página temática: semana da...

8
Página temática: Semana da Mobilidade , 16-22 Setembro 2016

Upload: builien

Post on 09-Oct-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Página temática: Semana da Mobilidadeciclaveiro.pt/wp-content/uploads/2016/09/Semana-da-Mobilidade... · vel é suficiente para 10 bici-cletas, ... Mobilidade humana em bicicleta

Página temática:

Semana da Mobilidade

, 16-22 Setembro 2016

Page 2: Página temática: Semana da Mobilidadeciclaveiro.pt/wp-content/uploads/2016/09/Semana-da-Mobilidade... · vel é suficiente para 10 bici-cletas, ... Mobilidade humana em bicicleta

SEXTA-FEIRA | 16 SET 2016 | 25

Semana da Mobilidade

Prémio SEMANAEUROPEIADAMOBILIDADE

O Prémio SEMANAEUROPEIADAMOBILIDADEpretende valorizar o trabalho desenvolvido pelasautoridades locais no âmbito da iniciativa SE-MANAEUROPEIADAMOBILIDADE. Com esteprémio pretende-se promover campanhas bem-sucedidas e sensibilizar para a necessidade deacções locais na área da mobilidade urbana sus-tentável. As cidades e vilas finalistas são convi-dadas para uma cerimónia em Bruxelas e sãodestacadas em várias publicações. Para além daentrega do galardão ao município vencedor naárea dos transportes urbanos sustentáveis naEuropa, é ainda entregue um vídeo promocionaldas acções desenvolvidas.

Na edição de 2015 do Prémio SEMANAEU-ROPEIADAMOBILIDADE, foram seleccionadas

três cidades finalistas. Um júri composto porperitos na área da mobilidade urbana seleccio-nou a cidade que mais fez para promover a mo-bilidade sustentável e a consciência dos cida-dãos nesse sentido. Seguem abaixo os critériosque conduziram no ano passado à seriação dastrês cidades finalistas e da cidade vencedora.

LisboaLisboa foi nomeada em 2015 pela primeira

vez para a lista dos três finalistas. Na corrida aoprémio, a capital portuguesa organizou umasemana de actividades direccionada para dife-rentes públicos-alvo. Por exemplo, os trabalha-dores foram desafiados a participar em jogose os residentes convidados a participar em fó-

runs de discussão sobre o tema da SemanaEuropeia da Mobilidade. Alguns destes eventosforam feitos no âmbito de projectos europeus,como o MOBI que promove a mobilidade inte-ligente dos trabalhadores. Esta cidade tambémorganizou dois Dias Sem Carros.

Lisboa revelou-se exemplar quer na promo-ção de actividades durante a Semana Europeiada Mobilidade, quer na implementação de me-didas permanentes. Esta cidade promoveu aacessibilidade (percursos pedestres e eleva-dores) e infraestruturas para bicicletas (esca-das com calhas bike-friendly, estacionamentospara bicicletas, etc.). A frota de transportestambém foi renovada no sentido de incluir no-vos veículos ligeiros eléctricos.

Palma de MaiorcaPalma de Maiorca celebrou o Dia Sem Carros

com uma vasta gama de actividades, incluindouma competição fotográfica, workshops sobremanutenção de bicicletas, um mercado de ar-tesanato, um concerto de jazz, actividades li-gadas ao desporto e à saúde, entre outras. NoDia Sem Carros uma grande parte da cidadefoi fechada aos veículos motorizados.

Palma de Maiorca empenhou um esforçonotável no desenvolvimento do seu Plano deMobilidade Urbana Sustentável. Em 2013 estacidade apresentou a primeira versão do plano,em 2014 finalizou o plano e em 2015 aprovou-o. Algumas medidas já foram implementadas,tais como uma nova ciclovia e um estaciona-mento para 72 bicicletas. Com a liderança ac-

tiva do presidente da câmara, a cidade realizouum inquérito sobre mobilidade, estabeleceuparcerias locais e envolveu os cidadãos atravésde anúncios nos jornais.

Múrcia – a cidade vencedora do PrémioSEMANAEUROPEIADAMOBILIDADE 2015

Múrcia implementou uma iniciativa perma-nente de integração das bicicletas com ostransportes públicos (foto), iniciativa esta quese enquadrou perfeitamente no tema da Se-mana Europeia da Mobilidade de 2015 – a in-termodalidade. Esta cidade tem uma aborda-gem inovadora no que toca à e-mobilidade in-termodal, complementada com e-bicicletas ee-scooters, tendo atraído uma série de segui-dores entre os residentes da cidade. Múrciatem uma boa estratégia para recompensar asmelhores práticas em viagens pendulares, comum esquema eficiente de transportes públicos.Pessoas com mobilidade reduzida também re-cebem uma atenção especial. O presidente dacâmara e vários políticos participaram em reu-niões com os residentes.

Múrcia celebrou o Dia Sem Carros e testoua conversão de uma das ruas principais emrua pedonal. Um total de seis mil pessoas par-ticipou em eventos do Dia Sem Carros. As me-didas permanentes implementadas pela ci-dade incluem suportes para bicicletas nos au-tocarros, a permissão de bicicletas dobráveisdentro dos autocarros, a abertura das faixasde autocarros aos ciclistas e a ampliação daárea de estacionamentos pagos para carros. |

O que é a Semana Europeiada Mobilidade?

ASemana Europeiada Mobilidade é acampanha euro-peia para a promo-

ção da mobilidade urbana sus-tentável e decorre todos osanos de 16 a 22 de Setembro,desde 2002. Esta é uma ini-ciativa da Comissão Europeiae representa uma oportuni-dade única para reflectir sobreos desafios que as cidades evilas enfrentam de modo a fo-mentar uma mudança nocomportamento dos cidadãose progredir rumo a uma es-tratégia de transportes urba-nos mais sustentável.

No âmbito da Semana Eu-ropeia da Mobilidade, as auto-ridades locais são incentivadasa organizar actividades de sen-sibilização em relação a deter-minados tópicos e um tema,

deslocação em bicicleta estárelacionada com todos os as-pectos que constituem uma“cidade habitável”. As bicicle-tas poupam espaço e energiae não provocam poluição so-nora nem atmosférica. Con-tribuem para a mobilidadesustentável e o bem-estar, esão eficientes e saudáveis. Abicicleta assume portanto umpapel de destaque, represen-tando também um impor-tante aliado nas deslocaçõespendulares intermodais.

Mobilidade Inteligente.Economia Forte

Todos os anos, a Semana Eu-ropeia da Mobilidade desen-rola-se em torno de um tema.O tema de 2016 é “Mobilidadeinteligente. Economia Forte”.

“A Semana Europeia da Mo-bilidade deste ano incentiva-nosa fazer uma reflexão sobre asvantagens económicas dos mo-dos de transporte mais susten-táveis, como a bicicleta, andara pé, o transporte colectivo oupúblico e, claro, os veículos me-nos poluentes. E não vamos es-

quecer o potencial que as bici-cletas de carga podem repre-sentar na logística urbana! Émuitas vezes mais rápido e maisagradável deslocar-se de bici-cleta ou combinar diferentesmodos de transporte numaúnica viagem. A boa notícia éque isso também traz benefí-cios económicos – mantém-nosactivos, o que melhora a saúdee, ao mesmo tempo, reduz asimportações de petróleo e me-lhora a qualidade do ar. Isso sig-nifica que estas escolhas são omelhor investimento para nós,para as nossas vilas e cidades,e para a economia em geral.Todos beneficiam!”

Comissária Europeia dosTransportes, Violeta Bulc

Este ano participam na Se-mana Europeia da Mobilidadecerca de 2000 cidades de 47países. Em Portugal, partici-pam 46 cidades e vilas. No dis-trito de Aveiro participamcinco municípios: Águeda, Oli-veira de Azeméis, Oliveira doBairro, Sever do Vouga e Valede Cambra. |

da Mobilidade pretende-se queos cidadãos e agentes locaisreflictam sobre a verdadeirafunção das nossas ruas emmeio urbano e lancem oportu-nidades para encontrar solu-

ções para problemas como apoluição atmosférica e sonoradas cidades e vilas, o conges-tionamento, os acidentes ro-doviários, a ocupação do es-paço público e os problemasde saúde.

No que toca aos meios detransporte sustentáveis, a

bem como a lançar e imple-mentar medidas permanentesque melhorem a situação dos

transportes sustentáveis narespectiva cidade ou vila.

Durante a Semana Europeia

Esta é uma iniciativada CE e representauma oportunidadeúnica para reflectirsobre os desafios que as cidades e vilas enfrentam

D.R.

Page 3: Página temática: Semana da Mobilidadeciclaveiro.pt/wp-content/uploads/2016/09/Semana-da-Mobilidade... · vel é suficiente para 10 bici-cletas, ... Mobilidade humana em bicicleta

SÁBADO | 16 SET 2016 | 23

Semana da Mobilidade

Razões para a utilização da bicicletacomo modo de transporteA utilização da bicicleta comoforma de deslocação quoti-diana em meio urbano trazenormes benefícios para o in-divíduo e para a sociedade. Fi-cam aqui 7 razões para que autilize e para que se fomentee criem condições que propi-ciem essa utilização:

1 - PoupançaSão necessários quatro me-

ses de salário médio líquidode um português, cerca de800€, para pagar as despesastotais do automóvel ao longode um ano (desvalorização doveículo, combustível, revisões,reparações, seguro, porta-gens, parqueamento, etc.).Utilizando a bicicleta para sedeslocar no dia-a-dia podepoupar grande parte destescustos.

2 - SaúdeAo utilizar a bicicleta como

modo quotidiano de trans-porte está a fazer exercício fí-sico moderado e regular, re-comendado pelos médicos,com comprovados benefíciospara a sua saúde física e men-tal.

3 - PoluiçãoOs meios de transporte mo-

torizados são responsáveispor um terço das emissões degases poluentes, que, junta-mente com a sua poluição so-nora, são nefastos para o serhumano particularmente emmeios urbanos. A bicicleta nãoemite qualquer poluente e

produz níveis de ruído consi-deravelmente inferiores, con-tribuindo para cidades maisagradáveis e saudáveis paratodos.

4 - Espaço públicoO espaço destinado ao es-

tacionamento de um automó-vel é suficiente para 10 bici-cletas, requerendo esta tam-bém muito menor espaço devias rodoviárias, podendo esseespaço e custos associadosser dirigidos para fins de lazercomo parques públicos, par-ques infantis, esplanadas, pas-seios mais largos, etc.

5 - Economia

O aumento da utilização dabicicleta traz grandes benefí-cios económicos: menorescustos com construção e ma-nutenção de infraestruturas,redução da dependência e im-portações energéticas, redu-ção de custos de congestio-namentos e com sinistrali-dade rodoviária, redução decustos para o sistema públicode saúde, vantagens para ocomércio local, aumento dobem-estar pessoal e conse-quente aumento da produti-vidade, maior capacidade decidades mais agradáveis atraí-rem pessoas e investimento.

6 - Segurança

Medidas que criem melho-res condições para a utilizaçãoda bicicleta contribuem tam-bém para o aumento da se-gurança rodoviária. E, de ex-periências de vários países eu-ropeus, quanto mais pessoasse deslocarem mais frequen-temente em bicicleta, maiorse torna a segurança de cadautilizador. Para além disso, amobilidade activa (a pé e embicicleta), em que existe con-tacto entre as pessoas e entreestas e o meio que as rodeia,contribui para cidades maisseguras.

7- SocialAo contrário das desloca-

ções em automóvel, a bicicletaproporciona a interacção en-tre pessoas e o contacto como meio que nos rodeia. Per-mite que conheçamos e nosorientemos muito melhor nanossa cidade, que possamosfacilmente parar em qualquerloja ou café no nosso percursoou fazer um pequeno desviopara lá chegar. A bicicleta con-tribui, desse modo, para a hu-manização das cidades e paraa existência de comunidadesmais próximas, coesas e for-tes. |

Mobilidade humana em bicicleta

Amobilidade em bicicleta partilhauma série de vantagens com outrasformas de mobilidade sustentável,como os transportes colectivos, no-

meadamente no que se refere a despesas cominfra-estruturas viárias, custos externos paraa sociedade e ocupação do espaço públicoconsideravelmente inferiores aos necessáriose associados à utilização do automóvel parti-cular. A mobilidade activa (a pé e em bicicleta)contribui adicionalmente para a redução deuma das grandes causas de problemas desaúde dos séc. 20 e 21, o sedentarismo da po-pulação. Juntamente com a mobilidade pedo-nal, a mobilidade em bicicleta contribui parahumanizar as cidades, para as tornar mais agra-dáveis e consequentemente mais capazes de

atrair pessoas e investimento, para melhorara qualidade de vida dos seus habitantes. Facil-mente conseguimos recordar, de viagens quefizemos, de vídeos e imagens que vimos, comosão apelativos os centros urbanos de cidadesque apostam nestas formas de mobilidade eno desenho do espaço público que as fomen-tam.

Cerca de metade das deslocações feitas emcarro nas cidades europeias são inferiores a 5km, uma distância possível de se percorrer fa-cilmente em bicicleta num curto espaço detempo. Aliás, em termos de tempo porta-a-porta, tão ou mais rapidamente que de carro.

Assim, quando o assunto da mobilidade ur-bana inteligente e sustentável é abordado, abicicleta como opção de transporte tem na-turalmente lugar de destaque. Mas para quemais pessoas utilizem a bicicleta mais frequen-temente é necessário que existam condiçõesde conforto e segurança, em especial para no-vos utilizadores: parqueamento adequado emquantidade e funcionalidade, percursos segu-ros contínuos e em rede, redefinição do sis-tema viário que proteja e privilegie os utentesvulneráveis. Estas medidas, muitas vezes sim-ples e de baixo custo, e quase sempre impli-

cando redução de despesas públicas totais nossistemas de mobilidade, devem ser pensadasglobalmente e não apenas como soluções pon-tuais, e ser debatidas aberta e publicamentepara que vão ao encontro das necessidades eexpectativas de a quem se dirigem, os cida-dãos.

Por toda a Europa se verifica que cidadesque pretendem adaptar-se aos novos temposapostam na mobilidade em bicicleta, na pedo-nalização do espaço público e na redução dovolume e velocidade do tráfego automóvel em

meios urbanos. Acontece assim há quase meioséculo no norte da Europa. Mas exemplos des-tes chegam-nos de cada vez mais perto. EmEspanha cidades como São Sebastião, Vitória,Sevilha e Pontevedra enveredaram por estasopções há alguns anos. Em Lisboa estão a fa-zer-se coisas muito interessantes. O municípiode Braga tem por objectivo multiplicar porvinte a taxa de utilização diária de bicicleta de0.5% para 10% em 2025.

E cá, vamos fazer de Aveiro uma cidade paraas pessoas? Ou vamos esperar vinte anos paranos lamentarmos de que quando tivemos aoportunidade e o contexto propícios o podía-mos ter feito, mas não o fizemos? A respostatambém é sua. |

Rui Igreja

(...) quando o assunto da mobilidade urbana inteligentee sustentável é abordado,a bicicleta como opção detransporte tem naturalmentelugar de destaque

FOTOS: D.R.

D.R.

Page 4: Página temática: Semana da Mobilidadeciclaveiro.pt/wp-content/uploads/2016/09/Semana-da-Mobilidade... · vel é suficiente para 10 bici-cletas, ... Mobilidade humana em bicicleta

18 | 18 SET 2016 | DOMINGO

Semana da Mobilidade

O que é o Ciclaveiro?Ciclaveiro é um projecto de um grupo de cida-dãos, constituído em Novembro de 2014, quetem por objectivo promover e incentivar a utili-zação da bicicleta, e de outros modos de trans-porte activos e suaves, divulgar a cultura asso-ciada a este tipo de mobilidade e contribuir paraa melhoria das condições que facilitem e propi-ciem a sua prática, assentando no reconheci-mento dos benefícios ambientais, sociais e eco-nómicos que decorrem da adopção alargadadestes modos de mobilidade face aos meiosmotorizados particulares.

Porquê o Ciclaveiro em Aveiro?Aveiro tem condições naturais e dimensão ter-ritorial muito favoráveis à utilização quotidianada bicicleta. No entanto, a cidade e, principal-mente, a sua envolvente não permite aos seushabitantes tirar partido destas condições. Paramuitas pessoas, sobretudo os ciclistas menosexperientes, é ainda difícil circular em segurançadevido à má concepção e ao mau estado daspoucas vias cicláveis existentes e às más condi-ções das próprias vias rodoviárias que o ciclistatem que partilhar com os automobilistas.

Em Aveiro, não é fácil perceber quais os per-cursos mais adequados para as deslocações diá-rias no espaço urbano, nem identificar as zonasonde podem ser encontrados equipamentos deapoio ao utilizador da bicicleta. Os parqueamen-tos para bicicletas existentes, para além degrande parte se encontrar em mau estado deconservação, quase todos eles são inadequadosao correcto estacionamento de bicicletas.

O que faz o Ciclaveiro?Desde que foi criado, o Ciclaveiro não pára. Rea-lizamos iniciativas dirigidas a diversos públicos,

desde crianças a universitários, de comercianteslocais à comunidade em geral, as quais têm tidouma grande e crescente adesão, manifestadatambém na frequente e ampla cobertura porparte dos órgãos de comunicação locais e na-cionais e pela recente distinção da organizaçãoda European Mobility Week, uma iniciativa daComissão Europeia.

Estas são as principais actividades que orga-nizamos desde 2015:

Proposta de actividades enviada à CâmaraMunicipal de Aveiro para a Semana Europeiada Mobilidade 2016:Tendo em conta os princípios que regem asacções promovidas pelo Ciclaveiro e a perti-

nência da Semana Europeia da Mobilidade2016, o Ciclaveiro propôs à Câmara Municipalde Aveiro organizar as seguintes actividades:

• Tertúlia. Uma conversa informal, aberta àcomunidade, sobre alguns aspectos particularesda mobilidade em bicicleta em Aveiro, seus pro-blemas, necessidades, benefícios e potencial.

• Concurso de montras, de 16 a 30 de Se-tembro. Concurso de montras sob o tema dopapel que a bicicleta teve no passado e terá

no futuro como meio privilegiado de desloca-ção, distribuição e transporte numa cidadecom menor presença do automóvel.

• Rossio sem carros, 18 de Setembro. En-cerrar o espaço entre a Rotunda das Pontes e

a Rotunda do Largo do Rossio ao trânsito nodomingo, 18 de Setembro, proporcionandoque a faixa de rodagem seja usufruída comoespaço pedonal, com actividades de animaçãodeste espaço.

• Pensar a Cidade, 18 de Setembro. Activi-dades para que a comunidade possa experi-mentar, reflectir e apresentar a sua visão deuma ocupação do espaço público mais cen-trada na vivência da cidade e no bem-estardas pessoas.

• Acolhimento de novos alunos da Univer-sidade de Aveiro, 19 de Setembro.Acções depromoção da mobilidade em bicicleta entreos novos alunos da UA.

• Acções de comunicação, 16 a 22 de Se-tembro.Acções de divulgação e comunicaçãosobre mobilidade sustentável.

Tal como no ano passado, este ano a CâmaraMunicipal de Aveiro volta a não dar respostaao Ciclaveiro. No entanto, a nossa força é im-parável (porque estamos sempre a pedalar) e,portanto, as actividades propostas estão a serorganizadas graças à força e empenho de to-dos os voluntários que compõem o Ciclaveiro,e com enorme sucesso, nomeadamente:

• Debate “A mobilidade em bicicleta e a si-nistralidade rodoviária: contributos da PSP”,que tem lugar esta terça-feira, dia 20, a partirdas 21 horas, na Fábrica da Ciência.

• Concurso de montras, que está a decorreraté ao próximo dia 30, e teve uma adesão de37 estabelecimentos comerciais de Aveiro.

• Acolhimento de novos alunos da Universi-dade de Aveiro, que decorre amanhã.

• Acções de comunicação, que tiveram iníciono dia 16, 7 dias, 7 páginas temáticas neste es-paço do Diário de Aveiro, sobre mobilidadesustentável. |

Ciclaveiro

Um modelo de transformação urbana reco-nhecido internacionalmente.

Nos últimos 17 anos, o concelho de Ponte-vedra tem vindo a implementar uma verda-deira humanização desta cidade. Durante estesanos foi aplicado um modelo de transformaçãourbana centrado nas pessoas, com o objectivode criar uma cidade:• Mais agradável, cómoda e segura.• De alta qualidade urbana.• Acessível.•Sem contaminação sonora nem atmosférica.• Igualitária e coesa.• Que facilita a autonomia das pessoas, com

especial atenção para a autonomia e inte-gração das crianças na vida urbana.

O modelo implementado visou dar respostaa uma estratégia cujo princípio fundamentalfoi entender o espaço público como lugar deconvivência para as pessoas. Os resultadosdeste modelo, alcançados até agora, são ex-tremamente positivos e inspiradores:• Mais de 2/3 das deslocações na cidade rea-

lizam-se a pé ou de bicicleta.• Desapareceram as barreiras físicas para a

circulação em bicicleta e pedonal.• Toda a cidade tem uma velocidade máxima

de 30 km/h.• Foi eliminado 70% do volume de águas plu-

viais urbanas que se rejeitavam no meio am-biente sem tratamento.

• O ruído de tráfego motorizado também re-duziu 70%.

• A maioria das crianças vão para a escola a pée a vida nas ruas é muito mais intensa paratodos os cidadãos.

As datas-chave do sucesso do modelo detransformação urbana de Pontevedra:• 1999: pedonalização do centro histórico.• 2005: saneamento integral do ecossistema

rio-Ria.• 2008: criação de percursos para ciclistas e

peões.• 2010: velocidade limitada a 30 km/h em toda

a cidade.• 2013: Prémio Europeu Intermodes.

• 2014: Prémio ONU – Habitat. Prémio Inter-nacional do Dubai.

• 2015: Prémio “Center for Active Design” deNova Iorque, Prémio “Cidade de MobilidadeInteligente Euro-China 2015” e cidade convi-dada na Cimeira de Paris.

Uma transformação urbana que não páraO concelho de Pontevedra não se fica peloslogros alcançados até agora. Depois da trans-formação urbana do centro histórico e redeurbana compacta da cidade, o concelho en-frenta agora um novo repto urbano inovador:adaptar e modular a estratégia para alargareste modelo de mobilidade sustentável aossubúrbios e periferia da cidade, alcançando as-sim um desenvolvimento territorial equilibrado.Para tal, a Estratégia + Modelo Urbano Ponte-vedra (2016-2022) pretende dar um salto qua-litativo, potenciando o modelo através dos se-guintes princípios gerais:• Alargamento e adaptação do modelo de

transformação urbana centrado nas pes-soas, implementando-o nos bairros periféri-

cos e na coroa periférica de média densidadeque rodeia a cidade compacta, para alcançaruma urbe mais bem conectada com o seuentorno peri-urbano.

• Compromisso com o património natural ecultural e com as alterações climáticas: de-senvolvendo acções que permitam melhoraro comportamento ambiental de Pontevedrae ganhar novos espaços naturais e patrimo-niais para os visitantes e os cidadãos.

• Coesão económica e social: para superaras diferenças sociais e funcionais, visando ummunicípio economicamente mais dinâmico,a partir de iniciativas e projectos de desen-volvimento económico e empresarial que va-lorizem os recursos endógenos locais e queaproveitem as sinergias que o modelo da ci-dade gera, tão bem sucedido até agora.

A cerca de 250 km de Aveiro, banhada pelaRia com o seu nome, Pontevedra revela-se co -mo uma fonte de inspiração para cidades dedi mensão semelhante e também como um cati -vante destino para visitar, a pé ou de bicicleta.|

Pontevedra - a cidade que se humanizou nos últimos 17 anos

Page 5: Página temática: Semana da Mobilidadeciclaveiro.pt/wp-content/uploads/2016/09/Semana-da-Mobilidade... · vel é suficiente para 10 bici-cletas, ... Mobilidade humana em bicicleta

22 | 19 SET 2016 | SEGUNDA-FEIRA

Semana da Mobilidade

“Espaço Bicicleta” é o nomeprovisório do projeto que vaiser apresentado formal-mente no próximo dia 27,pelas 16.30 horas, na EscolaSecundária da Gafanha da

Nazaré. É um projeto sobre a utilização dasbicicletas por parte dos alunos.

De acordo com o Censos de 2011, a Gafa-nha da Nazaré é a freguesia do país commaior número de utilizadores diário da bici-cleta.

Estima-se que, dos 800 alunos desta es-cola, 70% usem a bicicleta como meio detransporte diário para a escola.

O desafio para a sua criação foi lançadoem Julho passado pela Câmara Municipal deÍlhavo (António Leandro – área de projectosenvolvendo prototipagem) e pela Universi-dade de Aveiro (José Carlos Mota – Plata-forma da Bicicleta e Mobilidade) e foi pelaescola bem acolhido.

Tem o projeto três componentes:

- uma oficina, um espaço de trabalho sobo tema ambiente e partilha de interesse pelabicicleta e, finalmente, um terceiro, sobre acriação de componentes de bicicletas e im-pressão em 3D.

O tema subjacente a este projecto é a se-gurança.

Preocupa a comunidade educativa que ouso diário da bicicleta pelos seus alunos/co-munidade seja feito em condições não muitofavoráveis: pouco respeito pela sinalética,condições técnicas das bicicletas, quase ine-xistência de iluminação própria e as condi-ções em que este uso é feito, já que há pou-cas ciclovias e o tráfego e as vias foram tra-dicionalmente feitas com base nos veículosmotorizados, etc.

Também este projeto é um meio de intro-duzir esta temática nos currículos escolares,bem como criar uma certa inovação a nívelde criação de componentes para bicicletaspelos alunos.

Ao iniciar este ano lectivo temos já estáinstalado o espaço oficina, bem como o es-paço de trabalho sobre toda a temática, planode actividades, bem como o grupo de alunosa iniciar o projeto (Curso de Eletrónica e Au-tomação).

Está a ser aplicado agora um inquérito atodos os alunos para se poderem obter osdados que nos permitam elaborar um planode acção fundamentado e há contactos comagentes locais com experiências na área, quevão ser úteis neste desafio. |

A escola que nãopára de pedalar

António RodriguesEscola Secundária da Gafanha da Nazaré

Este artigo foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

FOTOS: D.R.

AGENDA

Amanhã, terá lugar na Fábrica Centro Ciência Viva, com início às 21 horas, o Debate “A mobili-dade em bicicleta e a sinistralidade rodoviária: contributos da PSP”, uma organização conjuntada Plataforma Tecnológica da Bicicleta e Mobilidade Suave da Universidade de Aveiro, do Cicla-veiro e do NBicla - Núcleo da Bicicleta da AAUAv, no âmbito da iniciativa Compromisso pela Bi-cicleta.

Não faltam ideias e possibili-dades para incentivar desdecedo as nossas crianças a sedeslocarem para a escola deforma mais sustentável. Portoda a Europa surgem progra-mas de promoção e incentivopensados para o público joveme, por consequência, as suasfamílias. Alguns programas emedidas que nos podem servirde inspiração:

Cycle Kids é um programacujo objectivo principal é a in-tegração de hábitos de alimen-tação saudável e de actividadefísica, precocemente nas es-colas, de forma atractiva e di-vertida através da bicicleta.Através da integração no planocurricular escolar, o projectocontribui para que as criançasdas escolas envolvidas apren-dam a andar de bicicleta em

segurança, aliando a actividadefísica, a mobilidade e a alimen-tação.

CicloExpresso Oriente,umainiciativa de organização cívica,onde um grupo de pais de es-colas da mesma área, em Lis-boa, se organizam uma vez porsemana acompanhando umgrupo de crianças que se des-locam para a escola de bici-cleta.

Serpente Papa-Léguas éum Jogo da Mobilidade e, aomesmo tempo, uma campa-nha que pretende incentivar asviagens sustentáveis para a es-cola das crianças e, claro, dospais (a pé, de bicicleta ou detransportes públicos). O pro-jecto nasce na Bélgica e espa-lhou-se pela Europa, tendosido já implementado em al-

gumas escolas em Portugalcom enorme sucesso.

Cycling Games é um pro-jecto desenvolvido pela DanishCyclists’Federation, que atra-vés de jogos e actividades lú-dicas ensina crianças desdemuito cedo a aprender a andarde bicicleta, assim como a de-senvolver o respeito pelas dis-tâncias e pela partilha do es-paço público.

Cykelscore, um projecto di-namarquês que consiste numprograma de incentivos para autilização da bicicleta atravésda integração de tecnologia,contribuindo para que escolas,empresas e municípios au-mentem o número de utiliza-dores, bem como façam a re-colha de dados mensuráveisda sua utilização. |

Promovere incentivara mobilidade activanas deslocaçõespara a escola

FOTOS: D.R.

Page 6: Página temática: Semana da Mobilidadeciclaveiro.pt/wp-content/uploads/2016/09/Semana-da-Mobilidade... · vel é suficiente para 10 bici-cletas, ... Mobilidade humana em bicicleta

TERÇA-FEIRA | 20 SET 2016 | 23

Semana da Mobilidade

A bicicleta e o comércio local

De onde vêm, como se deslocam e queclientes gastam mais no comércio local?De onde vêm e como se deslocam

Normalmente tendemos a sobrestimar a im-portância do carro e do estacionamento au-tomóvel para o comércio local. Os carros têmmala e espaço para transportar um grande vo-lume de coisas. E talvez pelo espaço que ocu-pam, tendemos também a pensar que maispessoas se deslocam de carro do que real-mente o fazem.

Dois estudos similares, um deles sobre Bristol(Inglaterra) e um outro sobre Graz (Áustria),analisaram qual a percepção dos comerciantesquanto à forma de deslocação dos seus clien-tes e comparam-na com a realidade.

A primeira conclusão é algo chocante: os co-merciantes erraram em quase 100% quandolhes foi perguntado que parte dos seus clientesse deslocavam de carro para as lojas. Na per-cepção dos comerciantes de Bristol, 41% dosseus clientes fariam-no carro, quando na rea-lidade são apenas 22%. Em Graz a percepçãoera idêntica, os comerciantes pensavam que58% dos clientes utilizavam o carro para sedeslocar para as lojas, sendo apenas 32% narealidade.

Relativamente aos clientes que se deslocamatravés de outros modos de transporte, a per-cepção também estava longe da realidade. EmBristol pensavam que 42%, 6% e 11% dos clien-tes se deslocavam a pé, em bicicleta e de trans-portes públicos, respectivamente, quando narealidade esses valores são de 55%, 10% e 13%.Em Graz pensavam que 25%, 5% e 12% dosclientes se deslocavam a pé, em bicicleta e detransportes públicos, quando na realidade es-ses valores são de 44%, 8% e 16%. Constata-se que o número de clientes que se deslocam

a pé e em bicicleta é consideravelmente su-perior ao que os comerciantes assumiam.

Este desfasamento relativamente à realidadeestá possivelmente relacionado com uma ou-tra percepção ainda mais errada: de onde vêmos clientes. Os comerciantes de Bristol assu-miam que a maioria dos seus clientes viriamde outras zonas. Pensavam que apenas 12%residiam dentro de um raio de 800 m e que40% viriam de uma distância superior a 3 km.Na realidade 42% dos clientes vivem a menosde 800 m e 86% a menos de 3 km.

Quais gastam maisVários estudos têm sido levados a cabo em

diferentes partes do mundo relativamente à re-lação entre a actual voga de transformação dascidades em espaços mais humanos e hábitosde consumo. Alguns desses enfatizam quequando zonas são pedonalizadas, tornadas maisbike-friendly e/ou reduzida a presença do auto-móvel, o comércio local observa posteriormenteaumentos de afluência de clientes e de volumede vendas. É natural que assim aconteça, a péou em bicicleta as pessoas podem observar efacilmente parar em lojas, e em zonas segurastorna-se agradável percorrer as ruas.

Um estudo francês sobre modos de trans-porte e comércio local, publicado pela Agênciado Ambiente e Gestão da Energia, da análisede hábitos de consumo em seis cidades deFrança, conclui que os ciclistas gastam maisdinheiro por semana em lojas do que os auto-mobilistas: 24.35€ os ciclistas e 21.65€ os au-tomobilistas. Os ciclistas gastam menos decada vez, mas fazem compras mais frequen-temente. Outros estudos de outros locais re-

velam conclusões semelhantes, os ciclistasgastam no comércio local mais que os auto-mobilistas.

Estes resultados são importantes para o pla-neamento do comércio, da utilização do es-paço público e da mobilidade de uma cidade.A vitalidade do comércio local é favorecida pormedidas de redução do tráfego automóvel,melhores transportes públicos e condiçõesmais cómodas e seguras para se andar a pé ecircular em bicicleta.

Esta é a imagem de um estilo de vida fisica-mente activo e saudável, com ruas movimen-tadas e contacto informal entre as pessoas. Étambém a imagem que os planeadores urba-nos, os especialistas em saúde pública e os lí-deres da comunidade pretendem ver. |

Nas últimas décadas anos sur-giram sobretudo dois mode-los disruptivos que tiveramum impacto profundo naforma como os consumido-res satisfazem as suas neces-

sidades: os centros comerciais e os hipermer-cados. O comércio local, nomeadamente o deAveiro, fez, por reacção, um esforço assinalávelpara se adequar às exigências dos consumido-res e aos novos paradigmas de venda ao pú-blico. Veja-se o exemplo da associação Corda.

Por adição, o modelo de comercialização de

mercadorias ao público a partir de plataformason-line instalou-se como modelo de confiançapara o consumidor. Conta com sensivelmentedécada e meia de existência e precisou menosdo que este período para criar e aperfeiçoarmetodologias e tecnologias para atrair clientes,ajudar no processo de escolha e optimizar ospagamentos. A penetração deste modelo é es-magadora para bens de consumo (como livrosou música por exemplo), sendo que em Portu-gal a adopção está um pouco mais perra. Umabateria de novas tecnologias que estão a entrarrapidamente no mercado (como inteligênciaartificial, automatização, mobile ou funcionali-dades de escolha de produto) irão tornar o pro-cesso de compra on-line um modelo ainda maisfácil e portanto mais apetecível.

Estes desenvolvimentos são inevitáveis. Masse, por um lado, o número de desafios que ocomércio local enfrenta tem tendência a au-mentar, por outro, o número de opções queas empresas desta área têm à disposição parase adaptar é também maior.

A informação sistematizada que nos chegade outros países diz-nos que a bicicleta poderáter um impacto fundamental no desenvolvi-mento das economias locais. As estatísticasapontam que a percentagem média de pessoasque utiliza a bicicleta como meio de transportenas cidades em Portugal é de 1.9% (cerca de3% na região de Aveiro), enquanto a média daEuropa é de 7.64%. Este segmento de mercadorepresenta um volume de negócios para o co-mércio local de cerca de 353 milhões de euros,só em Portugal. Segundo o estudo “Às comprasde bicicleta: o melhor amigo do centro da suacidade” de 2016 da European Cyclists’ Federa-tion com base desta área conduzido pelo Mi-nistério Austríaco da Agricultura, Floresta, Am-biente e Água, se Portugal aumentar a percen-tagem de pessoas que utilizam a bicicleta comomeio de transporte para 5.9% o comércio localterá um impacto positivo em cerca de 150 mi-lhões de €.

A Deliveroo e a Foodora fazem parte de umconjunto de empresas multinacionais (startups)

com aspirações globais e dedicam-se exclusi-vamente a entrega de refeições e alimentoscom base num arsenal de freelancers de bici-cleta. Escrevo sobre empresas com cerca de 5anos de existência e com valorizações de mer-cado acima ou próximas de 1 bilião de dólares(unicórnios). A sua opção por uma frota mundialde entregadores de comida em bicicleta não seprende por questões estéticas, mas sim porquea gestão afinada destas concluiu que esta émesmo a opção mais rentável em contexto ur-bano.

O mercado evolui e a forma como necessi-dades são satisfeitas também. A bicicleta já temum papel relevante e mensurável nos novos pa-radigmas das comunidades urbanas e só cabeaos actores envolvidos, nomeadamente em-presários e autarquia, inovarem, adaptarem-see arriscar para o potenciar na cidade de Aveiro.Nunca foi tão fácil ter acesso ao conhecimento,boas práticas ou visitar na primeira pessoa osmelhores exemplos. Pois que se evolua. Sobrerodas. |

Joel Oliveira

Page 7: Página temática: Semana da Mobilidadeciclaveiro.pt/wp-content/uploads/2016/09/Semana-da-Mobilidade... · vel é suficiente para 10 bici-cletas, ... Mobilidade humana em bicicleta

QUARTA-FEIRA | 21 SET 2016 | 25

Semana da Mobilidade

(Todos) Em prol da mobilidade sustentável!

Mobilidade sustentável:uma responsabilidade de todosAmobilidade de pessoas e bens é um

assunto que deve envolver toda a so-ciedade. Desde crianças a idosos, pas-sando obviamente por adultos na

idade ativa. Movemo-nos todos pelo territóriocom maior ou menor conforto e dificuldade. Aofazê-lo, e conforme a forma como o fazemos,provocamos impactos positivos ou negativossobre os outros. Se formos de 4x4 trabalhar nocentro histórico, estaremos a prejudicar muitagente pelo caminho e até no próprio planeta; seformos de bicicleta ou a pé, estamos a dar vidaàs ruas que percorremos e a tornar a cidademais aprazível.

Os movimentos casa-trabalho (chamadospendulares) ainda são uma grande proporçãodas viagens que fazemos em meios urbanos epodemos passar muitas horas por ano ao volanteem stress com a possibilidade de chegar atra-sado ao emprego ou às aulas. Estes movimentostêm um problema adicional: são realizados quasetodos ao mesmo tempo e provocam aquilo quetodos nós bem conhecemos e detestamos: ashoras de ponta!

Mesmo que cidades como Aveiro tenham pe-ríodos de ponta mais breves do que as grandesmetrópoles, se pensarmos bem, as faixas de ro-dagem são largas e os passeios estreitos, parapoder acomodar os carros nesses períodos. Os

semáforos existem por causa das horas de ponta.Os viadutos e túneis urbanos foram construídospara as pessoas usarem de carro nas horas deponta. Durante o resto das 22 horas do dia, nadadisto é preciso. Se conseguíssemos que as pes-soas usassem menos o automóvel nos percursoscasa-trabalho, os ganhos sociais e ambientaisseriam enormes. Ou, pelo menos, se entrasseme saíssem a horas ligeiramente diferentes já seriauma enorme ajuda para todos.

Nas últimas décadas, as empresas e os seustrabalhadores foram, infelizmente, espalhando-se pelas periferias de Aveiro à procura de preçosmais baratos por metro quadrado e consequen-temente podendo adquirir mais espaço do quena cidade pelo mesmo preço. No caso das em-presas acabaram por poupar dinheiro na relo-calização, transferindo os custos de mobilidadepara os seus trabalhadores. No caso das pessoas,elas foram viver para locais afastados do centro,trocando metros quadrados por mais consumode combustível.

Por todas as razões que acabei de mencionarfaz todo o sentido, nem que seja por questõesde responsabilidade social, as empresas e orga-nizações compreenderem melhor (com brevesinquéritos) os movimentos pendulares e outrasviagens de trabalho para ajudarem os seus tra-balhadores (ou estudantes no caso da universi-

dade) a encontrarem soluções de mobilidademais económicas e ambientalmente mais res-ponsáveis. Se através de um planeamento con-certado e participado conseguirem que uma per-centagem dos seus trabalhadores usem menoso automóvel, será um excelente ato de gestãoempresarial, mesmo do ponto de vista exclusi-vamente económico-financeiro. Imaginem umaempresa ou universidade que tenha centenas,ou mesmo milhares, de metros quadrados deterrenos para estacionamento (terrenos estesque não servem para mais nada do que guardarcarros durante oito horas por dia).

Vários estudos também demonstram que ostrabalhadores que chegam aos seus empregos

a pé ou de bicicleta são mais pontuais e têm emmédia taxas de absentismo menores (são ge-ralmente mais saudáveis). Sabemos tambémque as viagens de carro casa-trabalho são geral-mente considerados os períodos mais aborre-cidos do dia para quem usa automóvel. Por outrolado, estas viagens são momentos aprazíveispara quem se desloca a pé ou de bicicleta. Todosestes factores são preponderantes no aumentoda produtividade dos trabalhadores. Todas asnovas teorias de gestão e aumento de produti-vidade dão enorme importância ao bem-estarquotidiano dos trabalhadores. Há também quasesempre um enorme potencial de reduzir o nú-mero e os custos das viagens em serviço, o quepoderá permitir reduzir também a frota de via-turas da empresa.

As graves questões que a sociedade enfrentade congestionamentos, poluição, desconforto,etc. devido a opções de mobilidade menos ra-cionais, exigirão o esforço concertados de todos.E as empresas não devem nem podem ficar defora, porque também têm muito a ganhar coma alteração de comportamentos dos seus cola-boradores, assim como das suas rotinas internasde mobilidade. |

Mário AlvesEspecialista em mobilidade

Refere o World Economic Forum, nasua iniciativa pela mobilidade, queesta “consiste no movimento de pes-soas e bens, sendo uma necessidade

humana essencial e um fator chave para o de-senvolvimento económico e prosperidade sus-tentável”. É, aliás, de tal modo essencial que jáera praticada, embora de um modo muito maissustentável do que o atual, pelos antigos povosnómadas que, em busca de alimento e melho-res pastagens, se deslocavam de um local paraoutro; de tal modo crucial e fundamental parao desenvolvimento económico que já nos tem-pos da revolução industrial, a do séc. XVIII (ou1.0), a troca de bens entre cidades fez florescerimportantes portos comerciais como o de Ham-burgo ou Roterdão, assim como fez aumentaro êxodo rural, levando as pessoas das zonas ru-rais para as zonas urbanas em busca de trabalhoe de prosperidade; de tal modo galopante e im-pactante que os seus efeitos deixaram há muitode ser apenas positivos para serem tambémnegativos, nefastos não só para o ambiente mastambém para a qualidade de vida: os transportesmotorizados emissores de GEE (Gases doEfeito Estufa), desenfreadamente utilizados, sãoum dos principais responsáveis pela poluiçãoatmosférica e sonora, pela redução drástica daatividade física necessária à boa saúde e peloaumento do número de acidentes rodoviários.Em paralelo, a exploração massiva de recursos

fósseis está a comprometer a sustentabilidadee até a viabilidade das gerações futuras.

É, assim, necessário garantir que as cidadesatuais, as tão faladas Smart Cities, Cidades In-teligentes, e todos aqueles que as gerem ounelas vivem, definam e implementem políticase estratégias de mobilidade também elas inte-ligentes, otimizadas e, acima de tudo, sustentá-veis a longo prazo; estratégias que promovame facilitem o despertar da consciência com vistaa uma mudança efetiva de comportamento doscidadãos, levando-os a optar por formas detransporte menos poluentes, onde possam sermais ativos e, mais do que contribuir para a me-lhoria do espaço citadino, contribuam para asua longevidade e a das gerações futuras.

Consciente desta necessidade, a Altice Labs,empresa PT do Grupo Altice focada na inovação(antiga PT Inovação), promove já há seis anosum conjunto de iniciativas que visam contribuirpara uma vida mais ativa dos seus colaboradorese para a redução da sua pegada ecológica, alémda diminuição do impacto que as deslocaçõesno trajeto casa-trabalho têm para o ambiente epara a cidade, mais concretamente para a cidadede Aveiro. Destas iniciativas, focadas na reduçãoda frequência de utilização de veículos poluentes,destacam-se os 40 lugares de estacionamentodedicados a bicicletas, as dez bicicletas de usopartilhado pelos seus colaboradores e, ainda, osorteio periódico de bicicletas (371 até à data).

Consciente ainda da necessidade de sustentaresta ideia e a manter, a empresa aderiu recen-temente ao Compromisso pela Bicicleta, inicia-tiva promovida pela plataforma Tecnológica daBicicleta e Mobilidade Suave da Universidadede Aveiro cujo lema é: “Mais bicicletas, melhorescidades, sociedade e economia mais saudáveis!”.Aderiu ainda à Semana Europeia da Mobilidade,que decorre até ao dia 22 deste mês, realizandoum sorteio de bicicletas com vista a, mais umavez, sensibilizar os seus colaboradores para anecessidade de se fazer tudo o que estiver aonosso alcance, quer coletiva quer individual-mente, para garantir a sustentabilidade da ci-dade e do planeta onde vivemos.

Não será a Altice Labs, nem nenhuma empresaisoladamente, a responsável pela resolução dosproblemas associados à mobilidade da socie-dade contemporânea, nem sequer a responsávelpela eliminação dos seus efeitos negativos; será,contudo, com iniciativas frequentes e envolvi-mento de todos os seus colaboradores, umaaliada presente e empenhada na prossecuçãodos objetivos da mobilidade sustentável. |

Ana Patrícia MonteiroAltice Labs

Este artigo foi escrito ao abrigo do NovoAcordo Ortográfico

ALTICE LABS

Page 8: Página temática: Semana da Mobilidadeciclaveiro.pt/wp-content/uploads/2016/09/Semana-da-Mobilidade... · vel é suficiente para 10 bici-cletas, ... Mobilidade humana em bicicleta

QUINTA-FEIRA | 22 SET 2016 | 23

Semana da Mobilidade

Concursos de montras e tertúlias sobre comércio local

Há 15 anos, foi assim em Aveiro

No âmbito da Semana Europeia daMobilidade de 2015, o Ciclaveiro lan-çou pela primeira vez o desafio aoscomerciantes da cidade de Aveiro

para participarem no concurso de montras so-bre o grande tema da mobilidade em bicicleta.

“Aveiro e a bicicleta” foi então o tema esco-lhido, sob o qual se pretendeu fazer alusão aosdiferentes usos que a bicicleta, enquanto veículopara deslocações do dia-a-dia e actividades pro-fissionais de comércio e distribuição, teve nopassado e tem actualmente na cidade e na re-gião de Aveiro.

Após o fim do concurso, os comerciantes e acomunidade foram convidados a participar natertúlia “A bicicleta e o comércio local”, ondeforam apresentados exemplos de boas práticasde outros locais e debatida a relação que existecom benefícios para ambas as partes de umamaior utilização da bicicleta na cidade. A tertúliaserviu ainda para serem divulgados os vence-dores e entregues os prémios do concurso demontras.

Estas iniciativas foram posteriormente reco-nhecidas pelo secretariado Europeu da Euro-pean Mobility Week em consulta com a Comis-

são Europeia como o melhor exemplo europeude Mobility Actions, o que levou o Ciclaveiro emAbril deste ano a Bruxelas para as apresentar e

partilhar os seus resultados e dar a conhecer oprojecto Ciclaveiro. Estas e outras iniciativas doCiclaveiro estão incluídas no “Best Practice

Guide 2016” da European Mobility Week, e otrabalho que tem desenvolvido com e junto dacomunidade surge referenciado no “The EUCycling Promotion Guide – crossing borders forcycling best practices” publicado no âmbito dapresidência holandesa do Conselho da UniãoEuropeia no primeiro semestre de 2016.

Este ano, o desafio foi novamente lançadoaos comerciantes com um renovado tema:“Aveiro, cidade do comércio em bicicleta”. Pre-tendeu-se que os participantes criassem as suasmontras imaginando e pensando uma cidadeonde as deslocações relacionadas com as múl-tiplas actividades comerciais sejam feitas es-sencialmente em bicicleta, com alusões ao papelque a bicicleta pode ter no desempenho dessasvárias funções no presente e no futuro, ou aoque já teve no passado.

37 estabelecimentos comerciais participamno concurso, e as montras podem ser visitadaspela cidade de Aveiro até ao dia 30 de Setem-bro. Os vencedores serão divulgados no dia 14de Outubro, quando, à semelhança do ano pas-sado, ocorrerá uma tertúlia aberta convidando-se a comunidade a reflectir e debater acercado tema comércio bike friendly em Aveiro. |

D.R.

FOTOS: ARQUIVO