pág. 10 19 pág. 21 jesuÍtas brasil em · toria jubileus, informamos que o padre plutarco de...

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Em EDIçãO 32 ANO 4 MARçO 2017 INFORMATIVO DOS JESUíTAS DO BRASIL PAPA PEDE ACOLHIMENTO DE MIGRANTES pág. 10 EDUCAçÃO SUPERIOR: TRABALHO EM REDE pág. 19 ALIANçA DO PAM SJ E UNIVERSIDADES JESUÍTAS pág. 21 especial pág. 12 MISSãO DE Fé E CULTURA Abertos ao diálogo, os jesuítas têm vivenciado a riqueza dessa experiência evangelizadora

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  • JESUTAS BRASIL

    Em edio 32ANO 4mArO 2017InformatIvo dosJesutas do BrasIl

    PAPA PEDE ACOLHImENTODE mIGrANTES

    pg. 10

    EDUCAO SUPErIOr: TrABALHO Em rEDE

    pg. 19

    ALIANA DO PAm SJ E UNIVErSIDADES JESUTAS

    pg. 21

    especial pg. 12

    Misso de f e cultura Abertos ao dilogo, os jesutas tm vivenciado a riqueza

    dessa experincia evangelizadora

  • 4 5Em Em

    suMrio edio 32 | ANO 4 | mArO 2017

    edItorIal F e Cultura, coisas inseparveis

    Pe. Alexandre Raimundo de Souza, SJ

    CalendrIo lItrgICo

    entrevIsta PeregrInos em mIsso Servir a Cristo na Companhia

    Pe. Odair Jos Durau, SJ

    o mInIstrIo de unIdadena IgreJa santa s Papa crtica demagogia populista e

    pede acolhimento de migrantes

    O dilogo o antdoto para a violncia, afirma Francisco

    Itinerrio de turismo jesutico

    esPeCIal F e Cultura, um dilogo essencial

    mundo CrIa Despedida do Pe. Adolfo Nicols Justia Social e Ecologia Nomeaes Trabalho em rede na Educao Superior Malsia: Dilogo entre muulmanos e cristos Timor-Leste: favorecendo aos aldees o acesso

    gua potvel

    amrICa latIna CPal O olhar no horizonte e o corao nos pobres Reunio do OLMA Participao na Assembleia do CIMI Aliana do PAM SJ com as universidades jesutas

    dIlogo Cultural e relIgIoso Filme sobre os jesutas no Japo chega ao Brasil Pe. Gasda fala sobre tica nas organizaes

    servIo da f Campanha da Fraternidade 2017

    6

    78

    10

    12

    18

    20

    22

    24

    A pintura do padre Geraldo Lacerdine um exemplo da

    cultura a servio da f

  • 4 5Em Em

    Promoo da JustIa e eCologIa OLMA apoia manifesto contra medidas migratrias de Trump

    eduCao O legado da Campanha Inacianos pelo Haiti Educao jesutica e formao de professores so temas de livros

    Juventude e voCaes Programa MAGIS Brasil planeja seu III Frum Nacional Aproximao e escuta dos jovens

    JuBIleus / agenda

    EmJESUTAS BRASIL

    25

    26

    29

    31

    InformatIvo dosJesutas do BrasIl

    ExPEDIENTE

    EM COMPANHIA uma publicao mensal

    dos Jesutas do Brasil, produzida pelo Ncleo de

    Comunicao BRA So Paulo.

    coMuNicao [email protected]

    www.jesuitasbrasil.com

    diretor editorialPe. Anselmo Dias

    editora e jorNalista respoNsvelSilvia Lenzi (MTB: 16.021)

    redaoJuliana Dias

    diagraMao e edio de iMageNsHanderson Silva

    rica Silva

    aNNciorica Silva

    colaBoradores da 32 edioBruno Alface, Jonatan Silva, Pe. Josaf Carlos de

    Siqueira, Pe. Jos Luis Fuentes Rodriguez, Leo-

    nardo Sancho, Lilian Saback, Luiz Felipe Lacerda,

    Pe. Valrio Sartor e Ana Ziccardi (reviso). Um

    agradecimento especial a todos que colaboraram

    com a matria especial dessa edio.

    fotosBanco de imagens / Divulgao

    traduo das Notcias MuNdo + cria geralPe. Jos Luis Fuentes Rodriguez

    errataNa 31 edio do Em Companhia (Jan./Fev.), na edi-

    toria Jubileus, informamos que o padre Plutarco de

    Souza Almeida celebrou 25 anos de Companhia, na

    verdade o jesuta completou 25 anos de Sacerdcio.

  • 6 7Em Em

    editorial

    f e cultura, coisas iNseparveis

    pe. alexandre raimundo de souza, SJ* Superior da Plataforma Apostlica Nordeste 2

    Hoje, talvez seja mais fcil falar de f do que falar de cultura. Pode parecer estranho, mas a verda-de. Temos tantas afirmaes sobre cultura

    que fica difcil dizer algo. Muitos falam

    que estamos vivendo a cultura do descar-

    tvel. Se for isso, j no temos mais cultu-

    ra. Cultura supe memria, raiz, tradio,

    herana. Uma pessoa sem memria no

    tem narrativa, no tem conexo, pode es-

    tar morrendo do ponto de vista existencial

    humano. Minha existncia perde a cone-

    xo com o passado. Seria nascer num lu-

    gar onde no se sabe qual a sua cultura.

    E a f? Ter f ter esperana, acreditar

    que, no meio de tantas coisas difceis, ain-

    da h sinais de vida, de construo. Mas a

    f supe memria, supe narrativa um

    dia, ouvimos a histria da criao, o ser

    humano foi criado. H a histria da sal-

    vao e o ser humano foi tocado por ela.

    Cresceu um desejo de busca pela vida, um

    conhecer-se. Houve encontros marcantes

    do ser humano com Deus. Ele fez uma ex-

    perincia com o criador. Deu-se conta do

    existir humano espiritual. Sentiu-se to-

    cado por Deus e narrou. Deu testemunho,

    contou histrias do incio da criao. Fez

    representaes dessa experincia. Apren-

    deu a sepultar seus mortos. Criou ritos

    para finalizar sua trajetria. Tornou-se um

    *O jesuta formado em Bens Culturais e Histria da Igreja pela Pontifcia Universidade Gregoriana e master em Pinturas pela Accademia

    di Belle Arti di Roma, ambas as instituies tm sede em Roma (Itlia).

    ser espiritual. Pronunciou-se uma narra-

    tiva da experincia de Deus. Desde o in-

    cio, fica difcil separar f e cultura. Rituais

    surgem dessa experincia com o sagrado.

    Assim, a f foi se configurando no existir

    humano, na busca do transcendental.

    Mas foram muitas geraes at que,

    um dia, a cultura brigou com a f. Quan-

    do foi que f e cultura se desconectaram?

    Sem memria, fica difcil responder essa

    pergunta. Pior que as relaes ainda fi-

    cam mais complicadas quando entramos

    no mundo das realidades das novas tec-

    nologias, um mundo carregado de infor-

    maes que mudam rapidamente. Nele,

    no preciso ser real, posso ser tambm

    virtual. Talvez nos conectamos tanto e

    perdemos a conexo da memria. Perde-

    mos o bom senso das relaes, pensamos

    que fazemos cultura, apenas banalizamos

    a vida desprovida de qualquer memria

    e valor. Outro problema deste tempo da

    conectividade o ser intolerante, dizer

    coisas to fortes em relao ao modo de

    ser do outro. Parece que nos conectamos

    para negar, ver para ridicularizar.

    Desde o incio da Companhia de Je-

    sus, somos provocados pela experincia

    da contemplao da encarnao, a narra-

    tiva de Deus que decide entrar no mundo

    para fazer parte dele. Deus desce e aproxi-

    ma-se do ser humano nas diferentes reali-

    dades. Tempos de paz, tempos de guerra.

    Deus toca o ser humano e o faz levantar

    das situaes difceis. Por isso, Santo In-

    cio desejou que todo jesuta se esforasse

    para entrar numa cultura, falar a lngua

    daquele povo, fosse um bom observador.

    Fazer-se na cultura do outro e fazer-se

    uma experincia de Deus com o povo.

    Anchieta entrou no meio da floresta, to-

    cou a msica dos ndios, cantou com os

    ndios, celebrou do jeito deles. O processo

    de evangelizao dos dois lados, daquele

    que entra e daquele que encontra. Anchie-

    ta tambm viveu um processo de conver-

    so da compreenso da cultura dos povos

    indgenas. Quanto mais estudou a lngua,

    mais pode dizer do jeito deles e pode com-

    preender os elementos dessa cultura.

    E hoje? A melhor evangelizao aju-

    dar nos processos de resgate da memria

    de um povo. Abrir-se possibilidade de

    estabelecer uma boa relao com o sagra-

    do porque o ser humano originalmen-

    te um ser espiritual, mesmo quem no

    tenha religio. Uma comunidade que

    recupera sua memria redescobre suas

    razes, torna-se uma comunidade de re-

    lao, que comunica ao outro sua cultu-

    ra. Ao narrar sua experincia, expressa

    sua f e deixa transparecer o que vem

    tona sua cultura. No celebrar, a comi-

    da, o vestir, o cantar, o danar. So tantas

    possibilidades de relao. O ser humano

    no pode separar f e cultura. Sem cultu-

    ra, fica sem memria. Sem memria, no

    possvel ouvir as narrativas do Sagrado,

    do Deus que se fez homem e veio morar

    no meio de ns. Usemos a era da conec-

    tividade a nosso favor, acessemos a me-

    mria da experincia do amor de Deus.

    Boa leitura!

    O ser humanO nO pOde separar f e cultura. sem cultura, fica sem memria. sem memria, nO pOssvel Ouvir as narrativas dO sagradO [...]

  • 6 7Em Em

    So Jos, esposo da Virgem Maria,

    patrono da Companhia de Jesus

    Anunciao

    do Senhor

    calendrio litrgicoPrprio da Companhia de Jesus Maro

    DIA 19

    DIA 25

  • 8 9Em Em

    eNtrevista PErEGrINOS Em mISSO

    Pe. Odair Jos Durau, SJ

    Ordenado aos 25 anos, o padre Odair Jos Durau j era presbtero quando ingressou

    na Companhia de Jesus, em fevereiro de

    2013. Com 15 anos, j estudava no seminrio da Arquidiocese de Curitiba (PR), onde

    cursou Filosofia e Teologia. O encontro

    com a Companhia de Jesus aconteceu de

    forma inesperada e mudou os rumos de sua

    vida. Hoje, ele est no 2 ano do mestrado em Teologia, na FAJE (Faculdade Jesuta

    de Filosofia e Teologia). Em entrevista ao

    informativo Em Companhia, o jesuta conta

    como deixou-se guiar por Deus em sua

    caminhada na vida religiosa.

    contato com o padre Nereu Fank. Na poca, ele indicou duas

    possibilidades: a primeira seria deixar a diocese naquele ano

    e fazer uma experincia na comunidade vocacional e a segun-

    da, receber a ordenao presbiteral, exercer o ministrio por

    trs anos na diocese e, em seguida, ingressar no Noviciado.

    Levando em considerao a situao familiar (reestruturao

    afetiva aps a perda do meu pai) e a criao da Diocese de So

    Jos dos Pinhais, optei pela segunda possibilidade. A ordena-

    o presbiteral foi no dia 7 de fevereiro de 2010 e o ingresso no Noviciado em 2 de fevereiro de 2013.

    Em especial, o que o levou a escolher a Companhia de Jesus?

    Com a experincia dolorosa da perda do meu pai, comecei a

    acolher outras possibilidades que eram reais e boas. Com o co-

    rao sensvel e desarmado, fui sendo afetado e deixando-me

    afetar por Cristo e pela Companhia. Eis um trecho da carta que

    enviei ao ento provincial padre Carlos Palcio, em 2012: Inicial-mente, fui atrado pela histria desses homens disponveis que,

    com grandeza e valentia, serviram a Cristo e a Igreja realizando

    faanhas incrveis em circunstncias quase impossveis. Por

    meio das leituras, eu procurava descobrir o que os movia. Che-

    guei concluso de que, atrs de seus xitos, havia uma apai-

    xonada dedicao em servir a Deus e em ajudar os demais, uma

    paixo que resultava ser a verdadeira fora motriz que movia e

    integrava todo seu trabalho, graas aos Exerccios Espirituais.

    O que o levou a entrar na vida religiosa,

    j que era diocesano?

    Eu nasci em 29 de maro de 1985, em Araucria, e fui criado em Contenda, cidades

    da regio metropolitana de Curitiba (PR). No

    ano de 2000, ingressei no seminrio da Arqui-diocese de Curitiba, onde realizei trs anos

    de seminrio menor, trs anos de Filosofia

    e quatro anos de Teologia. Em 2005, ocorreu

    um fato marcante em minha vida: a morte do

    meu pai. Sendo filho mais velho e sentindo

    a responsabilidade de ajudar a me e a irm,

    pensei em deixar o seminrio. Sentia-me in-

    quieto com essa possibilidade. Desse modo,

    pedia luzes a Deus. Com a experincia da

    morte do meu pai, comecei a ressignificar as

    minhas opes. Justamente, nesse momento,

    conheci a Companhia de Jesus.

    Como foi esse encontro?

    O primeiro contato com a Companhia

    de Jesus aconteceu por meio da leitura do

    livro O segredo dos jesutas: os Exerccios Es-

    pirituais. Em 2006, fiz, pela primeira vez, os Exerccios Espirituais (EE) de oito dias. Du-

    rante a experincia, eu manifestei ao padre

    Luiz do Canto Neto o desejo de ser um dio-

    cesano com espiritualidade inaciana. No

    final dos EE, padre Luiz disse que os jesu-

    tas do Colgio Medianeira, localizado em

    Curitiba (PR), poderiam ajudar-me. Aps a

    visita instituio, padre Hilrio me acom-

    panhou oferecendo livros. Padre Adilson

    Feiler me acompanhou nos EVC (Exerc-

    cios na Vida Cotidiana). Em 2007, entrei em

    servir a cristo Na coMpaNhia

  • 8 9Em Em

    H uma frase que me marcou: onde quer que na Igreja, mesmo

    nos campos mais difceis e da primeira linha, nas encruzilhadas

    ideolgicas, nas trincheiras sociais, existiu ou existe conflito

    entre as prementes exigncias do ser humano e a mensagem do

    Evangelho, a estiveram e esto os jesutas (Paulo VI).

    Como foi a convivncia e os momentos formativos, no No-

    viciado, com outros novios mais jovens que voc?

    Inicialmente, foi difcil. Aos poucos, com a ajuda dos

    formadores, fui entendendo e assimilando o que prprio da

    Companhia de Jesus. Acredito que os Exerccios Espirituais de

    30 dias foram fundamentais para acolher, tomar conscincia e posicionar-me diante da nova mentalidade que eu estava

    assumindo. Destaco trs pontos do Noviciado: o primeiro, a

    acolhida e a preocupao dos formadores para que eu pudesse

    fazer uma boa experincia; o segundo, a convivncia com os

    outros novios. De fato, eu era o mais velho, porm, na poca,

    meus 27 anos no eram to distantes dos demais. Uma das coisas de que mais gostava era o tempo de partilha da orao;

    e o terceiro foram as experincias do Noviciado, as quais me

    ajudaram a acolher os elementos essenciais de um jesuta,

    como: a disponibilidade, o servio, a abnegao, a profundidade,

    o amor. O Noviciado foi um caminho humano e espiritual,

    um tempo de olhar a vida com uma nova mentalidade, a qual

    foi sendo formada seguindo trs etapas: a ruptura, ou seja, a

    ousadia de deixar o conquistado, aquilo e aqueles que ditavam

    os rumos do meu corao; o tempo de reordenar, de discernir e

    eleger o que mais adequado; e a identificao com Jesus Cristo,

    tendo-O como referncia e optando por aquilo que Ele optou.

    Como foi o tempo do Juniorado? Quais experincias mais

    lhe marcaram?

    Fui destinado para o Juniorado, localizado em Belo Horizonte

    (MG), com a inteno de retomar algumas disciplinas de Teolo-

    gia e continuar assimilando o que especfico da Companhia

    de Jesus. Durante esse tempo, o que mais me marcou foi a dis-

    ponibilidade dos jesutas. Recordo-me que ficava impressiona-

    do com a estrutura fsica e humana que a Companhia oferecia

    aos jesutas em formao. O superior, o acompanhante, o espi-

    ritual, o tutor de estudos, o provincial, enfim, muitos jesutas

    estavam disposio dando um suporte para o crescimento

    humano e espiritual. Aos poucos, fui entendendo o que se es-

    pera de um jesuta.

    Com pouco tempo de Companhia, mas j com experincia

    pastoral anterior, como voc v as diferenas e semelhanas

    entre os estilos de vida diocesano e religioso?

    Percebo muitas diferenas e semelhanas entre os

    estilos de vida diocesano e religioso, mas no vou fazer uma

    comparao para evitar um juzo de valor afirmando que

    um melhor que o outro. So dois estilos

    de vida que ajudam a Igreja e as pessoas.

    Comento apenas uma parte da Frmula

    do Instituto, a qual me ajuda a entender

    o estilo da vida do jesuta. Procure ter

    diante dos olhos... primeiramente, a Deus

    e, depois, a regra deste Instituto, que

    um caminho determinado para ir at

    Ele. E este fim... procure alcan-lo com

    todas as foras, cada um, porm, segundo

    a graa que lhe foi concedida pelo

    Esprito Santo e a medida peculiar da sua

    vocao. Aqui, vejo trs questes que me

    encantam como jesuta: a primeira uma

    espiritualidade centrada em Jesus Cristo.

    T-Lo diante dos olhos; a segunda a

    Companhia de Jesus como um caminho.

    No vivo, no trabalho, no fao minhas

    opes sozinho, mas em e na Companhia;

    e a terceira, como a Companhia acredita

    na pessoa, no jesuta, ou seja, o jesuta

    vai colaborando com a misso de Cristo

    conforme a graa que lhe foi concedida,

    com o que lhe especfico.

    No momento, voc est fazendo mes-

    trado em Teologia. O que o motivou a

    realizar este estudo? um desejo pesso-

    al ou foi uma misso que o provincial

    lhe destinou?

    No Juniorado, eu fiz algumas

    disciplinas da ps-graduao e foquei no

    estudo sobre os Exerccios Espirituais.

    A motivao do mestrado foi conhecer

    melhor a Companhia. Desse modo, optei

    por estudar Nadal, o qual no participou

    do primeiro grupo de jesutas, mas foi

    escolhido por Incio para divulgar as

    Constituies e o modo de proceder

    dos jesutas. Na dissertao, aprofundo

    os Exerccios Espirituais e a expresso

    usada por Incio e repetida por Nadal

    En el Seor. O provincial dos Jesutas

    do Brasil BRA, padre Joo Renato Eidt,

    destacou a importncia de continuar na

    casa de formao para assimilar o que

    prprio da Companhia e aprofundar

    os estudos, por meio do mestrado.

    Diariamente, eu agradeo por estar na

    Companhia de Jesus.

  • 10 11Em Em

    o MiNistrio de uNidade Na igreja SANTA S

    papa crtica deMagogia populista e pede acolhiMeNto de MigraNtes

    Em audincia concedida aos par-ticipantes do VI Frum Inter-nacional sobre Migrao e Paz, no Vaticano, o Papa Francisco insistiu

    no dever sagrado de acolher e prote-

    ger os imigrantes, em um discurso no

    qual condenou a demagogia populista.

    Diante da rejeio, que surge em lti-

    ma instncia no egosmo e amplifi-

    cada pela demagogia populista, ne-

    cessria uma mudana de atitude, para

    superar a indiferena e para contraba-

    lanar os temores com um generoso

    acolhimento para aqueles que batem

    nossa porta, afirmou o Papa.

    No encontro, realizado no dia 21 de fevereiro, o Pontfice tambm lamentou

    a situao dos imigrantes e refugiados e

    criticou o fato de que um grupo de in-

    divduos controle os recursos de meio

    mundo. Em seu discurso, Francisco

    ainda ressaltou o nmero de pessoas

    que emigram. Trata-se do maior movi-

    mento de pessoas e de povos de todos

    os tempos, reconheceu.

    Nos ltimos meses, os apelos do

    Papa por maior acolhida aos imigran-

    tes tornaram-se ainda mais frequentes.

    Francisco explicou que a integrao

    deve ser um processo baseado no reco-

    nhecimento mtuo da riqueza cultural

    do outro. Uma recepo responsvel e

    digna de nossos irmos comea por ofe-

    recer uma casa digna e adequada, disse.

    Ele ainda reiterou que para aqueles que

    fogem da guerra e de perseguies terr-

    veis, com frequncia presos em organi-

    zaes criminosas, preciso abrir canais

    humanitrios acessveis e seguros.

    Francisco tambm ouviu o teste-

    munho de vrios refugiados, entre

    eles o de uma peruana que emigrou

    ao Chile, assim como o de um grupo

    de irlandeses no Canad. Santidade,

    pea que os refugiados no continuem

    arriscando suas vidas no deserto e no

    mar, suplicou um deles.

    Desde o incio de seu pontificado,

    Francisco pede o acolhimento e a pro-

    teo dos migrantes. O Papa mostra-se

    profundamente tocado pelo drama de

    milhes de pessoas que deixam suas

    casas em busca de sobrevivncia, tanto

    que no se descarta a possvel convoca-

    o de um snodo ou assembleia de bis-

    pos sobre o tema da migrao.

    fruM iNterNacioNal soBre Migraes e paz

    O VI Frum Internacional sobre Mi-

    graes e Paz, com o tema Integrao e

    desenvolvimento: da reao ao, foi

    realizado entre os dias 21 e 22 de feverei-ro, em Roma (Itlia). O evento organi-

    zado pelo Pontifcio Conselho do Desen-

    volvimento Humano Integral, pela Rede

    Internacional Scalabriniana de Migrao

    e pela Fundao Konrad Adenauer.

    A finalidade do encontro foi favo-

    recer parcerias entre agncias governa-

    mentais, organismos internacionais e

    organizaes da sociedade civil, na de-

    finio de polticas e programas sobre

    duas dimenses principais das migra-

    es: a integrao dos migrantes e dos

    refugiados nos pases de acolhimento

    e a promoo de programas de desen-

    volvimento nos pases de origem dos

    fluxos migratrios.

    Participaram do evento inme-

    ros brasileiros. Entre eles, o carde-

    al Cludio Hummese, a diretora do

    Instituto Migraes e Direitos Hu-

    manos, Ir. Rosita Milesi, e a supe-

    riora das Scalabrinianas, Ir. Neusa

    de Ftima Mariano.

    Foto

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    sia.

    pt

    Fonte: News.VA / UOL / Jornal do Brasil

  • 10 11Em Em

    itiNerrio de turisMo jesutico

    Em encontro com universitrios, o Papa Francisco recomendou aos estudantes que dialoguem sem computadores e com o corao,

    porque o dilogo o antdoto para

    a violncia. No dia 17 de fevereiro, o Pontfice visitou a Universidade Roma

    Tre, instituio pblica, especializada

    em carreiras de Humanas.

    Cerca de 40 mil alunos participaram do encontro com o Papa, que insistiu no

    valor do dilogo e na importncia de es-

    cutar. Quando no h dilogo em casa,

    quando, em vez de falar, grita-se ou quan-

    do estamos mesa e, em vez de falar, usa-

    Foto

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    Fontes: ISTO/O Globo/UOL

    Fonte: Portal Brasil

    O DILOGO O ANTDOTO PArA A VIOLNCIA, AFIrmA FrANCISCO

    mos os telefones celulares, o incio da

    guerra, porque no h dilogo, afirmou.

    Francisco, elogiado pelo reitor

    da universidade pela sua defesa dos

    mais pobres, foi bem recebido tanto

    pelos alunos como pelos professores.

    O Papa disse que na universidade

    sempre se deve exercer o trabalho ar-

    tesanal do dilogo. Ele ainda apon-

    tou que o maior remdio contra a

    violncia o corao, que, antes de

    discutir, dialoga. O dilogo aproxima

    as pessoas e os coraes.

    O Papa tambm respondeu s per-

    guntas feitas por estudantes sobre algu-

    mas questes atuais, como violncia e

    imigrao. Ele descreveu uma sociedade

    onde os tons esto levantados, onde se

    grita na rua ou em casa e no qual h vio-

    lncia verbal na hora de se expressar.

    Essa violncia cresce e se trans-

    forma em violncia mundial, la-

    mentou Francisco, que reiterou que

    estamos em guerra. Esta uma ter-

    ceira guerra mundial por partes, ex-

    clamou. Vemos nos jornais como as

    pessoas se insultam mutuamente,

    disse ele, que usou como exemplo

    os debates polticos nas campanhas

    eleitorais, onde quem est falando

    no pode nem terminar a frase. Nun-

    ca a poltica esteve to baixa. Dessa

    forma, se perde o sentido da constru-

    o social, da convivncia social, por-

    que a convivncia social se constri

    com o dilogo, ressaltou.

    Francisco disse que necessrio

    baixar o tom, falar menos e escutar

    mais e que h muitos remdios con-

    tra a violncia, mas o primeiro que,

    antes de discutir, preciso dialogar.

    A Opera Romana Pellegrinaggi (ORP), maior operadora de turismo religioso do mundo, ligada diretamente ao Vaticano, in-

    cluiu em seu catlogo um roteiro de

    turismo jesutico que passa por Bra-

    sil, Paraguai e Argentina.

    Segundo o material proposto pela

    operadora do Vaticano, o itinerrio

    comea em Assuno, capital do Pa-

    raguai, passando por pontos como a

    sede real do governo, museus, igrejas

    e demais pontos de trabalho de ar-

    teso locais. Chegando Argentina,

    por meio da cidade de Posadas, o ro-

    teiro inclui visita s runas das mis-

    ses mais importantes no pas, como

    San Ignacio Mini, fundada pelo padre

    jesuta So Roque Gonzlez de Santa

    Cruz, no incio do sculo XVII. No Bra-

    sil, o itinerrio abrange as Cataratas do

    Iguau, em Foz do Iguau (PR).

    O Setor de Promoo Comercial

    (Secom) da Embaixada do Brasil em

    Assuno (Paraguai) informou ainda

    que ir apresentar para a Embaixada

    do Brasil, no Vaticano, a possibilida-

    de de insero da cidade de So Mi-

    guel das Misses e de outros destinos,

    localizados no Rio Grande do Sul, no

    catlogo do roteiro jesutico.

  • 12 13Em Em

    especial

    f e cultura,uM dilogo esseNcialEm SUA mISSO EVANGELIzADOrA, A COmPANHIA DE JESUS ABrE-SE A DIFErENTES ExPErINCIAS rELIGIOSAS E CULTUrAIS

    Em 1567, So Paulo era ainda uma vila, com 13 anos de existncia, quando foi encenada a primeira pea teatral da cidade. O espetculo Pre-

    gao Universal ganhou esse ttulo por

    ser falado em trs lnguas tupi, por-

    tugus e espanhol. O autor do texto, o

    jesuta Jos de Anchieta, foi tambm o

    responsvel pela montagem.

    A encenao teatral, realizada sob

    olhares atentos dos indgenas que ha-

    bitavam a ento colnia de Portugal,

    no um episdio isolado na histria

    da Companhia de Jesus. um dos mui-

    tos que ilustram as aes missionrias

    da Ordem religiosa e sua maneira de

    tornar o Evangelho conhecido.

    Aprovada pelo Papa Paulo III, em 1540, em pleno sculo XVI, de forte mpeto

    evangelizador na Europa, a Companhia

    de Jesus sempre se destacou por estabe-

    lecer um dilogo profundo com as mais

    diversas culturas com as quais entrou em

    contato. Por isso, so muitos os relatos de

    jesutas que aprenderam diferentes ln-

    guas, elaboraram gramticas e dicionrios

    e traduziram a bblia para outros idiomas,

    com o intuito de anunciar a boa nova do

    Evangelho aos homens e mulheres do

    novo mundo e suas culturas.

    coNhecer para evaNgelizar

    A vocao missionria faz parte da his-

    tria da Companhia de Jesus desde seus

    primrdios, quando os primeiros jesutas

    lanaram-se alm das fronteiras da Europa,

    entrando em contato com culturas desco-

    nhecidas por eles. A base humanista rece-

    bida durante a formao religiosa foi essen-

    cial para que percebessem rapidamente a

    necessidade de conhecer em profundidade

    os povos que habitavam as novas terras,

    pois sabiam que s assim teriam sucesso

    em sua misso evangelizadora.

    O padre Geraldo Lacerdine, diretor de

    Humanstica-Formao Humana e Cris-

    t e Noturno do Colgio So Lus, em So

    Paulo (SP), e artista plstico, lembra que

    sempre fez parte da tradio da Compa-

    nhia de Jesus a no separao entre f e

    cultura. Desde os primeiros jesutas, essa

    interseco j existia. Acredito que essa

    influncia tem como base os Exerccios

    Espirituais, uma experincia profunda

    que toca o sujeito nos seus diversos m-

    bitos, desde o afetivo, cultural at intelec-

    tual, afirma o jesuta. Ele acrescenta que,

    ao nascer da experincia dos Exerccios

    Espirituais, a Companhia de Jesus come-

    a tambm a projetar em seu universo de

    misso essa possibilidade. Ou seja, se eu,

    como indivduo, fao uma experincia de

    f que tem interseco com a cultura, com

    o intelecto e com os afetos, como seria a

    projeo dessa experincia no campo mis-

    sionrio da evangelizao? Ao sentir que

    isso funciona em mim, percebo que pode

    funcionar para o outro tambm, diz padre

    Geraldo Lacerdine.

    Professor de Teologia na FAJE (Facul-

    dade Jesuta de Filosofia e Teologia), co-

    ordenador da ps-graduao, diretor do

    Departamento de Teologia e membro da

    Comisso Teolgica da CPAL (Confern-

    12 Em

    anchieta foi exemplo de dilogo intercultural

    Foto

    : Cro

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    da e

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  • 12 13Em Em

    padre Geraldo De Mori, acrescentando

    que: Atualmente, busca-se uma pers-

    pectiva de um dilogo intercultural e

    inter-religioso, no qual no s o Cris-

    tianismo apresenta-se como o possui-

    dor da verdade, no necessitando de

    nenhuma contribuio da cultura que

    est sendo evangelizada, mas se enri-

    quece com os valores e os aportes dessa

    mesma cultura para a f e a vida crist.

    cia dos Provinciais Jesutas da Amrica

    Latina), padre Geraldo De Mori conta que,

    na China, para que o Evangelho fosse

    anunciado e vivido segundo os parme-

    tros dos valores culturais chineses, os

    jesutas buscaram valorizar certos ritos

    pertencentes cultura local. Eram ritos

    ligados ao culto dos antepassados que os

    jesutas julgaram no ser incompatveis

    com a f crist. Surgiu, ento, uma forte

    polmica e, depois de vrias dcadas, os

    ritos foram proibidos., explica o jesuta.

    Padre Geraldo De Mori lembra que,

    na mesma China, o jesuta Mateo Ric-

    ci tornou-se mandarim, aprendendo a

    lngua dos sbios chineses, para bus-

    car, desse modo, estabelecer um di-

    logo com essa cultura milenar, sobre-

    tudo por meio do Confucionismo. Algo

    parecido, segundo o professor, foi rea-

    lizado por Roberto de Nobili, na ndia,

    com o Hindusmo. H ainda o trabalho

    feito pelos jesutas com os indgenas

    da Amrica Latina. Certamente, na-

    quela poca, a perspectiva que anima-

    va os jesutas era a da converso desses

    povos. Mas no deixa de ser interes-

    sante perceber o quanto deram valor a

    tais culturas, aprendendo a lngua, va-

    lorizando certos costumes e ritos, an-

    tecipando, sob certo sentido, muito do

    que hoje se entende por dilogo entre

    f e cultura, ressalta o professor.

    relao eNriquecedora

    A conexo entre f e cultura sem-

    pre esteve presente na misso dos je-

    sutas, entretanto ganharia ainda mais

    destaque na 34 Congregao Geral, em 1995. Segundo padre Geraldo De Mori, os membros daquela CG as-

    sim resumiram as relaes entre f,

    cultura, justia e dilogo, no Decre-

    to 2 (n. 19, pgs. 65 e 66):

    Hoje verificamos com clareza que:

    No pode haver servio da f sem

    promover a justia,

    entrar nas culturas,

    abrir-se a outras experincias religiosas.

    No pode haver promoo da justia sem

    comunicar a f,

    transformar as culturas,

    colaborar com outras tradies.

    No pode haver inculturao sem

    comunicar a f aos outros,

    dialogar com outras tradies,

    comprometer-se com a justia.

    No pode haver dilogo religioso sem

    partilhar a f com outros,

    valorizar as culturas,

    interessar-se pela justia.

    Como se pode perceber, na prpria

    definio do que os jesutas entendem

    como sua identidade e misso, est im-

    plicada a questo da relao f e cultu-

    ra. De vrias formas, hoje, a Companhia

    de Jesus dialoga com a cultura, afirma

    A Congregao Geral a reunio de delegados jesutas de todo mundo, em

    Roma (Itlia). Sua convocao se d em razo da morte ou renncia do Superior

    Geral da Ordem, para eleger seu sucessor, ou quando o Geral decide que preci-

    so agir sobre assuntos importantes que no pode, ou no quer, decidir sozinho.

    13Em

    Inculturao a influncia

    recproca entre o Cristianismo

    e as culturas locais onde a f

    crist praticada.

    Na china, o jesuta Matteo ricci ( esq.) retratado em gravura de athanasius Kircher

    Irmo Jorge Luiz de Paula, membro

    da equipe pedaggica do Diocesano

    Infantil e da Escola Padre Arrupe, em

    Teresina (PI), lembra que, no mundo

    em que vivemos, a relao entre f e

    cultura deve ser entendida como pri-

    mordial. Sem entender as culturas, a

    palavra jamais conseguir ter um eco

    evangelizador, diz o jesuta.

    o que est indicado em mais um

    trecho da 34 Congregao Geral (De-

    creto 4, n. 27.4, pg. 96): Devemos

    recordar que no evangelizamos dire-

    tamente as culturas: evangelizamos as

    pessoas em suas respectivas culturas.

    Quer trabalhemos em nossa prpria

  • 14 15Em Em

    especial

    O MPETO DE LANAR-SE ALM DAS FRONTEIRAS DA EUROPA EST PRESENTE NA HISTRIA DA COMPANHIA DE JESUS, QUE SE TORNOU PRECURSORA DO DILOGO ENTRE F E CULTURA, ENTRE OS SCULOS XVI E XVII.

    Dicionrio Tupi-Guarani

    Em 1553, quando desembarcou no Brasil com outros seis jesutas, Jos de Anchieta estava com apenas 19 anos. Em menos de um ano, dominava o tupi com perfeio. Esse conhecimento aprofundado o levaria a escrever o primeiro dicionrio da lngua tupi-guarani, com o nome de Arte da Gramtica da Lngua Mais Falada na Costa do Brasil, publicado em 1595.

    Seja como catequista, gramtico, dramaturgo, poeta ou historiador, Anchieta teve atuao marcante na dis-seminao da f crist por meio da utilizao da cultura local. Foi ainda um ferrenho defensor dos ndios contra os

    abusos cometidos pelos colonizadores.

    Melodias Tupis

    Vindo com Tom de Sousa, primeiro governador-geral do Brasil Colnia, Manuel da Nbrega estava entre os primeiros jesutas a desembarcar em ter-ras brasileiras, em 1549. Assim como Anchieta, Nbrega dedicava-se tambm ao teatro e, apesar das crticas de muitos catlicos, adotou melodias tupis para canes com letras crists.

    a f roMpeNdo froNteiras

    14 Em

  • 14 15Em Em

    Ateno s tradies

    Em 1541, logo aps a aprovao da Companhia de Jesus, Francisco Xavier foi enviado em misso ao Oriente, por Incio de Loyola. O jesuta passou pela ndia, Tibete, China e Japo. Ao visitar este ltimo pas, Xavier notou que a exibio de si-nais de pobreza no era apreciada pelos japoneses. Em respei-to s tradies, apresentou-se em trajes ricos ao ser recebido por poderoso senhor local.

    Mestre do Ocidente

    Exemplo de evangelizao e de dilogo com as mais dife-rentes culturas e religies, Matteo Ricci exerceu forte ativi-dade missionria na China, durante a dinastia Ming, sendo decisivo para a introduo do Catolicismo no pas. O jesuta foi reconhecido pelos chineses como o mestre do grande Ocidente e um dos mais notveis e brilhantes homens da Histria. Alm do vasto conhecimento em diferentes reas do saber, como Matemtica, Astronomia, Literatura, Arte e Msica, Ricci conquistou admirao ao mostrar interesse e respeito pela cultura chinesa.

    15Em

    Bodas de Can

    No Japo, os jesutas perce-beram a necessidade de adaptar o Evangelho. Na traduo do epi-sdio das Bodas de Can para a verso japonesa, Jesus transfor-ma a gua em saqu, em vez de vinho. A adoo de vestimentas semelhantes a dos monges bu-distas foi outra mudana prati-cada pelos missionrios.

  • 16 17Em Em

    especial

    cultura ou em cultura alheia, como ser-

    vidores do Evangelho, no haveremos

    de impor nossos esquemas culturais,

    mas, antes, testemunhar a criatividade

    do Esprito que atua tambm nos de-

    mais. Em ltima anlise, so as pessoas

    de cada cultura que enrazam a Igreja e

    o Evangelho em suas vidas.

    Segundo irmo Jorge, quando esta-

    mos enraizados na Palavra de Deus, somos

    capazes de transformar os ambientes em

    que vivemos. Nesse mundo de rupturas

    e diversidades, os jesutas so chamados a

    atravessar as situaes e provocar mudan-

    as. E, para levar a Palavra, precisamos en-

    tender os contextos e as transformaes.

    Se no fizermos isso, no alcanaremos a

    misso, conta o jesuta.

    Ao lembrar que as Congregaes Ge-

    rais da Companhia de Jesus chamam a

    ateno dos jesutas para a necessidade de

    serem homens de fronteiras, irmo Jorge

    destaca: A unio dos primeiros compa-

    nheiros nos remete a um desejo profundo

    de evangelizar e entrar no corao das cul-

    turas, pois eles foram enviados para trans-

    formar. Alm de irem para novas culturas,

    eles se inseriram nos contextos. Por isso,

    acredito que um dos primeiros passos

    para chegar ao corao das pessoas saber

    se adaptar aos contextos.

    cultura do eNcoNtro

    Inmeras vezes, a Palavra de Deus

    tornou-se msica, poesia, imagens, peas

    teatrais, filmes..., enfatiza padre Jos Pau-

    lino Martins, scio do Mestre de Novios,

    graduado em Comunicao Social Publi-

    cidade e Propaganda e artista plstico. Ele pintura do padre jos paulino Martins

    pintura do padre geraldo lacerdine

    conta que, ao longo da histria, muitos ar-

    tistas apropriaram-se de textos bblicos e

    os interpretaram de modo diferente, sem

    mudar o contedo, mas apresentando-os

    de forma diferente. O resultado prtico

    que muitos desses trabalhos artsticos

    serviram de catequese para os no alfabe-

    tizados, conta o jesuta.

    Padre Paulino ressalta que a arte,

    como manifestao cultural, espiritual e

    religiosa, extremamente democrtica

    e universal. Ele destaca que a Palavra de

    Cristo nos Evangelhos tambm apresenta

    um carter culturalmente democrtico e

    com vocao universal desde a sua ori-

    gem: Ide por todo o mundo, pregai o evan-

    gelho a toda criatura (Mc 16, 15). Por isso, podemos afirmar que o Evangelho pode

    ser anunciado, partilhado em diversas

    culturas. Mas, para que isso acontea,

    deve ser inculturado. Assim sendo, a arte

    pode ser grande aliada nessa traduo da

    palavra de Cristo, diz o jesuta.

    Como artista plstico, padre Pau-

    lino tambm usa a arte para dialogar

    com outras manifestaes religiosas

    e culturais, principalmente com as

    de matrizes africanas, por exemplo, o

    Candombl. Tem estado presente em

    minhas pinturas, de modo sutil em al-

    16 Em

  • 16 17Em Em

    alunos do colgio antnio vieira (Ba) no espetculo sempre vieira - Memria, arte e Movimento, dirigido pelo irmo jorge luiz de paula

    Silence, um filme sobre fe cultura

    Em entrevista recente, o padre Adolfo Nicols, anterior Superior

    Geral da Companhia de Jesus, co-

    mentou sobre o filme Silence (Si-

    lncio), de Martin Scorcese. Alm

    de afirmar que o filme ideal para

    quem quer refletir acerca da evan-

    gelizao do Japo, ele abordou

    ainda os fatores que dificultaram a

    evangelizao do pas: No Japo,

    cometemos erros, como em todas

    as partes. O erro principal no ter

    sabido entrar na cultura e na vida de

    sua gente. Eu acredito que no h

    evangelizao possvel sem alian-

    as com o Budismo e o Xintosmo.

    Os primeiros cristos estavam fas-

    cinados em encontrar as razes do

    Cristianismo nos filsofos ou nos

    poetas pagos, mas isso foi fraco em

    nossa gerao. No nos inculcaram

    a urgncia de estudar o Budismo e o

    Xintosmo como mereciam. E isso

    uma fragilidade muito forte.

    O filme conta a viagem de dois

    jovens padres jesutas portugueses

    (Sebastio Rodrigues e Francisco

    Fontes: Revista de Histria da Biblioteca Nacional ed. 81 (junho de 2012) | Site Cano Nova | IHU-Unisinos

    17Em

    Foto

    : Sec

    om V

    ieira

    gumas e, em outras, mais explcito, al-

    guns elementos dessa cultura religiosa.

    Em minhas pinturas, no incomum a

    presena de traos negros em persona-

    gens bblicas ou dos santos. Uma Vir-

    gem Maria negra com trajes africanos

    ou um Jesus com colar de contas do

    Candombl, diz o jesuta, acrescentan-

    do que a inteno que a arte possa

    ser percebida ao menos de duas manei-

    ras, segundo a experincia religiosa de

    quem a v. Se o observador do quadro

    for catlico, que possa enxergar a per-

    sonagem como Jesus. Se for do Can-

    dombl, possa ver como sendo Oxal.

    A paixo pela arte sempre esteve

    presente na vida do padre Geraldo La-

    cerdine. Meu processo de evoluo ar-

    tstica est no meu campo existencial.

    A arte vital para mim. E toda a minha

    produo artstica, seja na pintura ou

    no teatro, tem um vis forte espiritual,

    explica o jesuta. A pintura uma jane-

    la que me revela uma outra realidade,

    como se abrisse um portal. E quando as

    pessoas observam meus quadros, per-

    cebo que isso acontece com elas tam-

    bm, pois consigo transpor a lingua-

    gem espiritual em arte.

    Graduado em Dana, com especiali-

    zao e mestrado focados nessa mesma

    rea, irmo Jorge acumula experincia

    Editoria Dilogo Cultural e religioso, na pg. 22.

    de quase 30 anos nessa arte. A dana se

    manifestou em minha vida muito cedo,

    antes de entrar na vida religiosa. Quan-

    do entrei na Companhia de Jesus, tive

    a sorte de ter sido acolhido com esse

    trabalho, conta o jesuta. Sempre tive

    o entendimento de trazer o meu ser re-

    ligioso, a minha experincia de f, para

    a arte do gesto. Esse contexto de dilogo

    entre f e dana o que me tira da in-

    dividualidade e me leva partilha com

    o outro. Dessa forma, proporciona o en-

    tendimento do sagrado, mostrando que

    a f no uma apresentao solo, mas

    uma vivncia em conjunto. Ela intensi-

    fica a cultura do encontro.

    Garupe) ao Japo, para procurar o

    mentor deles, o padre Ferreira. Ba-

    seada no livro Chinmoku (O Silncio,

    1966), do escritor catlico japons Shusaku Endo, a histria se passa

    no sculo XVII, poca de intensas

    perseguies e torturas sofridas pe-

    los cristos no Japo, testemunhada

    pelos jesutas.

    Saiba Mais

  • 18 19Em Em

    a coMpaNhia de jesus No MuNdo CrIA GErAL

    despedida do pe. adolfo Nicols

    JUSTIA SOCIAL E ECOLOGIA

    E m 15 de fevereiro, o anterior Superior Geral da Com-panhia de Jesus, padre Adolfo Nicols, despediu-se da Comunidade da Cria Geral, em Roma (Itlia). O jesuta viajou para Manila (Filipinas), onde trabalhar no

    Centro de Espiritualidade. Alguns dias antes, na Eucaristia

    presidida pelo atual Padre Geral, Arturo Sosa, a comunida-

    NoMeaesPe. Juan Antonio Guerrero

    Alves (ESP) como Delegado para

    as Casas e Obras Interprovinciais de

    Roma (Itlia). O jesuta nasceu em 1959, entrou na Companhia de Jesus em 1979 e foi ordenado sacerdote em 1992. Foi Pro-vincial da Provncia de Castela, de 2008 a 2014. Em 2014, foi destinado Regio de Moambique (Provncia de Zimbabwe-

    -Moambique), onde esteve trabalhan-

    do, at a sua nova nomeao, primeiro,

    como administrador adjunto da Regio

    e, mais recentemente, como diretor de

    projetos e diretor do Colgio Santo In-

    cio de Loyola. O padre Guerrero Alves su-

    cede no cargo o padre Arturo Sosa (VEN)

    como delegado.

    Padre Geral nomeou: Pe. Agbonkhianmeghe Orobator

    (AOR), Presidente da Conferncia dos

    Provinciais de frica y Madagascar (JE-

    SAM). Nascido em 1967, Orobator en-trou na Companhia em 1986 e foi orde-nado sacerdote em 1998. Foi Provincial da frica Oriental (AOR), de 2009 a 2014. Atualmente, reitor do Hekima Colle-

    ge University, Faculdade de Teologia

    da Companhia em Nairbi (Qunia).

    Ele sucede o padre Michael Lewis (SAF)

    como presidente da Conferncia.

    Pe. Franck Janinv (BML), presi-

    dente da Conferncia de Provinciais

    da Europa (CEP). Nascido em 1958, Ja-nin entrou na Companhia em 1984 e foi ordenado sacerdote em 1990. At sua

    nomeao foi Provincial da Provncia

    da Blgica Meridional e Luxemburgo,

    cargo para o qual foi nomeado em 2011. sucessor do padre John Dardis (HIB)

    como presidente da Conferncia.

    Pe. Xavier Jeyaraj (CCU), secre-

    trio para a Justia Social e a Ecolo-

    gia, sucede no cargo o padre Javier

    lvarez de los Mozos (ESP). A nome-

    ao ser efetivada antes do dia 15 de junho deste ano. Nascido em 1962, Xavier Jeyaraj entrou na Companhia

    em 1982 e foi ordenado sacerdote em 1993. Tem uma longa experincia no trabalho social e foi auxiliar do secre-

    trio para a Justia Social e a Ecologia,

    em Roma (Itlia).

    de agradeceu ao padre Nicols pelo servio prestado como

    Superior Geral entre 2008 e 2016. O padre Sosa agradeceu seu antecessor, em nome de toda a Companhia de Jesus,

    desejando-lhe a bno do Senhor em sua nova misso.

    Aps a celebrao, a comunidade jesuta reuniu-se com o

    Papa Francisco para um delicioso almoo.

    O Secretariado para a Justia Social e a Ecologia acaba de publicar o ltimo nmero de Promotio Iustitiae. Esta edio aborda o trabalho dos jesutas que exercem sua misso nos crceres em todo o mundo. A verso digital pode

    ser acessada pelo site www.sjweb.info/sjs/PJ/.

  • 18 19Em Em

    tiMor-leste: favoreceNdo aos aldees o acesso gua potvel

    Fonte: Boletim da Cria dos Jesutas (N 2 e 3, fevereiro 2017)

    mALSIA: DILOGO ENTrE mUULmANOS E CrISTOS

    Dois anos aps a constituio do Servio Social Jesuta (JSS), em Timor-Leste, o servio comprometeu-se com vrios projetos

    para promoo do desenvolvimento

    comunitrio e para capacitar os po-

    bres a serem autossuficientes. gua e

    sistema sanitrio so uma das quatro

    prioridades. O projeto pretende dar s

    comunidades acesso agua potvel. O

    Dez jesutas das Conferncias da sia Pacfico (JCAP) e da sia do Sul (JCSA) vo colaborar em um projeto de investigao que busca des-

    cobrir caminhos para promover melhor

    entendimento e dilogo entre muulma-

    nos e cristos, na sia. O projeto surgiu

    no ltimo encontro de jesutas entre mu-

    ulmanos na sia (JAMIA), que aconteceu

    em Kuala Lumpur, capital da Malsia, de

    26 a 30 de dezembro de 2016. A deciso do projeto uma resposta

    comunicao do padre George Pattery,

    presidente da Conferncia de Provinciais

    da sia do Sul (JCSA) sobre a 36 Congre-gao Geral, na qual recordou aos jesutas

    que todos participam na misso de Deus,

    a Missio Dei, em nossa prpria misso. A

    pesquisa acontecer em duas fases. Em

    2017, sero colhidos relatos das diversas comunidades. O ano de 2018 ser dedica-do ao estudo e reflexo desses depoimen-

    tos. Os resultados sero apresentados na

    prxima reunio da JAMIA, que aconte-

    cer em Bangladesh, em 2018. A previso que os resultados da investigao se-

    jam publicados em 2019, durante o en-contro da Asian Journey.

    JSS cavou poos em cinco aldeias nos

    arredores de Dili, zona que sofre com a

    escassez de gua durante a estao de

    seca, que vai de abril a novembro.

    Atualmente, o JSS ajuda 235 famlias em Hera, 7km a leste de Dili e Kasait, a

    13km a oeste. O projeto de gua pot-vel comeou quando encontramos, na

    rea, muitas crianas em idade escolar

    empurrando carrinhos cheios de garra-

    fas por um longo caminho da volta para

    casa, comentou o padre Erik John Ge-

    rilla, diretor executivo do JSS de Timor-

    -Leste. Com a interveno do JSS, o povo

    dessas aldeias pode concentrar-se no

    trabalho em seus terrenos, sem se pre-

    ocupar com o acesso gua, e as crian-

    as no precisam caminhar horas para

    consegui-la; em troca, podem desfrutar

    de tempo livre para recreao.

    No dia 18 de fevereiro, o Supe-rior Geral da Companhia de Jesus, padre Arturo Sosa, ani-mou os jesutas que prestam servios

    na Educao Superior a construrem re-

    des para tornarem-se mais efetivos em

    seus ministrios. A fala do Padre Geral

    aconteceu na Faculdade de Teologia de

    TrABALHO Em rEDE NA EDUCAO SUPErIOr

    Vidyjyoti, em Nova Dlhi (ndia). Na

    ocasio, ele assinalou que a 36 Con-gregao Geral fez um forte convite aos

    jesutas para que colaborem, por meio

    de redes, com o modo de proceder para

    sermos efetivos em nossa misso hoje.

    Pe. Sosa destacou que os jesutas

    so responsveis por mais de 200 fa-

    culdades de Filosofia e Teologia, bem

    como instituies de educao supe-

    rior em todo o mundo. Levando a srio

    o convite da Congregao Geral, quero

    insistir que os senhores e todas as ins-

    tituies de educao superior da sia

    meridional construam um trabalho em

    rede que seja eficiente. Ser esse o me-

    lhor caminho para aprimorar a colabo-

    rao entre as instituies jesutas.

  • 20 21Em Em

    a coMpaNhia de jesus Na aMrica latiNa CPAL

    o olhar No horizoNtee o corao Nos poBres

    pe. jorge cela, sjPresidente da CPAL

    A Companhia de Jesus renova sua liderana. Temos um novo Superior Geral, o venezuelano padre Arturo Sosa; um novo Presidente

    da CPAL (Conferncia dos Provinciais

    Jesutas da Amrica Latina), o colom-

    biano padre Roberto Jaramillo; e trs

    novos Provinciais: Gustavo Caldern,

    no Equador; Rafael Garrido, na Vene-

    zuela; e Ireneo Valdez, no Paraguai.

    Essas mudanas no se vive como

    uma experincia traumtica de corte e

    instabilidade, mas como uma riqueza

    que fortalece o processo de nossa hist-

    ria. Falam-nos de um estilo de liderana

    menos personalizado, mais coletivo, de

    corpo, em que o lder no a pedra an-

    gular sobre a qual se sustenta o edifcio,

    mas a argamassa que o mantm unido.

    Falam-nos tambm da relao en-

    tre carisma e instituio, sobre a qual

    muito temos dito na Igreja. Sabemos

    que as instituies tendem a congelar-

    -se, a centrar-se sobre si mesmas e no

    sobre o servio que lhes d a razo de

    ser, a converter-se em elefantes brancos

    que crescem sem saber para qu. E sa-

    bemos tambm que o carisma pode ser

    voltil se no estiver ancorado institu-

    cionalmente, crescer como a espuma e

    desvanecer; que, com frequncia, os l-

    deres carismticos so maus governan-

    essas mudanas nO se vive cOmO uma experincia traumtica de cOrte e instabilidade, mas cOmO uma riqueza que fOrtalece O prOcessO de nOssa histria.

    tes, que produzem centralizao e dbil

    institucionalidade, substituda por bu-

    rocracias inflexveis e irracionais.

    Sabemos que carisma e instituio,

    se bem combinados, so tecidos do

    mesmo pano. As mudanas renovam-

    -nos, mas a existncia de estruturas

    garantem estabilidade inovao. Por

    isso, a necessidade de redes que as fle-

    xibilizem, mas organizadas ao redor de

    planos estratgicos e prioridades claras.

    Sabemos que a autoridade tem o pe-

    rigo de converter-se em autoritarismo

    se no tem fortes estruturas de partici-

    pao e colaborao, mas a participao

    corre o risco de terminar em caos se

    no existirem valores acordados e um

    plano comum, compartilhado e decidi-

    damente assumido por todos.

    O medo sempre mau conselhei-

    ro, incluindo o medo da novidade, de

    mudar de rumo. O mesmo aplica-se

    desconfiana nos companheiros de ca-

    minho. Mas a mudana necessita norte

    e a confiana, razes de histria e de es-

    piritualidade compartilhada.

    Por isso, ao mudar de liderana,

    renovamos nosso Projeto Apostlico

    Comum e reunimos os representan-

    tes de redes e setores com os novos

    e velhos lderes, para impulsionar e

    orientar nossa colaborao na mis-

    so. Entre os dias 20 e 24 de maro,

    estaremos reunidos em Lima (Peru),

    representantes do sujeito apostlico

    inaciano da Amrica Latina, com o

    Padre Geral, Arturo Sosa, assistentes,

    o presidente da CPAL e os provinciais.

    Peamos para que, nessa reunio,

    a que temos chamado de imPACtan-

    do, tenhamos o olhar posto no hori-

    zonte e o corao nos pobres.

  • 20 21Em Em

    reuNio do olMa

    PArTICIPAO NA ASSEmBLEIA DO CImI

    O padre Alfredo Ferro, coordena-dor do Projeto Pan-amaznico da CPAL, segue com o processo de articulao da iniciativa com a AUSJAL

    (Associao das Universidades confiadas

    Companhia de Jesus na Amrica Lati-

    na). Recentemente, padre Alfredo visitou

    Entre os dias 6 e 12 de fevereiro, o padre Valrio Sartor partici-pou do Encontro das equipes e da Assembleia do CIMI Norte I (Con-

    selho Indigenista Missionrio), que

    aconteceu no Lago Caracaran, na Ra-

    posa Serra do Sol (RR). Participaram

    do encontro o secretrio nacional

    do CIMI, Cleber Busatto, professores

    universitrios e diversas lideranas

    indgenas que contriburam na dis-

    cusso sobre a problemtica atual da

    poltica brasileira.

    Uma parte do encontro foi dedi-

    cada socializao das equipes, bem

    como divulgao do Projeto Pan-

    -amaznico da CPAL PAM SJ. Houve

    ainda um momento para o planeja-

    mento dos trabalhos do CIMI em 2017.

    Nos dias dedicados Assembleia,

    analisou-se a conjuntura, cuja tem-

    tica principal foi a Amaznia no atual

    contexto poltico nacional e interna-

    cional.Tambm foram abordados os

    temas da Campanha da Fraternidade

    2017, que trata dos Biomas brasilei-ros e defesa da vida e da questo dos

    povos indgenas da Amaznia diante

    das mudanas climticas.

    o padre Marcelo Fernandes de Aquino,

    reitor da Unisinos, alm de realizar di-

    versas reunies com os diretores da Uni-

    versidade Javeriana, a fim de definir me-

    lhor as atribuies de cada um dos atores

    implicados nessa proposta ao servio da

    Amaznia. Tambm est sendo elaborada

    uma proposta de iniciativa comum a ser

    desenvolvida com as universidades dos

    pases amaznicos para ser apresentada

    na Assembleia dos Reitores da AUSJAL,

    que ser realizada na Unicap (Universi-

    dade Catlica de Pernambuco), localizada

    em Recife (PE), em maio.

    NO padre Valrio Sartor par-ticipou da II reunio do Conselho de Coordenao do OLMA (Observatrio Nacional de

    Justia Socioambiental Luciano Men-

    des de Almeida), que aconteceu nos

    dias 16 e 17 de fevereiro, em Braslia (DF). Esse Conselho formado por

    um representante das obras sociais

    da Provncia dos Jesutas do Brasil

    BRA e do Projeto Pan-amaznico da

    CPAL PAM SJ, com a misso de arti-

    cular os trabalhos socioambientais da

    Companhia de Jesus no Brasil. Segun-

    do o padre Valrio, foi um momento

    de socializar os trabalhos das obras e

    de ver os desafios e perspectivas do

    OLMA para 2017. Diante dessa reali-dade, tendo presente as possibilida-

    des de cooperao entre todos, para

    uma melhor integrao como corpo

    apostlico da Companhia de Jesus,

    tambm houve um momento para

    tomar conhecimento dos projetos de

    leis do Senado e do Congresso Federal

    que ameaam a justia socioambien-

    tal no territrio brasileiro, afirmou.

    aliaNa do paM sj coM as uNiversidades jesutas

    Fonte: Pan-Amaznia SJ Carta Mensal (n 34 Janeiro/Fevereiro 2017)

    Acesse o link (http://bit.ly/2mKw9MD) do Portal Jesutas Brasil e leia a ntegra desta edio.

  • 22 23Em Em

    coMpaNhia de jesus DILOGO CULTUrAL E rELIGIOSO

    filMe soBre os jesutas No japo chega ao Brasil

    Em maro, est prevista a estreia do filme Silence, do diretor nor-te-americano Martin Scorsese. O aguardado longa-metragem retrata

    a perseguio vivida pelos cristos no

    Japo do sculo XVII e a busca de dois

    jovens jesutas pelo seu mentor espiri-

    tual, que teria renunciado sua f de-

    pois de ter sido torturado.

    O filme, baseado no livro homni-

    mo do japons Shusaku Endo, publicado

    em 1966, protagonizado por Andrew Garfield, no papel do padre Sebastio

    Rodrigues, Adam Driver, como padre

    Francisco Garupe, e Liam Neeson, que

    interpreta o padre Ferreira (mentor dos

    jesutas). A histria se passa no contexto

    de um Japo fechado a qualquer influ-

    ncia. Um perodo que foi de meados do

    sculo XVI a metade do sculo XIX. Trs

    sculos em que as relaes comerciais

    com o exterior foram mnimas e a per-

    seguio contra os cristos era absoluta.

    os Mrtires japoNeses

    No final de 2016, prximo a pr-estreia de Silence para os jesutas

    de Roma (Itlia), foi descoberto, no

    Arquivo Audiovisual da Congregao

    Salesiana, um filme com uma trama

    similar ao longa-metragem de

    Scorsese. Com o ttulo Os 26 mrtires do Japo, o filme mudo foi dirigido

    por Tomiyaso Ikeda, em 1931. Ambientada em 1597, a trama conta o final da experincia da primeira

    evangelizao no Japo, iniciada por

    So Francisco Xavier, em 1549. Acesse http://bit.ly/2lZ6u1Z e saiba mais sobre o achado.

    curiosidades As filmagens, que duraram cinco meses, foram realizadas em Taiwan.

    Em 1989, aps ler o livro de Shusaku em um trem a caminho de Kyoto (Japo), Scorsese teve a ideia de produzir o filme.

    Para que ficassem parecidos com os jesutas que passaram meses

    viajando de barco, antes do desembarque no Japo, Scorsese

    ordenou que os atores fizessem uma dieta rigorosa. Eles chegaram

    a perder at 20 quilos.

    Kuangchi. Ele participou muito ativa-

    mente nas filmagens, mesmo apare-

    cendo em algumas cenas.

    James Martin, norte-americano, es-

    critor de profisso e editor da revista Ame-

    rica, a publicao de maior impacto dos

    jesutas. Martin foi assessor de Scorsese

    durante toda a filmagem e ajudou a defi-

    nir a histria em termos concretos.

    O ator Andrew Garfield, por exem-

    plo, pediu ao padre jesuta James Mar-

    tin que o guiasse por meio dos Exerc-

    cios Espirituais, enquanto se preparava

    para o papel. Para ele, a experincia foi

    muito profunda e significativa. Em en-

    trevista ao estudante jesuta Brendan

    Busse, correspondente da revista Ame-

    rica, Garfield contou que houve tantas

    coisas nos Exerccios que me mudaram

    e me transformaram, que me mostra-

    ram quem eu era (...) e onde creio que

    Deus quer que eu esteja. O ator ressalta

    que a experincia o ajudou como pes-

    soa e profissional. A profundidade [...]

    dos Exerccios foi suficiente. E, depois,

    fazer o filme pareceu muito, muito,

    muito mais profundo do que qualquer

    experincia artstica que j tive.

    Os jesutas so os protagonistas da

    trama. Por isso, para preparar melhor os

    atores para interpretar os personagens,

    Scorsese pediu ajuda a alguns membros

    da Companhia de Jesus. Foram eles:

    Alberto Nez, espanhol e pro-

    fessor de Teologia da Universidade Fu-

    jen- Belarmino, de Taipei. Seu trabalho

    oficial nas filmagens foi o de consultor

    tcnico no set. Sua ocupao principal

    era estar com os atores, prepar-los para

    entender os modos de proceder jesuti-

    cos, alm de supervisionar as cenas que

    mostravam os jesutas e os fiis em ati-

    tudes explicitamente religiosas.

    Jerry Martinson, norte-america-

    no muito conhecido em Taiwan por

    se envolver nas produes de conte-

    do para televiso a partir dos Estdios

    Kuangchi, de Taipei, uma iniciativa

    da Companhia de Jesus.

    Emilio Zanetti, de origem ita-

    liana, tambm trabalha nos Estdios

    liam Neeson interpreta o padre cristvo ferreira em Silence

  • 22 23Em Em

    PE. GASDA FALA SOBrE TICA NAS OrGANIzAES

    O padre lio Estanislau Gasda autor de vrios livros. Em sua mais recente obra, Economia e bem comum. O cristianismo e uma ti-

    ca da empresa no capitalismo, lanada

    pela editora Paulus, o jesuta aborda a

    questo tica inerente atividade em-

    presarial e reflete sobre seu significado

    luz do Cristianismo. Em entrevista ao

    informativo Em Companhia, ele conta que o interesse pelo tema surgiu logo

    no incio das pesquisas acadmicas

    sobre mundo do trabalho, Capitalismo

    e Doutrina Social da Igreja. Outra mo-

    tivao para escrever o livro brotou do

    preocupante desgaste sofrido pelas em-

    presas nos ltimos anos: consecutivos

    Gaudium et Spes (GS) a nica

    constituio pastoral e a 4

    das constituies do Conclio

    Vaticano, que trata das relaes

    entre a Igreja Catlica e o mundo

    contemporneo.

    escndalos corporativos, explorao

    brutal de mo de obra, fraudes em li-

    citaes, desastres ambientais como

    o da Mariana (MG), sonegao fiscal,

    corrupo de polticos e magistrados

    da alta corte, entre outros, ressalta Pe.

    Gasda. O foco do livro a empresa,

    uma das instituies mais importan-

    tes do sculo XXI, ao lado do mercado,

    do Estado e da sociedade civil. O pon-

    to de partida a pessoa humana, pois,

    como ensina a Gaudium et Spes, nas

    empresas econmicas, so pessoas

    as que se associam, isto , homens

    livres e autnomos, criados ima-

    gem de Deus (GS, n. 68). Qualquer

    tica comea com o reconhecimento

    da dignidade humana.

    Pe. Gasda comenta que a tica

    uma cincia que estuda os valores,

    os princpios e a normatividade mo-

    ral. um saber prtico que pergun-

    ta pelo comportamento humano.

    Portanto, a tica da empresa muito

    concreta, no um idealismo inal-

    canvel. Em que consiste um bom

    comportamento empresarial? Que

    valores transmite e que princpios

    defende? Que tipo de relaes so

    promovidas no interior de uma em-

    presa, destaca o jesuta.

    No atual contexto competitivo

    das organizaes, Pe. Gasda lembra

    Leia a ntegra da entrevista do

    padre lio Estanislau Gasda no

    Portal Jesutas Brasil: http://bit.

    ly/2lZ1Np0

    Foto

    : Leo

    nard

    o Sa

    ncho

    /FAJ

    E

    O padre lio Estanislau Gasda professor-pesquisador da rea

    de tica Teolgica e Prxis Crist na FAJE (Faculdade Jesuta de Filosofia

    e Teologia), investigador da equipe de Pensamento Social da Igreja da

    ODUCAL (Organizao das Universidades Catlicas da Amrica Latina,

    do CELAM-Conselho Episcopal Latino-americano), membro do Grupo de

    Trabajo Teologa, tica e Poltica (CLACSO - Conselho Latino-americano de

    Cincias Sociais) e do comit central da Rede Mundial de tica Teolgica.

    Alm de membro do Frum Permanente de Interlocuo sobre Justia

    Socioambiental da BRA (Provncia dos Jesutas do Brasil).

    que os valores e princpios morais so

    to importantes quanto os benefcios

    econmicos. O mundo dos valores

    revela o carter de um profissional. A

    tica introduz a noo de mnimos ti-

    cos, aqueles que devem estar contem-

    plados pelos contratos e estatutos pre-

    vistos na legislao. Ningum deveria

    situar-se por debaixo desses mnimos.

    Se algum deseja alcanar graus acima

    das exigncias mnimas, prope-se

    uma tica de mximos, ou seja, com os

    valores que realmente orientam seu

    carter. A tica de mximos o parme-

    tro para quem deseja exercer um papel

    importante para uma mudana cultu-

    ral que ajude a corrigir os mecanismos

    geradores de injustia social. Um es-

    tilo de vida que no nasce a partir de

    uma obrigao legal, mas de convic-

    es interiores. Esse seria o horizonte

    tico ideal. Uma utopia? Talvez, afir-

    ma o professor da FAJE.

  • 24 25Em Em

    coMpaNhia de jesus SErVIO DA F

    caMpaNha da fraterNidade 2017

    Com o tema Fraternidade: bio-mas brasileiros e defesa da vida e o lema Cultivar e guardar a criao, a Campanha da Fraternidade

    2017 teve incio no ltimo dia 1 de maro, em todo o Brasil. A iniciativa

    busca alertar as pessoas para o cuida-

    do com a criao, de modo especial

    dos biomas brasileiros.

    Em seu artigo Biomas e defesa da vida,

    o padre Josaf Carlos de Siqueira, reitor

    da PUC-Rio (Pontifcia Universidade

    Catlica do Rio de Janeiro) e doutor em

    Cincias Biolgicas (Biologia Vegetal)

    pela Unicamp (Universidade Estadual

    de Campinas), afirma que a Campanha

    nos mostra a importncia de termos

    uma viso integradora entre as dimen-

    ses sociais e ambientais dos biomas

    brasileiros, onde a defesa da vida deve

    ser a referncia tica e evanglica que

    nos move e inspira. Segundo o jesuta,

    essa viso sistmica, presente na En-

    cclica Laudato Si do Papa Francisco,

    fundamental para abordar os diferentes

    biomas do pas.

    Com o objetivo de ajudar s fam-

    lias, comunidades e pessoas de boa

    vontade a vivenciarem a iniciativa, o

    texto-base da Campanha da Fraternida-

    de aponta uma srie de atividades que

    ajudaro a colocar em prtica as pro-

    postas incentivadas pela Campanha.

    Alm disso, o documento tambm pro-

    pe aes de carter geral, que indicam

    a necessidade da converso pessoal e

    social, dos cristos e no cristos, para

    cultivar e cuidar da criao.

    Como exemplo dessas aes, es-

    to o aprofundamento de estudos,

    debates, seminrios e celebraes

    nas escolas pblicas e privadas sobre

    a temtica abordada pela iniciativa.

    O fortalecimento das redes e articu-

    laes, em todos os nveis, tambm

    proposto com o objetivo de suscitar

    uma nova conscincia e novas prti-

    cas na defesa dos ambientes essen-

    ciais vida. Alm disso, o subsdio

    Leia mais!

    O artigo Biomas e defesa da vida

    pode ser acessado na ntegra pelo

    Portal Jesutas Brasil, no link:

    http://bit.ly/2lAfP0H

    [] nOssOs biOmas sO cOmO dOns que recebemOs dO deus criadOr, um espaO sagradO Onde vrias fOrmas de vida se interagem, marcandO sOcialmente a identidade das culturas nas regies amaznicas, dO sudeste, dO centrO-Oeste, dO nOrdeste e dO sul dO brasil.

    chama ateno ainda para a necessi-

    dade de a populao defender o des-

    matamento zero para todos os biomas

    e sua composio florestal.

    Padre Josaf explica que os biomas

    brasileiros (Amaznia, Mata Atlntica,

    Cerrado, Caatinga, Pantanal e Campos

    Sulinos) carregam histrias ambientais

    e culturais de nossa civilizao. [...] al-

    gumas pouco conhecidas, outras resga-

    tadas e divulgadas, e outras que devem

    servir de inspirao para o mundo ur-

    bano em que vivemos, pois expressam

    valores ticos e cristos que so funda-

    mentais para a defesa da vida, afirma

    em seu artigo.

    No campo poltico, o texto-base da

    Campanha da Fraternidade incentiva a

    criao de um Projeto de Lei que impe-

    a o uso de agrotxicos. O livro tambm

    indica que combater a corrupo um

    modo especial para se evitar processos

    licitatrios fraudulentos, especialmen-

    te, em relao s enchentes e secas que

    se tornam mecanismos de explorao e

    desvio de recursos pblicos.

    A CNBB (Conferncia Nacional

    dos Bispos do Brasil), responsvel

    pela realizao da Campanha da Fra-

    ternidade, destacou ser importante

    que cada comunidade, a partir do bio-

    ma em que se vive e em relao com

    os povos originrios desses biomas,

    faa o discernimento de quais aes

    so possveis e, entre elas, quais so

    as mais importantes e de impacto

    mais positivo e duradouro.

    Fonte: CNBB

    pe. josaf carlos de siqueira

  • 24 25Em Em

    OLmA APOIA mANIFESTO CONTrA mEDIDAS mIGrATrIAS DE TrUmP

    O Observatrio Nacional de Justia Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA), organismo de articulao das aes

    sociais da Provncia dos Jesutas do

    Brasil (BRA), manifestou concordncia

    e apoio Provncia Centro-Americana

    da Companhia de Jesus, Comisso

    Provincial do Apostolado Social e

    Rede Jesuta com Migrantes da Amrica

    Central, que produziram o manifesto

    tempo de construir pontes, no muros!

    O documento expressa a preocupao

    e rejeio das instituies s

    medidas migratrias anunciadas

    pelo presidente dos Estados Unidos,

    Donald Trump.

    Segundo Luiz Felipe Lacerda, se-

    cretrio executivo do OLMA, todos

    somos chamados a lutar pelo respeito

    dignidade humana. A humanidade

    vive, no presente, tempos tenebrosos

    em que, tanto em nvel local, regional

    e nacional como em nvel internacio-

    nal, os Direitos Humanos, principal-

    mente das populaes socioecono-

    micamente mais vulnerveis, correm

    mltiplos e srios perigos, aponta.

    Ele ressalta que com o apoio ao cha-

    mado da Provncia Centro-Americana,

    a Provncia BRA e o OLMA afirmam o

    compromisso com os povos indge-

    nas, os afrodescendentes, os migran-

    tes, os refugiados e tantos outros que

    lutam cotidianamente por sua sobre-

    vivncia frente a Estados Nacionais

    que mesclam discursos liberais com

    polticas exgenas, discriminatrias,

    xenofbicas e fascistas.

    O OLMA convida todos os jesutas e

    colaboradores da Companhia de Jesus

    no Brasil e os integrantes da Rede Na-

    coMpaNhia de jesus PrOmOO DA JUSTIA E ECOLOGIA

    cOm O apOiO aO chamadO da prOvncia centrO-americana, a prOvncia bra e O Olma afirmam O cOmprOmissO cOm Os pOvOs indgenas, Os afrOdescendentes, Os migrantes, Os refugiadOs e tantOs OutrOs que lutam cOtidianamente pOr sua sObrevivncia [...]

    cional de Promoo da Justia Socio-

    ambiental, a unirem-se aos irmos da

    Amrica Central, do Canad e dos Es-

    tados Unidos, divulgando, debatendo e

    tomando posio dentro do manifesto.

    O modo de proceder da Companhia

    de Jesus oferece-nos uma chave mui-

    to rica para orientar a conduta a ser

    adotada: ter presena apostlica de

    refugiados cruzam a fronteira da grcia com a Macednia

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    AFP

    Acesse http://bit.ly/2lmijlO e leia a ntegra do manifesto

    escuta, acolhida e empatia; desenvol-

    ver profundidade no conhecimento do

    que sucede; cooperar com os outros e

    a participar em redes; usar criativida-

    de em nossas aes adaptando-nos

    aos novos tempos, meios e linguagens

    para, assim, promover incidncia s-

    cio-poltica-cultural e empoderamen-

    to popular, finaliza Lacerda.

    luiz felipe lacerda, secretrio executivo do olMa

  • 26 27Em Em

    coMpaNhia de jesus EDUCAO

    o legado da caMpaNha iNaciaNos pelo haiti

    Aps cinco anos de intensa mobi-lizao e engajamento, a Campa-nha Inaciano pelo Haiti chegou ao fim em dezembro de 2016. Criada pela FLACSI (Federao Latino-americana de

    Colgios da Companhia de Jesus), em

    2011, a iniciativa promoveu um impor-tante trabalho de reestruturao das es-

    colas de F e Alegria no pas, garantindo

    que elas tivessem condies mnimas

    para poder funcionar, aps o terremoto

    que atingiu a nao em 2010. Realizada em duas etapas (2011-2013 e

    2015-2016), a Campanha contou com a par-ticipao dos colgios jesutas da Amrica

    Latina e provou que, literalmente, a unio

    faz a fora. O envolvimento dos colgios

    foi incrvel. Considerando que a primei-

    ra iniciativa conjunta entre as instituies

    educativas da Companhia de Jesus no

    continente, a Campanha Inacianos pelo

    Haiti conseguiu que o compromisso e o

    trabalho se mantivessem durante um lon-

    go perodo de tempo, envolvendo a maior

    quantidade dos colgios da FLACSI, com-

    partilha Jimena Castro, coordenadora da

    Campanha Inacianos pelo Haiti.

    Na primeira fase, o foco da Campanha

    era contribuir com o fortalecimento insti-

    tucional da rede de escolas de F e Alegria,

    no Haiti. Esse trabalho aconteceu por meio

    de um projeto desenvolvido com uma

    equipe de profissionais, conjuntamente

    com o pessoal de F e Alegria, que atuava

    no escritrio nacional, localizado na ca-

    pital do pas, Porto Prncipe. Alm dessa

    equipe, a participao de diretores e pro-

    fessores das escolas espalhadas pelo pas

    foi fundamental, pois eles recolheram,

    com riqueza de detalhes, informaes so-

    bre o estado de cada uma das instituies,

    aps o terremoto, identificando, assim, as

    principais e mais urgentes necessidades.

    Segundo Castro, esse foi o incio

    de um trabalho muito importante, que

    deu origem a uma ferramenta chamada

    folha de rota. Esse documento de pla-

    nificao foi indicando a cada uma das

    escolas, segundo a situao, o caminho

    para canalizar da melhor forma os re-

    cursos (econmicos, humanos, etc.) e,

    pouco a pouco, cada uma das escolas,

    e todas juntas, foram consolidando-se

    como centros educativos para oferecer

    uma educao de qualidade, explica.

    Dessa forma, nessa fase, F e Alegria

    conseguiu que todas as escolas da rede

    tivessem ao menos uma infraestrutura

    bsica para poder acolher as crianas.

    A segunda fase complementou ainda

    mais o processo da primeira, pois o foco

    era identificar e retribuir o trabalho dos

    professores e o fortalecimento de sua for-

    mao docente. Essa etapa convidou to-

    dos os inacianos a apoiar os 140 haitianos

    O envOlvimentO dOs cOlgiOs fOi incrvel. cOnsiderandO que a primeira iniciativa cOnjunta entre as instituies educativas da cOmpanhia de jesus [...] jimena castro, coordenadora da campanha

  • 26 27Em Em

    responsveis pela educao de mais de 4 mil crianas no pas, conta a coordenado-

    ra da Campanha Inacianos pelo Haiti.

    Nesse contexto, o papel dos colgios

    jesutas foi essencial no envolvimento das

    comunidades educativas. Conscientes da

    importncia e da urgncia da mobilizao,

    a equipe diretiva e todo o pessoal dos co-

    lgios permitiram que os estudantes co-

    nhecessem a realidade educativa do Haiti

    no s nas salas de aula, mas tambm nos

    corredores do colgio. At as ruas prxi-

    mas das instituies foram cenrio de ati-

    vidades da campanha. Com certeza, hoje,

    h muitos Inacianos pelo Haiti espalhados

    por todo o continente!, ressalta Castro.

    No Brasil, todos os colgios da Rede

    Jesuta de Educao RJE participaram da

    Campanha Inacianos pelo Haiti. Esse en-

    gajamento reflete a concepo e os esfor-

    os do trabalho em rede que os brasileiros

    tm. Os colgios levaram a campanha s

    festas juninas, s salas de aula, s missas.

    As instituies promoveram caminhadas

    e tambm pedaladas pelo Haiti, relembra

    Castro. Os alunos prepararam lanches

    para arrecadar doaes e desenvolveram

    conferncias, bazares, tardes recreativas,

    gincanas, ou seja, utilizaram todos os es-

    paos possveis, dentro e fora do colgio,

    para apoiar a campanha, conta.

    Ela destaca tambm a iniciativa de

    intercmbio de professoras haitianas no

    Brasil. Essa experincia foi maravilhosa!

    Durante trs meses, duas educadoras de

    F e Alegria estiveram compartilhando

    suas experincias em educao infantil (e

    experincias de vida tambm) com outros

    professores das unidades da RJE, localiza-

    das em Teresina (PI), diz Castro. O proces-

    Os alunos dos colgios jesutas foram os principais respons-veis por dar vida Campanha Inacianos pelo Haiti. As crianas e jo-

    vens abraaram a iniciativa e, alm de

    participar das atividades e aes, tam-

    bm envolveram amigos e familiares.

    Assim, inspirada nessa atuao, em

    2016, nasceu a proposta dos Embaixa-dores de Transformao. A inteno

    era destacar precisamente isso: o papel

    vital dos estudantes na Campanha Ina-

    cianos pelo Haiti, explica Jimena Cas-

    tro, coordenadora da iniciativa.

    Ao longo do ano, foram escolhidos

    60 Embaixadores, de 26 colgios, espa-lhados por 11 pases da Amrica Latina. Esses jovens representaram seus cole-

    gas perante todo o continente e tam-

    os eMBaixadoresde traNsforMao

    bm para as comunidades de F e Alegria

    Haiti. Entre as responsabilidades como

    embaixador estavam: sensibilizar e pro-

    mover atividades no seu colgio, sendo

    ponte ou mensageiro entre suas comuni-

    dades educativas e os professores e crian-

    as do Haiti; transmitir mensagens de

    apoio e receber mensagens de gratido,

    sendo a voz de seus companheiros ao

    compartilhar com outros Embaixadores

    esses relatos. Toda essa comunicao foi

    realizada por meio de encontros virtuais.

    Para Castro, o papel dos Embaixado-

    res de Transformao resultado de trs

    palavras: transformao, unio e integra-

    o. No mbito pessoal, a TRANSFOR-

    MAO; para a comunidade educativa

    do colgio, UNIO; e no caminho de

    nos conhecermos cada vez mais, como

    um grande corpo continental sensvel

    e comprometido, INTEGRAO. A

    experincia dos encontros virtuais aju-

    dou os alunos no compartilhamento

    de suas experincias e no exerccio de

    pensar aes conjuntas, explica ela.

    Uma dessas aes conjuntas foi o

    Manifesto de Transformao, documen-

    to que traz o testemunho de cada um

    sobre o significado mais profundo que

    a campanha deixou neles. O Manifesto

    o legado que eles deixam para todas as

    comunidades educativas do continente,

    para perpetuar a transcendncia desta

    misso, para ter presente esse enorme

    potencial de mobilizao, desse sentido

    de corresponsabilidade, pois, como eles

    tambm falaram, unidos em ao so-

    mos mais!, conclui Castro.

    Acesse http://bit.ly/2lzVcDM e

    leia a ntegra do manifesto.

    [...] levaremOs esta incrvel experincia para O restO de nOssas vidas.trecho do Manifesto de transformao

    so de imerso foi muito rico e possibilitou

    a troca de modos de aprendizagens e ferra-

    mentas entre as haitianas e os brasileiros.

    Para a coordenadora da Campanha

    Inacianos pelo Haiti, h muito o que

    se comemorar. Os avanos no forta-

    lecimento da rede de F e Alegria Hai-

    ti e a contribuio na formao dos

    professores so muito perceptveis,

    afirma. Alm desses importantes pas-

    sos, Castro ressalta um legado ainda

    maior e que ficar para sempre. Hoje,

    diretores, professores e as crianas

    das escolas do Haiti sabem que po-

    dem contar com o apoio de todo um

    continente. Isso gera um sentimen-

    to profundo que fortalece e d ainda

    mais coragem para que eles possam

    continuar trabalhando pela educao

    do seu pas, conclui.

    Saiba Mais

  • 28 29Em Em

    coMpaNhia de jesus EDUCAO

    Em 9 fevereiro, o diretor acad-mico do Colgio Medianeira, Fernando Guidini, lanou dois livros sobre a educao jesutica e a for-

    mao de professores, publicados pela

    editora Appris. O evento contou com a

    participao de educadores, professo-

    res e da direo da instituio jesuta.

    No livro Educao jesutica e teoria

    da complexidade: relaes e prticas na

    formao de professores, Guidini detalha

    o passado e o presente da tradio edu-

    cativa jesutica, desde o sculo XVI at

    os dias atuais, discorre sobre o pensar

    complexo, avana sobre as metodolo-

    gias de pesquisa e apresenta as prticas

    possveis na escola.

    A obra resultado de seis anos

    de pesquisas acadmicas de Guidini.

    Com a pedagogia jesutica e a teoria da

    complexidade, eu fiz uma relao com

    aquilo que so os processos formativos

    docentes, pensando a formao dos

    professores nas licenciaturas, explica

    Os livros podem ser adquiridos di-

    retamente pelo site da editora Ap-

    pris www.editoraappris.com.br

    educao jesutica e forMao de professores so teMas de livros

    o autor. Por meio do vis da pedagogia

    jesutica, eu trabalho o componente do

    homem moderno e de uma proposta

    pedaggica que responde aos desa-

    fios da contemporaneidade. Pelo vis

    da dimenso do pensar complexo, eu

    trabalho a raiz epistemolgica, ou seja,

    uma raiz de pensamento, que possibi-

    lita abordar ou responder os desafios

    de hoje, de um projeto educativo que

    deve passar pela humanizao, pela

    inter-relao entre os saberes e que,

    portanto, precisa dialogar com o con-

    texto, afirma.

    Segundo Guidini, a pedagogia ina-

    ciana o pano de fundo da obra, que vai

    dando forma aos momentos, tempos,

    espaos, experincias dos professores

    e referencial histrico. Alm disso, ela

    traz a imagem do estudante, a concep-

    o de homem, a relao com o ser pro-

    fessor e, principalmente, os sentidos da

    educao. Isso gera um determinado

    perfil de professor e, por sua vez, um

    determinado perfil de pessoa que ns

    queremos formar, ressalta.

    O livro _ indicado para professores,

    coordenaes pedaggicas, lideranas

    inacianas e profissionais que trabalham

    na universidade com formao de pro-

    fessores _ inspirado na prpria trajet-

    ria do professor. Como profissional de

    educao, eu acredito no compromisso

    com a formao das novas e presentes

    geraes docentes e de professores do

    nosso pas. A obra inspirada em toda

    a minha trajetria formativa como pes-

    quisador da educao e como algum

    que, a partir da prtica, procura sempre

    sistematizar os seus projetos pedaggi-

    cos, as suas pesquisas, acreditando no

    potencial, acreditando naquilo que o

    cho da escola, diz Guidini, que trabalha

    no Colgio Medianeira desde 2003.

    O outro livro de Guidini, Referen-

    ciais epistemolgicos: a formao pedag-

    gica dos professores da educao bsica,

    aborda os referenciais de conhecimen-

    to necessrios, hoje, para a formao

    de professores da educao bsica. A

    publicao traz um estudo sobre os pro-

    jetos pedaggicos e as prticas desen-

    volvidas pelos professores da educao

    bsica. A partir desse movimento, utili-

    zando o referencial da teoria como ex-

    presso da prtica, eu vou fazendo um

    diagnstico dos saberes e dos conhe-

    cimentos que esses professores, que

    esto desenvolvendo o seu trabalho pe-

    daggico em sala de aula, possuem, ou

    devem possuir, para o melhor exerccio

    da sua funo, conta.

    O objetivo que esses profissionais

    desenvolvam da melhor forma o seu

    trabalho. A partir do olhar do profes-

    sor, eu sistematizo esses referenciais

    ao longo da obra e, por sua vez, esses

    mesmos referenciais retornam uni-

    versidade, academia, como elementos

    de formao para os novos professores,

    para aqueles que esto nas licenciatu-

    ras. O ponto de partida a escola, pois

    nela que a gente tem o professor, na

    escola que a gente tem os grandes de-

    safios. Ento, sistematizar isso tudo e

    enviar para academia, possibilita que

    ela consiga promover uma formao de

    professores atualizada diante de conhe-

    cimento, de saberes e de aprendizagens

    que sejam pertinentes e que atendam

    aos desafios que ns temos hoje na es-

    cola e que no so poucos, finaliza.

    obras de fernando guidini foram lanadas em fevereiro

    Foto

    : Pau

    linha

    Koz

    low

    ski/C

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    io m

    edia

    neira

  • 28 29Em Em

    PrOGrAmA mAGIS BrASIL PLANEJA SEU III FrUm NACIONAL

    Entre os dias 14 e 15 de fevereiro, colaboradores e jesutas partici-param da reunio de planejamen-to do III Frum MAGIS Brasil, no Centro

    MAGIS Burnier, localizado em Braslia

    (DF). O encontro reuniu representantes

    dos Centros, Casas e Espaos que com-

    pem a rede do Programa MAGIS.

    coMpaNhia de jesus JUVENTUDE E VOCAES

    O III Frum, que ser realizado

    de 29 de abril a 1 de maio de 2017, no prprio Centro MAGIS Burnier e

    no Centro Cultural de Braslia (CCB),

    pretende contar com a participao

    de jovens envolvidos com o MAGIS de

    todo o pas. As inscries sero rea-

    lizadas localmente e exclusivamente

    iNtegraNdo aes

    No dia 8 de fevereiro, represen-

    tantes da equipe de trabalho na-

    cional do Programa MAGIS Brasil

    reuniram-se com integrantes da

    coordenao do Colgio So Fran-

    cisco Xavier, localizado em So

    Paulo (SP). Durante o encontro, dis-

    cutiu-se a possibilidade de integrar

    aes entre o Programa e o Colgio.

    O intuito aproximar os alunos da

    instituio das atividades oferecidas

    pelo Centro MAGIS Anchietanum e,

    tambm, compartilhar experincias

    pedaggicas do ambiente escolar que

    podero agregar metodologia de tra-

    balho do Programa MAGIS.

    por meio das obras que fazem parte

    do Programa.

    A ltima edio do Frum MAGIS Bra-

    sil aconteceu em abril de 2016, no Centro Cultural Joo XXIII, Rio de Janeiro (RJ).

    Com cerca de 100 participantes, o evento contou com uma programao de ativida-

    des de carter formativo e celebrativo.

    O padre Jonas Caprini, coordenador

    nacional do Programa MAGIS Brasil, este-

    ve presente na reunio e avaliou positiva-

    mente o encontro das equipes de trabalho

    das duas obras jesutas. Recebemos com

    bastante entusiasmo o convite feito pelo

    Colgio e agradecemos a oportunidade

    de poder dialogar e apresentar o trabalho

    desenvolvido pelo MAGIS, ressaltou.

  • 30 31Em Em

    coMpaNhia de jesus JUVENTUDE E VOCAES

    aproxiMao e escuta dos joveNs

    Em um processo de aproxima-o e escuta dos jovens, o Cen-tro MAGIS Amaznia realizou um encontro com os crismandos da

    Parquia So Jos Operrio, em Ana-

    nindeua (PA), no dia 12 de fevereiro. Como momento fecundo de apren-

    dizado e partilha, o encontro permitiu

    aos jovens interiorizarem-se e refleti-

    rem sobre o sentido profundo da vo-

    cao humana, do compromisso e das

    implicaes de uma vida crist autn-

    tica frente realidade.

  • 30 31Em Em

    ageNda

    Centro magis Inaciano da Juventude CIJlocal | Fortaleza (CE) site | www.casainacianadajuventude.com

    Vila Ftimalocal | Florianpolis (SC)orientador | Pe. Otmar Jacob Schwengber, SJ, e maria Nogueirasite | www.vilafatima.com.br

    Casa de retiros Vila Kostka Itaici tema | Da Cruz a ressurreiolocal | Indaiatuba (SP)orientador | Pe. Adilson Silva, SJsite | www.itaici.org.br

    Casa mAGIS manresa local | Cascavel (Pr)site | casamanresa.wixsite.com/site

    Centro Loyola de F e Cultura PUC-riolocal | rio de Janeiro (rJ)professor | renato Vargessite | www.centroloyola.puc-rio.br

    aBrIl

    Centro de Eventos Cristo reilocal | So Leopoldo (rS)orientador | Pe. Dionsio Seibel, SJsite | www.cecrei.org.br

    Casa de retiros Padre Anchieta CArPAlocal | rio de Janeiro (rJ)orientador | Pe. Javier Enciso, SJ site | www.casaderetiros.org.br

    1 A 8

    9 A 15

    retIro de aComPanhamento dIrIo

    retIro de semana santa

    2

    12A 15

    12 A 16

    14

    29

    ConvIvIum

    retIro de PsCoa

    retIro temtICo

    PeregrInao

    Curso a BIotICa e as ameaas vIda humana

    juBileus60 ANOS DE COmPANH