pajelança

5
PAJELANÇA - O XAMANISMO BRASILEIRO É provável que a palavra Pajé venha da raiz pa-y = profeta, adivinho, curador, sacerdote, xamã. O termo pajelança é aplicado nas manifestações xamânicas dos índios brasileiros. Pode ser divido em pajelança indígena (rituais indígenas) e pajelança cabocla, que são praticas religiosas (não índígenas) mais comuns no Noorte e Nordeste brasileiro. Há anos atrás, o amigo Walter Vetillo foi a Belém fazer uma reportagem para a Revista Planeta, cobrindo o VI Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica onde se realizaou um Encontro de Pajés. Parte da mátéria transcrevo abaixo : Afinal...quem são os pajés ? Existe muito pouca coisa publicada no Brasil sobre este fascinante assunto. Uma contribuição preciosa foi o depoimento do estudioso dos mistérios amazonenses, Antonio Jorge Thor. Thor comenta o xamanismo e a pajelança : " Um aspecto curioso deste assunto é que nos Estados Unidos, quando se fala em xamanismo, muitas linhagens dos xamãs são mulheres No Brasil não; aqui pajé é sempre somente do sexo masculino - primeira geração, que passa de pai para filho. Para sser um pajé, o candidato deve ser um paranormal e médium ao mesmo tempo. Ou seja, dve ter muitas força mental (paranormalidade) e a mediunidade, que mexe com a bioenergética, com as partículas biocósmicas (provocam a expansão da consciência fora da matéria, o espírito por exemplo), enfim aquela coisa da espiritualidade. Entre as diversas tribos, como os Kraôs, caiapós e gaviões, varia muito o conceito de pajelança, mas eles tem alguma coisa em comum: o misticismo , o segredo. Você as vezes passa um longo tempo para conseguir uma informação, um segredo, como por exemplo, sobre um não-alucinógeno para você sair com facilidade do corpo (desdobramento) . O pajé penetra na área da encantaria, uma outra vertende da grande magia que pouca gente conhece., que é passar para uma outra dimensão e e muitos dele quando retornam dessa experiência , voltam curados. Eu fui iniciado pelas mãos de uma curandeira de terceira geração que foi tratada pelos pajés. Doente,

Upload: mauricio-alfredo-joao

Post on 16-Jan-2016

217 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

O XAMANISMO BRASILEIRO

TRANSCRIPT

Page 1: Pajelança

PAJELANÇA - O XAMANISMO BRASILEIRO

É provável que a palavra Pajé venha da raiz pa-y = profeta, adivinho, curador, sacerdote, xamã. O

termo pajelança é aplicado nas manifestações xamânicas dos índios brasileiros. Pode ser divido em

pajelança indígena (rituais indígenas) e pajelança cabocla, que são praticas religiosas (não

índígenas) mais comuns no Noorte e Nordeste brasileiro.

Há anos atrás, o amigo Walter Vetillo foi a Belém fazer uma reportagem para a Revista Planeta,

cobrindo o VI Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica onde se realizaou um Encontro

de Pajés. Parte da mátéria transcrevo abaixo :

Afinal...quem são os pajés ?

Existe muito pouca coisa publicada no Brasil sobre este fascinante assunto. Uma contribuição

preciosa foi o depoimento do estudioso dos mistérios amazonenses, Antonio Jorge Thor. Thor

comenta o xamanismo e a pajelança :

" Um aspecto curioso deste assunto é que nos Estados Unidos, quando se fala em xamanismo,

muitas linhagens dos xamãs são mulheres No Brasil não; aqui pajé é sempre somente do sexo

masculino - primeira geração, que passa de pai para filho. Para sser um pajé, o candidato deve ser

um paranormal e médium ao mesmo tempo. Ou seja, dve ter muitas força mental (paranormalidade)

e a mediunidade, que mexe com a bioenergética, com as partículas biocósmicas (provocam a

expansão da consciência fora da matéria, o espírito por exemplo), enfim aquela coisa da

espiritualidade.

Entre as diversas tribos, como os Kraôs, caiapós e gaviões, varia muito o conceito de pajelança,

mas eles tem alguma coisa em comum: o misticismo , o segredo. Você as vezes passa um longo

tempo para conseguir uma informação, um segredo, como por exemplo, sobre um não-alucinógeno

para você sair com facilidade do corpo (desdobramento) . O pajé penetra na área da encantaria,

uma outra vertende da grande magia que pouca gente conhece., que é passar para uma outra

dimensão e e muitos dele quando retornam dessa experiência , voltam curados. Eu fui iniciado pelas

mãos de uma curandeira de terceira geração que foi tratada pelos pajés. Doente, ela passou algum

tempo desaparecida e quando retornou, além de curada veio com dons incríveis.

A pajelança é uma forma de magia nativa da Amazonia, tipicamente indutiva, atuando sobre

qualquer elemento vivo e mantendo estreita relação com os demais reinos da natureza: mineral,

vegetal e animal. É praticada por curandeiros (principalmente pelos pajés da Amazônia), com base

no xamanismo indígena .

Page 2: Pajelança

Pelas suas ações, o xamã tenta estabelecer contato com outras formas de existência através de

comunicações com entidades sobrenaturais, procurando restabelecer o equilíbrio perdido entre a

natureza e a mente. Esse processo envolve curas, exorcismos, e outrois atos com objetivos

diversos.

A visão holística da cultura xamanista não pode ser esquecida fornecendo ao pajé um importante

elo que o integra ao todo. Nesse sentido Fritjot Capra, em ponto de Mutação, sintetiza: "A

característica predominante da concepção xamanista de doença é a crença de que os seres

humanos são partes integrantes de um sistema ordenado em que toda a doença é consequência de

alguma desarmonia em relação à ordem cósmica. Com grande frequência, a doença também é

interpretada como castigo por algum comportamento imoral.

A pajelância autêntica, abrange os pajés reunidos no conceito de "alta pajelança", cujos segredos

são guardados a sete chaves - haja vista não terem interesse em que profanos venham a desfrutar

dessas dádivas. Ela se subdivide em diuas correntes :

Pajelança de "conta branca" : Atua em favor do bem,

curando principalmente doenças físicas e mentais e

resolvendo problemas do cotidiano da comunidade.

*Pajelança de "conta negra" : Atua em favor do mal.

Visa facilitar a vitória na guerra com outras tribos ou a

disputa de guerreiros para se tornar líderes. Serve

também para matar ou adoecer uma vítima, sendo que

em alguns casos é usada para dificílimos trabalhos de

cura.

A verdadeira pajelança é restrita a uma minoria que ostenta os segredos e poções mágicas que

rejuvenescem, curam, matam, provocam viagens astrais e outras grandes iniciações. Atualmente,

existem poucos pajés desse tipo no Brasil. A presença da mulher é vedada.

Já a pajelança paralela (segunda geração) envolve as várias formas de curandeirismo popular -

principalmente as rezadeiras e benzedeiras, que trazem no sangue a eugenia nativa, além de estar

representadas em alguns rituais da Umbanda.

Finalmente, a pajelança afim (terceira geração) engloba o curandeirismo popular originado da

pajelança mater, porém com atuação mais aberta que a anterior. Aoresenta influências visíveis de

outras magias, seitas, misturando-se a -se a outras culturas folclóricas e crendices de povos

diversos. É a pajelança com maior influência no Brasil, e suas benzedeiras, que utilizam ervas e

rezasa para tirar o "quebranto" , muitas vezes conseguem imbuir-se de dons que são inerentes aos

Page 3: Pajelança

pajés. Já as rezadeiras, embora sejam incluídas nesse grupo, são originárias do Nordeste,

submetendo-se assim a uma influência maior do catolicismo.

A pajelança deve ser usada por quem realmente a domina, manipulando o universo de magias que

a constituem. A princípio todos os métodos usados são indutivos, sincronizados a um objeto

(instrumento de poder) e resguardado pelos dons natos do pajé. Sua maior finalidade está na força

de cura ou no resultado que produz a partir de três fatores básicos :

1 Força Mental - É um dos instrumentos fundamentais de um pajé. Existe um arquétipo-modelo que

fornece meios para a paranormalidade aguçar-se à medida que o pajé passa a usar elementos

oriundos da natureza: comer determinadas frutas ou raízes, ingerir certas bebidas sagradas através

de fórmulas secxretas, etc. Esse comp0lexo aguça a paranormalidade e está associado a outros

exercícios como a entonação de mantras.

2 Sincronia de elementos - Constitui o poder de invopcar elentos das diversas dimensões através de

cânticos mântricos e imagens. Quando associado à natureza, esta força ostenta a verdadeira

fórmula que muitos pajés, bruxos e outros magos guardam a sete chaves. O próprio maracá,

qunado sacudido cadencialmente, cria uma estrutura energética que permite a abertura para a

paranormalidade.

3 Agentes auxiliares - O auxílio a esses trabalhos provém de seres de diversos planos

dimensioonais invocados para operar como reforço, com os elementais da natureza, os encantados

(seres energéticos de outras dimensões) e outros agentes chamados "tetaianos" ou seja, otimizados

pelas comunicações biocósmicas (espíritos de pajés e de outros seres).

Um elemento insispensável na pajelança é o maracá. O maracá de um xamã é recebido ou

confeccionado durante a iniciação, sendo, portanto, sagrado para ele. em alguns casos é passado

de pai para filho; ou ainda, o "escolhido" é induzido a achá-lo mediante as regras impostas pelo

ritual de iniciação..

Outro elemento fundamental é o tauari , uma espécie de charuto natural semi-oco que ajuda o pajé

a defumar o local ou a pessoa em questão. O charuto, com sua fumaça cheirosa, objetiva imantar o

ambiente e criar uma atmosfera toda especial, para facilitar os cantatos que o pajé queira fazer.

Se o maracá e o charuto, são importantes para um pajé, pois assumem significados sagrados em

suas mãos, existem outros elementos secundários uisados ao lçongo dos trabalhos desenvolvidos.

Mascar certos vegetais ou mesmo cheirá-los, ou até

mesmo comer ou beber, também faz parte do ritual de

entrada de um xamã. Essa situação varia muitoi de

Page 4: Pajelança

pajé para pajé, de trabalho para trabalho, dependendo

do objetivo visado. O importante é que eles, usando

recursos tiotalmente naturais, provocam os mesmos

efeitos de certos enteógenos.

Chás ou pós de ervas, alucinógenos ou não, facilitam

as viagens e a comunicação, com entidades de outros

planos, bem como aguçam a paranormalidade.

Porções para mascar, feitas com plantas e raizes

especiais, desenvolvem a sensibilidade do pajé e

facilitam suas viagens, as quais poderão trazer

soluções para os casos pendentes.

Cantos nativos produzem vibrações e facilitam contatos

com outros pajés, pessoas ou ouitros seres invocados

nos cânticos.

Dentro dessa estrutura a pajelança é associada a rituais de grande beleza e magia, qu extasiam a

todos que se envolvem no processo de participação, ou mesmo como meros observadores.

Segundo Thor, o perfeito domínio sobre este incrível mundo mágico-natural pode por vezes levar

alguns pajés de alta linhagem a alterar suas partículas atômicas, tornar-se invisíveis e deslocar-se

no espaço, surgindo em outros lugares. Aqui vale a pena lembrar as experiências relatadas por

Castañeda em seus livros, descrevendo casos semelhantes com Dom Juan e D. Genaro.

Geralmente o pajé exerce uma influência muito grande sobre sseu povo - sua figura está para a tribo

na mesma proporção em que o médico está para a comunidade. Isso faz com que sua importânciae

destaque assumam uma responsabilidade toda especial sobre os problemas que afligem seu grupo.

Por outro lado, como um médico, o pajé segue as normas e obedece as éticas moldadas pela

sociedade., e não poderia deixar de assumir um arquétipo blinbdado para sua tribo. Dificilmente

alguma coisa lhe é negada, e ele, com justiça, exerce o poder e goza de fama e do respeito de

todos. Os pajés vivem bastante tempo, e os mais poderosos são chamados de sacaca por sinal, o

mesmo nome de um conhecido vegetal da Amazônia Oriental, detentor de inúmeras utilidades.