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Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro 14/novembro/2006 Reintegrados da Funasa aumentam pressões pela efetivação via projeto de lei FOTO: FERNANDO FRANÇA PÁGINA 7 Paralisação no INSS força Instituto a reabrir negociações sobre pauta dos servidores Garantias para evitar envolvimento de inocentes em acusações de fraude estão no centro das discussões Conlutas prepara mobilizações contra reformas previdenciária, sindical e trabalhista PÁGINA 5 Saúde estadual cobra compromisso de Sergio Cabral com servidores PÁGINA 9 Selecionados públicos lutam pela prorrogação de contratos até 2007 Acordo para mudar MP 301 é apresentado Consciência negra terá atividades do Sindsprev no Rio e em Niterói PÁGINA 10 PÁGINAS CENTRAIS PÁGINAS CENTRAIS Como resultado da paralisação dos servidores do INSS nos dias 25 e 26 de outubro, a direção do Instituto retomou as negociações com a categoria no início deste mês. Parte das reivindicações — como auditoria na CEF e segurança para manutenção do CNIS — começou a ser encaminhada. Entre os pontos ainda não respondidos estão: revisão do funcionamento do sistema Prisma; garantia de idoneidade dos dados fornecidos pelo sistema Plenus; fim das filas virtuais e da indicação política e partidária de gestores e chefias na Previdência; padronização dos procedimentos; e revisão na atuação das forças-tarefa, entre outros a serem abordados em próxima audiência – página 3. Manifestação no Sine, cobrando negociações com governo Trabalhadores do Sine continuam em greve contra demissões FOTO: SAMUEL TOSTA PÁGINA 2

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Page 1: Paralisação no INSS força Instituto a reabrir negociações ... · 14 NOVEMBRO 2006 3 INSS A retomada da Operação Digni-dade – com a realização de uma operação-padrão

Sindicato dosTrabalhadores em Saúde,Trabalho e PrevidênciaSocial no Estado do Rio deJaneiro14/novembro/2006

Reintegrados da Funasa aumentam pressões pela efetivação via projeto de lei

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Paralisação no INSS força Instituto a reabrirnegociações sobre pauta dos servidoresGarantias para evitar envolvimento de inocentes em acusações de fraude estão no centro das discussões

Conlutas preparamobilizações contrareformas previdenciária,sindical e trabalhista

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Saúde estadual cobracompromisso de SergioCabral com servidores

PÁGINA 9

Selecionadospúblicos

lutam pelaprorrogaçãode contratos

até 2007

Acordo para mudar MP301 é apresentado

Consciêncianegra terá

atividades doSindsprev no

Rio e em Niterói

PÁGINA 10 PÁGINAS CENTRAIS

PÁGINAS CENTRAIS

Como resultado da paralisação dos servidores doINSS nos dias 25 e 26 de outubro, a direção do

Instituto retomou as negociações com a categoria noinício deste mês. Parte das reivindicações — comoauditoria na CEF e segurança para manutenção do

CNIS — começou a ser encaminhada. Entre ospontos ainda não respondidos estão: revisão do

funcionamento do sistema Prisma; garantia deidoneidade dos dados fornecidos pelo sistemaPlenus; fim das filas virtuais e da indicação política epartidária de gestores e chefias na Previdência;padronização dos procedimentos; e revisão naatuação das forças-tarefa, entre outros a seremabordados em próxima audiência – página 3.

Manifestação no Sine, cobrando negociações com governo

Trabalhadores do Sinecontinuam em grevecontra demissões

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Page 2: Paralisação no INSS força Instituto a reabrir negociações ... · 14 NOVEMBRO 2006 3 INSS A retomada da Operação Digni-dade – com a realização de uma operação-padrão

2� 14 NOVEMBRO 2006

Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde,Trabalho e Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro

Rua Joaquim Silva, 98-A - Centro - Rio de Janeiro� (21) 3478-8200 | fax: (21) 3478-8233

Edição: André Pelliccione (Mtb JP19301RJ) | Redação: Helcio Duarte Filho (Mtb JP16379RJ), Vânia Gomes (Mtb JP18880RJ) e Luciana Crespo (Mtb JP16692RJ) | Diagramação: Virginia

Aôr (Mtb JP18580RJ) | Fotografia: Fernando de França | Tiragem: 30 mil exemplares | Impressão: Folha Dirigida | Secretaria de Imprensa e Divulgação Tel.: (21) 3478-8220 | Fax (21) 3478-

8223 | website: http://www.sindsprevrj.org.br | e-mail: [email protected]

APor Vânia Gomes

SISTEMA NACIONAL DE EMPREGO

Acima, trabalhadores do Sineem ato de protesto naSecretaria Estadual deTrabalho, no centro do Rio

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Regional Sulcomemora Dia doServidor emCachoeiras deMacacu

Num sábado, 28 deoutubro, cerca de 170 servidoresdo Hospital de Ipanemadesfrutaram de agradáveis horasde lazer em Cachoeiras deMacacu, como parte dascomemorações do Dia doServidor Público. Organizado pelaRegional Sul do Sindsprev, oevento recepcionou os servidorescom um coffee break, e contoucom atividades recreativas queincluíram caminhadas, banho decachoeira, jogos e piscina.

A diretora da Regional SulEdite Alves dos Santos explicaque os três ônibus que saíram doHospital de Ipanema trouxeramservidores de todos os setores.“Isto foi proposital — diz —porque nossa intenção é integrartodas as categorias daseguridade. Afinal, somos umsindicato do ramo e temos quedespertar essa consciênciaunitária”. Edite diz que é intençãoda Regional Sul promover outroseventos semelhantes. “É bomque aconteça e faz parte da vidados trabalhadores trocaremexperiências com atividadescomo a de Cachoeiras deMacacu”, resume.

Orquestra Tabajaraanimará festa daRegional CentroA tradicional festa de fim de anopromovida pela Regional Centrodo Sindsprev será no dia 8 dedezembro, às 20h, no ClubeMilitar (Cinelândia). A festa desteano será imperdível. A músicaficará a cargo da OrquestraTabajara de Severino Araújo, comcomida e bebida à vontade. Tudopor apenas R$ 40,00, valor quepode ser pago em duas parcelas,com cheque pré datado para 5 denovembro e 5 de dezembro. Oingresso está à venda na sede daregional – Rua México, 90 – 9ºandar, centro. Não perca!

luta dos funcionários do SINE(Sistema Nacional de Empre-go) para garantir o empregose transformou em uma corri-da contra o tempo. Não sóporque o contrato de trabalhotermina em fevereiro de 2007,mas especialmente porque ogovernador eleito, SérgioCabral, anunciou a extinção da

Trabalhadores do SINEcorrem contra o tempo

Às vésperas da extinção da secretaria do Trabalho, trabalhadores tentamaudiência no Ministério do Trabalho

Durante o protesto - motivado pelasameaças de rescisão dos contratos casonão retornassem ao trabalho -, a comis-são de negociação foi recebida pela sub-secretária do Trabalho, Lea CasteloBranco. Ela informou que o governoestadual estava se propondo a criar umaautarquia para operacionalizar o progra-ma. Sendo assim, os atuais funcionáriosdo SINE deveriam se submeter a um

vernadora, Fernando Pelegrino.Na ocasião Pelegrino afirmou que

o Estado não tinha condições de solu-cionar o problema, o que, na opinião dele,deveria ser negociado com o governofederal. Esgotadas as alternativas emâmbito estadual, cerca de 50 funcioná-rios formaram uma caravana e segui-ram para Brasília, a fim de conseguiruma audiência com o ministro do Tra-

secretaria de Trabalho (à qual o pro-grama é vinculado) em dezembro.

Dias antes do fechamento destaedição, eles fizeram uma manifestaçãoem frente à sede do programa, a fim deforçar uma nova audiência com o se-cretário de Trabalho, mas foram violen-tamente reprimidos por policiais do Ba-talhão de Choque da PM a golpes decassetete e gás de pimenta. Ninguémsaiu gravemente ferido.

processo seletivo, cujo critério seria pon-tuação por experiência.

Na semana anterior a esse episó-dio, os grevistas fizeram outra manifes-tação, desta vez em frente ao PalácioLaranjeiras, no momento em que a go-vernadora Rosinha Garotinho recebiao governador eleito para um café damanhã. Nenhum deles aceitou negociarcom os grevistas, mas foi agendada umareunião com o chefe de gabinete da go-

balho, Luís Marinho. ‘Vamos pressio-nar para que o ministério ache um me-canismo que assegure nosso emprego’,afirmou Valéria Tatsch, da comissão defuncionários do SINE.

Os grevistas reivindicam a manu-tenção do emprego e a suspensão dadecisão do órgão especial do Tribunalde Justiça, que julgou inconstitucional alei que permite a prorrogação dos con-tratos.

Ao lado,clima tensoentretrabalhadorese PM

REGIONAIS

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�314 NOVEMBRO 2006

INSS

Aretomada da Operação Digni-dade – com a realização deuma operação-padrão – já ren-de resultados positivos. Dias

após a reunião entre o Sindsprev e diri-gentes do INSS, foi encaminhado um do-cumento ao sindicato respondendo umterço das reivindicações, com a promes-sa de que os demais itens da pauta serãodiscutidos nas próximas reuniões.

Dentre os pontos não respondidosestá a revisão do funcionamento do sis-tema Prisma; garantia de idoneidade dosdados fornecidos pelo sistema Plenus;fim da pressão por produtividade na con-cessão de benefícios, das filas virtuais eda indicação política e partidária degestores e chefias na Previdência; e pa-dronização dos procedimentos, com in-formação precisa e única.

Segundo o INSS, a definição sobre‘vínculo extemporâneo’ consta da minu-ta de orientação interna (OI) que serápublicada este mês. Já as definições re-lativas a erro administrativo e procedi-mento doloso constarão de outra OI, cujapublicação ocorrerá até o dia 30 de no-vembro.

Quanto à atuação da força-tarefa, oINSS concordou em marcar uma reu-nião para discutir o assunto. Participa-rão do encontro representantes do sindi-cato, da direção do INSS, da procurado-ria e da fiscalização do instituto, além deintegrantes da força tarefa. Na ocasiãoserão avaliados, por exemplo, os exces-sos cometidos pela força tarefa e os cri-térios que levam à prisão de servidores.

Apesar de o INSS não ter apresen-tado contraproposta para todas as rei-

Auditoria na CEF emrelação ao controle emanutenção do CNISO INSS se comprometeu a marcaruma reunião com a CaixaEconômica e com o Banco doBrasil para discutir melhorias naforma de cadastramento do PIS/PASEP. A proposta prevê ainclusão do CPF no ato decadastramento do PIS/PASEP,confrontando com a base daSecretaria da Receita Federal.Segundo o instituto, a Dataprev e aDirben apresentariam os sistemascorporativos do CNIS e dosprojetos do novo modelo de gestãono dia 6 de novembro.

Medidas que garantam umsistema seguro paramanutenção do CNISA Divisão de Declarações daSecretaria da ReceitaPrevidenciária (SRP) informou que,desde 23 de agosto, aconectividade social está fazendo aconferência do CNPJ xcertificação, passando a acatarapenas os arquivos do SEFIP, deforma que o CNPJ do responsávelpelo arquivo ou do CNPJ daempresa seja igual ao CNPJcertificado.

A próxima etapa do projeto será odesenvolvimento do autenticadoreletrônico, que permitirá atransmissão dos arquivos dopróprio CNPJ da empresa ou que oresponsável possua umaprocuração eletrônica paratransmissão de arquivos deterceiros.

Foi solicitada à Dataprev a criaçãode rotinas para conferência doCNPJ da empresa com o banco dedados da SRP e da ReceitaFederal, com o objetivo deidentificar a data de existência daempresa, evitando, assim, ainserção indevida de vínculosextemporâneos. Inibir a utilizaçãodos vínculos do CNPJ identificadoscomo irregulares na inserção dedados fictícios, marcando no CNIS.

Por Vânia Gomes

s servidores do INSS suspen-deram a operação-padrão, nodia 6 de novembro, e decidi-ram ampliar a campanha con-tra as fraudes, envolvendo outros sindi-catos na luta, como dos peritos e fis-cais da Previdência. Também foi delibe-rado, em assembléia, que as regionaisdiscutirão, com os servidores da áreade habilitação e concessão de benefíci-os, procedimentos de segurança paraa execução do serviço. Esses dados ser-virão de base para uma cartilha, que seráelaborada pelo Sindsprev.

A assembléia decidiu ainda retirarda pauta de reivindicações o pedido dedesvinculação da Dataprev como empre-sa responsável pelo processamento dosdados que servem de base para a con-

Mobilização de servidoresdo INSS força negociação

Instituto responde parte das reivindicações e promete discutir o restante nas próximas reuniões

Servidores suspendem operação-padrãocessão dos benefícios. A diretora do sin-dicato Janira Rocha explica que os ser-vidores não questionam a Dataprevcomo empresa pública, mas os proce-dimentos que facilitam a corrupção. ‘Nãoqueremos que o governo terceirize esseserviço’, disse ela.

A dirigente também repassou infor-mações a respeito da audiência com oINSS, da qual participaram diretores erepresentantes da procuradoria e da fis-calização do órgão. A servidora ElzaCorreia, da APS Praça da Bandeira, foiindicada para representar a categoria nogrupo de trabalho que será criado paradiscutir as condições de trabalho e iden-tificar os locais onde há carência deatendimento – o INSS informou que cri-ará 10 agências no Estado.

Também estão sendoencaminhadas soluções

quanto:- ao aprimoramento imediato dos

mecanismos de cadastramento dasenha do servidor;

- reposição regular do material deinformática e de outros materiais

para garantir a efetivação dosserviços da Previdência;

- estrutura e quadro de pessoal quepermitam efetiva fiscalização dos

fiscais do INSS e do Trabalho;

- capacitação permanente em serviçoda legislação previdenciária

- concurso público

- abertura de agências

Outros itens dacontraproposta

vindicações, o diretor do Sindsprev Ro-lando Medeiros avalia que a reunião foiproveitosa. ‘Foi uma reunião bastantequalificada, e eles se comprometeram aapresentar soluções. Tanto é que sus-pendemos a operação padrão e voltamosa conceder benefícios. Com essa atitu-de, eles demonstraram que respeitam osservidores e o sindicato.’

Reunião com Dataprev apontafalhas em cadastro

Dirigentes e militantes do sindicatoestiveram ainda com representantes re-gionais e nacionais da Dataprev e che-fes de divisão do INSS, pedindo explica-ções sobre o SEFIP, sistema eletrônicoque contém dados do FGTS e da Previ-dência Social. Essas informações abas-tecem o CNIS, que serve de base para aconcessão de benefícios.

Os representantes do Sindsprev ar-gumentaram que os dados referentes aosegurado nem sempre estão atualizados,e muitas vezes partiria do SEFIP as acu-sações de fraude contra servidores. ADataprev contra-argumentou, dizendoque o sistema de abastecimento de da-dos do sistema está sendo aperfeiçoadopara permitir maior controle das infor-mações.

O diretor do sindicato Luís FernandoCarvalho criticou a empresa por nãoempregar recursos para melhorar aoperacionalização do sistema. Segundoele, a fiscalização está sucateada e onúmero de profissionais nessa área é in-suficiente para atender todas as empre-sas. Outra razão apontada por ele foi aampliação do cadastro sem o investimen-to adequado. ‘O sistema está cheio defalhas e prejudica os servidores’, diz.

Paralisação de 48h dos servidores doINSS teve grande adesão dacategoria e marcou o protesto contraas prisões arbitrárias realizadaspelas forças-tarefa, forçando oInstituto a reabrir as negociações emtorna da pauta da categoria (fotoacima).

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4� 14 NOVEMBRO 2006

ovos ataques aos direitos dostrabalhadores e a sua organi-zação é o que a maioria dasforças políticas na seguridadesocial acha que acontecerá sobo segundo governo Lula.

“O governo Lula quer umanova reforma para atacar aprevidência pública, como jáestá fazendo no INSS, onde asforças-tarefas são utilizadaspara desmoralizar os servido-

res do Instituto. Mas o governo tam-bém promoverá outros ataques via re-formas sindical e trabalhista. Por issoos trabalhadores devem aprofundar seuprocesso de reorganização, que foi es-timulado pela frente de esquerda e o lan-çamento de Heloísa Helena”, afirmaJanira Rocha, diretora do Sindsprev emembro do Movimento Terra, Trabalhoe Liberdade (MTL).

Trabalhadores devem sereorganizar para enfrentar ataquesdo segundo governo Lula

Opinião semelhante tem DeniseNascimento, servidora da saúde esta-dual e militante da Corrente Socialistados Trabalhadores (CST), para quem ostrabalhadores devem aproveitar a con-juntura adversa para avançarem em suaorganização “O atual governo — diz —manterá a política econômica de sub-serviência ao FMI e de arrocho sobreos interesses da população. A massa dopovo ainda está muito iludida com Lula,mas a partir dos novos desafios que secolocam para os trabalhadores é quepodem surgir lutas realizadas num pa-tamar superior de consciência, mesmosabendo o quanto foi negativo o resul-tado nas urnas”.

“Vejo o resultado das eleições comouma derrota para a classe trabalhado-ra. Na verdade, o pleito confirmou asmanobras no Congresso, com benefíciosa mensaleiros e sanguessugas. Seránecessária muita mobilização para pres-

sionar o governo Lula, que não cumpriuas promessas feitas à classe trabalha-dora e continuará nos atacando”, avaliaPedro Jorge Gomes de Lima, reintegra-do da Funasa e militante do Coletivo So-cialismo e Liberdade (SOL).

Para Luis Fernando Carvalho, dire-tor do Sindsprev e militante do PSTU, o‘fato positivo’ da recente conjuntura foia criação da frente de esquerda. “Mes-mo eleitoral, a frente é importante edevemos estendê-la para a ação diretaque se fará necessária para enfrentaros ataques movidos pelo governo Lulacontra nossos direitos, organizações sin-dicais e movimentos sociais. Lula queracabar com a previdência pública e ti-rar direitos trabalhistas, o que anunciaum período muito difícil em 2007”, ana-lisa.

“Foi importante Lula ter ganho aeleição porque foi reafirmada a sua li-derança. A vitória de Lula também foi

Nimportante para a maioria dos militan-tes do PT, que são honestos e nada tema ver com os escândalos de corrupção”,diz Maria das Graças de Oliveira,servidora da saúde federal e militanteda corrente Articulação Sindical.

Militante do Partido ComunistaMarxista Leninista (PCML) e dirigenteda Regional Baixada II, Jaqueline Alvesde Sousa acha fundamental ‘cobrar deLula o cumprimento de suas promes-sas’. “Os trabalhadores perceberam aexistência de duas oligarquias [Lula eAlckmin] em disputa. Lula foi eleito combase em uma proposta para a classetrabalhadora e agora terá que definir secumprirá (ou não) o que prometeu. Emnível internacional, vários paísesretornam ao Estado de bem-estar so-cial, como na Venezuela e Bolívia, e ogoverno Lula não poderá ficar indife-rente a todo esse processo, que vemgerando grande discussão”.

gentes de Saúde da Funasa ce-didos ao município do Rio eAgentes de Controle deEndemias (ACEs) da Secreta-ria Municipal de Saúde (SMS)e da Comlurb continuam sualuta unificada por condiçõesdignas de trabalho. Em grevedesde a última semana de ou-tubro, os trabalhadores denun-ciam a precariedade dos PAs(postos de abastecimento) e afalta de materiais básicos (lá-

pis, boletins diários, uniformes e EPIscomo luva e máscaras).

Em outubro, uma comissão de re-presentantes das categorias e doSindsprev e Sintrasef propôs, à SMS eComlurb, a criação de duas comissõesparitárias: uma para tratar das medidasnecessárias à melhoria das condições detrabalho. E outra para discutir as ques-tões mais específicas dos servidores da

Agentes de Saúde da Funasa e ACEsda Comlurb/SMS continuam lutaunificada por condições de trabalho

Por André Pelliccione

resposta, a secretaria não quer resol-ver o problema, mantendo o impasse.Não dá mais pra continuar trabalhandoem PAs improvisados até em cemitéri-os e lixeiras, sem qualquer estrutura”,critica o representante do Sindsprev naComissão, Almir Dias de Souza, que noentanto avalia como positiva a mobi-lização. “Sem respostas concretas, as

categorias não estão dispostas a voltarao trabalho. A prefeitura tem que melho-rar já as condições de trabalho. Ainda maisagora, com a vinda dos jogos pan ameri-canos e uma possível entrada do vírus tipo4 no Brasil”, completa.

Atrasados da indenizaçãode campo

O Sindsprev prepara recurso admi-nistrativo junto à Funasa e ao Ministériodo Planejamento (MPOG), questionan-do o parecer da consultoria jurídica doministério, que em outubro deste ano li-mitou o período de referência para pa-gamento dos atrasados da indenizaçãode campo. Em vez de considerar o tem-po de 1995 a 2002, o MPOG só reco-nhece o período de outubro de 2001 ajulho de 2002, alegando a prescriçãoqüinqüenal. “O argumento do ministérioé absurdo porque, em 2002, o governoFHC reajustou o valor da indenização,reconhecendo implicitamente que esta-va defasado há muitos anos”, explicaAlmir. Segundo ele, em pareceres ante-riores do RH da Funasa e do Ministérioda Saúde, o período do passivo foi reco-nhecido de 95 a 2002.

Trabalhadoresquerem PAs

próprios emateriais

básicos comoboletins, diários,uniformes e EPIs

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Maioria das forçaspolíticas na seguridade

considera urgente a lutacontra as reformas

previdenciária, trabalhistae sindical

SMS e Comlurb, de cunho financeiro,como reajuste do vale-transporte etíquete-refeição e implementação da in-denização de campo já recebida pelostrabalhadores da Funasa.

Em audiência no último dia 7, aSMS disse não concordar com as co-missões, propondo a formação de 10Grupos de Trabalho (GTs). “Com essa

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Acima, um dos muitos atos públicos em frente à Prefeitura

LUTA UNIFICADA

ELEIÇÕES 2006

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�514 NOVEMBRO 2006

SEMINÁRIO DA CONLUTAS

Por Hélcio Duarte Filho

Seminário foi marcado pordiscussões sobre plano de lutaspara barrar as reformas. Acima,representantes da delegaçãoenviada pelo Sindsprev, que contoucom 10 pessoas

'Lula quer mexer de novo com aposentadorias'Seminário debate durante três dias, em São Paulo, as ameaças à aposentadoria e aos

direitos trabalhistas, e prepara a luta contra as reformas

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AÉ a pressão popular que podeimpedir que o governo Lulavolte a mexer, no ano que vem,com direitos previdenciários etrabalhistas da população bra-sileira. Pode-se afirmar que aconclusão é consensual entreos 450 dirigentes sindicais, po-pulares e estudantis que esti-veram, em outubro, no seminá-rio promovido em São Paulopela Conlutas (CoordenaçãoNacional de Lutas).

Quem participou da jorna-da de três dias de debates saiu conven-cido de que as 'reformas', nem sempreassumidas publicamente pelo Planalto eescamoteadas no período eleitoral, es-tão nos planos do governo Lula e sãoameaças mais graves do que a maioriaimagina.

Abordando as reformas previ-denciária, sindical e trabalhista, adminis-trativa, tributária e universitária, a ativi-dade marcou o início da preparação deuma campanha nacional, aberta a quemse opõe a tais projetos, que terá comoprimeira etapa difundir o tema por todopaís ainda em 2006. "A nossa idéia éreproduzir esse seminário emtodo lugar possível", disse ometalúrgico José Maria deAlmeida, da coordenação daConlutas. "Se a gente consegue,entra no ano que vem com umexército, com uma discussãomais definida, muito forte. E épossível fazer algumas centenasde seminários neste país aforaaté dezembro", afirmou Zé Ma-ria, que avalia ser viável cons-truir uma mobilização políticamais forte do que a de 2003, naprimeira reforma da Previdência deLula.

A meta é começar já a costurar aresistência dos trabalhadores e movi-mentos populares, que deve culminarcom manifestações regionais e nacio-nais no ano que vem. Por diversas ve-

zes, participantes defenderam a realiza-ção, em 2007, de uma grande marcha aBrasília. Houve quem propusesse, inclu-sive, um mega protesto no Rio em meioaos Jogos Panamericanos.

Mudanças aplicadasem toda América Latina

Coube ao convidado mexicano An-tonio Vidal, autor de estudos sobre aseguridade social, abrir o seminário dis-correndo sobre as reformas aplicadas naPrevidência Social na América Latina.Ele mostrou que as medidas que afetamas aposentadorias estão sendo aplicadasaos poucos, em pequenas doses, em todocontinente. "No México, se diz que nãose pode comer um elefante inteiro, pri-

meiro se corta apata, depois a ore-lha...", comparou.

Disse ainda queuma das idéias cen-trais nestas refor-mas é "convencer otrabalhador de queele tenha responsa-bilidade sobre suaaposentadoria". Omexicano citou ocaso do Chile.

Dirigente do sindicato dos rodovi-ários do Amapá, Liduina Nascimentofoi uma das 440 pessoas, represen-tando 152 entidades e movimentosem 22 estados, que participaram doseminário promovido pela Conlutas,em São Paulo, para debater e organi-zar a resistência às reformas que ame-açam direitos previdenciários e traba-lhistas.

Não se arrependeu de cruzar osmais de 3.500 quilômetros em algu-mas boas horas de vôo. Pode perce-ber, nas oito palestras seguidas dedebates que presenciou, da manhãdo dia 23 ao final da tarde de 25 deoutubro, que a dimensão dos ataquesa direitos dos trabalhadores que es-tão sendo articulados é capaz de dei-xar qualquer um de cabelo em pé. "Ossindicatos têm que debater com aclasse trabalhadora o que está sedando, se depender da mídia não sevê nada", diz.

O professor Luiz Carlos Pusti-glioni, que se deslocou do outro ex-tremo do país, também faz uma ava-liação positiva da atividade. "[São] de-talhes que não pegamos no cotidia-no do movimento, vai ajudar bastantena mobilização", diz. (HDF)

Aumentar gradualmente a idade mí-nima de aposentadoria tanto no setorprivado quanto no setor público edesvincular o piso previdenciário do sa-lário mínimo, assim como a aposenta-dorias e pensões do setor público dossalários de quem está na ativa.

Estas são algumas das propostasapresentadas pelo Ipea (Instituto de Pes-quisa Econômica Aplicada), ligado aoMinistério do Planejamento, para resol-ver o "problema" da Previdência Social

dessa política: nos anos 1980, afirmou,havia 12 milhões de benefícios; hoje, são24 milhões para um número de servido-res 60% menor.

Também diretor do Sindsprev, LuisFernando Carvalho afirmou que o ataqueà seguridade ocorre porque os grandesempresários precisam de recursos paraaumentar suas taxas de lucro. "A histó-ria da Previdência é a história da luta declasses", disse. (HDF)

no Brasil. O estudo já está pronto edeverá servir de base para os projetosque devem ser apresentados no ano quevem.

A ameaça sobre a Previdência foium dos pontos centrais do seminário,mencionada em muitas intervenções du-rante os debates. "Eles estão preparan-do a privatização da Previdência Soci-al", disse Rolando Medeiros, diretor doSindsprev/RJ. Ele avalia que a reduçãono quadro de pessoal no INSS é reflexo

Seminário teverepresentações de22 estados do país

Governo já tem estudo com proposta que aumenta idade mínima

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6� 14 NOVEMBRO 2006

REGIONAIS

SEGURIDADE SOCIAL

AHospital Maternidade AlexanderFleming – A transferência dos tra-balhadores federais administrativos daMaternidade Alexander Fleming, hojemunicipalizada, mobilizou a direção daRegional Norte e o núcleo. Após as-sembléia local com os servidores, foirevertida a decisão da SMS (Secre-taria Municipal de Saúde - RJ). O Mi-nistério da Saúde já afirmou que acom-panhará o assunto.

Controle social - o Conselho Distritalde Saúde da AP 3.III convidou a Regi-

Por André Pelliccione

Regional Norte em defesa da saúde pública

Uma dasmaisimportantes

Regionais do Sindsprev, aNorte – João Amazonas temse destacado nas lutas emdefesa da saúde pública,gratuita e universal.

onal Norte a participar do Semináriode Legislação para o Controle Social,em agosto, na Fundação EducacionalSouza Marques – Madureira – RJ, queenvolveu os membros das ComissõesExecutivas dos Conselhos Distritais deSaúde de 10 CAPs e a Comissão Exe-cutiva do Conselho Municipal de Saú-de do Rio de Janeiro.

PAM Deodoro sem atendimento -o PAM Deodoro é a única unidade deatendimento de urgência na área daAP. 3.III e tem seus “portões fecha-dos”, sem atendimentos nos finais desemana há um ano. A SMS-RJ pro-mete resolver a questão, mas até agoranada! Também continua a falta de pro-fissional médico. A Regional continu-ará lutando até o fim pelo atendimen-to nos fins de semana. É direito dapopulação.

PAM Madureira – após muita rei-vindicação e negociação, osservidoress do PAM Madureira e di-retores do Núcleo Sindical consegui-ram a troca da chefia de enfermagem.

PAM Méier – servidores e usuários

do PAM Méier pressionam a SMS anão transferir os médicos pediatraspara o hospital Salgado Filho.

Nise da Silveira – a Regional Nortecontinua organizando a luta, com atose passeatas, contra o fechamento daunidade de reabilitação do Nise daSilveira, no Engenho de Dentro.

Hospital de Acari – unidade muni-cipal do Rio, o Hospital de Acari nãopode (e não deve) ser privatizado. Porisso a Regional Norte na luta pelaabertura do Hospital como unidade pú-blica.

Seminários – a Regional realizou, noúltimo ano, os seminários de Gênero,Raça e Etnia; Agentes Comunitáriosde Saúde (ACS); e SUS para forma-ção de dirigente sindical de nossos nú-cleos. Também foi realizado o Encon-tro Regional de Aposentados..

Curupaiti e Tavares de Macedo –os servidores da folha interna dessasunidades também não foram esqueci-dos. Projeto de Lei garantindo seusbenefícios foi elaborado por pressãoda Regional Norte.

Legenda

assessoria técnicado senador RomeroJucá (PMDB -RR),líder do governo no

Senado, apresentou aos representantesdo Sindsprev o documento final do pro-jeto de lei (ou mais provavelmente MP)com todas as reivindicações que ante-riormente já haviam sido acordadas en-tre os dirigentes da Seguridade Social,a Casa Civil e o Ministério do Planeja-mento quando da aprovação da MP 301.Dirigentes do sindicato permanecem emBrasília para garantir a imediata publi-cação. Foram protocolados ofícios compedidos de audiência à chefe da CasaCivil, Dilma Roussef, e ao Ministro doPlanejamento, Paulo Bernardo, já que,segundo a assessoria técnica do sena-dor, esta nova MP deverá passar porestes ministérios.

“Já que fomos o único setor, dentre

Apresentado documento quegarante os pontos do acordopara mudança da MP 301

as categorias inclusas na MP 301, quesaiu com um acordo que previa as alte-rações no que iria nos prejudicar no textodesta MP, queremos a sua imediata pu-blicação. Não vamos dar trégua ao go-verno enquanto não tivermos publicadasas nossas reivindicações.” – afirmouChristiane Gerardo, diretora de admi-nistração do Sindsprev.

O documento final apresenta não sóos pontos reivindicados como as justifi-cativas acordadas com os servidores.A assessoria do senador Romero Jucágarantiu que estaria oficiando o docu-mento até as 12h do dia 14 de novem-bro (após o fechamento desta edição).Caso isso ocorra, a avaliação dos diri-gentes é de que a publicação sairá en-tre o final da segunda semana e o inícioda terceira deste mês.

Os dirigentes alertam, porém, que éfundamental manter a mobilização. AComissão Nacional de Mobilização está

orientando os estados para que promo-vam atos até o dia 19 de novembro, bemcomo a organização de caravanas paraBrasília. Apesar da confirmação, porparte do governo, da manutenção doacordo, será mantida a pressão até que

seja publicada a MP ou o PL. Sendoassim, continua valendo a orientação dafederação nacional (Fenasps) e do sin-dicato para não assinar o termo de op-ção antes que esteja garantida a sua pu-blicação.

APor Luciana Crespo

MP 301 e termo de opção foram debatidos em seminário da seguridade

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�714 NOVEMBRO 2006

HSE

MS nega prorrogação e selecionadosse mobilizam por seus direitos

ção, mas agora volta atrás. Somos fa-voráveis ao concurso público. Mas osselecionados públicos são mão-de-obraqualificada e fundamental para o bomfuncionamento do Hospital e da pró-

epresentantes do Sindsprev euma comissão dos seleciona-dos públicos do HSE estiveramem Brasília, na primeira sema-na de novembro, para cobrar,do Ministério da Saúde, a pror-rogação dos contratos até ju-

lho de 2007. No dia 8, através de suaassessoria, o Ministério informou à co-missão sobre a publicação, no DiárioOficial da União (DOU) de 6 de no-vembro, da contratação de 185 novosconcursados para o HSE. A assessoriado Ministério afirmou ainda que a en-trada dos novos concursados implicarána saída de 185 selecionados públicosdo HSE, em dezembro deste ano, semaproveitamento em outras unidades.

Acompanhando a comissão de se-lecionados em Brasília, o diretor do Sin-dicato Luis Henrique Santos conside-rou inaceitável a resposta do Ministé-rio, que, segundo ele, descumpre com-promisso firmado em audiências ante-riores. “Em outubro, o Ministério nosdisse que concordava com a prorroga-

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pria saúde pública. Por isso queremosa prorrogação, com aproveitamentodeles em outros hospitais do Ministé-rio caso não continuem em nossa uni-dade”, afirma.

Paralisação será discutida

Segundo Luis Henrique, os sele-cionados podem paralisar suas ativida-des caso o Ministério insista em não de-bater a prorrogação. “O governo temque perceber o valor desses profissio-nais, que no HSE garantiram o aumentode consultas ambulatoriais, cirgurgias eexames”, diz, explicando que, além daprorrogação, o Sindsprev quer o statusde servidores públicos concursados paratodos os selecionados. “Quando fizerama seleção pública — diz — eles passa-ram por todas as etapas de um concur-so. Logo, são concursados”.

No dia 9 último, a comissão de sele-cionados esteve no Congresso Nacio-nal, onde entregou às lideranças parti-dárias um dossiê com o histórico dosprofissionais e sua importância para asaúde pública. O líder do PDT, deputa-do Miro Teixeira, solicitou formalmenteao ministro da Saúde, Agenor Alvarez,a prorrogação dos contratos até julho dopróximo ano.

Prorrogados duas vezes, os contra-tos dos selecionados encerram-se emdezembro deste ano.

Com assembléias no HSE e atos publicos, selecionados pressionam governofederal a prorrogar os contratos até 2007

FUNASA

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eintegrados da Funasa perma-neceram em Brasília, na pri-

meira quinzena de novembro, pressio-nando o governo a cumprir o acordo. Acobrança levou o líder do governo naCâmara, Henrique Santana, a marcaruma reunião com os deputados envol-vidos no projeto de lei (que garante ainclusão da categoria no regime jurídicoúnico (RJU) do funcionalismo federal),para, então, definir uma posição. Oacordo previa a votação do PL em ca-ráter de urgência urgentíssima logo apóso segundo turno das eleições.

No mês passado, o governo se com-prometeu a destrancar a pauta da Câ-mara e colocar o PL em votação imedi-

Aumenta a pressão dosreintegrados pela votação do PL

Trabalhadoresprocuram líderesde partidos noCongresso econquistam apoioda oposição

bro). Em vez de R$ 26,25 (valor da con-tribuição sindical + segunda parcela do13º salário), o sindicato descontará ape-nas R$ 8,75. Esse valor equivale à dife-rença entre o valor a ser descontado nosalário de novembro (R$ 26,25) e o des-conto no salário de setembro (R$ 17,50).

Acima, manifestação de reintegrados pela efetivação, durante ato dos servidorespúblicos federais em Brasília, no mês de agosto

atamente. No prazo previsto, o Planal-to começou a dar sinais de que descum-priria o acordo. Representantes do Exe-cutivo chegaram a questionar a constitu-cionalidade do projeto, e se falava atéem encaminhar o projeto para as co-missões. Neste caso, a votação seriaadiada por tempo indeterminado.

A fim de evitar isso, os reintegra-dos redobraram a pressão sobre os lí-deres dos partidos na Câmara e no Se-nado e os parlamentares de oposição,que prometeram se empenhar para queo acordo fosse cumprido. Os reintegra-dos também estiveram com a direçãoda Conacs (confederação que organi-za a luta dos agentes comunitários emvários estados), e ficou acertado que oSindsprev e a entidade nacional volta-riam a atuar juntas, fortalecendo, as-sim, a cobrança sobre os deputados.

Em paralelo à atuação no Congres-so, a comissão de reintegrados informaque já conseguiu comprovar a participa-ção de 478 trabalhadores no processoseletivo de 1994. Dos 512 que constamda lista divulgada pela Funasa, ainda não

foram achados os documentos de 34 agen-tes.

Quanto ao desconto indevido efetua-do no salário de setembro, a título de con-tribuição sindical, a comissão avisa que ovalor será ressarcido no salário de novem-bro (que será pago no início de dezem-

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8� 14 NOVEMBRO 2006

Prestadores de serviços do Hospital daPosse, junto com servidores municipais daPrefeitura de Nova Iguaçu, realizaram um atode protesto no dia 25 de outubro, no PaçoMunicipal, em frente à Prefeitura, cobrando aoprefeito Lindbergh Farias suas promessas decampanha. Enquanto os funcionáriosmunicipais reivindicavam a aplicação da Lei709, que define um Plano de Cargos eSalários (PCS), os prestadores de serviços doHospital cobravam a sua efetivação comofuncionários da unidade.

A diretora da Regional Baixada IIJaqueline Soares disse que há casosem que as pessoas prestam serviçoshá mais de 10 anos, sem nunca tertido direito a férias, 13º e outrosdireitos trabalhistas. Em campanha,o prefeito prometeu realizar concursopúblico para o hospital, com algumacompensação para os prestadores,como pontuação ou titulação pelosanos trabalhados. Mas até agoranada foi realizado. Os prestadoresreclamaram também da falta decondições de trabalho, de material ede condições de atendimento àpopulação.As categorias em protesto pararampor duas vezes o trânsito em frente àPrefeitura, levantando faixas ecartazes de protesto. Em seguida àsegunda paralisação, um funcionárioda Prefeitura prometeu que duascomissões seriam recebidas. Como,depois de horas de espera, apromessa não se realizou, ostrabalhadores deixaram o Paçodecididos a só serem atendidos peloprefeito.Os prestadores de serviços vãorealizar assembléia no dia 14 denovembro para decidir seus próximospassos.

Trabalhadores fazem protesto em Nova Iguaçu

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SAÚDE AMEAÇADA

Projeto prevê a privatizaçãode hospitais federais no Rio

Seminário na Uerj debateu proposta elaborada na Fiocruz que transfere administração para fundaçõesprivadas; sindicato convoca seminário para preparar defesa da saúde pública

Com boa participação de profissionais de saúde, Encontro ealizado na Uerj debateu projeto que prevê a privatização dehospitais federais. Denúncia será encaminhada pelo Sindsprev e outras entidades do setor.

O governo Lula planeja privati-zar os hospitais federais queestão sob controle federal noRio, por meio de um projetoque prevê a transferência daadministração destas unidadespara fundações privadas. Aproposta poderia, ainda, se es-

tender para unidades estaduais e mes-mo municipais.

A denúncia foi o centro de encon-tro realizado no dia 25 de outubro, naUniversidade do Estado do Rio de Ja-neiro (Uerj), que debateu tal projeto, quefora apresentado alguns dias antes naFiocruz. "Eles pegaram o modelo doIncor, do Inca, do Lourenço Jorge, mis-turaram e apresentaram como o melhormodelo", relata Márcia Adriana Leite eSilva, da Regional Serrana e do Grupode Trabalho da Seguridade Social doSindsprev/RJ. "Ao oficializar esta polí-tica eles concretizam a privatização doshospitais públicos no Rio", afirma aservidora, que participou da atividade naUerj, convocada pela professora MariaInês Bravo, coordenadora do Projeto dePolíticas Públicas da universidade.

O conteúdo do projeto não é novi-dade em si na saúde, mas estaria sendoapresentado com uma nova roupagem.Para o Sindsprev, fundações e organi-zações sociais são artifícios usados paradisfarçar a privatização.

Seminário serádia 25 de novembro

O GT da Seguridade está convocan-do um seminário para o dia 25 de no-vembro, das 9 às 18 horas, para discutiro problema e preparar a luta em defesada saúde pública e gratuita. "O proces-so está correndo a passos largos, sairdas mãos do César Maia não é garan-tia de que não será privatizado. Tínha-mos razão quando dizíamos que os trêsgovernos são culpados pelo caos na saú-de", diz Márcia Adriana, ao defender aconstrução urgente de um movimentoque se contraponha ao projeto do go-verno.

Na crise financeira por que passao Instituto do Coração (Incor), em SãoPaulo, entre as alternativas que estãosendo apresentadas pela fundação quecontrola a unidade estão reduzir os va-lores pagos aos profissionais de saú-de e restringir ainda mais os atendi-

Por Hélcio Duarte Filho

mentos feitos pelo Sistema Único deSaúde, abrindo mais espaço paraquem paga planos de saúde privados.

O alvo inicial seriam as unidadesfederais - Andaraí, Servidores e Lagoaentre eles -, mas há indícios de que ameta é estender a proposta para as es-feras estadual e municipal. A escolhado ex-interventor do Ministério da Saú-de no Rio, Sergio Cortez, que conduziuconstituição de uma fundação no Into,para ocupar o cargo de secretário deSaúde no próximo governo. contribuipara essa análise. O próprio governa-dor eleito, Sérgio Cabral Filho, já decla-rou que pretende mexer no modelo degestão na saúde. "É uma cadeia, quecomeça com os hospitais federais", ava-lia Márcia Adriana.

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�914 NOVEMBRO 2006

Departamento da Saúde Es-tadual do Sindsprev solicitaráaudiência com o governador

eleito, Sergio Cabral (PMDB), paracobrar o atendimento das reivindica-ções contidas na carta-compromissoapresentada pelo Sindicato a todos oscandidatos, em setembro deste ano. Naépoca, com exceção de DeniseFrossard, todos os candidatos ao go-verno do Estado assinaram a carta, quepede o compromisso com aimplementação do PCCS da catego-ria e com o reajuste do piso salarial(hoje em míseros E$ 151,00).

Membro do Departamento e servi-dor do Hospital Estadual Pedro II, Gil-berto Custódio de Mesquita explicaque, nas conversações com o novo go-vernador, a intenção é ir além da carta-compromisso “Queremos PCCS e re-ajuste. Mas também queremos soluçõesconcretas para os problemas da saúdeno Estado, que continua sucateada,desabastecida e com inúmeras preca-riedades em toda a rede. Isto não podemais continuar”, diz.

Outra frente de atuação do De-partamento será acompanhar as vo-tações do orçamento para 2007 naAssembléia Legislativa (Alerj). “No-vamente pressionaremos os deputa-dos pela aprovação de emendas deinteresse da população para restabe-lecer os 30% que Rosinha cortou dasaúde”, explica Gilberto, lembrandoque o novo governador, para ser ‘co-erente’ com suas promessas, devecobrar a aprovação de verbas parao PCCS e recuperação das unida-des sucateadas nos últimos anos.

Por André Pelliccione

SAÚDE ESTADUAL

Servidores cobram de SergioCabral a implementaçãodo PCCS e reajuste no pisoNovo governador assinou carta-compromisso do Sindsprev em setembro

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O servidor Gilberto Custódio, da saúde estadual

Carta aos servidores da saúde estadual - Mariá Casanova

Só quem esteve internado é quesabe o sofrimento e a dor que se passano Hospital Central do IASERJ, para oqual contribuímos há anos, mas que ogoverno Garotinho está desmontando,em mais um ataque à saúde pública, queestá em coma. A situação é ainda maisabsurda se lembrarmos que o IASERJ éo Instituto de Assistência dos Servido-res estaduais.

Entrei para o Estado em 1978 e, gra-ças a Deus, nunca precisei ser interna-da. No entanto, no dia 10 de outubro pas-sei mal, com uma dor localizada entre avisícula, o fígado e intestinos. Fui atendi-da por excelentes médicos e servidores,mas fiquei em cima de uma maca por72 horas devido à negligência da gover-nadora Rosinha Garotinho. Onde eu es-tava havia três pacientes, mas só umaescada. Acordei lá pelas 3 h da madru-gada, pensando que a escada estives-se em minha maca. Mas, ao colocar ospés nos chão, não havia escada e leveium tombo. Resultado: fiquei com hema-

”O IASERJ é nosso e temos que salvá-lo”tomas no braço e clavícula esquerdos ejoelho. No dia seguinte, relatei o ocorridopara o médico, Dr Roberto, que mandoufazer raio X. Felizmente, não tive fraturas.

Neste mesmo dia, o auxiliar não pôdese transformar em medicação. Falou aoplantonista que não havia analgésico nacasa, dipirona, buscopan. Pedi então umapedra de gelo para colocar no local, masnão tinha. Só tinha era a boa vontade dosprofissionais. Finalmente encontrei amedicação com a Dra. Maria de RosárioFreire, que investigou o meu caso e pediuos exames necessários (endoscopia,colonoscopia).

O problema é que o IASERJ está semfilme para raios X e endoscopia. Aultrassonografia está parada por falta depagamento, pois os serviços sãoterceirizados e Rosinha não paga os for-necedores.

Resumindo, os amigos começarama pedir a outros amigos para que eu pu-desse fazer exames fora, pois só a

colonoscopia exige um preparo rígido de4 dias.

Em 26 de outubro, após ficar desmai-ada por mais de uma hora, contei com aboa vontade e carinho da enfermagem,auxiliares e a equipe médica compostapelo Dr. Júlio, responsável pelo plantão,que só saiu de minha casa quando eu jáestava medicada com um colar cervical

improvisado.

Relatei aos médicos que iria fazer aColonoscopia com muito sacrifício, poisestava andando com muita dor nacervical. Só que passaram-me umatomografia computadorizada, raio X dacervical e crânio (seio da face). Mais umavez, tive que recorrer aos amigos, poisno Hospital não há ambulância e o SAMU192 é o mesmo que nada.

Após tanta peregrinação, subi paraa enfermaria da cirurgia geral, chefiadapelo Dr. Mário e equipe. Se não fosse adedicação e a seriedade dos profissio-nais de saúde, a minha situação seriapior. Pedirei ressarcimento de tudo o quegastei durante minha internação e a re-paração das quedas que tive. Afinal, saú-de pública gratuita e de qualidade é obri-gação do Estado e direito da população.Vamos lutar para que todos os servido-res tenham direito à sua parcela noIASERJ.

A luta continua. O IASERJ é nosso etemos que salvá-lo.

Mariá Casanova, membro do Depar-tamento da Saúde Estadual do Sindsprev

Segundo projeções do deputadoPaulo Pinheiro (PPS), presidente daComissão de Saúde da Alerj, é ne-cessário um incremento de 70% noorçamento de pessoal da Secretariade Saúde para implementar o PCCS

da categoria, o que até agora nãoocorreu.

Em breve o Departamento da Saú-de Estadual indicará a data de uma as-sembléia da categoria, que definirá umplano de lutas para 2007.

Sindicalização é pré-condição para açõesjudiciaisO Departamento lembra que, paraparticiparem das ações judiciaismovidas pelo Sindsprev em defesada categoria, os servidores da saúdeestadual devem ser filiados aosindicato. Essas ações são asseguintes: revisão da insalubridade;adicional-noturno; passivos dostriênios; e Geeled dosmunicipalizados. Quem ainda nãose filiou deve fazê-lo o maisrapidamente possível.

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Mariá Casanova, que consideraurgente salvar o IASERJ

Em reunião no dia 7 deste mês, naSuperintendência de Saúde, aAssociação dos Funcionários doHospital Pedro II cobrou oatendimento das reivindicações nasaúde estadual e mais atenção paraaquela unidde. Discutiu-se, entreoutros assuntos, a refiliação dosservidores da saúde estadual e asituação dos prestadores de serviçode lavanderia, segurança e limpeza,em precária situação trabalhista.

AFHEP II reúne-se comSuperintendênciaEstadual de Saúde

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10� 14 NOVEMBRO 2006

CONSCIÊNCIA NEGRA

Por Hélcio Duarte Filho

O Dia Nacional da Consciên-cia Negra, 20 de novembro,data símbolo da luta contraa discriminação racial, terápasseata, seminários e atra-ções culturais. O Sindsprev/RJ convida a categoria aparticipar das atividades, aserem realizadas na semanaem que se comemora o ani-

versário de morte de Zumbi dosPalmares, líder da luta pela liberta-ção dos escravos no país (ver quadronesta página).

A marcha deste ano, na quarta-feira 22, sairá da Candelária em di-reção à Cinelândia, ao contrário dopercurso tradicional até o busto de

Marcha no dia 22 marcaConsciência Negra

Sindicato participa e organiza atividades na semana nacional de combate à discriminação racial

Zumbi, na Praça 11. Em frente à Câ-mara dos Vereadores, haverá um pro-testo contra a condecoração conce-dida à aposentada que ganhou noto-riedade ao atirar em um mendigo queteria tentado assaltá-la. A homena-gem será criticada em virtude das de-clarações dela, que sugeriu levar osmendigos da cidade em um navio parao alto mar. "Foi uma declaração ra-cista e preconceituosa", diz OsvaldoMendes, diretor da Secretaria deRaça, Gêneroe Etnia, que participa daorganização das atividades.

A marcha está sendo organizadapelo Fórum Estadual de Mobilizaçãoda Comunidade Negra no Rio, doqual participam o Sindsprev e aConlutas (Coordenação Nacional deLutas). A concentração começa às

16h30, na Candelária.Pela primeira vez, o sindicato or-

ganizará atividades do 20 de Novem-bro por intermédio do projeto Sinds-prev Comunitário, que busca criar la-ços entre as lutas da categoria e co-munitárias. Haverá dois eventos comesse perfil: na Praça do Cruzeiro, emDuque de Caxias, no dia 20, e noMorro do Estado, em Niterói, nos dias19 e 20.

Para Osvaldo, a realização de ati-vidades pelo Sindsprev Comunitáriorepresenta um avanço nas mobiliza-ções do sindicato em torno do com-bate à discriminação. "Vai levar essaconsciência para dentro de comunida-des que [sofrem] com a violência queatinge mais negros e negras", diz.

Afonso, antigo moradordo Morro do Estado

Fernanda e os filhos, acima; Tão e

Maria Rosa, ao lado: atividade que

marcará a Consciência Negra

no Morro do Estado, organizada

pelo Sindsprev Comunitário

junto com a comunidade,

será nos dias

19 e 20 de novembro

Centro22 de novembro de 2006EVENTO: Marcha ZumbiCONCENTRAÇÃO: Candelária, 16h30REALIZAÇÃO: Fórum Estadual deMobilização da ComunidadeNegra do Rio de Janeiro.

Niterói-I19 e 20 de novembro de 2006EVENTO: 1º Encontro daConsciência Negra doMorro do EstadoLOCAL: Campo do Morro doEstado, Centro NiteróiHORÁRIO: das 13 às 24 horasREALIZAÇÃO: Sindsprev/RJComunitário | Morro do Estado

Niterói-II

23 e 24 de novembro de 2006EVENTO: 2º Seminário deGênero, Raça e EtniaHORÁRIO: das 13 às 19 horasREALIZAÇÃO: Regional Sindical deNiteróiAPOIO: Sindsprev/RJ

Baixada Fluminense

20 de novembro de 2006EVENTO: Atividade Cultural naPraça do CruzeiroREALIZAÇÃO: Sec. Gênero, Raça eEtnia | Sindsprev/RJ Comunitario| MNUHORÁRIO: a partir das 12 horas

A programação daConsciência Negra

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�1114 NOVEMBRO 2006

Debate,

cinema,

música e

desfile tocam

na questão

racial em uma

comunidade

onde, há um

ano, cinco

crianças

negras foram

executadas

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Osmar Dias: operário da construção civil em casa de pau-a-pique no Morro do Estado

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Morro do Estado, que pode ter sido quilombo,recebe o Sindsprev Comunitário

esquisa recente investiga in-dícios de que havia, no perío-do colonial, um quilombo noMorro do Estado. Pois é ali,no campinho no alto destemorro de altura modesta masconcentrador da maior fave-la de Niterói, que, nos dias19 e 20 de novembro, o

Sindsprev Comunitário e associaçõeslocais fazem o primeiro evento contraa discriminação racial que se tem notí-cia na história recente da comunidade.

Na tarde do sábado 11, a repor-tagem do Jornal do Sindsprev per-correu as suas ruas e vielas acompa-nhada de três dos organizadores da ati-vidade – Sebastião de Souza, o Tão,diretor da Regional do Sindsprev emNiterói e morador do local, MariaRosa Rocha, da comunidade, e queprepara, com evidente entusiasmo, odesfile infantil que acontecerá no dia20, e Nilza Helena, da Secretaria deRaça, Gênero e Etnia do sindicato.

De saída, na comunidade da Chá-cara, está o capixaba Afonso Macha-do, 83 anos, um dos mais antigos mo-radores. Cego há quase 15 anos,pai de seis filhos, chegou em 1955,

tempo em que, para ali se instalar, erapreciso autorização da Prefeitura. Falacom saudosismo. "Isto aqui era o pa-raíso", agora tá bravo", diz, sem preci-sar o que "está bravo". É a violência oproblema?, pergunta o repórter insis-tente. Desconversa. O telefone da ven-da que ainda mantém, providencial,toca. Vai atender. A prosa muda. SeuAfonso diz que o Morro é "uma barri-ga de mãe", que acolhe a todos, até osingratos, e que gosta dali.

Pouco depois, está Osmar Dias, quehá 45 anos deixou Itaperuna para ali seradicar. Vive em uma pequena casa aindade estuque – ou pau-a-pique, como in-dica Rosa –, cada vez mais rara no ce-nário já dominado pela alvenaria. A casa,pobre, guarda como pode as poucascoisas de um homem solteiro e solitáriode 65 anos, sem bolsa família ou apo-sentadoria, que reclama da vista aciden-tada na obra oito anos atrás.

Operário da construção civil, comba-lido pelo acidente, passou parte da vidaconstruindo prédios na nobre Icaraí paraa classe média morar. Prova, mostra acarteira assinada pela Pinto de Almeida.Não conseguiu trocar o barro de seubarraco pelo tijolo. Faltou dinheiro. "Nãoconsegui guardar", recorda-se.

‘É uma realidade dolorosa'

Quem mora em favela sabe quenão é preciso ser negro para ser dis-criminado. Mas a cor da pele parece'ajudar'. Quando as manifestaçõesdeste 20 de novembro acontecerem,estará próximo de fazer um ano damorte de cinco jovens, quatro delescrianças, por policiais militares noMorro do Estado. Todos negros. "Eufico me perguntando, será que foi porisso?", indaga Fernanda Antonio Oli-veira, mãe de Welington Santiago,que tinha 11 anos quando foi fuzila-do pelos policiais.

A morte de jovens em supostosconfrontos com PMs não é novidadenas comunidades. Costuma ganhar notade pé de página nos jornais. Mas ocaso repercutiu devido aos testemu-nhos e evidências de que os jovens nãoestavam envolvidos com o tráfico e queteriam sido executados.

Na casa em um platô no alto domorro, com vista para a Bahia deGuanabara, Fernanda, de 29 anos, vivecom seus outros quatro filhos. Tenta

superar e entender o que aconteceunaquele sábado de dezembro de 2005."Você luta pra dar o melhor para ele ede repente ele é interrompido por pes-soas que você nunca viu na vida, aque-les tiros todos numa criança de 11 anosque não estava armada", desabafa.Medo? "Não sinto medo, quem perdenão sente medo, sente dor".

Com a pequena Ana Beatriz nocolo, e em meio às travessuras deGabriel, de 4 anos, Fernanda falou dasaudade de Santiago: "Eu sinto meu fi-lho ir se arrumar para sair, eu sinto umador por dentro".

Sente-se discriminada por ser ne-gra e favelada? "Comunidade é umarealidade bem dolorosa, a gente nãotem chance de nada, não tem chancede continuar nossa luta, somos sempreinterrompidos por quem tem mais", res-ponde. "Não tem só bandido aqui, temtrabalhador", reclama. "Preto não temvez no mundo", emenda. Vai participardas atividades da Consciência Negra.Falará sobre o que viveu. E se juntaráa outras vozes que tentam mudar isso.

(por Hélcio Duarte Filho)

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12� 14 NOVEMBRO 2006

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Por Luciana Crespo

epois de 14 anos de guerrade independência e mais 27de conflitos internos, final-mente Angola está em paz.Dois fotógrafos e jornalistasbrasileiros percorreram opaís e mostram a nova face

dos angolanos na exposição fotográ-fica e livro Angola – A Esperança DeUm Povo, que, depois de ter feitomuito sucesso em suas temporadas emSão Paulo, Salvador e Brasília, final-mente chega ao Rio. Os fotógrafos nãopoderiam deixar de levar esta impor-

tante mostra fotográfica à capital cario-ca, que tem a maior colônia de cida-dãos de origem angolana no País. Aexposição está no segundo andar doCentro Cultural Justiça Federal.

Os fotógrafos documentaristasVinicius Souza e Maria Eugênia Sá per-correram diversas cidades do país afri-cano, logo após o acordo de paz quedeu fim à guerra civil. Por intermédio

do apoio de entidades como ComitêInternacional da Cruz Vermelha,GBECA – Grupo Bíblico de Estudan-tes Cristãos de Angola, SchweizerAllianz Mission (Sole), The Halo Trust(desminagem) e Médicos Sem Fron-teiras, os fotógrafos chegaram a váriasregiões de difícil acesso, visitando cam-pos de deslocados, hospitais, camposminados e escolas na capital e no inte-rior. O resultado desta documentaçãofotográfica é revelado nas 60 fotos empreto e branco e coloridas presentesna exposição (48 no livro). São ima-gens de esperança, alegria e fé num fu-turo de paz que finalmente aparecemrefletidas nos olhos de cada pessoacomum nas ruas das grandes cidades,em distribuições de alimento, nos cui-dados médicos recebidos e no reen-contro com familiares.

Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá([email protected] e [email protected]) são fotógrafos com for-mação bastante eclética, tendo passa-do por diversas revistas, jornais, agên-cias, etc. Seu maior interesse, entre-tanto, é por projetos pessoais de foto-grafia documental que mostrem a vida,as pessoas e os lugares por uma óticadiferente e por vezes não convencio-nal. A fotografia de cada um secomplementa no outro, somando ân-gulos e estilos. Em sua trajetória já cor-reram o Brasil quase inteiro e tambémmeio mundo. Para saber mais sobre otrabalho da dupla, é só visitar o site:http://mediaquatro.sites.uol.com .br .

Local:

Centro CulturalJustiça Federal,Av. Rio Branco,241, Centro, Riode Janeiro – RJ.Tel.: (21) 3212-2550. Entradafranca.

Serviço:

ExposiçãoAngola– A Esperançade um Povo

Quando:

Até 26 denovembro de2006.De terça adomingo, das12h às 19h

Imagens de rara beleza, tons e plasticidade compõem a exposição Angola - a Esperança de um Povo, no Centro Cultural da Justiça Federal

Exposição de fotografias mostraa esperança do povo angolano

CULTURA

Livro

Angola – A Esperançade um PovoVendas: Nas livrarias ou pelo sitehttp://www.carosamigos.com.br

Produção:Media Quatro – http://mediaquatro.sites.uol.com.br

Apoio:Sindicato dos Servidores das JustiçasFederais do Estado do Rio de Janeiro;Comitê Internacional da CruzVermelha; e Labtec – LaboratórioFotográfico.