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08 de abril de 2013
Análise de Investimentos
Início de Cobertura
Figura 1: Resumo de Avaliação da Paranapanema Figura 2: Desempenho da ação em 12M
Paranapanema: O rio voltou a ter peixes
Estamos iniciando a cobertura de Paranapanema indicando a Compra para PMAM3 com Preço
Justo de R$7,40/ação, o que implica numa valorização potencial de 37%. Após um longo período
de prejuízos, a Paranapanema voltou a lucrar no último trimestre e pode mostrar resultados
muito positivos a partir deste ano. A empresa tem posição dominante em seu mercado no Brasil,
uma sólida situação financeira e múltiplos atraentes, comparada com suas concorrentes
internacionais. Em agosto de 2012, a empresa apresentou um conjunto de investimentos e
medidas de reestruturação administrativa que denominou “Nova Paranapanema”. Os
investimentos visam modernizar suas fábricas, expandir a capacidade produtiva, elevar a
qualidade e reduzir custos. Estas medidas já começaram a trazer os primeiros resultados no
4T12. A Paranapanema está se beneficiando também do fim da “guerra dos portos”, o que vai
permitir à empresa elevar preços e margens.
Resultados do 4T12 já mostraram o novo potencial da empresa
Após um longo período de prejuízos, a Paranapanema teve no 4T12 um excelente resultado.
Comparado ao 3T12, a empresa mostrou crescimento de 43% na receita, 59% no lucro bruto e 85%
em seu EBITDA. Acreditamos que em 2013 os resultados possam continuar melhorando. As
restrições de importação estão permitindo à Paranapanema elevar o volume de vendas e seus
preços em relação ao cobre negociado no mercado internacional, o que terá forte efeito positivo
nas margens. Assim, o resultado do 1T13, que deverá ser divulgado no dia 30/abril, vai ser muito
importante para confirmarmos a nova fase da empresa e também será fundamental para
“calibrarmos” nossas projeções.
Múltiplos atrativos e volta do dividendo em 2014
As ações da Paranapanema estão cotadas com múltiplos abaixo de suas concorrentes
internacionais, mesmo após uma forte recuperação nos últimos meses. Uma boa comparação com
a Paranapanema é a empresa alemã Aurubis, que está sendo negociada a PL para 2013 de 9,2x
contra 7,0x da empresa brasileira. Considerando nossas projeções, a empresa deve voltar a pagar
dividendos no próximo ano.
R$ milhões 2011 2012 2013E 2014E 2015E
Receita líquida 4.098 4.026 5.413 5.750 5.598
EBITDA 42 125 361 417 450
Margem EBITDA 1,0% 3,1% 6,7% 7,3% 8,0%
Lucro líquido -48 -203 245 291 309
Margem líquida -1,2% -5,0% 4,5% 5,1% 5,5%
Dívida líquida -21 196 40 76 -122
P/L (x) - - 7,0 5,9 5,6
EV / EBITDA (x) 21,8 14,2 4,9 4,3 3,6
Div Liq/EBITDA (x) -0,5 1,6 0,1 0,2 -0,3
Ganhos com Dividendos - - 0,7% 4,2% 4,5%
Fonte: Dados da empresa e estimativas do Departamento de Análise de Investimento da Planner
Luiz Francisco Caetano, CNPI*
+55 11 2138-8209
Disclosure e certificação do analista estão localizados na última página
deste relatório.
Código:
Recomendação:
Preço Justo:
PMAM3
Comprar
R$ 7,40
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Opinião de investimento
Estamos iniciando a cobertura da Paranapanema, com recomendação de Comprar para PMAM3 e Preço
Justo para o final de 2013 de R$7,40 por ação, com valorização potencial de 37%, em relação ao preço
de fechamento do dia 5 de abril de 2013 (R$5,40). Nossa avaliação tem como base um modelo Fluxo de
Caixa Descontado infinito, com WACC de 9,5%, sendo o custo do capital próprio de 10,5%, custo da
dívida em 7,9% (após o IR) e uma taxa de perpetuidade de 2%.
A palavra paranapanema na língua tupi-guarani quer dizer “rio improdutivo” ou “rio sem peixes”.
Depois de anos de prejuízos, a empresa volta agora a ter perspectivas de resultados muito positivos.
Então, metaforicamente, podemos dizer que enfim o “rio” da Paranapanema volta a ter “peixes”. A
empresa passou nos últimos anos por uma grande reestruturação organizacional, financeira e produtiva,
vendendo empresas controladas e focando apenas na área de cobre. Os primeiros efeitos positivos
dessa mudança já puderam ser vistos nos resultados no último trimestre de 2012. Comparado ao
trimestre anterior, no 4T12 a receita líquida cresceu 43% com a margem EBITDA subindo de 3,0% para
4,3%. Além disso, a empresa conseguiu um lucro líquido robusto, advindo da operação, coisa que não
acontecia há vários anos.
No 3T12, a empresa anunciou um conjunto de investimentos e mudanças administrativas que
denominou “Nova Paranapanema”. Os investimentos neste projeto serão de R$984 milhões,
despendidos entre 2012-2014. Eles vão elevar em 27% a capacidade de refino de cobre e em 67% a
produção de produtos semielaborados. Em 2012, a empresa investiu R$433 milhões, devendo
despender R$164 milhões em 2013 e mais R$358 milhões em 2014. Já em junho/13 será inaugurada a
nova fábrica de tubos de cobre, elevando a capacidade da Paranapanema em 36 mil t/ano, equivalente
a 85% do total consumido no país.
Em 2013, a Paranapanema (PMAM) vai beneficiar-se do fim da chamada “Guerra dos Portos”. No ano
passado o Senado aprovou a Resolução 13, que fixou em 4% a alíquota interestadual de ICMS em
operações com mercadoria importada ou conteúdo importado superior a 40%. Esta mudança na
tributação, válida a partir de 1/jan/2013, vai permitir à empresa elevar o preço do cobre contido em
seus produtos. Antes do fim da “Guerra dos Portos” a Paranapanema precisava vender o cobre contido
com desconto de 5% em relação à cotação do metal na London Metal Exchange - LME. Após a lei, a
empresa já pode vender com um acréscimo de 4% à cotação internacional. Esta mudança trará um salto
na rentabilidade da empresa, que já começou a ser visto nos resultados do 4T12 e deve se ampliar em
2013. Além disso, a empresa continua contando com benefícios para importar o concentrado de cobre.
É muito difícil projetar um patamar de margens para Paranapanema após todos os investimentos, até
por falta de outras empresas de capital aberto do mesmo setor para fazer comparações. No entanto,
examinando as margens de uma empresa brasileira de capital fechado (Termomecânica), que produz
semielaborados de cobre, pode-se verificar que a rentabilidade da Paranapanema pode crescer além do
salto já verificado no 4T12. Em termos de múltiplos, comparando com empresas internacionais focadas
em cobre, podemos dizer que a ação da Paranapanema está cotada abaixo da média de empresas do
setor.
Os preços do cobre tiveram alta muito forte nos últimos anos com o aumento do consumo da Ásia,
principalmente na China. Com isso, o cobre saltou de US$1,8 mil/t no início de 2000 para um pico de
US$8,8 mil antes do inicio da crise em 2008, estando cotado atualmente a US$7,4 mil/t. Segundo o
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Figura 3: Avaliação da Empresa
International Copper Study Group, em 2013 a produção mundial de cobre deve crescer 6% e a demanda
1,5%, trazendo um novo equilíbrio ao setor, já que em 2012 o consumo excedeu em mais de 400 mil
toneladas o volume produzido. As previsões dos analistas de commodities compiladas pelo Bloomberg
são de que o preço médio do cobre em 2013 será de US$7,5 mil/tonelada, 5% menor que no ano
passado.
Há três anos ocorreu um fato importante na vida da PMAM que vale a pena ser lembrado, porque dá
uma ideia de valor dos ativos da empresa. Em julho de 2010, a Vale fez uma oferta voluntária de
compra para adquirir a totalidade das ações da PMAM por R$6,30 por ação, que corrigido pelo CDI teria
atualmente um valor próximo de R$8,00. No início de setembro/2010, a Vale comunicou que a oferta
estava cancelada por não ter atingido a quantidade mínima de ações para ser efetiva (50%). Na época, a
imprensa noticiou que os maiores investidores minoritários da empresa se mobilizaram contra a
proposta, por acreditar que o preço oferecido pela Vale era muito baixo.
Os riscos que envolvem os resultados da Paranapanema são, principalmente, relativos a questões fiscais
e legais. A empresa está se beneficiando da mudança na legislação do ICMS, que restringiu benefícios
fiscais para importações de cátodos de cobre. Aparentemente, esta nova alíquota de ICMS deve ser
mantida por longo período, porém há uma movimentação dos estados que concediam o benefício fiscal
e das empresas que se beneficiavam da importação incentivada para mudança da lei. Além desta
questão, no 3T12 a empresa provisionou R$110 milhões para atualização dos valores em risco com
processos judiciais. Porém, há sempre um risco de que uma empresa que passou por tantas mudanças
tenha alguma causa judicial que possa lhe ser desfavorável e se faça necessária alguma provisão extra.
R$ milhões
Custo de capital próprio Fluxo de ca ixa descontado (R$) 620
Taxa l ivre de risco (Taxa Anbima) 8,0% Perpetuidade (R$) 1.938
Risco Bras i l (CDS Brazi l - 10 anos) 1,8% Valor da empresa (R$) 2.558
Risco de mercado (ca lculado por: Damodaran) 8,6% (-) Dívida Líquida (4T12) 196
Beta 1,08 Valor presente líquido 2.363
Custo de capital de terceiros Número de ações 319.176,9
Custo médio da dívida 12,0% Preço justo (2013) 7,40
Taxa de impostos 34,0%
% de capital de terceiros 40,0% Preço atual (05/04/2013) 5,40
% de capital próprio 60,0% Potencial de valorização 37%
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Figura 4: Fluxo de Caixa Descontado
R$ milhões 2013E 2014E 2015E 2016E 2017E 2018E
EBIT 275 313 324 309 289 327
(-) Impostos 69 78 81 77 72 82
(=) Lucro Oper. Líquido Após IR 206 235 243 232 217 245
Depreciação & Amortização 85 104 126 153 161 169
Capex 164 358 160 160 161 165
(-) Capita l de Giro 75 17 (1) (13) (8) 20
Fluxo de Caixa Livre para Empresa 53 (37) 211 238 225 229
Fluxo de ca ixa descontado 620
Perpetuidade 1.938
Valor da empresa 2.558
(-) Dívida Líquida (4T12) 196
Valor presente líquido 2.363
# de ações (bi lhões) 319.176,9
Valor de Mercado (R$mi lhões) 1.723,6
Preço justo (2013) 7,40
Preço atual (05/04/2013) 5,40
Potencial de valorização 37%
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Figura 5: Principais Acionistas
Do estanho ao cobre
A Paranapanema atual nem de longe lembra a empresa cuja ação já representou 11% do volume
financeiro da bolsa em anos como 1987. A empresa foi fundada em 1961 como construtora e, a partir
da década de 70, iniciou-se na área de mineração, focada em estanho. A PMAM tinha uma operação
verticalizada, produzindo do minério de cassiterita até o estanho metálico. Em 1994, os antigos
controladores venderam a empresa para um pool de fundos de pensão liderados pela Previ. Em torno
da PMAM os fundos agregaram outras empresas de minerais não ferrosos, como a Caraíba Metais e
Eluma (cobre) e mais a Paraibuna Metais (zinco). A partir de 2003, a empresa iniciou a simplificação de
sua estrutura, que naquela época contava com mais de 60 empresas. Foram sendo vendidos todos os
ativos que não fossem cobre. Em 2009, a PMAM iniciou uma reestruturação societária e tributária que
culminou com a incorporação da Caraíba Metais e da Eluma, gerando sua configuração atual.
Hoje a Paranapanema está focada na produção de cobre em cátodos, semielaborados deste metal e os
subprodutos como ácido sulfúrico e metais preciosos (ouro e prata). A transformação do minério
concentrado em cátodos de cobre (placas do metal com 99,9% de pureza) é feita na unidade de Dias
D’Ávila na Bahia. Os produtos semielaborados (vergalhões, barras e fios – marca Eluma) são produzidos
nas unidades Utinga e Capuava, em São Paulo, e também Vitória – ES. Em 2013, a empresa vai iniciar a
construção de outra unidade no Estado do Espírito Santo (São Mateus), que terá fundição e produção de
laminados a quente.
A PMAM é controlada pelos fundos de pensão Previ e Petros e mais a Caixa Econômica Federal. As
ações hoje detidas pela Caixa foram transferidas pelo BNDESpar ao final do ano passado. Estes três
sócios tem o controle da empresa com 53,3% das ações. O Conselho de Administração é formado por
sete membros, sendo cinco representantes dos controladores e dois independentes.
Acionista Qte. de ações %
Caixa Prev. Funcs. do Banco do Brasil – PREVI 76.468.727 24,0%
Caixa Economica Federal 54.990.591 17,2%
Fundação Petrobras de Seguridade Social - PETROS 38.739.605 12,1%
EWZ INVESTIMENTS LLC - Socopa 26.862.052 8,4%
Ações em tesouraria 24.505 0,0%
Mercado 122.091.462 38,3%
TOTAL 319.176.942 100,0%
Em função dos seguidos prejuízos, a empresa ficou 20 anos sem distribuir dividendos, tendo feito uma
pequena distribuição em 2011, por conta de resultados não operacionais. Os prejuízos acumulados
somavam R$235 milhões em dezembro/12. Acreditamos que os resultados de 2013 serão mais que
suficientes para “zerar” estes prejuízos acumulados, permitindo que a empresa distribua dividendos a
partir do próximo ano.
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A “Nova Paranapanema”
Em agosto de 2012, a empresa apresentou um conjunto de investimentos e medidas de reestruturação
administrativa que denominou “Nova Paranapanema”. Os investimentos visam modernizar suas
fábricas, expandir a capacidade produtiva, melhorar a qualidade e reduzir custos.
Em síntese, o programa de investimentos do projeto Novo Paranapanema prevê a ampliação em 27%
(+60 mil t/ano) da capacidade de produção de cobre refinado, uma nova fábrica de tubos sem costura
(+18 mil t/ano) e a expansão da produção de laminados a frio e a quente que vão permitir um aumento
de 48 mil/t/ano (67%) no volume de produtos semielaborados para a venda. Ao lado da expansão da
capacidade, serão feitas atualizações tecnológicas que vão permitir uma redução de 15% no custo de
produção e o aumento de 4% no uso de sucata, o que reduz custos. O aumento no volume de cobre
refinado e as melhorias na operação permitirão ainda a elevação na produção de subprodutos como
ácido sulfúrico (+14%), ouro (+33%) e prata (+5%).
Por unidade de produção, estes são os investimentos que estão sendo realizados:
1) Unidade Dias D’Ávila – BA – atualização tecnológica e ampliação que vai elevar sua capacidade de
produzir cobre refinado de 220 mil t/ano para 280 mil/t/ano (+27%) na primeira fase, podendo chegar
até a 320 mil t/ano numa segunda fase. As obras da primeira fase ficaram prontas no 3T12;
2) Unidade Utinga (Santo André – SP) – nova da fábrica de tubos de que vai expandir a capacidade de
produção em São Paulo de 18 mil para 36/t/ano. As obras já estão sendo finalizadas e esta unidade será
inaugurada em junho/2013;
3) Unidade Utinga de laminados a frio - expansão da capacidade de produção de laminados de 28 para
55 mil/t/ano;
4) Unidade Utinga – laminados, barras e arames – 72 mil t/ano – após novos investimentos sobe para
130 mil t/ano (2015);
5) Unidade São Mateus – ES - laminados a quente - investimento de R$200 milhões para construção de
uma nova unidade com capacidade para produzir 55 mil t/ano. Os laminados produzidos em São
Mateus vão para Utinga em forma de bobinas para a laminação a frio. Esta unidade começa a ser
construída no 2S13 e já está com suas máquinas compradas;
6) Planta de refino de metais preciosos – expansão na capacidade extração de metais preciosos a partir
dos rejeitos da produção de cobre (lama anódica).
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Figura 6: Programa de Investimentos - Nova Paranapanema
O quadro a seguir sintetiza os investimentos que estão sendo desenvolvidos:
R$ milhões 2012 2013 2014 Total
Cobre Refinado
Atualização e expansão 316 63 0 379
Refino de Metais Preciosos 28 28
Semielaborados
Expansão da fábrica de tubos 143 0 0 143
Expansão da fábrica de laminados - Fase 1 0 23 0 23
Expansão da fáb. de laminados a frio- Fase 2 0 38 93 131
Expansão da fáb. de laminados a quente - Fase 2 0 112 58 170
Outros Projetos 82 28 0 110
Totais 541 264 179 984
Fonte: Paranapanema
O projeto “Nova Paranapanema” vai encontrar condições positivas no mercado para o volume maior de
produção que a empresa vai ter. Além da economia aquecida, o que estimula a venda em todos os
segmentos, a empresa vai se beneficiar do fim da “Guerra dos Portos”. Alguns estados brasileiros,
principalmente Santa Catarina e Espírito Santo, reduziram as alíquotas de ICMS para elevar o uso de
seus terminais portuários e com isso aumentar a arrecadação de impostos. Porém, no ano passado o
Senado aprovou a Resolução 13, que unificou as alíquotas interestaduais de ICMS em 4% para produtos
com conteúdo importado superior a 40%, com validade a partir de 1 de janeiro de 2013. Esta lei
colocou fim à competição fiscal entre estados, por meio da concessão dos mais variados benefícios na
importação. A queda de arrecadação que os estados de Santa Catarina e Espírito Santo estão
enfrentando, após a fixação desta alíquota, ainda motiva muita reação dos políticos locais, mas
aparentemente a norma deve ser mantida. Ao lado disso, a PMAM vai continuar se beneficiando da
importação do minério concentrado (sulfeto de cobre) com benefícios fiscais.
No contexto anterior ao fim da “Guerra dos Portos” a Paranapanema precisava vender o cobre contido
em seus produtos com desconto de 5% em relação à cotação do metal na LME. Após a lei, a empresa já
pode vender até com acréscimo de 4% à cotação internacional. Esta mudança trará um salto na
rentabilidade da empresa, que já começou a ser visto nos resultados do 4T12 e deve se ampliar em
2013.
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Figura 7: Comparativo de Margens
Margem e múltiplos dos concorrentes
Há oito anos a Paranapanema apresenta seguidos prejuízos anuais (exceto ganhos não recorrentes), o
que dificulta o estabelecimento de um perfil de rentabilidade que a empresa poderia alcançar agora em
sua nova fase, na qual há um foco total em cobre. Além disso, a empresa não tem concorrentes de
capital aberto para uma definição do que poderia vir a ser uma rentabilidade normalizada para o setor
no Brasil. Com isso, estamos comparando a PMAM com uma concorrente de capital fechado
(Termomecânica), que só produz semielaborados, não possuindo como a PMAM um smelter
(transformação do concentrado de cobre em cátodos). Só dispomos do balanço de 2011 da
Termomecânica, mas este é um bom ano para uma comparação conservadora, dado que o período foi
bastante difícil para o setor. Em 2011, a Termomecânica teve uma receita líquida consolidada de R$925
milhões, EBITDA de R$135 milhões e lucro líquido de R$108 milhões, queda de 4% em relação ao ano
anterior. Dessa forma, a comparação dos números de 2012 da PMAM com os da Termomecânica de
2011 nos fornecem um bom parâmetro do patamar que pode ser alcançado pela Paranapanema neste
novo perfil, com a empresa modernizada e focada em cobre. É importante ressaltar que a PMAM não
deve chegar ao mesmo nível de retorno da Termomecânica, porque 78% da receita consolidada da
Paranapanema vem do smelter, área em que a margem é normalmente muito menor que a produção de
semielaborados, onde estão concentradas as vendas de sua concorrente. Porém, o comparativo serve
para mostrar que a margem normalizada da PMAM pode ser ainda maior que aquela alcançada no 4T12.
Empresa Margem Bruta Margem EBITDA Margem Líquida
Termomecânica (*) 21,7% 14,6% 11,7%
Pararapanema (**) 5,2% 4,3% 3,5%
Diferença 16,5 pp 10,3 pp 8,2 pp
(*) Dados do balanço anual consolidado de 2011
(**) Dados dos resultado do 4T12
Fonte: Termomecânica/Imprensa Oficial e Paranapanema
Em termos de múltiplos, podemos ver que a PMAM3 é negociada com desconto em relação às suas
concorrentes internacionais. A tabela seguinte relaciona os múltiplos em que 10 mineradoras focadas
em cobre são negociadas. Nesta tabela vemos que PMAM3 está sendo negociada com uma relação
Preço/Lucro para 2013 7,0x, que é 28% menor que a média de suas concorrentes. Para o P/L de 2014 o
desconto é de 31%. Comparado ainda o potencial de alta (Preço Justo/Cotação) para as ações da
Paranapanema que projetamos versus a média deste indicador para as empresas internacionais, temos
que PMAM3 está sendo negociada também com desconto.
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Figura 8: Comparativo de PLs
Figura 9: Endividamento
Empresa PL 2013 PL 2014 Pot. de Alta
Aurubis 9,4 8,8 24%
Inmet Mining 14,7 15,6 6%
Antofagasta 7,4 7,7 20%
Panaust 8,8 7,6 37%
OZ Minerals 17,2 12,9 61%
Lundin 9,9 8,5 48%
Boliden 9,4 7,3 18%
KGHM 8,3 9,1 7%
Vedanta 8,3 4,6 22%
Kazakhmys 3,2 3,6 65%
MEDIA 9,7 8,6 31%
Paranapanema 7,0 5,9 37%
Fonte: Bloomberg e Planner
Situação financeira
A PMAM tem uma excelente situação financeira. Considerando o endividamento líquido do final de
2012, comparado à geração de caixa anualizada do 4T12, a relação Div. Liq./EBITDA seria de apenas
1,8x. O endividamento da empresa está concentrado no curto prazo (66%), mas com dívidas em sua
maior parte constituídas por linhas de financiamento à importação (2/3 do total). Apesar dessa
concentração no curto prazo, essa não é uma situação de risco, dado que posição de caixa em Dez/12
representava 115% das dívidas vencíveis nos 12 meses seguintes. Um das razões da boa situação
financeira é o seu ciclo de conversão de caixa bastante curto. No 4T12, a empresa levou apenas 10 dias
para retornar seu caixa após o ciclo de produção, comparada a uma média acima de 90 dias a dois anos
atrás.
R$ milhões Curto Prazo Longo Prazo
Moeda Nacional 3 193
Moeda Estrangeira 535 80
Total por Prazo 538 273
Endividamento Bruto 810
Caixa 615
Dívida Líquida 196
Fonte: Paranapanema
A evolução da taxa de câmbio é um item de suma importância para a PMAM, seja pelo impacto no custo
das importações de sua principal matéria-prima (concentrado de cobre), nos financiamento em moeda
estrangeira (76% da dívida bruta) ou ainda nas contas a receber de exportações (42% do total de Contas
a Receber). A empresa se protege das variações cambiais através de instrumentos financeiros como
hedge e swaps.
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Em função da grande importância do cobre nos negócios da empresa (100% das vendas e 88% dos
custos de produção), a PMAM também realiza operações de hedge para se precaver das oscilações de
preço do cobre durante seu processo de produção. Os preços dos produtos acabados na venda já levam
em conta a variação de preços do cobre contido. As operações de hedge permitem que a empresa
esteja coberta dos riscos da taxa de câmbio e do preço do cobre durante seu ciclo de produção. Além
do cobre, a empresa também faz operações de hedge para a operação com outros metais como ouro e a
prata, subprodutos do refino do cobre.
A PMAM tem uma operação de Total Return Swap, em que a empresa detém uma posição ativa na
variação das cotações de suas ações e passiva em CDI. Esta operação envolve um volume de 3,2
milhões de PMAM3. Considerando a evolução dos dois ativos neste ano, a empresa já deve ter ganhado
R$6 milhões, aproximadamente, até março/2013.
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Figura 10: Mercado Mundial de Cobre
Cobre: metal valioso
O cobre é um metal de excelentes características de maleabilidade e condução de energia e calor, além
de ser resistente à corrosão, o que lhe garante uma forte demanda na economia moderna. O comércio
internacional do cobre movimenta US$100 bilhões ao ano, tendo o Chile como o maior supridor
mundial, respondendo por 1/3 da produção mundial. O maior consumidor mundial é a China, que utiliza
39% do cobre refinado produzido no mundo. Estima-se que as reservas mundiais de cobre sejam de 600
milhões de toneladas, sendo 60% delas concentradas em apenas quatro países (Chile, Peru, Estados
Unidos e China). As estimativas são de o Brasil tenha apenas 3% das reservas mundiais de cobre (17
milhões/t).
Segundo os dados do International Copper Study Group (ICSG), o mercado de cobre se encontra em
forte expansão, em função do crescimento do consumo chinês. Nos últimos dez anos (2003-2012) a
produção de concentrado de cobre cresceu 20%, enquanto o consumo de produtos refinados aumentou
30%. Para suprir esta diferença é cada vez mais importante a reciclagem. Neste período houve um
déficit de quase dois milhões de toneladas entre consumo aparente e a produção, fazendo com que os
preços entre 2003 e 2012 subissem 415%.
0
4.000
8.000
12.000
16.000
20.000
24.000
19
70
19
72
19
74
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76
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86
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90
19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
06
20
08
20
10
20
12
Mil
ton
ela
das
Prod. Concentrado Prod. Refinados Uso Refinados
Fonte: International Copper Study Group
Para 2013 as projeções do ICSG são de que a produção do minério de cobre (concentrado) deve crescer
6,4% sobre 2012. A produção em 2013 de produtos refinados, segundo o ICSG, deve aumentar 6% e o
consumo aparente 1,5%, com um excesso de produção de 458 mil toneladas, contra um déficit de 426
mil toneladas que ocorreu em 2012. Em 2012, a produção foi impactada negativamente por vários
problemas operacionais das empresas, fazendo que a oferta de produtos refinados crescesse apenas
1,5% contra uma evolução de 2,6% na demanda. O excesso de produção projetado para estes ano pode
conter uma evolução dos preços. Nos dois primeiros meses de 2013, os preços do cobre na LME
tiveram queda de 1%.
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08 de abril de 2013
Análise de Investimentos
Início de Cobertura
Figura 11: Cotação do Cobre na LME
A maior empresa do setor de cobre é a estatal chilena Codelco, que controla 20% das reservas mundiais
do metal e produz 1,8 milhão de toneladas/ano, volume equivalente a quase 10% do total mundial.
Outros produtores importantes são a americana Freeport-McMoRan Copper & Gold, a BHP da Austrália
e a empresa suíça Xstrata. Estas quatro empresas são responsáveis por 25% da produção mundial de
cobre.
Os preços do cobre tiveram uma alta muito forte nos últimos anos com o aumento do consumo na Ásia,
principalmente na China, a queda da qualidade nas minas e a ausência de novas reservas. Com isso, o
cobre saltou de US$ 1,8 mil/t no início de 2000 para um pico de US$8,8 mil antes da crise de 2008.
Durante a crise os preços caíram para um mínimo de US$2,9 mil/t, recuperando-se desde então para o
atual nível de US$7,4 mil/t. As previsões dos analistas de commodities compiladas pelo Bloomberg são
de que o preço médio do cobre em 2013 será de US$7,5 mil/t, que deve se manter neste patamar em
2014, subindo para US$7,6 mil/t em 2015. A evolução do preço do cobre não impacta diretamente os
resultados da PMAM, porque a empresa tem hedge para o metal durante o ciclo de produção.
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Fonte: Bloomberg
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08 de abril de 2013
Análise de Investimentos
Início de Cobertura
Figura 12: Balanço Patrimonial
(R$ milhões) 2010 2011 2012 2013E 2014E
Ativo Circulante 2.461 2.496 2.543 3.248 3.411
Caixa e Aplicação Financeiras 583 771 615 706 727
Contas a Receber 528 491 450 605 641
Estoques 1.147 1.026 1.330 1.788 1.894
Outros 202 209 149 149 149
Ativo Não Circulante 1.183 1.281 1.643 1.722 1.976
Outros Ativos Não Circulantes 125 158 238 238 238
Investimentos 1 12 12 12 12
Imobilizado 1.050 1.106 1.388 1.467 1.721
Intangível 7 4 5 5 5
Ativo Total 3.643 3.776 4.187 4.970 5.387
Passivo Circulante 1.533 1.849 2.310 2.848 2.973
Empréstimos e Financiamentos 664 537 538 538 538
Fornecedores 782 1.218 1.694 2.227 2.351
Salários e Encargos Sociais 38 42 46 46 46
Outros Passivos Circulantes 50 52 33 37 38
Passivo Não Circulante 339 265 415 415 415
Empréstimos e Financiamentos 256 213 273 273 273
Outros Passivos Não Circulantes 83 53 142 142 142
Patrimônio Líquido 1.771 1.662 1.462 1.707 1.999
Total Passivo e Patrimônio Líquido 3.643 3.776 4.187 4.970 5.387
Fonte: Paranapanema e Planner Corretora
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08 de abril de 2013
Análise de Investimentos
Início de Cobertura
Figura 13: Demonstração de Resultados
R$ milhões 2010 2011 2012 2013E 2014E
Receita Líquida 3.192 4.098 4.026 5.413 5.750
Custo dos Produtos Vendidos -3.036 -4.005 -3.842 -5.052 -5.347
Lucro Bruto 156 93 184 361 402
Margem Bruta 4,9% 2,3% 4,6% 6,7% 7,0%
EBITDA 134 42 125 361 417
Margem EBITDA 4,2% 1,0% 3,1% 6,7% 7,3%
Lucro Líquido 48 -48 -203 245 291
Margem Líquida 1,5% -1,2% -5,0% 4,5% 5,1%
Lucro por Ação - R$ 0,15 -0,15 -0,63 0,77 0,91
Valor Patrimonial da Ação - R$ 5,55 5,21 4,58 5,35 6,26
Crescimento das Vendas - % 27,1 28,4 -1,8 34,4 6,2
Crescimento do EBITDA - % -30,8 -68,6 196,6 188,5 15,6
Crescimento do Lucro Líquido - % -75,5 - - - 18,6
Fonte: Paranapanema e Planner Corretora
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08 de abril de 2013
Análise de Investimentos
Início de Cobertura
Ricardo Tadeu Martins, CNPI
Mario Roberto Mariante, CNPI*
Luiz Francisco Caetano, CNPI
Gustavo Pereira Serra
Victor Luiz de Figueiredo Martins, CNPI
Silvia Chandrowski Zanotto, CNPI-T
Gustavo Lobo, CNPI-T
Andre Seiti Tanaka
DISCLAIMER
EQUIPE
Parâmetros do Rating da Ação Nossos parâmetros de rating levam em consideração o potencial de valorização da ação, do mercado, aqui refletido pelo Índice Bovespa, e um prêmio, adotado neste caso como a taxa de juro real no Brasil, e se necessário ponderação do analista. Dessa forma teremos: Compra: Quando a expectativa do analista para a valorização da ação for superior ao potencial de valorização do Índice Bovespa, mais o prêmio. Neutro: Quando a expectativa do analista para a valorização da ação for em linha com o potencial de valorização do Índice Bovespa, mais o prêmio. Venda: Quando a expectativa do analista para a valorização da ação for inferior ao potencial de valorização do Índice
Bovespa, mais o prêmio.
Este relatório foi preparado pela Planner Corretora e está sendo fornecido exclusivamente com o objetivo de informar. As informações, opiniões, estimativas e projeções referem-se à data presente e estão sujeitas à mudanças como resultado de alterações nas condições de mercado, sem aviso prévio. As informações utilizadas neste relatório foram obtidas das companhias analisadas e de fontes públicas, que acreditamos confiáveis e de boa fé. Contudo, não foram independentemente conferidas e nenhuma garantia, expressa ou implícita, é dada sobre sua exatidão. Nenhuma parte deste relatório pode ser copiada ou redistribuída sem prévio consentimento da Planner Corretora de Valores. (*) Conforme o artigo 16, parágrafo único, da ICVM 483, declaro ser inteiramente responsável pelas informações e afirmações contidas neste relatório de análise. Declaração do(s) analista(s) de valores mobiliários (de investimento), nos termos do art. 17 da ICVM 483 O(s) analista(s) de valores mobiliários (de investimento) envolvido(s) na elaboração deste relatório declara(m) que as recomendações contidas neste refletem exclusivamente sua(s) opinião(ões) pessoal(is) sobre a companhia e seus valores mobiliários e foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação à Planner Corretora e demais empresas do Grupo. Declaração do empregador do analista, nos termos do art. 18 da ICVM 483 A Planner Corretora e demais empresas do Grupo declaram que podem ser remuneradas por serviços prestados à(s) companhia(s) analisada(s) neste relatório.