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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - PNAP PATRÍCIA DIAS RIBAS Análise do perfil dos usuários de procedimentos endovasculares na região Centro-Sul Fluminense no ano de 2014 Três Rios 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - PNAP

PATRÍCIA DIAS RIBAS

Análise do perfil dos usuários de procedimentos endovasculares na região

Centro-Sul Fluminense no ano de 2014

Três Rios

2015

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PATRÍCIA DIAS RIBAS

Análise do perfil dos usuários de procedimentos endovasculares na região

Centro-Sul Fluminense no ano de 2014

Trabalho Final de Curso apresentado à Coordenação de

Administração Pública, modalidade semipresencial, do

Instituto de Ciências Humanas e Sociais da

Universidade Federal Fluminense, como requisito

parcial a obtenção do título de Bacharel em

Administração Pública sob coordenação do Professor

Dr. Ricardo Thielmann.

Três Rios

2015

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RESUMO

A política de atenção à média e alta complexidade dos procedimentos endovasculares não está

desvinculada da rede de assistência, haja vista que a alta demanda pode refletir cuidados

inadequados na atenção básica. O encaminhamento das solicitações destes tipos de

procedimentos ocorre através de regulação sendo necessário avaliar se o processo atual

cumpre o papel proposto na garantia do acesso à realização de tais procedimentos. O objetivo

deste trabalho é avaliar o perfil dos usuários de procedimentos endovasculares na região

Centro-Sul Fluminense constantes do processo regulatório das solicitações inseridas no

sistema Estadual de Regulação (SER) de forma a possibilitar a melhoria da gestão pública na

elaboração de projetos para avaliação, retroalimentação, retificação e reorientação das

políticas e planejamentos da nossa região, como o ajuste da pactuação programada e o

investimento de recursos para a promoção da saúde e qualidade de vida da população a fim de

reduzir fatores de risco. A metodologia utilizada foi uma pesquisa de natureza descritiva com

abordagem qualitativa e quantitativa, através de dados extraídos do Sistema Estadual de

Regulação do Estado do Rio de Janeiro no ano de 2014. Ao avaliar as solicitações por

município em números absolutos os municípios: Miguel Pereira, Vassouras e Mendes foram

os maiores solicitantes. Contudo, se considerarmos o percentual de procedimentos realizados

x população de cada cidade, Mendes se destacou com uma quantidade considerável de

solicitações (0,10). O exame de arteriografia é um pré-requisito diagnóstico para a realização

de angioplastias e, dos 11 municípios da nossa região, 06 não a realizaram de forma

correspondente ao número de angioplastias realizadas e isto decorre da dificuldade de

realização de exames obrigatórios prévios pelas Secretarias de Saúde Municipais. A

quantidade de dias aguardando confirmação de reserva decorre da dificuldade anterior e da

falta de contato com as Unidades Executantes e, apenas um município apresentou resultados

satisfatórios. O estudo evidenciou que 53,33% dos pacientes submetidos à arteriografia são do

sexo feminino e 64,44% dos pacientes submetidos à cirurgia endovascular são do sexo

masculino e que o maior número de procedimentos esteve concentrado entre pacientes de 60 a

69 anos (36%). Estes resultados fornecem o perfil dos pacientes que necessitam de maior

atenção por parte das Secretarias de Saúde Municipais, além das deficiências de gestão no

tocante à realização dos exames obrigatórios constantes nos protocolos clínicos necessários

para que o processo regulatório seja efetuado, além de buscar provocar reflexões sobre

possibilidades de construção de um modelo de atenção e de gestão para o sistema público de

serviços de saúde com possíveis incorporações de novas práticas de assistência amparadas em

uma gestão que compartilhe informações que subsidiem a gestão visando melhorar a

qualidade visando uma atenção mais resolutiva e humanizada.

Palavras-chave: procedimentos endovasculares, Gestão Pública, Central de Regulação, Perfil.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CREG CSF – Central de Regulação Estadual Centro-Sul Fluminense

SUS – Sistema Único de Saúde

PPI – Programação Pactuada Integrada

NOAS – Norma Operacional de Assistência à Saúde

SER – Sistema Estadual de Regulação

CIR – Comissões Intergestores Regional

CIB – Comissão Intergestores Bipartite

SIGTAP – Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS

AIH – Autorização de Internação Hospitalar

PDR– Plano Diretor de Regionalização

SUS – Sistema único de Saúde

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 – Código e descrição dos procedimentos..................................................................21

Tabela 1:- População residente.................................................................................................18

Tabela 2 – Procedimentos realizados x população...................................................................20

Tabela 3 - Média de dias aguardando confirmação de reserva por tipo de procedimento........24

Tabela 4 – Quantidade de procedimentos realizados x sexo do paciente.................................25

Tabela 5 - Distribuição dos pacientes por sexo e faixa etária...................................................25

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Mapa da região Centro-Sul Fluminense..................................................................16

Gráfico1 - Quantidade de arteriografias x cirurgias endovasculares realizadas.......................22

Gráfico 2 – Média de dias aguardando confirmação de reserva por município.......................23

Gráfico 3 – Solicitações canceladas por município..................................................................25

Gráfico 4 – Distribuição dos pacientes por sexo e faixa etária.................................................26

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................7

2. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E POLÍTICA NACIONAL DE

REGULAÇÃO......................................................................................................................9

3. COMPLEXO REGULADOR COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO E

GESTÃO.............................................................................................................................12

4. CENTRAIS DE REGULAÇÃO.........................................................................................14

4.1. CENTRAL DE REGULAÇÃO CENTRO-SUL FLUMINENSE...............................16

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................................19

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................20

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................28

REFERÊNCIAS........................................................................................................................30

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1 INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988 define que a rede de assistência do Sistema Único

de Saúde deve ser organizada de forma regionalizada e hierarquizada, garantindo os

princípios de universalidade, equidade e integralidade da assistência.

A programação da assistência à saúde deve iniciar a partir das ações básicas em

saúde para estabelecer uma relação de ações de maior complexidade tecnológica,

fundamentando os patamares mínimos de demanda orientada pelos problemas e estratégias da

Atenção Básica, tanto na dimensão assistencial quanto na promoção e prevenção.

Sendo assim, a Atenção de Média Complexidade abrange um conjunto de ações e

serviços ambulatoriais e hospitalares destinados ao atendimento dos principais problemas de

saúde da população, cuja prática clínica demanda a disponibilidade de profissionais

especializados e uso de recursos tecnológicos de apoio diagnóstico e terapêutico, que não

justifique a sua oferta em todos os municípios do país (MS, 2002).

A política de atenção à Média e Alta Complexidade, inclusive internação em

Unidade de Terapia Intensiva, não está desvinculada da rede de assistência porque a demanda

alta para aquela instância pode refletir cuidados inadequados na Atenção Básica. Um serviço

de saúde é demandado tanto pela oferta desse serviço quanto pelas carências enfrentadas pelo

usuário nas ofertas de serviços sanitários, habitacionais, etc.

O SUS determina desde sua implantação a responsabilidade pela qualidade das

ações de saúde nas diferentes esferas da gestão e com o Pacto pela Saúde, reafirma a

corresponsabilidade dos gestores no planejamento e a importância na descentralização de

modo regionalizado das ações administrativas e assistenciais de saúde (MS, 2006a).

O processo de regionalização engloba a divisão do território estadual tendo como

base as características locais, a situação de saúde da população, a oferta e o acesso aos

serviços, requerendo do poder público o desenvolvimento de sua capacidade sistemática em

responder às diferentes demandas de saúde em seus diversos níveis e etapas do processo de

assistência. Nesse contexto, há a organização de redes articuladas e resolutivas de serviços,

mediante o desenvolvimento do processo de programação integrada, a implantação de

Centrais de Regulação, o fortalecimento do controle e avaliação e a organização de consórcios

intermunicipais (MS, 2001).

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Políticas públicas em saúde devem ser fundamentadas em informações objetivas

respaldadas por evidências científicas. As informações provenientes de dados são

fundamentais para responder as necessidades atuais da gestão do SUS.

A Central de Regulação é uma estrutura que compreende toda a ação através do

processo regulatório. Desta forma, é ela que recebe as solicitações dos procedimentos, avalia,

processa e agenda, garantindo o atendimento integral com agilidade e qualidade aos usuários

do Sistema Único de Saúde (NASCIMENTO, 2009).

Os procedimentos endovasculares regulados pela Central de Regulação são:

arteriografias e as cirurgias endovasculares.

O presente trabalho pretendeu descrever e comparar, mediante análise dos dados

do sistema estadual de regulação as características das solicitações de procedimentos

endovasculares realizadas pela Central de Regulação Centro-Sul Fluminense (CREG CSF),

no período de janeiro a dezembro de 2014, com relação ao ciclo de internamento (solicitação,

regulação, aguardando confirmação de reserva, reservado e alta), identificando o perfil dos

usuários e possíveis entraves no processo.

Identificou-se uma demora importante entre o período de solicitação e a efetiva

execução do serviço. Tal fato nos chamou atenção para três questões: (i) por que tantas

solicitações não são executadas; (ii) qual o perfil dos usuários que realmente realizam o

procedimento e; (iii) existe alguma tendência nas solicitações por município? Infelizmente, a

resposta para a primeira questão não é simples de ser encontrada, visto que demandaria um

diálogo direto com as Secretarias de Saúde dos municípios dos usuários, ou até mesmo com

os próprios médicos e pacientes, e não haveria tempo hábil para a publicação dos resultados

neste trabalho. Em razão disto, focaremos apenas nas outras duas questões.

Esta análise pretendeu instigar a elaboração de projetos para avaliação,

retroalimentação, retificação e reorientação das políticas e planejamentos da região Centro-

Sul Fluminense, como o ajuste da pactuação programada, o investimento de recursos para a

promoção de saúde e qualidade de vida da população a fim de reduzir fatores de risco e um

programa de capacitação efetivo para todos os atores inseridos neste processo.

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2 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E POLÍTICA NACIONAL DE

REGULAÇÃO

Em 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi instituído pela Seção II do

Capítulo II da Constituição da República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988). Consiste em

um conjunto de ações e serviços de saúde prestados pela iniciativa pública (federal, estaduais

e municipais) e pela iniciativa privada – de maneira complementar. Representa um marco no

campo das conquistas sociais e renova o olhar para o conceito de saúde. De acordo com o

artigo 196 da Carta Magna, “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante

políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e

ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e

recuperação”.

O texto também prevê, no artigo 198, que:

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e

hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as

seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada esfera de

governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas,

sem prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade (CF, 1988,

p131).

Nesse sentido, o artigo 7° da lei nº. 8.080/90 complementa o que já havia sido

estabelecido pelo artigo supracitado, especificamente no que se refere aos princípios

norteadores da política de saúde, a saber:

I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;

II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das

ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada

caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III - preservação da autonomia

das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - igualdade da assistência

à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - direito à

informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - divulgação de informações

quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII -

utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de

recursos e a orientação programática; VIII - participação da comunidade; IX -

descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de

governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b)

regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; X - integração em

nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; XI -

conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de

assistência à saúde da população; XII - capacidade de resolução dos serviços em

todos os níveis de assistência; e XIII - organização dos serviços públicos de modo a

evitar duplicidade de meios para fins idênticos (BRASIL, 1990a).

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Na busca pelo funcionamento pleno do SUS, várias Normas e Portarias vêm

sendo publicadas com a finalidade de definir estratégias de aperfeiçoamento dos princípios e

diretrizes previstos pela Constituição de 1988 e a Lei nº 8.080/90.

Em 1996, a Norma Operacional Básica do SUS (NOB 01/96), aprovada pela

Portaria nº 1.742/96, propõe, entre outros tópicos, a elaboração da Programação Pactuada e

Integrada (PPI) visando facilitar e organizar o acesso da população aos serviços de saúde,

assegurando que os recursos baseados na concepção de regiões de saúde fossem mais bem

aproveitados através de uma organização de redes e um planejamento das ações não

ocorressem de forma fragmentada.

O emprego da PPI também foi explorado pela Norma Operacional de Assistência

à Saúde (NOAS-SUS 01/2002) e pela Portaria nº 399/06. A PPI é o resultado de um processo

que objetivou definir a programação das ações de saúde em cada território e nortear a

alocação de recursos financeiros para a saúde a partir de parâmetros e critérios pactuados

entre os gestores, de acordo com as diretrizes estabelecidas do Plano diretor de

Regionalização (PDR). A PPI deve discriminar os pactos de referência entre municípios,

gerando a parcela de recursos destinados à própria população e à população referenciada (MS,

2006a).

Com a intensificação dos processos de hierarquização, regionalização e

descentralização do SUS e a necessidade de garantia de acesso integral e universal aos

serviços de saúde, fez-se imprescindível maior integração das redes e, consequentemente,

maior organização das atividades de controle, avaliação, regulação e auditoria no âmbito do

Sistema Único De Saúde. Nesse contexto, foi aprovada pela Portaria nº 95/01 a NOAS-SUS

01/2001, que atualiza a regulamentação da assistência determinando, inclusive, estratégias de

regulação da assistência:

40 - Ao gestor do SUS responsável pelo relacionamento com cada unidade,

conforme sua condição de habilitação e qualificação, cabe programar e regular a

oferta de serviços e seu acesso de acordo com as necessidades identificadas. 40.1 –

A regulação da assistência deverá ser efetivada por meio da implantação de

complexos reguladores que congreguem unidades de trabalho responsáveis pela

regulação das urgências, consultas, leitos e outros que se fizerem necessários. 41 - A

regulação da assistência, voltada para a disponibilização da alternativa assistencial

mais adequada à necessidade do cidadão, de forma equânime, ordenada, oportuna e

qualificada, pressupõe: A - a realização prévia de um processo de avaliação das

necessidades de saúde e de planejamento/programação, que considere aspectos

epidemiológicos, os recursos assistenciais disponíveis e condições de acesso às

unidades de referência; B – a definição da estratégia de regionalização que explicite

a responsabilização e papel dos vários municípios, bem como a inserção das

diversas unidades assistenciais na rede; C – a delegação de autoridade sanitária ao

médico regulador, para que exerça a responsabilidade sobre a regulação da

assistência, instrumentalizada por protocolos técnico-operacionais; D – a definição

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das interfaces da estratégia da regulação da assistência com o processo de

planejamento, programação e outros instrumentos de controle e avaliação.

A utilização do Complexo Regulador/Centrais de Regulação também foi

revisitada pelo Pacto pela Saúde, em 2006 (MS, 2006a). As atividades diárias praticadas pelas

Centrais de regulação são definidas pelo processamento da demanda da solicitação de

procedimentos. O acesso dos serviços disponibilizados pelas Centrais deve considerar as

questões clínicas e o cumprimento de protocolos estabelecidos de forma a oferecer a

alternativa assistencial mais adequada ao caso. Os protocolos clínicos tratam da forma de

intervenção por patologia para auxiliar as decisões terapêuticas. Os protocolos operacionais

visam ordenar o fluxo de pacientes entre os níveis de complexidade, definindo os limites

resolutivos de cada um deles (MS, 2006b).

Mais tarde foi instituída a Política Nacional de Regulação do Sistema Único de

Saúde pela Portaria GM/MS nº 1.559/08 (MS, 2008) que, no inciso III do artigo 2º, explicita

as obrigações das Centrais de Regulação (do acesso à assistência).

Regulação do Acesso à Assistência: também denominada regulação do acesso ou

regulação assistencial, tem como objetos a organização, o controle, o gerenciamento

e a priorização do acesso e dos fluxos assistenciais no âmbito do SUS, e como

sujeitos seus respectivos gestores públicos, sendo estabelecida pelo complexo

regulador e suas unidades operacionais e esta dimensão abrange a regulação médica,

exercendo autoridade sanitária para a garantia do acesso baseada em protocolos,

classificação de risco e demais critérios de priorização (MS, 2008).

Sendo assim, é notável que as atividades dentro de uma Central de Regulação só

são possíveis mediante a elaboração de fluxos e protocolos clínicos e de regulação,

respeitando a PPI e as características da região de saúde, visando o acesso universal, integral e

igualitário aos serviços, conforme previsto no artigo 13 do Decreto 7.508/2011:

Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário e ordenado às ações e

serviços de saúde do SUS, caberá aos entes federativos, além de outras atribuições

que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores: I - garantir a

transparência, a integralidade e a equidade no acesso às ações e aos serviços de saúde;

II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de saúde; III - monitorar o

acesso às ações e aos serviços de saúde; e IV - ofertar regionalmente as ações e os

serviços de saúde.

Por tudo exposto, é possível afirmar que o trabalho realizado pelas Centrais de

Regulação se faz fundamental para o efetivo funcionamento do SUS, contribuindo para a

estruturação das redes hierarquizadas e articulando ações e serviços a fim de otimizar o

atendimento às demandas.

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3 COMPLEXO REGULADOR COMO INSTRUMENTO DE

AVALIAÇÃO E GESTÃO

A expressão “regulação” é utilizada quando se refere a serviços que funcionam

sob concessão do Estado para suprir necessidades da população. Hoje em dia existem várias

agências reguladoras nos setores de petróleo, energia elétrica, saúde pública, saúde

suplementar, entre outros. Regulação pressupõe a existência de um sistema que funciona a

partir da regulação de regras e parâmetros acordados entre as partes executoras e reguladoras.

Estes parâmetros podem estar relacionados à satisfação do consumidor ou ao atendimento das

necessidades mais prementes de uma população (SILVA, 2004).

Os três níveis de governo da federação devem ter autoridade sobre os prestadores

de serviços públicos, regulando suas atividades de forma a garantir para os cidadãos um

atendimento de qualidade, gratuito e eficiente, de modo a reduzir os custos de operação do

sistema (ARRETCHE, 2003).

Castro (2002) ao pesquisar conceitos de economia e sua aplicação na área de

saúde, afirma que o papel do Estado como regulador da prestação de serviços assistenciais à

população é justificado pelas falhas de mercado. Desta forma, uma das atribuições

importantes dos gestores de saúde no país, não só na área pública, mas também na saúde

complementar é a gestão econômica de serviços assistenciais, públicos ou contratados.

Segundo o autor, a expectativa de vida da população aumenta à medida que são feitos

investimentos em melhorias das condições sanitárias e na implantação de avanços

tecnológicos que visam proporcionar novas formas mais eficazes de tratamento de doenças

crônico-degenerativas. Dessa visão decorre a importância de adequação das políticas públicas

de forma coerente e eficaz porque o aumento das necessidades normalmente não é

acompanhado por um proporcional aumento dos recursos públicos destinados a essa

finalidade.

Segundo Barreto (2004), a ampliação dos papeis do Estado na elaboração de

políticas e na regulação de uma série de parâmetros da vida social é de suma importância, pois

é função do Estado moderno regular e monitorar os afeitos adversos de uma gama complexa

de exposições naturais ou artificiais, diretamente relacionadas ao sistema de saúde (serviços,

vacinas, medicamentos, etc.) ou que podem ter implicações na saúde da população. Além

disso, é papel do Estado regular os meios de acesso da população às ações e serviços de

saúde.

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A percepção do sentido dado ao encaminhamento do processo de avaliação é

primordial para a efetividade da sua função de instrumento de atitudes decisórias que visam

oferecer um sistema mais equânime e humanizado (TANAKA E MELO, 2000).

A política de regulação aponta o funcionamento das Centrais de Regulação como

estratégia cooperativa dentro da implementação do SUS de forma mais efetiva, promovendo

transformações no processo organizativo do sistema, nas práticas assistenciais, no modelo de

avaliação e de gestão. Isto, porque aproxima e detalha a disponibilidade de recursos,

redefinindo fluxos e reorientando acessos, além de estimular a capacitação dos trabalhadores

das Centrais de Regulação através de educação permanente.

Segundo Sinoel (2000), o complexo regulador “é o conjunto de estratégias e ações

definidas pelos agentes responsáveis pela formulação das políticas e pela produção de

serviços de saúde, necessários ao atendimento integral ao indivíduo. O complexo regulador

tem por pressupostos fundamentais a universalização do atendimento, a descentralização, a

regionalização e a hierarquização”.

Um plano de regulação assistencial define as estratégias e ações, para todos os

níveis do sistema, tendo em vista a organização efetiva de uma rede pública articulada

hierarquicamente, amparada em tecnologia resolutiva, a partir de bases macrorregionais de

gestão do sistema.

O complexo regulador é estadual e congrega um conjunto de centrais de regulação

divididas em macrorregiões. Tem como resultado de sua operação funcionar como um

observatório privilegiado dos serviços de saúde, ao trazer a informação da assistência à saúde

pela ótica da necessidade do usuário, ao produzir dados que visem a resolutividade real, com

informações importantes para subsidiar o planejamento e possibilitar mudanças na prestação

dos serviços assistenciais. Estas informações são de suma importância para o planejamento e

para a transformação da assistência (SINOEL, 2000).

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4. CENTRAIS DE REGULAÇÃO

Os municípios brasileiros possuem realidades muito distintas, com diferentes

modelos de organização e gestão, oferta de serviços e disponibilidade de recursos. Sendo

assim, é comum e imprescindível que gestores se articulem, atuando de maneira regionalizada

e estabelecendo regiões de saúde, para que seus munícipes sejam atendidos em outras

unidades quando seus recursos disponíveis não são capazes de atender demandas específicas.

“Como não são todos os que precisam, por exemplo, de cirurgias endovasculares, um hospital

com essa capacidade pode atender a toda uma região ou mesmo a um estado. Para tanto as

palavras chave são a organização, união e a parceria.” (MS, 2011)

Em 2002, o conceito de região de saúde foi definido pela NOAS 01/2002,

regulamentada pela Portaria MS/GM nº 373/2002. De acordo com o texto:

Região de Saúde - base territorial de planejamento da atenção à saúde, não

necessariamente coincidente com a divisão administrativa do estado, a ser definida

pela Secretaria Estadual de Saúde, de acordo com as especificidades e estratégias de

regionalização da saúde em cada estado, considerando as características

demográficas, socioeconômicas, geográficas, sanitárias, epidemiológicas, oferta de

serviços, relações entre municípios, entre outras. Dependendo do modelo de

regionalização adotado, um estado pode se dividir em macrorregiões, regiões e/ou

microrregiões de saúde.

O Decreto 7.508/2011 considera região de saúde um

“espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios limítrofes,

delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de

comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de

integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde”.

Tal Decreto define, no artigo 5º, que:

Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no mínimo, ações e serviços de:

I - atenção primária; II - urgência e emergência; III - atenção psicossocial; IV -

atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e V - vigilância em

saúde. Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde observará cronograma

pactuado nas Comissões Intergestores.

O Estado do Rio de Janeiro está dividido em nove regiões de saúde e conta com

oito Centrais de Regulação Regionais, além de uma Central Estadual de Regulação (CER).

A Central de Regulação é uma instância que faz a articulação entre as Secretarias

Municipais de Saúde, com suas atribuições no tocante à atenção básica, secundária e terciária

e, pode funcionar como instrumento colaborador para a atenção básica exercer a coordenação

do cuidado, visando melhorar a resolutividade de suas ações. Isto, porque fornece dados dos

pacientes cujas solicitações foram inseridas no Sistema Estadual de Regulação (SER) e que

podem ser acompanhados de forma mais efetiva pelas equipes dos Programas de Saúde das

Famílias (PSF).

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O desenvolvimento da ação regulatória de forma mais abrangente necessita da

existência de apoio logístico que possibilita a ordenação e a orientação dos fluxos

assistenciais e o domínio da relação entre a gestão e os vários prestadores de serviços entre

todos os envolvidos de forma a produzir relatórios analíticos para subsidiar o processo

avaliativo e decisório.

É muito importante a existência dos protocolos regulatórios como instrumento

facilitador da ação regulatória, pois colaboram para a agilização do agendamento, no

direcionamento mais adequado do usuário dentro do sistema, na sistematização de critérios e

capacitação os trabalhadores.

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4.1 CENTRAL DE REGULAÇÃO CENTRO-SUL FLUMINENSE

A Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro dividiu o seu território em

regiões para que o fluxo de encaminhamentos dos pacientes da rede SUS funcione de forma

mais eficaz. Estas regiões são: Metropolitana I. Metropolitana II, Baixada da Ilha Grande,

Médio Paraíba, Centro Sul, Serrana, Baixada Litorânea, Norte e Noroeste. Cada região

compreende um determinado número de municípios, de forma que todos constem do mapa de

funcionamento.

Utiliza como instrumentos de regulação: o Sistema Estadual de Regulação (SER),

os fluxos de regulação, os mapas de leitos informatizados e os protocolos de regulação.

Tem como maior entrave o aprimoramento contínuo do conjunto de atribuições

das Centrais, que é a qualificação dos processos de trabalho desenvolvidos por suas equipes.

Este é o maior desafio para avançar na eficiência do processo regulatório, caminhando para a

consolidação de uma cultura de regulação, sistematizada por protocolos clínicos, assistenciais

e de fluxos, que impliquem em mudanças na conduta clínica e de gestão, com transparência

nas estratégias e critérios operacionais adotados.

A Central de Regulação Centro-Sul Fluminense da Secretaria de Saúde do Estado

do Rio de Janeiro, situada no município de Três Rios engloba os seguintes municípios: Três

Rios, Areal, Sapucaia, Comendador Levy Gaspariam, Paraíba do Sul, Vassouras, Miguel

Pereira, Paty do Alferes, Mendes, Engenheiro Paulo de Frontin e Paracambi. Abaixo

apresento o mapa da região Centro-Sul Fluminense.

Figura 1: Mapa da Região Centro-Sul Fluminense

Fonte: Fundação CIDE

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O município Paracambi não pertence geograficamente no mapa da região Centro-

Sul, mas foi incluído nesta região de saúde pela gestão pública responsável pela distribuição

dos municípios nas macrorregiões.

O processo de descentralização, regionalização e municipalização acarretou em

uma melhora significativa do atendimento público à população, pois direcionou o

atendimento em polos regulatórios que encaminham a demanda aos postos de serviço

credenciados na pactuação federal, estadual e municipal. As Centrais de Regulação Regionais

configuram uma rede que regula, para cada Região de Saúde, os serviços de média e alta

complexidade, de acordo com as pactuações regionais aprovadas por deliberações das

Comissões Intergestores Regional (CIR) e da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), e todas

as demais especialidades que necessitam de internações hospitalares da região. São as

unidades operacionais dos complexos

As atividades executadas administrativamente são o controle das solicitações

destes procedimentos no Sistema Estadual de Regulação (SER). Este sistema é alimentado

pelos executantes que são as Secretarias Municipais de Saúde dos municípios da região ou por

profissionais dos Hospitais e Unidades de Pronto Atendimento devidamente credenciadas

como portas de entrada. Depois de inseridas, os reguladores que são os médicos da Central

avaliam a solicitação e a regulam para serem encaminhadas para outras Centrais ou para as

entidades executantes que são os hospitais ou prestadoras de serviço credenciadas.

Este acompanhamento precisa ser feito de forma efetiva, pois obedece a um

protocolo de regulação onde constam os fluxos regulatórios das pactuações e só pode

direcionar um paciente para os locais constantes no protocolo, pois obedece a um teto

financeiro previamente pactuado.

A Central de Regulação Centro-Sul Fluminense (CREG-CSF) iniciou seus

trabalhos no ano de 2002 e passou por várias modificações em seu perfil de funcionamento,

sendo hoje responsável pela regulação de procedimentos de alta complexidade em

Neuroendovascular, Cardiologia, Ortopedia, Internações Psiquiátricas, Oftalmologia e

Oncologia, para uma população estimada pelo IBGE, em 2013, de 319.351 habitantes em

onze municípios (representando cerca de 2% da população estadual), conforme tabela a baixo

– além dos pacientes referenciados por outras regiões do estado.

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Tabela 1: População residente

Município Homens % Homens Mulheres % Mulheres Total

Areal 5.661 49,5 5.762 50,5 11.423

Comendador Levy

Gasparian 4.076 49,8 4.104 50,2 8.180

Engenheiro Paulo de

Frontim 6.449 49 6.788 51 13.237

Mendes 8.651 48 9.284 52 17.935

Miguel Pereira 11.719 47,5 12.923 52,5 24.642

Paracambi 23.793 50,5 23.331 49,5 47.124

Paraíba do Sul 19.751 48 21.333 52 41.084

Paty do Alferes 12.817 48,5 13.542 51,5 26.359

Sapucaia 8.766 50,01 8.759 49,98 17.525

Três Rios 37.014 48 40.418 52 77.432

Vassouras 16.391 47,5 18.019 52,5 34.410

Fonte: IBGE, 2014 de acordo com o censo 2010, compilados pelo autor.

Dados do Censo 2010 sobre a população do estado do Rio de Janeiro indicam que

52,3% dos habitantes são mulheres e 47,7% são homens. Ao analisar a tabelaErro! Fonte de

referência não encontrada., é possível notar que apenas dois municípios diferem da

estatística estadual e possuem população masculina maior que a feminina: Paracambi e

Sapucaia.

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5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esse trabalho caracteriza-se como uma pesquisa de natureza descritiva com

abordagem qualitativa e quantitativa, através de dados extraídos do Sistema Estadual de

Regulação - (SER) do Estado do Rio de Janeiro, referentes à solicitação de procedimentos

endovasculares pactuados pelo SUS, inseridos pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPA),

Secretarias de Saúde e Hospitais dos municípios da região, além das solicitações enviadas

pelas Centrais correspondentes a outras macrorregiões no ano de 2014. As técnicas

qualitativas fornecem informações importantes para diagnóstico, análise e (re) projeto. Os

procedimentos quantitativos geram informações que facilitam a avaliação e priorização de

variáveis para fins de intervenção.

O caráter descritivo visa fornecer o conhecimento das incidências deste segmento

de saúde nesta região possibilitando caracterizar demandas, revelar a abrangência e fornecer

dados aos gestores que funcionem como indicadores importantes para a realização de políticas

públicas eficazes para o segmento de saúde.

Para atender os objetivos da pesquisa, foi avaliado com base nos dados

disponíveis no SER o perfil dos usuários de acordo com faixa etária, sexo e tipo de

procedimento, número de solicitações por município de forma absoluta e percentual, número

de procedimentos realizados x população de cada município e tempo de regulação.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram analisados os dados extraídos dos procedimentos de alta complexidade

inseridos no Sistema Estadual de Regulação (SER) pelas Secretarias Municipais de Saúde e

pelas Unidades de Pronto Atendimento no ano de 2014.

O gráfico abaixo buscou avaliar as solicitações por município em números

absolutos e demonstrou que Miguel Pereira, Vassouras e Mendes foram os maiores

solicitantes. Contudo, se considerarmos o percentual de procedimentos realizados x população

de cada cidade, Mendes se destacou com um número considerável de solicitações (0,10).

Tais dados podem ter sido ocasionados por diferentes variáveis como:

características do acesso da população às portas de entrada municipais, efetividade da atenção

básica e dos serviços de Promoção de Saúde e a situação financeira dos munícipes –

influenciando na aquisição de planos de saúde e nas demandas aos SUS. Observa-se que esses

fatores merecem ser investigados futuramente para que possíveis falhas no sistema sejam

corrigidas e práticas bem sucedidas sirvam de modelo de forma a garantir melhores condições

aos usuários.

Tabela2 – Procedimentos realizados x população

MUNICÍPIO PROCEDIMENTOS REALIZADOS

(ARTERIOGRAFIA/ANGIOPLASTIA)

% POPULAÇÃO

Areal 02 0,02

Comendador Levy

Gasparian

02 0,02

Engenheiro Paulo de

Frontim

01 0,01

Mendes 18 0,10

Miguel Pereira 12 0,05

Paracambi 03 0,001

Paraíba do Sul 06 0,01

Paty do Alferes 05 0,02

Sapucaia 07 0,04

Três Rios 08 0,01

Vassouras 14 0,05

TOTAL 78 Fonte: Dados extraídos do Sistema Estadual de Regulação em 2014, compilados pelo autor.

De acordo com tabela do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos,

Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP), existem 32 procedimentos elencados como

procedimentos cirúrgicos do aparelho circulatório – Cirurgia Endovascular e 20

procedimentos de arteriografia (exame que visualiza a parte interna das artérias). Contudo,

durante a análise das solicitações, foram identificados apenas 07 e 06, respectivamente, tipos

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de procedimentos realizados no ano de 2014 nas Unidades de Saúde prestadoras deste tipo de

serviço da região Centro-Sul para os munícipes da mesma, a saber:

Quadro 1 – Código e descrição dos procedimentos

0210010070 Arteriografia de membro

0210010088 Arteriografia digital (por via venosa)

0210010096 Arteriografia p/ investigação de doença arterioscleroticaaorto-ilíaca e distal

0210010100 Arteriografia p/ investigação de hemorragia cerebral

0210010134 Arteriografia seletiva de carótida

0210010142 Arteriografia seletiva por cateter (por vaso)

0406040028 Angioplastia intraluminal de aorta,veia cava/vasos ilíacos (c/ stent)

0406040052 Angioplastia intraluminal de vasos das extremidades (s/ stent não recoberto)

0406040060 Angioplastia intraluminal de vasos das extremidades (c/ stent não recoberto)

0406040095 Angiografia intraluminal de vasos do pescoço ou troncos supra-aorticos (c/

stent não recoberto);

0406040141 Colocação percutânea de filtro de veia cava (na trombose venosa periférica e

embolia pulmonar);

0406040168 Correção endovascular de aneurisma/dissecção da aorta abdominal e iliacas

c/ endoprotese bifurcada

0406040192 Embolização arterial de hemorragia digestiva (incluiu procedimento

endoscópico e/ou estudo angiográfico).

Fonte: Dados extraídos do Sistema Estadual de Regulação em 2014, compilados pelo autor.

Para a realização dos procedimentos de cirurgia endovascular é necessário que o

paciente realize a arteriografia previamente como pré-requisito diagnóstico da real

necessidade. De acordo com o gráfico 1apresentado abaixo foi diagnosticado que Engenheiro

Paulo de Frontim, Miguel Pereira, Paracambi, Paty do Alferes, Sapucaia e Vassouras não

realizaram as arteriografias em numero correspondente ao número de angioplastias realizadas

e uma das maiores dificuldades na realização dos procedimentos tanto de arteriografia quanto

de angioplastia está na dificuldade de realização de exames obrigatórios prévios pelas

Secretarias Municipais de Saúde e isto está relacionado à falta de pactuação para a realização

destes quando o município não oferece este serviço; na falta de verba para a realização destes

nas unidades de saúde particulares credenciadas, na falta de médicos especialistas que

ocasiona demora no atendimento ao paciente e consequente pedido para a realização dos

exames, na falta de capacitação dos profissionais envolvidos no processo e na oferta

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deficiente da prestação do serviço pelas Unidades Executantes. A gestão econômica de

serviços assistenciais, públicos ou contratados é uma das importantes atribuições dos gestores

de saúde (Castro, 2002).

Gráfico 1 – Quantidade de arteriografias x cirurgias endovasculares realizadas

Fonte: Dados extraídos do Sistema Estadual de Regulação em 2014, compilados pelo autor.

As dificuldades elencadas acima ocasionam uma demora importante na realização

dos procedimentos relacionada à prestação de serviços pelas Unidades Executantes que está

interligada ao funcionamento do SER. Desta forma, esta demora pode ser ocasionada pela

oferta deficiente da prestação do serviço, pela demora da inserção dos exames obrigatórios

para a realização destas pelas Secretarias Municipais de Saúde e pelo não acompanhamento

dos usuários do SER quando algum problema for detectado.

O processo de regulação consiste na inserção da solicitação pelas Secretarias de

Saúde Municipais ou pelas Unidades de Saúde Solicitantes no SER, apresentando status “em

fila”; na regulação da solicitação pela Central de Regulação, apresentando o status

“aguardando solicitação de reserva”; no aceite da Unidade Executante, apresentando status

“reservado” e; o status “alta” indicando o número da AIH (Autorização de Internação

Hospitalar) quando cirurgia endovascular, pois a arteriografia é um exame e não gera

internação, apenas liberação de leito/dia. O estudo detectou uma demora importante das

solicitações nos status “aguardando solicitação de reserva” conforme demonstrado no gráfico

abaixo que será relatado a seguir.

0

2

4

6

8

10

12

ARTERIOGRAFIAS

CIRURGIAS ENDOVASCULARES

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Gráfico 2 - Média de dias aguardando confirmação de reserva por município.

Fonte: Dados extraídos do Sistema Estadual de Regulação em 2014, compilados pelo autor.

É possível observar que a média de dias que os procedimentos permanecem na

situação aguardando confirmação de reserva por município apresenta um resultado

satisfatório apenas no município de Paty do Alferes, nos demais há uma demora significativa.

A demora está centrada em dois focos: o município não realizou os exames prévios

necessários como pré-requisitos para a realização do procedimento e o município não entrou

em contato com a Unidade Executante para a reserva do leito. A especialidade endovascular

apresenta a peculiaridade de só reservar o leito após contato prévio da Unidade Solicitante

alegando que a demanda é alta em relação à oferta de leitos para a realização do procedimento

e, em razão disto é imprescindível saber que o paciente está em condições de traslado e que o

transporte do paciente será liberado pelas Unidades Solicitantes. Nesse contexto entra a

Central de Regulação no controle da permanência das solicitações por status, interagindo com

as partes de forma a minimizar este tempo de espera (Barreto – 2004).

Como se observa na tabela abaixo a média de dias que os procedimentos

permanecem na situação aguardando confirmação de reserva por procedimento não

apresentou números aceitáveis em apenas três procedimentos, cujos pacientes são moradores

de municípios que demonstraram dificuldade no estudo acima, o que nos remete ao raciocínio

de que o problema está centrado nos municípios e/ou Unidades Executantes o que traz à tona

a necessidade de capacitação mais efetiva com os usuários do SER (Sistema Estadual de

Regulação) das Secretarias Municipais de saúde e a um maior controle das Unidades

Executantes visando diminuir o tempo de espera para a prestação do serviço.

00

05

10

15

20

25

30

35

40

MÉDIA DIAS - AG CONF DERESERVA

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Tabela 3 - Média de dias aguardando confirmação de reserva por tipo de procedimento

PROCEDIMENTO

QUANT DE

PROCEDIMENTOS

REALIZADOS

MÉDIA

DIAS - AG

CONF DE

RESERVA

0210010070 02 02

0210010088 02 01

0210010096 02 16

0406040028 03 32

0406040052 02 06

0406040060 23 20

0406040095 11 34

0406040141 02 05

0406040168 02 48

0406040192 01 01 Fonte: Dados extraídos do Sistema Estadual de Regulação em 2014, compilados pelo autor.

As solicitações que se encontram no status “reservado” nesta especialidade não

apresentaram demora na execução do procedimento solicitado, outra peculiaridade que esta

especialidade apresenta se comparado às outras solicitações de alta complexidade que a

Central de Regulação Centro Sul Fluminense regula e que não fazem parte deste estudo.

O gráfico 3 irá demonstrar as solicitações que foram canceladas por município no

SER. Foram inseridas um total de 103 procedimentos endovasculares, dentre os quais 28

solicitações foram canceladas representando um total de 27% destas. Os motivos que levaram

ao cancelamento foram: falta de exames obrigatórios, nove solicitações; inserção da

solicitação de forma incorreta no SER, oito solicitações; paciente realizou o procedimento em

outra Unidade de Saúde devido demora da realização, cinco solicitações; paciente evoluiu à

óbito, três solicitações; paciente sem condições clínicas para realização do procedimento, duas

solicitações e; não necessidade de realização do procedimento, uma solicitação.

O gráfico demonstrou que o município de Vassouras foi o que apresentou o maior

número de solicitações canceladas, acompanhado respectivamente de Areal, Engenheiro

Paulo de Frontin, Mendes e Três Rios e; que os municípios de Comendador Levy

Gaspeariam, Paty do Alferes e Paracambi não apresentaram nenhuma solicitação cancelada.

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Gráfico 3 - Solicitações canceladas por município

Fonte: Dados extraídos do Sistema Estadual de Regulação em 2014, compilados pelo autor.

A avaliação do processo regulatório em todas as suas instâncias é de suma

importância para a efetividade de suas ações. Neste contexto, a CREG CSF informa as

Secretarias de Saúde Municipais os motivos que ocasionaram o cancelamento das suas

solicitações orientando fluxos mais efetivos visando à reinserção das solicitações e a

minimização dos problemas detectados (TANAKA; MELO, 2000, p.1130).

Tabela 4 – Quantidade de procedimentos realizados x sexo do paciente

PROCEDIMENTO Mulheres Homens Total

ARTERIOGRAFIA 16 14 30

CIRURGIA

ENDOVASCULAR 16 29 45

TOTAL 32 43 75

Fonte: Dados extraídos do Sistema Estadual de Regulação em 2014, compilados pelo autor.

Conforme tabela acima 53,33% dos pacientes submetidos à arteriografia são do

sexo feminino e 64,44% dos pacientes submetidos à cirurgia endovascular são do sexo

masculino. Tal trabalho ainda identificou o sexo dos pacientes submetidos a estes

procedimentos por faixa etária da seguinte forma:

Tabela 5 – Distribuição dos pacientes por sexo e faixa etária

FAIXA ETÁRIA MULHERES HOMENS

21 a 49 anos 03 01 04

50 a 59 anos 11 12 23

60 a 69 anos 10 17 27

70 a 79 anos 05 10 15

80 anos ou mais 03 03 06

TOTAL 32 43 75

Fonte: Dados extraídos do Sistema Estadual de Regulação em 2014, compilados pelo autor.

0

2

4

6

8

10

Quant. de pacientes

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Gráfico 4 - Distribuição dos pacientes por sexo e faixa etária

Fonte: Dados extraídos do Sistema Estadual de Regulação em 2014, compilados pelo autor.

Foi pedido para a literatura científica sobre o perfil de faixa etária dos pacientes e

verificou-se que o perfil dos pacientes inseridos no Sistema Estadual de Regulação apresenta

maior número de incidência entre pacientes de 60 a 69 anos (36%) e de 50 a 59 anos (30,67%)

e que ambos apresentam uma maior concentração de homens. A faixa de 21 a 49 anos foi a

única que apresenta maior concentração de mulheres. Vale ressaltar que foi identificado que a

paciente mais nova tem 21 anos e o paciente mais velho tem 96 anos.

Durante a exposição dos resultados foi possível perceber como é fundamental a

capacitação e formação permanente e continuada dos profissionais envolvidos no processo de

solicitação e regulação de procedimentos – médicos solicitantes, gestores municipais de saúde

e equipe médica e técnica das centrais de regulação. Clareza nos processos e o diálogo entre

as partes funcionam como elementos facilitadores do acesso e permitem maior transparência

das ações de saúde.

A investigação sobre a existência de alguma tendência nas solicitações por

município demonstrou que dos onze municípios, seis não inseriram no Sistema Estadual de

Regulação solicitações de arteriografia em número correspondente às solicitações de cirurgias

endovasculares e que isto acarreta na demora da realização do procedimento em decorrência

da arteriografia ser um exame exigido no protocolo clínico para a realização destas cirurgias.

Isto detectado nas cirurgias endovasculares, mas o problema permanece no tocante às

arteriografias que necessitam da inserção no Sistema Estadual de Regulação do dopller, que é

o exame de imagem exigido no protocolo clínico e que é o fator que apresentou o maior

número causador de cancelamento das solicitações.

Este tipo de estudo é importante para o mapeamento das práticas em saúde no

país, tornando possível o aprimoramento de políticas já existentes e a criação de novas

modalidades de atenção e cuidado. “A avaliação é um instrumento importante para a melhoria

0

5

10

15

20

21 a 49anos

50 a 59anos

60 a 69anos

70 a 79anos

80 anosou mais

MULHERES

HOMENS

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da eficiência do gasto público, da qualidade da gestão e do controle social sobre a efetividade

da ação do Estado, esse último instrumentalizado pela divulgação de resultados das ações do

governo”. (RAMOS e SCHABBACH, 2012).

Durante a exposição dos resultados foi possível perceber como é fundamental a

capacitação e formação permanente e continuada dos profissionais envolvidos no processo de

solicitação e regulação de procedimentos – médicos solicitantes, gestores municipais de saúde

e equipe médica e técnica das centrais de regulação. Clareza nos processos e o diálogo entre

as partes funcionam como elementos facilitadores do acesso e permitem maior transparência

das ações de saúde.

Por fim, um dos objetivos deste trabalho foi instigar a elaboração de projetos para

avaliação, retroalimentação, retificação e reorientação das políticas e planejamentos da região

Centro-Sul Fluminense, como o ajuste da pactuação programada e o investimento de recursos

para a promoção de saúde e qualidade de vida da população a fim de reduzir fatores de risco,

como: tabagismo, diabetes, hipertensão, lipoproteinemia, que influenciam o aparecimento de

doenças vasculares (Nissen SJ, Newman WP, 1992). As amputações de membros inferiores

causadas por doenças vasculares periféricas atingem principalmente pacientes com faixa

etária mais avançada, os quais estão mais suscetíveis a doenças degenerativas como a

arteriosclerose (Carvalho, 2003), diminuindo as demandas por serviços hospitalares.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo buscou provocar reflexões sobre possibilidades de construção

de um modelo de atenção e de gestão para o sistema público de serviços de saúde com

possíveis incorporações de novas práticas de assistência amparadas em uma gestão que

compartilhe informações que subsidiem a gestão visando melhorar a qualidade visando uma

atenção mais resolutiva e humanizada.

Nesse contexto, a CREG CSF mostra sua capacidade de funcionar como um

instrumento importante, também, como subsidiador de informações que auxiliam as

Secretarias Municipais de Saúde no tocante às suas ações para com a Atenção Básica de

forma a minimizar a incidência de doenças endovasculares.

Foi diagnosticado que o problema na demora dos procedimentos em primeiro

lugar está centrado nos municípios que apresentam grande dificuldade do acesso à assistência.

Isto remete à baixa resolutividade e em alguns casos, na inexistência dos fluxos de

encaminhamento dos pacientes, o que compromete o atendimento assistencial. Dos onze

municípios avaliados apenas Três Rios criou uma Central Municipal que direciona os

pacientes cujos municípios realizaram pactuações orçamentárias para a sua Unidade

Hospitalar, além de criar um Complexo municipal regulador que direciona seus pacientes à

realização de consultas, internações e exames, incluindo o transporte como garantia da

chegada do mesmo ao destino. O ordenamento do acesso dos usuários aos serviços

especializados de média e alta complexidade, tanto ambulatorial quanto hospitalar requer

instrumentos de regulação como Programação Pactuada Integrada (PPI), Plano Diretor de

Regionalização (PDR), Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), Cartão

Nacional de Saúde (Cartão SUS), contratos e elaboração de um Projeto para Implantação do

Complexo Regulador, ampliando a possibilidade de acesso ás ações e serviços de saúde de

forma organizada.

Um caminho a seguir seria colocar propostas nas pautas das reuniões da Comissão

Intergestores Regional Centro Sul (CIR CS) do Estado do Rio de Janeiro, na qual

comparecem representantes de todos os municípios da nossa região no tocante à utilização das

informações em duas vertentes: na primeira, informações sobre os pacientes que apresentam

este tipo de enfermidade, nas reuniões dos Grupos de Trabalho da Atenção Básica e; na

segunda, traçar uma nova linha de atenção no encaminhamento dos pacientes que necessitam

deste tipo de procedimento, relacionada à capacitação dos profissionais envolvidos de forma

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que o paciente seja inserido com todos os exames obrigatórios já realizados para que o

procedimento seja realizado com sucesso, nas reuniões dos Grupos de Trabalho de

Planejamento. Isto só é possível se houver sido pactuado na PPI recursos necessários para a

realização dos exames requeridos; que também pode ser discutido nas reuniões dos Grupos de

Trabalho de Planejamento.

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REFERÊNCIAS

ARRETCHE, Marta. Financiamento federal e gestão local de políticas sociais: o difícil

equilíbrio entre regulação, responsabilidade e autonomia. Ed. Ciênc. Saúde Coletiva,

vol.8, 2003.

BARRETO, Maurício Lima. O conhecimento científico e tecnológico como evidência para

políticas e atividades regulatórias em saúde. Ed. Ciênc. Saúde Coletiva, vol.9. Abr. /jun.

2004

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.

Promulgada em 05 de outubro de 1988. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2003ª. Título 5, cap. 2,

seção2.

BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 a. Dispõe sobre as condições para a

promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos

serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8080.htm

BRASIL. Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990b. Dispõe sobre a participação da

comunidade na gestão do sistema único de saúde – SUS e sobre as transferências

intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e da outras providências.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n.º 1.742/GM, de 30 de agosto de 1996. Aprova a

Norma Operacional Básica – NOB 01/96 – que promove e consolida o pleno exercício do

poder público municipal e do Distrito Federal na função de gestor da atenção à saúde dos seus

munícipes, com a consequente redefinição das responsabilidades dos Estados, do Distrito

Federal e da União, avançando na consolidação dos princípios do SUS.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria executiva. Sistema Único de Saúde (SUS):

princípios e conquistas. Brasília, 2000. 44p. Disponível em:

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_principios.pdf>. Acesso em: 23 de março de

2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n.º 95/GM, de 26 de janeiro de 2001. Aprova a

norma operacional da assistência à saúde – NOAS-SUS 01/2001 – que amplia as

responsabilidades dos municípios na atenção básica; define o processo de reorganização da

assistência; cria mecanismos para o fortalecimento da capacidade de gestão do sistema único

de saúde e procede a atualização dos critérios de habilitação de estados e municípios.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 373, de 27 de fevereiro de 2002, 1ª parte. Norma

Operacional da Assistência à Saúde/SUS–NOAS-SUS 01/02. Diário Oficial nº 40, seção 1, 28

de fevereiro de 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.169, de 15 de junho de 2004. Institui a Política

Nacional de Atenção Cardiovascular de Alta Complexidade, e dá outras providências.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 399/GM, de 22 de fevereiro de 2006a. Divulga o

Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do

referido Pacto. Diário Oficial da União. 23 fev2006; seção 1:43.

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especificados como Unidades de Assistência em Alta Complexidade Cardiovascular e dá

outras providências.

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Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde - SUS. Diário Oficial da União. 4ago

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