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PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS E PARQUE NACIONAL DO JAÚ

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    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS E PARQUE NACIONAL DO JAÚ

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    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS E PARQUE NACIONAL DO JAÚ

    2018

  • 3

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    Presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Paulo Henrique Marostegan e Carneiro

    Diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação Luiz Felipe de Lucca de Souza

    Coordenador Geral de Uso Publico e Negócios- ICMBio Pedro de Castro da Cunha e Menezes

    Coordenadora de Concessões e Negócios Larissa Moura Diehl

    Coordenador de Estruturação da Visitação Paulo Faria

    Chefe da Divisão de Parcerias Carla Cristina de Castro Guaitanele

    Coordenador Regional – CR N09/ICMBio Henrique Horn Ilha

    Créditos

    Responsável Interveniente Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio

    Contratante Interveniente Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM

    Responsável pela Gestão do Parque Nacional de Anavilhanas e do Parque Nacional do Jaú Ministério do Meio Ambiente – MMA Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio

    Responsável pela Elaboração Detzel Consulting – Detzel Consultores Associados S/S EPP

    INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEEQUIPE DE SUPERVISÃO INSTITUCIONALFernando Ramos Mendes, Representante ICMBio / Coordenação Geral de Uso Público e NegóciosLarissa Moura Diehl, Representante ICMBio / Coordenação Geral de Uso Público e NegóciosFlavia Lopes, Representante IBAM / Gestão de ContratoSerena Turbay dos Reis, ICMBio / Coordenação Geral de Uso Público e NegóciosAretha Mesquita de Carvalho, ICMBio / Coordenação Geral de Uso Público e NegóciosMatheus Silva, ICMBio/ Coordenação Geral de Finanças e ArrecadaçãoPriscila Maria da Costa Santos, ICMBIO / Chefe do PARNA de AnavilhanasMariana Macedo Leitão, ICMBio / Chefe do PARNA do JaúDolvane Machado de Lima Filho, ICMBio / Analista Ambiental do PARNA de AnavilhanasPaula Soares Pinheiro, ICMBio / Analista Ambiental do PARNA de AnavilhanasJosângela da Silva Jesus, ICMBio / Analista Ambiental do PARNA do Jaú

    COORDENAÇÃO

    Coordenador Geral Valmir Augusto Detzel, Engenheiro Florestal, Me. | CREA-PR 17.516/D

    Coordenadora Executiva Lorena Carmen Folda Detzel, Bióloga, Esp. | CRBio 69007/07-D

    Coordenador Temático – Componente Econômico-Financeiro e Uso Público Marcelo Ling Tosta da Silva, Engenheiro Ambiental e Economista, Me. | CORECON-PR 8013

    Coordenador Temático – Componente Jurídico Manoel Eduardo Alves Camargo e Gomes, Advogado, Pós-Dr. | OAB/PR 11.103

  • 4

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    EQUIPE TÉCNICA | EXECUÇÃO

    Elaboração

    Adriano Camargo Gomes, Advogado, Dr. | OAB/PR 65.307 Assessoria Jurídica

    Bruno Hauer Doetzer, Advogado | OAB/PR 80.550 Assessoria Jurídica

    Cristiano Cit, Geógrafo –| CREA-PR 132.282/D Meio Físico e Antrópico

    Daniel Thá, Economista, Me. – Estudo de Viabilidade Econômico-financeira

    Dhyeisa Rossi, Socióloga, Me. | CRP 0000448/PR Socioeconomia

    Lorena Carmen Folda Detzel, Bióloga, Esp. | CRBio 69007/07-D Meio Biológico, Mobilização de Atores Sociais e Moderação de Oficina Técnica Participativa

    Manoel Eduardo Alves Camargo e Gomes, Advogado, Pós-Dr. | OAB/PR 11.103 Assessoria Jurídica

    Marcelo Ling Tosta da Silva, Engenheiro Ambiental e Economista, Me. | CORECON PR-8013 Estudo de Viabilidade Econômico-financeira

    Mario Coso, Engenheiro Florestal, Esp. | CREA-PR 111291/D Estudo de Viabilidade Econômico-financeira

    Pedro Victor Mansor Soares, Eng. Civil | CREA-PR 153851/D Estudo de Viabilidade Econômico-financeira

    Valéria de Meira Albach, Turismóloga, Dra. Uso Público

    Cartografia

    Sandy Plassmann Lamberti, Técnica em Geoprocessamento Coordenação de Mapeamento e SIG

    Caroline Oksana Preima, Eng. Ambiental e Téc. Geoprocessamento Mapeamento e SIG

    Equipe de Apoio

    Andrielly Peruzzo Mastaler, Acadêmica de Engenharia Florestal Apoio Técnico Geral

    Augusto Rodrigues de França, Engenheiro Florestal | CREA-PR 156872/D Revisão técnica e diagramação

    Gabriel de Souza P. Borges, Acadêmico de Direito Pesquisa e Documentação Jurídica

    Gustavo Mineto, Engenheiro Civil, Esp., Acadêmico em Ciências Econômicas Apoio Técnico Geral

    Jhonnatan Porto, Geógrafo Apoio Técnico Geral

    Matheus Morganti Baldim, Engenheiro Ambiental e Sanitarista Apoio Técnico Geral

    Paolla Bianca Santos Coelho, Acadêmica de Engenharia Florestal Apoio Técnico Geral

    Patrícia Betti, Bacharel em Turismo, Me. Esp. Uso Público

    Ramon Vergara, Acadêmico de Engenharia Florestal Apoio Técnico Geral

    Equipe Técnica | Administração

    Caroline Fernanda Brito, Secretária Executiva Apoio Logístico e Organizacional

    Maria Carolina da Leve, Administradora, MBA Apoio Financeiro e Administrativo

  • 5

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    SUMÁRIO

    SIGLAS 9

    APRESENTAÇÃO 12

    ENCARTE 1PANORAMA AMBIENTAL, SOCIOECONÔMICO E INSTITUCIONAL DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO E ENTORNO 13

    1. INTRODUÇÃO 13

    2. OBJETIVOS 14

    3. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO 15

    3.1 Enquadramento dos Parna de Anavilhanas e do Jaú nos âmbitos internacional, nacional e regional 15

    3.2 Localização dos Parna de Anavilhanas e do jJaú 20

    3.3 Acessos aos Parna de Anavilhanas e do Jaú 21

    3.4 Dados de criação e institucionais dos Parna de Anavilhanas e do Jaú 23

    3.5 Identificação dos instrumentos de gestão dos parques nacionais 23

    3.6 Estrutura organizacional 26

    3.7 Infraestrutura dos Parna de Anavilhanas e do Jaú 28

    4. PANORAMA SOCIOAMBIENTAL DO PARNA DE ANAVILHANAS 30

    4.1 Aspectos do meio físico do Parna de Anavilhanas 30

    4.2 Aspectos do meio biótico – flora do Parna de Anavilhanas 36

    4.3 Aspectos do meio biótico – fauna do Parna de Anavilhanas 42

    4.4 Aspectos do meio antrópico do Parna de Anavilhanas 45

    5. PANORAMA SOCIOAMBIENTAL DO PARNA DO JAÚ 52

    5.1 Aspectos do meio físico do Parna do Jaú 52

    5.2 Aspecto do meio biótico – flora do Parna do Jaú 58

    5.3 Aspectos do meio biótico – fauna do Parna do Jaú 62

    5.4 Aspectos do meio antrópico do Parna do Jaú 64

    6. PANORAMA DO USO PÚBLICO NOS PARQUES NACIONAIS DE ANAVILHANAS E DO JAÚ 68

    6.1 Aspectos gerais do uso público no Parna de Anavilhanas 69

    6.2 Aspectos gerais do uso público no Parna do Jaú 70

    6.3 Atividades de visitação e uso público nos Parques Nacionais de Anavilhanas e do Jaú 71

    6.4 Avaliação dos serviços prestados nos parques ou em seu entorno para apoio à visitação 83

    6.5 Identificação da satisfação do visitante por meio da reputação online 87

    6.6 Identificação do envolvimento comunitário com as atividades de uso público e turismo 89

    6.7 Reconhecimento da produção associada ao turismo 91

    7. PROPOSTAS DE ATIVIDADES E SERVIÇOS DE APOIO À VISITAÇÃO NO ÂMBITO DAS PARCERIAS AMBIENTAIS PÚBLICO-PRIVADAS 93

    7.1 Análise e dimensionamento do mercado de turismo 93

    8. ORGANIZAÇÃO SOCIAL E PROBLEMÁTICA IDENTIFICADA 109

    8.1 Percepção dos atores sociais sobre o turismo regional 109

    9. ABORDAGEM JURÍDICA 114

    9.1 Marco legal das atividades autorizadas e proibidas 115

    9.2 Marco legal – parte geral 116

    9.3 Marcos legais – parte especial 124

    9.4 Instrumentos jurídicos aplicáveis ao PAPP 130

  • 6

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    ENCARTE 2 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DOS MODELOS DE PARCERIA 138

    1. INTRODUÇÃO 138

    1.1 Objetivos 138

    2. PARTICIPAÇÃO PÚBLICA NO PROJETO PILOTO PAPP PARA OS PARNA DE ANAVILHANAS E DO JAÚ 139

    2.1 Organização da mobilização 139

    2.2 Organização da oficina técnica participativa 140

    2.3 Desenvolvimento da oficina técnica participativa 141

    3. MODELOS DE NEGÓCIOS, ATIVIDADES DE APOIO E PROTEÇÃO DO TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 155

    3.1 Modelos de negócios 157

    3.2 Atividades de apoio e proteção do turismo nos Parques Nacionais do Jaú e de Anavilhanas 168

    4. ABORDAGEM JURIDICA 171

    4.1 Compatibilidade das atividades atuais e propostas ao marco legal 172

    4.2 Arranjos jurídicos propostos para os Parna de Anavilhanas e do Jaú 180

    5. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA 198

    5.1 Premissas do modelo econômico-financeiro 198

    5.2 PAPP 01 – Complexo Anavilhanas aventura 201

    5.3 PAPP 02 – Hotel de selva (glamping) e atividades associadas 206

    6. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES 212

    ENCARTE 3ARRANJOS E INSTRUMENTOS JURÍDICOS 213

    1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS AO ARRANJO JURÍDICO 213

    1.1 Compatibilidade normativa das atividades previstas no arranjo jurídico aprovado 213

    1.2 Instrumentos jurídicos 215

    2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS AOS INSTRUMENTOS JURÍDICOS 220

    2.1 INSTRUMENTO JURÍDICO – PARCERIA 223

    Anexo 1 Termo de Referência 229

    1. APRESENTAÇÃO 229

    2. INTRODUÇÃO 229

    3. OBJETIVO 230

    4. OBJETO DO TERMO DE PARCERIA 231

    5. PRAZO 231

    6. CADASTRO NACIONAL DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO – RELATÓRIO PARAMETRIZADO – UC 231

    7. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO 231

    7.1. Enquadramento dos Parna de Anavilhanas e do Jaú nos âmbitos internacional, nacional e regional 231

    7.2. Localização dos Parna de Anavilhanas e do Jaú 232

    7.3. Acessos aos Parna de Anavilhanas e do Jaú 232

    7.4. Instrumentos de gestão vigentes 232

    7.5. Estrutura organizacional 234

    7.6. Infraestrutura dos Parques Nacionais de Anavilhanas e do Jaú 235

    7.7. Panorama socioambiental do Parna de Anavilhanas 235

    7.8. Panorama socioambiental do Parna do Jaú 238

  • 7

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    8. ATRATIVOS TURÍSTICOS E MELHORES PERÍODOS DE VISITAÇÃO 238

    8.1. Quadro de visitações 238

    8.2. Atividades de visitação 239

    9. DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES 255

    9.1. Divulgação de informações e publicidade 255

    9.2. Capacitação de atores do turismo local 257

    9.3. Integração do planejamento do uso público dos parques com as UC do mosaico do baixo Rio Negro 260

    9.4. Monitoramento das atividades de visitação 261

    9.5. Operação de centro de visitantes junto aos centros de atendimento aos turistas municipais 261

    9.6. Ouvidoria 262

    9.7. Promoção do turismo de base comunitária 263

    10. ESTIMATIVA DE RECEITAS, INVESTIMENTO E DESPESAS PARA A EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES 263

    11. ESTIMATIVA DE DESPESAS E DE RECEITAS PARA A EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES 265

    11.1. Receita estimada 266

    11.2. Desembolsos estimados 266

    11.3. Fluxo de caixa projetado 268

    12. SISTEMÁTICA E CRITÉRIOS OBJETIVOS DE AVALIAÇÃO DO TERMO DE PARCERIA 269

    13. OBRIGAÇÕES DO PARCEIRO PRIVADO 270

    14. OBRIGAÇÕES DO PARCEIRO PÚBLICO 271

    15. PENALIDADES 272

    16. FISCALIZAÇÃO 273

    17. RESCISÃO 273

    18. ELEMENTOS DO PROGRAMA DE TRABALHO 273

    19. ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA REFERENCIAL 274

    19.1 Premissas do modelo econômico-financeiro 274

    Anexo 2 Critério para avaliação das propostas 281Anexo 3 Modelo de procuração 282Anexo 4 Modelo de carta de apresentação dos documentos de habilitação 282Anexo 5 Modelo de declaração de inexistência de impedimento de contratar 283Anexo 6 Modelo de declaração de regularidade 283Anexo 7 Modelo de declaração de inexistência débitos fiscais ou trabalhistas 284Anexo 8 Modelo de declaração de inexistência de situação de inadimplência 284Anexo 9 Modelo de declaração de não enquadramento 285Anexo 10 Relação atualizada de associados 285Anexo 11 Minuta de extrato de publicação do edital 286Anexo 12 Modelo de solicitação de esclarecimentos 286

    Anexo 13 Minuta de termo de parceria 287

    2.2. INSTRUMENTO JURÍDICO – CONCESSÃO 297Anexo 1 Modelo de carta de credenciamento 318Anexo 2 Modelo de carta de apresentação dos documentos de habilitação 318Anexo 3 Modelo de declaração de ciência dos termos do edital e de ausência de

    impedimento de participação na concorrência 319Anexo 4 Modelo de declaração de vistoria e de ciência das condições da área objeto

    da concessão 319Anexo 5 Modelo de apresentação de proposta econômica e declaração de

    elaboração independente de proposta 320Anexo 6 Modelo de procuração 321Anexo 7 Modelo de procuração para proponentes em consórcio 321Anexo 8 Modelo de procuração para proponentes estrangeiras 322Anexo 9 Modelo de declaração de inexistência de processo falimentar, recuperação

    judicial, extrajudicial ou regime de insolvência 322Anexo 10 Modelo de declaração formal de expressa submissão à legislação brasileira

    e de renúncia de reclamação por via diplomática 323

  • 8

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    Anexo 11 Modelo de declaração de capacidade financeira 323Anexo 12 Modelo de declaração de regularidade com relação aos artigos 149 do

    código penal e 7º, XXXIII, da Constituição Federal 324Anexo 13 Modelo de declaração de equivalência de documentos estrangeiros 324Anexo 14 Modelo de declaração de inexistência de documento equivalente e de

    declaração de inexistência de débitos fiscais e trabalhistas 325Anexo 15 Modelo de declaração de contratos firmados com a iniciativa privada e a

    administração pública 325Anexo 16 Modelo de solicitação de esclarecimentos da concorrência 326Anexo 17 Contrato de concessão 326Anexo 18 Projeto Básico 361

    1. APRESENTAÇÃO 361

    2. INTRODUÇÃO 361

    3. JUSTIFICATIVA 362

    4. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 362

    4.1. Enquadramento do Parna do Jaú nos âmbitos internacional, nacional e regional 362

    4.2. Localização do Parque Nacional do Jaú 363

    4.3. Acessos ao Parna do Jaú 363

    5. PANORAMA SOCIOAMBIENTAL DO PARNA DO JAÚ 364

    5.1. Aspectos do meio físico do Parna do Jaú 364

    5.2. Aspecto do meio biótico – flora e fauna do Parna do Jaú 364

    5.3. Aspectos do meio antrópico do Parna do Jaú 364

    6. ATRATIVOS TURÍSTICOS E MELHORES PERÍODOS DE VISITAÇÃO 365

    6.1. Quadro de visitações 365

    6.2. Atrativos turísticos 365

    6.2.2. Excursão de canoa 366

    7. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO PARNA DO JAÚ 374

    7.1. Equipe permanente do Parna do Jaú 375

    8. INFRAESTRUTURA DO PARQUE NACIONAL DO JAÚ 376

    9. INFORMAÇÕES INSTITUCIONAIS 376

    9.1. Instrumentos de gestão do Parna do Jaú 376

    10. CONCESSÃO 377

    10.1. Objeto licitado 377

    10.2. Prazo 377

    10.4. Tipo de licitação 377

    10.5. Critério de julgamento 378

    10.6. Informações econômicas da concessão 378

    10.7. Anteprojeto e planejamento 379

    10.8. Execução 380

    10.9. Cronograma de execução do objeto 381

    10.10. Detalhes do empreendimento 381

    10.11. Receita adicional 386

    10.12. Operação dos serviços e manutenção do empreendimento 387

    10.13. Estudo de viabilidade econômico-financeira referencial 389

    2.3. INSTRUMENTO JURÍDICO – AUTORIZAÇÃO 397

    REFERÊNCIAS 408

    Apêndice A Atores Mobilizados para as Oficinas Técnicas 418

    Apêndice B Atores Presentes na Oficina Técnica 423

  • 9

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    SIGLAS

    AANA Associação de Artesãos de Novo Airão

    AAV Agente Ambiental Voluntário

    AGU Advocacia Geral da União

    AMAZONASTUR Empresa Estadual de Turismo do Amazonas

    AMORU Associação dos Moradores do Rio Unini

    ANAC Agência Nacional de Aviação Civil

    ANATUR Associação Novoairense de Turismo

    AOBT Associação dos Operadores de Barco de Turismo do Amazonas

    APA Área de Proteção Ambiental

    APM Arranjo de Apoio Mútuo

    ASIBA Associação Indígena de Barcelos

    ATFB Associação dos Taxistas Fluviais de Barcelos

    ATUNA Associação de Operadores de Turismo de Novo Airão

    BDI Benefícios e Despesas Indiretas

    BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

    CAT Centro de Atendimento ao Turista

    CBCa Confederação Brasileira de Canoagem

    CDB Convenção para a Diversidade Biológica

    CEC Comitê Especial de Concessão

    CEUC Centro Estadual de Unidades de Conservação

    CGEUP Coordenação Geral de Uso Público e Negócios

    CGEVI Coordenação Geral de Visitação

    COEST Coordenação de Planejamento, Estruturação da Visitação e do Ecoturismo

    COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

    COMAD Coordenação de Matéria Administrativa

    CONCES Coordenação de Concessão e Negócios

    COOMARU Cooperativa Mista Agroextrativista do Rio Unini

    CSLL Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido

    CTC Capacidade de Troca de Cátions

    DEMUC Departamento de Mudanças Climáticas e Unidades de Conservação

    DIMAN Diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação

    DIREP Diretoria de Unidades de Conservação de Proteção Integral

    DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral

    EVEF Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira

    FAM Fundação Almerinda Malaquias

    FAS Fundação Amazonas Sustentável

    FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

    FOMIN Fundo Multilateral de Investimentos

    FUNBIO Fundo Brasileiro para Biodiversidade

    FVA Fundação Vitória Amazônica

    IBAM Instituto Brasileiro de Administração Municipal

    IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

    ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

    INCRA Instituto de Colonização e Reforma Agrária

    INFRAERO Empresa Brasileira de Infra Estrutura Aeroportuária

    INPA Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia

  • 10

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    INSS Imposto Nacional sobre Seguridade Social

    IPAAM Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas

    IPÊ Instituto de Pesquisas Ecológicas

    IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

    IRPJ Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica

    ISS Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza

    ITEAM Instituto de Terras da Amazônia

    IUGS União Internacional de Ciências Geológicas

    LA Latossolo Amarelo

    MANA Museu Arqueológico de Novo Airão

    MANAUSCULT Secretaria de Cultura, Turismo e Eventos de Manaus

    MMA Ministério do Meio Ambiente

    MOSUC Motivação e Sucesso na Gestão de Unidades de Conservação Federais

    MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

    MPV Medida Provisória

    NACIB Núcleo de Arte e Cultura Indígena de Barcelos

    OMT Organização Mundial de Turismo

    ONG Organização Não Governamental

    OPEX Operational Expenditure

    OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

    OTP Oficina Técnica Participativa

    PAPP Parcerias Ambientais Público-Privadas

    PAREST Parque Estadual

    PARNA Parque Nacional

    PGF Procuradoria Geral Federal

    PIC Ponto de Informação e Controle

    PLV Projeto de Lei de Conversão

    PM Plano de Manejo

    PNA Parque Nacional de Anavilhanas

    PNJ Parque Nacional do Jaú

    PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

    PST Pesquisa de Satisfação dos Turistas

    RAT Risco de Acidente de Trabalho

    RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável

    REBIO Reserva Biológica

    RESEX Reserva Extrativista

    RL Reserva Legal

    RONA Rede de Organização de Novo Airão

    RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural

    RSC Retorno Sobre Concessão

    SA Sede Administrativa

    SDS Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

    SEMA Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos

    SEMMA Secretaria Municipal de Meio Ambiente

    SEMTUR Secretaria Municipal de Turismo de Novo Airão

    SICONV Sistema de Convênios

    SIG Sistema de Informação Geográfica

    SINDEGTUR-AM Sindicato dos Guias de Turismo do Amazonas

  • 11

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

    SPU Serviço de Patrimônio da União

    SR Superintendência Regional

    TBC Turismo de Base Comunitária

    TIR Taxa Interna de Retorno

    TMA Taxa Mínima de Atratividade

    TNT Tecido Não Tecido

    UC Unidade de Conservação

    UEA Universidade Estadual do Amazonas

    UFAM Universidade Federal do Amazonas

    UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

    VPL Valor Presente Líquido

    WCS Wildlife Conservation Society

  • 12

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    APRESENTAÇÃOO Projeto Piloto de Parcerias Ambientais Público-Privadas (PAPP) resulta do esforço

    do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de sua instituição gestora de Unidades

    de Conservação (UC) federais, o Instituto Chico Mendes de Conservação da

    Biodiversidade (ICMBio).

    O PAPP conta com o apoio financeiro do Fundo Multilateral de Investimentos

    (FOMIN), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Caixa

    Econômica Federal e de outros parceiros nacionais e visa, de modo geral, apoiar

    as UC por meio do estabelecimento de modelos de gestão fundamentados na

    proposição de arranjos institucionais e modelos de parcerias público-privadas.

    A operacionalização dos trabalhos de consultoria para concepção dos PAPP de

    diversas Unidades de Conservação no país, está sob a responsabilidade executiva

    do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM).

    O desenvolvimento de modelagens de PAPP para o Parque Nacional de

    Anavilhanas (PARNA de Anavilhanas) e para o Parque Nacional do Jaú (PARNA

    do Jaú), localizados no estado do Amazonas, foi delegado à empresa Detzel

    Consulting por meio de seleção pública de propostas realizada pelo IBAM em

    dezembro de 2017 e prevê o desenvolvimento do projeto na condição de piloto

    para estabelecer alicerces à constituição de política de formação de parcerias que

    possa ser replicada para outras UC nacionais.

    O resultado dos estudos que compõe este documento atendeu ao previsto nos

    Termos de Referência (PAPP – BR – M1120) e, para efeito de organização, está

    apresentado em 3 encartes correspondentes aos seguintes conteúdos:

    • Encarte 1: diz respeito ao Produto 1 contemplando o Panorama Ambiental, Socioeconômico e Institucional das UC e Entorno. Destaca-se que foram

    abordados, além de um panorama social, econômico e ambiental do território

    abrangido pelas UC alvo do estudo e sua região de influência, aspectos

    relacionados à organização e atuação institucional do ICMBio e de organizações

    vinculadas às UC, além de avaliações de potenciais e desafios relativos ao

    estabelecimento de parcerias com indicações dos instrumentos jurídicos

    necessários para sua efetivação.

    • Encarte 2: diz respeito ao Produto 2 contemplando a Análise de Viabilidade Econômica e Financeira dos Modelos de Parceria. Destaca-se que foram

    abordados relatos sobre a participação pública no processo de elaboração

    do PAPP para fins de coleta de subsídios às análises, uma abordagem jurídica

    relacionada aos arranjos institucionais passíveis de aplicação para fins de

    consolidação de parcerias público privadas e as análises econômica e financeira

    sobre as alternativas de parceria elencadas como prioritárias às duas Unidades

    de Conservação.

    • Encarte 3: diz respeito ao Produto 3 contemplando o Projeto Básico de Concessão, além de um panorama social, econômico e ambiental do

    território abrangido pela UC alvo do estudo e sua região de influência,

    aspectos relacionados à organização e atuação institucional do ICMBio e de

    organizações vinculadas à UC, avaliações de potenciais e desafios relativos

    ao estabelecimento de parcerias com indicações dos instrumentos jurídicos

    necessários para sua efetivação.

  • 13

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    ENCARTE 1

    PANORAMA AMBIENTAL, SOCIOECONÔMICO E INSTITUCIONAL DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO E ENTORNO

    1. INTRODUÇÃOAs áreas protegidas, incluindo as Unidades de Conservação, são usualmente

    financiadas pelo Estado, conforme suas esferas administrativas (governos federal,

    estaduais ou municipais). Apesar de muitas vezes o custo da conservação de

    uma área ser relativamente baixo, ao se considerar o custo oportunidade e a

    composição de diversas áreas sob responsabilidade de esfera administrativa

    única, as despesas podem se tornar onerosas nos orçamentos públicos. Isto

    ocorre, principalmente, quando a demanda das responsabilidades sociais do

    Estado são prioridades na alocação de recursos orçamentários governamentais,

    como, por exemplo, a necessidade e priorização de investimento nos setores

    de saúde, educação e outros serviços essenciais. Quando isso acontece, os

    orçamentos disponíveis tornam-se insuficientes para a operacionalização destes

    espaços.

    Em uma perspectiva global, um estudo do Banco Mundial (1994) demonstra

    que, apesar de promoverem a qualidade de vida da população e ter relevante

    importância ecológica e econômica, grande parte dos parques naturais e

    áreas protegidas existentes no mundo historicamente não geram rendimentos

    financeiros suficientes para cobrir seus custos de manutenção. No Brasil, a

    tendência se confirma. De acordo com a Fundação Brasileira para a Biodiversidade

    e o Ministério do Meio Ambiente (FUNBIO, 2009), em 2008 o dispêndio realizado

    pelo Governo Federal para manutenção do Sistema Nacional de Unidades de

    Conservação da Natureza – SNUC foi de R$ 316,6 milhões, sendo cerca de R$ 16

    milhões advindos de outras fontes. As demais fontes de recursos financeiros

    advém de cooperações internacionais, compensações ambientais, geração

    própria de recursos financeiros.

    Evidencia-se a necessidade da desoneração do Estado através do

    aproveitamento das potencialidades dessas áreas, aliando a monetização de

    seus atributos ambientais à preservação ambiental e ao desenvolvimento

    sustentável. A Convenção para a Diversidade Biológica – CDB (UN - UNITED

    NATIONS, 1992), integrante do Programa das Nações Unidas para o Meio

    Ambiente e homologada pelo Brasil, estabelece como primordial e necessário

    que as áreas protegidas se apropriem de formas de gestão e modelos para

    geração de recursos próprios que custeiem suas manutenções. O CDB

    aponta, ainda, que os mecanismos utilizados para gerar recursos à criação

    e operacionalização dessas áreas devem aproveitar as oportunidades

    econômicas da exploração sustentável dos recursos naturais e assim atingir a

    sustentabilidade financeira necessária à sua preservação.

    A captação de recursos através da conservação, preservação e usos de áreas

    protegidas possui grande dependência e relação com suas aptidões. Cada área

    protegida possui particulares características físicas, biológicas e antrópicas, assim

    como singulares atrativos naturais e importância ecológica. A exploração e

    conservação dessas aptidões são regulamentadas pelo conjunto de normas que

    regem áreas protegidas e que também devem ser colocadas em pauta durante a

    análise de suas viabilidades.

    A visitação em UC é a principal forma de obtenção de recursos alternativos para a

    sustentabilidade destas unidades territoriais (SEMEIA, 2014). Os Parques Nacionais,

    conforme estabelece o SNUC, possibilitam a realização de atividades de recreação

    em contato com a natureza, em seu estado mais conservado, turismo ecológico,

    de aventura, entre outros. A permissão à visitação possibilita para esta categoria

    de UC a implementação de modelos de negócios que podem se tornar geradores

    de receitas, auxiliando a suprir seus custos de manutenção e promovendo

    benefícios à comunidade.

  • 14

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    Nesta perspectiva, os projetos pilotos para Parcerias Ambientais Público-Privadas

    buscarão estabelecer alicerces à constituição de política de formação de parcerias

    para a ampliação dos processos de visitação em Parques Nacionais, através de

    arranjos institucionais e modelos de gestão inovadores que possibilitem a inclusão

    socioprodutiva e a sustentabilidade financeira das Unidades de Conservação.

    2. OBJETIVOS Constitui-se objetivo principal deste trabalho elaborar estudo para delegação

    de uso de bem público à realização de atividades e serviços de apoio à visitação

    no Parque Nacional de Anavilhanas e no Parque Nacional do Jaú, bem como,

    “formular e fomentar a aplicação de modelos de parcerias ou alianças ambientais

    público-privadas voltadas para o aproveitamento sustentável das potencialidades

    econômicas das referidas UC com vistas à melhoria da gestão e da conservação

    da biodiversidade e, ainda, à geração de benefícios sociais e econômicos para as

    populações residentes e do entorno”, conforme preconiza o Termo de Referência que

    norteia este trabalho.

    O presente estudo deverá cumprir, ainda, os seguintes objetivos específicos, de

    acordo com o Termo de Referência:

    • Identificar a potencialidade de exploração comercial e econômica sustentável do território, a partir dos ativos ambientais e da vocação local, com análise

    da relação custo-benefício com base em Estudo de Viabilidade Econômico-

    Financeira que deverá ser elaborado;

    • Identificar parcerias formais e informais existentes e potenciais capazes de viabilizar uma operação sustentável e de padrão internacional, incluindo a

    participação da comunidade local e do entorno das referidas UC.

  • 15

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    3. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDOEste item trata dos aspectos gerais das áreas alvo do estudo, relativos ao

    seu enquadramento nos âmbitos internacional, nacional e regional, às suas

    localizações, acessos, bem como dos dados legais e institucionais referentes às

    suas criações e gestões.

    3.1 ENQUADRAMENTO DOS PARNA DE ANAVILHANAS E DO JAÚ NOS ÂMBITOS INTERNACIONAL, NACIONAL E REGIONAL

    A seguir apresenta-se uma breve contextualização do PARNA de Anavilhanas e

    do PARNA do Jaú conforme seus enquadramentos nos âmbitos internacional,

    nacional e regional, com enfoque à importância de ambos nos respectivos

    cenários mencionados.

    3.1.1 ENQUADRAMENTO INTERNACIONAL

    No âmbito mundial, visando a conservação da biodiversidade e o

    desenvolvimento sustentável, os PARNA de Anavilhanas e do Jaú estão incluídos

    na Reserva da Biosfera da Amazônia Central; o PARNA de Anavilhanas está incluído

    na Lista de Zonas Úmidas de Importância Internacional (Sítio Ramsar); e, ambos

    incluídos no Complexo de Conservação da Amazônia Central, sítios do Patrimônio

    Mundial Natural do Brasil, reconhecido pela UNESCO.

    3.1.1.1 Reserva da Biosfera da Amazônia Central

    Localizada no interior do estado do Amazonas, a Reserva da Biosfera da Amazônia

    Central tem como composição de seu território o conjunto de áreas protegidas

    contínuas formado pelo Parque Nacional de Anavilhanas, pelo Parque Nacional

    do Jaú, pelas Reservas Ecológicas do Rio Negro, Javari-Solimões e de Juami-

    Japurá, pela Reserva Biológica de Uatumã, pela Floresta Nacional de Tefé e pelas

    Reservas de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá e Amanã, além de outras

    UC de menor extensão territorial (MaB UNESCO, sem data), conforme apresenta a

    ilustração de mapa na Figura 3.1.

    Tem como principal objetivo a conservação dessas áreas de cobertura vegetal

    que guardam grande biodiversidade e, também, a importante iniciativa

    de patrocínio de apoio ao reconhecimento da importância estratégica da

    sabedoria das populações tradicionais dessa região, para o conhecimento da

    referida biodiversidade biológica bem como de seus usos terapêuticos e de

    outras finalidades. Voltado a promover a exploração econômica dos produtos

    madeiráveis dessa área, pelo manejo sustentável de suas Florestas Nacionais,

    apoia as atividades à conservação da biodiversidade para o fortalecimento da

    bioprospecção, da biotecnologia e de bionegócios (MaB UNESCO, sem data).

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    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    Figura 3.1 Reserva da Biosfera da Amazônia Central.

    Fonte: Elaboração do Autor, 2018.

  • 17

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    3.1.1.2 Sítio Ramsar

    A Lista Ramsar, conhecida também como Lista de Zonas Úmidas de Importância

    Internacional, é uma ferramenta adquirida pela Convenção Ramsar (tratado

    intergovernamental) com a finalidade de alcançar o cumprimento dos objetivos

    firmados entre países, visando a conservação e o uso racional de áreas úmidas no

    mundo. Os países engajados nessa cooperação conjunta da Convenção, devem

    indicar zonas úmidas de seu território, para integrar a Lista, a qual será reconhecida

    como Sítio Ramsar, após análise e aprovação (OECO, sem data).

    Sob esse status, as áreas úmidas passam a ser objetos de compromissos e

    beneficíos que devem ser cumpridos e adquiridos pelo país. Esses benefícios

    podem ser financeiros ou podem estar relacionados à assessoria técnica

    para ações de proteção. Este título confere às áreas úmidas o privilégio na

    implementação de políticas governamentais e reconhecimento público,

    fortalecendo sua proteção (MMA, sem data).

    O Brasil estabeleceu que as áreas úmidas para indicação à Lista Ramsar

    correspondam à Unidades de Conservação, favorecendo a adoção dos

    compromissos firmados pelo país na Convenção. Desde então, o Brasil adicionou à

    lista vinte e duas Unidades de Conservação, estando entre elas, o Parque Nacional

    de Anavilhanas, reconhecido em 2017 (MMA, sem data).

    3.1.1.3 Complexo de Conservação da Amazônia Central

    Localizado na região de encontro entre os rios Negro e Solimões, o Complexo

    de Conservação da Amazônia Central é considerado um dos sítios de Patrimônio

    Mundial Natural do Brasil reconhecido pela UNESCO. Inscrito desde o ano 2000,

    inicialmente contava apenas com a área do PARNA do Jaú quando, então, em

    2003, passou a abranger as áreas de outras três Unidades de Conservação: o

    PARNA de Anavilhanas, na época enquadrado na categoria Estação Ecológica, de

    responsabilidade do ICMBio, e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável de

    Amanã e de Mamirauá, ambas de responsabilidade estadual (WHC, s.d.).

    O Complexo corresponde a uma das áreas mais ricas do planeta em

    biodiversidade e possui uma extensão com mais de 6 milhões de hectares, sendo

    a maior área protegida da bacia amazônica. Suas dimensões são relevantes

    para a manutenção de importantes processos ecológicos na região e protegem

    conjuntos significativos de fauna e flora (UNESCO, sem data).

    As vegetações inundadas, o arquipélago e demais formações vegetais formam

    ecossistemas únicos, mosaicos aquáticos que abrigam a maior variedade de peixes

    elétricos do mundo. Também abrigam 60 % das espécies de aves encontradas na

    região da Amazônia, com a presença de diversas delas sendo endêmicas (WHC,

    sem data).

    O complexo protege espécies animais notáveis, como o peixe-boi-da-amazônia,

    ou manati Trichechus inunguis, o piracuru Arapaima gigas e os botos vermelho

    Inia geoffrensis e tucuxi Sotalia fluviatilis (WHC, sem data). De acordo com o

    Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) (sem data), o

    complexo também abriga 17 sítios arqueológicos, dentre eles, esculturas de

    pedras que são indícios do início da ocupação humana local.

    3.1.2 ENQUADRAMENTO NACIONAL E REGIONAL

    Os PARNA de Anavilhanas e do Jaú, juntamente com outras dez Unidades de

    Conservação, compõem o Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro,

    que visa manter a conservação e a biodiversidade da região, bem como prover

    recursos naturais às populações tradicionais que residem nas proximidades ou

    dentro dessas áreas.

    3.1.2.1 Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro

    Em 2006, com o apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA),

    estabeleceu-se o processo de criação e fortalecimento do Mosaico do Baixo Rio

    Negro (Figura 3.2), localizado no estado do Amazonas na região do baixo rio

    Negro, com uma área de aproximadamente 7.292.113 ha. Na região do mosaico,

    abrangendo os municípios de Manaus, Manacapuru, Novo Airão, Iranduba e

  • 18

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    Barcelos, estão as áreas protegidas alocadas neste projeto (IPE, sem data).

    Reconhecido pela Portaria MMA nº 483, de 14 de dezembro de 2010, o Mosaico

    do Baixo Rio Negro abrange doze UC, dentre elas, sob a gestão federal do

    ICMBio, estão: o Parque Nacional de Anavilhanas, o Parque Nacional do Jaú e a

    Reserva Extrativista do Rio Unini, assim como as suas zonas de amortecimento.

    As demais UC estão sob a gestão da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e

    Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas e a gestão da Secretaria

    Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Manaus (ALMEIDA, 2014).

    3.1.2.2 Integração das Gestões de Unidades de Conservação na Região de Estudo

    Agrupamentos de áreas protegidas possibilitam maior efetividade de conservação

    da biodiversidade e ao uso sustentável dos recursos naturais (ICMBio, 2016).

    A integração de várias UC próximas, favorece a gestão conjunta, permitindo

    colaborações mútuas, composição de ações, assim como compartilhamento de

    esforços e resultados (ICMBIO, 2017).

    O conjunto de UC na região de estudos (Figura 3.2), mesmo que de

    responsabilidades institucionais diferentes (federal e estadual), favorece a

    aplicação de princípios de integração de gestão considerando aportes que se

    aplicam ou favorecem mais de uma UC ao mesmo tempo. Mais do que isto,

    possibilita também a integração de ações e atividades externas de iniciativa

    privada ou comunitária de forma a contemplar um conjunto de Unidades

    de Conservação, em associação ou não com outras áreas de interesse locais,

    propiciando potencialização de oportunidades e resultados.

  • 19

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    Figura 3.2 Mosaico de áreas protegidas do baixo Rio Negro.

    Fonte: Elaboração do Autor, 2018.

  • 20

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    3.2 LOCALIZAÇÃO DOS PARNA DE ANAVILHANAS E DO JAÚ

    O PARNA de Anavilhanas localiza-se no estado do Amazonas, nos municípios de

    Novo Airão e Manaus (pontos extremos situados em 2°00’44” de latitude Norte,

    3°02’01” de latitude Sul, 60°21’21” longitude Leste, e 61°12’53” longitude Oeste).

    O PARNA do Jaú localiza-se nos municípios de Novo Airão e Barcelos (pontos

    extremos situados em 2°40’24”S de latitude Norte, 2°54’17” de latitude Sul,

    61°17’28” de longitude Leste, e 64°06’14” de longitude Oeste) (Figura 3.3).

    Figura 3.3 Localização dos Parques Nacionais de Anavilhanas e do Jaú.

    Fonte: Elaboração do Autor, 2018.

  • 21

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    3.3 ACESSOS AOS PARNA DE ANAVILHANAS E DO JAÚ

    Conforme já mencionado, o PARNA de Anavilhanas está localizado nos municípios

    de Manaus e Novo Airão, enquanto o PARNA do Jaú, por sua vez, localiza-se nos

    municípios de Novo Airão e Barcelos. Vindo de outras regiões do país, a cidade de

    grande porte mais próxima é Manaus, capital do estado do Amazonas. O acesso à

    capital pode ser realizado por via aérea, terrestre ou fluvial.

    Por via aérea, meio de chegada mais utilizado por visitantes nacionais e

    estrangeiros, Manaus é atendida pelas principais companhias aéreas do país. O

    Aeroporto Internacional de Manaus (Aeroporto Eduardo Gomes) localiza-se a

    13 km do centro da cidade, e a 15 km da rodovia AM 070, estrada de acesso ao

    município de Novo Airão.

    Por via terrestre, as capitais mais próximas são Boa Vista (RR), cujo acesso se dá

    pelas rodovias BR 174 e BR 432, a aproximadamente 782 km; e Porto Velho (RO),

    cujo acesso se dá pela rodovia BR 319, a aproximadamente 888 km. Por via fluvial,

    os rios da bacia Amazônica ligam Manaus às principais capitais do entorno, Boa

    Vista (RR), Porto Velho (RO), Macapá (AM) e Belém (PA).

    A partir de Manaus, o acesso à sede do município de Novo Airão, limítrofe aos

    PARNA de Anavilhanas e do Jaú, pode ser realizado com o fretamento de um

    hidroavião e pouso no rio Negro, uma vez que Novo Airão não possui aeroporto.

    Também é possível o pouso de helicópteros em áreas descampadas das

    comunidades, em bases do PARNA de Anavilhanas e na sede de Novo Airão. Nas

    duas primeiras é preciso prévia autorização.

    Por via terrestre, o acesso à Novo Airão pode ser realizado com veículo próprio,

    táxi-lotação ou ônibus executivo. A partir de Manaus, por meio da avenida Brasil,

    localizada na porção sudoeste do município, tem-se o acesso à rodovia AM 070

    que, percorrendo aproximadamente 89 km, encontra-se com o entroncamento

    desta com a rodovia AM 352, à direita, após ponte sobre o rio Negro. A partir

    da rodovia AM 352, o percurso até Novo Airão é de aproximadamente 97 km.

    Todo o trajeto de Manaus à Novo Airão é realizado por pista simples e asfaltada

    (atualmente o asfalto encontra-se danificado em alguns trechos que necessitam

    de manutenção e, ainda, apresentando sinalização precária).

    Por via fluvial, barcos de recreio (tipo gaiola) saem do Porto de São Raimundo, em

    Manaus, para Novo Airão, com tempo de viagem de aproximadamente 9 horas,

    com partidas nas noites de terça e sexta-feira. Há também opções como o barco

    expresso, no qual a viagem dura de 3 a 4 horas, com partida do Porto de São

    Raimundo, e lanchas alugadas em Manaus que fazem o percurso em 3 horas.

    Em relação ao PARNA do Jaú, o acesso mais rápido se dá por hidroavião ou

    helicóptero, com tempo médio de 45 a 70 minutos. A sede do PARNA do Jaú fica a

    aproximadamente 200 km em linha reta, a partir de Manaus. A UC não é acessível

    por via terrestre, sendo a sede municipal de Novo Airão, a área urbana mais

    próxima, cujo acesso foi descrito anteriormente.

    A partir de Novo Airão, o trajeto até o PARNA do Jaú se dá por aproximadamente

    115 km de navegação pelo rio Negro, com duração média de três horas de viagem

    de lancha ou até dezoito horas de viagem com barcos comuns.

    Uma ilustração representativa de mapa indicando os principais acessos aos PARNA

    de Anavilhanas e do Jaú, bem como as respectivas distâncias e localizações,

    encontra-se na Figura 3.4.

  • 22

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    Figura 3.4 Representação gráfica do mapa de acessos e distâncias aos Parques Nacionais de Anavilhanas e do Jaú.

    Fonte: Elaboração do Autor, 2018.

  • 23

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    3.4 DADOS DE CRIAÇÃO E INSTITUCIONAIS DOS PARNA DE ANAVILHANAS E DO JAÚ

    Embora os estudos para a criação de áreas estratégicas para a conservação na

    Amazônia tenham iniciado anos antes, os PARNA de Anavilhanas e do Jaú são

    Unidades de Conservação federais que foram criadas na década de 1980. A

    princípio, ambas foram propostas em categorias diferentes das atuais e, devido

    à sua relevância ecológica e o seu caráter turístico, foram recategorizadas para

    Parques Nacionais. A seguir apresenta-se o panorama histórico desde a criação

    dessas áreas protegidas, sua estruturação, até a atual composição. Um breve

    histórico sobre a criação dos PARNA de Anavilhanas e do Jaú está apresentado nos

    subitens a seguir.

    3.4.1 CRIAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS

    Em 1974, a Secretaria do Meio Ambiente, juntamente com outras instituições,

    estabeleceu locais prioritários para a criação de áreas protegidas na Amazônia a

    partir de sobrevoos realizados na região, dentre eles o arquipélago de Anavilhanas.

    Nos anos seguintes, esforços foram feitos para analisar a situação fundiária local.

    Então, em 1981, o Serviço de Patrimônio da União (SPU) cedeu à Secretaria Especial

    do Meio Ambiente (SEMA) o arquipélago de Anavilhanas e, na sequência, junto ao

    Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), discutiu-se o reassentamento

    dos habitantes do interior da área (NOGUEIRA-NETO, 1991 apud ICMBIO, 2017).

    Assim, criada pelo Decreto nº 86.061 de 02 de junho de 1981, em uma área

    de 350.469,79 ha nos municípios de Manaus e Novo Airão foi estabelecida,

    inicialmente, a Estação Ecológica de Anavilhanas (ICMBIO, 2017). A unidade de

    conservação manteve essa categoria por 27 anos até que, em 2008, após diversas

    mobilizações, através da Lei nº 11.799 de 29 de outubro, sua categoria foi alterada

    para Parque Nacional. Essa alteração foi necessária em razão do potencial turístico

    que o local apresentava, por sua localização geográfica estratégica e como reflexo

    do potencial de contribuição para o fluxo econômico da região (ICMBIO, 2017).

    3.4.2 CRIAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DO JAÚ

    Segundo a FVA/IBAMA (1998) a partir da década de 1970, baseados em estudos

    realizados por Haffer (1969) diversos pesquisadores analisaram os dados de

    distribuição geográfica de organismos para selecionar áreas de prioridade para

    conservação, incluindo o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal,

    IBDF (atual IBAMA). Em 1976, o IBDF recebeu uma carta do Instituto Nacional

    de Pesquisa Amazônica (INPA), se propondo a colaborar nos estudos das áreas

    potenciais para conversão em reservas biológicas na Amazônia. Este aceitou

    a proposta, sugerindo três áreas, dentre elas a do Jaú, e também sugeriu que

    fosse realizada uma avaliação não apenas dos recursos naturais e biológicos,

    mas também de áreas ocupadas e extensão do local, prevendo um decreto para

    criação da área protegida (WETTERBERG, 1977 apud FVA/IBAMA, 1998).

    Com base nos estudos, que então se iniciaram no ano de 1977, bem como em

    informações locais, a área do Jaú foi proposta para a criação em 1979 da Reserva

    Biológica (REBIO) do Jaú. Porém, a unidade de conservação teve a sua categoria

    alterada para Parque Nacional em 1980 pelo Decreto nº 85.200 publicado em 24

    de setembro de 1980. A alteração de categoria se deu também em função do

    potencial turístico apresentado em sua região de abrangência. Na época de sua

    criação, era considerada a maior unidade de conservação federal com uma área de

    2.367.333,44 ha e, hoje, ocupa a segunda posição (FVA/IBAMA, 1998).

    O PARNA do Jaú tem a finalidade de preservar os ecossistemas naturais, servindo

    para pesquisas, educação, recreação e cultura (BRASIL, 1980).

    3.5 IDENTIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DOS PARQUES NACIONAIS

    Após criação de uma unidade de conservação a lei preconiza que instrumentos

    de gestão sejam elaborados por estudos adequados e legalmente instituídos de

    modo a garantir melhoria na gestão. Os instrumentos de gestão estabelecidos

  • 24

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    para as UC alvo deste estudo com um breve histórico e análise, estão

    apresentados nos subitens a seguir.

    3.5.1 PLANO DE MANEJO DO PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS

    Plano de manejo é um documento estabelecido pelo SNUC (Lei nº 9.985, de 18

    de julho de 2000) e que serve como instrumento norteador para a gestão de

    Unidades de Conservação, o qual determina as normas de uso e manejo dos

    recursos naturais provenientes dessas áreas protegidas.

    Conforme já mencionado, o atual Parque Nacional de Anavilhanas foi instituído

    como Unidade de Conservação em 1981, inicialmente na categoria de Estação

    Ecológica, igualmente de proteção integral. Nos anos 1997 a 1999, realizaram-se os

    estudos e levantamentos para a elaboração do Plano de Manejo da então Estação

    Ecológica de Anavilhanas porém, este veio a ser publicado apenas em 2002. Desde

    a criação deste documento, já se observava necessária uma recategorização da

    área, tendo em vista o caráter turístico e de uso público que se apresentava na

    região, limitados pela categoria de manejo na época (ICMBIO, 2017).

    A alteração de categoria da UC determinou a necessidade de revisão do Plano

    de Manejo da antiga Estação Ecológica, visto que, as novas atribuições exigiam

    um plano de uso público estabelecendo normas para a visitação na área (ICMBIO,

    2017). Com a necessidade de ordenamento da visitação até que fosse elaborada

    a revisão do plano de manejo, foi publicada a portaria ICMBio nº 47, de 09 de abril

    de 2012 para o Parque Nacional de Anavilhanas (ICMBIO, 2017).

    Então, a partir de 2014 iniciou-se a revisão do Plano de Manejo, tendo sido

    finalizada e publicada a versão revisada em 19 de maio de 2017, por meio

    da portaria ICMBio nº 352. A nova versão foi organizada em três volumes:

    Diagnóstico do PARNA de Anavilhanas; Planejamento Estratégico; e, Plano de

    Uso Público.

    O documento apresenta de forma detalhada o contexto e o histórico da unidade

    de conservação, a descrição biológica e física de sua área, bem como diagnósticos

    socioeconômicos e das atividades permitidas no Parque, estipulando objetivos,

    permissões e normas para uso e gestão da área.

    3.5.2 PLANO DE MANEJO DO PARQUE NACIONAL DO JAÚ

    Embora os PARNA de Anavilhanas e do Jaú tenham quase o mesmo tempo de

    criação, o Plano de Manejo do PARNA do Jaú teve sua elaboração e publicação na

    década de 1990, vigorando até o presente. Em 1993, o IBAMA firmou convênio de

    cooperação com a Fundação Vitória Amazônica, para a elaboração do Plano de

    Manejo e, no decorrer de cinco anos seguintes, esse documento foi produzido,

    tendo sido publicado em 1998 (FVA/IBAMA, 1998).

    O instrumento apresenta levantamentos de dados bióticos, abióticos e

    socioeconômicos locais, obtidos por meio de estudos com dados primários e

    secundários e também a partir de um processo participativo com representantes

    de diversos segmentos. De acordo com a FVA (1998) sua estrutura baseou-se

    nas diretrizes estabelecidas no Roteiro Metodológico para o Planejamento de

    Unidades de Conservação de Uso Indireto (IBAMA,1996).

    O plano de manejo atual é composto por seis encartes. Os dois encartes iniciais

    apresentam o contexto onde está inserida a área protegida. Os encartes 3, 4 e 5

    mostram os resultados das pesquisas e levantamentos efetuados pela Fundação e

    o encarte 6 propõe as diretrizes de planejamento para a gestão do PARNA do Jaú

    (FVA/IBAMA, 1998).

    Em outubro de 2016, o Parque completou 36 anos de existência e, em

    comemoração, foi realizado o Seminário Jaú 36 anos. Nesse evento anunciou-se

    o início dos trabalhos para a revisão do Plano de Manejo do Parque Nacional do

    Jaú (ICMBIO, 2017). A previsão é que a versão revisada do documento seja enviada

    para análise e publicação até agosto de 2018.

    3.5.3 CONSELHOS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

    Conforme o SNUC, as Unidades de Conservação devem ser geridas por equipe

  • 25

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    de gestores sob comando de um chefe, auxiliados por conselhos, oportunizando

    e facilitando a participação e integração da sociedade. Conselhos são fóruns

    de discussão, negociação e gestão de UC, eventualmente estendendo sua

    atuação a áreas de influência. Normalmente devem ser paritários e formados por

    representantes de órgãos públicos e da sociedade civil (ICMBIO, 2014; MMA, 2018).

    Em geral os conselhos podem ser consultivos ou deliberativos e suas

    competências estão previstas no Decreto nº 4.340/2002 (artigo 20). O conselho

    consultivo tem como finalidade estabelecer análise e pronunciamentos sobre

    questões ambientais, sociais, econômicas, culturais e políticas, podendo

    desenvolver pareceres ou opiniões sobre demandas das UC ou de terceiros

    que tenham potencial impacto à elas. Conselhos consultivos são normalmente

    vigentes na gestão de Florestas Nacionais e Unidades Conservação de Proteção

    Integral e não tem autonomia de decisão sobre as diretrizes e políticas vigentes

    estabelecidas pelo órgão de gestão direta da UC. Já o conselho deliberativo possui

    jurisdição para analisar, propor, deliberar e mesmo intervir na gestão da UC e

    em políticas setoriais, como ocorre na gestão de Unidades de Conservação de

    Uso Sustentável como as Reservas Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento

    Sustentável e, também, na gestão de Reservas da Biosfera (ASCOM/IDEMA, 2013;

    ICMBIO, 2014). A seguir estão apresentados os Conselhos constituídos para os

    PARNA de Anavilhanas e do Jaú.

    3.5.3.1 Constituição do Conselho Consultivo do Parque Nacional de Anavilhanas

    O Conselho Gestor do PARNA de Anavilhanas é de caráter consultivo, tendo

    sido criado em 2006, através da Portaria IBAMA nº 101, de 19 de dezembro,

    com 22 representantes, dentre eles, comunidades do entorno, organizações

    governamentais e sociais. Atualmente, possui 4 setores com 20 componentes no

    total, conforme organograma apresentado na Figura 3.5 (ICMBIO, 2017).

    Figura 3.5 Organograma do Conselho Consultivo do Parque Nacional de Anavilhanas.

    Nota: A Associação Novoairãoense de Turismo – ANATUR, está passando por processo de alteração de sua razão social

    e CNPJ, não tendo neste momento, também, instituído o seu presidente. Fonte: Elaboração do Autor, 2018.

    3.5.3.2 Constituição do Conselho Consultivo do Parque Nacional do Jaú

    O Conselho Consultivo do PARNA do Jaú foi criado em 18 de março de 2008,

    através da Portaria ICMBio nº 14, contando inicialmente com 32 representantes.

    Porém, em 2013, houve uma modificação do conselho, de acordo com a Portaria

    ICMBio nº 225, de 5 de setembro. Atualmente, o Conselho Consultivo é composto

    por 23 representantes de organizações governamentais e organizações da

    sociedade civil, conforme pode ser observado no organograma apresentado na

    Figura 3.6.

  • 26

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    Figura 3.6 Organograma do Conselho Consultivo do Parque Nacional do Jaú.

    Fonte: Elaboração do Autor, 2018.

    3.6 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

    O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade é uma autarquia

    em regime especial, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, tendo como

    responsabilidade executar as ações do Sistema Nacional de Unidades de

    Conservação da Natureza, com as tarefas de propor, fiscalizar, implantar,

    normatizar, gerir, proteger e monitorar as Unidades de Conservação instituídas

    pela União. Também é sua função o estímulo à pesquisa, à proteção, à preservação

    e conservação da biodiversidade e dos recursos naturais (ICMBIO, sem data). O

    ICMBio é composto por 5 instâncias (Figura 3.7):

    • Órgão colegiado Comitê Gestor;

    • Órgão de assistência direta e imediata ao Presidente do Instituto Chico Mendes Gabinete;

    • Órgãos seccionais Procuradoria Federal Especializada Auditoria Interna e Diretoria de Planejamento, Administração e Logística;

    • Órgãos específicos singulares Diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação, Diretoria de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial em

    Unidades de Conservação e Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento

    da Biodiversidade;

    • Unidades descentralizadas Coordenações Regionais, Unidades de Conservação, Unidade Especial Avançada, Centros Nacionais de Pesquisa e Conservação,

    Centro de Formação em Conservação da Biodiversidade e Unidades Avançadas

    de Administração e Finanças.

    Cada componente dessas esferas possuem funções específicas, de acordo com

    Decreto da Presidência da República nº 8.974, de 24 de janeiro de 2017 (BRASIL,

    2017). O órgão colegiado é responsável, dentre outras funções, por assessorar a

    presidência do ICMBio auxiliando na tomada de decisões na gestão ambiental

    federal. Ao órgão de assistência direta e imediata ao Presidente cabe a assistência,

    o planejamento, a coordenação e a execução de atividades de interesse do

    ICMBio.

  • 27

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    Figura 3.7 Organograma da estrutura organizacional do ICMBio.

    Fonte: Elaboração do Autor, 2018 adaptado de ICMBIO, 2017.

    Os órgãos seccionais são responsáveis pelo âmbito jurídico, por auditorias internas,

    pelo planejamento e administração, de acordo com suas atribuições, conforme

    previstas por decreto.

    Os órgãos específicos singulares são compostos por três diretorias com as

    mais diversas ações que vão desde o planejamento para criação de Unidades

    de Conservação, à estruturação destas, como a elaboração dos instrumentos

    de gestão, a regularização das áreas, o monitoramento e as estratégias para a

    conservação da biodiversidade, entre outras.

    Além dos órgãos já mencionados, há também, as unidades descentralizadas. Essas

    unidades, entre diversas funções, são responsáveis pela representação institucional

    e gestão local da biodiversidade, em regiões e Unidades de Conservação

    específicas. O órgão responsável pelas capacitações referentes às Unidades de

    Conservação e à biodiversidade, bem como os centros de pesquisa também estão

    nessa esfera.

    As coordenações regionais estão inseridas como unidades descentralizadas e

    atuam nas reuniões de diagnóstico e planejamento participativo e, também,

    na elaboração e execução de programas e projetos nas áreas de abrangência.

    Os Parques Nacionais de Anavilhanas e do Jaú estão vinculados à coordenação

    regional em Manaus - AM, chamada CR – 2.

    3.6.1 EQUIPE PERMANENTE DO PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS

    A equipe permanente do Parque Nacional de Anavilhanas possui 3 analistas

    ambientais: a Chefe da UC (geógrafa); uma bióloga; e um ecólogo. Também há

    três colaboradores que são auxiliares administrativos (auxiliar de serviços gerais -

    limpeza e manutenção) e um técnico ambiental.

    O Parque conta ainda, com dezessete funcionários do serviço terceirizado sendo

    que, deste total, dezesseis são vigias e um é auxiliar de serviços gerais (ICMBIO,

    2017), conforme apresentado na Figura 3.8.

    Figura 3.8 Organograma da estrutura organizacional do Parque Nacional de Anavilhanas

    Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de ICMBio, 2017.

  • 28

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    3.6.2 EQUIPE PERMANENTE DO PARQUE NACIONAL DO JAÚ

    Conforme informações obtidas junto aos gestores do PARNA do Jaú, a atual

    equipe é composta por 4 analistas ambientais, servidores do ICMBio em atividade,

    incluindo a chefe da UC e uma analista que encontra-se em regime de licença

    para capacitação (mestrado); 1 técnico administrativo; 8 vigias do serviço

    terceirizado que são responsáveis pela guarda do patrimônio físico, ou melhor,

    pelas estruturas existentes nas bases I e II do Parque (trabalhando em escala

    de 15 dias de serviço por 15 dias de folga); e 3 colaboradores provenientes do

    projeto Motivação e Sucesso na Gestão de Unidades de Conservação Federais –

    MOSUC, em parceria com o Instituto Pesquisas Ecológicas – IPÊ, sendo 1 auxiliar

    administrativo, 1 auxiliar de manutenção e 1 auxiliar operacional de campo,

    conforme apresentado na Figura 3.9.

    Figura 3.9 Organograma da estrutura organizacional do Parque Nacional do Jaú.

    Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de ICMBio, 2017.

    3.7 INFRAESTRUTURA DOS PARNA DE ANAVILHANAS E DO JAÚ

    Ambos os Parques possuem e utilizam a mesma Sede Administrativa

    (SA), localizada no município de Novo Airão/AM, na rua Antenor Carlos

    Frederico, nº 69, bairro Nossa Senhora Auxiliadora (Coordenadas Geográficas

    2°37’8,25”S/60°56’57,29”W).

    O escritório existente na SA possui um sistema que é compartilhado com gestores

    de três Unidades de Conservação: Parque Nacional do Jaú; Parque Nacional

    de Anavilhanas e Reserva Extrativista do Rio Unini. Ao lado desse escritório

    encontram-se um ancoradouro e um alojamento que abriga, atualmente, 6

    pessoas em camas. Além das estruturas de uso comum, cada UC possui suas

    respectivas bases operacionais conforme detalhamento a seguir.

    3.7.1 INFRAESTRUTURA DO PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS

    De acordo com contato estabelecido com gestores do PARNA de Anavilhanas, ao

    todo, a UC possui 4 bases operacionais, quais sejam: Base I - Lago do Prato; Base II –

    Apuaú; Base III – Ancoradouro; e Base IV – Baependi. Esta última foi desativada em

    2015 devido a problemas de contrato de vigilância, sendo deslocada para a Base I.

    A primeira, constitui-se de uma estrutura avançada flutuante, com a finalidade de

    apoio às atividades da UC, pesquisadores, vigilância e visitação. Localiza-se logo

    na entrada do Lago do Prato, centralizada no arquipélago de Anavilhanas (Figura

    3.10). Seu acesso, a partir de Novo Airão, é fluvial com percurso de 32 km, com

    duração de aproximadamente 50 minutos por meio de voadeira, descendo o rio

    Negro (Coordenadas Geográficas: 2º43’10”S / 60º45’19”W).

    A Base II também é avançada, porém em terra firme (Figura 3.10), constituída por

    uma casa, banheiro externo (para uso de visitantes), espaço de redário (para uso

    de visitantes) e um píer flutuante, com a finalidade de auxiliar na logística de carga

    e descarga. A base apoia diversas atividades da UC, abrigando pesquisadores

    e vigias. Situa-se próxima à foz do rio Apuaú, a 29 km de Novo Airão e o trajeto

    fluvial pode ser feito em 40 minutos utilizando-se voadeira como meio de

  • 29

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    transporte, cruzando o rio Negro (na margem oposta do rio) (Coordenadas

    Geográficas: 2º32’5,77”S/60º50’9,75”W). Próximo ao local há uma trilha de turismo,

    sendo frequentemente utilizada.

    E, por fim, a Base III (Figura 3.10) que constitui-se em uma garagem flutuante de

    embarcações, estabelecida no rio Negro, na margem direita, junto à orla de Novo

    Airão, em frente ao escritório, usufruída também pelas UC do APM Baixo Rio Negro

    (02°37’6.40”S/60°56’55.81”W) (ICMBIO, 2017).

    Figura 3.10 Bases Operacionais do Parque Nacional de Anavilhanas.

    Nota: vista parcial da estrutura de apoio da Base I (Lago do Prato), à esquerda; vista parcial da estrutura principal na

    Base II (Apuaú), ao centro; vista parcial da Base III, à direita. Fonte: Registro do Autor, 2018.

    3.7.2 INFRAESTRUTURA DO PARQUE NACIONAL DO JAÚ

    Conforme dados fornecidos por gestores do PARNA do Jaú, ao todo, o Parque é

    composto por três bases operacionais, sendo elas: Base I – Rio Jaú; Base II – Rio

    Unini; e Base Tiaracá (Figura 3.11). Essas bases não são utilizadas para pernoite

    de visitantes, contudo, a Base Tiaracá é utilizada por alguns condutores que

    pernoitam com grupos em sua varanda.

    A Base I (Coordenadas Geográficas: 1º54’17,74”S/61º25’48,58”W), é a principal do

    Parque, utilizada para diversas atividades, tanto por pesquisadores e parceiros

    autorizados pelos gestores da UC, quanto por visitantes que estão de entrada e

    saída do rio Jaú (recepção de visitantes). Possui ponto de internet e é estruturada

    em madeira, sobre terra firme, contendo auditório, escritório, dormitório com 9

    camas, copa e sanitários, com dois flutuantes (Figura 3.11):

    • o denominado Base Carabinani, estabelecido à frente, contém dois quartos com 4 camas, cozinha equipada, sala de recepção para visitantes, escritório do

    vigia e sanitário;

    • o outro, estabelecido nos fundos, serve como alojamento para os vigias em atividade contendo três quartos, um depósito, uma sala e um sanitário, além

    de uma plataforma de ancoragem das embarcações e um pequeno flutuante,

    utilizado como depósito.

    A Base II (Rio Unini), flutuante, está localizada na margem direita do Rio Unini

    (Coordenadas Geográficas: 1º40’22,06”S/61º46’43,74”W). É constituída por dois

    quartos, uma sala, cozinha, escritório e sanitário, sendo utilizada por vigias, pessoas

    em trabalho de campo, pesquisadores e parceiros autorizados pelos gestores

    da UC. Esta base também é utilizada de forma compartilhada com a Reserva

    Extrativista do Rio Unini – Resex Rio Unini (Figura 3.11).

    Enfim, a Base Tiaracá apresenta estrutura de alvenaria e localiza-se na comunidade

    Seringalzinho, na margem esquerda do rio Jaú (Coordenadas Geográficas:

    1º49’56.92”S/61º35’55.05”W). Possui sala, cozinha, três quartos, banheiro

    interno e externo e uma varanda. É utilizada para abrigar equipes de pesquisa,

    monitoramento e outras atividades de gestão da UC. Todavia, necessita de reforma

    pelas más condições estruturais que apresenta (Figura 3.11).

    Figura 3.11 Bases Operacionais do Parque Nacional do Jaú.

    Nota: vista parcial externa da Base I (flutuante Carabinani), à esquerda; vista parcial externa da Base II (Rio Unini), ao

    centro; vista parcial externa da Base Tiaracá, à direita. Fonte: Registro do Autor, 2018.

  • 30

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    4 PANORAMA SOCIOAMBIENTAL DO PARNA DE ANAVILHANAS

    No presente item estão apresentados os aspectos a título de caracterização dos

    meios físico, biótico e antrópico, bem como o aspecto institucional da região em

    que situa-se o Parque Nacional de Anavilhanas.

    4.1 ASPECTOS DO MEIO FÍSICO DO PARNA DE ANAVILHANAS

    As características componentes do meio físico, aqui apresentadas, tratam de

    forma individual e integrada os aspectos referentes à climatologia, geologia,

    geomorfologia, pedologia e hidrografia, possibilitando o entendimento acerca do

    panorama físico da região do PARNA de Anavilhanas. Para tanto, foram levantados

    dados secundários, de modo a compor a caracterização da área e seu entorno

    imediato, garantindo diagnóstico fidedigno e compreensão dos fenômenos

    presentes na área estudada, disponível no Plano de Manejo (ICMBIO, 2017) e em

    outras fontes.

    4.1.1 CLIMATOLÓGICOS

    O clima na Amazônia se deve a uma combinação de fatores e dentre os mais

    importantes está a disponibilidade de energia solar, por meio do balanço de

    energia. Entre os meses de setembro e outubro ocorre maior radiação, enquanto

    que entre os meses de dezembro e fevereiro são os de menor radiação (FISCH;

    MARENGO; NOBRE, 2014).

    Conforme a classificação climática de Köppen, o Parque pertence ao tipo Af

    (Clima Tropical Úmido ou Superúmido). Esse clima é característico da região

    devido à ausência de estação seca (1 ou 2 meses secos), alta porcentagem de

    umidade e precipitação. Conforme Mapa de Climas do Brasil (IBGE, 2002) (Figura

    4.1), enquadra-se como Clima Equatorial Quente, onde a média de temperatura

    é maior que 18 °C em todos os meses e a variação de temperatura é mínima ao

    longo do ano. A amplitude térmica varia em torno de 1 a 2 °C, com temperaturas

    médias entre 24 e 26 °C (FISCH; MARENGO; NOBRE, 2014). Conforme dados das

    décadas entre 1960 e 1990, a variação da temperatura medial anual foi de 26 °C

    e 26,7 °C, com máximas de 31,4 °C e 31,7 °C e mínimas entre 22,0 °C e 23,3 °C

    (DNPM, 1992 apud FVA/IBAMA, 1998).

    A pluviosidade da região está na faixa de 1.750 e 2.500 mm ao ano, conforme

    dados obtidos da estação meteorológica de Manaus (estação mais próxima) para a

    série histórica entre as décadas de 1960 e 1990. Os altos valores resultam em uma

    elevada umidade relativa do ar, com médias anuais entre 85 e 95 %. O balanço

    hídrico da região de Manaus, segundo Thornthwaite e Matter (1955, apud MOTA;

    MEDEIROS, sem data), referente ao período de 1971 a 2000, indicou que os meses

    de maior precipitação foram entre dezembro e maio, com um total 1.730 mm,

    correspondendo em 66,9 % de toda a precipitação anual. Em um estudo de

    comparação realizado por Mota e Medeiros, averiguou-se que a região de Manaus

    apresenta dois períodos distintos: um chuvoso (novembro a junho) e outro de

    menores intensidades pluviométricas (julho a setembro).

    4.1.2 GEOLÓGICOS

    A região da Amazônia possui, em sua maior totalidade, a unidade

    cronoestratigráfica Cenozoica, segundo subdivisões temporais da International

    Stratigraphic Chart publicada pela IUGS/UNESCO, em 2000. Apesar de ocupar a

    maior extensão do Brasil (32,4 %), o Cenozoico é a era geológica menos conhecida

    do país. Seus terrenos emersos são de origem continental e, na maioria, de difícil

    datação por se tratarem de afossilíferos ou desprovidos de fósseis-índices (CPRM,

    2003).

    A cidade de Manaus está situada na região Cenozoica, assim como a área do

    PARNA de Anavilhanas, a qual possui depósitos e florações como: Cobertura

    Detrito-Laterítica Paleogênica, Formação Alter do Chão, Aluviões Holocênicos e

    Grupo Trombetas (Figura 4.2), descritos na sequência.

  • 31

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    Figura 4.1 PARNA de Anavilhanas sobreposto ao Mapa de Climas do Brasil.

    Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de IBGE, 2006.

    Figura 4.2 Síntese do mapeamento de geologia do Parque Nacional de Anavilhanas.

    Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de IBGE, 2015.

  • 32

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    4.1.2.1 Cobertura Detrito-Laterítica Paleogênica

    A Cobertura Detrito-Laterítica Paleogênica representa a menor porção da região,

    localizada ao norte do Parque, sendo de origem sedimentar pós-cretácica, com

    ocorrências conglomeráticas basais, recobertas por camadas ou níveis de arenitos,

    argilitos, que compõem mantos de intemperismo profundos com latossolos

    vermelhos (SILVA, 2010).

    As coberturas detrito-lateríticas são representadas por lateritos autóctones com

    carapaça ferruginosa, podendo ocorrer sobre qualquer tipo de substrato. São

    características de climas tropicais e estão favoráveis à concentração de ouro,

    manganês, alumínio e outros metais menos solúveis, presentes no substrato

    (FUNATURA, 2012).

    4.1.2.2 Formação Alter do Chão

    A Formação Alter do Chão representa uma das coberturas mais jovens da bacia

    do Amazonas, com espessura máxima de 1.250 m, localizada na porção centro-

    leste do PARNA de Anavilhanas. Conforme Petri & Fúlfaro (1988 apud SILVA &

    BONOTTO, 2000), situa-se numa planície de dissecação que desde o início do

    período Terciário vem sofrendo movimentos positivos. É uma formação composta

    por arenitos grossos, friáveis de coloração variada, conglomerados e brechas

    intraformacionais, atribuídos a sistemas fluvial e lacustre/deltaico (DAEMON 1975

    apud TAVARES et al., 2017), com pouca composição de fósseis representados por

    plantas dicotiledôneas na região de Monte Alegre e vértebras de dinossauros

    (DINO et al.,1999 apud MENDES et al., 2012).

    4.1.2.3 Aluviões Holocênicos

    Os Aluviões Holocênicos são depósitos aluvionares que acompanham os

    cursos-d’água da Planície Amazônica e estão dispostos com maior abrangência

    como ilhas no rio Negro, havendo porções ao norte e próximas ao rio Bariuaú.

    Constituem-se por sedimentos inconsolidados, principalmente arenosos,

    representados por areias, com níveis de cascalhos, conglomerados, material

    silto-argiloso e turfa. Estes depósitos estão estabelecidos em terraços de planícies

    antigas de inundação, nos quais é possível verificar a evolução da rede de

    drenagem na região (MARINHO & CASTRO, sem data; MEDONÇA, 2011; ICMBIO,

    2015).

    Há uma diferenciação entre os aluviões, podendo ser separados em atuais e

    indiferenciados antigos, estes com distribuição descontínua representando os

    diferentes comportamentos deposicionais (PY-DANIEL, 2007).

    4.1.2.4 Grupo Trombetas

    O grupo trombetas é uma estratificação desigual sobre uma rocha metamórfica

    ou ígnea, na qual apresenta grande ocorrência de fósseis (DERBY, 1898

    apud RADAMBRASIL, 1978). Aflora em ambos os flancos, em faixas estreitas

    compreendidas entre o alto de Gurupá e Purus. A espessura na porção central

    da bacia, Médio Amazonas, é em torno de 1.000 metros. Essa formação pode ser

    subdividida em quatro membros da base para o topo: Membros Autaz-Mirim,

    Nhamundá, Pitinga e Manacapuru (BEZERRA, 2014). Este grupo está localizado na

    porção norte do Parque.

    4.1.3 GEOMORFOLÓGICOS

    Quanto aos aspectos morfoestruturais, a região do PARNA de Anavilhanas é

    classificada como pertencente à unidade morfoestrutural do Planalto Dissecado

    do Rio Trombetas - Rio Negro. Esta unidade limita-se ao interflúvio do baixo curso

    dos rios Negro e Trombetas, tendo como principal característica o dissecamento

    fluvial acentuado nos interflúvios, onde localizam-se preservadas as superfícies

    recortadas que compõem o topo das áreas denominadas como platôs (planalto)

    (BRANDT, 2000 apud GUAPINDAIA, 2008).

    Os relevos que constituem a unidade referida possuem altimetria em média de 150

    metros (ICMBIO, 2017). No entanto, a área de maior abrangência possui entre 50 e

    62,5 metros, localizada ao norte central, contornada por relevo de 37,5 a 50 metros.

    No extremo norte do Parque os relevos são superiores a 70 metros (Figura 4.3).

  • 33

    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    Figura 4.3 Hipsometria do Parque Nacional de Anavilhanas.

    Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de INPE, 2008.

    Os afluentes, como os rios Baependí, Apuaú, Cuieiras e os igarapés Tarumã-mirim

    e Tarumã-açú, que alimentam o rio Negro, apresentam foz afogada que caracteriza

    lagos alongados com poucos recortes (FVA/IBAMA, 1998).

    Já os afluentes da margem direita do rio Negro nessa unidade de relevo, nascem

    no próprio planalto, à medida em que os mais extensos, posicionados à Oeste,

    nascem no Planalto Rebaixado da Amazônia Ocidental. Ambos os rios possuem

    padrão dendrítico de drenagem, com desembocaduras afogadas formando

    lagos (FVA/IBAMA, 1998). Nas áreas em que o rio Negro faz parte do Planalto

    referido, as margens são escarpadas originando falésias, havendo poucas áreas de

    acumulação, propiciando desníveis de 5 a 10 metros, aproximadamente.

    O padrão do rio Negro é denominado como anastomosado e sua deposição

    alternada de sedimentos originou um enredado de ilhas, lagos e canais, os quais

    possuem como componente principal partículas de silte, agregadas entre si e em

    partículas de argila (FVA/IBAMA, 1998).

    No entanto, as ilhas acima do rio Branco se diferem destas, pois a sua superfície

    é maior do que a dos lagos, com planície fluvial em sua margem esquerda e

    escarpada na margem direita. A presença de ilhas alongadas desviam o fluxo-

    d’água em vários canais, comportando-se como lagos com profundidades de 1 a

    20 metros (FVA/IBAMA, 1998).

    Na UC, as áreas mais elevadas localizam-se na porção nordeste, com altitudes em

    torno de 125 m acima do nível do mar. As áreas mais baixas localizam-se próximas

    à confluência do rio Apuaú com o rio Negro, em uma altitude em torno de 37 m

    acima do nível do mar (Figura 4.3).

    4.1.4 PEDOLÓGICOS

    Associado à bacia sedimentar, ao clima, ao relevo e à evolução da paisagem, os

    solos da Amazônia possuem características como: extrema pobreza em fósforo;

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    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    acidez elevada; baixa CTC1; pobreza em macro e micronutrientes; densidade

    elevada; e susceptibilidade à compactação e erosão.

    A distribuição das classes de solos também está baseada nos fatores de formação,

    seguindo-se em ordem decrescente de área ocupada os Latossolos, Argissolos,

    Plintossolos e Espodossolos, predominando o caráter distrófico (JÚNIOR, 2011). No

    PARNA de Anavilhanas, predomina em terra firme o Latossolo Amarelo, seguido

    da presença de Espodossolo Humilúvico, Argissolo Vermelho-Amarelo e Gleissolo

    Háplico no extremo norte da região e em planícies, conforme Figura 4.4.

    Os Latossolos Amarelos (LA) normalmente desenvolvem-se a partir de sedimentos

    do Grupo Barreiras (Plio-pleistoceno) e Formação Alter do Chão (Cretáceo)(KER,

    1997). São solos profundos, amarelos, uniformemente em profundidade, assim

    como o teor de argila. A textura predominante é a argilosa ou muito argilosa,

    variando de 15 a 95 %. São solos que apresentam boas condições físicas de

    retenção de umidade e boa permeabilidade (OLIVEIRA et al., 1992; RODRIGUES,

    1996 apud KER, 1997).

    Uma das características mais notáveis dos Latossolos Amarelos é a elevada coesão

    dos agregados estruturais manifestada entre os horizontes A e B. Porém, em LA

    da Amazônia, é possível que o excesso de umidade não permita a manifestação

    do caráter coeso. Os LA de Manaus são muito argilosos, visto que no segundo

    horizonte a argila encontra-se praticamente toda floculada (ALMEIDA et al., sem

    data).

    1 Capacidade de troca de Cátions.

    Figura 4.4 Pedologia do Parque Nacional de Anavilhanas.

    Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de IBGE, 2015.

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    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    Os Espodossolos são solos constituídos por material mineral, apresentando

    horizonte B espódico, logo abaixo de horizonte E ou A. Pertencente a subordem,

    está o Espodossolo Humilúvico, qual possui a presença significante de matéria

    orgânica e alumínio no horizonte B espódico, podendo estar isoladamente ou

    sobrepostos a outros tipos de horizontes (espódicos ou não espódicos) (SIBCS,

    2013).

    Os Argissolos Vermelho-Amarelos apresentam horizonte de acumulação de argila,

    B textural (Bt), com cores vermelho-amareladas devido à presença da mistura

    dos óxidos de ferro hematita e goethita. São solos profundos e muito profundos,

    bem estruturados e bem drenados, com sequência de horizontes A, Bt; A, BA, Bt;

    A, E, Bt, havendo predominância do horizonte superficial A, do tipo moderado e

    proeminente. Sua textura é média/argilosa, podendo apresentar algumas vezes a

    textura média/média e média/muito argilosa. Apresentam também baixa a muito

    baixa fertilidade natural (SILVA & NETO, sem data).

    Os Gleissolos são considerados solos hidromórficos, constituídos por material

    mineral, que possuem horizonte glei dentro dos primeiros 150 cm da superfície

    do solo, logo abaixo de horizontes A ou E, ou de horizonte hístico com espessura

    inferior a 40 cm. Estes solos encontram-se periodicamente saturados por água,

    resultando na forte gleização. Os Gleissolos Háplicos apresentam-se nas partes

    relativamente mais baixas da planície aluvial, podendo apresentar características

    como: presença de carbonato de cálcio, tanto baixa como alta fertilidade, assim

    como argila de baixa ou alta atividade e teores elevados de alumínio, conforme a

    divisão dos grandes grupos (ALMEIDA et al., sem data; SIBCS, 2013).

    4.1.5 HIDROGRÁFICOS/RECURSOS HÍDRICOS

    A Região Hidrográfica Amazônica envolve sete estados da federação (Acre,

    Amazonas, Rondônia, Roraima, Amapá, Pará e Mato Grosso), ocupando uma vasta

    área de aproximadamente 45 % do território nacional. A grande abundância de

    água se deve à extensa rede de rios, sendo os mais conhecidos: Amazonas, Xingu,

    Solimões, Madeira e Negro (ANA, 2017).

    Dentre as bacias que compõem a Região Hidrográfica Amazônica, o PARNA de

    Anavilhanas está inserido na Bacia do Rio Negro, precisamente no baixo Rio Negro.

    Este rio percorre pelo menos 1.700 km e é conectado fluvialmente aos sistemas

    de rios do norte, oeste, leste e nordeste da referida bacia. No rio Negro, o nível das

    águas varia conforme a estação, resultante da distribuição espacial e temporal das

    chuvas, e pela forte influência do Rio Solimões-Amazonas. No entanto, a variação

    anual entre o nível de água mais baixo e o mais alto é de 9 a 12 m (ZEIDEMANN,

    2001).

    Próximo à Manaus a velocidade da corrente de água é de aproximadamente 1

    metro por segundo, que equivale a 3,6 km por hora (ZEIDEMANN, 2001).

    A largura do rio Negro possui em torno de 1 a 3 km, nas regiões ausentes de

    ilhas, podendo aumentar significativamente sua dimensão próxima à foz. As

    profundidades do canal principal oscilam demasiadamente, ficando em torno de 5

    e 20 m na vazante e nos períodos de cheia, entre 15 e 35 m (ZEIDEMANN, 2001).

    O rio Negro possui um canal de drenagem claramente definido, todavia, possui

    extensas planícies aluviais que são inundadas sazonalmente. Os afluentes que

    limitam o Parque na margem esquerda são os rios Baependi e Apuaú, e mais a

    jusante há a presença do rio Cuieiras, no entanto, localiza-se nos limites externos

    do Parque (ZEIDEMANN, 2001; FVA/IBAMA, 1998).

    A região de influência do rio Negro possui ampla área de floresta conservada,

    a qual resulta da baixa densidade demográfica, pois a população ribeirinha

    está distribuída esparsamente ao longo do canal principal e seus afluentes

    (ZEIDEMANN, 2001).

    Conforme descrito no item 4.1.3 (aspectos geomorfológicos), no PARNA de

    Anavilhanas o rio Negro encontra-se anastomosado, com presença de várias ilhas

    fluviais (Figura 4.5).

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    Parque Nacional de Anavilhanas e Parque Nacional do Jaú

    Figura 4.5 Hidrografia do Parque Nacional de Anavilhanas.

    Fonte: Elaboração do Autor, 2018, adaptado de IBGE, 2015.

    4.2 ASPECTOS DO MEIO BIÓTICO – FLORA DO PARNA DE ANAVILHANAS

    O bioma Amazônia corresponde à maior extensão territorial do país e, em termos

    de espécies florestais, possui um terço de toda a madeira tropical do mundo

    possuindo uma parcela relevante da biodiversidade brasileira (MMA, sem data).

    Os patrimônios naturais representados pela flora e a fauna da região onde se

    insere o PARNA de Anavilhanas, certamente correspondem a uma importante

    amostra da mega biod