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O que falta na política é o debate de ideias, as conversas frente a frente e o aprofundamento dos assun-tos que fazem parte do cotidiano das pessoas. É necessário unir-mos forças para que possamos demonstrar o que está aconte-cendo com as prefeituras, prin-cipalmente com a grande trans-ferência de responsabilidades ao poder municipal por parte da União e do Estado. As distorções provocadas pelo desequilíbrio financeiro nas contas municipais

refletem, negativamente, e inviabilizam, assim, a execução das políticas públicas. Com isso, os municípios são prejudi-cados, principalmente, na qualidade da prestação de serviços à população. Vivemos, nos dias de hoje, uma crise política e econômica e por isso precisamos, unidos e coesos, chamar a atenção dos governos para a realidade que enfrentamos. Nos-sa voz precisa ser ouvida e respeitada.

PALAVRA DO PRESIDENTE

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A Associação Mineira de Municípios (AMM), sempre atuando em defesa dos ideais municipalistas convida você, cidadão, a conhecer e entender um pouco mais sobre a dramática realidade vivida pela maioria dos municípios mineiros.

O movimento “CRISE NOS MUNICÍPIOS: AS PREFEITURAS DE MINAS PARAM POR VOCÊ” tem como principal objetivo fazer uma grande campanha em defesa das cidades e população, por meio de uma mobilização e ação conjunta em todo o Estado.

O combate à crise financeira nos municípios tem sido uma luta constante dos prefeitos e gestores municipais nos últimos anos. O cenário mostra que a situação chegou a um ponto crítico sem receber a devida preocupação do Parlamento e do Poder Execu-tivo Federal. Apesar das constantes mobilizações e reuniões, as mudanças urgentes e essenciais ainda não foram devidamente encaminhadas.

É preciso fazer com que toda a sociedade local entenda o que acon-tece e todos os servidores municipais participem do movimento. Convidamos você a participar dessa campanha e conhecer a reali-dade das prefeituras. Não podemos deixar que a crise faça morrer a principal célula do sistema. Por isso, as prefeituras de Minas param por você.

CRISE NOS MUNICÍPIOS AS PREFEITURAS DE MINAS PARAM POR VOCÊ

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Os programas oficiais do governo são criados seguindo uma políti-ca vertical. Os entes federados são os verdadeiros executores das es-tratégias, aplicando recursos próprios para mantê-los. Com isso, o município vai assumindo cada vez mais responsabilidades. O resultado do desequilíbrio se reflete diretamente nos cofres mu-nicipais. Todavia, é nessa hora que temos de unir esforços para fazer valer a pauta municipalista. Em tempos de crise é que as mudanças devem acontecer. Dentre os vários problemas enfren-tados pelos municípios destacamos:

1. A desigualdade na repartição da arrecadação dos im-postos;

2. A sobrecarga dos municípios para a execução de políti-ca públicas firmadas por meio de programas e convênios com a União e o Estado que não realizam as transferências necessárias;

3. A judicialização da saúde;

4. A redução no financiamento da educação básica;

5. O alto custo de manutenção dos convênios para a ga-rantia da segurança pública;

ENTENDA A CRISE NOS MUNICÍPIOS

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Vale ressaltar que a qualidade e eficiência dos serviços prestados pela prefeitura à população para a execução de política públicas em saúde, educação e segurança dependem dos recursos trans-feridos pelos governos federais e estaduais.

Ou seja, •Quantomenosrepassesparaeducação,menoscriançasna escola, menos transporte escolar, menos merenda, menos qualidade no aprendizado, o que resulta em mais evasão escolar. • Quanto menos repasses na saúde, menos vagas noshospitais, menos medicamentos, menos equipes do PSF, menos combate à dengue, o que resulta em mais sofrimento para popu-lação. •Quantomenosrepasseparasegurança,menosguardasnas ruas, menos viaturas policiais, menos atendimentos às víti-mas, o que resulta em mais medo e criminalidade •Quantomenos repassespara investimentosemobrase infraestrutura, menos contratações, menos investimentos no comércio e serviços, menos capacidade de compra pela popu-lação, o que resulta em mais demissões e desemprego.

Será feita aqui uma análise dos principais problemas munici-pais enfrentados pelos gestores e pontuadas algumas possíveis soluções.

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Você sabia que a cada R$100 recolhidos em tributos, apenas R$18 ficam nos cofres municipais, sendo que à União cabe quase R$ 56 e aos estados R$26? Os números, por si só, demonstram a enorme concentração de recursos no governo federal e a grande dificuldade dos prefeitos em administrarem a par-ca receita frente às inúmeras obrigações.

A DESIgUALDADE NA REPARTIçãO DA

ARRECADAçãO DOS IMPOSTOS

Revisão e aperfeiçoamento da distribuição dos impostos ar-recadados na busca de um pacto que propicie uma divisão mais equilibrada dos tributos recolhidos no país e o fim da criação de obrigações para os estados e municípios sem a devida pre-visão de recursos.

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RECUPERAçãO DO FPM

O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é um recurso transferido pelo governo federal a todas as cidades brasileiras, composto de 24% da arrecadação do Imposto de Renda (IR), bem como do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A distribuição dos recursos junto aos municípios é realizada con-forme o número de habitantes. Assim, os municípios mais de-pendentes do fundo são os menores, onde os repasses são a prin-cipal fonte para manter os serviços públicos. Em algumas cidades o FPM chega a representar 80% da receita da prefeitura. Ocorre que quando o governo federal reduz o IPI está automaticamente reduzindo o valor de repasse para os municípios. O governo tem como refazer sua receita através de entradas de outras naturezas, porém os pequenos municípios ficam à mercê da diminuição dos repasses do fundo e sem uma solução financeira.

O governo reduz o IPI objetivando dinamizar a economia do país, mas acaba deixando os gestores públicos municipais em uma situação difícil. Claro que deve haver uma melhoria na gestão municipal, no entanto, sem recursos não existe mágica a se fazer. Os prefeitos terão que cortar gastos, enxugar a folha de pagamento, diminuir investimentos, se houver, aperfeiçoar a máquina pública e o gerenciamento fiscal e, sobretudo, saber li-dar com um caixa baixo.

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QueaUniãocompensefinanceiramenteosmunicípiossemprequeadotar a concessão de qualquer benefício de natureza tributária, cujo imposto seja compartilhado, prejudicando a receita munici-pal e inviabilizando o pagamento das despesas planejadas.

REPASSES PENDENTES DE CONVÊNIO

As políticas públicas estão, ao longo do tempo, sendo cada vez mais executadas por meio de programas e convênios entre a União, Estados e Municípios. A transferência de responsabilidades, prin-cipalmente quando essa é da União em direção aos municípios, vem configurando um cenário de sobrecarga municipal no que diz respeito à divisão de responsabilidades do setor público na prestação de serviços básicos à população.

Existem, atualmente, cerca de 350 programas federais sendo exe-cutados pelos municípios. Essa prática vem acarretando despesas adicionais aos cofres municipais, que devem entrar com altas con-trapartidas e assumir diversos outros gastos no custeio dos pro-gramas. Na maioria das vezes, as despesas de execução com os programas governamentais chegam a ser até 200% maiores que o repasse recebido do governo, acarretando um desequilíbrio nas contas dos municípios.

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Queastransferênciasderecursosaosmunicípiosparaexecuçãodos serviços leve em conta o valor real dos gastos para a execução dos programas, realizando a transferência financeira proporcio-nal aos custos.

CONVÊNIO DAS MULTAS DE TRâNSITO

O dinheiro arrecadado com as multas de trânsito nas cidades mineiras pelo governo do Estado deve ser repassado na pro-porção de 50% para as prefeituras que aderiram ao Convênio 30/2012. Contudo, não há uma periodicidade definida para a transferência destes valores aos municípios conveniados. O mu-nicípio sabe que tem a receita, mas não sabe quanto, nem quando vai receber.

Este recurso tem por finalidade assegurar a segurança da população nas vias públicas municipais como: engenharia de tráfego, sinalização das vias, quebra-molas, faixas de pedes-tres e a realização de projetos de educação no trânsito, ga-rantindo a segurança e reduzindo o número de acidentes nas vias municipais. Com o aperto financeiro que vivem todos os prefeitos, o que se quer é saber com que dinheiro se poderá contar para o cumprimento dessas ações.

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Quesejaestabelecidaumaperiodicidadeeregularidadedosre-passes das multas de trânsito.

SAúDE

Os gastos com a saúde representam o maior impacto no orça-mento dos municípios. A União e o Estado, que detêm o maior poder de arrecadação, são os que menos investem em saúde. A legislação definiu percentuais mínimos de investimentos para os entes federados:

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Mesmo que os municípios tenham por obrigação apli-car 15% da sua arrecadação em saúde, a realidade é que eles têm gastado em média 25%, por não receberem in-vestimento necessário da União e do Estado.

Proposição de um novo modelo de distribuição de recursos, bus-cando garantir maior repasse aos municípios, e redistribuir os gastos com a União e o Estado.

FONTE: CNM

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JUDICIALIzAçãO DA SAúDE

A judicialização da saúde é a busca na Justiça para obtenção de medicamentos, tratamentos e disponibilização de leitos hospi-talares negados, seja por falta de previsão na relação nacional de medicamentos, ausência de aprovação do procedimento ou por questões orçamentárias.

Esse aumento acelerado de processos judiciais tem criado um SUS de duas esferas: uma para aqueles que por meio de vias judiciárias conquistam o acesso irrestrito aos recursos públi-cos para satisfazer suas necessidades em saúde; e outra para o restante da população que, inevitavelmente, tem alcance limitado aos serviços e ainda mais restrito pelo encaminha-mento de recursos que beneficiam apenas alguns usuári-os. O que demonstra ser uma solução acaba por prejudicar toda a população para beneficiar apenas alguns.

Maior investimento em saúde por parte da União e do Estado.

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EDUCAçãOAs prefeituras têm enfrentado um grande desafio, especialmente nos últimos anos, de promover avanços na educação. A necessi-dade de se garantir uma escola para todos e a incessante busca de uma educação de qualidade com a construção de novas uni-dades escolares, formação de professores, uso das tecnologias de informação, educação para crianças e inclusão educacional são exemplos da luta diária dos prefeitos.

Ocorre que o financiamento das ações diretamente relacionadas à educação como transporte escolar, merenda, salário e qualificação dos professores dependem de repasses de verbas do governo federal, o que coloca o gestor municipal em uma situação de dependência. Para se ter uma ideia, em média as prefeituras recebem R$0,30 por dia eletivo por aluno para financiar a merenda escolar. Fácil perce-ber que o valor repassado é insuficiente para custear a despesa, ficando as prefeituras responsáveis pela obrigação. O transporte escolar é outro gargalo. Em média, as prefeituras recebem R$130 anual para custear o transporte escolar de cada aluno. Com o aumento da gasolina, do salário mínimo e das despesas em geral, a prefeitura, mais uma vez, tem de arcar sozinha com a maior parte da despesa. O pacto atual da divisão de recursos e obrigações pode-se dizer que funciona como verdadeira “ficção”, dada a centralização de poder e recursos na União. A verdade é que de acordo com as regras atuais, a União não contribui com recursos para pagar os professores e os municípios têm muita di-ficuldade em fazê-lo.

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É preciso estabelecer mecanismos que impeçam que o gover-no federal crie despesas para estados e municípios sem apontar a respectiva fonte de custeio. A medida é fundamental para que possamos reequilibrar o Pacto Federativo, de maneira que mu-nicípios e estados sejam capazes de atender com dignidade, res-peito e qualidade os cidadãos.

SEgURANçA PúbLICA

A segurança pública é a maior reivindicação de todos os ci-dadãos nos dias atuais. Além das obrigações a serem executa-das de responsabilidades exclusivas dos municípios, que não são poucas, existem muitas outras, como a segurança pública, que são de responsabilidades da União e do Estado, mas que na maior parte dos casos, são custeadas pelos municípios, que têm a sua participação aumentada e seu orçamento sacrificado.

Precisamos de uma definição de um percentual mínimo de inves-timento na segurança. Atualmente 40% das despesas relacionadas com a segurança são custeadas pelos municípios.. Os gastos são altos e não são de competência municipal. Aos municípios cabe o árduo dever de auxiliar na manutenção das Polícias Militar, Civil e Rodoviária; auxiliar na manutenção do Corpo de bombeiros e de

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delegacias especiais (como a de Entorpecentes, Idoso, Meio Am-biente e da Mulher); auxiliar na manutenção do Instituto Médico Legal

Definição de percentual mínimo para despesas e investimentos em segurança pública.

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CONCLUSãOComo se pode ver a crise econômica pegou em cheio as cidades mineiras. Para se adequar ao momento de arrocho fiscal nos pri-meiros seis meses de 2015, prefeituras em todas as regiões do Estado têm demitido servidores, diminuído serviços e cargas horárias e até reduzido salários. A situação crítica atinge cidades grandes e pequenas. Os municípios em sua totalidade estão pas-sando por dificuldades financeiras graves.

Os repasses do governo federal e estadual são as maiores fontes de receitas da maioria dos municípios, quando não são a única fonte, e esses repasses estão diminuindo cada vez mais, forçan-do os prefeitos a tomarem decisões drásticas para conseguirem atender as demandas da população. Algumas medidas sob um olhar descuidado podem impactar de forma negativa a gestão da prefeitura.

Contudo, o que se busca é um melhor entendimento por parte de todos da luta dos gestores públicos municipais para oferecer às famílias mineiras todo o cuidado de que são merecedoras e o devido reajuste nos repasses para educação, saúde, segurança e emprego.

Sabemos que promover ações e atender todas as demandas mu-nicipalistas não é tarefa fácil, por isso a união de todos é muito importante para o alcance das nossas realizações.

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www.portalamm.org.br