parna marinho dos abrolhos

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INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS PLANO DE MANEJO Parque Nacional Marinho dos Abrolhos -Braslia, 1991- Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos2 Secretaria do Melo Ambiente da Presidncia da Repblica Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis IBAMA Diretoria de Ecossistemas Departamento de Unidades de Conservao Diviso de Gerenciamento de Unidades de Conservao Fundao Pr-Natureza - FUNATURA "Verso aprovada na reunio do Conselho Nacional de Unidades de Conservao,em 10 de outubro de 1990 em Braslia, na sede do IBAMA" Braslia, 1991 PLANO DE MANEJO Parque Nacional Marinho dos Abrolhos Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos3 Secretrio do Meio Ambiente JOS ANTNIO LUTZENBERGER Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis TNIA MARIA TONELLI MUNHOZ Diretor de Ecossistemas CELSO SALATINO SCHENKEL Chefe do Departamento de Unidades de Conservao VTOR CARLOS KANIAK Chefe da Diviso de Gerenciamento de Unidades de Conservao MARGARENE MARIA LIMA BESERRA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis/ Fundao Pr-Natureza. Plano de manejo: Parque Nacional Marinho dos Abrolhos/ IBAMA FUNATURA. Braslia; Aracruz Celulose S.A., 1991. 96p.;ilust. Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos4 FUNATURA - FUNDAO PR-NATUREZA Presidenta MARIA TEREZA JORGE PDUA ARACRUZ CELULOSE S.A. Presidente ARMANDO DA SILVA FIGUEIRA O Plano de Manejo foi concludo com o apoio da ARACRUZ CELULOSE S.A. Foto de Capa - Salvatore Siciliano Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos5 Sumrio Captulo l - Aspectos Gerais 1.Introduo................................................................................................................................. 08 2.Objetivos Nacionais para Unidades de Conservao............................................................... 08 3.Situao Geogrfica e Histrica................................................................................................ 09 3.1. Localizao e Limites Atuais.............................................................................................. 09 3.2. Origem do Nome................................................................................................................ 10 3.3. Histrico do Parque e Antecedentes Legais...................................................................... 10 4.Enquadramento Nacional.......................................................................................................... 13 4.1. Enquadramento Fisiogrfico e Geopoltico........................................................................ 13 Captulo II - Anlise da Unidade de Conservao 1.Fatores Ambientais.................................................................................................................... 14 1.1. Geologia............................................................................................................................. 14 1.2. Geomorfologia.................................................................................................................... 16 1.3. Clima.................................................................................................................................. 20 1.4. Solos................................................................................................................................... 23 1.5. Oceanografia...................................................................................................................... 23 1.6. Vegetao.......................................................................................................................... 26 1.6.1.Vegetao Terrestre................................................................................................ 26 1.6.2.Vegetao Marinha.................................................................................................. 26 1.7. Fauna................................................................................................................................. 27 1.7.1.Fauna Terrestre....................................................................................................... 27 1.7.2.Fauna Marinha......................................................................................................... 29 1.8. Ocorrncia de Desastres Naturais e Outros e suas Conseqncias................................. 33 2.Anlise Paisagstica e Ambiental...............................................................................................33 3.Fatores Scio-econmicos........................................................................................................ 35 3.1. Caractersticas da Populao............................................................................................. 35 3.2. Uso Atual do Solo............................................................................................................... 36 3.3. Uso Atual da rea pelos Visitantes.................................................................................... 36 3.4. Situao Fundiria.............................................................................................................. 38 3.5. Patrimnio Imobilirio......................................................................................................... 38 3.6. Servios, Instalaes e Facilidades................................................................................... 38 4.Valores Culturais....................................................................................................................... 39 4.1. Fatores Histricos............................................................................................................... 39 4.2. Cultura Contempornea..................................................................................................... 42 Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos6 5.Vias de Acesso e Transportes Principais.................................................................................. 43 6.Fatores Condicionantes e Suposies.....................................................................................43 6.1. Fatores Condicionantes...................................................................................................... 43 6.2. Suposies......................................................................................................................... 46 6.3. Declarao de Significncia............................................................................................... 47 Captulo III - Manejo e Desenvolvimento 1.Introduo.................................................................................................................................. 49 2.Determinao dos Objetivos de Manejo.................................................................................... 49 3.Zoneamento...............................................................................................................................51 3.1. Zona Intangvel................................................................................................................... 51 3.2. Zona Primitiva..................................................................................................................... 53 3.3. Zona de Uso Extensivo...................................................................................................... 54 3.4. Zona de Uso Intensivo........................................................................................................ 55 3.5. Zona Histrico-cultural........................................................................................................ 56 3.6. Zona de Recuperao........................................................................................................ 57 3.7. Zona de Uso Especial........................................................................................................ 57 4.Determinao da Capacidade de Carga.................................................................................. 58 5.Programas de Manejo............................................................................................................... 59 5.1. Programa de Manejo do Meio Ambiente............................................................................ 60 5.1.1.Subprograma de Proteo....................................................................................... 60 5.1.2.Subprograma de Manejo dos Recursos.................................................................. 65 5.1.3.Subprograma de Investigao................................................................................. 66 5.1.4.Subprograma de Monitoramento............................................................................. 69 5.2. Programa de Uso Pblico................................................................................................... 70 5.2.1.Subprograma de Recreao e Lazer....................................................................... 70 5.2.2.Subprograma de Interpretao Ambiental............................................................... 74 5.2.3.Subprograma de Educao Ambiental.................................................................... 77 5.2.4.Subprograma de Relaes Pblicas...................................................................... 81 5.3. Programa de Operaes.................................................................................................... 83 5.3.1.Subprograma de Administrao.............................................................................. 83 5.3.2.Subprograma de Manuteno................................................................................. 92 6.Programa de Desenvolvimento Integrado................................................................................. 94 6.1. reas de Desenvolvimento................................................................................................. 94 6.1.1.rea de Desenvolvimento Ilha Redonda................................................................. 95 6.1.2.rea de Desenvolvimento Ilha Siriba....................................................................... 96 6.1.3.rea de Desenvolvimento Ilha Santa Brbara......................................................... 96 Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos7 6.1.4.rea de Desenvolvimento Navio Rosalina............................................................... 97 6.1.5.rea de Desenvolvimento Caravelas....................................................................... 98 6.1.6.rea de Desenvolvimento Nova Viosa................................................................... 99 6.1.7.rea de Desenvolvimento Alcobaa.......................................................................100 6.1.8.rea de Desenvolvimento Prado............................................................................101 7.Circulao................................................................................................................................102 8.Cronograma de Atividades......................................................................................................103 9.Anexos.....................................................................................................................................113 9.1. ListaPreliminardaFloraTerrestredoParqueNacionalMarinhodosAbrolhos,com Localizao da Ocorrncia ...............................................................................................113 9.2. ListaPreliminardasAlgasMarinhasBentnicasdoParqueNacionalMarinhodos Abrolhos ...........................................................................................................................115 9.3. ListaPreliminardaIctiofaunaMarinhadoParqueNacionalMarinhodosAbrolhos (Comentada) ....................................................................................................................117 9.4. ListaPreliminardaMalacofaunadoParqueNacionalMarinhodosAbrolhos ..........................................................................................................................................120 9.5. ListaPreliminardosForaminferosdareadoParqueNacionalMarinhodosAbrolhos ..........................................................................................................................................121 9.6. ListaPreliminardosCoraisdareadoParqueNacionalMarinhodosAbrolhos ..........................................................................................................................................121 10. Referncias Bibliogrficas .......................................................................................................122 Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos8 Captulo l Aspectos Gerais 1. INTRODUO A proteo natureza desempenha importante papel dentro de quaisquer contextos, sejam cientficos,ecolgicos,econmicosouculturaisdeumpase,nocasodeseconciliarcomo desenvolvimento,estar-se-propiciando,ainda,melhorescondiesdebemestarsociale segurana nacional. Pode-se observar, atualmente, que existe uma preocupao crescente de cada vez mais se conciliarqualquertipodeprojetocomaproteoderecursosnaturais.NoBrasil,asprimeiras medidasdeproteonaturezacouberamaogovernoe,aindahoje,basicamentetodasas iniciativassotomadasporele.Emseusprojetos,principalmenteaquelesdeforteimpacto negativosobreomeio,observa-setalpreocupaoe,tambm,amovimentaoparaequipara mquinaadministrativacomsegmentosligadosscinciasambientaiscrescente,aindaque bastanteprecria.Aprpriacomunidadebrasileirajcomeaaseconscientizare,algumas vezes, tm-se notado movimentos de reivindicao neste sentido. Desde 1976, o ento Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), hoje Instituto BrasileirodoMeioAmbienteedosRecursosNaturaisRenovveis(IBAMA),vemelaborando planos de manejo para suas unidades de conservao da natureza. SegundoesseInstituto(IBDF/FBCN,1982a),oplanodemanejo"oinstrumentobsicoa fornecerdiretrizesparaaconservaodosrecursosnaturaiscontidosnaUnidade",quetanto pode ser um parque nacional como uma reserva biolgica, para os quais o Instituto desenvolveu metodologia prpria (IBDF/ FBCN, 1981 a, b, c e d, e 1982b e IBDF, 1984), j consagrada, e que adotadanopresentedocumento.lendasegundooIBDF(1984),oplanodemanejoum instrumento dinmico e flexvel, tal qual o so os processos que regulam o meio ambiente e, por isto,elaboradodeformaapoderabsorverasnovasdescobertascientficasouquaisquer alteraes que possam interferir, direta ou indiretamente, sobre o patrimnio natural protegido. No primeiro captulo, o Parque Nacional Marinhodos Abrolhos analisado e enquadrado dentro de contextos genricos, que so os enquadramentos fsicos e ambientais clssicos. No segundo, osrecursosdareasoanalisadosemumnvellocale,quandoconsideradopertinente,por exignciaintrnsecadofatorambiental,sofeitasconsideraesmaisamplas,aonveldo Arquiplago,daregiodosAbrolhosoudolitoralbrasileiro.Combasenoconhecimentodestes recursos naturais, associando-os s condies scio-econmicas existentes no local, foram feitas as recomendaes de manejo para um harmonioso funcionamento da Unidade, o que constitui o captulo III. Resulta desse trabalho, portanto, a expectativa de se criar possibilidades para uma melhor compreensoedivulgaodaimportnciadosrecursosnaturaisedesuaproteo,nosno Parque,comodepartesignificantedolitoralsuldaBahiae,tambm,noBrasilcomoumtodo, almdegarantiadesuaefetivaconservao,deformaplanejadaeadequada,relevando-sea mxima importncia que o fato assume para os dias atuais e para o futuro. 2. OBJETIVOS NACIONAIS PARA UNIDADES DE CONSERVAO Conforme documento do governo brasileiro (IBDF/FBCN, 1982b), "os objetivos nacionais de conservao da natureza que um sistema de unidades de conservao deveria atingir so: 1.ProtegeramostrasdetodadiversidadedeecossistemasdoPas,assegurandoo processo evolutivo; 2.Protegerespciesraras,emperigoouameaadasdeextino,bitopos, comunidades biticas nicas, formaes geolgicas e geomorfolgicas de relevante valorepaisagensderarabelezacnica,objetivandogarantiraauto-regulaodo Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos9 meio ambiente, como tambm um meio diversificado; 3.Preservaropatrimniogentico,objetivandoareduodastaxasdeextinode espcies a nveis naturais; 4.Proteger a produo hdrica, minimizando a eroso e a sedimentao, especialmente quando afeta atividades que dependam da utilizao da gua ou do solo; 5.Proteger os recursos da flora e da fauna, quer seja pela sua importncia gentica ou pelo seu valor econmico, para obteno de protenas ou para atividades de lazer; 6.Conservar paisagens de relevantes belezas cnicas naturais ou alteradas, mantidas a um nvel sustentvel, visando a recreao e o turismo; 7.Conservar valores culturais, histricos e arqueolgicos - patrimnio cultural da nao - para a investigao e a visitao; 8.Preservargrandesreas,provisoriamente,atqueestudosfuturosindiquemsua melhorutilizao,sejacomoumaunidadedeconservaoouparaaagriculturaou pecuriaouqualqueroutrofim.umobjetivoexclusivoindicandoaReservade Recursos (Reservas Florestais); 9.Levarodesenvolvimentoatravsdaconservaoaregiesatentopouco desenvolvidas; 10. Proporcionar condies de monitoramento ambiental; 11. Proporcionarmeiosparaeducao,investigao,estudosedivulgaosobreos recursos naturais e 12. Fomentar o uso racional dos recursos naturais, atravs de reas de uso mltiplo." 3. SITUAO GEOGRFICA E HISTRICA 3.1. Localizao e Limites Atuais No litoral sul da Bahia existe um conjunto de recifes de corais, ilhas vulcnicas, manguezais ecanaisdemarquecontmachamadareadeAbrolhos,naqualseencontraoParque NacionalMarinhodemesmonome.Osrecifesformamdoisarcos,umcosteiro,maisprximo costa, e outro menos extenso e externo. A rea total limitada, na costa, pelas Cidades de Prado, ao norte, e de Nova Viosa, ao sul. 1.Osrecifeseilhasvulcnicasocupamumareaaproximadade3.800km2,entreas Latitudes1720'-1810'SeLongitudes3835'-3920'W,fazendoparteda plataforma continental leste do Brasil, que geralmente muito estreita, alargando-se, porm, nesta regio (banco de Abrolhos), chegando a 200km em frente Cidade de Caravelas.Soeles:Recifes-arcocosteiro-Itacolomy,Prado,Guaratibas, Timbebas,Areia,Cabocla,Aranguera,Lixa,parceldasParedes,SebastioGomes, Coroa Vermelha e Viosa. - arco externo - parcel dos Abrolhos e recife Califrnia. 2.Ilhas Vulcnicas - Santa Brbara, Sueste, Siriba, Redonda e Guarita. OParqueNacionalMarinhodosAbrolhosocupaumareaaproximadade266milhas nuticasquadradas(91.300ha)ecompostoporduasreasdistintas.Apartemaior compreendida pelo parcel dos Abrolhos e o arquiplago dos Abrolhos, excluda deste a ilha Santa Brbara, cuja jurisdio e controle permanecem a cargo do Ministrio da Marinha. A parte menor corresponde aos recifes de Timbebas. Durante os trabalhos para a criao do Parque, sentiu-se a necessidadededividi-losnestasduaspartes,paraexcluirocanaldosAbrolhos,realivreao trnsitodosnavios.Destaforma,preserva-seamostrasignificativadoarcocosteiro,que apresenta caractersticas diversas daquelas do arco externo. Aprimeiradessasreas,arquiplagoeparceldosAbrolhos,com233,60milhasnuticas quadradas,delimitadapeloquadrilterocujosvrticestmasseguintescoordenadas geogrficas. Vrtice A: 1743' Latitude S e 3845' Longitude W Vrtice B: 1754' Latitude S e 3833,5' Longitude W Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos10 Vrtice C: 1809' Latitude S e 3833,5' Longitude W Vrtice D: 1809' Latitude S e 3845' Longitude W Asegundarea,recifesdeTimbebas,com32,35milhasnuticasquadradas,delimitada pelo pentgono irregular cujos vrtices tm as seguintes coordenadas geogrficas: Vrtice A: 1725' Latitude S e 392,7' Longitude W Vrtice B: 1728' Latitude S e 3858' Longitude W Vrtice C: 1732' Latitude S e 3858' Longitude W Vrtice D: 1732' Latitude S e 3902' Longitude W Vrtice E: 1729' Latitude S e 395,4' Longitude W Nasuacondiodeparquemarinho,oParqueNacionalMarinhodosAbrolhosengloba todas as guas, ilhas (excluda a ilha Santa Brbara), recifes e a plataforma continental dentro de seus limites, em suas duas partes distintas, a saber: recifes de Timbebas e arquiplago e parcel dos Abrolhos. A definio dessas duas pequenas reas cumpre o objetivo de proteger um trecho do litoral de grande valor faunstico e abastecedor de alimento da regio, sem esquecer sua funo social. Talaspectoressaltadoporseterisoladoemparquenacionalapenasosrecifesde Timbebas, quesopartedoarcorecifalcosteiro,semincluirosdemaisrecifesquecontinuamafuncionar como rea de pesca da populao local. 3.2. Origem do Nome tradio,nosmeiosnuticos,consideraraorigemdonomeAbrolhoscomosendouma advertncia que traziam as antigas cartas nuticas aos navegantes desta regio, "Abra os Olhos", relativa aos perigos que a mesma oferece, pela existncia de recifes submersos. Entretanto,algunshistoriadoresdivergemsobreaverdadeiraorigemdonome,supondo-a maisantigaegenrica,jqueapalavraabrolhostemutilizaonabotnicaetambmsignifica escolho, acidente do relevo submarino flor da gua. Abrolhos deriva da expresso latina "aperi oculos",abreosolhos,comocitadonoNovoDicionrioAurliodaLnguaPortuguesa (FERREIRA, 1986). SegundoinformaesdoMuseuHistricoNavaldeSoVicente,SP,aprimeiraverso geralmenteamaisaceitanoslivrosdosviajantesestrangeirosmaisautorizados,comoCoronel and After (HIRST, 1934) e Les Derniers Grands Voiliers (LACROIX, 1950). 3.3. Histrico do Parque e Antecedentes Legais Aidiadacriaodeunidadesdeconservaomarinhasestdiretamenteligadas degradaes que o mar vem sofrendo, por depredaes e por contaminaes resultantes de ao antrpica.Apescapredatriaindiscriminada,dizimandocardumesinteiroseacoletade espcimesmarinhos,comooscorais,parajiasedecoraes,estavamlevandopeixes, mamferos marinhos e animais de vrios outros grupos extino. Matanas de focas, baleias e leesmarinhos,emverdadeirascarnificinas,semrespeitaroslocaisdenascimentonemos indivduos jovens, exigiam legislao de proteo. Apardisso,osmarestmsidoconstantementeeprogressivamenteenvenenadospor produtos txicos e poluentes trazidos pelas guas de origem continental ou, ainda, por deposio direta,comonocasodosvazamentosdosnaviospetroleirosemesmodaslavagensdeseus pores. Surgiu, ento, a idia de se criar reas marinhas de conservao dos recursos, tal como j havia para reas terrestres. Mas, ainda que as primeiras sugestes neste sentido comeassem a aparecerantesdaSegundaGuerraMundial,foisomenteapsesta,quandoasconseqncias dasagressesaomeioambientetornaram-seumadaspreocupaesfundamentaisda humanidade, que alguns pases se dispuseram a criar reas marinhas protegidas. Assim, na Primeira Conferncia Mundial de Parques Nacionais, em Seattle, USA, em 1962, foifeitaumarecomendaosnaesparticipantesparaquesedispusessemacriarparques Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos11 marinhos, tendo sido os Estados Unidos, a Austrlia e o Japo os primeiros pases a colocarem em prtica tal idia. NoBrasil,em1968,porocasiodoSimpsiosobreConservaodaNaturezae RestauraodoAmbienteNaturaldoHomem,AylthonBrandoJoly,EuricoCabraldeOliveira Filho e Walter Narchi fizeram uma comunicao propondo a regio do arquiplago dos Abrolhos e bancoscoralinoscircunvizinhoscomoparquenacionalmarinho,oprimeirodaAmricadoSul (CASTRO & SECCHIN, 1982 e BELM "et alii", 1986). O projeto elaborado por eles foi publicado em 1969, nos Anais da Academia Brasileira de Cincias, e encaminhado Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) e ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), rgos que hojeintegramoInstitutoBrasileirodoMeioAmbienteedosRecursosNaturaisRenovveis (IBAMA).NoIBDFaidiaencontroucadavezmaiorrepercusso,porquearegioemquesto reuniaascondiesbsicasparaacriaodeumparquenacional,categoriadeunidadede conservao ento administrada pelo IBDF. Tais condies so a riqueza das formas de vida e o fatodeestarlongedasfontesdepoluio.Aestascondiessomam-seoutrasque,nototal, conferemaAbrolhossituaomparcomoparquenacionalmarinho:transparnciadagua, regio fora da rota de navios e perigosa para embarcaes de maior calado e, at poca, rea de segurana nacional, portanto, a salvo de turismo descontrolado e pesca predatria. Apardisso,pesquisadoresdaUniversidadeFederaldaBahia,notadamentedo DepartamentodeGeologiaeGeofsica,repetidamentetrouxeramapblicoinformaessobreo arquiplago dos Abrolhos, comunicando-se, por diversas vezes, com o Departamento de Parques NacionaiseReservasEquivalentes(DN)doIBDF,oferecendooresultadodesuaspesquisas comocontribuioaoconhecimentodarea,casooIBDFcriasseaumaunidadede conservao. Assim,em26dejulhode1982,peloofcio640/82-DN-IBDF,foiencaminhadaao PresidentedoIBDFMauroSilvaReis,apropostadecriaodoParqueNacionalMarinhodos Abrolhos, acompanhada de minuta de Decreto e Exposio de Motivos, na qual o DN apontava as razes tcnico-cientficas que justificavam a proposta de criao de um parque nacional naquela rea. No dia imediato, atravs do ofcio 465/ 82-P, de 27/07/82, o Presidente do IBDF enviou ao Exmo. Sr. Ministro da Marinha, Almirante Maximiano Eduardo Silva Fonseca, proposta de cesso da rea dos Abrolhos ao IBDF, com a finalidade de se criar a o primeiro parque nacional marinho doBrasil.Acompanhavaumaexposiodemotivosnaqual,todavia,eraressaltadoqueseria mantidaaatribuiolegaldaMarinhadeexercernareaopoliciamentonaval,aindaquefosse criado o parque nacional. RespondendoaoIBDF, atravsdo Ofcion. 1989,de17deagostode 1982,do Gabinete doMinistrodaMarinha,oChefedeGabineteexpressouopontodevistadaMarinha, concordando,emprincpio,comacriaodeumparquenacionalemAbrolhos,masobjetando queasinstalaesdaMarinhaalocalizadas,equesedestinamaocontroleeseguranada navegao, deveriam ser resguardadas. Sugeria que o IBDF entrasse em contato com o Estado MaiordaArmada,comopropsitodeavaliar,emconjunto,todososaspectosdaquestoes entoprocedesseelaboraodaminutadodecretodecriaodoparque,atendendo,na oportunidade, aos interesses da Marinha. O Presidente do IBDF designou, ento, a Diretora do DN, Maria Tereza Jorge Pdua, para acompanharoassunto,desenvolvendoasnecessriasgestesjuntoMarinha,como representantedoIBDF.Assim,emreunioverificadanoMinistriodaMarinha,nodia21de setembro de 1982, foram debatidos os interesses tanto do IBDF quanto da Marinha e atingido um consenso.Procedeu-se,ento,redaofinaldaminutadoDecretodeCriaodoParque NacionalMarinhodosAbrolhosemodificaodaExposiodeMotivos,sendotaisdocumentos enviadosaoPresidentedoIBDF(Ofciono916/82-DN/IBDF,de01/10/82),queosremeteuao Estado Maior da Armada. Finalmente, os titulares das Pastas Ministeriais da Marinha e da Agricultura, este, poca, ngeloAmauriStbile,enviaram,emconjunto,paraconsideraodoExcelentssimoSenhor Presidente da Repblica, a minuta de Decreto de Criao do Parque e a Exposio de Motivos no 001/83-M.Ag., de 11 de janeiro de 1983, na qual especificavam os interesses dos dois Ministrios notocanteregiodoarquiplagodosAbrolhoserelevnciaqueteriaareacomoparque nacional, o primeiro do Brasil, comparvel aos existentes nos mares do Caribe, da Austrlia e do Japo.contaminaesresultantesdeaoantrpica.Apescapredatriaindiscriminada, dizimandocardumesinteiros,eacoletadeespcimesmarinhos,comooscorais,parajiase Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos12 decoraes,estavamlevandopeixes,mamferosmarinhoseanimaisdevriosoutrosgrupos extino. Matanas de focas, baleias e lees marinhos, em verdadeiras carnificinas, sem respeitar os locais de nascimento nem os indivduos jovens, exigiam legislao de proteo. Apardisso,osmarestmsidoconstantementeeprogressivamenteenvenenadospor produtos txicos e poluentes trazidos pelas guas de origem continental ou, ainda, por deposio direta,comonocasodosvazamentosdosnaviospetroleirosemesmodaslavagensdeseus pores. Surgiu, ento, a idia de se criar reas marinhas de conservao dos recursos, tal como j havia para reas terrestres. Mas, ainda que as primeiras sugestes neste sentido comeassem a aparecerantesdaSegundaGuerraMundial,foisomenteapsesta,quandoasconseqncias dasagressesaomeioambientetornaram-seumadaspreocupaesfundamentaisda humanidade, que alguns pases se dispuseram a criar reas marinhas protegidas. Assim, na Primeira Conferncia Mundial de Parques Nacionais, em Seattle, USA, em 1962, foifeitaumarecomendaosnaesparticipantesparaquesedispusessemacriarparques marinhos, tendo sido os Estados Unidos, a Austrlia e o Japo os primeiros pases a colocarem em prtica tal idia. NoBrasil,em1968,porocasiodoSimpsiosobreConservaodaNaturezae RestauraodoAmbienteNaturaldoHomem,AylthonBrandoJoly,EuricoCabraldeOliveira Filho e Walter Narchi fizeram uma comunicao propondo a regio do arquiplago dos Abrolhos e bancoscoralinoscircunvizinhoscomoparquenacionalmarinho,oprimeirodaAmricadoSul (CASTRO & SECCHIN, 1982 e BELM "et alii", 1986). O projeto elaborado por eles foi publicado em 1969, nos Anais da Academia Brasileira de Cincias, e encaminhado Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) e ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), rgos que hojeintegramoInstitutoBrasileirodoMeioAmbienteedosRecursosNaturaisRenovveis (IBAMA).NoIBDFaidiaencontroucadavezmaiorrepercusso,porquearegioemquesto reuniaascondiesbsicasparaacriaodeumparquenacional,categoriadeunidadede conservao ento administrada pelo IBDF. Tais condies so a riqueza das formas de vida e o fatodeestarlongedasfontesdepoluio.Aestascondiessomam-seoutrasque,nototal, conferemaAbrolhossituaomparcomoparquenacionalmarinho:transparnciadagua, regio fora da rota de navios e perigosa para embarcaes de maior calado e, at poca, rea de segurana nacional, portanto, a salvo de turismo descontrolado e pesca predatria. Apardisso,pesquisadoresdaUniversidadeFederaldaBahia,notadamentedo DepartamentodeGeologiaeGeofsica,repetidamentetrouxeramapblicoinformaessobreo arquiplago dos Abrolhos, comunicando-se, por diversas vezes, com o Departamento de Parques NacionaiseReservasEquivalentes(DN)doIBDF,oferecendooresultadodesuaspesquisas comocontribuioaoconhecimentodarea,casooIBDFcriasseaumaunidadede conservao. Assim, em 26 de julho de 1982, pelo ofcio 640/ 82-DN-IBDF, foi encaminhada ao Presidente doIBDFMauroSilvaReis,apropostadecriaodoParqueNacionalMarinhodosAbrolhos, acompanhadade minutadeDecretoeExposiodeMotivos,naqualoDNapontavaasrazes tcnico-cientficas que justificavam a proposta de criao de um parque nacional naquela rea. No dia imediato, atravs do ofcio 465/ 82-P, de 27/07/82, o Presidente do IBDF enviou ao Exmo. Sr. MinistrodaMarinha,AlmiranteMaximianoEduardoSilvaFonseca,propostadecessodarea dosAbrolhosaoIBDF,comafinalidadedesecriaraoprimeiroparquenacionalmarinhodo Brasil.Acompanhavaumaexposiodemotivosnaqual,todavia,eraressaltadoqueseria mantidaaatribuiolegaldaMarinhadeexercernareaopoliciamentonaval,aindaquefosse criado o parque nacional. Respondendo ao IBDF, atravs do Ofcio n 1989, de 17 de agosto de 1982, do Gabinete do Ministro da Marinha, o Chefe de Gabinete expressou o ponto de vista da Marinha, concordando, emprincpio,comacriaodeumparquenacionalemAbrolhos,masobjetandoqueas instalaes da Marinha a localizadas, e que se destinam ao controle e segurana da navegao, deveriamserresguardadas.SugeriaqueoIBDFentrasseemcontatocomoEstadoMaiorda Armada,comopropsitodeavaliar,emconjunto,todososaspectosdaquestoesento procedesseelaboraodaminutadodecretodecriaodoparque,atendendo,na oportunidade, aos interesses da Marinha. O Presidente do IBDF designou, ento, a Diretora do DN, Maria Tereza Jorge Pdua, para acompanharoassunto,desenvolvendoasnecessriasgestesjuntoMarinha,como Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos13 representantedoIBDF.Assim,emreunioverificadanoMinistriodaMarinha,nodia21de setembro de 1982, foram debatidos os interesses tanto do IBDF quanto da Marinha e atingido um consenso.Procedeu-se,ento,redaofinaldaminutadoDecretodeCriaodoParque NacionalMarinhodosAbrolhosemodificaodaExposiodeMotivos,sendotaisdocumentos enviadosaoPresidentedoIBDF(Ofciono916/82-DN/IBDF,de01/10/82),queosremeteuao Estado Maior da Armada. Finalmente, os titulares das Pastas Ministeriais da Marinha e da Agricultura, este, poca, ngeloAmauriStbile,enviaram,emconjunto,paraconsideraodoExcelentssimoSenhor Presidente da Repblica, a minuta de Decreto de Criao do Parque e a Exposio de Motivos no 001/83-M.Ag., de 11 de janeiro de 1983, na qual especificavam os interesses dos dois Ministrios notocanteregiodoarquiplagodosAbrolhoserelevnciaqueteriaareacomoparque nacional, o primeiro do Brasil, comparvel aos existentes nos mares do Caribe, da Austrlia e do Japo. Finalmente, em 11/10/90, este Plano foi apresentado e aprovado pelo Conselho Nacional de Unidades de Conservao. Ainda em 1990, aps essa aprovao do Plano por esse Conselho, mais uma vez a Aracruz Celulose S. A. tomou para si uma tarefa relacionada ao Parque, financiando esta publicao. 4. ENQUADRAMENTO NACIONAL 4.1. Enquadramento Fisiogrfico e Geopoltico OParqueNacionalMarinhodosAbrolhoslocaliza-senomarterritorialbrasileiro,sobrea plataforma continental leste, no trecho pertencente ao Estado da Bahia. Este, por sua vez, insere-se na Regio Geopoltica Nordeste. Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos14 Captulo II Anlise da Unidade de Conservao 1. FATORES AMBIENTAIS 1.1. Geologia OParqueNacionalMarinhodosAbrolhoslocaliza-sesobreumaregioanmalada plataformacontinental,denominadaBancodeAbrolhos.EsteBancodestaca-sedasdemais partes leste e nordeste da plataforma, por apresentar uma largura que atinge 240km de distncia dacosta,emcontrastecomamdiade40kmnasreascitadas.Seusubstratoconstitudopela formaoAbrolhos,datadoCretceo.Segundoestudosderestosvegetaisfsseis(CORDANI, 1970),consisteestederochasintrusivasesedimentosassociados(PETRI&FLFARO,1983). Aps esta deposio, ocorreram eventos tectnicos que provocaram o levantamento/arqueamento de todo o pacote sedimentar. Datadas entre 52-42m.a. (milhes de anos) no Eoceno (Tercirio), as rochas magmticas da rea, intrusivas em arenitos, folhelhos e calcrios, referem-se s ltimas fasesdociclovulcnicoiniciadonoCretceoSuperior(CORDANI,1970),podendoestar relacionadas com a proximidade do brao Trindade-Vitria da Dorsal Meso-Atlntica. BOYER(1969)atribuiaorigemdoBancodeAbrolhosaacrscimosdeorigemvulcnica, levando, segundo ASMUS (1970), a um alargamento de uma plataforma continental originalmente maisestreita.Levantamentosmagnetomtricos(SELCH,1971eFAINSTEIN"etalii",1975), perfuraeseocorrnciasderochasmagmticasnoarquiplagodosAbrolhoscomprovama origemvulcnicadoseusubstrato.Porm,facecomplexidadedesuagnese,adequado definir-seoarquiplagodosAbrolhoscomoumcomplexovulcnicointrusivo(H.Asmus,1989, com.pess.).ElevadasanomaliasgravitacionaispositivasnareadoBancodeAbrolhose imediatamenteaosulsointerpretadasporBOYER(1969)comotpicasdetransioabrupta entrecrostacontinentalecrostaocenica,demodosemelhanteaoqueocorrenoBancodas Bahamas. Prximas ao Arquiplago, nas bacias de Mucuri e Cumuruxatiba, zonas mais baixas, depositaram-se,posteriormente,asformaesRioDoce,CaravelaseUrutuca,deidadeterciria.Ocorreu, ento, provavelmente em altos vulcnicos, implantao dos recifes pleistocnicos, registrados por LEO(1983)eLEO"etalii"(1982),quepoderiamjexistir,emparte,desdeoTercirio,visto que a fauna de corais observada na rea um registro fssil desta idade (LEO & LIMA, 1982). AindanoPleistoceno,aconteceualtimagranderegressomarinha,quandoonveldomar chegouamenos100-130mdoatual.Houve,assim,umaexposioareadetodaaplataforma, inclusiveoarquiplago/parceldosAbrolhos,implantando-seaumsistemafluvialquecortou canais(paleocanaisdehoje)edepositouumgrandevolumedesedimentossiliciclsticos.Os recifesdecoraissofreramumaretrao,migrandoparaosaltossubmersosprximos,ficando isoladospelosistemafluvial,ocorrendo,ento,amortedaestruturarecifalimplantadanarea expostaeapreservaodasespciesnestesaltos,queserviramderefgiosparaafauna coralnea da rea. Com a posterior subida do nvel do mar, a fauna preservada repovoou a rea, espalhando-sepelosnovossubstratosdaplataforma,estabilizandoosrecifesdoQuaternrio recenteepreservandoformasarcaicasdecorais.Oscrescimentosdosrecifesnocontinuaram nos refgios, devido ausncia de luz provocada pela profundidade, ocorrendo novas migraes. Enquantoisto,assuassuperfciesmortasforamrecobertasporalgascoralneaseoutros organismos (LEO, 1982). Durante o Holoceno tambm ocorreram pequenas quedas do nvel do mar, ou regresses, chamadasdeflutuaes.Amostrasdotopoerodidoetruncadodosrecifescosteiros,como Timbebas,registraramidadesentre3e4milanos(C14)sugerindoqueosrecifeschegarama alturas maiores com o nvel do mar mais alto que hoje, sendo posteriormente erodidos. CombaseemdataesC14deorganismos,mostrandoavariaodonveldomarnos ltimossetemilanosparaacostadeSalvador-BA,MARTIN"etalii"(1982)identificaramtrs estgios de mar alto, perto de 5.000 A.P., com nvel entre 4 e 5m; 3.500 A.P., com nvel de 3m, e Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos15 2.400 A.P., com nvel de 2,5m acima do nvel do mar atual. H 1.000 anos atrs o mar esteve 1 m mais alto e, a partir da, declinou progressivamente at o nvel atual. Comparando-se a curva do nvel do mar no Holoceno, para a costa da Bahia, com a curva darazodeacumulaodosrecifesdosAbrolhos,deLEO"etalii"(1982),chega-seatrs concluses: 1. Apsumperododecrescimentolento,quandohouveoestabelecimentodo edifcio/comunidaderecifal,porvoltade4a5milanosA.P.,ataxadeacumulaodorecifefoi mais rpida, correspondendo subida do nvel do mar. 2. Duasrpidasquedasdonveldomarocorreramh4.000e2.700anos,limitandoo crescimentoverticaldosrecifeseerodindootoporecifalque,provavelmente,foiexposto subaereamente(arcointerno)eumadataodasbordasrecifaisindica2.015anosA.P.,mais novas que o centro, evidenciando crescimento lateral depois de alcanar altura mxima na ltima transgresso. Essescoraisinfluenciamdiretamenteo quadrogeolgicoatualdareasubmersaaoredor do Arquiplago. Na plataforma interna ocorrem sedimentos arenosos siliciclsticos, com 30 a 60% de material orgnico detrtico, percentual que cresce medida que se aproximam o arquiplago e o parcel dos Abrolhos, enquanto cai a porcentagem de quartzo e demais siliciclsticos. Passa-se tambm de fundo arenoso para fundo lamoso e de composio siliciclstica para carbontica. Em volta dos recifes do parcel dos Abrolhos o sedimento superficial de fundo , predominantemente, carbontico. Essequadrocompleta-secomasilhaseasconstruesderecifesdecorais, que formam dois arcos: o arco interno, mais prximo costa, cuja representao no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos so os recifes de Timbebas, e o arco externo, totalmente dentro do Parque, formado pelo Arquiplago e pelo parcel dos Abrolhos. Ambos os arcos tm a concavidade voltada para o continente e formam dois ambientes com energia das guas diferentes: um de energia mais baixa ebastanteprotegido,entreacostaeoarcocosteiro,eoutrodeenergiamdiaeexpostos intempries, at o arco externo. A rea, como um todo, considerada um ambiente recifal misto (siliciclstico/carbontico). Osrecifesdessapartedaplataformacontinentalpossuemduasformasdecrescimento: recifesdefranjaechapeiresisoladose,ainda,umavariaoresultantedacoalescnciade chapeires, formando plataformas recifais. No parcel/arquiplago dos Abrolhos ocorrem recifes de franjaechapeires.Noarcocosteiroocorremchapeiresisoladoseplataformasrecifais, formadas pela coalescncia dos mesmos. Paralelos linha de praia das ilhas vulcnicas de Abrolhos esto os recifes de franja, pouco desenvolvidos, os quais so construes de corais, bastante ricas em organismos associados. A base dura para o crescimento fornecida, principalmente, pelo acmulo e a cimentao de algas coralinaseoutrosorganismosincrustantes,composteriorpreenchimentoecimentaode sedimentosemsuascavidades.Estesrecifesestendem-sedazonadebaixa-maratasreas recifais internas lamacentas, com profundidade de aproximadamente 5m (LEO,1982). Oschapeiresisoladosformamoarcorecifalmaisexterno,podendoserencontrados tambmdoladoprotegidodasplataformasrecifaiscosteiras.Estascolunaslocalizam-seamais oumenos1,66milhasnuticas(3km)dasilhas,crescemdofundo,emformadecogumeloe podemestendersua"copa"emgrandeespao.Tmdimensesvariveis,soemplantas circulares e, s vezes, alongadas, com uma aba pronunciada em direo ao vento. Esta forma de crescimento encontrada apenas no Brasil (costa da Bahia). Areaocupadapeloschapeiresde,aproximadamente,8,33 milhasnuticas(15km)no sentidoN-Se2,77milhasnuticas(5km)L-O.Noarcoex-temonoestocoalescidosnem emersos na mar baixa, porm seus topos, em alguns casos, esto prximos ao limite do nvel do mar.Asguasalcanam,a,profundidadeentre20e30m.Oschapeiresapresentam-secomo manchascastanhas,comquebramentodeondasnasuperfcieeosedimentodefundoqueos circundalamamarromclara,carbontica.Soformados,predominantemente,pelocoral Mussismiliabraziliensisalternadocomoutroscoraiseorganismos,ocorrendo,geralmente, mileporas (hidrocorais) nas suas bordas. As plataformas recifais resultam da coalescncia de vrios chapeires, compondo uma larga estruturarecifalcompreenchimentodesedimentosnosespaossuperioresepreservaode canaisemprofundidade.Formam,narea,oarcorecifalinterno,representado,noParque Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos16 NacionalMarinhodosAbrolhos,pelosrecifesdeTimbebas.Similaresnomundotm-seas manchasrecifaiscoalescentesdosrecifesdeAlacraneasmanchasrecifaisdacostanortedo Estado da Bahia (Salvador - Subama). Apresentam uma distribuio controlada pelo substrato e pelascorrenteseventos,sendoquaseparaleloslinhadecosta.Emrelaoaovento predominante (N/NE), os recifes protegidos destes ficam expostos s tempestades de vento sul. A classificao recifal que melhor adapta-se estrutura exposta a utilizada por MAXWELL (1968)paraaGrandeBarreiraAustraliana.Nocaso,osrecifesdeTimbebas,pertencentesao Parque, formam um grande recife de anel aberto cercado por chapeires isolados. Asuperfciedessesrecifesdescobre-senamarbaixa,sendoqueTimbebasexpeuma menorrea.Otopoexpostoplano,pormirregular,compoasque,quandopequenas,so rasasearenosase,quandomaisprofundas(mximo3mdeprofundidade),sorochosase irregulares. Algumas esto isoladas do mar, outras no, durante a mar baixa. Provavelmente, os espaosqueformamaspoassoregistrosdosantigosintervalosentrechapeires,ondeo preenchimento no foi completo. Vez por outra, geram canais irregulares que cortam a superfcie recifal, s vezes meandrantes e com profundidades variveis. Observa-se, ainda, no topo, corpos de areia carbontica. Nasilhasobserva-se queosregistros mais recentesso:acoberturadesolo(zonasmais centraisdasilhas)jcomvegetaofixadaeprovenientedeumaalteraodediabsioeas praiasarenosasdecomposiobasicamentebiodetrtica,commenosde30%dequartzoe siliciclstico,emalgunstrechosaoredordasilhas,oupraiasdematacesdediabsio. Circundando-as, observam-se recifes de franja de coral, muitas vezes cobertos por algas e outros organismos incrustantes. As ilhas Santa Brbara, Redonda e Siriba constituem-se de rochas sedimentares (arenitos e folhelhos),sobrepostosporrochasbaslticasconcordantes(diabsios).Asrochassedimentares pertencem Formao Abrolhos e mergulham entre 8-10(no mximo 15) para nor-noroeste. As ilhasSuesteeGuaritasoformadasporrochasbaslticasnoseobservandorochas sedimentares. Segundo CORDANI (1970), nas ilhas Santa Brbara e Redonda, as rochas vulcnicas tm uma granulaomilimtrica,enquantonasdemaissosub-milimtricas. Todas soclassificadas como diabsio (Fig. 1). 1.2. Geomorfologia OParqueNacionalMarinhodosAbrolhosconstitudoportrsilhasmaiores,dispostas aproximadamente em forma de semi-crculo, e mais uma pequena ilhota, ao norte. Amaiorilhadoarquiplago,SantaBrbara,pertenceMarinhadoBrasil,noestando includanoslimitesdoParque,portanto.temaproximadamente1,5kmdeextenso,300mde largura e 35m acima do nvel do mar. A menor Guarita, a 250m ao norte de Santa Brbara, com cerca de 100m de extenso e 13mdealtura.AoestedeSantaBrbaraestailhaRedonda,comquase400mdedimetroe 36m de altura e, prxima a esta, a ilha Siriba, com aproximadamente 300m de extenso por 100m delargurae16macimadonveldomar.AilhaRedondaconstitudaporumaparteelevada, arredondada,eumapartearenosa,queseprolongaemdireoilhaSiriba.Estaapresentao bordo leste mais alto e o oeste prximo ao nvel do mar. Altimailha,maisdistanciadadasoutras,a Sueste,cujonome,obviamente,decorrede sua localizao. Tem, em mdia, 500m de extenso, por 200m de largura e 15m de altura. Circundandoasilhasencontram-sepraiasarenosas,ondeasrochassedimentaresesto aflorantes, praias de mataces ou paredes abruptos, estes, notadamente a norte/nordeste, onde hpre-dominnicadediabsio,ou,ainda,plataformasdeabrasodearenitos,folhelhose/ou construes orgnicas. Na parte imersa, volta das ilhas, aparecem orlas de recifes de franja. Predominam a oeste das ilhas Santa Brbara e Sueste, devido proteo dos ventos de leste. Adisposiodasilhasemformadearcoinduzinterpretaodesetratarderestosdos flancosdeumvulco.Mediesdedireodemergulhodasestruturasgeolgicas,entretanto, indicam que todo o conjunto de ilhas faz parte de uma mesma estrutura monoclinal com mergulho emtornode13 paranor-noroeste,noapresentando,pois,aestruturaradialquedeveriater, Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos17 caso se tratasse de um cone vulcnico. Possivelmente, trata-se de parte de uma estrutura dmica de amplitude maior, hoje parcialmente erodida e parcialmente submersa. Aestruturageolgicaeaformaderelevoresultantenasilhassodotipocuesta.Mesmoas rochaspuramentemficasapresentamplanosdediaclasamentocomomesmomergulhodos estratos sedimentares, indicando que o basculamento ou abaulamento ocorreu posteriormente s intrusesderochasgneas..Asescarpasmais elevadas,portanto, formandoafrentedacuesta, voltam-separasulesudeste,enquantoasencostasconseqentesvoltam-separanortee noroeste. Umaplataformadeabrasomarinha,emgrandeparterecobertadeblocostrabalhados, resultantesdodiaclasamentododiabsiooudobasalto,liberadospelorecuodaencosta, contornaamaiorpartedasilhas.Umexemplointeressantedalitologiaedaestruturapodeser encontradonoflancosudoestedailhaRedonda,emumcorteaproximadamenteparalelo direo do mergulho dos estratos. Como decorrncia do mergulho, que faz chegar ao nvel do mar camadas que mais a montante se encontram em maior altitude, a plataforma de abraso passa de arenticaparabaslticaenovamenteparaarentica,medidaquesecaminhaparanoroestee onde os diversos estratos vo sendo truncados pela ao das ondas (Fig. 2). tambm na ilha Redonda a ocorrncia do maior acmulo de areia, formando no seu canto sudesteumaamplapontaarenosa.Suaorigembioclstica,contendoaindamineraispesados escuros,grnulosbiodetrticos,conchase,localmente,concentraesdeseixos.flancoda praia,expostoparanordeste,apresentaareiadetexturamdia,enquantoqueapraiaorientada parasudoeste,portanto,paraasondasdemaiorenergia,maisngremeeapresentaareia biodetrtica,grossa,commuitosgrnuloseseixos.Aconcentraodemineraispesadosfaz-se preferencialmentenolimitesuperiordapraia,ondeorefluxodaguaperdeacapacidadede mobilizar as fraes de sedimentos mais pesados. AindanailhaRedonda,observam-separedesdediabsioque,aonveldomar,so cercados por plataformas de abraso emersas, talhadas em folhelhos, arenitos e/ou bioconstruo intercaladas.Osparedesestocaracterizadosporfraturascolunares(tpicasderochasde diabsio,vendo-sealgumasperpendiculares).Estassoresponsveispelaformaodaspraias de mataces, visto que provocam o desmonte dos paredes. Em alguns pontos visualiza-se, em direoaotopo,aalteraogradualdodiabsioparasolo,emborano completada.Intercalada nopacotedearenitosqueformamasplataformasdeabraso,observa-seumafinacamadade argila bastante inconsolidada (diabsio alterado?), com crosta no topo de ndulos englobados de ferro.Talcamadadefcilerosomarinha,oqueajudaoaparecimentodequebramentosno arenito que lhe sotoposto. A ilha Siriba, prxima Redonda, liga-se mesma atravs de construes recifais e de uma plataformasedimentarmaisrasa.Nobordonorteobservam-sepraiasdemataceseareia, matacesestes,possivelmenteprovenientesdosparedesprximos.Percebe-seamudanade granulometria nas rochas vulcnicas, que se apresenta a mais fina e em tonalidade mais escura. O bordo sul formado por plataformas de abraso arenticas, em sua maioria, mais estreitas que nas outras ilhas. Tambm neste bordo ocorrem falsias de diabsio com suas fraturas tpicas. Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos18 Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos19 Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos20 TantoailhaRedondacomoaSiribasocircundadasporrecifesdefranjapouco desenvolvidos, que coalescem entre si. As duas ilhas restantes so a Sueste e a Guarita que, exceo do cordo de mataces do extremo oeste da ilha Sueste (emerso na mar baixa), no possuem praias. So ilhas totalmente formadasporrochasvulcnicasiguaissdailhaSiriba.Poucasplataformasvulcnicasso observadasnailhaSuesteetantoestaquantoaGuaritasocircundadasporrecifesdefranja mais desenvolvidos que nas demais ilhas, com um nmero maior de corais vivos, principalmente na Guarita. Esta ilha sugere, primeira vista, ser um acmulo de blocos de diabsio. NailhaSantaBrbara,observa-senosparedesexpostostodasasrochasanteriormente citadas,emsucessodefcilvisualizao.V-senosparedesdoPortinho(denominaolocal paraofundeadourocomventosdonorte)umaseqnciadabaseparaotopo:folhelhoscinza-esverdeados,arenitosmarrom-avermelhadoscomestratificaoplano-paralela(formao Abrolhos) e rochas intrusivas concordantes (diabsios). Este pacote est levemente arqueado, em dobramentocontnuo,bemvisualizadonoparedodoladoopostodailha.Circundando-a, observam-se praias arenosas e plataformas de abraso, na sua maioria submersas nas bordas de abruptos paredes, s vezes emersas na mar baixa. So plataformas de folhelhos, arenitos e/ou biocons-truointercaladas.Nabordaoestedailhaacha-seumrecifedefranjaestendendo-se 200m para noroeste e uma pequena ilhota formada por blocos rolados, ligada Santa Brbara por uma ponta arenosa, submersa na mar alta. Em diversos trechos do Parque ocorrem os chapeires. So colunas de corais, que crescem do fundo at atingirem o nvel mdio do mar. Estas colunas tm a forma de imensos cogumelos, comalturasentre5e25medimetrosde5a50m(LEO,1982).Estaformaparticularde crescimento de recife de corais no tem similar nos modelos descritos na literatura. LEO (1982) explica a forma desses chapeires do Atlntico Sul como sendo o resultado de doisfatoresqueatuamemconjuntoouisoladamente:1)amortedapartecentraldocoral-me, provocandoobrotamentolateral,e2)orecifealcanandoonvelmdiodomareamaior proximidade da luz, tem seu topo acrescido lateralmente, de forma cogumelar. QuantoaosrecifesdeTimbebas,apresentam-secomoplataformarecifalresultanteda coalescncia de vrios chapeires. 1.3. Clima O arquiplago dos Abrolhos tem seu clima determinado pelas influncias de trs massas de ar: a massa Equatorial Atlntica (mEa), que domina a no outono e no inverno, a massa Tropical Atlntica(mTa),cujodomniosefazsentirnaprimaveraenovero,eamassaEquatorial Continental(mEc),cujosefeitosseprolongamatestarea,noaugedovero,emjaneiroe fevereiro (NIMER, 1979). A massa Equatorial Atlntica constituda pelos alseos de Sudeste e compe-se de duas correntes,umainferior,frescaecarregadadeumidade,oriundadaevaporaodooceano,ea outra,superior,quenteeseca.Sopramambasnamesmadireo,mas,separadasporesta inversodetemperatura,asseguram,emgeral,bomtempo.Entretanto,nolitoraldoBrasilesta descontinuidade trmica eleva-se e enfraquece bruscamente, permitindo a ascenso conjunta das duascamadase,porconseqncia,provocandoinstabilidadeechuvas.Osventos,nooutonoe noinverno,variamentresuleleste,soprando,geralmente,desul,demaroatagosto,ede leste, em agosto e setembro, chegando, por vezes, at janeiro e fevereiro. Os ventos do sul so osmaisfortes,sendo,muitasvezes,reforadospelosventosfrioseintensosdaFrentePolar Atlntica(FPA)(Fig.3).Esta,porsuavez,oresultadodoconfrontoentreosventosfrios oriundosdamassaPolarAntrtica(MPa)comosventosquentesdosistematropical.Podem ocorrer,ento,tempestadesque,principalmenteentremaioeabril,produzemventosque,por vezes, em Abrolhos, atingem velocidades superiores a 30 ns (30,8 km/h). A massa Atlntica tem sua origem na rea dos anticiclones semifixos do oceano Atlntico e caracteriza-sepelosventosvariveisedivergentesdascalmariassubtropicais.Comoformada na regio martima quente do Atlntico Sul, concentra em si muito calor e umidade. H, entretanto, umadiferenaentreosetorocidentaldestamassatropical,nolitoraldaAmricadoSul,mais mido, e o setor oriental, sobre o litoral da frica. Neste ltimo localiza-se a maior zona mundial dascalmariastropicais.Istosedevediferenadeestruturadaspartesdestamassa.Naparte Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos21 leste desta alta presso subtropical (costa africana), h um persistente movimento de subsidncia, isto,umadescidalentadaspartessuperioresdamassaatcercade500a1.000macimado nvel do mar. Deste modo, a umidade que a massa de ar absorve do oceano se limita camada superficial, no ocasionando chuvas. J na parte oeste da massa de ar, justamente a que cobre a costabrasileira,aumidadeabsorvidadooceanopenetraatalturasmaiores,facilitandoa condensaoe,porconseqncia,aschuvas.Umoutrofatorapresena,juntocosta brasileira,dacorrentedoBrasil,correntemartimaquente,queprovocamaioraquecimentoda atmosferae,portanto,maiorevaporao,acentuandoacaractersticadeinstabilidadedo semestre primavera/ vero. Osventos,naprimaveraenovero,variamentrelesteenorte,soprando,geralmente,de nordeste,desetembroafevereiro.Novero,entrejaneiroemaro,predominamosventosde norte. A poca mais tranqila e agradvel em Abrolhos o perodo de ocorrncia das calmarias de vero, de janeiro a maro. Nesta poca do ano verifica-se a a influncia de duas massas de ar, a Equatorial Continental e a Equatorial Atlntica, agindo sobre a massa Tropical Atlntica. Assim, os ventos que sopram sobre Abrolhos, no vero, se provenientes da Equatorial Atlntica, asseguram bom tempo, devido inverso de temperatura desta massa. Se provenientes da massa Equatorial Continental,tambmnoprovocamchuvas.Estamassaforma-sesobreocontinentesul americano no vero funciona como um centro aquecido. Para este afluem, de norte e de leste, os ventos ocenicos oriundos da massa Equatorial Norte (mEn), fortalecendo a massa Equatorial Continental. Assim, chegam a Abrolhos as calmas e os ventos fracos caractersticos dos centros de baixa presso, ocasionando tempo claro e movimentao tranqila do ar (Fig. 4). NoarquiplagodosAbrolhosatemperaturamdiamensaldoarvariaentre24,2C,em julho,e27C,emfevereiroemaro.Asprecipitaes,quesobastanteirregularesnarea, apresentam mdias mensais variando entre 52,0mm em agosto, e 113,8mm em outubro, com um ndice anual em torno de 718,5mm. O balano hdrico feito com os valores mdios de temperatura eprecipitaoindicaaexistnciadeumdficitdeguaemtodososmesesdoano.Assim,a interao destes fatores ocasiona, para Abrolhos, um clima tropical, com tendncia semi-aridez (SERRA, 1975). Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos22 Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos23 1.4. Solos NasilhasdoarquiplagodosAbrolhosobserva-sequeossolossoextremamenterasos, azonais, apresentando, portanto, acentuado carter de imaturidade. O relevo muito escarpado das ilhasfavoreceaerosohdricaedificultaodesenvolvimentodesolosmaisaprofundados, permitindo,apenas,oaparecimentodesoloslitlicos,oriundosdadesagregaodosarenitose folhelhos,degranulaogrosseiraafina,edasintrusesdediabsio,acrescidosdas contribuiesdedetritoscarbonticosdasconstruescoralinas,quecercamasilhas,edas deposies de guano das aves marinhas. Nasfalsiasqueocorremnasilhaspodemserobservadosperfisdealteraodarocha fresca (inalterada), passando por diversas fases de degradao sem haver completado o ciclo de constituio de solo, ficando, possivelmente, nos nveis B ou C de alterao. Napartesuperiorcentraldasilhasencontra-sealgumsolo.Areduzidadisponibilidadede gua ocasiona, entretanto, seu desenvolvimento apenas incipente. Por outro lado, os sedimentos que se desprendem so carreados para o mar, deixando, em sua maioria, expostos os blocos de rochas. Redonda,aparentemente,ailhadesolomaisdesenvolvidoeGuarita,ademenossolo, apresenta-se como sendo quase que s um acmulo de blocos de diabsio. Noforamcolhidasamostrasdossolos,portantonosetemaquiinformaessobresuas caractersticas morfolgicas (textura, estrutura etc.) e propriedades qumicas. 1.5. Oceanografia AregiodosAbrolhosdominadapelacorrentedoBrasil,responsvelpelasalinidadee temperatura altas nas guas do Parque, durante o ano todo. A temperatura mdia anual da gua de superfcie encontra-se em torno de 25,4C, variando entre23C,emagosto,e27C,emjaneiro,ocorrendodiminuiode2Cemgrandes profundidades. Asalinidade,segundoLEO(1982),altanosmesesdesetembroeoutubro,cercade 36,7%, caindo para o valor mnimo de 36,5% na poca das calmarias, em janeiro e fevereiro. A corrente do Brasil apresenta, a, uma velocidade normal de 1,5 ns, podendo chegar a 3 nsdurantetempestades.Estasvelocidadesso,demodogeral,repetidaspelascorrentesde marqueocorrememtornodasilhas,1a1,5ns,aumentandopara3nsnoscanaisque existem entre os recifes. EmtodooParqueabatimetriaalcana,emmdia,15a20m,atingindo30memalguns locais mais profundos. Em Timbebas as profundidades mdias ficam por volta dos 10m, enquanto que dentro do arquiplago ficam em cerca de 8m. Adireopredominante dasondas (Fig.3)reflete, grosso modo,adireodosventos.De setembroafevereiropredominamasondasprovenientesdenordeste.Emmaroocorremmais ondas do octante norte, enquanto que as ondas do octante sul geralmente se verificam entre julho e agosto. Ondas de leste e de sudeste ocorrem, tambm, com bastante freqncia em Abrolhos. A altura mais comum das ondas se situa, a, entre 1 e 1,5m em todos os meses do ano. Entre abril e setembro ocorrem ondas de maior altura, de 3 a 3,5m e, s vezes, at mais altas, provenientes dooctantesul,emdecorrnciadeventosdetempestade.Ondastambmaltas,noatingindo, porm, tais valores, ocorrem de outubro a dezembro, provenientes do octante norte. DuranteamaiorpartedoanoasguasdeAbrolhossobastantetrbidas,dificultandoos mergulhoseavisibilidadeabaixodasuperfcie.E,aocontrriodoqueocorreemoutrasreas coralinas da costa brasileira, a turbidez destas guas no causada pela descarga dos rios, que nessalatitudesopequenos,maspelaressuspensodossedimentosdefundo,nestecaso, partculascarbonticasdeorigemrecifalouareialamosadasregiesbentnicas,movidospela ao dos ventos e correntes. A poca de guas claras em Abrolhos, ento, ocorre de dezembro a fevereiro,emconseqnciadascalmariascaractersticasdovero.Estamovimentaodas guas, elevando partculas do fundo e aumentando a turbidez, ocorre, principalmente, durante as mudanasdeventoeasmarsdesizgia.Oopostoocorrenasmarsdequadratura,quando, devido ao pequeno movimento interno das guas, apresentam menos sedimentos em suspenso, ficando, portanto, mais claras. Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos24 NotrechodacostaquedosacessosmaisdiretosaAbrolhosnohportoscomtrfego comercial significativo. Localizam-se, a, Prado, Alcobaa, Caravelas e Nova Viosa, cujos portos sousadosapenasporembarcaesdepequenacabotagem,pesqueirosesaveiros.Diza publicao Roteiro Costa Leste (MINISTRIO DA MARINHA, 1976) que sua demanda s pode ser realizada com perfeito conhecimento local, ou com o auxlio de pescadores prticos locais. Asduascidadesmaisimportantes,comosmelhoresportosdaregio,soCaravelase Alcobaa. A barra de Caravelas possui dois canais de acesso principais: o canal de leste, que permite o acesso a navios de 1,5m de calado, e o canal de sudeste, denominado barra do Tombo, estreito e muito sinuoso, mas permitindo o acesso a navios de at 3m de calado, nas preamares. A barra deCaravelasbastanteobstrudaporbancosdeareiaqueseestendemaalgumasmilhasda costa, no dispondo de pontos que sirvam de orientao. Entretanto, observaes diretas realizadas na rea, durante os ltimos anos, atestam que a tendncia de assoreamento vem se verificando no canal de leste, enquanto que a barra do Tombo torna-se mais larga e confivel. O turismo em Caravelas, at recentemente bem menos significativo que o de Alcobaa, vem crescendo nos ltimos anos e a Cidade j vem se estruturando para atender a este fluxo. No aeroporto de Caravelas existe um radiofarol que pode orientar as embarcaes dotadas de radio-gonimetro. Existe, tambm, um aerofarol que, do mar, s avistado noite, pelo claro. Quantomar,decaractersticasemi-diurna,naenchentepuxaparaosulenavazante paraonorte.DevidoaodesaguardorioCaravelas,avazantesempremaisfortequea enchente. A publicao da Marinha, j citada, informa que a barra de Alcobaa, sobre o rio Itanham ou Itanhm, como chamado localmente, pode ser demandada por embarcaes de at 1,5m de calado, com o auxlio de prticos ou com perfeito conhecimento das condies locais. Refere as duastorresdaigrejaeacaixad'guacomopontosnotveisparaorientaoaosnavegantes, almdofarolde28m,nomuitovisvelemrazodesualocalizaoedavegetaoqueo encobre. Relataqueacidadepequena,dispondodeumtrapichesimplesondepodematracar embarcaes leves. Taisinformaesforamcoligidasem1976,pocadesuapublicao.Nosltimosanos, todavia, o fluxo de turismo em Alcobaa foi muito intenso, em demanda no s das praias, mas, principalmente, dos parcis prximos, que oferecem excelentes condies para mergulho e pesca. Assim,atendendoaessefluxoturstico,nosltimosanosforamconstrudosalguns trapiches e um cais onde podem atracar embarcaes do porte de veleiros e escunas. AbarradeNovaViosapossuiumcanalnaturaldecercade5km,comalgunsbancosde areia nas laterais. Permite acesso a embarcaes com calado de4memcondiodemarfavorvel.Amar,semi-diurna,navazantepuxaparaosulea enchente, sempre maior por causa da vazo do rio Perupe, puxa para o norte. Durante as mars de sizgia, a vazante pode atingir at 4 ou 5 ns. Nas quadraturas fraca. AaproximaodeNovaViosa,paraquemvemdomar,facilitadaporumachaminde 44m de altura, com uma luz vermelha no topo. Pode-se atingir a cidade de Caravelas a partir de Nova Viosa e vice-versa por um brao do rio Caravelas, mas usando embarcaes de pequeno calado e com bom conhecimento local. Em Prado desgua o rio Jucuruu que pode ser navegado por pequenas embarcaes at 18milhasdafoz.Abarra,muitoarenosa,apresenta-sebastantedifcil,spodendoser demandada com conhecimento perfeito do relevo ou com auxlio de pescadores nativos. Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos25 Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos26 1.6. Vegetao 1.6.1. Vegetao Terrestre O ambiente insular do Parque dominado completamente por vegetao de pequeno porte, basicamente gramneas, herbceas e ciperceas. Este tipo fisionmico ocorre na regio, em parte devidodistnciadasilhasaocontinente,empartedevidoaossolos,massendopossvel, acredita-se, a colonizao por espcies vegetais que conseguirem atingir as ilhas. Analisando as colees, nota-se que uma grande parte das plantas invasora e tem larga distribuio geogrfica no Brasil e em outras reas da Amrica, frica e Europa. EspciescomoBoerhaviadiffusa,DigitariasanguinalisePaspalumplicatumso consideradasruderaisouexticas,sendocomumsuaocorrnciaemreasantrpicasnoBrasil, principalmente nas regies Sul, Sudeste e Nordeste. Entreavegetaodegrandeporte,soencontrados,noArquiplago,algunscoqueiros Cocosnucifera,ocorrendonasilhasSantaBrbara,Redonda,SiribaeSueste.Estes, provavelmente,foramplantadospelosprimeirosfaroleirosquetrabalharamnolocal.Ocorrem, ainda, algumas pteridfitas, como Nephrolepis exaltata, nas grutas e encostas rochosas midas, e plantas do gnero Ipomoea, a salsa-da-praia. Segundo observaes, em uma das ilhas, a de mais difcil acesso, Sueste, a vegetao do tipo arbustiva a subarbustiva, o que indica possibilidade de se encontrar plantas representativas deecossistemascosteiros,comoasrestingas,ocorrendoIpomoeapescapraeeAlternanthera martima. Entreasespcieslevantadasnotrabalhopreliminardecampo(novembro,1984),foram encontradasrepresentantesdetrezefamlias(Anexos-9.1).ApenasumaAmaranthaceae BlutaporonportulacoidesestavapresentenasquatroilhasdoParque.NailhaSantaBrbara nofoirealizadacoleta,pois,porserdejurisdiodaMarinha,hnecessidadedeautorizao especial para a realizao de tal trabalho. Presentes em trs ilhas, observou-se uma AmaranthaceaeAlternanthera brasiliana, duas Portulacaceaeconhecidascomobeldroegaouonze-horasPortulacaoleraceaeeTalinum racemosum e uma Solanaceae Solanum sp. Um trabalho mais minucioso e sistemtico da vegetao deveria ser realizado, visando um melhoresclarecimentodacomposioflorsticadasilhas,dadispersodasplantas,dograude colonizao e preservao, da dominncia e do endemismo das espcies. Para uma melhor visualizao da composio de espcies do Parque, a listagem da flora foi feita por espcies e por ilha (Anexos-9.1). 1.6.2. Vegetao Marinha AvegetaomarinhadoParquemuitorica,variada,abundanteeimportanteparaa sobrevivnciadeoutrasespciesmarinhas,ocupandoboapartedaregiomenosprofundado Arquiplago e cobrindo parte das encostas das ilhas. Essavegetaodegrandeimportnciaemhabitatsmarinhos,ondedesempenhauma funoecolgicacomparvelqueladosvegetaisclorofiladosnoshabitatsterrestres.Asalgas nosmaresabertosso,geralmente,encontradassobaformadeplnctoneaquelasqueso maiores e mais complexas se situam ao longo das costas (RAVEN "et alii", 1978). O primeiro levantamento realizado na regio de Abrolhos foi durante o "Hassler Expedition", em1871/72;naqualThomasHillparticipoucomocoletor.Dasdragagensnasproximidadesdo arquiplagodosAbrolhosresultaramdezesseistaxadealgaslistadose,posteriormente,na descriodeumaespcienovaDasyasertularoidesporHoweeTaylor(HOWEeTAYLOR, 1931).Apsquatrodcadas,Joly,OliveiraFilhoeNarchiindexaram82espciescoletadasno Arquiplagoepropuseramacriaodeumparquenacionalmarinhonaregio(JOLY"etalii", 1969).Em1970,Yamaguishi-Tomitadescreveuoutraespcienova,Bolbocoleonjolyl, procedente das bordas da ilha Redonda (YAMAGUISHI-TOMITA, 1970). NoParque,almdasalgasdofundoeaoredordosrecifes,ocorre,esporadicamente,a grama-marinhaDiplanterasp.(Zannichelliaceae),queconstituialimentoimportanteparaas tartarugas marinhas no nordeste do Brasil (JOLY, 1983). Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos27 Recentemente,LEO(1982)estudouosrecifesdobancodeAbrolhos,referindo-sea22 espciescoletadasnoarquiplagoenoparceldosAbrolhos.Estelevantamentoobjetivouter conhecimento da flora algal de Abrolhos, a partir de amostragens representativas das costas dos recifes e dos recifes em franja ao redor do Arquiplago. Porm, nesse trabalho, a autora no especificou os locais das coletas, considerando toda a regiodeAbrolhos.OutroslevantamentosrealizadosnareadoParquemostraramqueaflora local apresenta 111 taxa, dos quais 35 so Chlorophyta, 28 so Pheophyta e 48 so Rhodophyta. AsRhodophytaapresentarammaiorriqueza,seguidasdasChlorophytaePheophyta, concordandocomOLIVEIRAFILHO(1977),quejhaviadescritoestascaractersticasparao litoral brasileiro. Quantodistribuiogeogrfica,Abrolhosinsere-senaZonaOriental,descritapor OLIVEIRA-FILHO(1977),quedividiuolitoralbrasileiroemquatrozonas,segundoas caractersticasflorsticas,afinidadecomguasfriasouquentes,abundnciaeriqueza.Aregio deAbrolhosapresentadiversosmicroambientespropciosaocrescimentodealgasbentnicas, comocosteseplataformasrochosas,expostosouprotegidosdosventosdominantes(NE-E), praiascommataces,bancosdeareiaecascalhosbiodetrticosemguascomprofundidade mdia de 4 a 7 m, recifes rasos e em franjas marginais s ilhas, poas intertidais e colunas recifais isoladas(chapeires),comtoposprximosdonveldamarbaixa,localizadosnoparceldos Abrolhos. Algumas espcies de algas so encontradas com maior freqncia nas numerosas poas de recifes em franjas, nas plataformas rochosas das ilhas Redonda e Siriba e no lado sudeste da ilha Santa Brbara. So elas: Anadyomene stellata, Caulerpa fastigiata, C. racemosa var. peltata, C.vertfcillata,C.vickersiae,Oictyosphaeroaverluisii,Valoniasp.,Cladophoropsis membranaceaeAmphiroaspp.,almderepresentantesdeGetidiaceae,Ectocarpaceaee Cyanophyta.AespcieCaulerpataxifolia,presentenoParque,teveregistrada,pelaprimeira vez,suaocorrnciaparaoEstadodaBahia.Ogrupodemaiorriquezapertenceordem Caulerpales, com o gnero Caulerpa, o qual apresenta doze espcies na rea. Sobreosbancosrasosdeareiaecascalhosbiodetrticos,localizadosentreasilhas RedondaeSiriba,eprximodacostasudoestedailhaSantaBrbara,desenvolvem-sedensas populaes de Caulerpales e Codiales, representadas, principalmente, por Caulerpa lanuginosa, C.cupresoides,C.prolifera,Penicilluscapitatus,Udoteaflabellum,almdeoutrasmenos freqentes dos gneros Halimeda, Udotea, Padina e outras. Em algumas praias com mataces ou recifes, as algas pardas das famlias Sargassaceae e Dictyotaceae predominam em relao s algas Corallinaceae, como ocorrem em extensas faixas dasilhasvoltadasparaointeriordoArquiplago.NoladonortedailhaSiribaocorremdensas populaesdeSargassumeDictyotalesenailhaGuaritaocorreStypopodium,Dlctyotae Dictyopterls. Com relao flora dos chapeires, s pde ser verificada em um nico deles, devido ao pouco tempodisponvelparaostrabalhos.Acoberturaalgalpdeseridentificada,poisapresentauma colorao avermelhada, fornecida pelas Rhodophyta que cobrem as extremidades dos ramos do hidrocoralMillepora(Hydrozoa)nosbordosdoschapeires,comoPotysiphonia,Ceramium, SpermothamnioneHerposiphonia.AsCorallinaceaeincrustantessomaisabundantesnos recifes, formando crostas salientes nos bordos a sotavento ou cobrindo as cavidades internas. ExemplaresdeSargassumso,comumente,encontradosflutuandoprximossilhas,os quais, supe-se, podem ter sido desprendidos por alguma tormenta. A listagem dos taxa das algas marinhas bentnicas do Parque encontra-se em Anexos-9.2. 1.7. Fauna 1.7.1. Fauna Terrestre Em contraste com a extrema riqueza de formas, cores e espcies da fauna marinha, pode-sedizerqueafaunaterrestredoarquiplagodosAbrolhosapresenta-sepobre.Istoreflete, claramente,alimitaoambiental-poucoespaodisponvelereduzidasfontesalimentares. Mencione-se,almdisto,osoloraso,suportandoumavegetaoexclusivamenterasteira, fazendoexceoalgunsexemplaresdecoqueirosCocosnucifera,plantadospelohomem.No Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos28 conjunto, constituem exceo as aves que comparecem com um razovel nmero de espcies. Assim,oambientedasilhasnorenecondiesmuitofavorveisaoestabelecimentode uma fauna terrestre mais expressiva, tanto em termos de nmero de espcies, que se traduz em riqueza,quantoemnmerodeindivduosporespcie,quedefineaequitabilidade(FERREIRA, 1982). Na classe dos insetos, observa-se, entre os ortpteros, gafanhotos e grilos; formigas, entre os himenpteros, e, entre os lepidpteros, ocorrem ambos, mariposas e borboletas. Estas ltimas esto representadas, especialmente, por espcies das famlias Pieridae e Hesperiidae. Entre os aracndeos, alm das aranhas de teia Arglope argentata e Oxiopes sp., destaca-seacaranguejeiraPamphobeteusplatyomma,queocorreemgrandenmero,sendofcil localiz-las embaixo de tufos de vegetao seca. Comorepresentantedosrpteis,quesonumerososemtermosdeindivduos,tem-seo lagarto Tropidurus torquato e algumas lagartixas, no identificadas. OsmamferosaparecemrepresentadosporumaespciederatoRattusnorvegicus,cuja ossada completa foi encontrada na ilha Siriba eobservado um indivduoem plena atividade, por voltadas12horas,nailhaRedonda.Osratossocitadospelosmoradoresdolocalcomo predadoresdeovosefilhotesdegrazinaourabo-de-palha-do-bico-vermelhoPhaethon aethereus,domergulhoSulaleucogaster,doatobS.dactylatraedafragataoutesouro Fregatamagnificens(COELHO,1981).AindasegundoinformaesdaDireodoParque,os ratospredamovosefilhotesdasdiversasespciesdaavifauna,sendoagrazina,entretanto,a maisafetada.Mencione-sequeinmerosindivduos,emdiversosestgiosdedesenvolvimento, foram encontrados mortos sobre as ilhas, fato que tem sido, tambm, freqentemente observado pelos funcionrios do Parque. Mencione-sequenailhaSantaBrbaraexistem,aindaentreosmamferos,espcies domesticadas de cabras e gatos, mas que no foram identificadas. Asavesconstituemogrupoquemaischamaateno-maisnumerososemtermosde espcies e indivduos. Ocorre o pardal Passer domestlcus, somente na ilha Santa Brbara, com cerca de cinqenta indivduos (IBAMA, 1989). Junto borda dos costes, nos topos das ilhas e entre a vegetao de todas as ilhas, so comunsosninhosdeatoboupilotoSuladactylatra.Obeneditoouandorinha-do-mar-preta AnousstolidusfoiobservadonoscostesdapartesudestedailhaSantaBrbaraenailha Guarita,ocupandototalmenteestaltima(ANTAS,1985).Estesutilizamaalgasargao Sargassum sp., gramneas, ciperceas e pequenas pedras para fazerem seus ninhos. A narceja ou maarico-de-bico-torto Numenius phaeopus, migratria do hemisfrio norte, esconde-se junto aosmatacesnashorasdesolmaisforte.Omaaricobatura-norte-americanaCharadrlus semlpalmatus,tambmmigratriadohemisfrionorte,rene-seemgruposnasreascom gramneasbaixas.OmergulhooufreiraSulaleucogasterfreqentementeobservado pescando.AfragataoutesouroFregatamagnificensfoiobservadanoscostesdailha Redonda,dormindonabordasuperiordopenhascodoladosuldailhaSantaBrbaraenailha Guarita. O trinta-ris-preto-e-branco Sterna fuscata tambm ocorre no local, sendo o arquiplago dos Abrolhos considerado o ponto mais meridional de sua distribuio, juntamente com a ilha da Trindade.Agrazinaourabo-de-palha-de-bico-vermelhoPhaethonaethereuseobatuiruu-de-axila-preta Pluvialis squatarola, vistos na ilha Redonda, tambm ocorrem no Parque, sendo esta ltima mais uma espcie migratria do hemisfrio norte. Ainda migratrias deste hemisfrios, so encontradasemAbrolhosasseguintesespcies:ovira-pedraArenariainterpres, muitocomum naspraiasdeSantaBrbaraeRedonda;omaarico-pintadoActltlsmaculariaeotrinta-ris-rtico Sterna paradisea. DentreasespciescitadasequesereproduzemnoParque,podemserenumeradasa grazina Phaethon aethereus, o atob Sula dactylatra, o mergulho S. leucogaster, o trinta-ris-preto-e-branco Sterna fuscata, o benedito Anous stolidus e a fragata Fregata magnificens. interessante mencionar que, durante os trabalhos de campo para a criao do Parque, foi encontrado um indivduo morto de gara-branca-grande Casmerodlus albus, junto ilha Guarita e um exemplar adulto da gara-branca-pequena Egretta thula, na ilha Redonda, comportando-se normalmente.RecentementetaisespciesforamobservadasnailhaSantaBrbaraeEgretta thula ainda na ilha Redonda (IBAMA, 1989). Constam, ainda para a ilha Santa Brbara, segundo o IBAMA (1989), as espcies gara-boiadeira Bubulcus ibis, quero-quero Vanellus chilensis e corujinha Athene cunicularia. Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos29 SocitadasparaoParque,ainda,asseguintesespcies:obobo-pequenoPuffinus puffinus, que migratria da Europa; a gaivota-rapineira-grande Catharacta skua e a andorinha Hirundo rstica erythrogaster (COELHO, 1981). AindasegundoCOELHO(1981),outrasespciesdeaves,vindasdocontinente,tm chegadoatAbrolhos,"possivelmentetransportadaspelosventosmaisfortes(ventosde Noroeste)",taiscomo:bem-te-viTyrannidae,anu-pretoCrotophagaani,gaviesAccipitridaee marrecasAnatidae,quediversasvezesforamobservadaspelosmoradoresemSantaBrbara, durante a estao das chuvas. Esse mesmo autor registrou um exemplar de outra espcie de trinta-ris Gygis alba, que inteiramentebranca,bicobempontiagudoenegroeolhosgrandeseescuros,a7kmdo arquiplago.Trata-sedeespciedeavecomumnasilhaserochedosocenicosdoAtlntico meridional. Mencione-seque,duranteostrabalhosdecampodestePlano,aEquipeobservouum exemplar do car-car Polyborus plancus, no alto da ilha Redonda. Comparando-seasdiferenasnacomposiodeespciesdeavesdoParque,queforam levantadas em diferentes pocas, aparece uma variao que pode ser devida a inmeros fatores. Umdelesrefere-sevariabilidadedevidodinmicadecolonizaodoespao.Objetivando investigar tal fenmeno, vrios autores, que tm se dedicado causa, sugerem que a realizao de censos em ilhas deve ser regular, pois as mudanas na composio de espcies so grandes erpidas(JONES&DIAMOND,1976;WIL-LIS,1974;TERBORGH,1975;DIAMOND&MAY, 1978; GORMAN, 1979 e FONSECA, 1981). AreadoParquereveste-se,portalrazo,deextremaimportnciaparaoestudode colonizaodeilhas,oquetemsidoobjetodemuitasinvestigaesemtodoomundo, principalmenteapspstrabalhosdeMACARTHUR&WILSON(1967).umaoportunidade especialpara quemdesejasededicaraoassunto,pois,comoParque, areanopoder sofrer introdues de quaisquer espcies, nem domsticas, nem silvestres, o que garante a colonizao natural das ilhas. 1.7.2. Fauna Marinha AfaunamarinhadaregiodoParqueumadasmaisricasdacostabrasileiraoque justificou, perfeitamente, a decretao da regio como unidade de conservao. Amovimentaodorelevomarinho,provocandoumaelevaodosubstratoemtempos pretritos, e a ocorrncia dos recifes de corais criaram condies excepcionais para a existncia de habitats que favoreceram o desenvolvimento de diferentes espcies. Com relao ictiofauna marinha tropical considerada a extenso, mais ao sul, da fauna do oeste da ndia (NUNAN, 1979). Segundoesseautor,ascoleesictiolgicasmaisantigassugeriamumapossvel continuidadeentreasespciesdoCaribeedoBrasil.Porm,ressalta,ainter-relaoentreos peixes de recifes de corais incerta. "A importncia zoogeogrfica da rea do Parque, ou dos Abrolhos como um todo, reside no fatoderepresentarohabitatmaismeridionalnoAtlnticoOcidental,ondeexistemcondies ecolgicas para o estabelecimento de grandes e permanentes populaes de peixes de recifes de corais" (NUNAN, 1979). Entre as 95 espcies de peixes mencionadas por NUNAN (1979), para a grande regio dos Abrolhos,cinqentaforamcitadasclaramentecomosendoencontradasnosrecifeseilhasdo Parque (inclusive recifes de Timbebas), sendo que a espcie Gramma loreto mencionada pela primeira vez para o Brasil. Entreasespcies,podemsercitadasMicrognathuscrinitus,Scorpaenaplumieri, Alphestesafer,nomuitocomumnoParque,sendoobservadajuntoilhaSantaBrbara; Mycteropercabonaci,Haemulonaurolineatum,H.parrai,H.plumieri,Holacanthusciliaris, Pomacanthusarcuatus,P.paru,P.variabiliseAcanthuruscoeruleus.EmAnexo-9.3 encontra-seumalistadasespciesmencionadasporNUNAN(1979),comumabrevedescrio da ecologia e da distribuio. Paraesseautor,asespciesdescritasporeleparaareadoParquenoindicam totalmenteariquezaaexistente.Recomendaqueoutrascoletassejamfeitasquando,ento, Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos30 certamentemuitasoutrasespciesseroencontradas.OparceldosAbrolhos,porexemplo, dentrodoParque,nofoiamostradoporNUNAN(1979)econsideradocomoumadasreas mais interessantes de toda a costa brasileira (LA-BOREL, 1969, citado por NUNAN, 1979). OsestudosdeNUNAN(1979)indicamqueosrecifesdecoraiseilhasdoParquerenem boascondiescomohabitatparagrandesepermanentespopulaesdepeixesdosrecifesde corais do oeste da ndia. Tambm, conclui este autor, a rea definida como sendo o habitat mais meridional para peixes de recifes de corais do oceano Atlntico. Entreosmamferosmarinhostem-seabaleiaJubarteMegapteranovaeangliae,queno inverno e na primavera chega na rea para se reproduzir. So observadas, normalmente, fmeas com filhotes, acompanhadas de machos adultos, que competem pelo acesso s fmeas em idade dereproduo (Gilberto Sales,com.pess.,1988).SegundoSales, j foramvistos gruposdeat dezessete baleias na rea do Parque. A caa, a captura e o molestamento dessa espcie esto proibidos, no Brasil, por lei. A espcie consideradararaeameaadadeextino,segundoaListaOficialdeEspciesdaFauna BrasileiraAmeaadadeExtino(Portariano 1.522,de19/12789),doIBAMA,devidocaa desenfreada, o que provocou intenso declnio de suas populaes. considerada uma das quatro espciesdebaleiasquetmpopulaestotaismaisreduzidas.Suapopulaomundialest estimada, hoje, em apenas doze mil exemplares (Ibsen G. Cmara, com. pess., 1989). Com relao aos rpteis, cite-se a presena das tartarugas marinhas: a tartaruga-verde (ou aruan)Cheloniamydas,atartaruga-mestiaCarettacaretta,atartaruga-de-pente EretmochelysImbricataeatartaruga-de-couroDermochelyscoriacea.Registrosdedesovas napraiaarenosadailhaRedondavmsendofeitos,sendooprimeiroregistroquandodos trabalhos de campo deste Plano, em 1984. Os registros indicam a desova somente de C. caretta. Mencione-se que todas estas espcies so consideradas ameaadas de extino, de acordo com a lista oficial brasileira (Portaria n 1.522, de 19/12/89, do IBAMA). Segundo PETUCH (1979) a rea do Parque ainda no bem conhecida do ponto de vista da malacofauna, apesar do local reunir condies ecolgicas nicas. Afora as poucas coletas de Charles Darwin, em 1832, e do Gelogo C.F. Hartt, em 1870, a expedio Calypso (1961/1962) foi a primeira que melhor amostrou o Arquiplago e arredores. Esseautordescrevedezespciesnovaseumsub-gneroPlicoliva,dogneroOliva, famliaOlividae,degastrpodesparaolocal,entreasquaistem-se:Acmaea(Collisella) abrolhosensis,Cyphomamacumba,Latirus(Polygona)ogum,Oliva(Plicoliva)zelndaee Conus iansa (Anexos-9.4). PETUCH(1979)mencionaoutrasespciesmaiscomuns(Anexos-9.4),comoLittorina ziczac,LeucozoniabrasilianaeThaisrstica.Acreditaelequeonmerodeespcies encontradasfoiabaixodoesperado,devendo,portanto,sermaioremumtrabalhomais sistemtico. Mencione-se que na rea do Parque ocorre o bzio-de-chapu Strombus goliath, espcie endmicadosmaresdoBrasil.umaespciemuitovisadaporcolecionadoreseturistasem geral. Tem aspecto bonito e seu tamanho, bastante grande, chama muito a ateno. EmviagemdeestudosaoParque,RIOS&BARCELLOS(1980b)identificaramvrias espciesdemoluscosmarinhosparaestarea(Anexos-9.4).Segundotaisautores,a malacofauna dos Abrolhos ainda no bem conhecida. Em dezoito dias de trabalho, tais autores conseguiramcoletareidentificar64espciesparaolocal,entreasquaispodemsercitadas: Diodoramirifica,Alvaniacaribaea,Cassistuberosa,Morulanecocheana,Nassariusalbus, Lima lima, Diplodonta punctata e Calloplax janeiroensls. RecentementeLauroP.Barcelloscomentou,emcomunicaopessoal(1987),queh,ao redordasilhasdoParque,umgrandedesenvolvimentodasformasdemoluscoscoloniais, construtoresderecifes,aexemplodoqueocorrenoCaribeeBrasil,emreascomono arquiplago de Fernando de Noronha, em Trindade e no litoral (testemunhos fsseis). SegundoBarcellos,"ocrescimentodorecifedomoluscoDendropomairregulare apresenta-se morfologicamente distinto do que acontece em Fernando de Noronha e Caribe, onde cresce formando plats em desnveis". Em seu levantamento no Parque, foi constatada uma populao de ourios distribuda sobre omesoeoinfra-litoral,formadopeloDendropoma.Chegaramacontarentre25-30ourios/m2, nmerosconsideradosporelecomosendomuitoaltos.Barcelloscomentou,ainda,quetais animaisalteramamorfologiadorecife,"poisdelesealimentame,comosoescava-dores, Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos31 constroem tneis que, pela elevada densidade,vo se inter-comunicando e deixando o bloco de carbonatodeclciototalmentefraco".Continuando,mencionateremencontradoaltaquantidade de recife (corpo, concha e fragmentos slidos) no contedo estomacal dos ourios. Barcellosrefere-seaomoluscoDendropomairregularecomosensvelelevada concentraodeslidosemsuspenso.Assim,conclui,deve-seevitaraerosodasilhasdo Parque,cujomaterialresultanteseriacarreadoparaagua,oquepoderiaserfatalparaa sobrevivnciadacomunidaderecifal.Sobreestaimpressionanteedificaodemoluscos, encontra-se diversificada flora e fauna de invertebrados e espcies de peixes, que a se abrigam, se alimentando da produo do recife. EmnovacoletanareadoParque,foramidentificadasmaisdozeespciesdemoluscos nuncaantesencontradasnolocal(RIOS&BARCELLOS,1980a).Aparecemespciescomo Puncturellapauper,Mathildasp.,Naticamenkeana,Aesopussteamsli,Odostomiaaff. aepynota e Solemya occldentalls, todas registradas pela primeira vez para o Brasil. LEO(1982)cita,aindaentreosmoluscosdoParque,asespciesLithophagasp., Gastrochoena sp., Botula sp. e Pretricola sp., sendo Lithophaga o gnero mais freqente. So todas espcies perfuradoras da estrutura recifal e que vivem nas bordas dos recifes de corais. Entreosmoluscos,cite-se,ainda,asseguintesespciesparaaregiodeAbrolhos: Tropiometracarinata,Ophiomyxaflaccida,O.phiactiskrebssi,Ophionereisreticulata,O. phiotrixviolacea,Ophiolepsispaucispina,Ophiuracinerea,Oreastergigas,Echinaster crassispina,Asteriasatlntica,Lysechinusvariegatus,Echinometramichelini,Encope emarginata, Chirodota rotiferum e Thyone braziliensis. JOLY"etalii"(1969)citam,tambm,vriasespciesdemoluscosparaaregiode Abrolhos,podendo-semencionarDiadoracayenensis,Neritinavirginea,Tonnamaculosae Barbatia candida (Anexos-9.4). Quanto aos porferos (esponjas), LEO (1982) menciona uma nica espcie Cliona sp., que vivenasbordasdosrecifesdecoraiseperfuradora.Entretanto,SECCHIN(1986)menciona outras espcies como Aplysina sp., Desmacella sp. e representantes da ordem Poecilosclerida. Entreosbriozorios,oconhecimentoquesetemdasespciesdareadoParqueencontra-se tambm em LEO (1982). A autora menciona que so comuns em recifes costeiros e abundantes empartescentrais.MencionaSteginoporellasp.,Parelisinasp.,Stylopomasp.,Parasmittina sp. e Rhychozoan sp. So todas espcies incrustadoras, que vivem em recifes de corais. Com relao aos foraminferos, as informaes disponveis so aquelas contidas em LEO (1982).AespcieHomotremarubrum mencionadacomoanicaincrustadoraidentificadana amostragemfeitaparaareadoParque.abundantetambmnasbordasdasilhas,ondeh maior proteo e menor turbidez da gua. Essa autora, estudando as espcies desse grupo, existente nos sedimentos terrgenos, mais grossosvoltadosrecifescosteiros,eemsedimentosricosemcarbonatosdeoutrosrecifes, concluiuseremasespciespertencentesfaunatpicadoCaribeecomparvelquelado restante da costa brasileira. Os gneros Peneroplis e Textularia so comuns em toda a regio de Abrolhos.SomencionadasespciescomoArchaiasangulatus,Ammoniabecarile Amphistegina lessoni. EmsedimentosmaisfinosaparecemespciesdeLagenidae,Bolivinitidae,Bulliminidaee Discorbidae. OutrasespciesdeforaminferosdareadeAbrolhosencontram-selistadasemAnexos-9.5. LEO (1982) tambm cita trs espcies de gorgnias (ou leques-do-mar ou octocorais) para areadeAbrolhoscomoorganismosrelacionadosaosrecifesdecorais.Soelas:Plexaurella grandiflora,PhyllogorgiadilatataeMurceopsissulphurea.SegundoLEO(1986b)e SECCHIN(1986)asduasprimeirassoendmicasdolitoralbrasileiro.P.dilatataespcie abundante e M. sulphurea tem colorao amarela caracterstica. Oscorais,nareadoParque,constituemumadascomunidadesmaisnotveis.Crescem emformasirregulares,cujostoposseexpandemcomocogumelos.Aformageraldaestrutura recifal denominada localmente chapeires. DeacordocomLEO(1982,1986ae1986b),entreasdezoitoespciesdecoraisque habitam os substratos recifais do Brasil, dezesseis espcies ocorrem na rea do Parque (veja em Anexos-9.6). .Entreas espcies,pode-se mencionarSiderastreastellata,bastantesemelhante sespciescaribeanas,masendmicadoBrasil(LEO,1986b).Tempapelsecundriona Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos32 construo da estrutura dos recifes. Porites branneri espcie comum na costa tropical brasileira, mas rara na costa da Bahia. TambmendmicadoBrasil,tem-seFaviagravida,quemostraafinidadescomespcies caribeanas(LEO,1986b).bastanteresistentesvariaesdascondiesambientais, principalmente temperatura, salinidade e turbidez das guas. comum nas poas rasas do topo emerso dos recifes de corais costeiros e mesmo nos substratos no recifais que afloram ao longo das praias. OutraespcieendmicadoBrasilFavialeptophylla,queapresentacaractersticas arcaicas e grande afinidade com espcies de idade eocnica do Caribe. conhecida por ocorrer somente na costa da Bahia. Espciedepequenoporte,endmicadoBrasil,Astrangiabraziliensis,quetem afinidades com,a fauna coralnea caribeana (LEO, 1986b). OutraespciedegrandevalorcientficoMussismiliaharttii.endmicadoBrasil, apresentandocaractersticasarcaicasetendoafinidadescomespciesdoperodoTercirioda baciasedimentardoMediterrneo(LEO,1986b).Conformeestaautoradiscute,parece queM. harttii compete por espao com M. braziliensis, sendo rara onde a segunda abundante. Por sua vez, M. braziliensis tambm endmica do Brasil, possui caractersticas arcaicas, prximasaespciesdeidademiocnicadabaciadoMediterrneo(LEO,I986b).Estaautora afirmaqueM.braziliensiseFavialeptophylla"soasduasespciesquemostramomaior confinamentogeogrfico,poissestoregistradasnosrecifesdacostadoEstadodaBahia". Segundo a autora, M. braziliensis "o principal construtor das partes altas dos recifes da rea de Abrolhos". Ainda como espcie endmica do Brasil e ocorrendo na rea do Parque, pode-se mencionar Mussismiliah.hispidaqueumadasespciesdemaiordistribuiogeogrficanacosta brasileira (LEO, 1986a). Dehbitonocolonial,tem-se,nareadoParque,Scolymiawellsique,segundoLEO (1986b),espcieendmicadoBrasil,"tendoafinidadescomafaunacoralneadosrecifes caribeanos".Preferereassombreadas,guas calmaseclaras.No sendocolonial,constitui-se de um plipo simples, habitando um clice profundo, de forma circular ou elptica e, s vezes, um pouco deformada. SegundoLEO(1982,1983e1986a)eBELM"etalii"(1986),portanto,dasdezesseis espcies de corais que ocorrem na rea do Parque, oito so endmicas do Brasil. Pode-se reunir, da seguinte maneira, as espcies do Parque, por caractersticas especiais: seis espcies pertencem fauna coralnea caribeana: Stephanocoenia michelini, Madracis decactis, Agaricia agaricites, A. fragilis, Porites astreoides e Montastrea cavernosa; quatroespciessoendmicasdoBrasil,tendoafinidadecomasespciesdoCaribe: Siderastrea stellata, Favia grvida, Meandrina braziliensis e Scolymia wellsi. e quatroespcies,almdeseremendmicasparaoBrasil,estorelacionadasfauna coralneadoTercirio:Favialeptophylla,Mussismiliabraziliensis,M.hartiieM.hispida, sendo que M. braziliensis e F. leptophylla so encontradas somente na costa do Estado da Bahia, endmicas do Estado, portanto. O gnero Mussismilia est representado no Mioceno europeu da bacia do Mediterrneo e M.hispidaePoritesbranneriforam,recentemente,encontradasemumrecifedoPliocenono sudoeste da Flrida (LEO, 1982). Segundo LABOREL (1969), citado por LEO (1982), algumas espcies brasileiras, da rea do Parque, so encontradas no Golfo da Guin, estando relacionadas fauna coralnea africana. So elas: Favia gravida, Montastrea cavernosa e Madracis decactis. Menciona, ainda tal autor, que Porites branneri bastante prxima P. bernardi, presente nos recifes africanos. AreadeAbrolhos,portanto,consideradacomoumrefgiodoPleistoceno,devidos caractersticas arcaicas de suas espcies, indicando que a "fauna coralina terciria foi preservada emumrefgio,nacostadoBrasil,duranteosnveisbaixosdomarnoperodoglacial"(LEO, 1983).Deacordocomestaautora,apreservaodesta"faunaterciriapodeserexplicada considerando que as montanhas submarinas localizadas para fora do Banco de Abrolhos foram o refgio que permitiu a preservao de tais formas de vida, em ambiente marinho, mesmo durante os nveis baixos do mar no Pleistoceno". Quanto aos hidrocorais, existem apenas trs espcies no Brasil e todas ocorrem na rea do Plano de Manejo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos33 Parque,crescendocomoformasincrustantesouemgalhos(ouramos).Soelas:Millepora alcicornis,M.nitidaeM.braziliensis