em algumas coisas que ficaram penden::tes

726 50 2 M b C 6 interessante... legal... gostei

727 50 2 M b C 7 o::lha... eu achei legal... mas é:: sabe que eu prefiro cabelo longo... acho que você devia ter me pergunta:do antes o que eu acharia... não ago::ra.. não dá mais prá botar de volta

728 50 2 M b C 8 é:: eu a::cho que você tá bem... você... eu acho que valeu a pena você ter ido lá... melhorou... ficou bem

729 50 2 M b C 9 eu acho que ficou legal... eu acho que::.. assim.. se você se sente bem.. é:: se tava te incomodan::do e você mudou.. acho que cê fez o certo... você tem que fazer aquilo que a gente acha que vai agradar melhor né?... assim.. que vai agradar prá você... então

730 50 2 M b C 10 pô::.. ca::ra... sei lá... eu acho que você tava melhor an::tes... mas se você tá::... se você acha legal assim... eu acho que esse nego::cio do cabe::lo ser bran::co não tem nada a ver... se... se você prefere pintar.. eu prefiro... prá mim ta::va bom do jeito que ta::va... assim... eu como teu amig::o... eu acho que você até se dava melhor com as mulheres

731 50 2 M b C 11 o::lha... eu acho que prá::... prá::... sua situa:ção aqui.. profissional... não é interessante que você mantenha o seu cabelo comprido... entendeu?... eu acho que você tá:: arriscan::do aí.. é::: a::: a sua estabilida::de no emprego.. entendeu?.. por causa disso

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265

732 50 2 M b C 12 ah::... eu acho que você tá:: bem.. mas... pô::.. eu acho que:.. não sei se você tá isso tudo não

733 50 2 M b C 13 porque você não falou comigo antes?... essa marca::... não confio nela pô:: e aí pô:: esse aí não tem nada... não dá prá ouvir MP3.. não dá prá ver foto.. não dá prá gravar... pô:: você podia ter me consultado antes de comprar entendeu?... eu acho que podia ser melhor

734 50 2 M b C 14 ah:: cê diz que não vive sem ele... mas quando sair um melhor você já tá:: trocan::do

735 50 2 M b C 15 ah::.. eu acho que agora vocês têm é que comprar uma estátua do Pinó::quio também... dos Três Porqui::nhos... eu acho que vai ficar legal.. assim.. o... o jardim sabe.. é:: é:: com os contos de fadas.. vai ficar legal

736 50 2 M b C 16 sei lá::... esse tipo de arte não me toca.. eu acho que:.. assim.. quadro tem que ser uma coisa que eu olhe de longe e ele me chame a atenção... não mexeu comigo não

737 50 2 M b C 17 ah::... legal essas camisas... só que:: assim... não é o meu esti::lo... eu não usaria entendeu?... mas se você gosta

738 50 2 M b C 18 pô::... ca:ra.. eu eu já tive um carro desse.. eu não gostei muito não... mas você tá achan::do ele legal... de repen::te é porque você comprou ele ago::ra... e ainda não viu os problemas de::le mas quando eu tive só me deu dor de cabeça

739 51 1 M b B 1 tá bom... eu só acho que tá faltan::do um pouqui::nho mais de sal... não sei.. talvez na próxima vez.. você melho::ra.. não sei.. mas tá bom sim

740 51 1 M b B 2 eu entendi a idéia principal... as metas e tal.. só que:: eu acho que:: o senhor deveria concatenar melhor as idéias na hora da apresentação... eu achei que ficou um pouco confuso.. não sei se todos tiveram a mesma impressão que eu.. mas de repente.. pode ser melhor trabalhado para que não haja essa impressão por parte das outras pessoas

741 51 1 M b B 3 nossa tô:: acho interessante que você faça can::to e tal... só que:;... já que você tocou no assun::to.. eu vou falar.. não vou mentir prá você... TÁ me incomodando um pouquinho sim... é:: não sei se de repente dá prá gente ver a questão de hora::rio.. prá você fazer... eu sei que você tem as suas necessidades.. eu também tenho as minhas... mas acho legal você estar perguntando... então vou me colocar então.. eu acho que de repente a gente combina né?... você não vai ficar cantando o dia todo eu também não tenho que estudar o dia inteiro né?... de repente dá prá gente ver um horário assim.. não sei.. eu não quero que você pare de cantar... acho muito interessante que você cante... assim como faço as minhas atividades.. mas de repente dá prá gente combinar... que tal... o que você acha?

742 51 1 M b B 4 olha... eu adorei a experiência de estar comendo essas comidas que você trouxe... assim..eu não pude estar lá né? mas assim adoro essas coisas exóticas... adoro antropologia.. você sabe e tal... mas é::.. assim.. valeu pela experiência... mas eu não... eu não gostei dos pratos não... se fosse prá eu comer a semana inteira.. eu não comeria não cara

743 51 1 M b B 5 olha eu... eu conversei com você prá ver se você podia dar um jeito aqui e tal né?... só que:: acho que você não.. não.. não sei se você esqueceu... não sei.. mas acho que houve algum equívoco.. porque parece que você não fez o que eu pedi prá você fazer... o que que houve?

744 51 1 M b B 6 no::ssa.. eu adoro trabalhos manuais... acho muito interessante. é:: sabe o que eu acho? acho que você deve continuar.. inclusive com o seu trabalho manual. é:: Ótimo prá se distrair e tal.. e quem sabe... se o senhor achar necessário... tem alguns cursos ótimos.. assim.. que dá prá aperfeiçoar... o senhor vai poder aperfeiçoar a sua técnica.. conhecer novas formas de artesanato.. talvez seja produtivo pro senhor ...se o senhor estiver interessado.. mas tá ótimo.. continua assim

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Referências Bibliográficas 266

745 51 1 M b B 7 ah ficou legal... tá coerente com seu com seu rosto e tal... mas eu preferia.. cê sabe que eu gosto de cabelo comprido.. eu preferia cabelo comprido.. não vou mentir prá você que eu preferia.. cê sabe disso.. mas tá legal.. o cara fez um bom trabalho.. mas eu preferia cabelo comprido.. cê sabe

746 51 1 M b B 8 nossa é:: assim... não dá... quando olhei o senhor.. aparentemente.. eu não percebi que o senhor tinha perdido alguns quilos.. mas olhando bem assim... pelo menos o senhor tá com uma expressão Ótima.. o SPA fez muito bem pro senhor

747 51 1 M b B 9 ah eu acho que não precisava cê ter feito plástica né?... mas.. assim.. já que você fez, tá ótimo. acho que se você tá se sentindo bem.. é o que importa... valeu a pena

748 51 1 M b B 10 ca::ra nem te reconheci... cara acho que:: assim.. cê quer pintar o cabelo... acho que tá legal.. mas.. assim.. tá legal.. assim.. você ficou mais jovial e tal... mas eu acho que essa nuance:: acho que cê tem que dar uma olhadinha, cara.. talvez.. assim.. um pouco no sol alguns fios ficam um pouco artificiais.. assim.. é só alguma coisa tênue.. assim.. só prá te dar uma dica mesmo... talvez tenha que dar uma::... mudar a coloração... não sei... não sei se você tem essa impressão.. às vezes é porque eu tô te vendo agora.. não sei

749 51 1 M b B 11 bem... eu.. se você prefere o cabelo comprido eu acho interessan::te.. assim.. não sei... mas de acordo que não agrida sua imagem aqui na firma né?.. contanto que você trate direito né?... mas cê tá perguntando a minha opinião... se fosse você eu deixa:va no máximo do jeito que tá... mas isso é você quem sabe não sou eu que vou dizer

750 51 1 M b B 12 ah é mesmo... a senhora tá melhor que ela hein?

751 51 1 M b B 13 ah briga::do... meu Deus... brigado mas.. assim.. se eu fosse comprar essa marca.. não sei.. aparentemen::te não é muito confiável.. compreende? mas.. assim.. adorei... mas não se de repente a gente tem que tomar um pouco de cuidado... não vou mentir prá você... mas eu adorei a surpresa.. brigado

752 51 1 M b B 14 no::ssa... ótimo hein?... é bom que você o que você precisar fazer você faz né?... daqui a pouco vai ter celular:: que faz a barba da gen::te.. vai ter um monte de coisas né? [risos] assim... eu não.. eu não.. eu não vejo... não.. não vejo::: prá mim celular não.é útil desse mo:do né?.. mas é::: já que:: o senhor pode usufruir disso né?... tomara que o senhor consiga né? usufruir de tudo né? mas é:: ótimo

753 51 1 M b B 15 NO::ssa.. cê sabe que quando eu olhei assim à primeira vista eu fiquei.. GENnte.. o que que é Isso? essa Branca de Neve aí:: né?.. no jardim do pessoal... mas aqui eu acho que tá:: tá bem colocado né?... tá num espaço leGAL... tá uma distância considerável uma peça da outra... tá::: tá interessante sim

754 51 1 M b B 16 NO::ssa... eu.. olha...do quadro eu não gostei não... não sei se eu não consegui entender::.. não sei. mas.. assim.. até prá uma peça:: assim.. de decoração.. assim.. eu acho que não consegui entender... não gostei muito não. mas não sei. de repente tem a ver com você né?... é isso que importa.. assim.. mas eu não gostei

755 51 1 M b B 17 ó::: gostei muito do modelo das camisas... assim.. só achei as cores vibrantes demais assim.. né?.. mas dependendo do lugar onde você vai usar... tranqüi:lo

756 51 1 M b B 18 o::lha.. eu tive alguns probleminhas com esse carro.. inclusive troquei... olha só.. você tá falando um monte de coisa boa do carro.. eu acabei de trocar porque tem uns problemi::nhas de mecâ:::nica e tal... eu não sei se é o meu carro especificamente.. ou se é:: é o modelo de modo geral né?.. toma::ra que você não tenha esse tipo de problema.. mas eu acabei de trocar um carro desse... curioso você estar falando isso

757 52 1 M b A 1 boa

758 52 1 M b A 2 bastante produti::va

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759 52 1 M b A 3 é::: um saco né? Eu:::... assim... não gosto muito de mu::sica... principalmen::te quando incomoda né? Então... acho que se estiver incomodan::do eu falo a realida::de... você procura outra coisa prá fazer... é isso aí

760 52 1 M b A 4 é:: não gostei... não gostei

761 52 1 M b A 5 pé:: ssima

762 52 1 M b A 6 é::: não gostei do traba::lho do senhor... não gostei

763 52 1 M b A 7 é::: não gostei do corte de cabe::lo... não gostei

764 52 1 M b A 8 é:: realmente é... legal.. bacana... isso aí

765 52 1 M b A 9 ficou legal... tá boni::to

766 52 1 M b A 10 o que que você fez no seu cabe::lo? Eu não gostei nada di::sso

767 52 1 M b A 11 acho que você tem que aparar mais o cabe::lo.. e:: aparecer na empresa com uma performance melhor

768 52 1 M b A 12 é:: eu:: não sei... melhor:: você dar mais uma olha::da no espe::lho.. se ver melhor né?

769 52 1 M b A 13 é:: você comprou essa marca... essa marca não PRESta...é melhor pesquisar melhor... um preço... pesquisar na internet.. em alguma loja.. fazer mais algumas economias e compraria uma coisinha melhor né?

770 52 1 M b A 14 é:: celular bastante interessan::te... bastan::te... com uma tecnologia muito boa... mas prá mim... no meu uso.. eu prefi::ro um simples.. um que eu possa falar:: com urgên::cia.. que eu possa me comunicar com urgên::cia com meus família::res.. com minha espo::sa.. com meus ami::gos.. e até mesmo para atender necessidades da empresa... então o meu celular.. prá mim é isso... eu não gasto compran::do um celular caro.. um super celular.. vamos dizer assim.. com câ::mera.. MP3... prá mim.. um simples.. prá mim já tá legal

771 52 1 M b A 15 é:: olha só::.. ficou muito baca::na o trabalho de vocês né? meus parabéns... meus parabéns prá vocês né? é isso aí

772 52 1 M b A 16 olha... eu não gosto desse esti::lo... mas como que foi da tua preferên::cia... do teu gosto... meus parabéns por adquirir esse quadro

773 52 1 M b A 17 é:: eu... olha só... é:: essas camisas.. você adquiriu pela sua preferên::cia.. pelo seu gosto.. mas eu não gosto desse estilo... eu não uso esse estilo

774 52 1 M b A 18 eu já tive esse ca::rro... já tive alguns proble::mas com esse carro... eu pessoalmen::te desfrutei coisas boas.. e também tive alguns probleminhas com o carro... então eu particularmen::te não gostei desse carro.. porque ele me trouxe alguns problemas e tal... mas você.. como é seu carro.. né? que você possa fazer bom uso.. que você possa.. né? gostar dele.. enfim

775 53 1 M b C 1 é:: tá um pouquinho sem sal... mas tá legal

776 53 1 M b C 2 não entendi muita coisa não

777 53 1 M b C 3 o::lha... acho que você poderia melhorar um pouquinho né?... mas enquanto isso pô:: dava prá abaixar um pouquinho o som

778 53 1 M b C 4 o::lha... na realida:de muito legal... só que o meu negócio é mais arroz e feijão

779 53 1 M b C 5 ah:: você já limpou?

780 53 1 M b C 6 pô:: legal

781 53 1 M b C 7 é:: ficou bem diferen::te né?.. mas continua gatinha

782 53 1 M b C 8 pô:: ca::ra... não sei não... não sei... não me liguei muito não

783 53 1 M b C 9 bom::... ficou bem diferen:te né?.. mas só que... sei lá... ficou um pouquinho estra::nho.. mas se você gosta.. fazer o quê?

784 53 1 M b C 10 pô::... ficou bem diferen::te... acho que... sei lá... demorei um

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Referências Bibliográficas 268

pouco pra reconhecer... mas dá prá acostumar

785 53 1 M b C 11 é::: eu acho que você vai ter que dar um jeito nesse cabelo aí::... porque do jeito que tá... não vai dar prá continuar não

786 53 1 M b C 12 bem::... não sei... se você acha.. fazer o quê?

787 53 1 M b C 13 achei pô:: uma boa iniciati::va... só que::... você podia ter espera::do.. prá gente poder decidir junto né?.. pô::... já falei várias vezes.. a gente tem que decidir tudo junto

788 53 1 M b C 14 achei bem interessan::te... quase um computador né?.. só::... prá mim não serve muito.. porque:::.. eu acho que o interessan::te do celular é falar.. e falar bem.. só que::: já que você gostou né?.. gosta dessa situação... é quase um computador... prá você eu acho que vai ser uma boa

789 53 1 M b C 15 é realmen::te interessan::te a::.. a:: que vocês montaram...só que eu não sou muito chegado nessa situação não

790 53 1 M b C 16 pô:: sinceramen::te... não... não achei muito interessan::te não... mas.. sei lá.. não gosto muito não

791 53 1 M b C 17 é prá quem gos::ta acho que é uma boa né?... eu não usaria não.. mas já que tu gosta

792 53 1 M b C 18 ah:: sinceramen::te eu já tive um desse e não gostei muito não... se eu fosse você.. sei lá.. compra::va.. eu via um mode::lo.. tipo::... modelo mais barato.. mais fácil de se manusear.. porque:: esse na realida::de é meio problemático

793 54 1 M b A 1 está uma delí::cia.. mas é::.. preferiria que::... me passa o sal aí amor.. porque tá:: meio::... eu gosto de mais salga::do... hoje me deu vontade de comer mais salgado

794 54 1 M b A 2 é:: bom... eu achei confu::sa em alguns pontos... mas em geral... a gente poderia::... tá reven::do alguns pontos... mas foi positi::va

795 54 1 M b A 3 pô:: cara... eu acho que você teria que procurar um profissional mesmo do canto... que se você é::... com o pouco tempo que você ficar com um profissional de verDAde... você vai longe

796 54 1 M b A 4 é:: bom... prá quem aprecia deve tá uma bele::za... mas como eu não sou... bom... nunca comi essa comida.. não achei muito boa... porque não estou habitua::do.. mas.. tudo bem

797 54 1 M b A 5 bom dia meu ami::go... pô não achei legal a limpeza não.. acho que você poderia rever alguns pon::tos.. tipo ali ó:::.. gostaria que você desse uma limpadi::nha ali naquela.. naquele cantinho ali... mudasse aquela.. aquele negócio ali de posição... porque ali tem muita sujeira ali por detrás... mas... depois dá uma atenção legal aí::.. pô::.. beleza

798 54 1 M b A 6 bom.. é::... eu não sou a pessoa mais adequada prá te dizer i::sso... até porque prá te dizer a verda::de.. eu não sou... não sou muito adepto a artes... essas coi::sas... não... prá mim.. se eu fosse te dizer a verda::de.. eu diria:: que tá::... que eu não identifiquei:.. que eu não vi:.. mas me parece assim.. que::.. consideran::do que eu sou lei:go.. parece que tá legal... que você precisa somente aprimorar

799 54 1 M b A 7 bom::... amor.. pô:::... você tá lin::da.. mas assim... eu gosto de você do jeito que você é... é::.. você ficou lin::da... e:: eu acho que você tá muito conten::te com isso... mas o jeito que sempre me agradou bem mesmo.. foi do jeito que você sempre era.. mas você tá lin::da

800 54 1 M b A 8 pô:: parabéns

801 54 1 M b A 9 ah:: ca::ra... eu achei sinceramen::te... eu achei que ficou um pouco melhor do que tava antes.. e acho que você não deveria gastar dinheiro... porque a diferença foi muito pouca

802 54 1 M b A 10 pô:: pô:: meu ami::go... eu achava você manei::ro com aque::le... com cabelos... com aque::le ar.. assim.. aque::le.. aque::les cabe::los brancos te davam um ar... assim.. de sá::bio ou uma pessoa mais madu::ra... pô::.. volta pro cabelo do jeito tava antes.. fica melhor

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803 54 1 M b A 11 é::: eu acho que não fica legal não.. eu acho que você deveria até abaixar um pouqui::nho.. porque:: bom.. você já::.. já::.. pegou opinião com outras pessoas? bom essa é a minha particular... eu acho que não ficou muito legal não... bom.. como você tá pedin::do uma opinião... eu acho que você deveria cortar

804 54 1 M b A 12 pô::... eu a::cho que a gente... essas revistas de fofoca não trazem nada de::... nada de ú::til.. nada de agradá::vel... a gente deveria prestar mais atenção ao nosso redor... isso aí são peculiaridades... assim.. não vale muito a pena não... não acho legal falar assim das pessoas não

805 54 1 M b A 13 pô:: amor:: aí:: adorei:: o fato de ter o aparelho.. que também era uma coisa que eu também estava queren::do.. mas você podia conversar comi::go antes de comprar.. porque eu já conheço um pouco algumas marcas legais... algumas coisas... da próxima vez conversa primeiro comi::go.. a gente faz alguma coisa desse tipo... mas ó::timo.. eu tava querendo mesmo.. também

806 54 1 M b A 14 é:: ca::ra... celular só tem um propó::sito... falar... esse aí:: pô:: é bem boni::to... muito.. digamos assim.. marcan::te... mas eu.. no meu caso.. pegaria um mais simplezinho... um que fosse mais... que eu gostasse mais... porque prá mim.. celular é somente para falar... só coisas essenciais... não faço muita utilização dele assim como você

807 54 1 M b A 15 tá parecendo o jardim de uma bichona

808 54 1 M b A 16 pô não gostei não

809 54 1 M b A 17 é:: você:: é uma pessoa bem extroverti::da né?... porque eu achei as cores bem berran::tes... então prá isso tem que ser uma pessoa bem anima::da bem animado::na

810 54 1 M b A 18 bom... eu fico feliz que você tenha gostado do carro né?.. a minha preferên::cia por carro é::... bom... é um pouco diferen::te... mas eu acho a gente tem que ter aquilo que gosta né?

811 55 1 F a C 1 delicio::sa meu amor

812 55 1 F a C 2 poderia ter sido mais clara

813 55 1 F a C 3 no::ssa estou adoran::do... você canta muito bem

814 55 1 F a C 4 bem diferente

815 55 1 F a C 5 achei que poderia ter ficado melhor

816 55 1 F a C 6 muito moderno

817 55 1 F a C 7 amor eu não gostei preferia o seu cabelo mais comprido

818 55 1 F a C 8 é verdade sua forma física mudou

819 55 1 F a C 9 mudança extremamen::te diferen::te

820 55 1 F a C 10 estranhei no come::co... mas creio que ficou legal

821 55 1 F a C 11 creio que não será possí:vel... pois a norma da empresa não permi:te cabelos compri:dos

822 55 1 F a C 12 creio que não

823 55 1 F a C 13 achei que poderia ter economiza::do e comprar um melhor futuramen::te

824 55 1 F a C 14 muito boni:to

825 55 1 F a C 15 eu não gosto de esculturas

826 55 1 F a C 16 não faz o meu gosto

827 55 1 F a C 17 achei que a cor não combina com a sua pele

828 55 1 F a C 18 olha eu já tive um desses mas achei muito peque:no e a mecâ:nica meio difícil.. agora se você gosta.. tudo bem né?

829 56 3 M c C 1 o::lha... a comida tá boa... só o arroz que tava um pouquinho cru

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Referências Bibliográficas 270

830 56 3 M c C 2 é:: a reunião achei boa.. mas muito cans.. mas cansativa

831 56 3 M c C 3 tô achando bom... porque você tá procuran:do aprender... entendeu?.. a mim não está incomodando

832 56 3 M c C 4 o::lha.. o jantar não foi muito bom não... que são comidas que eu nunca tinha comido.. então.. eu não gostei muito entendeu?

833 56 3 M c C 5 o::lha... a::... a limpeza que você fez não ficou bem feita... eu peço que você pas... faça mais uma vez aqui

834 56 3 M c C 6 eu achei Ó::timo... porque eu já fui treinador de cava:lo.. e achei bonita a cabeça do cavalo

835 56 3 M c C 7 o::lha... não achei bom não porque você ficou bem mais velha... você antes era mais bonita

836 56 3 M c C 8 olha...eu não acho não que você perdeu peso não... você continua ainda gordinho ainda... precisa perder mais um pouco de peso

837 56 3 M c C 9 o::lha... o nariz não tem diferença nenhuma não... continua o mesmo

838 56 3 M c C 10 é:: você ficou mais jovem com o cabelo preto... mas era mais simpático com o cabelo branco

839 56 3 M c C 11 ah:: achei riDÍculo esse cabelo

840 56 3 M c C 12 o::lha.. você tá com quarenta anos mas não aparenta não.. entendeu?.. acho que você tem mais... mais idade

841 56 3 M c C 13 o::lha.. o aparelho não é uma marca boa... mas como a gente tá precisam::do.. foi ótimo você ter comprado... quando a gente puder.. compra um aparelho melhor

842 56 3 M c C 14 achei o celular ó::timo... tira foto.. é muito bom celular assim.. que tira fo::to.. achei bom mesmo

843 56 3 M c C 15 ah:: não gostei não... antes ta:va mais bonito... o::.. o jardim... não gostei mesmo

844 56 3 M c C 16 o:lha... o quadro não achei muito bonito não... o quadro... mas se é bonito prá você.. tudo bem

845 56 3 M c C 17 olha...eu não gostei não... da cor não gostei não... gostei do feitio... mas da cor da camisa não

846 56 3 M c C 18 o::lha... eu não achei bom não.. porque eu já tive um carro igual a esse e:: não gostei

847 57 2 F b C 1 tá dos deuses meu amor.. tá delicioso [risos]

848 57 2 F b C 2 INfelizmente eu não consegui entender a mensagem da reunião... não consegui captar o que teria que ser passado

849 57 2 F b C 3 com certeza.. o treinamento diário é que vai fazer você chegar onde você quer

850 57 2 F b C 4 é:::... com relação a:.. a:.. a nossa comida do dia-a-dia... BAStante diferente né?... algumas coisas eu gostei do sabor... outras não me apeteceu

851 57 2 F b C 5 realmen::te... não foi o que eu esperava... precisava de uma limpeza MAIS rigorosa.. porque eu atendo aqui clientes... pessoas... enfim.. eu preciso que a sala seja realmente limpa

852 57 2 F b C 6 o::lha... infelizmente ele não tá bem claro... só consegui identificar depois que você falou que se tratava de uma cabeça de um cavalo

853 57 2 F b C 7 o::lha... prá terceira idade você está assim.. MIL [risos] tá encabeçando a fila... mas em ótima aparência

854 57 2 F b C 8 o:lha... a intenção pode ter sido boa... mas você ainda não conseguiu nem chegar ao início da sua meta

855 57 2 F b C 9 você ficou satisfeita com o resultado da cirurgia?... era o que você esperava?... atendeu ao que você foi buscar fazendo a cirurgia?... prá fazer a cirurgia? se é assim então está ótima

856 57 2 F b C 10 o:lha... realmente pode ter atendido ao que você queria né?...

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Mas não ficou bem assim... nós estávamos acostumadas a te ver sempre com aquele cabelo mais pro branco né?.. e de repente essa mudança não... ainda não me acostumei.. não consegui me acostumar... e não tô achando boa... no momento não

857 57 2 F b C 11 o::lha... é:... com relação aqui à empresa.. o meu parecer é o seguinte... eu tenho receio que a sua imagem possa agredir a imagem da empresa... aGOra... com relação à sua vida pessoal.. se você gosta... se você quer realmente... mas você tem que manter de uma forma que fique uma aparência legal... não pode deixar um troço desmanchado

858 57 2 F b C 12 o::lha... é:: com relação a ter... a pessoa da revis:ta já ter feito vá::rias cirurgias... você realmen::te aparenta ser mais jovem.. porque nós estamos vendo que você não fez nenhuma né?... então a tua pele é uma pele natural.. então.. parece que:: realmen::te.. que você é mais jovem do que ela... mas isso não quer dizer que seja verdade ou não.. porque ela lá fez uma porção de cirurgias.. mas.. pode ser mais jovem do que você... por ser atriz.. ela tem a necessidade de ter feito

859 57 2 F b C 13 o::lha... é:::... essa marca que você comprou INfelizmen:te não é uma das melhores.. então.. já que você mexeu num recurso nosso né?... que nós estávamos guardan::do para uma necessidade... fez uma arte né?.. de tirar e tal.. então.. pelo menos.. comprasse a marca melhor... uma marca que não nos desse proble::ma porque essa aí com certeza vai nos dar problema

860 57 2 F b C 14 poderia ser um aparelho mais bara::to.. porque eu na minha vida particular.. uso o meu somente para atender ligações e fazê-las e mais na:da... então eu não quero que toque música.. que isso.. que aquilo.. que aquilo outro.. essa é a minha opinião... então.. por mim.. você poderia ter tido um gasto menor nesse celular

861 57 2 F b C 15 achei que ficou muito infantil isso aí para um prédio... essa decoração não pegou bem... na minha opinião não tem nada a ver com um prédio residencial no meio da cidade... nada.. nada.. nada

862 57 2 F b C 16 o:lha aí... esse aí não é bem é:: assim o meu gosto.. né?.. no caso de quadro que eu não sei se é de pintura ou de foto.. enfim né?.. mas prá mim eu não compraria não... faz é:: como é que dá o nome?... não me agrada né? mas se você gostou se está dentro do que você queria...enfim tudo bem

863 57 2 F b C 17 essas camisas você pretende usar elas quando? numa festa?... no CarnaVAL... ...NaTAL que que é? dependendo da situação eu bato palmas senão eu só vou rir

864 57 2 F b C 18 o::lha... na verdade eu eu já tive um veículo dessa marca né?... desse mode::lo... não me adaptei... a ele tanto que troquei... mas se está sendo... está atendendo bem ao seu prefil.. no caso.. com seu motorista de táxi... eu acho que está tudo tranqüilo... não tem problema algum... prá mim.. eu não gostei

865 58 3 F a A 1 hummmm uma droga

866 58 3 F a A 2 bem::... acho que a gente pode::: elaborar melhor essa situação aí.. entendeu?.. e:.. e:.. conversar e ter outras idéias... vamos dizer assim

867 58 3 F a A 3 é::... acho que é assim mesmo... o início::: vai.. continua.. um dia você chega lá

868 58 3 F a A 4 o::lha... eu acho que prá gente se reunir foi ótimo... agora a comida é meio diferente né?... um pouco pican::te... não é muito o meu gênero não... mas eu acho legal você fazer isso

869 58 3 F a A 5 po:::xá... você me abandonou hein? me deixou de la::do que tal a gente fazer um negócio melhor aqui?... Dá uma caprichada aí... esses livros tão tudo fora do lugar

870 58 3 F a A 6 bom... acho que é diferente.. motorista estar fazendo artesanato.. né? mas o senhor entra aí num curso... tem tanto lugar bacana prá gente ir se aperfeiçoando

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Referências Bibliográficas 272

871 58 3 F a A 7 ih:: fez as pazes com o barbeiro.. é?

872 58 3 F a A 8 ah tava bom como tava... não precisava ter ido pro SPA não

873 58 3 F a A 9 cê tá feliz? tá se sentindo bem? então tá ótimo

874 58 3 F a A 10 ah::... eu acho que teus cabelos brancos davam um charme para você porque afinal você ainda é novo e aquilo chamava bastante atenção ...dava um ar assim... de rapaz sério... maduro... mas tudo bem

875 58 3 F a A 11 o:lha... sinceramen::te.. prá trabalhar em venda.. eu acho que não tá legal esse cabelo... entendeu? Melhor você dar um jeito nele... manter aparado.. porque a gente tem que ter um aspecto legal.. prá::... prá... lidar com o público...

876 58 3 F a A 12 ah::... sabe como é que é artis::ta né?... artis::ta vive fazendo plá::stica né?... ah::.. não sei.. sinceramen::te... acho que você deve estar feliz com a tua ida::de... não liga prá esse negócio de artista não... porque eles vivem fazendo plá::stica

877 58 3 F a A 13 o::lha... eu acho que pelo menos a gente vai poder ver uns filmes aí né?... ago::ra pelo menos a gente tem o DVD

878 58 3 F a A 14 o::lha... eu achei legal.. sa::be... esse nego::cio de filmar.. fotografar.. só que eu sou tão atrapalha::da... que não vou saber usar esse nego::cio aí não... é::.. mas enfim.. eu posso até aprender né?... mas... prá mim por enquanto.. só tô usando prá telefonar mesmo

879 58 3 F a A 15 ah::... isso aí são prá quê? pras crianças brinca::rem? legal né?

880 58 3 F a A 16 olha.. não é meu estilo não... mas eu acho que até de repente nessa sala aqui ficou legal... faz o estilo da tua casa entendeu?... lá em casa sabe como é que é...não daria isso... mas aqui ficou bom

881 58 3 F a A 17 vai prá onde?.. vai prá praia? vai passear? vai caminhar no calçadão? ih:: tá animado pro fim de semana hein?

882 58 3 F a A 18 é:: esse carro é econômico né?

883 59 3 F c C 1 olha... a noite foi maravilho::as.. mas a comida não gostei

884 59 3 F c C 2 achei a reunião um pouco rápida

885 59 3 F c C 3 no início to achando que a voz tá meio embaraçosa

886 59 3 F c C 4 eu ach... eu achei boa... bom o jantar

887 59 3 F c C 5 PUxa... eu achei a sua limpeza PÉ::ssima.. pelo tempo que você levou

888 59 3 F c C 6 eu... eu achei bom o seu traba::lho... mas esse negócio aí.. essa peça tá estranhosa

889 59 3 F c C 7 bem... eu... é::... prá que essa mudança toda?.. eu gostava de você assim mesmo

890 59 3 F c C 8 puxa não achei nada. continua a mesma coisa

891 59 3 F c C 9 é ficou pior do que estava

892 59 3 F c C 10 eu não... não tô achando na::da quem tem que achar é outras pessoas né?

893 59 3 F c C 11 eu acho que você tá sentindo desgostoso da vida né? prá fazer esse tipo de coisa

894 59 3 F c C 12 ah:: impressão sua... não acho nada até agora

895 59 3 F c C 13 será possível que seu dinheiro só dá prá comprar isso?

896 59 3 F c C 14 ah:: um pouco exagera::do né?.. devia ser um mais simples né?... o celular é mais prá gente tratar de negócio... não é prá apresentar boniteza

897 59 3 F c C 15 ah:... tem gente que tem gosto prá tu::do... não é meu filho?

898 59 3 F c C 16 ah:: prá mim não tá sendo... não tem utilidade nenhuma... não sei prá você

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899 59 3 F c C 17 ah prá ser sincera... eu acho essa cor muito riDÍcula.. teria que ser uma coisa mais simples... que pode apresentá-la né?

900 59 3 F c C 18 puxa esse carro tá parecen::do mais um trem né?

901 60 2 M b A 1 ah:: pô::.. amor.. essa comida aqui tá::.. tá meio fora do padrão não tá?.. tô sentindo que ela não tá muito boa não

902 60 2 M b A 2 pó::.. chefe.. eu.. sinceramen::te.. eu não consegui pegar muito.. muito legal tudo não... vou ver se pego uns bisus com o pessoal aí depois

903 60 2 M b A 3 não ca:ra... tá tranqüilo.. não dá... não tá...não chega a incomodar não... não é muito boa.. muito boa não... mas não chega a incomodar não

904 60 2 M b A 4 pô::... malu::co... leva a mal não hein.. não gostei não.. sou mais uma feijoada

905 60 2 M b A 5 pô::... irmão... tu deu mole.. tu nem passou aqui cara... tá tudo sujo... o que que houve?

906 60 2 M b A 6 pô manei::ro... bem diferen::te... manei::ro

907 60 2 M b A 7 pô::.. amor.. ficou manei::ro.. mas eu achava que tava mais bonito do jeito que tava

908 60 2 M b A 8 qual é?.. tá parecen::do que tu emagreceu um pouquinho mesmo cara... mas tá precisando perder mais

909 60 2 M b A 9 pô::.. ca:ra.. sinceramen::te... acho que não mudou muito não.. hein... acho que tu gastou dinheiro a toa

910 60 2 M b A 10 pô::.. ca:ra ficou maneiro hein... precisa agora dar um cortezinho assim.. mais... mais jovem... mas tá maneiro mais preto assim

911 60 2 M b A 11 pô::.. ca:ra.. aí... não leva a mal não... mas eu acho que tu vai fugir um pouco do padrão né?... cabelo aqui.. pô::... todo mundo no padrão.. cabelo cortado... pelo menos mais cuidado né?... eu acho que não vai ficar legal não... não é uma boa idéia não

912 60 2 M b A 12 ah::... pode ter certeza... é::..artista tem dinheiro né?.. pode ser mais velha que ela... ela consegue ficar mais nova... mas você tá parecendo que é mais nova mesmo

913 60 2 M b A 13 pô amor... essa garantia dele aí vai durar quanto tempo?... essa marca aí parece que ela não é muito boa não hein?...vamos ver até quanto tempo ela vai agüentar

914 60 2 M b A 14 pô::. ca:ra.. manei::ro hein?.. deve ter custado uma nota

915 60 2 M b A 15 [silêncio]

916 60 2 M b A 16 pô::. ca:ra.. não gostei muito desse bagulho aqui não... não tá muito maneiro não

917 60 2 M b A 17 pô::.. ca:ra...camisa maneira hein? vai usar aonde isso aí?

918 60 2 M b A 18 pô::.. ca:ra.. eu particularmen::te já tive um carro desses aí não gostei muito não cara... a não ser que mudaram alguma coisa nele aí... mas.. eu vendi um exatamente por causa disso aí... eu não me amarrei muito nesse modelo não

919 61 2 M a B 1 a comida está um pouco sem sal e o arroz um pouco cru

920 61 2 M a B 2 eu:: não entendi alguns pontos que foram colocados na apresentação... eu gostaria de esclarecer depois com você em particular... não sei se a dúvida foi de todos... mas.. uns pontos que eu não entendi

921 61 2 M a B 3 não é:: não... não tá incomodando não... às vezes sai um pouco alto e tal... mas a gente já tá se acostuman::do.. espero que você melhore

922 61 2 M a B 4 tava tudo::... tava bem interessan::te... mas o tipo da comida não é u::ma comida que me faz... não me interessa... se eu estivesse na mesma situação que a sua.. eu não comeria essas comidas

923 61 2 M a B 5 é::... eu não vi... sinceramen::te achei que não tivesse visto a limpeza.. porque::... da situação que eu encontrei a sala..

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Referências Bibliográficas 274

achei que você tivesse esquecido... não foi...não tava de acordo com o que eu gostaria que estivesse

924 61 2 M a B 6 é:: eu não... eu não tenho.. assim.. uma visão muito boa prá parte... da parte artística pela minha profissão e tal.. que é mais das ciências exatas... mas é:: acho interessan::te... acho que a gente tem que começar e estar sempre praticando.. melhorando... e acho que é o começo... tá bom do jeito que tá.. mas acredito que as suas próximas obras vão cada vez... vão ser mais é::... perfeccionistas... cê tem que sempre estar melhorando

925 61 2 M a B 7 tá bom... mas eu acho que...eu gostava mais... eu tô mais acostumado com seu outro visual... eu acho que você fica com uma aparência mais jovem com aquele outro... o corte de cabelo que cê tinha antes

926 61 2 M a B 8 pô::... eu acho que eu tenho que fazer a mesma coisa... acho que tô... eu tenho que parar alguma hora prá fazer isso... fazer mais exercícios e tal... espero que você também continue fazen::do.. não só vendo a parte de uma acad... numa clínica de emagrecimento... mas exercício é importante... só acho que cê deveria trocar também as suas roupas.. porque elas não estão favorecendo e mostrando exatamen::te essa a sua nova forma física.. e essa perda de peso

927 61 2 M a B 9 o::lha... eu não tinha nem reparado é:::.. tanto no seu nariz antigo... mas eu acho que se você sentia necessida::de de fazer essa cirurgia... essa transforma:cão.. e:: você está bem consigo mesmo agora... acho que isso é o mais importante

928 61 2 M a B 10 ca::ra... eu acho que cê tá::... tá bem diferen::te quase não te reconheci... eu tô acostuma::do com a sua aparência antiga e tal... A:cho que você fica melhor da outra maneira... dessa maneira acho que o pessoal com certeza percebe que tá:: pintado.. e acho essa coisa hoje em dia.. não tá mais por aí... acho que você tem que ser original mesmo.. cê tem cabelo grisalho fica com ele grisalho... não é ficar pintando.. porque fica muito artificial

929 61 2 M a B 11 eu acho que:: prá atividade que a gente tá se propon::do.. e:::... que é um contato direto com a::: com o cliente.. a aparência é muito importante... então é a:::.. no conceito geral o asseio.. cabelo cortado.. barba feita.. né?... tudo isso conta.. e a primeira impressão... é:: a imagem quando a gente se aproxima do cliente... então eu acho que essa parte do cabelo muito compri:::do.. bar::ba isso.. tudo já de cara.. na minha opinião.. ela é uma má impressão... causa uma má impressão... e isso aí não seria interessante.. e eu recomendaria que você corta::sse o cabelo

930 61 2 M a B 12 não... acho que o importante é o que você... o que você tá sentindo consigo mesma... então se você se sente jovem não é?... aparên:::cia é:::... a gente não vai agradar a todos... então se você perguntar prá pessoas diferentes.. cada um vai dar uma resposta diferente... acho que o importante é que você se sinta jovem.. se sinta atraente.. sinta que realmen::te está melhor do que uma outra pessoa... então o importante é que você::... o que você sente com você... se você tá satisfeita com você.. tudo bem

931 61 2 M a B 13 adorei a surpresa... só acho que você deveria ter me consulta::do.. porque é:::... por trabalhar mais ou menos na área.. eu poderia te dar algumas di:::cas.. assim.. de mode::los e até das características dos equipamen::tos.. que poderiam ser melho::res... não só na faixa de preço.. mas com relação à garanti::a.. tudo isso... esse aqui é bom.. faz o que pretende.. mas tem alguns poréns.. que:: de repente.. cê poderia até ter consultado um pouco mais... poderia ter visto... mas é:: gostei muito da surpresa

932 61 2 M a B 14 é um celular bem boni::to... realmen::te é o último modelo... só que:: esse negócio de ficar com celular.. viver sem celular... eu já discor::do porque toca nas situações mais inesperadas possíveis... então no meu final de semana... eu procuro inclusi::ve desligar prá não ter... prá não ter aborrecimen::to... é legal.. o meu também tira fo:::to... faz isso tu::do... mas se

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eu pude::sse viver sem o celular e o relo::gio.. prá mim seria o ideal

933 61 2 M a B 15 é:: eu achei... achei diferen::te... só achei que tá::: um pouco infantil.. a decoração.. acho que tá:: mais prá crian::ça... né?... e tal.. de repente deveria ter outros apara::tos.. outros enfeites melhores... prá colocar.. não sei qual foi o objetivo de vocês... de repente.. por conta de criança.. alguma coisa assim... tá bonito.. tá parecendo até o jardim da Disney... mas não colocaria no meu

934 61 2 M a B 16 é::: ca::ra... não é o tipo de quadro que eu gostaria de colocar... não... realmen::te não sou chegado assim.. em quadros.. coisa desse tipo... mas esse tipo de quadro.. não é... esse tipo de arte não é a arte que eu tenho empatia... então.. gosto de quadros.. mas não seria esse daí que eu colocaria na minha sala

935 61 2 M a B 17 o::lha... as camisas eu achei umas cores assim.. bem... bem cheguei... bem mamãe-tô-aqui... não é a camisa que eu gostaria.. porque meu estilo é um estilo assim.. mais bran::do.. prá não ficar aparecendo muito... mas se você gosta.. tudo bem.. acho que cê tem que ficar feliz com o que você tá vestin::do... se você se sente bem assim.. tudo bem

936 61 2 M a B 18 eu já tive um carro desse tipo e:: não gostei... achei pequeno prá mim... é:: tinha outras necessidades.. então comprei o carro... mas não deu certo... ele era pequeno e eu senti uma dificuldade.. que ele deu... deu um problemi::nha... apesar de ser carro novo.. os carros não são mais como antigamen::te que duram.. duram.. duram... então ele deu um problemi::nha mecânico... eu tive problema não só de::.. não só prá achar um mecânico bom prá mexer... como também custo de peças... então.. já prevendo problemas.. eu vendi o carro

937 62 2 F a A 1 é preti::nho... você podia.. podia se esmerar um pouqui::nho... já que você tentou.. podia fazer um esforço prá melhorar um pouqui::nho... tem umas coisinhas que precisam ficar mais...tá Ó::timo.. sua iniciativa foi maravilho::sa... mas esse arroz tá precisando de cozinhar um pouquinho mais... e a gente pode botar um pouquinho mais de sal na comida

938 62 2 F a A 2 eu tenho algumas dúvidas e queria discutir um pouco a respeito delas.. antes de:: de me pronunciar ou de dar a minha opinião... porque:: na verda:de eu ainda não tenho esclarecimento... não tá muito claro prá mim... algumas coisas eu não.. não consegui entender o objetivo delas... bom... a gente precisa esclarecer um pouco algumas coisas antes de eu dar a minha opinião

939 62 2 F a A 3 o::lha... eu.. eu não acho na:da.. eu acho que você podia prosseguir com a sua aula de can::to se você estiver gostando.. mas.. e isso sempre evitan:do de importunar a vizinhança... não só eu como os outros vizinhos e dentro dos horários... não sendo uma coisa muito estridente.. muito alta.. porque no final acaba incomodan::do.. pode incomodar... mas não incomodan::do.. tomara que você se satisfaça... que você alcance o que gosta... faça o que você gosta de fazer né?

940 62 2 F a A 4 é:: o sabor das... desses alimentos é completamen::te exó::tico... e até um pouco agressivo prá mim... pro meu paladar... eu realmente não apreciei algumas comidas.. por talvez não ter histórico daqueles sabores nesses paladares tão novos

941 62 2 F a A 5 eu gostaria que você melhora::sse um pouquinho... tem uns detalhes prá te mostrar que ainda não ficaram exatamen::te como a gente pretendia... você pode me acompanhar?

942 62 2 F a A 6 é::.... seu trabalho é bastante interessan::te... parabéns

943 62 2 F a A 7 amor... eu acho que esse corte não caiu bem prá você.. isso te envelheceu um pouquinho mais... talvez um pouco mais de cabelo te deixasse melhor

944 62 2 F a A 8 o::lha... você podia continuar nesse programa aí... interessan::te você perder um pouco mais.. e não desistir de uma qualidade de vida... mudar mesmo os hábitos de vi:da prá que você não precise fazer coisas mais drásticas como

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Referências Bibliográficas 276

entrar numa clínica... que já é uma um começo.. mas é um começo drástico... é preciso dar continuida::de e o programa é:::... você não deve parar a qualidade de vida... e:: a forma de mudar os hábitos de alimentação... alguns hábitos de vida são importanTÍssimos prá você continuar perdendo peso

945 62 2 F a A 9 é::.. você ficou bem... você tá se sentin::do... como é que você tá se sentin::do?.. você gostou desse nariz no::vo?... tá se adaptan::do?... porque:: sempre uma mudança no rosto da gen:te é alguma coisa que demora um tem::po né?... você tá se sentin::do feliz? isso é importante prá você... não é?

946 62 2 F a A 10 o::lha... eu acho que você fica mais natural com os seus cabelos bran:cos... eles são seus.. autênticos.. são bonitos.. você fica melhor... mas é um tempo que eu precisa:va prá me acostumar... talvez passando um tempo... e porque:: eu já conhecia você com os cabelos brancos né?... talvez a quem não te conheça e não tivesse visto você de cabelos grisa::lhos antes.. possa achar que você tá: ó::timo.. que você tá muito jovial.. e realmen::te reno::va.. rejuvenes::ce.. mas eu preciso de um tempo prá me acostumar

947 62 2 F a A 11 eu acho que seu corte preci::sa de estar mais executi::vo... você precisa lembrar que você tem uma aparência que importa no teu traba::lho... no teu ambiente de traba::lho.. e o cabelo longo não fica tão bem... ou você o mantém preso de alguma maneira.. ou precisa dar um corte prá que ele fique realmen::te mais condizente.. mais alinhado com o ambiente empresarial

948 62 2 F a A 12 é:: a jovialida::de tá sempre muito mais dentro da gente... na caBEça da gente... do que na própria aparência né?... importan::te a gente estar bem... que a gente muitas vezes tem muito menos idade.. e fica mais jovial por causa disso.. do que a idade que a gente tem cronologicamen:te né?

949 62 2 F a A 13 essa marca a gente sabe que não é muito::: não tem uma::.. uma tradição de ser uma marca de qualida::de... tomara que ele funcione bem... a gente vai ter que: ver... vamos ver se vai agüentar aí::.. quantos anos ele vai agüentar sem dar defeito

950 62 2 F a A 14 é::... ele é boni:to.. muito legal.. eu na verda::de não ligo muito prá celular... eu uso praticamen::te prá situações de emergência... eu realmente não... não me encan:to... sei que isso é um brinquedo que::: especialmente os homens gostam muito.. porque os homens gostam de brinquedinhos eletrônicos... mas eu realmen::te só uso celular prá fazer ligações urgentes.. e confesso que fico até meio irritada quando ele toca

951 62 2 F a A 15 ah::.. ficou muito legal... vocês tiveram... fizeram bom trabalho... ficou Ótimo

952 62 2 F a A 16 na verda::de eu entendo tão pouco de arte... eu fico sem graça de dizer que eu não entendo muito... esse é um assunto que sempre me deixa muito na saia justa... porque eu não entendo quase nada de arte... não consigo dar opinião

953 62 2 F a A 17 ah::: essas cores são bastan:te:::.. difícil de se perder.. você certamente pode ir numa parada... num desfile... algum lugar que tenha bastante gente.. que você vai virar ponto de referência [risos]

954 62 2 F a A 18 o::lha... eu já tive um carro desse modelo.. e não tive... não fui muito feliz... não sei se os modelos são de anos diferen::tes... no meu modelo eu tive alguns problemas no motor... tomara que você tenha sucesso com esse carro... ele é realmen::te muito boniti::nho.. e:: tomara que dê tudo certo né?

955 63 2 M a A 1 comida tá tão gosTOsa nem... mas olha só... da próxima vez...da próxima vez quem vai fazer a comida sou eu... prá te agradar um pouquinho

956 63 2 M a A 2 o::lha... ficou.. prá mim algumas coisas ficaram obscuras... eu gostaria de perguntar sobre aquele tema que o senhor tinha falado.. pode ser?

957 63 2 M a A 3 olha.. rapaz.. continue

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277

958 63 2 M a A 4 é::.. diferen::te.. mas eu prefiro uma carne de sol

959 63 2 M a A 5 olha.. rapaz... você limpou... tudo bem... mas não tá legal... dá prá você voltar aqui daqui a uns quinze minutos.. e:: fazer o trabalho mais capricha:do?

960 63 2 M a A 6 é:: um cava::lo bem diferen::te né?.. mas tá::... tá ficando bonito

961 63 2 M a A 7 ném... ficou boni:to... mas você sabe que eu prefiro o seu cabelo compri::do

962 63 2 M a A 8 ahã

963 63 2 M a A 9 bom... se você achou que ficou legal.. tudo bem... eu não teria a mesma coragem que você teve

964 63 2 M a A 10 ih... rapaz... a mulherada não gosta de homem de cabelo pintado não

965 63 2 M a A 11 sua aparência é muito importante pro seu trabalho... então acho melhor você cortar o seu cabelo

966 63 2 M a A 12 é.. né

967 63 2 M a A 13 amor... que bom que você tomou essa iniciati:va... mas não seria melhor.. a gente voltar na loja... gastar um pouquinho mais.. e comprar um que seria mais duradouro

968 63 2 M a A 14 ah:: se tem serventia prá você... prá mim.. celular só serve prá falar mesmo... as demais coisas... não me importa não

969 63 2 M a A 15 bom... o::lha... tudo bem... vocês fizeram isso aí.. mas eu não gostei não... vocês poderiam ter escolhido outro tema.. ou então ter consultado todo mundo

970 63 2 M a A 16 é:: lá em casa não ia ficar legal não

971 63 2 M a A 17 pô:::.. bem chamativa... você vai o que?.. prá algum blo:co?... alguma festa?.. alguma coisa assim?

972 63 2 M a A 18 tomara que você tenha sorte com esse carro... porque eu tive o mesmo.. e não dei a mesma sorte que você

973 64 3 F b B 1 ah::... amor... eu achei que tava uma deLÍ::cia.. fiquei até feLIZ de você ter prepara::do.. mas poderia ter posto um pouquinho mais de sal

974 64 3 F b B 2 ah:: meu supervisor... eu até que prestei bastan:te atenção... mas.. sinceramen::te.. eu não entendi nada e achei bem cansativa

975 64 3 F b B 3 eu tô achando que você deve.. de fato.. procurar a sua vocação... porque eu acho que o seu canto não é a sua vocação

976 64 3 F b B 4 eu até que gostei muito da sua... do convite... mas essa comida.. sinceramen::te.. não me agradou

977 64 3 F b B 5 eu achei que você poderia ter capricha::do um pouquinho mais... porque ainda está um pouco bagunça::do

978 64 3 F b B 6 o:lha... sinceramen::te... eu não consegui identificar uma cabeça de cavalo... mas eu gosto muito de artesanato.. e acho que você deve se aprimorar mais

979 64 3 F b B 7 ah:: amor... eu tomei até um susto quando eu te vi... o que que você fez do seu cabelo?

980 64 3 F b B 8 eu acho que você passou uns dias lá::... mas eu acho que.. sinceramen::te.. você não fez o tratamento certo... porque eu não estou vendo diferença neNHUma

981 64 3 F b B 9 eu nem tinha reparado que você tinha feito plástica... porque achei que o seu nariz ainda continuava o mesmo

982 64 3 F b B 10 ah::... eu achei que você ficou TÃO esquisito com esse cabelo... eu gostava mais quando você tinha os cabelos brancos

983 64 3 F b B 11 você agora está querendo entrar em alguma organização hyppie... ou é só atualizar a sua imagem?

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Referências Bibliográficas 278

984 64 3 F b B 12 eu acho que nós devemos olhar diariamente pro espe::lho... e ver o que que o espe::lho reflete prá nós... a nossa imagem

985 64 3 F b B 13 você não achava que nós deveríamos gastar um pouqui::nho mais... mas comprar uma marca bem melhor... porque essa marca parece ser bem... bem ruinzinha

986 64 3 F b B 14 eu achei que ele é útil... eu achei que ele até faz muitas coisas... mas.. sinceramen::te.. muitas vezes o celular nos atraPAlha... porque muitas vezes queremos ficar quietos... e o celular não pára de tocar

987 64 3 F b B 15 eu achei que o jardim está bonit::o... mas eu preferia muito mais que não tivesse a Branca de Neve nem os anõezinhos... no meio do jardim... fossem só as flores

988 64 3 F b B 16 eu gosto muito de pintura.. mas.. sinceramen::te.. essa pintura não me agradou

989 64 3 F b B 17 bom... existe gosto prá tudo né?... o que seriam de todos os gostos.. se todo mundo gosta:sse do amarelo... o que seria do verme:lho?

990 64 3 F b B 18 [silêncio]

991 65 3 M b B 1 o::lha... a comida tá boa... mas só que tem um proble::ma... tá faltando sal... vou botar mais sal.. prá realmen::te ficar melhor.. adequado.. o arroz também tá meio cru.. mas isso aí da próxima vez você melhora tá bom?

992 65 3 M b B 2 não me agradou

993 65 3 M b B 3 vai em frente... porque tem que perseverar prá você chegar aonde quer

994 65 3 M b B 4 prá mim tudo bem... sou boa boca

995 65 3 M b B 5 você passou mal?.. porque afinal de contas você não fez nada

996 65 3 M b B 6 achei muito ótimo... mas só que tem o seguinte... prá mim não tem valor... mas prá outros tem

997 65 3 M b B 7 o antigo prá mim era melhor... esse aí não tá me agradando não... o antigo era melhor

998 65 3 M b B 8 o::lha... sinceramen::te... eu não tô notando nada não...mas.. acho que você tem que emagrecer mais ainda

999 65 3 M b B 9 sinceraMENte... sinceramMENte... tem gosto prá tudo... eu não achei bom não... mas.. tem gosto prá tudo

1000 65 3 M b B 10 tá com medo de ficar velho?... acho que cê tem que ser autêntico rapaz... deixa como estava

1001 65 3 M b B 11 cê deixando o cabelo crescer... mas estando com seu trabalho em dia... isso é que é importante

1002 65 3 M b B 12 se você acha assim... tudo bem... mas eu.. pessoalmen::te.. ao meu ver.. acho que não

1003 65 3 M b B 13 o::lha... muito obrigado pela surpresa... não poderia ser melhorzinha

1004 65 3 M b B 14 o::lha... achei ótimo... mas prá mim.. não sei lidar com ele totalmente... só vou atender e desligar

1005 65 3 M b B 15 sinceramente?... não achei que ficou bom não

1006 65 3 M b B 16 o::lha.. o quadro... prá você tudo bem... mas prá mim.. não me agradou... eu sou sincero...não vou mentir prá você

1007 65 3 M b B 17 meu ami::go... é prá você a camisa?.. devia ter um gosto melhor né?

1008 65 3 M b B 18 tive um desse e não gostei... mas peço que você possa se dar bem com ele

1009 66 2 M a A 1 tá boa... mas acho que tá faltando um pouquinho de sal... eu vou pegar lá e vou colocar

1010 66 2 M a A 2 não foi muito proveitosa... poderia ter sido mais clã::ra... gostaria de conversar a respeito

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1011 66 2 M a A 3 eu acho que você pode melhorar um pouco mais... e::: se.. puder encontrar um horário meLHOR... prá mim seria interessante

1012 66 2 M a A 4 achei diferen::te... interessante provar... mas é um sabor esTRA::nho prá mim... não sei se eu repetiria

1013 66 2 M a A 5 não achei muito legal... acho que a gente pode resolver... tem como você depois do expediente acertar essa situação?

1014 66 2 M a A 6 o::lha... eu não sou a melhor pessoa prá julgar um trabalho artístico... eu realmente tenho dificuldade prá entender o que... o que tá passando nessa mensagem aqui... mas achei interessan::te

1015 66 2 M a A 7 tive essa conversa com a minha esPOsa... e se ela fizer isso eu corto à máquina zero o meu cabelo

1016 66 2 M a A 8 eu acho que você é::: eu não... não noto a diferen:::ça.. talvez cê tenha melhorado fisicamente... o condicionamento...mas não vejo diferença

1017 66 2 M a A 9 pô:::... ficou legal.. rapaz.. interessan::te muito... muito legal

1018 66 2 M a A 10 rapaz... não gostei muito não... da outra vez tava melhor.. da primeira

1019 66 2 M a A 11 acho que se você não cortar o cabelo.. e se enquadrar é::: a gente vai ter um problema sério

1020 66 2 M a A 12 ah::é sempre legal tentar renovar::... fazer um novo... uma nova esté::tica... acho que a artista fez isso.. você também pode fazer... não sei... acho que é isso

1021 66 2 M a A 13 pôxa podia ter um pouco mais de recurso... mas.. leGAL... agora a gente tem um DVD... muito bom

1022 66 2 M a A 14 muito bom... tem um monte de recursos... tecnologia... legal... legal

1023 66 2 M a A 15 é::... eu não gosto muito dessas fantasi::as... de gno::mos... não sou muito chegado... mas ficou legal... tá.. tá.. tá interessante aí o arranjo

1024 66 2 M a A 16 rapaz... não sou o melhor prá julgar arte... eu não tenho tanto conhecimen:to... mas ficou legal... deve... deve ter uma mensagem aí ..mas eu.. eu sinceramen:te não conheço

1025 66 2 M a A 17 rapaz... cê gosta dessas coisas mais chamativas... eu não sou MUIto ligado nisso... mas.. pô::.. legal

1026 66 2 M a A 18 pô::... legal esse carro... eu já tive um.. só achei a mecânica um pouquinho cara demais prá manutenção... mas é um bom carro

1027 67 2 M a B 1 é:: boa

1028 67 2 M a B 2 não foi boa

1029 67 2 M a B 3 ah tá incomodando

1030 67 2 M a B 4 ah:: foi bom

1031 67 2 M a B 5 é:: não está adequado

1032 67 2 M a B 6 excelente

1033 67 2 M a B 7 é:: não ficou legal

1034 67 2 M a B 8 é:: está

1035 67 2 M a B 9 ficou meio esquisito

1036 67 2 M a B 10 é:: não está legal

1037 67 2 M a B 11 tem que cortar

1038 67 2 M a B 12 concordo

1039 67 2 M a B 13 poderia ser outro melhor

1040 67 2 M a B 14 é um pouco sofisticado

1041 67 2 M a B 15 é:: bom

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Referências Bibliográficas 280

1042 67 2 M a B 16 gostei

1043 67 2 M a B 17 não gostei

1044 67 2 M a B 18 toma cuidado

1045 68 2 F a A 1 é:: sem sal

1046 68 2 F a A 2 confusa

1047 68 2 F a A 3 ah::: sem sem ofender... mas peço... peço prá continuar tá bem... tá indo bem

1048 68 2 F a A 4 diferente

1049 68 2 F a A 5 boa... mas poderia dar mais uma passadinha... dar uma retornada aqui.. depois... quando tiver mais um tempi::nho.. prá poder refazer ou terminar

1050 68 2 F a A 6 interessan::te... parabéns... e continua a sua trajeto::ria a sua cultura

1051 68 2 F a A 7 bom... bom... ficou legal... ficou bom

1052 68 2 F a A 8 é:: que bom que você tá:: com boa forma física... continua lá... pô:: cê tá bem... cê tá mais jovial... tá mais... é isso aí.. seu caminho

1053 68 2 F a A 9 diferen::te... mas eu achava que anteriormente tava::... tava:: bom... não tava:: ruim prá chegar a essa decisão

1054 68 2 F a A 10 preferia o anterior

1055 68 2 F a A 11 prefiro que você mude de idéia

1056 68 2 F a A 12 realmente... parece sim

1057 68 2 F a A 13 amor... que bom... mas não daria problema depois.. prá gente.. essa marca... o:: modelo?

1058 68 2 F a A 14 bom... mas prá mim.. não... não atende.. eu tenho necessidade prá celular.. puramente básica

1059 68 2 F a A 15 ah:: desculpa... mas eu não gosto de Branca de Neve e sete anões

1060 68 2 F a A 16 interessante

1061 68 2 F a A 17 interessan::te... mas é::: legais

1062 68 2 F a A 18 esse carro é bom... tem os seus pontos positivos... mas os pontos negativos foi que me fizeram trocar... e são esses

1063 69 1 M a C 1 ah:: tá boa... mas de repente faltava só um pouco de tempero a mais... mas.. tá boa.. tá boa

1064 69 1 M a C 2 achei boa... achei boa

1065 69 1 M a C 3 ah:: tô achan:do que tem que continuar pratican::do e tal.. mas me incomoda pouco... de repen::te só fazer um horário que não seja tão tarde

1066 69 1 M a C 4 ah:: eu não gostei muito da comi::da não... mas valeu a pena prá conhecer pratos diferen::tes

1067 69 1 M a C 5 ah:: eu não gostei muito não... de repente você podia caprichar um pouco mais da próxima vez

1068 69 1 M a C 6 ah:: não entendo muito disso não... acho que tá bom.

1069 69 1 M a C 7 ah... interessan::te dá um ar mais de maturida::de

1070 69 1 M a C 8 ah:: acho que é bom... faz bem prá.. prá.. auto esti::ma.. sempre bom fazer isso

1071 69 1 M a C 9 ah:: diferen::te... dá um ar é:: novo prá você

1072 69 1 M a C 10 ah:: não gostei muito não... você pretende deixar muito tempo assim?

1073 69 1 M a C 11 é:: se você gosta... deixa

1074 69 1 M a C 12 é:: parece... parece

1075 69 1 M a C 13 ah:: eu não acho esse aparelho muito bom não... tem como

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trocar?

1076 69 1 M a C 14 ah:: é bom... mas eu acho que celular é mais só prá::... emergên::cia... e tal.. acho que não é prá::... aparelho prá.. tirar fo::to e jo::go nem nada

1077 69 1 M a C 15 achei que tá bom... não tinha reparado não... mas tá bom

1078 69 1 M a C 16 é:: baca::na... mas eu não gosto muito desse tipo não

1079 69 1 M a C 17 ah:: não achei muito bonitas não

1080 69 1 M a C 18 ah:: eu tive um carro igual a e::sse... mas eu não gostei dele não... comigo pelo menos deu muito problema.. aí:: eu acabei trocan::do

1081 70 1 F b A 1 poxa amor... poderia ter botado um pouquinho mais de água no arroz né?... tá um pouquinho Duro.. não está tão bom assim

1082 70 1 F b A 2 achei que cês falaram mui::to.. ficaram lendo mui::tos papéis.. e a reunião acabou sendo mui::to cansativa.. prá quem estava assistindo

1083 70 1 F b A 3 cê poderia treinar um pouquinho mais... prá melhorar né?.. e não ficar achan::do assim que está incomodando muito as pessoas

1084 70 1 F b A 4 quando a comida não me aGRAda... eu falo que não gostei.. pronto e:: não adianta... não adianta me fazer querer comer a comida... não insiste

1085 70 1 F b A 5 cê não fez o que eu pedi... não fez direito... vou ter que reclamar com a direção

1086 70 1 F b A 6 eu achei interessan::te.. essa cabeça de cavalo.. mas não achei bonita

1087 70 1 F b A 7 amor... cê tava revoltado com a vida.. quando cê fez isso?

1088 70 1 F b A 8 ah:: tá lindo... continue é::: fazendo exercícios prá manter esse corPinho LINdo né?

1089 70 1 F b A 9 te agradou? então.. está ótimo

1090 70 1 F b A 10 você tá se sentindo bem? então está ótimo

1091 70 1 F b A 11 eu preferia você do jeito como você era... do jeito que você era

1092 70 1 F b A 12 eu vou pedir prá você cortar esse cabe::lo... prá não dar má impressão prá empresa... você está com um jeito de pessoa SUja e desleiXAda

1093 70 1 F b A 13 ah:: prá mim você tem a idade que aparenta ter

1094 70 1 F b A 14 eu gostei... mas poderia ter sido outro né? você é o maior MÃO de VAca

1095 70 1 F b A 15 achei LINdo... mas não precisava ser cheio... cheio de papagaiada né?.. prá ser rouBAdo?... prefiro um... um fuleirinha desses aí qualquer

1096 70 1 F b A 16 ah:: não gostei desse tipo de quadro não... prefiro outros tipos

1097 70 1 F b A 17 acho que cê gosta de chamar a atenção

1098 70 1 F b A 18 ah::... eu já tive um carro como esse... eu não acho tudo isso que você disse não... acho ele um pouco desconfortável

1099 71 3 F a A 1 eu achei... achei em parte boa... mas esse arroz tem que ser cozido mais um pouqui::nho.. e você sabe que eu não gosto de comida com pouco sal... eu gosto da comida mais puxada pro sal... ago::ra de resto acho que tá::.. satisfatório

1100 71 3 F a A 2 eu achei que ela é:: como é que se diz... ela foi pouco... pro meu entender... ela deveria esclarecer mais entendeu?... é:: acho que deveria ficar mais claros os objetivos que você quer alcançar... é:: porque nem todo mundo entende do mesmo jeito... todo mundo tem limitação... então.. no meu entender.. eu acho que ela devia ser mais clara... ah::: não sei se essa também foi o motivo de outras pessoas te procurarem ao término da reunião... prá:: te fazerem algumas perguntas...

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Referências Bibliográficas 282

não sei se esse foi o motivo... eu entendi assim

1101 71 3 F a A 3 o:lha... fulano... eu tô achando que tem horas que você até me incomoda... que você grita lá.. e eu realMENte.. não entendo de canto... não sei se você tem que realmente dar esses agudos.. assim.. esse tipo de voz... mas tem hora que tu me incoMOda SIM... mas se você tá começando... tá entendendo... a gente torce que você se dê bem né?... e eu espero que não tenha vizinhos... que tem uns vizinhos que são mais complica::dos.. e que vão bater na tua porta.. e reclamar... por mim.. por enquanto.. que não paro muito em casa.. tudo bem

1102 71 3 F a A 4 sinceramen::te.. eu... eu tenho algumas coisas que eu gostei... mas tem algumas comidas que eu NEM provei... que só pela cara da comida eu.. eu... já não ia descer... eu já passei.. passei uma situação dessas em Belém.. quando me serviram o TAL do tucupi no tacacá.. e eu não consegui comer... eu tentei ser o mais gentil possível.. mas não consegui comer porque era MUITO RUIM... agora tem algumas coisas que deu prá comer... agora tem outras comidas aí.. muito exóticas... que cê serviu... que realmen::te eu sou POBRE ... não consigo comer [risos]

1103 71 3 F a A 5 o::lha... fulano... acho que você deixou a desejar.. porque eu tô percebendo que eu deixei copos aqui com água... xícara com café.. que ainda tá na minha mesa... e até porque a sala fica fechada.. dá mau cheiro... dá cheiro na sala né?.. então... realmen::te deixou a desejar... de resto tá tudo bem... mas dá prá você tirar ago::ra.. por favor.. enquanto não chega ninguém e eu não começo a atender telefo::ne e tudo... obrigada

1104 71 3 F a A 6 cê me desculpe... mas eu não entendo muito de... de escultura.. mas.. tá bom... tá boni::to e tu::do.. mas no momento não me interessa... porque eu não tô precisando

1105 71 3 F a A 7 ah::: Carlos... eu não gostei não... preferia do jeito que você era

1106 71 3 F a A 8 eu acho que você tá melhor... mas pode melhorar ainda mais... talvez se você continue... continuar fazendo uma::.. uma educação alimentar né?... um regime:: e tudo.. você vai melhorar mais ainda

1107 71 3 F a A 9 é::: é:: ficou mais ou menos... mas eu particularmen::te não faria... eu ficaria com o meu nariz.. porque eu sou a favor de que a gente tem que ser natural como Deus fez né?... então.. se te satisfez... tudo bem

1108 71 3 F a A 10 o::lha... prá ser since:ra.. eu preferia você como você era... porque você com o cabelo grisalho tava muito mais charmo:::so.. do que com esse cabelo agora... porque eu acho que ele tá dando mais... marcando mais as linhas do seu rosto... e eu acho que você grisalho tava MUIto mais legal

1109 71 3 F a A 11 o::lha... fulano... eu acho que você não... já tá até grande demais que deveria... porque você como vendedor.. você tem que ter uma aparência né?... prá pessoa... e você tá num tipo de serviço que não pede esse tipo de cabelo né?...então gostaria que você.. pelo contrário.. aparasse seu cabelo... prá você ficar com uma aparência melhor né?... porque se você trabalhasse numa televisão.. num rádio.. ou um repórter.. alguma coisa... ficaria legal.. mas pro tipo que trabalha.... nós temos que apresentar uma aparência BOA... de pessoa limpa né?.. organiza::da.. e eu acho que o cabelo influencia nisso

1110 71 3 F a A 12 o::lha... eu acho... eu acho que você::... prá quarenta anos.. vamos dizer.. você tá:: com uma aparência de quaren::ta anos.. no que eu tô entendendo... ago:::ra um artista tem vá::rias opções... tem meios né?.. e:: eles têm que estar com uma aparên::cia boa.. prá aparecer numa te::a né?... então têm que estar ma::gro... tem que estar sem barri::ga... sem estô::mago... com uma pele boni::ta... agora você.. como eu.. tô com uma aparência... tô com cinqüenta e cinco anos... eu acho que eu tenho aparência de cinqüenta e cinco anos

1111 71 3 F a A 13 o::lha... Carlos... eu acho que.. antes de você comprar.. você devia ter falado comigo.. porque DVD a gente tem que ter...

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é::: pedir opinião pras pessoas que já têm.. prá ver... por exemplo.. esse DVD que você comprou é mais barato.. mas as instruções dele vêm toda em inglês... e a gente não sabe inglês.. assim.. perfeitamen::te prá ficar lendo tudo... enquanto eu tenho colegas que compraram um DVD melhor.. um pouquinho mais caro.. mas vem com as instruções todas em português... ficaria muito mais fácil prá gente manusear

1112 71 3 F a A 14 o::lha... ele é legal... mas prá mim.. o que eu tenho me satisfaz... porque celular.. no que eu entendo fulano.. é só prá você falar.. dar um recado numa hora necessária... tá na rua.. precisa falar com alguém no trabalho né?... ou você precisa pedir alguma coisa prá alguém... agora se vai tirar Foto.. se vai filMAR... eu acho que::... isso aí prá mim é completamente supérfluo

1113 71 3 F a A 15 o::lha... eu achei que tá bom... apesar de eu não ser muito... não entender muito dessa coisa de jardim ô Lúcia?... mas prá MIM.. tá tudo bem... porque não sou EU que vou cuidar... e tudo né?... só acho que esse tipo de coisa de cerâmica ali com os anjinhos que a gente tem aqui dentro do condomínio não vai durar um mês

1114 71 3 F a A 16 o::lha... eu não tô achando na::da... porque primeiro que eu não entendo de::: gravuras né? de:: estampas... prá mim... ele pode valer até muito prá você... mas prá mim.. que não entendo.. por exemplo.. prá botar na minha sala esse quadro não ia me dizer NAda... porque minha casa é pequena.. é tudo pequenininho.. então ele ia ficar.. até ia destoar de tudo que eu tenho

1115 71 3 F a A 17 o::lha... [nome inaudível] eu gostei das tuas camisas e tudo.. mas eu acho que a tua mulher não vai gostar dessas cores aí... eu tô achando MUIto berrante pro teu jeito de ser

1116 71 3 F a A 18 o::lha... eu a:cho que você tá tendo sorte... porque eu tive um parecido com o seu... carro no::vo com menos de:::... não tinha nem.. sei lá.. três meses... e começou a me dar problema.. e:: gastei dinheiro com ele entendeu?... então.. prá mim.. eu não tive sorte com esse modelo.. e mudei... vendi e tô com outro.. que eu tô satisfeita... de uma outra::.. uma outra concessionária.. no caso tô com um da Volks porque eu achei muito mais fácil

1117 72 3 M c C 1 Ótima... muito gosto::as.. gostei muito... tempero tá no ponto certo... jaMAIS poderia desagradá-la

1118 72 3 M c C 2 achei boa a reunião

1119 72 3 M c C 3 o::lha... estou achando o seguin::te... que você tem que procurar se aprimorar mais... prestar bem atenção.. porque a música.. ela tem... preci::sa que você enten::da né?.. as partituras musicais... isso aí é:: complica::do e você desafi::na MUIto... toma cuidado com o desafino

1120 72 3 M c C 4 é:... infelizmen::te... eu tenho que dizer prá você é:: que eu não gostei... faltou::... aquele tempero... que realmente é usado na::.. na comida para que ela seja uma comida saborosa... que nós possamos sentir o sabor da comida.. e realmen::te eu não encontrei sabor neNHUM... não tinha gosto de NAda... porque não colocou tempero na comida.. e ela ficou assim... nessas condições

1121 72 3 M c C 5 não achei boa não... vou ser franco a você... eu pedi a você antes.. para que caprichasse na limpeza.. porque isso aqui é um escritório... é muita gente.. então é:: muito ruim.. fica muito ruim pras pessoas quando chegarem aqui.. encontrarem tudo assim.. desarrumado.. e você procura fazer as coisas com mais atenção... com mais capricho

1122 72 3 M c C 6 se você disse que essa moldura não é? que você me mostrou... que é... que é parecida com a cabeça de um cava::lo... na realidade não está apar... parecendo nada com a cabeça de um caVAlo e sim de um jumento

1123 72 3 M c C 7 taí.. gostei.. gostei desse corte... você ficou.. assim.. mais nova

1124 72 3 M c C 8 realmente... você tá com uma nova forma física... continue

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Referências Bibliográficas 284

fazendo esses exercícios porque::... prá você poder emagrecer mais

1125 72 3 M c C 9 o::lha... não achei que ficou bom não meu amigo... vou ser sincero a você... você procura um outro médico que é especializado no assunto.. porque esse aí estragou é com o seu nariz

1126 72 3 M c C 10 que eu achei do seu novo visual? é que você... quando teu cabelo era natural era:::... sabe que o cabelo natural ele contém brilhos.. e com a sua::... com a sua maneira de:: de:: de mudar a cor do cabelo usando tinta e transformando em artificial... você perdeu o seu::... o cabelo quando é branco ele tem um brilho especial.. ele perdeu todo esse brilho

1127 72 3 M c C 11 não gostei meu amigo... sinceramen::te você... numa repartição pública.. numa empresa.. você não pode andar assim... deixar o cabelo crescer e::: porque isso aí é até antihigiênico

1128 72 3 M c C 12 após a sua operação é:: como direi... plástica... não gostei não... não gostei dessa operação não... porque o médico que fez essa plástica em você.. ele não fez muito bem não... ele poderia ter trabalhado melhor

1129 72 3 M c C 13 o::lha... não gostei do aparelho.. porque::.. primeiro tudo que é barato não tem boa qualidade... é o caso desse aparelho que você comprou... infelizmen::te.. cê me desculpe.. mas infelizmen::te cê deveria ter procurado um aparelho mais caro e um aparelho com melhor qualidade

1130 72 3 M c C 14 ó:: eu gostei porque::: telefo::ne.. principalmen::te celular... você pode atender... pode falar:::.. prá qualquer lugar.. qualquer pessoa.. que você desejar... isso aí é::: adianta.. é:: importante ::..é::.. adianta muito.. enfim poupa::: é:::... trabalho e:.. é mais rápido as comunicações.. e então a gente resolve problemas com mais rapidez

1131 72 3 M c C 15 não gostei... não gostei da Branca de Neve nem os sete anões

1132 72 3 M c C 16 posso falar a verDAde?... esse quadro tá faltando algo aí... faltando mais detalhes aí... não dá prá gente entender NAda... dos desenhos... e:: e do visual do quadro

1133 72 3 M c C 17 não gostei das camisas.. porque realmen::te tem uma cor assim muito berrante

1134 72 3 M c C 18 meu ami::go... gosto não se discute... você está entusiasmado com a compra do seu carro e eu não vou... não vou te aborrecer.. porque realmente se você gostou... gosto não se discute... isso aí já é problema seu

1135 73 3 F c B 1 a comida está um pouquinho sem sal... mas ela está saborosa

1136 73 3 F c B 2 eu peço... gostaria que você é:: formulasse novamente a pergunta porque eu não estou entendendo

1137 73 3 F c B 3 é:: realmente é:: as suas... as suas aulas de canto:: ela::.. ela incomoda um pouco né?... mas eu tô vendo o seu esforço em querer aprender... então nós estamos tendo um pouco mais de paciên::cia... mas realmen::te.. e:la.. essas aulas nos incomoda um pouco

1138 73 3 F c B 4 eu vou ser muito franca... é:: o jantar foi servido:: com muito cari::nho... com muito amor... mas realmen::te eu não... não gostei.. porque não é o meu gosto né?.. de comidas exóticas né?... mas agradeço pela a gentileza de servir o jantar né?

1139 73 3 F c B 5 realmen::te você não limpou bem a sala né?... então gostaria que você refizesse novamen::te... fizesse a limpeza com mais... mais.. mais cuidado

1140 73 3 F c B 6 é o seu trabalho ele::... embora eu sei que você está fazendo com muito esforço... com muita dedicação... mas realmente eu não estou entendendo... eu não estou me identificando com a peça

1141 73 3 F c B 7 eu... eu embora você esteja se sentindo bem com esse novo corte... mas eu acho que:: com aquele outro estilo que você

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285

usa::va é::...lhe ficava melhor

1142 73 3 F c B 8 [silêncio]

1143 73 3 F c B 9 [silêncio]

1144 73 3 F c B 10 eu gostei... eu acho que:: a mudança de.. de.. de.. de..cores de.. de.. de.. de tratos sempre... eu acho que sendo prá rejuvenescer.. eu acho que você fez muito bem... porque eu concordo.. embora porque você tem a aparência jovem... então com essa tonalidade de cabelo rejuvenesce mais

1145 73 3 F c B 11 eu acho que::: a aparência é tudo e:: realmente o cabelo prá homem... cabelo comprido não.. não.. não fica bem... denigre um pouco a imagem né?.. porque o trato é tudo né?... então eu acho que você deveria cortar o cabelo

1146 73 3 F c B 12 eu acho que::: não... não condiz com o que ela tá dizendo né?... se você tá dizendo que tem menos do que a artista.. mas sua aparência não diz... não demonstra essa idade que você está falando

1147 73 3 F c B 13 gostei muito... porque:: eu não tinha o apare::lho... tava realmen::te precisam::do...e::: eu te agradeço porque veio no momento certo e::: eu gostei muito

1148 73 3 F c B 14 eu acho celular muito importante... mas ele não é indispensável... eu acho que quem pode comprar.. deve ter... mas eu não dou prioridade prá celular... mas quem pode e precisa.. deve ter

1149 73 3 F c B 15 [silêncio]

1150 73 3 F c B 16 olha... realmente pode ser muito interessante prá você... mas não faz o meu gênero

1151 73 3 F c B 17 pro meu gosto... elas são mu::ito extravagantes... então também não é o meu estilo

1152 73 3 F c B 18 eu acho esse carro::... eu já tive um é:: parecido com o seu... realmente ele não é confortável e:: por isso que eu tive de trocar o meu carro

1153 74 3 M b B 1 olha preta::... a comida tá muito bo:::a... só que eu tô achan::do o arroz um pouco salGAdo.. mas no demais tá bem.. entende?

1154 74 3 M b B 2 não foi das melhores não... entendeu? não... não gostei da reunião entendeu?

1155 74 3 M b B 3 você começou agora... você ainda está verde... mas a sua tendência.. com a continuidade dessas aulas.. é melhorar

1156 74 3 M b B 4 olha não vou comer não

1157 74 3 M b B 5 procura caprichar porque você não fez a limpeza como eu lhe pedi né?... não... não gostei.. procurar melhorar né?

1158 74 3 M b B 6 não gostei do teu trabalho... mas.. você deve... pode melhorar né? prá fazer um trabalho melhor... mas não gostei

1159 74 3 M b B 7 o:: você fez um penteado igual ao da sua irmã né?... mas eu... não tá mal não

1160 74 3 M b B 8 se você diz que fez... por exemplo.. no momento como tá iniciando né?... talvez porque esteja iniciando o negócio ainda não fez efeito... agora vamos ver... o tempo é que dirá se você vai.. vai.. vai ter os resultados que espera que é emagrecer

1161 74 3 M b B 9 que barato... prá mim não ficou mal não... não ficou tão mal assim como você pensa não

1162 74 3 M b B 10 esse negócio de artificialismo NÃO.. inclusive o.. o.. o.. você deve manter o cabelo branco... Deus colocou você assim. eu sou contra esse negócio de pintura de cabelo.. porque geralmente.. às vezes até traz... até contra a saúde... porque uma vez uma pessoa conhecido meu.. eu tô acrescentando mais uma coisa.. pintou o cabelo... deu um problema de alergia e o cara teve de parar no hospital... pintou o cabelo e deu uma alergia... o outro pintou o cabelo.. não sei se pintou mal feito... deu uma CHUva e aquilo escorreu TUdo e até foi motivo... colega meu de trabalho... foi até motivo de chacota

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Referências Bibliográficas 286

sabe?

1163 74 3 M b B 11 cê pode deixar o cabelo longo... mas ter um certo cuidado... agora não é ser desleixa::do... deixar a coisa chegar a um ponto que o cabelo é::... é::... fique riDÍculo parecendo ridículo... que tudo deve ter um equilíbrio.. nem oito nem oitenta

1164 74 3 M b B 12 podia fazer alguma alteração... prá melhorar né? a sua aparência né?

1165 74 3 M b B 13 poderia comprar uma coisa melhor né?

1166 74 3 M b B 14 [incompreensível]

1167 74 3 M b B 15 [incompreensível]

1168 74 3 M b B 16 é:: olha... não combina... esse quadro tá destoando né?.. ele tá destoando

1169 74 3 M b B 17 eu acho essas camisas muito espalhafatosas mas se agradou a você... tudo bom.

1170 74 3 M b B 18 eu já tive o modelo mas se você tá gostando... comprou e gostou.. tudo bom

1171 75 3 F c B 1 vou te desculpar porque você nunca fez. você não entende. tá mais ou menos. dá prá quebrar o galho

1172 75 3 F c B 2 não consegui entender nada

1173 75 3 F c B 3 coisa chata mas... tá dando prá mim suportar

1174 75 3 F c B 4 não gostei

1175 75 3 F c B 5 não gostei. a faxina foi mal feita.. portanto eu estou aqui fazendo de novo.

1176 75 3 F c B 6 não gosto

1177 75 3 F c B 7 tá ridículo

1178 75 3 F c B 8 pouca diferença

1179 75 3 F c B 9 a diferença? nenhuma [incompreensível]

1180 75 3 F c B 10 você não soube fazer a escolha... você escolheu uma cor que não combina com você... você deve trocar prá outra cor.. outro tipo que vai dar certo

1181 75 3 F c B 11 olha... o seu cabelo... comprido não pega bem em você.. corta o seu cabelo... faz um corte bem bonito... mas não deixa o cabelo crescer... não pega bem.. não pega bem prá empresa também.. isso pode ser prejudicial ao seu trabalho

1182 75 3 F c B 12 a a artista... você não parece com ela porque a artista já tem outra fisionomia... você é você.. você tem que considerar você... você não tem que parecer com ninguém

1183 75 3 F c B 13 marca... eu não gostei... poderia ser uma marca melhor.. mais duradoura

1184 75 3 F c B 14 muito bonito seu celular.. mas prá mim.. prá mim eu prefiro um celular só prá ligar mesmo... prá outras coisas não... mas não sou contra

1185 75 3 F c B 15 eu não tenho nada contra a:: a Branca de Neve não

1186 75 3 F c B 16 nada a ver

1187 75 3 F c B 17 escandalosa... não gostei

1188 75 3 F c B 18 eu... eu acho um carro pequeno... um carro que não.. não acomoda tão bem as pessoas... já tive um.. troquei por outro porque eu não gostei muito

1189 76 2 M a A 1 ah:: não tá bom não

1190 76 2 M a A 2 doutor. Chiqui::nho o senhor vai me desculpar... mas eu não consegui entender determinados pontos que o senhor falou

1191 76 2 M a A 3 se você se esforçar um pouquinho mais eu acho que você vai ser um Ótimo barítono

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287

1192 76 2 M a A 4 pô::.. comida forte essa que você comeu lá... hein cara?!

1193 76 2 M a A 5 pô Chicão... podia ter melhorado né? não tá muito bom não... da próxima vez tenta dar uma guariba melhor aqui

1194 76 2 M a A 6 é:: interessan::te.. não... é meio diferente do que aquilo que eu já vi... mas não deixa de ser interessan::te.. parabéns

1195 76 2 M a A 7 caRAM:::: ba é::: não era aquilo que eu pensava não... mas... já que você gosta... então tá bom.

1196 76 2 M a A 8 é doutor Chiquinho...acho que:: tá::: tá indo bem.. tá indo bem.. tá indo bem... eu acho que o senhor fez um bom trabalho lá

1197 76 2 M a A 9 pô:: ca::ra tá lindo... parece até o nariz do Alain Delon

1198 76 2 M a A 10 pô: ca::ra.. sinceramen::te... tá meio esquisito cara... eu não gostei muito não.. é:: você.. você que fez então.. manda ver

1199 76 2 M a A 11 contanto que você dê um trato nele.. tudo bem

1200 76 2 M a A 12 é né?!

1201 76 2 M a A 13 pô:: meu amorzinho... podia ter perguntado prá mim né? você foi meio zura né? comprou o modelo mais baRAto.. a gente podia ter dividido no cartão.. comprava um modelo melhor

1202 76 2 M a A 14 é interessante.. parece que ele faz tudo né chefe? ago::ra.. eu não teria um desse não... eu não sou muito amigo de celular prá fazer tudo não.

1203 76 2 M a A 15 achei meio esquisito galera

1204 76 2 M a A 16 é meio diferente né? não é do meu gosto não... mas se você gosta.. se sua esposa gosta também.. aí tá ótimo

1205 76 2 M a A 17 pô:: ca:ra aonde você vai com essas camisas?

1206 76 2 M a A 18 é:: meu ami::go... eu tive um carro igualzinho a esse aqui.. não gostei não... carro é:: tipo.. sorte né? você às vezes pega um ótimo.. que gosta muito... e:: eu talvez tenha tido azar e peguei um ruim

1207 77 3 F a B 1 ah::: achei ótimo

1208 77 3 F a B 2 tenho algumas considerações a fazer... porque em determinados momentos você foi muito confuso... para que todos entendam é melhor que você explique mais demoradamente e com palavras mais simples

1209 77 3 F a B 3 acho que todo mundo no começo tem dificuldades... e você pratican::do.. você pode chegar aonde você deseja

1210 77 3 F a B 4 diferen::te... esquisi::to... mas comível

1211 77 3 F a B 5 acho que você limpou uma sala errada... porque a minha continua na mesma situação... eu acho melhor... ENtra aqui e vê

1212 77 3 F a B 6 cada trabalho é um trabalho.. então talvez eu não entenda muito de trabalho de madeira... prá mim NÃO parece uma cabeça de cavalo mas... talvez né? a expressão moderna... arte especial... não sei.. eu não acho que parece.. mas talvez alguém que entenda mais de arte entenda isso... mas eu pessoalmente não

1213 77 3 F a B 7 bem diferente do outro... prá mim é um pouco esquisito... mas como eu gosto de você.. tá tudo bem

1214 77 3 F a B 8 eu acho que cê tá Ótimo... se você tá se sentindo bem.. isso é MAravilhoso.. continue assim

1215 77 3 F a B 9 você tá feliz com seu novo nariz? se você tá feliz.. não interessa o que os outros acham.

1216 77 3 F a B 10 olha... entre o branco e o pintado... eu prefiro o branco.. mas isso depende de você então eu acho que... vamos lá.. vamos ver o que vai dar

1217 77 3 F a B 11 eu acho que você deve cortar o seu cabelo.. porque prá que você possa fazer o trabalho que você tá fazendo e BEM... eu acho que você não devia prejudicar esse trabalho com uma

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Referências Bibliográficas 288

aparência de hippie... porque não fica bem com a sua função

1218 77 3 F a B 12 certamente.... você tá Ótima

1219 77 3 F a B 13 eu achei Ótimo mas será que essa marca vai durar o tempo que a gente quer? ela não é muito confiável né? mas se você acha que tá bom..a gente fica com ela mesmo

1220 77 3 F a B 14 muito boNIto mas o meu é o mais simples possível... eu não tenho um celular tão sofisticado.. porque prá mim o celular é só para falar de vez em quando

1221 77 3 F a B 15 LINdo... maraviLHOso... tá muito boNIto

1222 77 3 F a B 16 bom... não entendo muito bem dessa arte desse autor... não conheço muito bem.. não posso dar uma opinião abalizada... EM princípio não é do meu gosto mas... você gostou né? se gostou.. tudo bem

1223 77 3 F a B 17 bom você tem cores assim bem chamativas... mas é essa que você gosta? esse tipo de cor? então se você vai sair com ela... mas por favor não venha ao trabalho com uma camisa dessa cor

1224 77 3 F a B 18 o senhor gostou?.. tá gostando?.. porque eu já tive um carro igual e não gostei... mas tudo::... cada um.. cada um gosta do que quiser... a escolha é de cada um... então tudo bem

1225 78 2 M b C 1 Não é do jeito que eu queria, o arroz tá sem sal

1226 78 2 M b C 2 Não aprendi como ou outros aprenderam

1227 78 2 M b C 3 Você poderia abaixar o tom

1228 78 2 M b C 4 Tava bom

1229 78 2 M b C 5 Vou ter que chamar o seu supervisor, pra mim foi um deboche

1230 78 2 M b C 6 [silêncio]

1231 78 2 M b C 7 Não achei muito bom não, achei uma porcaria, você ficou horrível

1232 78 2 M b C 8 O senhor tá muito bem .. emagreceu

1233 78 2 M b C 9 Você tá irreconhecível .. nem sabia que era você .. ficou horrível

1234 78 2 M b C 10 Preferia que você tivesse os cabelos grisalhos que nem era antes

1235 78 2 M b C 11 Ou você corta o cabelo ou vou ter que te despedir

1236 78 2 M b C 12 Eu acho que você também deveria fazer uma cirurgia plástica pra ficar igualzinho a moça da revista

1237 78 2 M b C 13 A marca que você comprou é uma porcaria

1238 78 2 M b C 14 Cada um faz aquilo que pode, né?

1239 78 2 M b C 15 O jardim está bonito mas branca de neve e sete anões pelo amor de Deus .. tira isso daí

1240 78 2 M b C 16 O quadro é uma porcaria troca esse quadro pelo quadro da Monalisa

1241 78 2 M b C 17 Tá parecendo mais cores de transviado

1242 78 2 M b C 18 O seu carro é fiat .. eu também já tive um fiat também e é esse carro não vele nada .. não presta .. marca horrível

1243 79 3 F b A 1 bom

1244 79 3 F b A 2 mais ou menos... não foi assim muito esclarecedora essa reunião não... foi meio confusa

1245 79 3 F b A 3 eu tô achando que tá incomodan::do um pouquinho sim... porque::: fica assim muito baru:::lho e a sua voz não é muito agradável... pelo menos por enquanto não é muito agradável não

1246 79 3 F b A 4 não gostei muito não... é um sabor meio desagradável.. prá ser sincera

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289

1247 79 3 F b A 5 não gostei não porque tava muito sujo... ficou muita sujeira ainda prá limpar

1248 79 3 F b A 6 muito estra::nho... eu achei essa peça muito estranha... realmente não gostei não

1249 79 3 F b A 7 o::lha... ficou diferente... mas eu gostava antes

1250 79 3 F b A 8 bem... não tô notando muita diferença não... acho que você deveria fazer umas drenagens linfáticas prá completar

1251 79 3 F b A 9 olha... ficou legal... mas o médico deveria caprichar um pouquinho mais

1252 79 3 F b A 10 olha eu acho que:: ficaria melhor do jeito que estava... o original prá você fica melhor

1253 79 3 F b A 11 eu não acho legal você deixar esse cabelo crescer não... que essa aparência sua não inspira confiança nenhuma aqui na empresa

1254 79 3 F b A 12 olha eu acho o seguinte a sua aparência... prá sua idade a sua aparência tá Ótima... ago::ra... é lógico que não dá prá comparar com a moça da foto... com a artista né? porque ela tem que realmente manter a aparência bem melhor do que na verdade a idade dela demonstra

1255 79 3 F b A 13 o::lha... eu achei muito bom.. só que você conhece essa marca? eu.. eu desconheço.. eu acho::.. algumas amigas comentam que não é muito boa.. mas já que deu prá comprar essa.. tudo bem... vamos ver se realmente é boa

1256 79 3 F b A 14 o::lha... eu acho ele muito sofisticado pro meu gosto... prá mim.. na verdade isso não faz a menor falta... o importante é que ele esteja fazendo ligações e recebendo ligações... na verdade é isso que eu acho do celular.. prá mim o importante é isso

1257 79 3 F b A 15 é boNI::to.. ago::ra será que se.. é durável essas imagens aí? porque fica exposta ao tempo né? pode estragar... você verificou direitinho se:: se é boa essa:: essa cerâmica?

1258 79 3 F b A 16 olha eu não gosto desse tipo de quadro não... eu acho que não tem nada a ver com o ambiente... mas se você gosta né? então... tudo é questão de gosto

1259 79 3 F b A 17 não combina nada com você essas roupas

1260 79 3 F b A 18 olha eu já tive um carro desses não gostei muito não... tá? eu acho que... eu não gostei... prá mim eu não gosto não... não gostaria de ter outro igual não

1261 80 3 M b A 1 tá horrível

1262 80 3 M b A 2 uma porcaria

1263 80 3 M b A 3 é tá bom... pode continuar

1264 80 3 M b A 4 isso aí é boa mas prá quem tem problema

1265 80 3 M b A 5 é:: eu acho que você tem que começar tudo de novo porque eu não vi nada ali

1266 80 3 M b A 6 isso é... prá quem gosta até que está bom

1267 80 3 M b A 7 preferia o anterior

1268 80 3 M b A 8 é chefe o senhor tá mais elegante

1269 80 3 M b A 9 tá bom

1270 80 3 M b A 10 é tá melhor ué?!

1271 80 3 M b A 11 bom... desde que você esteja querendo ficar desempregado.. pode fazer o que você quiser

1272 80 3 M b A 12 é... parece que sim ué?!

1273 80 3 M b A 13 aparelho é bonito mas eu não gostei da marca

1274 80 3 M b A 14 é chefe... o aparelho é elegante

1275 80 3 M b A 15 ficou bonito... tá melhor do que antes

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Referências Bibliográficas 290

1276 80 3 M b A 16 é:: não é nenhum Picasso.. mas dá prá enganar

1277 80 3 M b A 17 são bonitas.. bonitas.. legal

1278 80 3 M b A 18 olha... o carro é bom... mas você tem que ter cuidado com a parte mecânica dele que é muito cara

1279 81 3 F a A 1 achei ótima

1280 81 3 F a A 2 eu não entendi certos aspectos... eu gostaria que você me explicasse melhor

1281 81 3 F a A 3 tá precisando de melhorar um pouco

1282 81 3 F a A 4 não gostei muito não

1283 81 3 F a A 5 ficou legal

1284 81 3 F a A 6 achei legal

1285 81 3 F a A 7 não gostei

1286 81 3 F a A 8 é reduziu um pouquinho mesmo

1287 81 3 F a A 9 o natural era melhor

1288 81 3 F a A 10 eu prefiro homens de cabelo natural

1289 81 3 F a A 11 você... você até poderia deixar crescer mas teria que arrumar ele mais prá não ficar com a aparência assim de hippie né?

1290 81 3 F a A 12 [silêncio]

1291 81 3 F a A 13 eu achei legal a gente não tinha né? agora a gente vai poder ver várias fitas de DVD

1292 81 3 F a A 14 eu achei legal.. ago::ra.. prá mim basta estar recebendo e fazendo ligação... prá mim é importante... quem gosta eu acho muito bom... quem gosta e pode comprar eu acho muito bom

1293 81 3 F a A 15 poxa.. legal

1294 81 3 F a A 16 não é meu estilo.. mas se você gosta é legal.. não faz o meu... o meu gênero

1295 81 3 F a A 17 legal

1296 81 3 F a A 18 ah... eu já tive um carro desse modelo e não gostei... tanto que eu troquei

1297 82 3 M b A 1 não gostei

1298 82 3 M b A 2 não entendi nada

1299 82 3 M b A 3 deve continuar tentando

1300 82 3 M b A 4 razoável

1301 82 3 M b A 5 não gostei muito não

1302 82 3 M b A 6 olha você tá dizendo que é a cabeça de um cavalo... pode ser... mas eu não acho que é

1303 82 3 M b A 7 preferia o anterior você era mais feminina prá mim

1304 82 3 M b A 8 não notei nenhuma diferença não

1305 82 3 M b A 9 pô ca::ra eu acho que você desperdiçou dinheiro nessa cirurgia... se você tivesse ficado com aquele mesmo nariz.. você teria lucrado mais... eu acho que não ficou legal esse nariz não... você vai gastar mais dinheiro prá consertar esse nariz aí

1306 82 3 M b A 10 ih ca::ra... tá muito feio... tá esquisito... você é um cara bran::co... cê tem que jogar assim um castanho mais... essa cor tá forçando muito uma barra... quem olha sabe que é tinta

1307 82 3 M b A 11 vou te responder profissionalmente cara... você deve dar uma acertada nesse cabelo aí... perante a empresa.. nesse ambiente aqui.. com essa roupa social.. não cai bem esse cabelo... cê deve dar uma aparada nesse cabelo... profissionalmente... cê apara esse cabelo aí que eu não concordo com esse cabelo... você com esse cabelo aqui na empresa... profissionalmente

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

291

1308 82 3 M b A 12 é realmente você não tem nem comparação... você é uma gata

1309 82 3 M b A 13 olha eu gostei do DVD sim... mas você deveria ter comprado uma marca melhor.. porque essa marca aí não vale nada

1310 82 3 M b A 14 olha cara... esse celular aí prá você ele é importante... mas prá mim nada a ver... não não sou muito chegado a celular não... acho que se eu tivesse que ter um celular ia ter só um pré-pago porque eu não sou muito chegado a celular não... mas prá você ele é bonito.. ele é legal.. mas eu não gasto o meu dinheiro... não compraria esse aí prá mim não

1311 82 3 M b A 15 eu não gostei muito não... se for para o bem geral que fique... mas eu não gostei muito não

1312 82 3 M b A 16 o importante é você gostar cara... eu não sou muito chegado não... isso não me atrai não... esse quadro aí não me transmite nada não... mas eu acho que você tem que fazer a tua vontade.. se você gostou isso é que é importante

1313 82 3 M b A 17 prefiro camisa de uma cor só não gosto de camisa muito berrante

1314 82 3 M b A 18 eu já tive um carro igual e não me adaptei

1315 83 3 F b A 1 a comida está deliciosa

1316 83 3 F b A 2 a reunião... foi complexa

1317 83 3 F b A 3 não me incomoda

1318 83 3 F b A 4 tem alguma coisa diferente nessa comida.. eu não gostei muito

1319 83 3 F b A 5 você fez uma limpeza falha... eu não pedi prá você fazer isso

1320 83 3 F b A 6 ah::... eu não entendo muito bem... então eu não tô identificando o que você quis fazer

1321 83 3 F b A 7 ah... eu não gostei muito... preferia o anterior

1322 83 3 F b A 8 tá dando prá perceber... você emagreceu um pouco

1323 83 3 F b A 9 ah:: ficou muito diferente... eu não gostei muito não

1324 83 3 F b A 10 prá ser sincera... tá mui:: to exótico

1325 83 3 F b A 11 não permito que isso aconteça... você pode até... mas cabelo grande eu não vou consentir

1326 83 3 F b A 12 eu não concordo... você não... não é mais nova do que ela... não aparenta mais nova do que ela... ela pode até ter mais idade mas o dinheiro.. minha filha.. ela já fez ali plástica... uma coisa que você não fez... ago:ra que você não tem... não aparenta ter menos que ela... não aparenta não

1327 83 3 F b A 13 mas qual a marca? como toda compra de eletrodoméstico é o fator sorte... vamos ver... de repente

1328 83 3 F b A 14 boni::to mas prá mim não faz diferença nenhuma... eu recebo só... só recebo ligações e faço ligações necessárias prá mim

1329 83 3 F b A 15 ah o jardim tá:: deu uma vida... essas florezinhas aqui é que estão maltratadas né?.. poderia ser bem mais cuidada

1330 83 3 F b A 16 olha está bonito... mas talvez não fosse aqui nessa parede... num outro ambiente... aqui não pegou muito bem não

1331 83 3 F b A 17 eu não compraria essa camisa nessa cor não... não tinha uma outra cor? outro modelo? sei lá... mas é bonita.. você gostou?

1332 83 3 F b A 18 olha... tá me levando prá onde eu querto ir.. tudo bem... você tá gostando? tá sendo confortável prá você? tá ótimo

1333 84 3 M b B 1 eu não gostei

1334 84 3 M b B 2 bom supervisor é o seguinte.. eu não entendi.. entendeu .. a::. eu não entendi a reunião.. então gostaria que o senhor voltasse a explicar de novo

1335 84 3 M b B 3 o que eu que tô achando.. achando que .. você deveria continuar porque.. atrapalhando.. eu acho que não... atrapalha.. tá procurando .. é .. ensaiar né... treinar.. a não se

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Referências Bibliográficas 292

que seja depois das dez horas .. aí tudo bem

1336 84 3 M b B 4 é sei.. o jantar... mais o menos.. não me agradou muito não

1337 84 3 M b B 5 pôxa rapaz você não limpou bem a sala não aê.. brincadeira hein.. pedi você pra limpar e você deixou ainda um pouquinho sujo

1338 84 3 M b B 6 eu achei que não foi bem feito não porque não deu pra entender.. o que você esculpui.. então eu gostaria que você treinasse mais um pouco.. fizesse melhor

1339 84 3 M b B 7 eu não gostei

1340 84 3 M b B 8 eu acho que você num ..eu acho que o spa não resolveu muito o seu caso não porque você continua da mesma forma

1341 84 3 M b B 9 è.. ficou excelente cara.. ficou bacana.. melhorou muito

1342 84 3 M b B 10 é.. eu achei mais ou menos mas eu preferia você com os cabelos brancos você fica bem melhor com o cabelo natural

1343 84 3 M b B 11 eu pedi pra cortar o cabelo... você deveria cortar, se não eu vo::u.. ter que tomar medidas drásticas.

1344 84 3 M b B 12 não, eu acho que você aparenta os 40 anos que você diz ter.

1345 84 3 M b B 13 olha pretinha, eu achei que você::: economizou um pouquinho pô::, você poderia comprar uma marca melhor, pô::xa.. essa marca é muito fraquinha.

1346 84 3 M b B 14 é:: doutor, seu celular é excelente, hein... de última geração mesmo.

1347 84 3 M b B 15 achei excele::nte cara... muito bonito porque...

1348 84 3 M b B 16 olha rapaz, eu nu::m gostei muito do, do quadro não.. o quadro não me tocou em nada.

1349 84 3 M b B 17 eu achei que essas camisas que você comprou é:: muito berra::nte, pô::, muito espalhafatosa.

1350 84 3 M b B 18 é, o seu carro é realmente bem confortável... excelente carro... gostaria de ter um.

1351 85 3 F c C 1 tá ótima

1352 85 3 F c C 2 não entendi nada

1353 85 3 F c C 3 não me incomoda não

1354 85 3 F c C 4 eu não gostei porque eu não conheço a comida

1355 85 3 F c C 5 não me agradou

1356 85 3 F c C 6 mais ou menos

1357 85 3 F c C 7 ficou uma bomba

1358 85 3 F c C 8 você vai precisar refazer o seu guarda-roupa

1359 85 3 F c C 9 olha tá horrível

1360 85 3 F c C 10 horroroso

1361 85 3 F c C 11 dá um jeitinho já que você quer deixar o cabelo crescer

1362 85 3 F c C 12 você deveria se olhar no espelho

1363 85 3 F c C 13 não foi uma boa compra

1364 85 3 F c C 14 celular é prá emergência... mas já que você gosta.. cada um com seu gosto

1365 85 3 F c C 15 tá mais prá criança né?

1366 85 3 F c C 16 eu não gostei.. mas cada um tem seu gosto né?

1367 85 3 F c C 17 vai passear na rua prá ver se alguém gosta

1368 85 3 F c C 18 você está com uma bomba na mão

1369 86 3 F c C 1 péssimo

1370 86 3 F c C 2 boa

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1371 86 3 F c C 3 ótima

1372 86 3 F c C 4 não gostei

1373 86 3 F c C 5 não estava boa

1374 86 3 F c C 6 ótimo

1375 86 3 F c C 7 gostei

1376 86 3 F c C 8 não vi resultado

1377 86 3 F c C 9 bom

1378 86 3 F c C 10 gostei

1379 86 3 F c C 11 não

1380 86 3 F c C 12 é

1381 86 3 F c C 13 gostei

1382 86 3 F c C 14 perfeito

1383 86 3 F c C 15 achei lindo

1384 86 3 F c C 16 não gostei

1385 86 3 F c C 17 não gostei

1386 86 3 F c C 18 bom

1387 87 3 F c C 1 valeu a sua intenção.. mas podia ter sido melhor

1388 87 3 F c C 2 péssima

1389 87 3 F c C 3 gostei.. porque se é uma coisa que você gosta de fazer... a gente vive numa comunidade né? não podemos impedir a pessoa de fazer o que gosta

1390 87 3 F c C 4 gostei... porque como é uma novidade eu vou querer experimentar todos né?

1391 87 3 F c C 5 não gostei... não ficou boa... poderia ter sido melhor

1392 87 3 F c C 6 não está bem.. assim.. bem esclarecida a cabeça do cavalo... não dá prá perceber ainda

1393 87 3 F c C 7 ah... não gostei... não lhe caiu bem

1394 87 3 F c C 8 está melhorando.. mas precisa ainda perder mais

1395 87 3 F c C 9 ah eu não gostei... não ficou bem... alguma coisa deu errado

1396 87 3 F c C 10 puxa... você perdeu a sua identidade... você era bem mais atraente com eles brancos

1397 87 3 F c C 11 ah... não gostei... você corte porque primeiro que é um local de trabalho... não fica bem você com esse cabelo grande

1398 87 3 F c C 12 você tem a aparência da idade que você tem

1399 87 3 F c C 13 você teve uma boa idéia mas comprou uma marca muito ordiNÁria

1400 87 3 F c C 14 muito bom mas prá mim não tem utilidade nenhuma

1401 87 3 F c C 15 não gostei da idéia... não ficou bem

1402 87 3 F c C 16 tá bonito... mas não é o meu estilo

1403 87 3 F c C 17 são bonitas... mas as cores muito exageradas prá homem

1404 87 3 F c C 18 não gosto... já tive um e troquei porque não presta... o senhor está enganado com esse modelo

1405 88 1 M b C 1 ah amor... o arroz tá um pouco... um pouco duro e::: faltou um pouquinho de sal... se você quiser da próxima vez eu cozinho com você

1406 88 1 M b C 2 é:: as suas metas eu não consegui perceber o que você tava querendo com elas... gostaria que você fosse mais esclarecedor

1407 88 1 M b C 3 bem... acho que... como lazer seu... se você tá gostando tudo bem.. mas eu acho que você não tem muito talento não pro

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Referências Bibliográficas 294

canto... e se você pudesse fazer as suas aulas mais baixas prá não importunar

1408 88 1 M b C 4 pô... gostei da experiência de provar novos pratos… eu acho legal.. mas o sabor não gostei não... mas valeu a pena

1409 88 1 M b C 5 ah... faltaram algumas coisas que eu pedi né? por exemplo a limpeza aqui não foi feita muito bem... eu queria que você fizesse novamente hoje

1410 88 1 M b C 6 bem… eu só não achei parecido com a cabeça de um cavalo.. mas tem aquelas... aquelas artes que a pessoa não... meio::.. como é que se diz?...esqueci o nome.. é::: aquelas artes que você não entende nada... uma confusão.. ah.. não gostei não dessa cabeça de cavalo

1411 88 1 M b C 7 ah amor... você foi muito radical.. você sabe que eu não gosto de cabelo curto é:: eu preferia você com cabelo mais longo...agora vamos esperar crescer novamente

1412 88 1 M b C 8 realmente... tá mais elegante

1413 88 1 M b C 9 bem acho que ainda tá um pouco inchado né?... de repente vai ficar legal depois de quando terminar todo o trabalho da cirurgia

1414 88 1 M b C 10 ah não gosto de homem com o cabelo pintado não... não acho legal... acho que depois que pintou os brancos tem mais é que assumir os cabelos brancos

1415 88 1 M b C 11 é:: espero que você não deixe o fato do cabelo estar grande parecer que você não tem cuidado com o cabe::lo... já que você quer deixar crescer.. que você ama::rre o cabelo... cuide dele... não deixe uma aparência de sujeira.. de uma pessoa que não trata dos cabelos

1416 88 1 M b C 12 é realme::nte... e as artistas ainda têm photoshop... isso aí é tudo enganação

1417 88 1 M b C 13 bem amor você perguntou sobre as características do DVD?.. porque esse aqui pelo que eu pude ler ele não é um dos melhores... tem outras marcas melhores... cê viu sobre garantia se a gente tem assistência técnica aqui perto.. essas coisas?

1418 88 1 M b C 14 bem o celular para mim eu só uso para ligar e receber... esses... essas outras utilidades periféricas prá mim eu dispenso... mas tem gosto prá tudo né?

1419 88 1 M b C 15 só não gostei muito da Branca de Neve e dos sete anões né? que eu acho um pouco ultrapassado até prá jardim... prá qualquer coisa.. até prá festa de criança...não gostei muito não... mas o resto ficou legal

1420 88 1 M b C 16 como não entendo muito de arte.. prá mim esse quadro é muito diferente... mas não faz muito o meu estilo não... eu preferia algo mais moderno

1421 88 1 M b C 17 não faz muito o meu estilo não.. esse tipo de camisa.... não gostei não

1422 88 1 M b C 18 bem... eu já tive um carro desse e no meu caso ele não foi muito bom não... porque eu achei ele pequeno e a mecânica dele muito difícil de se conseguir as peças... e dava muito defeito... eu não gostei muito não... mas o seu de repente como é novo.. você pode estar tendo sucesso né?... porque carro cada um vem de um jeito

1423 89 1 M b C 1 maravilhosa

1424 89 1 M b C 2 confusa

1425 89 1 M b C 3 cê tem que melhorar cara

1426 89 1 M b C 4 exótica demais pro meu gosto

1427 89 1 M b C 5 não gostei

1428 89 1 M b C 6 é:: bem feito

1429 89 1 M b C 7 amor... não gostei muito não.. prá ser bem sincero

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1430 89 1 M b C 8 é:: tá melhor... tá melhor assim... com o tempo melhora... com o tempo melhora

1431 89 1 M b C 9 tá bem legal cara

1432 89 1 M b C 10 cara... prá te falar a verdade não gostei

1433 89 1 M b C 11 na minha sincera opinião acho que não... acho que você deve cortar o cabelo.. até prá::.. prá::.. prá cara da empresa... porque cabelo grande não combina com a cara da empresa e com as metas que a gente tem que seguir

1434 89 1 M b C 12 acho que não

1435 89 1 M b C 13 adorei

1436 89 1 M b C 14 prá que gosta eu acho muito interessante... mas na minha opinião celular serve apenas para comunicação urgente

1437 89 1 M b C 15 interessante

1438 89 1 M b C 16 pô:: cara... esse estilo de quadro não faz muito o meu estilo

1439 89 1 M b C 17 as camisas são bem extravagantes hein?

1440 89 1 M b C 18 já tive um modelo igual e não gostei

1441 90 3 M b B 1 Razoável

1442 90 3 M b B 2 Devia ter passado mais objetivamente não .. muito .. discursivas conforme foram passadas

1443 90 3 M b B 3 Eu achava que você deve aprimorar mais ainda as suas aulas

1444 90 3 M b B 4 É:: .. não muito adequado ao nosso hábito de alimentação

1445 90 3 M b B 5 Não achei tanto adequando quanto você .. você poderia fazê-la novamente?

1446 90 3 M b B 6 Eu achei muito estranho por não ter um conhecimento da parte artesanal que você estava exercendo

1447 90 3 M b B 7 Você deveria me ter preparado que iria mudar tão radicalmente o visual

1448 90 3 M b B 8 Eu acho::... que tal o senhor .. voltar mais algumas vezes pra poder ficar bem mais.. bem mais tranqüilo .. bem mais leve

1449 90 3 M b B 9 Vamos aguardar mais pra passar esse período pós operatório.. desinchar mais pra ver se ficará.. assim não dá pra ter uma noção como ele ficou

1450 90 3 M b B 10 Tava mais acostumado com os seus cabelos brancos.. ficam mais adequados a você

1451 90 3 M b B 11 Se você quer deixar crescer.. então deixa de uma maneira crescer adequada para que lhe dê uma melhor.. apresentação .. uma melhor presença

1452 90 3 M b B 12 A senhora está adequada dentro da sua faixa etária

1453 90 3 M b B 13 Só acho que poderíamos ter problemas com a marca dele no futuro

1454 90 3 M b B 14 Achei muito bonito.. bem evoluído.. mas.. deve ser de uma boa serventia para o senhor

1455 90 3 M b B 15 Boa.. uma boa criatividade infantil

1456 90 3 M b B 16 Olha.. ele pode ser bonito .. mas não do estilo como eu gosto.. mas gosto não se discute

1457 90 3 M b B 17 As camisas são bonitas mas as cores para mim eu acho muito fortes .. muito berra::ntes

1458 90 3 M b B 18 O modelo que eu tive dessa marca.. ele me deu alguns problemas .. por isso eu tive que trocar .. espero que você tenha uma boa sorte com ele

1459 91 3 M b B 1 É::.. tudo bem

1460 91 3 M b B 2 Confusa

1461 91 3 M b B 3 A::h .. melhorar mais

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Referências Bibliográficas 296

1462 91 3 M b B 4 A::h .. foi maravilhoso .. muito obrigado foi ótimo

1463 91 3 M b B 5 É:: .. foi muito bom .. muito obrigado

1464 91 3 M b B 6 A::h .. talentoso

1465 91 3 M b B 7 I::h .. troquei de mulher

1466 91 3 M b B 8 Bom .. acho que precisa fazer mais um regimezinho .. mas tá muito bom assim .. tá ótimo .. mas faz um regimizinho pra melhorar

1467 91 3 M b B 9 Ah.. aí meu amigo.. não foi muito agradável nã::o

1468 91 3 M b B 10 É:: tá bom.. você gostou? .. Então tá ótimo que vale é a sua opinião

1469 91 3 M b B 11 É.. tá bom.. tá ótimo. Você tá muito bem.. ficou maravilhoso

1470 91 3 M b B 12 [Silêncio]

1471 91 3 M b B 13 Ah aí.. pôxa.. desse pra você pegar o outro era muito melhor né?.. mas já que tá assim.. o que pode fazer?.. não tem mais como se desfazer do negócio.. então fica como está

1472 91 3 M b B 14 É:: .. gostei .. tá bom

1473 91 3 M b B 15 É:: .. gostei .. tá bom

1474 91 3 M b B 16 É bom. .aí:: .. acho bonito .. e tal .. mas não sou a pessoa adequada pra poder dar uma opinião concreta .. porque não entendo muito dessa arte

1475 91 3 M b B 17 A::h muito berrante .. dentro da brincadeira.. isso é coisa de bicho::na::

1476 91 3 M b B 18 Bom, muito.. tá bem.. pra você tá bem .. agora.. eu não gostei .. tanto é que até troquei por outro .. e:: .. não é o meu .. do meu gosto

1477 92 1 M b C 1 hum:: show de bola

1478 92 1 M b C 2 olha... foi bem produtiva... poderia ter sido melhor... se você aceita minhas críticas de forma::.. assim.. construtiva por assim dizer

1479 92 1 M b C 3 não cara... olha só... tu tem futuro.. é só pô:: continuar treinando.. afinal de contas.. a prática leva à perfeição

1480 92 1 M b C 4 pô:: cara.. meio diferente... mas eu prefiro ainda o feijão e arroz da mamãe... na boa

1481 92 1 M b C 5 pô:: olha só cara... da próxima vez só fala comigo lá... dá uma arrumadinha ali no canto da mesa... mas só isso... o resto foi tranqüilo

1482 92 1 M b C 6 não cara... poxa... tartaruga poderia ser mais bonitinha... não... mas pô:: tá maneiro... tá maneiro... essa arte moderna aí você sabe como é né?... mas tá bom.. tá bom.. tá bom.. tá bom

1483 92 1 M b C 7 pó::xa na boa... tá até maneiro... bem moderno aí.. e tal... mas pô:: eu:: sabe que eu me amarro em cabelo longo.. cara... mas tá maneiro.. fazer o quê?

1484 92 1 M b C 8 não.. não.. tá ficando maneiro... não TÁ... não chegou no ponto... óbvio que não... afinal de contas foram poucos dias no SPA... mas é só continuar no ritmo que vai ficar bem legal... e comprar aquele terninho esperto.. fininho... vai ficar ó.. show de bola... se eu fosse mulher... ainda bem que eu sou homem

1485 92 1 M b C 9 pô:: cara... olha só... tá maneiro.. tá tranqüilo.. pô tu se sente melhor? então tá bom... tá beleza.. é só manter a espinha... o resto fica show de bola

1486 92 1 M b C 10 pô:: cara... agora tá parecendo jovem pô::: tá igual aquela música do Chaves... se você é jovem ainda... não.. cabelo branco era maneiro.. mas pô:: isso aí também... é só não pintar de caju... o resto fica tranqüilo

1487 92 1 M b C 11 olha só... se você quer continuar com a gente tem que demonstrar uma boa aparência por parte da empresa... isso

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daqui não é brincadeira... não é bagunça pô... tu tem que tomar uma atitude e ficar bem apresentável... tu acha que cabelo longo fica apresentável?... ainda mais assim.. você não pode compor nem nada.. tem que ficar apresentável... isso aqui não é bagunça... uma coisa é trabalho outra coisa é pessoal.. cara

1488 92 1 M b C 12 ô rapaz se eu fosse o Roberto Marinho eu te contratava... não... tô brincando... não.. tu tá show de bola..ué é só continuar... é só aquele papo não comer muito.. manter o físico... o resto.. tranqüilo

1489 92 1 M b C 13 ah.. pô CCE?.. tu tinha que ter comprado outro aparelho é:: IG não.. como é que é LG.. etc...pô:: o fato do preço não é obstáculo

1490 92 1 M b C 14 aí... show de bola... cheio de::... parece até um [incompreensível] de Jornada nas Estrelas né? o lance é que só serve prá ligar... mas o negócio é esse né?... tá ligando? tá bom.. tá tranqüilo... mas tá show de bola... ele é maneirinho

1491 92 1 M b C 15 pô:: o Dunga tá parecen::do que é o:: Dorminho:co né? NÃO.. mas tá maneiro ca::ra.. estátua aí tá maneirinha... poderia ter colocado umas margaridas também.. umas flores..mas tá manei::ro.. show de bo::la [incomprensível] vamos tirar uma foto depois

1492 92 1 M b C 16 pô::xa cara... esse estilo aí meio maluco.. etc... essa arte moderna aí é meio esquisita... mas até que tá maneirina.. as cores até que são bem... coloridas.. coloridas

1493 92 1 M b C 17 olha só... isso aí você não vai utilizar aqui não né?.. sabe que aqui é muito bem uniforme né?.. isso aqui tem que seguir um padrão etc... isso aqui não é bagunça né?... mas pô:: prá usar em casa prá dormir tá show de bola.

1494 92 1 M b C 18 ah:: esse carro aqui pô::xa.. sabe que ele não é:: um Weekend prá família né?.. viagem etc.. mas pô:: prá casal.. assim como na tua função.. no trabalho é exceLENte.. é bem prático.. é tranqüilo.. é flexível... o combustível é barato.. enfim... mas dá pro gasto.. é maneiro.. é maneiro.. é maneiro... prá atual condição tá show de bola

1495 93 2 M b C 1 péssima.

1496 93 2 M b C 2 não consegui entender a gravação

1497 93 2 M b C 3 horrível.

1498 93 2 M b C 4 estranho.

1499 93 2 M b C 5 ruim.

1500 93 2 M b C 6 estranho.

1501 93 2 M b C 7 diferente.

1502 93 2 M b C 8 normal.

1503 93 2 M b C 9 bonito.

1504 93 2 M b C 10 horrí::vel.

1505 93 2 M b C 11 horrí::vel

1506 93 2 M b C 12 igual.

1507 93 2 M b C 13 prejuízo na certa.

1508 93 2 M b C 14 boni::to.

1509 93 2 M b C 15 esquisi::to.. difere::nte.

1510 93 2 M b C 16 estra::nho.

1511 93 2 M b C 17 bonito.

1512 93 2 M b C 18 não gosto.

1513 94 3 M b C 1 achei bom, ué, excelente.

1514 94 3 M b C 2 achei boa.

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Referências Bibliográficas 298

1515 94 3 M b C 3 tá cantando bem.

1516 94 3 M b C 4 está boa a comi::da, ué.

1517 94 3 M b C 5 não está boa a limpeza.

1518 94 3 M b C 6 excelente.

1519 94 3 M b C 7 não achei bom não.

1520 94 3 M b C 8 não achei nada bo::m.

1521 94 3 M b C 9 achei ótimo.

1522 94 3 M b C 10 achei diferente.

1523 94 3 M b C 11 horrível.

1524 94 3 M b C 12 parece.

1525 94 3 M b C 13 eu gostaria que ela comprasse um aparelho mais é::::: pô, esqueci, bem mais moderno.

1526 94 3 M b C 14 eu achei bonito.. ué.. eu achei bonito.

1527 94 3 M b C 15 eu achei excelente... achei excelente.

1528 94 3 M b C 16 ah, não gostei não, não gostei.

1529 94 3 M b C 17 eu não gostei dos tipo das camisa, não gostei.

1530 94 3 M b C 18 eu gostaria se fosse um Santana, eu gostaria se fosse um Santana.

1531 95 3 M a A 1 razoável pra boa.

1532 95 3 M a A 2 regular.

1533 95 3 M a A 3 dá pra aturar...mas não pode ser em alto volume.

1534 95 3 M a A 4 não gostei... achei diferente sabor.

1535 95 3 M a A 5 não foi muito boa.. apenas razoável.

1536 95 3 M a A 6 gostei, mas não entendi.. até onde ia chegar sua escultura.

1537 95 3 M a A 7 razoável... não é o que eu esperava mas dá pra levar.

1538 95 3 M a A 8 é::: a viagem lhe fez bem .. ma:::s e aí.. e o peso, melhorou?

1539 95 3 M a A 9 melhorou ... apenas pra agradar.

1540 95 3 M a A 10 ficou diferente... mas melhorou um pouco sim, ficou mais jo::vem um pouquinho.

1541 95 3 M a A 11 não... não há condição... na á::rea o cabe::lo te::m que ser corta::do, tá, cabelo grande atrapalha o negó::cio, então não é permitido (aí, aí é fácil)

1542 95 3 M a A 12 nã::o ... não parece ... não parece ficou difere::nte não tem.. não tem semelhança nenhuma.

1543 95 3 M a A 13 não gostei porque você pago::u muito e trouxe um inferior... não gostei do aparelho

1544 95 3 M a A 14 bom ... aparelho ... é bo::m... eu tenho um semelhante... mas é um pouco melhor do que o seu.

1545 95 3 M a A 15 é... gostei do jardim ... mas tem que regar de manhã e à noite

1546 95 3 M a A 16 olha... eu gostei do seu quadro novo mas eu tenho minha opinião própria e dou a minha satisfação sobre o que que eu quero daquele quadro eu sou claro pra ir dizer... que gostei mas pode melhorar

1547 95 3 M a A 17 esse colorido tá parecendo coisa de boio::la.

1548 95 3 M a A 18 olha eu tive um... mas o meu passei pra frente porque eu não gostei... é.. não me adaptei com ele e tive que passar pra frente

1549 96 3 M b A 1 não está boa

1550 96 3 M b A 2 excelente

1551 96 3 M b A 3 um dia vai melhorar

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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)

299

1552 96 3 M b A 4 Não me adaptei a esse alimento

1553 96 3 M b A 5 você dormiu no ponto, hein

1554 96 3 M b A 6 muito criativo

1555 96 3 M b A 7 muito diferente

1556 96 3 M b A 8 está novo pra nova jornada, hein

1557 96 3 M b A 9 é melhor retornar a de anterior

1558 96 3 M b A 10 muito mais jovem

1559 96 3 M b A 11 se você se sente bem assim... parabéns

1560 96 3 M b A 12 parece... com certeza

1561 96 3 M b A 13 ado::rei amor

1562 96 3 M b A 14 boni::to chefe

1563 96 3 M b A 15 bom trabalho gostei

1564 96 3 M b A 16 não gostei

1565 96 3 M b A 17 cada um tem um gosto

1566 96 3 M b A 18 você poderia comprar outro porque esse aí, esse aí vai te dar trabalho.

1567 97 3 M c C 1 péssima

1568 97 3 M c C 2 a:: razoável

1569 97 3 M c C 3 a:: to achando que deve aprende::r, continua::r, ir em frente... pra aperfeiçoa::r

1570 97 3 M c C 4 não, não, não jantei pô... eu não jantei

1571 97 3 M c C 5 não ficou bo::a

1572 97 3 M c C 6 não achei boa

1573 97 3 M c C 7 não gostei

1574 97 3 M c C 8 [silêncio]

1575 97 3 M c C 9 [silêncio]

1576 97 3 M c C 10 tá parecendo com a bruxa do setenta e um, ca::ra

1577 97 3 M c C 11 pô.. não achei na::da, não tá bom não

1578 97 3 M c C 12 não... não

1579 97 3 M c C 13 não gostei... só gosto do LG

1580 97 3 M c C 14 olha, eu ia comprar um celular melhor

1581 97 3 M c C 15 bom.. bom.. muito bom

1582 97 3 M c C 16 não gostei.. não gostei

1583 97 3 M c C 17 não gostei

1584 97 3 M c C 18 pô... o teu carro é uma porcaria

1585 98 2 M b C 1 A::h, tá::, tá bom, amor.

1586 98 2 M b C 2 Foi interessante

1587 98 2 M b C 3 É você tem que estuda::r .. mais

1588 98 2 M b C 4 Eu prefiro a comida brasileira

1589 98 2 M b C 5 É necessário refazer

1590 98 2 M b C 6 Bo::m diferente

1591 98 2 M b C 7 Você sabe que eu prefiro seus cabelos longos

1592 98 2 M b C 8 Eu ainda:: não percebi.. talvez porque eu:: .. não tenho tanto contato com você

1593 98 2 M b C 9 Não entendo muito bem disso mas o importante é como você se sente

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Referências Bibliográficas 300

1594 98 2 M b C 10 Rapaz .. era melhor que você tivesse deixado ele:: do jeito que tava.

1595 98 2 M b C 11 Por que você não deixa o seu cabelo:: .. curto?

1596 98 2 M b C 12 Nã::o .. não acho não

1597 98 2 M b C 13 Existe marcas melho::res .. você deveria ter me consultado

1598 98 2 M b C 14 Útil

1599 98 2 M b C 15 Interessante .. diferente

1600 98 2 M b C 16 A::h não me impressionou

1601 98 2 M b C 17 Ah .. acho meio espalhafatosa

1602 98 2 M b C 18 Eu já tive um modelo desse e sinceramente eu não gostei .. troquei por outro

1603 99 2 M b C 1 Estava ótimo

1604 99 2 M b C 2 Achei que poderia ter sido mais objeti::va

1605 99 2 M b C 3 Tô achando que você tá cantando bem .. mas que poderia ir até um pouco .. terminar um pouco mais cedo

1606 99 2 M b C 4 Já tinha.. já tinha provado antes e gostado mais do que a:: dele

1607 99 2 M b C 5 Não gostei muito não .. gostaria que você terminasse que você parou na metade

1608 99 2 M b C 6 É belo trabalho.. artes plásticas a gente nunca consegue identificar à primeira vista muito bem o que é

1609 99 2 M b C 7 Ah não gostei muito nã::o, amor.. perdeu um pouquinho da sua jovialidade aí ..poderia ter feito de outra maneira aí que não perdesse esse ar

1610 99 2 M b C 8 É realmente deu pra perceber a mudança tô até vendo que a calça tá um pouquinho larga aí no senhor

1611 99 2 M b C 9 A::h ficou melhor .. tá bonito tá bonito .. dá até pra arrumar uma namorada nova agora

1612 99 2 M b C 10 Pô nem te conheci direito preferia do jeito que você era mas daqui a um tempo a gente se acostuma com essas situações novas aí

1613 99 2 M b C 11 Pô acho que você não deveria deixar o cabelo crescer não causa uma má impressão pa .. pra empresa ..achava até que você deveria cortar um pouquinho mais aí cuidar da sua aparência pra .. pra melhorar aí .. a sua aparência na empresa

1614 99 2 M b C 12 Ah: eu acho que sim você tá com uma aparência ótima aí .. tá bela tá bela

1615 99 2 M b C 13 Ah ótimo mas acho que a gente poderia ter esperado um pouco mais pra juntar um pouco mais de dinheiro pra comprar uma marca melhor ser uma coisa durável

1616 99 2 M b C 14 Ah o senhor que é um supervisor de uma empresa assim grande como essa o senhor realmente tem que ter toda a tecnologia aí à sua mão

1617 99 2 M b C 15 Gostei gostei esses anõezinhos aí são bem simpáticos

1618 99 2 M b C 16 Ah não sou muito fã de quadros .. de quadros e essas coisa::s não mas .. você go::sta.. tá lhe agradando então tá bom

1619 99 2 M b C 17 Bonita camisa.. bonita camisa muito bom gosto

1620 99 2 M b C 18 Bom.. pra essa função de táxi esse carro serve muito bem agora.. eu tinha um desse pro meu uso particular eu não gostava muito dele não

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