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PT PT COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 9.3.2015 COM(2015) 116 final PART 2/2 COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO BANCO CENTRAL EUROPEU, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL E AO COMITÉ DAS REGIÕES Painel de Avaliação da Justiça na UE de 2015

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PT PT

COMISSÃO EUROPEIA

Bruxelas, 9.3.2015

COM(2015) 116 final

PART 2/2

COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO

CONSELHO, AO BANCO CENTRAL EUROPEU, AO COMITÉ ECONÓMICO E

SOCIAL E AO COMITÉ DAS REGIÕES

Painel de Avaliação da Justiça na UE

de 2015

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

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3.2 Qualidade dos sistemas judiciais

A elevada qualidade das instituições nacionais, incluindo a dos sistemas judiciais, são um fator

determinante para o desempenho económico. Uma justiça eficaz implica qualidade ao longo de

toda a sua cadeia. A falta de qualidade das decisões judiciais pode aumentar os riscos

comerciais das grandes empresas e das PME e afetar as escolhas dos consumidores.

Todos os Estados-Membros estão a tomar medidas para melhorar a qualidade dos seus sistemas

judiciais. Embora não exista uma forma única de medir a qualidade do sistema judicial, o

Painel de Avaliação utiliza certos parâmetros, que são geralmente aceites como pertinentes31 e

que podem contribuir para melhorar a qualidade da justiça.

3.2.1 O acompanhamento, a avaliação e o inquérito como meios que asseguram a

qualidade dos sistemas judiciais

O acompanhamento e a avaliação das atividades dos tribunais são instrumentos que ajudam a

aumentar a previsibilidade e a tempestividade das decisões judiciais e o funcionamento dos

tribunais32. Estes instrumentos podem consistir no acompanhamento da atividade diária dos

tribunais graças à recolha de dados33

numa avaliação mais prospetiva do sistema judicial,

recorrendo, por exemplo, a indicadores de qualidade ou, até, definindo normas de qualidade

para o conjunto do sistema judicial. Os inquéritos realizados a profissionais que trabalham nos

tribunais e/ou a utentes dos tribunais podem também dar informações sobre a qualidade do

sistema judicial.

31 Cf., por exemplo, «Checklist for promoting the quality of justice and the courts»; Opinion n° 6 (2004)

Consultative Council of European Judges Opinion (CCJE), disponível em

https://wcd.coe.int/ViewDoc.jsp?Ref=CCJE(2004)OP6&Sector=secDGHL&Language=lanEnglish&Ver=origi

nal&BackColorInternet=FEF2E0&BackColorIntranet=FEF2E0&BackColorLogged=c3c3c3. 32 CCJE Opinion n° 6 (2004) § 34: «(…) the evaluation of "quality" of the justice system, i.e. of the performance of

the court system as a whole or of each individual court or local group of courts, should not be confused with

the evaluation of the professional ability of every single judge». 33 Os dados sobre «outros elementos» incluem, por exemplo, recursos (EE e LV), audições (SE) e o número de

processos resolvidos dentro de determinados limites temporais (DK).

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

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Figura 18: Disponibilidade de acompanhamento das atividades dos tribunais em 2013*

(fonte: estudo da CEPEJ) 34

)

* Os sistemas de acompanhamento têm por objetivo avaliar a atividade diária dos tribunais, mediante recolha de

dados e análise estatística, nomeadamente. Relativamente a FR, as diferenças em relação à edição anterior do

Painel de Avaliação resultam da correção de dados que é estável para ambos os anos. Os dados relativos a ES e

à PL referem-se a 2012.

Figura 19: Avaliação das atividades dos tribunais em 2013* (fonte: estudo da CEPEJ)

34 Dados Os dados sobre «outros elementos» incluem, por exemplo, processos objeto de recursos (EE, e LV),

audições (SE), ou e o número de processos resolvidos dentro de determinados limites temporais (DK).

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

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* O sistema de avaliação refere-se ao desempenho dos tribunais, recorrendo, de um modo geral, a indicadores e

metas. Além disso, alguns Estados-Membros definem políticas e normas de qualidade para todo o sistema

judicial. Na Roménia, os indicadores de desempenho sobre a atividade dos tribunais são utilizados regularmente.

Os resultados de todos os outros Estados-Membros são idênticos aos dados recolhidos em 2012.

Os dados relativos a ES e PL dizem respeito a 2012.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

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Figura 20: Inquéritos realizados a utentes dos tribunais ou profissionais de justiça em

2013* (fonte: estudo da CEPEJ)

* Segundo informações recebidas, os inquéritos destinados a magistrados do Ministério Público diminuíram nos

NL, enquanto os destinados a advogados, partes e outros utentes dos tribunais registaram um aumento na

Hungria e Lituânia. Os resultados de todos os outros Estados-Membros são idênticos aos dados recolhidos em

2012. Os dados relativos a ES e PL dizem respeito a 2012.

3.2.2 Os sistemas de tecnologias da informação e da comunicação ajudam a reduzir a

duração dos processos e facilitam o acesso à justiça

Os sistemas de TIC para o registo e a gestão dos processos são instrumentos indispensáveis

para os tribunais efetuarem a gestão eficaz da duração dos processos, uma vez que contribuem

para melhorar o ritmo a que podem tratar os processos e, deste modo, reduzir a duração total

destes. Os sistemas de TIC para a comunicação entre os tribunais e as partes (por exemplo, a

apresentação de pedidos por via eletrónica) podem contribuir para reduzir os atrasos e os custos

para os cidadãos e as empresas, facilitando o acesso à justiça. Os sistemas de TIC

desempenham igualmente um papel cada vez mais importante na cooperação transnacional

entre as autoridades judiciais, facilitando, por conseguinte, a aplicação da legislação da UE.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

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Figura 21: Sistemas de TIC para o registo e a gestão dos processos*

(indicador ponderado-min=0, máx.=4) (fonte: estudo da CEPEJ)

* Indicador composto construído a partir de vários indicadores das TIC (sistema de registo de processos, sistema

informático de gestão dos tribunais, sistema de informação financeira e videoconferência) que medem a

disponibilidade dos sistemas, de 0 a 4 (0 = disponível em 0 % dos tribunais; 4 = disponível em 100 % dos

tribunais).

Figura 22: Comunicação eletrónica entre os tribunais e as partes*

(indicador ponderado-min = 0, máx. = 4) (fonte: estudo da CEPEJ)

* Indicador composto construído a partir de vários indicadores no domínio das TIC (formulários web

eletrónicos, sítio da Internet, acompanhamento de casos em linha, registos eletrónicos, tratamento eletrónico de

créditos de pequeno montante, tratamento eletrónico de cobrança de créditos não contestados, apresentação

eletrónica de reclamações, videoconferências e outros meios de comunicação eletrónica) que medem a

disponibilidade dos sistemas, de 0 a 4 (0 = disponível em 0 % dos tribunais; 4 = disponível em 100 % dos

tribunais).

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

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Figura 23: Tratamento eletrónico de cobrança de créditos não contestados

(0 = disponível em 0 % dos tribunais; 4 = disponível em 100 % dos tribunais)

(fonte: estudo da CEPEJ)

Figura 24: Apresentação eletrónica de pedidos (0 = disponível em 0 % dos tribunais; 4 =

disponível em 100 % dos tribunais) (fonte: estudo da CEPEJ)

Um processo eficaz para as ações de pequeno montante, quer ao nível nacional quer ao nível

europeu, é fundamental para melhorar o acesso dos cidadãos à justiça e lhes permitir um

melhor exercício dos seus direitos enquanto consumidores. A importância dos processos em

linha para ações transnacionais de pequeno montante está também a aumentar, devido ao

comércio transnacional por essa via. Um dos objetivos políticos da Comissão Europeia é, por

conseguinte, simplificar e acelerar os processos para ações de pequeno montante, mediante a

melhoria da comunicação entre as autoridades judiciárias e uma utilização inteligente das TIC.

O objetivo final é a redução dos encargos administrativos para todos os grupos de utilizadores:

tribunais, intervenientes e utilizadores finais.

O 11.o relatório de avaliação comparativa da administração pública em linha35, encomendado

pela Comissão Europeia, mede pela primeira vez a qualidade dos processos para ações de

pequeno montante em linha nos Estados-Membros da UE. Para este estudo, a avaliação do

processo para ações de pequeno montante foi efetuada por investigadores

35 11th e-Government Benchmark report (SMART 2013/0053-3). Disponível em:

http://ec.europa.eu/digital-agenda/en/news/eu-egovernment-report-2014-shows-usability-online-public-services-

improving-not-fast.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

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(«clientes-mistério»)36. O objetivo era verificar se as disposições em matéria de serviço público

em linha estão organizadas em torno das necessidades dos utilizadores. Para o efeito, cada

investigador agiu como um cidadão comum e a sua «viagem» tinha um limite temporal, ou

seja, cada cliente mistério tinha um dia para avaliar um evento da vida. Sempre que se não

encontrou uma característica particular nesse prazo, a resposta foi negativa. Uma resposta

negativa não significa, só por si, que a característica específica não estivesse disponível em

linha – sugere, no entanto, que não foi fácil encontrá-la intuitivamente, sem demasiados

cliques, e que é muito provável que os cidadãos comuns ou empresários não a

utilizassem/também não a encontrassem.

Figura 25: Análise comparativa de procedimentos relativos a ações de pequeno montante

em linha (para cada categoria, 100 pontos, no máximo; total máximo de 700 pontos)

(fonte: Delivering on the European Advantage? «How European governments can and

should benefit from innovative public services», estudo elaborado para a Comissão

Europeia (Direção-Geral das Redes de Comunicação, Conteúdos e Tecnologias37)

3.2.3 Políticas de comunicação dos tribunais

Os esforços de comunicação dos tribunais são cruciais para ajudar os cidadãos e as empresas a

tomarem decisões informadas sobre as vias de recurso (judicial ou não judicial) e contribuem

para a necessária confiança no sistema judicial. Os meios de comunicação social desempenham

um papel essencial na informação sobre processos judiciais. Um melhor contacto entre os

tribunais e os meios de comunicação social, permite ao sistema judicial informar melhor o

público sobre o trabalho judicial (âmbito, limitações e complexidades) e contribui para a

qualidade dos relatórios (evitando, por exemplo, erros factuais).

Em 2014, a Comissão lançou um intercâmbio de informações entre os Estados-Membros sobre

as práticas e as políticas de comunicação dos tribunais. Este processo revelou a necessidade de

36 Os clientes mistério são formados e informados de que devem observar, experimentar e medir um processo (de

serviço público), atuando como um utilizador em perspetiva. Cada cliente mistério dispõe de um dia para avaliar

um evento da vida. 37 Disponível em

http://ec.europa.eu/digital-agenda/en/news/eu-egovernment-report-2014-shows-usability-online-public-services-

improving-not-fast

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se dispor de um melhor panorama das práticas neste domínio, pelo que a Comissão efetuou, em

cooperação com os Estados-Membros, um levantamento das práticas atuais38 sobre os

importantes parâmetros de uma verdadeira política de comunicação dos tribunais39. Refiram-se,

nomeadamente, a disponibilização de informações ao público em geral; as formas como os

tribunais organizam as suas relações com a imprensa/meios de comunicação social; a formação

dos juízes no domínio da comunicação com as partes e a imprensa; disponibilidade e práticas

relativas à publicação de decisões judiciais em linha (a todos os níveis do sistema judicial).

Figura 26: Disponibilidade de informação em linha sobre o sistema judicial para o

público em geral* (fonte: Comissão Europeia40)

* Pode ser atribuído 1 ponto por cada categoria da figura. Sendo um Estado federal, a Alemanha caracteriza-se

pela descentralização das suas estruturas. Por conseguinte, são os Estados federados que decidem das

informações a prestar em linha e são, por conseguinte, responsáveis pela atualização das informações.

O mesmo se aplica ao nível federal.

38 Os dados foram recolhidos em cooperação com o grupo de pessoas de contacto sobre os sistemas judiciais

nacionais.

Os parâmetros do questionário basearam-se no Opinion n° 7 (2005) of the Consultative Council of European

Judges (CCJE) on «Justice and society»

(https://wcd.coe.int/ViewDoc.jsp?Ref=CCJE(2005)OP7&Sector=secDGHL&Language=lanEnglish&Ver=origi

nal&BackColorInternet=FEF2E0&BackColorIntranet=FEF2E0&BackColorLogged=c3c3c3), no relatório da

Rede Europeia dos Conselhos de Justiça, «Justice, society and the media»

(http://encj.eu/images/stories/pdf/GA/Dublin/encj_report_justice_society_media_def.pdf) e é complementar aos

dados recolhidos pela Comissão Europeia para a Eficiência da Justiça do Conselho da Europa (CEPEJ). 40 Os dados foram recolhidos em cooperação com o grupo de pessoas de contacto sobre os sistemas judiciais

nacionais.

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Figura 27: As relações entre os tribunais e a imprensa/meios de comunicação social*

(fonte: Comissão Europeia41)

* Podem ser atribuídos dois pontos por cada instância (1.a, 2.a e 3.a) se existir um assessor de imprensa ou

«juiz de imprensa» que se ocupe de processos em matéria civil/comercial e os processos administrativos.

Se estiver em causa apenas um tipo de processos (por exemplo, processos em matéria civil/comercial ou

processos administrativos) é atribuído apenas um ponto. Se existir um assessor de imprensa para alguns

tribunais, são atribuídos 0,5 pontos por instância (1.a, 2.a e 3.a). Na IE, o serviço judicial dispõe de um consultor

para as relações com os meios de comunicação social, que elabora e emite comunicados de imprensa para os

meios de comunicação social.

Figura 28: Disponibilidade de formação para juízes sobre a comunicação com as partes e

a imprensa* (fonte: Comissão Europeia42)

* Pode ser atribuído 1 ponto por cada categoria da figura.

41 Os dados foram recolhidos em cooperação com o grupo de pessoas de contacto sobre os sistemas judiciais

nacionais. 42 Os dados foram recolhidos em cooperação com o grupo de pessoas de contacto sobre os sistemas judiciais

nacionais. Para cada uma das categorias na figura, pode ser atribuído 1 ponto.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

30

Figura 29: Acesso às decisões publicadas em linha* (processos em matéria civil e

comercial, todas as instâncias) (fonte: Comissão Europeia43)

* Pelas categorias «Disponibilidade em linha das decisões», «As informações da base de dados são atualizadas

pelo menos uma vez por mês» e «O acesso às decisões publicadas é gratuito» são atribuídos 3 pontos, se for este

o caso para todas as instâncias (1.a, 2.a e 3.a). Se o serviço estiver disponível apenas para determinadas

instâncias judiciais, são atribuídos 1 ou 2 pontos. Se o serviço estiver disponível apenas para alguns tribunais,

são atribuídos 0,5 pontos por instância. Para a categoria «As partes interessadas têm acesso à base de dados

(juízes, advogados, outros profissionais judiciais e/ou o público em geral», é atribuído 1 ponto se todas as partes

interessadas estiverem abrangidas. Se o público em geral não tiver acesso, são atribuídos 0,25 pontos por cada

parte interessada que tenha acesso (p. ex., juízes = 0,25 pontos, advogados = 0,25 pontos, outros profissionais

judiciais = 0,25 pontos).

43 Os dados foram recolhidos em cooperação com o grupo de pessoas de contacto sobre os sistemas judiciais

nacionais.

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Figura 30: Acesso às decisões publicadas em linha* (processos administrativos, todas as

instâncias) (fonte: Comissão Europeia44)

* Pelas categorias «Disponibilidade em linha das decisões», «As informaões da base de dados são atualizadas

pelo menos uma vez por mês» e «O acesso às decisões publicadas é gratuito» são atribuídos 3 pontos se for este o

caso para todas as instâncias (1.ª, 2.ª e 3.ª). Se o serviço estiver disponível apenas para determinadas instâncias

judiciais, são atribuídos 1 ou 2 pontos. Se o serviço estiver disponível apenas para alguns tribunais, são

atribuídos 0,5 pontos por instância. Pela categoria «Partes interessadas têm acesso à base de dados (juízes,

advogados, outros profissionais judiciais e/ou o público em geral», é atribuído 1 ponto se todas as partes

interessadas estiverem abrangidas. Se o público em geral não tiver acesso, são atribuídos 0,25 pontos por cada

parte interessada que tenha acesso (p. ex., juízes = 0,25 pontos, advogados = 0,25 pontos, outros profissionais

judiciais = 0,25 pontos). Na IE, o sítio da Internet do serviço judicial é a plataforma oficial para a publicação de

todas as decisões de todos os tribunais cíveis e penais. Não existe uma categoria específica denominada

«processos administrativos».

44 Os dados foram recolhidos em cooperação com o grupo de pessoas de contacto sobre os sistemas judiciais

nacionais.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

32

Figura 31: Práticas em matéria de publicações de decisões em linha* (processos em

matéria civil e comercial, todas as instâncias) (fonte: Comissão Europeia45)

* Pelas categorias «A publicação das decisões é feita com base em critérios de seleção», «É (ou será) atribuído

às decisões um identificador ECLI», «As decisões são assinaladas com palavras-chave» e «As decisões são

anonimizadas», são atribuídos 3 pontos, se for esse o caso para todas as instâncias (1.ª, 2.ª e 3.ª).

Se o serviço estiver disponível apenas para determinadas instâncias judiciais, são atribuídos 1 ou 2 pontos, em

função do número de instâncias abrangidas. Em MT, o tribunal de segunda instância é o tribunal supremo.

45 Os dados foram recolhidos em cooperação com o grupo de pessoas de contacto sobre os sistemas judiciais

nacionais.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

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Figura 32: Práticas de publicações de decisões em linha (processos administrativos, todas

as instâncias)* (fonte: Comissão Europeia46)

* Pelas categorias «A publicação das decisões é feita com base em critérios de seleção», «É (ou será) atribuído

às decisões um identificador ECLI», «As decisões são assinaladas com palavras-chave» e «As decisões são

anonimizadas», são atribuídos 3 pontos, se for esse o caso para todas as instâncias (1.ª, 2.ª e 3.ª). Se o serviço

estiver disponível apenas para determinadas instâncias judiciais, são atribuídos 1 ou 2 pontos, em função do

número de instâncias abrangidas. Em MT, o tribunal de segunda instância é o tribunal supremo. Na IE, o sítio da

Internet do serviço judicial é a plataforma oficial para a publicação de todas as decisões de todos os tribunais

cíveis e penais. Não existe uma categoria específica denominada «processos administrativos».

3.2.4 Os métodos alternativos de resolução de litígios (ARR) ajudam a reduzir a

carga de trabalho dos tribunais

Os métodos ARR abrangem todos os métodos de resolução de litígios, exceto os judiciais.

A mediação, a conciliação e a arbitragem são os métodos ARR mais comuns. Em comparação

com a média dos restantes métodos, os ARR podem ajudar as partes a chegar a um

compromisso mais rapidamente e promover uma cultura mais harmoniosa, em que não existem

vencedores nem vencidos. Os métodos ARR podem contribuir para a eficácia da justiça e, em

última instância, para um ambiente propício ao investimento e ao crescimento económico.

Todos os Estados-Membros que comunicaram dados indicaram dispor de, pelo menos, três

métodos ARR, tendo a grande maioria indicado quatro, a saber, mediação judicial e não

judicial, conciliação e arbitragem. Apesar da disponibilidade de múltiplas vias para dirimir

litígios fora da sala de audiências, os métodos ARR continuam a ser, em geral, pouco utilizados

na maior parte dos Estados-Membros, como indicado na figura 35. O Painel de Avaliação

contém dados sobre as atividades do setor público dos Estados-Membros para promover e

incentivar a utilização destes métodos. Embora as atividades de promoção sejam consideradas

ações voluntárias, os incentivos são impostos por lei ou decreto governamental, sendo,

portanto, obrigatórios. As figuras 33 e 34 baseiam-se nas respostas a um questionário enviado

às pessoas de contacto dos Estados-Membros. A figura 35 baseia-se num inquérito

Eurobarómetro e mostra as respostas de empresas que declararam ter recebido queixas de

consumidores através de vários canais nos últimos 12 meses.

46 Os dados foram recolhidos em cooperação com o grupo de pessoas de contacto sobre os sistemas judiciais

nacionais.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

34

Figura 33: Promoção do recurso a métodos ARR pelo setor público* (fonte: Comissão

Europeia47)

* Indicador agregado baseado nos seguintes dados: 1) sítios da Internet que fornecem informações sobre os

métodos ARR, 2) campanhas de publicidade nos meios de comunicação, 3) brochuras para o público em geral, 4)

disponibilidade, a pedido, de sessões de informação específicas sobre os métodos ARR, 5) atividades de

comunicação específicas organizadas por tribunais, 6) publicação de avaliações sobre o recurso a métodos ARR,

7) publicação de estatísticas sobre o recurso a métodos ARR, 8) outros. Por cada conjunto de ferramentas de

promoção definido no questionário é atribuído um ponto. Em determinados Estados-Membros (DE), podem ser

empreendidas outras atividades.

Figura 34: Incentivos ao recurso a métodos ARR* (fonte: Comissão Europeia48)

* Indicador agregado baseado nos seguintes dados: 1) o apoio judiciário cobre (parcial ou totalmente) os custos

dos métodos ARR, 2) reembolso total ou parcial das custas judiciais, incluindo o imposto de selo, se o método

ARR tiver êxito, 3) não é necessário advogado nos processos por métodos ARR, 4) o juiz pode atuar como

mediador, 5) coordenador de mediação/ARR nos tribunais, 6) outros. Por cada conjunto de ferramentas de

incentivo definido no questionário é atribuído um ponto. Determinados Estados-Membros fizeram referência a

um método adicional para facilitar o recurso a métodos ARR (IE). Na CZ, se a matéria o permitir, o juiz pode

propor a transação judicial e tentar que as partes cheguem a um compromisso.

47 Os dados foram recolhidos em cooperação com o grupo de pessoas de contacto sobre os sistemas judiciais

nacionais. 48 Os dados foram recolhidos em cooperação com o grupo de pessoas de contacto sobre os sistemas judiciais

nacionais.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

35

Figura 35: Queixas de consumidores recebidas por empresas através de vários canais*

(fonte: inquérito Eurobarómetro49)

* A figura não tem em conta as respostas dos retalhistas que não receberam queixas dos consumidores, fosse

qual fosse o canal.

3.2.5 Promover a formação dos juízes pode contribuir para aumentar a eficácia da

justiça

A formação dos juízes é um elemento importante para a qualidade das decisões judiciais.

Foram tidas em conta também as informações sobre a atual percentagem de juízes que

participam na formação contínua em direito da UE ou em direito de outro Estado-Membro,

constantes do relatório anual de 2014 sobre a formação judiciária europeia.

Figura 36: Formação obrigatória para juízes em 2013* (fonte: estudo da CEPEJ)

* A DE e a HU terão aumentado o número de categorias de formação obrigatória, em comparação com 2012.

49

Flash Eurobarómetro n.º 396, «Atitudes do retalhista face às compras transfronteiriças e à proteção ao

consumidor», de 2015 (ainda não publicado). O inquérito foi realizado às empresas de retalho que vendem a

consumidores finais nos setores do comércio a retalho e dos serviços que empregam 10 ou mais pessoas (por

país) nos 28 Estados-Membros da União Europeia. Foi excluído o comércio grossista e os agentes comerciais

(código NACE G 51), mas não o de veículos automóveis e motociclos, as atividades auxiliares de intermediação

financeira (J 67), a investigação e o desenvolvimento (K 73) e outras atividades comerciais (K 74).

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

36

Figura 37: Juízes que participam em atividades de formação contínua em direito da UE

ou de outro Estado-Membro* (em % do número total de juízes) (fonte: Comissão

Europeia, Rede Europeia de Formação Judiciária, 201450)

* Este ano, foram comunicados dados do UK (SC). Os dados de FR incluem os magistrados do Ministério

Público. Nalguns casos comunicados pelos Estados-Membros, o rácio entre os participantes e atuais membros de

uma profissão jurídica é superior a 100 %, o que significa que os participantes participaram em mais do que uma

atividade de formação em direito da UE.

50 Disponível em: http://ec.europa.eu/justice/criminal/files/final_report_2014_en.pdf

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

37

3.2.6 Recursos

O quadro a seguir mostra o total geral do orçamento dos tribunais aprovado, por habitante em

2010, 2012 e 2013. O quadro reflete a estabilidade relativa do orçamento dos tribunais por

habitante ao longo dos últimos três anos, com um pequeno aumento em média.

Figura 38: Orçamento dos tribunais* (em EUR por habitante) (fonte: estudo da CEPEJ)

* A figura 38 indica o orçamento anual aprovado para o funcionamento de todos os tribunais, qualquer que seja

a fonte e o nível do orçamento (nacional ou regional). As comparações devem ser feitas com prudência, uma vez

que os dados para a AT, a BE, FR, a EL e o LU correspondem ao orçamento de todo o sistema judicial, e incluem

o apoio judiciário e os serviços do Ministério Público; os dados da DE não estão completos, uma vez que não

abrangem todos os Estados federados, e alguns Estados-Membros recebem financiamento de instituições

internacionais e europeias. A diminuição significativa em ES entre 2010 e 2012 reflete o facto de os dados das

comunidades autónomas e do Conselho Superior da Magistratura não terem sido incluídos nos dados de 2012.

O artigo 47.º da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia preconiza a concessão de

apoio judiciário às pessoas que não disponham de recursos suficientes, na medida em que esse

apoio seja necessário para garantir a efetividade do acesso à justiça. O Painel de Avaliação de

2015 inclui informações sobre a despesa com o apoio judiciário per capita nos

Estados-Membros em 2010, 2012 e 2013. O gráfico abaixo revela diferenças significativas

nesses montantes entre grupos de países. Tem-se verificado uma estabilidade relativa nos

montantes gastos em apoio judiciário por habitante ao longo dos anos cobertos na maioria dos

Estados-Membros. O quadro não contém informações sobre o modo de distribuição, pelos

beneficiários ou processos, dos montantes globais afetados ao apoio judiciário.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

38

Figura 39: Orçamento público anual para apoio judiciário por habitante em 2010, 2012 e

2013* (fonte: estudo da CEPEJ)

* A figura 39 indica o montante do orçamento público anual atribuído ao apoio judiciário em 2010, 2012 e 2013

por habitante. O orçamento para a DE está incompleto, uma vez que não abrange todos os Estados federados.

Em determinados Estados-Membros, os profissionais judiciais também podem cobrir parte do apoio judiciário, o

que não se reflete nos dados referidos acima.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

39

Figura 40: Despesas totais das administrações públicas em «tribunais judiciais»*

(em EUR por habitante) (fonte: Eurostat)

Este indicador de recursos adicional baseia-se nos dados do Eurostat sobre as despesas das

administrações públicas. Indica o orçamento efetivamente gasto, e complementa o indicador do

orçamento afetado aos tribunais. A comparação é feita entre 2011, 2012 e 2013.

* Enquanto a figura 38 indica o orçamento anual aprovado para o funcionamento de todos os tribunais, qualquer

que seja a fonte e o nível do orçamento (nacional ou regional), a figura 40 apresenta as despesas (reais) totais

das administrações públicas com os tribunais (dados das contas nacionais, classificação das funções das

administrações públicas, grupo 03.3). A figura 40 inclui ainda os regimes de liberdade condicional e de apoio

judiciário.

Figura 41: Despesas das administrações públicas com tribunais judiciais,

em percentagem do PIB (fonte: Eurostat)

Os quadros abaixo contêm informações sobre os recursos humanos dos sistemas judiciais dos

Estados-Membros. Pode verificar-se uma estabilidade relativa do número de juízes por

100 000 habitantes, na maior parte dos Estados-Membros, entre 2010 e 2013, com um pequeno

aumento em média. Do mesmo modo, pode observar-se um aumento do rácio de advogados

por 100 000 habitantes na maioria dos Estados-Membros. Estes rácios diferem muito entre os

países.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

40

Figure 42: Número de advogados* (por 100 000 habitantes) (fonte: estudo da CEPEJ)

* Um advogado é uma pessoa qualificada e autorizada nos termos da lei nacional a agir em nome dos seus

clientes, a exercer a advocacia, a comparecer em tribunal, a aconselhar e representar os seus clientes em

questões jurídicas [Recomendação Rec (2000)21, do Comité de Ministros do Conselho da Europa, sobre a

liberdade de exercício da profissão de advogado].

Figura 43: Número de juízes* (por 100 000 habitantes) (fonte: estudo da CEPEJ)

* A categoria é composta por juízes a tempo inteiro, segundo a metodologia da CEPEJ. Não inclui os

Rechtspfleger/funcionários judiciais existentes nalguns Estados-Membros. O número total de juízes profissionais

da EL inclui categorias que variam ao longo dos anos acima indicados, o que explica, em parte, a sua variação.

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41

Figure 44: Variação do número absoluto de todos os tribunais (locais geográficos) entre

2010-2013* (fonte: estudo da CEPEJ)

A figura 1 sobre o «Levantamento da reforma da justiça na UE em 2014» revela que um

número importante de Estados-Membros iniciou, adotou ou aplicou uma reforma do mapa

judiciário e ou da estrutura dos tribunais. A figura abaixo complementa estas informações, uma

vez que contém dados sobre a variação do número de todos os tribunais enquanto

locais geográficos51

no período 2010-2013. A variação do número de tribunais enquanto

entidades jurídicas não está representada nesta figura.

* A IT implementou a redistribuiu geograficamente os tribunais em setembro de 2013, tendo encerrado

(por fusão) de 30 tribunais, 30 gabinetes do Ministério Público, 220 secções de tribunais e 346 julgados de paz.

A LT reduziu o número de tribunais distritais de 54 para 49, em janeiro de 2013. Os NL redistribuíram

geograficamente os tribunais em 2013 (redução de 64 para 40), do que resultou o encerramento de alguns.

O aumento na HR e na SI explica-se por uma interpretação diferente dada à questão da CEPEJ em 2013, em

comparação com 2010.

3.2.7 Percentagem de juízas

A diversidade entre os trabalhadores acrescenta conhecimentos, competências e experiências

complementares, e reflete a realidade. Isto é particularmente verdadeiro para os tribunais. Um

maior equilíbrio entre os sexos pode contribuir para uma melhor qualidade do sistema judicial.

Os valores sobre juízas em primeira e segunda instâncias e no Supremo Tribunal, a seguir

apresentados, dão uma imagem diversificada. Os dados confirmam uma relação inversa:

quanto mais elevado é o tribunal, menor é a percentagem de juízas. Enquanto na maioria dos

Estados-Membros a atual percentagem de juízas em tribunais de primeira e de segunda

instância é relativamente elevada e se situa na zona de equilíbrio entre mulheres e homens, de

40-60 %52, nos supremos tribunais a situação das juízas é muito diferente. Dito isto, as

51 A CEPEJ define todos os tribunais como locais geográficos; trata-se de instalações ou edifícios de tribunais

onde se realizam as audiências. Se existirem vários edifícios de tribunais na mesma cidade, devem os mesmos

ser tidos em conta. Os valores abrangem os locais dos tribunais de primeira instância de competência genérica

e dos tribunais de primeira instância especializados, bem como os locais dos tribunais superiores e/ou dos

tribunais supremos. 52 Documento de trabalho dos serviços da Comissão, Relatório sobre os «Progressos em matéria de Igualdade

entre Mulheres e Homens em 2013», que acompanha o Relatório da Comissão ao Parlamento Europeu, ao

Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões, Relatório de 2013 sobre a

Aplicação da Carta dos Direitos Fundamentais da UE [COM(2014) 224 final].

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

42

tendências verificadas nos últimos três anos n os tribunais de primeira e de segunda instâncias,

e nos últimos sete anos nos tribunais supremos são, em larga medida, positivas. Sugerem que a

maioria dos Estados-Membros está a trabalhar no sentido de alcançar uma zona de equilíbrio

entre homens e mulheres.

Figura 45: Percentagem de juízas nos tribunais de primeira instância e de segunda

instâncias e nos tribunais supremos (fonte: Comissão Europeia e estudo da CEPEJ)

Figura 46: Variação na percentagem de juízas nos tribunais de primeira instância e de

segunda instâncias, de 2010 a 2013, e nos tribunais supremos, de 2007 a 2014*

(fonte: Comissão Europeia e estudo da CEPEJ)

* Os dados dos tribunais de primeira instância da SI e dos tribunais supremos da EE, da FI e do UK, não

revelaram qualquer variação no período de referência.

Conclusões sobre a qualidade dos sistemas judiciais

O Painel de Avaliação da Justiça na UE de 2015 demonstra que há margem para

prosseguir e aumentar os esforços em prol da qualidade dos sistemas judiciais.

Prosseguiram os esforços para aperfeiçoar as ferramentas das TIC para o sistema

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

43

judicial. Contudo, os indicadores revelam lacunas nalguns Estados-Membros,

tanto em ferramentas das TIC disponíveis para a administração e a gestão dos tribunais

como nas comunicações eletrónicas entre os tribunais e as partes. O tratamento

eletrónico de ações e de cobrança de créditos não contestados não é possível num

número significativo de Estados-Membros. São necessários dados comparativos mais

aprofundados para uma melhor identificação dos desafios que representa a

modernização das ferramentas das TIC para os sistemas judiciais e as melhores

práticas. Essa informação global ajudaria os Estados-Membros que já começaram a

modernizar as ferramentas das TIC ou estão em vias disso. A Comissão apoiará esses

esforços, em cooperação com o grupo de pessoas de contacto sobre os sistemas

judiciais nacionais.

Uma grande maioria de Estados-Membros utiliza ferramentas de avaliação para

acompanhar as atividades dos tribunais. Os relatórios anuais das atividades sobre o

funcionamento do sistema judicial são amplamente publicados. No entanto, nem todos

os sistemas de recolha de dados facultam informações suficientes sobre o

funcionamento do sistema ou dados comparáveis à escala da União Europeia,

incluindo os pedidos pela CEPEJ.

Um número menor de Estados-Membros aplica uma abordagem global para a

avaliação das atividades dos tribunais. A maioria dos Estados-Membros utiliza

inquéritos para recolha de informações sobre o funcionamento dos seus sistemas

judiciais. Contudo, apenas alguns Estados-Membros inquiriram todas as partes

interessadas (juízes, funcionários judiciais, magistrados do Ministério Público,

advogados, as partes e outros utentes dos tribunais).

O acesso à justiça implica a concessão de apoio judiciário às pessoas que não

disponham de recursos suficientes, na medida em que o apoio seja necessário para

garantir a efetividade do acesso à justiça. A discrepância entre os Estados-Membros é

considerável no que se refere ao orçamento afetado ao apoio judiciário por habitante.

Existe uma margem significativa para aperfeiçoar os processos em linha para

ações de pequeno montante. O exercício de avaliação comparativa realizado neste

domínio revela que há margem para melhoria tanto dos aspetos do tratamento como da

qualidade e da acessibilidade da informação. O desenvolvimento do tratamento em

linha de ações de pequeno montante requer novas medidas, para integrar os fatores

essenciais, como a identificação eletrónica (ou outro identificador) e documentos

autenticados, nas diversas fases do processo para ações de pequeno montante.

Na maioria dos Estados-Membros, mais de 20 % dos juízes participaram em

ações de formação contínua em direito da UE ou direito de outros

Estados-Membros. Este número supera a meta anual de 5 % de profissionais do

direito que devem ser formados para alcançar, até 2020, o objetivo de 50 %. Em 2013,

todos os Estados-Membros que comunicaram dados sobre a formação dos juízes

atingiram o objetivo anual.

Todos os Estados-Membros estão a envidar esforços no sentido de facultarem aos

cidadãos informações sobre o seu sistema judicial, inclusivamente nos tribunais,

bem como sobre a forma de proceder quando se tenha de recorrer aos tribunais. No

entanto, nalguns Estados-Membros, falta informação sobre o custo do processo e sobre

o apoio judiciário. A grande maioria dos Estados-Membros organiza ações de

formação sobre as competências dos juízes no domínio da comunicação.

A maioria dos Estados-Membros concede, ao público em geral, livre acesso em

linha às decisões em matéria civil e comercial, indicando as tendências uma

atualização frequente dos dados (pelo menos uma vez por mês). O acesso é gratuito em

quase todos os Estados-Membros. A disponibilidade em linha de decisões em

processos administrativos está ligeiramente menos generalizada. O acesso em linha às

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

44

decisões proferidas por tribunais de primeira instância também está menos

generalizado em todas as categorias de processos (civis, comerciais e administrativos).

A anonimização das decisões dos tribunais publicadas em linha e a marcação das

decisões com palavras-chave são práticas comuns. Cerca de um terço dos

Estados-Membros utiliza ou planeia utilizar o sistema «Identificador Europeu da

Jurisprudência» (ECLI). Pouquíssimos Estados-Membros traduzem os acórdãos do

tribunal supremo para uma língua estrangeira.

Os dados sobre o recurso a métodos ARR revelam que, em quase metade dos

Estados-Membros, se recorre mais frequentemente a estes métodos do que aos

tribunais para resolver os litígios dos consumidores. Em mais de um terço dos

Estados-Membros, os consumidores recorreram mais frequentemente aos métodos

ARR do que às organizações não governamentais de consumidores ou às autoridades

públicas.

Praticamente todos os Estados-Membros que comunicaram dados referiram

atividades de promoção do setor público e incentivos para aumentar o recurso a

métodos ARR. Quanto a promoção e a incentivos, um grande grupo de

Estados-Membros comunicou o mesmo número de ferramentas utilizadas em litígios

civis e comerciais, laborais e de consumidores.

Nos últimos três anos, registou-se, em média, um pequeno aumento dos recursos

atribuídos ao sistema judicial na Europa. Uma justiça eficaz requer um nível

adequado de recursos. Cabe a cada Estado-Membro verificar, após uma avaliação

global e aprofundada da situação do seu sistema, o nível exato dos recursos de que

necessita. Para o efeito, é essencial utilizar ferramentas que permitam aos

Estados-Membros acompanhar e avaliar os tribunais. As informações obtidas desse

modo devem ser tidas em conta na afetação dos recursos.

Apesar de ser sempre indispensável um nível adequado de recursos, a variedade

de fatores é determinante para aumentar a eficácia. Por exemplo, um melhor

funcionamento dos tribunais pode estar relacionado com as medidas para melhorar a

gestão dos processos, as reformas no âmbito do processo ou a integração no sistema de

TIC que funcionem bem.

Quanto mais elevada é a instância judicial, menor é a percentagem de juízas.

Apesar de a percentagem de juízas, tanto em tribunais de primeira e de segunda

instâncias como nos tribunais supremos, mostrar uma tendência positiva na maioria

dos tribunais supremos dos Estados-Membros, a maioria destes Estados-Membros está

ainda longe do equilíbrio de 40-60 % entre mulheres e homens.

3.3 Independência

A independência judicial é um requisito decorrente do direito de recurso efetivo consagrado na

Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (artigo 47.º). Também é importante para

um clima de investimento atrativo, pois assegura previsibilidade, segurança, equidade e

estabilidade do sistema jurídico a que as empresas estão sujeitas.

Além das informações sobre a perceção da independência do sistema judicial, que pode

influenciar as decisões de investimento, o Painel de Avaliação de 2014 apresentou um primeiro

panorama da organização dos sistemas judiciais, na perspetiva da proteção da independência

judicial em determinados tipos de situação, em que a independência pode estar em risco.

Em cooperação contínua com as redes judiciárias europeias, em especial a Rede Europeia dos

Conselhos de Justiça (RECJ), a Comissão alargou o panorama comparativo da independência

estrutural. Os dados apresentados no Painel de Avaliação de 2015 têm por base as respostas a

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

45

um questionário atualizado elaborado pela Comissão em estreita associação com a RECJ e o

Guia da RECJ53.

53 Em relação aos Estados-Membros em que não existem Conselhos Superiores da Magistratura (CZ, DE, EE, EL,

CY, LU, AT e FI), as respostas ao questionário atualizado foram obtidas em cooperação com a Rede dos

Presidentes dos Supremos Tribunais da União Europeia.

Cf. Guide to the European Network of Councils for the Judiciary, junho de 2014, disponível em:

http://www.encj.eu/index.php?option=com_content&view=article&id=9&Itemid=11

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

46

3.3.1 Perceção da independência judicial

Figura 47: Perceção da independência judicial* (perceção – os valores mais elevados

indicam uma melhor perceção) (fonte: Fórum Económico Mundial54)

* O número entre parênteses indica a classificação mais recente entre 144 países do mundo.

3.3.2 Independência estrutural

Atendendo a que vários Estados-Membros ponderam reformar os seus conselhos superiores da

magistratura ou refletem sobre a criação de organismos independentes cuja principal missão

seria proteger a independência judicial, as figuras comparam a composição (de acordo com o

processo de nomeação) com as principais competências dos conselhos superiores da

magistratura existentes na União Europeia (figuras 48 e 49). Estes panoramas comparativos

poderão ajudar os Estados-Membros a adotarem reformas que garantam a eficácia dos

conselhos superiores da magistratura como instituições nacionais independentes com a

responsabilidade última de apoiar o sistema judicial na administração independente de Justiça,

tendo simultaneamente em conta as tradições e especificidades dos sistemas judiciais.

A determinação dos recursos financeiros do sistema judicial é uma questão sensível que pode

afetar a independência judicial. A figura 50 informa sobre o ramo do poder que fixa os critérios

para determinar os recursos financeiros do sistema judicial e sobre os critérios em si.

Assegurar a independência estrutural exige garantias legais que a protejam sempre que a

independência dos sistemas judiciais possa estar em risco. São utilizados cinco indicadores

para mostrar as garantias em tais situações: garantias relativas à transferência de juízes sem o

seu consentimento (figura 51), exoneração de juízes (figura 52), distribuição dos processos

entrados no tribunal (figura 53), afastamento e recusa de juízes (figura 54) e ameaça à

independência dos juízes (figura 55). Para essas situações, a recomendação do Conselho da

Europa de 2010 relativa aos juízes e respetiva independência, eficiência e responsabilidade (a

seguir designada por «recomendação») apresenta normas a fim de assegurar o respeito da

independência do poder judicial55.

54 O indicador do FEM baseia-se nas respostas do inquérito à pergunta: «Em que medida o sistema judicial do seu

país é independente de influências dos membros do governo, de cidadãos ou de empresas?» Ao inquérito

respondeu uma amostra representativa de empresas de todos os países representando os principais setores da

economia (agricultura, indústria transformadora, indústria não transformadora e serviços). A gestão do inquérito

assumiu diferentes formatos, incluindo entrevistas diretas de quadros de empresas, entrevistas telefónicas e por

correio eletrónico, com um inquérito em linha como alternativa. Disponível em:

http://www.weforum.org/reports/global-competitiveness-report-2013-2014 55 Recomendação CM/Rec (2010)12 do Comité de Ministros aos Estados-Membros relativa aos juízes:

independência, eficiência e responsabilidade.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

47

Os dados foram atualizados nos casos em que o quadro jurídico ou prática nos

Estados-Membros se alterou desde a publicação do Painel de Avaliação de 2014. Nalguns

dados, foram apresentadas garantias adicionais, como o órgão que decide do recurso contra a

exoneração de um juiz, e foi acrescentada uma nova camada quantitativa, que indica o úmero

de vezes que uma determinada situação ocorreu em 2013 – por exemplo, o número de

transferências de juízes sem o seu consentimento e o número de exonerações de juízes.

Os dados apresentam uma síntese das garantias jurídicas em determinados tipos de situação,

sem uma apreciação dos dados quantitativos sobre a sua eficácia que foram apresentados56.

56 Este panorama inclui informações sobre a organização dos sistemas judiciais, não pretendendo refletir a

complexidade nem os pormenores dos sistemas. Os Estados-Membros e respetivos valores são apresentados por

ordem alfabética da respetiva denominação na língua original.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

48

Figura 48: Composição dos conselhos superiores da magistratura de acordo com o

processo de nomeação*57

A figura apresenta a composição dos conselhos superiores da magistratura, membros da RECJ,

de acordo com o processo de nomeação, consoante os membros sejam juízes/magistrados do

Ministério Público nomeados pelos seus pares, membros nomeados pelo poder executivo ou

legislativo ou membros nomeados por outras instâncias e autoridades. Pelo menos metade dos

membros dos conselhos superiores da magistratura devem ser juízes escolhidos pelos seus

pares de entre todos os níveis do sistema judicial, no respeito do pluralismo no interior do

sistema judicial58.

* BE: os membros judiciais são juízes ou magistrados do Ministério Público; BG: a categoria de magistrados do

Ministério Público inclui um magistrado de investigação eleito; DK: todos os membros são nomeados

formalmente pelo Ministro da Justiça; a categoria de nomeado por outros organismos/autoridades inclui dois

representantes judiciais (nomeados pela sindicato do pessoal administrativo e pelo sindicato da polícia; FR: o

Conselho tem duas formações — uma com jurisdição sobre os juízes em funções e uma com jurisdição sobre os

magistrados do Ministério Público. O Conselho inclui um membro do Conselho de Estado eleito pelo plenário

deste órgão; IT-CSM: Consiglio Superiore della Magistratura (abrange o sistema judicial civil e penal). A

categoria dos juízes inclui dois magistrados (juízes e/ou magistrados do Ministério Público) eleitos de entre os

membros do Supremo Tribunal. IT-CPGA: Consiglio di presidenza della giustizia amministrativa (abrange o

sistema judicial administrativo); ES: os membros do Conselho provenientes do sistema judicial são nomeados

pelo Parlamento — o Conselho comunica ao Parlamento a lista de candidatos que tenham recebido o apoio de

uma associação dos juízes ou de vinte e cinco juízes; MT: o chefe da oposição nomeia um membro leigo; NL: os

membros são nomeados formalmente por decreto real sob proposta do ministro da Segurança e da Justiça; RO: a

eleição dos magistrados é validada pelo Senado; SI: os membros são eleitos pela Assembleia Nacional, sob

proposta do Presidente da República.

57 Com base no guia da RECJ (disponível em:

http://www.encj.eu/index.php?option=com_content&view=article&id=9&Itemid=11) 58 Os Conselhos Superiores da Magistratura são organismos independentes, estabelecidos por lei ou por força da

Constituição, que procuram salvaguardar a independência do poder judicial e dos juízes e, ao fazê-lo, promover

o funcionamento eficaz do sistema judicial. Ver Recomendação CM/Rec (2010)12 do Comité de Ministros aos

Estados-Membros relativa aos juízes: independência, eficiência e responsabilidade, n.ºs 26-27.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

49

Figura 49: Competências dos conselhos superiores da magistratura*59

A figura apresenta algumas das principais competências dos conselhos superiores da

magistratura, membros da RECJ, como as de nomeação e exoneração de juízes, transferência

de juízes sem o seu consentimento, processos disciplinares relativo a juízes, adoção de normas

éticas e promoção dos juízes.

* A figura apresenta apenas algumas das competências, tendo os conselhos superiores da magistratura outras

competências. IT: Ambos os conselhos superiores da magistratura (CSM: sistema judicial civil/penal e CPGA:

sistema judicial administrativo). Nalguns países, o governo está obrigado, por lei ou pelo costume, a seguir a

proposta de nomeação ou exoneração de juízes apresentada pelo conselho superior da magistratura

(por ex.: ES).

59 Com base no guia da RECJ (disponível em:

http://www.encj.eu/index.php?option=com_content&view=article&id=9&Itemid=11)

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

50

Figura 50: Critérios para determinar os recursos financeiros do sistema judicial*60

A figura mostra o ramo do poder (judicial, legislativo ou executivo) que define os critérios para

a determinação dos recursos financeiros do sistema judicial. Apresenta igualmente, por país,

esses critérios: montante baseado no histórico/custos efetivos, que é o critério mais comum, ou,

menos frequentemente, número de processos entrados/resolvidos, custos previstos ou

necessidades/pedidos pelos tribunais.

* DK: número de processos entrados e resolvidos em primeira instância; DE: apenas para o orçamento do

Supremo Tribunal - para as 1.a e 2.a instâncias, os sistemas judiciais variam entre os Estados federados; EE:

apenas para tribunais de 1.a e 2.a instâncias; HU: a lei estipula que os vencimentos dos juízes são determinados

na lei do orçamento geral, de modo que o seu valor não seja inferior ao do ano anterior; NL: número de

processos resolvidos e avaliação dos custos para os tribunais.

60 Dados recolhidos através de um questionário atualizado elaborado pela Comissão em estreita associação com a

RECJ. Em relação aos Estados-Membros em que não existem conselhos superiores da magistratura, as respostas

ao questionário atualizado foram obtidas em cooperação com a Rede dos Presidentes dos Supremos Tribunais da

União Europeia.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

51

Figura 51: Garantias relativas às transferência de juízes sem o seu consentimento

(inamovibilidade dos juízes)61

A figura apresenta o cenário da transferência de juízes sem o seu consentimento e indica se tal

é permitido, e, em caso afirmativo, as autoridades que decidem sobre tais matérias, as razões

(por exemplo, de natureza organizativa ou disciplinar) pelas quais tal transferência é permitida

e se é possível recorrer da decisão62. Pela primeira vez, a figura indica igualmente o número de

juízes transferidos sem o seu consentimento em 2013.

* O número sobre a coluna indica o número de juízes transferidos sem o seu consentimento em 2013 (a ausência

de número indica a indisponibilidade de dados) . BE: transferência por razões organizativas só no interior de um

tribunal; CZ: transferência de um juiz para um tribunal da mesma instância, para um tribunal da instância

imediatamente superior ou inferior (sempre na mesma circunscrição judicial); DE: transferência por três meses,

no máximo, e apenas em substituição; EL: um juiz transferido do sistema judicial cível/penal; LT: transferência

temporária, em caso de necessidade urgente de assegurar o normal funcionamento do tribunal; FR: o ministro da

Justiça pode transferir um juiz por razões organizativas na eventualidade – rara – de encerramento de um

tribunal ou por razões legais, como o das nomeações por prazo determinado (tratando-se do presidente de um

tribunal ou de funções especializadas); PL: na sequência da reorganização dos tribunais, cerca de

quinhentos juízes, cujos tribunais foram encerrados, foram transferidos para outros tribunais.

61 Dados recolhidos através de um questionário atualizado elaborado pela Comissão em estreita associação com a

RECJ. Em relação aos Estados-Membros em que não existem Conselhos Superiores da Magistratura, as

respostas ao questionário atualizado foram obtidas em cooperação com a rede dos presidentes dos Supremos

Tribunais da União Europeia. 62 O parágrafo 52 da Recomendação contém garantias sobre a inamovibilidade dos juízes, em particular, que um

juiz não deve ser transferido para outras funções judiciais sem o seu consentimento, exceto em casos de sanções

disciplinares ou reforma da organização do sistema judicial.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

52

Figura 52: Exoneração de juízes de primeira e de segunda instância*63

Esta figura indica as autoridades competentes para propor e decidir da destituição de juízes de

primeira e de segunda instância nos diversos Estados-Membros64. A parte superior da coluna

indica quem toma a decisão final65 e a parte inferior indica – se for caso disso – quem propõe a

destituição ou quem deve ser consultado antes da tomada da decisão. Pela primeira vez, a

figura indica igualmente o número de juízes destituídos em 2013 e se é possível a revisão da

destituição por um tribunal, pelo Tribunal Constitucional ou por outro órgão independente.

* O número sobre a coluna indica o número de juízes destituídos em 2013 (a ausência de número indica a

indisponibilidade de dados). EL: um juiz exonerado do sistema judicial cível/penal; UK (EN+WL): nenhum juiz a

63 Dados recolhidos através de um questionário atualizado elaborado pela Comissão em estreita associação com a

RECJ. Em relação aos Estados-Membros em que não existem conselhos superiores da magistratura, as respostas

ao questionário atualizado foram obtidas em cooperação com a Rede dos Presidentes dos Supremos Tribunais da

União Europeia. 64 De acordo com os parágrafos 46 e 47 da recomendação, os sistemas nacionais devem estabelecer garantias

relativamente à destituição dos juízes. 65 Pode tratar-se de um ou de dois organismos, consoante o fundamento para a destituição ou o tipo de juiz

(por exemplo, presidente, etc.).

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

53

tempo inteiro foi exonerado, apenas o foram juízes a tempo parcial (remunerados por honorários),

nomeadamente um juiz de tribunal, quatro recorders (que exercem funções cerca de 15 dias por ano) e oito

magistrados (leigos); Nalguns países, o governo está obrigado, por lei ou pelo costume, a seguir a proposta de

exoneração de juízes apresentada pelo conselho superior da magistratura (por ex.: ES).

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

54

Figura 53: Distribuição dos processos num tribunal66

A figura indica o nível a que são definidos os critérios de distribuição dos processos num

tribunal (por exemplo, legislação, prática), o modo de distribuição dos processos (por exemplo,

pelo presidente do tribunal, pelos funcionários judiciais, distribuição aleatória, ordem

predefinida) e a autoridade que controla a distribuição67.

66 Dados recolhidos através de um questionário atualizado elaborado pela Comissão em estreita associação com a

RECJ. Em relação aos Estados-Membros em que não existem Conselhos Superiores da Magistratura, as

respostas ao questionário atualizado foram obtidas em cooperação com a Rede dos Presidentes dos Supremos

Tribunais da União Europeia. 67 De acordo com o parágrafo 24 da recomendação, os sistemas de distribuição dos processos num tribunal devem

seguir critérios preestabelecidos e objetivos, a fim de salvaguardar o direito a um juiz independente e imparcial.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

55

Figura 54: Afastamento e recusa de juízes68

A figura indica se os juízes podem ser alvo de sanções ou não, em caso de incumprimento da

obrigação de se escusarem a julgar um caso em que está em causa a sua imparcialidade, ou

comprometida, ou em que existe uma perceção razoável de parcialidade. A figura indica

igualmente a autoridade69 que decide dos pedidos de recusa de um juiz por uma parte70.

68 Dados recolhidos através de um questionário atualizado elaborado pela Comissão em estreita associação com a

RECJ. Em relação aos Estados-Membros em que não existem conselhos superiores da magistratura, as respostas

ao questionário atualizado foram obtidas em cooperação com a Rede dos Presidentes dos Supremos Tribunais da

União Europeia. 69 Por vezes, esta decisão pode ser tomada por mais do que uma entidade, consoante o nível do tribunal em que o

juiz recusado exerce funções. 70 De acordo com os parágrafos 59, 60 e 61 da recomendação, os juízes devem agir com independência e

imparcialidade em todos os casos, devendo afastar-se de um processo ou recusar-se a agir quando existam

motivos válidos definidos exclusivamente por lei.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

56

Figura 55: Procedimentos em caso de ameaça contra a independência de um juiz71

A figura indica as autoridades que podem atuar em procedimentos específicos para proteger a

independência judicial quando os juízes considerem que a sua independência está em risco72.

Indica igualmente as medidas que essas autoridades podem tomar (por exemplo, emissão de

uma declaração formal, apresentação de queixa ou aplicando sanções contra as pessoas que

procuram influenciar os juízes abusivamente). As medidas para proteção da independência dos

juízes são tomadas pelo Ministério Público ou por um tribunal (em caso de sanções), ou pelo

Conselho Superior da Magistratura, tratando-se de outras medidas.

71 Dados recolhidos através de um questionário atualizado elaborado pela Comissão em estreita associação com a

RECJ. Em relação aos Estados-Membros em que não existem Conselhos Superiores da Magistratura, as

respostas ao questionário atualizado foram obtidas em cooperação com a Rede dos Presidentes dos Supremos

Tribunais da União Europeia. 72 De acordo com os parágrafos 8, 13 e 14 da recomendação, se os juízes considerarem que a sua independência

está ameaçada, devem poder recorrer a meios de recurso eficazes.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

57

Conclusões sobre a independência judicial

Ao longo dos últimos três anos, na maior parte dos Estados-Membros a perceção da

independência melhorou ou permaneceu estável. No entanto, nalguns

Estados-Membros, o nível – já baixo – de perceção da independência continuou a

deteriorar-se.

O Painel de Avaliação de 2015 alargou o levantamento das garantias legais

destinadas a proteger a independência judicial em certas situações em que pode estar

em risco. Indica também o número de transferências de juízes sem o seu consentimento

e o número de destituições de juízes em 2013. Além disso, contém informações sobre

os critérios dos Estados-Membros para determinarem os recursos financeiros do sistema

judicial.

Atendendo a que vários Estados-Membros ponderam reformar os conselhos superiores

da magistratura ou criar organismos independentes, o Painel de Avaliação de 2015

apresenta um panorama comparativo das competências e composição dos conselhos.

O panorama poderá ajudar os Estados-Membros a assegurarem a eficácia dos conselhos

de proteção da independência do poder judicial, tendo simultaneamente em conta as

tradições e especificidades dos sistemas judiciais.

A Comissão incentivará as redes judiciárias a aprofundarem a sua avaliação da

eficácia das garantias jurídicas e refletirá sobre o modo como essas conclusões poderão

ser apresentadas em futuros Painéis de Avaliação.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

58

4. RESOLVER O PROBLEMA DAS LACUNAS DE DADOS

A recolha de dados sobre os elementos fundamentais dos sistemas judiciais de todos os

Estados-Membros continua a ser um desafio. A figura infra ilustra a lacuna de dados. Indica a

percentagem de informações disponíveis por Estado-Membro sobre cada uma das componentes

essenciais do Painel de Avaliação (eficiência, qualidade e independência).

Figura 56: Lacunas de dados e disponibilidade de informações (eficiência, qualidade,

independência/percentagem por Estado-Membro) (fonte: Comissão Europeia73)

Quase todos os Estados-Membros disponibilizaram informações sobre a independência.

Quanto à qualidade, a disponibilidade de informações é, em geral, superior a 50 %.

As principais dificuldades residem na eficiência. Embora quase todos os Estados-Membros

tenham participado na recolha de dados pela CEPEJ para a preparação do Painel de Avaliação

de 2015, o nível das respostas às perguntas específicas ainda carece de melhoria.

As dificuldades na recolha de dados devem-se a várias razões, nomeadamente falta de dados

devido a uma insuficiente capacidade estatística; não-correspondência entre as categorias

nacionais de recolha de dados e as utilizadas pela CEPEJ; em alguns casos, a falta de vontade

de participar na recolha de dados para efeitos do Painel de Avaliação.

Para colmatar a lacuna de dados, a Comissão insta os Estados-Membros a comunicarem todos

os dados pertinentes ao Painel de Avaliação e pretende reforçar as seguintes atividades:

trabalho com o grupo de pessoas de contacto sobre os sistemas judiciais nacionais na

recolha de dados e, dado o interesse expresso pela criação de novos indicadores no seio do

grupo, eventual criação de novos indicadores;

cooperação com os organismos da União Europeia em domínios específicas do direito da

UE relacionadas com o crescimento, como os da concorrência, dos consumidores e da

propriedade intelectual, e alargamento da cooperação a outros domínios;

cooperação com as redes europeias no domínio da justiça, em especial a Rede Europeia dos

Conselhos de Justiça, a Rede dos Presidentes dos Supremos Tribunais da União Europeia, a

Associação dos Conselhos de Estado e dos Supremos Tribunais Administrativos, 73 A percentagem de informações disponíveis tem em conta: para a eficiência, os indicadores de eficiência

decorrentes do estudo da CEPEJ, nos domínios da concorrência, dos consumidores e da marca comunitária; para

a qualidade, os indicadores decorrentes do estudo da CEPEJ e os dados recolhidos através do grupo de pessoas

de contacto no domínio da justiça nacional; para a independência, os indicadores decorrentes do questionário da

Comissão.

PROJETO — 29 DE JANEIRO DE 2015

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a Rede Europeia de Formação Judiciária e as associações de profissionais da justiça, em

particular os advogados;

acompanhamento do exercício comum de recolha de dados do Eurostat/UNODC e dos

grupos de peritos no domínio dos assuntos internos;

suprimento da falta de capacidade de alguns Estados-Membros para elaborar estatísticas

relativas à justiça no quadro do Semestre Europeu.

5. CONCLUSÕES

O Painel da Justiça na UE de 2015 reflete os esforços envidados pelos Estados-Membros para

tornar os seus sistemas judiciais nacionais mais eficazes. Revela algumas melhorias, mas revela

também que a manifestação dos benefícios da reforma da justiça requer tempo. Empenho e

determinação são, por conseguinte, indispensáveis para alcançar uma justiça mais eficaz.

A Comissão renova o seu compromisso de apoiar esses esforços, em cooperação com os

Estados-Membros e todas as partes interessadas. Uma justiça eficaz merece esses esforços

conjuntos, tendo em conta o seu papel de proteção dos valores comuns da União e a sua

contribuição para o crescimento económico.