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Patrícia Helena Viana de Oliveira Médice Geoprocessamento nos estudos das relações entre relevo, ocupação do solo e transporte coletivo no bairro Luxemburgo-BH UFMG Instituto de Geociências Departamento de Cartografia Av. Antônio Carlos, 6627 – Pampulha Belo Horizonte [email protected] VII Curso de Especialização em Geoprocessamento 2004

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Patrícia Helena Viana de Oliveira Médice

Geoprocessamento nos estudos das relações entre relevo, ocupação do

solo e transporte coletivo no bairro Luxemburgo-BH

UFMG Instituto de Geociências

Departamento de Cartografia Av. Antônio Carlos, 6627 – Pampulha

Belo Horizonte [email protected]

VII Curso de Especialização em Geoprocessamento 2004

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Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de especialista em Geoprocessamento, Curso de Especialização em Geoprocessamento, Departamento de Cartografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais

Orientadora: Profa. Ana Clara Mourão Moura

Belo Hor izonte 2004

Médice, Patrícia Helena V. O.

Geoprocessamento nos estudos das relações entre relevo, ocupação do solo e transporte coletivo no bairro Luxemburgo-BH/ Patrícia Helena V. O. Médice – Belo Horizonte, 2004.

viii, 39f.:il. Monografia (Especialização)- Universidade Federal de Minas

Gerais. Instituto de Geociências. Departamento Cartografia, 2004. Orientadora: Ana Clara Mourão Moura 1. Geoprocessamento 2. Planejamento Urbano. I. Título

Dedico este trabalho aos meus pais Ana e Vanderlei, aos meus irmãos Karina, Luis Otávio

e Fabiano que me deram suporte psicológico, coragem e tranqüilidade nas horas de

desespero e desânimo.

Meus sinceros agradecimentos a toda equipe do curso de Especialização em

Geoprocessamento, em especial aos monitores pelo suporte técnico referente à utilização

dos softwares; e a minha orientadora e mestra desde a minha graduação em Arquitetura e

Urbanismo - Ana Clara Mourão Moura, pela dedicação, atenção e conselhos

imprescindíveis nas horas difíceis de minha vida.

SUMÁRIO

LISTAS DE FIGURAS.......................................................................................................vi

RESUMO...........................................................................................................................viii

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................9

2. OBJETIVOS...................................................................................................................10 2.1 Objetivo Geral..............................................................................................................10 2.2 Objetivos Específicos....................................................................................................10

3. REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA..................................................................................11

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................13 4.1 Processo Urbano de Belo Hor izonte...........................................................................13

5. METODOLOGIA..........................................................................................................16 5.1 Base de dados................................................................................................................16 5.2 Processamento e Manipulação dos dados..................................................................16 5.2.1 Montagem e Registro do mosaico das aerofotos referentes ao bair ro Luxemburgo........................................................................................................................16 5.2.2 Conversão das informações da planta topográfica de arquivo 2D em 3D para a produção do modelo Digital de terreno (MDT)...............................................................17 5.2.3 Elaboração dos mapas-tema.....................................................................................18 5.2.4 Cruzamento de dados dos mapas-tema...................................................................19

6. RESULTADOS...............................................................................................................22

7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..............................................................................35

8.CONCLUSÃO.................................................................................................................37

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................39

LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 - Árvores de Decisões...........................................................................................20

Figura 2 - Matriz de Interesses Conflitantes Potencial de Adensamento de Ocupação e Lei 8137/2000.......................................................................................................................21

Figura 3 - Mosaico de aerofotos coloridas correspondentes à vista global do bairro Luxemburgo.........................................................................................................................22

Figura 4 - Mapa de Ocupação do Solo Urbano...................................................................23

Figura 5 - Vista do MDT tipo TIN do bairro Luxemburgo renderizado.............................24

Figura 6 - Mapa-tema de Declividades...............................................................................25

Figura 7 - Mapa de Itinerários de ônibus............................................................................26

Figura 8 - Mapa da Lei 8137/2000 de Uso e Ocupação do Solo........................................27

Figura 9 - Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre ZAR-2 e as variáveis transporte coletivo, ocupação praticada e as declividades dos terrenos locais....................28

Figura 10 - Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre ZAR-1 e as variáveis transporte coletivo, ocupação praticada e as declividades dos terrenos locais....................28

Figura 11 - Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre ZA e as variáveis transporte coletivo, ocupação praticada e as declividades dos terrenos locais....................29

Figura 12 - Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre ZEIS-1 e as variáveis transporte coletivo, ocupação praticada e as declividades dos terrenos locais....................29

Figura 13 - Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre ZEIS-1 e as variáveis transporte coletivo, ocupação praticada e as declividades dos terrenos locais....................30

Figura 14 - Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre ZPAM e as variáveis transporte coletivo, ocupação praticada e as declividades dos terrenos locais....................30

Figura 15 - Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre a taxa de declividade 30 a 47% e as variáveis transporte coletivo, ocupação praticada e os parâmetros da lei.....................................................................................................................................31

Figura 16 - Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre a taxa de declividade acima de 47% e as variáveis transporte coletivo, ocupação praticada e os parâmetros da lei.....................................................................................................................................31

Figura 17 - Gráfico dos resultados da análise por Assinatura da área global do bairro....................................................................................................................................32

Figura 18 - Mapa de Potencial de Adensamento de Ocupação...........................................33

Figura 19 - Mapa de Conflito Lei de Uso e Ocupação do Solo x Potencial de Ocupação..............................................................................................................................34

RESUMO

Para podermos compreender como o relevo pode influenciar no funcionamento do serviço

de transporte coletivo e no uso e ocupação do solo urbano de uma região - no caso o bairro

Luxemburgo, desenvolvemos um trabalho com enfoque em estudos urbanos com a

utilização dos softwares e conhecimentos aplicados no Geoprocessamento em todo

processo metodológico, cujos resultados nos possibilitaram avaliar as potencialidades

dessas ferramentas de auxílio, e como os aspectos topográficos podem ser um fator

limitante e determinante no adensamento da região, e ainda identificar os conflitos

existentes entre essa variável, a ocupação praticada, e a legislação vigente.

1. INTRODUÇÃO

No presente trabalho foi realizado um estudo direcionado à área de Geoprocessamento com

enfoque em estudos urbanos, para observamos como a variável topografia poderia ser um

fator limitante ou ainda determinante no adensamento, ou mesmo no funcionamento de

serviços urbanos de transporte coletivo para os habitantes e usuários de uma região. Assim

pudemos avaliar as potencialidades dos conhecimentos e dos softwares aplicados por essa

ciência, quando utilizados em todo o processo metodológico, além de identificar os

conflitos existentes entre o relevo, a ocupação praticada na região, e a legislação vigente.

Como objeto de estudo, tivemos o bairro Luxemburgo - inserido na zona Centro-Sul de

Belo Horizonte, onde encontramos adensamento com alta concentração demográfica

(verticalização espacial) em áreas com altas taxas de declividade, as quais a princípio

deveriam ser preservadas de qualquer função urbana para que os habitantes e usuários

locais não corressem perigo com problemas de deslizamentos de terra em período de

chuvas.

Durante todo o processo metodológico, adotamos as técnicas da Cartografia Temática

conciliadas com alguns dos softwares dos Sistemas CAD (Computer Aided Design) e dos

Sistemas Informativos Geográficos (SIG), o que possibilitou com maior agilidade

armazenar e criar associações espaciais e lógicas entre as variáveis condicionantes do

estudo realizado, cujos resultados poderão ser identificados e compreendidos facilmente

através da linguagem visual dos mapas-tema e mapas-síntese, nos quais encontramos

respectivamente a representação das variáveis utilizadas nas análises e a caracterização da

realidade urbana da região, destacando os conflitos e as potencialidades de uso e ocupação

do solo urbano local.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Verificar como os softwares e os conhecimentos específicos do Geoprocessamento podem

auxiliar em análises relativas ao funcionamento do serviço de transporte coletivo e à

ocupação do solo urbano frente ao relevo local do bairro Luxemburgo.

2.2 Objetivos Específicos

- A partir do cruzamento de dados referentes à região do Luxemburgo feitos no software

SAGA, produzir mapas- síntese com os resultados das relações entre:

• mapa de declividades x mapa de itinerários de ônibus da região

• mapa de declividades x mapa de ocupação do solo urbano local

• mapa de declividades x mapa da lei n0 8137/2000 de Uso e Ocupação do Solo

- Analisar os reflexos do relevo sobre o funcionamento do serviço de transporte coletivo e

a ocupação do solo urbano local.

3. REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA

Para nos orientar durante todo o desenvolvimento do presente trabalho, recorremos a

outros estudos já elaborados que enfocam abordagens urbanas dentro da área de

Geoprocessamento.

A partir do trabalho apresentado por DINIZ (2002), pudemos avaliar a importância do

Modelo Digital de Terreno (MDT) no estudo do potencial de aproveitamento quanto ao

uso e ocupação do solo da região localizada no município de Rio Acima. Apesar de ter

sido testado o potencial apenas do ARCVIEW 8.0 - software do tipo SIG, este se mostrou

de grande agilidade e eficácia na caracterização da região quanto às informações derivadas

do relevo (declividades, insolação e drenagem), por meio da geração de mapas temáticos.

Além disso, o referido software possibilitou a criação de uma associação espacial e lógica

entre esses temas, obtendo-se assim o mapa-síntese de “Potencial de Adensamento” ; cujo

critério de classificação considerou as variações de declividades e os melhores períodos de

insolação, sendo que o nível alto de potencialidade refere-se às áreas com insolação na

parte da manhã e com menores declividades (5 a 30%), e o nível baixo de potencialidade

àquelas com insolação somente em torno de meio-dia e com altas declividades (acima de

47%).

Outro trabalho relevante foi o apresentado por MOURA (2003), destinado a estudos para a

gestão e o planejamento urbano da cidade de Ouro Preto. Nele foram utilizados os mesmos

softwares e conhecimentos de Geoprocessamento que adotamos no processo metodológico

do presente trabalho. Mesmo que o objeto de estudo – a cidade de Ouro Preto, seja mais

extenso e dinâmico do que o nosso (no caso o bairro Luxemburgo), aprendemos como

armazenar e manipular dados tanto alfanuméricos quanto cartográficos no

MICROSTATION 95 – software do tipo CAD, e a partir destes criar análises espaciais

mais complexas no SAGA-UFRJ – software do tipo SIG; ou seja, tal trabalho funcionou

como nossa referência metodológica e bibliográfica.

No estudo de MOURA (op.cit.), pelo fato de Ouro Preto apresentar dentro de seu tecido

urbano tanto a antiga ocupação da época da mineração, por edificações em estilo colonial,

como a atual realizada de acordo com a legislação vigente, a autora elaborou propostas que

condicionassem a expansão urbana da região quanto à preservação do patrimônio histórico

e à composição paisagística do lugar. Primeiramente foi feita a caracterização da região por

meio de mapas gerados no software MICROSTATION 95, que ilustram a situação atual da

população local quanto à faixa etária e nível de escolaridade, dos riscos à saúde, da

qualidade e existência de infra-estrutura na malha urbana, da preservação de áreas de valor

histórico e econômico quanto ao turismo e as com riscos ambientais, além da localização

de áreas que são bem ou mal atendidas pelas atividades comerciais, prestações de serviços

e serviços de uso coletivo. A partir dessas variáveis foram realizadas várias análises

urbanas dentro do software SAGA-UFRJ até obter o mapa-síntese final relativo à

caracterização e distribuição espacial da qualidade de vida da região, cujos resultados

auxiliam na escolha de decisões e propostas a serem tomadas frente aos fatos urbanos

encontrados.

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para melhor compreensão de como ocorreu o uso e ocupação do solo pertencente ao bairro

Luxemburgo, faz-se necessário uma breve descrição sobre o processo urbano de Belo

Horizonte.

4.1 Processo Urbano de Belo Hor izonte

A criação de Belo Horizonte como capital do Estado de Minas Gerais, função que na época

cabia à cidade de Ouro Preto, surgiu dentro do ideal modernista de “cidade higiênica” com

padronizados traçados em formas racionais que valorizassem as questões do

desenvolvimento das atividades econômicas e das tecnologias que dinamizassem sua

produção, e que impedissem a propagação de epidemias e elevassem o nível de qualidade

de vida da população.

Os conhecimentos técnico-científicos adquiridos na Escola Politécnica do Rio de Janeiro

pelo engenheiro Aarão Leal Reis, responsável pela construção da nova capital, resultaram

na implantação de um traçado em malha ortogonal sobreposta por diagonais que não

obedecia aos aspectos topográficos do local escolhido, conhecido como “Curral Del Rey” .

Isso ocorreu pelo fato de que o traçado proposto deveria privilegiar a regularidade da

geometria – para assim auxiliar tanto na mensuração das terras para cotação no mercado

imobiliário, quanto no controle rígido do adensamento e da setorização de usos nas

mesmas através do chamado zoneamento funcional; e do ideal de dominação da natureza

pelo homem moderno – a necessária transformação da paisagem natural de acordo com o

desenvolvimento urbano.

Diante disso teríamos o plano inicial urbanístico da cidade implantado, segundo a

PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE (1995, p.42), da seguinte forma:

“ (...) Belo Horizonte era composta de três zonas: uma zona urbana destinada ao aparato burocrático administrativo e residência dos funcionários públicos, uma

zona suburbana, separada pela avenida do Contorno, onde se previa a construção de sítios e chácaras, e uma zona rural onde se instalariam as Colônias Agrícolas, cuja função seria a de um cinturão verde responsável pelo abastecimento da cidade” .

No entanto, a distribuição populacional nessas zonas ocorreu da seguinte maneira: com o

alto preço das terras situadas na zona urbana, por esta dispor de serviços e infra-estrutura e

regulação urbanística rígida e elitista, acarretou na alta concentração populacional nas

zonas suburbanas e rurais, onde a ocupação era realizada sem controle do Poder Público e

desordenadamente diante do traçado imposto. Conseqüentemente, segundo a Secretaria

Municipal do Meio Ambiente de Belo Horizonte (1992), surgiram bairros que teriam boa

parte de sua extensão inapropriada para fins urbanos (como é o caso do Luxemburgo), pois

estão sujeitos “a prejuízos tais como a erosão do solo, deslizamentos de lama nas áreas

baixas, comprometimento da pavimentação das vias e redes de drenagem” , além do

comprometimento de serviços urbanos necessários para os habitantes e usuários da região

(como por exemplo, o transporte coletivo).

Segundo MATOS (1984), somente a partir da Lei Complementar no 14/73 - esta

responsável pela criação das regiões metropolitanas, que Belo Horizonte e demais

municípios estabeleceram normas e diretrizes apropriadas a seu crescimento e

desenvolvimento urbano. Após várias tentativas de planos diretores fracassados – como o

de SAGMACS1 elaborado em 1958; finalmente se estabeleceu a primeira lei municipal de

Uso e Ocupação do solo: a lei n0 2662/76. Até então, a legislação urbanística vigente era

uma regulação pública diante do uso e ocupação da malha urbana através do chamado

zoneamento funcional, que visava impedir ”o congestionamento de atividades e pessoas,

além da superposição de vários usos (...)” (RIBEIRO, 1996, III, p.226).

Sob a atual ótica do pós-Modernista no Urbanismo brasileiro, os fatos e fenômenos

urbanos que ocorrem na cidade são variáveis de grande complexidade e dinamismo que

devem ser analisadas dentro de uma visão holística e não atomística da realidade como

acontecia no Modernismo, ou seja, tal assunto deve ser estudado de forma mais subjetiva,

considerando os fatos e as características inerentes a cada espaço analisado sob um

1 Sociedade de Análise Gráficas e Mecanográficas Aplicadas aos Complexos Sociais, instituição fundada por Padre Louis Joseph Lebret em 1947.

contexto técnico multidisciplinar que inclua a participação da comunidade local, e assim

conseqüentemente teremos uma percepção mais empírica do conjunto complexo que é uma

cidade, algo de extrema importância nas decisões e propostas a serem tomadas frente às

situações caóticas urbanas.

No caso de Belo Horizonte, a legislação urbanística vigente que já se encontra

parcialmente dentro desses parâmetros, permite dentre suas normas a superposição de usos

em uma mesma região, a preservação de áreas de riscos geológicos e a urbanização de

favelas; apesar de incentivar o adensamento em áreas com altas taxas de declividades,

como as encontradas no bairro Luxemburgo. Contudo, vale lembrar que a zona Centro-Sul

de Belo Horizonte, na qual se insere este bairro, sempre foi alvo de grande cobiça da

iniciativa privada nos setores imobiliários e de construção civil, como justifica a

PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE (1995, p.98):

“A valorização da terra na região é função da conjugação de vários fatores: zoneamento com maior permissividade de utilização do lote, alto coeficiente de aproveitamento, alta concentração de atividades econômicas, acessibilidade, infra-estrutura e status” .

Assim, em função da aprovação de algum negócio imobiliário vantajoso na região, a

legislação é de certa forma burlada por esses agentes frente ao processo de expansão

urbana necessário resultante do crescimento populacional da cidade. As normas

urbanísticas ainda em tempos atuais são incapazes de resolver o problema da especulação

imobiliária e da distribuição incoerente com as potencialidades de uso e ocupação de cada

bairro das regiões componentes da cidade de Belo Horizonte – se a infra-estrutura e

equipamentos são suficientes para atender à demanda dos habitantes e usuários locais.

5. METODOLOGIA

5.1 Base de dados

- Aerofotos coloridas do bairro Luxemburgo, em formato digital, com resolução de 40cm,

fornecida pela PRODABEL (2000), na escala de 1:5000.

- Planta Topográfica do município de Belo Horizonte fornecida pela PRODABEL (2000),

em formato digital em 2D (duas dimensões), com curvas de nível espaçadas de 1 em 1m,

na escala de 1:5000.

- Planta da Malha Viária do município de Belo Horizonte fornecida pela

PRODABEL (2000), em formato digital, na escala de 1:5000.

- Informações sobre o zoneamento de usos determinado pela Lei municipal n0 8137/2000

de Uso e Ocupação do Solo Urbano referente ao bairro Luxemburgo, fornecida pela

Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (2004).

- Levantamento em campo dos tipos de uso e ocupação praticada e dos itinerários de

ônibus que atendem o bairro analisado.

5.2 Processamento e Manipulação dos dados

Foram divididas por etapas em ordem cronológica o processo de armazenamento e

manipulação de dados, sendo elas:

5.2.1. Montagem e Registro do mosaico das aerofotos referentes ao bair ro

Luxemburgo

A partir do mapa das Regionais de Belo Horizonte, identificamos quais as aerofotos que

compunham a representação total do bairro Luxemburgo, sendo após essa triagem

utilizamos o software ENVI 4.0 para a confecção do mosaico.

Para a realização do processo de registro, utilizamos o software MICROSTATION

DESCARTES 95, que a partir da malha viária georreferenciada de Belo Horizonte foi feito

o georreferenciamento das imagens. Por estas serem aerofotos, o mosaico resultante dessa

etapa não possui correção geométrica e ortocorreção, o que não impossibilitou na sua

utilização como referência para a elaboração do mapa-tema de Ocupação do Solo Urbano.

5.2.2 Conversão das informações da planta topográfica de arquivo 2D em 3D para a

produção do Modelo Digital de Terreno (MDT)

Para representar o relevo de uma região, o método mais usual seria o das plantas

topográficas, em que tanto os detalhes da superfície (como a extensão e a localização)

quanto as diferentes altitudes do terreno são devidamente caracterizados em projeção

horizontal pelas curvas de níveis.

No entanto, a Cartografia Digital já utiliza o método do Modelo Digital de Terreno (MDT)

que permite armazenar dados plani-altimétricos do terreno em formato digital e a partir

deles desenvolver, por exemplo, a visualização tridimensional do terreno e produção do

mapa de declividades, de muito interesse para os estudos urbanos.

O passo inicial foi a conversão das informações da planta topográfica fornecida pela

PRODABEL (com dados alfanuméricos armazenados em arquivo tab - extensão de

arquivos gerados no software MAPINFO), para um arquivo 3D próprio para trabalhar o

MDT no MICROSTATION GEOTERRAIN 95. Para a conversão utilizaram-se as

ferramentas do software SPRING, em que o arquivo de origem foi convertido para um de

extensão mif e este importado para um plano de informação (PI) da categoria MMT e

exportado como um de extensão dxf, no qual os dados alfanuméricos encontram-se

incorporados às curvas de nível representadas em polilinhas.

Importamos o arquivo dxf para o MICROSTATION GEOTERRAIN e geramos o arquivo

dat, que é uma tabela contendo os valores de X,Y e Z dos pontos e vértices relativos às

curvas de nível. Dentre os modelos de MDT, utilizamos o TIN (Triangular Irregular

Network), de grade triangulada, por ser o mais correto geometricamente e mais adequado

para processos de análise. O modelo LAT, que seria a grade regular (retangular ou

quadriculada), seria mais indicado para o objetivo de comunicação visual, pois fornece

aspecto mais uniformizado, porém com perda de precisão geométrica.

5.2.3. Elaboração dos mapas-tema

Adotamos as técnicas da Cartografia Temática para melhor visualizarmos a caracterização

do bairro Luxemburgo quanto ao relevo, ao funcionamento do serviço de transporte

coletivo, ao zoneamento de usos determinado pela lei municipal n0 8137/2000 de Uso e

Ocupação do Solo Urbano e ao tipo de ocupação praticada. Para a elaboração dos mapas-

tema referentes a estas características da área utilizamos o software MICROSTATION

DESCARTES 95.

Os mapas-tema foram elaborados da seguinte forma:

- Mapa-tema de Declividades – a partir do MDT tipo TIN, e através do aplicativo

Geoterrain, criamos um mapa com as declividades definidas em percentuais.

- Mapa-tema de I tinerár ios de ônibus – apresenta a localização dos itinerários dos

ônibus que atendem a região, identificados sobre a planta da malha viária.

- Mapa-tema da Lei 8137/2000 de Uso e Ocupação do Solo – localiza o zoneamento de

usos local determinado pela lei, representado sobre a planta da malha viária.

- Mapa-tema de Ocupação do Solo Urbano – identifica na planta da malha viária o tipo

de ocupação praticada na região, com o auxílio do mosaico de aerofotos georreferenciado e

a conferência por trabalho em campo.

5.2.4. Cruzamento de dados dos mapas-tema

Para essa etapa utilizamos o software do tipo SIG denominado SAGA-UFRJ2,

desenvolvido pela equipe do Laboratório de Geoprocessamento, do Instituto de

Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a orientação do

professor Dr. Jorge Xavier da Silva. O aplicativo é de livre domínio e de fácil instalação, e

possibilita desenvolver diversas relações de cruzamento de variáveis no espaço analisado,

cujos resultados podem ser facilmente visualizados em forma de relatórios em formato txt,

ou mapas matriciais que já saem automaticamente formatados para impressão.

O primeiro passo foi a conversão dos arquivos vetoriais em matriciais, com a utilização do

software MICROSTATION DESCARTES 95. Para este procedimento adotamos a área de

trabalho de 2 x 2Km e pixel de 1m, o que significa a escolha de precisão de 0,2mm na

escala do mapa, que era de 1:5000. Uma vez convertidos para tiff, os arquivos foram

convertidos para o formato próprio do SAGA-UFRJ (rst), através do conversor tif2rst.

Dentre as ferramentas do SAGA-UFRJ, foram utilizadas para desenvolver essa etapa

metodológica os recursos de Assinatura e Avaliação. A partir da primeira ferramenta,

solicitamos análises espaciais pontuais e zonais para, segundo MOURA (2003), realizar

uma varredura sobre todos os diferentes planos de informações em relação à área

analisada, sendo elas:

- caracterização de cada tipo de uso no bairro Luxemburgo, determinado pela lei municipal

n0 8137/2000 de Uso e Ocupação do Solo Urbano, para verificarmos o acontece em cada

um deles quanto ao funcionamento do transporte coletivo, aos tipos de ocupação praticada

e às declividades dos terrenos locais;

- caracterização das áreas com declividades de 30 a 47% e acima de 47% - por serem as

taxas a priori limitantes para fins urbanos, em relação aos outros temas;

_______________________ 2 Sistema de Análise Geo-Ambiental, Sistema de Apoio à Decisão – versão 31/07/2000

- caracterização da área global do bairro em relação a todos os temas, para assim termos

com exatidão a proporção na qual cada tema se apresenta na malha urbana local.

A ferramenta Avaliação foi utilizada para podermos desenvolver análises topológicas

baseadas na técnica denominada Árvore de Decisões, em que os temas foram avaliados

com pesos e notas quanto à influência de cada um deles sobre o uso e ocupação do solo do

bairro Luxemburgo. Esse processo foi realizado com informações de conhecimento

próprio, e não sob consulta a diversos especialistas em questões urbanas pelo método

Delphi, o que para um trabalho mais aprofundado seria imprescindível.

Na análise efetuada entre os mapas-tema de Declividades, de Itinerários de ônibus e de

Ocupação do Solo Urbano houve a preocupação de avaliar a participação de cada variável,

através da aplicação de pesos que somam 100%. Além da ponderação das variáveis,

internamente, cada subdivisão da variável foi também classificada com notas de 1 a 10,

segundo a importância para a caracterização do potencial de adensamento.

Figura 1 – Árvores de Decisões

Potencial de Adensamento de Ocupação

Ocupação - 30% Itinerários de ônibus – 10% Declividades – 60%

Área lazer - 0

Área verde - 0

Comércio horizontal - 10

Comércio vertical - 5

Edificação grande porte - 0

Edificação multifamiliar - 5

Edificação unifamiliar - 10

Equipamentos (antena) - 10

Favelização - 0

Terreno desocupado - 10

Ônibus 9104 Sentido Luxemburgo - 10

Ônibus 9104 Sentido S. Família - 10

Ônibus 9104 Ambos sentidos - 10

Ônibus 9208 Ambos sentidos - 10

0 a 10% - 7

10 a 30% - 10

30 a 47% - 3

Acima de 47% - 0

Uma vez gerado o potencial de adensamento, este foi comparado com o mapa-tema da Lei

8137/2000 de Uso e Ocupação do Solo, para a identificação dos conflitos e adequações.

Este último procedimento foi baseado na Matriz de Interesses Conflitantes.

Matriz de Interesses Conflitantes Índices de Potencial de Adensamento de Ocupação Alto (0) Médio a Alto (2) Médio (4) Médio a Baixo (6) Baixo (8)

ZA (0) 0 1 2 3 4 ZAR-1 (10) 5 6 7 8 9 ZAR-2 (20) 10 11 12 13 14 ZEIS-1 (30) 15 16 17 18 19 ZEIS-3 (40) 20 21 22 23 24

Lei

8137/2000 ZPAM (50) 25 26 27 28 29 Figura 2 – Matriz de Interesses Conflitantes Potencial de Adensamento de Ocupação e Lei

8137/2000.

Sem Conflito

Médio Conflito – Lei incentiva inadequado

Alto Conflito – Lei incentiva inadequado

Conflito Sócio-econômico

Médio Conflito – Lei não incentiva uso

Alto Conflito – Lei não incentiva uso

6. RESULTADOS

Para obtermos a visão global do bairro Luxemburgo, foi necessário confeccionar um

mosaico com todas as aerofotos correspondentes a essa localidade, conforme a primeira

etapa de processamento de dados mencionada na seção anterior.

Figura 3 – Mosaico de aerofotos coloridas correspondentes à vista global do bairro

Luxemburgo

Esse mosaico anexado à planta da malha viária nos auxiliou com a localização sobre esta

de dados referentes aos tipos de ocupação praticada no bairro, cuja aquisição foi por

levantamento em campo, e assim obtendo o mapa-tema de Ocupação do Solo Urbano da

região.

Figura 4 – Mapa de Ocupação do Solo Urbano

Para elaborar o mapa-tema de Declividades (Figura 6, p. 25), foi necessário produzir o

Modelo Digital de Terreno (MDT), a partir dos dados plani-altimétricos da planta

topográfica fornecida pela PRODABEL, sendo escolhido o sistema de grade triangulada

denominado TIN (Triangular Irregular Network) por ser o mais adequado

geometricamente para as análises topográficas.

Figura 5 – Vista do MDT tipo TIN do bairro Luxemburgo renderizado

Quanto ao mapa-tema de Itinerários de ônibus (Figura 7, p. 26), este foi produzido com a

localização dos trajetos executados pelos ônibus que atendem a região – informações

adquiridas por levantamento em campo, sobre a malha viária local. Já o mapa-tema da Lei

8137/2000 de Uso e Ocupação do Solo (Figura 8, p. 27) resultou da localização do

zoneamento de usos da região determinado por essa lei específica - informações fornecidas

pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, sobre a malha viária.

Com a caracterização do bairro Luxemburgo já executada nos mapas-tema, partimos para o

desenvolvimento de análises do solo urbano local em que foram criadas associações

espaciais e lógicas entre os dados já adquiridos e manipulados com as ferramentas do

software SAGA-UFRJ, conforme mencionado na última etapa do processo metodológico.

Pela ferramenta Assinatura, obtivemos gráficos que nos mostram os resultados de análises

espaciais pontuais e zonais feitas na área analisada, enquanto pela ferramenta Avaliação,

obtivemos os mapas-síntese de Potencial de Adensamento de Ocupação (Figura 18, p. 33)

e de Conflitos Lei 8137/2000 de Uso e Ocupação do Solo x Potencial de Ocupação

(Figura 19, p. 34). O primeiro mapa resultou da análise efetuada entre os mapas-tema de

Declividades, de Itinerários de ônibus e de Ocupação do Solo Urbano – cujo processo

baseou-se na técnica denominada Árvore de Decisões, sendo que os resultados disso tudo

passaram juntamente com as informações do mapa-tema da Lei 8137/2000 de Uso e

Ocupação do Solo por uma nova análise baseada na Matriz de Interesses Conflitantes,

obtendo assim o outro mapa.

Figura 6 – Mapa-tema de Declividades

Figura 7 – Mapa de Itinerários de ônibus

Figura 8 – Mapa da Lei 8137/2000 de Uso e Ocupação do Solo

Assinatura ZAR-2 com tudo Assinatura ZAR-2 com tudo

ZAR-2 x Ocupação ZAR-2 x Declividades

Categorias % Área Categorias % Área

Área de lazer 1,43 0 a 10% 2,98

Área verde 0 10 a 30% 49,88

Comércio horizontal 8,58 30 a 47% 22,47

Comércio vertical 1,89 acima de 47% 24,67

Edificação grande porte 9,83 Assinatura ZAR-2 com tudo

Edificação multifamiliar 37,43 ZAR-2 x Itinerários de ônibus

Edificação unifamiliar 11,35 Categorias % Área

Equipamentos (antena) 0 ônibus 9104- sentido Luxemburgo 80,1

Favelização 3,9 ônibus 9104 - sentido Sagrada

Terreno desocupado 25,59 Família 3,91

ônibus 9104 - ambos sentidos 15,99

ônibus 9208 - ambos sentidos 0

Figura 9 – Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre ZAR-2 e as variáveis

transporte coletivo, ocupação praticada e as declividades dos terrenos locais

Assinatura ZAR-1 com tudo Assinatura ZAR-1 com tudo

ZAR-1 x Ocupação ZAR-1 x Declividades

Categorias % Área Categorias % Área

Área de lazer 3,81 0 a 10% 1,91

Área verde 0 10 a 30% 63,94

Comércio horizontal 6,9 30 a 47% 21,09

Comércio vertical 0 acima de 47% 13,06

Edificação grande porte 0 Assinatura ZAR-1 com tudo

Edificação multifamiliar 11,97 ZAR-1 x Itinerários de ônibus

Edificação unifamiliar 51,84 Categorias % Área

Equipamentos (antena) 0,71 ônibus 9104- sentido Luxemburgo 93,53

Favelização 0 ônibus 9104 - sentido Sagrada

Terreno desocupado 24,77 Família 6,47

ônibus 9104 - ambos sentidos 0

ônibus 9208 - ambos sentidos 0

Figura 10 – Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre ZAR-1 e as variáveis

transporte coletivo, ocupação praticada e as declividades dos terrenos locais

Assinatura ZA com tudo Assinatura ZA com tudo

ZA x Ocupação ZA x Declividades

Categorias % Área Categorias % Área

Área de lazer 0 0 a 10% 7,43

Área verde 0 10 a 30% 67,37

Comércio horizontal 9,42 30 a 47% 13,86

Comércio vertical 0,84 acima de 47% 11,34

Edificação grande porte 0 Assinatura ZA com tudo

Edificação multifamiliar 73,06 ZA x Itinerários de ônibus

Edificação unifamiliar 8,63 Categorias % Área

Equipamentos (antena) 0 ônibus 9104- sentido Luxemburgo 75,49

Favelização 0 ônibus 9104 - sentido Sagrada

Terreno desocupado 8,05 Família 2,78

ônibus 9104 - ambos sentidos 21,73

ônibus 9208 - ambos sentidos 0

Figura 11 – Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre ZA e as variáveis

transporte coletivo, ocupação praticada e as declividades dos terrenos locais

Assinatura ZEIS-1 com tudo Assinatura ZEIS-1 com tudo

ZEIS-1 x Ocupação ZEIS-1 x Declividades

Categorias % Área Categorias % Área

Área de lazer 0 0 a 10% 25,43

Área verde 0 10 a 30% 31,97

Comércio horizontal 0 30 a 47% 9,84

Comércio vertical 0 acima de 47% 32,76

Edificação grande porte 1,65 Assinatura ZEIS-1 com tudo

Edificação multifamiliar 0 ZEIS-1 x Itinerários de ônibus

Edificação unifamiliar 0 Categorias % Área

Equipamentos (antena) 0 ônibus 9104- sentido Luxemburgo 0

Favelização 70,2 ônibus 9104 - sentido Sagrada

Terreno desocupado 28,15 Família 0

ônibus 9104 - ambos sentidos 0

ônibus 9208 - ambos sentidos 0

Figura 12 – Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre ZEIS-1 e as variáveis

transporte coletivo, ocupação praticada e as declividades dos terrenos locais

Assinatura ZEIS-3 com tudo Assinatura ZEIS-3 com tudo

ZEIS-3 x Ocupação ZEIS-3 x Declividades

Categorias % Área Categorias % Área

Área de lazer 0 0 a 10% 43,04

Área verde 0 10 a 30% 46,19

Comércio horizontal 0 30 a 47% 9,86

Comércio vertical 0 acima de 47% 0,91

Edificação grande porte 18,97 Assinatura ZEIS-3 com tudo

Edificação multifamiliar 0 ZEIS-3 x Itinerários de ônibus

Edificação unifamiliar 0 Categorias % Área

Equipamentos (antena) 0 ônibus 9104- sentido Luxemburgo 0

Favelização 81,03 ônibus 9104 - sentido Sagrada

Terreno desocupado 0 Família 0

ônibus 9104 - ambos sentidos 0

ônibus 9208 - ambos sentidos 100

Figura 13 – Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre ZEIS-1 e as variáveis

transporte coletivo, ocupação praticada e as declividades dos terrenos locais

Assinatura ZPAM com tudo Assinatura ZPAM com tudo

ZPAM x Ocupação ZPAM x Declividades

Categorias % Área Categorias % Área

Área de lazer 14,17 0 a 10% 0,07

Área verde 35,42 10 a 30% 47,72

Comércio horizontal 7,84 30 a 47% 26,02

Comércio vertical 0 acima de 47% 26,19

Edificação grande porte 0 Assinatura ZPAM com tudo

Edificação multifamiliar 12,97 ZPAM x Itinerários de ônibus

Edificação unifamiliar 4,88 Categorias % Área

Equipamentos (antena) 0 ônibus 9104- sentido Luxemburgo 100

Favelização 0 ônibus 9104 - sentido Sagrada

Terreno desocupado 24,72 Família 0

ônibus 9104 - ambos sentidos 0

ônibus 9208 - ambos sentidos 0

Figura 14 – Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre ZPAM e as variáveis

transporte coletivo, ocupação praticada e as declividades dos terrenos locais

Assinatura Declividade 30 a 47% Assinatura Declividade 30 a 47%

Ocupação Itinerários de ônibus

Categorias % Área Categorias % Área

Área de lazer 2,11 ônibus 9104- sentido Luxemburgo 82,42

Área verde 6,66 ônibus 9104 - sentido Sagrada

Comércio horizontal 6,5 Família 12,6

Comércio vertical 0,29 ônibus 9104 - ambos sentidos 4,39

Edificação grande porte 3,02 ônibus 9208 - ambos sentidos 0,59

Edificação multifamiliar 36,57 Lei

Edificação unifamiliar 17,4 Categorias % Área

Equipamentos (antena) 0,03 ZA 16,01

Favelização 2,89 ZAR-1 15,47

Terreno desocupado 24,53 ZAR-2 55,73

ZEIS-1 1,89

ZEIS-2 2,05

ZPAM 8,85

Figura 15 – Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre a taxa de declividade

30 a 47% e as variáveis transporte coletivo, ocupação praticada e os parâmetros da lei

Assinatura Declividade acima de 47% Assinatura Declividade acima de 47%

Ocupação Itinerários de ônibus

Categorias % Área Categorias % Área

Área de lazer 2,42 ônibus 9104- sentido Luxemburgo 92,12

Área verde 1,66 ônibus 9104 - sentido Sagrada

Comércio horizontal 3,44 Família 0

Comércio vertical 2,28 ônibus 9104 - ambos sentidos 6,33

Edificação grande porte 4,12 ônibus 9208 - ambos sentidos 1,55

Edificação multifamiliar 31,6 Lei

Edificação unifamiliar 9,24 Categorias % Área

Equipamentos (antena) 0 ZA 8,84

Favelização 1,45 ZAR-1 9,83

Terreno desocupado 43,79 ZAR-2 66,93

ZEIS-1 3,01

ZEIS-2 0,09

ZPAM 11,3

Figura 16 – Gráfico dos resultados da análise por Assinatura entre a taxa de declividade

acima de 47% e as variáveis transporte coletivo, ocupação praticada e os parâmetros da lei

Figura 17 – Gráfico dos resultados da análise por Assinatura da área global do bairro

Assinatura Global

Ocupação

Categorias % Área

Área de lazer 2,78

Área verde 3,44

Comércio horizontal 8,19

Comércio vertical 1,32

Edificação grande porte 5,49

Edificação multifamiliar 35,46

Edificação unifamiliar 16,63

Equipamentos (antena) 0,14

Favelização 4,55

Terreno desocupado 22

Declividades

Categorias % Área

0 a 10% 7,47

10 a 30% 61,66

30 a 47% 17,44

acima de 47% 13,43

Itinerários de ônibus

Categorias % Área

ônibus 9104- sentido Luxemburgo 68,8

ônibus 9104 - sentido Sagrada

Família 16,42

ônibus 9104 - ambos sentidos 9,57

ônibus 9208 - ambos sentidos 5,21

Lei

Categorias % Área

ZA 16,01

ZAR-1 15,47

ZAR-2 55,73

ZEIS-1 1,89

ZEIS-2 2,05

ZPAM 8,85

Figura 18 – Mapa de Potencial de Adensamento de Ocupação

Figura 19 – Mapa de Conflito Lei de Uso e Ocupação do Solo x Potencial de Ocupação

7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

De acordo com os gráficos produzidos no software SAGA-UFRJ, podemos observar

primeiramente que o bairro Luxemburgo trata-se de uma região residencial com comércio

de pequeno porte (atendimento local), com grande tendência à verticalização, além de

contar com a presença do processo de favelização em fase inicial. Quanto às taxas de

declividades, a região apresenta uma boa parte de sua extensão apropriada para fins

urbanos (10 a 30%), porém há uma parte significante com valores que limitam o uso e

ocupação do solo local (30 a 47% e acima de 47%), e mesmo assim a lei 8137/2000

incentiva o alto índice de adensamento sem haver uma preocupação com a preservação de

áreas verdes (pequena proporção em relação à área total da região) e as com riscos

geológicos.

Um fato curioso é que o sistema de transporte coletivo atende mais os habitantes e usuários

da região no sentido Luxemburgo, o que implica dos ônibus da linha 9104 vencer as

ladeiras locais, algo que a princípio resultaria na ineficiência desse serviço. Outra situação

interessante é que as áreas com altas taxas de declividades se encontram ocupadas em

maior proporção por edificações residenciais multifamiliares, o que pode trazer um grande

risco para os residentes quanto aos problemas de erosão do solo com o desmatamento da

vegetação local e de deslizamentos de terra em período de chuva.

Ao compararmos o mapa-síntese de Pontecial de Adensamento de Ocupação com o mapa-

tema de Ocupação do Solo Urbano, observa-se que áreas com nível médio a alto de

potencialidade são ocupadas por edificações residenciais multifamiliares, sendo que as

com nível alto de potencialidade são ocupadas por edificações residenciais unifamiliares e

comércio horizontal, as quais sob nosso ponto de vista podem sofrer modificações futuras

quanto a esse uso e ocupação praticados frente à valorização do bairro pela especulação

imobiliária. Em relação ao mapa-tema de Itinerários de ônibus, esta variável não tem

qualquer influência sobre o potencial de adensamento da região, pois há áreas que tem

nível médio a alto de potencialidade e não contam com o atendimento desse tipo de

serviço.

A partir da leitura do mapa-síntese de Conflito Lei de Uso e Ocupação do Solo x Potencial

de Ocupação feita em conjunto com os mapas-tema referente à ocupação praticada na

região e da própria lei vigente, verificamos que onde há conflitos pelo fato desta não

incentivar o uso, são áreas determinadas como ZPAM (Zona de Proteção Ambiental) que

se encontram, apesar disso, parcialmente ocupadas por edificações residenciais multi e

unifamiliares. Em relação aos gráficos referentes às declividades, onde há conflitos pelo

fato da lei incentivar o uso, inadequadamente, são áreas que em grande parte de sua

extensão contam com altas taxas de declividades, e que conseqüentemente são

inapropriadas para fins urbanos.

8.CONCLUSÃO

As questões urbanas envolvem fatores econômicos, políticos e sociais de grande

dinamismo e complexidade, o que sob a atual ótica pós-modernista no urbanismo brasileiro

tende a exigir de nossa parte uma visão holística e não atomística da realidade; ou seja, tal

assunto deve ser estudado de forma mais subjetiva, considerando os fatos e as

características inerentes a cada espaço analisado sob um contexto técnico multidisciplinar

que inclua a participação da comunidade local, e assim conseqüentemente teremos uma

percepção mais empírica do conjunto complexo que é uma cidade, algo de extrema

importância nas decisões e propostas a serem tomadas frente às situações caóticas urbanas.

Dentro dessa visão atual sobre o espaço urbano como algo dinâmico e complexo, o

Geoprocessamento foi o melhor sistema metodológico para desenvolvermos as análises

urbanas aqui propostas, pois nessa ciência encontramos conciliadas as técnicas da

Cartografia Temática com os softwares dos Sistemas Informativos Geográficos (SIG).

Assim foi possível com maior agilidade adquirir e armazenar dados tanto cartográficos

quanto alfanuméricos, e ainda criar associações espaciais e lógicas entre esses dados, cujos

resultados não só identificaram como simularam fenômenos e fatos urbanos da região

analisada.

Com o software MICROSTATION 95, foi possível de maneira precisa e rápida registrar o

mosaico de aerofotos correspondente ao bairro Luxemburgo com base na malha viária

georreferenciada de Belo Horizonte, porém as imagens não possuem correção geométrica e

ortocorreção, o que não impossibilitou na sua utilização como referência para a elaboração

do mapa-tema de Ocupação do Solo Urbano. Também possibilitou o processo de produção

do Modelo Digital de terreno (MDT) a partir dos dados plani-altimétricos da região, e

conseqüentemente a produção do mapa-tema de Declividades.

Na elaboração dos mapas-tema, o referido software permitiu que dados adquiridos,

independente da fonte de origem, fossem facilmente armazenados e manipulados conforme

a representação particular de cada variável, não havendo qualquer dificuldade em atualizá-

los e mesmo complementá-los com novas informações.

Com o software SAGA-UFRJ pudemos criar associações espaciais e lógicas entre os dados

referentes à região, cujos resultados nos permitiram avaliar como o relevo local interfere

no uso e ocupação praticados e no funcionamento do serviço de transporte coletivo,

identificar os conflitos entre as potencialidades de adensamento da região e os parâmetros

de usos determinados lei municipal 8137/2000 de Uso de Ocupação do Solo Urbano.

Ainda pudemos também obter uma visão global dos problemas e mesmo a simulação das

tendências futuras das mudanças físico-espacial do uso e ocupação da região, por meio dos

mapas-síntese produzidos.

Diante do presente trabalho desenvolvido, acreditamos que este seja um princípio

incentivador de futuros estudos urbanos, nos quais haja discussões referentes às relações

entre o relevo e a ocupação praticada em uma região e mesmo em cidades inteiras e como

a legislação vigente interfere nesse contexto como norma reguladora. Provavelmente a

partir desses estudos surgirão novas propostas de adaptação e mesmo de alteração das

atuais legislações urbanísticas frente à dinâmica urbana.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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