pagamento do dia 23 de novembro de 2012 · código mr+d+ldentcliecclientesp, isto é, ... passo que...

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MPF Ministério Público Federal Procuradoria da República no Paraná www.prpr.mpf.gov.br Força-Tarefa PAGAMENTO DO DIA 23 DE NOVEMBRO DE 2012 Demais disso, na planilha consolidada de controle de caixa (base nordeste) da Área de Projetos Estruturados, do mês de novembro de 2012, consta que foi feita uma entrega , no importe de R$ 200 mil , relacionada ao centro de custo ED. ITAIGARA e ao código MR+D+LDENTCLIECCLIENTESP, isto é, MANUEL RIBEIRO (MR ) - diretor MATEUS COUTINHO (D ) - líder diretor RAMILTON MACHADO (LDE ) - entrega (ENT ) - cliente (CLI ) - escritório, cliente e São Paulo (ECCLIENTESP ), como esclarecido pelos colaboradores da OAS. Confira-se a planilha em questão: PAGAMENTO DOS DIAS 05 E 12 DE MARÇO DE 2013 Também é de ver que, na planilha consolidada de controle de caixa (base nordeste) da Área de Projetos Estruturados, do mês de março de 2013, consta que foram feitas duas entregas , cada qual no importe de R$ 300 mil, totalizando R$ 600 mil, ambas relacionadas ao centro de custo ED. ITAIGARÁ e ao código EVLNEENTLSPHTCLI, isto é, ELMAR VARJÃO (EV ) - líder norte/nordeste (LNE ) - entrega (ENT ) - São Paulo (SP ) - hotel (HT ) - cliente (CLI ), como explicado pelos colaboradores da OAS. Confira-se a planilha em questão: 115

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Força-Tarefa

PAGAMENTO DO DIA 23 DE NOVEMBRO DE 2012

Demais disso, na planilha consolidada de controle de caixa (base nordeste)da Área de Projetos Estruturados, do mês de novembro de 2012, consta que foi feita umaentrega, no importe de R$ 200 mil, relacionada ao centro de custo ED. ITAIGARA e aocódigo MR+D+LDENTCLIECCLIENTESP, isto é, MANUEL RIBEIRO (MR) - diretor MATEUSCOUTINHO (D) - líder diretor RAMILTON MACHADO (LDE) - entrega (ENT) - cliente (CLI) -escritório, cliente e São Paulo (ECCLIENTESP), como esclarecido pelos colaboradores da OAS.Confira-se a planilha em questão:

PAGAMENTO DOS DIAS 05 E 12 DE MARÇO DE 2013

Também é de ver que, na planilha consolidada de controle de caixa (basenordeste) da Área de Projetos Estruturados, do mês de março de 2013, consta que foramfeitas duas entregas, cada qual no importe de R$ 300 mil, totalizando R$ 600 mil, ambasrelacionadas ao centro de custo ED. ITAIGARÁ e ao código EVLNEENTLSPHTCLI, isto é,ELMAR VARJÃO (EV) - líder norte/nordeste (LNE) - entrega (ENT) - São Paulo (SP) - hotel (HT)- cliente (CLI), como explicado pelos colaboradores da OAS. Confira-se a planilha em questão:

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Força-Tarefa

Também foi identificado documento da Área de Projetos Estruturados daOAS registrando a realização de dois pagamentos de R$ 300 mil, totalizando R$ 600 mil, emSão Paulo, efetuados nas datas de 05 e 12 de março de 2013. Confira-se:

Em atendimento à requisição ministerial, o Hotel Tryp343 informou queRODRIGO BARRETTO ali esteve hospedado em 05 de março de 2013 (quarto 1708), aopasso que o Hotel Quality344 informou que RODRIGO BARRETTO hospedou-se em 12 demarço de 2013 (quarto 307).

343 ANEXO 272344 ANEXO 273

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Reserva do dia 05/03/2013:

Registros de chamadas telefônicas envolvendo o terminal 31 92971158,pertencente à CONSTRUTORA R PINTO, de PAULO AFONSO, mostram que, no dia05/03/2013, o referido terminal estabeleceu relacionamento telefônico, a partir de ERB345

situada nas imediações do Hotel Tryp, desde, pelo menos, 8h13, com RODRIGO BARRETO,cuja hospedagem está comprovada conforme acima.

De notar que no dia 05/03/2013, o terminal 31 92971158, daCONSTRUTORA R PINTO, efetuou, logo pela manhã (8h13) chamada para RODRIGOBARRETTO. Além desse contato, observa-se que PAULO AFONSO estabeleceurelacionamento telefônico, naquela data, com NEWTON CARNEIRO346 e MARIO SUAREZ347.

345 ERB localizada na Avenida Higienópolis, 578, São Paulo/SP346 05/03/2013 11:10:45 (Cf. RI ASSPA/PRPR 103/2018 - ANEXOS 256 e 257)347 05/03/2013 08:51:14

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Força-Tarefa

Reserva do dia 12/03/2013:

Informações apresentadas pelas empresas aéreas comprovam que, além deRODRIGO BARRETTO (voo GOL de ida Salvador/BA x São Paulo em 11/03/2013, comretorno a Salvador/BA em 12/03/2013), estavam em São Paulo/SP na data da entrega referidaMARIO SUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ – ambos passageiros de voo GOL oriundo do Riode Janeiro/RJ com destino a São Paulo/SP em 12/03/2013348.

Mais uma vez, observa-se que, no dia da entrega, o ramal 31 92971158, daCONSTRUTORA R PINTO, realizou chamada vinculada à ERB349 adjacente ao Hotel Quality, às12h22.

Dados telefônicos das ERBs a que vinculados os terminais dos investigadospor volta de 11h30, indicam a ocorrência de novo encontro entre PAULO AFONSO eARMANDO TRIPODI, em 14/03/2013, dois dias depois da entrega do dinheiro, próximo àsede da Petrobras no Centro do Rio de Janeiro/RJ.

348 ANEXO 275349 ERB localizada na Rua Bela Cintra, 435

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Força-Tarefa

PAGAMENTO DO DIA 20 DE JANEIRO DE 2012

Além dos pagamentos realizados em São Paulo/SP, as programações depagamento da Área de Projetos Estruturados da OAS registram que, no dia 20 de janeiro de2012, foi realizada uma entrega no importe de R$ 250 mil, pelo doleiro Sandro, conhecidopelo codinome “Cantor”, no Edifício Tomé de Souza, em Salvador/BA, onde o doleirorealizava suas atividades. Confira-se a programação referente ao pagamento desse dia:

Demais disso, o pagamento encontra-se relacionado na planilhaconsolidada de controle de caixa (base nordeste) da Área de Projetos Estruturados, do mêsde janeiro de 2012. Confira-se:

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Nome Terminal Data UF Município Bairro EndereçoCONSTRUTORA R PINTO LTDA 553192971157 14/03/2013 11:26:20 RJ RIO DE JANEIRO CENTRO RUA 180ARMANDO RAMOS TRIPODI 552194810090 14/03/2013 11:32:29 RJ RIO DE JANEIRO CENTRO AVENIDA REPÚBLICA DO CHILE, 65

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Força-Tarefa

Como se vê na programação acima reproduzida, esse pagamento foirelacionado a PRÉDPET, bem assim ao código MRENTBCACANTBA, isto é, MANUEL RIBEIRO(MR) - entrega (ENT) - banca (BCA) - “Cantor” (CANT) - Bahia (BA), como esclarecido peloscolaboradores das OAS. Na planilha consolidada, o mesmo pagamento foi relacionado aocódigo MRPETROSENTCANTBASOLRM, isto é, MANUEL RIBEIRO (MR) - PETROS - entrega(ENT) - “Cantor” (CANT) - Bahia (BA) - solicitação (SOL) - RAMILTON MACHADO (MR), comoigualmente explicado pelos colaboradores.

PAGAMENTO DO DIA 16 DE JULHO DE 2013

A consecução dos pagamentos ilícitos mensais restou demonstradatambém em 16 de julho de 2013, conforme relacionado na planilha consolidada de controlede caixa (Base NO) da Área de Projetos Estruturados, do mês de julho de 2013.

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Força-Tarefa

Como se vê, a planilha retrata, para o dia 16/07/2013, três lançamentoscom referência a “LOCAL SSA”(R$ 16.637,00, R$ 158.362,82 e R$ 25.000,00), cujo somatório érepresentativo do montante total de recursos (R$ 199.999,82) entregues com esforço daÁrea de Projetos Estruturados da OAS na cidade de Salvador/BA na referida data350.

Segundo referido pelo colaborador ADRIANO QUADROS, os pagamentosmensais que ele próprio operacionalizava por meio de RODRIGO BARRETTO emSalvador/BA, ocorriam na filial da Construtora OAS localizada na Rua Humberto de Campos,256. De fato, dados telefônicos do terminal utilizado por RODRIGO BARRETTO demonstramque no referido dia 16/07/2013 esse investigado recebeu, às 11h47, chamada de terminal daCONSTRUTORA OAS SA (71 99519990), por meio de ERB351 bastante próxima ao local daentrega.

PAGAMENTO DO DIA 13 DE AGOSTO DE 2013

Do mesmo modo, a planilha consolidada da Área de Projetos Estruturadosreferente ao mês de agosto de 2013 indica possível pagamento efetuado no centro de custosda obra Itaigara em 13 de agosto de 2013, no montante de R$ 200.000,00, considerando ocaráter mensal reportado pelos colaboradores e que, na referida data o terminal utilizado porALEXANDRE SUAREZ estava vinculado a ERB localizada exatamente na região da RuaHumberto de Campos352.

350 cf. depoimento do colaboador ADRIANO QUADROS (ANEXO 217)351 Rua Padre Feijó, 32, Salvador/BA. Cf. RI 163/2018-ASSPA/PRPR (ANEXO 308)352 ANEXO 284

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PAGAMENTO DO DIA 16 DE SETEMBRO DE 2013

Na mesma linha, a planilha referente ao mês de setembro de 2013 indicapossível pagamento efetuado no centro de custos da obra Itaigara em 16 de setembro de2013, no montante de R$ 100.000,00, considerando o caráter mensal reportado peloscolaboradores e que, na referida data o terminal utilizado por ALEXANDRE SUAREZ estavavinculado a ERB localizada exatamente na região da Rua Humberto de Campos às 09h12353.

PAGAMENTOS DO DIA 19 DE NOVEMBRO E DOS DIAS 11 E 18 DE DEZEMBRO DE 2013

Também foram identificadas programações de pagamento da Área deProjetos Estruturados da OAS registrando que, nos dias 19 de novembro e 11 e 18 de

353 ANEXO 284

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dezembro de 2013, foram realizadas três entregas, a primeira de R$ 200 mil e as outras duasde R$ 300 mil, totalizando R$ 800 mil, todas no Edifício Torre de Osaka, na Rua ConselheiroCorrea de Menezes, n. 423, apartamento 201, em Salvador/BA. Confira-se as programaçõesreferentes a esses pagamentos:

Como se vê na programação acima reproduzida, esse pagamento foirelacionado ao código LNEENTBA, isto é, líder norte/nordeste (LNE) - entrega (ENT) - Bahia(BA), e ao código LNEENTSSA (CANTOR), isto é, líder norte/nordeste (LNE) - entrega (ENT) -Salvador (SSA) - doleiro Sandro (CANTOR), como esclarecido pelos colaboradores das OAS.

Em relação aos pagamentos efetivados em 11 e 18 de dezembro de 2013,associados ao endereço do Edifício Torre de Osaka e ao código a ITAIG, com referência aRodrigo, também foi apresentado o seguinte registro da Área de Projetos Estruturados daOAS:

Como se vê nos documentos acima reproduzidos, está registrado que apessoa a receber os recursos era Rodrigo, o que é compatível com os elementos indicativosde que RODRIGO BARRETTO realizava recebimentos em São Paulo/SP e em Salvador/BA.

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Força-Tarefa

Com efeito, análise dos dados telefônicos arrecadados medianteautorização desse MM. Juízo revelam que, em 19/11/2013, o terminal utilizado por RODRIGOBARRETTO (71 991354642) recebeu contato às 15h12, a partir de ERB localizada na RuaConselheiro Correa de Menezes 334 – Horto Florestal, Salvador/BA. Ainda de acordo com asinformações de ERBs vinculadas aos terminais dos investigados, resta demonstrado que, apósreceber o dinheiro, RODRIGO BARRETTO se reúne com ALEXANDRE SUAREZ e MARIOSUAREZ354.

Segundo registros da companhia LATAM355, PAULO AFONSO viajou do Riode Janeiro/RJ para Salvador/BA no dia seguinte à entrega, 20/11/2013.

Do mesmo modo como observado na entrega anterior, no dia 11/12/2013o terminal utilizado por RODRIGO BARRETTO (71 991354642) recebeu contato às 13h59 e14h14, a partir de ERB localizada na Rua Conselheiro Correa de Menezes 334 – HortoFlorestal, Salvador/BA.

Observa-se ainda que, também no dia 18/12/2013, o terminal utilizado porRODRIGO BARRETTO recebeu e efetuou contatos telefônicos às 15h50 e 15h54, a partir deERB localizada na Rua Monte Carmelo 351, nas imediações, portanto, do Ed. Torre Osaka.

Em acréscimo, consoante informado pelo 3º Registro de Imóveis deSalvador/BA, a matrícula geral do Edifício Torre de Osaka (n. 60.747)356 aponta que oapartamento n. 201, no qual foram efetivadas as entregas em questão, está registrado emnome da Construtora Akyo Ltda., de que MÁRIO SUAREZ é sócio-administrador.

* * *

A corroborar todos os fartos elementos antes expostos que, em si mesmos,já são prova bastante das vantagens indevidas intermediadas por PAULO AFONSO, MÁRIOSUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ, os colaboradores integrantes da Área de ProjetosEstruturados da OAS também apresentaram tabela confeccionada por ANDRÉ PETITINGA,gerente de contrato da obra pela OAS, a qual retrata, mês a mês, nos anos de 2012 e 2013, ocontrole e a projeção do volume de vantagens indevidas originadas da obra da Torre Pitubaem atenção às receitas mensais da referida obra.

354 ANEXO 284355 ANEXO 274356 ANEXO 276

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Força-Tarefa

Como esclarecido pelo colaborador ADRIANO QUADROS, que recebeu areferida tabela de ANDRÉ PETITINGA, a linha “PREV.” indicava a previsão de recebimentoda OAS em razão da obra da Torre Pituba, a linha “REAL P” dizia respeito ao valor realizadoconsiderando os valores previstos na data da assinatura do contrato, a linha ”REAJ.”apontava o valor do reajuste contratual, a linha “TOTAL R” trazia os valores faturados pormeio de nota fiscal (soma do valor realizado P0 + o valor do reajuste), a linha “TAC P” erareferência a “taxa de administração central prevista”, expressão utilizada para referirem-se demaneira velada às vantagens indevidas previstas para pagamento e, finalmente, a linha“PAGO” retratava os valores que efetivamente foram pagos como vantagens indevidas.Ressaltou o colaborador ADRIANO QUADROS que os valores constantes nessa tabela comovantagens indevidas destinavam-se todos a pessoas ligadas à gerenciadora MENDESPINTO, bem assim os valores lançados no ano de 2012 devem ter sido realmente pagos, jáque a tabela lhe foi entregue por ANDRÉ PETITINGA em janeiro de 2013, a indicar, portanto,que o documento retrata fielmente a situação dos pagamentos feitos até então.

Essa tabela indica o pagamento de R$ 3.810.000,00 em vantagensindevidas intermediadas por PAULO AFONSO, MÁRIO SUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ noano de 2012, bem como a previsão de pagamento de outros R$ 7.800.000,00 no ano de2013, totalizando mais de R$ 11,6 milhões, o que é compatível com o valor estimado pelocolaborador RAMILTON MACHADO, em cerca de R$ 10 milhões, bem assim com o relato docolaborador ADRIANO QUADROS, de que a obra da Torre Pituba demandava mensalmente opagamento de vantagens indevidas.

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Força-Tarefa

Robustecendo os documentos da Área de Projetos Estruturados da OASapresentados pelos colaboradores, é possível verificar a compatibilidade entre valores devantagens indevidas indicados como pagos na planilha acima reproduzida (linha “PAGO”) evárias das entregas de vantagens indevidas realizadas em São Paulo/SP ou Salvador/BA aosintermediadores PAULO AFONSO, MÁRIO SUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ, registradas nasprogramações de pagamento e nas planilhas consolidadas de controle de caixa.

Nesse sentido, a tabela acima reproduzida aponta os pagamentos devantagens indevidas de R$ 250 mil em janeiro de 2012, R$ 300 mil em fevereiro de 2012, R$350 mil em março de 2012 e R$ 400 mil em junho de 2012, o que é compatível,respectivamente, com (i) a entrega de R$ 250 mil, no dia 20 de janeiro de 2012, emSalvador/BA, (ii) a entrega de R$ 300 mil, no dia 8 de fevereiro de 2012, em São Paulo/SP,(iii) a entrega de R$ 350 mil, no dia 28 de março de 2012, em São Paulo, e (iv) a entrega deR$ 400 mil, no dia 04 de julho de 2012, em São Paulo/SP (neste último caso, um provávelatraso na entrega dos valores relativos ao mês anterior).

Demais disso, na mesma tabela também consta anotação manuscrita docolaborador ADRIANO QUADROS indicando que ANDRÉ PETITINGA lhe havia solicitado aantecipação de pagamentos de vantagens indevidas para janeiro de 2013, no importe de R$400 mil, o que é compatível com a prestação de contas firmada por ELMAR VARJÃOreferente àquele mês, em que está indicado o pagamento de R$ 400 mil em caixa 2relacionado a EDIFICAÇÕES ITAIGARA, conforme elemento de corroboração a seguir.

Ademais, todos os pagamentos de vantagens indevidas relativos à obra daTorre Pituba, demandados por JOSÉ NOGUEIRA, eram de pleno conhecimento e contavamcom a autorização dos Diretores-Superintendentes MANUEL RIBEIRO e ELMAR VARJÃO,cada qual no respectivo período de atuação, além do conhecimento de LÉO PINHEIRO eCÉSAR FILHO.

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Força-Tarefa

Para além dos códigos relacionados aos pagamentos nas programaçõesrespectivas e planilhas consolidadas acima reproduzidas, que traziam as iniciais de MANUELRIBEIRO (MR) até dezembro de 2012, bem como as iniciais de ELMAR VARJÃO (EV) a partirde janeiro de 2013, o colaborador JOSÉ MARIA LINHARES NETO relatou que MANUELRIBEIRO era o único dos diretores expressamente liberado por LÉO PINHEIRO de assinar os documentos de reconhecimento dos pagamentos realizados com recursos de caixa 2 pelabase nordeste da OAS, o que explica a inexistência desses documentos com a sua firma, maso seu sucessor ELMAR VARJÃO observava esse procedimento, tendo sido identificadasvárias prestações de contas mensais dos pagamentos de vantagens indevidas com a suaassinatura. A respeito, confira-se os valores totais das planilhas consolidadas mensais a partirde janeiro de 2013357 e as assinaturas de ELMAR VARJÃO acompanhadas dos mesmosmontantes.

Janeiro/2013

Fevereiro/2013

357 ANEXO 221

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Força-Tarefa

Março /2013

Abril/2013

Maio/2013

Junho/2013

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Força-Tarefa

Julho e agosto/2013

Setembro/2013

Outubro/2013

Novembro/2013

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Força-Tarefa

Dezembro/2013

Todos esses totais representam valores pagos pela Área de ProjetosEstruturados pela OAS que foram autorizados por ELMAR VARJÃO.

Também merece destaque o relato feito pelo colaborador ADRIANOQUADROS no quanto expôs que, entre janeiro e dezembro de 2013, havia reuniões mensaisde ELMAR VARJÃO com todos os líderes da Diretoria Norte/Nordeste, chamadas “reuniõesde comitê operacional”, nas quais eram tratados de temas relativos a projetos, licitações eassuntos operacionais de obras, e, ao final delas, ELMAR VARJÃO dizia que deveriampermanecer na sala apenas os líderes que tivessem assuntos da Área de ProjetosEstruturados para tratar, atendidos por eles individualmente em reunião reservada, após asquais ADRIANO QUADROS era chamado para ser informado sobre os montantes de caixa 2aprovados por ELMAR VARJÃO para cada centro de custo, com base no que ADRIANOQUADROS operacionalizava os pagamentos.

II.3.1.3. Pagamentos da OAS intermediados por PAULO AFONSOMENDES PINTO, MÁRIO SEABRA SUAREZ e ALEXANDRE ANDRADESUAREZ por meio da empresa MENDES PINTO EMPREENDIMENTOSLTDA.

O colaborador RAMILTON MACHADO relatou que, com a deflagração daOperação Lava Jato, em março de 2014, foram inicialmente cessados pela OAS ospagamentos de vantagens indevidas, inclusive os relacionados à obra da Torre Pituba, mashouve grande pressão pelo seu prosseguimento. O colaborador disse que, para viabilizaressa continuidade, ELMAR VARJÃO sugeriu que fosse confeccionado contrato fictício com aempresa MENDES PINTO EMPREENDIMENTOS LTDA., relacionado a um projeto derevitalização urbanística em Belo Horizonte/MG na qual a OAS teria participação. Ainda,RAMILTON MACHADO relatou que WASHINGTON CAVALCANTE e ANDRÉ PETITINGAdeslocaram-se até Belo Horizonte/MG para colher os dados necessários e por fim, foi

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Força-Tarefa

celebrado contrato fictício entre a OAS e a empresa MENDES PINTO EMPREENDIMENTOSLTDA, que não foi integralmente pago em razão da prisão de LÉO PINHEIRO no final de 2014.

Por seu turno, o colaborador ROBERTO CUNHA relatou ter sido chamadopor ELMAR VARJÃO em setembro de 2014 para providenciar a celebração de contratofictício com a empresa MENDES PINTO EMPREENDIMENTOS LTDA., mas que ele e RAMILTONMACHADO entenderam ser inviável essa contratação fictícia. Disse o colaborador que, diantedessa posição contrária, ELMAR VARJÃO recorreu a CÉSAR DE ARAÚJO MATA PIRESFILHO, o qual determinou que o contrato deveria ser feito, pois a cessação das vantagensindevidas já estava impactando nos recebimentos da obra da Torre Pituba. Também relatou ocolaborador que WASHINGTON CAVALCANTE e ANDRÉ PETITINGA deslocaram-se até asede da empresa MENDES PINTO EMPREENDIMENTOS LTDA., em Belo Horizonte/MG,quando lhes foi apresentado o material que daria sustentação ao contrato. ROBERTO CUNHAdisse que, ao fim, foi celebrado o contrato fictício entre a OAS e a empresa MENDES PINTOEMPREENDIMENTOS LTDA., relacionado a projeto de recuperação de área na regiãometropolitana de Belo Horizonte/MG.

A corroborar o quanto relatado pelos colaboradores, a seguinte mensagemextraída do celular de LÉO PINHEIRO, encaminhada por PAULO AFONSO a LÉO PINHEIRO,em 07.06.2014, referindo-se ao “projeto de Bh”358:

Como se vê de seu teor, PAULO AFONSO propõe encontrar-se com LEOPINHEIRO para “planejar nossa ação”.

Em seguida PAULO AFONSO lhe envia nova mensagem, no mesmocontexto:

358 ANEXO 66

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Força-Tarefa

Nesse sentido, os colaboradores apresentaram via do contrato firmado359

em 29/08/2014 entre CONSTRUTORA OAS SA, representada naquele ato por ELMARVARJÃO, e MENDES PINTO EMPREENDIMENTOS, representada por PAULO AFONSO, novalor de R$ 12.500.000,00, prevendo-se pagamento de sinal de R$ 4.750.000,00, além de 5prestações mensais no valor individual de R$ 1.550.000,00.

Ademais, a quebra de sigilo bancário da empresa MENDES PINTOEMPREENDIMENTOS LTDA. aponta o recebimento de R$ 4.457.875,00 da CONSTRUTORAOAS S.A., em 08 de outubro de 2014, após a celebração do contrato em questão e poucoantes da prisão de LÉO PINHEIRO, ocorrida em novembro de 2014, não tendo havidopagamentos posteriores, como relatado por RAMILTON MACHADO.

No contexto do quanto narrado no presente capítulo II.3.1, restouevidenciado que diversos pagamentos – notadamente, aqueles em espécie – efetuados porintermédio de PAULO AFONSO, MÁRIO SUAREZ, ALEXANDRE SUAREZ, RODRIGOBARRETTO e MARCOS FELIPE MENDES PINTO, e que se voltavam, em parte, como referidopelo colaborador PAUL ALTIT, ao atendimento de “compromissos institucionais”,corresponderam, na ocasião em que realizados, a contatos concomitantes ou logosubsequentes com aqueles que praticaram os atos de favorecimento no bojo dascontratações entabuladas para o desenvolvimento do empreendimento de que se trata, emespecial NEWTON CARNEIRO, ARMANDO TRIPODI e CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO.

Em vários desses casos, foi observado um mesmo padrão de deslocamentode PAULO AFONSO, que seguia para o Rio de Janeiro/RJ – cidade em que sediadas PETROSe PETROBRAS –, onde, logo após os recebimentos de vantagens indevidas, de maneirapraticamente imediata, encontrava-se com alguns dos principais responsáveis, em ambas asinstituições, por viabilizar a condução fraudulenta do empreendimento da Torre Pituba.

359 ANEXO 286

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Page 19: PAGAMENTO DO DIA 23 DE NOVEMBRO DE 2012 · código MR+D+LDENTCLIECCLIENTESP, isto é, ... passo que o Hotel Quality344 informou que RODRIGO BARRETTO hospedou-se em ... gerente de

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Força-Tarefa

Conforme apurado pela Receita Federal (IPEI n. PR2017001)360, identificou-se que NEWTON CARNEIRO apresentou movimentações financeiras incompatíveis comos seus rendimentos declarados nos anos de 2010 (3,02 vezes os rendimentos) e 2012 (2,08vezes os rendimentos), isto é, em período coincidente com o desenvolvimento doempreendimento da Torre Pituba.

Além disso, identificou-se que NEWTON CARNEIRO apresentouacréscimos patrimoniais a descoberto nos anos de 2013 (R$ 120.950,62), 2014 (R$102.569,68) e 2015 (R$ 170.162,99), momentos também coincidentes com o desenvolvimentodo projeto em questão.

Demais disso, a quebra de sigilo bancário também permitiu identificar queNEWTON CARNEIRO realizava frequentemente depósitos estruturados, fracionados emvalores inferiores a R$ 10.000,00, vários no mesmo dia ou em dias aproximados, técnica quedificulta o controle de comunicação obrigatória pelas instituições financeiras ao COAF,prática adotada durante todo o período em que se desenvolveu o empreendimento da TorrePituba.

360 ANEXO 139

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Ademais, a proximidade do relacionamento entre PAULO AFONSO eNEWTON CARNEIRO é reforçada pelo intenso contato mantido entre eles, destacando-seque a quebra de sigilo telefônico, no período examinado, aponta para a troca deimpressionantes 2554 ligações telefônicas e 511 mensagens de texto entre eles361.

De ver que, de acordo com Relatório ASSPA/PRPR 147/2018362 e o IPEI n.PR2017001363, elaborado pela Receita Federal, identificou-se que ARMANDO TRIPODIapresentou vultosa variação patrimonial a descoberto nos anos-calendário de 2011 e2012, bem como omitiu aquisição de imóvel no ano-calendário 2015 em suas DIRPF.

361 ANEXO 256 E 257362 ANEXO 268363 ANEXO 139

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Na declaração referente ao ano-calendário 2011, ARMANDO TRIPODIdeclarou o apartamento adquirido em set/2011, na planta, na Rua Pinheiro Machado, 22,Laranjeiras, ap. 72, Rio de Janeiro/RJ364, pelo valor de R$ 1.016.728,32. Nada obstante, naDIMOB referente ao ano-calendário de 2011, a vendedora CARTAMUS EMPREENDIMENTOSinformou que o valor da operação foi de R$ 3.082.939,80, com pagamento no, ano de 2011,pelo comprador (ARMANDO TRIPODI) no montante de R$ 1.916.728,32. O montante pagoem 2011, referido pela vendedora, é compatível com os dados bancários de ARMANDOTRIPODI, que retratam três operações relacionadas à aquisição do imóvel, cujos montantessomam R$ 1.923.604,70, valor muito próximo àquele (R$ 1.916.728,32) que foi informado naDIMOB do ano-calendário de 2011 da CARTAMUS EMPREENDIMENTOS.

Assim sendo, constata-se que “a diferença de valores (registrados na DIMOBda CARTAMUS EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA e na DIRPF de ARMANDO TRIPODI)foi da ordem de R$ 900.000,00 (R$ 1.916.728,32 - R$ 1.016.728,32). A princípio, tem-se queesta variação patrimonial positiva (na importância de R$ 900.000,00) não teve uma origemde recursos justificada/declarada por ARMANDO TRIPODI em sua DIRPF (ano-calendáriode 2011)”. Assim sendo, considerando os demais dados declarados na DIRPF ano-calendário2011, em vez de um lastro de 107.169,08, chega-se a “uma variação patrimonial adescoberto da ordem de R$ 792.830,92 (= R$ 107.169,08 – R$ 900.000,00) no ano-calendário de 2011365.

Ademais, conforme se depreende da última operação bancária acimalistada, a aquisição do referido imóvel foi intermediada pela empresa LPS PATRIMÓVEL. Edentre o conjunto de dados telemáticos de ARMANDO TRIPODI, restou revelado e-mailoriundo da referida empresa corretora de imóveis, em que o imóvel em questão foi oferecidoem 20/05/2011, pelo valor de R$ 3.786.000,00.366 Segundo a DIMOB da CARTAMUS, aoperação ocorreu 11 dias depois (31/05/2011) pelo valor declarado de R$ 3.082.939,80. Nãosendo crível um desconto de mais de R$ 700.000,00 entre o valor da oferta e o valordeclarado da operação, há indicativos de que o valor efetivo da venda conste subfaturado.

Relativamente à DIRPF do ano-calendário de 2011, registre-se ainda queARMANDO TRIPODI efetuou transferência de outro imóvel367 no valor de R$ 500.000,00

364 ANEXO 269365 ANEXO 268366 ANEXO 267367 Casa em Lauro de Freitas, na Estrada do Coco, Cond. Encontro das Águas, lote M-08, Bahia

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para a declaração da esposa ANA CRISTINA RABELLO BALOGH, expediente que pode ter sidoutilizado para evitar variação patrimonial a descoberto.

Quanto ano-calendário 2012, a Receita Federal apurou variação patrimoniala descoberto no montante de aproximadamente R$ 435 mil.

Já no ano-calendário de 2015, ARMANDO TRIPODI adquiriu imóvellocalizado na Praia do Forte, município de Mata de São João/BA, o qual foi omitido daReceita Federal, na DIRPF respectiva e nas dos anos-calendário subsequentes. A operação doimóvel está referida na DIMOB da empresa vendedora, ENSEADA DO CASTELOEMPREENDIMENTOS LTDA., pelo valor de R$ 349.727,83.

Referidos acréscimos patrimoniais identificados e omissões ao Fisco emperíodos contemporâneos aos fatos ilícitos antes descritos são indicativos de recebimentosde vantagens indevidas.

Ainda, conforme apurado pela Receita Federal (IPEI n. PR2017001)368,identificou-se que ARMANDO TRIPODI apresentou movimentações financeirasincompatíveis com os seus rendimentos declarados no ano de 2011 (2,60 vezes osrendimentos), isto é, em período coincidente com o desenvolvimento do empreendimentoda Torre Pituba.

Ademais, dentro do contexto em que se desenvolveram as contrataçõesfraudulentas e os pagamentos dirigidos pelas empreiteiras e intermediados por PAULOAFONSO, MARCOS FELIPE, MARIO SUAREZ, ALEXANDRE SUAREZ e RODRIGOBARRETTO, é de relevo destacar, além dos inúmeros encontros pessoais entre PAULOAFONSO e ARMANDO TRIPODI acima descritos, muitos deles coincidentes commomentos-chave do projeto, o intenso relacionamento telefônico mantido entre ambos:foram trocadas 541 ligações telefônicas entre eles, mais 32 mensagens de texto369.

A corroborar, também foi identificado e-mail, de setembro de 2011, no qualPAULO AFONSO encaminhou para ARMANDO TRIPODI o endereço de sua própriaresidência em Itaipava/RJ, e, em outro e-mail, de junho de 2012, ARMANDO TRIPODIcombinou com a sua esposa de pernoitar nessa casa de PAULO AFONSO na região serrana.Trata-se de elementos bastante indicadores de que mantinham relação de extremaproximidade, especialmente evidenciada pela liberdade com que ARMANDO TRIPODI, nasegunda das mensagens, tomou a iniciativa de ficar hospedado na residência de campo dePAULO AFONSO.

368 ANEXO 139369 ANEXO 254 E 255

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Quanto a CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO, destaca-se também terem sidoencontradas mensagens trocadas com PAULO AFONSO370, em 18.08.2014 e 20.08.2014,que indicam possível pagamento de vantagem indevida ao gerente da PETROBRAS.

370 ANEXO 44 a ANEXO 46

138

Time Text Folder Direction Status Unique ID Thread ID Thread ID Related Applicati Created Sent From To

18/08/2014 19:52:32 UTC Inbox Incoming Read 02EB93F4-26D1-4688-8B91-741575C0CFE0 9 Apple iMessage Tel: +553198020496 iMessage ID: [email protected]/08/2014 19:52:32 UTC Paulo Afonso Inbox Incoming Read FAB47F70-445F-4A81-91DB-6C8D3AB7A1CD 9 Apple iMessage Tel: +553198020496 iMessage ID: [email protected]/08/2014 20:07:28 UTC (Device) Pode Sentbox Outgoing Sent 0710E30A-0B4B-49BD-A9D0-17145E50C3FF 9 Apple iMessage iMessage ID: [email protected] Tel: +553198020496

20/08/2014 19:29:04 UTC Inbox Incoming Read 09CEBE28-37D2-4844-BB6C-7CF8065F5AFC 9 Apple iMessage Tel: +553198020496 iMessage ID: [email protected]/08/2014 19:29:04 UTC (Device) Posso encontrá-lo agora Sentbox Outgoing Sent DE726A7C-A503-4AEE-B1AE-B4B22D288129 9 Apple iMessage iMessage ID: [email protected] Tel: +55319802049620/08/2014 19:35:28 UTC As 17:30 no hotel fica bom prs vc! Inbox Incoming Read 293FFB94-7C80-4C8E-B30F-27A0B4DCDC4A 9 Apple iMessage Tel: +553198020496 iMessage ID: [email protected]/08/2014 19:35:28 UTC ? Inbox Incoming Read 6A18AC93-25E7-4B57-B2C9-8C4B063F2E86 9 Apple iMessage Tel: +553198020496 iMessage ID: [email protected]/08/2014 19:35:28 UTC (Device) Ok Sentbox Outgoing Sent 6C3D29D1-A57D-4440-AD8C-6285780597F5 9 Apple iMessage iMessage ID: [email protected] Tel: +55319802049620/08/2014 20:48:00 UTC Estou a caminho - trânsito Inbox Incoming Read 65DECA05-8C03-41D1-B879-B50F0423CBC8 9 Apple iMessage Tel: +553198020496 iMessage ID: [email protected]

20/08/2014 21:07:12 UTC Inbox Incoming Read C775CC92-CB79-4B5C-88FC-9E8B05484617 9 Apple iMessage Tel: +553198020496 iMessage ID: [email protected]/08/2014 21:09:20 UTC (Device) Qual hotel? Sentbox Outgoing Sent 0C74882B-14D5-471B-990D-440EB8FF9CC7 9 Apple iMessage iMessage ID: [email protected] Tel: +55319802049620/08/2014 21:09:20 UTC Causava Inbox Incoming Read 8797DB4F-614C-4745-9A63-6A5F6DA5EBAE 9 Apple iMessage Tel: +553198020496 iMessage ID: [email protected]/08/2014 21:09:20 UTC (Device) Ok Sentbox Outgoing Sent D8F0E2FD-A9D3-40B2-BCD3-68552D3BFA0D 9 Apple iMessage iMessage ID: [email protected] Tel: +55319802049620/08/2014 21:09:20 UTC Catusaba Inbox Incoming Read FE6EF981-D4F2-4B19-949D-C3DF70602309 9 Apple iMessage Tel: +553198020496 iMessage ID: [email protected]/08/2014 21:09:20 UTC (Device) Velho ou novo? Sentbox Outgoing Sent BF2779D0-B762-444D-84A9-E056A4EF1022 9 Apple iMessage iMessage ID: [email protected] Tel: +55319802049620/08/2014 21:11:28 UTC (Device) Vou atrasar Sentbox Outgoing Sent 82FE09F2-A0A5-4985-BE48-118BC8588BC1 9 Apple iMessage iMessage ID: [email protected] Tel: +55319802049620/08/2014 21:11:28 UTC Seu visinho Inbox Incoming Read 7B385A0A-EF3F-402A-B220-4792D95BE10C 9 Apple iMessage Tel: +553198020496 iMessage ID: [email protected]

20/08/2014 21:15:44 UTC Inbox Incoming Read 4E337FE0-E870-4418-A8D0-9057417AEF1E 9 Apple iMessage Tel: +553198020496 iMessage ID: [email protected]/08/2014 21:17:52 UTC (Device) Não estou chegando Sentbox Outgoing Sent B47571D1-797B-49A1-B4C0-AA397FDFA263 9 Apple iMessage iMessage ID: [email protected] Tel: +553198020496

CalPosso passar em sua casa 4a a noite para conversarmos?

CalQue horas posso ir encontrá-lo?

To no lobbyJF vc?

Posso mandar entregar a encomenda em sua casa amanhã cedo?Meu voo e as 20:00hs

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Como se vê, no dia 18.08.2014, PAULO AFONSO indaga a CARLOSALBERTO FIGUEIREDO se pode passar em sua casa na quarta-feira (20.08.2014) à noite paraconversarem, mas acabam por combinar, no dia 20.08.2014, de encontrarem-se no HotelCatusaba (na verdade, Hotel Catussaba), para PAULO AFONSO “entregar a encomenda”, adenotar se tratar de possível pagamento de vantagem indevida de PAULO AFONSO aCARLOS ALBERTO FIGUEIREDO, na linha do que indicam os demais encontrosanteriormente demonstrados. De fato, conforme diálogo acima retratado, terminal utilizadopor PAULO AFONSO (31 98020496) estava, no dia 20.08.2014, às 19h12, vinculado à ERBsituada nas proximidades do referido hotel.

Além disso, foi também detectada mensagem em que PAULO AFONSO diza CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO para “mandar seu representante na R. João da SilvaCampos, 525, Itaigara” e “procurar “Martha”371.

O endereço em questão é o de residência de MARTHA FRANÇA, como járeferido, prestadora de serviços financeiros a diversas pessoas aqui investigadas, dentre elas,com destaque, para MPE, MAR INCORPORAÇÕES, BIBRAS, AFA, CHIBASA, além deALEXANDRE SUAREZ, MARIO SUAREZ e PAULO AFONSO. Era a MARTHA FRANÇA queJAILTON SANTOS prestava contas das enormes somas de valores que a ele afluíamprovenientes das empresas envolvidas nos fatos investigados, sendo certo que também a elarecorria ALEXANDRE SUAREZ para a realização de saques em valores expressivos.

371 ANEXOS 44 a 46

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De fato, a quebra de sigilo revelou relacionamento telefônico entre PAULOAFONSO e MARTHA FRANÇA na referida data372.

Acrescente-se que PAULO AFONSO também mantinha frequentes contatostelefônicos com CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO, tendo a quebra de sigilo telefônicoidentificado, no período em análise, que eles trocaram 246 ligações telefônicas e 36mensagens de texto373.

Por fim, registra-se que estão também em apuração nos autos do IPL5006601-75.2016.4.04.7000, pagamentos efetuados pela OAS, por intermédio da pessoajurídica SINTESYS CONSTRUTORA – utilizada pelos operadores financeiros ROBERTOTROMBETA e RODRIGO MORALES –, para a empresa JR-M CONSULTORIA EMPRESARIALLTDA, de titularidade de JOSÉ ANTÔNIO GALANTE DE OLIVEIRA JÚNIOR, irmão de WAGNERPINHEIRO, havendo fortes indicativos de terem por beneficiário real WAGNER PINHEIRO,em razão de sua atuação como gestor da PETROS. Uma das linhas investigativas emdesenvolvimento considera a possível vinculação de tais vantagens indevidas à conduta deWAGNER PINHEIRO nos fatos aqui tratados, referentes ao empreendimento ConjuntoPituba.

II.3.2. Pagamentos para o PARTIDO DOS TRABALHADORES.

Como desvelado no bojo da Operação Lava Jato, foi identificada a existênciade um sofisticado esquema de corrupção de diversos empregados públicos do alto escalãoda PETROBRAS, notadamente dos então Diretores de Abastecimento e de Serviços, PAULOROBERTO COSTA e RENATO DUQUE, e do Gerente Executivo de Engenharia, PEDROBARUSCO, bem assim dos dirigentes da Diretoria Internacional, NESTOR CERVERÓ e JORGEZELADA. Ainda, as investigações demonstraram que as diretorias da PETROBRAS estavamdivididas entre partidos políticos, notadamente o Partido dos Trabalhadores (PT), oPartido Progressista (PP) e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) quehaviam negociado a nomeação desses diretores e que, portanto, eram destinatários, assim

372 Esclareça-se que o horário indicado na mensagem reproduzida pela imagem acima observa opadrão UTC, havendo, portanto, diferença de 3h a mais relativamente ao horário de Brasília.

373 ANEXO 265 E 266

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como os parlamentares integrantes das agremiações que dominavam as diretorias da estatal,de parcela substancial dos valores ilícitos obtidos no esquema criminoso.

No âmbito da Diretoria de Serviços da PETROBRAS – ocupada por RENATODUQUE –, a propina originada das contratações com a estatal era repartida da seguintemaneira: a) 50% era destinado a um caixa geral do Partido dos Trabalhadores, que, comocomprovado, era gerido em sua maior parte pelos próprios tesoureiros do partido, primeiroPAULO FERREIRA, seguindo-se JOÃO VACCARI, além de ANTONIO PALOCCI num estratoespecial de atuação; e b) 50% era destinado à “Casa”, ou seja, à Diretoria de Serviços,usualmente repartido entre RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO.

O empreendimento da Torre Pituba está inserido nesse amplo esquemadelitivo desvelado pela Operação Lava Jato, já que, tendo havido a atuação RENATO DUQUEpara que a construção fosse viabilizada por meio do comprometimento da PETROBRAS emalugá-lo por longo período – assunto afeto à Diretoria de Serviços que então liderava –, foigerado o pagamento de propina pelas empreiteiras OAS e OR em favor de RENATO DUQUEe também para o Partido dos Trabalhadores, que lhe dava sustentação no cargo. A confirmar,aponte-se que a parte da propina destinada pela OAS a RENATO DUQUE acabou por serdebitada, por ordem de LÉO PINHEIRO, do montante de vantagens ilícitas que havia sidoajustado em favor do Partido dos Trabalhadores.

II.3.2.1. Pagamentos feitos pela ODEBRECHT REALIZAÇÕESIMOBILIÁRIAS para o PARTIDO DOS TRABALHADORES medianteentregas em espécie para o publicitário VALDEMIR GARRETA.

O colaborador ANDRÉ VITAL PESSOA DE MELO374 relatou que, em julho de2014, assumiu a função de Diretor Regional da ODEBRECHT REALIZAÇÕES IMOBILIÁRIAS(OR) nos Estados da Bahia e Pernambuco, em substituição a DJEAN VASCONCELOS CRUZ,acumulando temporariamente as funções que exercia como Diretor Superintendente daCONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT nos Estados da Bahia e Sergipe. Disse que, poucodepois, aproximadamente em setembro/outubro de 2014, o seu subordinado EDUARDOPEDREIRA, que funcionava como representante da OR na obra da Torre Pituba, informou-lheacerca de cobrança, veiculada pelo representante da OAS no projeto – JOSÉ NOGUEIRA –,de pagamento de vantagem indevida. Segundo o relato de ANDRÉ VITAL, convergente com odo líder empresarial PAUL ALTIT, a cobrança veiculada por meio do representante da OASalcançava o montante de R$ 2 milhões, para cada uma das empreiteiras participantes doempreendimento da Torre Pituba (OR e OAS), pagamentos que deveriam ser feitosdiretamente a VALDEMIR GARRETA, publicitário do Partido dos Trabalhadores.

Segundo ANDRÉ VITAL, o representante da OAS na obra da Torre Pituba,JOSÉ NOGUEIRA, informou-lhe que tal pagamento estava sendo feito pela OAS.

374 Cf. depoimentos do colaborador ANDRÉ VITAL PESSOA DE MELO encaminhados a esse Juízo pormeio do Ofício 6033/2017-PRPR-FT (autos 5037370-66.2016.4.04.7000 - certificado no evento 38)

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Esclareceram ainda os colaboradores que o pagamento no importesolicitado (R$ 2 milhões) foi efetuado, em espécie, e operacionalizado pelo Setor deOperações Estruturadas do Grupo ODEBRECHT. Segundo PAUL ALTIT, era utilizado ocodinome “PROGRAMA” para identificar VALDEMIR GARRETA no controle de pagamentosdaquele setor.

O teor de tais depoimentos foi ainda corroborado por cópia de e-mailenviado em 13/10/2014, apresentado pelo colaborador ANDRÉ VITAL, que acompanhaplanilha de programação semanal de pagamentos do Setor de Operações Estruturadasreferente ao período de 13 a 17/10/2014375, a qual aponta o pagamento no montante de R$973.000,00 em favor do codinome “PROGRAMA”, vinculado à obra Torre Pituba.

Ademais, o colaborador FERNANDO MIGLIACCIO relatou como tratava comVALDEMIR GARRETA sobre o pagamento de vantagens indevidas pelo Grupo ODEBRECHT.Disse que VALDEMIR GARRETA entrava em contato com ele, por meio do númerotelefônico de sua secretária (11 3096-6066), quando tinha valores a receber e, após aconfirmação de que era devido o pagamento, combinavam os detalhes para a entrega dosrecursos. Ressaltou que o combinado era realizar depósitos em contas no exterior, mas queVALDEMIR GARRETA pedia que fosse entregue em espécie no Brasil.

A corroborar, a quebra de sigilo telefônico permitiu identificar que, nasemana em que estava previsto o pagamento acima referido (13 a 17 de outubro de 2014),houve quatro ligações telefônicas originadas da agência de VALDEMIR GARRETA(Comunicação Mais) para a secretária de FERNANDO MIGLIACCIO – duas no dia 13 e outrasduas em 15 de outubro376.

375 ANEXO 293376 ANEXO 264

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II.3.2.2. Pagamentos de vantagens indevidas pela OAS para o PARTIDODOS TRABALHADORES por meio de doações partidárias ao DiretórioNacional e entregas em espécie para MARICE CORRÊA DE LIMA,cunhada de JOÃO VACCARI.

Segundo o relato do colaborador RAMILTON MACHADO, JOSÉ NOGUEIRAlhe disse que haveria o pagamento de vantagens indevidas no equivalente a 1% do valor daobra da Torre Pituba para o Partido dos Trabalhadores, bem assim que JOÃO VACCARIhavia orientado que tratassem do assunto com sua cunhada MARICE LIMA. O colaboradortambém disse que esteve com JOSÉ NOGUEIRA em reunião com MARICE LIMA, havida emum sindicato localizado na rua Formosa, na região do Vale do Anhangabaú, em São Paulo/SP,ocasião em que apresentaram a MARICE LIMA uma planilha com os valores recebidos naobra e o equivalente a 1% destinado ao Partido dos Trabalhadores. Disse, ainda, que ospagamentos foram inicialmente feitos por meio de doações ao Diretório Nacional daagremiação e depois passaram a ser feitos mediante entregas em espécie para MARICELIMA na sua própria residência em São Paulo/SP.

Rememore-se que o ingresso da OAS no empreendimento foi atribuído àinluência de JOÃO VACCARI, que também foi indicado por NEWTON CARNEIRO aosexecutivos da OR para que buscassem ratificar a sua participação na obra.

O relato prestado pelo colaborador a respeito de o empreendimento daTorre Pituba ter gerado pagamento de vantagens indevidas em favor do Partido dosTrabalhadores foi corroborado por variados registros documentais da Área de ProjetosEstruturados da OAS apresentados pelos colaboradores – consistentes em solicitações pradoação, entre outros –, indicando a realização de doações partidárias ao Diretório Nacionaldo Partido dos Trabalhadores, vinculadas ao centro de custo EDIFICAÇÕES ITAIGARA,efetivadas em 2012 e 2013, totalizando R$ 1.720.000,00.

A respeito da dinâmica observada no âmbito da OAS para fins depagamento de vantagens indevidas por meio de doações eleitorais ou a partidos políticos, ocolaborador RAMILTON MACHADO esclareceu que, com vistas ao controle do limite legalentão aplicável às doações feitas por pessoas jurídicas (2% do faturamento bruto auferido noano anterior), as doações eram lançadas a um centro de custo específico para esta finalidade,que, no caso, era chamado CONTR. - NORDESTE (“Controle Nordeste”). Depois, era necessárioatribuir a respectiva despesa ao centro de custo efetivo que a tivesse originado, no caso,EDIFICAÇÕES ITAIGARA, por meio de procedimento interno da OAS embasado emdocumento chamado “aviso de lançamento”.

Nesse sentido, foram identificadas quatro solicitações para doação emfavor do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, nos valores de R$ 500.000,00para 04 de maio de 2012, R$ 250.000,00 para 05 de junho de 2012, R$ 350.000,00 para 08

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de agosto de 2012 e R$ 350.000,00 para 15 de agosto de 2012, totalizando R$1.450.000,00 naquele ano. Todos eles apresentam JOSÉ NOGUEIRA como solicitante eMARICE LIMA como contato para cobrar o recibo, trazendo também o registro de que asdoações tinham a EDIFICAÇÕES ITAIGARA como centro de custo efetivo, apontado na parteinferior das solicitações com a sigla "AL" (“aviso de lançamento”).

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Demais disso, também foi apresentada como prova de corroboração umasolicitação para doação (e seu respectivo aviso de lançamento) em favor do DiretórioNacional do Partido dos Trabalhadores, no valor de R$ 270.000,00 para 27 de março de2013. Ambos igualmente apontam que a doação tinha a EDIFICAÇÕES ITAIGARA comocentro de custo efetivo, desta feita apresentando RAMILTON MACHADO como solicitante.Destaca-se, como esclarecido pelo colaborador RAMILTON MACHADO, que no campobeneficiário da solicitação para doação está registrado MARICE (A PEDIDO DE JV), é dizer, apedido de JOÃO VACCARI, cuja secretária – Ângela – está indicada como contato parasolicitação de recibo.

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Ainda, o colaborador RAMILTON MACHADO afirmou “QUE todas essasdoações ao Diretório Nacional do PARTIDO DOS TRABALHADORES, referidas no presentedepoimento, consistiram em vantagens indevidas pagas por demanda de JOSÉ NOGUEIRA,são relacionadas à obra do Edifício ltaigara e contaram com a autorização de CÉSAR MATAPIRES FILHO; QUE todas as doações eleitorais ou a partidos políticos exigiam a autorização deCÉSAR MATA PIRES FILHO; QUE LÉO PINHEIRO lhe passava muito esporadicamente pedidos

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de doação eteitoral, sendo CÉSAR MATA PIRES FILHO com quem o depoente tinha contato nodia a dia e autorizou todas as doações ao PARTIDO DOS TRABALHADORES referidas (...)”(destaque nosso).

Demais disso, a confirmar a relação entre essas doações feitas ao DiretórioNacional do Partido dos Trabalhadores e a obra da Torre Pituba, foi apresentada peloscolaboradores da OAS outra tabela confeccionada por ANDRÉ PETITINGA, gerente docontrato da obra pela OAS, contendo o total das medições da obra feitas até dezembro de2012 e os valores estimados trimestralmente para recebimento entre janeiro de 2013 eagosto de 2014, com a indicação dos respectivos valores equivalentes a 1%.

Como reconhecido pelo colaborador RAMILTON MACHADO, trata-se detabela que retrata os valores de vantagens indevidas destinados ao Partido dosTrabalhadores (linha “Debito”), tendo o colaborador afirmado, com absoluta certeza, que asdoações feitas ao Diretório Nacional da agremiação em 2012 estão englobadas no valor“1.625”, é dizer, R$ 1.650.000,00, ao passo que a doação feita em março de 2013 estáretratada na anotação “270 (BÔ) - 28/03”, significando R$ 270 mil em “bônus eleitoral”.

Realmente, o importe de R$ 1.625.000,00 apontado como crédito devantagens indevidas do Partido dos Trabalhadores até dezembro de 2012, vinculado à obrada Torre Pituba, é plenamente compatível com o volume de doações que até então haviamsido feitas pela OAS em favor da agremiação partidária, em 2012, com relação à mesma obra,no total de R$ 1.450.000,00. De maneira coincidente, na planilha também já estava previstoque o Partido dos Trabalhadores teria um crédito de vantagens indevidas no importe de R$263.000,00 relativo ao primeiro trimestre de 2013, sendo que a OAS realizou doação àagremiação partidária no importe arredondado de R$ 270.000,00 em março de 2013.

Além das doações feitas ao Diretório Nacional do Partido dosTrabalhadores, o colaborador RAMILTON MACHADO relatou que também foram feitospagamentos de vantagens indevidas à agremiação partidária mediante entregas em espéciepara MARICE LIMA, na sua própria residência, em São Paulo/SP, declarando, ainda, ter sidoo responsável por fazer pessoalmente uma dessas entregas. Na mesma linha, o colaboradorJOSÉ RICARDO BREGHIROLLI disse que RAMILTON MACHADO lhe solicitou providenciar arealização de pagamentos em favor de pessoa chamada MARICE em São Paulo/SP, o quecontou com a atuação de ALBERTO YOUSSEF.

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A respeito, as programações de pagamento da Área de ProjetosEstruturados da OAS registram que, nos dias 29 de outubro, 26 de novembro e 03 dedezembro de 2013 e 20 de janeiro de 2014, foram realizadas quatro entregas paraMARICE, a primeira no importe de R$ 500 mil e, as demais, de R$ 200 mil cada, totalizandoR$ 1,1 milhão, na rua Dr. Penaforte Mendes, 157, apartamento 22, em São Paulo/SP, todasrelacionadas ao centro de custo Edificações Itaigará. Confira-se as programações depagamento referentes a esses dias:

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Demais disso, esses quatro pagamentos encontram-se relacionados nasplanilhas consolidadas de controle de caixa (base nordeste) da Área de ProjetosEstruturados, dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2013 e de janeiro de 2014.Confira-se:

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Como se vê nas programações acima reproduzidas, esses pagamentosforam relacionados ao código EVENTSP, isto é, ELMAR VARJÃO (EV) - entrega (ENT) - SãoPaulo (SP), como esclarecido pelos colaboradores das OAS, além de constar que o centro decusto Edificações Itaigará, e que o solicitante era LD, ou seja, o líder diretor RAMILTONMACHADO. Nas programações referentes aos pagamentos de novembro 2013 e de janeirode 2014, consta ainda que as entregas seriam operacionalizadas por PRIMO e MARGARINA,que são codinomes utilizados para designar ALBERTO YOUSSEF.

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Por seu turno, nas planilhas consolidadas de outubro, novembro edezembro de 2013, os três primeiros pagamentos também estão relacionados a Ed. Itaigará,ITAIGARA e ED. ITAIGARA, sendo que os pagamentos de novembro e dezembro de 2013foram acompanhados das anotações ENTR. PRIMO SP e PRIMO, corroborando a participaçãode ALBERTO YOUSSEF nessas entregas.

Acrescente-se, na linha do quanto relatado por RAMILTON MACHADO, quea última entrega – relativa a 20 de janeiro de 2014 –, foi pessoalmente feita por ele aMARICE LIMA. A respeito, RAMILTON MACHADO relatou que houve um desencontro entreALBERTO YOUSSEF e MARICE LIMA na data ajustada, motivo pelo qual os valores lhe foramentregues na sede da OAS em São Paulo/SP e, depois, ele mesmo realizou a entrega paraMARICE LIMA, como registrado na parte final da respectiva programação de pagamento.

De ver também que, na diligência de busca e apreensão em locaisrelacionados a ALBERTO YOUSSEF, quando da deflagração da Operação Lava Jato, foiarrecadada planilha que, segundo explicado pelo colaborador JOSÉ RICARDO BREGHIROLLI,era confeccionada por ele mesmo para fazer o encontro de contas dos recursos de caixa 2 daOAS que ficavam sob a guarda do doleiro para a realização de pagamentos, sendo que nestaplanilha encontram-se registrados os pagamentos feitos a MARICE LIMA. Efetivamente, nareferida tabela377 é possível identificar pagamentos de R$ 200 mil em 26/11/2012, R$ 200 milem 03/12/2013 e R$ 200 mil em 20/01/2014, é dizer, datas e valores plenamentecoincidentes com aqueles indicados nos controles de pagamento da Área de ProjetosEstruturados da OAS, e todos relacionados a “SP”, local das entregas.

377 Autos n. 5049557-14.2013.404.7000, evento 488, AP-INQPOL27, PDF 25 e 26.

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Demais disso, foram encontradas mensagens trocadas por meio deaparelhos BlackBerry, em 03 de dezembro de 2013, nas quais JOSÉ RICARDO BREGHIROLLIpassa a ALBERTO YOUSSEF o endereço da rua Dr. Penaforte Mendes, 157, apartamento 22,registrando que era para “hoje”, com a orientação de “procurar sra. MARICE” 378.

378 ANEXO 287

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II.3.3. Pagamentos para RENATO DUQUE.

Como anteriormente relatado, no âmbito da PETROBRAS, oempreendimento da Torre Pituba ficou sob responsabilidade da Gerência de ServiçosCompartilhados, vinculada a Diretoria de Serviços da PETROBRAS, à época liderada porRENATO DE SOUZA DUQUE, que recebeu vantagens indevidas da OR e da OAS, em razãode sua influência no empreendimento.

Relembre-se que RENATO DUQUE teve papel imprescindível na viabilizaçãodo empreendimento, já que a construção exigia o comprometimento da PETROBRAS emalugar o edifício por longo período de tempo, questão afeta à Diretoria de Serviços queentão liderava. De outro lado, a manutenção de RENATO DUQUE no cargo, como igualmentevisto, estava atrelada à arredacação de vantagens indevidas para o Partido dosTrabalhadores.

Os elementos colhidos nas investigações apontam que, da parte daODEBRECHT REALIZAÇÕES IMOBILIÁRIAS, os pagamentos foram efetivados, no importe totalde aproximadamente R$ 6,6 milhões, com o emprego de recursos não contabilizados, viaSetor de Operações Estruturadas, mediante transferências em favor de conta da offshore BROOKLET HOLDINGS, de que RENATO DE SOUZA DUQUE era o real beneficiário.

Por sua vez, a OAS fez o pagamento da parte que lhe incumbia mediante acelebração de fictício contrato de prestação de serviços com a empresa D3TM, que era deRENATO DE SOUZA DUQUE, no importe líquido de R$ 1.501.600,00.

II.3.3.1. Pagamentos da ODEBRECHT REALIZAÇÕES IMOBILIÁRIAS paraRENATO DUQUE por meio da offshore BROOKLET HOLDINGS.

Entre 2012 e 2013, RENATO DE SOUZA DUQUE recebeu vantagensindevidas prometidas pelo Grupo ODEBRECHT em razão do contrato de ampliação doConjunto Pituba, no importe de cerca de R$ 6,6 milhões, mediante depósitos feitos noexterior em conta de offshore da qual era o efetivo beneficiário.

Nesse sentido, o colaborador ROGÉRIO SANTOS DE ARAÚJO379 – que eradiretor da área de desenvolvimento de negócios da divisão industrial da CONSTRUTORANORBERTO ODEBRECHT, com foco de atuação na PETROBRAS – relatou que RENATODUQUE lhe formulou diretamente a cobrança do pagamento de vantagem indevida,invocando, para tanto, a sua influência no processo de aprovação do valor do aluguel pelaPETROBRAS, indispensável para a viabilização do projeto.

379 Cf. depoimentos do colaborador ROGÉRIO ARAÚJO encaminhados a esse Juízo por meio do Ofício6033/2017-PRPR-FT (autos 5037370-66.2016.4.04.7000 - certificado no evento 38)

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ROGÉRIO ARAÚJO transmitiu a cobrança de RENATO DUQUE a PAUL ALTIT,líder empresarial da OR, o qual, após relatada resistência inicial, em decorrência dos termosdo compromisso ilícito firmado com PAULO AFONSO – segundo o qual no pecentual de 7%entregue por intermédio dos contratos fictícios celebrados pela OR com empresas indicadaspor PAULO AFONSO já estariam contempladas as vantagens indevidas destinadas aosagentes públicos envolvidos –, aprovou o pagamento de mais essa parcela ilícita com o fimde evitar retaliações no andamento do projeto da obra da Torre Pituba e também problemasno relacionamento da divisão industrial do Grupo ODEBRECHT com a PETROBRAS.

No mesmo sentido, o também colaborador DJEAN VASCONCELOS CRUZrelatou que, após aprovação de PAUL ALTIT, concordou em pagar a vantagem indevida de1% destinada a RENATO DUQUE, que correspondia a cerca de R$ 6 milhões, porquantoteriam começado a “acontecer atrasos nos pagamentos”, bem como em razão de advertênciafeita por ROGÉRIO ARAÚJO de que a demora no pagamento das vantagens indevidas aodiretor da PETROBRAS já estava causando embaraços no “relacionamento” de outrasempresas do Grupo ODEBRECHT com a PETROBRAS. DJEAN CRUZ esclareceu ainda que opagamento foi acertado em 10 parcelas de 600 mil reais, convertidas em dólar conformecada depósito no exterior. No mesmo sentido, ROGÉRIO ARAÚJO relatou que a programaçãode pagamento era de cerca de R$ 6,6 milhões, em 10 parcelas.

Segundo os colaboradores ROGÉRIO ARAÚJO, PAUL ALTIT e DJEAN CRUZ, opagamento foi operacionalizado em depósitos parcelados no exterior, pelo Setor deOperações Estruturadas do Grupo ODEBRECHT, coordenado por HILBERTO SILVA, comcréditos em conta bancária aberta em nome da offshore BROOKLET HOLDINGS LTD (nº91121184.2001, do banco BSI SA – Lugano, IBAN CH69 084659112118 4200 1).

Consoante o depoimento de ROGÉRIO ARAÚJO, a referida conta em nomede offshore BROOKLET foi disponibilizada por DAVID ARAZI, apresentado pelo próprioROGÉRIO ARAÚJO a RENATO DUQUE, que não podia ser diretamente vinculado a contas noexterior dada a sua condição impeditiva de pessoa politicamente exposta (PEP). Para tanto,DAVID ARAZI figurava como “BO” (beneficial owner) da referida conta, sendo que tambémforam concedidos poderes para ROGÉRIO ARAÚJO movimentá-la, em caso de necessidade. Adisponibilização dessa conta, ainda segundo ROGÉRIO ARAÚJO, foi necessária para viabilizara continuidade do pagamento de propinas em favor de RENATO DUQUE pelo GrupoODEBRECHT, tendo em vista que o Gerente Executivo de Engenharia PEDRO BARUSCO – atéentão responsável por receber a propina destinada a RENATO DUQUE – passou a compor adiretoria da SETE BRASIL e abandonou a “tarefa”. Dessa maneira, o colaborador afirmou quea conta da offshore BROOKLET foi utilizada para o recebimento de propina por RENATODUQUE, paga pelo Grupo ODEBRECHT, ao menos em relação às obras do COMPERJ (TUC ePipe Rack) e da Torre Pituba.

Corroborando as declarações, a documentação da conta da offshoreBROOKLET, obtida junto às autoridades suíças no bojo de cooperação internacional380,comprova a sua abertura em 01/03/2012, constando por beneficiários econômicos DAVID

380 Evento 120 dos autos n. 5037370-66.2016.4.04.7000.

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ARAZI e MARCIA MILEGUIR, bem assim que estavam autorizados a movimentá-la(“authorized signatures”) o operador DAVID ARAZI, MARCIA MILEGUIR e o próprioROGÉRIO ARAÚJO.

O colaborador ROGÉRIO ARAÚJO afirmou ainda que MARCIA MILEGUIRera esposa/companheria de DAVID ARAZI e que ambos trabalhavam no mesmo escritório,localizado em Ipanema, na rua Visconde de Pirajá.

Demais disso, os extratos da conta da offshore BROOKLET, igualmenteobtidos no bojo de cooperação internacional, também demonstram a existência defrequentes transferências em seu favor originadas das offshores Innovation ResearchEngineering, Klienfield Services e Magna International, entre outras, que eram algumas dasmuitas offshores utilizadas pelo Setor de Operações Estruturadas do Grupo ODEBRECHT paraefetivar pagamentos com recursos não contabilizados.

Em especial, destaca-se terem sido identificadas dez transferências feitaspara a conta da offshore BROOKLET, entre novembro de 2012 e setembro de 2013, na médiade aproximadamente R$ 660 mil reais cada, a partir das referidas offshores utilizadas peloGrupo ODEBRECHT para pagamento de vantagens indevidas, o que é compatível como relato

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de ROGÉRIO ARAÚJO a respeito de ter sido programado o pagamento de R$ 6,6 milhões emfavor de RENATO DUQUE, divididos em dez parcelas, conforme a tabela abaixo381:

Data US$ Cotação(dólar comercial)

R$

08.11.2012 324.230,00 2,0352 659.872,89

09.01.2013 324.053,00 2,0411 661.785,85

07.02.2013 331.775,00 1,9783 656.350,48

11.03.2013 335.145,00 1,9546 655.074,41

15.04.2013 326.716,50 1,9784 646.375,92

09.05.2013 328.472,60 2,0046 658.456,17

02.07.2013 300.341,30 2,2407 672.974,75

15.07.2013 292.255,00 2,2543 658.830,44

08.08.2013 286.831,80 2,2876 656.156,42

10.09.2013 283.092,00 2,2773 644.685,41

Média das parcelas R$ 660.056,27

II.3.3.2. Pagamentos da OAS para RENATO DUQUE por meio daempresa D3TM.

A parte da vantagem indevida que cabia a OAS repassar para RENATO DESOUZA DUQUE, em razão da obra da Torre Pituba, foi paga no importe líquido de R$1.501.600,00, por meio de sua empresa D3TM.

Nesse sentido, o colaborador RAMILTON MACHADO relatou que foiabordado por LÉO PINHEIRO, o qual lhe disse que era necessário confeccionar um contratofictício com empresa de RENATO DUQUE, no valor de R$ 1,6 milhão, bem assim que esseassunto seria conduzido por AGENOR MEDEIROS, que tinha acesso ao então ex-Diretor deServiços da PETROBRAS. O colaborador afirmou ainda que analisou a empresa indicada paratanto e entendeu que a contratação fictícia era inviável porque traria muita exposição. Disseque foi realizada uma reunião para tratar desse assunto na filial da OAS no Rio de Janeiro, naqual expôs a sua posição a respeito para LÉO PINHEIRO, CÉSAR DE ARAÚJO MATA PIRESFILHO e AGENOR MEDEIROS, mas LÉO PINHEIRO insistiu que a fictícia contratação tinha queser feita de qualquer maneira. RAMILTON MACHADO relatou que então solicitou a seuliderado MARCELO THADEU que operacionalizasse, junto a AGENOR MEDEIROS, a confecção

381 Evento 120 dos autos n. 5037370-66.2016.4.04.7000.

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do contrato fictício, tendo sido a despesa vinculada à construção do prédio da PETROS.Ademais, LÉO PINHEIRO disse ao colaborador que o valor respectivo devia ser descontadodo acerto feito, via MARICE , com o Partido dos Trabalhadores .

A corroborar, o colaborador RAMILTON MACHADO aponta que a referidareunião está retratada nas mensagens a seguir reproduzidas, extraídas do celular de LÉOPINHEIRO:

Por sua vez, o colaborador MARCELO THADEU DA SILVA NETO confirmouter recebido a solicitação de RAMILTON MACHADO para que procurasse AGENORMEDEIROS, na filial da OAS no Rio de Janeiro/RJ. Disse que assim procedeu e AGENORMEDEIROS lhe determinou que confeccionasse um contrato com a empresa D3TM, no valorde R$ 1,6 milhão, tendo sido informado na ocasião que se tratava de empresa de RENATODUQUE. Afirmou ainda que o centro de custos indicado por AGENOR MEDEIROS para tantofoi a EDIFICAÇÕES ITAIGARA. O colaborador disse categoricamente que não houveprestação de serviços pela D3TM, tratando-se de contrato fictício.

A corroborar, verifica-se que a empresa D3TM iniciou as suas atividades em29/06/2012 e tem RENATO DUQUE como sócio-administrador. Outrossim, a quebra de sigilobancário da CONSTRUTORA OAS permitiu identificar que, entre janeiro e maio de 2014,foram realizadas seis transferências para a empresa D3TM, no valor total líquido de R$1.501.600,00.

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II.3.4. Pagamentos para LUÍS CARLOS AFONSO FERNANDES e CARLOS FERNANDOCOSTA.

Além de ter atuado como operador do Partido dos Trabalhadores para orecebimento das vantagens indevidas recebidas da ODEBRECHT REALIZAÇÕES IMOBILIÁRIAS,como exposto acima, foram reunidos elementos indicativos de que o publicitário VALDEMIRGARRETA também funcionou como operador no pagamento de vantagens indevidas pelaOAS para LUÍS CARLOS AFONSO FERNANDES, presidente da PETROS, pagamentos essesdecorrentes da atuação de LUÍS CARLOS AFONSO FERNANDES na concretização doempreendimento da Torre Pituba em favor dos envolvidos no esquema delituoso narrado.

Tais recebimentos por LUÍS CARLOS foram feitos tanto em espécie, noBrasil, por meio da atuação de WILLIAM CHAIM, que funcionava, como visto, comopreposto de VALDEMIR GARRETA, e também mediante transferências para conta daoffshore ODE INVESTMENT GROUP, mantida em Andorra, não declarada às autoridadesbrasileiras e aberta em 20 de setembro de 2011 (isto é, oito dias após a celebração docontrato de construção da Torre Pituba), tratando-se de empresa controlada efetivamentepor LUÍS CARLOS, conforme os elementos obtidos das autoridades do Principado deAndorra no bojo de cooperação internacional ativa e a prova de corroboração apresentadapelos colaboradores da Área de Projetos Estruturados da OAS. Todos esses pagamentosforam operacionalizados pelos colaboradores MATEUS COUTINHO e RAMILTON MACHADO,cada qual no seu período de liderança da Área de Projetos Estruturados da OAS.

Não bastasse, a mesma solicitação de cooperação internacional tambémcomprova cabalmente que CARLOS FERNANDO COSTA, sucessor daquele primeiro napresidência da PETROS, igualmente controlava a offshore LONARDA S.A., que abriu contaem Andorra, não declarada às autoridades brasileiras, em 19 de abril de 2012 (poucos mesesapós a abertura da conta da offshore ODE INVESTMENT GROUP e também de ter ele mesmofirmado, ainda na condição de diretor de investimentos da PETROS, o contrato de construçãoda Torre Pituba), conta essa que recebeu transferências de LUÍS CARLOS a partir da contaODE INVESTMENTS.

II.3.4.1. Pagamentos da OAS para LUÍS CARLOS AFONSO FERNANDES,por meio de entregas em espécie a WILLIAM CHAIM, preposto deVALDEMIR GARRETA.

O colaborador MATEUS COUTINHO relatou que, no fim de setembro de2011, LÉO PINHEIRO lhe informou que deveria ser providenciado o pagamento de R$1.000.000,00 em favor do presidente da PETROS – à época LUÍS CARLOS AFONSOFERNANDES –, com débito no centro de custos Edificações Itaigara (Edifício Pituba), bemcomo o orientou a procurar VALDEMIR GARRETA para operacionalizar o pagamento. Disse

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que então marcou uma reunião na agência de VALDEMIR GARRETA (Comunicação Mais),em São Paulo/SP, ocasião na qual expôs ao publicitário que o pagamento só poderia ser feitode maneira parcelada. Ainda, MATEUS COUTINHO relatou que a pessoa indicada porVALDEMIR GARRETA para receber os valores era WILLIAM, a quem foi apresentadopessoalmente na mesma oportunidade, e que WILLIAM posteriormente lhe indicou que fariaos recebimentos no Hotel Ninety, localizado na Alameda Lorena, n. 521, em São Paulo/SP,entregando a MATEUS COUTINHO um cartão daquele hotel com anotação manuscrita donúmero do apartamento que seria utilizado.

A corroborar, o colaborador apresentou o referido cartão do Hotel Ninety,em que se encontram anotados o apto. 2804, o nome WILLIAM e o número de telefone7855-1661.

Como se vê na respectiva matrícula (n. 115.030 – 4º Cartório de Registro deImóveis de São Paulo), o apartamento n. 2804 foi comprado por WILLIAM ALI CHAIM pormeio de escritura pública lavrada de 15 de abril de 2011 (R 15), e posteriormente vendido em19 de dezembro de 2013 (R. 16)382.

382 ANEXO 295

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De ver ainda que o referido telefone (11) 7855-1661 é de titularidade deCARYSPARTHE ADMINISTRACAO DE FLATS LTDA (CNPJ 00.825.172/0001-02), de queWILLIAM ALI CHAIM era, ao tempo dos fatos, sócio-administrador.

No mesmo sentido, registra-se que o colaborador FERNANDO MIGLIACCIO,ao relatar ter tratado com VALDEMIR GARRETA sobre pagamentos de recursos nãocontabilizados que lhe eram feitos pela ODEBRECHT, disse que o publicitário usualmente sevalia de pessoa chamada WILLIAM para fazer os recebimentos em um flat, além de referirque WILLIAM também foi utilizado para fazer o recebimento de recursos não contabilizadosda ODEBRECHT direcionados a MÔNICA MOURA.

Efetivamente, consulta ao sistema Drousys utilizado pelo Setor deOperações Estruturadas do Grupo ODEBRECHT permite identificar que o endereço AlamedaLorena, n. 521, apto. 2804, em São Paulo/SP, é apontado em diversos e-mails como sendolocal de entrega de vantagens indevidas intermediadas por WILLIAM CHAIM383.

Isto posto, foram identificadas programações de pagamento da Área deProjetos Estruturados da OAS registrando que, nos dias 30 de setembro, 03 de outubro e28 de novembro de 2011 e no dia 01 de fevereiro de 2012, foram realizadas quatroentregas, cada uma no importe de R$ 250 mil, totalizando R$ 1 milhão, todas no HotelNinety, localizado na Alameda Lorena, n. 521, em São Paulo/SP. Confira-se as programaçõesde pagamento referentes a esses dias:

383 ANEXO 303

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Demais disso, esses quatro pagamentos encontram-se relacionados nasplanilhas consolidadas de controle de caixa (base nordeste) da Área de Projetos Estruturados,dos meses de setembro e outubro de 2011, bem como nas de janeiro e fevereiro de 2012.Confira-se:

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Como se vê nas programações acima reproduzidas, esses pagamentosforam relacionados ao código LPSOLRMAUTGRIENTSP, isto é, LÉO PINHEIRO (LP) - solicitação(SOL) - RAMILTON MACHADO (RM) - autorização (AUT) - MATEUS COUTINHO (GRI) - entrega(ENT) - São Paulo (SP), bem assim ao código LPSOLLLYRAAUTGRIENTSP, isto é LÉO PINHEIRO(LP) - solicitação (SOL) - LUIZ LYRA (LLYRA) - autorização (AUT) - MATEUS COUTINHO (GRI) -entrega (ENT) - São Paulo (SP), e, ainda, ao código LPENTCARRAPETAHTSP, isto é, LÉOPINHEIRO (LP) - entrega (ENT) - VALDEMIR GARRETA (CARRAPETA) - hotel (HT) - São Paulo(SP), como esclarecido pelos colaboradores da OAS, além de Obs: PrédPetros e Obs.PredPetr.

Demais disso, nas programações de outubro e novembro de 2011, constatambém OBS: CARRAPETA, o que, como o próprio colaborador JOSÉ MARIA LINHARES

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NETO esclareceu, era o codinome que ele utilizava para se referir a VALDEMIR GARRETA nosregistros da Área de Projetos Estruturados.

II.3.4.2. Pagamentos da OAS para LUÍS CARLOS AFONSO FERNANDES,por meio de transferências para a offshore ODE INVESTMENT GROUP,operacionalizadas por VALDEMIR GARRETA. Indicativos de repassesubsequente em favor de CARLOS FERNANDO COSTA, por meio detransferências para a offshore LONARDA S.A.

O colaborador MATEUS COUTINHO relatou que foi novamente acionadopor LÉO PINHEIRO, no início de março de 2012, para que mais uma vez procurasseVALDEMIR GARRETA com vistas a tratar do mesmo assunto – pagamento de vantagensindevidas ao presidente da PETROS – à época LUÍS CARLOS AFONSO FERNANDES –, comdébito no centro de custos Edificações Itaigara (Edifício Pituba), desta feita mediante arealização de depósitos em conta bancária mantida no exterior. MATEUS COUTINHO relatouque então se encontrou com VALDEMIR GARRETA novamente na agência do publicitário,ocasião na qual recebeu os dados de conta mantida pela offshore ODE INVESTMENT GROUPem Andorra, além do fluxo de pagamentos que deveriam ser feitos, consistentes em cincotransferências, cada uma no valor de US$ 463.000,00.

MATEUS COUTINHO disse ter sido o responsável por operacionalizar ospagamentos relativos às duas primeiras parcelas e depois foi substituído na liderança da Áreade Projetos Estruturados por RAMILTON MACHADO, que ficou responsável poroperacionalizar os pagamentos remanescentes. Nesse tocante, MATEUS COUTINHO disseque apresentou VALDEMIR GARRETA pessoalmente a RAMILTON MACHADO, informandoao seu sucessor que esses pagamentos estavam sendo feitos com relação ao Edifício Pituba.

A corroborar, a quebra de sigilo telefônico indica que, no dia 27 defevereiro de 2012, MATEUS COUTINHO fez duas ligações telefônicas para agência deVALDEMIR GARRETA384.

Na mesma linha, o colaborador RAMILTON MACHADO relatou que, aoassumir a liderança da Área de Projetos Estruturados, MATEUS COUTINHO lhe apresentouVALDEMIR GARRETA, que, a seu turno, lhe apresentou WILLIAM. Também disse RAMILTONMACHADO que MATEUS COUTINHO lhe repassou uma programação de pagamentos aserem feitos no exterior, em conta da offshore ODE INVESTMENT GROUP, relacionados aVALDEMIR GARRETA, esclarecendo ainda que a última parcela ajustada foi paga em

384 ANEXO 264 - RI 137/2018

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espécie, na sede da OAS em São Paulo/SP, mediante retiradas feitas por WILLIAM, em vezde transferências no exterior originalmente combinadas.

A respeito, foram identificados documentos da Área de ProjetosEstruturados da OAS contendo os dados da offshore ODE INVESTMENT GROUP e instruçõespara a realização das transferências, além da programação de pagamento referente àsaludidas cinco transferências.

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Como se vê nos documentos acima reproduzidos, os pagamentos feitospara a offshore ODE INVESTMENT GROUP foram associados à Torre Pituba. No primeirodeles, os dados da offshore foram acompanhados do registro DÉBITO: PRÉDIO PETROBRÁS,ao passo que a programação dos pagamentos também está associada a PRÉDPETR e indicaEDIFICAÇÕES ITAIGARA como centro de custos. Demais disso, na programação dospagamentos também consta OBS: CARRAPETA, o que, como anteriormente referido, era ocodinome atribuído por JOSÉ MARIA LINHARES NETO a VALDEMIR GARRETA, e tambémestá registrado que as informações haviam sido repassadas por GRI, referência a MATEUSCOUTINHO.

Inicialmente, por intermédio de pedido passivo de cooperação jurídicainternacional em matéria penal formulado pela 2ª Seção Especializada de Instrução Criminaldo Tribunal de Andorra385, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL teve conhecimento da existênciade contas bancárias sediadas naquele país, em nome da offshore ODE INVESTMENTGROUP, vinculada a LUIS CARLOS FERNANDES AFONSO, e em nome da offshoreLONARDA S.A., vinculada a CARLOS FERNANDO COSTA. As sociedades no exterior nãoforam declaradas à Receita Federal do Brasil, nem foram declaradas as respectivas contase recursos ali depositados.

Posteriormente, tendo sido dirigido às autoridades andorranas pedido ativode cooperação jurídica internacional, sobrevieram os documentos comprobatórios das

385 ANEXO 290

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contas mantidas por ODE INVESTMENT e LONARDA386, bem como os atos de constituiçãodessas offshores, extratos bancários e outros documentos que, além de confirmaremcabalmente que essas offshores eram controladas por LUÍS CARLOS e CARLOS FERNANDO,respectivamente, também evidenciaram as suas movimentações financeiras que retratam osdepósitos coordenados pela Área de Projetos Estruturados da OAS, com a atuação deVALDEMIR GARRETA, em favor da conta da ODE INVESTMENT, bem como subsequentetransferência desta para a conta da LONARDA.

Consoante as informações recebidas, a offshore ODE INVESTMENT GROUPabriu a referida conta bancária em 20 de setembro de 2011, ou seja, dias após a assinaturado Contrato de Construção GPI n.º 012/2011, entre a PETROS e a SPE Edificações ItaigaraS/A387, quando LUÍS CARLOS ocupava a presidência da PETROS. Por seu turno, a conta daoffshore LONARDA foi aberta em 19 de abril de 2012, em pleno curso dos fatos objeto dapresente apuração, e poucos meses depois da assinatura do mencionado contrato deconstrução pelo próprio CARLOS FERNANDO, na qualidade de Diretor Financeiro e deInvestimentos da PETROS.

Ademais, conforme as autoridades andorranas, em 21 de julho de 2017, aconta em nome da offshore vinculada a LUÍS CARLOS possuía saldo remanescente nomontante expressivo (não declarado) de US$ 5.608.617,34, tendo recebido, entredezembro de 2011 e setembro de 2014, depósitos no total de US$ 11.463.721,00 e EUR190.220,13, e transferido recursos no importe de US$ 6.614.500,00.

Quanto à conta bancária em nome da offshore vinculada a CARLOSFERNANDO, informaram as autoridades andorranas que, em 21 de julho de 2017,apresentava saldo de US$ 91.262,88, tendo, entre novembro de 2012 e maio de 2013,recebido depósitos no montante de US$ 402.500,00, e transferido capitais no valor de US$300.000,00, dos quais US$ 102.500,00 foram originados justamente da conta ODEINVESTMENT.

Portanto, considerando a coincidência cronológica de abertura das contas,aliado aos expressivos valores movimentados e não declarados às autoridades competentesbrasileiras, há robustos indicativos de que parte dos valores repassados a LUÍS CARLOSFERNANDES AFONSO, por meio da offshore ODE, reverteram em favor de CARLOSFERNANDO COSTA, por meio da offshore LONARDA, em razão do empreendimento da TorrePituba.

Vejamos os elementos que comprovam a realização das transferênciasem favor da conta ODE INVESTMENT.

Os colaboradores apresentaram documentos bancários (swifts) e planilhasconsolidadas de controle de caixa (base nordeste) da Área de Projetos Estruturados, relativasàs quatro primeiras parcelas previstas de US$ 463 mil, mediante a realização de oitotransferências para a conta mantida pela ODE INVESTMENT GROUP, por meio das offshores

386 Evento 121 dos autos n. 5037370-66.2016.4.04.7000.387 Contrato foi assinado em 12.09.2011 (evento 1, ANEXO 12)

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PALMVIEW MANAGEMENT CO LTD e WELL POINT INTERNATIONAL LIMITED AD. Esseselementos de corroboração foram inteiramente confirmados pelos documentos oriundos dasautoridades andorranas. Confira-se o acervo probatório:

(1) Transferências de US$ 278.000,00, em 14 de março de 2012, e de US$185.000,00 em 16 de março de 2012, totalizando US$ 463 mil.

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Como se vê nessa planilha consolidada, consta o lançamento dopagamento de R$ 833.400,00, em 12 de março de 2012, equivalente à primeira parcela deUS$ 463.000,00 pelo câmbio da época, referente a transferência para conta-corrente noexterior.

Acrescente-se que a quebra de sigilo telefônico indica que, pouco depois,em 28 de março de 2012, MATEUS COUTINHO trocou outros seis telefonemas comVALDEMIR GARRETA388.

388 ANEXO 264

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(2) Transferências de US$ 234.000,00 e de US$ 229.000,00, ambas em 08 demaio de 2012, totalizando US$ 463 mil.

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Como se vê nessa planilha consolidada, consta o lançamento dopagamento de R$ 879.700,00, em 08 de maio de 2012, equivalente à segunda parcela deUS$ 463.000,00 pelo câmbio da época, referente a transferência para conta-corrente noexterior, expressamente relacionada a ED. ITAIGARA.

Coincidentemente, a quebra de sigilo telefônico indica que, MATEUSCOUTINHO e VALDEMIR GARRETA telefonaram-se duas vezes no dia da transferência – 08de maio de 2012 –, o que foi precedido por outras quatro ligações nos dias anteriores389.

389 ANEXO 264

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(3) Transferência de US$ 237.500,00, em 16 de abril 2013, e de US$225.500,00, em 17 de abril 2013, totalizando US$ 463 mil.

(4) Transferências de US$ 240.000,00 e US$ 223.000,00, ambas em 20 deabril de 2013, totalizando US$ 463 mil.

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Como se vê nessa planilha consolidada, consta o lançamento dopagamento de R$ 1.907.560,00, em 23 de abril de 2013, equivalente a US$ 926.000,00 –terceira e quarta parcelas de US$ 463.000,00 – pelo câmbio da época, vinculado ao códigoE-D/LD/LNE-CCEXT (ITAIG), isto é, ELMAR VARJÃO (E) - líder diretor RAMILTON MACHADO(LD) - líder norte-nordeste (LNE) - conta-corrente no exterior (CCEXT) - ITAIGARA (ITAIG),como esclarecido pelos colaboradores da OAS, bem como ao centro de custo ED. ITAIG.

De ver que a quebra de sigilo telefônico indica que, entre 10 e 26 de abrilde 2013, em período coincidente com essas transferências, foram trocados outros setetelefonemas entre MATEUS COUTINHO e VALDEMIR GARRETA390.

Consoante evidencia o extrato da conta ODE INVESTMENT, obtido no bojode cooperação internacional, todas essas oito transferências foram identificadas nosvalores respectivos e datas.

390 ANEXO 264

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Demais disso, os extratos das contas ODE INVESTMENT e LONARDA,obtidos no bojo de cooperação internacional, igualmente estampam que da primeirapartiram para a segunda três transferências no importe total de US$ 102.500,00 entrenovembro e dezembro de 2012, precisamente em meio às transferências coordenadas pelaÁrea de Projetos Estruturados da OAS.

Ademais, a quebra de sigilo telefônico também confirma que, efetivamente,foi a partir do final de abril de 2013, quando RAMILTON MACHADO sucedeu MATEUSCOUTINHO na liderança da Área de Projetos Estruturados da OAS, que se iniciaram oscontatos telefônicos entre RAMILTON MACHADO e VALDEMIR GARRETA, compreendendo68 ligações e 24 mensagens de texto e entre aquela data e maio de 2014391.

Posto isso, como relatado por RAMILTON MACHADO, a quinta e últimaparcela de US$ 463.000,00 não foi objeto de transferência para a conta bancária no exteriorda offshore ODE, mas foi entregue para WILLIAM – preposto de VALDEMIR GARRETA,como anteriormente visto –, por meio de reais em espécie, na sede da OAS em SãoPaulo/SP.

Nesse sentido, consta da planilha consolidada de controle de caixa (basenordeste) da Área de Projetos Estruturados, do mês de maio de 2013, a realização de doispagamentos, em 01 e 08 de maio de 2013, cada qual no importe de R$ 456.000,00,totalizando R$ 1.907.560,00, vinculados ao assunto CARRAPETA (VALDEMIR GARRETA),ao centro de custos ED. ITAIGARA e ao código D+LINENTWILLIANMAÕSDECSP, isto é,diretor (D) - líder internacional (LIN) - entrega (ENT) - WLLIAM - em mãos (MAÕS), escritórioda OAS em São Paulo (DECSP). Confira-se:

391 ANEXO 264

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Acrescente-se que a quebra de sigilo telefônico aponta para intensa trocade telefonemas entre VALDEMIR GARRETA e usuários de linhas da OAS durante todo osmeses de abril e maio de 2014, meses que foram realizados os pagamentos referentes àsduas últimas parcelas ajustadas de US$ 463 mil392.

Finalmente, também foi apresentada como elemento de corroboração umaplanilha intitulada ITAIG contendo a evolução desses pagamentos ajustados com VALDEMIRGARRETA, em valores e datas coincidentes com o anteriormente exposto. Confira-se:

392 ANEXO 264

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A corroborar todo esse conjunto de elementos, a quebra de sigilotelefônico demonstra que LUÍS CARLOS AFONSO FERNANDES e CARLOS FERNANDOCOSTA mantinham intenso contato telefônico com VALDEMIR GARRETA, que, por seuturno, também contatava intensamente seu preposto WILLIAM CHAIM, como evidenciam aquantidade de contatos por ligações e mensagens de texto identificadas no período cobertopelo afastamento de sigilo.

LUÍS CARLOS AFONSO FERNANDES x VALDEMIR GARRETA

CARLOS FERNANDO COSTA x VALDEMIR GARRETA

VALDEMIR GARRETA x WILLIAM CHAIM

Demais disso, a quebra de sigilo telefônico evidencia que VALDEMIRGARRETA comunicava-se com enorme frequência com LÉO PINHEIRO, tendo sido

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identificadas 1032 mensagens de texto e 871 ligações telefônicas, destacando-se inúmerostelefonemas de longa duração393. Além disso, VALDEMIR GARRETA também contatavafrequentemente os colaboradores MATEUS COUTINHO e RAMILTON MACHADO394.

VALDEMIR GARRETA x LÉO PINHEIRO

VALDEMIR GARRETA x MATEUS COUTINHO

VALDEMIR GARRETA x RAMILTON MACHADO

393 ANEXO 264 – observar que LÉO PINHEIRO utilizava o terminal 11-981491952 em nome de AndréNey Rocha Garcia

394 ANEXO 264

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Por derradeiro, acentua-se que, dentre os elementos recebidos dasautoridades de Andorra, constam documentos indicando que LUÍS CARLOS transferiugrande soma de valores da conta ODE INVESTMENT para conta por ele mantida emLuxemburgo, que foi utilizada em seguida para aquisição de dois valiosos imóveis emPortugal, em janeiro de 2013: (a) imóvel denominado Entre Rochas, localizado em Janes, naFreguesia de Alcabideche, Conselho de Cascais, pelo valor de EUR 1.600.000,00, e (b) imóvelurbano, localizado na Travessa do Fala Só, n. 16 e 16-A, na Freguesia de São José, Conselhode Lisboa, pelo valor de EUR 345.000,00.

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Nesse sentido, o extrato da conta ODE INVESTMENT, obtido no bojo decooperação internacional, demonstra que LUÍS CARLOS promoveu quatro transferências, nototal de US$ 6.500.126,80 para a sua conta em Luxemburgo (contaLU133606001620001000).

II.3.5. Outros pagamentos de vantagens indevidas pela OR e pela OAS.

Não bastasse tudo o quanto acima exposto, os elementos colhidos nainvestigação, até o presente momento, indicam também a realização de outros pagamentosde vantagens indevidas pela OR e pela OAS, comprovadamente relacionados à obra da TorrePituba, mas de destinação ainda não esclarecida.

II.3.5.1. Pagamentos da OR para destinatários ainda não identificados,referidos pelos codinomes “PELÔ” e “ABELHA”.

A partir de busca e apreensão realizada na residência de MARIA LÚCIATAVARES – então secretária do Setor de Operações Estruturadas do Grupo ODEBRECHT eresponsável pelos pagamentos no Brasil de valores ilícitos – foram obtidas diversas planilhase extratos relacionados a pagamentos espúrios realizados pelo Setor de OperaçõesEstruturadas.

Tanto os extratos de conta paralela mantida com doleiros (conta“paulistinha”), quanto as planilhas de pagamento apreendidas, demonstram claramente aefetiva realização de outros pagamentos vantagens indevidas relacionadas à obra da TorrePituba395.

395 ANEXO 69 e ANEXO 70

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Conforme se depreende do extrato bancário sobre os pagamentos espúriosrealizados de 01 de janeiro a 09 de junho de 2015 com valores mantidos na conta paralela“paulistinha”, foram registrados dois saques relacionados à Torre Pituba, um na data de 22de janeiro de 2015, no valor de R$ 250.000,00, e, o outro, na data de 11 de fevereiro de2015, na quantia de R$ 1.254.000,00, circunstâncias que revelam efetiva utilização dosrecursos das contas paralelas gerenciadas pelo Setor de Operações Estruturadas para opagamento de vantagens indevidas vinculadas a tal obra.

No mesmo documento, observa-se que, após a anotação dos saques, há aefetiva dedução do valor do saldo da conta, o que comprova mais uma vez a concretizaçãodo pagamento programado.

A informação contida no “extrato bancário” sobre os pagamentos devantagens indevidas relacionados à Torre Pituba é ainda corroborada pelo detalhamentodas entregas realizadas e anotadas na planilha “LANÇAMENTOS X SALDO (PAULISTINHA)”,Nesta planilha, observa-se, ainda, a referência aos codinomes e às senhas de entregas derecursos ligados a tais entregas de valores. No trecho da planilha acima reproduzido,merecem destaque as seguintes anotações: (a) pagamento de R$ 250.000,00, realizada nodia 22 de janeiro de 2015, para o codinome “PELÔ”; e (b) pagamento de R$ 1.254.000,00,realizado na data de 11 de fevereiro de 2015, também para o codinome “PELÔ”.

Conforme se observa dos registros de pagamentos contidos na planilha,além de as datas e os valores registrados coincidirem precisamente com as anotações depagamentos espúrios vinculados à Torre Pituba, a análise do codinome utilizado (PELÔ)reforça ainda mais a demonstração de que tais pagamentos se referem à obra da PETROS emSalvador/BA, sendo o codinome uma evidente referência ao “Pelourinho”, ponto turísticotradicionalmente conhecido da mesma cidade.

Além das anotações acima, outras planilhas também apreendidas comMARIA LÚCIA TAVARES revelaram mais pagamentos vinculados à obra Torre Pituba, como,por exemplo, o pagamento registrado na data de 19 de novembro de 2014, no valor de R$254.000,00, vinculado ao codinome “ABELHA”:

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II.3.5.2. Pagamentos da OAS para destinatário ainda não identificado,na cidade do Rio de Janeiro/RJ, com recursos de caixa 2 gerados pormeio da offshore BYNKELOR.

A planilha consolidada de controle de caixa (base nordeste) da Área deProjetos Estruturados da OAS, do mês de outubro de 2011, registra o pagamento de R$600.000,00, em 28 de outubro de 2011, relacionado expressamente a PRÉD. PETROS ereferente ao boleto 0.480/11 – BYNKELOR S.A.

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A respeito, o colaborador ROBERTO CUNHA relatou que a offshoreBYNKELOR S.A. estava sediada no Uruguai e era utilizada pela Área de Projetos Estruturadospara gerar recursos de caixa 2 destinados ao atendimento de demandas de pagamento daDiretoria Leste da OAS (Rio de Janeiro). Tendo isso em vista, o colaborador afirmou quemuito possivelmente esse pagamento havia sido operacionalizado por JOSÉ RICARDOBREGHIROLLI, responsável por providenciar os pagamentos de vantagens indevidas naquelalocalidade.

Por sua vez, o colaborador JOSÉ RICARDO BREGHIROLLI confirmou que aoffshore BYNKELOR, de propriedade de CELSO JÚNIOR, era utilizada pela OAS para gerarcaixa 2 destinado a pagamento de vantagens indevidas, bem assim que uma das váriasdemandas originadas da obra da Torre Pituba foi a de disponibilização de R$ 600 mil no Riode Janeiro/RJ, motivo pelo qual providenciada por meio da referida offshore. Contudo, ocolaborador disse não se recordar como CELSO JÚNIOR efetivou essa entrega.

De toda sorte, destaca-se em especial que todos os pagamentos emespécie feitos pela Área de Projetos Estruturados da OAS, relacionados à obra da TorrePituba, até o momento identificados, realizaram-se nas cidades de São Paulo/SP ouSalvador/BA. O pagamento em questão foi o único que até o momento escapa desse padrão,tendo sido feito no Rio de Janeiro/RJ, local onde se encontram sediadas a PETROBRASe a PETROS.

III. A NECESSIDADE DA DECRETAÇÃO DAS MEDIDAS CAUTELARES REQUERIDAS.

De todo o exposto, os elementos colhidos nesta investigação até opresente momento apontam para a possível prática dos crimes de corrupção ativa,corrupção passiva, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa naexecução do empreendimento da Torre Pituba.

Há indicativos de que WAGNER PINHEIRO, NEWTON CARNEIRO, LUÍSCARLOS FERNANDES AFONSO e CARLOS FERNANDO COSTA, da PETROS, bem comoARMANDO TRIPODI, ANTÔNIO SÉRGIO OLIVEIRA SANTANA, GILSON ALVES, CARLOSALBERTO FIGUEIREDO e RENATO DUQUE, da PETROBRAS, cada qual dentro de suascompetências e respectivos períodos de atuação, agiram de maneira coordenada, como eraimprescindível para a aprovação do empreendimento, a contratação da MENDES PINTOcomo gerenciadora, da CHIBASA como projetista e das construtoras OR e OAS para aexecução das obras, as sucessivas exclusões e inclusões de itens na construção, além dopróprio pagamento das vantagens indevidas.

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Os elementos colhidos até o presente momento evidenciam a acentuadagravidade concreta do esquema delitivo desvelado em relação ao empreendimento daTorre Pituba, que se desenvolveu por longo período de tempo – ao menos de 2009 a 2016–, exigindo enorme esforço de coordenação dos envolvidos – funcionários de alto escalão daPETROBRAS e da PETROS, além dos intermediadores –, com vistas a lograr a realização dosprocedimentos seletivos fraudados que viabilizariam a distribuição de vantagens indevidasem ampla escala aos mais variados atores.

Realmente, o empreendimento bilionário gerou o pagamento de vantagensindevidas proporcionalmente vultosas, sendo possível apontar, em cálculo deverasconservador, apenas com base nos elementos já reunidos, que houve a distribuição ilícitade mais de R$ 68,2 milhões pelas empreiteiras OR e OAS a funcionários da PETROBRAS,dirigentes da PETROS, intermediadores da MENDES PINTO e ao Partido dos Trabalhadores,como será adiante discriminado em relação ao pedido cautelar de bloqueio de ativos. Emque pese o valor total de vantagens indevidas certamente ser ainda maior, esse montantepor si só já é impressionante, equivalendo a nada menos que 7,74% de todos os recursosrepassados pela PETROS em favor da SPE EDIFICAÇÕES ITAIGARA (R$ 882.244.621,75), oque evidentemente foi embutido no valor da obra, em prejuízo da PETROS e da PETROBRAS.

Ademais, os indícios reunidos apontam que esse estrondoso montante devantagens indevidas foi distribuído a dirigentes da PETROBRAS, a dirigentes da PETROS,ao Partido dos Trabalhadores e aos próprios intermediários, por meio de variados atostendentes a dissimular e ocultar a natureza e a origem criminosa dos recursos , emgrande parte conduzidos pelos setores de propina das empreiteiras OR e OAS, destacando-se, dentre outros expedientes, a realização de entregas em espécie de vultosas quantiasainda não inteiramente rastreadas, a celebração de contratos fictícios, a realização detransferências para contas mantidas no exterior por offshores e travestidas de doações oficiaisem favor do Partido dos Trabalhadores.

III.1. PRISÃO PREVENTIVA.

A prisão preventiva de NEWTON CARNEIRO, ARMANDO TRIPODI,CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO, LUÍS CARLOS FERNANDES AFONSO, CARLOSFERNANDES COSTA, MÁRIO SEABRA SUAREZ, ALEXANDRE ANDRADE SUAREZ,RODRIGO DE ARAÚJO SILVA BARRETTO, CÉSAR DE ARAÚJO MATA PIRES FILHO, ELMARJUAN PASSOS VARJÃO, JOSÉ NOGUEIRA FILHO, MARICE CORREA LIMA, VALDEMIRFLÁVIO GARRETA, WILLIAM ALI CHAIM e DAVID ARAZI é indispensável para a garantia daordem pública e diante dos riscos que os investigados apresentam à instrução processual e àaplicação da lei penal.

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Ressalta-se, como anteriormente noticiado nos autos n. 5037370-66.2016.4.04.7000396, que PAULO AFONSO MENDES PINTO faleceu em 25.05.2017, motivopelo qual resta prejudicado o decreto de prisão preventiva em seu desfavor.

III.1.1. NEWTON CARNEIRO

NEWTON CARNEIRO, no exercício do cargo de Diretor Administrativo eDiretor Financeiro e de Investimentos da PETROS, destacou-se como um dos principaismentores da empreitada criminosa em concerto, já no primeiro momento, com ARMANDOTRIPODI e PAULO AFONSO, ajustando com WAGNER PINHEIRO fosse-lhe garantidaposição de proeminência no grupo de trabalho PETROS/PETROBRAS que abriria as portas dofundo de pensão para a entrada da MENDES PINTO e arquitetando, com o apoio decisivo deARMANDO TRIPODI, que GILSON ocupasse igualmente função gerencial que lhe garantisseposição de relevo no grupo de trabalho em ordem a assegurar os intentos criminosas por viados procedimentos seletivos fraudados em detrimento de ambas as entidades. Mantinha ainterface direta com JOÃO VACCARI para garantir a arrecadação em favor do Partido dosTrabalhadores de parcela relevante dos ganhos contratuais assegurados aos participantesdo esquema ilícito. Foi quem primeiro contatou a ODEBRECHT por via de MARIO SUAREZ ePAULO AFONSO, impondo a cobrança de vantagens indevidas para o grupo e, em umsegundo momento, autorizando o ingresso da OAS no empreendimento, por via dos vínculosespúrios que mantinha com LÉO PINHEIRO, que, por sua vez, influía nos cargos diretivos queocupou no fundo de pensão, dentro da relação promíscua mantida. Durante toda aempreitada criminosa, atuou ativamente para que a gerenciadora, as projetistas e asempreiteiras tivessem o maior ganho possível, com vistas a que a distribuição de vantagensindevidas pudesse se operar na grande escala verificada, praticando demonstrados atosgestão fraudulenta em detrimento da PETROS. Sua conduta foi determinante, em concertocom CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO, para que, além das projetistas, também agerenciadora e as empreiteiras, ampliando seus ganhos com o empreendimento, em razãode aditivos contratuais e novos contratos de projetos, pudessem verter montantes aindamaiores de vantagens indevidas a si e aos demais dirigentes da PETROS e dirigentes daPETROBRAS.

Há indícios consistentes de que NEWTON CARNEIRO recebeu grandeparte dos valores destinados pelas empreiteiras por via de PAULO AFONSO, MÁRIOSUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ. Efetivamente, como amplamente exposto no capítulo II.3.1desta petição, PAULO AFONSO contatava NEWTON CARNEIRO em momento inteiramentecoincidente com aquele em que estava recebendo as vantagens indevidas em hotéis e,especialmente, se encontrou, mais de uma vez, com NEWTON CARNEIRO assim quedesembarcava no Rio de Janeiro, oriundo de São Paulo, de onde trazia os valoresarrecadados junto à empreiteira para serem distribuídos.

396Evento 76, ANEXO 37.

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De enfatizar que NEWTON CARNEIRO apresentou acréscimospatrimoniais a descoberto nos anos de 2013 (R$ 120.950,62), 2014 (R$ 102.569,68) e 2015(R$ 170.162,99), momentos também compatíveis com o desenvolvimento do projeto emquestão, revelando a quebra de sigilo bancário que ele realizava frequentemente depósitosestruturados, fracionados em valores inferiores a R$ 10.000,00, vários no mesmo dia ou emdias aproximados, visando a dificultar o controle das operações de lavagem de ativos, práticaque adotou durante todo o período em que se desenvolveu o empreendimento da TorrePituba.

NEWTON CARNEIRO, ademais, aparece envolvido em diversos escândalosenvolvendo o fundo de pensão PETROS.

Efetivamente, foi denunciado, em 30.06.2016, perante o Juízo da 5ª VaraFederal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, no bojo da Operação Recomeço, pelaprática do crime de gestão fraudulenta no âmbito da PETROS, mediante a dolosa aprovaçãoda ruinosa aquisição de debêntures da GALILEO SPE no valor de R$ 25 milhões, sendo osprejuízos experimentados pela PETROS de mais de R$ 19 milhões, segundo aquela açãopenal. Ademais, NEWTON CARNEIRO foi investigado na Operação Greenfield, deflagradaem 05.09.2016, sendo após denunciado em 14.03.2018, perante o Juízo da 10ª Vara Federaldo Distrito Federal, responsável que foi por atos temerários e investimentos lesivos aos cofresda PETROS, aprovando e realizando aporte de capital do fundo de pensão, no montante demais de R$ 17 milhões, por meio do Fundo de Investimentos em Participações ENSEADA (FIPENSEADA), sem observância dos deveres de diligência e princípio da rentabilidade, segurançae liquidez, em flagrante benefício de empresários envolvidos naquela operação referida.

Todo esse cenário indica que a prisão cautelar de NEWTON CARNEIROafigura-se indispensável à garantia da ordem pública, à instrução processual e à aplicação dalei penal. NEWTON CARNEIRO pratica de forma reiterada crimes contra o sistemafinanceiro nacional, isso evidenciando as denúncias contra si já ofertadas e todos os fatosaqui descritos. No caso sob investigação, em seu papel fundamental desenvolvido em todo oesquema de gestão fraudulenta, corrupção e lavagem de dinheiro narrado, provocouprejuízos de elevada monta às duas entidades lesadas no enredo criminoso, havendo o riscode que possa dispor livremente do produto obtido com a prática criminosa que ainda estáem parte oculto, sendo assim imperioso acautelar a ordem pública. Como se vê, essa não foia primeira vez que NEWTON CARNEIRO se envolveu com crime contra o sistema financeiro,participando de uma organização criminosa especializada na prática desse delito emdetrimento do fundo de pensão que devia gerir de forma criteriosa para lhe garantir anecessária higidez, evidenciando a extensão do esquema ilícito narrado, no caso de que setrata, a gravidade concreta da conduta e determinar que se acautele a ordem pública, pois aorganização criminosa tem grande capacidade de voltar às atividades ilícitas dentro dosistema financeiro.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de NEWTON CARNEIRO, requer-se desde já seja decretada sua prisão

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temporária, a fim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados decorrupção, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.1.2. ARMANDO TRIPODI

ARMANDO TRIPODI em sua estratégica posição de Chefe de Gabinete daPresidência da PETROBRAS e integrante do Conselho Deliberativo da PETROS, na condiçãode suplente, foi o responsável por organizar em concerto, destacadamente, com NEWTONCARNEIRO, a entrada da empresa MENDES PINTO no empreendimento, transmitindoinformações reservadas da PETROBRAS e abrindo ao núcleo da gerenciadora as portas paraas fraudes seguintes já adredemente planejadas, com o ingresso das projetistas eposteriormente da OAS e ODEBRECHT, ocupando papel de protagonista no esquemadelituoso. Acompanhou de perto todo o desenvolvimento das tratativas entre a PETROS e aPETROBRAS que desembocaram nos contratos fraudulentamente celebrados em detrimentodo fundo de pensão e da estatal, viabilizando que a obra fosse contratada da forma comoilicitamente planejado, para que as vantagens indevidas fossem vertidas em larga escala.

Há elementos ponderáveis de que solicitou a propina e recebeu parte dosvalores destinados pelas empreiteiras por via de PAULO AFONSO, MARIO SUAREZ eALEXANDRE SUAREZ. Efetivamente, como amplamente exposto no capítulo II.3.1 desta

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petição, (a) PAULO AFONSO contatava ARMANDO TRIPODI em momento inteiramentecoincidente com aquele em que eram recebidos os pagamentos das vantagens indevidas emespécie e também de ARMANDO TRIPODI recebia chamadas, ambos se encontrandopessoalmente logo em seguida em locais diversos daquele onde ARMANDO TRIPODIexercia suas funções; (b) encontravam-se com extraordinária frequência, destacadamente, emmomentos-chave do projeto, denotando laços de grande proximidade, o intensorelacionamento telefônico mantido entre ambos (foram trocadas 541 ligações telefônicasentre eles, mais 32 mensagens de texto no período coberto pela quebra de sigilo) a denotara associação criminosa; (c) levantamentos feitos pela Receita Federal, evidenciaram queARMANDO TRIPODI apresentou incremento patrimonial desproporcional aos seusrendimentos declarados, bem como declarou às autoridades fiscais valioso imóvel com valorsubfaturado, além de ter delas omitido outra operação imobiliária; (d) conforme dados daquebra de sigilo fiscal, ARMANDO TRIPODI cuidou, recentemente, de alienar o indicadoimóvel declarado por valor inferior ao da operação respectiva e preço subfaturado, a denotarseu intento de distanciar-se do fruto dos ilícitos perpetrados.

Sintomaticamente, ARMANDO TRIPODI foi também interlocutor frequentede JOÃO VACCARI – a quem destinados, para atendimento ao Partido dos Trabalhadores, aomenos R$ 2.820.000,00, até o momento rastreados – identificando-se, no período demanutenção de dados telefônicos pelas operadoras, 152 ligações telefônicas e 65 mensagensde texto.

Ademais, enfatize-se que ARMANDO TRIPODI foi indiciado no bojo dosIPL 5005002-38.2014.4.04.7000 e 5046271-57.2015.4.04.7000, em razão de seu envolvimentocom ZWI SKORNICKI, representante da empresa KEPPEL FELS, a quem teria solicitadovantagem indevida consistente em pagamento pela execução de serviços na sua própriaresidência, prestados por empresa especializada em automação e instalação deequipamentos eletrônicos, audiovisuais e de iluminação.

Evidencia-se, assim, a necessidade da medida de segregação cautelar deARMANDO TRIPODI, com vistas a resguardar a ordem pública e a aplicação da lei penal,diante de sua participação na prática de crimes graves de forma reiterada e durante longolapso temporal em detrimento da estatal e do fundo de pensão, observada a magnitude dalesão causada, com graves prejuízos à credibilidade da instituição pública e da entidade deprevidência complementar. Demais disso, a participação relevante de ARMANDO TRIPODInas condutas, com conhecimento de todos os detalhes da ação criminosa, torna factívelsupor que em liberdade poderá influir negativamente no andamento das investigações.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de ARMANDO TRIPODI, requer-se desde já seja decretada sua prisãotemporária, a fim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados decorrupção, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº

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7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.1.3. CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO

CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO, a seu turno, estava à frente da área daPETROBRAS em Salvador que deveria dar todos os encaminhamentos do projeto à áreacentral da estatal ocupada por ANTÔNIO SÉRGIO OLIVEIRA SANTANA, subordinado, assim,a RENATO DUQUE, tendo papel de extremo relevo na arquitetura dos ilícitos, sendo oresponsável por atuar na fraudada seleção da construtora e teve destacada participação nosencaminhamentos necessários aos aditivos contratuais e novos contratos celebrados com asprojetistas, que ampliaram em grande escala o locupletamento indevido, além de ser oresponsável por firmar o contrato de locação da Torre Pituba, comprometendofinanceiramente a PETROBRAS, atuando em concerto direto com NEWTON CARNEIRO eARMANDO TRIPODI.

Há indícios consistentes de que CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO solicitou apropina e recebeu parte dos valores destinados pelas empreiteiras por via de PAULOAFONSO, MARIO SUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ. Efetivamente, como amplamenteexposto no capítulo II.3.1 desta petição, PAULO AFONSO contatava CARLOS ALBERTOFIGUEIREDO em momento inteiramente coincidente com aquele em que estava recebendoas vantagens indevidas em hotéis e, especialmente, e se encontrava com CARLOS ALBERTOassim que desembarcava no Rio de Janeiro, oriundo de São Paulo, de onde trazia a propinarecebida para ser distribuída.

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Diálogos travados entre CARLOS ALBERTO e PAULO AFONSO estão aevidenciar o pagamento das vantagens indevidas que lhe eram destinadas. Como relatado,foi identificado diálogo em que combinaram encontro em hotel para a entrega de“encomenda”, o que, dentro das circunstâncias desvendadas nesta investigação, aponta parao pagamento de propina a CARLOS ALBERTO. Também foi detectado diálogo em quePAULO AFONSO indicou MARTHA FRANÇA, que trabalhava para ALEXANDRE SUAREZ namovimentação de valores expressivos em espécie, como sendo a pessoa que devia serprocurada, em seu próprio endereço residencial, por “representante” de CARLOS ALBERTO.

Evidencia-se, assim, a necessidade da prisão preventiva de CARLOSALBERTO FIGUEIREDO, com vistas a resguardar a ordem pública, a instrução criminal e aaplicação da lei penal, já que exerceu papel protagonista na engrenagem criminosa,participando das fraudes perpetradas de grande magnitude, diante de sua participação naprática de crimes graves de forma reiterada e durante longo lapso temporal em detrimentoda estatal e do fundo de pensão, havendo o risco de que em liberdade possa manejar oproduto de seus crimes que ainda está oculto.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO, requer-se desde já seja decretada sua prisãotemporária, a fim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados decorrupção, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

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III.1.4. LUÍS CARLOS FERNANDES AFONSO

LUÍS CARLOS FERNANDES AFONSO, no exercício do cargo de Diretorde Investimento da PETROS, foi figura essencial para o sucesso da empreitada criminosa,tendo sido o responsável por firmar o Protocolo de Intenções entre a PETROS e aPETROBRAS sobre o empreendimento da Torre Pituba, assim como firmou os contratos daPETROS com as projetistas AFA e CHIBASA. Em seguida, foi durante a sua gestão comopresidente da PETROS que veio a ser celebrado o contrato de construção da Torre Pitubacom a SPE EDIFICAÇÕES ITAIGARA. Reforçando a sua participação no esquema delitivo, dever que houve verdadeira corrida de LÉO PINHEIRO, no início de 2014, na tentativa de quefosse celebrado aditivo contratual com a SPE EDIFICAÇÕES ITAIGARA ainda sob a presidênciade LUÍS CARLOS, que chegou a ser provocado a respeito diretamente por JOÃO VACCARI,então tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, evidentemente interessado em ampliar aarrecadação para o partido político.

Há elementos sólidos a apontar que LUÍS CARLOS AFONSOFERNANDES recebeu significativos valores de vantagens indevidas tendo como causa a suaatuação no empreendimento da Torre Pituba.

A respeito, foi identificado que a OAS realizou em seu favor opagamento de R$ 2.907.560,00 em espécie, mais o importe de US$ 1.852.000,00,(equivalente a R$ 3.620.660,00), mediante transferências dissimuladas para conta mantida emAndorra pela offshore ODE INVESTMENT GROUP INC por ele controlada e omitida dasautoridades brasileiras.

O recebimento de vantagens indevidas, em ambas as modalidades(depósitos em conta da offshore ODE e entregas em espécie), foi operacionalizado porVALDEMIR GARRETA, publicitário do Partido dos Trabalhadores, que teve, na entregas emespécie, o auxílio de WILLIAM ALI CHAIM.

Efetivamente, conforme certificado pelas autoridades andorranas, no bojoda cooperação jurídica internacional, para a conta da offshore ODE INVESTMENT GROUPforam efetuadas 8 transferências provenientes das offshores PALMVIEW MANAGEMENT COLTD e WELL POINT INTERNATIONAL LIMITED AD, utilizadas pela Área de ProjetosEstruturados da OAS, totalizando US$ 1.852.000,00. Todos esses depósitos são relativos àsvantagens indevidas pagas pela OAS como contrapartida pela atuação de LUÍS CARLOS nascontratações celebradas pela PETROS no bojo do empreendimento da Torre Pituba,conforme a tabela abaixo:

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Demais disso, há elementos indicando que, a partir da conta da offshoreODE INVESTMENT, LUÍS CARLOS transferiu o importe de US$ 102.500,00 para a conta daoffshore LONARDA, de CARLOS FERNANDO.

Neste tocante, como já narrado, LUÍS CARLOS e CARLOS FERNANDOconstituíram as empresas offshore ODE INVESTMENT GROUP INC e LONARDA S/A,respectivamente, no Panamá, em épocas bastante próximas – 21/09/2011 e 11/04/2012 –,logo após a celebração do contrato de construção da obra de que se trata, por meio dasquais foram abertas contas na mesma instituição (ANDBANK), ambas em Andorra, a indicar oconcerto entre ambos.

Ademais, conforme as autoridades andorranas, em 21 de julho de 2017, aconta da ODE INVESTMENT possuía saldo remanescente no montante expressivo (nãodeclarado) de US$ 5.608.617,34, que atualmente se encontra bloqueado, mas recebera,entre dezembro de 2011 e setembro de 2014, depósitos no total de US$ 11.463.721,00 eEUR 190.220,13, cuja origem ainda não foi totalmente identificada.

Segundo as autoridades andorranas, antes do bloqueio efetuado, haviampartido da conta da ODE INVESTMENT transferências de US$ 6.614.500,00, do quais US$6.500.126,80 foram destinados para conta mantida por LUÍS CARLOS no ANDBANKLuxembourg (conta LU133606001620001000) demonstrando, sem qualquer dúvida, ointeresse de LUÍS CARLOS de ocultar das autoridades brasileiras os valores que obteveilicitamente e que mantém de modo clandestino no exterior. Ademais, conforme narrado, há

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indicativos de que LUÍS CARLOS empregou parte desses recursos na aquisição de doisimóveis, em 18 de janeiro de 2013, ambos em Porutugal: (a) imóvel denominado EntreRochas, localizado em Janes, na Freguesia de Alcabideche, Conselho de Cascais, pelo valor deEUR 1.600.000,00, e (b) imóvel urbano, localizado na Travessa do Fala Só, n. 16 e 16-A, naFreguesia de São José, Conselho de Lisboa, pelo valor de EUR 345.000,00.

Somado a isto, LUÍS CARLOS apresentou à Receita Federal declaração desaída definitiva do país 08/07/2015, tendo posteriormente reingressado em territórionacional apenas duas vezes no ano de 2016, ostentando também a nacionalidadeportuguesa, a evidenciar que pretende se furtar à aplicação da lei penal.

A prática de atos de lavagem de dinheiro é mais do que evidente no caso,envolvendo montantes substanciais, tendo-se valido do experiente operador financeiroVALDEMIR GARRETA, bem como de seu emissário WILLIAM CHAIM e dos responsáveispelo setor de propinas da OAS para ocultar seus ganhos criminosos. Ademais, além de teraberto e mantido conta não declarada no exterior durante o período em que exerceu aPresidência da PETROS, utilizou, ainda, tal conta para transferir recursos para CARLOSFERNANDO COSTA e, outrossim, para o recebimento, de forma dissimulada, de outrosvalores de origem criminosa ainda a serem rastreados, tendo mantido tais recursos ocultosaté a presente data, evidenciando a efetiva necessidade de decretação de sua prisãopreventiva como forma de proteger a ordem pública e assegurar a aplicação da lei penal.

LUÍS CARLOS FERNANDES AFONSO, ademais, aparece envolvido emdiversos escândalos envolvendo o fundo de pensão PETROS.

Efetivamente, foi denunciado, em 30.06.2016, perante o Juízo da 5ª VaraFederal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, no bojo da Operação Recomeço, pelaprática do crime de gestão fraudulenta no âmbito da PETROS, mediante a dolosa aprovaçãoda ruinosa aquisição de debêntures da GALILEO SPE no valor de R$ 25 milhões, sendo osprejuízos experimentados pela PETROS de mais de R$ 19 milhões, segundo aquela açãopenal. Ademais, LUÍS CARLOS foi investigado na Operação Greenfield, deflagrada em05.09.2016, sendo após denunciado em 14.03.2018, perante o Juízo da 10ª Vara Federal doDistrito Federal, responsável que foi por atos temerários e investimentos lesivos aos cofres daPETROS, aprovando e realizando aporte de capital do fundo de pensão, no montante de maisde R$ 17 milhões, por meio do Fundo de Investimentos em Participações ENSEADA (FIPENSEADA), sem observância dos deveres de diligência e princípio da rentabilidade, segurançae liquidez, em flagrante benefício de empresários envolvidos naquela operação referida.

Todo esse cenário indica que a prisão cautelar de LUÍS CARLOSFERNANDES AFONSO afigura-se indispensável à garantia da ordem pública, à instruçãoprocessual e à aplicação da lei penal. LUÍS CARLOS pratica de forma reiterada crimes contrao sistema financeiro nacional, isso evidenciando as denúncias contra si já ofertadas e todosos fatos aqui descritos. No caso sob investigação, em seu papel fundamental desenvolvidoem todo o esquema de gestão fraudulenta, corrupção e lavagem de dinheiro narrado,provocou prejuízos de elevada monta às duas entidades lesadas no enredo criminoso,havendo o risco de que possa dispor livremente do produto obtido com a prática criminosa

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que ainda está em parte oculto, ainda mais porque se encontra no exterior, onde partesignificativa das vantagens indevidas lhe foi paga, sendo assim imperioso acautelar aordem pública, a instrução processual e a aplicação da lei penal . Como se vê, essa não foia primeira vez que LUÍS CARLOS se envolveu com crime contra o sistema financeiro,participando de uma organização criminosa especializada na prática desse delito emdetrimento do fundo de pensão que devia gerir de forma criteriosa para lhe garantir anecessária higidez, evidenciando a extensão do esquema ilícito narrado, no caso de que setrata, a gravidade concreta da conduta e determinar que se acautele a ordem pública, pois aorganização criminosa tem grande capacidade de voltar às atividades ilícitas dentro dosistema financeiro.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de LUÍS CARLOS FERNANDES AFONSO, requer-se desde já seja decretada suaprisão temporária, a fim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimesapurados de corrupção, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.1.5. CARLOS FERNANDES COSTA

CARLOS FERNANDO COSTA, no exercício do cargo de Diretor deInvestimento da PETROS, também foi figura essencial para o sucesso da empreitada

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criminosa, tendo sido o responsável por firmar Termo de Entendimento e Compromisso coma PETROBRAS e o contrato de construção da Torre Pituba com a SPE EDIFICAÇÕES ITAIGARA.Reforçando a sua participação no esquema delitivo, de ver que CARLOS FERNANDO COSTAera preferido por LÉO PINHEIRO para assumir a presidência da PETROS, que efetivamenteveio a ocupar, sendo que na sua gestão foram celebrados os vários aditivos contratuais coma SPE EDIFICAÇÕES ITAIGARA, a MENDES PINTO ENGENHARIA e as empresas projetistas.

Há elementos sólidos a apontar que CARLOS FERNANDO COSTArecebeu significativos valores de vantagens indevidas tendo como causa a sua atuação noempreendimento da Torre Pituba.

Como exposto acima, há elementos indicando que, a partir da conta daoffshore ODE INVESTMENT, LUÍS CARLOS transferiu o importe de US$ 102.500,00 para aconta da offshore LONARDA, de CARLOS FERNANDO COSTA.

Neste tocante, repise-se, LUÍS CARLOS AFONSO FERNANDES e CARLOSFERNANDO COSTA constituíram as empresas offshore ODE INVESTMENT GROUP INC eLONARDA S/A, respectivamente, no Panamá, em épocas bastante próximas – 21/09/2011 e11/04/2012 –, logo após a celebração do contrato de construção da obra de que se trata, pormeio das quais foram abertas contas na mesma instituição (ANDBANK), ambas em Andorra, aindicar o concerto entre ambos.

Quanto à conta bancária da LONARDA, informaram as autoridadesandorranas que, em 21 de julho de 2017, apresentava saldo de US$ 91.262,88, orabloqueado, tendo, entre novembro de 2012 e maio de 2013, recebido depósitos nomontante de US$ 402.500,00, e transferido capitais no valor de US$ 300.000,00, cujaorigem ainda não foi totalmente identificada.

A prática de atos de lavagem de dinheiro é mais do que evidente no caso,envolvendo montantes substanciais, repassados por LUÍS CARLOS. Ademais, além de teraberto e mantido conta não declarada no exterior durante o período em que exercia cargodiretivo da PETROS, CARLOS FERNANDO COSTA utilizou tal conta para o recebimento, deforma dissimulada, de outros valores de origem criminosa ainda a serem rastreados, tendomantido tais recursos ocultos até a presente data, evidenciando a efetiva necessidade dedecretação de sua prisão preventiva como forma de proteger a ordem pública e assegurar aaplicação da lei penal.

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CARLOS FERNANDO COSTA, ademais, aparece envolvido em diversosescândalos envolvendo o fundo de pensão PETROS.

Efetivamente, foi denunciado, em 30.06.2016, perante o Juízo da 5ª VaraFederal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, no bojo da Operação Recomeço, pelaprática do crime de gestão fraudulenta no âmbito da PETROS, mediante a dolosa aprovaçãoda ruinosa aquisição de debêntures da GALILEO SPE no valor de R$ 25 milhões, sendo osprejuízos experimentados pela PETROS de mais de R$ 19 milhões, segundo aquela açãopenal. Ademais, CARLOS FERNANDO foi investigado na Operação Greenfield, deflagradaem 05.09.2016, sendo após denunciado em 14.03.2018, perante o Juízo da 10ª Vara Federaldo Distrito Federal, responsável que foi por atos temerários e investimentos lesivos aos cofresda PETROS, aprovando e realizando aporte de capital do fundo de pensão, no montante demais de R$ 17 milhões, por meio do Fundo de Investimentos em Participações ENSEADA (FIPENSEADA), sem observância dos deveres de diligência e princípio da rentabilidade, segurançae liquidez, em flagrante benefício de empresários envolvidos naquela operação referida.

Todo esse cenário indica que a prisão cautelar de CARLOS FERNANDOCOSTA afigura-se indispensável à garantia da ordem pública, à instrução processual e àaplicação da lei penal. CARLOS FERNANDO pratica de forma reiterada crimes contra osistema financeiro nacional, isso evidenciando as denúncias contra si já ofertadas e todos osfatos aqui descritos. No caso sob investigação, em seu papel fundamental desenvolvido emtodo o esquema de gestão fraudulenta, corrupção e lavagem de dinheiro narrado, provocouprejuízos de elevada monta às duas entidades lesadas no enredo criminoso, havendo o riscode que possa dispor livremente do produto obtido com a prática criminosa que ainda estáem parte oculto, ainda mais porque parte das vantagens indevidas que lhe foi repassadaencontra-se no exterior, sendo assim imperioso acautelar a ordem pública, a instruçãoprocessual e a aplicação da lei penal. Como se vê, essa não foi a primeira vez que CARLOSFERNANDO se envolveu com crime contra o sistema financeiro, participando de umaorganização criminosa especializada na prática desse delito em detrimento do fundo depensão que devia gerir de forma criteriosa para lhe garantir a necessária higidez,evidenciando a extensão do esquema ilícito narrado, no caso de que se trata, a gravidadeconcreta da conduta e determinar que se acautele a ordem pública, pois a organizaçãocriminosa tem grande capacidade de voltar às atividades ilícitas dentro do sistema financeiro.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de CARLOS FERNANDO COSTA, requer-se desde já seja decretada sua prisãotemporária, a fim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados decorrupção, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a ser

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previsto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.1.6. MÁRIO SEABRA SUAREZ

MÁRIO SEABRA SUAREZ desempenhou papel central na arquiteturadelitiva, agindo em concerto com PAULO AFONSO MENDES PINTO e seu próprio filhoALEXANDRE SUAREZ nos aspectos fundamentais de todos os crimes praticados em relaçãoao empreendimento da Torre Pituba, já que concorreu de maneira determinante para agestão fraudulenta da PETROS, bem como atuou decisivamente para a corrupção defuncionários públicos e a distribuição de vantagens indevidas, parte significativa das quaisprestou-se ao seu próprio enriquecimento ilícito.

Além de MÁRIO SUAREZ ter figurado ostensivamente como sócio daMENDES PINTO ENGENHARIA por breve período, no que foi sucedido por seu filhoALEXANDRE SUAREZ, também foi ele indicado como responsável pela execução esupervisão dos serviços de gerenciamento na proposta apresentada pela MENDES PINTOENGENHARIA no fraudado procedimento de seleção da gerenciadora do empreendimento.Como representante da MENDES PINTO ENGENHARIA, outrossim, MÁRIO SUAREZparticipava das reuniões do Grupo de Trabalho PETROS/PETROBRAS que acompanhava aexecução da obra. Também é de ver que MÁRIO SUAREZ, associado a PAULO AFONSO, foiquem de início pessoalmente abordou PAUL ALTIT para acenar-lhe com a entrega daexecução das obras do empreendimento da Torre Pituba para a ODEBRECHT REALIZAÇÕESIMOBILIÁRIAS, mediante o pagamento de vantagens indevidas e a realização de fraudadoprocedimento seletivo da construtora. Demais disso, MÁRIO SUAREZ era – ao lado dePAULO AFONSO e seu filho ALEXANDRE SUAREZ – um dos chefes de RODRIGOBARRETTO, empregado de várias empresas do Grupo SUAREZ que teve atuação essencialpara viabilizar a fraude do procedimento de seleção da construtora que executaria as obras,mediante o vazamento de informações reservadas às empreiteiras OAS e OR.

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Por outro lado, MÁRIO SUAREZ foi um dos responsáveis por coordenar orecebimento de valores ilícitos das construtoras OAS e OR, bem como distribuí-los, o que seprestava ao atendimento de “compromissos institucionais” consistentes no pagamento depropina a funcionários públicos e vantagens indevidas a dirigentes da PETROS, além de servirao seu próprio enriquecimento pessoal. Nesse tocante, destaca-se que MÁRIO SUAREZ era,com PAULO AFONSO, sócio da MARMAN CONSULTORIA TÉCNICA LTDA., uma das empresasutilizadas pela OR para a celebração de contratos fictícios que deram amparo formal àtransferência de R$ 6.916.283,93 em vantagens ilícitas. Ademais, MÁRIO SUAREZ tambémorganizou junto a integrantes da Área de Projetos Estruturados da OAS a realização depagamentos em espécie, num primeiro momento encontrando-se mensalmente comRAMILTON MACHADO para combinarem as entregas e, num segundo momento, colocandoADRIANO QUADROS em contato com ALEXANDRE SUAREZ para que eles passassem atratar desse tema, valendo destacar que grande parte desses pagamentos em espécie foifeita para PAULO AFONSO, MARCOS FELIPE, ALEXANDRE SUAREZ e RODRIGOBARRETTO.

Ressalta-se que MÁRIO SUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ valeram-se deJAILTON ANDRADE, empregado do Grupo SUAREZ, para a realização de movimentaçõesfinanceiras, entre 2010 e 2016, que remontam a mais de R$ 5,1 milhões, em grande parterelacionadas com pessoas jurídicas e físicas envolvidas nos fatos apurados.

Também apurou-se que MÁRIO SUAREZ mantém vínculos com umverdadeiro arsenal de pessoas jurídicas, profundamente inter-relacionadas e conectadas comempresas de ALEXANDRE SUAREZ e PAULO AFONSO, muitas delas com severos indicativosde não possuírem existência real. A respeito, além de ser empresário individual, de terfigurado como sócio da MENDES PINTO ENGENHARIA e figurar como sócio da MARMAN,também foi identificado que MÁRIO SUAREZ mantém ou manteve vínculos com um númerosignificativo de pessoas jurídicas: POPCORN SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS LTDA.,INTERFOOD SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS LTDA., SUAREZ HABITACIONAL LTDA.,CONSTRUTORA AKYO LTDA, EMBRAIM EMPRESA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO DEIMÓVEIS LTDA., LOJÃO DAS PEDRAS COMÉRCIO DE MÁRMORES E PEDRAS LTDA., SUAREZINCORPORAÇÕES LTDA. e a offshore TELFORD ENTERPRISES INC.

Portanto, há elementos mais do que suficientes indicando a necessidade daprisão preventiva de MÁRIO SUAREZ, com vistas a resguardar a ordem pública, a instruçãoprocessual e a aplicação da lei penal, diante de sua participação central na prática de crimesgraves de forma reiterada e durante longo lapso temporal em detrimento da estatal e dofundo de pensão, observada a magnitude da lesão causada, com graves prejuízos àcredibilidade da instituição pública e da entidade de previdência complementar. Tambémmerece destaque que MÁRIO SUAREZ atuou diretamente no recebimento e distribuição deestrondosos valores de vantagens ilícitas, mediante atos de ocultação e dissimulação,havendo o risco de que possa dispor livremente do produto obtido com a prática criminosaque ainda está em parte oculto. Demais disso, a participação relevante de MÁRIO SUAREZnas condutas, com conhecimento de todos os detalhes da ação criminosa, torna factívelsupor que em liberdade poderá influir negativamente no andamento das investigações.

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Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de MÁRIO SUAREZ, requer-se desde já seja decretada sua prisão temporária, afim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados de corrupção,gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.1.7. ALEXANDRE ANDRADE SUAREZ

ALEXANDRE ANDRADE SUAREZ também desempenhou papel central naarquitetura delitiva, agindo em concerto com seu pai MÁRIO SEABRA SUAREZ e PAULOAFONSO MENDES PINTO nos aspectos fundamentais de todos os crimes praticados emrelação ao empreendimento da Torre Pituba, já que concorreu de maneira determinante paraa gestão fraudulenta da PETROS, bem como atuou decisivamente para a corrupção defuncionários públicos e a distribuição de vantagens indevidas, parte significativa das quaisprestou-se ao seu próprio enriquecimento ilícito.

ALEXANDRE SUAREZ sucedeu MÁRIO SUAREZ como sócio da MENDESPINTO ENGENHARIA, condição que manteve durante todo o período em que se desenvolveuo empreendimento da Torre Pituba. Demais disso, ALEXANDRE SUAREZ era – ao lado dePAULO AFONSO e seu pai MÁRIO SUAREZ – um dos chefes de RODRIGO BARRETTO,empregado de várias empresas do Grupo SUAREZ que teve atuação essencial para viabilizar a

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fraude do procedimento de seleção da construtora que executaria as obras, mediante ovazamento de informações reservadas às empreiteiras OAS e OR.

Por outro lado, ALEXANDRE SUAREZ foi um dos responsáveis porcoordenar o recebimento de valores ilícitos das construtoras OAS e OR, bem como distribuí-los, o que se prestava ao atendimento de “compromissos institucionais” consistentes nopagamento de propina a funcionários públicos e vantagens indevidas a dirigentes daPETROS, além de servir ao seu próprio enriquecimento pessoal. Nesse tocante, destaca-seque ALEXANDRE SUAREZ era, com PAULO AFONSO, sócio da TERRA CONSULTORIATÉCNICA LTDA., uma das empresas utilizadas pela OR para a celebração de contratos fictíciosque deram amparo formal à transferência de R$ 23.130.888,10 em vantagens ilícitas.Ademais, ALEXANDRE SUAREZ também organizou junto ao pessoal da Área de ProjetosEstruturados da OAS a realização de pagamentos em espécie, tendo apresentado RODRIGOBARRETTO a ADRIANO QUADROS como recebedor credenciado das vantagens indevidas,além de ter ele próprio realizado vários recebimentos de valores ilícitos em hotéis em SãoPaulo.

Ressalta-se que MÁRIO SUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ valeram-se deJAILTON ANDRADE, empregado do Grupo SUAREZ, para a realização de movimentaçõesfinanceiras, entre 2010 e 2016, que remontam a mais de R$ 5,1 milhões, em grande parterelacionadas com pessoas jurídicas e físicas envolvidas nos fatos apurados.

Também apurou-se que ALEXANDRE SUAREZ mantém vínculos com umverdadeiro arsenal de pessoas jurídicas, profundamente inter-relacionadas e conectadas comempresas de MÁRIO SUAREZ e PAULO AFONSO, muitas delas com severos indicativos denão possuírem existência real. A respeito, além de ser o titular da EIRELI MARINCORPORAÇÕES e de figurar como sócio da MENDES PINTO ENGENHARIA e da TERRA,também foi identificado que ALEXANDRE SUAREZ mantém ou manteve vínculos, direta ouindiretamente, com um número significativo de pessoas jurídicas: DEPÓSITO DE ARTESIMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA., SUN COMÉRCIO DE CONFECÇÕES LTDA., CONFIDENCEEMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA., KIDS AND TOYS COMÉRCIO LTDA., BIBRAS IIEMPREENDIMENTOS LTDA., RIO PROPRIEDADES IMOBILIÁRIAS LTDA., DIKAT COMÉRCIO DECONFECÇÕES LTDA. e AZ MANDALA CONFECÇÕES LTDA., ALGO S.A., ALGO PARTICIPAÇÕESLTDA, RODAX CONSULTORIA TÉCNICA LTDA., RIO OFFICE PARK H S.A., RIO OFFICE PARK 2S.A., RIO OFFICE PARK 3 S.A., JML CORP DESENVOLVIMENTO IMOBILIARIO LTDA., BOLSAIMOBILIARIA BRASILEIRA LTDA. e as offshores GRAYSTONE HOLDING CORP, MOONVILLEENTERPRISES LTD. e UPSPRATE INVESTMENTS LIMITS.

De destacar que essas últimas duas offshores – MOONVILLE e UPSTRATE –mantêm contas em bancos suíços (conta IBAN CH16 0020 6206 1347 6360 F, do Banco UBSSA397 e conta IBAN VH84 0884 1010 0480 0000 1, do Banco ITAU SUISSE S.A.) 398, para as quaisALEXANDRE SUAREZ realizou a remessa de recursos substanciais399.

397 Cf. autos 5037370-66.2016.4.04.7000, Evento 66, CONTR17, p. 1.398 Cf. autos 5037370-66.2016.4.04.7000, Evento 66, CONTR15, p. 23.399 Cf. autos 5037370-66.2016.4.04.7000, Evento 66

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Ademais, foram encontradas anotações feitas por ALEXANDRE SUAREZ,em meio ao desenvolvimento da Operação Lava Jato, mais especificamente dois mesesdepois da prisão de MARCELO ODEBRECHT, bastante indicativas da sua intenção de sedistanciar ostensivamente do empreendimento da Torre Pituba. Tais anotações registram queALEXANDRE SUAREZ questionava se deveria manter documentos da TERRA em seuescritório e no seu computador, bem como se deveria atribuir a MÁRIO SUAREZ aadministração da TERRA, e se a referência ao empreendimento devia ser retirada do site quemantinha com MÁRIO SUAREZ.

Portanto, há elementos mais do que suficientes indicando a necessidade daprisão preventiva de ALEXANDRE SUAREZ, com vistas a resguardar a ordem pública, ainstrução processual e a aplicação da lei penal, diante de sua participação central na práticade crimes graves de forma reiterada e durante longo lapso temporal em detrimento daestatal e do fundo de pensão, observada a magnitude da lesão causada, com gravesprejuízos à credibilidade da instituição pública e da entidade de previdência complementar.Também merece destaque que ALEXANDRE SUAREZ atuou diretamente no recebimento edistribuição de estrondosos valores de vantagens ilícitas, mediante atos de ocultação edissimulação, havendo o risco de que possa dispor livremente do produto obtido com aprática criminosa que ainda está em parte oculto, além de ALEXANDRE SUAREZ termanifestado concretamente a intenção de dissimular o seu relacionamento com oempreendimento da Torre Pituba. Demais disso, a participação relevante de ALEXANDRESUAREZ nas condutas, com conhecimento de todos os detalhes da ação criminosa, tornafactível supor que em liberdade poderá influir negativamente no andamento dasinvestigações.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de ALEXANDRE SUAREZ, requer-se desde já seja decretada sua prisãotemporária, a fim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados decorrupção, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

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In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.1.8. RODRIGO DE ARAÚJO SILVA BARRETTO

RODRIGO DE ARAÚJO SILVA BARRETTO era o principal elo de PAULOAFONSO, MÁRIO SUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ com as empreiteiras OAS e OR na faseque antecedeu o procedimento seletivo da construtora da obra, assim como atuou comoemissário deles, em São Paulo/SP e em Salvador/BA, para o recebimento de vantagensindevidas pagas em espécie pela OAS.

Como anteriormente exposto, na empreitada criminosa, RODRIGOBARRETTO atuou ostentando a condição de empregado da MENDES PINTO ENGENHARIA etambém da MAR INCORPORAÇÕES, além de ostentar histórico de vínculos com empresas deMÁRIO SUAREZ e vínculos familiares com IRANI ROSSINI, da CHIBASA, por isso escolhidopara fazer a interlocução com os empregados da OAS e da OR com vistas a fraudar oprocedimento seletivo da construtora. Para tanto, ademais, RODRIGO BARRETTO valia-seespecialmente de um e-mail criado para tentar escamotear sua identificação([email protected]).

Por outro lado, RODRIGO BARRETTO foi um dos responsáveis por realizaro recebimento de valores ilícitos da construtora OAS. Nesse tocante, destaca-se queALEXANDRE SUAREZ indicou RODRIGO BARRETTO a RAMILTON MACHADO comorecebedor credenciado das vantagens indevidas, tendo ele próprio recebido grande partedos valores ilícitos.

Portanto, há elementos mais do que suficientes indicando a necessidade daprisão preventiva de RODRIGO BARRETTO, com vistas a resguardar a ordem pública, ainstrução processual e a aplicação da lei penal, diante de sua participação significativa naprática de crimes graves de forma reiterada e durante longo lapso temporal em detrimentoda estatal e do fundo de pensão, observada a magnitude da lesão causada, com gravesprejuízos à credibilidade da instituição pública e da entidade de previdência complementar.Também merece destaque que RODRIGO BARRETTO atuou diretamente, sob o comandodos protagonistas dos crimes apurados, no recebimento de estrondosos valores devantagens ilícitas, mediante atos de ocultação e dissimulação. Demais disso, a participaçãorelevante de RODRIGO BARRETTO nas condutas, com conhecimento de todos os detalhes

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da ação criminosa, torna factível supor que em liberdade poderá influir negativamente noandamento das investigações.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de RODRIGO BARRETTO, requer-se desde já seja decretada sua prisãotemporária, a fim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados decorrupção, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.1.9. CÉSAR DE ARAÚJO MATA PIRES FILHO

CÉSAR DE ARAÚJO MATA PIRES FILHO, na condição de vice-presidenteda CONSTRUTORA OAS, detinha integral conhecimento sobre os crimes apurados em relaçãoao empreendimento da Torre Pituba, atuando em concerto com LÉO PINHEIRO e ELMARVARJÃO para que as vantagens ilícitas com que se comprometera a OAS chegassem aosseus destinatários.

Foram colhidos elementos indicativos do envolvimento direto de CÉSARFILHO nas ilicitudes verificadas na construção da Torre Pituba, como restou evidenciado porsua atuação destacada na obtenção do aditivo contratual com a SPE EDIFICAÇÕES ITAIGARAque garantia não apenas maior volume de ganhos para a empreiteira, mas, de consequência,também o repasse ainda maior de recursos ilícitos ao Partido dos Trabalhadores, dirigentes

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das PETROS e demais envolvidos. Nesse sentido, CÉSAR FILHO disse a LÉO PINHEIRO queprecisavam correr com o tema do aditivo contratual para aproveitar a presença de LUÍSCARLOS na presidência da PETROS, ante a provocação de JOÃO VACCARI a respeito, para oque CÉSAR FILHO já havia mobilizado ELMAR VARJÃO.

Os indícios reunidos também apontam que CÉSAR FILHO atuavadiretamente na distribuição de vantagens ilícitas. Não apenas ele tinha consciência de todo ovolume de pagamentos indevidos autorizados notadamente por ELMAR VARJÃO eorientava os integrantes da Área de Projetos Estruturados da OAS, como também seenvolveu pessoalmente nos contratos fictícios celebrados com a empresa MENDES PINTOEMPREENDIMENTOS e a empresa D3TM de RENATO DUQUE, além de que autorizava orepasse de vantagens indevidas para o Partido dos Trabalhadores por meio de doaçõesoficiais ao órgão diretivo da agremiação.

Portanto, há elementos mais do que suficientes indicando a necessidade daprisão preventiva de CÉSAR FILHO, com vistas a resguardar a ordem pública, a instruçãoprocessual e a aplicação da lei penal, diante de sua participação central na prática de crimesgraves de forma reiterada e durante longo lapso temporal em detrimento da estatal e dofundo de pensão, observada a magnitude da lesão causada, com graves prejuízos àcredibilidade da instituição pública e da entidade de previdência complementar. Tambémmerece destaque que CÉSAR FILHO atuou diretamente na distribuição de estrondososvalores de vantagens ilícitas, mediante atos de ocultação e dissimulação. Demais disso, aparticipação relevante de CÉSAR FILHO nas condutas, com conhecimento de todos osdetalhes da ação criminosa, torna factível supor que em liberdade poderá influirnegativamente no andamento das investigações.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de CÉSAR FILHO, requer-se desde já seja decretada sua prisão temporária, a fimde resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados de corrupção, gestãofraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

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In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.1.10 ELMAR JUAN PASSOS VARJÃO

ELMAR VARJÃO, na qualidade de Diretor-Superintendente da OAS a partirde janeiro de 2013, autorizou todos os pagamentos de vantagens indevidas direcionadas aoatendimento de “compromissos institucionais” por via de PAULO AFONSO, MÁRIO SUAREZe ALEXANDRE SUAREZ.

Conforme apurado, ELMAR VARJÃO reunia-se mensalmente com oslíderes de obras nas regiões norte/nordeste, ocasião em que deles recebia as demandas derecursos não contabilizados necessários, autorizava esses pagamentos e depois repassava aordem de sua realização para ADRIANO QUADROS, que as operacionalizava via Área deProjetos Estruturados da OAS. Demais disso, como evidenciado por inúmeras prestações decontas mensais de propinas apresentadas pelos colaboradores da OAS, ELMAR VARJÃOfirmava mensalmente esses documentos, reconhecendo o volume de recursos de caixa 2utilizados pela sua área. Além disso, ELMAR VARJÃO também participou diretamente nacelebração de contrato fictício com a MENDES PINTO EMPREENDIMENTOS, que deu baseformal ao repasse de vantagens ilícitas.

Portanto, há elementos mais do que suficientes indicando a necessidade daprisão preventiva de ELMAR VARJÃO, com vistas a resguardar a ordem pública, a instruçãoprocessual e a aplicação da lei penal, diante de sua participação central na prática de crimesgraves de forma reiterada e durante longo lapso temporal em detrimento da estatal e dofundo de pensão, observada a magnitude da lesão causada, com graves prejuízos àcredibilidade da instituição pública e da entidade de previdência complementar. Tambémmerece destaque que ELMAR VARJÃO atuou diretamente na distribuição de estrondososvalores de vantagens ilícitas, mediante atos de ocultação e dissimulação. Demais disso, aparticipação relevante de ELMAR VARJÃO nas condutas, com conhecimento de todos osdetalhes da ação criminosa, torna factível supor que em liberdade poderá influirnegativamente no andamento das investigações.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de ELMAR VARJÃO, requer-se desde já seja decretada sua prisão temporária, a

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fim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados de corrupção,gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.1.11. JOSÉ NOGUEIRA FILHO

JOSÉ NOGUEIRA FILHO era o líder operacional do empreendimento daTorre Pituba, tendo sido o responsável por firmar o contrato de construção comorepresentante da SPE EDIFICAÇÕES ITAIGARA e, posteriormente, o aditivo contratual queimplicou a majoração dos custos da obra.

Conforme os elementos reunidos, JOSÉ NOGUEIRA teve atuaçãoprimordial na confecção dos quantitativos utilizados para o orçamento da obra que foram abase do fraudado procedimento seletivo da construtora, em concerto com DJEANVASCONCELOS da OR.

Demais disso, era JOSÉ NOGUEIRA quem demandava, com frequênciamensal, todos os pagamentos de vantagens indevidas direcionadas ao atendimento de“compromissos institucionais” por via de PAULO AFONSO, MÁRIO SUAREZ e ALEXANDRESUAREZ, obtendo as respectivas autorizações com MANUEL RIBEIRO e ELMAR VARJÃO,cada qual no seu período de atuação. Ademais, também foi o responsável por reunir-se com

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MARICE CORREA e RAMILTON MACHADO a fim de que ajustassem como seriam feitos ospagamentos de vantagens indevidas ao Partido dos Trabalhadores.

Portanto, há elementos mais do que suficientes indicando a necessidade daprisão preventiva de JOSÉ NOGUEIRA, com vistas a resguardar a ordem pública, a instruçãoprocessual e a aplicação da lei penal, diante de sua participação central na prática de crimesgraves de forma reiterada e durante longo lapso temporal em detrimento da estatal e dofundo de pensão, observada a magnitude da lesão causada, com graves prejuízos àcredibilidade da instituição pública e da entidade de previdência complementar. Tambémmerece destaque que JOSÉ NOGUEIRA atuou diretamente na distribuição de estrondososvalores de vantagens ilícitas, mediante atos de ocultação e dissimulação. Demais disso, aparticipação relevante de JOSÉ NOGUEIRA nas condutas, com conhecimento de todos osdetalhes da ação criminosa, torna factível supor que em liberdade poderá influirnegativamente no andamento das investigações.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de JOSÉ NOGUEIRA, requer-se desde já seja decretada sua prisão temporária, afim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados de corrupção,gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

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III.1.12. MARICE CORREA LIMA

MARICE CORREA LIMA é cunhada de JOÃO VACCARI e atuou comooperadora do Partido dos Trabalhadores, arrecadando significativas quantias de vantagensindevidas destinadas à agremigação partidária em decorrência do empreendimento da TorrePituba.

MARICE CORREA reuniu-se pessoalmente com JOSÉ NOGUEIRA eRAMILTON MACHADO a fim de que ajustassem como seriam feitos os pagamentos em favordo Partido dos Trabalhadores, tendo sido a responsável por coordenar os pagamentos comRAMILTON MACHADO, ora por meio de doações partidárias, ora por meio de entregas emespécie. Demais disso, MARICE CORREA foi responsável por receber pessoalmente em suaresidência as vantagens indevidas pagas em espécie para o Partido dos Trabalhadores,parte delas entregues por ALBERTO YOUSSEF.

Conforme os elementos colhidos até o momento, foi identificado o repassede vantagens ilícitas ao Partido dos Trabalhadores, sob coordenação da operadora MARICECORREA, por meio de 5 doações partidárias, no total de R$ 1.720.000,00, mais outras 4entregas em espécie para ela mesma, em sua residência, no total de R$ 1.100.000,00.

Portanto, há elementos mais do que suficientes indicando a necessidade daprisão preventiva de MARICE CORREA, com vistas a resguardar a ordem pública, a instruçãoprocessual e a aplicação da lei penal, diante de sua participação central na prática de crimesgraves de forma reiterada e durante longo lapso temporal em detrimento da estatal e dofundo de pensão, observada a magnitude da lesão causada, com graves prejuízos àcredibilidade da instituição pública e da entidade de previdência complementar. Tambémmerece destaque que MARICE CORREA atuou diretamente na distribuição de estrondososvalores de vantagens ilícitas, mediante atos de ocultação e dissimulação. Demais disso, aparticipação relevante de MARICE CORREA nas condutas, com conhecimento de todos osdetalhes da ação criminosa, torna factível supor que em liberdade poderá influirnegativamente no andamento das investigações.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de MARICE CORREA, requer-se desde já seja decretada sua prisão temporária, afim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados de corrupção,gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela lei

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o crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.1.13. VALDEMIR FLÁVIO GARRETA

VALDEMIR FLÁVIO GARRETA, além de atuar como publicitário do Partidodos Trabalhadores, funcionava como seu operador, tendo arrecacadado significativosvalores de vantagens indevidas pagas pela OR em razão do empreendimento da Torre Pituba.

No caso, foram colhidos elementos indicando que VALDEMIR GARRETAfoi responsável por operacionalizar o recebimento de, ao menos, R$ 973.000,00 pagos pelaOR, em espécie, por meio do Setor de Operações Estruturadas. A respeito, foi identificadointenso contato telefônico entre VALDEMIR GARRETA e FERNANDO MIGLIACCIO, emrelação que abarcava o pagamento de vantagens indevidas relacionadas a vários outrosilícitos.

Demais disso, em relação ao empreendimento da Torre Pituba, VALDEMIRGARRETA também operou o recebimento de vantagens indevidas pagas pela Área deProjetos Estruturados da OAS a LUÍS CARLOS FERNANDES AFONSO, com quem tambémmantinha intensos contatos, sendo digno de registro o seu significativo relacionamentotelefônico com CARLOS FERNANDO COSTA. Parte dessas vantagens indevidas foirepassada, sob coordenação de GARRETA, por meio de 8 transferências feitas, a partir dasoffshores PALMVIEW e WELL POINT, para a offshore ODE INVESTMENT de titularidade deLUÍS CARLOS, totalizando US$ 1.852.000,00 (equivalente a R$ 3.620.660,00), de ondepartiram recursos para a offshore LONARDA, de CARLOS FERNANDO. Uma outra partedessas vantagens indevidas foi repassada em espécie, por meio de 6 entregas, também sobcoordenação de GARRETA, com o auxílio do seu emissário WILLIAM CHAIM, totalizando R$2.907.560,00. Consideradas ambas as modalidades de repasse, VALDEMIR GARRETA foiresponsável por operar o pagamento total de R$ 6.528.220,00 para LUÍS CARLOS.

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Ressalta-se também que VALDEMIR GARRETA mantinha impressionantecontato com LÉO PINHEIRO, apontando a quebra de sigilo telefônico, no período coberto,impressionantes 1032 mensagens de texto e 871 ligações telefônicas, fora outras centenas deligações com telefones de titularidade da OAS. Destaca-se terem sido encontradas, inclusive,mensagens de texto nas quais VALDEMIR GARRETA e LÉO PINHEIRO discutiam a sucessãoda presidência da PETROS.

A prática de atos de lavagem de dinheiro é mais do que evidente no caso,envolvendo montantes substanciais, tendo sido operador financeiro do Partido dosTrabalhadores e de LUÍS CARLOS FERNANDES AFONSO.

Portanto, há elementos mais do que suficientes indicando a necessidade daprisão preventiva de VALDEMIR GARRETA, com vistas a resguardar a ordem pública, ainstrução processual e a aplicação da lei penal, diante de sua participação central na práticade crimes graves de forma reiterada e durante longo lapso temporal em detrimento daestatal e do fundo de pensão, observada a magnitude da lesão causada, com gravesprejuízos à credibilidade da instituição pública e da entidade de previdência complementar.Também merece destaque que VALDEMIR GARRETA intermediou diretamente a distribuiçãode estrondosos valores de vantagens ilícitas, mediante atos de ocultação e dissimulação,atuando tanto em relação ao Partido dos Trabalhadores, quanto no que diz respeito a LUÍSCARLOS FERNANDES AFONSO, operando o pagamento de vantagens indevidas de ambasas empreiteiras envolvidas, e com o auxílio de WILLIAM CHAIM nos repasses feitos emespécie. Demais disso, a participação relevante de VALDEMIR GARRETA nas condutas, comconhecimento de todos os detalhes da ação criminosa, torna factível supor que em liberdadepoderá influir negativamente no andamento das investigações.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de VALDEMIR GARRETA, requer-se desde já seja decretada sua prisãotemporária, a fim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados decorrupção, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos em

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tela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.1.14. WILLIAM ALI CHAIM

WILLIAM ALI CHAIM é o emissário do operador VALDEMIR GARRETA eatua sob a sua coordenação para o recebimento de vantagens indevidas pagas em espécie,tendo sido reunidos elementos indicativos de que foi o responsável por intermediar orepasse de valores ilícitos em espécie para LUÍS CARLOS AFONSO FERNANDES em razãodo empreendimento da Torre Pituba. No caso, WILLIAM CHAIM realizou de 6 recebimentos,totalizando R$ 2.907.560,00, sob a coordenação de GARRETA, valores estes destinados aLUÍS CARLOS.

Além disso, a evidenciar a amplitude de sua atuação, ressalta-se terem sidocolhidos elementos indicativos de que WILLIAM ALI CHAIM também auxiliava o operadorVALDEMIR GARRETA no recebimento de vantagens indevidas de variadas origens pagaspelo Grupo ODEBRECHT. Conforme de se vê no Relatório de Informação n. 164/2018400,consulta feita ao sistema Drousys utilizado pelo Setor de Operações Estruturadas do GrupoODEBRECHT evidenciou a existência de inúmeros documentos apontando que o localutilizado por WILLIAM CHAIM para intermediar o recebimento de recursos ilícitosdestinados a LUÍS CARLOS – Alameda Lorena, n. 521, apto. 2804, em São Paulo/SP – emsignificativas oportunidades também foi utilizado por ele para intermediar o recebimento devantagens indevidas pagas pelo Grupo ODEBRECHT.

A prática de atos de lavagem de dinheiro é mais do que evidente no caso,envolvendo montantes substanciais, tendo sido o emissário responsável por fazer osrecebimentos de valores em espécie destinados a LUÍS CARLOS FERNANDES AFONSO.

Portanto, há elementos mais do que suficientes indicando a necessidade daprisão preventiva de WILLIAM CHAIM, com vistas a resguardar a ordem pública, a instruçãoprocessual e a aplicação da lei penal, diante de sua participação central na prática de crimesgraves de forma reiterada e durante longo lapso temporal em detrimento da estatal e dofundo de pensão, observada a magnitude da lesão causada, com graves prejuízos àcredibilidade da instituição pública e da entidade de previdência complementar. Tambémmerece destaque que WILLIAM CHAIM atuou diretamente na distribuição de estrondososvalores de vantagens ilícitas, mediante atos de ocultação e dissimulação. Demais disso, aparticipação relevante de WILLIAM CHAIM nas condutas, com conhecimento de todos os

400 ANEXO 303

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detalhes da ação criminosa, torna factível supor que em liberdade poderá influirnegativamente no andamento das investigações.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de WILLIAM CHAIM, requer-se desde já seja decretada sua prisão temporária, afim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados de corrupção,gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.1.15. DAVID ARAZI

DAVID ARAZI é o operador financeiro responsável pela disponibilização daoffshore BROOKLET e respectiva conta mantida na Suíça em favor de RENATO DUQUE, tudopara viabilizar a continuidade do recebimento de propina pelo Diretor de Serviços daPETROBRAS, tendo sido reunidos elementos indicativos de que se dedicava a esse tipo deatividade profissionalmente, no que contava como auxílio de sua companheira MÁRCIAMILEGUIR.

Apenas em razão do empreendimento da Torre Pituba, identificou-se queforam realizadas 10 transferências, no total aproximado de R$ 6,6 milhões, para a conta daoffshore BROOKLET – disponibilizada por DAVID ARAZI com a intermediação de ROGÉRIOARAÚJO –, por meio do Setor de Operações Estruturadas do Grupo ODEBRECHT. Não

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bastasse, verificou-se que na conta da offshore BROOKLET transitaram elevados montantesde recursos ilícitos tendo como causa a atuação do Diretor de Serviços da PETROBRAStambém em outras contratações, a evidenciar que a conta serviu para o recebimento depropina de origens variadas.

A confirmar a extensão da sua atuação, ressalta-se que, consoantetransmissão espontânea de informações da Suíça401, foram identificadas outras contasbancárias sediadas naquele país que têm DAVID ARAZI como beneficiário econômico, aolado de MÁRCIA MILEGUIR, o que bem demonstra o caráter não eventual da atuação doinvestigado. Mais do que isso, consoante assentam as autoridades suíças, todas as contasbancárias citadas “receberam, direta ou indiretamente, dinheiro das caixas negras do grupoOdebrecht” (SV.15.0775-REZ).

Dentre as contas identificadas, recebedoras de recursos de contas mantidaspelo Grupo ODEBRECHT no exterior, em nome de offshores, consta, além da já referida contaBROOKLET, uma em nome dos próprios DAVID ARAZI e MARCIA MILEGUIR, e outras emnome das offshores WYLLOW FINANCE LTD (com direito de assinatura para ROGÉRIOARAÚJO), INTELECTUAL DEVELOPMENTS LIMITED, ARTEFACTO HOLDING CORP, todas elastendo ambos por co-benefíciários.

Registra-se que DAVID ARAZI possui nacionalidade israelense e, segundoapontam os registros de fluxo migratório402, saiu do país pela última vez em 26/06/2016,evidenciando perigo à aplicação da lei penal.

Portanto, há elementos mais do que suficientes indicando a necessidade daprisão preventiva de DAVID ARAZI, com vistas a resguardar a ordem pública, a instruçãoprocessual e a aplicação da lei penal, diante de sua participação central na prática de crimesgraves de forma reiterada e durante longo lapso temporal em detrimento da estatal e dofundo de pensão, observada a magnitude da lesão causada, com graves prejuízos àcredibilidade da instituição pública e da entidade de previdência complementar. Tambémmerece destaque que DAVID ARAZI atuou diretamente para viabilizar a distribuição deestrondosos valores de vantagens ilícitas, mediante atos de ocultação e dissimulação. Demaisdisso, a participação relevante de DAVID ARAZI nas condutas, com conhecimento de todosos detalhes da ação criminosa, torna factível supor que em liberdade poderá influirnegativamente no andamento das investigações.

Na hipótese de esse juízo entender pelo não cabimento da prisãopreventiva de DAVID ARAZI, requer-se desde já seja decretada sua prisão temporária, a fimde resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados de corrupção, gestãofraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

401 Com fundamento no art. 29 do Tratado de Cooperação Jurídica Internacional em Matéria Penalentre o Brasil e a Suíça (Decreto n° 6.974/2009), bem como na Convenção das Nações Unidascontra o Crime Organizado (Decreto n° 5.015/2004) e na Convenção das Nações Unidas contra aCorrupção (Decreto n° 99.710/1990) e também na lei de cooperação internacional em matériapenal helvética (art. 67a , parágrafo 4, CIMP) - ANEXO 292.

402 ANEXO 283

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A prisão temporária afigura-se imprescindível às investigações, existindo,ainda, fundadas razões – autoria e materialidade – da prática do delito de gestão fraudulentae organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III, alíneas “l” e “o”, da Lei nº7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrar previsão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não esteja previsto no rol do artigo 1º,inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que este crime somente passou a serprevisto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma, estando previsto naquela leio crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), não há razão para não seconsiderar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada mais é senão uma espécieou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretação de excluir aorganização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisão temporária,restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.2. PRISÃO TEMPORÁRIA.

Também se requer seja decretada a prisão temporária de GILSON ALVESDE SOUZA, IRANI ROSSINI DE SOUZA, MANUEL RIBEIRO FILHO, ANDRÉ PETITINGA,MARCOS FELIPE MENDES PINTO, JAILTON SANTOS DE ANDRADE e MÁRCIA MILEGUIRa fim de resguardar a colheita de provas relativamente aos crimes apurados de corrupção,gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

GILSON ALVES DE SOUZA, no contexto apresentado, figura dentre osfuncionários da PETROBRAS diretamente envolvidos no empreendimento da Torre Pituba,tendo ocupado o cargo de Gerente dos Serviços de Infra-estrutura e Segurança PatrimonialRegional Norte-Nordeste dos Serviços Compartilhados da Diretoria de Serviços daPETROBRAS. Nessa condição, ocupou, após pedido de designação de WAGNER PINHEIRO aARMANDO TRIPODI, posições estratégicas aos intentos da organização criminosa,participando e operacionalizando os interesses do plano ilícito, sucessivamente, em gruposde trabalho referentes ao empreendimento da Torre Pituba destacando-se os Grupos deTrabalho da PETROBRAS responsáveis (i) pela definição das áreas necessárias noempreendimento, (ii) por negociar o Termo de Entendimento entre a PETROS e aPETROBRAS e (iii) pelo exame da viabilidade técnico-econômica voltada para definição dopreço do aluguel, atuando nos dois primeiros como coordenador, além dos Grupos de

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Trabalho conjunto PETROS/PETROBRAS responsáveis (iv) pelo fraudado procedimento queculminou com a “seleção” da gerenciadora MENDES PINTO, (v) pelo acompanhamento dosprojetos de arquitetura/engenharia e (vi) pelo acompanhamento da obra.

GILSON ALVES foi estrategicamente alçado a uma função de gerência quelhe garantia interface direta com o empreendimento, sendo designado coordenador deGrupo de Trabalho da PETROBRAS responsável pela definição das áreas necessárias noempreendimento da Torre Pituba, no âmbito do qual foi produzido o Relatório RL-0100.00-8200-941-PRN-001, documento confidencial já aguardado por ARMANDO TRIPODI pararemessa a PAULO AFONSO.

Cumprindo o ajuste ilícito de que foi parte a sua designação para funçõesde destaque, conforme detalhado em capítulos anteriores, GILSON ALVES participouativamente da consecução das fraudes, em todas as fases do empreendimento em exame,prestando-se, além de sua atuação direta nos Grupos de Trabalho, até mesmo a transmitirinformações privilegiadas de interesse de PAULO AFONSO, permitindo que ele interferisselargamente nas regras do procedimento seletivo que culminou com a contratação daMENDES PINTO ENGENHARIA.

Do mesmo modo, a atuação de IRANI ROSSINI DE SOUZA é destacadadesde a contratação milionária de sua empresa CHIBASA, empresa totalmente sem estrutura,nem corpo de empregados, em seleção forjada conduzida pela gerenciadora MENDESPINTO. A CHIBASA, conduzida por IRANI ROSSINI, foi favorecida por contrato e aditivo quelhe garantiram expressivos recebimentos não atrelados a efetiva contraprestação de serviços,participando ativamente da fraude perpetrada em concerto com OAS e ODEBRECHT na fasede levantamento de quantitativos e estudos realizados no período que precedeu a seleçãodas construtoras, como demonstram os dados telemáticos da caixa de e-mail de IRANIROSSINI, que evidenciam que, antes mesmo da remessa dos convites para as possíveisparticipantes da fase de construção, IRANI ROSSINI já tratava de aspectos atinentes aoempreendimento com representantes da ODEBRECHT e da OAS, além de RODRIGOBARRETTO, o que corrobora e faz inequívoca a sua plena ciência e adesão ao plano queestava em curso. É de destacar também que IRANI ROSSINI manteve relacionamentofinanceiro com JAILTON, a ele transferido mais de R$ 1,6 milhão e dele recebendo mais deR$ 252 mil, além do intenso relacionamento telefônico evidenciado entre eles.

Assim também, MANUEL RIBEIRO FILHO (Diretor-Superintendente daOAS) e ANDRÉ PETITINGA (gerente do contrato da obra pela OAS), conforme demonstradono curso das investigações, concorreram francamente para o pagamento de propina aosagentes públicos, políticos e intermediários, mediante sofisticados expedientes de lavagem,com vistas a viabilizar o esquema espúrio que marcou a contratação da OAS para oempreendimento Torre Pituba.

Desde o momento em que a OAS decidiu ingressar no empreendimento daTorre Pituba, na fase que precedeu o procedimento seletivo da construtora, MANUELRIBEIRO já estava alinhado com LÉO PINHEIRO para impor essa liderança em face de PAULALTIT e DJEAN VASCONCELOS.

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Ademais, os pagamentos de vantagem indevida pela OAS foramoperacionalizados pela sua Área de Projetos Estruturados, sempre seguindo, como já acimademonstrado, ordens de JOSÉ NOGUEIRA, com a devida e imprescindível autorização peloDiretor Superintendente das regiões norte/nordeste MANUEL RIBEIRO (e, depois, ELMARVARJÃO). Nesse sentido são as planilhas consolidadas de controle de caixa 2 elaboradas pelaÁrea de Projetos Estruturados, que retratam, mês a mês, o fluxo de pagamentos ilícitos, assimcomo as programações de pagamento, todas apresentadas pelos colaboradores da OAS, jáque em muitos desses documentos estão listados pagamentos ilícitos referentes aoempreendimento feitos até dezembro de 2012, enquanto MANUEL RIBEIRO exercia afunção de Diretor Superintendente, associados a códigos que contavam com as iniciais deMANUEL RIBEIRO (MR).

Do mesmo modo, as evidências indicam que ANDRÉ PETITINGA, gerentede contrato da obra pela OAS, a mais do auxílio material prestado a seu superior JOSÉNOGUEIRA, diligenciava, pessoalmente, junto à Área de Projetos Estruturados da OAS, nointeresse da realização dos pagamentos escusos, contabilizando o volume das vantagensilícitas vertidas e também atuando para a celebração de contratos fictícios a lastreartransferências de recursos ilícitos.

A participação ativa de ANDRÉ PETITINGA, sobretudo o auxílio materialconsciente por ele prestado a JOSÉ NOGUEIRA para a consecução dos pagamentos ilícitos,sobressai ainda das planilhas apresentadas pelos colaboradores que atuavam na Área deProjetos Estruturados da OAS, confeccionadas pelo próprio ANDRÉ PETITINGA, uma delasretratando, mês a mês, o controle e a projeção do volume de vantagens indevidas originadasda obra da Torre Pituba em atenção às receitas mensais da referida obra (referente aosvalores ilícitos intermediados por PAULO AFONSO, MÁRIO SUAREZ e ALEXANDRESUAREZ), e, a outra, contendo o total das medições da obra e os valores estimadostrimestralmente para recebimento, com a indicação dos respectivos valores equivalentes a1% (referente às vantagens ilícitas destinadas ao Partido dos Trabalhadores).

Ainda, como referido, MARCOS FELIPE MENDES PINTO, filho de PAULOAFONSO, participou pessoalmente, pelo menos, dos recebimentos de recursos em espécieocorridos, na cidade de São Paulo/SP, nos dias 11/10/2011, 18/10/2011, 26/10/2011 e28/03/2012. Nas ocasiões, registrou-se no hotel respectivo mediante apresentação de nomee endereço falsos, o que fala claramente sobre a plena consciência do caráter ilícito do planoque ali se desenvolvia. Após as entregas, retornava para sua residência, no estado de MinasGerais.

A mais disso, MARCOS FELIPE auferiu diretamente proveitos econômicos,na medida em que figurou, ao tempo dos fatos, como beneficiário de vultosos recursostransferidos por PAULO AFONSO, seja como pessoa física, seja por meio da empresa SERRADO CURRAL PARTICIPAÇÕES, da qual é sócio-administrador.

Também restou apurado que MARCIA MILEGUIR atuava em conjunto comDAVID ARAZI, no escritório localizado em Ipanema, na rua Visconde de Pirajá, em que eramprestados serviços escusos de abertura de contas no exterior em nome de offshores para o

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pagamento de propinas. Além disso, MARCIA MILEGUIR figurava, ao lado de DAVID ARAZI,como titular da offshore BROOKLET HODINGS, e beneficiária econômica da conta aberta emnome da referida offshore no banco suíço BSI que foi utilizada para recebimentos devantagens indevidas relacionadas ao caso em tela pelo Diretor de Serviços RENATO DUQUE.

Note-se, a demonstrar a consciência acerca do matiz essencialmente ilícitoda conta aberta em nome da offshore BROOKLET, que MARCIA MILEGUIR apôs assinaturana mesma página de cadastro em que assinaram DAVID ARAZI e ROGÉRIO ARAÚJO403,sendo executivo da ODEBRECHT que não mantinha qualquer relação negocial lícita com aprópria MARCIA MILEGUIR ou mesmo com DAVID ARAZI, apta a justificar a sua inclusão norol de procuradores da referida conta.

Não só da conta BROOKLET. A Força-Tarefa do Ministério Público Federalrecebeu pela via formal transmissão espontânea de informações da Suíça404, com notícia deoutras contas bancárias sediadas naquele país, que têm MARCIA MILEGUIR comobeneficiária econômica, ao lado de DAVID ARAZI, o que bem demonstra o caráter nãoeventual da atuação da investigada. Mais do que isso, consoante assentam as autoridadessuíças, todas as contas bancárias citadas “receberam, direta ou indiretamente, dinheiro dascaixas negras do grupo Odebrecht” (SV.15.0775-REZ).

Dentre as contas identificadas, recebedoras de recursos de contas mantidaspelo Grupo ODEBRECHT no exterior, em nome de offshores, consta, além da já referida contaBROOKLET, uma em nome dos próprios MARCIA MILEGUIR e DAVID ARAZI, e outras emnome das offshores WYLLOW FINANCE LTD (com direito de assinatura para ROGÉRIOARAÚJO), INTELECTUAL DEVELOPMENTS LIMITED, ARTEFACTO HOLDING CORP, todas elastendo por co-benefíciária a investigada MARCIA MILEGUIR.

Finalmente, JAILTON ANDRADE figura como participante demovimentações financeiras identificadas, sem causa aparente, que somaram mais de R$ 5,1milhões405, no período de 2010 a 2016, realizando saques a partir das contas das seguintespessoas envolvidas nos fatos sob investigação: ALEXANDRE SUAREZ, IRANI ROSSINI e dasempresas MENDES PINTO ENGENHARIA, CHIBASA PROJETOS DE ENGENHARIA eANDRÉ SÁ E FRANCISCO MOTA ARQUITETOS. Constam ainda transações originadas deJAILTON, em benefício de PAULO AFONSO e das empresas MENDES PINTO ENGENHARIAe SERRA DO CURRAL PARTICIPAÇÕES, no total de R$ 375.000,00. Vale observar que osvínculos empregatícios mantidos por JAILTON, no período, com as já mencionadas empresasPOPCORN SERVICOS ADMINISTRATIVOS LTDA e MAR INCORPORAÇÕES EIRELI (auxiliar deescritório) retrata ocupação com rendimentos de ordem manifestamente incompatível com

403 Conferir a assinatura de MARCIA MILEGUIR no documento de abertura da conta BROOKLET, cujaimagem está reproduzida no II.3.3.

404 Com fundamento no art. 29 do Tratado de Cooperação Jurídica Internacional em Matéria Penalentre o Brasil e a Suíça (Decreto n° 6.974/2009), bem como na Convenção das Nações Unidascontra o Crime Organizado (Decreto n° 5.015/2004) e na Convenção das Nações Unidas contra aCorrupção (Decreto n° 99.710/1990) e também na lei de cooperação internacional em matériapenal helvética (art. 67a , parágrafo 4, CIMP) – ANEXO 292

405 Cf. Relatório de Informação Nº 183/2017-ASSPA/PRPR – ANEXO 172

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o fluxo de aportes financeiros apresentados. Destaca-se que várias dessas operações com aparticipação de JAILTON foram feitas de forma estruturada, fracionadas em valores poucoinferiores a R$ 10.000,00, vários no mesmo dia ou em dias aproximados, técnica que dificultao controle de comunicação obrigatória pelas instituições financeiras ao COAF.

A prisão temporária de GILSON ALVES DE SOUZA, IRANI ROSSINI DESOUZA, MANUEL RIBEIRO FILHO, ANDRÉ PETITINGA, MARCOS FELIPE MENDES PINTO,JAILTON SANTOS DE ANDRADE e MÁRCIA MILEGUIR afigura-se imprescindível àsinvestigações, existindo fundadas razões – autoria e materialidade – de sua participação noscrimes de gestão fraudulenta e organização criminosa, nos termos do artigo 1º, incisos I e III,alíneas “l” e “o”, da Lei nº 7.960/89. Além de o crime de gestão fraudulenta encontrarprevisão legal expressa, ressalta-se que embora o crime de organização criminosa não estejaprevisto no rol do artigo 1º, inciso III, da Lei da Prisão Temporária, deve-se lembrar que estecrime somente passou a ser previsto a partir da edição da Lei nº 12.850/2013. De toda forma,estando previsto naquela lei o crime de quadrilha ou bando (atual associação criminosa), nãohá razão para não se considerar aí incluído o delito de organização criminosa, que nada maisé senão uma espécie ou tipo daquele. Não haveria razoabilidade, ademais, na interpretaçãode excluir a organização criminosa (delito mais grave) das hipóteses autorizativas da prisãotemporária, restringindo-a somente à associação criminosa (crime menos grave).

In casu, faz-se cabível a realização de diligências investigatóriascomplementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos emtela.

A imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente,assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridadepolicial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por partedas pessoas mais influentes do grupo.

III.3. BUSCA E APREENSÃO.

A busca e apreensão é necessária para a colheita de outros elementos deconvicção que auxiliem a elucidar os fatos ora apurados, com fundamento do artigo 240 doCódigo de Processo Penal.

A finalidade da diligência é que sejam apreendidos: telefones celulares,computadores pessoais, documentos, registros de acesso aos locais da busca, e objetosnecessários à comprovação dos delitos por eles praticados; objetos de valor e numeráriosobtidos por meios criminosos; objetos de luxo utilizados para a prática do crime de lavagemde dinheiro, como joias e obras de arte; além de outros elementos de convicção para ocompleto esclarecimento de quais foram todos os coautores e partícipes dos delitospraticados.

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Desse modo, pretende-se obter autorização judicial para a realização debusca e apreensão nos endereços residenciais de ARMANDO TRIPODI, ANTÔNIO SÉRGIOOLIVEIRA SANTANA, GILSON ALVES DE SOUZA, CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO,WAGNER PINHEIRO, NEWTON CARNEIRO, LUÍS CARLOS FERNANDES AFONSO, CARLOSFERNANDO COSTA, MARCOS FELIPE MENDES PINTO, MÁRIO SEABRA SUAREZ,ALEXANDRE ANDRADE SUAREZ, RODRIGO DE ARAÚJO SILVA BARRETTO, IRANIROSSINI DE SOUZA, MARTHA FRANÇA, JAILTON SANTOS DE ANDRADE, CÉSAR DEARAÚJO MATA PIRES FILHO, MANUEL RIBEIRO FILHO, ELMAR JUAN PASSOS, JOSÉNOGUEIRA FILHO, ANDRÉ PETITINGA, MARICE CORREA LIMA, VALDEMIR FLÁVIOGARRETA, DAVID ARAZI, MÁRCIA MILEGUIR e WILLIAM ALI CHAIM.

Nesse tocante, quanto aos alvos em relação aos quais também foramformulados pedidos de prisão preventiva ou temporária, remete-se ao quanto anteriormentefundamentado. Relativamente a WAGNER PINHEIRO, ANTÔNIO SÉRGIO OLIVEIRASANTANA e MARTHA FRANÇA, as diligências de busca e apreensão também se mostramindispensáveis.

WAGNER PINHEIRO ocupou a presidência da PETROS entre 2002 e 2010.Como integrante da respectiva Diretoria Executiva, autorizou a celebração do Protocolo deIntenções com a PETROBRAS e a realização da tomada de preços para contratar a empresagerenciadora, que seria conduzida por comitê misto específico formado por integrantes daPETROS e PETROBRAS. A respeito, foi o responsável por solicitar a ARMANDO TRIPODI aindicação de representantes da PETROBRAS para integrar a referida comissão, com o quesobreveio a designação de GILSON ALVES, que, adredemente ajustado com aquele, seprestou a transmitir informações privilegiadas, em concerto com NEWTON CARNEIRO, aPAULO AFONSO, permitindo que ele interferisse largamente nas regras do procedimentoseletivo que culminou com a contratação da MENDES PINTO. Foi também WAGNERPINHEIRO quem indicou os representantes da PETROS e instalou o Grupo de Trabalhoconjunto PETROS/PETROBRAS, apontando justamente NEWTON CARNEIRO comocoordenador. Rememora-se que o pagamento de possíveis vantagens indevidas pela OAS aWAGNER PINHEIRO, em razão de sua atuação como gestor da PETROS, também é objeto deapuração nos autos do IPL 5006601-75.2016.4.04.7000.

ANTÔNIO SÉRGIO OLIVEIRA SANTANA ocupou o cargo de GerenteExecutivo dos Serviços Compartilhados da Diretoria de Serviços da PETROBRAS no períodode 01.03.2009 a 31.12.2012, tendo-se reunido, logo no início da empreitada criminosa, comARMANDO TRIPODI e PAULO AFONSO. Ademais, ambos GILSON ALVES e CARLOSALBERTO FIGUEIREDO, que tiveram destacado papel nos fatos apurados, encontravam-se aele subordinados dentro da referida gerência. Firmou o Protocolo de Intenções celebradocom a PETROS, bem como o submeteu a RENATO DUQUE, com vistas ao exame da matériapela Diretoria Executiva da PETROBRAS. Mais tarde, também submeteu a RENATO DUQUE aproposição solicitando que fosse aprovada a locação da Torre Pituba pela PETROBRAS.Finalmente, também firmou o Termo de Entendimento e Compromisso celebrado com aPETROS.

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MARTHA FRANÇA, ao que a quebra telemática indica, prestava serviçosfinanceiros a diversos investigados, entre os quais MPE, MAR INCORPORAÇÕES, BIBRAS, AFA,CHIBASA, bem como ALEXANDRE SUAREZ, MÁRIO SUAREZ e PAULO AFONSO, além terostentado no passado vínculos empregatícios com empresas do Grupo SUAREZ. Oselementos colhidos indicam que JAILTON SANTOS prestava contas a MARTHA FRANÇAdas enormes somas de valores que a ele afluíam provenientes das empresas envolvidas nosfatos investigados, sendo certo que também a ela recorria ALEXANDRE SUAREZ para arealização de saques em valores expressivos.

Demais disso, MARTHA FRANÇA foi a pessoa que PAULO AFONSOapontou como aquela que deveria ser “procurada”, em seu endereço residencial (Rua João daSilva Campos, 525, Itaigara) por “representante” de CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO, emmensagem suspeita. Portanto, todas essas circunstâncias indicam a possibilidade de que noseu endereço residencial existam elementos relevantes para a cabal apuração dos fatosinvestigados.

A busca domiciliar em residências mostra-se fundamental, uma vez queconsistem em locais que guardam vínculo muito próximo com os investigados, nos quaisserá possível arrecadar provas úteis à conclusão das investigações e que reforçarão o juízopositivo de probabilidade acerca da ocorrência dos crimes acima expostos.

Ressalta-se que, apesar do óbito de PAULO AFONSO MENDES PINTOocorrido em maio de 2017, a diligência pretendida se afigura necessária nos locais que eramde sua residência, bem como nas sedes das empresas de que participava, considerando apossibilidade de que elementos de interesse das investigações ainda possam ser encontradosnos locais. A atuação de PAULO AFONSO foi central em todas as fases do concertocriminoso, tanto no que toca à intermediação dos acertos ilícitos quanto à arrecadação edistribuição das vantagens indevidas entre outros investigados.

Por oportuno, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ressalta que as residênciasde ARMANDO TRIPODI e MARICE CORREA LIMA já foram alvos de medidas de busca eapreensão determinadas por esse d. Juízo Federal (em fevereiro/2016 e abril/2015,respectivamente), contudo, é necessário que sejam realizadas novas diligências nos locais,por haver indicativos de que os crimes ora sob apuração estenderam-se em períodoposterior às buscas já efetivadas, com destaque para a última transferência da PETROS para aSPE EDIFICAÇÕES ITAIGARA ocorrida em março de 2016, sendo que o pagamento devantagens indevidas estava atrelado ao desenvolvimento da obra, e também o pagamentode vantagem indevida pela OR em abril de 2016, com base no contrato fictício celebradocom a empresa TERRA. Além disso, quanto a ARMANDO TRIPODI, identificou-se que oinvestigado omitiu imóvel das autoridades fiscais que havia de ter declarado na DIRPF de2016, porquanto adiquirido em 2015, além de ter alienado, em 2017, outro imóvel,possivelmente envolvido em atos de lavagem de dinheiro, como exposto nesta petição.

É, ainda, necessária a busca e apreensão nas sedes das empresasdiretamente utilizadas para a consecução dos atos ilícitos aqui descritos: MENDES PINTOENGENHARIA (contratada gerenciadora), TERRA e MARMAN (destinatárias dos

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pagamentos ilícitos, mediante contratos fraudulentos com OR), MENDES PINTOEMPREENDIMENTOS (destinatária de pagamentos ilícitos lastreados em contratofraudulento com OAS), AFA, CHIBASA, além dos endereços comerciais de PAULO AFONSO,MARCOS FELIPE, MÁRIO SUAREZ, ALEXANDRE SUAREZ, RODRIGO BARRETTOVALDEMIR GARRETA, WILLIAM CHAIM, LUÍS CARLOS e CARLOS FERNANDO.

Esclareça-se que, além das empresas que PAULO AFONSO utilizoudiretamente para efetivar o contrato e receber as vantagens indevidas, ele controlava a C MP CONSTRUTORA MENDES PINTO LTDA406, CONSTRUTORA R PINTO LTDA407 (mesmoexato endereço da MENDES PINTO EMPREENDIMENTOS408), PMP CONSULTORIA LTDA409

(com endereço exatamente coincidente com o da MENDES PINTO ENGENHARIA410), M&MPARTICIPACOES S/A411 – empresa da qual PAULO AFONSO era ao tempo dos fatosadministrador, cuja sede consta no mesmo edifício comercial em que sediadas as empresasPMP CONSULTORIA LTDA, MENDES PINTO ENGENHARIA, C M P CONSTRUTORA MENDESPINTO LTDA, CONSTRUTORA R PINTO LTDA, MENDES PINTO EMPREENDIMENTOS EIRELI,TERRA CONSULTORIA TECNICA, em sala contígua a desta última pessoa jurídica.

Além dessas, consta no instrumental de empresas de PAULO AFONSOMENDES PINTO a pessoa jurídica MARC ADMINISTRACAO E INCORPORACAOIMOBILIARIA LTDA, da qual foi sócio-administrador (40% das cotas) até 2009, sendo entãosubstituído no quadro societário por sua outra empresa MENDES PINTOEMPREENDIMENTOS EIRELI, também envolvida no esquema. O restante das cotas sociais(60%) pertence a MARCOS FELIPE MENDES PINTO, também envolvido nos fatos aquitratados.

Esse arsenal de pessoas jurídicas que era controlado por PAULO AFONSOconsiste em coletânea de empresas aparentemente de fachada, como depõe, além dacoincidência de endereços, a ausência de empregados observada em regra, tendo,entretanto, sido constatado fluxo de dinheiro entre elas, mormente a partir das empresasdiretamente utilizadas nos crimes aqui tratados. Essas empresas permanecem ativas.

MARCOS FELIPE MENDES PINTO, além de sócio-administrador da MARCADMINISTRAÇÃO, participa do quadro social de outras 4 pessoas jurídicas, dentre elas aSERRA DO CURRAL PARTICIPAÇÕES412 e a SÃO ROMÃO PARTICIPACOES EEMPREENDIMENTOS413, das quais também são sócios seus irmãos Paulo Henrique DuarteMendes Pinto e Julia Antonia Duarte Mendes Pinto.

Importante destacar a coincidência de endereço declarado pela SERRA DOCURRAL - Av. Augusto de Lima 479 Sala 2409, Belo Horizonte/MG – com o da MENDES

406 PAULO AFONSO detinha ao tempo dos fatos 99,98% das cotas407 PAULO AFONSO detinha ao tempo dos fatos 95% das cotas408 Av. Augusto de Lima 479 Sala 2409, Belo Horizonte/MG409 PAULO AFONSO detinha ao tempo dos fatos 99% das cotas410 Av. Augusto de Lima, 479, Sala 1108, Belo Horizonte/MG, CEP 30190000411 Av. Augusto de Lima, 479, Sala 1105, Belo Horizonte/MG, CEP 30190000412 ANEXO 253413 ANEXO 251

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PINTO EMPREENDIMENTOS414, C M P CONSTRUTORA MENDES PINTO LTDA415, eCONSTRUTORA R PINTO LTDA416.

A SERRA DO CURRAL foi destinatária de transferências de vultosos ativos porparte de PAULO AFONSO, por operações de doações de recursos financeiros e alienação deimóveis, a indicar possível blindagem patrimonial. Nesse sentido, foram identificadas, nasdeclarações de renda de PAULO AFONSO MENDES PINTO, referentes ao período em que sedesenrolaram os fatos apurados nestes autos, três doações para a holding SERRA DOCURRAL PARTICIPACOES417, no valor total de R$ 1.721.549,04. Constam ainda de taisdeclarações informações de transferência de diversos bens imóveis em favor da SERRA DOCURRAL PARTICIPACOES S.A. É o caso de um imóvel residencial situado em bairro nobre doRio de Janeiro/RJ418 (2011) e de outras cinco salas comerciais situadas em BeloHorizonte/MG419 (2014). Há ainda a declarada transferência de imóvel residencial420, situadoem Belo Horizonte/MG, originalmente da CONSTRUTORA R PINTO LTDA421 para PAULOAFONSO (2009) e, posteriormente, de PAULO AFONSO para a SERRA DO CURRALPARTICIPACOES (2012). As operações de transferência dos bens imóveis de PAULO AFONSOMENDES PINTO para a SERRA DO CURRAL PARTICIPAÇÕES alcançam o montantedeclarado de R$ 1.707.000,00.

Afora as operações acima mencionadas realizadas em benefício de empresaSERRA DO CURRAL PARTICIPAÇÕES, demonstra o IPEI nº PR20170001 que PAULOAFONSO contabilizava como direito a receber desde 2011 empréstimos que teriam sidorealizados à holding (R$ 814.245,58422) e aos seus filhos (R$ 1.096.000,00, R$ 650.000,00 e R$650.000,00423).

A quebra de sigilo bancário decretada nos autos 5037370-66.2016.4.04.7000,demonstra, a mais da impressionante movimentação financeira dessa pessoa jurídica, ointenso fluxo de recursos estabelecido entre a SERRA DO CURRAL e outros investigados.Assim, foi detectado, no período da quebra bancária, fluxo financeiro da ordem de R$18.538.414,48, com PAULO AFONSO (R$ 1.720.218,82), com pessoas jurídicas relacionadas

414 Av. Augusto de Lima 479 Sala 2409, Belo Horizonte/MG415 PAULO AFONSO detinha ao tempo dos fatos 99,98% das cotas416 PAULO AFONSO detinha ao tempo dos fatos 95% das cotas417 Que pertence a três filhos de PAULO AFONSO MENDES PINTO: MARCOS FELIPE MENDES PINTO,

PAULO HENRIQUE DUARTE MENDES PINTO e JULIA ANTONIA DUARTE MENDES PINTO.418 Av Visconde de Albuquerque nº 1228, ap. 204 duplex - Leblon - Rio de Janeiro/RJ419 Av Augusto de Lima nº 479, sala 1107 - Centro - Belo Horizonte/MG

Av Augusto de Lima nº 479, sala 1108 - Centro - Belo Horizonte/MG Av Augusto de Lima nº 479, sala 2409 - Centro - Belo Horizonte/MG Av Augusto de Lima nº 479, sala 2105 - Centro - Belo Horizonte/MG Av Augusto de Lima nº 479, sala 2410 - Centro - Belo Horizonte/MG

420 Situado na Rua Palmira nº 77, apt 901, Serra, Belo Horizonte/MG421 Como visto acima, empresa do próprio PAULO AFONSO MENDES PINTO422 Os valores são os que constam da declaração de imposto de renda pessoa física referente ao ano-

calendário de 2015.423 Para PAULO HENRIQUE DUARTE MENDES PINTO, MARCOS FELIPE MENDES PINTO e JULIA

ANTONIA DUARTE MENDES PINTO, respectivamente.

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ao próprio PAULO AFONSO – MENDES PINTO EMPREENDIMENTOS (R$ 1.163.950,00),MENDES PINTO ENGENHARIA (R$ 807.166,02), MARMAN (R$ 162.429,27) –, e a MÁRIOSUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ – JML CORP DESENVOLVIMENTO IMOBILIARIO (R$6.341.358,00), BOLSA IMOBILIARIA BRASILEIRA (R$ 746.401,04), INTERFOOD (R$ 532.234,03),RIO OFFICE PARK 2 (R$ 2.378.082,00), RIO OFFICE PARK 3 (R$ 1.988.307,52) e RIO OFFICEPARK H (R$ 2.698.267,78).

Ainda que examinado apenas o fluxo financeiro da SERRA DO CURRAL paraesse grupo restrito de empresas, resta flagrante a atipicidade da movimentação, mormenteporquanto é a SERRA DO CURRAL sem sede real e sem empregados declarados de 2008 a2015, constando apenas um empregado no ano de 2016.

Mais do que isso, a relação financeira apresentada reproduz, em outro degrau,o já anunciado relacionamento imbricado estabelecido entre PAULO AFONSO e MÁRIOSUAREZ, traduzido, agora, em orquestrada sucessão nos negócios, com assunção deprotagonismo pelos filhos de PAULO AFONSO (especialmente MARCOS FELIPE), de umlado, e o filho de MÁRIO SUAREZ, ALEXANDRE SUAREZ, de outro.

A confirmar o cenário delineado, de reprodução da “parceria” de PAULOAFONSO e MÁRIO SUAREZ na relação entre as empresas de ALEXANDRE SUAREZ eMARCOS FELIPE, consta a mensagem a seguir, extraída dos dados telemáticos deALEXANDRE SUAREZ, sobre o assunto: “Novo desenho: Mar x Serra do Curral424.

424 ANEXO 239

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Ademais, além da MENDES PINTO ENGENHARIA e da TERRA, diretamenteutilizadas nos fatos em exame, ALEXANDRE SUAREZ traz em sua carteira diversas outraspessoas jurídicas, dentre outras: MAR INCORPORAÇÔES EIRELI, CONFIDENCEEMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA (sócio-administrador com 50% e depois 100% dascotas)425, BIBRAS II EMPREENDIMENTOS LTDA (sócio-administrador com 55% das cotas)426,RIO PROPRIEDADES IMOBILIARIAS LTDA (sócio-administrador com 20% das cotas)427. Alémdisso, exerce a administração das pessoas jurídicas JML CORP DESENVOLVIMENTOIMOBILIARIO LTDA428, ALGO S.A.429, ALGO PARTICIPACOES LTDA430, RODAX CONSULTORIATECNICA LTDA431.

Do mesmo modo, MÁRIO SUAREZ é empresário individual432 e, a mais dejá ter figurado no quadro societário da MENDES PINTO ENGENHARIA (antes de sersubstituído por seu filho ALEXANDRE SUAREZ)433, e de figurar como sócio-administrador(50% das cotas) da MARMAN, pessoa jurídica utilizada para o recebimento de vantagensindevidas oriundas da OR, possui vínculos diretos, ao tempo dos fatos, com númerosignificativo de outras empresas: POPCORN SERVICOS ADMINISTRATIVOS LTDA434,INTERFOOD SERVICOS ADMINISTRATIVOS LTDA435, SUAREZ HABITACIONAL LTDA436,CONSTRUTORA AKYO LTDA (37,32% das cotas)437, EMBRAIM EMPRESA BRASILEIRA DEADMINISTRACAO DE IMOVEIS LTDA (100% das cotas)438, e LOJAO DAS PEDRAS COMERCIODE MARMORES E PEDRAS LTDA439. Consta ainda como sócio das empresas SUAREZ

425 ANEXO 178426 ANEXO 180427 ANEXO 181428 ANEXO 190429 ANEXO 184430 ANEXO 185431 ANEXO 186432 ANEXO 194433 ANEXO 192434 ANEXO 198 – 0,9% das cotas, sendo que os restantes 99,10% pertencem à offshore TELFORD

ENTERPRISES INC, também vinculada a MARIO SEABRA SUAREZ. Já participaram do quadrosocietário a RODAX (empresa administrada por ALEXANDRE ANDRADE SUAREZ) e a própriaMARMAN, empresea em que figuravam como sócios PAULO AFONSO MENDES PINTO e MARIOSEABRA SUAREZ.

435 ANEXO 199 – 0,9% das cotas, sendo os restantes 99,10% pertencentes à offshore TELFORDENTERPRISES INC, também vinculada a MARIO SEABRA SUAREZ Já participaram do quadrosocietário a EMBRAIM e a MENDES PINTO ENGENHARIA, outras empresas de MARIO SEABRASUAREZ, já acima mencionadas.

436 Da qual detém 0,01% das cotas, sendo que 99,98% restantes pertencem à offshore TELFORDENTERPRISES INC, também vinculada a MARIO SEABRA SUAREZ (ANEXO 203).

437 ANEXO 195438 ANEXO 197 – MARIO SEABRA SUAREZ sucedeu as sócias anteriores, dentre elas a RODAX

(empresa administrada por ALEXANDRE ANDRADE SUAREZ).439 ANEXO 200 – (0,25%, sendo que os restantes 99% das cotas pertencem à SUAREZ

INCORPORAÇÕES LTDA, outra das empresas de MARIO SEABRA SUAREZ)

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INCORPORACOES LTDA (sócio com 41% das cotas)440. MÁRIO SUAREZ figura ainda comoresponsável perante o Ministério da Fazenda pela offshore TELFORD ENTERPRISES INC441.

De ver que a POPCORN e a INTERFOOD ostentam o mesmo endereço (Av.Santos Dumont, km 02, Shopping Ponto Verde 2774, Loja 21, Lauro de Freitas/BA). Da mesmaforma, no mesmo exato endereço em que está sediada a empresa MARMAN (Av. TancredoNeves, 1283, Edif. Empresarial Ômega, Sala 902, Salvador/BA), de PAULO AFONSO e MÁRIOSUAREZ, têm sede as pessoas jurídicas SUAREZ INCORPORACOES, SUAREZ HABITACIONAL,CONSTRUTORA AKYO442, EMBRAIM, além da empresa RODAX, esta administrada porALEXANDRE SUAREZ.

Apresentam também coincidência de endereço, no já referido CentroComercial Riverside, na Estrada do Coco (Av. Santos Dumont 8424, Lauro de Freitas/BA), asempresas ALGO S.A (Loja 03), ALGO PARTICIPAÇÕES LTDA (Loja 08), LOJAO DAS PEDRASCOMERCIO DE MARMORES E PEDRAS LTDA (Loja 01). No mesmo centro comercial consta odeclarado endereço de MÁRIO SUAREZ como empresário individual (Loja 04). Consta aindacoincidência exata entre os endereços declarados (Rua Santa Rita de Cassia, 127) pelaSUAREZ EMPREENDIMENTOS TURISTICOS LTDA e pela FUNDACAO MANUEL SUAREZMEIJON, da qual MÁRIO SUAREZ é presidente.

Declaram sede no edifício localizado na Avenida Centenário, 2411,Salvador/BA, em salas contíguas, as pessoas jurídicas MAR INCORPORACOES EIRELI, BIBRAS IIEMPREENDIMENTOS LTDA (ambas na sala 205), RIO PROPRIEDADES IMOBILIÁRIAS LTDA,CONFIDENCE EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA (ambas na sala 206) e BOLSAIMOBILIARIA BRASILEIRA LTDA (Sala 207 A).

Destacando a inter-relação entre as pessoas jurídicas controladas pelosinvestigados, a JML CORP DESENVOLVIMENTO IMOBILIARIO tem o seu quadro societáriointegrado pela MAR INCORPORAÇÕES (75% das cotas) e a SERRA DO CURRAL (25% dascotas), esta pertencente a MARCOS FELIPE e outros dois filhos de PAULO AFONSO.

A MAR INCORPORAÇÕES, além da JML CORP, é sócia da RIOPROPRIEDADES, da BIBRAS II, e da BOLSA IMOBILIARIA BRASILEIRA443.

A ALGO S.A é controlada pela acionista ALGO PARTICIPAÇÕES, reiterando-se que ambas são administradas por ALEXANDRE SUAREZ, ostentando ademais o mesmoendereço. De notar que a ALGO PARTICIPAÇÕES tinha a integralidade de suas cotaspertencentes à offshore GRAYSTONE HOLDING CORP, cujo responsável, perante o Ministérioda Fazenda, era o próprio ALEXANDRE SUAREZ. Sintomaticamente, GRAYSTONE HOLDINGSCORP encerrou atividades em 30/05/2017, 5 dias após o óbito de PAULO AFONSO444.

440 ANEXO 204 – A FUNDAÇÃO MANUEL SUAREZ MEIJO, em que MARIO SEABRA SUAREZ figuracomo presidente, tem também 4,90% de participação social na SUAREZ INCORPORAÇÕES.

441 CNPJ 05.864.395/0001-94 (ANEXO 203).442 Empresa titular do apartamento no edifício Torre Osaka, utilizado para recebimentos em espécie,

como acima referido.443 ANEXO 191444 Ocorrido em 25.05.2017, cf. certidão de óbito (ANEXO 207)

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A TELFORD ENTERPRISES, offshore representada por MARIO SUAREZ, ésócia da SUAREZ HABITACIONAL (99,98%), POPCORN (99,10%) e INTERFOOD (99,10%).

A RODAX (administrada por ALEXANDRE SUAREZ) já foi sócia daPOPCORN. A EMBRAIM e a MENDES PINTO ENGENHARIA (de PAULO AFONSO e MÁRIOSUAREZ) já foram sócias da INTERFOOD. A RODAX e a MENDES PINTO ENGENHARIA jáforam sócias da EMBRAIM (de MÁRIO SUAREZ). SUAREZ INCORPORAÇÕES é sócia daLOJAO DAS PEDRAS445. A FUNDAÇÃO MANUEL SUAREZ MEIJON é sócia da SUAREZINCORPORAÇÕES e ostenta o mesmo endereço.

Ainda a demonstrar a existência meramente aparente do extenso aparatoempresarial controlado por MÁRIO SUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ, constata-se, emconsulta ao banco de dados do Ministério do Trabalho, que, entre 2008 e 2016, as empresasLOJAO DAS PEDRAS, SUAREZ HABITACIONAL, SUAREZ INCORPORACOES, SUAREZEMPREENDIMENTOS TURISTICOS, EMBRAIM e FUNDACAO MANUEL SUAREZ MEIJON,DEPOSITO DE ARTES, CONFIDENCE, BIBRAS II, RIO PROPRIEDADES IMOBILIARIAS, ALGO S.A.,ALGO PARTICIPACOES, RODAX, JML CORP e BOLSA IMOBILIÁRIA BRASILEIRA, nada obstantea natureza de suas atividades empresariais, não possuíam nenhum empregado declaradona Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Em sentido semelhante, a INTERFOOD,apesar de ter declarado 2 funcionários nos anos de 2009 e 2010, em todos os anossubsequentes não declarou nenhum funcionário. De destacar, ainda, a CONSTRUTORAAKYO declarava duas empregadas, montante manifestamente incompatível com a atividadeempresarial anunciada446.

Em síntese, a análise das empresas de ALEXANDRE SUAREZ e MÁRIOSUAREZ evidencia um emaranhado de pessoas jurídicas profundamente inter-relacionadas,sucedendo-se umas nos quadros societários das outras, muitas apresentando o mesmoendereço, a maioria sem nenhum empregado declarado – ainda que os objetos sociaissugerissem largo uso de mão de obra.

Ademais, PAULO AFONSO, MÁRIO SUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ, a maisdo emprego direto de pessoas jurídicas para a consecução dos crimes447, exploravamlargamente as estruturas do novelo de pessoas jurídicas apresentado e mesmo bens por elastitularizados para suas práticas escusas, como apontam, por exemplo, o uso do apartamentono Ed. Torre Osaka, de titularidade da CONSTRUTORA AKYO, para o recebimento devantagens indevidas em espécie, e o uso de ramais telefônicos titularizados, dentre outrasempresas, pela CONSTRUTORA R PINTO e MARC ADMINISTRAÇÃO por PAULO AFONSO,POPCORN e INTERFOOD, por MÁRIO SUAREZ, MAR INCORPORAÇÕES, por ALEXANDRESUAREZ.

Desse modo, as buscas devem alcançar os endereços comerciais de PAULOAFONSO, MARIO SUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ, sedes e escritórios das pessoas jurídicasa seguir listadas, integrantes dessa intrincada rede empresarial, haja vista que o material a ser

445 ANEXO 200 – Restantes 99% das cotas pertencem à SUAREZ INCORPORAÇÕES LTDA, outra dasempresas de MARIO SEABRA SUAREZ, acima mencionada.

446 ANEXO 205447 v.g. MENDES PINTO ENGENHARIA, MARMAN, TERRA, MENDES PINTO EMPREENDIMENTOS

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arrecadado no interesse da presente investigação toca a todas elas, conforme apontam ofluxo financeiro e a profunda inter-relação entre as pessoas jurídicas, muitas, aparentemente,meramente de fachada.

Da mesma maneira, imperioso sejam efetivadas buscas nas pessoasjurídicas de RODRIGO BARRETTO448, que participa da D C B - DISTRIBUIDORA DE CIMENTOLTDA (sócio-administrador com 10% das cotas) e da W3 – ENGENHEIROS ASSOCIADOSSOCIEDADE SIMPLES (50% das cotas).

Nos moldes em que agiam PAULO AFONSO, MÁRIO SUAREZ eALEXANDRE SUAREZ, também RODRIGO BARRETTO utilizava a estrutura da pessoajurídica D C B, relativamente à qual exercia poderes de administração, para a consecução desuas atividades ilícitas, de modo a dificultar o rastreio, por exemplo, de seus contatostelefônicos. Assim, observou-se que durante todo o período dos fatos, RODRIGO BARRETTOnão utilizava número telefônico próprio, mas sim terminal registrado em nome da empresa DC B (71 91354642).

Do mesmo modo, análise dos dados bancários evidenciam que a W3, aomesmo tempo em que figurou como origem de R$ 714.581,48 creditados nas contasbancárias de RODRIGO BARRETTO, recebeu vultosos recursos (R$ 748.918,00) das empresasinvestigadas CHIBASA e MENDES PINTO EMPREENDIMENTOS.

A mais de sua destacada participação nos crimes objeto da presenteapuração, saltam flagrantes indícios de utilização por RODRIGO BARRETTO das pessoasjurídicas por ele controladas e a consequente pertinência das medidas de busca em todos osseus endereços comerciais.

Ainda nessa linha, VALDEMIR GARRETA449 controla atualmente seispessoas jurídicas, sendo que cinco delas declaram à Receita Federal sede no mesmo exatoendereço (Rua Pedroso Alvarenga, 584, 3 andar, São Paulo/SP): FX COMUNICACAO GLOBALLTDA, VG MARKETING ELEITORAL LTDA, FG MARKETING ELEITORAL SPE LTDA eCOMUNICACAO MAIS CONSULTORIA E ASSESSORIA LTDA, GG PRODUCAOCINEMATOGRAFICA E LOCACAO DE EQUIPAMENTOS LTDA. Além dessas, participa dasociedade RENTAL LOCACAO DE BENS MOVEIS LTDA, com sede Av. Moema, 94 Conjunto 13,Edificio Cedro, São Paulo/SP.

WILLIAM ALI CHAIM possui endereço comercial na sede da pessoajurídica CARYSPARTHE IMOVEIS MOEMA LTDA (Av. Agami 247, São Paulo/SP), da qual é sócioadministrador e detém 50% das cotas450.

CARLOS FERNANDO COSTA possui ainda endereços comerciais nas sedesdas empresas COSTA & SANTIAGO CONSULTORIA LTDA (sócio-administrador com 99% das

448 ANEXOS 306 A 307449 ANEXOS 296 A 301 450 ANEXO 302

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cotas) e COSTA & OLIVEIRA PARTICIPACOES LTDA (sócio-administrador com 50% dascotas)451.

Ante todo o exposto, requer-se seja a medida de busca e apreensãocumprida nos seguintes endereços residenciais e comerciais abaixo listados:

ENDEREÇOS RESIDENCIAIS

Além disso, tendo em conta o quanto acima deduzido, as buscas devemalcançar os endereços residenciais utilizados por PAULO AFONSO MENDES PINTO aotempo dos fatos.

451 ANEXOS 288 E 289

228

ARMANDO RAMOS TRIPODI AV. ORLANDO GOMES, 1080, QD 09, LOTE 17 SALVADOR BACARLOS ALBERTO RIBEIRO DE FIGUEIREDO AL PRAIA DE TRAMANDAI,412,CASA 1 SALVADOR BAGILSON ALVES DE SOUZA R HILTON RODRIGUES ED PORTO DAS VELAS,300,AP 1301 SALVADOR BAANTONIO SERGIO OLIVEIRA SANTANA R DO JABORANDI,114,APTO 602 SALVADOR BAWAGNER PINHEIRO DE OLIVEIRA R VINICIUS DE MORAES,239,APTO 301 RIO DE JANEIRO RJCARLOS FERNANDO COSTA R JOAO FERNANDES,86,APTO 111 SANTO ANDRE SPLUIS CARLOS FERNANDES AFONSO R LISBOA,193, RESIDENCIAL ESTANCIA EUDOXIA CAMPINAS SP

NEWTON CARNEIRO DA CUNHAAV LUCIO COSTA,6900,APTO 316 BLOCO 1 RIO DE JANEIRO RJALAMEDA PINOT, 587 (Condomínio Villa Solaia Residencial) BARUERI SP

ALEXANDRE ANDRADE SUAREZAV SETE DE SETEMBRO,2252,APTO 2701 SALVADOR BAR VIRGILIO VARZEA 147 São Paulo SP

MARIO SEABRA SUAREZR DA GRACA, 341, AP 1702 SALVADOR BAAV. SETE DE SETEMBRO, 2224, AP 1901 SALVADOR BA

MARCOS FELIPE MENDES PINTO AV DOUTOR MARCO PAULO SIMON JARDIM,857,APTO 1602 NOVA LIMA MGIRANI ROSSINI DE SOUZA R ARTUR GOMES DE CARVALHO, 661, APTO 701 SALVADOR BARODRIGO DE ARAUJO SILVA BARRETTO R DAS DALIAS, 42, APTO 402 SALVADOR BAJAILTON SANTOS DE ANDRADE LOT RUA DE MONZA, 06, CASA SALVADOR BAMARTHA ARAUJO DE MOURA FRANÇA R. JOÃO DA SILVA CAMPOS, 525 SALVADOR BAJOSE NOGUEIRA FILHO R MANOEL GOMES DE MENDONCA,93,APT 902 SALVADOR BACESAR DE ARAUJO MATA PIRES FILHO AL JOAQUIM EUGENIO DE LIMA,1600,APTO 141 SAO PAULO SPMANUEL RIBEIRO FILHO R DA GRACA, 411, APTO 1501 SALVADOR BAELMAR JUAN PASSOS VARJAO BOMFIM CND RUA PAJUCARA RES ITAPUA COD ALPHAVIL,689,CASA SALVADOR BA

ANDRE LUIZ BASTOS PETITINGA CND RUA JOAO M DE OLIVEIRA LOTE 65,5, COND GARDEN VILLE LAURO DE FREITAS BA

DAVID ARAZIAV NIEMEYER, 550 RIO DE JANEIRO RJAv. EPITÁCIO PESSOA, 3490, BL1, Apto 903 RIO DE JANEIRO RJ

MARCIA MILEGUIR AV NIEMEYER,550, casa 2 RIO DE JANEIRO RJVALDEMIR FLAVIO PEREIRA GARRETA R FRANÇA, 83 SAO PAULO SPWILLIAM ALI CHAIM R BURITIS, 925, AP 1013 SAO PAULO SPMARICE CORREA DE LIMA R PAIM, 420, AP 175 SAO PAULO SP

EST JERONIMO FERREIRA ALVES,2600,RUA K, lote 88 ITAIPAVA RJRUA ARTHUR ARARIPE 53, AP 501 RIO DE JANEIRO RJRUA PALMIRA 77, AP 901 BELO HORIZONTE MG

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Força-Tarefa

ENDEREÇOS COMERCIAIS

Ademais, apurou-se que o endereço declarado referente às empresasabaixo consiste em escritório virtual. Nesses termos, requer o Ministério Público Federal sejatambém decretada cautelar de busca e apreensão, para que a Polícia Federal efetuediligência de constatação no local e, eventualmente, arrecade dados e documentosreferentes aos investigados e às pessoas jurídicas por eles controladas:

229

EMPRESA ENDEREÇO COMERCIAL CIDADE UF

SERRA DO CURRAL PARTICIPAÇÕES

AV. AUGUSTO DE LIMA, 479 – SALA 2409

BELO HORIZONTE MG

MENDES PINTO EMPREENDIMENTOSC M P CONSTRUTORA MENDES PINTOCONSTRUTORA R PINTO LTDAM&M PARTICIPACOES AV. AUGUSTO DE LIMA, 479 – SALA 1105TERRA CONSULTORIA TECNICA AV. AUGUSTO DE LIMA, 479 – SALA 1106MENDES PINTO ENGENHARIA

AV. AUGUSTO DE LIMA, 479 – SALA 1108PMP CONSULTORIAMARC ADMINISTRACAO E INCORPORACAO IMOBILIARIA RUA ACACIAS, 1338 – SALA 604 NOVA LIMA MGSAO ROMAO PARTICIPACOES E EMPREENDIMENTOS RUA TURIBATE, 111 – SALA 01 BELO HORIZONTE MGCHIBASA PROJETOS DE ENGENHARIA LTDA RUA PERNAMBUCO, 153 ED. ESPLANADA – SALA 515 SALVADOR BAPOPCORN SERVICOS ADMINISTRATIVOS LTDA

LAURO DE FREITAS BAINTERFOOD SERVICOS ADMINISTRATIVOS LTDABOLSA IMOBILIARIA BRASILEIRA LTDA AV. CENTENARIO, 2411 --SALA 207

SALVADOR BAMAR INCORPORACOES EIRELI

AV. CENTENARIO, 2411 – SALA 205BIBRAS II EMPREENDIMENTOS LTDACONFIDENCE EMPREENDIMENTOS

AV. CENTENARIO, 2411 – SALA 206

RIO PROPRIEDADES IMOBILIÁRIAS LTDAAV. LUÍS VIANA, Nº 13.223, HANGAR BUSINESS TORRE 3 – 814. SALVADOR BA

ALGO S.A AV. SANTOS DUMONT, 8424 – LOJA 08

LAURO DE FREITAS BAALGO PARTICIPACOES LTDA AV. SANTOS DUMONT, 8424 – LOJA 03MARIO SEABRA SUAREZ EPP AV. SANTOS DUMONT, 8424 -- LOJA 04

LOJAO DAS PEDRAS COM. DE MARMORES E PEDRAS AV. SANTOS DUMONT, 8424 – LOJA 01JML CORP DESENVOLVIMENTO IMOBILIARIO AV. DR. CARDOSO DE MELO, 1.340 – 6 ANDAR, CONJ. 61 SAO PAULO SPW3 - ENGENHEIROS ASSOCIADOS SOCIEDADE SIMPLES R. TORQUATO BAHIA, 04 – SALA 104 SALVADOR BAD C B - DISTRIBUIDORA DE CIMENTO LTDA V DICA ANEL III S/N QUADRA10 LOTE 04 SIMOES FILHO BAFX COMUNICACAO GLOBAL LTDA.

R PEDROSO ALVARENGA 584 ANDAR 3 SAO PAULO SP

VG MARKETING ELEITORAL LTDAFG MARKETING ELEITORAL SPE LTDACOMUNICACAO MAIS CONSULTORIA E ASSESSORIA LTDA

RENTAL LOCACAO DE BENS MOVEIS LTDA AV MOEMA 94 CONJUNTO 13 EDIFICIO CEDRO SAO PAULO SPCARYSPARTHE IMOVEIS MOEMA LTDA AV. AGAMI, 247 SAO PAULO SPCOSTA & OLIVEIRA PARTICIPACOES LTDA. R. DONA ELISA FLAQUER, 70 – SALA 146

SANTO ANDRÉ SPCOSTA & SANTIAGO CONSULTORIA LTDA. R. DONA ELISA FLAQUER, 70 – SALA 148

AV SANTOS DUMONT, 2774, KM 02, SHOPPING PONTO VERDE-- LOJA 21

GG PRODUCAO CINEMATOGRAFICA E LOCACAO DE EQUIPAMENTOS LTD

EMPRESA ENDEREÇO COMERCIAL CIDADE UFMARMAN CONSULTORIA TECNICA LTDA

SALVADOR BA

RODAX CONSULTORIA TECNICA LTDASUAREZ HABITACIONAL LTDACONSTRUTORA AKYO LTDA

SUAREZ INCORPORACOES LTDA

AV AVENIDA TANCREDO NEVES 1283 EDIF OMEGASALA 902EMBRAIM EMPRESA BRASILEIRA DE ADMINISTRACAO DE

IMOVEIS LTDA

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Força-Tarefa

Considerando-se ser comum que empresas e pessoas envolvidas emoperações de lavagem de dinheiro mantenham salas e espaços à parte de seus endereçosoficiais, justamente para esconder numerário (salas-cofre) ou documentos relacionados àprática de crimes, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer autorização para que a autoridadepolicial realize as buscas e apreensões em quaisquer unidades do mesmo edifício que sejamidentificadas como de utilização das empresas/pessoas acima listadas e que possam ser deinteresse da investigação e, no caso de imóveis de rua, em salas e imóveis adjacentes quandoutilizados pela mesma pessoa ou empresa.

Requer o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, ainda, que, após a apreciação dospedidos ora formulados, abra-se vista dos autos à Polícia Federal, de forma sigilosa, a fim deque, antes do cumprimento dos mandados de busca e apreensão, sejam efetuadas asdiligências policiais cabíveis – inclusive levantamentos de campo – para a ratificação ouretificação dos endereços supramencionados.

III.4. BLOQUEIO DE ATIVOS

Ainda, em decorrência dos fatos acima narrados, requer-se seja decretado obloqueio de ativos dos investigados, nos termos do artigo 4º, caput, da Lei nº 9.613/98, coma redação dada pela Lei nº 12.683/12, e artigo 125 e seguintes do Código de Processo Penal,em vista das suas participações individuais nos fatos sob apuração.

De início, é possível identificar que as empreiteiras OR e OAS distribuíramvantagens indevidas de, ao menos, R$ 68.295.866,00, tratando-se de valor apurado demaneira provisória, com base nos elementos colhidos até o presente momento. Confira-se:

230

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Força-Tarefa

VANTAGENS INDEVIDAS DISTRIBUÍDAS PELA OAS

Pagamentos feitos em espécie para PAULOAFONSO MENDES PINTO, MÁRIO SEABRASUAREZ e ALEXANDRE ANDRADE SUAREZ.

R$ 1.600.000,00 (2011)

R$ 3.810.000,00 (2012)

R$ 7.800.000,00 (2013)

R$ 17.667.875,00

Pagamentos feitos por meio de contrato fictíciocom a empresa MENDES PINTOEMPREENDIMENTOS LTDA.

R$ 4.457.875,00

Pagamentos feitos para o PARTIDO DOSTRABALHADORES por meio de doações oficiaisao seu Diretório Nacional.

R$ 1.720.000,00

R$ 2.820.000,00Pagamentos feitos ao PARTIDO DOSTRABALHADORES por meio de entregas emespécie para MARICE CORRÊA DE LIMA.

R$ 1.100.000,00

Pagamentos feitos para RENATO DUQUE pormeio de contrato fictícios com a empresaD3TM.

R$ 1.501.600,00 R$ 1.501.600,00

Pagamentos feitos para LUÍS CARLOS AFONSOFERNANDES, por meio de entregas em espéciea WILLIAM CHAIM, preposto de VALDEMIRGARRETA.

R$ 1.000.000,00 (2011)

R$ 1.907.560,00(2013)

R$ 6.528.220,00Pagamentos feitos para LUÍS CARLOS AFONSOFERNANDES, por meio de transferências para aoffshore ODE INVESTMENT GROUP,operacionalizadas por VALDEMIR GARRETA.

US$ 1.852.000,00(equivalente a

R$ 3.620.660,00)

Pagamento operacionalizado por CELSO FILHO,por meio da offshore BYNKELOR

R$ 400.000,00 R$ 400.000,00

TOTAL OAS R$ 28.917.695,00

231

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Força-Tarefa

VANTAGENS INDEVIDAS DISTRIBUÍDAS PELA OR

Pagamentos feitos por meio de contratosfictícios com a empresa MARMANCONSULTORIA TÉCNICA LTDA.

R$ 6.916.283,93

R$ 30.047.171,00Pagamentos feitos por meio de contratosfictícios com a empresa TERRA CONSULTORIATÉCNICA LTDA.

R$ 23.130.888,10

Pagamentos feitos para o PARTIDO DOSTRABALHADORES, em espécie. R$ 973.000,00 R$ 973.000,00

Pagamentos feitos para RENATO DUQUE pormeio de transferências para a offshoreBROOKLET.

R$ 6.600.000,00 R$ 6.600.000,00

Pagamentos feitos a pessoa identificada pelocodinome "PELÔ"

R$ 1.504.000,00

R$ 1.758.000,00 Pagamentos feitos a pessoa identificada pelocodinome "ABELHA" R$ 254.000,00

TOTAL OR R$ 39.378.171,00

Além disso, é necessário levar em consideração também os valores doscontratos da PETROS com a gerenciadora MENDES PINTO ENGENHARIA e com a projetistaCHIBASA, nos importes respectivos de R$ 69.953.745,21 e R$ 14.289.508,06 (em valorescorrigidos até julho de 2016), porquanto ambas as empresas foram contratadas emprocedimentos viciados, não para cumprir com o objeto de suas contratações, masprecipuamente buscando viabilizar as práticas delitivas.

Isto posto, o patrimônio dos funcionários da PETROBRAS, dos dirigentes daPETROS e dos integrantes do núcleo da gerenciadora MENDES PINTO, assim como das suasempresas, deve ser bloqueado em montante equivalente à soma dos contratos celebradospela PETROS com a MENDES PINTO ENGENHARIA e a CHIBASA, mais as vantagens indevidasidentificadas até o presente momento, considerando que a sua atuação foi imprescindívelpara a empreitada criminosa em todos os seus aspectos, viabilizando os atos de gestãofraudulenta da PETROS, a corrupção de funcionários públicos e a distribuição de todas asvantagens indevidas.

232

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Força-Tarefa

Assim sendo, requer-se sejam bloqueados ativos de ARMANDO TRIPODI,ANTÔNIO SÉRGIO OLIVEIRA SANTANA, GILSON ALVES DE SOUZA, CARLOS ALBERTOFIGUEIREDO, WAGNER PINHEIRO, NEWTON CARNEIRO, LUÍS CARLOS FERNANDESAFONSO, CARLOS FERNANDO COSTA, MÁRIO SEABRA SUAREZ, ALEXANDRE ANDRADESUAREZ, MARCOS FELIPE MENDES PINTO, RODRIGO DE ARAÚJO SILVA BARRETTO eIRANI ROSSINI DE SOUZA, e as empresas por eles controladas, no importe de R$152.539.119,27, equivalente à soma (i) dos valores até o momento identificados devantagens indevidas distribuídas pelas empreiteiras OAS e OR (R$ 68.295.866,00, em valoreshistóricos), (ii) do valor do contrato da PETROS com a gerenciadora MENDES PINTOENGENHARIA (R$ 69.953.745,21, em valores corrigidos até julho de 2016452) e (iii) do valordo contrato da PETROS com a projetista CHIBASA (R$ 14.289.508,06, em valores corrigidosaté julho de 2016453).

Relativamente a MÁRIO SUAREZ e ALEXANDRE SUAREZ, requer-se que obloqueio também recaia sobre o patrimônio das empresas TERRA CONSULTORIA TÉCNICA,MARMAN CONSULTORIA TÉCNICA LTDA., MAR INCORPORAÇÕES EIRELI, MÁRIOSEABRA SUAREZ EPP, POPCORN SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS LTDA., INTERFOODSERVIÇOS ADMINISTRATIVOS LTDA., BOLSA IMOBILIÁRIA BRASILEIRA LTDA., BIBRAS IIEMPREENDIMENTOS, RIO PROPRIEDADES IMOBILIÁRIAS LTDA., ALGO S.A., ALGOPARTICIPAÇÕES LTDA., JML CORP DESENVOLVIMENTO IMOBILIÁRIO, CONSTRUTORAAKYO LTDA., EMBRAIM EMPRESA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO DE IMÓVEIS LTDA.,RODAX CONSULTORIA TÉCNICA LTDA., LOJÃO DAS PEDRAS COMÉRCIO DE MÁRMORESE PEDRAS, SUAREZ HABITACIONAL LTDA., SUAREZ INCORPORAÇÕES e CONFIDENCEEMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA..

Ademais, a despeito do falecimento de PAULO AFONSO MENDES PINTO,o bloqueio deve atingir o patrimônio das empresas que controlava, considerado orelacionamento financeiro entre as empresas, envolvendo recursos ilicitamente recebidos,bem como os narrados movimentos de blindagem patrimonial em benefício de MARCOSFELIPE MENDES PINTO e demais herdeiros. Assim sendo requer-se que o bloqueio recaiasobre o patrimônio de MENDES PINTO ENGENHARIA, MENDES PINTOEMPREENDIMENTOS, CONSTRUTORA R PINTO LTDA., CMP CONSTRUTORA MENDESPINTO, PMP CONSULTORIA, M&M PARTICIPAÇÕES, MARC ADMINISTRAÇÃO EINCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA, SERRA DO CURRAL PARTICIPAÇÕES e SÃO ROMÃOPARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS.

Relativamente a IRANI ROSSINI e RODRIGO BARRETTO, requer-se que obloqueio também recaia sobre as pessoas jurídicas CHIBASA PROJETOS DE ENGENHARIALTDA., W3 – ENGENHEIROS ASSOCIADOS SOCIEDADE SIMPLES e DCB –DISTRIBUIDORA DE CIMENTO LTDA.

452 ANEXO 15453 ANEXO 15

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Força-Tarefa

Relativamente a CARLOS FERNANDO COSTA, o bloqueio deve recairtambém sobre as empresas COSTA & SANTIAGO CONSULTORIA LTDA. e COSTA &OLIVEIRA PARTICIPAÇÕES LTDA.

O patrimônio dos demais investigados CÉSAR DE ARAÚJO MATA PIRESFILHO, MANUEL RIBEIRO FILHO, ELMAR JUAN PASSOS, JOSÉ NOGUEIRA FILHO, ANDRÉPETITINGA, MARCOS FELIPE MENDES PINTO, MARICE CORREA LIMA, VALDEMIRFLÁVIO GARRETA, WILLIAM ALI CHAIM, DAVID ARAZI e MÁRCIA MILEGUIR deve serbloqueado considerando suas participações na distribuição/recebimento de vantagensindevidas.

Em relação a CÉSAR DE ARAÚJO MATA PIRES FILHO, MANUEL RIBEIROFILHO, ELMAR JUAN PASSOS, JOSÉ NOGUEIRA FILHO e ANDRÉ PETITINGA, o bloqueiodeve atingir o seu patrimônio no equivalente ao importe de R$ 28.917.695,00 (valoreshistóricos).

MARICE CORREA LIMA operacionalizou R$ 2.820.000,00 (valoreshistóricos) de vantagens indevidas pagas pela OAS em favor do Partido dos Trabalhadores,identificadas até o momento, importe este que deve ser considerado para fins de bloqueioem relação a ela.

VALDEMIR GARRETA operacionalizou R$ 6.528.220,00 de vantagensindevidas pagas pela OAS em favor de LUÍS CARLOS AFONSO FERNANDES, mais R$973.000,00 de vantagens indevidas pagas pela OR em favor do Partido dos Trabalhadores,totalizando o importe de R$ 7.501.000,00 (valores históricos), conforme identificado até omomento, que deve ser considerado para fins de bloqueio em relação a ele e suas empresasFX COMUNICAÇÃO GLOBAL LTDA., VG MARKETING ELEITORAL LTDA., FG MARKETINGELEITORAL SPE LTDA., COMUNICAÇÃO MAIS CONSULTORIA E ASSESSORIA LTDA., GGPRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA E LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTOS LTDA., RENTALLOCAÇÃO DE BENS MÓVEIS LTDA.

Das vantagens indevidas operacionalizadas por VALDEMIR GARRETA emfavor de LUÍS CARLOS, o importe de R$ 2.807.560,00 (valores históricos) foi repassado pelaOAS em espécie, com a intermediação de WILLIAM ALI CHAIM, como identificado até opresente momento, que deve ser considerado para fins de bloqueio em relação a ele e suaempresa CARYSPARTHE IMÓVEIS MOEMA LTDA.

DAVID ARAZI viabilizou, com o auxílio de MÁRCIA MILEGUIR, opagamento de R$ 6.600.000,00 (valores históricos) de propina em favor de RENATODUQUE, como identificado até o presente momento, por terem providenciado adisponibilização da conta da offshore BROOKLET, para a qual os valores ilícitos foramtransferidos em favor do Diretor de Serviços da PETROBRAS, de modo que em relação eles obloqueio deve atingir esse importe.

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Força-Tarefa

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ressalta que todos os valores acimaindicados podem ser readequados em vista da oportuna correção monetária e também daidentificação do pagamento de outras vantagens indevidas.

Para tanto, o bloqueio cautelar deve abranger todas as espécies de ativosintegrantes do patrimônio das pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema delitivo,como ativos financeiros, participações societárias, imóveis e veículos, entre outros.

Destacadamente, quanto aos ativos financeiros, requer-se seja efetivado obloqueio cautelar sobre quaisquer outros bens ou valores sob guarda, depósito ouadministração da instituição financeira, tais como ações, participações em fundos de ações,letras hipotecárias ou quaisquer outros fundos de investimento, assim como PGBL – PlanoGerador de Benefício Livre, VGBL – Vida Gerador de Benefício Livre e Fundos de PrevidênciaFechado, não se limitando àquelas albergadas no sistema BacenJud 2.0, tais comoinstituições financeiras que administrem fundos de investimento, inclusive das que detenha aadministração, participação ou controle, as cooperativas de crédito, corretoras de câmbio, ascorretoras e distribuidoras de títulos imobiliários.

Por derradeiro, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer a manutenção dosigilo da presente medida e dos procedimentos conexos, inclusive após a sua efetivação, demodo a otimizar a obtenção dos dados pretendidos frente ao risco de supressão deevidências.

Curitiba, 15 de outubro 2018.

Deltan Martinazzo DallagnolProcurador da República

Antonio Carlos WelterProcurador Regional da República

Januário PaludoProcurador Regional da República

Isabel Cristina Groba VieiraProcuradora Regional da República

Orlando MartelloProcurador Regional da República

Laura Gonçalves TesslerProcuradora da República

Paulo GalvãoProcurador da República

Roberson Henrique PozzobonProcurador da República

Julio Carlos Motta NoronhaProcurador da República

Jerusa Burmann VieciliProcuradora da República

Athayde Ribeiro CostaProcurador da República

Diogo Castor de MattosProcurador da República

Felipe D'Elia CamargoProcurador da República

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