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ÚLTIMAS Piso salarial dos professores: uma questão de justiça e legalidade Há mais de 25 anos, parte dos professores da UECE, URCA e UVA têm direito ao piso salarial, questionado pelo então governador Tasso Jereissati, ainda em seu primeiro mandato. A causa foi ganha em todas as instâncias. Apesar de reconhecer a derrota nas Cortes Superiores da Justiça – Tribunal Superior do Trabalho (TST) e Supremo Tribunal Federal (STF) –, o governo do Estado, através de seus áulicos da Procuradoria Geral do Estado (PGE), utiliza recursos extemporâneos e desprovidos de ética para procrastinar a reimplantação do piso salarial e o pagamen- to das diferenças em atraso. I m p r e s s i o n a n t e é que, enquanto a instância máxima da justiça do trabalho, o TST julgou o processo favorável aos professores, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) colabora com a desobediência do Governo, acatando recursos baseados em infâmias produzidas pela PGE, que resultou na suspensão do pagamento de diferenças salariais referentes ao ano de 2007 para professores da UECE e da URCA. A mais recente demonstração de cinismo partiu do próprio governador ao propor ao sindicato e à advogada que representa os professores na causa, um “acordo” que significa liquidar com a categoria. Por seu turno, a PGE em conluio com a Secretaria de Planejamento e Governo (SEPLAG) apresentou planilhas referentes aos salários pós- implantação do piso e aos precatórios que ferem direitos já adquiridos, representando uma fraude. A proposta foi rejeitada pela assembleia dos professo- res, que aguarda a cassação das medidas protelatórias e o consequente retorno do pagamento das diferenças salariais e a implantação definitiva do piso salarial da categoria, como mandou a suprema corte do trabalho. Os professores são vencedores e não se submeterão às ameaças e chantagens de um governo despótico, litigante de má fé, caloteiro e perseguidor. Marcharemos firme, sem esmorecimento, até a vitória definitiva. 8 Jornal dos sindicatos das universidades estaduais do Ceará :. SINDUECE, SINDURCA, SINDIUVA e SINSESC. Expediente Palavra de Ordem Regional NE I do ANDES-SN, Sindicato dos Docentes da UECE (SINDUECE), Sindicato dos Docentes da URCA (SINDURCA), Sindicato dos Docentes da UVA (SINDIUVA), Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos da UECE, URCA e UVA (SINSESC). Greve das estaduais evidencia descaso do governo Cid Gomes com o ensino superior no Ceará Após diversas tentativas de debater com o governo do Estado sua pauta de reivindicações, estudantes, professores e servidores técnico-administrativos da UECE, URCA e UVA denunciam a política sistemática que precariza o trabalho, as estruturas físicas e as condições de estudo e pesquisa nas instituições. págs. 4 e 5 pág. 3 PROFESSORES Docentes das três estaduais deflagram greve em defesa da educação superior Sem concurso público para efetivos, demanda chega a 789 vagas. Além disso, falta regulamentação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos. pág. 6 TÉCNICOS-ADMINISTRATIVOS Sem lei de criação de cargos para a realização de concurso público, resulta na contratação abusiva de terceirizados por parte do governo do Estado. pág. 7 ESTUDANTES Sem condições de estudo e permanência, movimento fortalece luta nas estaduais Com assembleias que já chegaram a contar com a participação de 1.200 estudantes, o movimento tem cumprido um importante papel. Adesão de servidores traz à tona o drama da categoria em vias de extinção Palavra de Ordem Jornal dos sindicatos das universidades estaduais do Ceará :. SINDUECE, SINDURCA, SINDIUVA e SINSESC. Edição 3 - Novembro 2013 Manifestação em apoio à greve das universidades estaduais cearenses. Arquivo: Grupo Olhares da Greve.

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ÚLTIMAS

Piso salarial dos professores: uma questão de justiça e legalidade

Há mais de 25 anos, parte dos professores da UECE, URCA e UVA têm direito ao piso salarial, questionado pelo então governador Tasso Jereissati, ainda em seu primeiro mandato. A causa foi ganha em todas as instâncias.

Apesar de reconhecer a derrota nas Cortes Superiores da Justiça – Tribunal Superior do Trabalho (TST) e Supremo Tribunal Federal (STF) –, o governo do Estado, através de seus áulicos da Procuradoria Geral do Estado (PGE), utiliza recursos extemporâneos e desprovidos de ética para procrastinar a reimplantação do piso salarial e o pagamen-to das diferenças em atraso. Impress ionante é que, enquanto a instância máxima da justiça do trabalho, o TST julgou o processo favorável aos professores, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) colabora com a desobediência do Governo, acatando recursos baseados em infâmias produzidas pela PGE, que resultou na suspensão do pagamento de diferenças salariais referentes ao ano de 2007 para professores da UECE e da URCA.

A mais recente demonstração de cinismo partiu do próprio governador ao propor ao sindicato e à advogada que representa os professores na causa, um “acordo” que significa liquidar com a categoria. Por seu turno, a PGE em conluio com a Secretaria de Planejamento e Governo (SEPLAG) apresentou planilhas referentes aos salários pós-implantação do piso e aos precatórios que ferem direitos já adquiridos, representando uma fraude.

A proposta foi rejeitada pela assembleia dos professo-res, que aguarda a cassação das medidas protelatórias e o consequente retorno do pagamento das diferenças salariais e a implantação definitiva do piso salarial da categoria, como mandou a suprema corte do trabalho.

Os professores são vencedores e não se submeterão às ameaças e chantagens de um governo despótico, litigante de má fé, caloteiro e perseguidor. Marcharemos firme, sem esmorecimento, até a vitória definitiva.

8 Jornal dos sindicatos das universidades estaduais do Ceará :. SINDUECE, SINDURCA, SINDIUVA e SINSESC.

Expediente Palavra de OrdemRegional NE I do ANDES-SN,Sindicato dos Docentes da UECE (SINDUECE),Sindicato dos Docentes da URCA (SINDURCA),Sindicato dos Docentes da UVA (SINDIUVA),Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos da UECE, URCA e UVA (SINSESC).

Greve das estaduais evidencia descaso do governo Cid Gomes com o ensino superior no Ceará

Após diversas tentativas de debater com o governo do Estado sua pauta de reivindicações, estudantes, professores e servidores técnico-administrativos da UECE, URCA e UVA denunciam a política sistemática que precariza o trabalho, as estruturas físicas e as condições de estudo e pesquisa nas instituições. págs. 4 e 5

pág. 3

PROFESSORES

Docentes das três estaduais deflagram greve em defesa da educação superior

Sem concurso público para efetivos, demanda chega a 789 vagas. Além disso, falta regulamentação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos.

pág. 6

TÉCNICOS-ADMINISTRATIVOS

Sem lei de criação de cargos para a realização de concurso público, resulta na contratação abusiva de terceirizados por parte do governo do Estado.

pág. 7

ESTUDANTES

Sem condições de estudo e permanência, movimento fortalece luta nas estaduais

Com assembleias que já chegaram a contar com a participação de 1.200 estudantes, o movimento tem cumprido um importante papel.

Adesão de servidores traz à tona o drama da categoria em vias de extinção

Palavra de OrdemJornal dos sindicatos das universidades estaduais do Ceará :. SINDUECE, SINDURCA, SINDIUVA e SINSESC. Edição 3 - Novembro 2013

Manifestação em apoio à greve das universidades estaduais cearenses. Arquivo: Grupo Olhares da Greve.

Em passeata, estudantes manifestam caráter da greve. Arquivo: SINDUECE.

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Editorial

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A greve das estaduais cearenses se aproxima do primeiro mês. Pela primei-ra vez, os três segmentos, servidores técnico-administrativos, estudantes e professores encetam uma luta em comum.

A expressiva adesão da comunidade universitária ao movimento reflete a gravíssima situação em que estas instituições se encontram. Queda no financiamento de 2012 para 2013, carência de 800 professores, virtual extinção da carreira dos servidores técnico-administrativos, para a qual jamais se fez concurso (sendo que a UECE, por exemplo, chegou ao teto da própria terceirização), condições físicas impraticáveis, como no caso de Itapipoca, Tauá e Crateús, assistência estudantil praticamente inexistente: tal é o cenário que enfrentamos em nossa atividade acadêmica.

Esta situação resulta de uma política deliberada do Governo Cid Gomes que confessadamente considera que a existência das universidades estaduais constituem um erro. Como diz o próprio Governador, trata-se de aplicar uma política de contingenciamento e redução dos serviços universitários que, como tal, implicaria, também nas palavras de Cid Gomes, a proibição da expansão de nossas universidades.

Assim, enganam-se os que vêm no lamentável quadro sumariado acima uma situação sazonal, pontual ou circunstancial. Na verdade, se trata de uma ação sistemáti-ca cujo sentido, na impossibilidade do fechamento das instituições a curto prazo, é o de consagrar um modelo em que o contrato padrão do professor passe a ser o de substituto, assim como o de servidor passe a ser o de terceirizado. Trata-se de um plano, não de medidas ocasionais.

Eis porque a greve da comunidade universitária de todas as três estaduais tem um sentido estratégico, muito além de uma pauta pontual. Esta é uma greve, é claro, para arrancar as reivindicações, mas, vai além disso, é uma greve para defender a existência das universidades e, nesse sentido, para opor à destruição programada, deliberada de Cid Gomes, o plano de interesse da comuni

dade universitária e da maioria do povo cearense que aspira à expansão das universidades estaduais com qualidade social, a preservação da gratuidade, o aumento relevante das vagas, a recuperação e elevação do patrimô-nio físico.

Diante disso, Cid Gomes não pretende recuar. Sua meta é a liquidação das universidades e disso não parece abrir mão. Este o significado de sua negação a uma verdadeira negociação. Foi em face disso que a comunidade lançou mão do instrumento da greve, empurrada pela negativa de qualquer negociação por parte de Cid Gomes. Só nossa mobilização e o apoio dos que de fato precisam da univer-sidade podem obrigar Cid Gomes a abrir as portas do Palácio para o comando de greve, posto que até aqui, a recepção que obtivemos ficou por conta da repressão policial-militar, como demonstrado no ato de 6 de novem-bro.

Nesse sentido, à acusação de que nossa greve é política respondemos afirmativamente: é uma greve para avançar numa política universitária oposta e incompatível com a política de destruição planificada e sistemática que Cid Gomes quer impor à UECE, URCA e UVA. E é para essa luta política, com P maiúsculo, que precisamos do apoio de todos os que não aceitam a liquidação do patrimônio, da produção científica, cultural e artística que hoje, mesmo nas condições de extrema carência, as universidades asseguram.

A greve das estaduais e o futuro das universidades cearenses

Sem condições de estudo e permanência, movimento discente fortalece luta nas estaduais

ESTUDANTES

A completa falta de condições de estudo e permanência nas universidades estaduais cearenses levou à adesão dos estudantes à greve geral em curso. Além da carência de professores, a precária infraestrutura das faculdades, a insuficien-te política de assistência estudantil e a falta de democracia nas instituições estão entre os principais reclames do movimen-to que integra um corpo discente hoje superior a 45 mil estudantes.

Prédios, salas de aula, laboratórios e equipamentos, quando não estão em falta, encontram-se sucateados por decorrência do tempo ou não atendem à demanda crescente do número de estudantes. Para se ter uma ideia, nenhu-ma das três universidades conta com uma política de reposição sistemática do acervo bibliográfico e em vários campi as bibliotecas funcionam em salas improvisadas sem instalações adequadas.

Outra prova da expansão sem qualidade das estaduais cearenses está na precariedade da política de assistência estudantil, que deixa a mercê milhares de estudantes cotidianamente. Os únicos campi que contam com Restaurante Universitário em funcionamento são os do Itaperi (UECE) e do Pimenta (URCA). Além desses, há um restaurante em construção na Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (UECE), em Limoeiro do Norte.

A falta de residências estudantis na capital e no interior constitui também um problema grave que aflige a imensa maioria pois apenas o campus do Pimenta (URCA) e a Faculdade de Ciência e Letras do Sertão Central (FECLESC/UECE) na cidade de Quixadá contam com tal equipamento. Outro fator que pesa diz respeito às bolsas: sob a alegação de auxílio ao estudante a UVA mantém o Programa de Bolsas Universitária que remunera no valor de R$ 350,00 os estudantes para exerceram funções técnico-administrativas durante 6 horas diárias; o número de bolsas de iniciação científica é ínfimo em face da demanda e os auxílios para viagens e atividades sócio culturais do alunado praticamente inexistem. Nenhuma das universidades tem programa de assistência médica ou psicológica para os estudantes, tampouco dispõe de creches para atendimento das crianças filhas de servido

res, professores e estudantes. Estas carências são parte da pauta de reivindicações do alunado em greve.

A pauta do movimento discente incorpora também um importante debate sobre a necessidade de ampliação da democracia nessas instituições que, atualmente, não contam com eleições diretas para Reitor, nem paridade entre os três segmentos (estudantes, professores e servidores técnico-administrativos) nas instâncias delibe-rativas. Vale destacar que tal pauta tem sido objeto de várias iniciativas do movimento que busca, sem sucesso, discuti-la com o governador Cid Gomes desde 2010.

Tendo em vista a já histórica recusa do governo em dialogar com o movimento, os estudantes têm buscado outras formas de apresentar à sociedade os motivos que levaram à deflagração da greve geral. Essas, por sua vez, incluem intervenções em atividades públicas que fazem parte da agenda do governador, panfletagens em termina-is rodoviários e realização de debates em comunidades do entorno dos campi universitários, como é o caso do bairro Serrinha, em relação à UECE.

Com realização de assembleias que já chegaram a contar com a participação de 1.200 estudantes, o movi-mento tem cumprido um importante papel na construção dos comandos locais que dão corpo à greve e vida às universidades. Eis mais uma prova de seu poder de mobilização e de seu comprometimento com a luta para dar novos rumos à educação superior no estado do Ceará.

Jornal dos sindicatos das universidades estaduais do Ceará :. SINDUECE, SINDURCA, SINDIUVA e SINSESC. Jornal dos sindicatos das universidades estaduais do Ceará :. SINDUECE, SINDURCA, SINDIUVA e SINSESC.

Em passeata, estudantes manifestam caráter da greve. Arquivo: SINDUECE.Estudante reivindicam expansão com qualidade.

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A comunidade acadêmica da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade Regional do Cariri (URCA) e Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), formada por professores, estudantes e servidores técnico-administrativos, está em greve por melhorias no ensino superior do povo cearense. A política sistemática de precarização do trabalho, das estruturas físicas e das condições de estudo e pesquisa conduziu a grave situação nas três estaduais e motivou o movimento cujas razões apresentamos a seguir:

1. A pauta de reivindicações, objeto da greve, foi entregue à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior (SECITECE) e ao Gabinete do Governador (GABGOV) no dia 23 de fevereiro de 2011. Desde então, o movimento realizou passeatas ao Palácio da Abolição, à SECITECE e uma audiência pública no plenário da Assembleia Legislativa com o fim de debater a pauta e abrir canal de negociação com o governador Cid Gomes. Quase dois anos depois, no dia 14 de novembro de 2012, o movimento e reitores foram recebidos em audiência para ouvir do governador a negação de todas as demandas e a promessa de uma nova audiência para seguir conversan-do, o que não fora cumprido.

2. O governador se recusa a realizar concurso para repor vagas docentes causadas por aposentadorias de professores, por ajustes curriculares e pela abertura de cursos de mestrado e doutorado. Esse capricho do governador Cid Gomes resultou no acúmulo de uma carência de 789 professores, sendo 295 na UECE, 309 na URCA e 185 na UVA. As consequências imediatas se verificam na existência de várias disciplinas sem professor

As razões da greve de professores, estudantes e servidores técnico-administrativos da UECE, URCA e UVA

Jornal dos sindicatos das universidades estaduais do Ceará :. SINDUECE, SINDURCA, SINDIUVA e SINSESC. Jornal dos sindicatos das universidades estaduais do Ceará :. SINDUECE, SINDURCA, SINDIUVA e SINSESC.

Greve nas estaduais evidencia descaso do governo Cid Gomes com o ensino superior no Ceará. Com corte de verbas para o setor e sem alternativas concretas de diálogo, a carência de professores, a precária infraestrutura das faculdades e a insuficiente política de assistência estudantil estão entre os principais pontos reivindicados pelo movimento grevista

nos cursos de graduação e na contratação abusiva de professores substitutos e/ou temporários que hoje somam 644 nas três instituições, sendo 247 na URCA, 289 na UECE e 108 na UVA. Ressalte-se que os professores substitutos e temporários recebem menos da metade dos salários dos efetivos. Situação mais grave ocorre com o quadro de servidores técnico-administrativos que hoje é de 625 efetivos e 887 terceirizados nas três universida-des, quando deveria ser de pelo menos 2.500 trabalhadores já que as estaduais cearenses atendem a mais de 45 mil estudantes. O pequeno contingente de efetivos diminuirá em aproximadamente um quarto até 2015 em função de aposentadorias já previstas, o que põe a categoria em acelerado processo de

extinção. Estes dados ganham evidência no vertiginoso aumento de gastos com pessoal temporário nas três estaduais no período Cid Gomes (169,93%) e com pessoal terceirizado na Fundação Universidade Estadual do Ceará (1.643%), conforme demonstra a tabela 1 (pág. 8).

3. O Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV) e a recomposição da tabela salarial dos professores foram conquistas de árduas greves realizadas em 2006, 2007 e 2008. Alguns direitos foram, entretanto, remetidos para regulamentação posterior, como: a) Mudança de regime de trabalho, b) Dedicação Exclusiva; c) Afastamento para pós-graduação e pós-doutorado; d) Ascensão para a classe de professor associado; e) Gratificação de periculosidade e insalubridade. Com exceção da última, os demais aspectos já foram tratados em minutas de leis e decretos elaborados em conjunto por professores, gestores das universidades, SECITECE e Procuradoria Geral do Estado (PGE) estando prontos desde março de 2013, sem que o governo encami-nhe para publicação. Durante a greve de 2007/2008, a negociação do Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) dos servidores foi suspensa pelo governo sob a alegação de que seria discutido juntamente com o de outras categorias de servidores estaduais. Após a greve, o governo negou-se a retomar negociação, levando a uma tal situação em que, hoje, os servidores não recebem qualquer incentivo financeiro relativo a formação de nível de graduação, especialização, mestrado e doutorado. A tabela salarial desses trabalhadores desvalorizou-se ao ponto de, atualmente, a remuneração de 16 níveis da carreira, com 40 horas semanais, estar abaixo do salário mínimo.

4. As verbas destinadas pelo governo estão muito aquém das necessidades de custeio e investimento das universidades estaduais. Sem recursos para reparos e conservação, os prédios e instalações se deterioram a olhos vistos em todos os campi da UECE, URCA e UVA. Não existem gabinetes para professores, nem salas e equipa-mentos para laboratórios e grupos de pesquisa. A sede central da UVA é de propriedade da Diocese de Sobral, a quem o Estado paga o aluguel, e nenhuma das unidades descentralizadas da URCA tem prédio próprio, sendo este também o caso das unidades interioranas da UECE em Tauá (CECITEC) e Crateús (FAEC). O prédio do campus de Crato da URCA carece de expansão das salas de aula para abrigar adequadamente os cursos já existentes. Em Iguatu, a comunidade espera a conclusão do prédio multicampi destinado a abrigar a Faculdade de Educação, Ciências e Letras (FECLI) e a Faculdade Tecnológica (FATEC), mas a obra tem sido interrompida sistematicamente por falta de recursos. A Faculdade de Educação de Itapipoca (FACEDI) tem trinta anos de existência com apenas três cursos de licenciatura. A luta da comunidade facediana é pela criação de mais dez cursos de graduação e pela incorporação do prédio construído ao lado para abrigar uma FATEC e a FACEDI, conforme acordo de três anos atrás, agora desfeito pelo governador que resolveu doar a estrutura para o Instituto Federal numa atitude de total desrespeito à palavra empenhada anterior-mente.

5. O apoio aos estudantes inexiste ou é muito precário, porquanto apenas o campus do Itaperi (UECE) e do Pimenta (URCA) contam com Restaurantes

Universitários (RU) funcionando, além de um que está em construção na Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM/UECE), na cidade de Limoeiro do Norte. Apenas a Faculdade de Ciências e Letras do Sertão Central (FECLESC/UECE), em Quixadá, e o campus do Pimenta (URCA), na cidade do Crato, possuem residência universitária. A exceção do campus do Itaperi (UECE), cujo prédio da biblioteca central foi conquista das greves passadas, os demais campi universitários das três estaduais ora não possuem instalações adequadas para as bibliotecas, ora estas funcionam em salas improvi-sadas sem nenhuma condição para tal. Todas as três universidades padecem da falta de reposição sistemática do acervo bibliográfico porque os recursos financeiros não são suficientes sequer para a manutenção adequada dos prédios e instalações.

As estaduais cearenses padecem de total falta de uma política de assistência estudantil que contemple bolsas e auxílios para viagens e promoções sócio culturais, assis-tência médica e psicológica e creches para atendimento de crianças filhas de alunas universitárias.

6. A carência de prédios, instalações, equipamentos e assistência estudantil expressam a decisão do governo de desresponsabilizar-se pela manutenção desse que é um importante patrimônio da sociedade cearense, bem como a dependência direta das administrações universitárias da vontade e até do humor do governante da vez. A tabela 2 demonstra os baixos investimentos do erário estadual no período Cid Gomes e comprova pronunciada queda dos gastos totais no ano de 2012, contribuindo para aprofun-dar a crise atual.

Ato reivindicou audiência com o governador. 27/09/2012. Arquivo: SINDUECE.

Comuidade acadêmica durante reunião para tomada de decisões. Arquivo: SINDUECE.

Passeata em apoio à greve conta com 3 mil participantes. 06/11/2013

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SERVIDORES

Adesão de servidores traz à tona o drama da categoria em acelerado processo de extinção

A adesão histórica dos servidores técnico-administrativos à greve da educação superior em curso no Ceará traz à tona o drama da categoria que se encontra em franco processo de extinção. Com Plano de Cargos, Carreiras e Salários prestes a completar vinte anos e sem previsão de realização de concurso público, suas reivindi-cações evidenciam descaso em relação a este setor essencial à existência de cada campus e denunciam os abusivos gastos do governo do Estado com terceirizações.

Implantado em 1994, o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) que serve de referência para os vencimen-tos básicos dos técnico-administrativos não foi reestrutu-rado até hoje, causando perdas salariais de grande monta para a categoria. A proposta de reestruturação do PCCS da categoria posta em debate durante a greve de 2007/2008 foi retirada de forma autoritária e unilateral da mesa de negociações por parte do governo do Estado, causando imensos prejuízos aos trabalhadores.

De acordo com o Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos do Ensino Superior Oficial do Estado do Ceará (SINSESC), atualmente, 16 níveis da carreira, com 40 horas semanais, têm servidores com salário base abaixo do mínimo, que hoje é de R$ 678,00. Além disso, pesa também a completa falta de incentivo e reconhecimento aos profissionais com graduação, especialização, mestra-do e doutorado, que não contam com a gratificação de

titulação prometida após a conclu-são do recadastramento que se deu em 2010.

A inexistência de uma lei que institua cargos de servidores técnico-administrativos e o fato de nunca ter sido realizado concurso público para a categoria a coloca em um processo acelerado de extinção e resulta na contratação abusiva de terceirizados por parte do governo do Estado. Somente no período Cid Gomes, houve aumento de 169,93% em gastos com pessoal temporário nas três estaduais e de 1.643% com pessoal terceirizado na Fundação Universidade Estadual do Ceará.

O quadro de servidores técnico-administrativos nas três universida-

des estaduais é, atualmente, de 625 efetivos e 887 terceiri-zados, responsáveis por atender a uma demanda gerada por mais de 45 mil estudantes. Esse quantitativo chama a atenção tanto pelo pequeno contingente de efetivos que, até 2015, tende a diminuir em 25% por conta das aposen-tadorias já previstas, como também pelo fato de estar muito distante dos, pelo menos, 2.500 trabalhadores necessários para o desempenho das tarefas.

Em defesa das universidades estaduais e da categoria, no dia 29 de outubro de 2013, os servidores técnico-administrativos aderiram, pela primeira vez em sua história, à greve em curso nas universidades estaduais do Ceará. Com essa importante adesão, fortaleceram ainda mais a pauta comum construída pelos diversos setores em luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade e apresentaram suas reivindicações específicas ao corpo do movimento e à sociedade cearense.

Principais reivindicações dos servidores técnico-administrativos:

- Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS);- Reestruturação das tabelas salariais- Lei de criação de cargos para a realização de concurso público.

Jornal dos sindicatos das universidades estaduais do Ceará :. SINDUECE, SINDURCA, SINDIUVA e SINSESC. Jornal dos sindicatos das universidades estaduais do Ceará :. SINDUECE, SINDURCA, SINDIUVA e SINSESC.

PROFESSORES

Movimento docente das três universidades estaduais deflagra greve no Ceará

A deflagração da greve de professores e estudantes da Faculdade de Educação de Itapipoca (FACEDI/UECE) no dia 17 de setembro passado, acendeu o estopim do movimen-to que espalhou-se para as três estaduais cearenses: Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade Regional do Cariri (URCA) e Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Além da carência de professores e servido-res técnico-administrativos, os docentes reclamam da falta de regulamentação do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV), da contratação abusiva de professo-res substitutos ou temporários, das más condições dos prédios e instalações e a falta de apoio à pesquisa. UECE

Na UECE, o movimento iniciou pelas faculdades interioranas de Itapipoca, Crateús, Iguatu e Quixadá, e deliberou pela greve em duas assembleias gerais de docentes, realizadas nos dias 22 e 29 de outubro passado. Segundo informa a Sindicato dos Docentes (SINDUECE), existem 295 vagas de professor na UECE, parte das quais está em aberto e a outra está preenchida com professores substitutos ou temporários, o que representa abuso legal e um ataque à universidade.

Há uma crescente precarização do trabalho docente, pois os professores substitutos ou temporários são contratados apenas para ministrar aulas e auferem salários abaixo de 50% do que ganham os efetivos. “O concurso e a elevação dos salários dos professores substitutos ao nível dos efetivos são objetos centrais da nossa greve”, afirma a presidente do sindicato, professora Elda Maciel.

Em nota, o SINDUECE informou ainda, que a pauta de reivindicações foi protocolada no Gabinete do Governador e na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior no mês de fevereiro de 2011. Depois disso, o movimento docente e estudantil realiza-ram vários atos públicos com o fim de abrir negociação, mas só conseguiram uma reunião com o governador no dia 14 de novembro de 2012, que não resultou em nenhum encaminha-mento prático. UVA

Deflagrada em assembleia realizada no dia 7 de novembro, a greve dos professores da UVA foi

motivada pela carência de 185 professores, falta de democracia interna, privatização da universidade e péssimas condições de ensino. “Os reagentes químicos e insumos para laboratórios estão sendo adquiridos com recursos de projetos dos professores ou por meio de cotização. O governo cortou verbas de custeio, causando a demissão de motoristas terceirizados e prejudicando as aulas de campo da Geografia e a coleta de materiais para pesquisas na área da química; a zootecnia ficou sem dinheiro para comprar ração para animais” declarou a presidente do Sindicatos dos Docentes (SINDIUVA), professora Sílvia Monteiro. URCA

No dia 11 de novembro foi a fez dos professores da URCA aderirem à greve das estaduais. A diretora do Sindicato dos Docentes da URCA (SINDURCA), professora Cláudia Rejane, explica que “nos últimos 5 anos, o alunado da URCA triplicou e houve abertura de novos cursos, mas não houve construção de salas de aula nem se realizou concurso para suprir todas as vagas de professor”, resul-tando numa carência de 309 vagas que ou estão em aberto ou são preenchidas com professores substitutos e tempo-rários. Unidade na luta O movimento unificado das três universidades realizou passeata com mais de 3 mil pessoas no dia 6 de novembro, saindo da Praça da Imprensa ao Palácio da Abolição onde foram recepcionados por forte aparato militar que disparou bombas de gás lacrimogêneo contra os manifes-tantes. Os grevistas planejam realizar outros atos públicos nas cidades que sediam unidades da UECE, URCA e UVA.

Votação na assembleia dos professores. 29/10/2013. Arquivo: Grupo Olhares da Greve

As reivindicações dos servidores. 14/11/2013. Arquivo: Grupo Olhares da Greve.