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Page 1: Palestra Ir. Niéves
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Encontro de Formação OCDS

“Aprendendo com Teresa, Nossa Mestra”

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Rio de Janeiro 18 de Abril de 2010

“Se guardais a minha Palavra sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jn 8, 31-32)

É a fidelidade a Palavra que levou a Teresa até as “moradas divinas” donde sua divina Majestade a instruía, ensinava e transformava até fazer d´Ela, esta mulher que chamamos Teresa de Jesus, “ Serafim do Carmelo”

QUE IMPORTANCIA TEM AS SAGRADAS ESCRITURA NA ESPERITUALIDADE TERESIANA?

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Começo por disser que tomo como base desta minha exposição, no capítulo terceiro do livro “ A La Zaga de tus Huellas “. Autor Pe. Maximiliano Herraiz, Carmelita Descalço, Doutor em Teologia e especialista em São João da Cruz e Santa Teresa de Jesus.

A Pergunta com a que inicia o capítulo é: Que importância tem a Bíblia na espiritualidade teresiana, vida e palavra? Passaram muitos anos, anos de presença e Magistério de Teresa de Jesus para chegar-nos a fazer esta pergunta.

TERESA, é uma mulher contemplativa extraordinária. Seu nome tem séculos de história, unido à oração. Pediam-lhe uma palavra sobre o caminho de oração. Assim, os livros: Vida, Caminho e Moradas, nasceram dos pedidos insistentes e amorosos dos primitivos discípulos da Santa abulense. Lhe pediram para escrever “ coisas de oração”

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Passaram quatro séculos. A Igreja, conduzida pelo Espírito do Senhor, avança na compreensão de si mesma. A Palavra de Deus, incompreensível para nós crentes do século XXI, não tem demorado em chegar até nós somente por causa da nossa fragilidade em transmiti-la, mas por impedimento da própria Igreja. Isto é um fato histórico, mesmo que nos custe aceitar.

Hoje, felizmente, a porta de aceso está definitivamente aberta de par em par para todos. O Movimento bíblico é, sem dúvida, o mai rico de toda a história da Igreja. Esta é, também, uma das maiores esperanças da revitalização da fé nos católicos deste tempo.

E, como se manifesta este fogo, este ardor da Bíblia na espiritualidade teresiana? De fato, uma mística da altura de Teresa de Jesus é impossível não ter nada para nos dizer sobre a Sagrada Escritura na sua caminhada espiritual.

Com profunda satisfação podemos verificar que sua palavra, neste campo, é mais abundante do que podemos imaginar. Uma escritora num artigo

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“particularidades” da mística teresiana, afirma que “a dimensão bíblica na mística teresiana, além duma marcada particularidade, é uma das rações da sua atualidade”.

Numa Leitura rápida, sem maiores preocupações críticas, nos surpreende o enorme conteúdo bíblico da obra teresiana: O Pe. Jesus Castellano de feliz memória, deixou escrito: “ Não se lhe dará nunca a importância devida ao lugar que ocupa a Bíblia na espiritualidade de Santa Teresa e mais, quando não perdemos de vista, que a autora é uma mulher “sem letras” (V10,8). E escreve sem pretensões de teóloga, simplesmente nos narra suas vivências profundas e suas reflexões.

1. Teresa de Jesus ama a Igreja

Podemos afirmar, sem medo a equivocar-nos, que Teresa de Jesus é uma fidelíssima caixa de ressonância de todas as questões espirituais que agitam a

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comunidade eclesial do seu tempo. Amar a Igreja, para Teresa, não é um submeter-se passivamente ou um silêncio complexado. Sente a Igreja em seus latidos históricos e se coloca em posição crítica e comprometida. Particular significado tem quando se trata da Sagrada Escritura.

A Bíblia não é para todos

Naquele tempo a Palavra é fruto proibido para o povo. Um grupo de Teólogos impõem a lei: A Sagrada Escritura não é para todos. Os livros sagrados não podem cair nas mãos da “gente simples” mesmo que o reclamem “com insaciável apetite”. Neste grupo entravam as mulheres . Sem dúvida Teresa, ia na frente do grupo que “ com insaciável apetite” reclamavam o delicioso fruto da Palavra.

QUE CONHECIMENTO TINHA Teresa das Sagradas Escrituras?

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Teresa nunca leo integralmente a Sagrada Escritura. Seu conhecimento é indireto e através dos livros de oração ou outros livros de leitura como:

Flos Santorum ( texto da paixão do senhor segundo os quatro Evangelhos); Os Morales de São Gragório ( texto bíblico sobre o livro de Jó) ; textos bíblicos sobre a história ou ministério de Jesus na Vita Christi. Conhecimento do Cântico dos Cânticos; São Pablo ; algumas figuras bíblicas e a informação que tinha do trato assíduo com os amigos e letrados.

Em realidade Teresa não tem uma informação e formação satisfatórias em matéria bíblica.

O número de textos que chegaram ao seu conhecimento e que marcaram sua vida é muito pequeno. Quer dizer, que não é pelo caminho da extensão numérica, nem

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das citas ou evocações bíblicas, que chegaremos â sabedoria escriturística da espiritualidade teresiana.

2. TERESA AMA A PALAVRA DE DEUS

Seu desejo ardente de beber na Palavra se percebe em todas suas páginas de suas obras. Assim o constatam alguns gemidos que saem com acento de amor ferido. Se sente vítima de uma “Lei” inaceitável na Igreja e no mundo em que os homens “são filhos de Adão” e em fim “todos barões” e, por isso “não a virtude de mulher que não tenham por suspeitosa” (C 4,1 )

Sabemos por suas palavras, que desde a infância, pelo gosto que tinha na leitura de bons livros, provoca nela um grande desejo pelo conhecimento da Sagrada Escritura, mas concretamente pelos Evangelhos (C35,4). Nitidamente vemos em Caminho, uma crítica clara e direta. Não aceita que a Palavra de Deus esteja

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seqüestrada pelos “Letrados” afirma explicitamente: Os homens não querem que nos saciemos com a Bíblia, mas a Deus não lhe importa “ Deus não lhe pesa que nos consolemos nas suas palavras e obras” (MC 1,9)

E continua “ que tão pouco nos vamos a ficar as mulheres tão por fora de desfrutar das riquezas do Senhor” e exclama agradecida: “ Bendito seja Aquele que nos convida que vaiamos a beber no seu Evangelho” (C 31,5). É por isso que ela, mulher e iletrada, se atreve a comunicar às suas irmãs o que Deus lhe faz compreender de algumas palavras do Cântico dos Cânticos e o faz com espírito de liberdade: “ e senão for a propósito do que quero dizer....” ( C1,8) e

também em (C 7,6) “dirão que se dá outro sentido a estas palavras..... eu não sei outros sentidos, com este que sempre sente minha alma ser verdade, me tem ido muito bem”.

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E voltando ao MC disse: “ Pensarão que sou ignorante, que não quer dizer isto, que tem muitos significados, que está claro que não teríamos que dizer isto, não teríamos que dizer estas palavras a Deus “Beije-me com o beijo de sua boca”, que por isso é bem que estas coisas não sejam lidas por pessoas simples” e continua: “ a alma que está abrasada de amor que a desatina, não quer nenhum dos muitos significados que tem a palavra, senão dizer estas palavras ... Sim , que o Senhor não o proíbe” ( MC 1,11). Teresa quer dizer que a Palavra de Deus alcança e ilumina, “julga” e discerne ao homem na sua situação concreta existencial.

Deus fala a este homem, sempre em caminho, com uma concreta e pessoal experiência mística de vida, de pobreza ou de injustiça e opressão.. etc. “ O Senhor não nos proíbe isto”. Sua Palavra é para a vida ou, melhor, para o homem vivente. E senão é assim, deixa de ser palavra viva, comunicação de

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Deus. A Palavra serve ao homem. Por isso, o conselho de Teresa é: “ tomar o que o Senhor nos oferece”.

Na base da caminhada mística de Teresa está, ouvir a palavra dos “ letrados” que lhe falem se sua vida – sua experiência – , estão ou não, conforme a Palavra de Deus. Partilha com eles sua experiência de Deus e lhes pede insistentemente que façam a leitura a luz da Sagrada Escritura. Mas, antes que a palavra dos “ letrados”, a mesma Palavra de Deus lhe faz sentir, que não está enganada. ( MC 1,6 )

A referência Bíblica, a necessidade imperiosa e irresistível de “conformar-se” â Palavra de Deus, é uma das mais vivas características , da mística Teresiana

Quer conhecer a Palavra para discernir sua experiência com toda garantia. Isto explica sua procura permanente da verdade de suas experiências. O recurso aos “

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letrados” é um recurso â Sagrada Escritura, eles são os intermediários da Palavra. Os procura porque “confirmam” suas experiências .

A pessoa que leia com atenção as obras teresianas não lhe passará despercebido como vibra a pena de Teresa reconhecendo a Bíblia como principal instrumento de discernimento e comportamento cristão. Afirma que: “ por qualquer verdade da Escritura pode morrer mil mortes” ( V 33,5) e não se cansa de repetir que, o critério por excelência, da autenticidade da experiência mística é : “ que esteja conforme â Sagrada Escritura” ( V25,13)

Nas sextas Moradas afirma: “ nenhuma das graças místicas que não esteja conforme â escritura, façais maior atenção que se as escutásseis ao mesmo diabo” (6M3,4). Este comportamento com as Sagradas Escrituras, é um desejo apaixonado que percorre toda a vida de Teresa.

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A sede de verdade é fome de Sagrada Escritura, porque é a luz d´Ela que quer viver. “Espírito que não vá em verdade, eu mas quereria sem oração..( V 13.16)

A graça mística é a raiz explicativa de Teresa de Jesus na sua santidade pessoal. Esta firmação nos ajuda a compreender que seu acesso a Bíblia para nos comunicar suas experiências é místico, experiencial:

Deus lhe revela a Palavra

A inteligência mística da Palavra de Deus ressalta sobre sua absoluta e reconhecida ignorância prévia. Sabemos que Teresa teve uma informação precaríssima da Bíblia nem entende “quase coisa” do latim em que rezam ( V15,8 ) Quando pede

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explicação do Cântico dos Cânticos aos letrados reconhece que mesmo que lhe declaravam o Romance, pouco lhe ficava “pouco ou muito me lembro”

E não obstante, confessa que se lhe abre o conteúdo da Palavra bíblica. Varias vezes da testemunho deste fato. “ Assim me aconteceu que estando nesta quietude, com não entender quase coisa que reze em latim, em especial do saltério, não só entender o verso em romance, senão passar adiante e regalar-me de ver o que o romance quer dizer” (V15, 8 )

Ao longo de suas obras adverte o que lhe acontece com alguns textos com: “e

viremos a ele e faremos n´ele nossa morada” (Jn 14,23) de repente se lhe torna luminoso e derrama na sua alma seu conteúdo, assegurando-lhe de sua experiência que a fazem exclamar: ó valga-me Deus, quão diferente coisa é ouvir estas palavras e crê-las, a entender por esta maneira quão verdadeiras são! “ ( 7M1,8)

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Tão fortemente se lhe grava este acontecimento, tão eficazmente constata que tem marcado sua vida, que declara inválidos os outros “sentidos” que lhe dizem que tem. Se mantém naquele que lhe dá a compreensão mística, porque vê e entende quão verdadeiro é.

O acesso místico a Palavra de Deus é por via de: experiência, de amor, de vida

O amor acesso é o que gera compreensão . A Palavra de Deus, palavra de amor, de vida, de amizade, não se revela a não ser por via de amor, quer dizer: a Palavra de Deus a dá a conhecer o próprio Deus a quem são seus amigos, aos que estão experimentados em seu amor. A Palavra se ilumina desde a vida por uma experiência interior.

Podemos concluir então: A quem não ama, a quem no está comprometido verdadeiramente com sua fé a Palavra não lhe diz nada. É a Santa mesma que

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afirma: “ porque as palavras do Cântico dos cânticos são ditas por amor e como não o tem, bem podem ler o Cântico cada dia e não entender nada” ( MC 1,2) Se não há amor, mesmo quando se leia cada dia, não dirá nada.

Com encantadora simplicidade passa Teresa da Palavra a Eucaristia. No Sacramento, Jesus nos fala, mas cala diante daqueles que não tem fé , diante de quem não vive “ como não tem fé viva senão morta, estas pessoas .... não lhes falais nada porque não merecem ouvir.” ( MC 1,2)

O amor é a medida da luminosidade da Palavra

A mais amor mais entendimento sobre a Palavra divina. Ela entrega todos seus tesouros. Onde há pouco amor não se podem captar os sentidos do amor e doação que há escondidos na palavra da Bíblia. A doação e o amor não se compreendem a não ser desde uma acolhida de amizade que é doação de si mesmo.

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A Palavra de Deus é autenticamente reveladora para o homem quando está por meio o amor. Assim o percebe Teresa é por uma altíssima comunicação mística que chega a voz de Deus ao coração : “ Se me amassem não lhes encobriria os meus segredos” ( V 40,1)

“ AMAR” condição para entender as verdades das Escrituras

E amar é viver referido a Deus, em amorosa dependência d´Ele. Todos entenderíamos a Palavra de Deus “ se não fosse por nossa culpa”, “ dispondo-nos e desviando-nos de todo o que pode embaraçar esta luz” (7M 2,10)

Este firme convencimento, tão aberta e claramente proclamado por Teresa em pleno século XVI, quando os “ medos” as interpretações na leitura da Palavra de Deus levou a muita gente a fechar a Bíblia,

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é um gesto profético, uma verdadeira revolução.

Defendeu com vigor que a Palavra se abre a compreensão por e desde o compromisso e a sinceridade com que se trata de viver a própria fé na experiência de vida. Hoje, esta verdade é de grande importância para animar ao povo simples a continuar aprofundando no mistério da Palavra de Deus.

As graças místicas é que levam a Teresa a entender o significado profundo da Sagrada Escritura.

Compreensão unitária e profunda da verdade Bíblica Fenômeno místico das falas em íntima conexão com a Palavra de

Deus. Textos bíblicos particularmente compreendidos por Teresa, que

são pecas básicas na fundamentação e difusão da sua espiritualidade.

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Em ( V 40, 1-4) nos revela a compreensão unitária da Bíblia. O Texto nos fala duma das graças místicas mais profundas celebrada com muito júbilo pela Santa. O núcleo da visão é: Deus é a mesma verdade, principio, fundamento e plenitude de toda a verdade das criaturas DEUS é a VERDADE PURA

“ Entendi ser a mesma verdade... me disse.... “não é pouco isto que faço por ti, que uma das coisas é em que muito me deves, porque todo o mal que vem ao mundo é de não conhecer as verdades da Escritura com clara verdade” ( V 42,1). A Escritura é a verdade de Deus. Por isso: “ andar em verdade diante da mesma verdade” (V 40,3) ... “ com grandíssima fortaleza e muita determinação para cumprir com todas minhas forcas a mais pequena parte da Sagrada Escritura Divina “ (V 40,3),

Conformar-se com a Escritura é conformar-se com a verdade

conformar-se com Deus.

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Caminhar em verdade diante da mesma Verdade e “ não fazer caso de coisa que não seja para aproximar-nos mais de Deus. ( V40,3)

“É mentira o que não vai encaminhado ao serviço de Deus”. ( V 40,2)

Desde este momento, sente necessidade mais profunda de viver na verdade, de conformar-se com Deus que se traduzirá concretamente, na necessidade de confrontar-se, para uma encarnação vivencial, com a palavra Bíblica. A procura

da verdade, é a procura da verdade contida na Bíblia. Deste maneira, a Bíblia se converte em “norma” e “Canon” da vida de Teresa, lugar de encontro e comunhão onde se dará a entrega mutua de Deus ao homem e do homem a Deus.

Viver a Deus como centro da própria vida, “ andar em verdade diante da

mesma verdade” é viver conforme a Palavra bíblica, é andar a luz das Escrituras. É por isso que com toda forca, pede aos teólogos que lhe digam se suas experiências e vida estão conformes com a Sagrada Escritura.

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Podemos concluir afirmando que:

A Vida toda de Teresa está fundamentada e enraizada na Bíblia, na Palavra de Deus e nos mistérios que celebra a liturgia. Teresa se converte numa extraordinária indutora a experiência de Deus, que Ela mesma tem experimentado e para despertar a necessidade da experiência em seus leitores

“ Daquilo que não se experimentou mal se pode dar a entender”

Teresa encontra a Deus na vida, sempre e unicamente na vida. E a um Deus que se lhe afirma na vida ou seja na verdade. Não pode encontrar a Deus em outro lugar porque a vida é o lugar do Deus Encarnado.

No momento mais crítico da fundação de Burgos, Deus a anima a não fugir da vida, senão a ter ânimo, porque é aí onde Ele está e aí onde a espera, “

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Estando nesta aflição... sem estar em oração, ouvi de nosso Senhor estas palavras: “ Agora Teresa, seja forte” ( F 31,26)

“Nada te perturbe, nada te espante, quem a Deus tem nada lhe falta......”

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Sejamos fortes nós também para nos podemos responder :

Como experimentamos a Palavra de Deus na nossa vida?