painel - edição 157 - abr.2008

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painel Ano XI nº 157 Abril/2008 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto 2008 anos 60 anos

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Revista oficial da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto.

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painelAno XI nº 157 Abril/2008 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

2 0 0 8 a n o s

60anos

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A fundação da AEAARP, na década de 1940, mais precisamente em abril de 1948, como foi a da maioria das

associações profissionais, foi motivada principalmente pelo fervor de alguns poucos profissionais idealistas e conscientes

da necessidade de atuação organizada no desenvolvimento das cidades, que àquela época iniciavam um processo de urbanização planejada,

incentivadas pela criação, na década de 1930, dos Conselhos Regionais e dos Conselhos Federais, de acordo com a política reinante de trazer para as cidades as decisões que até

então eram principalmente influenciadas pelo meio rural.Desta forma estes 60 anos de história de lutas e conquistas reafirmam cada dia mais a vocação

institucional da AEAARP, atuando e influenciando com competência nos mais importantes problemas do cotidiano da cidade e da região.

Podemos citar alguns, dentre centenas de fatos relevantes:1 - A criação da FAEASP, dentro da AEAARP, tendo como 1º presidente o presidente à época

da nossa entidade.2 - O primeiro curso de gerentes de cidade do Brasil, instituído pelo ministério das cidades, administrado pela FAAP e ministrado na AEAARP.3 - Atuação decisiva no estudo das leis complementares ao Plano Diretor de Ribeirão Preto, com trabalhos enviados ao COMUR e à Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, que serviram de base para a sua adoção pelo município e estão servindo de objeto de estudos e orientação a diversos seminários e debates em muitos municípios brasileiros, gratuitamente.4 - Trabalho pioneiro sobre reciclagem de resíduos sólidos em Ribeirão Preto.5 - Trabalho sobre enchentes e drenagem urbana.6 - Trabalho sobre áreas verdes, APP´s e praças públicas.7 - Toda a programação que será efetivada durante este ano, como todos os eventos culturais, científicos e tecnológicos não só ligados às comemorações dos 60 anos da AEAARP como aqueles da nossa atuação normal nos problemas da cidade e dos nossos associados.E, além de todas estas razões, iniciamos nesta gestão o plano de reformas e ampliação da nossa sede visando a modernização e adequação de nosso espaço para melhor servir ao associado, dotando os espaços de condições melhores para prestar serviços mais eficientes. Assim, este cenário de construção reafirma a própria essência de nossa Associação, qual seja a do fomento da construção, do progresso e do empreendedorismo, com respeito à valorização profissional e à cidadania, ressaltando a nossa vocação de cada vez mais enfatizar o atendimento a todos os que se servem desta casa, melhorando-a e adaptando-a aos novos tempos.Tanto é que no plano de modernização da nossa sede, numa primeira etapa, estamos dotando o salão de festas de banheiros, aumentando a sua capacidade, melhorando a ventilação, iluminação e envolvendo-o ao paisagismo externo que se tornará a extensão do mesmo, dando-lhe um ar mais agradável e confortável, observando a norma de acessibilidade e o recolhimento das águas pluviais em reservatório específico para a utilização em atividades

de jardinagem e limpeza, poupando com isso a água potável para atividades mais nobres e colaborando com a diminuição das águas nos canais da cidade, minorando o problema

das enchentes.60 anos para nós representam a idade do sucesso alcançado com a com a conquista

da sabedoria.Este é apenas o começo de nossa contribuição aos 60 anos da AEAARP.

Eng. Civil Roberto Maestrello.Presidente da AEAARP

Editorial

Engº CivilRoberto Maestrello

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Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700Fax: (16) 2102.1700 - www.aeaarp.org.br / [email protected]

Roberto Maestrello José Roberto Hortêncio Romero Presidente Vice-presidente

DIRETORIA OPERACIONALDiretor-administrativo: Pedro Ailton GhideliDiretor-financeiro: João Lemos Teixeira da SilvaDiretor-financeiro Adjunto: Antônio Rounei JacomettiDiretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: José Aníbal Laguna

DIRETORIA FUNCIONALDiretor de Esportes e Lazer: Francisco Carlos FagionatoDiretora Comunicação e Cultura: Maria Inês CavalcantiDiretora Social: Luci Aparecida Silva

DIRETORIA TÉCNICAEngenharia, Agrimensura e Afins: Argemiro GonçalvesAgronomia, Alimentos e Afins: José Roberto ScarpelliniArquitetura, Urbanismo e Afins: Marcia de Paula Santos SantiagoEngenharia Civil, Saneamento e Afins: Luiz Umberto MenegucciEngenharia Elétrica, Eletrônica e Afins: Edson Luís DarcieGeologia e Minas: Caetano Dallora NetoEngenharia Mecânica, Mecatrônica, Ind. de Produção e Afins: Júlio Tadashi TanakaEngenharia Química e Afins: Denisse Reynals BerdalaEngenharia de Segurança e Afins: Edson BimComputação, Sistemas de Tecnologia da Informação e Afins: Giulio Roberto Azevedo PradoEngenharia de Meio Ambiente, Gestão Ambiental e Afins: Evandra Bussolo Barbin

DIRETORIA ESPECIALUniversitária: Onésimo Carvalho LimaDa Mulher: Camila Garcia AguileraDe Ouvidoria: Geraldo Geraldi Junior

CONSELHO DELIBERATIVOPresidente: Wilson Luiz Laguna João Paulo de S. C. FigueiredoCarlos Alberto Palladini Filho Luiz Eduardo Lacerda dos SantosCecílio Fraguas Junior Luiz Fernando CozacDílson Rodrigues Cáceres Luiz Gustavo Leonel de CastroEdes Junqueira Manoel Garcia FilhoEdgard Cury Marcos A. Spínola de CastroEricson Dias Mello Marcos Villela LemosHideo Kumasaka Maria Cristina SalomãoHugo Sérgio Barros Riccioppo Ronaldo Martins TrigoInamar Ferraciolli de Carvalho Sylvio Xavier Teixeira Júnior

CONSELHEIRO TITULAR DO CREA-SP REPRESENTANTE DA AEAARPCâmara Especializada em Engenharia Civil: Ericson Dias Mello

REVISTA PAINELConselho Editorial: Maria Inês Cavalcanti, José Aníbal Laguna, Ericson Dias Mello e Hugo Sérgio Barros Riccioppo

Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Paschoal Bardaro, 269, cj 03, Ribeirão Preto-SP, Fone (16) 3916.2840, [email protected]

Editores: Blanche Amâncio – MTb 20907 e Daniela Antunes MTb 25679

Publicidade: Promix Representações - (16) 3931.1555 - [email protected] Pajolla Júnior / Jóice Alves / Lucimara Zaparolli

Tiragem: 5.000 exemplaresLocação e Eventos: Solange Fecuri - (16) 2102.1718Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader - [email protected] Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.Fotos: Ezequiel Pereira e Texto & Cia.

Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.

EXPEDIENTE

AssociAçãode engenhAriA ArquiteturA e AgronomiA de ribeirão Preto

60 ANOS 05Conheça os homens que dirigiram a AEAARP

60 ANOS 06Dos bondinhos ao metrô

PATRIMÔNIO 08Palacete Innecchi

CREA 10CREA-SP conquista Prêmio Projeto Tecnologia Solidária

OPINIÃO 12Considerações sobre a utilização de água pluvial como fonte alternativa para usos não potáveis

POLÍTICA PÚBLICA 14Gestão sócio-ambiental: algunas lições de Minamata para o Brasil

POLÊMICA 16Governo faz propaganda, mas ainda estudam o Pinhão Manso

BIODIESEL 18Zoneamento de oleaginosas auxilia na produção de biodiesel

POLÍTICA 19Faltarão 50 mil engenheiros para o PAC

60 ANOS 20Registro

BIBLIOTECA 21Engenheiro lança “Rebaixamento temporário de aqüíferos”

NOTAS – CuRSOS 22

NORMAS TÉCNICAS 24Ribeirão-pretano coordena norma de tubos de concreto

SAÚDE 26Qualidade de vida

Índice

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60 aNos

Conheça os homens que dirigiram a AEAARP

Durante todo o ano, a Revista Painel, que também está comemorando os 60 anos de fundação da AEAARP, vai apresentar a história dos presidentes da entidade. Esta edição traz a primeira reportagem e conta a história de Guilherme de Felippe, Francisco Cláudio Innecchi, Paulo Araújo Alvim e Antônio Nogueira de Oliveira - os quatro primeiros homens que presidiram a entidade.

PrEsIDENTEs

Guilherme de FelippeGestão 1948 - 1950

Em 8 de abril de 1948 foi fundada a Associação dos Engenheiros. A entidade, que mais tarde receberia o nome de AEAARP-Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto, nasceu pelo esforço de Guilherme de Felippe e um grupo de profissionais, sendo a maioria composta por engenheiros agrônomos. As outras áreas profissionais – arquitetura e urbanismo e engenharia – eram raras naquele tempo, com excessão da engenharia civil.O primeiro presidente não era graduado. Havia se especializado em engenharia-sacra e tinha cursos na Itália, Sob o comando de Felippe, a entidade pautou seu trabalho por desenvolver ações que promovessem o reconhecimento do profissional. Um dos marcos do trabalho da primeira diretoria foi instituir uma tabela de honorários.

Francisco Cláudio Innecchi Gestão 1950 – 1952

Engenheiro civil, foi diretor do Departamento de Obras e Serviços Particulares da Prefeitura Municipal. Foi um dos fundadores da Associação. Nessa época, a entidade ainda não tinha sua sede e, então, os associados reuniam-se na Casa da Lavoura, ou em bares da cidade. E locais como o Palacete Innecchi, ou menos sofisticados, como subsolos de prédios em construção, também abrigaram muitas reuniões.

Antônio Nogueira de OliveiraGestão 1954 - 1956

Paulo Araújo AlvimGestão 1952 – 1954

Revista Painel 5

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AEAARP6

60 aNos

Ribeirão Preto vai começar a discutir a implantação de um sistema de metrô. “Toda cidade com mais de 500 mil habitantes precisa pensar nisso”, afirma o prefeito Welson Gasparini. O político que mais vezes governou a cidade nas últimas décadas diz que a colaboração da AEAARP será essencial neste processo, assim como foi em outros momentos importantes do desenvolvimento rural, econômico e urbano da cidade. Quando a AEAARP foi fundada, o transporte coletivo era feito pelos bondinhos. Ao completar 60 anos de fundação, a Associação tem sua história fundida à de Ribeirão Preto.

Em 1948, o asfaltamento da rodovia Anhanguera, ligando Ribeirão Preto a Campinas, marcou uma nova fase de desenvolvimento da cidade. Foi também este o ano de nascimento da Associação dos Engenheiros, em 8 de abril por iniciativa de Guilherme de Felippe. Naquela época a área urbana resumia-se a 16 bairros e a economia era eminentemente agrícola.

Gasparini observa que a primeira vez que governou a cidade, entre 1964 e 1969, a população contava 150 mil pessoas. Hoje, segundo estimativa do IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, somos mais de 550 mil ribeirão-pretanos. “Na Europa e os

Dos boNDINhosEUA não há processo vertiginoso de crescimento demográfico tão rápido”, avalia. Neste cenário, “as forças vivas têm de estar atuantes para não deixar cair a qualidade de vida”, completa o prefeito.

Em 1945, segundo a arquiteta Adriana Capretz, ocorreu a primeira tentativa de estabelecer um Plano Diretor que determinasse o crescimento ordenado da cidade. Ela é pesquisadora, autora do trabalho “Cem anos de desenvolvimento urbano de Ribeirão Preto”. O também arquiteto e acadêmico Osório Calil Junior conta que a tentativa de 1945 foi frustrada por interesses econômicos e imobiliários que igualmente fizeram cair por terra outras investidas na organização urbana.

Em todas elas, a partir de sua fundação, a AEAARP esteve presente, seja como entidade representativa da sociedade ou por meio da ação direta de associados, que atuam com destaque no serviço público e na iniciativa privada. O vereador Leopoldo Paulino, presidente da Câmara Municipal, afirma que “as questões de infra-estrutura, crescimento urbano ordenado, respeito ao meio ambiente, às pessoas portadoras de deficiência e ao ser humano sempre foram itens negligenciados pelo poder público e privado no desenvolvimento das cidades”. Ele acredita que cabe a entidades como a AEAARP o papel fundamental de participar e agir para efetivar ações que organizem a cidade e promovam o futuro.

O vereador exalta o engajamento em entidades classistas. “Nos 60 anos da AEAARP, gostaria de dizer aos profissionais da área, como engenheiros, arquitetos e agrônomos que participem do dia-a-dia da entidade e suas lutas para que ela seja cada dia mais forte e atuante e represente com fidelidade os anseios da categoria”.

O embrião da cidade, o centro, vive um processo histórico de desvalorização e decadência, ao mesmo tempo que concentra um comércio vivo e agitado. Casarões, sobrados, teatros e igrejas

compuseram a paisagem daquela área, mantida pela efervescência cultural e econômica. Os tempos mudaram e os antigos moradores migraram inicialmente para a região do bairro Higienópolis e cada vez mais procuram regiões distantes dos corredores comerciais para estabelecerem suas residências.

Manter a vivacidade aliada à qualidade de vida daqueles que trabalham, vivem ou passam por aquela região é, antes de tudo, cuidar da história fazendo com que a cidade tenha sempre vida. A ACIRP-Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto lidera este trabalho, do qual a AEAARP é parceira. Francisco Pinghera, presidente da ACIRP, afirma que a parceria com a AEAARP na discussão de ações, como a revitalização do centro, tem como foco o trabalho pelo bem-estar e a busca de qualidade de vida de toda a população e sua expectativa é a de que esta relação seja ampliada. “Entidades como a AEAARP merecem todo o respeito da população e das autoridades, pois têm grande preocupação com o desenvolvimento regional, não apenas no setor em que atuam”, afirma o presidente da ACIRP.

À frente de seu tempoA perseverança dos profissionais da

agronomia que investiram na fundação da AEAARP e a determinação em investir em seu crescimento e na valorização profissional, com ações culturais, educacionais e políticas, dão a medida da importância da

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Revista Painel 5

história dos associados na construção de Ribeirão Preto.

Logo nas primeiras reuniões da entidade, foi instituída uma tabela de honorários com base do Instituto de Engenharia de São Paulo. No final dos anos 1960, a AEAARP se ligou ao CREA. Foi neste mesmo período que o escritório do Conselho passou a funcionar junto com a sede da Associação, em duas salas do edifício Padre Euclides, adquiridas por meio de doações de associados. A atual sede foi inaugurada em 1985 depois de um ano de construção em terreno doado pelo ex-prefeito Antônio Duarte Nogueira, nos anos 1970.

Quando Ribeirão ganhou a primeira faculdade na área tecnológica, o Instituto Politécnico de Ribeirão Preto (atual Centro Universitário Moura Lacerda), a AEAARP já trabalhava pela valorização, a dignidade e a ética no exercício profissional. A entidade gestou a fundação da FAEASP e foi

Quem estava lá

Quando Ribeirão Preto tinha 91.374 habitantes, 107.900 metros quadrados de área asfaltada e 21.068 construções de pequenos prédios, construções térreas e sobrados, Guilherme de Felippe fundou a Associação dos Engenheiros. Veja quem compôs o embrião da entidade.

Alberto SchiratoAntonio Junqueira ReisAntonio Nogueira de OliveiraBasílio Penteado MachadoDimer Cornélio AcorsiFrancisco Cláudio InecchiGalileu FrateschiGuaracy Ribeiro MonteiroHenrique de Paula SilveiraIride LeoniJosaquim Desidério de MattosJosé do Carmos Guimarães Marques FerreiraJosé Gutemberg de Souza MeirellesJosé Pupin NettoMário de FigueiredoNélson NóbregaOdy RodriguesOrlando de Andrade de FigueiredoOswaldo Augusto ManprimWalter José Ragazzi

A sede da AEAARP está passando por reformas e ampliações. O projeto é assinado pelo arquiteto Carlos Alberto Gabarra e contempla ampliação de espaços, adequação e modernização. O salão de festas, que tinha uma área útil de aproximadamente 190 m2, será ampliado em cerca de 60 m2, e ganhará mais uma área descoberta (de pergolado) de 60 m2, que estará integrada com paisagismo para uso em eventos sociais, além dos banheiros que estão sendo construídos. A cozinha será transformada em um espaço gourmet, modernizada para atendimento tanto de grandes eventos como para as reuniões informais dos associados. O saguão está sendo adaptado com rampas e plataformas para o acesso de portadores de deficiência física e reformulação da escada principal. Além disso, haverá mais espaço para eventos técnicos, científicos ou acadêmicos no segundo pavimento, que está sendo construído e vai abrigar um auditório ou salas de aula. Com

isso, haverá um espaço maior no térreo para a biblioteca da Associação. Finalmente, o projeto inclui um reservatório para captação de águas pluviais e um reservatório elevado para complementação do projeto de combate a incêndio. A sede da AEAARP começou a ser construída em outubro de 1984 e foi inaugurada em outubro de 1985, com projeto assinado por José Marcio Costa Couto. A segunda fase de reformas e ampliações aconteceu em 1992, com projeto de Carlos Alberto Gabarra. E, na terceira fase, o arquiteto Carlos Stechhahn construiu o salão de festas com a cozinha de apoio.

ColaboraçõesEmpresas parceiras para a atual obra de reforma da sede da AEAARP:Balau Madeiras Depósito IrajáCaio Arquitetura em Cerâmica Leão EngenhariaConstrutora Said Portobello Shop

ao mETrô

sede dos primeiros cursos de Gerente de Cidades promovidos pela FAAP na cidade.

A trajetória da AEAARP, em todos os momentos da história da cidade, demonstra que a entidade antecipa tendências e desenvolve uma ação coletiva com o objetivo de fortalecer as profissões e os profissionais que representa ao mesmo tempo em que é protagonista de sua própria história.

rEforma

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PaTrImôNIo

A Revista Painel começa, a partir desta edição, a apresentar uma série de seis matérias sobre o patrimônio arquitetônico de Ribeirão Preto. Profissionais da cidade farão propostas para o que poderia ter sido feito ou, em alguns casos, ainda poderá ser feito por imóveis de importância histórica, arquitetônica e cultural.

A intenção da AEAARP é propor um exercício de criatividade por parte dos profissionais, valorizando o papel do engenheiro e arquiteto no planejamento, construção, desenvolvimento de políticas urbanas para as cidades e preservação de seus patrimônios. E é, também, cumprir seu papel histórico de provocar o debate e reflexões acerca do meio em que vivemos. No final do ano, em data a ser divulgada pela AEAARP, todos os projetos criados para esta série serão impressos em pôsteres que comporão uma exposição comemorativa dos 60 anos da AEAARP. “A exposição poderá ser itinerante, sendo levada a escolas e espaços públicos permanentemente para incentivar a consciência de preservação”, sugere o presidente da AEAARP, engenheiro Roberto Maestrello.

Para a primeira reportagem, foi eleito o Palacete Innecchi, que, nos primeiros anos de vida da AEAARP, chegou a abrigar reuniões de diretoria da entidade, fundada em 1948. Foram convidados o arquiteto e urbanista Eduardo Salata Orsi e a designer Maitê Orsi para apresentarem uma proposta para o que poderia ter sido o destino da construção erguida no início do século XX, em 1900, num momento de aquecimento da construção civil local, especialmente para os empreendimentos voltados a atender as demandas de moradia,

PalacETE INNEcchI

lazer e cultura da elite cafeeira que estava devidamente estabelecida na cidade, na fase de ouro do café, pouco antes da crise da Bolsa de Nova Iorque, em 1929.

Neste contexto, é erguido o Palacete Innecchi, na rua Duque de Caxias, esquina com a Barão do Amazonas – uma entre as várias construções que começam a surgir e se contrapõem à então arquitetura de influências coloniais que, segundo Adriana Capretz, citando Reis Filho no livro “Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto: Um espelho de 100 anos”, era uma arquitetura “feita com materiais locais – elementos neoclássicos sobre paredes de terra e sem o luxo que revestia a capital da Província”.

Assim, os trabalhadores italianos que vieram em substituição aos escravos passam a ser a mão-de-obra que reconstruiu a cidade. Esses mestres-de-obras italianos chegavam a “assinar os pedidos de licenças para construções e assumiam até mesmo as funções do arquiteto”, diz a pesquisadora. Ele também importavam os materiais mais nobres que utilizariam em seus projetos.

As três décadas que abriram o século XX foram marcadas pelo surgimento de construções em estilo eclético que refletiam o perfil das famílias que estavam construindo a cidade. Desta época são construções como a Sociedade Recreativa, onde atualmente funciona o MARP-Museu de Arte de Ribeirão Preto “Pedro Manuel Gismondi”, o solar do Coronel Francisco Junqueira, onde, e também o Theatro Pedro II, este inaugurado em plena crise cafeeira e “viria a se tornar o grande símbolo do poder que esta economia representou para Ribeirão Preto”, escreve a pesquisadora Adriana Capretz Borges da Silva Manhas,

AEAARP8

A CONSTRUçãO DA PERIFERIA

Paralelamente a esse novo cenário que se constrói no centro da cidade, local de moradia, lazer e negócios dos barões do café e suas famílias, outro movimento de urbanização acontecia na periferia, com características muito específicas, fruto de uma filosofia estabelecida à época: era preciso retirar da nobre região central todos os possíveis agentes de contaminação, como cemitérios, hospitais de leprosos, indústrias etc., alerta Adriana Capretz.

A escolha da área para receber tais equipamentos recaiu sobre o Núcleo Colonial Antônio Prado, que abrigou centenas de famílias de trabalhadores italianos, vindos para substituir a mão-de-obra escrava e especializados em profissões urbanas – como os sapateiros, marceneiros, serralheiros, pedreiros e outros. Quase todos os 200 lotes do Núcleo foram comercializados - cada um destinado a uma família composta por marido, mulher e filhos. Assim, esta região também abriga exemplares de pequenas vilas típicas italianas, que repetem, de forma simplificada, mais barata e menos requintada, o estilo eclético que caracterizava os casarões da área nobre de Ribeirão Preto. “São modelos que deveriam entrar nas propostas de preservação porque também têm importância para a reconstrução da história da cidade”, observa Adriana Capretz.

em sua dissertação de mestrado em Engenharia Urbana “Imigração e urbanização: o Núcleo Colonial Antônio Prado em Ribeirão Preto”, em março de 2002.

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VIDRO E AçO

Eduardo Salata Orsi e Maitê Orsi criaram uma proposta que valoriza o contraponto entre a arquitetura eclética do Palacete Innecchi e o design e materiais contemporâneos. “A idéia foi fazer um edifício com composição em planta orgânica e deixar o Palacete em primeiro plano”, explicam.O projeto vislumbra o Palacete, demolido em 0000, abraçado por uma construção destacada por materiais como o vidro e o aço. “É uma fusão de estilos – um do início do século XX e outro contemporâneo – que conviveriam harmonicamente”, sugerem os autores do projeto. Eles destacam que o contraste valoriza a arquitetura do Palacete.A obra, se pudesse existir, poderia ter múltiplas funções. O Palacete abrigaria um centro cultural, por exemplo, para reunir a comunidade em exposições de todas as artes, debates, conferências culturais e eventos afins. Já o novo edifício poderia abrigar uma empresa de prestação de serviços à população, ainda que se tratasse de um negócio com grande fluxo de pessoas – clientes e funcionários.

Revista Painel 9

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adensados na periferia. “Muitas das casas são construídas pelos pró-prios moradores em regi-me de mutirão. A maioria, devido à falta de informa-ção, não prima pela eco-nomia, muito menos pela segurança da construção, o que pode, num futuro próximo, trazer proble-mas sérios, tanto para o poder municipal, quanto para o proprietário”, diz a arquiteta.

O projeto destina-se à população que recebe en-

tre três e seis salários mínimos e que, portanto, se precisasse pagar, não teria acesso a esses serviços. Com a ajuda do programa, as casas são cons-truídas com a orientação técnica de um profissional habilitado, proporcio-nando melhor qualidade de vida, va-

lorizando os imóveis e desen-vo lvendo ordenada-mente o município.

Por in-t e r m é -dio deste p r o j e t o , já foram c o n c e d i -

dos 58 projetos de construção e de regulari-zação aprova-dos e existem atualmente 13 processos de aprovação em a n d a m e n t o . “Só não pude-mos atender

crEa

AEAARP10

Em 14 de agosto 2007, durante a realização do 4º Fórum da Mulher na 64ª SOEAA, o Grupo de Trabalho Mu-lher do Crea-SP conquistou o primei-ro lugar no 1º Prêmio de Tecnologia Solidária. Após avaliar trabalhos dos Conselhos Regionais de todo o país, a comissão de premiação destacou o Programa de Habitação Social - Projeto João de Barro, idealizado pela arquiteta e urbanista Ales-sandra Curadi Joazeiro, coor-denadora do GT Mulher do Crea-SP.

O Projeto João de Barro foi feito em parceria com a Prefeitura Muni-cipal de Itanhaém com a intenção de minimizar o crescimento desordena-do do município e evitar construções clandestinas, tornando acessível às comunidades menos favorecidas os conhecimentos da área tecnológica circunscrita ao Sistema.

Segundo a coordenadora do GT, quando se observam as cidades de médio e grande porte do país, verificam-se núcleos extremamente

coNquIsTa TEcNologIa

mais famílias devido à ausência de documentação de posse ou escritura de seus lotes, que, assim, não podem ter legalmente o projeto aprovado na Prefeitura”, ressalta.

O Projeto João de Barro foi aprova-do através do Decreto nº 2.224, de 19 de agosto de 2004, e regulamentado através da Lei nº 3.085, de 07 de ju-nho de 2004. Em 19 de novembro de 2004, objetivando o estabelecimento de cooperativa técnica, foi celebrado um convênio entre a Associação dos Engenheiros e Arquitetos e a Prefei-tura Municipal de Itanhaém, visando assegurar a implantação e o desen-volvimento do Programa de Moradia Econômica.

Pelo convênio, cabe à Prefeitura, entre outras obrigações, o cadastra-mento e a seleção dos beneficiários, a aprovação dos projetos e a isenção dos pagamentos de taxas, bem como quaisquer serviços de cunho admi-nistrativo.

Os serviços técnicos desenvolvi-dos pelos profissionais indicados têm caráter social, cabendo-lhes tão somente uma ajuda de custo paga pela Associação de Engenheiros e Ar-quitetos de Itanhaém, com recursos provenientes da venda da Caderneta de Visita à Obra, de acordo com a Lei

nº 2.620, de 28 de novem-bro de 2000, que garante que “20% do valor arreca-dado deverá ser destinado à aplicação em projetos sociais de-senvolvidos pela própria

Programa beneficia todos os envolvidos

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PrêmIo ProjETosolIDárIa

arq. e urb. Alessandra Curadi Joazeiro (coordenadora), arq. e urb. Adriana Sanches Garcia, eng. agr. Juliana Parisotto Poletine, Dra., eng. quím. Gislaine Cristina Sales Brugnoli, eng. civil e de segurança do trabalho Elyane Maria Moraes Ferraudo; e arq. e urb. Célia Buccolo Ballario, Msc..

Informações: [email protected]

Composição do GT Mulher do Crea-SP em 2007:

Associação à comunidade carente do município”.

Para a Prefeitura Municipal, o con-vênio apresenta como vantagens a di-minuição do número de construções clandestinas, a oportunidade de tor-nar a cidade mais planejada e organi-zada, maior segurança das moradias e melhor qualidade de vida e de saú-de aos munícipes.

Por sua vez, a Associação cumpre o seu papel social, uma vez que a en-tidade presta um serviço de assistên-cia à população, assim como participa e conhe-ce ativamente o proces-so de implantação da política habitacional do município.

Segundo a Lei do Pro-grama de Moradia Eco-nômica – Projeto João de Barro, tem direito a requerer uma planta popular quem: possua como único imóvel o ob-jeto da planta popular; não tenha gozado do be-nefício de planta popular ou qualquer outro tipo de programa habitacional nos últimos cinco anos; possua renda familiar de até quatro salários mínimos; documento de pro-priedade do terreno; e resida no mu-nicípio há, no mínimo, cinco anos.

Apesar do sucesso do programa, em dezembro de 2005 o poder legis-lativo da cidade revogou a lei da “Ca-derneta de Obras” da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Itanha-ém, único meio de viabilizar o Projeto João de Barro. Desde então, a Asso-ciação vinha atendendo os beneficiá-rios com um saldo gerado pela venda da Caderneta de Obras daquela épo-ca, recurso atualmente já esgotado. “Continuamos tentando novamente a aprovação da lei para garantir a conti-nuidade do projeto, afinal trata-se de um serviço prestado para o bem pú-

blico”, diz a coordenadora do GT Mulher.

O objetivo do Projeto Tecnologia Solidária é pro-porcionar a formação de mulheres multiplicadoras junto aos Conselhos Regio-nais nas ações de melhoria da qualidade de vida das

regiões urbanas e rurais, visando mu-dar uma realidade comportamental por meio dos trabalhos propostos.

Em consonância com a metodologia proposta pelo Projeto Tecnologia So-lidária, o GT Mulher do Crea-SP sele-cionou como prioritários os seguintes segmentos: saneamento, habitação e assistência técnica institucional no âmbito da engenharia e arquitetura públicas, atendimento a comunida-des urbanas com predominância de mulheres, que muito contribuem para a economia familiar e de baixa renda, num município onde a problemática da realização de obras sem acompa-nhamento de profissionais qualifica-dos é evidente.

Com a premiação, o GT Mulher do Crea-SP ganhou direito a duas inscri-ções para o Fórum da Mulher, que vai

ser realizado em dezembro de 2008, em Brasília/DF, durante o WEC–Con-gresso Mundial de Engenheiros, se-diado pela primeira vez no Brasil.

Para a presidente do Crea-DF e co-ordenadora do Fórum da Mulher, en-genheira civil Lia Sá, os projetos mos-tram não apenas a capacidade das mulheres na área tecnológica, mas a sua sensibilidade para os proble-mas sociais do país. Os GTs regionais são instituídos pelo GT nacional, que fornece as diretrizes de atuação dos grupos.

Projeto visa melhorar qualidade de vida da

população

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A escassez de água potável é uma das grandes preocupações neste início de século XXI, sendo discutida em todo o mundo e até mesmo apontada como um dos possíveis motivos de guerras em um futuro próximo. Em função disto, é cada vez maior a busca por alternativas eficientes para a redução do consumo per capita de água potável. As alternativas tecnológicas têm sido as mais sensatas, uma vez que permitem a redução do consumo sem a necessidade de alterações bruscas nos hábitos dos usuários. Entre estas soluções, o aproveitamento de água pluvial para fins não potáveis aparece como uma boa alternativa, pois além de reduzir o consumo funciona indiretamente como uma medida não estrutural de drenagem urbana, outro problema que afeta um grande número de cidades no Brasil.

Sistemas para aproveitamento da água pluvial já são utilizados por todo o mundo, principalmente em países como EUA, Japão, Alemanha e Austrália. No Brasil, sua utilização ainda é reduzida devido principalmente à falta de conhecimento da tecnologia, o que acarreta certa desconfiança e insegurança à população. Porém, com a necessidade de redução do consumo de água potável devido à crise já existente e com o aprimoramento das técnicas de execução, utilização e manutenção de um sistema como este, sua aplicação tende a crescer gradativamente nos próximos anos.

Esses sistemas já eram utilizados na antiguidade, porém com uma estrutura bastante simplificada. No Brasil autores citam que a instalação mais antiga é a da Fortaleza de Ratones, que foi construída no Século XVIII, onde a água dos telhados era coletada e conduzida a uma cisterna para ser consumida pelas tropas do Império.

Fortaleza de Ratones em FlorianópolisRetirado do Projeto Fortalezas Multimídia

www.fortalezasmultimidia.com.br

AEAARP12

oPINIÃo

coNsIDEraÇÕEs sobrE a como foNTE alTErNaTIVa

A água pluvial pode ser utilizada em descargas de bacias sanitárias, irrigação de jardins, lavagem de automóveis, lavagem de garagens e subsolos de edifícios, piscinas, lava-rápido de postos combustíveis, amassamento de concretos, etc., podendo ser utilizada até para fins potáveis, porém com tratamento adequado para que atinja os padrões de potabilidade exigidos.

Um sistema de aproveitamento de água pluvial em edificações é composto pela área de coleta; condutores e o armazenamento (reservatórios ou cisternas). Para área de coleta geralmente são utilizadas as coberturas. O tratamento a ser dado a esta água dependerá de sua destinação final.

Esquema de coleta de água pluvial com reservatório de auto-limpeza

Fonte: TOMAZ (1998)

Sistemas de descarte da primeira água (reservatório auto-limpeza na figura) são bastante comuns e considerados por muitos como essenciais ao sistema, até mesmo quando a água coletada não será utilizada para fins potáveis.

A qualidade da água armazenada é algo que tem sido muito discutido, principalmente nos casos onde a água coletada é utilizada para fins potáveis, como o que ocorre, por exemplo, em determinadas regiões no Nordeste brasileiro.

Em geral, a água precipitada apresenta boa qualidade, principalmente em função do processo de destilação

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uTIlIZaÇÃo DE água PluVIalPara usos NÃo PoTáVEIs

natural que a mesma sofre. Tal processo está ligado aos processos de evaporação e de condensação. No entanto, vários fatores podem alterar a qualidade da água pluvial, tais como: condições climáticas locais, localização, tipo e material da área de captação e do reservatório, presença ou não de acessórios, manutenção e limpeza adequada, entre outras, tornado-a muitas vezes imprópria para o consumo humano.

Na fase de elaboração do projeto, diversos procedimentos devem ser adotados para garantir a qualidade da água do ponto de vista bacteriológico. Um projeto onde a manutenção e limpeza do tanque e da área de captação sejam facilitadas será um projeto que preserva

a qualidade da água pluvial. Reservatórios que evitam o contato direto de homens e animais com a água, utilização de equipamentos que descartem a primeira água precipitada, são ações que podem garantir essa “segurança sanitária”.

O ideal, é que a qualidade da água a ser utilizada sempre seja analisada, observando se os padrões mínimos exigidos, para o uso ao qual ela se destina, foram alcançados.

Simar Vieira de Amorimprofessor associado da Universidade Federal de São Carlos, [email protected]

Daniel José de Andrade Pereiraengenheiro civil, [email protected]

Sistemas para aproveitamento da água pluvial já são

utilizados por todo o mundo, principalmente em países como EUA,

Japão, Alemanha e Austrália. No Brasil, sua utilização ainda é

reduzida...

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PolíTIca PúblIca

A espécie humana, com sua inteligência diferenciada e suas inúmeras habilidades, tem sido capaz de realizar grandes e profundas transformações no meio ambiente (nos espaços locais e globais), adaptando-o de modo a favorecer a sua sobrevivência e a permitir os diferentes processos produtivos utilizados ao longo da história. Porém, o uso intensivo e, em alguns casos, predatório, dos recursos naturais, desencadeado principalmente após a chamada Revolução Industrial (no século XVIII), tem originado uma crescente preocupação acerca da sustentabilidade das intervenções humanas e da magnitude dos desequilíbrios ecológicos que, então, se estabelecem.

Por essas razões, diversos movimentos ambientalistas, de proteção e preservação da natureza, vêm se institucionalizando em praticamente todos os países, durante essas últimas décadas. Mais recentemente, têm sido enfatizadas também as questões de cunho sócio-ambiental (ou de saúde ambiental), cujo foco concentra-se nos potenciais riscos e nos danos à saúde humana que são decorrentes das transformações no meio ambiente – principalmente as doenças e agravos que incidem na população, urbana e rural, como conseqüência da depleção e poluição das águas, do ar e dos solos.

No caso brasileiro, é premente o desenvolvimento de uma gestão sócio-ambiental ágil e eficiente, que possa atender às demandas de uma nação com dimensões continentais, variados ecossistemas, importante produção industrial e agropecuária, disparidades econômicas regionais e marcantes vulnerabilidades sociais.

E, nesse sentido, vale a pena buscar lições e experiências exitosas implementadas em outras partes do mundo – tendo sempre presente, naturalmente, as diferenças culturais e geográficas que distinguem o Brasil de outros países.

Há no Japão, por exemplo, um município emblemático no que se refere aos assuntos que envolvem meio ambiente e saúde humana. A cidade de Minamata, situada no estado de Kumamoto, foi fundada no final do século XIX e cresceu alavancada pela produção de

fertilizantes da fábrica Chisso. No período pós-II Guerra Mundial, a Chisso ocupava a grande maioria da mão-de-obra do município e configurava-se como um dos alicerces do crescimento econômico japonês. Em 1956, porém, começaram a surgir, nas famílias de pescadores locais, vários casos de uma síndrome desconhecida. A morbidade, que passou a ser denominada doença de Minamata, incluía várias disfunções neuro-motoras, com diversos níveis de gravidade: ataxia, dormência nas mãos e pés, fraqueza muscular, estreitamento do campo da visão, danos à fala e à audição, distúrbios mentais, paralisia e coma (nos casos extremos, levando à morte). Após anos de pesquisas científicas e batalhas judiciais, foi comprovado que a causa da doença era o despejo massivo, por parte da fábrica Chisso, de mercúrio e metil-mercúrio nas águas dos rios e do mar, contaminando os peixes consumidos pela população. A intensa poluição ambiental perdurou até 1968 e os dados existentes indicam que: quase 3.000 pessoas foram oficialmente identificadas como portadoras da doença de Minamata (cerca de 700 delas ainda vivem) e mais de 22.000 pessoas, com idade acima de cinqüenta anos, possuem sintomas leves a moderados da síndrome (e continuam a buscar certificação legal, para obtenção de indenização – com base no princípio legal do “poluidor pagador”).

Esse desastre ambiental e suas graves repercussões sobre a saúde pública induziram grandes mudanças em Minamata, ao longo das últimas três décadas.

A Chisso diversificou sua produção, ampliando-a para outros itens de alta tecnologia e valor agregado (a empresa tornou-se umas das maiores fabricantes de cristal líquido do planeta); além disso, adota práticas avançadas de tratamento de resíduos (o mercúrio não é mais utilizado em sua linha de produção).

E, em um contexto mais abrangente: as instituições governamentais do município de Minamata, do estado de Kumamoto e da esfera federal, articuladas com diversas organizações não governamentais (ONG) e com empresas privadas, vêm construindo um modelo de

AEAARP14

Eco-parque em Minamata.

Separação do lixo doméstico, em 22 categorias, em Minamata.

Unidade de reciclagem

de lixo doméstico, em

Minamata.

Unidade de reciclagem de aparelhos eletrônicos, em Minamata.

Unidade de reciclagem

de restos de construção, em

Minamata.

Vista de uma das praias que foram completamente despoluídas, em Minamata.

Sérgio Augusto Jábali Barretto é biólogo, com mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo. Consultor do Ministério da Saúde do Brasil.

gEsTÃo sócIo-ambIENTal: DE mINamaTa

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algumas lIÇÕEsPara o brasIl

gestão sócio-ambiental com a participação comunitária, visando fazer da cidade um modelo mundial de respeito à natureza e ao bem-estar da população.

As ações e estratégias conduzidas de forma compartilhada pelos diferentes setores da sociedade organizada têm gerado muitos benefícios e promovido vários empreendimentos de sucesso, dentre os quais se destacam: a) a drenagem de todos os organismos e sedimentos marinhos contaminados pelo mercúrio, e sua contenção e aterramento em área ampla sobre a qual foi edificado um eco-parque; b) a formação de grupos de apoio aos portadores da doença de Minamata, com a disponibilização de salas para seu encontro cotidiano e para a elaboração de artesanatos; c) a construção de um hospital e asilo para cuidar de alguns dos pacientes remanescentes, com sintomas mais graves da doença de Minamata; d) a estruturação e funcionamento de um Instituto Nacional para realização de pesquisas, análises clínicas e laboratoriais relacionadas à contaminação por mercúrio (subsidiando outras nações que enfrentam ainda dificuldades nessa área); e) a separação cotidiana, pelas famílias, do lixo reciclável em 22 categorias; f)

a instituição da figura dos “mestres” ambientais (cidadãos que atuam, por exemplo, na produção orgânica de alimentos ou na elaboração tradicional de papel ou de utensílios de bambu); g) a intensa fiscalização e tratamento dos resíduos industriais; h) o contínuo monitoramento das águas bruta e tratada, bem como dos alimentos (o teor de mercúrio dos peixes locais é inferior, atualmente, à média observada para o país); i) a implantação de fábricas, pela iniciativa privada, para a reciclagem de uma extensa gama de itens (restos de construção, garrafas “pet”, vidros, aparelhos eletrônicos, óleos industriais, plásticos e lixo doméstico, em geral).

A capacidade de superação desse pequeno município japonês (de menos de 100 mil habitantes) é, portanto, fonte de inspiração para muitos gestores e administradores públicos, ao redor do mundo.

Para as cidades brasileiras, em especial, a história de Minamata representa um alerta de vital importância (principalmente quando da vigência do Programa de Aceleração do Crescimento, PAC) e aponta para a necessidade de se criar instrumentos e caminhos que permitam, verdadeiramente, um desenvolvimento sustentável e profícuo.

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O pinhão manso, cujo nome científico é Jatropha curcas, é uma planta de origem tropical bem adaptada a diversas regi-ões do Brasil, aparece em vários plantios desde a linha do Equador até o Estado do Paraná e possui múltiplos usos, o que faz com que a cultura tenha um considerável potencial de exploração comercial.

Trata-se de um arbusto com altura média entre 2m e 3m, podendo chegar a mais de 8m e, em alguns casos, atingir os 12m de altura. Possui uma copa larga e irregular, caule reto e liso, com diâmetro de aproxi-madamente 2-3 cm, casca fina e amarelada coberta por uma fina camada de cera. Sua madeira é flexível, mas pouco resistente, seus ramos são compridos e possuem ra-mificações que surgem desde a base do tronco e por serem plantas que perdem suas folhas no inverno, apresentam muitas cicatrizes. Sua idade produtiva é alcançada entre três e quatro anos após o plantio no campo e chega a produzir por até 40 anos. O látex circula toda a planta em longos ca-nais que o levam até as raízes. A planta de pinhão possui um sistema radicular com muitas raízes laterais e uma raiz principal, que atinge grandes profundidades.

Na busca de informações sobre o centro de origem desta planta, verificou-se que vários pesquisadores se dedicaram a este tipo de estudo, no entanto, ainda existe um impasse em relação ao local exato de sua procedência, uma vez que ela aparece em todas as regiões intertropicais do globo. O pinhão manso pode ser encontrado desde as Américas Central e do Sul, África (regi-ões costeiras tanto do lado leste como oeste do continente), Ilhas de Cabo Verde, Ásia, Filipinas, até as ilhas da região de Java. Em todos estes locais, ele chegou muito provavelmente trans-portado nos navios mercantes.

De acordo com a bibliografia con-sultada, alguns pesquisadores acredi-tam que, no Brasil, o Ceará é o berço desta espécie, no entanto, foi atribuído ao México seu centro de origem mais provável, visto que estudiosos obser-varam que nestes locais esta planta aparece de maneira natural nas flores-tas costeiras da região e não apenas em cercas vivas ou áreas cultivadas.

goVErNo faZ ProPagaNDa, mas

A combinação de fatores como a produ-ção de óleo para o biodiesel, controle de erosão, crescimento em áreas marginais, seqüestro de carbono e resistência à seca, fazem com que a cultura do pinhão manso, além de gerar benefícios ambientais, au-mente a fonte de renda das pessoas que de-pendem da agricultura familiar. No entan-to, a falta de informações que comprovem cientificamente todo seu potencial, torna difícil sua divulgação e plantio.

É uma planta cujas sementes germinam em torno de 10 dias após a semeadura e, quando colocadas no campo, podem sofrer problemas de adaptação nos casos onde o solo seja raso, encharcado, pouco arejado e de difícil drenagem. Quando se deseja um rápido estabelecimento da cultura, pode-se optar pelo uso da produção de mudas por estacas, com as novas plantas se forman-do, geralmente, três semanas depois de colocadas para enraizar.

Apesar dos poucos estudos com esta planta, existem algumas informações so-bre pragas e doenças para esta cultura aqui no Brasil, pois em plantios realizados pela CATI, já houve relatos sobre problemas com insetos que provocam furos nos tron-cos, ácaros e doenças como o oídio. Es-tudiosos sobre o assunto afirmam também que o pinhão manso é hospedeiro do vírus da mandioca e esta doença pode ser trans-mitida para as áreas de plantio próximas.

Exemplos vindos da República de Mali, na África, mostram que em vilarejos onde existem grandes extensões de cervas vivas com Jatrophas, estas permitem a colheita

PolêmIca

AEAARP16

de vários quilos de sementes pelos mora-dores locais, que podem somar alguns dó-lares a mais na renda familiar depois que seu óleo é extraído e o produto é vendido.

Hoje em dia, com a chegada da “era dos biocombustíveis”, esta planta tornou-se o carro-chefe da indústria da publicidade e propaganda, tanto a falada como a escrita. O termo biodiesel, associado a esta planta, é mais popular e vende tanto espaço publi-citário em jornais e revistas como os es-cândalos na câmara e no senado federal.

Quer incentivo maior que o presidente aparecer em público com uma muda de pi-nhão manso na mão? Isso aconteceu quan-do ele falou sobre o programa nacional do biodiesel, com início previsto para 2008 e que dificilmente será cumprido, mesmo que todos os esforços estejam voltados para que se consiga matéria-prima em quantidade suficiente para garantir a mis-tura mínima de 2% de biodiesel no óleo diesel convencional.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Biodiesel (Abio-diesel), o país que até agora produziu mais de 200 milhões de litros ainda tem um dé-ficit de 600 milhões de litros e, em hipóte-se alguma, esta quantidade será suprida.

Para a Agência Nacional do Petróleo, uma boa parte da produção que se esperava obter baseava-se nos mais de 30 projetos que estavam envolvidos com a produção de biodiesel, no entanto, as associações ligadas ao setor chegaram à conclusão de que no máximo cinco destes estavam con-seguindo, efetivamente, produzir o óleo

combustível.No caso da produção em escala fa-

miliar, o governo chegou a criar pro-gramas de incentivos fiscais previstos de acordo com o percentual da agri-cultura familiar envolvido no proces-so, mas muitas dúvidas ainda existem e este assunto precisa ser bem discu-tido.

A espécie Jatropha curcas, L., an-tes mesmo deste alvoroço todo, estava sendo utilizada de várias outras ma-neiras, como por exemplo: cerca viva, pois os animais a respeitam devido ao forte sabor (acre) de suas folhas e cas-ca, e também em conseqüência do lá-

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aINDa EsTuDam o Pinhão Manso

Revista Painel 13

tex cáustico, que a torna invulnerável para animais de pequeno e grande porte; óleo para lamparinas, pois além da boa chama, não produz fumaça; planta para controle de erosão; óleo lubrificante, com algumas ressalvas devido à sua viscosidade e ou-tras substâncias químicas de sua estrutu-ra; tintas de escrever, de impressão e para

pintura; em saboarias, for-necendo sabão duro marmore-ado de excelen-te qualidade, muito solúvel em água e que produz bas-tante espuma; e como plan-ta medicinal, apesar das ob-servações rea-

lizadas por vários pesquisadores sobre a toxicidade desta planta.

Embora sejam inúmeros os relatos da utilização de muitas partes desta planta na medicina caseira, recomenda-se cautela ou mesmo não utilizar a planta para estes fins, pois existem vários casos de intoxi-cação provocados pela mesma. Sabe-se que ela possui propriedades purgativas e quando ingeridas em doses além da ne-cessária, desencadeiam uma série de rea-ções no organismo, tais como vômitos e diarréias que dependendo da intensidade podem provocar a morte da pessoa.

Em meados da década de 1980, a EPA-MIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) chegou a iniciar alguns trabalhos com esta cultura no Brasil, mas devido à falta de apoio financeiro que as-segurasse o término destes, não foi possí-vel a obtenção de todos os resultados.

O que todos esperam, agora, é que as

pesquisas com esta promissora cultura possam ser financiadas e divulgadas, ces-sando assim o exagero e excesso de oti-mismo em torno desta cultura que, apesar de pouco estudada, sem dúvida é bastante promissora e está bem enquadrada no con-texto da busca por opções menos poluen-tes de geração de energia.

Eduardo Suguino – pesquisador científico da APTA - Ribeirão Preto – Secretaria da Agricul-tura e Abastecimento do Estado de São Paulo

anúncio Fortes Guimarães

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pelo Departamento de Gestão de Risco Rural no Diário Oficial da União à medida que a metodologia de risco seja concluída pela Embrapa e pelas instituições públicas de pesquisa. Desde 1996, já existe o zoneamento para as lavouras de algodão, soja e mamona.

Os técnicos têm estudos para ampliar este trabalho para outros estados, como é o caso do algodão em Rondônia; da mamona, que, além da região Nordeste foi ampliada para todos os estados da região Centro-Sul na safra 2007, futuramente, Pará e Rondônia, e da soja nos estados da região Norte, menos Tocantins, já concluído.

Serão finalizados ainda neste ano, os zoneamentos para a canola na região Sul, dendê nos estados do Maranhão e Piauí e girassol no Rio Grande do Norte e outros em andamento. As informações do zoneamento de risco climático especificam os tipos de solos, as cultivares, os períodos mais indicados para o plantio e a relação

ZoNEamENTo DE olEagINosas auXIlIa Na ProDuÇÃo DE bIoDIEsEl

bIoDIEsEl

Entra em vigor em 01/07 a obrigatoriedade da adição de 3% de biodiesel ao óleo diesel no Brasil, a mistura conhecida como B3. A obrigatoriedade passou a vigorar em 01/01 deste ano, em percentual de 2% de biodiesel.

Segundo o coordenador de Agroenergia, da Secretaria de Produção e Agroenergia, do Ministério da Agricultura, Frederique Rosa e Abreu, atualmente, 90% da matéria-prima utilizada no biodiesel são provenientes do óleo de soja, os outros 10% vêm do algodão, amendoim, palma de dendê, gergelim, girassol, mamona, canola e sebo ou gordura animal.

Por isso a Secretaria de Política Agrícola (SPA) vem fazendo o zoneamento agrícola de risco climático das oleaginosas destinadas ao Programa Nacional de Produção e uso do Biodiesel. As oleaginosas contempladas são algodão, amendoim, canola, dendê, gergelim, girassol, mamona e soja.

Os zoneamentos estão sendo divulgados

ANÚNCIO GRÁFICA

dos municípios considerados aptos ao cultivo em cada estado.

Segundo o coordenador-geral de Zoneamento Agropecuário, da SPA, Francisco José Mitidieri, o zoneamento estimula a oferta de matérias-primas para a produção do biodiesel, hoje concentrado no óleo de soja, uma vez que esse pacote técnico orienta os agricultores, os agentes financeiros de crédito de custeio agrícola e o enquadramento no seguro rural.

Produção e consumo de biodiesel A produção de biodiesel, em 2007, foi

de 402 milhões de litros, o que representou uma mistura média de B1 (1% de biodiesel no diesel). A produção foi igual ao consumo de biodiesel. A expectativa de produção de biodiesel para 2008, conforme projeção do Ministério de Minas e Energia, é de pelo menos 1,05 bilhão de litros, sendo 420 milhões de B2, no 1º semestre, e 630 milhões de litros de B3, no 2º semestre.

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falTarÃo 50 mIl ENgENhEIros Para o Pac

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, apresentou um balanço das obras do PAC-Programa de Acelera-ção do Crescimento na AEAARP, em março, e disse que o volume de obras exigirá mais profissionais do que o mercado oferece. Em suas contas, fal-tarão pelo menos 50 mil engenheiros para tocar as obras do PAC.

Bernardo traçou um balanço da carreira de milhares de engenheiros que saíram dos bancos universitários e acabaram empregados em outras funções, como as agências bancárias. “Uma geração inteira fora da profissão é uma anomalia”, avaliou o ministro.

O crescimento do PIB-Produto Interno Bruto, que segundo o IBGE-Instituto Bra-sileiro de Estatística foi de 5,4% em 2007,

PolíTIca

alavancou a economia e um dos setores que mais sentiram este empurrão foi a constru-ção civil. O governo federal promete um aquecimento ainda mais expressivo com as intervenções do PAC.

O ministro foi questionado pela impren-

sa local sobre possíveis investimentos incluídos no programa para as obras de contenção de enchentes em Ribeirão. Ele respondeu que o PAC está plane-jando intervenções permanentes em planejamento urbano para solucionar estes problemas em diversas regiões do país. Naquela semana, cinco pesso-as haviam morrido em uma enchente ocorrida em Curitiba (PR). Bernardo não especificou nenhum investimento em Ribeirão.

O ministro foi recebido na AEAARP pelo prefeito Welson Gasparini e pelo

presidente da Associação, engenheiro Ro-berto Maestrello, que abriu a conferência ressaltando a importância da exposição feita por ele. Pelo menos 150 pessoas par-ticiparam do evento.

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60 aNos

No dia 28 de fevereiro, a AEAARP recebeu diretoria, asociados, imprensa e autoridades para apresentar a programação de eventos comemorativos de seus 60 anos. O ponto alto do coquetel foi o lançamento do selo dos Correios alusivo ao aniversário da Associação.

rEgIsTro

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city luz

bIblIoTEca

ENgENhEIro laNÇa “rEbaIXamENTo TEmPorárIo

DE aqüífEros”Rebaixar o nível d´água para realizar

escavações e construções em ambien-te seco e seguro é uma operação coti-diana em engenharia urbana. Apesar de ser uma instalação temporária, é fundamental que seja corretamente dimensionada, implantada e manti-

da a fim de assegurar condições téc-nicas e econômicas adequadas para a implantação

da obra de engenharia definitiva. “Rebaixamento Temporário de Aqüíferos” é um manual que

apresenta vários sistemas de rebaixamento e os critérios para sele-ção e dimensionamento de cada um deles e de seus equipamentos. Esses projetos específicos são completados pelo quadro de referên-cia a respeito dos aspectos geotécnicos, hidráulicos e mecânicos de motores, bombas e demais componentes importantes, sem descui-dar da drenagem superficial e profunda que os complementam.

Entre os sistemas de rebaixamento são tratados: bombeamento direto, ponteiras, injetores e ejetores e bombeamento submerso. Exemplos de casos reais e exercícios resolvidos permitem ao leitor

compartilhar da grande experiência do engenheiro Urbano Alonso, um nome de destaque na prática da engenharia.

O livro destina-se a engenheiros civis, estudantes e demais pro-fissionais envolvidos com obras civis.

Sobre o autorUrbano Rodriguez Alonso iniciou sua carreira profissional em

1967, no departamento técnico da Franki, no Rio de Janeiro, onde participou de vários projetos de execução de fundações e infra-estrutura (subsolos). Nessa ocasião, colaborou no projeto de rebai-xamento para a escavação da Casa de Força da barragem do Rio Curuá-Una, uma das maiores obras de rebaixamento da época, com área de 15.000 m2 e 20 m de profundidade.

Foi professor da Escola de Engenharia da Universidade Macken-zie nas disciplinas de Mecânica dos Solos e Fundações durante 15 anos e da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) na disci-plina de Fundações durante 17 anos.

É autor dos livros Exercícios de Fundações, Dimensionamento de Fundações Profundas e Previsão e Controle das Fundações, além de co-autor da obra Fundações – Teoria e Prática.

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NoTas - cursos

NOTAS

Mobiliário urbano: última lei comple-mentar terá audiências públicas

A AEAARP foi protagonista na elaboração e aprovação do Plano Diretor, trabalhando para defini-lo e por sua aprovação. A última trin-cheira desta luta é a lei do mobiliário urbano, a última lei complementar ao Plano Diretor que ainda tramita no legislativo. Leopoldo Paulino, presidente da Câmara Municipal, disse a Painel que esta é uma das leis “mais mais complexas porque trata de muitos seto-res, temas, interfaces, que não têm uma cul-tura de interação”. Segundo ele, a Comissão de Justiça vai realizar audiências públicas com os diversos setores interessados para depois colocá-la em votação.

Correios lança bloco de selos com obras de Niemeyer

O Memorial da América Latina e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói são as es-tampas de um bloco com dois selos que os Correios acabam de lançar. A arte do bloco, elaborada por Cris Alencar, remete a uma fo-lha de rascunho, simbolizando traços de Nie-meyer. Os selos começam com linhas sim-ples nas laterais, até que, ao centro, as obras tomam aspecto real, apresentando no primei-ro selo o Museu de Niterói. O segundo mos-tra o Memorial da América Latina e a estátua da mão espalmada, ostentando o desenho do mapa da América Latina. O fundo do bloco - que não é utilizado na postagem - retrata monumentos construídos em Brasília.

Sérgio Amaral, diplomata e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Maurílio Biagi Filho, presidente da Maubisa, Marcelo Diniz Junqueira, presidente da Clean Energy e Carlos Monforte, da Globonews.

Energia limpa

. . . . . . . . . . .

Há 10 anosO livro comemorativo que a AEAARP editou há 10 anos, quando festejou o primeiro meio século de existência da entidade, registra que, naquela época, 500 milhões de litros de álco-ol estavam estocados pelas usinas e destilarias da região e que o consumo de álcool sofria redução. . . . . . . . . . . .

O mundo todo está com a atenção voltada para o Brasil, que lidera a produção e as pesquisas de fontes alternativas de geração de energia limpa. O consumo de etanol aumenta 3 bilhões de litros todos os anos, segundo as informações reveladas durante o evento Cenários da Safra Canavieira, promovido em março, pela Facioli Consultoria. Marcelo Diniz Junqueira, diretor executivo da Clean Energy, participou do evento e disse que a revolução tecnológica no campo vai proporcionar o aumento da produção por meio de plantas geneticamente modificadas. A AEAARP promoveu no ano passado um amplo debate sobre o tema, durante a Semana de Agroenergia, que revelou lideranças da entidade à frente de importantes pesquisas para desvendar fontes alternativas à cana-de-açúcar ao mesmo tempo em que outros dedicam-se em melhorar o desempenho deste cultivar.

Produção e consumo de biodiesel A produção de biodiesel, em 2007, foi de 402 milhões de litros, o que representou uma mistura média de B1 (1% de biodiesel no diesel). A produção foi igual ao consumo de biodiesel. A expectativa de produção de biodiesel para 2008, conforme projeção do Ministério de Minas e Energia, é de pelo menos 1,05 bilhão de litros, sendo 420 milhões de B2, no 1º semestre, e 630 milhões de litros de B3, no 2º semestre. Cada 1% de biodiesel misturado ao diesel representa um ganho na balança comercial da ordem de US$ 300 milhões/ano, em virtude da substituição de diesel importado. Ou seja, com a mistura B3 a economia de divisas será de aproximadamente US$ 900 milhões.

AEAARP22

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ARQUITETO E URBANISTADANILO PAGLIUCA DAMAGGIO

PAULO ROBERTO LOCCE JUNIORENGENHEIRA CIVIL

CLAUDIA MARIA DIAS COTRIMENGENHEIRO CIVIL

ALVARO GUARITA NETOHOMERO LARRAZ FERREIRA

IVAEL NADALINENGENHEIRO ELETRICISTA

JOSE CARLOS MAZZO MILAGREMARCELO NISHIDAN

OVO

S A

SS

OC

IAD

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Revista Painel 19

CURSOS

Feng Shui aplicado ao Design de InterioresO participante aprende os conceitos do Feng Shui e sua aplicação nos projetos de design de interiores. Também desenvolve e estimula a intuição e a criatividade (inteligência espiritual) através da metafísica. (Carga horária: 15 horas)

Perspectiva a Mão Livre: o Croqui como Ferramenta de ProjetoO participante torna-se capacitado para traçar perspectivas internas de um ou dois pontos de fuga, utilizando o croqui como uma valiosa ferramenta na hora de projetar e verificar se o que foi desenhado se verifica no espaço. (Carga horária: 27 horas)

Vitrinismo Básico para o VarejoO participante aprende a organizar e expor produtos atendendo às necessidades de demonstração do objeto nas vitrines de acordo com o público alvo. (Carga horária: 36 horas)

ENGENHEIRO MECANICOARY PANIGHEL BENEDICTO JUNIOR

RODOLFO GARCIAESTUDANTE - ARQUITETURA E

URBANISMOCLAUDIO ROBERTO ALEM DE ALMEIDA

GUSTAVO SANTIAGO REIS DE MENDONCALIGIA CAMPANER HERNANDESLIVIA CAROLINA SCARPELLINI

MELINA DASSIE NOGUEIRARENATA IZA MELATO RODRIGUESSTELLA SPADONI SCATAMBULO

ESTUDANTE - AGRONOMIA E AFINSFERNANDO HENRIQUE RIBEIRO

SYLLAS SAQUY BERTINIVINICIUS SUZUKI ANTONINI

ESTUDANTE - ENGENHARIA CIVIL E AFINSFABRICIO FERNANDES PERES

FLAVIA SICHCIOPI PEREIRARENATO EDUARDO IBRAHIM

THULLIO OLIVI ALMEIDATECNICO DESENHISTA DE ARQUITETURA

PLINIO LUIZ MIRANDA BORGES

Decoração PráticaO participante aprende a elaborar projetos básicos de distribuição de ambientes aplicando conhecimentos de circulação mínima, de espaço, mobiliário, distribuição funcional, materiais e suas aplicabilidades a fim de tornar os ambientes funcionais, dinâmicos, promovendo assim o bem estar dos usuários. (Carga horária: 54 horas)

Técnico em Design de Interiores É um curso profissionalizante.O aluno aprende como planejar, criar e executar projetos de design de interiores residenciais e de espaços comerciais, com técnicas e soluções adequadas de acordo com as necessidades do cliente, a funcionalidade e a melhoria da qualidade de vida. (Carga horária mínima: 822)

www.sp.senac.br

Agenda de cursos voltados para a área de design do SENAC-Ribeirão Preto

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PaINEl DE NEgócIos

Painel de Negócios

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AEAARP24

Normas TécNIcas

rIbEIrÃo-PrETaNo coorDENa Norma DE Tubos DE coNcrETo

O setor de infra-estrutura, em específico o de tubos de concreto, visando uma me-lhoria no processo de instalação de seus produtos nas obras de drenagem e esgo-tamento sanitário, junto a ABNT – As-sociação Brasileira de Normas Técnicas vem conduzindo o estudo de norma para especificação do processo de instalação – assentamento dos tubos de concreto.

Essa avaliação está sendo realizada por uma Comissão de Estudos, formada por consumidores (prefeituras, órgãos de saneamento), produtores (empreiteiros e construtores) e por neutros (laboratórios, projetistas e empresas de fiscalização), gerenciada pelo CB 02 – Comitê Brasi-leiro que trata dos produtos da construção civil.

O engenheiro José Roberto Romero, co-ordenador da comissão e representante da AEAARP, explica que a elaboração dessa Norma Técnica para utilização dos tubos de concreto será um grande salto tecno-lógico tanto às empresas executoras das obras de drenagem e esgotamento sanitá-

rio, como as empresas que utilizam esses serviços (prefeituras, órgãos públicos, con-cessionárias, loteamentos etc.). Segundo ele, após o texto em estudo se tornar uma norma técnica, os clientes que utilizarem sistemas de drenagem e esgotamento sani-tário terão mais uma garantia de qualidade na obra final, pois a instalação de tubos de concreto já tem uma norma específica e, agora, haverá uma norma para o processo executivo/construtivo.

As reuniões da comissão de estudos são na Av. Torres de Oliveira, 76 – Jaguaré – São Paulo – SP. Mais informações referen-tes ao projeto em questão (PN 02:107.02-001) poderão ser obtidas no CB-02, pelo telefone (11) 3334-5620.

Sobre a ABNTFundada em 1940, a ABNT é uma en-

tidade privada sem fins lucrativos, que tem como objetivo incentivar e promover a elaboração e o uso de normas técnicas, possibilitando às empresas brasileiras ofe-recerem produtos e serviços com a quali-dade cada vez mais exigida no mercado.

É representante exclusiva de entidades internacionais como a ISO (Internacional Organization for Standardization), IEC (In-ternational Electrotechnical Comission), CO-PANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e AMN (Associação Mercosul de Normalização), defendendo os interesses da indústria brasileira no contexto mundial.

O processo normalizador é vital para o desenvolvimento da economia no âmbito nacional ou internacional, sendo hoje um forte e decisivo diferencial competitivo para as empresas.

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Revista Painel 25

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saúDE

Revista Painel 1116 [email protected]

- Estacas moldadas “in loco”: •tiporaizemsoloerocha. •tipoStrauss. •escavadascomperfuratriz hidráulica. •escavadasdegrandediâmetro (estacões). •hélicecontínuamonitoradas.

- Estacas pré-moldadas de concreto.

- Estacas metálicas (perfis e trilhos).

- Tubulões escavados à céu aberto.

- Sondagens à percussão SPT-T.

- Poços de monitoramento ambiental.

- Ensaios geotécnicos.

Quase 6.000 obras de fundações em

27 anos de atividades.

Muito se tem falado sobre este tema, no qual todos nós almejamos nos inserir. Quem não a busca? Como conseguir tal proeza em nossa vida diária? Alimentação balanceada e atividade física regular são hábitos muito saudáveis que impulsionam esse desejo, porém existem outros aspectos importantes nessa busca.

Em minha experiência pessoal e clínica tenho percebido que a realização desse objetivo precisa estar alicerçada em atitudes conscientes de mudanças e estas, devem começar pela mente. O que pensamos, principalmente a nosso respeito, tem fundamental importância nessa procura. Respeitar o nosso sentir, o nosso coração, são aspectos fundamentais para uma vida harmônica.

Concordo com o Dr. Deepack Chopra, quando nos alerta: “Somos as únicas criaturas na face da terra capazes de mudar nossa biologia pelo que pensamos e sentimos! Nossas células estão constantemente bisbilhotando nossos pensamentos e sendo

qualidade de Vidamodificadas por eles. Um surto de depressão pode arrasar seu sistema imunológico; apaixonar-se, ao contrário, pode fortificá-lo tremendamente. A alegria e a realização nos mantêm saudáveis e prolongam a vida. A recordação de uma situação estressante, que não passa de um fio de pensamento, libera o mesmo fluxo de hormônios destrutivos que o estresse.”

Dessa forma devemos considerar a doença como um desequilíbrio entre a nossa natureza física, mental e espiritual. Respeitar a nossa essência, ouvir nosso coração traz felicidade e esta felicidade atua no nosso organismo liberando hormônios naturais.

Há pessoas que atraem para si todo o tipo de infortúnio. Se formos observar e analisar a atitude mental dessas pessoas, veremos, com grande margem de acerto, que seus pensamentos são sempre de lamentações e tristezas. Entretanto, se estas pessoas começarem a se olhar de outra forma, buscando enxergar a oportunidade de estarem vivas, atuando com pensamentos

de construção, auto-estima e generosidade consigo mesmas, são capazes de mudar sua freqüência de pensamento e atuar a favor da saúde, do bem estar e da felicidade.

O nosso mundo invisível só se tornará visível quando os nossos olhos conseguirem enxergar pela ótica da nossa essência. Só com respeito a si próprio e aos nossos reais sentimentos, conseguiremos dar o nosso melhor, ter mais saúde, alegria, felicidade e consequentemente qualidade de vida.

Dra. Odinê [email protected]

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A fundação da AEAARP, na década de 1940, mais precisamente em abril de 1948, como foi a da maioria das associações profissionais, foi motivada principalmente pelo fervor de alguns poucos profissionais idealistas e conscientes da necessidade de atuação organizada no desenvolvimento das cidades, que àquela época iniciavam um processo de urbanização planejada, incentivadas pela criação, na década de 1930, dos Conselhos Regionais e dos Conselhos Federais, de acordo com a política reinante de trazer para as cidades as decisões que até então eram principalmente influenciadas pelo meio rural.

Desta forma estes 60 anos de história de lutas e conquistas reafirmam cada dia mais a vocação institucional da AEAARP, atuando e influenciando com competência nos mais importantes problemas do cotidiano da cidade e da região.

Podemos citar alguns, dentre centenas de fatos relevantes:1 - A criação da FAEASP, dentro da AEAARP, tendo como 1º presidente o presidente à

época da nossa entidade.2 - O primeiro curso de gerentes de cidade do Brasil, instituído pelo ministério das cidades,

administrado pela FAAP e ministrado na AEAARP.3 - Atuação decisiva no estudo das leis complementares ao Plano Diretor de Ribeirão Preto,

com trabalhos enviados ao COMUR e à Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, que serviram de base para a sua adoção pelo município e estão servindo de objeto de estudos e orientação a diversos seminários e debates em muitos municípios brasileiros, gratuitamente.

4 - Trabalho pioneiro sobre reciclagem de resíduos sólidos em Ribeirão Preto.5 - Trabalho sobre enchentes e drenagem urbana.6 - Trabalho sobre áreas verdes, APP´s e praças públicas.7 - Toda a programação que será efetivada durante este ano, como todos os eventos culturais,

científicos e tecnológicos não só ligados às comemorações dos 60 anos da AEAARP como aqueles da nossa atuação normal nos problemas da cidade e dos nossos associados.

E, além de todas estas razões, iniciamos nesta gestão o plano de reformas e ampliação da nossa sede visando a modernização e adequação de nosso espaço para melhor servir ao associado, dotando os espaços de condições melhores para prestar serviços mais eficientes. Assim, este cenário de construção reafirma a própria essência de nossa Associação, qual seja a do fomento da construção, do progresso e do empreendedorismo, com respeito à valorização profissional e à cidadania, ressaltando a nossa vocação de cada vez mais enfatizar o atendimento a todos os que se servem desta casa, melhorando-a e adaptando-a aos novos tempos.

Tanto é que no plano de modernização da nossa sede, numa primeira etapa, estamos dotando o salão de festas de banheiros, aumentando a sua capacidade, melhorando a ventilação, iluminação e envolvendo-o ao paisagismo externo que se tornará a extensão do mesmo, dando-lhe um ar mais agradável e confortável, observando a norma de acessibilidade e o recolhimento das águas pluviais em reservatório específico para a utilização em atividades de jardinagem e limpeza, poupando com isso a água potável para atividades mais nobres e colaborando com a diminuição das águas nos canais da cidade, minorando o problema das enchentes.

60 anos para nós representam a idade do sucesso alcançado com a com a conquista da sabedoria.

Este é apenas o começo de nossa contribuição aos 60 anos da AEAARP.

Eng. Civil Roberto Maestrello.Presidente da AEAARP

Editorial

Engº CivilRoberto Maestrello

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painelAno XI nº 157 Abril/2008 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

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