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Patrícia Engel Secco Ilustrações: Fábio Sgroi

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Patrícia Engel Secco

Ilustrações:

Fábio Sgroi

Texto Patrícia Engel Secco

IlustraçõesFábio Sgroi

Projeto Gráfico e DiagramaçãoVerbo e Arte Comunicação

RevisãoTrisco Comunicação

Revisão GeralDuke Energy

Coordenação Gráfica e EditorialLer é Fundamental Produções e Projetos

RealizaçãoSecco Assessoria Empresarial

ConcepçãoPatrícia Engel Secco

AGOSTO 2012

www.reciclick.com.br

Patrícia Engel SeccoIlustrações:

Fábio Sgroi

ssim que o carro parou na entrada da cháca-ra do vovô Gonzaga, Guilherme abriu a porta e saiu correndo.

– Ei, mocinho, que tal uma ajuda? – Desculpe, pai! – respondeu o menino,

dando meia-volta para abrir a porteira. – É que eu estou com pressa… A Aninha está me esperando e nós temos coi-sas muito importantes para fazer hoje!

– Nossa! – exclamou o pai. – E o que vocês estão plane-jando?

– Muitas aventuras! – respondeu Guilherme, que, sem nem olhar para trás, saiu correndo em direção à casa dos avós.

Mas no meio do caminho Guilherme encontrou Matilda, uma cadelinha vira-lata esperta e muito inteligente, inse-parável companheira de sua prima, Aninha, que estava vin-do logo atrás, com seu avô.

– Ei! Que bom que você chegou! Eu já não aguentava mais esperar! Vocês demoraram muito! – disse a menina.

– Pois é, eu bem que falei para o papai que estávamos atrasados! – exclamou Guilherme, afobado.

– Atrasados? Como assim? Não são nem oito horas da manhã... E vocês bem sabem que tem uma deliciosa mesa de café da manhã esperando por vocês, com bolo, pães, fru-tas e leite! – disse o vovô Gonzaga, dando um grande abra-ço no neto. – Vamos até lá embaixo e assim conversamos um pouquinho na varanda, olhando a represa…

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Sem saber o que fazer ou dizer, as crianças se entreolha-ram. Elas realmente estavam com pressa, e, apesar de deli-cioso, o café da manhã da vovó era sempre bem demorado. Não ia dar tempo!

– Vovô, não se preocupe! Eu já tomei café e trouxe um pedaço de bolo de cenoura para o Gui – disse Aninha. – Te-mos um assunto muito sério para resolver… – continuou ela, dando um beijo carinhoso no avô e saindo, meio de fi-ninho, meio correndo, de mãos dadas com o primo querido.

– Manda um beijo pra vovó! – gritou Guilherme de longe.O dia estava apenas começando, mas prometia ser lindo.

A represa, calma como um espelho, refletia em suas águas a mata ao redor.

– Que delícia! – exclamou o menino, sentando-se com Matilda embaixo de uma árvore. – A chácara do vovô é o lugar mais lindo do mundo, você não acha?

– Claro que sim! – respondeu Aninha. – E é justamente por gostar tanto desta chácara e da represa que eu pedi a sua ajuda!

– Então, pronto, estou aqui! Pode me contar tudo o que está acontecendo – disse o menino, fazendo carinho em Matilda. – Mas, antes, faça o favor de passar o meu pedaço de bolo!

– É pra já! E é bom você estar com fome, porque tem também uma maçã e alguns biscoitos! – disse a menina, sentando-se ao lado do primo e entregando a ele uma trou-xinha, feita com um guardanapo de pano.

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– Hum! Perfeito! – exclamou Guilherme, feliz.– É, o bolo da vovó é especial mesmo! Mas trate de co-

mer bem rapidinho porque eu não disse que estava com pressa de brincadeira não! – disse Aninha, afobada. – Os mexilhões dourados estão chegando e nós precisamos fa-zer alguma coisa!

– Legal! Tô dentro! – exclamou Guilherme, com a boca cheia de bolo. – Vamos pedir para a vovó fazer mais bolo de cenoura...

– Ficou maluco, Gui? Do que é que você está falando? – perguntou Aninha.

– Ora, dos mexilhões dourados! – respondeu o menino. – Você não disse que eles estão chegando? Para recepcioná-los, nada melhor do que uma festinha com bolo, brigadeiro…

– Gui, que festa o quê! – fez Aninha. – Esses mexilhões estão infestando a nossa represa… Eles vieram da Ásia, causam uma série de transtornos!

– Nossa! Eu nunca iria imaginar que um mexilhão dou-rado pudesse criar problemas. Sei lá, achei que por serem dourados eles fossem especiais… – disse Guilherme, pen-sativo.

– Mas eles são especiais... Um problema especial! – dis-se Aninha. – Sabe, eu ouvi o vovô dizer para o meu pai que eles vieram da Ásia trazidos por navios e que entra-ram no Brasil lá pelo sul do país. Entretanto, como vieram de fora, não têm inimigos naturais por aqui e, por essa

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razão, estão se espalhando por todos os lugares. Soltam suas larvas nas águas da represa, crescem rapidamente e, num piscar de olhos, acabam surgindo em todos os luga-res: nas tubulações, nos balneários, no casco dos barcos dos pescadores...

– Nossa, Aninha, se esse tal mexilhão dourado fica gruda-do em tudo quanto é lugar, com certeza deve estar causando sérios problemas nas usinas hidrelétricas – disse Guilherme, pensativo. – Mas o que a gente pode fazer por isso?

– Eu não sei! Mas sei que ficar de braços cruzados não vai ajudar em nada… – exclamou a menina. – E, sério, eu não vou achar graça nenhuma se a nossa prainha ficar cheia desses moluscos!

Por alguns segundos, as crianças ficaram quietas, olhan-do uma para a outra, até que Matilda, talvez incomodada pelo silêncio dos dois, levantou-se e começou a latir. De-pois, sem mais nem menos, fingiu-se de morta.

– Rá-rá-rá! Que engraçadinha a Matilda! – exclamou Gui-lherme. – Fazendo truques e tudo! Quem ensinou isso pra ela?

– Sei lá, acho que foi a vovó! Ela oferece um biscoito e a Matilda dança, oferece outro e ela rola no chão! Uma gra-ça, você precisa ver, ela é muito esperta, aprende rapidinho tudo o que a vovó ensina.

– É isso! É isso que precisamos fazer! – gritou Gui, fican-do de pé. – Boa, Matilda! Você é, sem dúvida, a cachorrinha mais esperta do mundo!

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– Espere aí, um pouquinho só! – disse Aninha. – Tudo bem que eu estou meio afobada, apressada, mas… Acho que eu perdi alguma parte da nossa conversa, pois, até onde eu me lembro, a gente não sabia o que fazer para combater os mexilhões dourados. Aí a Matilda começa a fazer truques e você diz que está tudo resolvido. Você pode explicar melhor?

– Muito simples… A Matilda mostrou que podemos combater os mexilhões dourados ensinando as pessoas – explicou Gui. – Deve ter muita gente por aí que não sabe nada a respeito desses bichos… Eu mesmo nem sabia que eles existiam! Então, se a gente conseguir contar para todo mundo que os mexilhões dourados são um problema sério, quem sabe não surge uma solução? Sei lá, talvez os pesca-dores comecem a higienizar melhor os barcos… Não é uma boa ideia?

– Ótima! Adorei! E podemos começar agora mesmo, conversando com aquele moço que está pescando ali! – disse Aninha, acariciando Matilda. – O seu José é amigo do vovô e, como onde ele mora a pesca é proibida, acaba vindo pescar aqui para não prejudicar a biodiversidade da represa…

– Hum? Como é que é? Bi... o quê?– Biodiversidade, a diversidade de vida que existe na

represa – respondeu Aninha. – Lá onde o seu José mora é uma região na qual os peixes costumam se reproduzir,

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fundamental para a reposição das espécies que vivem nas barragens, represas e rios! Então, de maneira a respeitar a lei e não agredir a natureza, ele acaba vindo nos visitar sempre… O que é muito bom, pois o seu José é muito baca-na. Vamos lá falar com ele?

Em minutos, as crianças já estavam às margens da re-presa, acompanhadas pela simpática Matilda, que, claro, foi imediatamente fazer festa para o pescador.

– Olá! Lindo dia para aproveitar a represa! – disse o pescador.

– Bom dia, seu José! Como está a pesca por aqui? – per-guntou Aninha, educadamente.

– Muito boa! Já garanti o almoço! – respondeu ele. – Mas o lugar aqui é tão agradável que eu estava fazendo uma horinha, aproveitando a natureza e vendo o tempo passar, à sombra das árvores e na companhia dos animai-zinhos da mata.

– Pois é, eu também adoro a mata às margens da repre-sa! – disse Guilherme. – O vovô me disse que essa vegeta-ção é muito, muito importante, pois protege o solo e o rio, exatamente como os cílios protegem os nossos olhos. Por esse motivo, é chamada de mata ciliar.

– Uau! Gostei de ver! – exclamou Aninha. – Pelo visto, aquele passeio que vocês fizeram para plantar mudas na-tivas aqui na represa foi muito interessante... Pena que eu não pude participar!

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– É, foi ótimo – disse Guilherme. – Os vizinhos se uniram e plantaram muitas mudas de ipê, cedro, embaúba, goia-beira, jabuticabeira, pitangueira e tantas outras espécies. Eu adorei, não vou esquecer jamais!

– E vocês fizeram um ótimo trabalho! Mas, infelizmente, em alguns lugares isso não acontece – disse o pescador. – Sei bem disso porque lá pra baixo, no braço da represa, são tantas as cabeças de gado que pastam perto da água que a terra acabou escorregando, transformando tudo em um lamaçal... Uma tristeza! Sem contar que agora a água por lá está sem qualidade alguma, poluída e barrenta.

– Nossa, triste mesmo! – exclamou Aninha. – E nin-guém faz nada para impedir que destruam as margens da represa?

– Sim, claro! Existem regras para a utilização da água para matar a sede de animais – disse seu José. – Da mes-ma forma que existem regras para a pesca, para o turismo, para as construções etc., as quais devem ser seguidas para proteger não só o reservatório mas também a natureza e, principalmente, as pessoas que vivem, trabalham e se di-vertem por aqui. Mas, se não tomarmos cuidado, nossas ações podem ter consequências sérias...

– Como assim? – perguntou Aninha.– Por exemplo: não devemos pescar no período da pira-

cema, que é quando os peixes se reproduzem – disse seu José, pacientemente. – Entretanto, se desrespeitarmos as

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regras, o problema será muito maior do que uma simples multa: estaremos prejudicando o ciclo de vida de determi-nadas espécies de peixes.

– Nossa! – exclamou Guilherme. – Eu nunca tinha pen-sado nisso!

– E tem mais! Nadar, pescar ou até mesmo andar de barco nas áreas de restrição, ou seja, perto da barragem, é muito perigoso – continuou seu José. – Alguns colegas, pescadores, acabam invadindo essas áreas por achar que há mais peixes por lá, mas com isso correm sérios riscos, inclusive de ser pegos por um redemoinho ou por uma tomada d’água. O que eles não sabem é que, em vez de correr riscos, seria mui-to mais fácil cuidar da represa, não jogando lixo e exigindo dos políticos o tratamento dos esgotos. Assim, as águas do reservatório terão sempre boa qualidade e não faltarão pei-xes... Aliás, não sei se vocês sabem, mas existe um programa muito interessante que o pessoal da usina hidrelétrica faz em sua piscicultura na cidade de Salto Grande, com soltura de alevinos e tudo o mais!

– Alevinhos? Mas o que é isso? – perguntou Aninha.– Alevinos, filhotinhos de peixe! – explicou seu José. –

Criados especialmente para serem soltos ao longo do rio Paranapanema.

As crianças se entreolharam. Afinal de contas, não espe-ravam que seu José soubesse tanta coisa sobre a represa. Aquela conversa estava sendo surpreendente.

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– Nossa, seu José, como é que o senhor sabe tantas coi-sas? – perguntou Guilherme.

– É que minha família vive na região há muito tempo, antes mesmo da formação da represa – disse seu José. – Meu pai até trabalhou nas obras, garantindo que os ani-mais silvestres que moravam nas áreas que foram alagadas encontrassem novos abrigos. Já eu, trabalho há mais de 20 anos na usina, que, além de produzir energia elétrica para milhões de lares em todo o estado, desenvolve programas que cuidam da natureza. Por isso, prezo tanto a preserva-ção do reservatório...

Nesse momento, Matilda, que estava feliz da vida rece-bendo carinho de todos, começou a latir novamente.

– Acho que ela está querendo dizer alguma coisa... – dis-se Guilherme.

– Claro que está! – exclamou Aninha. – Ela está nos lembrando que precisamos conversar sobre os mexi-lhões dourados! Foi por causa deles que viemos falar com o seu José!

– Mas que coincidência! O seu avô me convidou para al-moçar na chácara hoje, justamente para discutirmos o que pode ser feito para combater essa praga! – disse seu José.

– Ué, achei que o senhor ia comer o peixe que acabou de pescar... – disse Guilherme.

– E vai! – disse uma voz conhecida, vinda do meio da mata. E é justamente por isso que eu vim até aqui, para cha-

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mar o amigo José para uma prosa na varanda e, é claro, levar o peixe para ser preparado – disse o vovô Gonzaga. – Vamos?

As crianças mal puderam acreditar no que estava acon-tecendo. Conversar ao mesmo tempo com o vovô e com seu José sobre os tais mexilhões dourados e também sobre os cuidados com a represa seria muito interessante... E um en-contro muito especial!

E foi! O almoço nem tinha acabado e tanto o vovô Gonzaga

quanto seu José já tinham concordado plenamente com a ideia das crianças, quer dizer, de Matilda:

– O melhor a fazer no caso dos mexilhões é educar! – ex-clamou seu José.

– Isso mesmo! Precisamos contar pra todo mundo como os tais moluscos podem prejudicar a nossa região. E, se pelo menos alguns cuidados básicos forem tomados, como a higienização das embarcações que sobem o rio Paranapa-nema, a infestação poderá ser contida ou ao menos retar-dada até que uma solução melhor seja encontrada – disse o vovô Gonzaga, bastante satisfeito.

Além disso, Aninha e Guilherme perceberam que exis-tiam muitas e muitas informações importantes sobre a represa que também deveriam ser ensinadas, para todo mundo, inclusive para as crianças.

– Todos precisam compreender que a preservação da região da represa depende de cada um de nós! – disse Guilherme.

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– Exato! E, justamente para contar para todo mundo tudo o que nós aprendemos sobre a represa, eu decidi que vamos precisar de um livro... – disse Aninha.

– Um livro? Como assim? – perguntou Guilherme.– Um livro, ora bolas! Um livro bem lindo, que podere-

mos distribuir para todas as crianças da região com dicas e cuidados para quem vive, trabalha e se diverte na área da represa – respondeu a menina.

– Um livro, que ideia boa! – exclamou Guilherme. – Mas quem vai escrevê-lo?

– Bom, eu, você e... – disse a menina, que não conseguiu terminar a frase, pois foi interrompida pelos latidos de uma certa cachorrinha.

– ...a Matilda, claro! – disseram todos ao mesmo tempo.

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A Duke Energy iniciou suas operações no Brasil em 1999, após a aquisição da Companhia de Geração Elétrica Paranapanema (antiga CESP) e passou a responder pela gestão de oito usinas hidrelétricas instaladas ao longo do rio Paranapanema: Jurumirim, Chavantes, Salto Grande, Capivara, Taquaruçu, Rosana, Canoas I e Canoas II (estas últimas operadas em consórcio com a Companhia Brasileira de Alumínio – CBA). Com capacidade total instalada de 2.241 MW, a companhia é considerada uma das maiores geradoras privadas de energia do país, sendo atualmente responsável pela geração de 2,3% da energia no Brasil.Conheça mais sobre a companhia visitando o site www.duke-energy.com.br