para uma estratégia de segurança nacional forças armadas...

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Segurançaedefesa2 I Congresso Nacional de Segurança e Defesa Para Uma Estratégia de Segurança Nacional Forças Armadas de um Novo Modelo 1- Introdução É hoje consensual que a inovação é um dos mais poderosos instrumentos do desenvolvimento das nações e que no actual mundo globalizado e altamente competitivo, as empresas e os Estados que se dispõem a inovar têm uma natural vantagem. Todavia, apesar da ideia já ser consensual em muitos lugares, nem sempre é suficientemente compreendida em toda a sua dimensão, como nem sempre se sabe como a levar à prática, seja nas empresas, nas universidades e mesmo da parte dos governos. Por isso, consciente dessa dificuldade, apresentei em Fevereiro de 1998, uma comunicação ao III Congresso da SEDES, a que chamei “Cinco Teses para uma Estratégia”, cujo objectivo era enquadrar o desafio da inovação como uma estratégia para o progresso e desenvolvimento de Portugal. Recordo duas dessas teses que têm aqui aplicação:

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Segurançaedefesa2

ICongressoNacionaldeSegurançaeDefesa

ParaUmaEstratégiadeSegurançaNacional

ForçasArmadasdeumNovoModelo

1­Introdução

É hoje consensual que a inovação é um dos mais poderosos instrumentos dodesenvolvimento das nações e que no actual mundo globalizado e altamentecompetitivo,asempresaseosEstadosquesedispõemainovartêmumanaturalvantagem. Todavia, apesar da ideia já ser consensual emmuitos lugares, nemsempre é suficientemente compreendida em toda a sua dimensão, como nemsemprese sabecomoa levaràprática, sejanasempresas,nasuniversidadesemesmodapartedosgovernos.Porisso,conscientedessadificuldade,apresenteiem Fevereiro de 1998, uma comunicação ao III Congresso da SEDES, a quechamei “Cinco Teses para uma Estratégia”, cujo objectivo era enquadrar odesafiodainovaçãocomoumaestratégiaparaoprogressoedesenvolvimentodePortugal.Recordoduasdessastesesquetêmaquiaplicação:

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O que então pretendia, há doze anos, era colocar a inovação no plano de umobjectivo estratégico nacional, como motor do desenvolvimento económico,numa concepçãoque abrangia tantooEstado comoas empresas. Estava entãoconscientedequeaeconomiaportuguesa iria terenormesdificuldadesno seuhorizonte,dequeomodeloeconómicoherdadodaentradadePortugalnaEFTAestava esgotado e seria perigoso basear nele o nosso futuro. Com base nessaconvicção,aponteiaurgênciadeprocurarmosumnovomodeloondeainovação,particularmentedebenstransaccionáveis,tivesseumpapelcentral.

Felizmente, a ideia da inovação fez o seu caminho na imaginação dosportugueses, bem como em muitas das empresas nacionais. Todavia, nuncachegou a existir a grande formulação estratégica que ambicionava, de forma atransformar a inovação e os bens transaccionáveis no desejado motor daeconomia, em parceria com outros objectivos nacionais, como a educação, alogística e os sistemas de informação e de comunicação. Ou seja, nuncaatingimos,dopontodevistanacional,afasesuperiordedotarPortugaldeumaestratégiaclara,amplamentedebatidaedivulgada,queenvolvesseoEstado,asempresas e as universidades, na formulação de um novo modelo económico,coerenteeorientadordaspoliticaspúblicasfuturas.

Estava então, como estou hoje, consciente dos perigos decorrentes de umaformulação estratégica nacional que pudesse ser considerada como umaimposição,ouatésóumaorientação,aosagenteseconómicos.Perigosessesqueoliberalismoeconómicodominanteelegeucomooinimigoaabater,semcuidardequeaalternativapudesseser,comotemsido,adesorientaçãoestratégicaeaincoerência das políticas públicas que foram sendo praticadas ao longo dediversaslegislaturasedeváriosgovernos.Aminhaideiaaotempo,quecontinuaactual, era de que Portugal necessitava, necessita, de um amplo debateestratégico e de que desse debate deveria resultar algum consenso entre oEstado, as empresas, as associações empresariais e as instituições doconhecimento. Com a nota óbvia de que as estratégias empresariais sãonaturalmente livres de actuar de acordo com a realidade dosmercados e das

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capacidades próprias e a criatividade dos seus dirigentes, factores queconstituemaessênciadaeconomiademercado.

Aambiçãodeumamplodebateestratégicotinhaoobjectivodequeainovaçãoentrassepelaportagrandenaspoliticaspúblicas,tornando‐asmaiscompetitivase, principalmente, mais coerentes entre si e coerentes com um determinadomodelo de desenvolvimento que nos permitisse ultrapassar o bloqueio, queprevia seria inevitável, resultante damanutenção pormais tempo do referidomodeloEFTA,essencialmentebaseadonamãodeobraabaixocusto.Penso,semgrande satisfação, queo tempomedeu razão e queodescalabroda economiaportuguesadaúltimadécadaaíestáparaoatestar.ComaconvicçãodequeasempresasestabelecidasemPortugal,portuguesaseestrangeiras, fizeramoquepoderiamterfeito,nascircunstânciasmundiaisenacionaisexistentes,masqueoEstado falhounasuamissãodedotaroPaísde serviçospúblicosdequalidadeaceitável e, principalmente, de políticas públicas coerentes, inovadoras eadaptadasàevoluçãoprevisíveldaseconomiasmundiais.ArecenteconfissãodoSenhorPrimeiroMinistrodeque,paraele,omundomudouemduassemanas,revelabemoestadodeimpreparaçãoestratégicadoPaís.

2­UmaEstratégiadeDefesaNacional

No contexto do que anteriormente ficou esboçado, sempre defendi que aspoliticas públicas devem contribuir para reforçar uma determinada estratégianacional, promotora do desenvolvimento económico, social e cultural dePortugal, no âmbito europeu e mundial, isto é, sem nunca perder de vista omovimento globalizador que abala o nosso planeta. Fórmula em que nenhumsectordavidanacionalsepoderáabster,aindaquecadasectorpossacontribuirdeformadiferenciadaecomdiferentesníveisderadicalidadeinovadora.

Acontece, que sempre considerei que a instituição Forças Armadas seria, nasociedade portuguesa, particularmente vocacionada para o debate estratégico,queestácontidonoADNdasuaculturaedasuaformaçãoprofissional.Eapesarde reconhecer que o seu tradicional conservadorismo pode não facilitar aaceitaçãodemudançasradicalmenteinovadoras,acreditoqueascircunstânciasnacionais e mundiais podem, a breve trecho, contribuir para que as ForçasArmadas nacionais mudem o seu posicionamento histórico, como felizmenteaconteceunafasedecisivadocombateaoregimeanterior.

Por outro lado, como espero que tenha ficado claro na introdução ao tema, ainovaçãoresultacomfrequênciadasoportunidadescriadaspelaevoluçãosocial.Evolução que, infelizmente, tem contribuído para reduzir o papel das ForçasArmadas na sociedade portuguesa, a ponto de não ser hoje claro qual é a suamissão e de isso ser fortemente empobrecedor da vida e da economiaportuguesas.Ouseja,acreditoqueestãocriadasascondiçõesparaqueasForças

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ArmadasPortuguesas, se suficientemente compreendidas emotivadas, possamparticipardeumaestratégianacionaldecontornosinovadores,quepermitaumgrandeavançonotradicionalpapeldasForçasMilitaresedeSegurançaemtodoomundo.Nomeadamente,porquenãosetratadeumsaltonodesconhecido,masantes da mera antecipação, antes de outros, de uma evolução europeiaprevisível: a existênciadasForçasArmadasdaEuropa, emque a obrigaçãodePortugalécolocarnoterrenoadefesadosseusinteressesedeofazeratravésdainovaçãoestratégicaegeopolítica.Comanotadequeadefesadessesinteressese da nossa vocaçãoprópria na integraçãodas ForçasArmadas portuguesas naEuropa, não é incompatível com os interesses europeus e com as instituiçõesinternacionaisdedefesaemqueparticipamos.

Uma estratégia das Forças Armadas portuguesas não pode deixar de serorientada para o desenvolvimento e progresso da sociedade e da economiaportuguesas e da afirmação de Portugal na Europa e no mundo. Mas nãoexistindo, infelizmente, uma estratégia nacional expressa pelos governos, oupelospartidospolíticos,socorro‐medaCartaMagnadaCompetitividadedaAIP‐AssociaçãoIndustrialPortuguesa,queincorporouumasínteseestratégica,aquechamoAtlântica,aqualencaixaperfeitamentenaquiloqueé,nestetexto,aminhaproposta para as Forças Armadas: a Estratégia Atlântica, cuja visão é tornarPortugaleoespaçoterritorialemarítimoàsuaguarda,aportaprivilegiadadaEuropacomosoutroscontinentese,emparticular,noAtlântico.Espaçoessequeestánocentrodasduasmaioreseconomiasmundiais:aeuropeiaeadaAméricadoNorte.

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EstavisãosegueopapelhistóricodePortugalnoséculoXVIecapitalizanofactodePortugalser,pordireitodageografiaedasuavocaçãohistórica,opaismaisAtlântico da Europa. Por outro lado, há três factores que representam umaoportunidade,dopontodevistadaeconomia,quaseúnicaparaonossoPais:(1)a importância que a eficiência logística ganhou na economia e na atracção doinvestimento internacional; (2) o previsível desenvolvimento do espaçoAtlântico, a exemplo do que já aconteceu no Pacífico, como veículo de ligaçãoentre as economias das Américas, Europa e África; (3) o crescimento dotransportecontentorizadodemercadoriaseoaumentodadimensãodosnaviosque transportam os contentores entre continentes, obrigarem ao transbordodessescontentores(“transhipment”)nomelhorlocaldopontodevistadeacessoedescargarápidaedomenortempodeviagem,sendoquenasrotasdoAtlânticonenhumoutrolocalsuperaaposiçãogeográficadePortugal.

Estas oportunidades, se bem aproveitadas, são a base do novo modeloeconómico de que muito se fala, mas que tão pouco tem sido procurado oupraticado. Novo modelo económico em que todos os sectores da sociedadedevemintervire,entreestes,asForçasArmadas.

3–ForçasArmadasdeumNovoModelo

OnovomodeloquepreconizoparaasForçasArmadasportuguesasdecorredosseguintesfactores:

3‐1‐ Não ser previsível que as Forças Armadas nacionais sejam chamadas aintervir na defesa militar do território nacional, fora do contexto dasorganizações internacionais em que participamos, nomeadamente UniãoEuropeiaeNato.

3‐2‐ Serprevisível a criaçãodasForçasArmadasEuropeias ede servantajosopara Portugal e para a Europa a existência de corpos especializados,vocacionados para missões concretas, evitando a pulverização queresultariadepequenasunidades,comaparticipaçãodemilitaresdemuitasnacionalidadeseespaçosgeográficosdiferentes.

3‐3– Não ser do interesse de Portugal deixar diluir, ou empobrecer, a suaparticipação nas Forças Armadas Europeias, o que, se nada for feito,certamente acontecerá, por força da nossa pequena dimensão e dafragilidadedanossaeconomia.

3‐4‐ Ser omar a nossa vocaçãohistórica e o nossoposicionamento geográficojustificar uma preocupação dominante com a grande zona marítima anossocargo.

3‐5‐ Que no contexto de alguma indecisão estratégica, como acontecepresentemente comaUniãoEuropeia, surgemoportunidadesquepodemser melhor aproveitadas pelos Estados com ideias mais claras e maisdeterminadosnoseuaproveitamento.

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ÉcombasenestaspremissasquedefendoqueasForçasArmadasPortuguesasdevemevoluir rapidamente para umnovomodelo de “Corpo deOperações dePaz”,capazdeviraconstituiruma forçadesejavelmenteautónomanas futurasForçasArmadasEuropeias.Comasseguintescaracterísticas:

A‐ Ser um corpo profissional altamente disciplinado e hierarquizado, comumníveldeprontidãosuperioraoquehojeexisteemtodoomundo.

B‐ Serumcorpoarmado,nãocivilista,mascommissõesdepazemcasode:B1–Acidentesnaturaiscomoterramotos,vulcões, incêndiosdegrandesdimensões,cheias.B2–Acidentesresultantesdaacçãodohomemcomoquedadeaeronaves,afundamentodenavios,poluiçãodosmares.B3–Combateàcriminalidadeinternacional,tráficodedroga,terrorismo.B4 – Defesa dos cidadãos portugueses, possivelmente europeus,envolvidosemsituaçõesdeconflitodedimensãolimitada.B5 – Outras situações, de teor semelhante, que a prática venha aaconselhar.

C‐ Possuirosmeiosadequados,nomeadamentehelicópteros,aviõesenaviosde transporte, lanchas rápidas, carros de intervenção e de defesapróprios, camiões,bemcomoequipamentosespeciaisdeacordo comasoperações. Por exemplo, equipamentos de despoluição, equipamentosmédicos,equipamentoselectrónicosdedetecçãodepessoasnomeiodosescombros,etc.

D‐ Dada a natureza inovadora deste corpo militar, a investigação,nomeadamenteainvestigaçãocientífica,serádamaiorimportância,peloquedeveráexistiremPortugalumaoumaisuniversidadesassociadasaosobjectivos delineados. O que se recomendaria também relativamente aempresasprodutorasdosequipamentosetecnologiasvocacionadosparaestasacçõeseaindanãoexistentesnomercadointernacional.

Como sempre acontece nos projectos inovadores bem sucedidos, estes nãopodem ficar dependentes de factores externos, pelo que a decisão e os riscosenvolvidos terão de ser nacionalmente aceites. Sendo a rapidez de execução –mesmoquandose tratedeumaquestão tãocomplexacomoesta–éumfactoressencial do seu sucesso Onde a execução parcial ou lenta, que usualmentecumpre a função de esconjurar os temores, é quase sempre razão para oinsucesso

Emqualquercaso,háquelevaremcontaatarefagigantescadeadequarosmeioshumanos às novas condições e funções de umas Forças Armadas de Novo

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Modelo. Acredito, apesar disso, que os homens e as mulheres das ForçasArmadas Portuguesas saberão responder positivamente ao desafio. A questãoprincipal,comosempre,residenavisãoenopatriotismodequemtemopoderparamudarorumodosacontecimentos.

4­NecessidadesMundiaisdeDimensãoGeoestratégica

ConformedefendinaTesenúmero2dacomunicaçãoàSEDES,asestratégiasdeprogresso ededesenvolvimentodeverão seruma resposta anecessidadesdassociedades humanas. Nesse sentido, recordo aqui três exemplos recentes denecessidadesevidentes,semqueexistamasrespostasadequadas:

Exemplo1–umpetroleiro,oPrestige,afundou‐seaolargodaGalizaderramandonomaralgunsmilharesdetoneladasdecrude.Emvezderetirarocrudenolocaldo derrame, onde os efeitos da poluição seriam menores, as autoridadesesperaram que o crude chegasse a terra para, com baldes e pás, milhares depessoas,depoisdomalfeito,procuraramdediaedenoiteminimizarosenormesprejuízosambientais.

Exemplo2–umfortetremordeterranoHaiticausoucentenasdemilharesdemortos e feridos, a sua maioria sob os escombros. Durante dias e semanas omundoassistiuao chocanteespectáculodeverificarquenãoexistianomundonenhuma resposta adequada a este tipo de situações. Mesmo a maior e maisdesenvolvida potencialmundial, os EstadosUnidos, não tinhampreparados osrecursoshumanosetecnológicosparaatarefa.

Exemplo3–aindaestáemcursoumnovodesastreecológicoresultantedeumafugadecrudenumaplataformadaBPnoGolfodoMéxico.Novamente,nãoexisteempartenenhumadomundoarespostaadequada.

O que se pretende com estes exemplos é ilustrar uma necessidade global dedimensãogeoestratégicaeparaaqualnãoexisteresposta.Aexplicaçãoparaestaausência de resposta está num outro trabalho que há anos apresentei noInstituto PedroNunes de Coimbra, a que chamei “As Três Fases da Inovação”,ondedefendoquena3ª fase,aactual,existemtodasas tecnologiasemateriaisnecessáriospararesolverageneralidadedecasoscomoaquireferidos,masnãoexistemcentrosdedecisãocomopodereavocaçãonecessáriospara inovaredecidir.Assim,estacomunicaçãovainosentidodeargumentarquesãoasForçasArmadas de um NovoModelo o veículo próprio para o efeito. Seja porque asintervenções descritas anteriormente necessitam de uma grande disciplina eespírito de missão, seja porque envolvem risco eminente para a vida dosintervenientes, seja porque em muitos casos é necessário manter a ordempública, ou mesmo intervir militarmente. Acresce, que é ainda necessário o

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maiorprofissionalismo,otreinointensivoeumgrauelevadodeprontidão,alémdamobilidadeedosmeiosadequados.

Emresumo, esta comunicação foipensadano sentidodeadvogarumprocessoque conduzaà soluçãoconcretadeproblemasdedimensãogeoestratégicaqueafligemonossoplanetaeaquelesquenelehabitam.Consideroaindadequesetrata de uma oportunidade que penso adequada à dimensão e à vocação dosportuguesesedePortugal.

4­NotasFinais

Portugal vive neste momento particular da sua história, uma encruzilhada defactores contraditórios e sem uma clara visão de futuro. Os portuguesesenfrentam hoje mudanças muito profundas no mundo global, que, felizmente,estão na linha da sua história e da sua experiência e vocação como povo,repartido por cinco continentes. Contrariamente ao que é frequentementealegado, Portugal não é um país periférico, antes está no centro das rotas doAtlântico,entreosdoismaioresmercadosdoplaneta.Eessaéumaoportunidadequedeveserencaradadefrenteesemhesitações.

Opovoportuguêssemprefoicapazderesponderpositivamenteaosdesafiosquelhe chegaram do exterior e afundou‐se quando se remeteu à sua dimensãoeuropeia e ibérica. É todavia preciso compreender que hoje os desafios já nãosãomeramenteespaciais,sãotambémdodomíniodaqualificaçãodosrecursoshumanos, da capacidadede criar conhecimentoedavisãoeorientaçãoqueosportugueses saibam dar ao seu futuro e das respostas às oportunidadesentretantocriadas.AspropostasaquifeitasparainovarnocampodaDefesaedaSegurança,atravésdeumasForçasArmadasdeNovoModelo,vãonessesentidoe constituem uma oportunidade que necessitará de muita coragem edeterminação para ter a solução adequada. Também a consciência de que nãoexistemsoluçõesarrojadassemriscos.

Mas a decisão é simples: ou perdemo‐nos no pequeno jogo dos interessespessoais e de grupo e na irrelevância como povo, ou acreditamos que temosainda as qualidades e a ousadia que nos fizeram grandes e respeitados nopassado e que temos ainda algo a dar como povo ao mundo complexo ecompetitivodonossotempo.AcreditoqueexistemessasqualidadesequeumaparterelevantedaousadianecessáriaresidenasForçasArmadas.

30deMaiode2010

HenriqueNeto