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Pastoral das Situações Matrimoniais: Mons. J. Mabuiangue 115 PASTORAL DAS SITUAÇÕES MATRIMONIAIS: (Uniões de facto, infidelidade, poligamia, 'amantismo' ou poligamia e poliandria encoberta, etc.) Mons. Joaquim A. Mabuiangue Introdução Mais uma vez me cabe o honroso encargo de usar da palavra nesta semana Teológica da Beira, preferência unicamente devida aos competentes organizadores da mesma, aliada à velha e profunda amizade que, desde há anos, me liga ao Rev. Pe. Odilo, Director deste Centro de Nazaré, ambos ex-docentes do Seminário Teológico da Matola. Saúdo, com muito respeito, o Senhor Arcebispo desta histórica Arquidiocese da Beira – D. Jaime Pedro Gonçalves e todos os Bispos aquí presentes, os meus irmãos no presbiterado e todo o Santo Povo de Deus que aquí se reuniu para, guiados pelo Espírito de Jesus, chamado por Ele “O Espírito da Verdade” (Jo.16,13), num clima de oração e de reflexão, procurarmos descobrir a verdade que vem do alto e a coragem de vivermos e anunciá-la a todos os homens. Invoquemos este Pai das luzes, sem o Qual nada é Santo, nada é puro, nada é verdadeiro no homem, cantando com fé e fervor : “Hosi yi laya vandondrisiwa…” Desenvolvimento 1. Ligação entre as duas Semanas Teológicas a) De que estamos a tratar, numa linha de investigação nesta VI semana Teológica e qual é a ligação do tema:

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Page 1: PASTORAL DAS SITUAÇÕES MATRIMONIAIS: (Uniões de facto ... · um passo na nossa reflexão sobre o Matrimónio em África, ... Depois de tudo o que tratámos, que fazer já como

Pastoral das Situações Matrimoniais: Mons. J. Mabuiangue 115

PASTORAL DAS SITUAÇÕES MATRIMONIAIS:(Uniões de facto, infidelidade, poligamia,

'amantismo' ou poligamia e poliandria encoberta, etc.)Mons. Joaquim A. Mabuiangue

Introdução

Mais uma vez me cabe o honroso encargo de usar dapalavra nesta semana Teológica da Beira, preferênciaunicamente devida aos competentes organizadores damesma, aliada à velha e profunda amizade que, desde háanos, me liga ao Rev. Pe. Odilo, Director deste Centro deNazaré, ambos ex-docentes do Seminário Teológico daMatola.

Saúdo, com muito respeito, o Senhor Arcebispo destahistórica Arquidiocese da Beira – D. Jaime Pedro Gonçalvese todos os Bispos aquí presentes, os meus irmãos nopresbiterado e todo o Santo Povo de Deus que aquí sereuniu para, guiados pelo Espírito de Jesus, chamado porEle “O Espírito da Verdade” (Jo.16,13), num clima deoração e de reflexão, procurarmos descobrir a verdade quevem do alto e a coragem de vivermos e anunciá-la a todosos homens.

Invoquemos este Pai das luzes, sem o Qual nada é Santo,nada é puro, nada é verdadeiro no homem, cantando comfé e fervor : “Hosi yi laya vandondrisiwa…”

Desenvolvimento

1. Ligação entre as duas Semanas Teológicas

a) De que estamos a tratar, numa linha de investigaçãonesta VI semana Teológica e qual é a ligação do tema:

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“ASPECTOS PASTORAIS DO MATRIMÓNIO EMÁFRICA”, com o tema da V semana Teológica do anopassado: “O MATRIMÓNIO EM ÁFRICA”?

Toda a nossa atenção, conferências, debates e estudos emgrupo ou em plenário estiveram virados, no ano jubilar, paraaquela realidade ou instituição chamada Matrimónio eMatrimónio em África! O que se entende por Matrimónio emÁfrica? Quais são as partes constituentes ou os elementosessenciais que “originam o matrimónio” – para usar alinguagem do Direito Canónico (Can. 1051); intervenientes;processo ritual, espiritualidade matrimonial na tradiçãoAfricana; situação do Matrimónio em Moçambique e outrostemas bastante profundos e complexos?

Foi a fase do VER… de descobrir o que há neste vasto edenso campo… detectar os principais problemas…perscrutar as várias e diversas sensibilidades ementalidades culturais, porque a mesma realidade épensada, falada e vivida com linguagem e comportamentomultifacetados não deixando, às vezes, de criar sérias egraves interrogações muitas delas ainda sem respostaconvincente.

À fase do Ver, seguia-se sempre a de JULGAR, procurarrazões profundas desta maneira de “CONCEBER,REALIZAR E VIVER O MATRIMÓNIO NESTE HOMEMAFRICANO”, para quem “nada acontece por acaso”.

O africano é um homem dos “porquês” e o seu coração –parafraseando O Santo da África – S. Agostinho – “ nãodescansa tranquilo” enquanto não descobre as verdadeirascausas do que acontece na própria vida, na sociedade e nomundo!

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b) Este ano, e nesta Semana Teológica, vamos dar maisum passo na nossa reflexão sobre o Matrimónio em África,perguntando-nos: Depois de tudo o que tratámos, que fazerjá como Igreja de Cristo – Bom Pastor – que não veio parajulgar nem condenar, mas para aperfeiçoar? (Mt. 5, 17)

Trata-se de a Igreja revestir a Imagem daquele Pastordescrito no Profeta Ez. 34. Trata-se do agir e agirpastoralmente, tendo em conta a real e actual situação dohomem africano, num mundo em evolução e no contexto daglobalização e da nova dinâmica na relação homem –mulher que, embora não destruam a sua identidade cultural,não deixam, porém, de lhe questionar no seu âmago,gerando-lhe sérias e graves perplexidades no seu pensar eno seu agir.

Estamos num campo tão sério, campo delicado enecessário da Inculturação deste homem e, como afirma oPe. Odilo na Introdução aos trabalhos da V SemanaTeológica, “pastoralmente, todos estamos bem conscientesque muitas coisas estão a acontecer no campo domatrimónio e que é preciso AGIR com sensatez, coragem eurgência”1

2. Pastoral de situações matrimoniais (Uniões defacto, infidelidade, poligamia e Poliandriaencobertas…).

1 Odilo Cougil Pe, Introdução, in O Matrimónio: Actas da V SemanaTeológica,Beira: Centro de Pastoral de Nazaré, pp: 6.

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2.1 O enunciado do tema

O enunciado do sub-tema que se me oferece tratar, nestemomento, é demasiado vasto e complexo na suaformulação e nas várias partes de que se compõem, com oseu etcetera (etc…), porque se supõe que haveriam mais“situações” para enumerar tanto a nível tradicional como anível religioso- cristão. E mais ainda: cada uma destassituações deveria ser estudada nas suas origens, causas econtexto sócio- político- cultural, psicológico e religioso.

2.2. Fundo da questão

O fundo da questão é este: Levados pelo desejo ouinstinto natural de realizar o plano de Deus: “Não é bomque o homem esteja sozinho, vou fazer- lhe uma auxiliarque lhe seja semelhante” (Gn.2,23), homem e mulher,através dos séculos, têm- se juntado numa comunhão devida que gera uma intimidade toda ela particular eabrangente: “Osso do meu osso e carne da minhacarne”(Gn.2,23).

Explícita ou implicitamente, os fins ou fim que esteshomens (homem + mulher) desejam é viver de harmoniacom a intenção de Deus que é: “O Autor do matrimónio, oqual possui diversos bens e fins, todos eles de máximaimportância, quer para a propagação do género humanoquer para o proveito pessoal e sorte eterna de cada umdos membros da família, quer mesmo, finalmente, para adignidade, estabilidade paz e prosperidade de toda a famíliahumana”(G. S. 47).

A Bíblia apresentará este plano divino nos capítulos 1, 27-28 e 2, 18- 28 do livro de Génesis, com alguns pontos queconstituem os pilares desta instituição chamada casamentoou vida a dois toda ela especial:

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i) Não é bom que o homem esteja só.. (Gn. 2, 18)ii) Vou dar-lhe uma auxiliar que lhe seja semelhante

(Gn. 2, 18)iii) O homem deixa seu Pai e sua Mãe e os dois

tornam-se numa só carne (Gn.2, 24)iv) Esta união é de tal modo compenetrante que produz

uma nova maneira de ser, de viver e de agir… “Estasim, é osso dos meus ossos e carne da minhacarne” (Gn. 2- 23)

v) Esta união é “abençoada” por Deus (Gn. 27- 28)vi) A fórmula e solenidade desta bênção resumem os

objectivos do casamento: “sede fecundos,multiplicai-vos, enchei e submetei a terra “(Gn. 1.28).

Tal maneira de “viver” e com um programa tão aliciantemas também difícil, devido á sua natureza e consequênciaspara os dois, para os filhos e para a sociedade, nãopoderia ser deixado unicamente ao critério e capricho docasal, razão pela qual, em todos os povos, raças e nações“esta intimidade da vida e do amor conjugal , fundada peloCriador…é dotada de leis próprias (G. S 48) que a tornamuma instituição , para que seja devidamente acompanhadadesde a 1ª etapa até à sua realização e defendida na suavivência.

Haverá e há, de certo, uma maneira própria decompreender, interpretar e viver esta realidade conforme amentalidade e cultura de cada povo, mas o essencial éque, no casamento, todos procuram a felicidade, asegurança, a procriação, a partilha da vida, factores quenem o pecado dos primeiros pais destruiu (Gn. 3, 16). Parao africano, então, a maior riqueza que um homem e umamulher desejam ardentemente é: casar, ter um lar... terfilhos (quantos mais, melhor!…). Isto chama-seprosperidade….

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Cristo que não veio abolir a lei e os profetas, mas dar- lhespleno cumprimento (Mt.5, 17) “abençoou copiosamente esteamor de múltiplos aspectos, nascido da fonte divina dacaridade e constituído à imagem da sua própria união coma Igreja. Ele vem ao encontro dos esposos cristãos com osacramento do matrimónio. Permanece com eles para queassim como Ele amou a Igreja e se entregou por ela, deigual modo os cônjuges, dando-se um ao outro, se amemcom a perpétua fidelidade “ (G. S. nº48).

O ano passado, na V Semana, tivemos a oportunidade deconcluir que, apesar de todos constrangimentos e evoluçãodos tempos, esta instituição continua válida, aliciante,portadora de paz, alegria e quase um paraíso, “na terra” e,por isso, homens e mulheres a procuram e muitos sesentem realizados nela!

2.3. Ameaças ao Matrimónio

O outro aspecto da reflexão contido no sub-tema é este: “Adignidade desta instituição não resplandece em toda a partecom igual brilho, como a experiência do dia a dia noscomprova. Tais situações problemáticas levaram-nos, o anopassado, a questionar: Como vai o casamento em África e,especial, em Moçambique? Ainda há casamentos, e como éque são vividos? Quais são as principais dificuldades esuas causas, etc?

Olhando, um pouco para as estatísticas contidas nabrochura-Matrimónio2, nas páginas 118-121 nºs.2,3,4,5 e 6,deduzimos que há sérios problemas nos matrimónios emÁfrica especialmente em Moçambique que não podem enem devem ser ignorados.

2 Matrimónio, Actas da V Semana Teológica da Beira.

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O Vaticano II tentou sintetizá-los na G.S.nº. 47: “estainstituição encontra-se obscurecida pela poligamia, pelaepidemia do divórcio, pelo chamado amor livre e outrasdeformações”. Apontam-se também o egoísmo, amor doprazer e outras práticas ilícitas contra a geração.

A 1ª parte da Exortação Apostólica do Papa João Paulo II“Familiares Consorcio” na introdução e bem como na1ªparte-Familiares nºs.4,63 apresenta em forma muito bemresumida, mas contundente, a situação da família no mundode hoje com algumas das suas causas .

Não é tempo inútil nem é demais ler o seu conteúdo quetem por título “Luzes e sombras da Família hoje” do mesmodocumento pontifício .

Vamos falar sobre estas situações matrimoniais chamadaspor alguns “anómalas” , e por outros casos “difíceis” e“situações irregulares”4 e até por vezes baptizadas com onome pouco evangélico de “situações de pecado” punidascom “pseudo-ex-comunhões” declaradas ou infligidasatrevidamente por alguns párocos ou até pelosresponsáveis das comunidades!

3. A Igreja é questionada

3.1. Constatadas estas “situações” , a pergunta essencialde ordem pastoral é esta : terá a igreja alguma pista oupistas para ir ao encontro destes homens e mulheresangustiados perante uma situação que provoca um conflitopermanente em seu íntimo entre o “existencial” e o“legislado” ?

3 João Paulo II Exortação Apostólica: Familiaris Consortio-Edit. A. O.Braga4 João Paulo II “Exortação Apostólica F. C. nrs 77-85.

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A estes homens e mulheres que desejam descobrir naIgreja o rosto de Cristo Bom Pastor, que se identificaatravés de várias parábolas de “misericórdia e decompaixão”- Esse Jesus que “não veio para julgar nemcondenar mas para salvar… qual é a mensagem que estaIgreja lhes apresenta na fidelidade ao homem e seusvalores culturais e na fidelidade ao Evangelho” uma vez queo desejo de ajudar as pessoas que sofrem não nos develevar a disfarçar a doutrina da Igreja católica sobre omatrimónio5.

“Consciente de que o matrimónio e a família constituem umdos bens mais preciosos da humanidade, a Igreja querfazer ouvir a sua voz, oferecer a sua ajuda aos que,incertos e ansiosos, andam à procura da verdade e aos queestão, injustamente, impedidos de realizar livremente oideal familiar”6.

4. Noções, Normas e Drama Cultural

4.1. É do homem africano que falamos frente à realidadechamada casamento, este homem que se debate entre otomar a sério a sua cultura com todos os seus valores esimultaneamente enfrentado pela novidade que se chama“Fé” na Pessoa e doutrina de Jesus Cristo.

É este homem que se debate entre a dicotomia Cultura eEvangelho; fé e vida, não numa linha paralela mas numcontínuo diálogo para uma harmonização! É que , como dizo Senhor D. Adriano Langa-ofm . no seu livro- Questões

5 Jesus Hortal-S. in “Casamentos que nunca deveriam ter existido, umasolução Pastoral”. Edições Loyola, Pg. 7.6 F. C.- Introdução.

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Cristãs à Religião Tradicional Africana7: “Uma sériainculturação do Evangelho numa cultura não aconteceráenquanto o mesmo Evangelho não se sentar com um dosdiversos aspectos de uma cultura tais como: a religião, aconcepção da família, da morte e dos ritos, etc. paramutuamente se explicarem”.

4.2. E aqui no caso vertente do matrimónio, quando sefala ao homem africano do casamento, deverá ter-se emconta que a sua reacção expontânea será esta: “mas qualcasamento? O tradicional? O civil? O Cristão?”É que nas mesmas pessoas se pode dar o drama de“serem casadas legitimamente” num determinado estatutojurídico, e serem consideradas “solteiras; amantizadas” e,portanto, numa situação ilegal, noutro estatuto! Casadas natradição e não casadas na Igreja, se ambos forem cristãosou uma das partes; casadas na Igreja ou unidas de “facto”no civil.

4.3. As noções de união de facto; poligamia; monogamia;poliandria; separação; divórcio; levirato; esterilidade; comoelementos que aparecem no discurso sobre o matrimónio efamília não são simples questões de terminologia. Elas têmo seu peso sobre a existência ou inexistência do vínculomatrimonial: sua dissolução ou permanência .

4.4. As legislações que orientam e guiam estes 3 tiposde matrimónio nem sempre coincidem e até, por vezes, seopõem abertamente. Por exemplo, o problema do divórcioentre a legislação civil e a eclesiástica; a poligamia nocasamento tradicional, civil e no religioso. Daqui anecessidade de aclarar as ideias para não haverambiguidades nem confusões.

7 Adriano Langa- Questões Cristãs à Religião Tradicional Africana- Edit.Franciscana- Braga- 1992- Introdução da 2ª Edição.

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Deixo em aberto para os mais entendidos estasconsiderações porque é inútil “ter medo da verdade” ourecorrer ao falso princípio de que se trata de “coisas jáultrapassadas”, Tomara eu que isso correspondesse àverdade e a África teria uma outra nova face.

5. Homens e mulheres em situações chamadasanómalas. Irregulares e difíceis “vencem o medo,abrem a boca e interrogam:

5.1. Mais do que os séculos passados, o nosso tempoprecisa de uma tal sabedoria, para que se humanizem asnovas descobertas dos homens. Está ameaçado, comefeito, o destino do mundo, se não surgirem homens cheiosde sabedoria “(G. S. 15).

E o Papa João Paulo II na Exortação Apostólica FamiliarisConsortio” nº 8, afirma que a educação da consciênciamoral, que torna o homem capaz de julgar e discernir osmeios adequados para a sua realização segundo a verdadeoriginal, torna-se assim exigência prioritária e irrenunciável”.

Movidos por este desejo de sabedoria e de educação daconsciência moral, e, a partir dos inquéritos feitos em trêsParóquias, – Uma, da cidade e outras, da zona rural, taishomens e mulheres em situações não regulares, puseram-me algumas questões que eu passo à esta selectaassembleia de estudiosos e pastoralistas para que, ouvindoo clamor do pobre, lhe dê uma ajuda real, possível econveniente.

Todos os que se encontram em tais situações deirregularidade perguntam se é evangélico e pastoralmenteplausível, serem continuamente apontados como os únicospecadores na sociedade e na Igreja pois alguns casos paraeles são sinal de marginalização e humilhação.

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Em relação aos avisos na Igreja: “Vamos ter baptismos naIgreja.a) Os que não são casados pela Igreja, os divorciados quecasaram de novo já sabem que não podem baptizar as suascrianças, nem podem ser padrinhos nem madrinhas;

b) Agora é a hora da comunhão: Só os que estãodevidamente preparados é que se podem aproximar. Osque vivem maritalmente sem serem casados, os polígamos,já sabem que não podem comungar.

c) Os não casados pela Igreja, os divorciados, ospolígamos: já sabem que não devem dar catequese nemfazer leituras na Igreja. Os do acolhimento estejam atentosa estes casos!

Será esta a melhor maneira de nos acompanhar e facilitar anossa reflexão em ordem a uma mudança de vida?

Será só este o único pecado que impede uma pessoa dereceber a comunhão?

d) Nós não casamos pela Igreja porque ainda não estamospreparados. Estamos ainda a pensar! Vamos casar, Padre!

A esta nossa afirmação, a reacção da minha Mãe, a SantaIgreja é sempre esta:

É por causa da festa não é? Dos vestidos, da comida eda bebida não é?

Será que para nós a grande e profunda preocupação sãoessas coisas materiais?

Porque não dialogar mais profundamente connosco paradescobrir outras razões mais sérias, ligadas à questões de

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ordem psicológica, cultural, económica, social e outrascomo: falta de maturidade que gera o medo de não poderassumir cabalmente os deveres e obrigações da vidamatrimonial? Questões tradicionais? Graves problemasentre as duas famílias, às vezes, relacionados com lobolo…espíritos, etc.?!…

e) O meu marido abandonou-me, juntando-se com outra.Deixou-me quatro filhos menores e sem nenhuns recursos.

Lutei, trabalhei, rezando e frequentando o núcleo e a Legiãode Maria.

Mas, por fim, apareceu-me alguém com a proposta de meapoiar desde que o aceite só como amigo!…

Não foi por amor a ele nem por motivos de sexualidade maspor pensar na situação dos meus filhos e no seu futuro. Aintenção para min foi boa, mas a Igreja diz que estou empecado e não me devo confessar nem comungar porqueestou fora da lei da Igreja! Não é falta de compaixão pormin?

f) Eu vi-me forçado a arranjar a 2ª mulher por exigênciados espíritos dos antepassados porque em casa nãotínhamos paz nem sossego por falta de filhos. Desde quecumpri com essa vontade dos antepassados, as coisas jános correm bem; eu sou feliz, as minhas mulheres tambémse entendem e não há problemas. É que para a minhacultura, não ter filhos é um problema muito sério queameaça a estabilidade conjugal. Padre eu pessoalmentenão tenho consciência do pecado e só aceito que fiz malporque a Igreja assim o diz.

g) Porque na Igreja não há uma formação doutrinal epastoral específicas para nós que estamos nestas situações

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problemáticas com matérias muito abrangentes e que saiamdos habituais esquemas: isso é proibido; é contra a lei deCristo e da Igreja; isso é só feito pelos pagãos – você nãosabe que um cristão não deve fazer assim? Essas coisasde espíritos, feitiços; curandeirismos e maus olhares,“engodos”, “ku kotsola”8 – é tudo fruto de uma mentalidaderetrógrada e supersticiosa?

Não convém debruçar-se sobre elas para nos ajudar a sairda angústia e do medo, fruto da ambiguidade em quevivemos?

Igreja nossa Mãe e mestra, que nos dizes? Queacompanhamento nos fazes? Que passos dás para que tepossamos “compreender” e seguir a Cristo, Caminho, eVerdade e Vida, na paz, na alegria e na liberdade?

- Cântico: Tens Palavras de vida Eterna!

6. OUVÍ O CLAMOR DO MEU POVO E DECIDÍLIBERTÁ-LO ( EX.7,10 )

6.1. IGREJA DE CRISTO MÃE E MESTRAQUESTIONA-SE:

O Papa João Paulo XXIII, hoje, Bem-aventurado João XXIII,publicou a 15 de Maio do ano de 1961 uma célebre cartaEncíclica com o sugestivo título “Mater et Magistra” – Mãe eMestra. Nesta afirma nos nºs 1 e 2 que a Igreja, Mãe eMestra de todos os povos foi fundada por Jesus Cristo, afim de que, no seu seio e no seu amor, todos os homens,

8 Aliciar de uma maneira irresistível.

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através dos séculos, encontrem plenitude da vida maiselevada e seguro Senhor de salvação. “A esta Igreja, colunae fundamento da verdade (I Tim. 3- 15) confiou o seuFundador Santíssimo uma dupla missão: de gerar filhos, ede os educar e dirigir, orientando com solicitude materna, avida dos indivíduos e dos povos, cuja alta dignidade Elasempre desveladamente respeitou e defendeu”.

6.2. Nesta citação do documento pontifício estãoresumidos os princípios básicos da Igreja: origem eidentidade; missão; atenção e respeito pelo destinatário;espirito que deve guiar e animar a Igreja na sua acçãopastoral.

a) A Igreja foi fundada por Jesus Cristob) Ela é Mãe e Mestrac) Tem como missão gerar, educar e orientar osfilhos de todos os povos…d) Com solicitude materna, respeitando edefendendo a sua alta dignidade.e) para que todos os homens tenham vida e vidaabundante em ordem a salvação.

6.3. Nesta sua missão de Mãe e Mestra, a Igreja ésolicitada, a ter ternura materna que a leva a preocupar-sepor todos os seus filhos em geral e, especialmente, poraqueles que, devido a razões de vária ordem, têm umaoutra maneira de pensar de viver e de agir não em plenaconsonância com as leis de Deus e da Igreja.

É preciso ter uma atitude de escuta paciente; desaber esperar e ter coragem de se deixar interpelar einterpelar. Mãe carinhosa sempre atenta aos gemidos dofilho.

Mas, na sua missão de mestra, Ela não pode nem

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deve abdicar da principal tarefa que lhe foi confiada peloseu fundador: “Ide e ensinai e fazei que todos os homens setornem meus discípulos” (Mt. 28,19- 20).

6.4. “Dai-lhes vós de comer” (Lc. 9, 13) é a ordemdeixada por Jesus à sua Igreja para ir ao encontro doclamor do seu povo…

a) É uma multidão incontável de homens e mulheres –adultos e jovens que vivem maritalmente mas semnenhuma formalidade jurídica. Vivem como se fossemcasados; os dois apresentam razões para eles sérias deainda não casarem e lamentam que se sintammarginalizados ou ignorados na Igreja , privados,sobretudo, dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia.São os que vivem em união de facto… Algum tipo devínculo(não reconhecido) existe entre eles e alimentam aesperança de um dia virem a unir- se em casamento ou atéde permanecer assim até ver! São muitos casos entrejovens e adultos.

b) É uma multidão de casados e casais cristãos onde reinaa infidelidade conjugal esporádica por parte de um dosmembros a qual ameaça fortemente a unidade eindissolubilidade do matrimónio. Pior ainda quando dessasinfidelidades nascem filhos e, por consequência, novoscompromissos. Convém notar que, nestes casos, não háintenção de poligamia nem de poliandria declaradas. Fala-se mais de “fraqueza” e de “percalços” na vida.

c) É o tão falado caso de poligamia “oficial e legal” na linhada tradição, embora haja grandes discussões sobre estalegalidade, não admitida, como é óbvio, para os Cristãos.

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d) É o problema dos divorciados civilmente e dos separadosmas com permanência do vínculo e que contraem novasnúpcias ao menos civilmente ou tradicionalmente.

e) Nas nossas Comunidades Cristãs e, por desgraça,mesmo a nível de Cristãos com responsabilidades, reina apoligamia “clandestina”.Quase todos sabem do caso, mas ninguém fala dele! Háadmiração e silêncio! Poucos os casos de poliandriapropriamente dita. Apenas aquilo que, ultimamente, o povodiz: “tal fulana sabe viver… sabe desenrascar-se”… “éesperta”. São expressões ou eufemismos de infidelidadefeminina!

f) Não são raros os que cultivam o amantismo e o amorlivre, sem nenhum compromisso nem responsabilidade. Sãoos que fazem do sexo “um passatempo” ou alternativa auma vida sem ocupação “c’est l’unique plaisir du pauvre” – “é o único prazer do pobre ” como dizia um Bispo a umPároco muito preocupado e desanimado com estassituações! São situações provocadas pelo ócio edesemprego9.

g) Um outro tipo de união é o chamado “casamento àexperiência”, que inclui uma promessa de casamento casose comprove que tudo leva a crer que, não surgindoproblemas de maior no futuro, o casamento a realizar-se,mais tarde, será feliz.

h) Especial atenção também é para os casamentos mistosque, nestes dias, se vão multiplicando nas nossasComunidades Cristãs que levam pessoas Baptizadas na

9 Em muitas partes do País os Jovens só conseguem fazer a 5ª, 8ª ou 10ªclasse na terra natal. Daí para a frente estão parados. Falta-lhesocupação; Escolas Profissionais ou divertimentos sérios e educativos.

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Igreja Católica a querer contrair matrimónio religioso comuma parte não Baptizada, ou com uma parte baptizada nãona Igreja Católica ou ainda o complicado problema do“privilégio paulino” ou “privilégio da fé” (Cân 1143).Podemos resumir estas situações neste quadro em relaçãoao Sacramento do Matrimónio.

Ainda não celebrados na Igreja:a) Uniões de factob) Casamentos Civisc) Casamentos Tradicionaisd) Casamentos á Experiênciae) Amor Livre

Não aos sacramentos da penitência e de Eucaristia, anão ser tirar que haja mudança.

Após o Sacramento do Matrimónioa) Infidelidade Conjugal ou Adultériob) Poligamia Oficialc) Divorciados e casados civilmented) Separados que vivem maritalmentee) Poligamia Ocultaf) Amor Livre

Sim, aos sacramentos da penitência, eucaristia medianteuma mudança ou conversão séria, comprovadasabandonando o escândalo.

7. Em ordem à acção pastoral7.1 Todos estes são filhos da Igreja, amados e

salvos por Jesus Cristo que, na sua acção pastoral, teveuma atenção especial para certos casos difíceis edelicados. Ele faz uma catequese clara sobre as exigênciasdo matrimónio para que as pessoas fiquem esclarecidas

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quanto a este assunto. Baseava a sua formação sobre umatradição bíblica a partir do plano do Criador: “No princípio”.

Ele reconhece que por causa da “Dureza do coração” ,pode-se atenuar a lei como fez Moisés, mas sem a destruir!Tudo está resumido no “Eu porém vos digo”! Admite que,embora o matrimónio seja indissolúvel: o que Deus uniu ohomem não pode separar…; mas por causa da “fornicação”pode haver excepção, mas sem destruir o vínculo! Tratar-se-ia apenas da separação (Mt.19,1-9). Mas hárecomendações pastorais para apoiar e defender a pessoa“repudiada”! Jesus oferece uma novidade evangélicadirigida aos ouvintes que tinham a sua maneira de captar osentido e as exigências do matrimónio e a reacção não sefez esperar: “Se assim é a condição do homem em relaçãoà mulher não vale a pena casar-se” (Mt.19,10).

Estas dificuldades foram aparecendo na primitiva Igreja eao longo da evangelização com levantamento de problemase pedidos de esclarecimento, como ouvimos na palestra doPadre Martinho sobre a pastoral matrimonial nas cartas deS. Paulo. "Passemos aos pontos sobre os quais meescrevestes (1 Cor.7,1).E mesmo nas respostas, Paulo é cauteloso na suaexplicação: Distingue o que é essencial e foi dito peloSenhor (1Cor.7,10) do que é opinião pessoal (1Cor.7,12):“Aos outros digo Eu e não o Senhor” para além doselementos próprios da cultura e tradição desse tempo, quepor ele ainda eram valores (Ef.5, 22-24).É um assunto em aberto e merecedor de contínuainvestigação para ver e reter o que é doutrina de Cristo comos elementos essenciais e o que é interpretação dosautores; o que é dogma e o que é a sua interpretação; oque é lei seu fundamento e sua finalidade. Aliás a legislação

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actual sobre o matrimónio é fruto de uma caminhada nalinha teológica e canónica10.

7.2 Que fazer na prática e na linha de Pastoral?

Por razões metodológicas, formarei um quadro com 4figuras:1ª figura: As pessoas atingidas ou que vivem nestas

situações irregulares ou difíceis perante a Igrejaquestionando-a e pedindo ajuda.

2ª figura: A Igreja escutando, convidando e dialogando.3ª figura: A Igreja em África não se alheia do problema.4ª figura: E a Igreja em Moçambique tem algum plano de

Pastoral para estas situações.

1ª figura:

Estamos perante pessoas com idade de se expressar por simesmas em nome das quais falamos a partir da nossapráxis pastoral; das conversas ou diálogos pastorais cujatónica é a de convidar a repensar a situação; a mudar devida apontando o valor do sacramento do matrimónio. Maseste encontro para ser científico, e completo exigiria quefossem as próprias pessoas a exporem o seu problema.O trabalho do antropólogo consiste precisamente em “estarcom a pessoa, ouvir o que ela diz e que ela pensa, ascausas do seu comportamento, as suas intenções edificuldades…

Descobrir-se-ão assim as circunstâncias, ou o mundo emque a pessoa ou pessoas estão envolvidas. Causasindividuais, sociais, culturais, ideológicas, económicas,

10 Por exemplo, a actual forma canónica, hoje, exigida para a validadedo matrimónio é a partir do Concílio de Trento.

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religiosas e outras, como as mass-médias. Embora sepossam admitir “causas gerais” mas não há dúvidas quecada pessoa, cada casal ou cada situação têm as suas“causas particulares” e “específicas” que facilitarão odiálogo que, neste caso, será mais realístico. A estepropósito, retenho ainda como válidas as estatísticascontidas no “O Matrimónio” – Actas da 5ª SemanaTeológica “Colecção Temas” – Pág. 118-123.

- É certo que a nossa pastoral não se baseiafundamentalmente em antropologia – estudos sociológicos– estatísticas, mas na graça de Deus. Todavia não é menoscerto que o nosso trabalho, é para o homem e o homem éele “ele e suas circunstâncias”. Sem o estudofenomenológico do que está a acontecer não se chegará aconclusões que respondam às verdadeiras inquietações doindivíduo que, angustiado, nos vem pedir ajuda.

- É necessário criar condições e mecanismos libertadorespara que estas pessoas se auto-examinem, façam semmedo a leitura da sua história e caminhada; expressem comclareza as suas intenções… o que querem? Porquequerem? (Motivos de fé? de medo? Tradição? causassociais? inibições de vária ordem? etc.).É o momento de a pessoa falar…identificar a sua situação eformular o seu pedido. A Igreja deve escutar…nãointerromper nem substituir a pessoa… ajudá-la em caso denecessidade mas nunca pensar ou falar por ela ouprecipitar-se nas conclusões.

2ª figura: A IgrejaEla está no lugar de Cristo e deve-se revestir dos seussentimentos. É preciso a “desintoxicação” que leva àpurificação da mente para cultivar atitudes de acolhimento ede sensibilidade. Evitar “frases e comportamentos pré-

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fabricados; apresentação "fria" “ do que Cristo… a Igreja…o Direito Canónico dizem" e como conclusão: “meusamigos, o caminho é só este e não vejo nenhuma outrasaída”.

O homem é um mundo cheio de mistérios, e então ohomem africano é mais complicado porque é ele e os “seus”– vivos e mortos”, nunca é um caso isolado… É preciso passar da dureza à sensibilidade; do isolamento à aproximação (ir, procurar, contactar,

visitar); da generalização à particularização (não levar a cábula

de respostas e soluções gerais); da condenação ao diálogo; das conclusões precipitadas à análise do fenómeno; .do afastamento ao “vamos caminhando juntos até

chegarmos aonde se pode ir e o que se pode fazer.Inspirar esperança… mas não falsas nem precipitadaspromessas só para sensibilizar mas que, no fundo, se sabeque não são facilmente realizáveis.

- Graças a Deus, neste últimos tempos a Igreja, desde oVaticano II, vai tendo uma atitude mais visível de mãe quese sente responsável por todos aqueles que o Senhor lheconfiou, dirigindo-lhes palavras de carinho, provocando edespertando a consciência; usando uma linguagem maisevangélica e abrindo as portas até onde se pode ir.

A Familiaris Consortio – Exortação Apostólica do Papa JoãoPaulo II de 22 de Novembro de 1981 dedica os seusnúmeros 79 a 84, a esta problemática e apresenta pistas deacção pastoral perante algumas situações irregularesenumerando-as e propondo soluções que, como é óbvio,nem a todos satisfazem.

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“Na sua solicitude por proteger a família em todas as suasdimensões, não só na religiosa, o Sínodo dos Bispos, nãodeixou de prestar atenta consideração a algumas situaçõesirregulares.…Seria muito útil indagar as causas deste fenómeno,mesmo nos seus aspectos psicológicos e sociológicos, parachegar a uma terapia adequada” (n.º 79), e no (n.º 84)conclui com estas palavras de solicitude pastoral: “A igrejaestá firmemente convencida de que mesmo aqueles que seafastaram do mandamento do Senhor e vivem agora nesseestado, poderão obter de Deus a graça de conversão e dasalvação, se perseverarem na oração, na penitência e nacaridade”.

Na carta do Papa às famílias de 2 de Fevereiro de 1994 –Ano Internacional da Família – no nº5 com o título: "O amore a solicitude por todas as famílias" e convidando a todos arezar por elas diz: “desta oração beneficiem também asfamílias em dificuldades ou em perigo; as famíliasdesanimadas ou divididas e aquelas que se encontram nassituações que a Familiaris Consortio qualifica como “irregulares” possam sentir-se todas abraçadas pelo amor epela solicitude dos irmãos e irmãs...”

Vale a pena ler e inspirar-se neste número.

Há muitos outros documentos pontifícios que merecem serconhecidos, estudados e reflectidos em ordem à nossaacção pastoral para um adequado apoio às pessoas quevivem nesta situação.Legislação sobre o matrimónio rato e não consumado, asaberturas do Código de Direito Canónico relativo aosTribunais Eclesiásticos. Ultimamente estão a sairdocumentos sobre a família reconhecidos pelo Santo Padre.Enumero alguns muito recentes:

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a) Sexualidade Humana: Verdade e Significado de18/12/1995;

b) Preparação para o Sacramento do Matrimónio de13/5/1996;

c) Família, Matrimónio e “Uniões de Facto” de26/7/2000.

Deste último vale a pena ler o nº 49: “Atenção eproximidade pastoral”. É de uma grande riqueza pastoralpara estas situações!

A nível do mundo inteiro, já estão a nascer iniciativas muitointeressantes em ordem a apoiar pastoralmente estaspessoas… há também muita literatura sobre o assunto.

2ª figura:

Deixo, por economia do tempo, o quadro nº3 sobre a acçãopastoral e iniciativas a nível da Igreja em África largamenteapresentadas com competência pelo Sr. Bispo de Kumasi -Gana, D. Peter Sarpong. A partir dessa explanação e dotrabalho de grupos e do plenário vimos que os problemasdo matrimónio são quase iguais em toda a África na suacomplexidade antropológica, cultural, religiosa…, uma vezque aqui o homem e a mulher africanos se encontram numaencruzilhada: Fé em Cristo e atenção às grandessolicitações da tradição, dos espíritos, dos medos daesterilidade e mais outros mistérios que não se devemsubestimar. Não vale a pena tentar ludibriar os problemasque inquietam profundamente o coração deste homem.

- O Papa aconselha-nos, porém, a não parar… continuara investigar: Ter espírito de criatividade, mas sem seafastar da “ linha ortodoxa”, sabendo porém, que a lei foifeita para o homem e não o contrário e que ela sedestina “à salvação das almas”.

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E aqui nascem muitos desafios e constrangimentos paranós os agentes da pastoral que, contudo, e sempre na linhada obediência, não nos devem fazer parar muito.Em muitas Dioceses e Paróquias da África vão nascendovárias iniciativas e experiências pastorais em ordem aacompanhar e integrar as pessoas que vivem em situaçõesirregulares para que não se sintam marginalizadas.

- Caná antes – Caná depois…- Associações; Catequese adequada- Grupos de reflexão “Activistas” e até, uma Paróquia de

Johannesburg – chamada S. Francisco de Assisencontrou-se um meio de atenuar o isolamento e osofrimento das pessoas que, devido à sua situaçãoirregular, não devem receber a Sagrada Comunhão.Quando os outros se aproximam da mesa eucarística,aqueles também, avançam para o ministro da eucaristiade quem só recebem a simples benção. Não sei dizeros mecanismos deste procedimento, mas é mais umatentativa de aproximação e de convite à reflexão.Quando e o que me impede de receber Cristosacramentalmente, como o fazem os outros?!…

- O que importa é não rejeitar as pessoas nem as deixarnuma atitude de passividade e de lamentações que nãopassam a actos em ordem à conversão.

- É das tantas iniciativas.

4ª figura: Pastoral Matrimonial em Moçambique

7.3 Quanto ao nosso caso, Moçambique, falamos delelargamente, numa das conferências, avançando ricas pistaspara a elaboração dum Directório Pastoral para omatrimónio; elaboração dum ritual inculturado etc.A nível da Conferência Episcopal e a partir da Comissão deFamílias- agora separada da dos leigos, tem havidoalgumas iniciativas para a pastoral familiar mas parece- me

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muito pouca a influência desta Comissão a nível dasDioceses. Ela é que nos poderia orientar e informar sobrevárias iniciativas e documentos tanto de Roma como daSECAM e da IMBISA para estarmos sempre actualizadosnesta matéria.Moçambique e outros países colonizados pelosPortugueses foram um caso à parte na linha da colonizaçãoe Evangelização e são um caso à parte mesmo comopaíses independentes. A colonização portuguesa criou emnós fortes raízes “Ocidentais e Portuguesas” que até hojenão sabemos muito bem se já nos libertamos ou estamos afazer sérios esforços por nos libertar a partir de nós osagentes da pastoral: Bispos (com licença) Padres:Religiosos e Religiosas Moçambicanos! O que sabemos dacultura africana e que passos sérios se dão para passar dofalar da inculturação e fazer a inculturação que se traduziráno nosso ser e agir como pastores.

Vivemos ainda sobre o signo dos 3 C do tempo colonial :Colonização (em todos os sentidos).Civilização (sinónimo da destruição ou negação deuma cultura que se dizia inexistente, havendo sóusos e costumes pagãos e imposição da cultura docolonizador).Cristianização (positiva como sinónimo de boanova e ambígua nas suas intenções emetodologias).

Pensando e alegrando-nos com a independência naesperança de recuperarmos a nossa identidade cultural, eisque nos aparece o 4ºC: Comunismo com todas as tristesconsequências na vida social, cultural, económica ereligiosa que provocou!E quando o 4ºC passa para a história, eis que surge o 5º,chamado: Consumismo com a economia de mercado: umaminoria (branca e preta) que enriquece e vive “numa boa”

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ao lado de numerosíssimos “Lázaros” condenados a tudose submeterem inclusive a própria dignidade moral,religiosa e cultural para poder “ sobreviver “.

- E a “baptizar” todos estes 5C vem o G = (gigante) com onome de “globalização” .

- Mas no fundo do túnel, talvez a “ fumegar”, ou amanifestar-se timidamente como um “ pirilampo” estáalgo que nos diz que somos e devemos ser africanosnão de nome mas no pensar e no agir. Não é fácil falarda inculturação nesta terra sobretudo no sul – porque aspessoas estão altamente intoxicadas e não é fácildesintoxicá-las. Os velhos estão a morrer!… os de 50 a70 anos só têm fracas recordações do que os avósdiziam… e recorrem a essas tradições para apaziguaros espíritos ou para deles obter favores, ter um melhoremprego, destituir um chefe ou enriquecer comfacilidade para além de evitar doenças ou “afastar” amorte!

Os jovens esses é que nem foram apanhados pelo 3C!Outros são vítimas do 4º (materialismo ateu), do 5º e daglobalização.

Em que princípios se baseiam os comportamentos e asopções dos nossos jovens hoje? Que apoio eles têm dafamília e da sociedade em geral? Com facilidade devoramtudo o que a propaganda lhes apresenta sem discrição.

7.3. É que falar, analisar, investigar os problemas domatrimónio em África e, sobretudo, em Moçambique sem ossituar nestes contextos, analisar as “situações irregulares” enos casamentos em Moçambique sem tomar em conta osaspectos sócio-económicos - culturais – religiosos, eglobalização e outros expomo-nos ao perigo dasuperficialidade, conclusões precipitadas e facilidade de sedeixar enganar. Atenção aos sinais dos tempos; a voz dos

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que gritam para a Igreja esperando a libertação e asalvação e atenção ao que o Espírito diz as nossas Igrejas.

7.4. Concluo dizendo:

1. É preciso acordar do sono – como diz S. Paulo2. É preciso investigar ( mais profundamente)3. É preciso vencer o medo e as ameaças queimpedem; matam ou tentam silenciar a iniciativasprovocadoras que obrigam a reflectir mesmo quehaja perigo de errar11.4. É preciso ultrapassar os “tabus” e falarabertamente de tudo aquilo que é humano e é“nosso” porque só a verdade nos libertará.5. É preciso cultivar a “inquietação”: lançar osporquês ao que se faz? Porquê se faz? Como sefaz? “Para que se faz” Por quem se faz, com quemse faz? Quando se faz? Evitar a rotina e asuperficialidade. Não ter medo de pensar!6. É preciso que os agentes da pastoralmoçambicanos redescubram a sua identidade emissão, conheçam e amem a sua cultura e apromovam no seu ser e no seu agir (verdadeirosafricanos no seu todo). Aliás, este pensamento foiexpresso pelo Santo Padre o Papa João Paulo II nasua visita pastoral a Moçambique em 198812.

11 Em abono da verdade e para alêm doutras causas, não terá sido o medo dascríticas que mataram a “USAREMO” – União de Sacerdotes e ReligiososMoçambicanos, cujas iniciativas e coragem possibilitaram o nascimento destaIgreja com “rosto moçambicano” que estamos a viver.12 Por vicissitudes históricas conhecidas, há escassez de sacerdotes diocesanosde Moçambique. Por isso, é de esperar e pedir ao Senhor da messe que, cada vezmais, Bispos e Sacerdotes moçambicanos assumam os destinos da Igreja do País.É mais conatural para vós irmãos do que para dedicados missionários“compadecer-vos” do homem moçambicano, comunicar e dialogar na sua“linguagem”, atingir o seu modo de se abrir a Deus e aos seus costumes. (JoãoPaulo II em Moçambique – Homilias Diocesanas – Mensganes, nº 40 – 7 ).

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7. É preciso restituir confiança ao povo para queseja agente activo e responsável da sua história nasociedade e na Igreja – sem medos nem complexosde incapacidade.8. É preciso saber o que o espírito nos quer dizercom certos comportamentos e atitudes que vãoaparecendo na Igreja: Numerosos baptismos – Crismas e casamentos

quase nulos. Poligamia escondida. Uniões de facto. Curandeirismo. Adesão ás Seitas ou outras religiões.9. É preciso não queimar etapas. Estar atento à “horade Deus”, evitando iniciativas ou aconselhamentosprecipitados. Não é tempo perdido gastarem-sehoras no diálogo de preparação pré-matrimonial paradespertar a fé e profundas motivações religiosas doque recorrer a celebrações sem convicções.10. É preciso, como Maria, estar atento às situaçõesmatrimoniais por realizar ou já realizadas onde,infelizmente, falta o vinho da fé; do amor e docompromisso e seriedade.

A nossa tarefa como agentes da Pastoral -serventes- é de“fazer tudo o que o Senhor nos manda”13 enchendo astalhas com água de uma séria Pastoral Matrimonialabrangente, isto é, permanente; progressiva; inculturada; efundamentada na doutrina (Teologia); nas Leis da Igreja natradição e na Cultura.

13 João, 2, 1-11.

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Ele, o Senhor, vai com a sua bênção e seu poder fazeraparecer “Bom Vinho” apetitoso que serão famílias unidas;alegres; profundamente cristãs; envagelizadas eevangelizadoras que se tornarão “Sal da terra e Luz domundo”14.

Que assim seja e obrigado.

Cântico: O Teu Reino, Senhor, é Justiça; O Teu Reino,Senhor, é perdão!

14 Mt.5, 13-14.

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B I B L I O G R A F I A

1- O Matrimónio – Centro de Formação de Nazaré – Actasda 5ª Formação Teológica – Colecção: temas deInvestigação...

2- African Christian Marriage – B. KiserboL. Magessa A. ShorterPaulinas Publications Africa – 1998 2ª

3- The Ethical Dimension of Community. Bénézet BujoPaulinas Publicatios Africa – 1998

4- Identidad Africana y Cristianismo - Engelbert Mveng- Palabras de un creyente Scam - Verbo Divino

5- Questões Cristãs à Religião Tradicional Africana –Adriano Langa, Editorial Franciscana – Braga - 1992

6- Concílio Ecuménico Vaticano II – Documentos Concilarese Pontifícias Edit. A.O.

7- A Família Cristã - Familiaris Consortio- ExortaçãoApostólica do Papa João Paulo II – Ed. A.O. Braga.

8- Carta do Papa às Famílias - João Paulo II – AnoInternacional da Família.

9- Conselho Pontifício para a Família: SexualidadeHumana: Verdade e Significado – 18/12/1995

10- Conselho Pontifício para a Família – Preparação para oSacramento do matrimónio – 13/5/1996

11- Conselho Pontifício para a Família: Famílias,Matrimónio, Uniões de facto – 26/7/2000.

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12- Divórcio e Novo Matrimónio – Vítor J. Pospishil, Ed.Bonpiani – 1967.

13- A Igreja e os divorciados – Michael Legrain – Ed.Paulinas, 1989.

14- Casamentos que nunca deveriam ter existido – Umasolução Pastoral – Jesus Hortal, S.J., Edições Loyola,5ª Ed., 1999.

15- Princípios e Valores do Matrimónio Bantu, Pio Brentari,o.f.m. Cap., Júlio Menezes Rodrigues Ribeiro,Investigação e Informação Pastoral, Centro deInvestigação Pastoral – Beira.

16- Sacramento do Matrimónio: Aspectos Jurídicos ePastorais, Centro de Investigação Pastoral – Beira,Outubro, 1970.

17- Periódica de Re Canónica – Vol. LXXXV, 1996 – Fasc.I Pug- Roma, Personi divorziati civilmente risposatiaccostarsi alla santa Comunione? – Fuce I – S.J.

18- Anteprojecto da Lei de Família – Maputo – Comissãode Reforma Legal, Março, 2000.

19- Código de Direito Canónico- Anotado – Braga:Theologica, 1997.

20- Família Cristã na Igreja em Moçambique, Beira – CEM,1981.

21- Ecclesia in Africa: Exortação Apostólica Pós-Sinodal deJoão Paulo II.