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PAS 1 – Questões – História Geral Teatro Epidauros, século IV a.C., Grécia. Figura I Fotografia da encenação da peça Antígona, direção de Antunes Filho, 2005. In: Revista IstoÉ. Figura II TEXTO: Do casamento incestuoso de Edipo com sua mae, Jocasta, nasceram quatro filhos: Polinice, Eteocles, Ismena e Antigona. Creonte, irmao de Jocasta e, portanto, tio de Antigona, havia usurpado o trono de Tebas. Polinice contesta pelas armas a legitimidade do novo tirano de Tebas, que e apoiado por Eteocles. No combate, as portas de Tebas, os irmaos caem no campo de batalha, um ferido pela mao do outro. Creonte decide distinguir Eteocles como heroi da cidade, homenageando-o com funerais de guerreiro que morreu defendendo Tebas, e castigar Polinice como traidor, negando-lhe os funerais tradicionais. Decreta, ainda, a pena de morte para aquele que ousar enterrar Polinice, para assegurar-lhe a vida eterna nos Campos Eliseos. Bárbara Freitag. Itinerário de Antígona: a questão da moralidade. São Paulo: Papirus, 1992 (com adaptações).

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Questões de historia para 1º ano.

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Page 1: PAS 1 - Questões

PAS 1 – Questões – História Geral

Teatro Epidauros, século IV a.C., Grécia.Figura I

Fotografia da encenação da peça Antígona,direção de Antunes Filho, 2005. In: Revista IstoÉ.

Figura II

TEXTO:Do casamento incestuoso de Edipo com sua mae, Jocasta, nasceram quatro filhos: Polinice, Eteocles, Ismena e Antigona. Creonte, irmao de Jocasta e, portanto, tio de Antigona, havia usurpado o trono de Tebas. Polinice contesta pelas armas a legitimidade do novo tirano de Tebas, que e apoiado por Eteocles. No combate, as portas de Tebas, os irmaos caem no campo de batalha, um ferido pela mao do outro. Creonte decide distinguir Eteocles como heroi da cidade, homenageando-o com funerais de guerreiro que morreu defendendo Tebas, e castigar Polinice como traidor, negando-lhe os funerais tradicionais. Decreta, ainda, a pena de morte para aquele que ousar enterrar Polinice, para assegurar-lhe a vida eterna nos Campos Eliseos.

Bárbara Freitag. Itinerário de Antígona: a questão da moralidade. São Paulo: Papirus, 1992 (com adaptações).

Questão: Na epoca em que foi escrita, a peca Antigona era encenada em palcos similares ao do Teatro Epidauros, ilustrado na figura I. Hoje, nas encenacoes da peca, sao usadas novas formas, como ilustrado na figura II, o que evidencia que as pecas clássicas seguem inspirando artistas e criadores, que, muitas vezes, atualizam e adaptam os textos. (C)

Questão: A tragedia Antigona coloca, no palco, personagens do mundo aristocratico, definidas pelos valores da guerra e pelos lacos de sangue ou de

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familia, e, no coro, o colegio de cidadaos, que dialogam com as personagens que estao no palco. (C)Questão: Na Grecia Antiga, os dramaturgos inspiravam-se no repertorio mitico das lendas heroicas, que era transmitido pela poesia e pela arte figurativa. (C)

Questão: Na Grecia Antiga, as comedias e as tragedias eram apresentadas a numerosa multidao em amplo teatro a ceu aberto, como o Teatro Epidauros, e eram consideradas um evento estetico, religioso e civico. (C)

TEXTO:

Nessa longa duracao de mais de dez seculos, distingui quatro periodos na Idade Media. O terceiro (seculos XI – XIII) e o mais fecundo em crescimento, em criatividade e em grandes 4 personagens. Eu chamei-o banalmente de “apogeu medieval”, mas fiz questao de precisar as mais importantes criacoes que constituem sua forca: cidades, monarquia, comerciantes, 7 escolasticos, mendigos.

Jacques Le Goff. Homens e mulheres da Idade Média.São Paulo: Estação Liberdade, 2013, p. 13-4 (com adaptações).

Questão: Ao apontar as criacoes que constituem a forca do terceiro periodo da Idade Media, o autor destaca as que também anunciariam a crise do feudalismo e sua substituicao por uma realidade assentada na economia urbano-mercantil. (C)Questão: A invasao arabe ao continente europeu, no seculo VIII, impulsionada pelo ideal de guerra santa, foi contida pelos cristaos francos, comandados por Carlos Martel. Ao contrario do que ocorreu em Portugal, a presenca moura na Espanha atravessou todo o periodo da Idade Media. (C)Questão: Contrariando o que pregavam os dominicanos, ordem mendicante, o surgimento de uma figura como Sao Francisco de Assis, na Idade Media, foi fundamental para a defesa de uma Igreja Catolica rica e politicamente poderosa. (E)

TEXTO:

Nao deve ser, portanto, credulo o Principe, nem precipitado, e nao deve amedrontar a si proprio, e proceder equilibradamente, com prudencia e humanidade, de modo que a confianca demasiada nao o torne incauto e a desconfiança excessiva nao o faca intoleravel.Nasce dai esta questao debatida: sera melhor ser amado que temido, ou vice-versa. Responder-se-a que se desejaria ser uma e outra coisa; mas, como e dificil reunir, ao mesmo tempo, as qualidades que dao aqueles resultados, e muito mais seguro ser temido que amado, quando se tenha de falhar em uma das duas.

Maquiavel. O príncipe. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2010, p. 38.

Questão: A obra O Principe insere-se no contexto de transformação historica que, na Europa do inicio da Idade Moderna, conduziu a consolidacao dos Estados nacionais e dos regimes absolutistas. (C)

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Questão: A centralizacao do poder politico que sucedeu a fragmentação caracteristica do feudalismo foi decisiva para a expansão comercial e maritima que resultou na abertura de novas rotas comerciais para o Oriente e na descoberta do Novo Mundo. (C)

Questão: Principal fonte de energia utilizada durante a PrimeiraRevolucao Industrial, a lenha foi fundamental para odesenvolvimento das atividades fabris. (E)

Disponível em: www.metmuseum.org. Acesso em: 14 set. 2011.

Questão: A figura apresentada é de um mosaico, produzido por volta do ano 300 d.C., encontrado na cidade de Lod, atual Estado de Israel. Nela, encontram-se elementos que representam uma característica política dos romanos no período, indicada em:(A) Cruzadismo – conquista da terra santa.(B) Patriotismo – exaltação da cultura local.(C) Helenismo – apropriação da estética grega.(D) Imperialismo – selvageria dos povos dominados.(E) Expansionismo – diversidade dos territórios conquistados.

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Charge anônima. BURKE, P. A fabricação do rei. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.

Questão: Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que visavam sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra(A) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios à vestimenta real.(B) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real representa o público e sem a vestimenta real, o privado.(C) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um reidespretensioso e distante do poder político.(D) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes reais em relação aos de outros membros da corte.(E) a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei, pois o corpo político adornado esconde os defeitos do corpo pessoal.

TEXTO:

Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu cumprimento.Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dosdesignados por ele próprio.Que é indispensável convocar com frequência os Parlamentos para satisfazer os agravos, assim como para corrigir, afirmar e conservar leis.

Declaração de Direitos. Disponível em: http://disciplinas.stoa.usp.br.Acesso em: 20 dez. 2011 (adaptado).

No documento de 1689, identifica-se uma particularidade da Inglaterra diante dos demais Estados europeus na Época Moderna. A peculiaridade inglesa e o regime político que predominavam na Europa continental estão indicados, respectivamente, em:

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(A) Redução da influência do papa – Teocracia.(B) Limitação do poder do soberano – Absolutismo.(C) Ampliação da dominação da nobreza – República.(D) Expansão da força do presidente – Parlamentarismo.(E) Restrição da competência do congresso – Presidencialismo.

TEXTO:Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade.

MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).

Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao(A) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.(B) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.(C) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.(D) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.(E) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.

TEXTO:Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente.

ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia.São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).

O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?

(A) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.(B) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.(C) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.(D) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.(E) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.

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TEXTO:Só há pouco tempo, a democracia foi guindada ao Olimpo das virtudes políticas: o fato de ser um conceito tão invocado hoje em dia não poderá dissimular a sua juventude. Escarnecida na Antiguidade, a democracia só veio a ser incensada a partir do final do século XVIII.

Norbert Roland. Roma, democracia impossível? Os agentes do poderna urbe romana. Brasília: Ed. UnB, 1997, p. 391 (com adaptações).

As conquistas militares do imperador macedônico Alexandre favoreceram as trocas culturais entre o Ocidente e o Oriente e contribuíram para a difusão e a preservação da língua e da cultura gregas no mundo antigo. (C)

Considerando que o texto de que foi extraído o fragmento acima foi publicado pela primeira vez em 1981, assinale a opção correta.(A) A democracia como sistema político surgiu, pela primeira vez, por volta do século I a.C., no contexto da República romana, em resposta às crescentes demandas dos plebeus por mais participação no governo da sociedade.(B) Inaugurada pelos gregos antigos e continuada por romanos e cristãos no mundo ocidental, a tradição política democrática foi radicalmente criticada pelos autores iluministas no final do século XVIII.(C) Apesar de terem sido introduzidos na Antiguidade, os valores democráticos permaneceram pouco cultivados por mais de dois milênios, até que, a partir do final do século XVIII, tornaram-se importantes na vida política ocidental.(D) Com a implantação da democracia em Atenas, os cidadãos que não possuíam escravos perderam o direito de participar na Eclésia, a assembleia popular da cidade.

TEXTO:Chama-se democracia porque age para o maior número, e não para uma minoria. Todos participam igualmente das leis concernentes aos assuntos públicos; é apenas a excelência de cada um que institui distinções, e as honras são feitas ao mérito, e não à riqueza. Nem a pobreza nem a obscuridade impedem que um cidadão capaz sirva à cidade. Livres no que respeita à vida pública, livres também somos nas relações cotidianas. Cada um pode dedicar-se ao que lhe dá prazer sem incorrer em censura, desde que não cause danos. Apesar dessa tolerância na vida privada, nós nos esforçamos para nada fazer contra a lei em nossa vida pública. Permanecemos submetidos aos magistrados e às leis, sobretudo àquelas que protegem contra a injustiça e às que, por não serem escritas, nem por isso trazem menos vergonha aos que astransgridem (Tucídides, II, 37).

Péricles apud Marilena Chaui. Introdução à história da filosofia:dos pré-socráticos a Aristóteles. v. I, 2.a ed. rev. e ampl. São

Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 135 (com adaptações).

Com base no conceito de democracia, assinale a opção correta.(A) O conceito de cidadania nasceu atrelado ao de hierarquia, na civilização helênica.(B) A meritocracia individual subjaz a regimes democráticos.(C) A liberdade e a igualdade individuais devem submeter-se aos ditames da maioria.(D) A deificação é o árbitro que regula as relações individuais.

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TEXTO:Há cerca de 4 milhões de anos, um ramo dos primatas que vivia em árvores começou a experimentar um novo meio de vida, ao aventurar-se em extensas pradarias, e alguns deles passaram a dominar a arte de caminhar sobre duas patas. Seus cérebros se avolumaram com a experiência de usar as mãos, que estavam livres para produzir ferramentas que os ajudassem a sobreviver nas condições hostis causadas pelas mudanças climáticas. Chimpanzés de duas patas evoluíram rapidamente para criaturas como você e eu — primatas que aprenderam a conversar, cantar, acender fogueiras e até a desenhar.

Christopher Lloyd. O que aconteceu na Terra? A história do planeta, da vidae das civilizações, do big bang até hoje. Rio de Janeiro: Intrínseca, p. 81.

Questão: A divisão entre os períodos antes de Cristo (a.C.) e depois de Cristo (d.C.) é uma característica universal dos sistemas de marcação do tempo e, portanto, é adotada em todas as culturas. (E)

Questão: Originado da civilização fenícia há cerca de 3.500 anos e fundado pelo profeta Zaratustra, o zoroastrismo é uma das primeiras religiões claramente monoteístas de que se tem registro. (E)

Questão: Sustenta-se, na hipótese mais aceita acerca do povoamento da América, que os seres humanos começaram a chegar ao continente em ondas migratórias vindas da Ásia há cerca de 12.000 anos, através do estreito de Behring, entre a Rússia e o Alasca. (C)

Questão: No período neolítico, iniciado entre 10 e 12 mil anos atrás, as transformações no estilo de vida do ser humano pré-histórico resultaram do surgimento da agricultura e pecuária e do desenvolvimento de aglomerados urbanos. (C)

Questão: Acerca da pré-história e da história antiga do continente africano, assinale a opção correta.(A) O povoamento da África foi iniciado, há mais de 100.000 anos, por ondas migratórias originadas da América do Sul.(B) No Egito Antigo, o sistema político se caracterizou pela divisão de poderes entre o faraó e o parlamento, sendo este constituído de representantes eleitos pelos cidadãos livres.(C) As antigas civilizações africanas não conheciam a metalurgia até que colonos romanos introduzissem técnicas de produção de artefatos de ferro por volta do século I d.C.(D) Após terem sido mantidos, por séculos, sob dominação egípcia, os núbios invadiram o sul do Egito e fundaram uma dinastia de faraós, que dominou a região do Nilo por cerca de 100 anos.

TEXTO:Bem-vindos à época da humanidade! Por séculos, a percepção do mundo, da vida social e dos meios de produção esteve (e está) centrada nos seres humanos. Chamamos essa visão de mundo de “antropocêntrica”.

B. Martini. Antropoceno: a época da humanidade. In:Revista Ciência Hoje, jul./2011, p. 39 (com adaptações).

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Questão: O eurocentrismo, que está associado ao antropocentrismo, norteou o processo colonizador nas Américas e na África, a partir do século XVI. (C)

TEXTO:Durante a realeza, e nos primeiros anos republicanos, as leis eram transmitidas oralmente de uma geração para outra. A ausência de uma legislação escrita permitia aos patrícios manipular a justiça conforme seus interesses. Em 451 a.C., porém, os plebeus conseguiram eleger uma comissão de dez pessoas — os decênviros — para escrever as leis. Dois deles viajaram a Atenas, na Grécia, para estudar a legislação de Sólon.

COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

A superação da tradição jurídica oral no mundo antigo, descrita no texto, esteve relacionada à(A) adoção do sufrágio universal masculino.(B) extensão da cidadania aos homens livres.(C) afirmação de instituições democráticas.(D) implantação de direitos sociais.(E) tripartição dos poderes políticos.

TEXTO:O genero epistolar foi largamente difundido em todo o periodo helenistico, ressaltando-se a circulacao literaria das cartas de filosofos (Platao e Epicuro, por exemplo) e, a partir do segundo seculo, as dos apostolos e as de outras figuras cristas importantes. O que interessa, sobretudo, destacar e que a carta guarda relacoes genericas tanto com o dialogo quanto com a narrativa. A carta, ainda que contenha uma narrativa, configura sempre um dialogo potencial em que o remetente marca seu texto com indicios que determinam o seu lugar, bem como o do recebedor. O narrador de uma carta nao deixa de ser, por natureza, um narrador representado, como e Socrates na República, de Platao.

Jacyntho Lins Brandão. A invenção do romance.Brasília: Ed. UnB, 2005, p. 130-1 (com adaptações).

A civilizacao helenistica resultou da fusao das culturas grega e oriental, gracas a expansao macedonica conduzida por Alexandre, que conseguiu difundir o ideal democrático ateniense nas areas conquistadas na Asia. (E)

TEXTO:A Europa viveu uma revolucao cultural — a Renascenca — nos seculos XV e XVI, nos quais muito dos antigos saberes do continente foi recuperado e um novo espirito de curiosidade cientifica assegurou-lhe avanços tecnologicos essenciais, que a colocaram a frente do resto do mundo. As viagens de exploracao logo se transformaram em grandes ondas de colonizacao, que chegaram a maior parte do globo.

Philip Parker. Guia Ilustrado Zahar: históriamundial. Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p. 216-7.

O momento das descobertas foi tambem o momento das rupturas. Ao lado das invencoes tecnicas, que permitiram as aventuras dos navegantes, transformacoes nas estruturas materiais e mentais deram inicio ao que a filosofia e a historia chamam de “liberacao do individuo”, tirando-o do

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anonimato medieval: “divinizacao do homem e humanizacao de Deus”. Avanca a circulacao das ideias, com a descoberta, por Gutenberg, do processo de impressao por meio de tipos moveis, com a multiplicacao dos livros e o aparecimento da imprensa escrita.

Adauto Nunes. Experiência e destino. In: Adauto Nunes (Org.). A descoberta dohomem e do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p.10-1 (com

adaptações).Questões:Na Europa medieval, a circulacao do saber foi dificultada pelas condicoes tecnicas, ao passo que, na Idade Moderna, gracas a descoberta de Gutenberg, a disseminacao do conhecimento foi facilitada e contemplou um publico muito maior. (C)Na Europa do Antigo Regime, a censura do Estado absolutista impedia o florescimento das ideias libertarias, no entanto, nas colonias ibericas da America, provavelmente em face da ausencia fisica dos dirigentes metropolitanos, a liberdade de circulacao dessas ideias, em particular as dos iluministas do seculo XVIII, estimulou os varios movimentos de independencia. (E)O ciclo das grandes navegacoes dos seculos XV e XVI ajudou a completar o processo de transicao de um feudalismo em crise a um capitalismo que dava seus passos iniciais. Dessa expansao maritima decorreu a colonizacao de novas terras, como as americanas. Essa expansao foi essencial para que a Europa incrementasse a acumulacao de capital que financiaria o dinamismo economico da Idade Moderna. (C)Mais do que apenas um movimento artistico, cujo esplendor atingiu dimensao incomparavel na Italia, o Renascimento desvela a modernidade na Europa, ao ampliar os horizontes de conhecimento e difundir conceitos fundados no humanismo. (C)Infere-se dos fragmentos de texto apresentados que a Europa Moderna volta-se radicalmente contra o medievo, o que explica a posicao renascentista e da revolucao cientifica do seculo XVII de negar a existencia de Deus. (E)

TEXTO:

As realizacoes cientificas da fisica no seculo XVII, em parte inspiradas em um revivescimento do interesse pelo atomismo grego e pela filosofia epicurista, muito contribuíram para incentivar tentativas cada vez mais complexas de explicar a acao humana sem recorrer as crencas, aos desejos, as intencoes e aos julgamentos morais dos agentes. Por que não estender ao estudo das criaturas vivas os metodos e modos de abstracao que se haviam revelado tao uteis na explicacao e previsao de fenomenos fisicos que iam dos corpos celestes ao movimento local e a reflexao da luz? O iluminismo setecentista foi alem e usou o crescimento do conhecimento cientifico como antidoto contra o veneno do dogma teologico imposto e a autoridade arbitraria nas questoes de crenca.

Eduardo Giannetti. O mercado das crenças – filosofia econômicae mudança social. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 41.

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Questões:No seculo mencionado no texto, a Europa vivia o contexto historico de consolidacao do absolutismo monarquico e de disseminacao do liberalismo economico; na America de colonizacao iberica, explodiam os movimentos emancipacionistas, como a Conjuracao dos Alfaiates e a Insurreicao Pernambucana. (E)

TEXTO:

A historia da humanidade nao pode ser dissociada da historia de seus parasitas. O primeiro Homo sapiens ja os encontrou prontos para o assalto, e o ultimo nao se despedira da vida sem a presenca deles. A relacao entre seres humanos e parasitas nunca foi amistosa, quando muito, tolerada. A expressao mais desastrosa de nossa relacao com tais organismos sao as epidemias — ou pandemias, quando em escala global —, que ja dizimaram populacoes ao longo do tempo, chegando a alterar o curso da Historia. A AIDS e a SARS tem muitas caracteristicas em comum: seus agentes são virus que romperam a barreira biologica entre animais e seres humanos e se disseminaram gracas a brechas nos sistemas nacionais e internacionais de vigilancia. Sao produtos daglobalizacao, e seus efeitos politicos, economicos e sociais são devastadores.

J. A. Favaretto, H. Trebbi. Globalização dissemina as epidemiaspor todo o planeta. In: Boletim Mundo: geografia e política

internacional, out./2003. Internet: <clubemundo.com.br> (com adaptações).

QuestãoNa Baixa Idade Media, a crise economica do seculo XIV juntou-se a Peste Negra, que, em meio as precarias condições de saneamento nas cidades que renasciam, dizimou mais de um terco da populacao. O sistema produtivo europeu foi muito prejudicado, mas voltou a expandir-se no seculo seguinte, inclusive devido as grandes viagens ultramarinas. (C)

TEXTO:

Mar1 Fomos ver o mar. Era de manhã, fazia sol. De repente houve um grito: o mar! Era qualquer coisa de largo, de inesperado. Estava bem verde perto da terra, e mais longe estava azul. Nós todos gritamos, numa gritaria infernal, e saímos correndo para o lado do mar. As ondas batiam nas pedras e jogavam espumas que brilhavam ao sol. Ondas 7 grandes, cheias, que explodiam com barulho. Ficamos ali parados, com a respiração apressada, vendo o mar...Depois o mar entrou na minha infância e tomou conta de uma adolescência toda, com seu cheiro bom, os seus ventos, suas chuvas, seus peixes, seu barulho, sua grande e espantosa beleza.

Rubem Braga. Mar. In: O conde e o passarinho e Morro doIsolamento. Rio de Janeiro: Editora do autor, 1964, p. 155.

Questão:O mar, tema central do texto acima, foi fundamental na abertura de rotas comerciais para o Oriente, realizada por portugueses e espanhóis impulsionados pela necessidade de escapar do monopólio exercido por mercadores italianos no Mar Mediterrâneo. Como resultado do estabelecimento

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dessas novas rotas, o eixo econômico europeu deslocou-se para o Oceano Atlântico. (C)

Questão:Em larga medida, a economia medieval europeia foi marcada pelo predomínio da agricultura de subsistência. A esse respeito, redija um texto dissertativo caracterizando, em linhas gerais, o modo de uso da terra para a produção agrícola feudal e o regime de trabalho que o sustentava._____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Questões:A expansão comercial e marítima europeia dos séculos XV e XVI, pioneiramente conduzida por Portugal, levou ao estabelecimento de colônias na África, na Ásia e nas terras americanas, entre as quais o Brasil. (C)O modelo de colonização ibérica utilizado na América, excetuando-se a região platina, foi submetido às determinações do mercantilismo, o que justifica as práticas simultâneas da escravidão e do trabalho assalariado, além da ênfase na produção agrícola de subsistência. (E)Na realidade histórica advinda das grandes navegações, estavam erradicadas as formas de organização política, econômica, social e cultural vigentes no feudalismo medieval, a começar pela substituição da força institucional da Igreja Católica pelo poder, após a Reforma, das religiões não cristãs. (E)

TEXTO:Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos cultivos, entregue cada um aos seus afazeres e cuidados, quando de súbito se ouviu soar o sino da igreja. Naqueles piedosos tempos (estamos a falar de algo sucedido no século XVI), os sinos tocavam várias vezes ao longo do dia, e por esse lado não deveria haver motivo de estranheza, porém aquele sino dobrava melancolicamente a finados, e isso, sim, era surpreendente, uma vez que não constava que alguém da aldeia se encontrasse em vias de passamento. (...). Ora, não sendo este o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreende-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava o sineiro e quem era o morto. “O sineiro não está aqui, eu é que toquei o sino”, foi a resposta do camponês. “Mas então não morreu ninguém”, tornaram os vizinhos, e o camponês respondeu: “Ninguém que tivesse nome e figura de gente, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta.”

José Saramago. Este mundo da injustiça globalizada.Internet:<www.dominiopublico.gov.br> (com adaptações).

Questão:O período histórico mencionado no texto é o início da Idade Moderna, contexto em que, na Europa, se aprofunda a crise do feudalismo. (C)

TEXTO:O Oriente Medio e uma das regioes mais conflituosas do mundo. Entre os fatores que contribuem para tal fenomeno, podem ser mencionados: historia da regiao; origem dos conflitos entre arabes, israelenses e palestinos; posicao

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geografica (confluencia de tres continentes); condicoes hidrograficas peculiares — a maior parte dos paises ali localizados e dependente de agua de paisesvizinhos —; presenca de recursos estrategicos no subsolo, especificamente petroleo.

Internet: <www.brasilescola.com> (com adaptações).

Historicamente, a busca de recursos naturais desencadeia conflitos sociais e desenvolvimento de tecnologias e das ciencias. Atualmente, agua potavel e petroleo sao exemplos de substancias quimicas que compoem recursos naturais disputados. (E)A respeito do tema de que trata o texto, e correto afirmar que, no seculo XXI, o Oriente Medio testemunhou(A) a disputa territorial entre Egito e Israel na Peninsula do Sinai e no litoral do Mar Vermelho.(B) a invasao do territorio iraquiano pelo exercito do Ira, devido a disputas por campos de petroleo, principalmente no Curdistao iraquiano.(C) a Primavera Arabe, serie de conflitos e pressoes populares para a conquista da democratizacao de paises governados por ditadores, como Siria, Jordania e Iemen.(D) a eclosao de atentados terroristas no Libano, provocados pelos movimentos separatistas no Caucaso.

PAS 1 – Questões – História do Brasil

A alimentação em uma caravela não era muito variada. Nos primeiros dias, devia-se comer carne e frutas frescas, para evitar que elas se deteriorassem. Alguns porcos e galinhas eram embarcados vivos, para serem abatidos ao longo da viagem e servirem de comida. Depois, entravam no cardápio peixes, frutas secas, cereais e biscoitos. A má alimentação causava aos marinheiros que ficavam muito tempo em alto-mar sérios problemas de saúde, como, por exemplo, o escorbuto, por carência de vitamina C.

Ciência Hoje, 11/5/2010 (com adaptações).

Questão:A prática relatada no texto contribuiu para o aperfeiçoamento do sistema de transporte de escravos para as Américas, o qual passou a contar com

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adequadas condições de higiene e alimentação, de forma a se preservar a vida daqueles que constituiriam a mão de obra nas colônias. (E)

Questões:Exemplo de desigualdade social historicamente construida foi o que ocorreu no Brasil Colonia, quando a escravidao, tímida na economia acucareira, enrijeceu-se de tal forma na atividade de mineracao que os escravos tiveram retardada a conquista da sua liberdade. (E)No Brasil colonial, para se desenvolver a agroindústria açucareira, eram necessárias amplas extensões de terra para o plantio da cana. À metrópole portuguesa — responsável pelo financiamento dos engenhos, pelo transporte e pela comercialização do açúcar no mercado europeu — estavam assegurados lucros anuais elevados. (E)A agroindústria açucareira gerou, nos séculos XVI e XVII, uma sociedade predominantemente rural e patriarcal, e a mineração, no século XVIII, permitiu a constituição de uma sociedade urbana e mais dinâmica. (C)O exodo de milhoes de africanos no seculo XVI, decorrente do trafico de escravos, contribuiu para a formacao cultural do povo brasileiro, em cuja composicao e significativa a quantidade de afrodescendentes. (C)Foi com o inicio da colonizacao do Brasil, a partir da expedicao de Martim Afonso de Sousa, que Portugal começou a preocupar-se em dominar areas africanas fornecedoras de escravos. (E)Os maiores lucros provenientes da agroindustria açucareira nordestina foram obtidos por investidores holandeses que distribuiam o produto nos mercados europeus. (C)A colonizacao do Brasil restringiu-se, no primeiro seculo, a regiao da Mata Atlantica, que, nao por acaso, corresponde a porcao do territorio dividida em capitanias hereditarias. (C)A mineracao foi importante para a interiorizacao da colonizacao no Brasil, o que se evidencia na ocupacao de áreas da regiao Nordeste. (E)

TEXTO:Estima-se que, entre 1701 e 1800, desembarcaram nas Americas

6.400.000 escravos africanos, dos quais 35% foram para as terras lusas. O dinamismo da economia escravista mercantil, capaz de unir, pelo Atlantico, areas tao distantes como o sertao de Cuiaba (Mato Grosso, Brasil) e Massangano (Angola), de viabilizar a mobilidade social que transformava comerciantes reinois em negociantes de grosso trato e pretos cabindas em forros pardos, ocorreu no ambito do Antigo Regime catolico. Nessa economia escravista, a producao estava voltada para o mercado (acucar, metais preciosos etc.) e parte de seus insumos era composta por mercadorias, a comecar pela propria mao de obra nos portos da Guine e de Angola, entre outros da costa africana.

João Fragoso e Roberto Guedes. Apresentação. In: João Fragoso e Maria de Fátima Gouvêa (Orgs.). O Brasil colonial (v. 3). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014, p. 9-10 (com

adaptações).

Questão: Assinale a opcao correta a respeito do quadro econômico colonial brasileiro.

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(A) A economia colonial brasileira estava organizada para o mercado externo, razao pela qual praticamente inexistia consumo interno.(B) A extracao do pau-brasil deu inicio efetivo a colonizacao, ao fixar os portugueses em terras americanas.(C) A agroindustria acucareira, especialmente concentrada na Zona da Mata nordestina, desenvolveu-se em uma sociedade permeavel e relativamente democratica.(D) O escravo africano, cujo trabalho foi essencial na colonizacao do Brasil, gerava lucros tambem como mercadoria, desde a negociacao na Africa

Questão: Assinale a opcao correta a respeito do processo de colonizacaodas Americas.(A) No seculo XVIII, o Brasil recebeu o maior numero de escravos africanos, para trabalhar na atividade acucareira, cujo auge ocorreu no periodo referido no texto.(B) A inexpressiva presenca de escravos africanos nas colônias inglesas da America do Norte explica-se pelo caráter capitalista da economia dessas colonias.(C) Nas colonias espanholas da America, o trabalho compulsorio tambem se fez presente, atingindo as populacoes indigenas.(D) A acao dos jesuitas, especialmente no Sul do Brasil, voltou-se para a protecao de povos indigenas e contou com o apoio da Coroa portuguesa.

TEXTO:Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antes dos europeus, foram os próprios africanos trazidos como escravos. E esta descoberta não se restringia apenas ao reino linguístico, estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive à da religião. Há razões para pensar que os africanos, quando misturados e transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência entre si de elos culturais mais profundos.

SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP, n. 12, dez./jan./fev. 1991-92 (adaptado).

Questão:Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduosde diferentes partes da África, a experiência da escravidãono Brasil tornou possível a(A) formação de uma identidade cultural afro-brasileira.(B) superação de aspectos culturais africanos por antigastradições europeias.(C) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.(D) manutenção das características culturais específicasde cada etnia.(E) resistência à incorporação de elementos culturaisindígenas.

TEXTO:

Mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos testemunhos, e é que vi nesta terra de Veragua [Panamá] maiores indícios de ouro nos dois primeiros dias do que na Hispaniola em quatro anos, e que as terras da região não podem ser

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mais bonitas nem mais bem lavradas. Ali, se quiserem podem mandar extrair à vontade.

Carta de Colombo aos reis da Espanha, julho de 1503. Apud AMADO, J.; FIGUEIREDO, L. C.Colombo e a América: quinhentos anos depois. São Paulo: Atual, 1991 (adaptado).

Questão: O documento permite identificar um interesse econômico espanhol na colonização da América a partir do século XV. A implicação desse interesse na ocupação do espaço americano está indicada na

(A) expulsão dos indígenas para fortalecer o clero católico.(B) promoção das guerras justas para conquistar o território.(C) imposição da catequese para explorar o trabalho africano.(D) opção pela policultura para garantir o povoamento ibérico.(E) fundação de cidades para controlar a circulação de riquezas.

TEXTO:A moderna “conquista da Amazônia” inverteu o eixo geográfico da colonização da região. Desde a época colonial até meados do século XIX, as correntes principais de população movimentaram-se no sentido Leste-Oeste, estabelecendo uma ocupação linear articulada. Nas últimas décadas, os fluxos migratórios passaram a se verificar no sentido Sul-Norte, conectando o Centro-Sul à Amazônia.

OLIC, N. B. Ocupação da Amazônia, uma epopeia inacabada.Jornal Mundo, ano 16, n. 4, ago. 2008 (adaptado).

O primeiro eixo geográfico de ocupação das terras amazônicas demonstra um padrão relacionado à criação de(A) núcleos urbanos em áreas litorâneas.(B) centros agrícolas modernos no interior.(C) vias férreas entre espaços de mineração.(D) faixas de povoamento ao longo das estradas.(E) povoados interligados próximos a grandes rios.

TEXTO:A experiência que tenho de lidar com aldeias de diversas nações me tem feito ver, que nunca índio fez grande confiança de branco e, se isto sucede com os que estão já civilizados, como não sucederá o mesmo com esses que estão ainda brutos.

NORONHA, M. Carta a J. Caldeira Brant. 2 jan.1751. Apud CHAIM, M. M.Aldeamentos indígenas (Goiás: 1749-1811). São Paulo:

Nobel, Brasília: INL, 1983 (adaptado).

Em 1749, ao separar-se de São Paulo, a capitania de Goiás foi governada por D. Marcos de Noronha, que atendeu às diretrizes da política indigenista pombalina que incentivava a criação de aldeamentos em função

(A) das constantes rebeliões indígenas contra os brancos colonizadores, que ameaçavam a produção de ouro nas regiões mineradoras.(B) da propagação de doenças originadas do contato com os colonizadores, que dizimaram boa parte da população indígena.

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(C) do empenho das ordens religiosas em proteger o indígena da exploração, o que garantiu a sua supremacia na administração colonial.(D) da política racista da Coroa Portuguesa, contrária à miscigenação, que organizava a sociedade em uma hierarquia dominada pelos brancos.(E) da necessidade de controle dos brancos sobre a população indígena, objetivando sua adaptação às exigências do trabalho regular.

TEXTO:Próximo da Igreja dedicada a São Gonçalo nos deparamos com uma impressionante multidão que dançava ao som de suas violas. Tão logo viram o Vice-Rei, cercaram-no e o obrigaram a dançar e pular, exercício violento e pouco apropriado tanto para sua idade quanto posição. Tivemos nós mesmos que entrar na dança, por bem ou por mal, e não deixou de ser interessante ver numa igreja padres, mulheres, frades, cavalheiros e escravos a dançar e pular misturados, e a gritar a plenos pulmões “Viva São Gonçalo do Amarante”.

Barbinais, Le Gentil. Noveau Voyage autour du monde. Apud: TINHORÃO, J. R.As festas no Brasil Colonial. São Paulo: Ed. 34, 2000 (adaptado).

O viajante francês, ao descrever suas impressões sobre uma festa ocorrida em Salvador, em 1717, demonstra dificuldade em entendê-la, porque, como outras manifestações religiosas do período colonial, ela

(A) seguia os preceitos advindos da hierarquia católica romana.(B) demarcava a submissão do povo à autoridade constituída.(C) definia o pertencimento dos padres às camadas populares.(D) afirmava um sentido comunitário de partilha da devoção.(E) harmonizava as relações sociais entre escravos e senhores.

TEXTO:Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio.

VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado).

O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo e

(A) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.(B) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.(C) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.(D) o papel dos senhores na administração dos engenhos.(E) o trabalho dos escravos na produção de açúcar.

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TEXTO:Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e montados em soberbos cavalos; depois destes, marchava o Embaixador do Rei do Congo magnificamente ornado de seda azul para anunciar ao Senado que a vinda doRei estava destinada para o dia dezesseis. Em resposta obteve repetidas vivas do povo que concorreu alegre e admirado de tanta grandeza.

Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro, Bahia apud DEL PRIORE, M. Festas e utopiasno Brasil colonial. In: CATELLI JR., R. Um olhar sobre as festas populares brasileiras.

São Paulo: Brasiliense, 1994 (adaptado).

Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação do Rei do Congo evidencia um processo de(A) exclusão social.(B) imposição religiosa.(C) acomodação política.(D) supressão simbólica.(E) ressignificação cultural.

TEXTO:O canto triste dos conquistados:os últimos dias de Tenochtitlán

Nos caminhos jazem dardos quebrados;os cabelos estão espalhados.Destelhadas estão as casas,

Vermelhas estão as águas, os rios, como se alguémas tivesse tingido,

Nos escudos esteve nosso resguardo,mas os escudos não detêm a desolação...

PINSKY, J. et al. História da América através de textos.São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).

O texto é um registro asteca, cujo sentido está relacionado ao(à)(A) tragédia causada pela destruição da cultura desse povo.(B) tentativa frustrada de resistência a um poder considerado superior.(C) extermínio das populações indígenas pelo Exército espanhol.(D) dissolução da memória sobre os feitos de seus antepassados.(E) profetização das consequências da colonização da América.

TEXTO:De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.

Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R.História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.

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A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo:(A) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.(B) Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.(C) Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente.(D) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia.(E) Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho.

TEXTO:A escravidão não há de ser suprimida no Brasil por uma guerra servil, muito menos por insurreições ou atentados locais. Não deve sê-lo, tampouco, por uma guerra civil, como o foi nos Estados Unidos. Ela poderia desaparecer, talvez, depois de uma revolução, como aconteceu na França, sendo essa revolução obra exclusiva da população livre. É no Parlamento e não em fazendas ou quilombos do interior, nem nas ruas e praças das cidades, que se há de ganhar, ou perder, a causa da liberdade.

NABUCO, J. O abolicionismo [1883]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira;São Paulo: Publifolha, 2000 (adaptado).

No texto, Joaquim Nabuco defende um projeto político sobre como deveria ocorrer o fim da escravidão no Brasil, no qual(A) copiava o modelo haitiano de emancipação negra.(B) incentivava a conquista de alforrias por meio de ações judiciais.(C) optava pela via legalista de libertação.(D) priorizava a negociação em torno das indenizações aos senhores.(E) antecipava a libertação paternalista dos cativos.

TEXTO:A Europa viveu uma revolucao cultural — a Renascenca — nos seculos XV e XVI, nos quais muito dos antigos saberes do continente foi recuperado e um novo espirito de curiosidade cientifica assegurou-lhe avanços tecnologicos essenciais, que a colocaram a frente do resto do mundo. As viagens de exploracao logo se transformaram em grandes ondas de colonizacao, que chegaram a maior parte do globo.

Philip Parker. Guia Ilustrado Zahar: históriamundial. Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p. 216-7.

O momento das descobertas foi tambem o momento das rupturas. Ao lado das invencoes tecnicas, que permitiram as aventuras dos navegantes, transformacoes nas estruturas materiais e mentais deram inicio ao que a filosofia e a historia chamam de “liberacao do individuo”, tirando-o do anonimato medieval: “divinizacao do homem e humanizacao de Deus”. Avanca a circulacao das ideias, com a descoberta, por Gutenberg, do processo de impressao por meio de tipos moveis, com a multiplicacao dos livros e o aparecimento da imprensa escrita.

Adauto Nunes. Experiência e destino. In: Adauto Nunes (Org.). A descoberta dohomem e do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p.10-1 (com

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adaptações).

Questões:No seculo XVI, os portugueses introduziram a colonizacao de povoamento no Brasil. (E)No periodo da historia a que se referem os fragmentos de texto, a imediata ocupacao dos espacos indigenas resultou em espacos geograficos pouco ou nada articulados entre si. (C)

A valorizacao economica e a organizacao do território brasileiro no seculo XVI eram coerentes com o projeto colonizador de Portugal, que foi essencialmente(A) subordinado aos principios do liberalismo de Adam Smith.(B) centralizado politicamente e predador das riquezas naturais.(C) estimulador do desenvolvimento economico da colonia.(D) voltado para a fixacao do homem ao solo, por meio do estimulo a producao agricola.