paranaíba

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A Popular A Popular Em 1918, Pedro Grande transferiu-se de Penápolis-SP para Paranaíba e trouxe consigo o primeiro automóvel para esta terra, modelo 1910, mais conhecido como “Carro de Bigode”. A capota era sobre quatro esteios, somente existindo duas marchas que se mudavam por intermédio de pedais e a aceleração era manual. Seu filho Antônio Grande era o motorista. Pedro aqui chegou vindo pela antiga estrada boiadeira passando por Lussanvira, Pereira Barreto e Porto do Tabuado. Montou sua oficina de consertos e fabricação de calçados, martelando a sola rústica, nunca supondo que uma oficina humilde mais tarde se transformasse em uma das grandes firmas existentes hoje em nossa cidade. Pedro Grande teve o dom de transferir a seu filho Antônio Grande toda a gama de virtudes que possuía, e nada mais justo, pois Antônio Grande lutou, trabalhou e, seguindo o exemplo de seu pai, transferiu mais tarde ao seu filho Walter Grande a oficina já próspera e que com o correr dos anos transformou-se no que hoje é: uma modelar instituição no ramo de calçados. Walter Grande desdobrou-se no trabalho e melhorou o estabelecimento. Arrojado por natureza compreendeu desde muito cedo as possibilidades do empreendimento e sem olhar para as dificuldades marchou firme para a luta dos negócios. Hoje, a “A Popular” é uma organização que serve a cidade e região com calçados das mais afamadas marcas da Indústria Nacional, administrada por Luiz Cláudio Grande, filho de Walter Grande. Já faz 22 anos que assumiu a loja, que hoje possui mais duas filiais na cidade, empregando 21 pessoas, e outras em Chapadão do Sul e Costa Rica (uma em cada cidade). O primeiro nome da loja foi apenas A Popular, modificado para A Popular Esportes (a loja tradicional) e também A Popular Modas. Além do nome, outras mudanças são em relação à estrutura do prédio, que foi melhorado no decorrer do tempo. Quando era A Popular, eram vendidos diferentes tipos de artigos na loja, hoje ela especializou-se em artigos esportivos e confecção.

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Page 1: Paranaíba

A Popular

A Popular

Em 1918, Pedro Grande transferiu-se de Penápolis-SP para Paranaíba e trouxe consigo o primeiro automóvel para esta

terra, modelo 1910, mais conhecido como “Carro de Bigode”. A capota era sobre quatro esteios, somente existindo duas

marchas que se mudavam por intermédio de pedais e a aceleração era manual. Seu filho Antônio Grande era o

motorista.

Pedro aqui chegou vindo pela antiga estrada boiadeira passando por Lussanvira, Pereira Barreto e Porto do Tabuado.

Montou sua oficina de consertos e fabricação de calçados, martelando a sola rústica, nunca supondo que uma oficina

humilde mais tarde se transformasse em uma das grandes firmas existentes hoje em nossa cidade.

Pedro Grande teve o dom de transferir a seu filho Antônio Grande toda a gama de virtudes que possuía, e nada mais

justo, pois Antônio Grande lutou, trabalhou e, seguindo o exemplo de seu pai, transferiu mais tarde ao seu filho Walter

Grande a oficina já próspera e que com o correr dos anos transformou-se no que hoje é: uma modelar instituição no

ramo de calçados.

Walter Grande desdobrou-se no trabalho e melhorou o estabelecimento. Arrojado por natureza compreendeu desde

muito cedo as possibilidades do empreendimento e sem olhar para as dificuldades marchou firme para a luta dos

negócios.

Hoje, a “A Popular” é uma organização que serve a cidade e região com calçados das mais afamadas marcas da Indústria

Nacional, administrada por Luiz Cláudio Grande, filho de Walter Grande. Já faz 22 anos que assumiu a loja, que hoje

possui mais duas filiais na cidade, empregando 21 pessoas, e outras em Chapadão do Sul e Costa Rica (uma em cada

cidade).

O primeiro nome da loja foi apenas A Popular, modificado para A Popular Esportes (a loja tradicional) e também A

Popular Modas. Além do nome, outras mudanças são em relação à estrutura do prédio, que foi melhorado no decorrer do

tempo.

Quando era A Popular, eram vendidos diferentes tipos de artigos na loja, hoje ela especializou-se em artigos esportivos e

confecção.

Page 2: Paranaíba

Festa de Santos Reis – Fazenda São João

As Festas de Santos Reis espalhadas pelo Brasil são uma grande tradição nos quatro cantos do país. Em Paranaíba uma

Festa de Reis que marcou a história dos devotos e participantes foi a Festa de Santos Reis na Fazenda São João, na

Velhacaria.

Altamiro Souza Silva, devoto assíduo dos três reis magos, conta que a criação da Festa surgiu a partir de uma promessa.

Segundo ele, em meados de 1981 um jovem sofreu um atentado a tiro, baleado no lado esquerdo do peito, a mãe do

rapaz “entregou” seu filho para os Santos Reis, e fez uma promessa que realizaria uma Festa de Santos Reis.

Passados três anos, Altamiro decidiu criar a Festa em sua Fazenda São João, situada na Velhacaria, região rural de

Paranaíba. Altamiro teve a ajuda de Enésio Rodrigues de Castro, que foi festeiro de Reis, mas não estava atuando.

Enésio só ajudou Altamiro após este garantir que iria buscar uma bandeira de Reis que estava localizada na Fazenda

Palmito, também em Paranaíba. “Após eu garantir que iria buscar a bandeira, o Enésio me ajudou com oito vacas, banha

de porco e uma caminhonete para eu organizar a Festa”, relembrou Altamiro.

Em novembro de 1984 Altamiro viajou para Frutal-MG e lá contratou alguns festeiros para animarem a futura Festa. De

Frutal, Altamiro passou com os festeiros na Fazenda Palmito, pegou a bandeira e seguiu até a Fazenda São João. Após

um dia da chegada da bandeira, Altamiro fez um “giro”, que durou onze dias, em toda a sua região, passando com a

bandeira de Santos Reis convidando para a Festa em sua fazenda.

Enfim, no dia 8 de dezembro de 1984 aconteceu a primeira Chegada e Festa de Santos Reis realizada na Fazenda São

João. “Foi uma Festa bastante animada com muita gente participando, cantarolando e festejando a chegada dos três Reis

Magos”, recordou Altamiro.

O proprietário da Fazenda São João e sua família realizaram quatro festas na localidade, além de 1984, também

realizaram em 1985, 1996 e 1999. Segundo Altamiro, sempre aconteceu Festas de Santos Reis na região da Velhacaria.

Os foliões cantam em dois grupos de três ou quatro vozes e tocam caixa, pandeiro, viola, violão, cavaquinho e

eventualmente uma sanfona. Cantadores e tocadores usam uma toalha branca bordada ao pescoço. Junto com a folia vai

uma bandeira com a estampa dos Santos Reis no presépio. Na chegada dos foliões a uma casa, os moradores recebem e

beijam a bandeira com grande emoção. Tem os cantos da chegada e da saudação com versos decorados e outros

inspirados pelo momento. O dono da casa faz com a bandeira uma volta na sala e em todas as dependências.

“Eu sempre fui devoto de Santos Reis e aquela festa, de 1984, com certeza ficou marcada para sempre na minha

memória e na memória de quem participou dela”, exclamou Altamiro.

Page 3: Paranaíba

Adilson Calixto Santos - Canarinho

Adilson Calixto Santos - Canarinho

Adilson Calixto Santos, o Canarinho, nasceu em 3 de abril de 1946, na cidade de Prata-MG, filho de João Calixto

Demétrio e Olívia Garnuina. Canarinho começou a cantar com dez anos de idade e aos 16 ganhou o seu primeiro

concurso tocando chorinho no cavaquinho. Na adolescência, Canarinho ganhava alguns trocados tocando e cantando em

pequenas festas e reuniões; era um exímio instrumentista.

Com 17 anos formou o primeiro trio de sua carreira, junto com Oripes Calixto Santos, seu irmão; e José Vieira. Era o

“Trio Canarinho”, Célio (Canarinho), Celmir (Oripes) e José Vieira. Em 1963 ganharam o primeiro lugar como melhor trio

em um concurso na Rádio Educadora de Uberlândia-MG. Em Ituiutaba-MG, na rádio Platina, ganharam a gravação de um

disco.

Em 1964, Oripes deixou o trio e veio para a zona rural de Paranaíba. Canarinho encontrou um substituto, João Batista

Silveira (Cenilton). Agora o trio era Célio, Cenilton e José Vieira. Tocaram juntos três anos com o nome de “Trio

Pratense”.

Em 1966, Canarinho, com 20 anos, veio para Paranaíba, trabalhar na lavoura junto com seu irmão na Fazenda Furna

Azul. Nas horas vagas cantava, animando festas nas fazendas circunvizinhas. “Guido Rodrigues Freitas, o nosso patrão,

incentivou meu irmão e eu a formarmos uma dupla. Ele foi o nosso padrinho e nos ajudou muito”, disse Canarinho.

Assim nasceu a dupla “Os Canarinhos – Célio e Celmir”. Eles ganharam o “Troféu Moraes César”, na Rádio Brasil de

Goiânia-GO, como melhor dupla.

Célio e Celmir realizavam shows em diversos estados, São Paulo, Minas Gerais, Goiás. Canarinho destaca as cidades de

Barretos-SP e Uberaba-MG. Passado algum tempo, a dupla conheceu um sanfoneiro de Cassilândia-MS, José de Almeida,

apelidado de “Zequinha Doido”, assim a dupla virou trio e ganhou o 1º festival da Música Sertaneja, realizado em

Paranaíba durante os festejos comemorativos ao aniversário da cidade em julho de 1972.

Após dois anos tocando com “Os Canarinhos”, Zequinha Doido deixou o trio e apresentou o sanfoneiro Juvenal Gomes

dos Santos que entrou para o trio com o nome de Celmar. O Trio Célio, Celmir e Celmar permaneceu junto por 12 anos,

realizando diversos shows e gravando três discos. “Fizemos shows em diversas cidades. As músicas de destaques eram

Chegando em Goiânia, Procurando Felicidade e Balança Morena. Até hoje as pessoas me pedem para ouvir essas

músicas”, disse Canarinho. O trio tinha um programa na Rádio Difusora aos domingos das 10h às 11h, chamado de

“Aonde Canta os Canarinhos”, trabalharam com os locutores Manoel Nogueira e João de Deus. O programa durou 10

anos.

Em 1978 Celmar foi assassinado. Canarinho continuou tocando com Celmar por mais um ano e depois se separaram.

A partir de 1980, Canarinho começou a sua carreira solo com o nome de “Canarinho do Sul” e até hoje faz shows com

sua viola em toda a região.

COLABORARAM: Adilson Calixto Santos (Canarinho), Daniel Castro e Márcio Seraguci

Page 4: Paranaíba

Santa Casa de Misericórdia

Santa Casa de Misericórdia

Corria a década de 1970. Paranaíba possuía na área da saúde o Hospital Nossa Senhora de Fátima, que pertencia aos

médicos Leolindo Vieira Coelho e a doutora Ana Lygia Mancini Coelho e, o Hospital São Sebastião, pertencendo ao doutor

Péricles Brandão. Na época não havia convênio público de prestação de assistência médica (SUS) à população carente.

Doutor Péricles, sentindo essa falha, se empenhou de todas as maneiras para o funcionamento de um hospital público,

mas necessariamente a Santa Casa de Misericórdia. Procurou então o prefeito, na época Antônio Augusto Corrêa da

Costa, a Câmara Municipal e auxílio do Lions Clube, principalmente o doutor Martinho Palma e Mello e José Leal, que se

prontificaram a colaborar, dando então início a reconstrução do prédio para que ali funcionasse a Santa Casa. Houve

também grande colaboração do doutor João Augusto Corrêa da Costa, amigo pessoal do doutor Péricles, secretário da

Saúde, e que, por muitos anos foi provedor da Santa Casa de Cuiabá-MT, deste teve recursos e ajuda na reforma do

prédio. Muito empenho do prefeito Antônio Augusto Corrêa da Costa e Câmara Municipal. Aqui um parênteses para

Valdemar Gonzáles, que, como mestre de obras muito se empenhou, sem nenhuma remuneração.

Conseguiram a construção da ala da enfermaria e foi dado início a construção dos apartamentos. Eleito presidente em

1974, doutor Péricles realizou um excelente trabalho cuidando especialmente da maternidade, liderando um trabalho

muito importante junto a população para que a Santa Casa fosse dotada de um aparelho de Raio X, o qual ele conseguiu

com a ajuda de Frei Pedro Holtz.

Este aparelho veio da Alemanha e serve a cidade até os dias de hoje. Trouxe também para a Santa Casa as Irmãs

Agostinianas de Malta, Irmã Eugênia e Irmã Antida Pace. Em 1980 é eleito novamente presidente do nosocômio, ficando

a nova diretoria assim constituída: Péricles Brandão, presidente; Francisco Rodrigues de Lima, vice-presidente; Ademir

Aguiar, primeiro secretário; Amilson Alves Queiroz, segundo secretário; Irmã Antida Pace, primeira tesoureiro; Natal

Ferreira de Freitas, segundo tesoureiro. A Santa Casa de Misericórdia serviu por muitos anos em seu antigo prédio, com

sua equipe de bons médicos a toda a população, principalmente aos mais necessitados. Esta foto registra a presença de

vários médicos e colaboradores da Santa Casa.

COLABORARAM: Maria Aparecida Neves Brandão, Márcio Seraguci, Daniel Castro e Leidiane Sabino

Page 5: Paranaíba

O comércio de Paranaíba!

O comércio de Paranaíba!

Paranaíba, situada no extremo oriental do Estado de Mato Grosso do Sul, é delimitada pelos rios Paranaíba e Aporé, uma

cidade que primou não só por seu vendaval de revoluções, mas também procurou sempre progredir, e, seu comércio

muito contribuiu para isto. Pelas décadas de 1930-1940, já era grande a estrutura econômica na parte da pecuária,

comunicações, transporte, educação e o comércio já estava bem evoluído, contando com muitas e diferentes casas

comerciais, que se situavam de preferência na principal rua, a Visconde de Taunay. Havia a Casa Paranaíba, Casa Daniel,

Farmácia Sant’Ana, Farmácia Royal, entre outras.

A mais conhecida era a Casa Queiroz. Nela se vendia de tudo; era constituída de dois setores: um de tecidos, calçados e

armarinhos; o outro de material pesado para uso nas fazendas. Vendia-se o arame farpado, os pregos para moirões e

porteiras, sal grosso para gado, soda caustica, querosene, panelas de ferro para uso em fogões de lenha e vários

utensílios de uso doméstico.

Era por meio do carro de boi que se fazia quase todo o transporte da mercadoria adquirida na cidade pelo fazendeiro.

Quanto mais pesado ficava o carro, mais bonito era o cantar de suas rodas, transporte rural nostálgico que já

desapareceu. De acordo com a condição do fazendeiro, as juntas de bois eram maiores e o carro mais bem construído. O

fazendeiro e seus peões chegavam logo pela manhã à cidade, faziam suas compras, adquirindo todo o necessário para o

mês em sua propriedade. Após as compras, almoçavam na casa do comerciante e seguiam depois de volta pela tranqüila

estrada.

Primeiro passavam pela casa dos parentes e amigos para um cafezinho e um bate papo. À tarde, pelas ruas arenosas,

sem calçamento, ouvia-se novamente o cantar dos carros de boi.

Aí vem aquela historinha do peão que na sua simplicidade tem muita sabedoria. Pergunta ele ao comerciante: “O senhor

vende fosfo?”. Resposta: “Eu vendo fósforo”. Num piscar de olhos retruca o peão: “Pensei que o sinhô fosse cumerciante

e não professor de purtugueis”.

COLABORARAM: Maria Aparecida Pereira Brandão, Leidiane Sabino e Márcio Seraguci

Page 6: Paranaíba

Vila de Sant’Anna

Vila de Sant’Anna

Ainda na época das bandeiras, vindas de São Paulo, a procura de riquezas e de índios para escravizar, chegaram os

destemidos bandeirantes a esta região de Mato Grosso. Índios e bandeirantes lutaram pela posse da terra por vários

anos quando em 1775, surge Antônio Pires de Campos, que com sua coragem e maneiras de conduzir a situação,

conseguiu a confiança de ambos os lados. Foi mais tarde envenenado por uma flecha.

Sobre a fundação da Vila de Sant’Anna sabe-se que, pelos meados de 1830, José Garcia Leal, fazendeiro e dono de

muitos escravos em Minas Gerais, fugindo de lutas violentas naquele Estado, abandonou suas propriedades e juntamente

com seus irmãos Januário Pedro e Joaquim, atravessou o rio Paranaíba, trazendo junto um grande rebanho de gados e

dezenas de escravos. Aqui fundou a vila e fixou residência a cerca três quilômetros dela. Logo a povoação se

desenvolveu, graças à chegada também de inúmeros forasteiros vindos de São Paulo e Minas Gerais, tomando maior

incremento principalmente com a abertura da estrada do Piquiri, ligando Cuiabá ao litoral, com um ramal para Uberaba e

outro para Araraquara, obra bastante incentivada pelos Garcias, que devassavam todo o sertão do sul do Estado, que

ficou conhecido pela denominação de “o sertão dos Garcias”. Em 11 de janeiro de 1836 o então presidente da província,

doutor José Pimenta Bueno, nomeava José Garcia Leal, diretor da povoação de Sant’Anna.

A primeira igreja foi construída sob a invocação de Nossa Senhora Sant’Anna, cuja imagem foi doada por Ana Angélica de

Freitas, esposa do Capitão José Garcia Leal. Pela Lei nº 5 de 4 de julho de 1857 a povoação foi elevada a categoria de

município. Ao termino do século, a Comarca era considerada o primeiro núcleo populoso do sul do Estado, pois devido a

sua invejável posição geográfica, limitando-se com Goiás, Minas Gerais e São Paulo, tornou-se na época, ponto de

passagem para inúmeras boiadas que demandavam aqueles estados.

Depois do falecimento de Manuel Garcia da Silveira, sucederam-se quatro revoluções. A primeira, a revolução Dionísio

Benitez; a segunda, João Luiz; a terceira, Olímpio Ribeiro; e a quarta só teve fim com a nomeação de um juiz de direito

para a Comarca, pelo Coronel Celestino Correa da Costa, então na presidência do Estado. O juiz nomeado, que veio do

Rio de Janeiro, via Uberaba, chegou aqui acompanhado de uma força de cinqüenta soldados do Exército, só aí começou a

ser restabelecida a paz. Sant’Anna pode enfim retornar à tranqüilidade e ao progresso.

COLABORARAM: Maria Aparecida Neves Brandão, Daniel Castro, Leidiane Sabino e Márcio Seraguci

Page 7: Paranaíba

Paranaíba atual

Paranaíba atual

Nossa cidade fez mais um aniversário e inicia uma nova etapa em todas as maneiras de viver. E você nos surpreende

como sempre, querida Paranaíba. É possível recordar perfeitamente trinta ou mais anos, quando ainda não havia uma

límpida e tratada água nas torneiras ou quando a eletricidade era frágil e racionada, servindo certas horas somente

quando havia uma necessidade imperiosa, como uma cirurgia que deveria ser feita as pressas. Muitas foram feitas à luz

de lampião.

Quando só tinha o Ginásio Estadual Wladislau Garcia Gomes, que para ser criado e implantado foram necessários anos de

esforços.

E eis como hoje estás bela e atual. Muitas escolas, vários cursos supletivos, faculdades bem conceituadas, praças floridas

e coloridas. Há um século e meio seus pioneiros desbravadores aqui chegaram, plantaram sua bandeira com seus

pertences, sua coragem e valentia. E a pequena e pacata vila (diga-se de passagem, que de pacata você nunca teve

nada) foi se transformando aos poucos em uma bela cidade.

Hoje, procura acompanhar tudo o que a vida moderna oferece. Paranaíba fez mais um aniversário. Que festa!!!

Alvorada desde seu primeiro aniversário, com fogos, banda de música e um belo amanhecer. Temos também desfile de

montarias ou cavalgadas.

Na festa de aniversário da cidade, os shows sempre é a parte mais esperada principalmente pela juventude. E a parte

principal é a exposição de gado, reses famosas premiadas que chegam para a festa, oriundas de toda região; mas o

rebanho de Paranaíba não fica atrás, os pecuaristas daqui expõem o que há de melhor.

A elegância entre as mulheres é impressionante, roupas típicas próprias para os festejos, roupas de outras festas que

também ficam apropriadas. Ainda falando da festa, o rodeio é um delírio para quem gosta.

Paranaíba, cidade forte e corajosa. Parabéns, Paranaíba! São 150 anos de história!

COLABORARAM: Maria Aparecida Neves Brandão, Daniel Castro, Leidiane Sabino e Márcio Seraguci

Page 8: Paranaíba

Mercado Municipal “Achilles da Palma e Mello”

Mercado Municipal “Achilles da Palma e Mello”

Nos meados do ano de 1963, o Lions Clube de Paranaíba, com menos de dois anos de instalação, resolveu partir para a

realização de sua primeira grande obra. Após meses de estudo, o clube resolveu construir um Mercado Municipal devido

a grande dificuldade, em decorrência das estradas de terra e a localização de Paranaíba dos centros produtivos, em

abastecer a cidade de verduras e legumes.

Foram convidadas duas famílias de imigrantes japonês que se dispuseram a mudarem-se para o município se aqui

houvesse lugar para comercializarem seus produtos. O clube procurou o local mais apropriado na cidade para erguer

essa obra. Localizado o local e de posse da planta da construção: 684 m² com 20 box e 24 bancas de verduras, o clube

partiu para a realização de inúmeras campanhas pretendendo obter os recursos necessários para a concretização dessa

idéia. Durante seis anos o clube trabalhou com afinco mesmo passando por inúmeras dificuldades, porém no mês de

julho de 1969 foi inaugurado em Paranaíba o Mercado Municipal que contou com a presença do governador Pedro

Pedrossian, de autoridades do município e cidades circunvizinhas que vieram para conhecer a obra edificada com o

intuito de solucionar o problema de abastecimento de verduras e legumes da cidade.

Em fevereiro do ano de 1970, com o falecimento do companheiro Achilles da Palma e Mello, o Lions homenageou esse

valoroso leão, em uma cerimônia pública, conferindo seu nome a essa primeira grande obra do clube; passando o

Mercado Municipal a ser chamado de Mercado Municipal Achilles da Palma e Mello.

Com o passar do tempo e dado desinteresse do município em administrar o Mercado Municipal que vinha prestando

grandes serviços à população e dado à instabilidade política da época, o clube registrou o prédio, rebatizando-o como

Mercado Achilles da Palma e Mello.

Com o surgimento dos mercadinhos, armazéns e mercados, a utilidade do mercado perdeu seu valor. Entretanto, fica

para a história de Paranaíba a grande realização da época e sua influência na mudança dos hábitos alimentares do povo.

Page 9: Paranaíba

Donana Paula – Pensão Matto-grossense

Nascida Ana Alves Gomes, entra para a história municipal com os nomes de: Ana Paula de Oliveira, este fato deve-se ao

sobrenome de seu marido; no seio familiar era carinhosamente chamada de “Sinhana” e ainda, Donana Paula da Pensão

Matto-grossense. Os nomes diferenciados não ofuscaram a personalidade desta importante mulher paranaíbense, pelo

contrário parece atribuir-lhe mais prestígio.

Donana Paula, nascida em 10 de abril de 1876, era filha da célebre Maria Antônia Alves Garcia e de Gervásio José

Gomes Garcia. Compartilhou em sua infância da companhia de dez irmãos: Francisca (Chiquinha), Joaquina (Quina),

Emerenciana, Tereza (Deda), Maria (Cota), Amélia, Senhorinha (Sinhá), Florentina (Fulô), Ananias (Nico) e Lázaro

(Lazim). Teve a infância e a mocidade passadas em um pequeno sítio nas proximidades da cidade de Prata, em Minas

Gerais.

Segundo a tradição familiar, acredita-se que, após a morte do pai Gervásio (1890), a família transfere-se para

Paranaíba, sendo que muitos de seus irmãos, inclusive os casados, fazem esta migração, ficando em Prata a filha

Emerenciana, que para cá se transfere anos mais tarde com seus sete filhos, após ter ficado viúva. A família “Maria

Antônia” estava reunida em Paranaíba.

Entre as filhas que para cá vieram solteiras estava Donana Paula, que tempos depois contraiu matrimônio com João

Paulo de Oliveira, filho do ilustre capitão Antônio Branco de Oliveira e sua ex-escrava e esposa Maria Jacintha da Silva.

Desta união, formou-se uma vasta prole composta pelos seguintes irmãos: Paulina, Lázara, Manoel, Maria, Maria Abadia,

Antônio, Leonísia, Gervásio, Balbina, Alvarina e Izaura Alves de Oliveira. Família numerosa que lhe trouxe inúmeras

alegrias – Donana deu a luz a sua última filha Izaura, ao mesmo tempo em que nascia sua primeira neta Áurea, filha de

Paulina.

Nas décadas de 1920/30, numa cidade como Paranaíba era difícil desenvolver qualquer atividade comercial; Paranaíba

era praticamente uma vila contando apenas com seis ruas, numa delas, na principal, chamada Rua do Comércio (hoje

Barão do Rio Branco), localizava-se as melhores residências e casas comerciais. Foi nesta rua que Donana instalou em

1919 sua “Casa de Pouso” ou a Pensão Matto-grossense, que resistiu ao tempo e funcionou até 1959. Após esta data a

pensão mudou várias vezes de proprietários e nomes; o prédio de grossas paredes e coberto com telhas de bica foi

demolido nos anos 90 com o nome de Pensão Brasil.

Donana, além de muito conhecida, eram também muito respeitada, sua palavra era bastante considerada pela

comunidade local. Era digna de todo o crédito. Por essa razão, foi encarregada pelos padres salesianos de Três Lagoas de

ser a “Guardiã” do patrimônio da Paróquia de Sant’Ana, nesta época composta pela velha matriz de Nossa Senhora do

Rosário (atual Matriz) e pela casa paroquial, o que ela fez com esmerado zelo de 1920 a 1945. Fundou o movimento

“Apostolado da Oração” em 1926, sendo sua presidenta vitalícia; participou ativamente da elevação do “sino Innocencia”,

justa homenagem prestada ao Visconte de Taunnay em 1934. Empenhou-se na reforma da Matriz de 1938 e em

companhia do Revmo. Pe. Agostinho Colli SDB lançaram a “pedra fundamental” da construção da torre da Matriz, a ser

construída em homenagem a Sant’Ana. Igualmente em 1943 ela é convidada de honra na inauguração desta mesma

torre. Com a chegada dos padres franciscanos (1940), agora como padres residentes, não exitou em continuar a

favorecer a paróquia com seu valoroso auxílio. Empenhou-se nas festas em prol a reconstrução da Casa Paroquial (1943)

e da Matriz (1945-49); acolheu, em 1955, as irmãs franciscanas até que pudessem ser instaladas no Educandário Santa

Clara. Faleceu em 19 de março de 1959.

Dela os mais antigos contam a seguinte historieta: Possuía fama de ser muito valente e corajosa; se por ventura alguma

coisa lhe desagradasse logo tecia ameaças, esconjuros, jurava justiça e outras tantas reações que intimidava a qualquer

um que ouvisse.

Certa feita, teceram ofensas ao seu genro Astolfo. A reação da velha Donana foi a de sempre: esbravejante com uma

espingarda descarregada em mãos bradava: eu bato, espanco, trucido e mato tal linguarudo. Um visinho de fundo, Sr.

Noginel Pegado, inocentemente lançou uns disparos para espantar uns urubus que estavam sobre sua casa. A valente

Donana, com o barulho dos tiros, caiu de susto desmaiada.

Pelo muito que ela fez à comunidade paranaibense e pelo carinho que dispensou aos que dela se aproximou, mereceu

com louvor ter seu nome imortalizado numa das ruas centrais da cidade.

COLABORARAM: Gastão R. Leal, Leidiane Sabino e Márcio Seraguci

Page 10: Paranaíba

A História do Teatro em Paranaíba

Em Paranaíba, essa tão antiga arte (teatro) foi cultuada por jovens de visão ampliada, idealizadores e amantes da

cultura, de mentes avançadas em seu tempo e realidade.

Na década de 1970 Willian Pereira, um menino paranaibense, brincava de fazer teatro de forma lúdica e improvisada com

os amigos. De 1972 a 1975, estudante no Educandário Santa Clara, fazia teatro com o incentivo da professora Luzia

Brito. Mudou-se para Ribeirão Preto-SP, onde cursou a 8ª série e o Ensino Médio. Estudou dois anos de arquitetura em

Londrina-PR, fez artes cênicas pela ECA-SP, ópera em Londres-Inglaterra e se especializou em direção e cenografia.

Willian Pereira é orgulho para os paranaibenses, já que hoje é destaque nacional e internacional, dirigindo profissionais

de respeito e admiração no cenário artístico dentro e fora do país.

Em 1977 surgiu em Paranaíba o Grupo TEL, dirigido por Sidney Santuci, grande teatrólogo, que realizou peças como As

Mágoas de D. Júlia. O grupo permaneceu até 1982.

Em 1981 entra em cena o grupo Scalla Teatro, Músicas e Danças, companhia que teve maior tempo de atuação na

cidade, sendo Lauro Marques o seu fundador e diretor. Os espetáculos foram apresentados na região e também outros

estados. O grupo era filiado a FESMATA (Federação Sul-mato-grossense de Teatro Amador), os integrantes participavam

de congressos e seminários em várias cidades do Estado e Capital. Paranaíba era reconhecida como “celeiro de artistas”

pela federação e pelo presidente na época Roberto Figueiredo, um dos grandes nomes do meio artístico da Capital e hoje

um dos coordenadores do FIC (Fundo de Investimento Cultural de Campo Grande). Por falta de apoio e investimento, o

grupo se desfez em 1989.

No início desta década, atuavam também em teatro a turma do JIC (Jovens Irmãos em Cristo), da comunidade Santo

Antônio, que faziam belos trabalhos em datas festivas, com a direção do padre Paulo de Aquino.

Em 1988 surgia o grupo teatral Caiapó, com formação e direção de Marley Cunha, estreando com destaque a peça: Na

Rua do Lazer Você Tem o Que Fazer. O grupo esteve em atividade até 1991.

Em 1987 nasceu o Grupo Teatral Ferreira de Morais, integrado por membros de uma mesma família, com apresentações

restritas e periódicas para a comunidade Santo Antônio e Salomé, as peças e sketes eram encenadas de fatos e

personagens reais do município, atuando com trabalhos de dramaturgia cômica e dramas como: O Mal que se Pagou com

o Bem; Retrato de Mãe; O Nascimento do Menino Jesus.

Nos anos de 1995 e 1996 surgiu o FESTTPAR (Festival Teatral de Paranaíba), coordenado pelo grupo Arte Nova da

Paróquia Santana, dirigido pelo padre Valcik. O festival, que durava uma semana, acontecia no anfiteatro do Educandário

Santa Clara, que, segundo pessoas ligadas à arte, tem o palco mais apropriado para teatro em Paranaíba. O grupo Arte

Nova atuou de 1994 a 1996, os trabalhos realizados foram: Casa de Bonecos; Castelo Mal-Assombrado; e Negra Gente

Brasileira, este concorrido no Festival de Osasco, conseguindo o 2º lugar.

Em 2005 formou-se o grupo AGIR, atualmente também desativado.

Em 2002, a empresa de telefonia CTBC fez parceria com a Escola Municipal Major Francisco Faustino e dos projetos

trabalhados havia o Teatro na Escola, daí nasceu o GRUMATA (Grupo Majorense de Artes Amadoras) “Criatividade em

Evidência”, idealizado por Hamilson Morais e mantido pela prefeitura e a comunidade Major, um projeto que utilizava as

artes cênicas como ferramenta para melhorar a aprendizagem dos alunos do Ensino Fundamental, dirigido pelos

professores Hamilson Morais e Janeth Munhóz. Resultando em espetáculos, cujos textos eram de autoria do próprio

grupo e o diretor Hamilson Morais. Trabalhavam ainda musicais, dança e recitação de poemas. O GRUMATA atuou de

2002 à 2006.

Hoje, o desejo de crianças e jovens de fazer teatro se torna inviável pela falta de uma política efetiva de incentivo. Os

amantes do teatro crêem que, com a construção do Memorial de Inocência, que proporcionará a tão desejada e

necessária Casa da Cultura, com um anfiteatro digno, possibilitará a continuidade dos grupos ou surgimentos de novos

que cultuam essa arte do universo mágico, contada em tempo real e ao vivo.

27 de março é dia do Teatro. E VIVA O TEATRO!

COLABORARAM: Hamilson Morais, Leidiane Sabino e Márcio Seraguci

Page 11: Paranaíba

Inauguração do Paranaíba Tênis Clube

Inauguração do Paranaíba Tênis Clube

A construção do PTC (Paranaíba Tênis Clube) foi iniciada pelos gerentes dos bancos da cidade e alguns médicos,

possivelmente no ano de 1971, no primeiro ano construíram a piscina e os vestuários. Uma média de 100 sócios

proprietários contribuíam mensalmente com 2 mil cruzeiros para a construção. Depois, para a conservação e ampliação

do clube.

O primeiro presidente indicado foi Antônio Sidney Vecchi, em 1971, que atou por um ano na diretoria e, junto com todos

os membros da diretoria, empenhou-se para ver o sucesso do clube.

O PTC, localizado até hoje na Rua Juscelino Kubistschek, 517, Centro, realizava bailes, festas de debutantes, churrascos,

shows com cantores famosos e outros eventos.

É inquestionável que o PTC foi o cartão postal da cidade nas décadas dos anos dourados, sendo considerado o clube mais

moderno e sofisticado do Estado.

A posse da Primeira Diretoria Executiva, legalmente constituída através da primeira eleição realizada pelo clube com os

sócios proprietários, ocorreu em 5 de fevereiro de 1973, às 19h, sob a direção do Dr. Péricles do Amaral Brandão, que

através de sua eleição para presidente do PTC, deliberou os membros da Diretoria Executiva, que assim ficou definida:

Dr. Élio Robalinho – vice-presidente; Zenith de Souza Faria – diretor aquático; Dr. Walter Faustino Dias – diretor social;

Evandro Salgueiro – secretário.

A ata foi assinada por todos os presentes na reunião. A vida social passou por diversas transformações, mas os que

viveram a época do brilho e suntuosidade sabem que foi algo que teve uma história distinta com todo seu glamour e

encantamento.

Na gestão do Dr. Péricles foram construídas as dependências sociais e o salão de baile. A memória como parceria

obrigatória da vida vivida possui variações nos diversos patamares da nossa existência. O conhecimento do passado nos

faz consciente de como se construiu tudo aquilo que usufruímos. E a vida social de uma cidade é muito importante. Após

a posse da primeira diretoria foi organizado e realizado o primeiro baile de gala para a inauguração das dependências

sociais e da sede do PTC. Isso ocorreu no dia 29 de dezembro de 1973.

A noite estava belíssima, o salão iluminado e majestoso, nada se comparava a sua primeira apresentação. Os convites do

baile bem elaborados traziam na contra-capa os dizeres: “na reserva de esperanças de sua integridade, a sociedade

paranaibense busca sua renovação e recebe as debutantes de 1973. Patronesse do Baile: Ângela Maria Favi, Miss Brasil

1972. Apresentador: Carlos Alberto Nóbrega, âncora do programa humorístico A Praça é Nossa, do STB. Conjunto: New

Boys. Era verdadeiramente o primeiro baile de gala acontecendo em Paranaíba: os cavalheiros, todos de terno e gravata,

as damas com seus vestidos longos e jóias cintilantes.

A apresentação do mesmo foi feita pelo jornalista Drauzio Magnani Zana. Diretoria, composta pelo presidente Dr. Péricles

e vice-presidente Dr. Élio Pereira Robalinho, foi muito cumprimentada pelo êxito do evento.

Os diretores do clube eram trocados anualmente, porém, depois de uma alteração do estatuto, em 1999, a eleição

passou a ser feita a cada dois anos.

Hoje, o clube possui aproximadamente 800 sócios, é presidido por Itamar Fernandes Bezerra, que já esteve na

presidência de 1996 a 1999. Hoje, também são oferecidas várias opções, como academia, boates, almoços, festas

comemorativas e outros.

Page 12: Paranaíba

Presidentes do Paranaíba Tênis Clube, pela ordem cronológica:

Antônio Sidney Vecchi – 1971/1972

José Aldo de Moura – 1972/1973 – 1977/1978

Péricles do Amaral Brandão – 1973/1974

Evandro Eurico Salgueiro – 1974/1975

Carlos Joaquim Rodrigues Cunha 1975/1976 – 1978/1979

Zenith de Souza Faria – 1976/1977

Nilo José Leal – 1979/1980

José Carlos Grande 1980/1981

Rodolfho Schmid – 1981/1982

Otaciano de Melo – 1982/1983 – 1984/1985

Gregório Garcia – 1983/1984

Barbabé Tannus Carvalho – 1985/1986

Air Tannus Carvalho – 1986/1987

José Cândido Alves Filho – 1987/1988

Waldemar Garcia Leal – 1988/1989

Ivanildo Amaral de Queiroz – 1990/1991

Arenci Ferreira de Oliveira – 1989/1990

Carlos Paulo Silva – 1991/1992 – 1992/1993

Solivan Aparecido Gouveia – 1993/1994

Wilmar Nunes Lopes – 1994/1995 – 2001/2003

Itamar Fernandes Bezerra – 1996/1999

Paulo César da Silva Queiroz – 1999/2001

Valter Alves de Souza – 2003/2005

José Carlos Mignoli – 2005/2006

Itamar Fernandes Bezerra - 2006

Colaborou: Maria Aparecida Neves Brandão, Leidiane Sabino e Márcio Seraguci

Page 13: Paranaíba

Brasilina Rodrigues Nunes (Dona Bitinha) - Pensão Dona Bitinha

Brasilina Rodrigues Nunes, conhecida como dona Bitinha, nasceu em Paranaíba em 18 de fevereiro de 1891. De seu

primeiro casamento com José Nunes Ribeiro nasceram Moiceta, Julieta, Rodrigo, Geraldo, Guaraci e Luiz. Seu segundo

marido foi Trasíbulo dos Santos, com o qual teve o filho João Batista Nunes Ribeiro.

Dona Bitinha ficou viúva de seu primeiro marido aos 28 anos de idade. José Nunes foi assassinado com um tiro certeiro

no coração e morreu nos braços de sua esposa.

Seu segundo marido era baiano e veio para Paranaíba com mais 40 baianos que tentavam uma vida melhor em outro

Estado. Dona Bitinha separou-se do seu segundo marido quando tinha 38 anos de idade, ainda grávida.

Para sustentar seus filhos, Bitinha desprovia-os do conforto para oferecer as camas às pessoas que chegavam de

viagens, também oferecia refeição. Assim surgiu a pensão Dona Bitinha.

A ampliação definitiva do prédio saiu no ano de 1939, conseguida por meio do trabalho árduo para sustentar seus filhos.

Colocou os seus filhos para estudar fora, Geraldo e Luiz, ambos formados em advocacia na cidade do Rio de Janeiro-RJ.

Mais tarde, deixou o filho mais novo João Batista, com 10 anos de idade, acompanhar os irmãos já instalados na cidade

maravilhosa.

João Batista formou-se em contabilidade e voltou para Paranaíba aos 30 anos.

Assim que ficou viúva, passou por momentos críticos, como mulher sozinha, passou fome e foi desprezada pela

sociedade.

Quando casada teve uma vida farta, foi dona de terras em Paranaíba e Lagoa Santa-GO. Era analfabeta e por isso foi

enganada e perdeu sua fortuna para pessoas esclarecidas.

A única coisa que restou foi uma pequena casa, a qual usou como moradia e para ser a sua pensão, na Praça da

República, 250, onde vive hoje a sua neta Soraya Nunes Amaral e sua família, e também funciona um escritório de

advocacia. Parte da construção primária do prédio foi mantida até hoje.

O local chegou a ter 13 quartos (de duas a quatro camas cada) e empregava em torno de seis pessoas.

Sua pensão teve influência política e um dos políticos renomados da época e seu amigo, que teve presença constante em

sua casa, foi Felinto Muller.

Dona Bitinha sofreu sete derrames, por isso, a partir de maio de 1976, a pensão passou a ser cuidada pelo seu filho João

Batista. Enquanto doente, ela recebeu os cuidados da nora Irany Amaral. Em 26 de setembro de 1976 dona Bitinha

faleceu.

A pensão durou até 1986, quando foi ampliada a avenida Gustavo Rodrigues da Silva, fato que ocasionou a derrubada de

parte da pensão.

Esta foi a primeira pensão da cidade. Foi muito movimentada durante todos os seus anos de funcionamento, até mesmo

com a construção de hotéis na cidade.

Pensão Dona Bitinha hospedou músicos, políticos e muitas outras pessoas, importantes ou não. Dona Bitinha amava o

seu trabalho. Segundo sua família, era muito alegre, caridosa e gostava da presença dos netos.

Ela investiu muito em sua pensão, o que proporcionou uma vida melhor para seus filhos.

Page 14: Paranaíba

Casa do Artesão

Casa do Artesão

Inaugurada em maio de 1977, a Casa do Artesão de Paranaíba veio realizar o sonho dos artesãos do município, que

antes vendiam seus produtos de porta em porta, com grandes dificuldades, sem um lugar adequado para expô-los. Seu

primeiro endereço foi na esquina da rua Coronel Carlos com a Tiradentes, numa casa antiga alugada pela Pro-Sol,

entidade presidida pela então primeira dama do Estado de Mato Grosso, Maria Lygia, que tinha como objetivos principais

oferecer oportunidades de trabalho e divulgar a arte.

Várias autoridades compareceram à inauguração, que foi marcada pela presença de dezenas de pessoas, entre elas,

diversos estudantes, levados pelos professores para conhecerem a cultura da cidade e do Estado, pois ali estavam

expostas diversas peças do artesanato indígena das tribos Kdwéus, Terena e Carajás.

A Casa do Artesão também oferecia cursos profissionalizantes como pintura, crochê, tricô, jardinagem, culinária e outros.

Além do intercâmbio entre cidades, essas casas de artesanato tornaram-se conhecidas em todo o país, participando

ativamente de importantes eventos como a Feira do Candango, Feira da Bondade, Feira Nacional do Artesanato, atraindo

interesse até de países como Japão e França. Os artesanatos de Paranaíba e Cassilândia sempre se destacaram com a

originalidade e o colorido dos balaios e peneiras e as peças em madeira; e Aparecida do Taboado, com a arte em

cerâmica. As redes cuiabanas eram muito apreciadas pela trama típica e o rico colorido.

A primeira dirigente da Casa do Artesão de Paranaíba foi Ivone Menezes Pereira, que, apesar das dificuldades, sempre

contou com o apoio das autoridades, do comércio local e de um grupo de pessoas muito especiais, que lhe deram todo o

estímulo necessário aos cursos e às campanhas filantrópicas ali realizadas. Todos os móveis e utensílios foram doados e

o artesanato exposto era quase todo em consignação.

Do pequeno lucro das vendas, a casa foi adquirindo as peças e incentivando os artesãos. Muitos deles se destacaram pela

dedicação e criatividade, principalmente o senhor Zezinho, com suas gamelas e colheres; o senhor Waldomiro (de

Cassilândia), com as belíssimas peneiras de tramas coloridas e da Mara, a sorridente artesã dos lindos e cobiçados

balainhos. Ela colhia a matéria prima na região dos coqueiros, embrenhando-se no mato com muita coragem, com medo

das cobras e fugindo das pegadas das onças. Chegava sempre impecável, com seu inseparável lencinho na cabeça,

dizendo, bem humorada, que, a qualquer momento, poderia ser devorada pela onça.

Depois da divisão do Estado, aos poucos, a Casa do Artesão foi se consolidando, abrilhantada também pelos artistas

plásticos e artesanato diversificado, expressando nas suas cores e formas, toda a riqueza das tradições paranaibenses.

Trinta anos depois, a Casa do Artesão (atualmente subordinada ao município) continua em pleno funcionamento, à rua

Wladislau Garcia Gomes, 1185, comprovando que o artesanato fascina, pois cada peça carrega consigo um pouco da

alma de seu criador, traduzindo a sua sensibilidade e o seu amor à arte.

COLABORARAM: Ivone Menezes Pereira, Leidiane Sabino e Márcio Seraguci

Asilo Santo Agostinho

Page 15: Paranaíba

No início da década de 1970, sob a direção dos padres agostinianos, época de muito progresso para a igreja, a qual se

abria naquele período para o trabalho laical, firmavam-se os movimentos jovens: JOC (Comunidade Nossa Senhora dos

Pobres – Bairro industrial de Lurdes), JUC (Comunidade Nossa Senhora Santana – Igreja Matriz), JEC (Comunidade São

José – Bairro São José), JUNSA (Comunidade Nossa Senhora Aparecida – Jardim América) e JIC (Comunidade Santo

Antônio – Bairro Santo Antonio). Tais movimentos, entre outros, se destacavam a nível nacional por lutarem contra a

ditadura militar. Havia, também, movimentos de casais e outros, caracterizados como movimentos de solidariedade.

Em 1974, o senhor Daniel Martins Ferreira doou um terreno e, em seguida, foram comprados mais sete terrenos, com

verbas de quermesses e pedidos de “adjitórium” promovidas pelo companheiro Lázaro Nunes de Freitas, com a ajuda do

inesquecível e incansável padre Adeodato Carmelo Schembri - completando oito lotes, sendo quatro deles com escritura

Pública lavrada em nome da Diocese de Três Lagoas e os demais em nome da Fundação dos Agostinianos, onde está

hoje construído o lar para idosos “Santo Agostinho” – fruto de corações que souberam enxergar a face do Cristo sofredor

no rosto do irmão menos favorecido pela sorte.

Naquela época, já havia muitos desabrigados e famílias inteiras moravam às margens de estradas e becos sem saídas

nos arredores da cidade. Seu Zote (João Ferreira Rodrigues), que era membro fiel e ativo da Comunidade Católica

Paranaibense, e é ainda reconhecido como legítimo “Fundador” e “Benfeitor” máximo do Asilo Santo Agostinho, iniciou a

construção de casas de madeira, com resto de materiais e ajuda de muitos benfeitores que doavam o que não mais

usavam, além de voluntários que doavam a mão de obra. Desta forma, foram construídas, em 1973, oito casas de

madeiras conjugadas ao terreno do asilo. Cada residência era composta por dois quartos e cozinha com seu tradicional

fogão à lenha. A água era proveniente de numa cisterna, que servia aos moradores, e não havia energia elétrica nas

casas.

Em 1981, numa noite do mês de setembro, ocorreu um grave acidente na então Vila Santo Agostinho (como era

chamado o Asilo), pois um incêndio atingiu as casas, visto que a primeira sede, que abrigava oito famílias, era construída

com madeiras e coberta com telhas francesas.

O fogo, provavelmente provocado por uma lamparina, iniciou-se na casa do residente de alcunha “Cearense”

(alcoólatra), incidiu rapidamente sobre as demais casas, e queimou-as totalmente, além de vitimar três moradores –

Cearense, Isabel e outro residente, sendo os dois últimos surdos-mudos.

O prédio em alvenaria, de mil metros quadrados, já estava em fase de construção, mas ainda não podia acolher os

internos, pois não contava com teto, portas, janelas, pisos; ainda faltavam muitos detalhes para concluí-lo.

Os desabrigados, então, foram levados para os pavilhões do Parque de Exposições, onde permaneceram por cerca de

trinta dias. Após esse terrível episódio, apressaram as obras de acabamento. Seu Zote, Lázaro Nunes de Freitas e Pe.

Adeodato retornaram o “peditório” (palavra utilizada pelos três benfeitores), em busca de auxílio para construir a nova

sede do asilo. Foi nessa época que o trio recebeu o apelido de “desmancha rodinha”, pois os grupos de amigos se

desfaziam quando algum deles se aproximava, pois sempre pediam ajuda para a construção da nova sede do Asilo ou

vendiam uma cartela de bingo ou rifa, com a renda destinada ao mesmo fim. Terminada a obra, os residentes

desabrigados puderam retornar ao lar que foi para eles construído.

O tempo passou, mas a obra continua. O prédio do Asilo passou por diversas reformas e ampliações, graças às pessoas

que, sensibilizadas com os idosos, não mediram esforços para melhorar as instalações do lar.

A Obra Social Nossa Senhora Santana foi instituída em 29 de setembro de 1976 e tendo o seu primeiro estatuto

aprovado naquela data, houve a necessidade de eleger uma nova diretoria, para cuidar do Asilo. Para tanto, em 30 de

setembro do mesmo ano, procedeu-se a votação da primeira diretoria, para o triênio 1976/78.

Uma curiosidade é o fato de que o senhor Zote, o qual nunca havia aceitado o cargo de presidente até então, assumiu

ininterruptamente este até o ano de 1997, ficando ele responsável pela aquisição de carne para o Asilo, e mesmo após

esta data, continuou incansavelmente à frente dos trabalhos de arrecadação, até o ano de 2005, quando foi acometido

por um AVC, que deixou sérias seqüelas, dificultando sua locomoção. Mas nem por isso ele deixou de trabalhar em

benefício aos internos do Asilo. Usando sempre sua credibilidade e influência. Seu neto Moisés continua na caminhada

iniciada por seu saudoso avô.

COLABORARAM: Lázaro Queiroz de Freitas, Mariana Sudária de Souza e Freitas, Daniel Castro, Leidiane

Sabino e Márcio Seraguci

Page 16: Paranaíba

Festa da Padroeira

Festa da Padroeira

No então povoado de Santa’Anna (nossa atual cidade), quando da vinda do padre Francisco de Salles Souza Fleury, vindo

da cidade de Franca, interior de São Paulo. Aqui chegando tratou logo da construção de uma igrejinha sob a invocação de

Nossa Senhora Santa’Anna, cuja imagem foi oferecida pela senhora Angélica de Freitas, esposa do Capitão José Garcia

Leal, sendo o padre Fleury o primeiro pároco da nova “freguesia”, que também elevou a Distrito de Paz, com seus limites

pelos rios Paraná, Paranaíba e Correntes, a Serra de Caiapó e Rio Pardo.

O tempo vai passando e a igrejinha simples precisando de novos reparos. Com a chegada do padre franciscano Frei

Pedro Holtz e seus companheiros, inicia-se a construção da primeira matriz na cidade. Construção que exigiu muito

esforço, começando que para fazer o barro havia necessidade de ser retirada a água do poço.

Com o objetivo de adquirir meios financeiros para a construção dá-se início a novena de Santa’Anna, que começava com

a “reza”, benção do Santíssimo (na época não celebrava missa a noite). Logo após, dava-se início aos festejos até o

encerramento da novena no décimo dia. Era a maior festa da cidade; com suas barraquinhas feitas de madeiras leves,

com telhado de pano situadas no largo (lugar da atual Praça da República); aí se divertiam tanto as crianças como os

adultos, com pescarias, acertos de garrafas e as doações de prendas e bandejas.

Prendas: as pessoas davam o que quisessem para ser leiloado, e as bandejas eram verdadeiras obras primas de

culinária. Nelas a dona de casa que fazia a doação, colocava os mais gostosos quitutes da região. Assavam frangos e

leitoas, doce de leite, de mamão, pão, rosca, broas de milho, pão de queijo e uma garrafa de vinho.

Tudo feito com amor, a bandeja era arrematada por quem oferecesse mais ao leiloeiro. No último dia da novena era

celebrada a missa campal pela manhã, seguida de um leilão de gado que os fazendeiros doavam à santa.

A tarde realizava-se a procissão com a coroação da santa em um andor todo enfeitado, feito por crianças vestidas de

anjos, e, ao final, era “entoado” o Hino Oficial da Padroeira.

“Senhora Sant’Anna atende aos rogos dos fiéis que...”

COLABORARAM: Maria Aparecida Pereira Brandão, Daniel Castro, Leidiane Sabino, Márcio Seraguci

Page 17: Paranaíba

O grande papel do Banco do Brasil na região de Paranaíba

O grande papel do Banco do Brasil na região de Paranaíba

A instalação do Banco do Brasil representou, no início da década de 1960, um enorme fator de desenvolvimento para a

região de Paranaíba. Aliás, foi o segundo banco a ser instalado na cidade, porém com um volume de negócios

incomparável, atendendo prioritariamente a agropecuária. A agência, situada estrategicamente no centro de Paranaíba,

na rua Barão do Rio Branco, 309, passou a atrair clientes de toda a região, desde Aparecida do Taboado até Cassilândia,

criando na cidade um movimento sem precedentes de pessoas em busca de crédito, regularização de suas propriedades,

realização de negócios, aquisição de produtos agropecuários e de equipamentos pesados (data daquela época a

instalação, na cidade, da primeira representação de tratores Valmet).

Atendendo à política governamental de apoio ao pequeno produtor, criada no tempo de Jânio Quadros, o Banco do Brasil

em Paranaíba abriu uma carteira milionária para atender, a juros simbólicos, a milhares de agricultores de parcos

recursos, proprietários ou arrendatários de pequenas glebas, mas que viam nesses empréstimos – sem quaisquer

garantias – uma feliz oportunidade de ascensão econômica. Anualmente, nos meses de agosto e setembro, quando as

terras estavam sendo preparadas para o plantio, em Paranaíba se concentrava uma enorme população flutuante que

acorria ao Banco do Brasil para apresentar suas propostas de financiamento, atendidas em quase 100% dos casos. Nem

precisa comentar o grande fomento, nessa época, dos negócios na antes tão pacata cidade de Paranaíba. Na realidade, a

cidade, ainda sem qualquer calçamento, estava despreparada para tamanho afluxo de pessoas e carros e as

conseqüentes demandas de serviços e produtos, porém já estavam se consolidando os requisitos para o crescimento da

região.

Quem eram os funcionários da nova agência bancária instalada? Uma pequena minoria provinha do então Estado de Mato

Grosso. A grande maioria era constituída de paulistas que, ao chegar à cidade, não deixava de encantar-se pela acolhida

de seu povo e pela beleza da região, a qual pouco diferenciava da paisagem descrita por Visconde de Taunay em seu

famoso livro “Inocência”, que tem como cenário a região paranaibense.

Os novos bancários para cá traziam as últimas modas, as músicas em maior evidência, seus costumes e maneira própria

de falar.

Naquela época, a comunicação, como hoje a entendemos, era extremamente precária e a troca de informações estava

extremamente dependente desses contatos com pessoas vindas de fora. Para se fazer uma idéia, em 1966, quando o ex-

funcionário Waldemar Silvestre Carlos foi transferido para Franca (SP), ainda não havia chegado até Paranaíba qualquer

notícia veiculada por jornal ou rádio sobre o início do sucesso da Jovem Guarda ou dos Beatles. Mas, independentemente

disto, a cidade era acolhedora e sabia criar seu próprio mundo de distrações, mesmo quando, por volta de 1964, uma

chuva torrencial fez ruir a única represa da cidade, responsável pelo fornecimento de energia elétrica na cidade. Agora,

as “brincadeiras dançantes” ocorriam à luz de lampiões, aumentando a emoção dos “baladeiros” daquela época. Em

julho, a Lagoa Santa, em que havia horário distinto para homens e mulheres, era o destino obrigatório dos funcionários

do Banco do Brasil bem como dos paranaibenses em geral.

Com a revolução de 1964, alguns funcionários do Banco do Brasil de São Paulo e Rio de Janeiro, certamente caídos em

desgraça, foram transferidos para Paranaíba. Apenas um deles – uma das pessoas mais cultas e entendidas em música

erudita que o autor desta já conheceu – acabou aceitando a remoção, o que, em certo sentido, foi gratificante para os

funcionários do Banco do Brasil que residiam em república, uma vez que passaram a usufruir do convívio com a música

clássica.

Para se falar do Banco do Brasil em Paranaíba, entre 1961 e 1962, não se deve omitir quatro funcionários da agência,

informais fundadores da agência: Armel Rodrigues da Silva, natural de Três Lagoas, hoje falecido, apaixonadíssimo pela

orquestra de Ray Coniff, o qual era um verdadeiro relações públicas da cidade, no sentido de introduzir seus colegas na

então fechada sociedade paranaibense; noivo e depois casado com Vilma, paranaibense da gema, eram de sua iniciativa

Page 18: Paranaíba

ou de seu estímulo as famosas brincadeiras dançantes de então; Celso Moraes e Castro, vindo de Juiz de Fora, casado

com Detinha, filha de tradicional família paranaibense, já falecida, era um exímio jogador de futebol, animando, com

seus colegas, as tardes de domingo na cidade; Jair Alves de Souza, também casado com uma paranaibense, tinha um

sonho: a criação de um jornal em Paranaíba; juntamente com o autor deste texto, Waldemar Silvestre Carlos, criou “A

Bateia”, o primeiro jornal impresso da cidade, que tratava de assuntos ligados à região, crônicas sociais e algumas

incursões na área cultural. O jornal, de tiragem mensal, impresso em Três Lagoas e subsidiado pela Prefeitura Municipal

de Paranaíba, teve curta duração, uma vez que uma crítica à administração municipal sustou aquele subsídio; Sebastião

João Fernandes Andrade, de São Carlos (SP), casado com a paranaibense Dair, boêmio da melhor cepa, o qual introduziu

em Paranaíba o prazer das noites prolongadas ao som de uma seresta ou ao sabor de um galinhaço. Por último, não

devemos esquecer de Alberto Policaro, o segundo gerente do Banco do Brasil em Paranaíba, cujo incrível dinamismo

imprimiu um impressionante impulso ao desenvolvimento da região, através dos financiamentos agropecuários; esse

funcionário, na década de 90, ascendeu ao importante cargo de presidente do Banco.

Apesar dos reclamos da administração local do Banco do Brasil e da própria sociedade paranaibense, até 1966 o governo

federal não havia aberto qualquer linha de crédito na área industrial, somente acontecendo longo tempo depois.

A essa grande instituição Banco do Brasil, a seus funcionários e à sociedade paranaibense que muito lutou pela instalação

daquela agência, muito deve o grande progresso ocorrido na década de 60 na região, no século passado, iniciando o

processo de transformação econômica que culminou com a moderna Paranaíba destes tempos.

COLABORARAM: Waldemar Silvestre Carlos, Leidiane Sabino e Márcio Seraguci

Page 19: Paranaíba

Pensão Santos Reis

Pensão Santos Reis

Em julho de 1959, João Batista de Paula, conhecido por João Pedro, e Lúcia Correia de Andrade, vindos da fazenda

Tamandaré, município de Paranaíba, iniciaram suas atividades no ramo de pensão, trouxeram seus filhos Sebastião

Correia, Cleusa, Guilhermina (Filhinha Correia), Jairo, Eva e a sobrinha Santinha. João Batista mudou-se para cá para

fazer tratamento e dar estudos aos filos. Faleceu no dia 25 de junho do ano seguinte e Lúcia Andrade continuou tocando

a pensão com os filhos até 31 de julho de 1966.

Em 1º de agosto de 1966, o filho Jairo Pedro de Paula (Jazim), casado com Maria Alves de Paula e pai de Zé Paulo e

Alcione, comprou a pensão de sua mãe e irmãos, dando seguimento no ramo, colocando seu filho Zé Paulo (casado com

Rosângela) para estudar. Na pensão, de dez quartos, hospedavam-se no geral pessoas que residiam em fazendas, alguns

vendedores de menor porte financeiro, soldados, jogadores de futebol e outros viajantes. A pensão servia almoço e

jantar.

Em 1968 nasceu o terceiro filho, Adão Renato (casado com Vanusa).

Na década de 1970, famílias que moravam em fazendas vinham para a cidade casar seus filhos. Na pensão era realizada

a recepção para os convidados (almoço de casamento). Em 1971, a pensão era ponto de ônibus que saiam para o

sentido fazenda Mucunjá e outra sentido Velhacaria até o Tamandaré. O trajeto era feito por perua Huiles.

Em 1974, Jazim foi convidado pelo delegado regional de polícia, Pedro Luís Faria, a servir marmitas aos presos da

delegacia local, se estendendo por longos anos.

As atividades exercidas pelo casal puderam proporcionar estudos para a formação superior dos seus três filhos.

No final da década de 1990, devido a não reestruturação do prédio, a família decide encerrar as atividades.

Atualmente, a família disponibiliza locação de quartos para universitários. O prédio foi reformado e adaptado para um

pensionato e um salão de beleza que pertence a Vanusa Pereira da Silva, nora de Jazim.

COLABORARAM: Alcione Maria de Paula, Daniel Castro, Leidiane Sabino e Márcio Seraguci

Page 20: Paranaíba

A famosa subida da Dona Nena por Ailton Júnior3/5/2012 às 9h28

Em toda concentração urbana há lugares, pessoas e pratos que se tornam especiais pela sua história

e popularidade, povoando assim o imaginário coletivo com boas lembranças. Em Paranaíba há

diversos exemplos desses ícones culturais, tais como “O salgado da rodoviária”, “A voz da nota de

falecimento” ou “A pipoca da Praça da República”. Dentre eles, há um especial, a famosa “Subida (ou

Descida) da Dona Nena”.

A “Descida da Dona Nena” (ou “baixada da Nena”) compreende a baixada da rua Rui Barbosa,

localizada na passagem do Jardim Maria Paula para o Bairro Santo Antônio. Há quem entenda como

“Rua da Dona Nena”, o que abrange as ruas Rui Barbosa e Francisco de Freitas Silveira. Por ter sido

adotada pela maioria das pessoas, a expressão “descida da Dona Nena” vem a substituir o nome

oficial daquele logradouro. Acredito que a maioria dos cidadãos não sabe onde fica a Rui Barbosa ou

a Francisco de Freitas Silveira, no entanto, muitos encontrarão, por exemplo, o Armazém João Simão,

que “fica ali na [descida da] Dona Nena...”.

E assim a cultura popular vai moldando os costumes, mudando nomes oficiais e dando novas

interpretações aos lugares da cidade. Este, em especial, nos remete à história de Assunção Peralta

Marinho, a Dona Nena.

Vida de Comerciante

Filha dos espanhóis José Peralta Gervigia e Rosária Garcia Tortossa, Dona Nena é natural de

Bálsamo-SP. Criada na fazenda, veio morar em Paranaíba graças a seu irmão Vicente Peralta.

Vicente era aviador, e viu em Paranaíba um mercado promissor, pois havia poucas estradas e a

conexão com os grandes centros era feita em sua maioria pelo ar.

Após muita insistência, Assunção e o marido Francisco Timóteo Marinho acataram a sugestão de

Vicente e aterrissaram na capital do Bolsão Sul-Matogrossense por volta de 1952, “num campo de

decolagem em frente à delegacia”.

“Naquela época era muito bom pra ganhar dinheiro...”. Com essa frase, Dona Nena indica como era

Paranaíba naquela década de 50: um lugar com pouco comércio, pouca informação, e muitos

consumidores. Assim, Dona Nena prontificou-se a buscar mercadorias em São José do Rio Preto-SP

e revender em Paranaíba. A freguesia de seu bazar logo tornou-se assídua, e com os negócios indo

de vento em polpa, Dona Nena tornou-se representante das máquinas de costura Vigorelli. Além

disso, atuou como costureira também, e orgulha-se de ter vestido muitas noivas por aí. Com o passar

dos anos e o aumento da concorrência, o bazar de roupas novas passou a ser um brechó.

Ao falar sobre seus bens e a vida de comerciante, Dona Nena demonstra que possui ainda a

inquietude típica de comerciantes, e crê que tem muito a fazer ainda. Aos 85 anos, quer voltar a

movimentar seu comércio de roupas usadas, embora seja muito difícil devido a um problema na

perna, o que a impede de locomover-se sozinha.

Page 21: Paranaíba

A famosa descida

A mudança para a o local onde veio a permanecer até hoje, ocorreu há cerca de 45 anos. Dona Nena

comprou uns lotes do senhor Belarmino Antônio, e dali viu muitas coisas acontecerem e mudarem.

“Naquela época, aqui em frente tinha roça de arroz e milho, não havia muita gente por aqui”, recorda.

Com essa mudança, Dona Nena mudou também um pouco da história da cidade ao “emprestar” seu

nome àquela região e àquela rua. Acredito que isso tenha acontecido por ela ter sido uma das

primeiras moradoras do local, possuindo diversos lotes na região.

Atualmente, a rua é bastante movimentada, possui um comércio diversificado com tapeçaria, funilaria,

armazém, lan house, loja de móveis usados e, claro, o velho bazar de roupas usadas.

Sendo uma rua tão importante, que liga dois grandes bairros (de Lourdes e Santo Antônio) ao Centro,

o mais viável seria mudar o nome para “Rua da Dona Nena”, já que esse é o nome que está

enraizado em nossa cultura.

Sobre isso, a minha entrevistada sorri e não esconde que gostaria de ter seu nome eternizado no

local onde ela viu muitas coisas prosperarem. Nada mais justo do que prestar essa homenagem em

vida, enquanto há tempo. Colaborou César Leonel da Costa

P.S.

Enquanto estava escrevendo este texto, minha esposa, que é nova na cidade, veio me perguntar

onde fica a Rua da Dona Nena...