parabola filho prodigo

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UM ESTUDO SOBRE A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO. UM ESTUDO SOBRE A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO. O texto que trata da história do filho pródigo está em Lucas 15:11-32. A vida de um pecador que se converte compreende cinco estágios, os quais podem ser vistos nesta parábola que Jesus utilizou para confrontar os Fariseus: O primeiro estágio é a partida (descrita nos versículos 11-13). O segundo estágio é a miséria na terra estrangeira (descrita nos versículos 14-16). Já nos versículos 17 ao 19 temos a contrição pelos pecados cometidos. Depois, o retorno ao Pai no versículo 20 e seguintes. E o quinto estágio que é a aceitação do filho que volta ao convívio familiar. Podemos simplificar: Pecado, Castigo, arrependimento, conversão e justificação. Por vezes nos limitamos a falar somente do filho mais novo, quando em verdade, esta parábola se dirige também àquelas pessoas que se colocam no lugar do filho mais velho, e que podem ser exemplificadas com aqueles que se denominam “crentes antigos”. E disse: Um certo homem tinha dois filhos. E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. Jesus inicia sua parábola falando que havia um homem que tinha dois filhos. É de se estranhar a iniciativa do filho em repartir as terras do pai, sem sequer esperar a sua morte. Isto por si só já demonstra uma quebra da lei natural na sucessão das coisas. Conforme o costume daquela época, o filho primogênito (mais velho) receberia dois terços da propriedade. Já ao filho mais moço cabia um terço. Este costume é descrito no Livro de Deuteronômio. O primogênito é o princípio da força do homem e devia receber porção dobrada. O filho mais moço dá inicio ao repartir da propriedade, numa demonstração de desrespeito para com a autoridade paterna enquanto chefe daquele núcleo familiar. Deveria partir do pai a

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Page 1: Parabola Filho Prodigo

UM ESTUDO SOBRE A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO.

UM ESTUDO SOBRE A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO.

O texto que trata da história do filho pródigo está em Lucas 15:11-32.

A vida de um pecador que se converte compreende cinco estágios, os quais

podem ser vistos nesta parábola que Jesus utilizou para confrontar os Fariseus: O

primeiro estágio é a partida (descrita nos versículos 11-13). O segundo estágio é a

miséria na terra estrangeira (descrita nos versículos 14-16). Já nos versículos 17 ao 19

temos a contrição pelos pecados cometidos. Depois, o retorno ao Pai no versículo 20

e seguintes. E o quinto estágio que é a aceitação do filho que volta ao convívio

familiar. Podemos simplificar: Pecado, Castigo, arrependimento, conversão e

justificação.

Por vezes nos limitamos a falar somente do filho mais novo, quando em

verdade, esta parábola se dirige também àquelas pessoas que se colocam no lugar do

filho mais velho, e que podem ser exemplificadas com aqueles que se denominam

“crentes antigos”.

E disse: Um certo homem tinha dois filhos.

E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me

pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.

Jesus inicia sua parábola falando que havia um homem que tinha dois filhos. É de se

estranhar a iniciativa do filho em repartir as terras do pai, sem sequer esperar a sua

morte. Isto por si só já demonstra uma quebra da lei natural na sucessão das coisas.

Conforme o costume daquela época, o filho primogênito (mais velho) receberia dois

terços da propriedade. Já ao filho mais moço cabia um terço.

Este costume é descrito no Livro de Deuteronômio.  O primogênito é o princípio da

força do homem e devia receber porção dobrada.  O filho mais moço dá inicio ao

repartir da propriedade, numa demonstração de desrespeito para com a autoridade

paterna enquanto chefe daquele núcleo familiar. Deveria partir do pai a iniciativa de

repartir a terra e assim se desincumbir de sua responsabilidade para com a

administração.

E poucos dias depois, o filho mais novo; ajuntando tudo, partiu para uma terra

longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente.

Podemos supor que ele vendeu as terras para alguém estranho à família, e tomando

sua parte em espécie partiu. Ainda hoje vemos nossos jovens partindo para terras

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cada vez mais distantes numa valorização da “cultura alheia”. Importante notar que o

Pai neste momento não profere nenhuma censura. Fica calado. Ele permite (assim

como Deus) que o ser humano faça o que quer. Este respeito ao “direito de pecar”, é o

respeito ao fato de que Deus criou o homem livre e para a liberdade, inclusive para a

liberdade de pecar. O pai permitiu ao filho mais moço que ele escolhesse seu

caminho, procedendo de acordo com seus desejos.

Desperdiçou é justamente o oposto de “ajuntando tudo”. É nisto que consiste o

pecado. Gastar os bens criados por Deus Pai, e a nós emprestados. Alguns destes

bens: Saúde, Vigor Físico, Coisas Materiais, Tempo, Saúde Mental. No pecado, o filho

de Deus, não atenta para a questão da mordomia. Este afastamento para um terra

distante é uma fuga da disciplina do Pai.

E havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a

padecer necessidades.

Esta descrição breve retrata que o filho se viu pobre, desnudo e despido de suas

posses. Na terra em que ele achava que teria plena liberdade, ele se viu de repente

presa das circunstâncias mais adversas. Este padecer necessidades é uma

demonstração de sua condição de extrema inferioridade em relação aos habitantes

naturais daquele país. Uma condição pior do que o natural da terra. Numa

comparação com o mundo moderno vemos que não mudou muito. Os filhos saem do

lar e na esperança de uma pseudo-liberdade, vivem uma vida dissoluta. Ainda assim

ocorre com aqueles que muitas vezes abandonam a igreja para a vida no mundo. Esta

crença de uma liberdade irrestrita fora da vida familiar e congregacional não passam

de uma armadilha, o mais é engano.

E foi e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os

seus para apascentar porcos.

Em conformidade com a lei judaica, os porcos eram animais imundos. Os porcos não

podiam ser comidos ou usados em sacrifícios, portanto para um judeu, tratar dos

porcos representava a suprema humilhação. Tal fato pode ser conferido em Levítico

11: 2-8 e Deuteronômio 14:8. Desejar comer a comida dos porcos significava que ele

estava numa condição muito além da degradação humana. Ou numa linguagem

econômica moderna, ele estava muito abaixo da linha da pobreza. Vemos o naufrágio

do filho mai moço e sua submersão nas águas escuras da perdição. Longe dos seus,

desamparado pelos amigos que só se interessavam pela fortuna.

Humilhado...Humilhado...Humilhado...

Assim nos deixa o pecado. Jogado na lama do chiqueiro dos porcos. Representado

hoje pelas sarjetas da bebida, do jogo e das drogas e das prostituições.

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E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e

ninguém lhe dava nada.

Já ouvi muitas pregações dizendo que ele comia a comida dos porcos. Mas vemos

que nem isto sobrava para ele. Ou seja, ninguém lhe dava nada. O porco assumiu

muito mais importância do que o homem. Mas é este o trabalho do diabo: Roubar,

Matar e Destruir. O mais humilhante trabalho que poderia existir para um judeu não lhe

garantiu sequer a sua subsistência. Algumas versões trazem que as comidas dos

porcos eram “vagens de alfarrobeiras”.

E, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de

pão, e eu aqui pereço de fome!

Vemos aqui a contrição pelo saída inoportuna de sua casa. A sua mente analisa a

diferença entre a miséria e a abundância da casa paterna. Vemos ainda hoje esta

latente diferença entre a vida na congregação junto aos irmãos, ao pé dos pastores e

a vida nas noitadas de bebidas e destruição familiar. A recordação de um pai que era

bom para os filhos e para seus empregados.“As grandes dores as tragédias são

frequentemente necessárias para fazer as pessoas olharem para o único que pode

ajudá-las: Jesus.”[2]

Será que você neste momento está agindo assim? De acordo somente com suas

vontades, de forma egoísta. Saiba que isto trará para você e para os seus muitas

dores. O ideal é parar antes que o fundo do abismo nos toque.

“Caindo em si”, significa que antes, ele estava tomado pela loucura do pecado. É isto

que é o pecado: Loucura. A volta acontece pela confiança que ele tem depositada no

Pai e pelo amor próprio.

Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe -ei: Pai, pequei contra o céu e

perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos

teus trabalhadores.

A recordação de que os empregados de seu pai tinham abundância  e a saudade do

tratamento que recebia fala fundo em seu coração. “Planeja antepor à solicitação

prevista uma confissão de sua culpa.”[3]

E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e

se moveu de íntima compaixão,e, correndo, lançou-se lhe ao pescoço, e o

beijou.

Estamos diante de uma demonstração inequívoca da GRAÇA DE DEUS.  O pai

esperava a volta do filho pródigo, não saiu para procurá-lo pois sabia que estava

lidando com um ser humano dotado de vontade e liberdade. Ainda assim ocorre com

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os crentes desviados, esperamos pela suas voltas, pois sabem que há um caminho.

Diferente das ovelhas perdidas ou das dracmas[4] que hão que ser procuradas. Mas o

filho quando volta para seu pai, é recebido de forma alegre. Esta constância e

paciência no amor de deus é que faz com que Ele nos dê as boas-vindas ao

retornarmos para o lar.  Assim como o pai age nesta história, Deus age em nossas

vidas. Deus não nos força a respondê-lo ou a buscá-lo, mas quando o fazemos, Ele

nos recebe de braços abertos. O fato de que o pai o viu ao longe, é uma

demonstração de quantas vezes aquele pai, teve seu olhar perdido no horizonte, na

esperança de que o filho apontasse na estrada. Uma demonstração de que o amor do

pai não foi extinto pelo tempo e pela ausência da separação. A íntima compaixão que

mostra o pai mostra que o estado deplorável do filho, longe de deixar asco, deixou

mais motivação para que o pai o recebesse. É por isto que não entendemos quantas

mães e pais enfrentam horas de humilhação para visitar os filhos nos presídios. A

restituição do relacionamento ocorre sem cobranças por parte do pai. É como se o

filho mais moço nunca o tivesse decepcionado. O maravilhoso disto tudo é que o pai

toma a iniciativa de abraçar o filho. Nada de críticas, de repreensões, mas apenas o

amor demonstrado no abraço silencioso.

E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser

chamado teu filho.

Mas o pai disse aos cervos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e

ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés. 

Descalço, maltrapilho e sem reconhecimento é assim que voltamos do mundo para a

casa do Pai. Em troca de nossos trapos, recebemos roupas melhores. Os pés

imundos são lavados e calçados com sandálias. E o bezerro cevado, foi a morte de

Cristo.  Esta foi a oferta pela propiciação de nossos pecados. O pai que ficou calado o

tempo todo, agora abre a boca. Não para falara um “Está perdoado”. Mas, sim, para

dar ordens imperativas aos servos para que coloquem o filho arrependido na melhor

posição da casa. Assim devem ser as ações de perdão em nossas vidas. Perdão não

pode ser mostrado por palavras vazias e sem sentido, mas por ações que

efetivamente demonstrem o ato do perdão. E perdão não é Dom; é ordenança.

As sandálias são um privilégio do homem livre. O escravo devia andar descalço. “Para

a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais,

de novo, a jugo de escravidão.” (Gálatas 5:1)

O anel era símbolo de autoridade para o judeu.

E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos,

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Todos devem alegrar-se com a volta do filho que estava perdido. Inclusive os cervos

da casa. Assim nós devemos participar da alegria de nosso pai. Assim ocorre com os

anjos no céu. Alegram-se quando um pecador se arrepende. Fazem festa de júbilo

para com aquela alma que estava perdida e salvou-se. Esta festa representa a

comunhão.

porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E

começaram a alegrar-se.

Não importa a maneira como os pecadores se perdem. Deus está de prontidão eterna

esperando o momento em que seus filhos resolvem voltar para o lar. Dentro da Bíblia

Cristã, o conceito de morte e vida, faz alusão à questão do pecado e da conversão. O

pecado representa a separação do pai. A conversão representa a aceitação de que

somos dependentes de Deus para termos a salvação por meio de seu filho. Pecado é

morte. Conversão é vida.

E o seu filho mais velho estava no campo; e, quando veio e chegou perto de

casa, ouvia a música e as danças. E chamando um dos servos, perguntou-lhe

que era aquilo.

E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o

recebeu são e salvo.

Mas ele se indignou e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele.

Cristo está falando diretamente aos fariseus que julgam ser melhores do que outros.

Mas fala diretamente às igrejas do mundo moderno e de seus membros que não

gostam de receber pecadores em seus interiores. Estas igrejas da Teologia da

prosperidade não querem nada mais que as lãs de suas ovelhas. Não se preocupam e

não se alegram com a salvação das almas.

Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca

transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me

com meus amigos.

O que vemos na atitude do filho mais velho, é o que presenciamos até hoje.

O “Escândalo da Graça” causa perplexidade até hoje no mundo. O homem natural

não aceita o fato de que o pecador tem a sua impureza remida sem que para isto

precise oferecer sacrifícios, penitências e novenas. O homem natural não entende o

AMOR DO PAI que deu seu filho unigênito para morrer e apesar de toda  nossa vida

dissoluta nos aceita e nos veste com trajes de festa. A representação do filho mais

velho é para ilustrar os judeus, que de forma meticulosa guardavam os princípios

legais, mas nem de longe compreendiam o princípio da Graça Divina.

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Vindo, porém, este teu filho que desperdiçou a tua fazenda com meretrizes,

mataste-lhe o bezerro cevado.

As palavras do filho mais velho demonstram que ele estava tão perdido quanto o filho

mais novo. “As pessoas que se arrependem depois de viver notoriamente no pecado

atraem suspeitas; há igrejas que se mostram pouco dispostas a admiti-las como

membros.” (BAP, 1386)

É muito difícil para o filho mais velho aceitar o irmão que viveu de forma dissoluta e

desregrada, mesmo tendo se arrependido. Inúmeras vezes, Cristãos mais velhos

agem (motivado pelo ciúme) como o irmão mais velho. Na verdade deveriam agir

como o Pai que abriu os braços para recebê-lo.

A nossa atitude deve ser semelhante como a dos anjos no céu. Há regozijo quando

um pecador se arrepende e volta para Deus.

E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são

tuas.

Não percebemos por várias vezes que as bênçãos do Pai são nossas. E o que vemos

muitas vezes é o que se chama de “correr atrás da benção”.

O perdão do pai está ligado ao fato de que ele é Amor. Já o filho mais velho

representa o ressentimento. Mas nada há que não possa ser refeito.

A inveja e o orgulho é que nos impedem de usufruirmos das coisas que Deus nos dá e

não as bênçãos que estão ao nosso alcance.

Mas era justo alegrarmo-nos e regozijarmo-nos, porque este teu irmão estava

morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado.

O pai sabiamente lembra que o que retornou ao seio da família foi o irmão que saiu.

Embora magoado e machucado ambos têm sua gênese no mesmo pai e muito

provavelmente tenham se alimentado do mesmo leite materno.

O ser que está morto é uma analogia com aquele ser que perdeu o contato com Deus.

Ao perder o contato com Deus, deixamos de participar da vida ressurreta em Cristo

Jesus. “nem ofereçais cada um dos membros do seu corpo ao pecado, como

instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os

mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.” (Romanos 6:13)

E ainda: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados.”

(Efésios 2;1)