para uma ontologia do ser social

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Para Uma Ontologia do Ser Social Vania Sierra

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Page 1: Para uma ontologia do ser social

Para Uma Ontologia do Ser

SocialVania Sierra

Page 2: Para uma ontologia do ser social

GYÖRGY BERNHARD LUCKÁCS

1885-1971

Page 3: Para uma ontologia do ser social

Nasceu em Budapeste, segundo filho de Adél Wertheimer e Jozséf Lukács,

próspero dirigente da principal instituição bancária da Hungria. Em 1909 Ingressou na Universidade de Budapeste. Doutorou-se em

ciências Jurídicas em 1906 e em filosofia em 1909. Após a Revolução Russa de 1917, adere ao marxismo e, em 2 de dezembro

de 1918, ingressa no Partido Comunista da Hungria. Com a proclamação da República Soviética da Hungria ocupa o cargo de

comissário do povo para a educação no governo de Bela Kun, em 1919. Foi exilado em Viena e publicou História e Consciência de Classe em 1923. Em 1930, muda para Moscou e começa a trabalhar no Instituto Marx-Engels Em 1956, as tropas soviéticas invadem a Hungria e Luckács, na época

Ministro da Cultura, é deportado para Romênia. Quando retorna a Hungria, em 1957, perde a cátedra na Universidade de

Budapeste e é expulso do Partido Comunista. Morre em 1971.

BIOGRAFIA

Page 4: Para uma ontologia do ser social

Crítica ao neopositivismo, com destaque a

homogeneização e a manipulação. Crítica ao idealismo. Critica ao marxismo dogmático que prioriza a

categoria da necessidade na história. Critica ao estruturalismo. Critica ao stalinismo. Necessidade de revisão do marxismo e da

questão da ética, após o stalinismo.

Por que a ontologia do ser social?

Page 5: Para uma ontologia do ser social

Crítica a estrutura ontológica dualista dos gregos e

do cristianismo. Da essência do homem a modernidade passa a

discutir a natureza do homem. A natureza do homem corresponde a ser

proprietário, o burguês. Os padrões modernos de racionalidade

correspondem às condições de vida na sociedade. A relação comercial capitalista é transformada na

essência eterna e imutável de todas as relações sociais

A Ontologia do Ser Social, segundo Sérgio Lessa

Page 6: Para uma ontologia do ser social

O Estatuto ontológico da essência

(processual, determinação inerente a história) – elementos de continuidade do humano- genérico.

As categorias ontológicas que fundam a historicidade da essência humana

Dois momentos da Ontologia do ser social

Page 7: Para uma ontologia do ser social

O ser social pressupõe em

seu conjunto e cada um dos seus processos singulares, o ser da natureza inorgânica e o ser da natureza orgânica.

O Ser Social

Page 8: Para uma ontologia do ser social

A categoria de totalidade significa (...), de um

lado, que a realidade objetiva é um todo coerente em que cada elemento está, de uma maneira ou de outra, em relação com cada elemento e, de outro lado, que essas relações formam, na própria realidade objetiva, correlações concretas, conjuntos, unidades, ligados entre si de maneiras completamente diversas, mas sempre determinadas (Lukács)

Totalidade

Page 9: Para uma ontologia do ser social

A totalidade constitui a reprodução ideal do

realmente existente; as categorias não são formas de ser de uma arquitetura hierarquizada e sistemática, mas ao contrário, são na realidade “formas de ser, determinações da existência”, elementos estruturais de complexos relativamente totais, reais, dinâmicos, cujas interações dinâmicas dão ligar a complexos cada vez mais abrangentes, em sentido tanto intensivo quanto extensivo. (Luckács)

Totalidade e as categorias

Page 10: Para uma ontologia do ser social

O conhecimento das partes e do todo pressupõe uma

reciprocidade, porque o que confere significado tanto ao todo quanto às diversas partes que o formam são determinações, dispostas em relações, que exatamente perpassam completam a transversalidade do todo, de modo que não pode haver conhecimento de um todo ou de partes dele se, amputada a totalidade, isolados os seus elementos entre si e em relação à totalidade e desconhecidas suas leis, não é possível captar a amplitude de determinações ontológica das partes e da totalidade - determinações que só podem ser apreendidas se a análise percorre a transversalidade essencial do todo.(Carvalho, 2008)

Totalidade

Page 11: Para uma ontologia do ser social

É por demais sabido que o próprio modo de

produção capitalista conecta, em um momento para o seu desenvolvimento, em outro, para a sua ruptura, duas categorias fundamentais: trabalho e capital no plano objetivo, proletariado e burguesia no plano de suas respectivas subjetividades. Essa contradição, presente no topo da totalidade abrangente modo de produção, também está presente na outra ponta - a da categoria mais simples (molecular), a mercadoria - desse modo de produção (Carvalho, 2008)

Totalidade

Page 12: Para uma ontologia do ser social

Quando a totalidade está assim posta ou reposta, ficam

devidamente ressaltados alguns de seus traços constitutivos universais: em primeiro lugar, ela aparece como uma rede de relações, as fundadoras e as demais, a partir de uma determinada centralidade; em segundo, ela também aparece, simultaneamente, como uma unidade concreta das contradições que se chocam no seu interior e que exatamente expressam o seu conteúdo e o seu movimento; em terceiro, fica evidenciado o fato de que qualquer totalidade contém totalidades a ela subordinadas - totalidades internas e inferiores - e está contida em totalidades mais abrangentes, mais complexas e situadas numa escala superior; em quarto, e por último, fica também evidenciado o caráter histórico, portanto transitório, da totalidade, de qualquer totalidade dada. (Carvalho, 2008)

Totalidade

Page 13: Para uma ontologia do ser social

Trabalho – transforma a natureza, os

indivíduos e a sociedade (nova objetivação, nova situação socio-histórica, novas necessidades, novas possibilidades)

Reprodução – produção continuada do novo. Reprodução das individualidades e reprodução da totalidade social.

O trabalho como categoria fundante do ser social. Atividade essencialmente humana.

Mediações ontológicas

Page 14: Para uma ontologia do ser social

O trabalho para além de si próprio é a gênese dos complexos

sociais. Posições teleológicas primárias (operam a transformação da

natureza) e secundárias. Desenvolvimento de complexos sociais (linguagem, direito,

ciência, filosofia etc). Ideologias que mediam os conflitos Determinações que possuem relações com outras

determinações, remetendo a totalidade dos complexos. O real é a síntese de múltiplas determinações. Diversas possibilidades do conhecimento adquirido servir para

outras coisas. Novas formas de existência a cada novo momento.

Mediações em Luckács

Page 15: Para uma ontologia do ser social

Imprevisibilidade do futuro – as ações dos

homens ultrapassam as intenções conscientes, produzindo novas alternativas e novas séries causais.

Mediações que podem destruir a humanidade Podem surgir como obstáculos para a vida.

Alienação

Page 16: Para uma ontologia do ser social

Concorda com Lenin entendendo o Estado sobre a necessidade da

revolução e a impossibilidade de conciliação entre as classes. Rechaça o reformismo oportunista. Critica a social democracia Critica o domínio da burguesia na desorganização ideológica para manter

o domínio sobre as massas. Defende a formação dos conselhos operários, que devem desorganizar o

Estado burguês, agindo de forma autônoma e educativa. Os Conselhos devem promover a participação, visando "uma unidade

indivisível entre economia e política, ligando, desse modo, a existência imediata das pessoas, os seus interesses cotidianos etc. com as questões decisivas da totalidade" e contribuindo assim para evitar a burocratização . (Pinheiro, 2014)

Conselho operário, enquanto aparelho de Estado, "é o Estado como arma na luta de classes do proletariado"

O Estado em Luckács

Page 17: Para uma ontologia do ser social

A moral e o direito configuram-se como tentativas

exitosas das classes dominantes incidirem sobre o modo de ser dos indivíduos das classes dominadas. (Neto, 2011)

Em Luckács, o direito é reflexo e manipulação. Reflexo abstrato de uma realidade contraditória, mas idealizada como homogênea. Manipulação por ser elaborado por especialistas que se propõem “a captar a singularidade das condutas por meio da mediação estatal, pretensamente situada acima dos interesses antagônicos da sociedade civil-burguesa.” (Sartori, 2004)

Direito

Page 18: Para uma ontologia do ser social

Não expressa meramente o interesse da classe dominante.

Não se trata de um direito de conteúdo classista, mas sobretudo de um direito capaz de garantir a reprodução do complexo social total, se colocando como mediação.

Produto de um processo histórico, em que a divisão do trabalho ao socializar a produção, diversificou as funções, constituindo um conjunto complexo de especializações. O mundo socializado da produção estabeleceu formas de sociabilidade próprias, inerentes. Ao constituir um sistema cooperativo no processo de produção, mas competitivo no momento da circulação da mercadoria produzida, a relação do sujeito singular com o complexo social total foi tornada possível mediante as mediações, sendo o direito uma delas.

Direito

Page 19: Para uma ontologia do ser social

As normas jurídicas provem de uma realidade fabricada,

idealizada, onde se estabelece uma lacuna entre o singular e o universal.

Essa dissociação entre a singularidade e a universalidade inscrita no direito é decorrente do processo de alienação submetido aos indivíduos na sociedade. Não apenas por serem destituídos dos meios de produção, mas também por submeterem-se as condições de reprodução que sobrepõem o trabalho social abstrato ao trabalho concreto.

Direito e alienação

Page 20: Para uma ontologia do ser social

As estruturas jurídicas reforçam as hierarquias na estrutura social,

ou seja, a economia sendo a base para a classificação dos sujeitos segundo a posição ocupada na produção, pressupõe um direito que regule os relacionamentos, naturalizando a desigualdade. Ao definir o que é “normal”, procura anular pela repressão as ameaças de ruptura dos nexos produzidos nas normas jurídicas.

A fragmentação dos processos de produção e da divisão do trabalho significa a fragmentação do indivíduo, sua inserção fragmentada na realidade o conduz a uma posição contemplativa diante do processo de produção mercantil. (Luckacs). Significa a própria fragmentação da subjetividade. (Crocco, 2009)

Direito e alienação

Page 21: Para uma ontologia do ser social

Todo edifício da produção capitalista assenta

nesta interação entre uma necessidade regida por leis rigorosa em todos os fenômenos particulares e uma irracionalidade relativa do processo do conjunto. (Crocco, 2009)

O sistema como um todo se sustenta não apenas impondo aos indivíduos suas leis contingentes, mas também impossibilitando um conhecimento total ou integral da realidade social. (Crocco, 2009))

Direito e alienação

Page 22: Para uma ontologia do ser social

Numa sociedade em que a reprodução social depende

da circulação das mercadorias, sendo portanto submetida as leis de mercado, o valor de troca é o determinante na reciprocidade social. Nestas condições, os indivíduos, ainda que diferentes, são concebidos como iguais, daí poderem firmar um contrato.

A universalidade do direito é a universalidade abstrata fundamental à constituição do movimento da mercadoria. (Neto, 2011)

A forma mercadoria é a forma dominante em todo conjunto social.(Crocco, 2009)

Direito e alienação

Page 23: Para uma ontologia do ser social

Carvalho, Edmilson. A Totalidade Como Categoria Central na

Dialética Marxista. Outubro do Instituto de Estudos Socialistas, nº 15, 2007. Disponível em: http://orientacaomarxista.blogspot.com.br/2008/07/totalidade-como-categoria-central-da.html

Crocco, Fabio Luiz Tezini. Geörg Luckács e a Reificação. Teoria da Constituição da Realidade Social. Kínesis, Vol 1, nº 2, 2009.

Pinheiro, Milton. A Questão do Estado Operário no Marxismo. Disponível em: http://port.pravda.ru/busines/25-01-2014/36100-estado_operario_marxismo-0/

Luckács, Györg. Para uma Ontologia do Ser Social. Vol I e II. São Paulo, Boitempo, 2010.

Sartori, Vitor Bartoletti. Lukács e a crítica ontológica ao direito. São Paulo: Cortez, 2010

REFERÊNCIAS

Page 24: Para uma ontologia do ser social

Neto, Artur Bispo dos Santos. A Constituição

Histórica Ontológica da Ética e dos Direitos Humanos. Revista Katal. Florianópolis, Vol. 14, nº 2, 2011.

Referências