para que se alcancem os objetivos pretendidos

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Para que se alcancem os objetivos pretendidos, alguns caminhos podem ser mais producentes. O primeiro deles está na tentativa de aprofundar a análise do romance Úrsula, por meio de uma leitura sincrônica e de imersão, ou seja, uma leitura que permita Maria Firmina dos Reis falar por meio de sua narrativa. Tal procedimento se consiste em ler cuidadosamente a obra, tentando reconstruir, empiricamente, as relações entre os demais documentos e autores trabalhados, a cronologia apropriada dos eventos referidos – o que não significa obedecer a uma linearidade histórica, propriamente – e a relação entre os conteúdos e a forma do texto, de maneira a vislumbrar modos de conceber, vivenciar, reproduzir e subverter categorias sociais compartilhadas e apropriadas pelos sujeitos históricos. Esse, portanto, é o fio condutor que permeará toda a pesquisa, fazendo com que o romance Úrsula esteja sempre corrente e fazendo com que ele adquira a condição de sujeito relativo. Distante em um primeiro momento da realidade e da forma, será possível trabalhar com o dispositivo literário da autora, que aparece embebido na conjuntura da sociedade brasileira do II Reinado. Assim, o que se pretende é retirar das aberturas presentes no romance determinadas alegorias em que as realidades, tanto de Úrsula quanto do Brasil dos oitocentos, se fundem, tornando-se apenas uma. Essa possibilidade sugerida por Antonio Candido (2010), destarte, dialoga com os tipos puros de dominação estabelecidos por Max Weber (1991), o que permite cindi-los aos tipos ideais que podem ser encontrados na obra e que servem de apoio ao estudo da realidade social do período. Evidentemente, não se trata de esgotar todas as possibilidades de compreensão e de interpretação da realidade empírica do texto, mas apenas de criar, com isso, um instrumento teórico analítico. Neste sentido, para empreender uma análise interna da obra, para compreender a obra em si mesma, bem como sua estrutura, para depois emergi-la à ambiência do período, perseguindo uma caracterização do pensamento político e da profundidade da crítica social de Maria Firmina dos Reis, é possível encontrar os marcadores do texto – tais como as

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Para que se alcancem os objetivos pretendidos, alguns caminhos podem ser maisproducentes. O primeiro deles est na tentativa de aprofundar a anlise do romance rsula, por meio de uma leitura sincrnica e de imerso, ou seja, uma leitura que permita Maria Firmina dos eis falar por meio de sua narrativa. !al procedimento se consiste em ler cuidadosamente a obra, tentando reconstruir, empiricamente, as rela"#esentre os demais documentos e autores trabalhados, a cronologia apropriada dos eventos referidos $ o que no significa obedecer a uma linearidade hist%rica, propriamente $ e a rela"o entre os conte&dos e a forma do te'to, de maneira a vislumbrar modos de conceber, vivenciar, reprodu(ir e subverter categorias sociais compartilhadas e apropriadas pelos sujeitos hist%ricos. )sse, portanto, * o fio condutor que permear toda a pesquisa, fa(endo com que o romance rsula esteja sempre corrente e fa(endo com que ele adquira a condi"o de sujeito relativo. +istante em um primeiro momento da realidade e da forma, ser poss,vel trabalhar com o dispositivo literrio da autora, que aparece embebido na conjuntura da sociedade brasileira do -- einado. .ssim, o que se pretende * retirar das aberturas presentes no romance determinadas alegorias em que as realidades, tanto de rsula quanto do /rasil dos oitocentos, se fundem, tornando0se apenas uma. )ssa possibilidade sugerida por .ntonio 1andido 234546, destarte, dialoga com os tipos puros de domina"o estabelecidos por Ma' 7eber 258856, o que permite cindi0los aos tipos ideais que podem ser encontrados na obra e que servem de apoio ao estudo da realidade social do per,odo. )videntemente, no se trata de esgotar todas as possibilidades de compreenso e de interpreta"o da realidade emp,rica do te'to, mas apenas de criar, com isso, um instrumento te%rico anal,tico. 9este sentido, para empreender uma anlise interna da obra, para compreender a obra em si mesma, bem como sua estrutura, para depois emergi0la : ambi;ncia do per,odo, perseguindo uma caracteri(a"o do pensamento pol,tico e da profundidade da cr,tica socialde Maria Firmina dos eis, * poss,vel encontrar os marcadores do te'to $ tais como asno"#es de abolicionismo ou mesmo a proposi"o de uma identidade cultural nem brancaenem negra, mas afro0brasileira $, que, nessa proposi"o metodol%gica, permitem refor"arcertas impress#es da escritora. )m seguida, a partir do que * separar trechos substanciais e analisar, em profundidade, a partir da obraesomente pela obra, os fragmentos selecionados, para depois fa(er emergir o conte&dosociol%gico do te'to, sinteti(ando a discusso com a pesquisa bibliogrfica durante todooestudo. 1om rela"o a este quesito, particularmente, ser necessrio reali(ar uma revisosobre os apontamentos, cr,ticas e anlises referentes : bibliografia que aborda a vida e obrade Maria Firmina dos eis, bem como a conjuntura social dos oitocentos. .ssim, serindispensvel visitar as principais bibliotecas paulistas de ci;ncias sociais> ?@P, ?nicamp,15?nesp, P?10@P e F)@P@P, os s,tios eletrnicos que contenham pesquisas acad;micasespeciali(adas no assunto, al*m da busca por informa"#es em arquivos p&blicos e o resgatede jornais e revistas maranhenses dos anos de 5AB4 a 585C, tais como o Jornal doComrcio, A Moderao, A Verdadeira Marmota, Jardim dos Maranhenses, A Imprensa,Eco da Juventude, Publicador Maranhense, Porto Livre,!omin"o,Pa#s, A $evistaMaranhense, !i%rio do Maranho, A Pacotilha& 'ederalista, entre outros, que podem serfacilmente consultados tanto no acervo f,sico quanto no digital da /iblioteca )stadual doMaranho /enedito Deite, na tentativa de locali(ar novos materiais que ajudem a elucidar oobjeto e o problema proposto para estudo. .o mesmo tempo, sero reali(adas as anlisessemEntica e etimol%gica dos termos recorrentes na obra de Maria Firmina dos eis& parasepensar, com mais propriedade, as categorias sociol%gicas, tomadas enquanto fenmenosocial.