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Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes | Produzido pelos alunos do 5º período | Ano XVII | Número 95 | Distribuição Gratuita | [email protected] Centro Cultural de Mogi abriga Clube de Xadrez Reuniões do clube incluem de amadores a competidores de alto rendimento Pessoas de todas as idades podem participar do Clube. "Visamos tanto o entretenimento, como o alto rendimento e o aspecto social", diz o presidente GUSTAVO PEREIRA Ocorrência de Aedes aegypti causa alerta no Alto Tietê Coletivo mogiano aposta em sucesso no YouTube Projeto leva stand up paddle ao Parque Centenário, em Mogi LETICIA SAID As grávidas, principalmente, estão alar- madas com o risco de contágio. Isso porque o vírus zika, transmitido pelo mosquito, é apon- tado como causador de microcefalia. Página 3 Projeto Stand Up Para Todos oferece aulas no Parque Centenário, em Mogi das Cruzes. Se- gundo o instrutor Kuia Condo, o esporte pode ser praticado por qualquer pessoa. Leia mais na página 12. Friends Group Entertainment produz ví- deos que misturam ação, terror, comédia e fantasia. O canal tem 20 mil inscritos. Página 6 EVELIN KAMIMURA MAGDA NATHIA O clube funciona com apoio de voluntários. No espaço disponibilizado pela prefeitura, ocor- rem treinamentos, competições e reuniões. A entrada é gratuita e qualquer pessoa pode participar. Leia mais na página 11.

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Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes. Produzido pelos alunos do 5º período, sob supervisão dos professores.

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Page 1: Página UM 95

Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes | Produzido pelos alunos do 5º período | Ano XVII | Número 95 | Distribuição Gratuita | [email protected]

Centro Cultural de Mogi abriga Clube de XadrezReuniões do clube incluem de amadores a competidores de alto rendimento

Pessoas de todas as idades podem participar do Clube. "Visamos tanto o entretenimento, como o alto rendimento e o aspecto social", diz o presidente

GUSTAVO PEREIRA

Ocorrência de Aedes aegypti causa alerta no Alto Tietê

Coletivo mogiano aposta em sucesso no YouTube

Projeto leva stand up paddle ao Parque Centenário, em Mogi

LETICIA SAID

As grávidas, principalmente, estão alar-madas com o risco de contágio. Isso porque o vírus zika, transmitido pelo mosquito, é apon-tado como causador de microcefalia. Página 3

Projeto Stand Up Para Todos oferece aulas no Parque Centenário, em Mogi das Cruzes. Se-gundo o instrutor Kuia Condo, o esporte pode ser praticado por qualquer pessoa. Leia mais na página 12.

Friends Group Entertainment produz ví-deos que misturam ação, terror, comédia e fantasia. O canal tem 20 mil inscritos. Página 6

EVELIN KAMIMURA

MAGDA NATHIA

O clube funciona com apoio de voluntários. No espaço disponibilizado pela prefeitura, ocor-rem treinamentos, competições e reuniões.

A entrada é gratuita e qualquer pessoa pode participar. Leia mais na página 11.

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2016 | Ano XVII | Nº 95 opinião

Tamires Vichi*

No mundo, algumas das personagens que mais vêm ganhando destaque em meio a tan-tas mudanças sociais são mulheres: lutando por seus direitos! Salários iguais! Por respei-to! Contra a violência! A favor do aborto. Opa, a favor do aborto?

Todas querem ser respeitadas, não sub-metidas, nem sofrerem com a violência, ações que absurdamente deveriam ser algo inato. Mas quando o assunto é aborto, existe uma di-visão. Contra ou a favor. Em especial, existem vidas – mãe e filho.

Uma perspectiva: em São José dos Cam-pos, interior de São Paulo, a Associação de Guadalupe, organização sem fins lucrativos e atuante em todo o país, acolhe mulheres que tenham sofrido algum tipo de violência e pen-sam em abortar. Segundo a fundadora Mariân-gela Consôli, cerca de 80% das mulheres que conhecem o projeto optam por ter seus filhos, pois são acolhidas, têm um acompanhamento psicológico, espiritual e após saírem dos cui-dados da Associação, têm alternativas de sus-tento econômico que lhes foram apresentadas durante a estadia. As outras 20% entram em contato, mas superficialmente, mal se identi-ficam.

Outra pespectiva: segundo o 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no país.

O que fazemos para deter esse mal? Le-galizamos o aborto? Quantas mulheres ainda serão estupradas, ou então: quantas vezes serão? Mulheres pobres e negras, que são as mais violentadas, deveriam ter o direito ao aborto? No entanto, se muitas vezes o mais básico já lhes é negado: atendimento digno nos postos de saúde, remédios; quem garante que com a aprovação de uma lei tudo será mu-dado? E se for? Elas terão lugar para abortar os filhos? E o necessário para viver com dig-nidade e não precisar passar pelo trauma de ter que decidir entre abortar ou não, isso lhes será garantido?

*Aluna do 5º A de Jornalismo da UMC

Filho resultadode estupro

Agnes Arruda*

Interdisciplinaridade tem sido a pala-vra-guia para o desenvolvimento das ati-vidades de professores e alunos de Design Gráfico, Jornalismo e Publicidade e Propa-ganda da UMC.

Muito antes de estar na moda falar so-bre pensamento holístico, hermético, a construção dos projetos pedagógicos de nossos cursos já foram elaboradas consi-derando a comunicação humana em toda a sua complexidade.

Por isso, além de levar em conta as especificidades de cada curso, constante-mente os estudantes são postos diante de situações que precisam ser solucionadas de forma integrada, e o próprio jornal que está em suas mãos reflete esse processo.

Em 2015-2, os alunos de DG foram provocados a desenvolver um novo proje-to gráfico para o Página UM. Para isso, foi necessário considerar características do veículo, como o conteúdo produzido pelos alunos de Jornalismo e as condições merca-

dológicas, típicas das estratégias de Propa-ganda. A orientação foi do professor Fábio Bortoloto, com consultoria do professor Elizeu Silva.

Após toda a pesquisa e desenvolvimento da proposta, foram realizadas apresentações em bancas de avaliação, para a escolha do projeto mais adequado. Venceu a criação dos estudantes Andre Eiji Nihiduma, Guilherme Mendonça de Oliveira e Luis Felipe Candido Gregorutti, atualmente no 3º período do cur-so, por contemplar melhor as características e necessidades do jornal e seu público.

Dessa forma, convido você, leitor, a não só apreciar o conteúdo que este jornal oferece, mas também a forma na qual ele aparece. Ela é resultado de muito trabalho dedicado por nossos estudantes e profes-sores, e certamente pensada especialmente para você.

*Professora coordenadora dos cursos de Design Grá�ico, Jornalismo e Publicidade e Propaganda da UMC. E-mail. [email protected]

Virou lugar comum afirmar que o jorna-lismo nunca se fez tão necessário na nossa história. Os nossos alunos sabem que essa é uma imprecisão oriunda de uma comoção compreensível por parte da opinião pública e que o exercício do jornalismo é tão salutar na atualidade quanto sempre o foi. Ou que já se vão 400 anos desde que Shakespeare alertava sobre algo podre no reino da Di-namarca para colocar um espelho bem na frente de nossos olhos.

Vários dos artigos e matérias do jornal que você tem em mãos têm pauteiros e repórteres diferentes. Nesse caso, o aluno que sugeriu o assunto a ser apurado não

é o mesmo que fez o trabalho de repórter e redator. Isso é importante não apenas porque condiz com o principal objetivo de um jornal-laboratório, que é o de emular as condições de uma redação com a maior fidelidade conceitual possível, mas também porque põe à prova o ferramental do ofício jornalístico aprendido durante toda a traje-tória acadêmica até o momento.

Ainda que desapareçam as mazelas, vale salientar que a figura do jornalista nunca descansará, sempre atenta e repetindo o aforismo de Émile Zola como se fosse um mantra: com o dever de falar e não querer ser cúmplice, para o bem e para o mal.

Somos feitos da mesma matéria de que são feitos os sonhos

editorial

da coordenação

Comunicação e complexidade humana (ou "Porque religar os saberes é preciso")

Jornal-laboratório do Curso deJornalismo da Universidade de

Mogi das Cruzes (UMC)

Ano XVII – Nº 95Fechamento: 3/05/2016

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Avenida Doutor Cândido Xavier de Almeida Souza, 200 – CEP: 08780-911 –

Mogi das Cruzes – SPTel.: (11) 4798-7000

E-mail: [email protected]

* * *

O jornal-laboratório Página UM é uma produção de alunos do curso de

Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), em conformidade com o Projeto Pedagógico do curso. Esta

edição foi produzida pelos alunos do 5º período.

Professores orientadores:Prof. Elizeu Silva – MTb 21.072-SP (Orientação geral, Edição, Textos e

Planejamento Gráfi co);Prof. Guillermo Gomuci (Textos);Prof. Fábio Aguiar (Fotografi as);

Projeto gráfi co:Andre Eiji Nihiduma;

Guilherme Mendonça de Oliveira;Luis Felipe Candido Gregorutti

(Alunos do curso de DG da UMC):Orientador: Prof. Fábio Bortolott o

* * *

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

Chanceler:Prof. Manoel Bezerra de Melo

Reitora:Profª. Regina Coeli Bezerra de Melo

Vice-Reitora:Profª. Roseli dos Santos

Ferraz VerasPró-Reitor de Campus (sede):Prof. Claudio José Alves Brito

Pró-Reitor de Campus(fora da sede):

Prof. Antonio de Olival FernandesPró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação

e ExtensãoProf. Miguel Luiz Bati sta Júnior

Diretor Administrati vo:Luiz Carlos Jorge de Oliveira Leite

Gestora dos Cursos de Design Gráfi co, Jornalismo e Publicidade e

Propaganda:Prof. Ms. Agnes Arruda

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2016 | Ano XVII | Nº 95saúde

Leticia Said

O Zika Vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite dengue, febre ama-rela e febre chikungunya. O surto do vírus no Brasil tornou-se notí-cia até em jornais internacionais, porém, ainda há pessoas que não sabem como lidar com o risco.

Todo cuidado é pouco. Os es-pecialistas recomendam não dei-xar água parada ou lixo acumula-do. É necessário usar repelente, instalar telas nas portas e janelas, manter garrafas vazias e baldes virados para baixo, limpar calhas e canos, cobrir caixas d’água e piscinas, impedir o acúmulo de água no quintal ou na rua, colocar terra nos pratos de vasos de plan-tas. Os recipientes de comida de animais domésticos, que normal-mente ficam no quintal , também exigem atenção. Para a enfermei-ra Michelle Paiva, somente com mudança de comportamento será possível vencer a ameaça.

As grávidas, principalmente, estão alarmadas com o risco de contágio. Isso porque o vírus zika é apontado como causador de mi-

crocefalia, embora ainda sem con-firmação científica. A microcefalia compromete o pleno desenvolvi-mento da cabeça e do cérebro du-rante a gestação, causando atraso mental, déficit intelectual, parali-sia, convulsões, epilepsia, autismo e rigidez muscular. Até fevereiro deste ano foram confirmados 462 casos no país, 41 deles associados ao vírus do zika, de acordo com o Ministério da Saúde. Emilli San-tos, no quinto mês de gestação, desabafa: "Me sinto refém dos re-pelentes, das telas nas janelas, das roupas cobrindo todo o corpo e dos inseticidas".

Após a picada do mosquito, o vírus demora de 3 a 12 dias para apresentar sintomas, que são fe-bre baixa, entre 37,8 e 38,5 graus; dor nas articulações, mãos e pés, com possível inchaço; dor mus-cular; dor de cabeça e atrás dos olhos; manchas vermelhas acom-panhadas de coceira, que afetam rosto, tronco, mãos e pés. Os sin-tomas geralmente desaparecem entre 3 e 7 dias após a manifes-tação. No entanto, as dores nas articulações podem persistir por aproximadamente um mês.

Emilli Santos, gestante de 5 meses, adota cuidados contra picadas do mosquito

Na placa, constam o custo total das obras e o prazo para conclusão da reforma

Banco quebrado: na área interna, há infiltrações no teto e rachaduras no piso

Zika Vírus causa mudança de comportamento

LETICIA SAID

Falta de reforma prejudica atendimento em UBSPlaca instalada no local anuncia reforma concluída em 2014, ao custo de R$ 313 mil. Moradores negam

Jeferson Veras

Os usuários da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Paulis-ta, Suzano, se deparam com ins-talações que exigem uma reforma urgente. Uma placa instalada no local anuncia obras de melhorias, que, segundo moradores, nunca ocorreram.

Pela placa, sabe-se que as obras deveriam ter sido concluí-das julho de 2014, ao custo total de R$ 313.000,00.

Márcia Silva, 37 anos, mo-radora do edifício em frente à UBS, não entende a finalidade da placa. “Moro aqui desde 2013 e nunca vi sequer vestígio de re-forma nesse posto”, afirma. O professor Agnaldo Marcolombo, 44 anos, revolta-se com a situa-ção. “A placa está aí de estátua, pois na prática nunca foi feito nada”. Ele mora na rua Paulo Alfredo Hilbert, que dá acesso à entrada do posto.

Segundo Glaucia Silva, 27 anos, o prédio da UBS precisa de reparos na rede hidráulica, na co-bertura e na pintura das paredes. Ela utiliza os serviços da unidade de saúde todas as semanas, pois está grávida.

A reportagem do Página UM esteve no local e constatou pro-blemas no piso, que dificultam a locomoção dos usuários, e bancos quebrados na área externa da uni-dade de saúde.

Não foram localizados regis-tros sobre a obra no Portal da Transparência da prefeitura de Suzano. A reportagem fez conta-to por telefone com a Secretaria de Saúde do município, e a aten-dente solicitou que os questio-namentos fossem enviados por e-mail. Contudo, as mensagens retornaram com aviso de endere-ço inexistente.

FOTOS: JEFERSON VERAS

Falta de manutenção compromete oferta de atendimento digno aos cidadãos

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2016 | Ano XVII | Nº 95 saúde

Hospital amplia capacidade de atendimentoAté o inicio do próximo semestre, Unidade médica passará a ter 82 leitos para dependentes químicos

Gabriela de Sousa Maria FranciscaThiago Caetano

O Hospital Dr. Arnaldo Pezzuti Cavalcanti, localizado em Jundia-peba, Mogi das Cruzes, ampliou a Unidade de Reabilitação de de-pendentes químicos e até o próxi-mo semestre terá 82 leitos, para ambos os sexos, destinados ao cuidado de pessoas com depen-dência química. Vinte leitos, para homens, já funcionam no centro, inaugurado em 2013.

A dependência química é um dos maiores problemas sociais na atualidade. Segundo o Relatório Mundial Sobre Drogas, da ONU (Organização das Nações Unidas), divulgado em Viena em junho de 2015, cerca de 246 milhões de pessoas já consumiram entor-

pecentes ilegais. No relatório, o diretor-geral do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Cri-me (UNODC), Yuri Fedotov, afir-ma que o número de pessoas que morreram no mundo, em 2013, devido ao consumo de drogas, ul-trapassa 187 mil.

O hospital tenta mudar este cenário, fornecendo além do tra-tamento convencional, a reinser-ção dos pacientes na sociedade.

Para o estudante de psicologia, Paulo Victorino, essas atividades são importantes na recuperação dos pacientes. “Atividades auxiliam nas terapias, pois são estímulos po-sitivos. Os reforços naturais, como elogios, contribuem para que com-portamentos como o de sociabiliza-ção voltem a ocorrer, o que ajuda no tratamento como um todo”.

Paulo ainda comenta sobre o

papel das famílias no tratamento. “A família é imprescindível para os dependentes químicos, deve reforçar positivamente o adicto, para que ele se socialize com ou-tras pessoas”.

Mas nem sempre os familiares estão presentes. Wesley Pereira, estudante de Publicidade e Pro-paganda, que visitou o local com um grupo da igreja da qual faz parte, afirma que a participação dos familiares é quase inexistente. “Há pessoas que não têm família apoiando ou cuidando. É muito difícil”.

Apesar da falta de perspectiva para alguns pacientes, Wesley re-lata que visitar o hospital é uma lição de vida. “É um turbilhão de sentimentos, os pacientes ficam felizes com a nossa presença, são muitas pessoas e muitas histórias”.

GABRIELA DE SOUSA

Centro Dr. Arnaldo Pezzuti Cavalcianti tenta mudar a perspectiva dos dependentes através de reinserção social

Lyamara Alves

Quem passa pelo campus I da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) já deve ter visto um gru-po de jovens realizando celebra-ções religiosas na alameda entre os prédios II e III. Em alguns ho-rários, é possível ouvir cânticos acompanhados por violão.

Composto por estudantes de cursos variados, os universitários evangélicos estão organizados em três grupos principais: o Dunamis Pocket, o Aviuni e o Reference. Em comum, os grupos procuram promover a integração entre es-tudantes que professam religiões cristãs e incentivar condutas ele-vadas e os sistemas de valores di-fundidos pela religião.

A estudante Thayná Bertaiolli, que participa dos eventos há mais ou menos um ano, afirma que se sente muito bem entre os demais jovens. “Eu sempre saio edificada e feliz para me dedicar ainda mais àquilo que faço. As reuniões têm

me ajudado inclusive nos estudos, porque quero fazer a diferença no mundo e sei que isso será possível através da minha profissão. Além de ser um encontro de pessoas com o mesmo objetivo, ainda é possível fazer novas amizades", diz.

campus

Estudantes evangélicos realizam cultos na UMC

FOTOS: LYAMARA ALVES

Os encontros ocorrem antes das aulas. Qualquer pessoa pode participar

Thayná: "Sempre saio edificada. As reuniões têm me ajudado no estudo"

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2016 | Ano XVII | Nº 95empreendedorismo

Investimento em brechós vira tendência no ATAlém de promover consumo consciente, esse tipo de empreendimento oferece peças únicas a preços baixos

Geovanna Garcellan

O empreendimento em bre-chós é a nova tendência na região do Alto Tietê. Comerciantes da área investem na decoração dife-renciada de suas lojas e oferecem preços baixos. Na maioria das ve-zes, contudo, os clientes são atraí-dos pelo consumo consciente.

Mayra Leão, proprietária do brechó Espaço da Carochinha, em Mogi, explica que há 18 meses decidiu abrir a loja por ter afini-dade com moda e com produtos de segunda mão. “Gosto da ideia de sustentabilidade e tenho habi-lidade em montar combinações. Quando pensei em ter meu pró-prio negócio, o brechó foi a pri-meira coisa que me veio à cabeça”.

Para atrair clientes, Mayra dá preferência à decoração temática e organizada do estabelecimento. “Eu ofereço um ambiente limpo, organizado, decorado e aconche-gante. Quero que as pessoas en-xerguem o brechó de outra forma e se sintam à vontade”.

Os preços são definidos con-forme o tecido e o estilo da roupa. As opções vão dos anos 50 aos 90 e custam a partir de R$ 2. “Quanto mais vintage, mais alto o valor”.

No BreChic, de Suzano, a sócia Aline Pereira da Silva Tanaki conta que sua família decidiu fechar um restaurante de comida oriental para investir no brechó.

“Desde que abrimos, há oito meses, percebemos que foi um bom negócio. O movimento é mui-to grande. Tem muita gente inte-ressada em peças antigas, exclusi-vas e com preço acessível”, afirma.

Os brechós proporcionam eco-nomia de até 80% no preço das mercadorias. Por aqui, a tendência ainda está se consolidando, mas nos EUA e nos países europeus esse tipo de loja é bastante comum.

Tendência promove consumo consciente

Mayra Leão, do Espaço da Carochinha: "Clientes têm que se sentir à vontade"

Além de bom investimento para empreendedores, os brechós promovem o consumo consciente. De acordo com a jornalista Jessica Almeida, que elaborou seu Traba-lho de Conclusão de Curso sobre o impacto da reutilização na so-ciedade e no meio ambiente, os brechós se constituem como uma prática sustentável. “Não se des-cartam os bens de consumo, mas busca-se a reutilização. Os impac-tos positivos são diversos, tanto no aspecto ambiental quanto no econômico”, explica Jessica.

Lígia de Marco, moradora de Mogi das Cruzes e consumidora de produtos de segunda mão, afirma que a sustentabilidade e a liberda-de para seguir um estilo próprio levaram-na aos brechós. "Penso muito na questão político-social e ambiental de comprar coisas desnecessárias. Não sou contra o consumo de objetos novos, apenas tento avaliar se preciso, se real-mente quero e se de fato vou usar. Sempre que adquiro algo, vejo se posso me desfazer de outra coisa passando para frente”. (G.G.)

Franquias de alimentação e estética resistem à crise

GEOVANNA GARCELLAN

Para especialista, empreender em franquias de alimentos pode ser vantajoso

LETÍCIA SANTIAGO

Amanda MantovaniLetícia SantiagoIngrid Marques

O Brasil atravessa uma crise econômica que afeta o comércio em geral e, neste cenário, quem pretende investir no setor preci-sa tomar algumas precauções.

Em um cenário economica-mente desfavorável, os comer-ciantes adotam a inovação como alternativa. Nesse sentido, as franquias atraem os negociantes que desejam uma marca reconhe-cida, com público-alvo definido e na maioria das vezes com a pro-paganda pronta.

O candidato a franqueado deve ficar atento ao tipo de franquia que pretende adquirir. O gestor de recursos humanos e capacitação profissional Paulo Rogério des-taca que conhecer e entender a marca, o segmento e o público são

fatores essenciais. “O franqueado precisa desenvolver a prática de se relacionar com o público, ter li-derança, ter potencial financeiro e dedicar-se ativamente à franquia”.

Escolher o ramo certo para investir é uma tarefa difícil para os comerciantes, porém, neste momento de crise, os setores de estética e alimentação continuam recebendo investimentos. “Fran-quias desses ramos sobrevivem mais em épocas de crise. Em se-guida, vem a prestação de servi-ços” explica Paulo Rogério.

Mesmo que a ação do fran-queado seja independente da atuação do franqueador, é impor-tante ficar atento aos padrões da marca, suas atualizações e à legis-lação. “Investir em uma franquia é um negócio que abre portas e oportunidades, desde que seja bem estruturada e conduzida” afirma Paulo Rogério.

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2016 | Ano XVII | Nº 95

MAGDA NATHIA

Felipe Guilherme, 22, largou o emprego e decidiu se aventurar no meio digital. Há pouco mais de um ano, fundou no YouTube o ca-nal Friends Group Entertainment. Atualmente com oito integrantes, o grupo mogiano ultrapassa 20 mil inscritos.

O grupo banca as próprias produções, pois ainda não tem patrocinadores. Os integrantes se desdobram em atuação, direção, criação e edição dos vídeos. “É um projeto ousado, um sonho”, afirma Felipe. Sem apoio da fa-mília, depende dos amigos para levar o sonho adiante. Os vídeos do FGE são uma mistura de ação, terror, comédia e fantasia. Por não se prenderem ao roteiro, muitas cenas nascem durante a gravação. É o caso do vídeo “So-breviventes”, cujo roteiro previa uma discussão de amigos sobre o uso excessivo de celular, mas acabou virando um filme sobre o apocalipse zumbi, novidade no canal. O resultado deu tão certo que agora os fãs pedem que seja transformado em série.

Os fãs, ou inscritos, como são chamados, têm a oportunidade de acompanhar algumas gravações e sugerir o que querem ver no ca-nal. Lucas Elias, um fã que gosta-va de acompanhar as gravações, foi convidado a participar de uma gravação e acabou sendo incorpo-rado ao grupo.

O sonho de ser youtuber não veio de uma hora para outra. O Friends se inspirou no canal australiano Racka Racka, que faz produções semelhantes. “Eles são muito mais insanos”, afirma Felipe.

Em plena crise financeira, a de-cisão tomada por Felipe de aban-donar o emprego parece loucura,

Quem quer ser um Youtuber?Nem jogador de futebol, nem modelo. A profissão do momento é youtuber

Gravação de “Sobreviventes”, vídeo que retrata um apocalipse zumbi

Embora a produção seja caseira, o FGE não abre mão da qualidade

Integrantes do FGE: a partir da esquerda, Dorival, Anderson, Felipe, Rebeca e Cinthya; agachado: Arthur

FOTOS: MAGDA NATHIA

O futuro é em 3D e 1080pCarolina Kiuchi

Quando soube que a Sam-sung, oficialmente, lançaria um celular que poderia ser aco-plado a outra plataforma para se tornar uma espécie de Ocu-lus, pensei, “quem diria”. Até o momento já havia visto outras formas de experimentar a “rea-lidade virtual”, mas todas vol-tada para o mundo dos jogos. O Oculus rift (agora pertencente ao Facebook) foi popularizado pelos youtubers gamers, apre-sentando experiências que en-volviam emoção e terror.

A tecnologia 3D foi além e as simulações da realidade já fazem parte do cotidiano. Obri-gatório desde o final de 2015, o simulador de volante das au-toescolas é um jogo que somos obrigados a jogar. E graças a esses avanços, podemos até passear pelo interior de uma casa antes mesmo dela ser cons-truída. O 3D permite uma nova abordagem para os compra-dores, além de evitar possíveis problemas futuros com design indesejável.

Os “jogos” estão presentes, também, na área médica. Ano passado, o Hospital das Clínicas conduziu um tratamento para pacientes com o mal de Parkin-son fazendo o uso dessa tecnolo-gia, aplicável também em outras doenças psicológicas e fobias.

Quem sabe, em alguns anos, a humanidade possa finalmente se teletransportar? Ou a euforia que seria poder imergir seu cé-rebro em um mundo completa-mente diferente; curar doenças psicológicas. Bom, que venha o futuro.

opinião

mas não é. Canais como “5inco Minutos”, da youtuber Kéfera Bu-chmann e “Parafernalha”, de Feli-pe Neto, são casos que deram cer-to. Kéfera, por exemplo, não revela quanto ganha, mas estima-se que seja mais de R$ 370 mil mensais. Felipe Neto, o primeiro youtuber brasileiro a ter mais de um milhão de inscritos, fundou uma empresa de consultoria para youtubers, a Paramaker.

O próprio YouTube disponibi-liza dicas, sons e outros recursos para quem deseja ter um canal e não sabe por ponde começar. Para quem quiser ir mais fundo, o canal oferece cursos online na Escola de Criadores de Conteúdo; e quem precisa de estúdio profissional para as gravações pode utilizar o YouTube Space, localizado em São Paulo, que reúne todos os recur-sos de um set de filmagens.

empreendedorismo6

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2016 | Ano XVII | Nº 95meio ambiente

Katarine Marques

No ranking ambiental do Programa Município Verde Azul (PMVA) do governo do Estado de São Paulo, o município de Ferraz subiu 214 posições. A ci-dade, que estava na posição 568, agora ocupa o 354° lugar de 614 municípios paulistas, conforme a Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

A conquista resulta do traba-lho da Pasta Verde, diz o secretário Clóvis Caetano, que assumiu a Se-cretaria do Verde e Meio Ambien-te em fevereiro deste ano. Caetano afirma ter muitos projetos de edu-cação ambiental a serem imple-mentados, principalmente nas es-colas. “Vamos distribuir cartilhas sobre conscientização ambiental”, garante.

Para verificar a extensão do trabalho da Pasta Verde, o Pági-na UM conversou com moradores sobre as ações voltadas ao Meio Ambiente promovidas pela pre-feitura.

Vitor Fagundes, 19, relata que nunca viu nenhuma ação de edu-cação ambiental no bairro onde mora. Ele revela que atrás da casa dele há um terreno baldio com enorme quantidade de lixo. “Em casa a gente separa o lixo, nada muito especifico, apenas separa-mos o lixo orgânico dos demais. O resto vai tudo junto. É difícil sa-ber como o lixo será tratado pela prefeitura, se vai ser reciclado ou jogado em algum aterro ilegal”, questiona.

Aline Sobrinho, ex-agente mu-nicipal de saúde, moradora do bairro Margarida, desconhece o ranking ambiental e ficou surpre-sa com a posição alcançada pela cidade. “A única coisa que fazemos em casa é reciclar o óleo para fa-zer sabão. Acho que as pessoas só

fazem alguma coisa quando existe algo para ganhar”, afirma.

Informado de que muitos ci-dadãos desconhecem as medidas tomadas pelo município, o secre-tário justificou dizendo que algu-mas ações demoram até ser per-cebidas pela população.

Ferraz sobe 214 posições em ranking ambiental

Moradores Vitor Fernandes (no alto) e Aline Sobrinho (centro) apontam problemas e desconhecem ações da prefeitura. Secretário Clóvis Caetano (acima) justifica dizendo que "algumas ações demoram até ser percebidas"

Conheça o ciclo do Tietê

Lílian Pereira

O rio que nasce em meio à Mata Atlântica na pequena Salesó-polis, tem muita história para con-tar. O Tietê, ou melhor, o “caudal volumoso”, na língua Tupi, é um dos rios mais importantes do Bra-sil. No século XVI, foi a primeira rota de penetração no território.

Em meio a árvores, vegetação rasteira e animais, o rio que surge no "Parque Nascentes do Tietê" é bem diferente daquele conhecido pelos paulistanos. Nenhum si-nal de poluição. Rodrigo Ribeiro, biólogo do parque, revela que há muitas nascentes, mas uma delas foi escolhida como principal por ser a mais distante da foz e a mais alta em relação ao nível do mar.

O segundo trecho do rio co-meça em Biritiba Mirim, onde a poluição começa a ser visível. A a produção hortifrutigranjeira, principal atividade econômica da cidade, contribui para a descarga de substâncias no curso d'água. Segundo Ribeiro, não haveria pro-blema se em Biritiba o Tietê já fosse caudaloso e capaz de diluir os defensivos agrícolas nele lan-çados. Infelizmente não é o que ocorre.

Em Mogi das Cruzes, a reali-

dade começa a ficar bem pior. É a primeira cidade que descarta o esgoto diretamente no Tietê, fa-zendo o rio perder oxigênio. In-dústrias da região também dão sua quota para a destruição do rio. Segundo Nadja Soares, bióloga da ONG Bio Bras, o problema com as indústrias vem caindo, e atual-mente elas respeitam a legislação ambiental. “A fiscalização é inten-sa e não vemos muitas indústrias burlando leis. Pode até ser que alguma faça algo escondido, como abrir comportas de esgoto de ma-drugada, mas o mais grave é o es-goto doméstico despejado direta-mente no rio”.

Em setembro de 2015, a orga-nização SOS Mata Atlântica colo-cou uma placa indicando o local onde o Tietê morre, no bairro Toyama, em Mogi.

Cabe à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) o controle, a fiscalização, o moni-toramento e o licenciamento de atividades geradoras de polui-ção, conforme consta no site da companhia. Procuramos, então, a agência mogiana que, por meio do biólogo Jorge Neves, explicou que as indústrias da região dis-põem de sistemas de tratamento de esgoto tanto sanitário quanto industrial e que a CETESB moni-tora periodicamente os efluentes tratados, avaliando a eficiência do sistema de tratamento. Neves afirma que “o sistema de trata-mento dos esgotos sanitários de Mogi se encontra operando satis-fatoriamente”. Não explica, contu-do, por que o rio morre no bairro Toyama, a apenas 56,5 quilôme-tros da nascente.

Bairro do Toyama, Mogi das Cruzes, onde o Tietê morre por falta de oxigênio

Em Biritiba Mirim, onde a poluição das águas começa a ser visível, ainda é possível encontrar peixes e pássaros no rio

FOTOS: LÍLIAN PEREIRA FOTOS: KATARINE MARQUES

O rio que deságua longe do mar é um dos mais importantes do país

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Page 8: Página UM 95

2016 | Ano XVII | Nº 95 educação

Ensino especial enfrenta problemas na regiãoFalta formação específica para docentes, cuidadores, professores auxiliares e infraestrutura física

Jennifer Oliveira

Cada vez mais alunos especiais estão se matriculando em escolas nas quais a maioria dos estudan-tes não têm deficiência. Contudo, nem sempre os professores rece-bem a capacitação adequada para atender estes alunos.

Os docentes enfrentam diver-sas dificuldades. Francinete de Paula Valverde Bassi, coordena-dora técnica de ensino especial na rede municipal de uma das cidades do Alto Tietê, afirma que entre as principais dificuldades estão a falta de formação especí-fica, a ausência de cuidadores, de professor-auxiliar na sala de aula, de equipe multidisciplinar, bem como, até falta de estrutura física.

Para a pedagoga Sislene Riente Ruiz Gomes, a falta de formação do docente compromete o aprendiza-do dos alunos. “Os docentes não estão preparados para trabalhar com estas crianças, o que dificulta o desenvolvimento delas”, explica.

Francinete Valverde defende que a melhoria no desempenho docente depende da iniciativa

de cada profissional. “Enquanto educadores, devemos conhecer e fazer valer a educação numa pers-pectiva inclusiva. Não temos mais como dizer: 'eu não sei’, ‘eu não consigo’ ou ‘eu não tenho forma-ção para isto'. É necessário buscar as formações previstas em lei".

Por telefone, Sandra Nogueira Evaristo, mãe de uma aluna com displasia frontonasal, com incapa-cidade para ouvir e falar, reforça que boa parte dos docentes não

FOTOS: JENNIFER OLIVEIRA

Professores enfrantam desafios por não receberem capacitação adequada para lecionar aos alunos especiais.

tem a formação necessária para atender os deficientes. "Minha fi-lha está matriculada em sala regu-lar e o aprendizado que ela rece-be não é adequado. Eu tenho que acompanhá-la na sala para ajudá--la em algumas atividades. diz.

Apesar dos problemas, a coordenadora técnica Francine-te Valverde mantém o otimismo. "Acredito que em um futuro bem próximo a inclusão será comum e natural", afirma.

VERÔNICA RIBEIRO

“Acredito que a inclusão será comum e natural”, afirma Francinete Valverde, coordenadora técnica

“A falta de formação compromete o aprendizado do aluno", afirma a pedagoga Sislene Riente

Para inspetora, convivência com alunos rejuvenesce

DAIANE AQUINOYASMIN CASTRO

As vozes jovens e eufóricas nos corredores da E.E. Washing-ton Luís, em Mogi das Cruzes, fa-zem parte da rotina de Otília Fer-nandes há 22 anos. A agente de organização escolar, cargo antes chamado de ”inspetora”, convive com a agitação comum nos ado-lescentes diariamente, e diz que é preciso ser firme. “Aqui é cansati-vo, a escola é grande. Hoje em dia, nem todo adolescente quer saber de estudar, tem que ficar pondo na sala, e eu brigo mesmo. Não deixo ficar fora”.

Otília, que era telefonista an-tes do atual emprego conquistado por concurso público, afirma que muita coisa mudou ao longo dos anos. “Hoje é muito mais difícil me impor. Antigamente, eles vinham à escola para estudar, mas agora virou ponto de encontro”.

A rotina é estressante, mas o

sorriso da agente escolar não so-fre abalos. Ela conta que poucos conseguem permanecer neste trabalho por muito tempo. “Uma professora que trabalhou aqui, e que também trabalhou em hospi-tal, saiu dizendo que era melhor ficar com os doentinhos”, lembra. Com sensibilidade, ela tenta com-preender os adolescentes.

“Já explodiram bomba perto de mim. Eu fico muito triste com situações como essa, mas temos que ver o lado deles. Muitos vêm de lares desestruturados, sem amor e sem incentivo”, afirma.

A agente escolar afirma que muitas vezes prefere não contar certos problemas às famílias, para não piorar a situação dos alunos.

Apesar das dificuldades, Otília nem pensa em mudar de profis-são e, com um sorriso, afirma que adora o que faz. “A gente rejuve-nesce. Apesar do corpo estar as-sim, a convivência com eles deixa a gente mais jovem".

YASMIN CASTRO

Apesar dos desafios, Otília Fernandes vê vantagens em ser inspetora de alunos

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2016 | Ano XVII | Nº 95educação

Ambiente escolar faz professores adoeceremEducadores sofrem com negação de direitos e violência no ambiente escolar. Sindicalista relata suicídio

Vitoria Sampaio

Na atual crise do ensino públi-co no Brasil, parte da sociedade atribui aos professores a culpa pelo fraco desempenho dos alu-nos. Contudo, o problema é muito mais complexo.

Com salário de apenas R$ 10,43 por hora/aula, o profes-sor do estado é sub-valorizado e obrigado a enfrentar situações humilhantes quase diárias, como o ambiente hostil nos quais sofre assédio moral e ameaças físicas.

Segundo Eliana Nunes, diri-gente do Sindicato dos Professo-res do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), o atual cenário da educação pública é delicado. Um dos efeitos visíveis dessa condição é que os alunos têm dificuldade para aprender e os professores para ensinar, sen-do que estes acabam responsabi-lizados pelo fracasso da educação. “Na verdade, são vítimas tanto quanto os alunos”, garante.

A dirigente sindical expõe um quadro desanimador: "Esperam que alunos e trabalhadores sejam felizes num ambiente de prédios destruídos, merenda muitas ve-zes vencida, quadras de esporte necessitando de reformas, entre outros problemas. Chega a ser irônico”. Segundo Eliana, a escola deixou de ser um local acolhedor e transformou-se em prisão. “Os alunos se sentem literalmente atrás das grades’’.

A professora L.A.S., 32 anos de idade e há 10 anos educadora do estado, tem uma lista de mo-tivos para estar desanimada: as condições precárias de trabalho, a desvalorização da carreira do-cente, a ausência de segurança nas escolas, a falta de um plano de carreira, as ameaças dos alunos e de seus familiares, as agressões fí-

Lotação excessiva das salas é um dos problemas apontados pelos professores

VITORIA SAMPAIO

sicas e verbais e a necessidade de trabalhar em diversos períodos e em unidades diferentes para con-seguir um salário razoável.

Eliana, da APEOESP, reforça o depoimento de L.A.S. Ela denun-

cia também que os professores encontram barreiras quando pre-cisam de afastamento para cuidar da saúde. O site do Instituto de Assistência Médica dos Servido-res Públicos Estaduais (IAMSPE),

por meio do qual os servidores devem marcar consultas, perma-nece inacessível por longos perío-dos. Quando conseguem acessar o site, os servidores não encontram vagas. Educadores extremamente doentes têm as licenças negadas nas perícias médicas, resultando em descontos de salários. ‘É uma verdadeira perseguição aos pro-fissionais que adoecem em decor-rência das péssimas condições de trabalhos’’, afirma.

Segundo a dirigente da APEOSP, a doença que mais as-sombra os professores é a Sín-drome de Burnout, conhecida como síndrome do pânico, que tem carácter depressivo. Causada por esgotamento mental e físico intensos, leva o doente ao pâni-

co e impede o bom desempenho nas aulas. “O profissional acaba visto como preguiçoso, o que in-tensifica o assédio por parte dos alunos, dos familiares dos alunos e da direção da escola, resultan-do em isolamento e desmoraliza-ção. Infelizmente, no IAMSPE os médicos raramente confirmam o diagnóstico, e a doença só se aprofunda”.

Há, inclusive, ocorrência de suicídios. Um dos casos mais re-centes é o do professor Limeira, relatado por Eliana Nunes. Após publicar uma série de desabafos nas redes sociais, ele teria come-tido suicídio após complicações causadas por fibromialgia e ter negados seus pedidos de licença para se tratar.

Crianças e adolescentes esperam por adoção em PoáLEONARDO CARLOSLUCAS ALMEIDAPABLO JANUÁRIO

Neste ano, 58 crianças e ado-lescentes esperam ser adotadas na cidade de Poá. As informações são de três órgãos de Justiça no município. Ao longo de todo o ano de 2015 foram adotados 14 jovens. Já em 2016, até a segun-da quinzena de março, o porcen-tual aumentou, e cinco crianças já conseguiram novo lar. Há tam-bém adolescentes que estão sob a guarda com fins de adoção (está-gio de convivência), aguardando a destituição do poder familiar dos genitores para o processo ser con-cluído. Vale destacar que atual-mente há cerca de 1.385 crianças registradas para adoção no estado de São Paulo.

No processo de adoção, os interessados geralmente optam

LUCAS ALMEIDA

Processo pode ser lento e burocrático, para garantir proteção das crianças

pelos mais jovens, o que acaba deixando os pré-adolescentes em situação muito difícil. Odete Penteado Abrão, chefe de seção Judiciário da 2ª Vara Criminal, da Infância e da Juventude de Poá, ex-plica a situação: “As pessoas veem mais facilidade na adoção de be-bês e crianças pequenas, recém--nascidas”. Segundo ela, a procura por crianças um pouco maiores e adolescentes é quase nula.

O processo de adoção conta com várias etapas que envolvem

detalhes como a documentação das crianças, o tempo de espera e determinação do motivo para a adoção. A professora Silvia Rangel passou por esse processo e atual-mente é mãe adotiva. “No meu caso também houve algumas difi-culdades burocráticas, mas resisti a todas, pois o nosso desejo, meu e do Celso (esposo), era receber com muito amor e carinho o nos-so filho do coração. A primeira vez que o vi senti um amor tão grande que superou qualquer diferença.

Foi o que chamamos de DNA por bluetooth. Hoje, ao olhar o meu filho, tenho certeza de que na ver-dade nós que fomos adotados por ele. O carinho transborda.”

Sofia Paixão é ajudante geral, mãe adotiva de duas crianças e afirma que a burocracia não só é necessária, mas recompensadora. “Depois de me cadastrar, tive que esperar sete anos. Tudo depende do perfil que queremos. Após esse tempo, fui informada de que que poderia adotar. Sou muito grata por ter conseguido duas crianças para a minha família. Hoje, passa-dos quatro anos, eles estão gran-des e me sinto muito bem”. Sofia não esconde a satisfação e até es-timula: “Naquela época, o proces-so para adotar era bem rigoroso e demorado, mas simples de se fa-zer. Portanto, para os interessados em realizar uma ação como esta, façam! A sensação é maravilhosa.”

sociedade

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2016 | Ano XVII | Nº 95 segurança

Cantada de rua é crime e pode render processoAto configura injúria prevista no Código Penal. A pessoa assediada pode registrar queixa contra agressor

Jéssica GidoriniMarina Doi

Ana e Maria (nomes fictícios, para preservar a segurança das entrevistadas) enfrentam algo em comum no caminho da casa para a universidade: a falta de respeito. Elas percorrem um trajeto com casas, vias moderadamente mo-vimentadas e um prédio em cons-trução. É em frente a obra que o desrespeito habita.

“Fiu fiu”, “olha pra mim, linda”, “maravilhosa”, e outras expres-sões menos educadas, as acompa-nham pelos intermináveis metros de calçada em frente à obra. Ana e Maria são apenas duas entre mi-lhares de mulheres. Seus nomes poderiam ser substituídos por quaisquer outros.

O Think Olga, projeto criado pela jornalista Juliana de Faria, realizou pesquisa com 8 mil mu-lheres de todo o país e revelou que 81% das entrevistadas já dei-xaram de passar por obras ou até de sair a pé por causa do assédio. “Entre a minha casa e o ponto de

ônibus existe uma obra, e eu me sentia constrangida toda vez que passava por lá pela forma como era tratada. Exausta, mudei de caminho”, revela Maria. “Tenho vontade de xingar, mas ao mesmo tempo tenho medo do que eles possam fazer se eu reagir”, conta Ana.

O que muitas mulheres não sabem é que a cantada é um cri-me tipificado no Código Penal. Trata-se de injúria, que dá à mu-lher assediada o direito de pres-tar queixa contra o agressor. Até a empresa na qual ele trabalha pode ser denunciada, caso ocorra no ambiente profissional.

De acordo com a advogada Regina Célia, tudo o que acontece dentro da empresa em horário de trabalho é de responsabilidade da empresa. “O funcionário em horá-rio de trabalho representa a em-presa, portanto, se um processo for aberto, o empregador também poderá ser implicado”, explica.

O Página UM entrou em con-tato com cinco importantes cons-trutoras da região para saber se

há, dentro da empresa, alguma punição para o funcionário que assediar mulheres na rua, mas nenhuma aceitou falar sobre o assunto. Todas garantiram: “Não

há nenhuma reclamação dessa natureza”.

A Polícia Civil orienta que as mulheres que passarem por situa-ções de assédio prestem queixa

Se a cantada acontecer durante o expediente de trabalho do assediador, a empresa também pode ser responsabilizada

Organização cria Semana Internacional Contra o Assédio na RuaPensando em formas de combate ao assédio con-

tra mulheres, a organização americana Stop Street Harassment (“Pare com o assédio na rua”) criou a Semana Internacional Contra o Assédio na Rua (In-ternational Anti-Street Harassment Week).

O evento acontece durante sete dias e une pes-soas de diferentes partes do mundo para discutir possíveis soluções para o problema. No período de-terminado pela SSH, grupos de cada país participan-te se reúnem em locais escolhidos pelos líderes da ação no território.

Pessoas de todo o mundo podem participar pelas redes sociais, usando a hashtag #EndSH, acompa-nhada de frases ou fotos relacionadas ao assédio nas ruas. É possível enviar ideias de como combater esse crime. Neste ano, a ação aconteceu entres os dias 10 e 16 de abril. (J.G./M.D.)

JÉSSICA GIDORINI

no Distrito Policial mais próximo, na Delegacia da Mulher ou mesmo pela internet, no site www.ssp.sp.gov.br/nbo, na área “Injúria/Calú-nia/Difamação”.

Manifestações mundiais contra assédio na rua

Estados Unidos

Estados Unidos

FrançaIraque Havaí

Afeganistão

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2016 | Ano XVII | Nº 95esportes

Clube de xadrez reúne jogadores mogianosEsporte oferece benefícios para a saúde mental, além de ser uma forma de socialização e entretenimento

Gustavo Pereira Gustavo SilvaJoão Renato Amorim

Fundado em 2007, o Clube de Xadrez de Mogi das Cruzes (CXMC) reúne toda sexta-feira, a partir das 19h30, jogadores de diferentes idades e níveis de ren-dimento para a prática do esporte no Centro Cultural da cidade. O trabalho surgiu por iniciativa do atual presidente do clube, Cláudio Tomarozi.

Ele destaca a importância do xadrez na questão social que, se-gundo argumenta, é “fundamen-tal”, pois proporciona benefícios para o corpo, além de ser uma boa forma de integração. “Contempla-mos as três áreas: entretenimen-to, alto rendimento com jogadores federados que disputam torneios e o aspecto social. Os três estão entrelaçados”, afirma.

Associada ao clube há quase uma década, a atual campeã brasi-leira da categoria Sub-16 Femini-no, Isabelle Tomarozi, 17, diz que o xadrez ajuda nos estudos. “O fato de eu jogar xadrez me ajuda com todas as matérias de exatas, pois envolve concentração e racio-cínio lógico”.

Para Emely dos Santos, 10, jo-gar xadrez é uma forma de “esfriar a cabeça depois da escola”. Ela re-vela que gosta de jogar em dias de prova, pois ajuda a ter um melhor desempenho.

A mãe da garota, Andréia dos Santos, conta que a filha aprendeu a jogar na escola e que o esporte melhorou o seu aprendizado. “O xadrez ajudou muito nos estudos, pois ela era muito dispersa. Hoje ela já não tem isso, a concentração é muito maior.”

Outra atleta de alto rendimen-to associada ao clube é Thifanni Nakata, 17, atual campeã paulista

Sub-18 Feminino. Com o incentivo dos pais, ela começou a jogar com 11 anos. Embora pretenda seguir carreira no esporte, no momento a jovem está mais concentrada no vestibular que prestará e em estu-dar bastante para ter tranquilida-de durante as provas.

Sem fins lucrativos, o clube funciona com apoio de voluntá-rios. O espaço para treinamento, competições e reuniões é dispo-

nibiliado pela prefeitura. A entra-da é gratuita e de livre acesso ao público em geral interessado pela atividade.

ServiçoCentro Cultural de MogiPraça Monsenhor Roque Pinto de Barros, 360 – Centro, Mogi das Cruzes, SP.Todas as sextas-feiras, das 19h30 às 22h. Entrada franca.

Cláudio Tomarozi, presidente do CXMC (no alto) diz que o esporte pode ser praticado por jogadores de diferentes idades e níveis de rendimento

FOTOS: GUSTAVO PEREIRA

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2016 | Ano XVII | Nº 95 lazer

Parque mogiano é cenário de esporte aquáticoEm parceria com loja de surf, o Centenário abre espaço para stand up. Crianças e até idosos já aderiram

EVELIN KAMIMURA

O treinamento é conduzido por professores de Educação Física e estagiários

(alunos praticando o Stand Up Paddle no lago do Parque Centenário)

evelin kamimura

O Parque Centenário, em Mogi das Cruzes, realiza em parceria com lojas de artigos para surf, o projeto Stand Up Para Todos. Pra-ticado em praias e lagos de todo o país, o SUP só chegou em Mogi no ano passado.

Inicialmente, as aulas podiam ser trocadas por alimentos que Kuia Condo, organizador do pro-jeto, doava a entidades assisten-ciais. A partir do começo deste ano, só é possível fazer as aulas mediante pagamento.

Em entrevista ao Página UM, Kuia afirma que o esporte pode ser praticado por qualquer pes-soa, independentemente de idade ou experiência. “Até quem nunca teve contato com a prancha conse-gue praticar”, afirma. Os iniciantes recebem instruções e suporte de treinadores formados em Educa-ção Física e estagiários.

Renata Trigo,estilista, 35, que conheceu o SUP no litoral, diz que os lagos do Centenário são uma ótima opção perto de casa. “Venho

sempre ao parque para fazer ativi-dades físicas e agora incluí o SUP na minha rotina de treinos”. Flávia Souza, (acrescentar idade), outra praticante do esporte no Centená-rio, também aprova a iniciativa.

Ramiro Ferreira, aposentado, 58 anos, veio de Ouro Branco, Mi-nas Gerais, visitar o irmão e, por indicação deste, se dispôs a expe-

rimentar o esporte pela primeira vez. “As instruções iniciais são es-senciais para quem tem experiên-cia”, afirma.

A Secretaria do Verde e Meio Ambiente, responsável pelo par-que, garante que a água dos la-gos foi analisada e não oferece nenhum risco à saúde dos espor-tistas.

Auro SakaiLucas camargo

Nos últimos anos, o conceito do “happy hour” chama a aten-ção daqueles que preferem um ambiente mais reservado. Sem perder o clima descontraído dos famosos “barzinhos”, os pubs to-maram conta dos finais de semana e após o expediente nos dias úteis, quando seus adeptos brindam ao momento de lazer.

Os pubs (ou public houses) nasceram por refugiados duran-te a Invasão Romana das Ilhas Britânicas, por volta de 10 a.C. e ganharam notoriedade com a re-gulamentação feita pelo governo inglês no funcionamento de bares abertos em todo o país em 1839.

Em Mogi, o pub Three Dogs localizado no Centro da cidade, compõe um ambiente semelhan-te ao modelo britânico. Fernando Flores, proprietário do estabeleci-mento ressalta o diferencial como a oferta de mais de 50 rótulos de cervejas destiladas e artesanais, onde se destacam quatro tipos: a Lager com mais malte, a Pilsen com menos, a Pale Ale que é mais encorpada e a Wit, feita de trigo, além de ser um gastropub com os mais variados pratos, o gênero

musical predominante é o rock e as suas vertentes, que vão do rock clássico e o heavy metal do Iron Maiden, passando pelo indie rock, até ícones do rock nacional como Titãs, Charlie Brown Jr. e O Rappa, entre outros. Para quem gosta de um ritmo dançante, DJs animam os intervalos das bandas cover ao vivo, a Three Dogs é voltada ao público adulto. Fernando acredita que apesar da crise econômica, enxerga o setor com otimismo, devido a relevância do segmento às pessoas que reservam o tempo ao lazer.

De acordo com Giovana Ana-cleto, professora de psicologia da Universidade de Mogi das Cruzes, a interação por meio dos pubs e bares se encaixa numa das quatro grandes classificações desta área de estudo: a Classificação Social, onde uma pessoa busca o relaxa-mento em lazer no seu tempo livre por pessoas que tenham um tipo de comportamento expansivo. Geralmente, essas pessoas traba-lham em ambientes fechados com pouca interação, o que revela uma característica de Compensação, quando se obtém algo por neces-sidade, como o sentimento de sa-tisfação ao realizar uma determi-nada atividade.

Pub torna-se novaopção de lazer em Mogi

AURO SAKAI

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2016 | Ano XVII | Nº 95lazer

vida silvestre

Trilha: uma alternativa para uma vida saudávelÀ procura de qualidade de vida atletas buscam nas trilhas uma alternativa para manter a forma

Carolina Crica

Em meio à paisagem cinzenta da cidade, muitos atletas amado-res buscam a tão sonhada forma física. Entre uma abertura e outra do semáforo, nas vias públicas acabam se misturando à poluição e ao caos do trânsito. Entre bura-cos e desníveis, buscam cuidar da saúde, mas o ambiente nem sem-pre é favorável.

Cansada da paisagem sufocan-te e do caos da cidade, a estudante de enfermagem Raiza de Souza decidiu mudar drasticamente o ambiente onde praticava ativida-des físicas. Ela deixou de lado a praça próxima de sua residência e optou por trilhas em meio à vege-tação. Na busca por locais adequa-dos, já precisou se locomover até para outras cidades.

“Sempre busquei me exercitar e ter uma vida saudável. Eu prati-cava caminhada todos os dias, mas sentia que faltava algo. Caminhar no meio dos carros e perto de prédios não me deixava satisfeita. Agora me encontrei, praticando

caminhada em trilhas, onde posso ter contato direto com a natureza. Conquistei uma qualidade de vida muito superior", afirma.

O guia turístico Fábio Santana explica que a caminhada em trilha é indicada para qualquer pessoa, de todas as idades.

“A prática frequente traz vá-rios benefícios para o corpo, como liberação do estresse, perda de peso, aumento do condiciona-mento físico, prevenção de doen-ças e equilíbrio emocional. Porém,

é importante lembrar que toda atividade física deve ser avaliada por um médico. É necessário res-peitar os limites de próprio cor-po”, alerta.

O Parque da Neblinas, localiza-do no distrito de Taiaçupeba, em Mogi das Cruzes, é uma reserva privada de uso sustentável, admi-nistrada pelo Instituto Ecofuturo. A Companhia Suzano de Papel e Celulose é sua principal mante-dora. No parque, os visitantes têm acesso a várias atividades, sendo as trilhas, como as do Mirante, as principais atrações. Há também a possibilidade de passeios ciclísti-cos e canoagem.

Segundo Michele Martins, analista de projetos do Instituto Ecofuturo, para fazer as trilhas com segurança é necessário ves-tir roupas confortáveis, usar tênis com solado antiderrapante e levar roupas extras, tudo acondiciona-do em alguma mochila pequena. Também é importante lembrar de usar protetor solar e repelente de insetos.

O parque funciona de terça a domingo, das 8h30 às 16h. O pre-ço do ingresso depende do pas-seio escolhido. As visitas devem ser agendas.

Raiza de Souza, praticando caminhada em avenida próximo sua residência

Sinalização das trilhas no Parque das Neblinas permite visita autoguiada

FOTOS: CAROLINA CRICA

Nicholas ModestoNiedja AraújoVictória Feijó

Mogi das Cruzes é uma cidade rodeada de grande vegetação e está no meio da Serra do Itapety. Por isso, diversos animais sil-vestres já foram encontrados em áreas urbanas, como os mais va-riados tipos de aves, gato do mato, gato mourisco, capivara, jaguatiri-ca, onças e muitos outros.

Segundo o veterinário Jeffer-son Renan Araújo Leite, esses ani-mais aparecem devido à cidade estar localizada numa área de fau-na rica. “De 2011 para cá, já foram enviados aproximadamente 1.600 animais silvestres para o CRAS PET, localizado no Parque Ecológi-co do Tietê, em São Paulo”.

Mesmo com toda a vegetação e fauna silvestres no entorno da

cidade, Mogi não conta um CRAS para atender os animais que se extraviam. “O local mais próximo é o do Parque Ecológico do Tietê, que vive lotado. Os animais que surgem na cidade têm que espe-rar vagas no Parque. Muitos se machucam ao serem capturados ou sofrem acidente nas vias públi-cas. A maioria, infelizmente, acaba morrendo devido ao estresse de captura”, afirma o veterinário.

Jefferson Leite orienta que caso algum desses animais sejam avistados em ambiente urbano, deve-se acionar um serviço de recolhimento, como Centro de Controle de Zoonoses, Corpo de Bombeiros, Polícia Ambiental, ou qualquer outro órgão que conta com equipe preparada. "Pode ha-ver risco reação violenta do ani-mal ou intoxicação por veneno. É preciso ter cuidado”, alerta.

Mogi das Cruzes não dispõe de estrutura para atender animais silvestres

NICHOLAS MODESTO

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2016 | Ano XVII | Nº 95 cultura

Evento reúne bandas de rock em Ferraz Festival incentiva a cultura e promove interação de tribos, acolhe causa beneficente e já fixou marca

Leticia Riente

Em Ferraz de Vasconcelos, um grupo de amigos se juntou para organizar um evento que divul-ga bandas da cidade e da região. O “Ressaca Rock Fest” está na 3ª edição e desta vez será beneficen-te. O encontro acontecerá no dia 22 de maio, das 13 às 22 horas, no Esconderijo Rock Bar.

Os fãs adoram o espaço que o evento abre, como forma de cultu-ra e interação. “É uma ótima opor-tunidade para reunir diferentes gostos e também promove a troca de ideias”, afirma Luiza Alves. Já Adrielle Silveira explica que o que mais gosta no evento é poder ou-vir seu tipo de música favorito. “As músicas sempre são boas e o mais legal é que além de ser gratuito, também contribui culturalmente na cidade”, ressalta.

O evento tem como objetivo mostrar o trabalho de grupos da

cidade, e também beneficiar en-tidades do município que cuidam de crianças carentes. Na ocasião, serão arrecadados brinquedos e alimentos destinados às crianças. Se apresentarão no “Ressaca Rock Fest” as bandas S.I.G.L.A, Toma-tecru, The Folks, Tequila Hemp, Truck 6 e Celestino.

Diego Porcho, um dos organi-zadores, explica que a ideia sur-giu quando era cogitada uma co-memoração de aniversário para alguns amigos. “A maioria de nós faz aniversário em junho, então, no dia 14 de junho de 2015, fizemos a primeira edição. Em 7 de fevereiro deste ano, organizamos a segunda. Juntos, os dois eventos reuniram mais de 400 pessoas”, afirma.

Maicon Dias, também organi-zador, esclarece como ocorre a ne-gociação com os grupos. “A gente deixa bem claro desde o começo que é um evento beneficente, en-tão realmente é para mostrar o

trabalho das bandas. Como já fize-mos outras edições, já temos uma marca e a maioria das bandas já conhecem o evento e até se ofere-cem para nos ajudar”, explica Dias.

Uma das idealizadoras do fes-tival, Fabiana Santos Benedetti, dona do local onde será realiza-do o evento, conta que iniciativas como esta são muitos escassas em Ferraz. “As ‘bandas de garagem’ são carentes de espaços para se apresentarem. Apoiamos esses festivais há 18 anos e sempre tive-mos bons resultados”, afirma.

O evento também tem o apoio de marcas como “Fish Way”, que trabalha com filmagens, e de ami-gos fotógrafos profissionais. Ou-tros bares da região também mar-cam presença no evento.

O Esconderijo Rock Bar fica na Rua Armênia, 108, Vila Roma-nópolis, em Ferraz de Vasconcelos e a entrada para o “Ressaca Rock Fest” é franca.

As bandas não cobram cachê e divertem o público durante todo o dia. A ideia surgiu de uma comemoração de aniversário

LETICIA RIENTE

Lanna Mesquita Rebeca Feitoza

A tradicional Banda Santa Ce-cília de Mogi das Cruzes voltou à atividade após mais de dois anos em silêncio. O grupo tem ensaiado no Casarão da Mariquinha, por-que sua sede está em péssimas condições e não há recursos para a reforma. A iniciativa da retoma-da foi do atual maestro Mário Au-gusto dos Santos, juntamente com ex-integrantes da Banda, apoiados pelo vereador Iduigues Martins.

As atividades haviam sido sus-pensas em 2013, após o corte do re-passe de R$ 15 mil pela prefeitura. O corte foi causado por dívidas do Imposto Predial e Territorial Urba-no (IPTU) e por problemas de pres-tação de contas da antiga gestão.

No começo de março deste ano, ex-integrantes da Banda se reuniram na Câmara Municipal com o vereador para tratar do rei-nício dos ensaios e apresentações. “Duas ações foram definidas: en-contrar meios jurídicos para os problemas administrativos e fazer com que os músicos pudessem retomar as apresentações inde-pendentemente da situação da sede e da antiga gestão”, conta o

vereador. “Assim como vários mo-gianos, assisti a inúmeras apre-sentações da Banda. Sei que ela tem potencial para se reerguer e me motiva saber que, com algum esforço, podemos conseguir a re-cuperação de sua sede e a volta das apresentações”, afirma.

Quem está à frente da Corpo-ração é o maestro Mário Augusto, músico da Santa Cecília há cerca de 30 anos. “Quando soube que a Banda havia parado, fiquei muito triste e comecei a conversar com os músicos, até que falei com um ex-presidente que é advogado, o Dr. Valter Aguiar e começamos a nos mover”.

Desde que as atividades foram retomadas, todas as quintas-fei-ras, a partir das 19h, cerca de 30 músicos se encontram para a rea-lização dos ensaios.

“Nunca tive a pretensão de ser maestro. Tenho um diploma, mas gosto mesmo é de tocar. Quanto a reger, arranjaremos outro. Vamos por a Banda para funcionar”, ga-rante o atual maestro.

Os músicos tomaram a frente da banda após omissão do atual

presidente. Próximo passo é reforma e retorno à sede

Corporação Musical Santa Cecília retoma atividades

LANNA MESQUITA

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2016 | Ano XVII | Nº 95cultura

Rezadeiras visitam devotos do Divino em MogiCerca de 220 mulheres, entre rezadeiras e auxiliares, fazem da devoção ao Divino um compromisso de vida

Grupo de rezadeiras se reúne na Catedral de Sant’Anna, onde são abençoadas pelo bispo. A tradição iniciada em 1974 sobrevive até os dias atuais

Famílias acolhem as rezadeiras por gratidão e em busca de bênçãos

FOTOS: ISABELA CAROLINA

EWELIN ALVESISABELA CAROLINALARISSA NOBREGA

As rezadeiras do Divino têm como missão evangelizar os fiéis na caminhada da fé, tradição que começou em 1974, e continua até hoje. São ao todo 50 rezadei-ras oficias, cada uma com um pe-queno grupo de auxiliares que as acompanham nas visitas aos fiéis, totalizando cerca de 220 mulhe-res que fazem de sua devoção ao Divino Espírito Santo um compro-misso de vida. Estima-se que suas rezas tenham incentivado mais de 35 mil fiéis a participarem da Fes-ta do Divino.

A festa é realizada tradicional-mente no mês de maio, mas para as rezadeiras o trabalho começa em janeiro, ou logo após o carnaval.

Cada rezadeira tem uma histó-ria, um porquê de tanta devoção. Dona Elizabete Moraes Lopes, 53 anos, nascida em berço católico, rezadeira oficial há 8 anos, conta que em 2014 foi diagnosticada com câncer maligno na mama. Du-rante o tratamento de quimiotera-pia, perdeu a filha de 32 anos. "Foi uma fase difícil", conta Elizabete. Contudo, ela afirma que nunca desistiu e que a devoção ao Divi-no Espírito Santo foi o que lhe deu força para seguir adiante.

Em 2015, após os tratamentos de quimioterapia e radioterapia, e a cirurgia para a retirada do tumor, Elizabete foi declarada curada. “Foram minha fé e devoção que me curaram. Não fosse Deus e o Divino eu não estaria aqui contando meu testemunhos a tantas pessoas”.

Dona Maria Aparecida, 73 anos, rezadeira desde 1999, lidera uma equipe de seis casais que faz as visitas na região de Jundiapeba, onde mora. Quando começou a frequentar a festa, acompanhando

os avós festeiros, ela não sabia o fundamento da comemoração ao Divino. Perguntada sobre o sig-nificado da festa em sua vida, ela responde: “O Divino é tudo para mim. Ser rezadeira é sem dúvida a maior graça que recebi”.

Durante as visitas aos devotos, as rezadeiras cantam e rezam. O devoto prepara a casa para rece-bê-las, providenciando um altar onde a imagem do Divino Espirito Santo, representado pela pomba branca, seja colocada sobre um pano vermelho. De um lado do al-tar é colocada uma caixa na qual os fiéis depositam pedidos; do outro, é colocado um cofre onde os devotos depositam ofertas. O dinheiro arrecadado é doado a instituições de caridade.

Antes de começar o ritual, as rezadeiras distribuem dons es-pirituais entre os familiares. São sete dons: da sabedoria, do en-tendimento, do conselho, da for-

taleza, da ciência, da piedade e do temor a Deus.

Após os rituais, uma mesa far-ta aguarda os fiéis. Os alimentos são também abençoados e ofere-cidos aos convidados. É um modo de agradecer e receber a bênção da fartura.

A professora Luciene Ariza, 49 anos, abriu as portas de sua casa para as rezadeiras. Ela ti-nha um motivo especial: queria agradecer o regresso a Mogi das Cruzes, após dois anos em Jun-diaí. “Foi a forma que encontrei para agradecer todas as bênçãos alcançadas, agradecer nosso re-torno e pedir proteção para nos-sa família”, diz.

O trabalho das rezadeiras abre caminho para a festa. Elas são responsáveis pela parte es-piritual da festa, um trabalho minucioso e cuidadoso que exige amor e devoção. Para ser reza-deira é preciso acompanhar as

rezadeiras mais experientes por, no mínimo, um ano, e ter o dom da reza. As visitas nas casas con-tinuam até cerca de uma semana antes da festa.

Aparecida Marlene Miguel Barros, coordenadora das reza-deiras, revela que a história dessas rezadeiras irá se transformar em

livro. Um grupo de pesquisadores se interessou pelas histórias e de-cidiu contar a caminhada dessas mulheres na fé. O livro tem como objetivo mostrar o que levou es-sas mulheres a serem rezadeiras.

Toda a renda obtida com a venda do livro será revertida para a Casa da Festa.

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2016 | Ano XVII | Nº 9516