Exercícios corretivos: do nascimento e por toda a vida

Dr. Dario PalharesPediatra do Hospital Universitário de Brasília

Integrante do Projeto Viva Bem UnB – Ginástica Biocorretiva

dariompm@unb.br

Objetivos

Espera-se de quem assistir à palestra:

Conhecer os preceitos básicos para os exercícios físicos do período infantil

Estimular a prática regular e supervisionada de atividade física para promoção da saúde

Roteiro

1) Os efeitos do exercício físico 2) Exercício físico e saúde do aparelho

locomotor 3) Exercício físico: 0 a 2 anos 4) 3 aos 10 anos 5) Adolescência e idade adulta 6) Uso maléfico dos exercícios

Efeitos dos exercícios físicos

-> Condicionamento do sistema cardiorrespiratório.

-> Modulação de emoções.

-> Melhora da estética corporal

-> Aperfeiçoamento das habilidades

-> Manutenção da saúde do aparelho locomotor

Saúde do aparelho locomotor

O aparelho locomotor representa a maior liberdade que o ser humano pode experimentar

É muito plástico e variável e permite todo tipo de movimento (em terra ou água, evidentemente)

Saúde do aparelho locomotor

É saudável se:

-> não houver dores crônicas

-> não houver restrições a movimentos

-> O corpo for leve a si mesmo

O corpo leve a si mesmo

Significa que o próprio peso corporal representa uma carga leve à própria musculatura, o que permite, por exemplo:

-> desfrutar de uma longa caminhada

-> dançar uma noite inteira

-> trabalhar

A musculatura

Exige contínuo estímulo para se manter forte, atuante e flexível.

Exemplo: uma pessoa que fique acamada por algumas semanas: ocorre perda de força, com perda até da capacidade de caminhar

A musculatura

À exceção de alavancas mais simples,como o cotovelo, a musculatura humana se caracteriza por redundância, ou seja:

Mais de um grupo muscular atua em um mesmo movimento corporal.

Os detalhes de cada movimento exigem mais de um determinado grupo muscular que outros

A musculatura

Quando um determinado grupo muscular perde a função, por fadiga, lesão ou atrofia, outros grupos musculares se sobrecarregam

Os grupos musculares sobrecarregados entram em fadiga e perdem sua função

O processo culmina com a restrição de movimentos, a dependência, a perda de liberdade

A dor no sistema locomotor

Sinaliza justamente o processo contínuo, crônico, lento, de fadiga progressiva e perda de função.

O exercício físico bem orientado trabalha a musculatura em amplitudes pouco solicitadas no dia-a-dia, revertendo o processo.

Ginástica e saúde

Houve grande evolução no delineamento de exercícios físicos para manutenção da saúde.

Por exemplo: jogadores de futebol na década de 50 se aposentavam aos 30 anos porque ‘não tinham mais pique para correr’.

Hoje, atletas talentosos jogam até quase os 50 anos.

Na infância

Período otimizado para a aquisição de habilidades motoras gerais: correr, saltar, pendurar-se, cambalhotas, etc.

Quanto mais ‘memória‘ muscular houver,Mais haverá recursos a serem ‘recrutados’ futuramente

Na infância

A inteligência mais básica e mais fundamental é a inteligência corporal.

Ex: o ritmo -> é a base sensória para a Matemática

A noção corporal/espacial -> é a base para a Escrita e Leitura

O equilíbrio -> é a base para Habilidades Manuais

Na infância

Os exercícios trabalham:

-> O aspecto biológico intrínseco: condicionamento neural, osteomuscular, ligamentar e cardiorrespiratório

-> O autoconhecimento corporal

-> O domínio da expressão corporal

-> As relações sociais: cooperação/competição

0 a 2 anos

Ocorre uma evolução estereotipada de preparação para a caminhada.

Desenvolvimento céfalo-caudal e próximo-distal

Fases: sustentar a cabeça-rolar-sentar-arrastar-engatinhar-andar.

0 a 2 anos

Fase MAIS IMPORTANTE:

ENGATINHAR

Engatinhar

Atua na maturação neuronal fina: coordenação global geral pés/mãos

Atua na maturação da articulação do quadril

O quadril é a base da postura da humana

0 a 2 anos

O que fazer:

-> Estimular e respeitar as etapas naturais do desenvolvimento:

Deixar o bebê ‘só de fraldinha’ para arrastar-se pelo chão (as roupas escorregam e atrapalham).

0 a 2 anos

Com o neném no chão, colocar objetos diversos ao alcance visual, para estimular que ele se arraste

Deixar o neném explorar os objetos: toque, textura, temperatura, sabor (nada de objetos tóxicos, portanto)

0 a 2 anos

Quando engatinhar:

-> Deixar os joelhos e os pés livres, para apoio

-> Estimular o engatinhar

0 a 2 anos

O que NÃO fazer:

-> forçar a andar

-> dar apoio precoce para ficar de pezinho

-> comparar com outros bebês que já caminham

-> restringir o ambiente a carpetes, edredons, estofados: a variação de texturas, a dureza do chão é importante!

0 a 2 anos

E, sobretudo, JAMAIS

colocar em andadores: DEVERIAM SER PROIBIDOS!

0 a 2 anos

No passado, houve tentativas de ‘exercícios para pais e bebês’, que não funcionaram, porque:

-> o desenvolvimento é estereotipado e muito individual

-> de 0 a 2 anos é uma fase basicamente de aprender a andar.

0 a 2 anos

Problemas ortopédicos (dados gerais)

O esqueleto nessa fase é basicamente cartilagem, portanto, maleável.

A palavra-chave que denomina em comum os problemas ortopédicos é ‘AUSÊNCIA DE FLEXIBILIDADE’. Ex: pé torto congênito, displasia de quadril.

Mais raramente: malformações do esqueleto

3 aos 10 anos

Nessa fase, o exercício físico abrange:

-> Estimulações casuais: deixar a criança livre para brincar, em um parquinho, por exemplo.

-> Estimulações organizadas: exercícios e jogos. Geralmente, em âmbito escolar ou em academia.

3 a 10 anos

Nessa fase, o exercício deve ser variado e ter sempre a conotação de BRINCADEIRA.

A criança pode, e deve, ter noção de RESPONSABILIDADE: hora da natação, hora do circo, hora da aula de educação física, etc.

3 a 10 anos

Ideal: contato com variedade grande de ginásticas e esportes:

-> circo

-> acrobacia

-> futebol

-> dança

-> natação, etc.

3 a 10 anos

Atenção!

Mesmo a criança que faça natação há algum tempo, somente após os SETE anos é que pode ficar sozinha na piscina!

3 a 10 anos

Período otimizado para o treinamento e aquisição de flexibilidade articular

Período otimizado para a aquisição de habilidades corporais ‘circenses’.

3 a 10 anos

Treinamento de força: sobrecargas não são indicadas, mas sim o próprio peso corporal, em posições que desafiem as articulações.

Ex: flexão de cotovelos, abdominais, agachamentos, escalada, barra, etc.

Adolescência e idade adulta

Tudo o que for feito desde os 3 anos, mas Treinamento com pesos pode ser feito

Adolescência precoce (até 15 anos): sobrecargas leves, com o objetivo de resistência

Após findo o crescimento (16-18 anos): podem-se iniciar exercícios de sobrecargas para o objetivo de ganho máximo de força

Adolescência e idade adulta

Independentemente de sexo e idade, o corpo deve ser leve a si mesmo.

Ex: tanto homens quanto mulheres devem fazer exercícios de agachamentos, de flexão de cotovelo, de barra, etc.

Uso maléfico dos exercícios

Obsessão pela estética: abuso de esteroides, lipolíticos, etc.

Vigorexia: distúrbio psíquico comum em homens usuários de anabolizantes.

Os anabolizantes apresentam efeitos neuroquímicos: a interrupção do uso pode levar a sensação de abstinência

Uso maléfico dos exercícios

Palavra-chave: RESPEITO aos limites individuais

Os limites existem para nossa proteção. O bom exercício visa a ampliação dos limites.

O mau exercício rompe os limites, ameaçando a saúde.

Uso maléfico dos exercícios

Na infância, os exercícios não devem ter caráter de competição profissional.

Antes dos 15 anos, ambientes competitivos devem ser lúdicos, nunca envolver seriedade.

Uso maléfico dos exercícios

Competidores de

-> modalidades de atletismo

-> modalidades de ginástica artística

São os mais propensos a lesões sérias por abuso de exercícios.

Considerações finais

O comportamento humano é todo baseado em grupos, assim:

-> frequentadores de grupos de exercícios apresentam maior adesão a médio e longo prazos

Considerações finais

O conhecimento sobre o exercício físico tem evoluído muito, as ginásticas em si têm sido cada vez mais variadas.

Em conclusão, exercícios físicos começam ao nascimento e são por toda a vida.