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info regio panorama 1986 1989 1992 1993 1997 1999 2004 2001 2002 2003 1999 2008 | N.º 26 | Junho 2008 | pt A Política de Coesão da UE de 1988 a 2008: Investir no futuro da Europa

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inforegiopanorama

19861989

19921993 1997 1999

200420012002200319992008

| N.º 26 | Junho 2008 |

pt

A Política de Coesão da UE de 1988 a 2008: Investir no futuro da Europa

Page 2: Panorama 26, EU Regional Policyec.europa.eu/regional_policy/sources/docgener/panorama/...Coesão tornou-se uma das políticas mais importantes e mais debatidas da UE. Pen-sámos por

PreâmbuloPor Dirk Ahner 1

As regiões são importantes Por Danuta Hübner 2

Investir nas pessoasPor Vladimír Špidla 6

1989-1993: De projectos para programas 8

1994-1999: Consolidação e duplicação do esforço 14

2000-2006: Assegurar o êxito do alargamento 18

2007-2013: Concentração no crescimento e emprego 22 Um olhar retrospectivo para 1988Debate entre altos-funcionários da Comissão Europeia 26

Notas fi nais 36

Fotografi as: Comissão Europeia

Capa: Digital Vision/Getty images, © DG REGIO

Concepção e texto (se não houver qualquer outra indicação): Wolfgang Petzold, com um agradecimento especial a Jean-Charles Leygues, Hugo Poelman, Daniel Mouqué, Caroline Taylor e Thomas Durieux (Tipik Communications).

Editor: Raphaël Goulet, Comissão Europeia, DG Política Regional.

Esta revista é impressa em francês, inglês e alemão em papel reciclado.Está disponível nas 22 línguas da União Europeia em:http://ec.europa.eu/regional_policy/index_en.htm

As opiniões expressas na presente publicação vinculam apenas os seus autores e não refl ectem necessariamente os pontos de vista da Comissão Europeia.

Í N D I C E

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Canarias (ES)

Guadeloupe

(FR)

Martinique

(FR)

Réunion

(FR)Guyane

(FR)

Açores (PT)

Madeira (PT)

REGIOgis© EuroGeographics Association for the administrative boundaries

Fundos Estruturais 1989-1993: zonas elegíveis

Objectivo 1*

Objectivo 2

Objectivo 5b

Objectivos 2 e 5b

Novos Länder alemães

Novos Länder alemães elegíveis para ajuda a partir de 1990Situação dos países não UE em 1993

* regiões com um PIB per capita inferior a 75 % da média da UE

1.000 km0

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Canarias (ES)

Guadeloupe

(FR)

Martinique

(FR)

Réunion

(FR)Guyane

(FR)

Açores (PT)

Madeira (PT)

REGIOgis© EuroGeographics Association for the administrative boundaries

Fundos Estruturais 1994-1999: zonas elegíveis Objectivo 1*: Totalmente elegíveis

Objectivo 2: Totalmente elegíveis

Objectivo 2: Parcialmente elegíveis

Objectivo 5b: Totalmente elegíveis

Objectivo 5b: Parcialmente elegíveis

Objectivo 6: Totalmente elegíveis

Objectivo 6: Parcialmente elegíveis

Objectivos 5b e 6: Parcialmente elegíveis

Objectivos 2 e 6: Parcialmente elegíveis

Objectivos 2 e 5b: Parcialmente elegíveis

Objectivos 2, 5b e 6: Parcialmente elegíveis

Objectivo 1: 1994-1996

Suécia, Finlândia e Áustria elegíveis para ajuda a partir de 1995. Abruzo elegível para ajuda no âmbito do Objectivo 1 para o período de 1 de Janeiro de 1994 a 31 de Dezembro de 1996. Situação dos países não UE em 1999.

* regiões com um PIB per capita inferior a 75 % da média da UE

1.000 km0

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Caros leitores:

Este número da Revista Panorama é de-dicado exclusivamente aos primeiros 20 anos da Política de Coesão da UE. Em 24 de Junho de 1988, o Conselho aprovou um regulamento que colocava os fundos da UE então existentes no contexto da «coesão económica e social», uma expres-são introduzida dois anos antes pelo Acto Único Europeu. Desde então, a Política de Coesão tornou-se uma das políticas mais importantes e mais debatidas da UE. Pen-sámos por isso que valia a pena verificar a solidez da sua fundamentação, execução e impacto ao longo dos anos.

Em 1988 assistimos não só ao início desta nova política, mas também ao fim de um debate que começara alguns anos atrás. Desde o final dos anos 70 que a integração dos fundos da UE em programas pluria-nuais e orientados fora testada nos desig-nados «Programas Integrados de desen-volvimento» e mais tarde nos «Programas Integrados Mediterrânicos». Ambos cons-tituíram uma viragem radical em relação às afectações normais dos fundos até aí: reembolso de projectos existentes introdu-zidos anualmente pelos Estados-Membros, um sistema que deixou de ser considerado convincente e que se pretendeu substituir por uma abordagem mais eficaz.

Desde então, a Política de Coesão passou a enquadrar as intervenções da Comuni-dade através da utilização de uma aborda-gem estratégica a nível europeu, nacional e regional. Foi sendo adaptada ao longo

do tempo sem perder de vista a sua orien-tação fundamental, nomeadamente inter-vir no sentido de se conseguir o desen-volvimento equilibrado e sustentável das regiões da Europa. Permitiu e continua a permitir que as administrações nacionais, regionais e locais se envolvam em estra-tégias e redes globais que ultrapassam as políticas e fronteiras nacionais.

Não existe uma receita única para o de-senvolvimento regional. No entanto, prin-cípios como parceria, transparência, sub-sidiariedade e participação da sociedade civil associam-se para dar uma vantagem essencial às políticas de desenvolvimen-to. Estes princípios reforçam a coopera-ção entre os sectores público e privado e têm potencialidades para associar eficácia com descentralização e participação acti-va. Neste sentido, a Política de Coesão é ainda tão moderna como foi em 1988.

Tenho a certeza de que irão apreciar a lei-tura desta publicação.

D I R K A H N E R , CO M I S S ÃO E U R O P E I A , D I R E C TO R - G E R A L DA P O L Í T I C A R E G I O N A L

D i re c t o r - G e r a l D i r k A h n e r

«[A Política de Coesão] foi sendo adaptada

ao longo do tempo sem perder de vista a sua orientação

fundamental, nomeadamente intervir no sentido

de se conseguir o desenvolvimento equilibrado

e sustentável das regiões da Europa.»

Preâmbulo

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P Á G I N A 2

Co m i s s á r i a D a n u t a H ü b n e r

O objectivo da coesão económica e so-cial foi enunciado no Acto Único Euro-peu e tornou-se realidade em 1988 com a adopção do primeiro regulamento que deu origem à Política de Coesão. Os Tra-tados de Maastricht, Amesterdão e Nice reafirmaram a importância desta políti-ca e o seu âmbito foi mesmo alargado no projecto do Tratado de Lisboa atra-vés de uma nova dimensão territorial. Os Conselhos Europeus de 1988, 1992, 1999 e 2005 confirmaram a importân-cia da Política de Coesão atribuindo-lhe uma percentagem cada vez maior do or-çamento europeu.

Contudo, quando nos debruçamos hoje sobre os primeiros 20 anos da Política de Coesão da UE, 1988 continua a ser um ano crucial. Se olharmos para a geogra-fia económica da Europa observamos que desde aí as políticas da UE, assim como as políticas nacionais e regionais, sofreram uma alteração radical. A iden-tificação das regiões mais carenciadas, a definição de prioridades, o envolvi-mento das instituições locais e a im-posição de normas de gestão, controlo e avaliação comuns, todos estes elemen-tos criaram não só resultados concretos, mas também um sistema único de go-vernação a vários níveis.

A Política de Coesão deixa claro que toda a gente em qualquer lugar da União tem oportunidade de participar e de bene-ficiar do mercado comum. A Política de Coesão é a «mão visível» do mercado que procura um desenvolvimento equi-librado e sustentável, incentivando ao mesmo tempo a integração económica

As regiões são importantes

D A N U T A H Ü B N E R , M E M B R O D A C O M I S S Ã O E U R O P E I A R E S P O N S Á V E L P E L A P O L Í T I C A R E G I O N A L

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em toda a UE. E é uma política baseada localmente, que atribui um papel a cada território europeu, no sentido de que não impede a distribuição optimiza-da da actividade económica, podendo tornar-se uma fonte de crescimento em si mesma. A teoria económica recente confirma esta abordagem através de nu-merosos casos de estudo que mostram que a «geografia tem importância» e que a política regional pode fazer mu-dar as coisas.

Nos seus primeiros 20 anos de existên-cia será que a Política de Coesão da UE conseguiu resultados? De facto, a UE conseguiu desde 1988 um convergência económica e social impressionante. A nível nacional, a Grécia, Espanha, Irlan-da e Portugal – os maiores beneficiários da Política de Coesão nos últimos anos – tiveram um crescimento considerá-vel. Entre 1995 e 2005, a Grécia reduziu o atraso em relação ao resto da UE-27, passando de 74 % para 88 % do PIB mé-dio da UE per capita. No mesmo ano, a Espanha passou de 91 % para 102 % e a Irlanda atingiu 145 % da média da União, tendo partido de 102 %. São de esperar resultados semelhantes nos no-vos Estados-Membros, onde a Política de Coesão começou apenas a produzir efeitos, aumentando as elevadas taxas de crescimento.

A nível das regiões, um crescimento económico relativamente forte das regi-ões com um baixo PIB per capita levou a uma convergência das regiões da UE. Entre 1995 e 2004, o número de regiões com um PIB per capita inferior a 75 % da

média comunitária baixou de 78 para 70 e o número das que têm um PIB inferior a 50 % da média comunitária diminuiu de 39 para 32.

A Política de Coesão melhora a situação competitiva das economias regionais, fornecendo bens públicos «europeus» que o mercado não pode fornecer. Redes importantes de transportes e de ener-gia, uma verdadeira política ambiental europeia e investimentos na educação, investigação e desenvolvimento são exemplos disso. Deve também referir-se

«A Política de Coesão é a “mão visível”

do mercado que procura um desenvolvimento

equilibrado e sustentável, incentivando

ao mesmo tempo a integração económica

em toda a UE.»

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que durante o período actual a Política de Coesão procedeu a uma alteração profunda das prioridades de investimen-to. Actualmente, um quarto dos recursos são afectados à investigação e inovação e cerca de 30 % vão para infra-estruturas ambientais e medidas para combater as alterações climáticas.

O valor acrescentado da Política de Coe-são vai mais além do que o investimento no crescimento e no emprego. Através do seu modelo único de governação a vários níveis envolve os intervenientes locais e regionais na concepção e realização da política, introduzindo maior eficácia e co-nhecimentos locais. Incita e assegura o respeito das outras políticas comunitárias – seja no domínio dos auxílios estatais, do ambiente, dos transportes, do apoio à inovação ou da sociedade da informação. Funciona como um «cavalo de Tróia» para melhorar e modernizar as administrações públicas, para aumentar a transparência e para fomentar a boa governação. Por últi-mo, mas não menos importante, obriga as pessoas a trabalharem em conjunto atra-vés de numerosos programas transfron-teiriços e transnacionais e de redes.

Actualmente a Política de Coesão é uma política de desenvolvimento de pleno direito, baseada nas vantagens e nas pes-soas que estão no terreno. Isto constitui uma vantagem fundamental na aborda-gem dos novos desafios que os territórios europeus enfrentam. Eles serão confron-tados com a necessidade de se ajustarem às pressões da economia global, as altera-ções climáticas vão colocar problemas e constituir oportunidades para vários sec-

tores, a demografia e o envelhecimento das populações vão exigir alterações das políticas de emprego e novos riscos so-ciais resultantes das mudanças económi-cas vão exigir novas abordagens.

Os economistas dizem que o desenvolvi-mento regional e local – combinação de crescimento económico com redução das disparidades geográficas – será cada vez mais importante para fazer face a estes desafios. É neste contexto que deve ser visto o debate sobre o futuro da Política de Coesão.

Os resultados da nossa política também foram observados por outros países. Re-conhecendo este interesse, a Comissão concluiu Memorandos de Entendimento sobre cooperação em matéria de política regional com a China, Rússia e Brasil, pa-íses confrontados com um aumento das disparidades regionais e com importantes desafios em termos de melhor governa-ção, com a necessidade de dar mais im-portância aos fluxos de informação prove-nientes das bases nos processos políticos e de tomada de decisões. Muitos outros países e organizações (África do Sul, Ucrâ-nia, MERCOSUL e União Económica e Mo-netária da África Ocidental) mostraram grande interesse no modelo da Política de Coesão da UE, por ser considerado um mecanismo altamente eficaz pela sua re-duzida projecção orçamental. Através da cooperação internacional a Política de Co-esão está a projectar os valores europeus para além do território da União.

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«Através da cooperação internacional

a Política de Coesão está a projectar os valores

europeus para além do território da União.»

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Co m i s s á r i o V l a d i m í r Š p i d l a

O Fundo Social Europeu investe nas pessoas há mais de 50 anos. Os funda-dores da União mostraram a sua intui-ção e pragmatismo quando inscreve-ram este Fundo nos Tratados de Roma. Actualmente, o FSE financia medidas de regresso à vida activa e empregos de qualidade através de melhores qualifi-cações, é fundamental para a igualdade de oportunidades e apoia pessoas des-favorecidas. Das cerca de 10 milhões de pessoas que participam nas acções do FSE todos os anos, metade são mulheres e à volta de 1,2 milhões são trabalhado-res mais idosos.

Embora o FSE se destinasse inicialmente a compensar a perda de postos de trabalho nas indústrias tradicionais, através da re-ciclagem dos trabalhadores, nos anos 70 iniciou-se uma nova era. O desemprego dos jovens tornou-se pela primeira vez um problema. A Comissão Europeia deu por isso prioridade a programas de apoio para pessoas com menos de 25 anos. Foi igualmente neste período que o apoio foi alargado às mulheres, especialmente às que possuíam poucas qualificações, para poderem regressar ao trabalho. A crise energética, o declínio económico e o facto de se ter atingido o máximo desemprego

no início dos anos 80 trouxeram novos de-safios, mas igualmente novas abordagens. A Comissão tomou uma importante deci-são de apoiar mais formação nas novas tecnologias através do FSE.

A reforma de 1988 marcou uma importan-te mudança do FSE em vários aspectos:

> Foi criada uma nova visão mais alargada da solidariedade europeia: o apoio do FSE foi alargado para incluir a vertente da coesão social, a fim de apoiar as regi-ões mais pobres e com elevado desem-prego;

> Por outro lado, o planeamento de pro-gramas plurianuais permitiu a concen-tração em objectivos a longo prazo; e

> Por último, surgiu o princípio da parceria, que desde então se foi desenvolvendo continuamente. Em vez de administrar ela própria milhares de projectos, agora a Comissão partilha a programação e a administração dos recursos do FSE com os Estados-Membros e com as regiões.

Com o fim da Guerra Fria iniciou-se uma nova era da integração europeia, que incluiu a perspectiva de adesão dos pa-íses da Europa Central e Oriental. Para-lelamente começou uma nova fase da globalização, com maiores exigências em relação à mobilidade profissional e geográfica dos nossos cidadãos. Com a entrada em vigor em 1997 do Tratado de Amesterdão, foi lançada a Estratégia Eu-ropeia para o Emprego, que desde então tem desempenhado um papel central na coordenação das políticas da UE a fim de criar mais e melhores empregos. O FSE tornou-se o instrumento financeiro

Investir nas pessoas

V L A D I M Í R Š P I D L A , M E M B R O D A C O M I S S Ã O E U R O P E I A R E S P O N S Á V E L P E L O E M P R E G O , A S S U N T O S S O C I A I S E I G U A L D A D E D E O P O R T U N I D A D E S

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europeu para implementar a Estratégia Europeia para o Emprego e é igualmente uma das pedras angulares da Estratégia de Lisboa.

Na União com 27 Estados-Membros, os duzentos milhões de pessoas que fazem parte da população activa europeia são altamente qualificadas, mas é preciso aumentar ainda mais os nossos níveis, para se enfrentar os desafios globais que se aproximam. O envelhecimento demo-gráfico não permite que se desperdice o potencial de qualquer pessoa, seja jovem ou idosa, nacional ou migrante, licenciada ou sem qualificações académicas. Além disso, as rápidas alterações tecnológicas e económicas exigem um elevado grau de flexibilidade por parte das empresas e das pessoas na Europa. O FSE pode ajudar a harmonizar as necessidades individuais com as exigências do mercado de traba-lho. Pode ajudar os Estados-Membros a realizarem as suas próprias agendas de flexibilidade e segurança – flexigurança. A nossa vantagem reside nos nossos re-cursos humanos e no nosso potencial hu-mano e o FSE ajuda-nos a jogar esta carta com êxito e de forma estratégica.

O apoio do FSE não se traduz apenas em dinheiro, até porque a contribuição do Fundo para as políticas de emprego na-cionais pode por vezes ser pequena. O facto de os programas do FSE serem fre-quentemente utilizados para testar novas abordagens e ideias e para aprender com outros Estados-Membros através da coo-peração e da criação de redes pode ge-rar um valor acrescentado a baixo custo. Numa União Europeia mais vasta e mais diversificada precisamos cada vez mais

de cooperação além fronteiras. Este valor acrescentado não é dispendioso e vale a pena, uma vez que a União Europeia tem de se tornar mais inovadora e dinâmica se quer concorrer na economia global.

Os programas do FSE atendem tanto às necessidades nacionais como locais e as-sentam numa vasta parceria. Negociados e decididos entre os Estados-Membros e a Comissão Europeia, estes programas são executados por um vasto conjunto de or-ganizações, tanto do sector público como do privado. Estas organizações incluem autoridades nacionais, regionais e locais, estabelecimentos de ensino e de forma-ção, organizações não governamentais e o sector do voluntariado, bem como par-ceiros sociais, associações empresariais e profissionais e empresas individuais.

Foram recentemente lançados 117 pro-gramas do FSE com um valor superior a 75 mil milhões de euros para o período 2007-2013. Nos próximos anos estes pro-gramas têm de ser convertidos em resul-tados concretos e em progressos no ter-reno. Mais do que nunca devemos utilizar o FSE onde se consegue maior impacto e concentrar o nosso orçamento nas corres-pondentes prioridades.

Juntamente com os outros Fundos Estru-turais e com o Fundo de Coesão, o FSE transforma em realidade o sentido dos valores europeus e da solidariedade. Na minha opinião, este é o aspecto mais im-portante da história e do futuro do Fundo Social Europeu.

«Juntamente com os outros Fundos Estruturais

e com o Fundo de Coesão, o FSE transforma

em realidade o sentido dos valores europeus

e da solidariedade.»

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1989

-93

P Á G I N A 8

De projectos para programas1 9 8 9 - 1 9 9 3

O P E R C U R S O D A R E F O R M A

Após a adesão da Grécia em 1981 e de Portugal e Espanha em 1986, as disparidades regionais na então Comunidade Europeia de 12 Estados--Membros aumentaram significativamente. An-tes da adesão, um em cada oito europeus tinha um rendimento anual 30 % abaixo da média co-munitária; depois da adesão, em 1986, passou a ser um em cada cinco.

Devido à crise orçamental e ao desejo de con-cluir o mercado interno e aprofundar a coesão económica e social, a Comissão apresentou ao Parlamento e ao Conselho propostas de refor-ma do sistema financeiro comunitário. Na sua comunicação de 15 de Fevereiro de 1987, inti-tulada «Realizar o Acto Único: uma nova fron-teira para a Europa», mais tarde conhecida por «Pacote Delors I», a Comissão sugeriu regras

para melhorar a disciplina orçamental e os res-pectivos procedimentos. A proposta referia-se a um novo acordo interinstitucional, nos termos do qual o Parlamento, o Conselho e a Comissão aceitariam uma perspectiva financeira plurianu-al e prioridades orçamentais. À luz das conclu-sões do Conselho Europeu de Bruxelas de 11 e 12 de Fevereiro de 1988, as três instituições con-cluíram o Acordo Interinstitucional em 29 de Junho de 1988, que estabeleceu pela primeira vez uma perspectiva financeira quinquenal, de 1988 a 1992.

A Comissão apresentara já em 1985 ao Conselho um «Livro Branco»2 sobre a conclusão do merca-do comum em 1992. Subsequentemente, dois relatórios dos economistas italianos Tommaso Padoa-Schioppa e Paolo Cecchini3 vieram acres-centar ao debate a questão de como aprofun-dar a integração do mercado. Embora o relató-

1985 1986 1988

Espanha e Portugal assinam o Acto de Adesão Conselho Europeu de Londres

Em 5 e 6 de Dezembro de 1986, o Conselho Europeu

chegou a acordo em Londres sobre o Acto Único

Europeu.

Conselho Europeu de Bruxelas

Em 11 e 12 de Março de 1988, o Conselho Europeu

chegou a acordo em Bruxelas sobre o primeiro

orçamento comunitário plurianual para os anos

1989-1993, referido frequentemente como

«Pacote Delors I».

Embora as origens das políticas comunitárias que pretendem resolver os desequilíbrios regionais já remontem ao Tratado de Roma, só em 1975 é que

foi criado o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. Nos seus primeiros anos de funcionamento as operações foram exclusivamente nacionais,

financiando projectos predeterminados nos Estados-Membros e com pouca influência europeia ou subnacional. Outros fundos comunitários com

impacto territorial, como o Fundo Social Europeu e o Fundo Europeu de Orientação e de Garantia Agrícola, aplicaram de modo semelhante um sistema

anual de selecção e refinanciamento de projectos existentes. Assim, no início dos anos 80 a «eficácia» dos instrumentos comunitários começou a ser

questionada e tentou-se a sua integração relativamente a uma série de programas-piloto. Em 1986 alguns acontecimentos importantes provocaram

o impulso de uma Política de Coesão «europeia» mais autêntica, principalmente o Acto Único Europeu, a adesão da Grécia, da Espanha e de Portugal e

a adopção do programa do mercado único. Em Março de 1988, o Conselho Europeu de Bruxelas decidiu atribuir 64 mil milhões de ecus1 para os Fundos

Estruturais, o que representou uma duplicação dos recursos anuais para o período 1989-1993. Em 24 de Junho de 1988, o Conselho aprovou o primeiro

regulamento que integrou os Fundos Estruturais no âmbito da Política de Coesão. Esta reforma marcante introduziu princípios fundamentais como

a concentração nas regiões mais pobres e mais atrasadas, a programação plurianual, a orientação estratégica dos investimentos e o envolvimento

de parceiros regionais e locais.

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rio Cecchini calculasse o «custo da não-Europa», ou seja, os prejuízos económicos resultantes da não conclusão do mercado único, entre 4,25 % e 6,5 % do PIB, o relatório Padoa-Schioppa su-geria «graves riscos de agravar os desequilíbrios durante a liberalização do mercado» e propu-nha «medidas de acompanhamento adequadas para acelerar os ajustamentos em regiões e pa-íses estruturalmente fracos». O «Pacote Delors I», que o Conselho Europeu adoptou finalmente em Março de 1988, deu lugar a um ambicioso programa «1992», que incluía a reforma da Po-lítica Agrícola Comum e o reforço da acção co-munitária nos domínios da política de coesão, da ciência, da tecnologia, do ambiente e da po-lítica de transportes.

A mais importante alteração em termos orça-mentais favoreceu os três Fundos Estruturais e conduziu a um extraordinário aumento dos re-cursos. Embora os pagamentos anuais aumen-tassem de cerca de 6,4 para 20,5 mil milhões de ecus de 1988 para 19934, a sua percentagem relativa saltou de 16 % para quase 31 % do or-çamento da UE. Esta alteração foi acompanhada de uma transformação radical da forma como os fundos eram geridos. O Fundo Social Europeu (FSE) desde 1958, o Fundo Europeu de Orienta-ção e de Garantia Agrícola (FEOGA) desde 1962 e o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regio-nal (FEDER) desde 1975 tinham desenvolvido – de acordo com o procedimento do orçamento anual e quotas nacionais acordadas nos respec-tivos regulamentos – um sistema de refinancia-mento de projectos que eram seleccionados e apresentados pelos Estados-Membros.

Para ultrapassar este sistema de «juste retour», a Comissão começou a desenvolver e financiar projectos regionais numa base mais autónoma e experimental, que passou a ser o método de execução da Política de Coesão. Estas excep-ções incluíam a coordenação das despesas do

Itália 1985-1995 1989-1995

Melhorar as infra-estruturas Jacques Delors

Jacques Delors, Presidente da Comissão Europeia

entre 1985 e 1995.

Bruce Millan

Bruce Millan, Membro da Comissão Europeia

entre 1989 e 1995, responsável pela Política

Regional e pelas relações com o Comité

das Regiões.

«A Europa vê o seu futuro como

um equilíbrio entre concorrência

e cooperação, procurando dirigir

colectivamente o destino dos homens

e das mulheres que aqui vivem.

É fácil? Não. As forças do mercado

têm muito peso. Se deixássemos as coisas

seguirem o seu curso, a indústria estaria

concentrada no Norte e as actividades

de lazer no Sul. Mas estas forças

do mercado, por mais poderosas

que possam parecer, nem sempre vão

na mesma direcção. O esforço

e a aspiração política do homem

é tentar desenvolver um território

equilibrado.»

Jacques Delors, 1989

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1989

-93

P Á G I N A 1 0

FEDER, FSE e FEOGA-Orientação e começaram em 1979, com pequenos projectos-piloto em Nápoles e Belfast e poucos anos mais tarde no Departamento de Lozère do sul de França. No início dos anos 80 foram realizados noutras re-giões da Comunidade projectos experimentais mais alargados e centrados numa abordagem integrada do planeamento regional, através das Operações Integradas de Desenvolvimen-to (OID). Programas experimentais de maior dimensão financiados a nível europeu foram os Programas Integrados Mediterrânicos (PIM) aplicados em 1986 na Grécia, Itália e França. Esta evolução foi impulsionada por uma mudança das políticas de desenvolvimento regional e ur-bano e por estudos que sugeriam abordagens mais integradas e desenvolvidas da base para o topo, que favorecessem medidas «suaves» em vez de se centrarem exclusivamente no in-vestimento físico, ou seja, em empresas e infra-estruturas.

A P O L Í T I C A D E C O E S Ã O E N T R E 1 9 8 9 E 1 9 9 3

A reforma de 1988 introduziu uma série de prin-cípios na Política de Coesão e nos seus instru-mentos que permanecem desde então o «mode d'emploi» desta política. Estes princípios são:

> Concentração num número limitado de ob-jectivos, centrados nas regiões menos desen-volvidas;

> Programação plurianual baseada na análise, planeamento estratégico e avaliação;

> Adicionalidade, assegurando assim que os Estados-Membros não substituem o financia-mento nacional por financiamento da UE;

> Parceria na concepção e execução de progra-mas que envolvem intervenientes nacionais,

regionais e da UE, incluindo os parceiros so-ciais e organizações não-governamentais, e asseguram a apropriação e a transparência das intervenções.

Foram acordados cinco objectivos prioritários em 1988:

> Objectivo 1: promover o desenvolvimento e o ajustamento estrutural das regiões menos desenvolvidas;

> Objectivo 2: reconverter as regiões grave-mente afectadas pelo declínio industrial;

> Objectivo 3: lutar contra o desemprego de longa duração;

> Objectivo 4: facilitar a inserção profissional dos jovens;

> Objectivo 5: a) acelerar a adaptação das es-truturas agrícolas e b) promover o desenvolvi-mento das zonas rurais

Abrangendo 25 % ou cerca de 86,2 milhões de habitantes, os financiamentos concedidos pelo FEDER, pelo FSE e pelo FEOGA no quadro do Objectivo 1 ascenderam a 43,8 mil milhões de ecus (64 % do total). O país que mais be-neficiou foi a Espanha, com um montante de 10,2 mil milhões de ecus, vivendo 57,7 % da sua população em regiões do Objectivo 1, seguido pela Itália (8,5 mil milhões de ecus; 36,4 % da população), Portugal (8,45 mil mi-lhões de ecus; 100 %), Grécia (7,5 mil milhões de ecus; 100 %) e Irlanda (4,46 mil milhões de ecus; 100 %). Montantes mais reduzidos foram atribuídos à Alemanha para os Länder orientais abrangidos pelo Objectivo 1 a partir de 1990, à França para a Córsega e para os seus Depar-tamentos Ultramarinos e ao Reino Unido para a Irlanda do Norte. No âmbito do Objectivo 1, os investimentos foram distribuídos da se-guinte forma: 35,2 % em infra-estruturas, no-meadamente no domínio dos transportes e do

Grécia Irlanda Países Baixos

Melhorar as ligações de transportes, Grécia

Construção de uma nova estrada fronteiriça

que liga a Grécia e a Bulgária, Drama, Grécia.

Melhorar os caminhos-de-ferro, Irlanda

Aperfeiçoamento de um troço para a extensão

da rede de comboios urbanos de Dublim, Irlanda.

Melhorar a conservação da água

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ambiente, 33,6 % em investimento produtivo como ajudas directas e indirectas a empresas e 29,6 % em recursos humanos.

16,6 % da população, ou cerca de 57,3 milhões de habitantes, viviam em zonas abrangidas pelo Objectivo 2 e beneficiaram de 6,1 mil mi-lhões de ecus (9 % do total) concedidos pelo FEDER e pelo FSE. Os países que mais bene-ficiaram foram o Reino Unido (2 mil milhões de ecus; 35,5 % da população), seguindo-se a Espanha (1,5 mil milhões de ecus; 22,2 %) e a França (1,2 mil milhões de ecus; 18,3 %). Ex-ceptuando a Grécia, a Irlanda e Portugal, to-dos os outros Estados-Membros beneficiaram em menor grau das dotações do Objectivo 2. Do investimento total, 55,1 % foi gasto num contexto produtivo, em especial para apoiar pequenas e médias empresas, 23,9 % na re-cuperação física e ambiental, muitas vezes de antigos terrenos industriais, e 20,9 % em re-cursos humanos.

Centrando-se em grupos-alvo das políticas activas do mercado de trabalho, os programas dos Objectivos 3 e 4 não tinham qualquer con-centração geográfica e, pelo contrário, eram aprovados a nível nacional. O montante total atribuído para estes dois objectivos foi de cer-ca de 6,67 mil milhões de ecus (10 % do total), concedido unicamente pelo FSE. Os principais beneficiários foram o Reino Unido (1,5 mil mi-lhões de ecus), seguindo-se a França (1,44 mil milhões de ecus) e a Alemanha (1,05 mil mi-lhões de ecus). Todos os outros países recebe-ram montantes mais pequenos, com excepção da Grécia, Irlanda e Portugal, cujas dotações do FSE foram integradas no Objectivo 1.

O Objectivo 5, por último, ascendeu a 6,3 mil milhões de ecus (9,2 % do total), sendo a Fran-ça (2,3 mil milhões de ecus), Alemanha (1,4 mil milhões de ecus) e Itália (0,96 mil milhões de ecus) os países que mais beneficiaram deste

Reino Unido Portugal Espanha

Luta contra o desemprego Investir em auto-estradas, Portugal

Nova auto-estrada que liga o Porto a Valença

do Minho na fronteira da Galiza, Portugal.

Construção de pontes, Espanha

Ponte sobre o rio Bidasoa, Navarra, Espanha.

«O Acto Único melhora de forma

significativa o sistema institucional

e estabelece novos objectivos para

a Comunidade, nomeadamente a

conclusão do mercado interno até 1992

e o reforço da coesão económica e social.

A realização destes dois objectivos irá

igualmente dar resposta às esperanças

e necessidades dos países que acabam

de aderir e que esperam justamente

que a sua participação na Comunidade

deve impulsionar o seu desenvolvimento

e ajudar a aumentar os seus níveis

de vida mediante uma combinação

dos seus próprios esforços e do apoio

dos seus parceiros.»

Comissão das Comunidades Europeias: Realizar o Acto Único: uma nova fronteira para a Europa, COM(87) 100 final, 15 de Fevereiro de 1987.

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1989

-93

P Á G I N A 1 2

objectivo. Embora as intervenções no quadro do Objectivo 5a não tivessem qualquer con-centração geográfica geral, as do Objectivo 5b concentravam-se em zonas rurais com uma população de 17,6 milhões de habitantes, ou 5 % do total. Enquanto a despesa no âmbito do Objectivo 5a se inseriu no domínio do investi-mento produtivo, os financiamentos ao abrigo do Objectivo 5b foram disponibilizados para novas actividades económicas em zonas rurais (47,2 %), infra-estruturas e recursos humanos (20 % cada) e ambiente (12,1 %).

Para além dos programas nacionais e regio-nais criados no âmbito destes objectivos, a Comissão propôs um total de 16 iniciativas comunitárias, com uma dotação de 5,3 mil milhões de ecus (7,8 % do total), para resol-ver problemas específicos de algumas regiões ou sectores. Com uma dotação de cerca de 1,1 mil milhões de ecus, a iniciativa «Inter-reg» apoiou a cooperação transfronteiras en-tre regiões vizinhas, enquanto as iniciativas «Euroform», «Now» e «Horizon» (764 milhões de ecus) financiaram projectos no domínio da formação profissional e da criação de empre-go. O «Leader» (455 milhões de ecus) finan-ciou projectos de desenvolvimento local e rural e outras iniciativas destinadas a renovar espaços industriais (Resider, Rechar, Retex, Renaval, Konver; no conjunto: 1,1 mil milhões de ecus), as regiões ultraperiféricas (Regis; 181 milhões de ecus) ou questões como a protecção do ambiente, energia, tecnologias da informação e investigação (Envireg, Re-gen, Prisma, Telematique, Stride; em conjun-to: 1,6 mil milhões de ecus). No quadro da as-sistência técnica, a Comissão também lançou projectos-piloto, redes e estudos, bem como vários instrumentos de apoio às pequenas e médias empresas, como os «Centros de Em-presa e de Inovação».

A D M I N I S T R A Ç Ã O E G E S T Ã O

A administração dos Fundos Estruturais entre 1989 e 1993 foi regida por um conjunto de cinco regulamentos do Conselho que previam a sua eficácia e coordenação, a sua execução e disposições gerais e a implementação de cada um dos três fundos. Embora o regula-mento de coordenação tivesse sido adopta-do em 24 de Junho de 1988, as decisões do Conselho relativas aos outros quatro regula-mentos foram adoptadas em 19 de Dezembro de 1988. Todos os regulamentos entraram em vigor em 1 de Janeiro de 1989.

O regulamento de coordenação definiu os ob-jectivos e os princípios acima mencionados, as missões dos fundos, as diferentes formas de assistência, sendo as mais importantes os «Programas Operacionais», a obrigação de os Estados-Membros introduzirem para cada um dos objectivos «planos de desenvolvimento regionais» específicos (para os Objectivos 1, 2 e 5b) ou «planos nacionais» (para os Objec-tivos 3 e 4). Posteriormente a Comissão viria a adoptar Quadros de Apoio Comunitários (QAC). Além disso, o regulamento de coorde-nação definiu as taxas de co-financiamento até 75 % das intervenções no âmbito do Ob-jectivo 1 e 50 % no caso dos outros objecti-vos.

O regulamento de execução6 definiu o conte-údo dos planos e dos QAC, grandes projectos para os quais eram exigidas decisões comu-nitárias, e estabeleceu o sistema de autoriza-ções e de pagamentos para as intervenções e o controlo financeiro. Regras comuns previam o acompanhamento e avaliação, a apresenta-ção dos relatórios e a publicidade que deviam acompanhar as intervenções.

Os três regulamentos de execução7 para o FEDER, FSE e FEOGA, Secção Orientação, inclu-

Espanha e Portugal Luxemburgo Irlanda

Um projecto Interreg entre Espanha e Portugal

Ponte sobre o rio Guadiana que liga Espanha

e Portugal.

Melhorar os sinais de trânsito na fronteira

Acabar com a confusão para os camiões

que atravessam as fronteiras da Bélgica,

França e Luxemburgo, Interreg.

Rejuvenescimento da cidade

Renovação da zona do Temple Bar em Dublim,

Irlanda.

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íam mais informações sobre o conteúdo dos planos e dos programas, a elegibilidade e a assistência técnica.

Tratou-se de uma grande mudança, passan-do de uma selecção anual de projectos pelos Estados-Membros e adopção pela Comissão Europeia para uma programação mais estraté-gica e plurianual, assente numa vasta parceria entre regiões, Estados-Membros e a Comissão Europeia. A decisão sobre os planos (análise), os Quadros Comunitários de Apoio (coordena-ção das intervenções) e os Programas Opera-cionais (execução) constituía um novo desafio para os intervenientes. A cada nível tinham de ser criados pela primeira vez procedimentos para a gestão, acompanhamento e controlo dos fundos. Além disso, era necessária comunicação entre políticas e instrumentos com diferentes

tradições em todas as fases do processo. Não admira por isso que a primeira geração de Pro-gramas Operacionais não tivesse sido adoptada antes de 1990 e que consequentemente a sua execução se tivesse atrasado.

No entanto, uma nova categoria de intervenien-tes a nível nacional, local e da UE e de parceiros exteriores às administrações públicas começa-ram a aprender, a desenvolver capacidades e a explorar novas vias e parcerias para o desenvol-vimento regional e local.

Factos e dados essenciais > Orçamento total dos Fundos Estruturais: 69 mil milhões de

ecus, que representava 25 % do orçamento da UE e 0,3 % do PIB total da UE.

> para as regiões do Objectivo 1: 64 % > população das regiões do Objectivo 1:

86,2 milhões (25 % do total8).> Principais países beneficiários: Espanha (14,2 mil milhões

de ecus), Itália (11,4 mil milhões de ecus), Portugal (9,2 mil milhões de ecus) e Grécia (8,2 mil milhões de ecus).

Resultados> As regiões do Objectivo 1 reduziram a diferença do PIB per

capita em relação à média da UE em 3 pontos percentuais.

> 600 000 empregos criados pelos Fundos Estruturais na Gré-cia, Irlanda, Portugal e Espanha e a média do PIB per capita destes países aumentou de 68,3 % para 74,5 % da média comunitária.

> 917 000 pessoas receberam formação através do FSE.

> 470 000 pequenas e médias empresas beneficiaram de assis-tência nas regiões do Objectivo 2.

Para mais informações ver as páginas «avaliação» em: http://ec.europa.eu/regional_policy

Portugal Itália França

Proteger o ambiente

Fundos do Envireg utilizados para estabilizar

uma lixeira municipal, Alcanena, Lisboa e Vale

do Tejo, Portugal.

Criar empregos

Reconstrução de uma base de formação e industrial

para jovens, Cagliari, Sardenha, Itália.

Investir nas PME

Apoio a uma plantação de bananeiras

na ilha da Reunião, França.

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1994

-99

P Á G I N A 1 4

Consolidação e duplicação do esforço

1 9 9 4 - 1 9 9 9

O P E R C U R S O D A R E F O R M A

No designado «Pacote Delors II»10, apresentado quatro dias depois da assinatura do Tratado de Maastricht, a Comissão Europeia propôs um pro-grama e um orçamento para «avançar para uma União Económica e Monetária que permitirá à Co-munidade beneficiar plenamente de um espaço económico organizado e de uma moeda única». A proposta incluía dados sobre o novo Fundo de Coesão, um aumento do orçamento dos Fundos Estruturais e a simplificação das regras de execu-ção. O compromisso aceite no Conselho Europeu de Edimburgo em 11 e 12 de Dezembro de 1992 fixou finalmente os recursos para o período 1994--1999: foram atribuídos aos Fundos Estruturais cerca de 153 mil milhões de ecus e ao Fundo de Coesão 15 mil milhões de ecus, 68 % dos quais fo-ram afectados às regiões e países mais pobres.

Em Abril de 1993, a Comissão propôs os regula-mentos sobre os Fundos Estruturais, que foram aprovados pelo Conselho em Julho de 199311. Baseado no princípio da parceria, o processo de negociação dos regulamentos foi acompanha-do de comentários do Parlamento Europeu, dos parceiros económicos e sociais e de associações representativas dos interesses regionais. O Re-gulamento do Fundo de Coesão12 foi adoptado em Maio de 1994 e incluía uma dotação de 15,15 mil milhões de ecus. Aplicava-se aos países com um Produto Nacional Bruto inferior a 90 % da média comunitária que tivessem um programa de convergência económica que respeitasse os critérios da União Económica e Monetária, tal como estabelecidos no Tratado CE. Este Fundo podia financiar até 85 % das despesas relaciona-das com projectos nos domínios do ambiente e das infra-estruturas de transportes de valor superior a 10 milhões de ecus. Era gerido com

1992 1992 Áustria

Assinatura do Tratado da União Europeia Conselho Europeu de Edimburgo

Em 11 e 12 de Dezembro de 1992,

o Conselho Europeu adoptou em Edimburgo

as perspectivas financeiras para 1994-1999.

Cada vez mais verde, Áustria

Centro Europeu de Energias Renováveis

em Güssing, Áustria.

Aprovados em Maastricht em 7 de Fevereiro de 1992, o Tratado da União Europeia e o Tratado das Comunidades Europeias (TCE) revisto entraram em

vigor em 1 de Novembro de 1993. No que diz respeito à Política Regional e de Coesão, o TCE criou um novo instrumento, o Fundo de Coesão, e uma

nova instituição, o Comité das Regiões, tendo também introduzido o princípio da subsidiariedade. Em Dezembro de 1992, o Conselho Europeu decidiu

as novas Perspectivas Financeiras para o período 1994-1999, tendo sido atribuídos 168 mil milhões de ecus9 para os Fundos Estruturais e o Fundo de

Coesão. Isto representou uma duplicação dos recursos anuais e atingiu um terço do orçamento da UE. Os novos regulamentos da Política de Coesão

foram adoptados pelo Conselho em 20 de Julho de 1993, incluindo agora o Instrumento Financeiro de Orientação das Pescas e o Fundo de Coesão.

Os novos regulamentos confirmaram os princípios fundamentais desta política – concentração, programação, adicionalidade e parceria – e mantive-

ram os cinco objectivos existentes mais ou menos sem alterações. Algumas disposições foram reforçadas, como o envolvimento de outras instituições

da UE, em especial o Parlamento Europeu, e as regras sobre parceria, avaliação e publicidade. Depois da adesão da Áustria, da Finlândia e da Suécia

em 1 de Janeiro de 1995, um regulamento modificativo definiu um sexto objectivo a favor das regiões extremamente pouco povoadas da Finlândia e

da Suécia e uma dotação financeira para os três novos Estados-Membros.

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base em decisões adoptadas pela Comissão sobre cada um dos projectos. Beneficiaram deste Fundo, entre 1994 e 1999, a Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha.

A P O L Í T I C A D E C O E S Ã O E N T R E 1 9 9 4 E 1 9 9 9

A reforma de 1993 deixou os objectivos do perí-odo 1994-1999 mais ou menos inalterados:

> Objectivo 1: promover o desenvolvimento e o ajustamento estrutural das regiões menos desenvolvidas;

> Objectivo 2: reconverter as regiões ou partes de regiões gravemente afectadas pelo declí-nio industrial;

> Objectivo 3: lutar contra o desemprego de longa duração e facilitar a inserção profissio-nal dos jovens e das pessoas expostas à ex-clusão do mercado do trabalho, bem como promover a igualdade de oportunidades de emprego para homens e mulheres;

> Objectivo 4: facilitar a adaptação dos traba-lhadores às mutações industriais e à evolução dos sistemas de produção;

> Objectivo 5: promover o desenvolvimento rural a) acelerando a adaptação das estrutu-ras agrícolas no âmbito da reforma da Política Agrícola Comum e promovendo a moderniza-ção e o ajustamento estrutural do sector das pescas b) facilitando o desenvolvimento e o ajustamento estrutural das zonas rurais; e

> Objectivo 6: desenvolvimento e ajustamen-to estrutural de regiões com uma densidade populacional extremamente baixa (a partir de 1 de Janeiro de 1995).

Abrangendo 24,6 % da população, ou cerca de 97,7 milhões de habitantes, o financiamento

1995-1999 Suécia Finlândia

Monika Wulf-Mathies

Monika Wulf-Mathies, Membro da Comissão

Europeia entre 1995 e 1999, responsável pela

Política Regional e relações com o Comité das

Regiões e o Fundo de Coesão.

Investir em novas tecnologias na Suécia

Computadores para ambientes hostis da Arctic

Inventors Network em Luleå, Suécia.

Investir nas regiões fronteiriças

«A qualidade da execução é cada

vez mais determinada pela qualida-

de da parceria. O êxito da Política

de Coesão no terreno depende

de uma parceria funcional,

que associe todos os intervenientes

no desenvolvimento económico

de uma região. Entre estes incluem-se

representantes da administração central

e das autarquias, representantes

do mundo empresarial, sindicatos,

mulheres, organizações caritativas

e de voluntariado e associações

ambientais, embora eu saiba que alguns

representantes dos governos podem

torcer o nariz a tudo isto.»

Monika Wulf-Mathies no 1.º Fórum da Coesão, 27 de Abril de 1997, Bruxelas

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1994

-99

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concedido pelo FEDER, FSE e FEOGA no âmbito do Objectivo 1 totalizou 94 mil milhões de ecus e o concedido pelo Fundo de Coesão 14,45 mil milhões de ecus (68 % dos fundos totais dis-poníveis13). 41 % do investimento no âmbito do Objectivo 1 foi gasto no apoio a empresas, 29,8 % em infra-estruturas, sendo cerca de me-tade em transportes e um quarto no ambiente, e 24,5 % nos recursos humanos.

Nas zonas do Objectivo 2, foram 60,6 milhões (16,3 % do total) as pessoas que beneficiaram de um pacote financeiro de 9,4 mil milhões de ecus (10,6 % do total), concedido pelo FEDER e pelo FSE, dos quais 55,1 % foram gastos es-pecialmente no apoio a pequenas e médias empresas. Outros 23,9 % foram gastos na recu-peração física e ambiental, muitas vezes rela-cionados com antigos terrenos industriais, e os recursos humanos receberam 20,9 %.

A dotação total ao abrigo dos Objectivos 3 e 4 foi de cerca de 15,2 mil milhões de ecus (9,1 % do total). Estes fundos vieram do FSE e destina-ram-se a acções no mercado do trabalho e de inclusão social.

A dotação para o Objectivo 5 ascendeu a 13 mil milhões de ecus (7,8 % do total) e foi afectada a novas actividades económicas nas pescas e em zonas rurais (47,2 %), infra-estruturas e recur-sos humanos (20 % cada) e ambiente (12,1 %). Viviam em zonas rurais apoiadas no âmbito do Objectivo 5b 32,7 milhões de pessoas, que re-presentavam 8,8 % da população total da UE.

A Suécia e a Finlândia receberam 697 milhões de ecus (0,4 % do total) ao abrigo do Objectivo 6.

Para um total de 13 iniciativas comunitárias foi atribuída uma dotação de 14 mil milhões de ecus (8 % do total), para co-financiar projectos transfronteiriços, transnacionais e inovadores.

A D M I N I S T R A Ç Ã O E G E S T Ã O

Entre 1994 e 1999, as regras relativas aos Fundos Estruturais e ao Fundo de Coesão foram estabe-lecidas num conjunto de sete regulamentos do Conselho que definiam a sua eficácia e coorde-nação, a sua execução e disposições gerais e a execução de cada um dos quatro Fundos Estru-turais. Foi adoptado um regulamento separado para o Fundo de Coesão. O regulamento de coordenação não fez quaisquer alterações ao anterior sistema em três fases introduzido em 1989 e que implicava planos nacionais, Quadros de Apoio Comunitário (QAC) e Programas Ope-racionais. No entanto, passou-se a exigir que os planos nacionais fossem mais pormenorizados, especialmente no que se refere às questões am-bientais. Foi igualmente introduzida a novidade do Documento de Programação Único, que sig-nificava que os Estados-Membros e as regiões podiam apresentar planos e Programas Opera-cionais num documento, seguindo-se uma de-cisão única da Comissão.

Durante este período verificaram-se alguns desenvolvimentos políticos importantes. Em Novembro de 1996 foi publicado o primeiro Relatório sobre a Coesão Económica e Social, que apresentou as disparidades económicas e sociais da União a nível regional e avaliou o im-pacto das políticas nacionais e comunitárias no seu desenvolvimento. Foi apresentado em Abril de 1997 no 1.º Fórum da Coesão, um evento que desde aí passou a acompanhar a adopção de cada relatório e que se tornou o fórum para troca de pontos de vista sobre a Política de Co-esão para os Estados-Membros, as regiões e os diversos intervenientes.

Em Maio de 1999 foi adoptado o Esquema de Desenvolvimento do Espaço Comunitário (EDEC) como documento legalmente não vinculativo,

Alemanha Irlanda do Norte, RU Espanha

Reconstruir infra-estruturas

Reconstrução da «Kronprinzenbrücke» (ponte),

Berlim, Alemanha.

Transporte empresarial: melhorar as ligações

Novo porto em Londonderry, financiado

pelo FEDER.

Reforçar as infra-estruturas europeias

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mas que fornece um enquadramento para as po-líticas sectoriais a nível local, regional, nacional e europeu que tenham impacto espacial.

Por último, a assinatura do Tratado de Amester-dão em Outubro de 1997 consagrou o princípio da Estratégia Europeia para o Emprego, esta-belecendo uma coordenação mais estreita das políticas de emprego nacionais.

Factos e números essenciais > Orçamento total dos Fundos Estruturais e de Coesão: 168 mil

milhões de ecus, que representava cerca de um terço do orça-mento da UE e 0,4 % do PIB total da UE.

> para as regiões do Objectivo 1: 68 % > população das regiões do Objectivo 1: 91,7 milhões

(24,6 % do total).> Principais países beneficiários: Espanha (42,4 mil milhões

de ecus), Alemanha (21,8 mil milhões de ecus), Itália (21,7 mil milhões de ecus), Portugal (18,2 mil milhões de ecus), Grécia (17,7 mil milhões de ecus) e França (14,9 mil milhões de ecus).

Resultados> Calcula-se que o efeito das intervenções dos Fundos Estruturais

entre 1994 e 1999 no PIB em termos reais seja de mais 4,7 % em Portugal, 3,9 % nos Länder da Alemanha Oriental, 2,8 % na Irlanda, 2,2 % na Grécia, 1,4 % em Espanha e 1,3 % na Irlanda do Norte.

> Nas regiões do Objectivo 1 foram criados 700 000 empregos lí-quidos, o que corresponde a um aumento de quase 4 % do em-

prego em Portugal, 2,5 % na Grécia e entre 1 % e 2 % nos novos Länder alemães, no sul de Itália e em Espanha.

> 800 000 pequenas e médias empresas, nomeadamente 500 000 nas regiões do Objectivo 1, receberam ajudas directas para investimentos.

> Foram construídos ou reabilitados 4 104 km de auto-estradas, bem como cerca de 31 844 km de outras estradas. Os investimen-tos em infra-estruturas ferroviárias permitiram reduzir o tempo de viagem em percursos essenciais como Atenas-Tessalónia-Idomeni (redução do tempo de viagem de 1 hora e 30 minutos), Lisboa-Faro (1 hora e 35 minutos), Lisboa-Vilar Formoso (1 hora e 20 minutos), Larne-Dublim (20 minutos) e Belfast-Derry (25 mi-nutos).

> Nas regiões do Objectivo 2 calcula-se que tenham sido cria-dos mais 567 000 empregos brutos, tendo as taxas de desem-prego caído de 11,3 % para 8,7 %, e foi investido um total de 3,2 mil milhões de ecus de fundos do FEDER no desenvolvimento de 115,1 milhões de metros quadrados de novas empresas e instalações.

Para mais informações, ver as páginas «avaliação» em: http://ec.europa.eu/regional_policy

Alemanha Portugal França

Promover o turismo e proteger a cultura Proteger o ambiente

Limpeza da Ria Formosa no Algarve, Portugal.

Investigação e Desenvolvimento

I&D no domínio da horticultura na Baixa

Normandia, França, apoiada pelo FEDER.

«O Fundo de Coesão acrescenta

uma nova dimensão à Comunidade.

Graças ao seu modo de funcionamento,

este Fundo permite que os Estados-Membros

dêem resposta aos critérios de convergência,

a fim de se passar à terceira fase

da União Económica e Monetária.»

Jacques Delors no Parlamento Europeu, em 11 de Fevereiro de 1992

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2000

-06

P Á G I N A 1 8

Assegurar o êxito do alargamento

2 0 0 0 - 2 0 0 6

O P E R C U R S O D A R E F O R M A

Em Julho de 1997, a Comissão Europeia apre-sentou a «Agenda 2000»15, um documento que descreve a perspectiva global de desenvolvi-mento da União Europeia e das suas políticas, os problemas de natureza horizontal colocados pelo alargamento e o modelo de um futuro quadro financeiro para os anos 2000-2006. Em Março de 1998 foi proposto um pacote legisla-tivo daí resultante, que abrangia a reforma da Política Agrícola Comum, a reforma da Política de Coesão, os instrumentos de pré-adesão e o novo quadro financeiro. Na sua reunião de Berlim de 24 de Março de 1999, o Conselho Eu-

ropeu chegou a acordo sobre as propostas da Comissão, permitindo assim a implementação das medidas legislativas e orçamentais subse-quentes.

Em Junho de 1998, a Comissão propôs os regu-lamentos sobre os Fundos Estruturais e o Fundo de Coesão, bem como sobre os instrumentos de pré-adesão, que foram aceites pelo Conse-lho – e parcialmente pelo Parlamento Europeu – entre Maio e Julho de 1999. Com base nas dis-posições do Tratado revisto, o Parlamento Eu-ropeu participou pela primeira vez na adopção dos regulamentos do FEDER e do FSE, através do procedimento de co-decisão. A principal alteração surgiu na forma de um novo regula-

1999 Letónia Estónia

Conselho Europeu de Berlim

Em 24 e 25 de Março de 1999, o Conselho Europeu

chegou a acordo em Berlim sobre a «Agenda 2000»

e o orçamento da UE para o período 2000-2006.

Investir em infra-estruturas

Substituição da principal central de bombagem

de água de Riga, co-financiada pelo Instrumento

de Pré-Adesão, Letónia.

Reforçar o sistema educativo

Um novo jardim infantil na Estónia, financiado

pelo Instrumento de Pré-Adesão, SAPARD.

Os dois temas principais do período 2000-2006 foram um avanço na simplificação da concepção e dos procedimentos da Política de Coesão e ao mesmo

tempo a preparação do alargamento. A «Agenda 2000» estava em preparação desde a segunda metade da década de 90 e abriu caminho ao maior alar-

gamento de sempre da UE, com a adesão de 10 novos Estados-Membros em Maio de 2004. Este alargamento histórico traduziu-se num aumento de 20 %

da população da UE, mas apenas 5 % de aumento do PIB da União. Com o alargamento também aumentaram as disparidades em termos de rendimento

e de emprego, uma vez que a média do PIB per capita nestes novos países era inferior a metade da média da UE e apenas 56 % da sua população estava

efectivamente empregada, comparado com 64 % na UE-15. O território dos novos Estados-Membros ficou quase todo abrangido pelo Objectivo 1, elegível

para o nível mais elevado de apoio dos Fundos Estruturais e do Fundo de Coesão. Contudo, os trabalhos começaram antes do alargamento, nomeadamen-

te disponibilizando instrumentos de pré-adesão para ajudar os dez países candidatos a prepararem-se para a Política de Coesão. Na sequência de uma

decisão adoptada pelo Conselho Europeu de Berlim em Março de 1999, o orçamento da Política de Coesão para 2000-2006 totalizava 213 mil milhões

de euros14 para os quinze Estados-Membros. Foi atribuída uma dotação adicional de 22 mil milhões de euros para os novos Estados-Membros para o

período 2004-2006. A «Estratégia de Lisboa» foi aprovada pelo Conselho Europeu em Lisboa, em Março de 2000; centrada no crescimento, no emprego e na

inovação, passou a ser cada vez mais o leitmotiv de muitas políticas da UE e forneceu o ímpeto para uma mudança paradigmática da Política de Coesão.

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mento «geral»16, adoptado pelo Conselho. Este regulamento substituiu o regulamento de co-ordenação e partes do regulamento de execu-ção. Além disso, foram adoptados cinco novos regulamentos sobre o FEDER, o FSE, o Fundo Europeu de Orientação e de Garantia Agrícola (FEOGA), o Instrumento Financeiro de Orien-tação das Pescas (IFOP) e o Fundo de Coesão. Entre Março de 2000 e Março de 2001, a Comis-são adoptou outros cinco regulamentos relati-vos à execução, que estabeleciam regras sobre a utilização do euro, informação e publicidade, despesas elegíveis, sistemas de gestão e de con-trolo e correcções financeiras. Por último foram adoptados os regulamentos do Conselho para o Instrumento das Políticas Estruturais para a Pré--Adesão (ISPA) e o Programa Especial de Adesão para a Agricultura e o Desenvolvimento Rural (SAPARD) em Junho de 1999.

A P O L Í T I C A D E C O E S Ã O E N T R E 2 0 0 0 E 2 0 0 6

Ao mesmo tempo que reunia os anteriores Ob-jectivos 2 e 5, bem como os Objectivos 3 e 4, a reforma de 1999 reduziu o número de objec-tivos dos Fundos Estruturais de seis para três e o número de iniciativas comunitárias de treze para quatro. Os três objectivos que subsistiram foram:

> Objectivo 1: promoção do desenvolvimento e do ajustamento estrutural das regiões me-nos desenvolvidas;

> Objectivo 2: apoio à reconversão económica e social das zonas com dificuldades estrutu-rais; e

> Objectivo 3: apoio à adaptação e moderniza-ção das políticas e sistemas de educação, de formação e de emprego.

1999-2004 Polónia Chipre

Michel Barnier

Comissário para a Política Regional

entre Setembro de 1999 e Abril de 2004.

Melhorar as estradas

Melhoramento da estrada entre Sochaczew

e Grojec para o tráfego que contorna o sul

de Varsóvia, Polónia.

Recuperação de uma aldeia

«Enquanto a União Europeia tiver ambições, deve ter uma Política de Coesão para a ajudar a realizá-las. Uma ambição é de um progresso partilhado numa Europa reunificada. O novo horizonte é dar a uma Europa alargada os meios para um crescimento dinâmico e emprego elevado, com uma base sustentável. E para aí chegar já está traçado o caminho: é preciso prosseguir os objectivos definidos por unanimidade nas agendas de Lisboa e Gotemburgo. Afinal, são as nossas regiões, os nossos territórios e as nossas cidades que no terreno fazem os investimentos, que implementam as políticas nacionais e europeias e que aplicam o direito comunitário. Não os devemos deixar de lado como espectadores, mas torná-los parceiros do nosso desafio de crescimento sustentável.»

Michel Barnier no Parlamento Europeu, em 18 de Fevereiro de 2004

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2000

-06

P Á G I N A 2 0

Abrangendo 37 % da população, correspon-dente a cerca de 169,4 milhões de habitantes da UE-25, o apoio financeiro concedido pelo FE-DER, FSE, FEOGA e IFOP no âmbito do Objectivo 1 totalizou 149,2 mil milhões de euros. Outros 25,4 mil milhões de euros foram concedidos pelo Fundo de Coesão (representando 71,6 % dos Fundos Estruturais e de Coesão). No quadro do Objectivo 1, 41 % do investimento foi efec-tuado em infra-estruturas, sendo pouco menos de metade atribuído aos transportes e cerca de um terço ao ambiente; 33,8 % destinaram-se à criação de um ambiente produtivo para as em-presas e 24,5 % foram para recursos humanos.

15,2 % da população, ou cerca de 69,8 milhões de habitantes, viviam em zonas do Objectivo 2 e beneficiaram de um pacote financeiro de 22,5 mil milhões de euros (9,6 % do total) atri-buído pelo FEDER e pelo FSE. Do investimento total, 55,1 % foi utilizado num contexto produ-tivo, em especial no apoio às pequenas e mé-dias empresas, 23,9 % na recuperação física e ambiental, muitas vezes relacionada com anti-gos terrenos industriais, e 20,9 % em recursos humanos.

Concentrando-se nos grupos-alvo das políticas activas do mercado de trabalho, os programas no âmbito dos Objectivos 3 e 4 não tinham concentração geográfica e pelo contrário eram aprovados a nível nacional. A dotação total para estes dois objectivos foi de cerca de 24,1 mil milhões de euros (10,3 % do total), atribuídos unicamente pelo FSE.

Quatro iniciativas comunitárias, «Interreg III», «Urban II», «Equal» e «Leader+» e acções inova-doras durante o período 2000-2006 contaram com 11,5 mil milhões de euros.

A D M I N I S T R A Ç Ã O E G E S T Ã O

Durante o período 2000–2006, a cooperação entre a Comissão e os Estados-Membros foi reforçada em matéria de disciplina e controlo financeiros. As responsabilidades das autori-dades nacionais de gestão e pagamento foram clarificadas e a gestão dos programas foi sim-plificada e acelerada, utilizando-se a disciplina financeira e a regra «n+2». De acordo com esta regra, a incapacidade de apresentar uma prova de pagamento no prazo de dois anos conduz à perda da dotação. Além disso, foi imposto um maior envolvimento dos Estados-Membros e das regiões no controlo e avaliação dos pro-gramas através de um sistema de avaliações ex ante, intermédias e ex post.

Em termos de desenvolvimento da política, os segundo e terceiro Relatórios sobre a Coesão Económica e Social marcaram um período acti-vo de reflexão e de debate entre Maio de 2001 e Fevereiro de 2004 acerca do impacto e da con-cepção futura da Política de Coesão. Isto facili-tou a passagem das novas propostas da Comis-são dos regulamentos para 2007-2013.

Desde Outubro de 2003, os «OPEN DAYS – Se-mana Europeia das Regiões e Cidades» torna-ram-se o ponto de encontro anual de responsá-veis políticos e de especialistas de toda a Europa e mesmo fora dela. Organizados em conjunto pela Comissão Europeia e pelo Comité das Regi-ões, juntamente com regiões e cidades de toda a Europa, o Parlamento Europeu e organizações do sector privado, financeiras e da sociedade ci-vil, os OPEN DAYS proporcionam uma platafor-ma de intercâmbio de experiências e de ideias em matéria de desenvolvimento regional.

2004 Espanha Bélgica

Alargamento da UE para 25

1 de Maio de 2004, celebração do alargamento

da UE para 25 Estados-Membros.

Recuperação de lixeiras industriais Criação de emprego

Postos de trabalho adaptados para imigrantes

em Antuérpia, Bélgica.

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P Á G I N A 2 1

Em Novembro de 2002 foi criado um novo ins-trumento financeiro, o Fundo de Solidariedade da União Europeia, que não faz parte da Política de Coesão, destinado a dar apoio urgente às re-giões atingidas por grandes catástrofes.

Factos e números essenciais > Total disponível dos Fundos Estruturais e do Fundo de Coe-

são: 213 mil milhões de euros para a UE-15 entre 2000 e 2006 e 21,7 mil milhões de euros para os 10 novos Estados-Membros en-tre 2004 e 2006, o que representa cerca de um terço do orçamen-to da UE e 0,4 % do PIB total da UE.

> para as regiões do Objectivo 1: 71,6 % > população das regiões do Objectivo 1: 169,4 milhões

(37 % do total).> Principais países beneficiários: Espanha (56,3 mil milhões de

euros), Alemanha (29,8 mil milhões de euros), Itália (29,6 mil milhões de euros), Grécia (24,9 mil milhões de euros), Portugal (22,8 mil milhões de euros), Reino Unido (16,6 mil milhões de euros) e França (15,7 mil milhões de euros).

Resultados> Calcula-se que entre 2000 e 2006 os financiamentos do Objectivo

1 criaram cerca de 570 000 empregos líquidos, cerca de 160 000 dos quais nos novos Estados-Membros.

> Em Espanha, os Fundos Estruturais investiram cerca de 4 mil mi-lhões de euros em investigação, desenvolvimento tecnológico, inovação e tecnologias da informação para mais de 13 000 pro-jectos de investigação, envolvendo aproximadamente 100 000 investigadores e atribuíram um co-financiamento à maior parte dos actuais 64 parques tecnológicos espanhóis.

> Na Grécia, o investimento contínuo no metro de Atenas reduziu o congestionamento do tráfego e a poluição. Foram financiadas oito novas estações, incluindo quatro estações de trânsito, jun-tamente com 17 comboios. Em meados de 2005 estes comboios eram usados por 17 200 passageiros nas horas de ponta, compa-rado com os 15 500 previstos inicialmente. Em Espanha, os inves-timentos no sistema rodoviário pouparam um tempo calculado em 1,2 milhões de horas por ano de tempo de viagem.

> Em relação às regiões do Objectivo 2, inquéritos realizados a nível das empresas sugerem que no final do período 2000-2006 tinham sido criados 730 000 empregos em termos brutos.

> Na Catalunha, o programa do Objectivo 2 implicou mais de 6 000 (cerca de 21 %) investigadores da região e ascendeu a 1,4 mil mi-lhões de euros (37 %) do investimento do sector privado na socie-dade da informação.

> No Reino Unido, mais de 250 000 pequenas e médias empresas receberam apoio nas regiões dos Objectivos 1 e 2. Cerca de 16 000 receberam apoio financeiro directo.

Para mais informações, ver as páginas «avaliação» em: http://ec.europa.eu/regional_policy

República Checa Áustria Eslováquia

Ensino de refugiados Renovação urbana

Fundos do URBAN utilizados para recuperar

o centro da cidade de Viena.

Investir nas energias renováveis

Um parque eólico em Cerova, Eslováquia.

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2007

-13

P Á G I N A 2 2

Concentração no crescimento e emprego

2 0 0 7 - 2 0 1 3

O P E R C U R S O D A R E F O R M A

Em Fevereiro de 2004, a Comissão Europeia pu-blicou um documento18 sobre o futuro da União alargada, incluindo uma proposta de orçamento para os anos 2007-2013. Do orçamento total de 1,025 mil milhões de euros19, 336 mil milhões foram para os Fundos Estruturais e o Fundo de Coesão, enquanto outros 70 mil milhões de euros foram atribuídos ao desenvolvimento rural numa rubrica diferente da coesão. Após negociações difíceis, o Conselho Europeu chegou a acordo sobre um orça-mento em 11 e 12 de Dezembro em Bruxelas, que foi traduzido num acordo interinstitucional entre o Conselho, o Parlamento e a Comissão em Abril de 2006 de um montante de 864 mil milhões de euros, dos quais 308 mil milhões foram afectados à Políti-ca de Coesão. Ao mesmo tempo foi agendada uma revisão do orçamento para 2008/09.

Desde 2001 que a Comissão tem moderado um período activo de reflexão sobre o futu-

ro da Política de Coesão da UE. Em Junho de 2004 a Comissão apresentou um pacote legis-lativo de cinco regulamentos20, que incluía um com disposições gerais, três sobre o FEDER, o FSE e o Fundo de Coesão e um último sobre o «Agrupamento Europeu de Cooperação Terri-torial». O Conselho e o Parlamento adoptaram estes regulamentos em Julho de 2006, depois de chegarem a acordo sobre o orçamento. Em Dezembro de 2006 estes regulamentos foram completados com um regulamento de execu-ção único21, que substituiu os cinco existentes com disposições sobre informação e publicida-de, sistemas de gestão e de controlo, irregulari-dades, correcções financeiras e elegibilidade.

A P O L Í T I C A D E C O E S Ã O E N T R E 2 0 0 7 E 2 0 1 3

Ao mesmo tempo que fundia os anteriores Ob-jectivos 2 e 3, a reforma de 2006 transformou

2005 Alemanha 2007

Conselho Europeu de Bruxelas

Em 15 e 16 de Dezembro de 2005, o Conselho Euro-

peu chegou a acordo em Bruxelas sobre

o orçamento da UE para o período 2007-2013.

Apoiar a investigação e desenvolvimento

O Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional

apoia a investigação no domínio da tecnologia

solar em Berlim, Alemanha.

Alargamento para 27

1 de Janeiro de 2007: os Estados-Membros

aumentam para 27 com a adesão da Bulgária

e da Roménia.

A maior concentração de recursos jamais verificada nos Estados-Membros e nas regiões mais pobres, a inclusão de todas as regiões e uma modifica-

ção das prioridades a fim de impulsionar o crescimento, o emprego e a inovação, são, em síntese, as principais alterações da Política de Coesão da UE

durante o actual período. Na UE a 27 Estados-Membros, um em cada três cidadãos – 170 milhões no total – vive agora nas regiões mais pobres, que

recebem assistência no quadro do Objectivo da «Convergência». As disparidades económicas e sociais aumentaram significativamente com os recentes

alargamentos. Em termos de rendimento per capita, o Luxemburgo é agora sete vezes mais rico do que a Roménia. A nível regional, a diferença é ainda

maior: a região mais rica é o centro de Londres («Inner London»), com 290 % do rendimento per capita da UE-27, e a região mais pobre é o Nordeste

da Roménia, com 23 % da média da UE. O Conselho Europeu chegou a acordo em Dezembro de 2005 sobre o orçamento para o período 2007-2013 e

atribuiu 347 mil milhões de euros17 aos Fundos Estruturais e ao Fundo de Coesão, estando previsto gastar 81,5 % nas regiões da Convergência. A partir

de procedimentos simplificados, quase todos os 436 programas, que abrangem todas as regiões e Estados-Membros da UE, foram aprovados antes do

fim de 2007. A mudança radical nas suas prioridades levou a que um quarto dos recursos se destine agora à investigação e inovação e cerca de 30 % a

infra-estruturas ambientais e medidas para combater as alterações climáticas.

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a iniciativa Interreg num terceiro objectivo, in-tegrando simultaneamente outras iniciativas comunitárias nos programas principais. Os ob-jectivos prioritários são definidos do seguinte modo:

> «Convergência»: destina-se a acelerar a con-vergência dos Estados-Membros e das regi-ões menos desenvolvidos, definidos por um PIB per capita inferior a 75 % da média comu-nitária;

> «Competitividade Regional e Emprego»: abrange todas as outras regiões da UE e tem como objectivo reforçar a competitividade e a capacidade de atracção das regiões, bem como o emprego; e

> «Cooperação Territorial Europeia»: base-ada na iniciativa Interreg, o seu apoio visa a cooperação transfronteiriça, transnacional e inter-regional, bem como a criação de redes.

O número de instrumentos financeiros da coe-são foi reduzido de seis para três: dois Fundos Estruturais (FEDER e FSE) e o Fundo de Coesão. O apoio específico do antigo FEOGA e do IFOP constam agora do novo Fundo Europeu Agrí-cola de Desenvolvimento Rural (FEADER) e do Fundo Europeu da Pesca (FEP).

O Objectivo da «Convergência» abrange 84 re-giões de 17 Estados-Membros e uma população de 170 milhões e – numa base de «phasing-out» – outras 16 regiões com 16,4 milhões de habi-tantes e um PIB apenas ligeiramente acima do limiar devido ao efeito estatístico do alarga-mento. O montante disponível para o Objectivo da Convergência é de 282,8 mil milhões de eu-ros, que representa 81,5 % do total. Deste mon-tante, 199,3 mil milhões de euros destinam-se às regiões da convergência, 13,9 mil milhões de euros às regiões phasing-out e 69,6 mil mi-lhões de euros ao Fundo de Coesão, que cobre 15 Estados-Membros.

Grécia 2007 2007

Melhorar as infra-estruturas ambientais

A barragem Thissavros, projecto do rio

Nestos – realizado em cooperação com a Bulgária

–, foi construída para melhorar a irrigação

e o abastecimento de energia.

Plano da Política de Coesão para Portugal

Danuta Hübner assina o Plano da Política

de Coesão português para 2007-2013 em Lisboa,

em 4 de Julho de 2007.

4.º Fórum da Coesão

«Estou convencida de que a Política

de Coesão europeia está preparada

para fazer face aos desafios que temos

pela frente. A maior vantagem, creio eu,

é o sistema de governação a vários níveis,

baseado na responsabilização e parceria.

Este sistema, que por um lado fomenta

a eficácia e o desenvolvimento

económicos através da cooperação

entre os níveis europeu, nacional

e regional, por outro fixa com firmeza

a política nos territórios da União

e no coração dos seus cidadãos.»

Danuta Hübner no 4.º Fórum da Coesão, em 27 de Setembro de 2007,em Bruxelas

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2007

-13

P Á G I N A 2 4

Um total de 168 regiões de 19 Estados-Mem-bros são elegíveis no âmbito do Objectivo da «Competitividade Regional e do Emprego», representando um total de 314 milhões de ha-bitantes. Treze destas regiões, com 19 milhões de habitantes, constituem as designadas zonas «phasing-in», que são objecto de dotações fi-nanceiras especiais devido ao seu antigo esta-tuto de regiões do Objectivo 1. No quadro deste objectivo estão disponíveis 54,9 mil milhões de euros, o que corresponde a pouco menos de 16 % da dotação total. 11,4 mil milhões de euros destinam-se às regiões phasing-in.

No âmbito do Objectivo da «Cooperação Terri-torial Europeia», a população que vive em zonas fronteiriças ascende a 181,7 milhões de habitan-tes (37,5 % da população total da UE), estando todas as regiões e cidadãos da UE cobertos pelo menos por uma das 13 zonas de cooperação transnacional existentes. Os 8,7 mil milhões de euros (2,5 % do total) disponíveis para este ob-jectivo são divididos da seguinte forma: 6,44 mil milhões de euros para cooperação transfrontei-riça, 1,83 mil milhões de euros para a coopera-ção transnacional e 445 milhões de euros para a cooperação e redes inter-regionais. Como parte deste objectivo, a Comissão lançou a iniciativa «As regiões e a mudança económica» para pro-mover redes de excelência do desenvolvimento sustentável das regiões e cidades.

A D M I N I S T R A Ç Ã O E G E S T Ã O

Uma importante simplificação no período ac-tual diz respeito à introdução de duas fases de programação em vez de três. Com base nas «Orientações Estratégicas Comunitárias em ma-téria de Coesão», o planeamento realiza-se a ní-vel nacional através dos Quadros de Referência Estratégicos Nacionais, enquanto a execução fica para os Programas Operacionais. Tanto os

regulamentos como as orientações exigem que a nova geração de programas «afecte» uma certa percentagem dos recursos para investi-mentos fundamentais associados à estratégia renovada de crescimento e emprego. Estes in-vestimentos incluem a investigação e inovação, infra-estruturas de importância europeia, com-petitividade industrial, energias renováveis, eficiência energética, eco-inovações e recursos humanos. Nas regiões da «Convergência» estas prioridades devem receber 60 % dos fundos totais disponíveis e em todas as outras regiões 75 %. Na UE-27 a percentagem média dos re-cursos afectados a investimentos fundamentais da estratégia de Lisboa é de 61,2 % no âmbito do Objectivo da Convergência e 76,7 % no que se refere ao Objectivo da Competitividade Re-gional e do Emprego. Na totalidade serão atri-buídos cerca de 200 mil milhões de euros para estes investimentos. Em comparação com o pe-ríodo anterior, isto representa um aumento de mais de 50 mil milhões de euros.

Foram simplificadas outras disposições, como as regras de elegibilidade que agora são deci-didas a nível nacional, em vez de serem a nível da UE, e foi dada maior atenção ao princípio da proporcionalidade, a fim de reduzir a burocracia e as limitações impostas aos programas de me-nor dimensão.

Três novos instrumentos de intervenção, desig-nados Jaspers, Jeremie e Jessica, vão melhorar a cooperação entre a Comissão Europeia e o Banco Europeu de Investimento e outras insti-tuições financeiras, a fim de reforçar o desen-volvimento de capacidades e assegurar que os Estados-Membros e as regiões estabelecem uma utilização dos fundos sólida e eficaz.

Os Agrupamentos Europeus de Cooperação Territorial (AECT) permitirão às autoridades regionais e locais de diferentes países criarem agrupamentos de cooperação como entidades

2007 Itália Dinamarca

OPEN DAYS

Reunião de especialistas e troca de experiências

e de ideias durante os OPEN DAYS,

encontro anual das regiões e cidades da Europa.

Estudar o ambiente marinho Melhores transportes, maior crescimento

Novas instalações aeroportuárias para incentivar

o desenvolvimento empresarial na Dinamarca.

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P Á G I N A 2 5

jurídicas para realizarem projectos do tipo trans-portes transfronteiriços ou serviços de saúde.

O Instrumento de Assistência de Pré-Adesão (IPA) substituiu os anteriores instrumentos de pré-adesão em 2007. O IPA visa ajudar os países candidatos e potenciais países candidatos dos Balcãs Ocidentais a prepararem-se para uma possível adesão, nomeadamente no domínio do desenvolvimento regional e da cooperação.

Por último, o quarto Relatório sobre a Coesão Económica e Social, juntamente com o Fórum da Coesão de 27 e 28 de Setembro de 2007, marcaram o início do debate sobre o futuro da Política de Coesão da UE para além de 2013.

Factos e números essenciais > Total disponível dos Fundos Estruturais e do Fundo de

Coesão: 347 mil milhões de euros, que representa 35,7 % do orça-mento da UE e 0,38 % do PIB total da UE

> para as regiões do Objectivo 1: 81,5 % > população das regiões do Objectivo 1: 170 milhões

(35 % do total, incluindo as regiões phasing-out)Principais países beneficiários: Polónia (67,3 mil milhões de eu-ros), Espanha (35,2 mil milhões de euros), Itália (28,8 mil milhões de euros), República Checa (26,7 mil milhões de euros), Alemanha (26,3 mil milhões de euros), Hungria (25,3 mil milhões de euros), Portugal (21,5 mil milhões de euros) e Grécia (20,4 mil milhões de euros).

Resultados esperados> Alguns modelos macroeconómicos calculam que o investimento

da Política de Coesão acrescentará em média cerca de 6 % ao PIB dos Estados-Membros, acima dos cenários de base. Por exemplo, o modelo Hermin prevê um acréscimo de 9 % do PIB da Lituâ-nia, da República Checa e da Eslováquia; 5,5-6 % para a Bulgária,

Polónia e Roménia; 3,5 % para a Grécia e cerca de 1-1,5 % para a Espanha, os Länder da Alemanha Oriental e o Mezzogiorno.

> Até 2015, os Fundos Estruturais e o Fundo de Coesão terão criado até 2 milhões de empregos suplementares.

> Com base em avaliações ex ante efectuadas por uma série de Estados-Membros, a forte concentração na investigação e na ino-vação irá criar um acréscimo de 40 000 postos de trabalho.

> No domínio dos transportes, 25 000 km de estradas construídas recentemente ou reconstruídas e 7 700 km de vias-férreas vão ser apoiados por investimentos da Política de Coesão da UE.

> Muitos Estados-Membros e regiões consideram as alterações cli-máticas e o desenvolvimento de economias com baixo carbono como uma prioridade dos seus programas. Por exemplo, o Lu-xemburgo pretende uma redução das emissões de CO

2 em 10 %,

enquanto a Eslováquia tem a intenção de reduzir a intensidade energética da produção em mais de 20 %. Programas em Itália, França, República Checa, Malta, Inglaterra e País de Gales incluem uma disposição relativa ao desenvolvimento de sistemas especí-ficos de avaliação do carbono.

Para mais informações, ver as páginas «avaliação» em: http://ec.europa.eu/regional_policy

Eslovénia Polónia Bélgica

Desenvolvimento do turismo Renovação de espaços públicos Viagem mais limpa

Green Boulevard, um autocarro gratuito

para reduzir o tráfego, Hasselt, Limburgo, Bélgica.

«As regiões e as cidades bem-sucedidas são as que optam pela abertura e oferecem prosperidade económica e bem-estar social aos seus habitantes e oportunidade para desenvolverem plenamente os seus talentos. A Europa precisa mais do que nunca da criatividade, das competências e do entusiasmo das suas regiões e cidades. Na era da globalização têm um papel importante a desempenhar na Europa competitiva que estamos a tentar criar.»

José Manuel Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia, na abertura da Semana Europeia das Cidades e Regiões, em 9 de Outubro de 2006

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D i r k A h n e r J e a n - C h a r l e s L e yg u e s Ta s s o s B o u g a s P h i l i p L o weP Á G I N A 2 6

Um olhar retrospectivo para 1988

D E B A T E E N T R E A L T O S - F U N C I O N Á R I O S D A C O M I S S Ã O E U R O P E I A

Dirk Ahner: Bem-vindos a esta reunião, dedi-cada a olhar retrospectivamente para compre-ender o que aconteceu e como, durante este famoso e talvez único «momento Delors» em 1988, quando nasceu a Política de Coesão e se fez esta viragem radical, que passou da gestão de projectos para uma abordagem mais estra-tégica centrada nos intervenientes regionais. Gostaria que olhássemos para o desenvolvi-mento desta política desde então e que por último trocássemos pontos de vista sobre as perspectivas para além de 2013. Sobre este úl-timo aspecto estamos actualmente a recolher informações especializadas e conselhos, tanto de académicos como de profissionais, sobre a fundamentação da política, os desafios futuros que as regiões enfrentam e as possibilidades de simplificação e de melhor gestão. A Comissária Danuta Hübner apresentará os resultados des-tas reflexões num relatório a aparecer na Prima-vera de 2009.

Jean-Charles Leygues: Gostaríamos de discutir três questões. Primeiro, será que esta política – apesar das dúvidas formuladas por alguns so-bre a sua carga burocrática – foi no fim de con-tas uma história de sucesso? Em segundo lugar, qual foi o modelo de desenvolvimento inicial subjacente à concepção da Política de Coesão? Terceiro, será que este modelo – e se sim, como? – mudou ao longo de quatro períodos legislati-vos e orçamentais desde 1988, incluindo o alar-gamento contínuo da UE?

Tassos Bougas: Penso que havia originalmente duas correntes de pensamento na Comissão: os «integracionistas», adeptos da mesma aborda-gem que fora concebida para os «Programas Integrados Mediterrânicos» (PIM) e que defen-diam um papel forte da Comissão, próximo dos Estados-Membros e das regiões, e um segundo grupo que favorecia um papel mais modera-do da Comissão, ficando os Estados-Membros

Este debate foi organizado em 5 de Março de 2008 em Bruxelas. Dirk Ahner é Director-Geral da Política Regional desde 2007 e foi responsável

pelos estudos prospectivos no domínio da agricultura, ambiente e desenvolvimento rural na DG Agricultura, onde foi Director-Geral Adjunto entre

2003 e 2006. Graham Meadows trabalhou na DG REGIO de 1989 a 2006, tendo sido Director-Geral de 2003 a 2006. Foi igualmente conselheiro no

Gabinete do Presidente da Comissão Gaston E. Thorn (1981-1985) e Chefe de Gabinete de Stanley Clinton Davis, Membro da Comissão (1986-1989).

Jean-Charles Leygues foi Chefe de Gabinete Adjunto do Presidente da Comissão Jacques Delors (1987-1992) e Director-Geral Adjunto na DG Política

Regional em 2004-2007. Philip Lowe é Director-Geral da Concorrência desde 2002 e foi Chefe de Gabinete de Bruce Millan, o Comissário respon-

sável pela Política Regional entre 1989 e 1991. Jérôme Vignon, Director da «Protecção Social e Inclusão Social» na DG Emprego, Assuntos Sociais

e Igualdade de Oportunidades, foi membro do Gabinete do Presidente Jacques Delors em 1985. Tassos Bougas é Chefe de Unidade na DG

Política Regional e foi Chefe de Gabinete Adjunto do Comissário Georgios Varfis, responsável pela Coordenação das Políticas Estruturais na segunda

metade dos anos 80. Robert Shotton, Director dos Assuntos Gerais na DG Saúde e Protecção dos Consumidores, foi responsável pelas iniciativas

comunitárias na DG REGIO entre 1989 e 1993 e pelos então novos Estados-Membros Finlândia, Áustria e Suécia e por último Grécia. As opiniões

aqui expressas não correspondem necessariamente às da Comissão Europeia.

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J é r ô m e Vi g n o n G r a h a m M e a d o w s R o b e r t S h o t t o nP Á G I N A 2 7

como impulsionadores da política. Esta distin-ção continua a existir e em certa medida este-ve na base da diferença entre os instrumentos mais experimentais e «comunitários» da polí-tica, como o método inovador de conceber e executar políticas públicas, acções inovadoras, iniciativas comunitárias e redes, e os programas operacionais geridos mais por conta dos Esta-dos-Membros e das regiões.

Philip Lowe: Recordo-me de entre 1979 e 1981 ter pertencido a um Grupo de Trabalho da Co-missão dirigido por Jean Jaeger, cuja missão era examinar como conseguir maior eficácia dos instrumentos estruturais, tendo em conta os limites do orçamento comunitário. Nessa al-tura este grupo não estava tanto a pensar nos grandes princípios da política de coesão, como a solidariedade, mas em como melhorar a efi-ciência e a eficácia das intervenções comuni-tárias através de uma «abordagem integrada» que pusesse os diferentes instrumentos estru-turais (FEDER, FSE, empréstimos do BEI, etc.) ao serviço de objectivos regionais ou nacionais e permitisse a países como a Grécia beneficiar globalmente de um volume de investimentos que pudessem ter um importante impacto ma-croeconómico e consequentemente resultados reais no crescimento. Este entusiasmo acerca da «eficiência e eficácia» era partilhado em muitos dos Ministérios das Finanças dos Estados-Mem-bros nesse período. Um relatório da Comissão elaborado pelo Grupo de Trabalho foi apresen-tado ao Conselho ECOFIN em 1984, quando Graham e eu éramos membros do Gabinete do Presidente Gaston Thorn. Foi nesse momento que a noção de «coesão económica e social» começou a ser discutida abertamente. Tanto o conceito de eficiência como o de coesão foram depois avançados por Jacques Delors a partir de 1985, tendo-lhe permitido dominar o debate sobre uma nova visão para a Europa – talvez em toda a parte excepto no mundo anglo-saxão. Mas mesmo no Reino Unido o slogan de uma «abordagem integrada» deu novo ímpeto aos esforços de desenvolvimento regional na Escó-cia e na região do Noroeste, por exemplo. Não foi simplesmente uma questão de integração

técnica dos instrumentos financeiros. Também sobressaía a questão de saber precisamente quem era responsável a nível da UE, nacional e regional pela concepção e execução de cada parte de um programa regional.

Jérôme Vignon: É verdade que antes do «big bang» de 1988 houve uma certa fermentação do conceito de coesão económica e social e dos Fundos Estruturais nos Estados-Membros e nas universidades. O debate acerca de um modelo de desenvolvimento eficiente existiu em parale-lo com o da «Realpolitik», que questionava se os países ricos deviam continuar a pôr dinheiro em fundos absorvidos sem qualquer impacto pelos outros. «I want my money back!» e «Deutschland ist nicht der Zahlmeister Europas!» faziam parte do cenário preparado depois da chegada de Jacques Delors e a sua resposta foi que os Fun-dos Estruturais seriam transformados em polí-ticas estruturais destinadas à coesão social. De facto, o big bang foi apoiado por quatro ele-mentos fundamentais, alguns dos quais ainda estão presentes hoje.

O primeiro, o «momento institucional», já não é tão importante como foi. No texto legal de 1987 lia-se «a fim de assegurar o êxito do Acto Úni-co». A mensagem política aos Estados-Membros que mais beneficiavam da realização do merca-do comum era que estavam prontos para fazer um esforço através da política de coesão. Além disso, a abordagem do orçamento plurianual seria acompanhada de um exercício de gestão, programação, avaliação e controlo sério. Só havia «mais dinheiro» com mais restrições sob controlo da Comissão. Provavelmente este tipo de negociação política continua a ser historica-mente único, ainda que hoje assegurar o êxito do alargamento esteja fundamentalmente liga-do à coesão económica e social.

O segundo elemento diz respeito à «descentra-lização», uma ideia política que ganhou terreno em muitos Estados-Membros no final dos anos 90 e levou à criação do Comité das Regiões em 1992. A Política de Coesão capacitou os interve-nientes mais pró-europeus a nível regional que eram a favor do Acto Único Europeu.

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O terceiro elemento de apoio no final dos anos 80 foi a tentativa intelectual de repensar as po-líticas de desenvolvimento em geral. O palco era tradicionalmente ocupado por académicos que estavam convencidos de que convergência regional estaria dependente principalmente do investimento em infra-estruturas. Contudo, uma nova escola de pensamento estava con-vencida de que apenas uma abordagem inte-grada permitiria libertar o potencial endógeno local e criar um crescimento sustentável. Este conceito de desenvolvimento foi testado pela primeira vez nos PIM e envolveu predominan-temente intervenientes locais em vez de nacio-nais. Embora a ideia inicial de Jacques Delors de aceitar apenas programas sugeridos a nível regional acabasse finalmente por não ser posta em prática, dominou as negociações com os Es-tados-Membros e levou a uma descentralização suplementar de tarefas.

Este último elemento do modelo original conti-nuou desde aí a ser válido em todos os períodos subsequentes. Por último, quando se formulam os objectivos da política é preciso dar-lhes um nome, um nome que torne claro que há «uma razão europeia importante» para agir. O «de-

senvolvimento rural» foi essa razão, porque era uma parte importante da reforma da PAC. Asse-gurar o êxito do alargamento, da reestruturação económica e do mercado comum tem também, evidentemente, uma grande importância eu-ropeia. A ideia política «se te ajudares a ti pró-prio a Europa ajudar-te-á» foi um sucesso nesta perspectiva e penso que a história da política estrutural da UE «ao serviço da Europa» ainda se justifica hoje, embora precise de mais refle-xão quanto ao futuro. A questão que continua

por resolver dentro da Comissão é a coordena-ção entre as Direcções-Gerais que gerem os di-ferentes fundos. Como a coordenação «de fora» através de uma nova DG não foi a opção esco-lhida, a abordagem integrada dos fundos per-manece na agenda, porque se tornou evidente, na minha opinião, que «caminhar juntos» não funciona.

Jean-Charles Leygues: No que se refere ao terceiro ponto, Jérôme, sobre a «luta das duas escolas», os que «acreditavam nas infra-estru-turas» e os que estavam convencidos de que a inovação e uma abordagem integrada levariam a um desenvolvimento homogéneo, penso que a solução final foi simples e pragmática. Ao de-finir elegibilidade e financiamento tanto para a abordagem das infra-estruturas como para a abordagem do desenvolvimento integrado, resolveu-se e acabou parcialmente esse deba-te dentro da Comissão e também nos Estados- -Membros.

Tassos Bougas: Gostaria de recordar o con-texto económico e político e as importantes disparidades que enquadraram esse debate. As taxas de crescimento nos anos 80 eram muito modestas nos Estados-Membros mais pobres. Além disso, a Política de Coesão era vista como um mecanismo regulador na medida em que se destinava a aliviar potenciais externalidades negativas resultantes do desenvolvimento das políticas comunitárias, com uma tónica particu-lar nas perspectivas do mercado interno. Final-mente, para além de uma «integração por via legal» mais passiva ou negativa, a Comunidade precisava de políticas dirigidas aos cidadãos e através de alguns incentivos financeiros co-munitários de criar uma «integração positiva». A Política de Coesão teve um objectivo triplo: solucionar as disparidades, atenuar potenciais externalidades negativas e apoiar uma integra-ção positiva. O relatório Padoa-Schioppa pôs exactamente esta questão na mesa.

Graham Meadows: Gostaria de voltar ao ter-ceiro ponto do Tassos e quarto do Jérôme, ou seja, à ideia de que a existência da política re-gional europeia está justificada se puder ser

«A resposta de Delors foi que os Fundos

Estruturais seriam transformados em políticas

estruturais destinadas à coesão social.» Jérôme Vignon

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vista como um equilíbrio dos efeitos negativos da integração ou como expressão de alguma «grande ideia», do tipo «assegurar o êxito do alargamento». Penso que isto está errado, es-pecialmente o ponto de vista de que a política só se pode justificar em função de uma grande ideia. De facto, considero que sofremos desta abordagem, que nos cria um problema.

Mas antes de ir por aí deixem-me apenas men-cionar um ponto que se refere ao início da actu-al fase política em 1989. A única coisa que ainda não foi mencionada é que no início dos anos 80 a União ficou realmente sem dinheiro, porque o orçamento da PAC se tinha esgotado. Con-vencida de que devia haver algum dinheiro al-gures, a Comissão procurou nas várias rubricas orçamentais e finalmente descobriu elevados montantes de dotações de pagamento não uti-lizadas no FEDER e no FSE, onde permaneciam por utilizar grandes montantes de autorizações orçamentais. A Comissão viu-se assim confron-tada com uma situação em que precisava de transferir recursos para a agricultura, mas não o podia fazer porque, embora as dotações de pagamento estivessem paradas, tinham sido afectadas aos Fundos Estruturais.

A Comissão ficou irritada com esta «crise de te-souraria» por causa da ligeireza e da facilidade com que os fundos tinham sido autorizados sem um seguimento de perto do lado das despesas. Isto veio alimentar a discussão sobre os Fundos Estruturais, incluindo a vontade de garantir desde o início que as verbas autorizadas eram efectivamente gastas. Vale a pena lembrarmo- -nos hoje disto, quando as pessoas contestam a regra da anulação automática (regra n+2) ou quando criticam a abordagem da programação. Houve elementos da reforma de 1989 que fo-ram uma resposta ao facto de a política anterior não ter funcionado.

Um segundo ponto a mencionar é que a política antes da reforma se limitava ao co-financiamen-to de projectos de despesas públicas e que já então o sector público estava a diminuir devido às privatizações. A reforma da política alargou deliberadamente o seu âmbito para ter em con-

ta esta mudança das condições. Lembrem-se que o Primeiro-Ministro britânico em exercício era a Sra. Thatcher.

Agora gostaria de dizer uma palavra sobre o perigo da opinião do Jérôme de que a política regional europeia precisa de se justificar por «une grande cause européenne». Que é o mesmo que dizer que a política faz parte de algum ne-gócio: «querem o mercado único, então têm de pagar»; e mais tarde: «querem a moeda única, então têm de pagar»; e ainda: «querem o alar-

gamento, então têm de pagar.» Rejeito esta in-terpretação cínica, que coloca alguns Estados-Membros em má posição, recusando os seus argumentos legítimos sobre o crescimento económico e avançando em seu lugar a ideia de que estavam apenas a tentar «assaltar» a União.

Esta abordagem retira à política a sua dignida-de. E está errada. Se esta política foi o resultado de um negócio, então porque é que continua? Porque é que se tem alargado desde então? Há outra explicação para o aparecimento da polí-tica, que é não só mais credível, mas também mais útil para nós quando traçarmos a fase se-guinte da política de desenvolvimento. Essa ex-plicação é que a política existe para equilibrar o crescimento. A União tem três políticas para o crescimento. Tem o mercado único, incluindo os seus acordos comerciais com países tercei-ros, e tem a moeda única. Como economistas sabemos que isto produz crescimento e sabe-mos igualmente que este crescimento orienta-do pelo mercado é de certeza desequilibrado. Produz uma efervescência da economia que au-menta as disparidades de rendimento e vemos

«Na União temos uma terceira política que

faz parte do nosso arsenal de crescimento

económico e que nos fornece um factor

de equilíbrio: a Política de Coesão.» Graham Meadows

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que isto acontece na China e no Brasil, países que têm uma política regional menos desenvol-vida do que a União.

Mas na União temos uma terceira política que faz parte do nosso arsenal de crescimento eco-nómico e que nos fornece um factor de equi-líbrio: a Política de Coesão. A política regional e de coesão procura equilibrar as disparidades criadas constantemente pelo crescimento e aju-dar as regiões com um crescimento mais lento a crescerem mais rapidamente e a alcançarem a taxa de crescimento global da União. Considero esta explicação mais correcta e mais importan-te. E engrandece a ideia do Jérôme sobre o «ne-gócio». É possível que a política regional e de coesão tivesse sido criada em certo momento como parte de um negócio a curto prazo, mas isso não significa que não limite a sua justifica-ção de existência. A razão desta política é que dá à União a possibilidade de ter crescimento de uma forma mais equilibrada.

Jérôme Vignon: Isto leva-me a insistir numa coisa. Jacques Delors queria efectivamente evi-tar que a Política de Coesão e a utilização dos Fundos Estruturais se transformassem numa pura redistribuição. O «negócio» era contrariar os efeitos do mercado único e da moeda úni-ca nos países mais pobres. Ele queria que os Estados-Membros mais ricos continuassem in-teressados e envolvidos nesta política e tornou isso por exemplo muito claro durante a reunifi-

cação alemã, quando os novos Länder alemães passaram imediatamente a beneficiar dos Fun-dos Estruturais. Por conseguinte, o «negócio» é complexo.

Graham Meadows: O facto de Jacques Delors querer que a política fosse mais do que redis-tributiva continua a ser importante. Possuímos uma política que é muito mais rica do que um

simples mecanismo distributivo. Se exagerar-mos a ideia do «negócio», subestimamos a importância económica do mercado interno e da moeda única. O mercado interno trouxe be-nefícios à Alemanha, por exemplo, em 1989 e a partir daí todos os anos. Da mesma forma, a política regional e de coesão era necessária para equilibrar o crescimento em 1989 e foi neces-sária todos os anos a partir daí. O mercado in-terno está constantemente a criar crescimento e disparidades e a política regional e de coesão europeia trabalha constantemente para reduzir essas disparidades. Desde que tenhamos cresci-mento, teremos disparidades e o trabalho para as reduzir e, portanto, para equilibrar o cresci-mento será constante.

Tassos Bougas: Não foi uma opção definir a Política de Coesão como um mecanismo pura-mente redistributivo a nível comunitário. Gos-taria de salientar que esta política foi concebida como uma política de distribuição sujeita a con-dições, que se declinam em três níveis. Primei-ro, as prioridades da Política de Coesão devem contribuir para a implementação das priorida-des da Comunidade; segundo, as transferências da Política de Coesão não devem substituir o esforço nacional e devem ser utilizadas para investimentos; e finalmente a obrigação de res-ponsabilização e de boa gestão. Devia ser «uma política para todos» e não apenas para os po-bres. Foi claro desde o início que todos os países deviam beneficiar desta política.

Philip Lowe: A mensagem-chave da Política de Coesão não era redistribuir o rendimento. Era criar condições em que todos tivessem opor-tunidade de participar e de beneficiar do mer-cado interno. O seu objectivo era permitir que os Estados-Membros e as regiões estimulassem o comércio e o investimento nos seus próprios territórios, mas dentro do quadro europeu. Não se pretendia dar dinheiro às regiões mais po-bres para as compensar da liberalização. Mas não se pode esperar que as empresas invistam em regiões desfavorecidas por terem infra- -estruturas deficientes e os trabalhadores não terem qualificações adequadas – em resumo,

«Devia ser “uma política para todos”

e não apenas para os pobres.» Tassos Bougas

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tudo que contribui para a possibilidade de êxito das empresas, mas que está para lá da porta de uma fábrica. «Mobilizar energia nas regiões» foi a força-motriz da Política de Coesão, por opo-sição a atribuir simplesmente uma parte do or-çamento europeu às regiões por serem pobres. A Política de Coesão não foi definida «pela mi-noria de bloqueio no Conselho», como alguns costumavam dizer.

Jérôme Vignon: Foi o equilíbrio da dignidade, dignidade entre Estados-Membros e regiões com diferentes graus de riqueza e de poder, e considerou-se que ninguém devia estar depen-dente de assistência. Foi este o contexto políti-co da proposta. A lógica subjacente era natural-mente que os países ou regiões que recebiam mais se deviam comprometer com algumas re-alizações. Referi-me no início às inovações rela-cionadas com a gestão orçamental. Dois dos ele-mentos que justificaram a forte influência dada à Comissão Europeia foram as questões da ava-liação e da adicionalidade, que devia assegurar aos contribuintes líquidos que o dinheiro seria bem utilizado em todo o lado. Penso que uma das dificuldades é que não conseguimos resul-tados nalgumas dessas inovações específicas. A «avaliação e o valor acrescentado» foram gran-des fracassos em minha opinião e a demonstra-ção de que fomos eficazes não se reflecte muito, por exemplo, nos relatórios de coesão. O mes-mo se passa com a «adicionalidade». Alguns dos Estados-Membros de maior dimensão não conseguiram resultados neste domínio e estes factos enfraqueceram a nossa posição. Por isso, se olhasse para o futuro perguntar-me-ia se não podíamos ter melhor desenvolvimento e mais resultados na questão da inovação financeira.

Philip Lowe: Um factor positivo que subestima-mos – em oposição ao pessimismo inicial sobre a «masse critique» da intervenção dos Fundos Estruturais em termos macroeconómicos – é o efeito positivo da Política de Coesão nas expec-tativas das empresas. Um investimento signi-ficativo em regiões que eram das mais pobres e a redução do risco político e comercial como consequência do apoio da UE foi o que a ade-

são deu a estes países mais pobres. Ainda que o máximo que alcançámos fosse 4 % em termos de PIB, o efeito em muitos casos foi muito maior. Que também contribuiu para outro efeito que Grigoris Varfis me explicou: «Não nos esqueça-mos que não estamos a tratar com os países e regiões mais fracos. Estamos a tratar com as ad-ministrações mais fracas».

O outro factor que costumávamos subestimar era a potencial complexidade política da abor-dagem integrada. Uma abordagem integrada nunca pode ser um fim em si mesmo, porque tem de ser contrabalançada com os interesses da eficácia e da democracia. Temos países rela-tivamente pequenos onde o governo nacional reclama o monopólio do termo «integração». Não gostaram da ideia da Comissão de reivin-dicar a propriedade da «abordagem integrada» e equiparar a integração à descentralização. Deixem-me contar algumas anedotas sobre o princípio da parceria durante o período das negociações dos primeiros programas dos Fundos Estruturais. Costumávamos encontrar- -nos com os nossos parceiros irlandeses sema-nalmente, muitas vezes para abordar a ques-tão da divisão dos financiamentos do FSE e do FEDER. Para preparar essas reuniões os minis-tros do governo irlandês costumavam reunir-se e Charlie Haughey, o Taoiseach, uma vez disse aos seus colegas: «O que é que Sandro Gauden-zi diz que temos de fazer hoje?» Noutra oca-sião, tínhamos-lhes sugerido que o Presidente da Câmara de Cork devia participar nas nego-ciações da parceria sobre os programas para o Sudoeste da Irlanda, mas ele respondeu-nos: «Estou-me borrifando para o que o Presidente da Câmara de Cork vai dizer. Temos de fazer – e é esta a questão – arbitragens difíceis a nível

«A mensagem-chave da Política de Coesão

era… criar condições em que todos tivessem

oportunidade de participar e de beneficiar

do mercado interno.» Philip Lowe

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do governo nacional. Estamos numa economia de três milhões, não de sessenta milhões de pessoas, e não aceitamos uma abordagem do tipo: a mesma solução para todos». Portanto, a questão da abordagem integrada tem de ser associada à questão do nível a que se aplica e das condições que se obtêm a cada nível.

Outra história tem a ver com o Conselho Eu-ropeu de Copenhaga22, em 1987, quando o regulamento-quadro ainda não tinha sido adoptado. Não estava prevista a presença da DG XXII, mas à última da hora alguém disse que seria melhor se lá estivéssemos. Tinha co-migo uma nova calculadora electrónica – na-turalmente não havia PC nessa altura. No final do dia fui chamado à sala directamente ao lado da sala de reuniões do Conselho, porque os Chefes de Estado estavam a calcular equilí-brios líquidos. Acabámos assim com enormes grupos de números porque, no fim de con-tas, a questão final era se estávamos a falar de «um negócio líquido» para compensar os Estados-Membros mais pobres ou de um sen-tido mais amplo de uma política estrutural europeia. Não foi possível qualquer acordo nesta fase. Quando voltei ao aeroporto nes-se sábado à tarde, comprei à minha mulher

uma camisola dinamarquesa branca e desde então ela sempre disse que este foi o único resultado concreto do Conselho Europeu de Copenhaga! Mas em Fevereiro de 1988 houve um Conselho Europeu especial e demos uma volta com o Chanceler Kohl pelas outras dele-

gações e vimos que havia uma viragem, pelo menos na visão política, que ia para além dos equilíbrios líquidos.

Mais tarde – e isto reflecte a história da «descen-tralização» – houve uma estranha combinação entre regiões que pensavam ser importantes e regiões que achavam que já não eram impor-tantes. O Presidente da Baviera tinha convoca-do uma grande conferência que se realizou em Munique – que incluiu um empregado atrás de cada cadeira. Até o representante mais pobre, por exemplo da Estremadura, teve direito ao seu empregado! Em 1990, as pessoas pensavam que se estava perante uma nova era para as re-giões. Os representantes de Strathclyde senta-vam-se ao lado dos representantes da Baviera e levou cerca de dois anos para descobrirem que não era exactamente este o mundo em que vi-víamos. A questão, naturalmente, consistia em saber onde estava o poder e onde residia a le-gitimidade. Através da política regional da UE podia obter-se legitimidade em certos países, mas não noutros. Essa conferência de Munique foi um momento muito importante, mas não te-nho a certeza de que se voltará a repetir.

Robert Shotton: Gostaria de falar um pouco da minha experiência nas regiões. Alguém teve uma vez de redigir um primeiro documento inti-tulado «programa» e um dos primeiros foi apre-sentado orgulhosamente a Creta, um projecto de algumas páginas. Fomos até lá conversar com as autoridades regionais em Creta e foi-nos dito: «Sim, isto é muito bonito, mas precisamos de um telefone. Este telefone só faz chamadas para Atenas. Não estamos autorizados a telefo-nar directamente para Bruxelas. Seria possível os Senhores arranjarem-nos outro telefone, por favor?» Discutimos a questão e finalmente obtiveram outro telefone. A seguir foi: «Preci-samos de um novo automóvel. Será possível um novo automóvel?» Respondemos: «OK, ve-remos o que se pode fazer acerca de um novo automóvel. Mas será que poderão assumir este programa e geri-lo?» Penso que havia um fosso enorme entre a construção intelectual e a reali-dade no terreno que nesse país – e não apenas

«Foi o equilíbrio da dignidade, dignidade

entre Estados-Membros e regiões

com diferentes graus de riqueza e de poder,

e considerou-se que ninguém devia

estar dependente de assistência.» Jérôme Vignon

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nesse país – estava muito distante da teoria. Na realidade entrámos num processo de «governo em construção» por alguns anos nessa região e nesse país para tornar possível a visão teórica no terreno.

Um dos primeiros passos que foi muito impor-tante para as autoridades centrais na Grécia foi descobrir quem gastava o quê. Uma das coisas de que gostaram no programa foi que a maior parte das rubricas da despesa que cobriam uma vasta gama do «desenvolvimento económico» foram tornadas transparentes com secções designadas ambiente, transportes, socieda-de da informação e todas as outras. Quando estas secções eram somadas para todo o país, mostrava-se quanto é que a Grécia gastava e em quê. O exercício que tinham de fazer a se-guir era encontrar projectos que pudessem in-serir, por exemplo, no âmbito da sociedade da informação e assim conseguir mais dinheiro de «Bruxelas». Como era preciso co-financiamento nacional, os ministérios abrangidos não ficavam com muito dinheiro, porque tinham de aplicar as verbas nacionais nestes projectos.

Assim, todo o dinheiro nacional foi igualmen-te integrado no mesmo sistema de gestão. Pela primeira vez isto deu ao Ministério das Finanças, que recebia o financiamento da UE, oportunidade de ver e controlar o que toda a gente estava a fazer, o que constituiu um pas-so importante para eles. Na etapa seguinte ti-nham de encontrar mais projectos para gastar o dinheiro. Eu diria que estes países do Sul da Europa levaram alguns anos para conseguir alinhar o seu sistema, tentando desenvolver com a nossa ajuda uma forma mais eficaz de planeamento. Era assim que as coisas se pas-savam ainda há dez anos. E depois passaram para coisas mais difíceis, como parcerias públi-co-privadas ou projectos sofisticados de IDT, e esforçavam-se por lidar com isto. Tentámos igualmente resolver a corrupção e as fugas no sistema, que existem em grande escala em muitas partes da União, e aqui fizemos mais progressos pelo que há mais responsabiliza-ção no sistema. Esta longa história é para dizer

que muito do que fizemos na realidade foi per-mitir que as pessoas que no governo geriam o dinheiro nacional tivessem instrumentos e mecanismos para o fazerem de modo eficaz. Penso que também conseguimos que os paí-

ses fizessem coisas difíceis. Portanto, se algu-mas pessoas põem em causa se cumprimos os principais princípios da política, diria que sim, mas primeiro é preciso lidar com as coisas mais básicas e a partir daí começar a trabalhar. Também gostaria de mencionar a rubrica de «financiamento especial», uma excelente coi-sa nos PIM. A ideia foi colocar todos os fundos num único cesto e qualquer coisa que não pu-desse ser financiada a partir directamente dos fundos estabelecidos seria financiada por esta rubrica especial, pelo que não havia obstácu-los a uma abordagem integrada no terreno.

Jean-Charles Leygues: No que se refere às projecções futuras da política, penso que nós temos de lembrar do primeiro ponto mencio-nado por Jérôme, o momento institucional excepcional. A União esteve sempre em crise. Em 1988, a possibilidade política e institucio-nal que existia era criar esta política estrutural e intervencionista, sob controlo da Comunida-de. Porquê este instrumento e nesse momen-to? O primeiro ponto principal era que após «Fontainebleau»23 surgiu uma agenda política que era partilhada por Felipe González, Fran-çois Mitterrand e Helmut Kohl. E pouco depois de «Fontainebleau» a Comissão recebeu uma legitimidade e confiança políticas extraordi-nárias e a Política de Coesão foi uma expres-são dessa legitimidade. Foi o sinal visível da

«Na realidade entrámos num processo

de “governo em construção” por alguns anos

nessa região e nesse país [Grécia] para tornar

possível a visão teórica no terreno.» Robert Shotton

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confiança na Comissão para gerir essa política correctamente. A lição extraída da crise orça-mental, para a qual foi considerada como es-tando na sua origem uma política entregue aos Estados-Membros, a PAC, foi a Política de Coesão, que devia funcionar de modo diferen-

te. Esse «momento de confiança» durou alguns anos e penso que a confiança na capacidade da Comissão para gerir o orçamento de acor-do com as prioridades políticas é crucial para o debate futuro, também. Para a Política de Coesão, a confiança absoluta no princípio da subsidiariedade acompanhou esse momento entre 1988 e 1994 e ninguém pôs em causa a questão da democracia em desenvolvimento. Desde então alterou-se radicalmente. A ideia de um desenvolvimento integrado perdeu ter-reno nos Estados-Membros e progressivamen-te também na Comissão e por isso diminuiu a confiança naquilo que devia ser gerido a nível da União.

Jérôme Vignon: Se começamos a falar um pouco sobre o futuro, gostaria de salientar dois pontos. O primeiro diz respeito aos Minis-tros da Economia e das Finanças, porque são eles que estruturam a parte mais importante do debate sobre a Política de Coesão e não os ministros responsáveis pelo desenvolvimen-to, formação ou infra-estruturas. Incumbe aos Ministros da Economia e das Finanças propor-cionar-nos meios para garantir que o dinheiro é gasto correctamente, sendo este o aspecto da «Realpolitik». Não dispomos simplesmente destes meios, que consistem num compromis-so entre uma certa flexibilidade de os Estados-

-Membros programarem as intervenções e em compensação um instrumento muito mais importante para a Comissão poder controlar e avaliar. A questão do controlo é fundamen-tal quando falarmos de novo aos Ministros da Economia e Finanças, incluindo a utilização de recursos que não foram absorvidos num dado momento. Este aspecto do rigueur foi visível em todos os documentos de 1988 e pergunto- -me como está traduzido hoje, por exemplo, na nossa preparação do período 2007-2013 ou para lá deste período. O segundo ponto é aqui-lo que designo por «razão europeia importan-te». A concepção da política estrutural tem de dar resposta a um elemento de indignação. Devemos ser capazes de dizer que o dinheiro que precisamos para a política estrutural dá resposta a algo inteligente na percepção dos cidadãos. Por exemplo, a questão ambiental, que tem um impacto importante e despropor-cionado no território, bem como as alterações climáticas, são obviamente um caso para uma acção comum. É claro que os problemas so-ciais nas cidades irão aumentar e temos de dar resposta a estas tendências, outro tema para a Europa na minha opinião. No que respeita à re-estruturação da economia face à globalização, penso mais uma vez que o nosso trabalho ain-da não está terminado e que temos de anteci-par melhor e contrabalançar os seus efeitos.

Graham Meadows: Temos outra vez a ideia da «razão europeia importante», que agora é a «indignação» sobre as alterações climáticas ou os problemas sociais nas cidades. E de novo a política regional e de coesão europeia é des-baratada. Pode contribuir para a solução dos problemas ambientais e pode ajudar a resol-ver as dificuldades devidas à deslocalização, que faz parte do processo de efervescência do crescimento. Mas quanto mais concentrarmos a política numa questão como o «ambiente», mais entramos em conflito com o princípio da subsidiariedade, porque é às regiões que cabe decidir como é que utilizarão os recursos da política e as regiões têm objectivos económi-cos definidos. A Política de Coesão é mais do que a política ambiental.

«Penso que a confiança na capacidade

da Comissão para gerir o orçamento de acordo

com as prioridades políticas é crucial para

o debate futuro, também.» Jean-Charles Leygues

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A «indignação» tem sempre carácter temporá-rio. A nossa fundamentação da política devia ser antes «pôr fim à pobreza das pessoas atra-vés do crescimento económico». O crescimen-to económico que agita a economia e aumenta as disparidades precisa de ser equilibrado e a União precisa de uma política económica que tenha este objectivo. Este é um argumento duradouro e não apenas temporário. A nossa política precisa de ter por base uma verdade constante e não simplesmente a indignação.

Jérôme Vignon: Na minha opinião temos de lançar permanentemente novas ideias para a máquina, porque momentos históricos pre-enchidos com entusiasmo não duram. É por isso que penso que as «razões europeias im-portantes» mudam. A questão da pobreza e a necessidade de coesão territorial aumentaram enormemente com os alargamentos recentes. Temos de estar sempre a renovar os nossos argumentos fundamentais e paralelamente a justificar as alterações da engenharia orça-mental se quisermos contar com o necessário apoio dos Ministros das Finanças.

«Devemos ser capazes de dizer que o dinheiro

que precisamos para a política estrutural

dá resposta a algo inteligente na percepção

dos cidadãos.» Jérôme Vignon

«A nossa fundamentação devia ser antes

“pôr fim à pobreza das pessoas através

do crescimento económico”.» Graham Meadows

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1. A preços de 1988. 2. «Concluir o Mercado Interno», Livro Branco da Comissão ao Conselho

Europeu (Milão, 28-29 de Junho de 1985), COM (85)310.3. Padoa-Schioppa, Tommaso, et al. (1987), «Efficiency, Stability and Equity:

A Strategy for the Evolution of the Economic System of the European Community», Paris; Cecchini, Paolo (1988), «The European Challenge 1992: The Benefits of a Single European Market», Aldershot, Inglaterra.

4. A preços correntes.5. Regulamento (CEE) n.º 2052/88 do Conselho, de 24 de Junho de 1988,

Jornal Oficial das Comunidades Europeias n.º L 185 de 15.7.1988.6. Regulamento (CEE) n.º 4253/88 do Conselho, de 19 de Dezembro de 1988,

Jornal Oficial das Comunidades Europeias n.º L 374 de 19.12.1988.7. Regulamentos (CEE) n.os 4254, 4255 e 4256/88 do Conselho, de 19 de

Dezembro de 1988, mesmo Jornal Oficial indicado acima. 8. Incluindo os Länder da Alemanha Oriental.9. A preços de 1994.10. «Do Acto Único ao pós-Maastricht: os meios para realizar as nossas

ambições», COM (92) 2000 final, Bruxelas, 11 de Fevereiro de 1992.11. Publicados no Jornal Oficial das Comunidades Europeias n.º L 193

de 31 de Julho de 1993.12. Ver: Jornal Oficial das Comunidades Europeias n.º L 130 de 25 de Maio de

1994; o montante aqui indicado incluía uma dotação para o ano de 1993.13. Para se poder comparar com os períodos subsequentes, a percentagem

relativa inclui a partir daqui as dotações para o Fundo de Coesão. 14. A preços de 1999.15. «Agenda 2000: Para uma União reforçada e alargada», Comunicação da

Comissão Europeia, COM(97)2000 de 16 de Julho de 1997.16. Publicado no Jornal Oficial das Comunidades Europeias n.º L 161

de 26 de Junho de 1999.17. A preços correntes.18. «Construir o nosso futuro em comum – Desafios políticos e recursos

orçamentais da União alargada 2007-2013», Comunicação da Comissão COM(2004) 101 de 10 de Fevereiro de 2004.

19. Os valores neste parágrafo são a preços de 2004, enquanto nas outras partes do capítulo se referem preços correntes.

20. Versões finais publicadas no Jornal Oficial da União Europeia, n.º L 210 de 31 de Julho de 2006.

21. Regulamento (CE) n.º 1828/2006 da Comissão, de 8 de Dezembro de 2006, publicado no Jornal Oficial da União Europeia n.º L 45 de 15 de Fevereiro de 2007.

22. 4-5 de Dezembro de 1987. 23. O Conselho Europeu da Fontainebleau de 25 e 26 de Junho de 1984 forneceu

um meio para acabar com o impasse orçamental da Comunidade.

N O T A S F I N A I S

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Canarias (ES)

Guadeloupe

(FR)

Martinique

(FR)

Réunion

(FR)Guyane

(FR)

Açores (PT)

Madeira (PT)

REGIOgis© EuroGeographics Association for the administrative boundaries

Fundos Estruturais 2000-2006: zonas elegíveis

Objectivo 1*

Phasing-out(até 31/12/2005)

Phasing-out (até 31/12/2006)

Programa especial

Objectivo 1 Objectivo 2

Objectivo 2

Objectivo 2(Parcialmente)

Phasing-out(até 31/12/2005)

Phasing-out (Parcialmente)(até 31/12/2005)

Regiões da Estónia, Lituânia, Polónia, República Checa, Eslováquia, Hungria, Eslovénia, Chipre e Malta todas elegíveis a partir de 1/05/2004.

* regiões com um PIB per capita inferior a 75 % da média da UE

1.000 km0

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Canarias (ES)

Guadeloupe

(FR)

Martinique

(FR)

Réunion

(FR)Guyane

(FR)

Açores (PT)

Madeira (PT)

REGIOgis© EuroGeographics Association for the administrative boundaries

Fundos Estruturais 2007-2013: Objectivos da Convergência e da Competitividade Regional e do Emprego

Regiões da Convergência*

Regiões Phasing-out

Regiões Phasing-in

Regiões da Competitividade e do Emprego

* regiões com um PIB per capita inferior a 75 % da média da UE

1.000 km0

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45-60 > 13060-75 75-100 100-130

55 %44 %

8 % 7 %

30 %

45 %56 %

39 % 16 %

7 %

53 % 76 %

63 %

Este gráfi co mostra a evolução da despesa com a Política de Coesão entre 1989 e 2013, em termos absolutos e relativos. Embora os pagamentos dos Fundos Estruturais e do Fundo de Coesão tenham ascendido a pouco menos de 10 mil milhões de eu-ros em 1989, irão aumentar para cerca de 54 mil milhões de euros em 2013, corres-pondente a um terço do orçamento da UE. Em termos relativos, contudo, a dimensão dos fundos manteve-se em cerca de 0,4 % do PIB da UE desde o fi nal dos anos 90.

O gráfi co mostra a evolução das regiões da UE-15 no período 1995-2005. Estão classifi cadas em função do respectivo PIB per capita em relação à média da UE. O gráfi co mostra, por exemplo, que 45 % das regiões que tinham um PIB kursiva entre 45 % e 60 % da média da UE pas-saram a ter um nível do PIB mais elevado em 2005.

A L G U N S D A D O S E S S E N C I A I S

Os quatro gráfi cos mostram a evolução da percentagem da despesa dos Fundos Estruturais e do Fundo de Coesão nos quatro períodos orçamentais desde 1989. Note-se que devido às alterações na defi nição de algumas categorias, nem todas são comparáveis ao longo dos quatro períodos. No período actual, cerca de um quarto dos fundos apoiam a investigação e inovação e outro quarto destina-se ao emprego e inclusão social, enquanto pouco mais de 20 % estão afectados às infra-estruturas de transportes e 15 % a projectos ambientais.

1989-2013: Despesa com a Política de Coesão

Regiões em transição

Das infra-estruturas para a inovação

Milhões de euros a preços correntes (escala da esquerda)

% do PIB (escala da direita)

Infra-estruturas

Recursos humanos

Apoio às empresas

Ambiente

Aumentaram

Investigação e inovação

Energia

Permaneceram

Categorias de PIB/per capita

Cultura, turismo e desenvolvimento urbano

Outras

Reduziram

1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 20130

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

0,00 %

0,10 %

0,20 %

0,30 %

0,40 %

0,50 %

0,60 %

Apoio relacionado com empresas

1989-1993 1994-1999 2000-2006 2007-2013

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Comissão Europeia Direcção-Geral da Política RegionalUnidade B1 - Comunicação, Informação e Relações com Países TerceirosRaphaël GouletAvenue de Tervueren 41, B-1040 BruxelasFax: (32-2) 29-66003E-mail: [email protected]: http://ec.europa.eu/regional_policy/index_en.htm

ISSN 1725-8154

© Comunidades Europeias, 2008Reprodução autorizada mediante indicação da fonte.

Printed in Belgium

SERVIÇO DAS PUBLICAÇÕES OFICIAIS DAS COMUNIDADES EUROPEIASL-2985 Luxemburgo

KN-LR-08-026-PT-C

A Política de Coesão da UE de 1988 a 2008: Investir no futuro da Europa

Este número da Revista Panorama é dedicado exclusivamente aos primeiros 20 anos da Política de Coesão da UE. Em 24 de Junho de 1988, o Conselho aprovou um regulamento que colocava os fundos então existentes da UE no contexto da «coesão económica e social», uma expressão introduzida dois anos antes pelo Acto Único Europeu. Desde então, a Política de Coesão tornou-se uma das políticas mais importantes, mais infl uentes e mais debatidas da UE. Os diferentes artigos recordam a origem desta política, as alterações que sofreu ao longo do tempo e o seu impacto nos períodos anteriores de programação e no actual. Pode obter mais informações, incluindo vídeos, mapas, apresentações e esta publicação em 22 línguas, no sítio:

http://ec.europa.eu/regional_policy/policy/history/