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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DE FLORESTAS TROPICAIS Luiza Maria Teóphilo Aparecido MANAUS, AMAZONAS MARÇO, 2014 PADRÕES DA ÁREA DO XILEMA ATIVO EM ESPÉCIES FLORESTAIS AMAZÔNICAS NA REGIÃO DE MANAUS (AM)

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DE FLORESTAS TROPICAIS

Luiza Maria Teóphilo Aparecido

MANAUS, AMAZONAS

MARÇO, 2014

PADRÕES DA ÁREA DO XILEMA ATIVO EM

ESPÉCIES FLORESTAIS AMAZÔNICAS NA REGIÃO

DE MANAUS (AM)

i

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DE FLORESTAS TROPICAIS

ORIENTADOR: Dr. Joaquim dos Santos (INPA)

CO-ORIENTADOR: Dr. Norbert Kunert (MPI-BGC)

Dissertação apresentada ao Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia

(INPA) como parte dos requisitos

para obtenção do titulo de Mestre em

Ciências de Florestas Tropicais, área

de concentração em Manejo Florestal.

Manaus, Amazonas

Março, 2014

PADRÕES DA ÁREA DO XILEMA ATIVO EM

ESPÉCIES FLORESTAIS AMAZÔNICAS NA REGIÃO

DE MANAUS (AM)

ii

iii

A639 Aparecido, Luiza Maria Teóphilo

Padrões da área do xilema ativo em espécies florestais

amazônicas na região de Manaus (AM) / Luiza Maria Teóphilo

Aparecido. --- Manaus: [s.n.], 2014.

xvii, 120 f. : il. color.

Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2014.

Orientador : Joaquim dos Santos.

Coorientador : Norbert Kunert.

Área de concentração : Manejo Florestal.

1. Ecofisiologia florestal. 2. Palmeiras. 3. Área do xilema. I.

Título.

CDD 581.5

SINOPSE:

Estudou-se a variação das dimensões da área do xilema ativo e condutividade

hidráulica em diferentes espécies arbóreas e uma espécie de palmeira em uma

área de floresta amazônica primária. Esta variação apresentada por estas variáveis

foram explicadas ao analisar dimensões das árvores (biometria), anatomia da

madeira e ecologia sucessional.

Palavras-chave: Árvores, relações hidricas, madeira, manejo florestal.

iv

Dedico aos meus pais que, alem de mentores, são meus melhores amigos.

Às florestas, que permitiram entrar em seu domínio e observar seus mistérios.

v

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Deus e Maria por me acompanharem diariamente em todos os

passos dados em minha vida. Nada seria possível sem fé e esperança.

Aos meus pais, Maria Inês da Silva e João Batista Aparecido, pelo apoio e amor

incondicional que depositam em mim. Sabiam que eu estaria longe e trabalhando em um

ambiente considerado perigoso, mas sempre me disseram para seguir minha paixão, custe o

que custar. Ao meu irmão André Luiz, que alem de achar tudo muito interessante o que eu

estudo e trabalho, me deu em 2013 mais uma alegria de viver: minha sobrinha Gabriela.

Ao meu melhor amigo e companheiro de vida, Pedro Risso, pela paciência e

acompanhamento a distância nestes dois anos de mestrado. A saudade foi intensa, mas sua

admiração e credibilidade em mim nos uniram mais ainda. Obrigada por acalmar meu coração

em momentos de angústia e vibrar comigo em momentos de alegria!

A CAPES, pela bolsa cedida, que auxiliou na permanência em Manaus (AM). Sem

este auxilio provavelmente este mestrado não teria sido finalizado.

Ao INPA, pela infraestrutura, pesquisadores, coordenadores, secretárias, zeladores,

técnicos de laboratório, técnicos de campo e motoristas. Não há do que reclamar. Tudo o que

precisei, tive em mãos. Muito obrigada por ter sido tão bem acolhida!

Aos meus orientadores, Niro Higuchi e Joaquim dos Santos, pela tutoria. Meu

amadurecimento acadêmico e agregação de conhecimento florestal se devem a vocês.

Obrigada pela paciência, persistência na realização de seminários e auxílio em atividades de

campo e cursos, cafezinhos da tarde, caronas, etc. etc. etc. Mas, principalmente por estarem

presentes e ajudando sempre que precisei. Hoje me sinto uma nova pessoa graças a vocês!

Ao meu co-orientador, Nobby (Norbert Kunert), ―my german big brother‖. Não há

palavras suficientes para dizer o quanto você foi importante para esse mestrado e dissertação.

Além de ter me dado uma perspectiva sobre pesquisa muito diferente do que era acostumada,

você me apresentou as maravilhas da ecohidrologia/ecofisiologia. Espero ter sido uma aluna a

sua altura e que eu não lhe tenha decepcionado muito. Ainda há muito que aprender, mas você

me ensinou muito e ajudou a trilhar meu caminho. Muitíssimo obrigada!

Aos meus colegas de ZF-2 e LMF (Laboratório de Manejo Florestal). São tantas

pessoas, que chega a ser difícil citar todos. Mas, quem conhece ou já fez parte ou faz parte

vi

dessa FAMÍLIA, sabem que são. Agradeço pelos momentos de descontração e troca de ideias

e informações. Contem comigo para o que precisarem!

Ao Laboratório de Anatomia da Madeira/INPA (Jorge, Francisco e Adenauer) e

Laboratório de Engenharia de Artefatos de Madeira/INPA (Claudete e Jair), que alem de

cederem um espaço para mim na serraria e também na xiloteca, me auxiliaram em todas as

dúvidas que tive e também em procedimentos que eu não sabia que precisava. A sabedoria e

solidariedade de vocês foram extremas e por isso eu agradeço. Obrigada!

Aos meus companheiros de casa (moradores e agregados: Sabrina, Bianca, Eliane,

Marina, Rafu, Larissa, Alice, Gabriel McCrate, Diogo e Piaba), vocês foram meus anjos aqui

em Manaus. Sem vocês minha estadia aqui teria sido muito difícil. Agradecerei eternamente

pela companhia e amizade de vocês! Sei que poderei contar com cada um de vocês sempre.

Aos meus colegas de mestrado (turma CFT-2012), obrigada pela companhia nestes

dois anos. Cada um possui alguma contribuição com esta dissertação.

Aos meus amigos e colegas de Ilha Solteira (SP) e Curitiba (PR), que apesar da

distância física e também de contato, sempre que puderam me mandaram mensagens de apoio

e admiração. Este mestrado também é de vocês.

MUITO OBRIGADA!

vii

“The clearest way into the Universe is through a forest wilderness.”

-John Muir

viii

RESUMO

Processos hidrológicos em povoamentos florestais são influenciados, principalmente, pelas

espécies vegetais ocorrentes e suas características fisiológicas. Padrões de uso de água

distintos de determinadas espécies podem levar a uma limitação de práticas de manejo

florestal. A maioria dos estudos realizados em florestas tropicais sobre padrões hidráulicos

das plantas foram conduzidos fora do Brasil. Com isto, o objetivo desta dissertação foi

determinar padrões da área do xilema ativo, por meio de imersões em corante, de espécies

florestais próximas à cidade de Manaus- Amazonas. Os dados da área do xilema ativo foram

relacionados à ecologia de espécies arbóreas e indivíduos da palmeira açaí (Euterpe

precatoria) coletados, à anatomia da madeira, diâmetro a altura do peito (DAP), altura total e

volume. Modelos alométricos foram aplicados para a estimativa da área do xilema ativo.

Outra seção desta dissertação focou na análise da condutividade hidráulica (Ks) em diferentes

alturas de palmeiras açaí e entre diferentes espécies arbóreas. E finalmente, comparar os

resultados de ambos os grupos funcionais. Dados foram coletados na estação experimental

ZF-2 em uma área de aproximadamente 6 ha situada no km 18 da estrada vicinal. 34 árvores

foram escolhidas aleatoriamente. Altura total foi mensurada após a derrubada. Seções das

árvores amostradas foram levadas para o laboratório onde foram imersas em uma solução

corante de indigo carmine até que a coloração fosse observada na face superior da tora.

Assumiu-se que a parte colorida de azul na seção transversal correspondia à área do xilema

ativo e com isto foi medida juntamente com o diâmetro do indivíduo. Espécies foram

identificadas através dos atributos anatômicos da madeira. Diâmetro, frequência e

comprimento de elemento de vaso foram mensurados em um laboratório especializado.

Padrões da área condutiva se diferenciaram entre e dentro das espécies, apesar de todas serem

de porosidade difusa. O modelo alométrico foi desenvolvido por meio de regressões lineares e

não-lineares. O melhor ajuste e relação foi obtido entre área do xilema ativo e DAP com

modelo não-linear. O pior ajuste e relação foram obtidos com a variável frequência de vaso,

que não apresentou relação ou influência aparente sobre área do xilema ativo. Os ajustes não

apresentaram elevados parâmetros estatísticos, mas com exceção de diâmetro e frequência de

vaso, todas as correlações foram positivas e conclusivas. Estes baixos parâmetros estatísticos

podem ser explicados por determinadas características das espécies, microclima e fatores

ecológicos. Ks entre as árvores amostradas foi bastante distinta com valores variando entre

0,09 e 24 kg m-1

s MPa-1

. Estas diferenças também foram explicadas por meio da autoecologia

das espécies e microclima. Dez palmeiras açaí foram coletadas próximas à área de estudo das

árvores e foram submetidas ao mesmo processo de coloração e análise anatômica da madeira.

As palmeiras apresentaram área do xilema ativo com padrões similares entre e dentro das

espécies. Ks foi diferente nas alturas analisadas. Ks na base da copa foi mais elevada do que

na base do fuste, devido à alta frequência de vasos presentes na seção transversal e área do

xilema ativa reduzida presente nesta altura. As palmeiras também apresentaram uma relação

positiva com DAP. Ao comparar árvores com palmeiras, observou-se que árvores e palmeiras

compartilham a mesma relação positiva com DAP, porém apresentam diferentes padrões de

área condutiva e valores de Ks. Com isto, este estudo mostrou como espécies apresentam

características diferentes que podem influenciar transporte de água, mas possuem variáveis

em comum que contribuem com o equilibro do ecossistema em que vivem e podem também

auxiliar na estimativa de transpiração florestal do povoamento.

Palavras-chave: área do xilema ativo; ecofisiologia florestal; modelo alométrico; palmeiras;

árvores amazônicas; anatomia da madeira; condutividade hidráulica.

ix

ABSTRACT

Hydrological processes in forest stands are mainly influenced by the stand forming plant

species and their physiological characteristics. Distinct water use patterns of certain species

can lead to limitation in forest management practices. Most tropical studies determining the

water use pattern of forest plant species were conducted almost exclusively outside Brazil.

Thus, the purpose of this thesis was to obtain sapwood area patterns through dye immersions

in forest species near the city of Manaus – Amazonas. The data of sap wood area was

associated with the ecology of the collected tree species and açai palm individuals (Euterpe

precatoria), wood anatomy, diameter at breast height (DBH), height and volume. Allometric

models to determine sapwood area were applied. Another section of this thesis focused on

analyzing hydraulic conductivity at different heights of açai palms and hydraulic conductivity

between different tree species. Finally, compare results obtained between trees and palms.

Data were collected at the ZF-2 experimental field site on km 18 of the vicinal road. 34

sample trees were chosen randomly in an area of approximately 6 ha. Tree height was

measured after cutting the tree. Stem sections of the harvested trees were taken to the

laboratory to be immersed in indigo carmine dye solution until coloring was apparent on the

upper side of the log. The colored cross section was assumed to be the conducting tissue of

the sapwood and was measured along with diameter. Species were identified through

anatomical wood characteristics. Vessel diameter, frequency and length were measured in a

specialized wood laboratory. Sapwood patterns differed between and within species although

all were diffuse porous. The allometric model was obtained through linear and non-linear

regressions. The best relationship and model fit was obtained between sapwood area and

DBH with a non-linear model. The null relationship and worse model fil was with vessel

frequency that didn’t present any apparent influence over sapwood area. Model fits didn’t

present high statistical parameters, but excluding vessel diameter and frequency, all

relationships were positive and conclusive. These low statistical parameters can be explained

through certain species characteristics, microclimate and ecological factors. Hydraulic

conductivity between the sampled trees was very distinct with values varying from 0.09 to 24

kg m-1

s MPa-1

. These differences were also explained through species autoecology and

microclimate. Ten açai palms were collected near the same study area as trees and were

submitted to the same coloring process and wood anatomy analysis. Palms presented same

sapwood pattern within and between species. Hydraulic conductivity was different in the

heights analyzed. Hydraulic conductivity in the base of the crown was higher than in the base

of the trunk, due to the high density of vessels in a small cross-section or sapwood area in this

height. Palm trees also presented a positive relationship with DBH. When comparing trees

and palms, we observed that trees and palms share the positive relationship with DBH, but

presented different sapwood patterns and hydraulic conductivity values. Thus, this study

showed how species present different characteristics that can influence water transport, but

have common variables that can maintain the ecosystem balance they grow and assist in the

estimation of forest stand transpiration.

Keywords: Sapwood area; forest ecophysiology; allometric model; palms; amazon trees;

wood anatomy; hydraulic conductivity.

x

SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................................... viii

ABSTRACT ......................................................................................................................... ix

SUMÁRIO............................................................................................................................. x

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................ xiii

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................... xv

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 4

2.1. Água e seu transporte pelo vegetal ........................................................................... 4

2.2. Anatomia do lenho ................................................................................................... 5

2.3. Área do xilema ativo e sua determinação ................................................................. 7

2.4. Condutividade hidráulica ....................................................................................... 10

3. OBJETIVOS ................................................................................................................. 13

3.1. Objetivo Geral ....................................................................................................... 13

3.2. Objetivos Específicos ............................................................................................. 13

4. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 14

4.1. ÁRVORES ............................................................................................................ 14

4.1.1. Área de estudo ................................................................................................ 14

4.1.2. Seleção, medição e corte dos indivíduos ......................................................... 16

4.1.3. Aplicação do corante ...................................................................................... 18

4.1.4. Análise das seções .......................................................................................... 20

xi

4.1.5. Anatomia da madeira ...................................................................................... 21

4.1.6. Condutividade hidráulica em árvores .............................................................. 27

4.1.7. Modelagem alométrica das árvores ................................................................. 28

4.1.8. Análise Estatística (Árvores) ........................................................................... 30

4.2. PALMEIRAS ........................................................................................................ 30

4.2.1. Área de estudo e coleta de indivíduos ............................................................. 30

4.2.2. Determinação da área do xilema ativo e análise anatômica .............................. 32

4.2.3. Condutividade hidráulica de palmeiras ............................................................ 33

4.2.4. Análise estatística (Palmeiras) ......................................................................... 33

4.3. Comparação entre árvores e palmeiras ................................................................... 33

5. RESULTADOS ............................................................................................................ 34

5.1. Área do Xilema ativo: ÁRVORES ......................................................................... 34

5.1.1. Descrição dos dados........................................................................................ 34

5.1.2. Equações Alométricas ..................................................................................... 39

5.1.3. Variáveis Biométricas para estimativa de área condutiva ................................ 40

5.1.4. Anatomia da Madeira ...................................................................................... 43

5.2. Condutividade Hidráulica: ÁRVORES .................................................................. 48

5.2.1. Condutividade hidráulica e Variáveis biométricas e anatômicas ...................... 48

5.3. Gênero Eschweillera .............................................................................................. 51

5.3.1. Descrição dos dados........................................................................................ 51

5.4. Área do Xilema Ativo: PALMEIRAS .................................................................... 56

5.4.1. Descrição dos Dados ....................................................................................... 56

xii

5.4.2. Comparação com outras espécies .................................................................... 57

5.4.3. Variáveis Biométricas e Anatômicas relacionadas à Área do xilema ativo ....... 60

5.5. Condutividade Hidráulica: PALMEIRAS............................................................... 63

5.5.1. Descrição dos dados........................................................................................ 63

5.5.2. Ks e Variáveis Biométricas e Anatômicas ....................................................... 64

6. DISCUSSÕES .............................................................................................................. 69

6.1. Área do Xilema Ativo: ÁRVORES ........................................................................ 69

6.1.1. Variáveis Biométricas para estimativa de área condutiva ................................ 69

6.1.2. Anatomia da Madeira ...................................................................................... 74

6.2. Condutividade Hidráulica: ÁRVORES .................................................................. 75

6.2.1. Variáveis biométricas ......................................................................................... 75

6.2.2. Variáveis anatômicas ...................................................................................... 76

6.3. Gênero Eschweillera .............................................................................................. 77

6.4. Área do Xilema Ativo: PALMEIRAS .................................................................... 78

6.5. Condutividade Hidráulica: PALMEIRAS............................................................... 79

6.5.1. Diâmetro e Área do Xilema Ativo ................................................................... 80

6.5.2. Altura total...................................................................................................... 80

6.5.3. Variáveis anatômicas ...................................................................................... 81

6.6. Comparação entre árvores e palmeiras ................................................................... 81

7. SÍNTESE DOS RESULTADOS ................................................................................... 83

8. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 85

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 86

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Indivíduos utilizados neste estudo e suas referentes dimensões e classificações

botânicas. ............................................................................................................................. 17

Tabela 2. Classes determinadas pela COPANT (1974) para organização de dados referentes às

estruturas constituintes do lenho. .......................................................................................... 24

Tabela 3. Sumário das características biométricas e anatômicas das árvores amostradas

(n=34). Abreviações: DAP, diâmetro à altura do peito; Ht: altura total. ................................ 35

Tabela 4. Descrição das características físicas observadas em cada indivíduo amostrado.

Observação: *completamente visível= X; parcialmente visível= X. **Doença. .................... 37

Tabela 5. Análise de regressão da área do xilema ativo com diâmetro à altura do peito (DAP,

cm), altura total (m), volume (m³), diâmetro de vaso (µm), comprimento do elemento de vaso

(µm) e frequência de vaso (n/mm²) utilizando o modelo linear y = a +bx e o modelo não-

linear y = axb. Significância representada por * (p<0,05); ** (p< 0,01); *** (p< 0,001) e ns

para não significativo (p>0,05). Ɛ= erro padrão. ................................................................... 39

Tabela 6. Lista de espécies com amostras de seções da base da copa e suas respectivas

dimensões. ........................................................................................................................... 41

Tabela 7. Parâmetros estatísticos de ajustes utilizando modelo linear e não-linear para

relacionar variáveis biométricas e anatômicas à condutividade hidráulica de árvores.

Significância representada por * (p<0,05); ** (p< 0,01); *** (p< 0,001) e ns para não

significativo (p>0,05). .......................................................................................................... 49

Tabela 8. Descrição das variáveis biométricas e anatômicas dos indivíduos pertencentes ao

gênero Eschweillera. ............................................................................................................ 52

Tabela 9. Descrição dos parâmetros estatísticos resultantes das análises de regressão dos

modelos linear e não-linear entre variáveis biométricas e anatômicas com área do xilema

ativo. Significância representada por *(F>0,05); ** (F> 0,01); *** (F> 0,001) e ns para não

significativo (F<0,05)........................................................................................................... 53

xiv

Tabela 10. Descrição dos parâmetros estatísticos resultantes das análises de regressão com

modelos linear e não-linear com variáveis biométricas e anatômicas com condutividade

hidráulica (Ks) do gênero Eschweillera. Significância representada por *(F>0,05); ** (F>

0,01); *** (F> 0,001) e ns para não significativo (F<0,05). .................................................. 54

Tabela 11. Detalhamento das características biométricas das palmeiras açaí amostradas...... 56

Tabela 12. Parâmetros estatísticos obtidos por meio do ajuste de modelos lineares e não-

lineares para palmeiras. Significância representada por * (p<0,05); ** (p< 0,01); *** (p<

0,001) e ns para não significativo (p>0,05). .......................................................................... 60

Tabela 13. Lista dos resultados de condutividade hidráulica (Ks) e suas respectivas áreas

condutivas e diâmetro de vaso. Observação: (■) Máximo; (■) Mínimo................................. 63

Tabela 14. Descrição dos parâmetros estatísticos resultantes das análises de regressão para

modelos linear e não-linear entre condutividade hidráulica e variáveis biométricas e

anatômicas em palmeiras. Significância representada por * (p<0,05); ** (p< 0,01); *** (p<

0,001) e ns para não significativo (p>0,05). .......................................................................... 65

xv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Coloração utilizando ácido fuchsin. Barra= 5 mm. A) Seção 10 cm acima da introdução

do corante; B) Aproximação da mesma seção. Barra= 1 mm. FONTE: UMEBAYASHI et al.,

2007. C) Seção mostrando os vasos de condução tingidos pelo corante. Barra= 50 μm. FONTE:

SANO et al., 2005. ........................................................................................................................... 9

Figura 2. Localização da área de estudo. ........................................................................................ 14

Figura 3. Precipitação e temperatura média mensal durante 13 anos de medições na área de

estudo. Adaptado: Kunert et al. em processo de escrita. ................................................................ 15

Figura 4. Seções das árvores amostradas imersas na solução de corante. ...................................... 19

Figura 5. Frasco de indigo carmine. ............................................................................................... 19

Figura 6. Representação das medições realizadas em cada seção. ................................................. 21

Figura 7. Preparação dos corpos-de-prova das 34 árvores amostradas. ......................................... 22

Figura 8. Diferença de exsudatos encontrados em diferentes espécies do estudo. A) Seiva; B)

Látex; C) Resina. ............................................................................................................................ 22

Figura 9. Visão macroscópica no aumento 10x dos poros de alguns indivíduos amostrados. A)

Cecropia sciadophylla Mart. (nº. 1); B) Virola calophylla (Spruce) Warb. (nº. 6); C) Protium

heptaphyllum (Aubl.) March. (n°. 8); D) Ocotea neesiana (Miq.) Kosterm. (nº. 15); E)

Eschweilera wachenheimii Sandwith (nº. 16); F) Gustavia speciosa (Kunth) DC. (nº. 21); G)

Byrsonima crispa A. Juss (nº. 24); H) Pouteria caimito Radlk. (nº. 30); I) Micrandropsis

scleroxylon W. Rodr. (nº. 34). ........................................................................................................ 23

Figura 10. Etapas do processo de confecção de lâminas histológicas. A) Branqueamento dos

cortes histológicos. B) Coloração dos cortes utilizando solução corante safranina. C) Fechamento

das lâminas. D) Medição de diâmetro e frequência de vaso utilizando o aparelho projetor. ......... 26

Figura 11. Disposição (A) e detalhamento (B) de feixes vasculares da base do indivíduo nº. 23 de

Euterpe precatoria Mart. das amostras coletadas. FONTE: Arquivo pessoal. .............................. 31

Figura 12. Seções dos açaís amostrados imersos na solução corante. ............................................ 32

xvi

Figura 13. Árvores amostradas após imersão no corante mostrando claramente a área onde o

xilema é ativo. A) Eschweillera wachenheimmii (nº 2; seção mais abaixo na figura) e Cecropia

sciadophylla (nº 4 e 5; outras duas seções na figura). B) Sclerolobium chrysophyllum (nº 23, DAP

e copa; seções inferiores na figura) e Eschweilera wachenheimii (nº 16, acima na figura). C)

Seções do DAP e copa de Protium heptaphyllum (nº 8). ............................................................... 38

Figura 14. Representação da curva ajustada do modelo não linear para área do xilema ativo

utilizando a variável DAP. ............................................................................................................. 40

Figura 15. Representação da curva ajustada com o modelo não-linear para a estimativa da área do

xilema ativo com a variável diâmetro da base da copa. ................................................................. 41

Figura 16. Representação da curva do modelo não linear ajustada para área do xilema ativo

utilizando a variável altura total. .................................................................................................... 42

Figura 17. Representação da curva ajustada do modelo não-linear para área do xilema ativo

utilizando a variável volume. ......................................................................................................... 43

Figura 18. Representação percentual da classificação diamétrica dos vasos das árvores

amostradas. ..................................................................................................................................... 44

Figura 19. Representação da curva ajustada do modelo não-linear para área do xilema ativo

utilizando a variável diâmetro de vaso. .......................................................................................... 44

Figura 20. Representação percentual da classificação do comprimento dos elementos de vaso das

árvores amostradas. ........................................................................................................................ 45

Figura 21. Representação da curva ajustada do modelo não-linear para área do xilema ativo

utilizando a variável comprimento do elemento de vaso. .............................................................. 46

Figura 22. Representação percentual da classificação da frequência de vasos das árvores

amostradas. ..................................................................................................................................... 47

Figura 23. Representação da curva ajustada do modelo linear para área do xilema ativo utilizando

a variável frequência de vaso. ........................................................................................................ 47

Figura 24. Valores de condutividade hidráulica (Ks) para cada um dos 34 indivíduos arbóreos

amostrados (eixo x= número designado a cada indivíduo). ........................................................... 48

xvii

Figura 25. Representação gráfica das linhas de tendências com modelo não-linear obtidas ao

relacionar variáveis biométricas e anatômicas à condutividade hidráulica de árvores. A) Área do

Xilema Ativo; B) DAP; C) Altura; D) Frequência de Vaso; E) Diâmetro de Vaso. ...................... 50

Figura 26. Representação gráfica das melhores equações obtidas pelas análises de regressão para

demonstrar a tendência dos dados de Eschweillera com área do xilema ativo. ............................. 53

Figura 27. Representação gráfica das equações que apresentaram melhor ajuste para demonstrar a

tendência dos dados do gênero Eschweillera. ................................................................................ 55

Figura 28. Tamanho e frequência dos feixes vasculares na base e na copa de um indivíduo de

Euterpe precatoria (aumento em 20x (base) e 30x (copa) utilizando Microscópio Estéreoscópico

(Lupa) LABOMED CZM4). .......................................................................................................... 57

Figura 29. Imagem das seções de cada espécie de palmeira à direita. À esquerda, visão detalhada

dos feixes vasculares. A) Oenocarpus bataua; B) Oenocarpus bacaba; C) Euterpe precatoria.

FONTE: Arquivo pessoal. .............................................................................................................. 59

Figura 30. Representação gráfica das curvas de tendência entre as variáveis biométricas e

anatômicas do lenho da copa e base das palmeiras com a área do xilema ativo. A) Diâmetro de

base e de copa; B) Altura total; C) Diâmetro de Vaso; D) Frequência de Vaso. Observação: (●)

Base; (○) Copa. ............................................................................................................................... 61

Figura 31. Gráfico de barras representando os valores de Ks para base e copa. ............................ 64

Figura 32. Representação gráfica das curvas de tendência entre as variáveis biométricas e

anatômicas do lenho da copa e base das palmeiras com condutividade hidráulica. A) Área do

xilema ativo; B) Diâmetro; C) Altura total; D) Diâmetro de vaso; E) Frequência de vaso.

Observação: (●) Base; (○) Copa. .................................................................................................... 66

Figura 33. Tipos de oco e anomalia presentes nas árvores amostradas. A) Patógeno; B) Formiga;

C e D) Cupim.................................................................................................................................. 71

Figura 34. Relação frequência e diâmetro de vaso para povoamento arbóreo, gênero Eschweillera

e palmeira açaí. ............................................................................................................................... 82

1

1. INTRODUÇÃO

Diferenças entre espécies de árvores e sua fisiologia já foram reconhecidas como as

características que mais influenciam os impactos hidrológicos de povoamentos florestais

(DIJK & KEENAN, 2007; BIGELOW, 2001; BRUIJNZEEL, 1997; GEBAUER et al., 2008).

Isto contrasta com estudos que mostram que o uso da água em indivíduos ou povoamentos é

predominantemente influenciado pela altura da árvore e estrutura de florestas maduras

(MEINZER et al., 2001; MEINZER et al., 2005; MCJANNET et al., 2007).

Um padrão presente em todas as plantas lenhosas é aquele referente à trajetória da

água, também conhecido como padrões do uso de água. Estes padrões podem ser baseados em

variáveis relacionadas à condução de água no fuste da planta, como área do xilema ativo e

condutividade hidráulica. Ao se comparar árvores e outras plantas lenhosas, como palmeiras,

espera-se que estas apresentem padrões similares de área condutiva e condutividade hidráulica

em relação ao tamanho do indivíduo, independentemente da espécie passar por alguma

limitação biofísica fixa (MEINZER et al., 2005; ANDRADE et al., 2005).

Árvores e palmeiras coexistem em equilíbrio em florestas tropicais, sendo que

palmeiras possuem um padrão de hiperdominância na floresta amazônica brasileira, como a

espécie Euterpe precatoria (STEEGE et al., 2013). Porém, árvores e palmeiras são

pertencentes a grupos funcionais distintos, ou seja, dividem o mesmo habitat com diferenças

significativas em sua anatomia do lenho, morfologia e fisiologia. Estas diferenças resultam

em diferentes padrões de uso de água. A combinação das características exclusivas destes

grupos funcionais e seus padrões de uso de água mantém o equilíbrio do povoamento florestal

ao contribuírem com a interação solo-planta- atmosfera através da absorção da água pelas

raízes e subsequente transpiração pelas folhas (PIMENTEL, 2004).

A área do xilema ativo pode ser modelada ao relacionar variáveis específicas de cada

indivíduo, podendo posteriormente auxiliar na estimativa da transpiração de uma única árvore

ou de uma floresta inteira (WULLSCHLEGER et al., 1998; ENQUIST, 2002; WEST et al.,

1999; ČERMAK et al., 2004; OREN et al., 1998). Além do tamanho, diferenças anatômicas

no lenho, ecologia da espécie, microclima e idade do indivíduo são fatores que afetam

diretamente os padrões de uso da água (GEBAUER et al., 2008; HORNA et al., 2011;

MENCUCCINI et al., 2007; BAKER et al., 2003; ANDRADE et al., 1998) . Assim, uma

2

estimativa de transpiração sem erros significativos requer estudos aprofundados sobre a

variedade de comportamentos ecológicos, fisiológicos e anatômicos no nível de espécie

existente dentro de uma floresta (HOFFMAN, 2012; ČERMAK & NADEZHDINA, 1998;

ENQUIST, 2002; WEST et al., 1999).

Condutividade hidráulica, que equivale à capacidade da árvore impulsionar água

através dos vasos xilemáticos (MULKEY et al., 1996), também é um padrão de uso de água

importante ao funcionamento do indivíduo e equilíbrio do ambiente. A alta diversidade de

espécies encontradas na floresta amazônica brasileira leva a crer que suas características

anatômicas influenciem a condutividade hidráulica. Esta influência afeta diretamente na

eficiência condutiva do indivíduo. Esta eficiência condutiva é associada ao destino do uso de

carbono no metabolismo do vegetal.

Árvores são comumente associadas à eficiência condutiva baixa por necessitarem de

um volume de água suficiente para o desenvolvimento de galhos, novas folhas, novas raízes e

incremento diamétrico (alburno) a partir da fotossíntese (RENNINGER et al., 2013). Com

isto, árvores que possuem alguma limitação hídrica (embolismo, cavitação ou obstrução por

tilose) ou capacidade natural baixa de absorção de água tornam-se pouco eficientes para suprir

esta demanda de água utilizada no ciclo do carbono (SPERRY et al., 2008; MEINZER et al.,

2010; HACKE et al., 2006). Já palmeiras são consideradas hidraulicamente eficientes, por

não apresentarem crescimento secundário diamétrico, não haver bifurcação do fuste e copa

pouco frondosa. Com isto, necessitando de uma demanda baixa de água para a fotossíntese

apesar de possuírem uma grande porcentagem de sua seção transversal como área do xilema

ativo (RENNINGER et al., 2013). Este padrão, como a área condutiva, também possui

diferença entre espécies e grupos funcionais que devem ser reconhecidas para compreender

melhor a participação destes indivíduos em um povoamento florestal.

O entendimento das interações ecológicas a um nível físico e nos processos

fisiológicos, como as relações hídricas, é de imensa importância. Perturbações naturais ou

induzidas pelo homem podem causar um desequilíbrio que acarrete no enfraquecimento e até

morte de indivíduos arbóreos, principalmente, devido a déficits hídricos (BRÉDA et al.,

2006). Perturbações podem causar redução na umidade relativa do ar, umidade do solo e

aumento de temperatura (EWERS & BANKS-LEITE, 2013; TURTON & FREIBURGER,

1997). Espécies florestais amazônicas são comumente adaptadas em locais com alta umidade

relativa do ar e do solo e temperaturas constantes em torno de 26°C (WOOD et al., 2013;

3

GENTRY, 1988). Com isto, mudanças drásticas em seu ambiente podem resultar em um

ambiente intolerável para determinadas espécies (HARPER et al., 2005; KIRSCHBAUM,

2000; FEARNSIDE, 1995). Por isto, estudos que possam acrescentar informações úteis e

pertinentes ao funcionamento ecológico de uma floresta a nível hidrológico são

imprescindíveis para manter um ecossistema equilibrado e sadio.

4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Água e seu transporte pelo vegetal

A água é uma das mais importantes substâncias na face da terra, sendo essencial para

a existência da vida. Sua disponibilidade não só rege a ocupação humana, como também

possui uma importante influência sobre a distribuição dos vegetais na superfície terrestre e seu

crescimento. Isto é claro ao se observar a precipitação, por exemplo, que é um fator

determinante no balanço de água no solo, que juntamente com a temperatura, irão afetar na

decomposição da matéria orgânica, na liberação do nitrogênio e na consequente assimilação

pelas raízes (LANDESBERG & GOWER, 1997). Ou seja, a água está presente em

componentes importantes no equilíbrio do ecossistema florestal como nas reações

fotossintéticas, resfriamento das folhas através da transpiração, e manutenção da umidade

ideal nas células vegetais.

Apesar da importância da água para o metabolismo, constituição e distribuição

vegetal, a quantidade de água transpirada pela planta é maior que a água existente em seu

organismo (PIMENTEL, 2004). Esta água que é obtida do solo a partir da difusão, por uma

diferença entre os gradientes de potencial hídrico entre planta e solo, será transportada através

da planta e subsequentemente para a atmosfera. Estes gradientes são predominantemente

influenciados pela transpiração que resulta em uma redução do gradiente de potencial hídrico

das folhas, que se torna mais negativo que o do solo, criando uma tensão capaz de criar um

fluxo de água do solo para as raízes (TURNER, 2004). Este fluxo de água retirado do solo é,

por sua vez, transportado através do xilema. Este fluxo é possível devido à coesão das

moléculas de água que são unidas por pontes de hidrogênio e também pela adesão às paredes

do xilema, que permite a subida destas moléculas independentemente da altura das árvores

(BRODRIBB, 2009).

O xilema possui elementos de condução espessos e paredes celulares secundárias

lignificadas, que garantem a função de prover uma condução de resistência baixa para o fluxo

de água na planta (NOBEL, 1999). Os elementos de condução são divididos em ―vasos‖

(presente em folhosas) e ―traqueídes‖ (em coníferas). Os traqueídes são células fusiformes

5

com paredes espessas e angulares, contendo perfurações nas paredes e pontoações

controlando a condução de água e auxiliando na minimização dos efeitos do embolismo e

cavitação (SPERRY et al., 2006). Já os vasos lenhosos são células menores e mais largas em

diâmetro com desintegração parcial ou total da parede transversal (poros) entre várias células

permitindo a ―comunicação‖ entre os vasos no momento da condução hidráulica (ESAÚ,

1974).

Para que não haja confusão entre os canais do floema e do xilema, vale esclarecer

que o xilema é responsável pela transferência de água das raízes para a parte aérea ou dossel,

bem como nutrientes absorvidos pelo solo e vários compostos orgânicos sintetizados pelas

raízes. Já o floema é um caminho de transferência de carboidratos dos seus locais de síntese

em folhas maduras até onde serão utilizadas, como respiração e crescimento, armazenamento

e ciclagem mineral (MINCHIN & LACOINTE, 2005; RABER, 1937). Apesar do xilema e

floema servirem para diferentes finalidades, estes são importantes para o metabolismo da

planta, por isto não tem como serem desvinculados no que se refere aos processos fisiológicos

do vegetal (HOLBROOK & ZWIENIECKI, 2005).

2.2. Anatomia do lenho

Vasos xilemáticos são elementos constituintes do lenho ou madeira (INGROUILLE,

1992). Madeira é uma estrutura formada por tecidos fibrosos encontrados em troncos e raízes

de árvores e outras plantas lenhosas. É um material orgânico composto por fibras celulósicas e

lignina que garante a sustentação mecânica. Outros elementos constituintes da madeira são

parênquimas (raios e axiais), pontoações e tiloses. Tiloses são células parenquimáticas

excrescentes nos elementos de vasos, que causam bloqueio nas passagens hidráulicas. Há

registros de que tiloses podem reduzir a condução de água em até 50% (KITIN et al., 2010;

MCELRON et al., 2010; SILVA et al., 2010; GERRY, 1914; COCHARD & TYREE, 1990).

Parênquimas são células vivas que auxiliam no transporte radial (raios) e reparo

(AMIRTPHALE & SHARMA, 2003). Os axiais podem ou não serem distintos, mas quando

aparentes podem ser características fundamentais para identificação de determinadas espécies

(FREITAS & VASCONCELLOS, 2010). Pontoações são equivalentes à passagem presente

nas paredes dos vasos e traqueídes, que permitem a troca de água e nutrientes entre as células

6

(AMIRTPHALE & SHARMA, 2003). Pontoações maximizam e regulam o fluxo da água

para que o vaso ou traqueíde não sofram cavitação. Porém, traqueides possuem uma

membrana chamada torus que minimiza a chance a de cavitação em traqueídes comparada aos

vasos (SPERRY et al., 2006).

Madeira também é definida como xilema secundário (HICKEY & KING, 2001). Além

do transporte de água e nutrientes para raízes, folhas e tecidos, este crescimento secundário

resulta na formação de alburno e cerne. Cerne é considerado como a parte da seção

transversal sem funções condutivas (CHISHOLM, 1911). Esta perda das funções condutivas é

espontânea e ocorre devido à predisposição genética da espécie (CAPON, 2005). Cerne

normalmente se apresenta em uma cor mais escura do que o alburno e se desenvolve

juntamente com o aumento da idade da árvore (SELLIN, 1994; GJERDRUM, 2003; YANG

& BENSON, 1997; COYEA et al., 1990). Alburno é a parte mais jovem e considerada como

a parte viva da madeira (CHISHOLM, 1911; CAPON, 2005). Suas principais funções são a

condução e armazenamento de água das raízes até as folhas de acordo com a sazonalidade.

Quanto mais vigoroso é o crescimento em diâmetro e produção de folhas, maior é o volume

necessário para conduzir água pelos vasos (HSIAO & XU, 2000).

Os vasos, comumente conhecidos como poros, podem estar dispostos como anéis

porosos (concentração ao longo do lenho inicial), semiporosos (classificação intermediária

entre anéis porosos e difusos) e difuso (distribuição homogênea ao longo da seção transversal

e quanto ao tamanho). Podem estar agrupados (múltiplos de 2, 3, 4 ou mais) ou solitários

(FREITAS &VASCONCELLOS, 2010).

A estrutura dos vasos facilita o fluxo longitudinal da água na árvore como também na

penetrabilidade. Mas, sua efetividade é dependente do tamanho, número, distribuição,

presença de substâncias incrustantes e pontoações nos elementos de condução da madeira.

Assim sendo fatores determinantes na condução hidráulica pelos elementos da madeira

(THOMAS, 1976; AL-KALIFAH et al., 2006). Na Amazônia, a diferença na anatomia da

madeira entre espécies varia de poros visíveis a olho nu a microscópicos, sozinho ou

agrupado, com presença ou ausência de anéis e diferentes padrões de disposição ao longo da

seção (cerne e alburno) (MACIEL et al., 2008). Marques (2008), ao estudar 41 espécies

amazônicas, constatou que 88% das espécies apresentam alguma obstrução dos poros, sendo

estes largos ou estreitos, interferindo na condução de água.

7

Gebauer et al. (2008) focaram seu estudo na comparação da densidade do fluxo de

seiva entre espécies com poros nos anéis de crescimento e aquelas com poros difusos e

também analisar a relação entre a área do xilema ativo e o diâmetro do fuste. A maioria das

espécies apresentou a densidade de fluxo máxima logo abaixo do câmbio nos elementos de

condução mais jovens. Ao se comparar a área do xilema ativo entre as espécies, o resultado

não foi tão semelhante. As espécies com poros difusos apresentaram 70-90% de sua área

transversal como área de xilema ativo, contra 21% das outras espécies com porosidade

diferente. Mostrando que apesar de apresentarem o fluxo máximo na mesma localização,

espécies com poros difusos apresentam uma área maior de condução de água.

2.3. Área do xilema ativo e sua determinação

Área do xilema ativo ou área condutiva, conhecido na língua inglesa como ―sapwood

area‖, equivale à porção da área transversal em que há produção da seiva ou transporte da

água. A importância do conhecimento desta área na árvore é que ao se estimar a densidade do

fluxo em todo perfil pode-se acarretar grandes erros, como ao se assumir que o perfil possui a

mesma densidade de fluxo em profundidades desconhecidas ou qualquer. Ao se determinar o

padrão da área do xilema ativo é possível utilizá-lo como uma variável em equações

alométricas para estimativa da transpiração de um povoamento ou floresta juntamente com

medições do fluxo de seiva (GEBAUER et al., 2008; MEINZER et al., 2005).

A área do xilema estoca carboidratos e transporta água e solutos do solo para a copa.

Entretanto, a área do xilema ativo é de difícil quantificação devido à falta de clareza do limite

da borda entre a parte ativa e inativa do xilema. A quantidade de xilema ativo e seu papel de

condução diferem entre espécies, estrutura anatômica, idade e condições ambientais

(ČERMAK & NADEZHDINA, 1998). A condução de água pelo xilema também é

dependente da formação de dutos em determinadas sazonalidades. Por exemplo, espécies que

apresentam porosidade nos anéis de crescimentos distintos (dutos mais largos) somente

conduzem água nos anéis presentes nas extremidades da área transversal (GRANIER et al.,

1994). Espécies com poros difusos, a área do xilema ativo ocupa a maior parte da área

transversal, porém com dutos mais estreitos (ČERMAK & NADEZHDINA, 1998).

8

Um método bastante difundido na literatura é a estimativa desta área a partir da

coloração do xilema utilizando corantes (FIGURA 1). O corante pode ser introduzido na

árvore viva, aplicado diretamente nos discos retirados do seccionamento das árvores abatidas

ou através de rolos de madeira obtidos da tradagem da árvore em pé (GEBAUER et al.,

2008). Determinados corantes, como indigo carmine (ANDRADE et al., 1998; MEINZER et

al., 2001), safranina ou ácido fucsina (SANO et al., 2005; UMEBAYASHI et al., 2007;

GRANIER et al., 1994), dentre outros, são introduzidos nos vasos do xilema e tingem suas

paredes celulares. No caso dos rolos extraídos, a área do xilema ativo é determinada somente

em alguns pontos do tronco e depois estes dados são extrapolados ao assumir que a

profundidade área de xilema ativo é constante em todos os sentidos. Alguns estudos como de

Sano et al. (2005), Umebayashi et al. (2007), Baker e James (1933) e Navarro et al. (1992)

aprofundam mais nas técnicas de aplicação, escolha e metodologias envolvendo corantes para

avaliação do fluxo de seiva.

Segundo Tyree e Zimmerman (1983), ao se aplicar o corante nos dutos do xilema,

sua tendência é espalhar-se tangencialmente ao longo dos poros do anel de crescimento.

Entretanto, é importante lembrar que a solução do corante aplicada em pressão ambiente irá

sofrer com a pressão do gradiente presente nos vasos de condução, adotando um movimento

lateral alem do axial, permitindo uma movimentação tanto para cima quanto para baixo do

ponto em que foi introduzido no vaso. Por isso, há coloração não somente no ponto de

aplicação do corante, como também ao longo da área transversal e a uma determinada altura.

Umebayashi et al. (2007) constataram que o corante utilizado no estudo chegou a atingir 10

cm acima do ponto de aplicação.

A aplicação de corante no tronco da árvore em pé ou em árvores já abatidas tem

como vantagem sobre os rolos de madeira extraídos por permitir a avaliação da área

transversal inteira ao invés de se basear em uma extrapolação incerta. Porém é desvantajoso

por ser um método destrutivo, como o método de imagens térmicas (GRANIER et al., 1994;

ANFODILLO et al., 1993). Uma alternativa também precisa e não destrutiva, mas custosa e

limitada a um número reduzido de indivíduos do povoamento, é a tomografia computacional,

raio-x ou ressonância (HIROSE et al., 2005; RUST, 1999; NIKOLOVA et al., 2009; BIEKER

& RUST, 2010; CHAVARRO-RINCON, 2009 ). Mas, alguns autores como Lu et al. (2004) e

Delzon et al. (2004) acreditam que a utilização de somente a medição do fluxo de seiva pelo

9

método não-destrutivo de dissipação térmica é suficiente para estimar a área do xilema ativo,

já que este método possibilita a construção de um perfil do fluxo de seiva ao longo da área

transversal ao se utilizar termopares em profundidades diferentes.

Figura 1. Coloração utilizando ácido fuchsin. Barra= 5 mm. A) Seção 10 cm acima da introdução do corante; B)

Aproximação da mesma seção. Barra= 1 mm. FONTE: UMEBAYASHI et al., 2007. C) Seção mostrando os

vasos de condução tingidos pelo corante. Barra= 50 μm. FONTE: SANO et al., 2005.

Os padrões de densidade do fluxo de seiva e área de xilema ativo são extremamente

dependentes da espécie da árvore ou vegetal em questão, já que seu desconhecimento pode

acarretar em conclusões errôneas em relação ao fluxo de seiva. Podendo causar interferência

na estimativa de transpiração, se estes erros não forem corrigidos ou reconhecidos. Com isto,

diversos autores focaram neste tema, como Dijk e Keenan (2007), Bigelow (2001), Bruijnzeel

(1997), Dalsgaard et al. (2011), Delzon et al. (2004), Ford et al. (2004), Hirose et al. (2005),

dentre outros, devido a sua importância, para discutir o padrão do fluxo de seiva e área do

xilema ativo em determinadas espécies e em condições variadas, como diferentes tamanhos,

idades, espaçamentos, sazonalidade, propriedades da madeira etc.

Meinzer et al. (1999) estudaram a densidade do fluxo de seiva e área de xilema ativo

de 22 indivíduos de quatro espécies do cerrado brasileiro, sendo que estas estão

compreendidas entre as famílias Fabaceae, Melastomataceae, Araliaceae e Proteaceae. Ou

seja, quatro famílias com características anatômicas e morfológicas distintas. O estudo

concluiu que apesar destas diferenças, os indivíduos apresentaram taxas do fluxo de seiva na

área do xilema ativo parecidas entre si tanto na estação seca quanto na chuvosa. Todas as

10

espécies apresentaram padrões similares de área de xilema ativo, que quanto maior o diâmetro

maior a área do xilema ativo. Com isto, mostrando que a taxa de condução de água e

consequentemente, de transpiração foi similar entre espécies com características tão

diferentes.

Horna et al. (2011) ao estudar o fluxo de seiva e área do xilema ativo de sete espécies

provenientes de florestas tropicais na Indonésia e relacioná-lo entre as espécies, fatores

ambientais e tamanho dos indivíduos, concluíram que a floresta apresenta padrões que

mostram que o controle do fluxo de seiva é feito por fatores ambientais. Alem disso,

verificaram que o consumo diferenciado de água foi devido à competição entre espécies

dominantes e dominadas. Assim, apresentando uma forte relação entre a densidade do fluxo

de seiva e o tamanho do indivíduo, tanto em diâmetro, quanto em altura. Jimenéz et al. (2000)

analisando o padrão do fluxo de seiva e área condutiva em cinco espécies de Lauraceae nas

Ilhas Canárias verificaram que as espécies não apresentaram relação entre o fluxo de seiva e o

tamanho dos indivíduos analisados, diferentemente de Horna et al. (2011). Observaram

também que o xilema mais externo da área transversal contribuiu mais na distribuição de água

do que as partes internas.

2.4. Condutividade hidráulica

Além de constituir a área condutiva da árvore ou planta lenhosa, os vasos possuem a

importante função de regular e otimizar o fluxo de seiva. Para que haja aumento ou redução

nos fluxos de transpiração nas folhas é necessário um sistema hidráulico condutivo que

suporte o volume transportado (K) (BRODRIBB, 2009). O sistema hidráulico nas plantas

requer um investimento substancial nos elementos de vaso para garantir a condutividade. Este

investimento em estrutura é para garantir que não haverá limitações para fornecimento de

água para a realização da fotossíntese e para alocação de nutrientes (BRODRIBB, 2009).

Devido à susceptibilidade de embolismo-cavitação nas árvores é importante que haja

investimento na formação de novos vasos, recuperação de vasos danificados e enrijecimento

da parede dos vasos existentes (SPERRY et al., 2006).

A condutividade hidráulica pode ser estudada a nível foliar (condutividade hidráulica

específica foliar- Kl), sobre um determinado gradiente de pressão (condutividade hidráulica-

Kh) e sobre a porosidade do indivíduo (condutividade hidráulica específica- Ks) (MULKEY et

11

al., 1996). Esta última é baseada na lei da capilaridade de Hagen- Poisseuille, em que Ks deve

ser linearmente relacionado ao número de vasos ou se elevado a quarta potência seria

relacionado linearmente ao diâmetro do vaso (TYREE & ZIMMERMANN, 1983). Ou seja,

diâmetro e espessura da parede dos vãos podem influenciar a resistência do fluxo de seiva

(SPERRY et al., 2006). Apesar de que quanto maior for o diâmetro do vaso, maior será sua

condutividade hidráulica, isto não garante a segurança de condução (AMRITPHALE &

SHARMA, 2010). Portanto, a eficiência da condução hidráulica é dependente do tamanho e

forma dos dutos (SPERRY et al., 2006).

Em um povoamento florestal, as espécies possuem diferentes tamanhos de vasos e

também número de vasos. Portanto, deve-se considerar esta heterogeneidade ao estudar o

padrão de uso da água em determinados ambientes. A arquitetura hidráulica pode limitar

relações hídricas e gasosas, distribuição sucessional e altura, diâmetro e área do xilema ativo

das plantas (MULKEY et al., 1996). A eficiência hidráulica em florestas tropicais pode ser até

30 vezes maior do que em florestas temperadas. Isto é devido à diferença em porosidade, já

que em florestas tropicais é mais comum árvores com poros difusos e em florestas temperadas

folhosas com anéis porosos ou coníferas com traqueídes (BUSH et al., 2010). Outra

influência dos poros sobre a condutividade hidráulica é que o rápido crescimento de pioneiras

é comumente associado à alta condutividade hidráulica (MULKEY et al., 1996). Outro

aspecto a se considerar, é a diferença entre grupos funcionais. Segundo Renninger et al.

(2013), palmeiras são mais eficientes hidraulicamente por poderem investir mais em

enrijecimento de elementos condutores do que em galhos e crescimento diamétrico. Já lianas,

que possuem taxas fotossintéticas e de respiração mais elevadas do que árvores, possuem uma

condutividade hidráulica maior do que árvores. Apesar de lianas não apresentarem copas

frondosas e elevado crescimento diamétrico, lianas investem na sustentação mecânica e

flexível de seus fustes compridos (EWERS et al., 1990).

Estas diversas influências de relações hídricas em espécie, grupo funcional, ecologia e

desenvolvimento do individuo demonstra a importância de se fazer estudos sobre o uso da

água das espécies que estão sendo escolhidas para fins comerciais, onde este conhecimento irá

influenciar na silvicultura das mesmas (ex.: sistema de irrigação). Também para o manejo

florestal e conservação das florestas para garantir o equilíbrio do ecossistema ao se escolher

as espécies que serão exploradas ou mantidas e quanto estarão contribuindo ou não para a

disponibilidade de água da floresta remanescente ou conservada. Para fins hidrológicos, ter o

12

conhecimento da quantidade de água sendo consumida e armazenada na árvore afetará

diretamente no ciclo da água e consequentemente na água disponível no solo e atmosfera.

Além do comportamento fisiológico, é importante também conhecer a autoecologia da

espécie e fatores externos a que está sendo submetida em campo, como competição ou fatores

climáticos extremos.

Estudos abordando o uso da água pela floresta são crescentes em áreas distintas. Os

fisiologistas utilizam a modelagem de parâmetros fisiológicos, como a densidade do fluxo de

seiva e área total do xilema ativo, para estimar a transpiração do dossel (movimentação

estomática) e também para obter os padrões radiais da água do xilema em espécies com

diferentes propriedades da madeira. Já os hidrologistas focam no manejo de recursos hídricos,

avaliando o papel da transpiração na floresta e a quantidade de água usada pela floresta, que

afetam diretamente o ciclo hidrológico tanto da floresta quanto do mundo. Com isto, a

agregação de conhecimento do uso da água pela planta toda ou por processo fisiológico é uma

ferramenta fundamental para a extrapolação destes dados para uma escala maior e para manter

o equilíbrio hidrológico do ecossistema (WULLSCHLEGER et al., 1998).

13

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Analisar o padrão do transporte de água ao longo da área transversal (xilema ativo)

em espécies encontradas na floresta amazônica de terra-firme próxima a cidade de Manaus

(AM).

3.2. Objetivos Específicos

Relacionar e analisar a área de xilema ativo de árvores e palmeiras com espécie,

anatomia da madeira (diâmetro, comprimento e frequência de vaso), diâmetro à altura

do peito (DAP), altura e volume.

Determinar condutividade hidráulica da espécie açaí (Euterpe precatoria) em

diferentes alturas e entre as diferentes espécies de árvores.

Desenvolver um modelo alométrico para estimar área do xilema ativo a partir da

variável biométrica ou anatômica que apresentar o melhor ajuste para árvores.

Comparar o padrão de condução de água (área do xilema ativo e condutividade

hidráulica) entre árvores e palmeiras.

14

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. ÁRVORES

4.1.1. Área de estudo

O presente estudo foi realizado em uma área (02°37’31,8‖S e 60°08’24,7‖W) de

floresta amazônica preservada localizada, aproximadamente, 70 km ao noroeste da cidade de

Manaus (AM) na Estação Experimental ZF-2 do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

(INPA) no km 18 da estrada vicinal ZF-2 que está localizada no km 50 da Rodovia BR-174

(Manaus-Boa Vista) (FIGURA 2). 6 ha foram destinados para se aplicar os métodos

escolhidos.

Figura 2. Localização da área de estudo.

15

A área é totalmente coberta por floresta de platô e possui clima do tipo ―Amw‖,

caracterizado como quente e úmido durante o ano inteiro, na classificação de Köppen. A

temperatura média é de, aproximadamente, 26 °C (FIGURA 3), com umidade relativa do ar

variando de 84 a 90% ao longo do ano (OLIVEIRA & AMARAL, 2004; MOTA &

MEDEIROS, 2002). A precipitação anual acumulada é de, aproximadamente, 2547 mm,

sendo que na época seca (entre os meses de Junho e Dezembro) a precipitação acumulada está

em torno de 857 mm. Os solos dos platôs apresentam textura argilosa e são classificados

como Latossolo Amarelo e Espodossolos nos baixios (FERRAZ et al., 1998). O relevo é

levemente ondulado e a maioria das ondulações é formada por pequenos platôs e a vegetação

predominantemente ―sempre-verde‖ e de alta biodiversidade. No baixio, a vegetação é

caracterizada por uma biodiversidade menor, composta predominantemente por palmeiras

(BRAVARD & RIGHI, 1989; CASTILHO et al., 2006).

Figura 3. Precipitação e temperatura média mensal durante 13 anos de medições na área de estudo. Adaptado:

Kunert et al. em processo de escrita.

16

4.1.2. Seleção, medição e corte dos indivíduos

Neste estudo 34 indivíduos arbóreos foram selecionados aleatoriamente. Isto é, sem

uma espécie determinada, mas seguindo determinados critérios logísticos e observação de

porte no campo. Nos certificamos que os indivíduos selecionados não ultrapassassem

diâmetro acima de 40 cm, considerando que seu transporte e manuseio para análises seriam

dificultados. Desta forma, indivíduos foram selecionados com diâmetro entre 5 cm e 40 cm e

próximos (até 100 m dentro da floresta como limite) da estrada. Os indivíduos tiveram seções

de 40 cm de comprimento retirados, aproximadamente, à altura do peito (1,30m do solo) e

também na base da primeira bifurcação de galhos nas árvores em que houve possibilidade de

acesso à copa derrubada (ao todo, 17 indivíduos). As coletas foram realizadas no período

entre Dezembro/2012 e Maio/2013. Este período corresponde à estação chuvosa (FIGURA 3)

e garantiu que os indivíduos coletados estavam com sua área condutiva plena e também sem

influencia de possíveis estresses hídricos. Algumas espécies reduzem sua área condutiva em

períodos de seca (baixa precipitação e/ou baixa umidade do solo) para não haver perda

excessiva de água pela transpiração (AMBROSE et al., 2010).

Dentre estes 34 indivíduos compreendem-se 27 espécies. Algumas espécies possuem

réplicas, mas, com porte diferenciado entre si. Tabela 1 mostra a identificação das espécies

coletadas e suas respectivas medidas de diâmetro à altura do peito (DAP) e altura até o topo

da copa, medidos no momento da derrubada. Identificação das espécies foi a partir da análise

das características anatômicas da madeira e se necessário, houve verificação de exsicatas

botânicas. Alguns indivíduos foram eliminados da amostragem no momento da derrubada.

Por isto a numeração das placas indicadas na Tabela 1 não segue uma ordem crescente

contínua.

17

Tabela 1. Indivíduos utilizados neste estudo e suas referentes dimensões e classificações botânicas.

N** Nome Científico Nome Popular Família Altura Total (m) DAP (cm)

1 Cecropia sciadophylla Mart. Imbaúba Urticaceae 16,5 16,64

2 Eschweilera wachenheimii Sandwith Matá-Matá Amarelo Lecythidaceae 12 10,04

3* Vantanea micrantha Ducke Pajurazinho Humiriaceae 21,7 21,08

4 Cecropia sciadophylla Mart. Imbaúba Urticaceae 15,5 12,48

5* Cecropia sciadophylla Mart. Imbaúba Urticaceae 17,55 15,32

6* Virola calophylla (Spruce) Warb.

Ucúuba-

Vermelha Myristicaceae 22,5 29,76

7 Cordia silvestris Fresen. Freijó-Branco Boraginaceae 19,8 20,6

8* Protium heptaphyllum (Aubl.) March. Breu-Branco Burseraceae 11,2 9

9* Neea madeirana Standl. João Mole Nyctaginaceae 11,25 7,28

10* Tachigali paniculata Aubl. Tachi

Fabaceae -

Caesalpinoideae 14,2 8,6

13* Duguetia flagellaris Huber Envira Amarela Annonaceae 13 9,2

14*

Chrysophyllum ucuquirana-branca (Aubrev &

Pellegr) T. D. Penn. Abiurana Sapotaceae 20,1 18,04

15* Ocotea neesiana (Miq.) Kosterm. Louro Preto Lauraceae 20 17,96

16* Eschweilera wachenheimii Sandwith Mata-Matá Lecythidaceae 22,5 18,4

17* Virola surinamensis (Rol. Ex. Rottb.) Warb Ucuuba-Preta Myristicaceae 28,5 36,4

18* Eschweilera wachenheimii Sandwith

Mata-Matá

Amarelo Lecythidaceae 19 18,16

19 Eschweilera wachenheimii Sandwith

Mata-Matá

Amarelo Lecythidaceae 18 16,04

20* Mabea caudata Pax & K. Hoffm. Taquari-Branco Euphorbiaceae 16 10,68

21* Gustavia speciosa (Kunth) DC. Mucurão Lecythidaceae 19 17,36

22 Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don Caroba Bignoniaceae 25,1 19,72

23* Sclerolobium chrysophyllum Poepp. Tachi-Vermelho Fabaceae -

Caesalpinoideae 25,1 21,12

24* Byrsonima crispa A. Juss Murici Malpighiaceae 16 16,28

25* Mabea caudata Pax & K. Hoffm. Taquari-Branco Euphorbiaceae 17,15 17,64

26 Vantanea micrantha Ducke Pajurazinho Humiriaceae 23 38,44

27 Brosimum utile (Kunth) Pittier Amapá Moraceae 27 26,32

28 Pourouma guianensis Aubl. Embaubarana Urticaceae 19 26,92

29 Eschweilera odora (Poepp. ex O. Berg) Mata-matá Lecythidaceae 22,7 20,7

30 Pouteria caimito Radlk. Abiurana Sapotaceae 22,6 25,08

31 Bocageopsis multiflora (Mart.) R. E. Fries Envira Preta Annonaceae 26,7 26,36

32 Eschweilera fracta R. Knuth

Mata-Matá

Amarelo Lecythidaceae 18,5 21,16

34 Micrandropsis scleroxylon W. Rodr. Piãozinho Euphorbiaceae 28 27,32

47 Iryanthera ulei Warb Ucuubarana Myristicaceae 23,2 17,68

48 Caliptanthes spruceana Berg. Cumarirana Myrtaceae 21 14,76

49 Eschweilera wachenheimii Sandwith

Mata-Matá

Amarelo Lecythidaceae 18 13,16 Observações: *Indivíduos com amostras à altura de copa/ **Número referente à placa de identificação e não ao numero de indivíduos.

18

A partir da tabela 1 é possível verificar que os indivíduos selecionados aleatoriamente

representam de forma satisfatória a floresta próxima à região de Manaus, possuindo pelo

menos um indivíduo das quatro famílias mais comuns nesta área experimental. Segundo

Carneiro et al. (2005), as espécies mais frequentes encontradas nesta mesma área

experimental são espécies da família Lecythidaceae (407 indivíduos de 35 espécies em 6

gêneros); Sapotaceae (287 indivíduos de 61 espécies em 6 gêneros); Burseraceae (192

indivíduos de 27 espécies em 4 gêneros); e Fabaceae (143 indivíduos de 31 espécies em 10

gêneros). No total, os autores encontraram 53 famílias botânicas diferentes nesta área, e neste

estudo foram 16 famílias distintas. Esta aleatoriedade de escolha garantiu essa grande

diversidade de espécies e famílias e também englobou espécies de diferentes estágios

sucessionais com diâmetro e altura diferentes.

4.1.3. Aplicação do corante

O método escolhido para a marcação da área condutiva foi o de imersão da seção do

tronco diretamente em uma solução corante dentro de um recipiente (FIGURA 4). Este

método também foi utilizado por Chavarro-Rincon (2010), Umebayashi et al. (2007) e Kitin

et al. (2010) para determinação da área do xilema ativo. O corante utilizado foi o Indigo

Carmine (FIGURA 5), já utilizado por outros autores em estudos envolvendo o fluxo de seiva

e área condutiva do tronco, como Meizner et al. (1999), Andrade et al. (1998), Meizner et al.

(2001), Gebauer et al. (2008), Wullschleger e Norby (2001), dentre outros. Este corante tem

como vantagem, para este tipo de estudo, por não ser absorvido por células vivas, o que

poderia causar danos a estas células e consequentemente se dispersando para áreas da madeira

que não compreendem os vasos ativos de condução de água, como o cerne (DAVIES et al.,

2007; SANO et al., 2005). Este corante é encontrado em forma de pó, portanto foi diluído em

água para que pudesse formar uma solução que conseguisse ser transportada pelos elementos

de condução da planta. Há diversos métodos para colorir a as vias ativas no xilema, desde

injeções no tronco até recipientes com corante acoplados na árvore viva. Porém, a escolha

deste método específico foi devido a fatores como tamanho da árvore e inviabilidade de

instalação de equipamentos. Para a escolha, outros testes foram aplicados em alguns

indivíduos e o método de imersão apresentou-se como o mais eficiente.

19

Figura 4. Seções das árvores amostradas imersas na solução de corante.

As seções do tronco à altura do peito e também da base da copa, retiradas no momento

da derrubada, foram levadas com agilidade para o recipiente contendo a solução do corante,

garantindo que as funcionalidades de transporte de água continuassem ativas. As seções

permaneceram imersas por horas ou até dias dentro da solução para garantir a coloração. Este

cuidado foi devido ao fato de que as espécies possuíam diferentes velocidades de ascensão de

água.

Figura 5. Frasco de indigo carmine.

20

4.1.4. Análise das seções

As seções foram analisadas após a aparição da coloração na parte superior das toras.

Algumas toras não apresentaram coloração na parte superior, mas puderam ser verificadas ao

cortar as toras em discos a partir da base da tora. Em algumas espécies, o corante reagiu com

substâncias presentes na madeira e a coloração azul esperada apresentou-se em tons

esverdeados e até preto. Porém, delimitando com precisão a área de condução ativa.

O diâmetro foi obtido a partir de duas medições (diâmetro maior e diâmetro menor) na

seção transversal da tora. A média das duas medições resultou no diâmetro total. Para a

medição da área do xilema ativo, as seções tiveram cinco raios demarcados, considerando que

o primeiro raio equivale ao raio maior e à partir deste, demarcados os outros 4 raios. Este

método de medição é baseado nas medições de análise de tronco completa proposto por

Barusso (1977). Cada raio obteve duas medições: raio total (equivalente à distância entre a

medula e a casca) e raio menor (equivalente à distância entre a medula até a área apresentando

coloração). A partir destes dois raios, obteve-se área transversal maior e área transversal

menor, que subtraídas resultam na área condutiva daquela seção (FIGURA 6). Este método

garante abranger as variações presentes em áreas transversais irregulares e também em

espécies que apresentaram diferentes profundidades de área condutiva dentro de sua seção. As

seções foram analisadas manualmente com um auxilio de régua e demarcação de raios com

lápis. Essas foram as mesmas realizadas para seções de copa.

Para obtenção do volume, ao invés de utilizar métodos clássicos de cubagem

(MACHADO & FIGUEIREDO FILHO, 2009), optamos pela estimativa do volume através de

uma equação de volume desenvolvida na área de estudo. Fernandes et al. (1983)

desenvolveram diferentes equações de volume para a área experimental ZF-2. A equação

utilizada para esta dissertação foi a equação que apresentou os melhores parâmetros

estatísticos utilizando a variável altura com unidade de medida em metros (m) juntamente

com a variável DAP também com unidade de medida em metros (V(m³)=a·Db·H

c; sendo,

a=3,2917; b=2,157; c=4,202). Escolheu-se uma equação que utilizasse a variável altura para

verificar quanto que a área do xilema ativo seria influenciada acrescentando outra variável

que não fosse diretamente relacionada ao volume, como o DAP. Para comparação, também se

21

calculou volume utilizando uma equação em que apenas se utiliza a variável DAP (V=a·Db;

sendo, a=2,105; b=0,00059).

Figura 6. Representação das medições realizadas em cada seção.

4.1.5. Anatomia da madeira

4.1.5.1. Identificação das espécies

Seguindo as normas técnicas recomendada pela Comissão Pan-americana de Normas

Técnicas (COPANT, 1974), realizadas as medições necessárias com a seção transversal dos

indivíduos, estes foram levados para serem reduzidos a corpos-de-prova (FIGURA 7) com

dimensões 1,5 (seção tangencial) x 2,0 (seção radial) x 3,0 cm (seção transversal) retirados na

altura 1,30m ou equivalente à metade das toras. O acabamento foi por polimento na seção

transversal para análise macroscópica do lenho com auxílio de lupa com aumento de 10 vezes.

Amostras de cada indivíduo estão em processo de registro na xiloteca do INPA (Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia).

22

Figura 7. Preparação dos corpos-de-prova das 34 árvores amostradas.

Esta análise macroscópica consiste na caracterização das estruturas existentes no

lenho. Para este estudo, esta caracterização foi necessária para a identificação das espécies dos

indivíduos coletados. As características levadas em consideração para a identificação foram:

distinção entre cerne e alburno; cor (cerne e alburno); presença ou ausência de brilho; cheiro;

resistência ao corte manual (macia, moderadamente dura ou dura); grã (quando fosse uma

característica predominante da espécie); textura (fina, média ou grossa dos poros) (FIGURA

9); desenho e descrição do parênquima axial e radial, quando presentes; presença de canais

secretores; e tipo de casca. Características observadas no momento da derrubada também

foram consideradas na identificação (por exemplo, exsudatos e cheiro) (FIGURA 8). Todas

estas características foram necessárias para haver confirmação da espécie a partir das

amostras de madeiras registradas na xiloteca.

Figura 8. Diferença de exsudatos encontrados em diferentes espécies do estudo. A) Seiva; B) Látex; C)

Resina.

23

Figura 9. Visão macroscópica no aumento 10x dos poros de alguns indivíduos amostrados. A) Cecropia

sciadophylla Mart. (nº. 1); B) Virola calophylla (Spruce) Warb. (nº. 6); C) Protium heptaphyllum (Aubl.) March.

(n°. 8); D) Ocotea neesiana (Miq.) Kosterm. (nº. 15); E) Eschweilera wachenheimii Sandwith (nº. 16); F)

Gustavia speciosa (Kunth) DC. (nº. 21); G) Byrsonima crispa A. Juss (nº. 24); H) Pouteria caimito Radlk. (nº.

30); I) Micrandropsis scleroxylon W. Rodr. (nº. 34).

A B C

D E F

H I G

24

4.1.5.2. Descrição microscópica

Com os indivíduos devidamente identificados, procedeu-se os métodos de descrição

microscópica, que consiste na observação das características físico-morfológicas dos tecidos e

células constituintes do lenho, que são observados apenas com o uso de um microscópio

(FREITAS & VASCONCELLOS, 2010). Para este estudo não foi necessário analisar outros

parâmetros anatômicos, como fibras, raios e parênquimas por não possuírem relação aparente

entre estes e área de condução ativa. O foco desta análise foi nas variáveis: diâmetro,

frequência e comprimento de vaso. As variáveis foram agrupadas em classes (TABELA 2)

determinadas pela COPANT (1974).

Tabela 2. Classes determinadas pela COPANT (1974) para organização de dados referentes às estruturas

constituintes do lenho.

Classes de Comprimento (µm) Classes de Diâmetro (µm) Número por mm² (Frequência)

Muito Curtos (até 300) Extremamente Pequenos (até 30) Muito Pouco (até 2)

Curtos (301-500) Muito Pequenos (31-50) Poucos (3-5)

Longos (501-750) Pequenos (51-100) Pouco Numerosos (6-10)

Muito Longos (751-1000) Médios (101-200) Numerosos (11-20)

Extremamente Longos (acima 1000) Grandes (201-300) Muito Numerosos (21-40)

Muito Grandes (301-400) Numerosíssimos (41-80)

Extremamente Grandes (maior 400) Extremamente Numerosos (maior 80)

4.1.5.3. Lâminas histológicas

As lâminas histológicas tiveram como finalidade expor detalhes apenas da seção

transversal dos indivíduos deste estudo. Estas lâminas tiveram medições referentes ao

diâmetro de poro, frequência de poros por mm² e presença de tilose.

Para a confecção destas lâminas, retiraram-se cortes histológicos de 18 µm utilizando

um micrótomo American Optical 860 de cada indivíduo. Diversos cortes foram feitos para

garantir que pelo menos um corte seja claro e sem quebra de elementos. Os cortes foram

25

hidratados com água destilada e posteriormente são descoloridas em uma solução 1:1 de água

destilada e alvejante por 15 minutos (FIGURA 10A). Depois de descoloridos, os cortes

passam por uma série etílica como parte de um processo de desidratação. Esta série etílica

consiste na lavagem destes cortes com álcool 50%, seguido pelos de 70 e 100%

(JOHANSEN, 1940). Cada lavagem dura em torno de 10 minutos. Esta desidratação é

necessária devido à alta solubilidade da solução safranina com água. Após a série etílica, os

cortes foram banhados com solução safranina (corante rosado-avermelhado) por 20-30

minutos (FIGURA 10B). Corante fixado aos cortes, estes foram submetidos novamente à

série etílica para retirada de excessos do corante. Os cortes devidamente coloridos foram

armazenados em um recipiente com xileno (fixador do corante), enquanto as bordas dos

cortes são aparadas e finaliza ao fechar as lâminas. O fechamento necessitou de uma lâmina e

uma lamínula para microscópio, bálsamo do Canadá (colagem) e etiqueta para identificação

do indivíduo. Secagem foi à temperatura ambiente (FIGURA 10C).

As medições foram feitas em um aparelho projetor Olympus Tokyo com aumento 100

vezes utilizando uma escala micrométrica representando 1 mm² (FIGURA 10D). Foram feitas

25 medições aleatórias de cada indivíduo para cada variável. Ocorrência de tilose foi

analisada juntamente com. Após medições, lâminas histológicas foram armazenadas para uso

em estudos futuros.

26

Figura 10. Etapas do processo de confecção de lâminas histológicas. A) Branqueamento dos cortes histológicos.

B) Coloração dos cortes utilizando solução corante safranina. C) Fechamento das lâminas. D) Medição de

diâmetro e frequência de vaso utilizando o aparelho projetor.

4.1.5.4. Maceração

Os componentes do lenho também foram analisados a partir do material macerado,

onde porções de cada corpo-de-prova sofreram tratamento seguindo a metodologia de

Johansen (1940). Este método permite dissociar os elementos lenhosos (fibras, parênquima e

vasos) e serem visualizados no microscópio. Para este estudo, o propósito em utilizar este

método foi apenas para medição de comprimento de vaso.

Para iniciar a maceração, uma solução macerante teve que ser confeccionada. Esta

solução é composta por 50% de ácido acético, 38% de peróxido de hidrogênio e 12% água

27

destilada. Esta solução tem como função descolorir, amolecer e dissociar os elementos

lenhosos. Em seguida, retiraram-se cavacos finos de cada corpo-de-prova. A quantidade de

cavacos deve ser suficiente para garantir que haja vasos sem danos e suficientes para medição.

Em frascos com boa vedação, identificação da amostra e material resistente a produtos

químicos corrosivos e tóxicos, depositou-se os cavacos e a solução. Estes frascos foram

mantidos na estufa por dois dias a 50-60°C. Após este período, o material foi retirado da

estufa e as amostras tiveram que ser lavadas para retirar o ácido acético remanescente

utilizando uma rede de malha extremamente fina (para não se perder material) sobre a

abertura do frasco e lavá-los com água corrente até o cheiro dissipar. Com uma pequena

quantidade de água destilada, agitaram-se os frascos para haver dissociação dos elementos

constituintes do lenho.

Com o material dissociado, iniciou-se a etapa de coloração. O material é depositado

diretamente na solução safranina por cerca de 30 minutos. Depois de corado, o material passa

por uma série etílica para tirar o excesso do corante. Sem excessos, inicia-se a fase final de

confeccionar as lâminas. Com uma pinça retirou-se uma pequena quantidade de material

macerado e depositou-se na lâmina microscópica. Para dissociar na lâmina, utilizou-se um

bastão para espalhar o material e glicerina para facilitar o manuseio do material. Com o

material bem distribuído e dissociado, cobre-se a lâmina com uma lamínula. Foram feitas 20

medições aleatórias também no aparelho projetor Olympus Tokyo aumento 100x com uma

escala micrométrica. Para esta análise, as lâminas foram temporárias, ou seja, após a medição

a lâmina foi limpa e reaproveitada posteriormente. Porém, o material macerado foi

armazenado para estudos futuros. Comprimento de vaso também foi agrupado em classes

(TABELA 2) determinadas pela COPANT (1974).

4.1.6. Condutividade hidráulica em árvores

Para obter a condutividade hidráulica dos indivíduos arbóreos tivemos que estimar a

condutividade específica (Ks). Ressalta-se que este parâmetro foi estimado, portanto são

valores teóricos. Para obter o valor real destes parâmetros é necessário fazer medições em

campo ou casa de vegetação utilizando equipamentos especializados e metodologia especifica

28

(por exemplo, medições para raízes, para galhos, para mudas, dentre outros) (KOLB et al.,

1996; TYREE et al., 1994a; SPERRY et al., 1988; TYREE et al., 1994b; TYREE et al., 1992;

SPERRY et al., 1996).

Condutividade hidráulica especifica (Ks) é uma função sobre características

anatômicas do xilema, principalmente, dimensão dos poros. Condutância capilar é

teoricamente descrita pela equação Hagen-Poiseuille, onde o fluxo é dado pela soma do

diâmetro dos vasos elevados a quarta potência (MULKEY et al., 1996). Diâmetro de vasos

apresenta-se altamente correlacionado à condutância hidráulica em árvores, segundo Ewers &

Fisher (1989). Devido a essa alta correlação, utilizou-se a equação elaborada por Tyree &

Zimmermann (1983) para determinação da condutividade hidráulica específica teórica em

árvores.

[kg m−1

s−1

MPa−1

)]

Onde, é densidade da água (equivalente a 998,2 kg/m³ a 20°C), r é o raio dos vasos

xilemáticos, é a viscosidade da água (equivalente a 1,002·10-³ MPa a 20°C) e As é a área do

xilema ativo. Este parâmetro indicou como funciona a arquitetura hidráulica nas diferentes

espécies analisadas neste estudo. O valor teórico da condutividade hidráulica (Ks) teve como

finalidade mostrar a facilidade com que a água consegue ser conduzida através dos poros.

4.1.7. Modelagem alométrica das árvores

Modelagem alométrica é importante ser delineada para prever como as proporções de

plantas vasculares e características de comunidades vegetais mudam ou agem. Esta

modelagem voltada para uso da água normalmente é feita sobre dados de dissipação de

energia pelo transporte do fluido, sistemas vasculares nos galhos e sobre tamanho da planta e

seus atributos anatômicos e fisiológicos. A relação entre o tamanho do indivíduo e seus

processos metabólicos é o primeiro passo para a determinação de uma função para entender o

funcionamento da planta toda. É importante saber que a modelagem da utilização de espaço e

recursos por plantas é fundamental para o desenvolvimento de uma visão global de como as

29

plantas se desenvolvem e agem no ecossistema (ecologia e diversidade) (ENQUIST, 2002;

WEST et al., 1999).

A partir das medições da área do xilema ativo, delineamos uma equação matemática

capaz de estimar este parâmetro para uma floresta amazônica em uma região próxima a

Manaus. Assim, dispensando um novo processo de corte de árvores e metodologia trabalhosa,

custosa e demorada como realizada para este estudo. O modelo alométrico não-linear para

área do xilema ativo nesta região utilizada foi Y=aXb+ε, em que Y equivale à área de xilema

ativo; a a uma constante de normalização; X ao raio ou diâmetro do fuste; e b é um expoente

de escala alométrica. Esta equação foi escolhida por ter sido utilizada em diversos estudos

como o de Meizner et al. (2005), Wullscheleger & Norby (2001) e Gebauer et al. (2008). Esta

equação também foi citada em revisões sobre o assunto feitos por Enquist (2002), West et al.

(2009) e Wullscheleger et al. (1998), onde ressaltam a importância de se conseguir relacionar

a estrutura vegetal com sua função no ecossistema. Por vias de comparação, também houve

ajuste utilizando equação linear simples (Y=a+bx+ε).

A importância deste delineamento além da praticidade na estimativa da área do xilema

ativo a partir de uma variável de fácil obtenção é utilizar esta variável em equações destinadas

para a estimativa de transpiração de indivíduos ou povoamentos florestais. O ideal seria medir

a densidade do fluxo de todas as árvores do povoamento, mas isto iria requerer uma alta

quantidade de sensores de fluxo de seiva. Com isto, a solução para determinar a taxa de

transpiração da floresta é através da determinação da relação existente entre o fluxo de seiva,

área do xilema ativo e variáveis biométricas da árvore, como diâmetro, área transversal, área

do xilema ativo e índice de área foliar (ČERMAK et al., 2004). A partir de qualquer uma

destas relações, a transpiração pode ser extrapolada para uma unidade de área conhecida

(SMITH & ALLEN, 1996; VERTESSY et al., 1995). Esta extrapolação é feita por meio de

uma equação utilizada em estudos de Hatton et al. (2005), Horna et al. (2011), e Kumagai et

al. (2005), em que a área do xilema ativo é uma das variáveis utilizadas na estimativa de

transpiração.. Hatton et al. (2005) afirmaram que área do xilema ativo é uma variável

fortemente relacionada à transpiração. Assim, sendo considerada uma variável ideal e

confiável para estimativa e transpiração para um povoamento florestal. Em florestas tropicais,

em que a heterogeneidade da floresta poderia ser um fator limitante para esta estimativa,

Granier et al. (1996) afirmaram que a estimativa à partir da área do xilema ativo é confiável

30

tanto em nível de indivíduo quanto para uma floresta de área conhecida. Portanto, o ajuste

desta variável para a floresta amazônica localizada próxima Manaus seria uma grande

ferramenta para se utilizar ao estimar a transpiração para esta região.

4.1.8. Análise Estatística (Árvores)

A partir dos ajustes com equações lineares e não-lineares, foram submetidos a uma

análise de variância (ANOVA) e correlação de Pearson (r) (medindo o grau de correlação

entre as variáveis escolhidas). As análises estatísticas foram realizadas no software estatístico

R e Microsoft Office Excel. Os parâmetros estatísticos que indicam a qualidade do ajuste

foram coeficientes de determinação (R²), erro padrão da estimativa percentual (Syx%), valor de

F (Ftab0,05=4,413; Ftab0,01= 7,44; Ftab0,001=12,97), valor-p (níveis de significância: 0,05; 0,01;

0,001) e dispersão de resíduos.

4.2. PALMEIRAS

4.2.1. Área de estudo e coleta de indivíduos

Este estudo referente a palmeiras foi conduzido em uma área de baixio próxima à

estrada vicinal ZF-2. Esta área está na mesma área experimental onde foi conduzido o

experimento de árvores, mas a 8 km de distância entre elas, se encontrando,

aproximadamente, 60 km ao noroeste da cidade de Manaus, Brasil.

Ao todo foram coletados 10 indivíduos acima de 10 cm de DAP e altura ente 7-20 m

de palmeiras da espécie Euterpe precatoria Mart. nos meses Fevereiro e Março de 2013. A

decisão de escolher apenas uma espécie de palmeira a ser analisada é devido ao fato de

palmeiras não apresentarem bibliograficamente grandes diferenças na sua área de condução,

apenas apresentando área de xilema ativo mais amplo ou mais reduzido. Oposto a árvores,

palmeiras apresentam feixes vasculares ativos presentes em toda área transversal, como

mostram as FIGURAS 11A e 11B. Sua escolha dentre a variedade de espécies de palmeiras

31

presentes nas florestas amazônicas foi sobre sua importância econômica e facilidade de

localização e coleta.

Figura 11. Disposição (A) e detalhamento (B) de feixes vasculares da base do indivíduo nº. 23 de Euterpe

precatoria Mart. das amostras coletadas. FONTE: Arquivo pessoal.

Vulgarmente conhecida como açaizeiro, Euterpe precatoria é uma espécie de palmeira

nativa da região amazônica com ocorrência em áreas periodicamente alagadas (baixios,

várzea e igapó) (LORENZI et al., 2006). Euterpe precatoria são palmeiras que crescem

solitárias com diâmetro de fuste entre 5-23 cm e até 20m de altura. Desenvolvem raízes

adventícias sobre o solo e 10-20 folhas pinadas com 43-91 pinas distribuídas igualmente

(LORENZI et al., 2006). Esta espécie é muito conhecida por ser consumida em grande escala

no setor alimentício, artesanal e de ornamentação.

Mediu-se em campo em cada indivíduo escolhido as variáveis: diâmetro da base

(DAB), diâmetro à altura da copa (DAC) e altura total (Ht), sendo que a última foi medida

após a derrubada. Devido à formação de raízes adventícias, medidas do DAB foram

ligeiramente acima destas formações.

32

4.2.2. Determinação da área do xilema ativo e análise anatômica

A determinação da área do xilema ativo foi igual ao método utilizado para determinar

em árvores. Apesar de ter coletado seções em diferentes alturas para palmeira, apenas seções

da base foram tingidas com corante (FIGURA 12). Medições diferenciaram no aspecto de não

haver necessidade de distinguir o raio maior, considerando que a maioria das seções

transversais das palmeiras apresentou uma circunferência regular. Desta forma, foram

necessárias apenas quatro medições provindas dos raios obtidos ao cruzar as duas medições

diamétricas da seção. Para fins comparativos, também analisamos seções das espécies

popularmente conhecidas como Patauá (Oenocarpus bataua) e Bacaba (Oenocarpus bacaba)

para confirmar se o padrão de área condutiva varia ou não entre espécies de palmeiras.

Figura 12. Seções dos açaís amostrados imersos na solução corante.

Análise anatômica para palmeiras abrangeu apenas análise diamétrica e frequência de

vasos metaxilemáticos, já que a equação de condutividade hidráulica exige apenas a primeira

variável. Frequência por ser relacionada a diâmetro de vaso. Medições foram realizadas em

seções transversais da base (DAB) e base da copa (DAC) através do método de maceração.

Metaxilema são maiores do que protoxilemas, portanto sendo mais fáceis de medir e também

por representarem a maior porcentagem de massa de água transportada pelos feixes vasculares

(TYREE & ZIMMERMANN, 1983). Foi utilizado o mesmo método das árvores.

33

4.2.3. Condutividade hidráulica de palmeiras

O parâmetro de condutividade hidráulica (Ks) também foi estimado para palmeiras,

utilizando a mesma equação utilizada para as árvores. Variáveis biométricas e anatômicas

mensuradas foram relacionadas com Ks para identificar quais influenciam ou não este

parâmetro.

4.2.4. Análise estatística (Palmeiras)

Como nas análises feitas com os indivíduos arbóreos, relacionou-se área do xilema

ativo da palmeira com variáveis biométricas: diâmetro de base, altura total, frequência e

diâmetro. A estreiteza desta relação foi determinada através do coeficiente de correlação de

Pearson (r) e também através de regressões linear e não-linear (qual melhor representar a

tendência dos dados). O foco não foi criar um modelo para determinação de área de xilema

ativo, porém se as equações apresentarem parâmetros estatísticos satisfatórios (R², Syx, F

(Ftab0,05=5,12; Ftab0,01=10,57; Ftab0,001= 22,86), valor-p (níveis de significância: 0,05; 0,01;

0,001) e distribuição de resíduos), a melhor equação poderá ser utilizada para estimativa da

área condutiva.

4.3. Comparação entre árvores e palmeiras

Resultados obtidos para cada grupo funcional (árvore e palmeira) serão comparados

entre si. Uma das comparações serão diferenças nos padrões da área do xilema ativo entre e

dentro de espécies do gênero Eschweillera (7 indivíduos). Este gênero foi selecionado para

comparação por ser o que apresenta o maior número de indivíduos nesta amostragem, alem de

ser o gênero mais frequente na área experimental (CARNEIRO, et al., 2005). Esta

comparação será baseada nos parâmetros estatísticos (R² e r) obtidos por meio de regressões

linear e não-linear e seus respectivos gráficos (Ftab0,05= 5,99; Ftab0,01=13,75; Ftab0,001=35,51)

apresentados pelos indivíduos de Eschweillera, pelo povoamento de diversas espécies e

Euterpe precatoria ao relacionar as variáveis biométricas e anatomia da madeira com área do

xilema ativo e condutividade hidráulica (Ks).

34

5. RESULTADOS

5.1. Área do Xilema ativo: ÁRVORES

5.1.1. Descrição dos dados

Área do xilema ativo mensurado nos 34 indivíduos arbóreos variou entre 31,79 cm²

até 950,7 cm², sendo que a razão entre área do xilema ativo e área transversal ficou entre

10,4% e 100% (TABELA 3). A área do xilema ativo se diferenciou interespecificamente em

aspectos como: ausência ou presença de cerne (65% apresentaram cerne parcial ou totalmente

visível); ausência ou presença de exsudatos (26% apresentaram algum tipo de exsudato);

ocorrência de tiloses (50% com poros parcial ou totalmente obstruídos); fuste oco ou doença

(38%); área do xilema ativo que atinge o cerne ou não (53% atingem o cerne) (TABELA 4 E

FIGURA 13). A única característica predominante em todos os indivíduos foi ocorrência de

poros difusos no lenho, que é uma característica comum em espécies arbóreas amazônicas

(FERREIRA et al., 2004; MARQUES, 2008; MOUTINHO, 2008). Apesar da maioria das

árvores amostradas apresentarem anéis de crescimento, estes não foram empecilhos para a

determinação da área condutiva. O fato de 47% dos indivíduos não possuírem área condutiva

atingindo o cerne já torna inviável determinadas metodologias de cálculo ou estimativa da

área do xilema ativo que deduzem que toda área do alburno é condutiva. Esta metodologia foi

utilizada em estudos por Giothiomi & Dougal (2012), Gartner (2002), Ryan (1989), dentre

outros.

35

Tabela 3. Sumário das características biométricas e anatômicas das árvores amostradas (n=34). Abreviações: DAP, diâmetro à altura do peito; Ht: altura total.

N Espécies Família

Altura

Total

(m)

DAP

(cm)

Área do

Xilema Ativo

(cm²)

Área

Transversal

(cm²)

Área Condutiva/

Área Transversal

(%)

Volume

(DAP;Ht)

(m³)

Diâmetro

médio de

vaso (μm)

Frequência

média de vaso

(un/mm2)

Comprimento

médio de vaso

(μm)

1 Cecropia sciadophylla Mart. Urticaceae 16,50 16,64 214,92 217,47 98,83 0,2234 232,8 3,1 448,00

2 Eschweilera wachenheimii

Sandwith Lecythidaceae 12,00 10,04 78,38 79,17 99,01 0,0657 126 8 432,69

3 Vantanea micrantha Ducke Humiriaceae 21,70 21,08 241,86 349,00 69,30 0,4174 176,4 3,25 758,97

4 Cecropia sciadophylla Mart. Urticaceae 15,50 12,48 101,74 122,33 83,17 0,1170 238 2,5 441,47

5 Cecropia sciadophylla Mart. Urticaceae 17,55 15,32 182,42 184,33 98,96 0,1918 210,4 3,2 500,37

6 Virola calophylla (Spruce) Warb. Myristicaceae 22,50 29,76 648,79 695,59 93,27 0,8917 87,2 12,3 1020,67

7 Cordia silvestris Fresen. Boraginaceae 19,80 20,60 124,11 333,29 37,24 0,3822 105,2 5,1 331,60

8 Protium heptaphyllum (Aubl.)

March. Burseraceae 11,20 9,00 36,83 63,62 57,89 0,0504 80,4 22 428,75

9 Neea madeirana Standl. Nyctaginaceae 11,25 7,28 41,62 41,62 100,00 0,0320 58,8 12 147,67

10 Tachigali paniculata Aubl. Fabaceae -

Caesalpinoideae 14,20 8,60 53,86 58,09 92,72 0,0505 125,6 7,8 381,67

13 Duguetia flagellaris Huber Annonaceae 13,00 9,20 66,48 66,48 100,00 0,0563 75,2 11,8 448,40

14

Chrysophyllum ucuquirana-

branca (Aubrev & Pellegr) T. D.

Penn.

Sapotaceae 20,10 18,04 72,23 255,60 28,26 0,2889 86 15,1 636,94

15 Ocotea neesiana (Miq.) Kosterm. Lauraceae 20,00 17,96 76,62 253,34 30,25 0,2855 100 17,6 578,40

16 Eschweilera wachenheimii

Sandwith Lecythidaceae 22,50 18,40 186,74 265,90 70,23 0,3161 112 6,9 406

17 Virola surinamensis (Rol. Ex.

Rottb.) Warb Myristicaceae 28,50 36,40 950,70 1040,61 91,36 1,5207 110,4 6,9 1176,55

18 Eschweilera wachenheimii

Sandwith Lecythidaceae 19,00 18,16 91,60 259,01 35,36 0,2862 129,2 6,4 443,13

19 Eschweilera wachenheimii

Sandwith Lecythidaceae 18,00 16,04 44,59 202,07 22,07 0,2140 139,2 5,8 543,6

20 Mabea caudata Pax & K. Hoffm. Euphorbiaceae 16,00 10,68 47,50 89,58 53,02 0,0847 134,4 5,6 701,54

21 Gustavia speciosa (Kunth) DC. Lecythidaceae 19,00 17,36 133,91 236,70 56,57 0,2597 66 29,2 495,16

22 Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don Bignoniaceae 25,10 19,72 137,09 305,42 44,89 0,3843 151,6 3,3 595,94

23 Sclerolobium chrysophyllum

Poepp.

Fabaceae -

Caesalpinoideae 25,10 21,12 143,19 350,33 40,87 0,4456 212,4 3,1 482,12

24 Byrsonima crispa A. Juss Malpighiaceae 16,00 16,28 95,82 208,16 46,03 0,2103 93,6 17,7 857,19

25 Mabea caudata Pax & K. Hoffm. Euphorbiaceae 17,15 17,64 152,78 244,39 62,52 0,2575 126,8 4,95 681,15

36

26 Vantanea micrantha Ducke Humiriaceae 23,00 38,44 117,62 1160,53 10,14 1,5631 136,4 4,7 452,50

27 Brosimum utile (Kunth) Pittier Moraceae 27,00 26,32 202,98 544,08 37,31 0,7386 118 6,5 470,31

28 Pourouma guianensis Aubl. Urticaceae 19,00 26,92 210,83 569,17 37,04 0,6690 224 2,55 470,77

29 Eschweilera odora (Poepp. ex O.

Berg) Lecythidaceae 22,70 20,70 83,82 334,91 25,03 0,4090 130,4 5,95 622,80

30 Pouteria caimito Radlk. Sapotaceae 22,60 25,08 262,75 494,02 53,19 0,6177 79,6 19,95 463,02

31 Bocageopsis multiflora (Mart.) R.

E. Fries Annonaceae 26,70 26,36 209,85 545,73 38,45 0,7376 122 6,6 410,75

32 Eschweilera fracta R. Knuth Lecythidaceae 18,50 21,16 222,17 351,66 63,18 0,3936 113,2 6,85 1181,43

34 Micrandropsis scleroxylon W.

Rodr. Euphorbiaceae 28,00 27,32 259,36 586,21 44,24 0,8128 176,4 4,1 575,77

47 Iryanthera ulei Warb Myristicaceae 23,20 17,68 192,69 245,50 78,49 0,2938 82 10 765,60

48 Caliptanthes spruceana Berg. Myrtaceae 21,00 14,76 108,61 171,10 63,48 0,1909 76,4 18,5 479,76

49 Eschweilera wachenheimii

Sandwith Lecythidaceae 18,00 13,16 31,79 136,02 23,37 0,1397 103,2 9,8 395,17

MÉDIA 19,57 18,77 171,36 325,33 58,40 0,39 127,62 9,09 572,68

DESVIO PADRÃO 4,68 7,43 177,62 258,48 27,02 0,03 49,22 6,50 225,37

MÍNIMO 11,20 7,28 31,79 41,62 10,14 0,03 58,80 2,58 147,67

MÁXIMO 28,50 38,44 950,70 1160,53 100 1,56 238 29,20 1181,43

37

Tabela 4. Descrição das características físicas observadas em cada indivíduo amostrado. Observação:

*completamente visível= X; parcialmente visível= X. **Doença.

N

INDIVÍDUOS POROS CERNE DISTINTO* EXSUDATO TILOSE OCO ÁREA ABRANGENTE

1 Cecropia sciadophylla Difusos - - - X X

2 Eschweilera wachenheimii Difusos X - X X X

3 Vantanea micrantha Difusos X - X X X

4 Cecropia sciadophylla Difusos - - - - X

5 Cecropia sciadophylla Difusos - - - X X

6 Virola calophylla Difusos - - - - X

7 Cordia silvestris Difusos X - X - -

8 Protium heptaphyllum Difusos X - - - X

9 Neea madeirana Difusos - - - - -

10 Tachigali paniculata Difusos - - - X X

13 Duguetia flagellaris Difusos X - - - X

14 Chrysophyllum ucuquirana-branca Difusos X Látex - - -

15 Ocotea neesiana Difusos X - - X X

16 Eschweilera wachenheimii Difusos X Resina X X X

17 Virola surinamensis Difusos - Seiva X X X

18 Eschweilera wachenheimii Difusos X - X X -

19 Eschweilera wachenheimii Difusos X - - X -

20 Mabea caudata Difusos - - X - -

21 Gustavia speciosa Difusos X - - - -

22 Jacaranda copaia Difusos X - X - X

23 Sclerolobium chrysophyllum Difusos X Látex - - X

24 Byrsonima crispa Difusos X - - X -

25 Mabea caudata Difusos X - X - -

26 Vantanea micrantha Difusos X - X - -

27 Brosimum utile Difusos X Resina - - -

28 Pourouma guianensis Difusos X Látex - - X

29 Eschweilera odora Difusos X - X X -

30 Pouteria caimito Difusos - - X - -

31 Bocageopsis multiflora Difusos X Seiva - - X

32 Eschweilera fracta Difusos X - X X** -

34 Micrandropsis scleroxylon Difusos X Látex X - -

47 Iryanthera ulei Difusos - Resina X - X

48 Caliptanthes spruceana Difusos - - X - -

49 Eschweilera wachenheimii Difusos X - X - -

TOTAL 34 22 9 17 13 18 % 100 65 26 50 38 53

38

Figura 13. Árvores amostradas após imersão no corante mostrando claramente a área onde o xilema é ativo. A) Eschweillera

wachenheimmii (nº 2; seção mais abaixo na figura) e Cecropia sciadophylla (nº 4 e 5; outras duas seções na figura). B)

Sclerolobium chrysophyllum (nº 23, DAP e copa; seções inferiores na figura) e Eschweilera wachenheimii (nº 16, acima na

figura). C) Seções do DAP e copa de Protium heptaphyllum (nº 8).

A

B

C

39

5.1.2. Equações Alométricas

Tabela 5 sumariza os coeficientes e parâmetros estatísticos obtidos por meio de

equações linear e não-linear para a determinação da variável do xilema ativo à partir de seis

variáveis independentes (DAP, altura total, volume, diâmetro, frequência e comprimento de

vasos). À partir destes parâmetros estatísticos e facilidade de obtenção, a variável escolhida

para estimar área condutiva foi o DAP (FNLin= 27,32; R2

aj= 0,46; r= 0,66). Em contrapartida,

a variável que apresentou o pior ajuste foi a variável frequência de vasos (FNLin=0,163; R²aj= -

0,005; r= -0,10). Todas as variáveis apresentaram uma distribuição de resíduos com a mesma

tendência para ambas as equações. Portanto, a distribuição de resíduos não foi considerada

como parâmetro de seleção da melhor variável independente.

Tabela 5. Análise de regressão da área do xilema ativo com diâmetro à altura do peito (DAP, cm), altura total

(m), volume (m³), diâmetro de vaso (µm), comprimento do elemento de vaso (µm) e frequência de vaso (n/mm²)

utilizando o modelo linear y = a +bx e o modelo não-linear y = axb. Significância representada por * (p<0,05); **

(p< 0,01); *** (p< 0,001) e ns para não significativo (p>0,05). Ɛ= erro padrão.

Variáveis Modelo a b Ɛ R²aj Syx% r F p

DAP Não-Linear 0,8227 1,7805 27,04 0,4606 0,773 0,6652 27,32 p<0,001***

Linear -130,53 15,897 23,10 0,4424 0,786 25,39 p<0,001***

Altura Total Não-Linear 0,013 3,11 25,24 0,3343 0,858 0,5355 16,07 p<0,001***

Linear -230,09 20,33 26,13 0,2867 0,889 12,86 p<0,05**

Volume Não-Linear 457,09 0,846 22,72 0,4606 0,773 0,6765 27,32 p<0,001***

(DAP) Linear 436,43 28,13 22,78 0,4577 0,775 27,01 p<0,001***

Volume Não-Linear 376,95 0,8171 22,23 0,4835 0,757 0,6968 29,96 p<0,001***

(DAP; Ht) Linear 334,61 37,54 22,19 0,4855 0,755 30,20 p<0,001***

Diâmetro Não-Linear 121,72 0,0715 30,92 0,00072 1,052 0,01352 0,0023 p=0,091ns

de Vaso Linear 165,3 0,0488 30,93 0,00018 1,053 0,0058 p=0,077ns

Comprimento Não-Linear 0,000007 2,628 18,39 0,6467 0,626 0,6929 58,58 p<0,001***

Elemento de Vaso Linear -166,63 0,6092 22,31 0,4797 0,759 29,49 p<0,001***

Frequência Não-Linear 210,89 -0,106 30,86 -0,0051 1,049 -0,1025 0,163 p=0,624ns

de Vaso Linear 196,82 -2,79 30,77 -0,0106 1,047 0,339 p=0,564ns

40

5.1.3. Variáveis Biométricas para estimativa de área condutiva

5.1.3.1. Diâmetro à altura do peito (DAP)

DAP apresentou parâmetros estatísticos similares entre os modelos linear e não-linear,

assim, ambos os modelos poderiam ser utilizados para a estimativa da área do xilema ativo. O

modelo não-linear foi escolhido por ser ligeiramente melhor do que o outro modelo.

Coeficiente de determinação 0,46 e 66% de correlação de Pearson mostra um ajuste positivo

entre DAP e área do xilema ativo (FIGURA 14). Apesar de apresentar um ajuste positivo, R²aj

obtido não foi tão elevado quanto em outros estudos. Este fato pode ter ocorrido por

influência de propriedades biológicas e ecofisiológicas presentes nas árvores amostradas.

Figura 14. Representação da curva ajustada do modelo não linear para área do xilema ativo utilizando a variável

DAP.

Os resultados obtidos na análise adicional da área do xilema ativo das seções obtidas

logo abaixo da primeira inserção dos galhos (ou base da copa) apresentaram a mesma

tendência e altos valores estatísticos que a variável DAP. Esta análise compreendeu 17

indivíduos das 34 árvores amostradas (TABELA 6). O diâmetro variou entre 4,1cm e 23,1cm

e 25,7% e 100% para cobertura da área transversal pela área do xilema ativo. Seu ajuste

utilizando o modelo não-linear resultou em um coeficiente de determinação 70% e correlação

de Pearson 79% entre o diâmetro e área condutiva (FIGURA 15).

Y= 0,8227·DAP1,7805

R²= 0,4606

p<0,001

41

Tabela 6. Lista de espécies com amostras de seções da base da copa e suas respectivas dimensões.

N Espécie (n=17)

Diâmetro

(cm)

Área do Xilema

Ativo (cm²)

Área

Transversal (cm²) %

3 Vantanea micrantha Ducke 4,4 15,21 15,21 100,00

5 Cecropia sciadophylla Mart. 5,9 12,25 27,34 44,82

6 Virola calophylla (Spruce) Warb. 7,3 36,05 41,85 86,14

8 Protium heptaphyllum (Aubl.) March. 7,6 37,18 45,36 81,95

9 Neea madeirana Standl. 7,8 46,51 47,78 97,33

10 Tachigali paniculata Aubl. 8,4 35,73 55,42 64,47

13 Duguetia flagellaris Huber 11,5 53,88 103,87 51,87

14 Chrysophyllum ucuquirana-branca T. D. Penn 12,4 72,92 120,76 60,39

15 Ocotea neesiana (Miq.) Kosterm. 13,2 86,40 136,85 63,14

16 Eschweillera wachenheimii Sandwith 13,6 56,54 145,27 38,92

17 Virola surinamensis Warb. 14 57,68 153,94 37,47

18 Eschweillera wachenheimii Sandwith 14,65 156,09 168,56 92,60

20 Mabea caudata (Pax & K.) Hoffm. 15,75 162,47 194,83 83,39

21 Gustavia speciosa (Kunth) DC. 16,9 69,54 224,32 31,00

23 Sclerolobium chrysophyllum Poepp. 18,6 69,80 271,72 25,69

24 Byrsonima crispa A. Juss. 22,35 181,36 392,32 46,23

25 Mabea caudata (Pax & K.) Hoffm. 23,15 361,43 420,91 85,87

Média 12,61 86,37 146,47 64,08

Desvio Padrão 5,40 84,13 118,67 23,80

Mínimo 4,4 12,25 15,21 25,69

Máximo 23,15 361,44 420,91 100

Figura 15. Representação da curva ajustada com o modelo não-linear para a estimativa da área do xilema ativo

com a variável diâmetro da base da copa.

42

5.1.3.2. Altura total

Comparada ao DAP, A altura apresentou um ajuste menos positivo em ambos os

modelos. Apesar disto, são ajustes positivos que indicam que altura possui algum grau de

influência sobre a formação da área condutiva, porém não tanto quanto o diâmetro. Ao

comparar os parâmetros estatísticos observou-se que o melhor ajuste foi obtido a partir do

modelo não-linear (FNlin= 16,07; R²aj= 0,33; r=0,54). Diferentemente do DAP, os parâmetros

estatísticos dos ajustes foram bastante distintos entre si, indicando que somente o modelo não-

linear poderia ser utilizado. A Figura 16 demonstra quanto os dados de altura estão mais

dispersos do que DAP quando relacionado com área do xilema ativo.

Figura 16. Representação da curva do modelo não linear ajustada para área do xilema ativo utilizando a variável

altura total.

5.1.3.3. Volume

Volume é uma variável diretamente relacionada ao DAP. Com isto, já era previsto que

seria uma variável altamente relacionada à área do xilema ativo (FIGURA 17). Parâmetros

estatísticos mostram que o volume, quando calculado com a variável altura, resulta em um

modelo mais preciso do que utilizando a variável DAP. Ao utilizar a equação de volume

utilizando somente a variável DAP, os parâmetros estatísticos são idênticos aos resultantes do

ajuste com o modelo não-linear utilizando a variável DAP.

Y= 0,013·Ht3,11

R²= 0,3343

p< 0,001

43

O volume apresentou parâmetros muito similares entre os modelos lineares e não-

lineares, podendo ambos serem utilizados para estimar área do xilema ativo (FLin= 30,20;

R²aj= 0,4855/ FNLin= 29,96; R²aj=0,4835/ r= 0,6968). Apesar deste ajuste satisfatório, esta

variável não foi selecionada como a melhor para estimativa devido a sua dificuldade de

obtenção, quando comparada ao DAP.

Figura 17. Representação da curva ajustada do modelo não-linear para área do xilema ativo utilizando a variável

volume.

5.1.4. Anatomia da Madeira

5.1.4.1. Diâmetro do Vaso

O diâmetro de vaso não apresentou variação elevada entre espécies. A maioria das

espécies foi incluída nas categorias intermediárias, variando entre 50-300 µm. Apesar de estas

categorias abrangerem vasos considerados pequenos, médios e grandes, acima de 100 µm são

considerados como vasos grandes, quando comparados às espécies de poros difusos no geral

(TOMBESI et al., 2010). Diâmetro de vaso variou entre 20 e 320 µm e uma média de 125,6

µm, valor no qual se encaixa na classificação como um vaso médio. Podendo considerar como

um padrão da arquitetura hidráulica de árvores amazônicas (FIGURA 18).

Y= 376,95·VOL(DAP;Ht)0,82

R²= 0,4835

p<0,001

44

Figura 18. Representação percentual da classificação diamétrica dos vasos das árvores amostradas.

Diâmetro de vaso não apresentou um ajuste satisfatório com nenhum dos modelos para

estimativa da área condutiva e nem apresentou uma relação próxima entre estas variáveis

(FNLin= 0,0023; R²aj=0,00072/ FLin=0,0058; R²aj=0,000182/ r= 0,0135). Parâmetros estatísticos

indicam que esta variável não possui nenhum ou pouco efeito sobre a área do xilema ativo ao

apresentar coeficiente de determinação e índice de correlação de Pearson próximos a zero,

além de rejeitar-se valor de F e p (>0,05). Figura 19 demonstra quanto os dados estão

dispersos.

Figura 19. Representação da curva ajustada do modelo não-linear para área do xilema ativo utilizando a variável

diâmetro de vaso.

Y= 121,72·DV0,072

R²= 0,0007

p= 0,091

45

5.1.4.2. Comprimento de Elementos de Vaso

Ao contrário de diâmetro de vaso, indivíduos foram categorizados em mais classes em

função do comprimento de elementos de vaso. Comprimento dos elementos de vaso variaram

entre 70 e 2550 µm e média de 553,18 µm. A maioria foi classificada como comprimentos

curtos, mas houve pelo menos um indivíduo para cada classe. Devido ao número de espécies

amostradas neste estudo e que 54% foram classificadas como vasos curtos, este pode ser

considerado também como um padrão das espécies amazônicas (FIGURA 20).

Figura 20. Representação percentual da classificação do comprimento dos elementos de vaso das árvores

amostradas.

Também diferente dos resultados do diâmetro de vaso, parâmetros estatísticos para

comprimento de elemento de vaso se apresentaram conclusivos (FNlin= 58,58; R²aj= 0,65/

FLin= 29,49; R²aj= 0,48/ r= 0,69). Parâmetros indicaram um ajuste melhor do que DAP com,

aproximadamente, 70% de correlação entre área do xilema ativo e comprimento de elemento

de vaso e 65% do coeficiente de determinação para o modelo não-linear, que apresentou um

ajuste melhor do que o modelo linear (FIGURA 21). Porém, semelhante à variável volume,

46

esta variável é de difícil obtenção, que necessita, alem do corte da árvore ou vegetal, análises

laboriosas e de longa duração em laboratório.

Figura 21. Representação da curva ajustada do modelo não-linear para área do xilema ativo utilizando a variável

comprimento do elemento de vaso.

5.1.4.3. Freqüência de Vasos

Semelhante ao comprimento de elementos de vaso, frequência de vasos também

apresentou uma ampla variação entre a classificação dos indivíduos amostrados. Esta variação

mostra o quanto as espécies estudadas variam entre si. A maioria das espécies apresentaram

poucos ou pouco numerosos vasos por mm². Frequência variou entre 1 a 56 vasos/mm² e uma

média de 7 vasos/mm² (pouco numerosos). Já que 34% (poucos) e 28% (pouco numerosos)

juntos representam mais do que metade dos indivíduos, pode-se dizer que o padrão para

maioria espécies amazônicas é de apresentar uma frequência baixa de vasos (FIGURA 22).

Y= 7E-6·CV2,63

R²= 0,6467

p< 0,001

47

Figura 22. Representação percentual da classificação da frequência de vasos das árvores amostradas.

Analisando os parâmetros estatísticos, frequência de vaso resultou em parâmetros

indicam que esta variável não possui nenhuma influência sobre a área do xilema ativo, como

diâmetro de vaso (FNLin= 0,163; R²aj= -0,0051/ FLin= 0,339; R²aj= -0,0106/ r= -0,103). Devido

aos parâmetros negativos e valor de F e p rejeitados no nivel de significância 95%, acredita-se

que dentre as variáveis analisadas, esta não possui nenhuma relação com a variação existente

da área do xilema ativo nas espécies analisadas neste estudo (FIGURA 23).

Figura 23. Representação da curva ajustada do modelo linear para área do xilema ativo utilizando a variável

frequência de vaso.

Y= 196,82-2,79·FV

R²= -0,011

p= 0,564

48

5.2. Condutividade Hidráulica: ÁRVORES

Figura 24 mostra a Condutividade hidráulica teórica (Ks) para os indivíduos arbóreos

amostrados e indicando a alta variação entre as espécies. Isto já era esperado considerando a

alta variabilidade de espécies com diferentes comportamentos ecológicos. Ks variou entre

0,09 e 23,35 kgm-1

s-1

MPa-1

. A média foi 3,31 kgm-1

s-1

MPa-1

e desvio padrão 4,591. Vinya et

al. (2012) ao estudar 9 espécies africanas obteve valores de Ks entre 5,74 e 24,19 e Dettmann

et al (2013) obteve com 4 espécies de altas altitudes do Chile entre 1,8 e 10,5 kgm-1

s-1

MPa-1

.

Figura 24. Valores de condutividade hidráulica (Ks) para cada um dos 34 indivíduos arbóreos amostrados (eixo

x= número designado a cada indivíduo).

5.2.1. Condutividade hidráulica e Variáveis biométricas e anatômicas

Como procedido para área do xilema ativo, foi necessário realizar análises de

regressão para elucidar quais variáveis influenciam ou não a condutividade hidráulica. Porém,

sem focar no desenvolvimento de equações alométricas para esta variável. Resultados

estatísticos satisfatório poderão ser utilizados para este fim, mas para esta análise é somente

para demonstrar a linha de tendência dos dados em relação a condutividade (TABELA 7).

49

Tabela 7. Parâmetros estatísticos de ajustes utilizando modelo linear e não-linear para relacionar variáveis

biométricas e anatômicas à condutividade hidráulica de árvores. Significância representada por * (p<0,05); **

(p< 0,01); *** (p< 0,001) e ns para não significativo (p>0,05).

Variáveis Modelo Raj² r F p

DAP x Ks Linear 0,0339 -0,1842 1,12 p=0,297ns

Não-Linear 0,0428

0,28 p=0,532ns

Altura x Ks Linear 0,0126 -0,1881 0,41 p=0,427ns

Não-Linear 0,0181

0,22 p=0,775ns

Área do Xilema Ativo x Ks Linear 0,0509 -0,1630 1,72 p=0,175ns

Não-Linear 0,0713

2,43 p=0,087ns

Diâmetro de Vaso x Ks Linear 0,6775 0,8231 67,23 p<0,001***

Não-Linear 0,7504

96,24 p<0,001***

Frequência de Vaso x Ks Linear 0,2406 -0,4910 10,14 p<0,05**

Não-Linear 0,4938

31,22 p<0,05**

5.2.1.1. Diâmetro à altura do peito, Altura e Área do Xilema ativo

DAP apresentou praticamente os mesmos parâmetros estatísticos para ambos os

modelos (R²ajLin=0,034; R²ajNLin=0,043). Os baixos valores do coeficiente de determinação

indicam que DAP não influencia fortemente a condutividade hidráulica. Correlação -18%

indica que o pouco que possa influenciar é de forma decrescente (FIGURA 25A).

Altura total apresentou resultados similares a DAP quanto à tendência da curva e

dispersão dos pontos na Figura 25B. Coeficientes de determinação para modelo linear foi

1,3% e para não-linear, aproximadamente, 2%. Coeficiente de correlação também foi -18%

demonstrando a tendência decrescente e pouco influenciando Ks.

Área do Xilema ativo apresentou parâmetros estatísticos superiores à DAP e altura,

mas apresentando a mesma tendência negativa da curva (FIGURA 25C). Com coeficiente de

determinação de, aproximadamente, 8% pelo modelo não-linear, este ajuste demonstra que

área do xilema ativo possui uma influência baixa mas, ainda maior do que DAP e altura. Este

resultado já era esperado, considerando que DAP não descrimina a porção não condutiva em

sua medição. Porém, apresentou um coeficiente de correlação de -16% bastante similar às

outras variáveis biométricas. Esta tendência negativa e descrescente é decorrente ao fato da

área do xilema ativo ter sido a variável utilizada como denominador da equação de estimativa

de Ks. Assim, já assumindo uma relação inversamente proporcional à variável a ser estimada.

50

Todas as três variáveis apresentaram dados variados e dispersos quando relacionadas à

condutividade hidráulica.

Figura 25. Representação gráfica das linhas de tendências com modelo não-linear obtidas ao relacionar variáveis

biométricas e anatômicas à condutividade hidráulica de árvores. A) Área do Xilema Ativo; B) DAP; C) Altura;

D) Frequência de Vaso; E) Diâmetro de Vaso.

A

B

C

D

E

51

5.2.1.2. Diâmetro e Frequência de Vaso

Ambas variáveis referentes à anatomia do lenho obtiveram os melhores ajustes.

Diferenciaram, principalmente, no coeficiente de correlação, onde diâmetro de vaso

apresentou correlação de 82% (tendência crescente da curva) e frequência de vaso -49%

(tendência decrescente da curva). Coeficiente de determinação obtido por meio do modelo

não-linear para diâmetro de vaso foi 75% e frequência de vaso 49%. Estes parâmetros

indicam que ambas as variáveis influenciam fortemente a condutividade hidráulica. Porém,

apresentando tendências opostas. Quando o individuo apresenta diâmetro grande, frequência

será menor e consequentemente Ks será mais alta (FIGURAS 25D e 25E).

5.3. Gênero Eschweillera

Analisamos sete indivíduos do gênero Eschweillera para uma análise no nível de

espécie para comparar com os resultados de povoamento. Posteriormente, discutiremos os três

níveis: povoamento de árvores (variedade de padrões condutivos); espécie de palmeira

(Euterpe precatoria: representante dos padrões condutivos presentes em todas as palmeiras); e

espécie de árvore (Eschweillera sp.: espécie escolhida para representar os padrões condutivos

dentro de uma espécie arbórea). Comparação será feita entre área do xilema ativo e

condutividade hidráulica com DAP, altura total, diâmetro de vaso, frequência de vaso, e entre

área do xilema ativo e condutividade hidráulica. Volume não foi comparado por já ser uma

variável diretamente relacionada ao DAP. Ajustes não significativos (p>0,05) não foram

descartados, pois os resultados foram satisfatórios ao demonstrarem a tendência dos dados por

meio do modelo linear ou não-linear.

5.3.1. Descrição dos dados

Tabela 8 mostra a diferença entre os indivíduos deste gênero. Nota-se que mesmo os

indivíduos da mesma espécie se diferenciam com valores dobrados em altura, diâmetro e área

do xilema ativo. Diâmetro e frequência de vaso não foram muito diferentes entre si. Apesar do

52

baixo número de indivíduos para esta amostragem, os resultados foram satisfatórios em

indicar a tendência das relações entre as variáveis biométricas e anatômicas com área do

xilema ativo e Ks.

Tabela 8. Descrição das variáveis biométricas e anatômicas dos indivíduos pertencentes ao gênero Eschweillera.

Número Nome Científico Altura

Total (m) Diâmetro

(cm) Área do Xilema

Ativo (cm²) % Diâmetro de Vaso (um)

Freq. de Vaso (um/mm²) Ks

2 E. wachenheimii Sandwith 12 10,04 78,39 99,01 126 8,05 3,65

16 E. wachenheimii Sandwith 22,5 18,4 186,74 70,23 112 6,9 0,77

18 E. wachenheimii Sandwith 19 18,16 91,59 35,36 129,2 6,4 3,33

19 E. wachenheimii Sandwith 18 16,04 44,59 22,07 139,2 5,85 6,92

29 E. odora(Poepp. ex O. Berg) 22,7 20,7 83,82 25,03 130,4 5,95 3,36

32 E. fracta R. Knuth 18,5 21,16 222,17 63,18 113,2 6,85 0,73

49 E. wachenheimii Sandwith 18 13,16 31,79 23,37 103,2 9,8 3,06

5.3.1.1. Área do Xilema Ativo: Eschweillera

Dentre as variáveis analisadas, DAP se apresentou novamente como a variável mais

fortemente relacionada à área do xilema ativo com coeficiente de determinação 35% com o

modelo linear e 59% correlação (TABELA 9) com tendência crescente (FIGURA 26A). Estes

parâmetros são próximos aos encontrados nas análises do povoamento.

Altura apresentou baixos valores de coeficiente de determinação para ambos os

modelos, porém foi ligeiramente mais elevado por meio do modelo linear (R²ajLin=0,094).

Correlação foi de 31%, mostrando que esta variável tem pouca influência sobre a formação da

área do xilema ativo (FIGURA 26B). Estes parâmetros estatísticos indicam a mesma

tendência obtida para o povoamento arbóreo, mas diferente de DAP, com valores mais baixos.

Diâmetro de vaso apresentou parâmetros estatísticos baixos, mas maiores do que na

análise com dados do povoamento. O ajuste com modelo linear resultou em um coeficiente de

determinação de 12%. Coeficiente de correlação, diferentemente dos resultados do

povoamento, apresentou tendência negativa (r=-0,35), mas demonstrando que há alguma

influência sobre área do xilema ativo (FIGURA 26C). Este resultado de correlação também

foi superior aos resultados de povoamento, que apesar de positiva obteve apenas 1,3% de

correlação.

53

Frequência de vaso, como diâmetro de vaso, também apresentou valores superiores

aos obtidos na análise de povoamento. Porém, diferentemente de diâmetro de vaso, a

tendência tambem foi negativa (FIGURA 26D) analisando por espécie (r=-0,26). Coeficiente

de determinação com modelo não-linear foi de, aproximadamente, 12%, indicando uma

influencia mínima sobre a área do xilema ativo.

Tabela 9. Descrição dos parâmetros estatísticos resultantes das análises de regressão dos modelos linear e não-

linear entre variáveis biométricas e anatômicas com área do xilema ativo. Significância representada por

*(F>0,05); ** (F> 0,01); *** (F> 0,001) e ns para não significativo (F<0,05).

Variáveis Modelo Raj² r F

DAP x Área do Xilema Ativo Linear 0,3536 0,5946 17,50**

Não-Linear 0,3052

14,06**

Altura x Área do Xilema Ativo Linear 0,0941 0,3068 3,33ns

Não-Linear 0,0729

0,24ns

Diâmetro de Vaso x Linear 0,1206 -0,3472 4,39ns

Área do Xilema Ativo Não-Linear 0,0621

2,13ns

Frequência de Vaso x Linear 0,0708 -0,2661 2,44ns

Área do Xilema Ativo Não-Linear 0,1179

4,15ns

Figura 26. Representação gráfica das melhores equações obtidas pelas análises de regressão para demonstrar a

tendência dos dados de Eschweillera com área do xilema ativo.

A B

C D

54

5.3.1.2. Condutividade Hidráulica: Eschweillera

Todas as variáveis analisadas com condutividade hidráulica apresentaram as mesmas

tendências aos dados do povoamento (FIGURA 27 e TABELA 10). DAP apresentou,

aproximadamente, 20% de coeficiente de determinação com o modelo não-linear e -38% de

correlação. Indicando que influencia a condutividade hidráulica, mas de forma decrescente

(FIGURA 27A).

Altura apresentou parâmetros estatísticos melhores do que no povoamento, mas ainda

baixos. Com coeficiente de determinação 1,2% com o modelo não-linear e também com

correlação próxima a -30%, como DAP (FIGURA 27B).

Área do xilema ativo foi a única variável relacionada à Ks que apresentou a mesma

tendência dos dados do povoamento, mas com parâmetros estatísticos mais elevados. Apesar

de correlação ter sido negativa (r=-80%), este parâmetro indica que quanto maior for área do

xilema ativo, menor será Ks. Ou seja, área do xilema ativo influencia fortemente de forma

negativa a condutividade hidráulica (FIGURA 27C). Este resultado é corroborado com o

coeficiente de determinação de 65% com o modelo linear.

Tabela 10. Descrição dos parâmetros estatísticos resultantes das análises de regressão com modelos linear e não-

linear com variáveis biométricas e anatômicas com condutividade hidráulica (Ks) do gênero Eschweillera.

Significância representada por *(F>0,05); ** (F> 0,01); *** (F> 0,001) e ns para não significativo (F<0,05).

Variáveis Modelo Raj² r F

DAP x Ks Linear 0,1443 -0,3798 5,39*

Não-Linear 0,1074

3,25ns

Altura x Ks Linear 0,0928 -0,3047 3,28ns

Não-Linear 0,0123

0,39ns

Área do Xilema Ativo x Ks Linear 0,6455 -0,8034 58,27***

Não-Linear 0,2051

8,25**

Diâmetro de Vaso x Ks Linear 0,5412 0,7357 37,75***

Não-Linear 0,6091

49,87***

Frequência de Vaso x Ks Linear 0,0466 -0,2158 1,56ns

Não-Linear 0,0518

1,73ns

55

Outra variável fortemente relacionada, porém de forma positiva (r=74%), foi diâmetro

de vaso (FIGURA 27D). O ajuste não foi superior ao do povoamento, mas apresentou

coeficiente de determinação elevado por meio do modelo não-linear, confirmando a influência

da dimensão do vaso sobre a condutividade (R²ajNLin=0,61).

Frequência de vaso apresentou resultados estatísticos inferiores aos dados do

povoamento, mas apresentando o mesmo comportamento: tendência decrescente da relação

(FIGURA 27E) e baixa influência desta variável com condutividade hidráulica (R²ajNLin=

0,052; r= -0,2158).

Figura 27. Representação gráfica das equações que apresentaram melhor ajuste para demonstrar a tendência dos

dados do gênero Eschweillera.

A

B

C

D

E

56

5.4. Área do Xilema Ativo: PALMEIRAS

5.4.1. Descrição dos Dados

As palmeiras açaí amostradas neste estudo apresentaram diâmetro de base entre 11,7 e

16,6 cm. O diâmetro desta espécie varia no entorno de 4-23 cm (HENDERSON et al., 1995).

Portanto, pode-se considerar que estes indivíduos são de porte médio. Altura também está de

acordo com Henderson et al. (1995), que afirma que a altura desta espécie atinge de 3 a 20 m,

sendo que nesta amostragem abrangeu desde 7,4 a 19,6 m. Diferenças entre diâmetro de base

e copa chegam a praticamente 50% (TABELA 11). Área do xilema ativo variou entre 54,7 e

155,5 cm² na altura da base entre 3,77 e 15,62 cm² (TABELA 11).

Tabela 11. Detalhamento das características biométricas das palmeiras açaí amostradas.

N=10

BASE

COPA

Número Ht (m)

DAB

(cm)

Área do Xilema

Ativo (cm²)

Diâmetro de

Vaso (µm)

Frequência de

Vaso (µm)

DAC

(cm)

Área do Xilema

Ativo (cm²)

Diâmetro de

Vaso (µm)

Frequência de

Vaso (µm)

1 19,6 12,8 95,50 353,8 1,5 8,5 5,75 254,0 2

4 16 15,5 155,50 310,8 2 8,3 15,62 319,5 2,5

5 8 14 97,90 304,0 1 6,2 6,41 241,2 3

7 9,4 12,8 83,90 302,2 2 5 3,77 187,9 2,8

11 14,5 16,6 137,10 286,0 1 7,2 7,53 241,4 4

12 16,4 12,8 89,60 285,0 1 8,5 10,25 177,7 3,2

13 11,8 11,7 54,70 247,5 1,5 7,1 6,18 245,0 3

14 7,4 15,1 116,90 253,2 1 7,7 8,96 211,7 2,2

16 14,5 16,2 111,90 248,0 2 6,4 5,78 192,5 2,4

23 7,4 13,2 93,84 292,0 1 6,8 8,96 256,0 3

Total 125,00 140,70 1036,84 2882,40 14,00 71,70 79,21 2326,9 28,10

Média 12,50 14,07 103,68 288,20 1,40 7,17 7,92 232,70 2,81

D. Pad. 4,32 1,68 28,34 32,96 0,46 1,13 3,31 42,06 0,57

Mínimo 7,40 11,70 54,70 247,50 1,00 5,00 3,77 177,77 2,00

Máximo 19,60 16,60 155,50 353,80 2,00 8,50 15,62 319,50 4,00

As variáveis referentes à anatomia da madeira variaram entre 247,5 a 353,8 µm em

diâmetro de vaso e 1 a 2 vasos por mm² à altura da base. À altura da copa, variaram entre

177,7 e 319,5 µm e 2 a 4 vasos por mm², respectivamente (FIGURA 28). Não houve grande

variação entre diâmetro de vaso na base e na copa, porém frequência de vaso na base foi o

dobro em relação à altura da copa. Pela classificação COPANT (1974), pode-se considerar, a

57

partir da média dos diâmetros de vasos mensurados, que ambos os segmentos possuem vasos

de condução grandes (x Base= 289 µm; x Copa=233 µm).

Figura 28. Tamanho e frequência dos feixes vasculares na base e na copa de um indivíduo de Euterpe precatoria

(aumento em 20x (base) e 30x (copa) utilizando Microscópio Estéreoscópico (Lupa) LABOMED CZM4).

5.4.2. Comparação com outras espécies

Para confirmar o padrão observado na espécie Euterpe precatoria, também se analisou

a área do xilema ativo de outras duas espécies de grande ocorrência na área de estudo e

também na Amazônia central brasileira: Oenocarpus bataua Mart. e Oenocarpus bacaba

Mart (HENDERSON et al., 1995). Oenocarpus bacaba apresentou área do xilema ativo igual

a 105,28 cm² equivalente a 31% da área transversal. Oenocarpus bataua apresentou 311,61

cm² que equivale a 75%. As médias obtidas para Euterpe precatoria foram DABE.precatoria=

14,07 cm e área do xilema ativo= 103,69 cm² (%=66%). As diferenças diamétricas entre os

indivíduos foram divergentes (DABO.bacaba= 20,9 cm; DABO.bataua= 23 cm). Portanto, a

58

comparação foi baseada na porcentagem de cobertura da área condutiva (%) sobre a área

transversal e o padrão visual das seções.

Observando a figura 29 com as imagens das seções analisadas de cada espécie,

observa-se que a maior diferença entre elas são tamanho e densidade de feixes vasculares. No

entanto, apresentam similaridades como uma área condutiva contínua, apresentando um

centro pouco condutivo ou nulo (Observação: centro dos indivíduos de O. bataua (FIGURA

29A) e O. bacaba (FIGURA 29B) equivalente à região com proliferação fúngica), e maior

concentração de feixes vasculares próximos à casca.

Oenocarpus bataua (FIGURA 29A) apresentou a maior área do xilema ativo dentre as

espécies (75% da seção) com feixes vasculares de tamanho intermediários comparados às

outras duas espécies. Consequentemente, uma densidade intermediária de feixes. Oenocarpus

bacaba (FIGURA 29B) apresentou a menor área do xilema ativo (31%), porém com feixes

vasculares menores do que O. bataua e E. precatoria. Com isto, apresentando a maior

densidade de feixes das três espécies. Já Euterpe precatoria (FIGURA 29C) apresentou cerca

de 70% de sua seção transversal como condutiva, mas com os maiores feixes vasculares e a

menor densidade das três espécies. Apesar da análise anatômica ter sido realizada somente em

indivíduos de Euterpe precatoria, as observações a olho nu são suficientes para afirmar esta

descrição da densidade e tamanho de feixes vasculares das outras duas espécies. Os pontos

escuros observados nas figuras são referentes às células parenquimáticas escurecida por

taninos ao redor dos feixes vasculares (RICH, 1987).

59

Figura 29. Imagem das seções de cada espécie de palmeira à direita. À esquerda, visão detalhada dos feixes

vasculares. A) Oenocarpus bataua; B) Oenocarpus bacaba; C) Euterpe precatoria. FONTE: Arquivo pessoal.

60

5.4.3. Variáveis Biométricas e Anatômicas relacionadas à Área do xilema ativo

Diferentemente das análises de regressão realizadas para a base de dados das árvores,

o objetivo destes ajustes para palmeiras foi para determinar se a tendência e a relação entre as

variáveis biométricas e anatômicas são lineares ou exponencial, crescente ou decrescente.

Apesar do objetivo das análises executadas para o grupo funcional das palmeiras ser somente

para determinar tendência de curva/reta e a relação entre as variáveis, as regressões que

apresentaram parâmetros estatísticos satisfatórios poderão ser utilizadas como modelos

alométricos para determinação da área do xilema ativo em palmeiras nesta região.

Tabela 12. Parâmetros estatísticos obtidos por meio do ajuste de modelos lineares e não-lineares para palmeiras.

Significância representada por * (p<0,05); ** (p< 0,01); *** (p< 0,001) e ns para não significativo (p>0,05).

Variáveis Segmento Modelo Raj² r F p

Diâmetro x Base Linear 0,7425 0,8616 23,06 p<0,05**

Área do Xilema Ativo

Não-Linear 0,7680

20,10 p<0,05**

Copa Linear 0,4982 0,6325 7,94 p<0,01*

Não-Linear 0,5251

7,78 p<0,01*

Altura x Base Linear 0,0538 0,2319 0,46 p=0,518ns

Área do Xilema Ativo

Não-Linear 0,0321

0,27 p=0,984ns

Copa Linear 0,1369 0,2017 1,27 p=0,202ns

Não-Linear 0,0667

0,57 p=0,415ns

Diâmetro de Vaso x Base Linear 0,0265 0,1664 0,22 p=0,646ns

Área do Xilema Ativo

Não-Linear 0,0290

0,25 p=0,622ns

Copa Linear 0,2837 0,5827 7,44 p=0,113ns

Não-Linear 0,4360

7,59 p=0,099ns

Frequência de Vaso x Base Linear 0,0523 -0,2286 0,44 p=0,525ns

Área do Xilema Ativo

Não-Linear 0,0241

0,20 p=0,991ns

Copa Linear 0,0090 -0,0187 0,02 p=0,393ns

Não-Linear 0,1129

1,02 p=0,136ns

5.4.3.1. Diâmetro de base e de copa

Área do xilema ativo de ambos os segmentos apresentaram altos níveis de relação com

diâmetro. Diâmetro de base apresentou correlação de 86% e coeficiente de determinação 76%

e diâmetro de copa 63% de correlação e 52% de coeficiente de determinação ambos com

modelo não-linear (TABELA 12). A partir das curvas ajustadas (FIGURA 30A) é possível

61

observar que a dispersão dos pontos do segmento copa são mais agrupados por causa do

diâmetro limitado neste segmento. Porém, ambos apresentando a tendência crescente da área

do xilema ativo em seguir o crescimento diamétrico.

Figura 30. Representação gráfica das curvas de tendência entre as variáveis biométricas e anatômicas do lenho

da copa e base das palmeiras com a área do xilema ativo. A) Diâmetro de base e de copa; B) Altura total; C)

Diâmetro de Vaso; D) Frequência de Vaso. Observação: (●) Base; (○) Copa.

5.4.3.2. Altura Total

Altura total não apresentou parâmetros estatísticos tão elevados quanto diâmetro, mas

apresentou resultados crescentes. Coeficiente de determinação para base foi de 5% e

A

B

C

D

62

correlação 23% e para copa 14% e 20%, respectivamente. Ambos tiveram tendências lineares

em sua relação com área do xilema ativo. A inclinação pouco acentuada da reta equivalente

ao segmento da copa indica que o crescimento da área do xilema ativo pode não ser tão

pronunciado com o aumento da altura total do indivíduo quanto à base (FIGURA 30B). Ou

seja, a base aumenta a área do xilema ativo junto com a altura, mas não tanto quanto diâmetro

(rDAP= 0,86; rAltura= 0,23). Enquanto o segmento na base da copa não apresentou grande

variação em seus valores da área condutiva nas diferentes alturas.

5.4.3.3. Diâmetro de Vaso

Esta variável apresentou a mesma tendência da relação entre diâmetro e área do xilema

ativo. Diâmetro de vaso à altura da base apresentou uma tendência não-linear e crescente com

coeficiente de determinação em torno de 3% e correlação 16% (FIGURA 30C). Já à altura da

copa, apresentou também uma tendência crescente também com modelo não-linear. Copa

apresentou coeficiente de determinação em torno de 43% e correlação de 58%. Apesar de

apresentar uma área condutiva menor do que a base, o aumento da área do xilema ativo

aparentemente acaba induzindo a expansão destes dutos. Além disso, diferentemente do

diâmetro em que os dados estavam agrupados e distantes dos dados da base, a copa

apresentou valores altos de diâmetro de vaso tanto quanto a base.

5.4.3.4. Frequência de Vaso

Diferente das outras três variáveis, frequência de vaso apresentou uma tendência

oposta, em que a base apresentou valores inferiores de frequência do que a copa. Base

apresentou coeficiente de determinação de 5% e correlação de -22%utilizando o modelo

linear com tendência crescente (FIGURA 30D). Já a copa apresentou coeficiente de

determinação 11%, porém com correlação negativa (r= -2%) com o modelo não-linear. Este

resultado negativo indica que a tendência desta relação é decrescente e com baixa relação

entre elas. Apesar desta variável não ser relacionada à área do xilema ativo, este resultado

63

expõe que quanto maior for o diâmetro da seção (por exemplo, base), menor será a frequência

de vaso.

5.5. Condutividade Hidráulica: PALMEIRAS

5.5.1. Descrição dos dados

Condutividade hidráulica (Ks) para base variou entre 9,64 e 46,99 kgm-1

sMPa-1

e copa

entre 27,47 e 191,81 kgm-1

sMPa-1

(FIGURA 31). Tabela 13 também está discorrendo os

valores da área do xilema ativo e diâmetro de vaso por serem as variáveis utilizadas na

equação de estimativa de Ks. À partir destas variáveis, podemos observar que os valores

máximos e mínimos de Ks da base e da copa correspondem ao maior e um dos menores

vasos das palmeiras amostradas. Ambos apresentaram áreas do xilema ativo que não era

necessariamente as menores ou maiores.

Tabela 13. Lista dos resultados de condutividade hidráulica (Ks) e suas respectivas áreas condutivas e diâmetro

de vaso. Observação: (■) Máximo; (■) Mínimo.

BASE

COPA

N Ks Ár. X. Ativo D. Vaso Ks Ár. X. Ativo D. Vaso

1 46,99 95,50 353,75 187,86 8,96 254,00

4 17,80 155,51 310,77 191,81 15,62 319,55

5 24,45 97,86 304,00 144,42 3,77 241,15

7 18,67 83,91 302,22 92,30 5,78 187,89

11 12,68 137,10 286,00 142,92 7,53 241,43

12 18,93 89,64 285,00 27,47 8,96 177,73

13 23,32 54,70 247,50 158,73 6,41 245,00

14 10,51 116,87 253,18 67,37 10,25 211,67

16 9,64 111,95 248,00 78,06 5,75 192,50

23 21,55 93,84 292,00 156,38 6,13 256,00

Média Ks= 20,45 S= 10,6 Média Ks= 124,73 S= 55,2

64

Figura 31. Gráfico de barras representando os valores de Ks para base e copa.

5.5.2. Ks e Variáveis Biométricas e Anatômicas

Apesar de aparentemente os valores do diâmetro de vaso indicar ser a variável que

mais influencia Ks. Foi necessário realizar análises de regressão com os mesmos modelos

lineares e não-lineares para confirmar esta relação e quais outras variáveis podem estar

influenciando a condutividade hidráulica (TABELA 13).

5.5.2.1. Área do Xilema Ativo

A relação entre a área do xilema ativo e Ks não foi tão elevada quanto esperado. Para

base, o coeficiente de determinação foi de 17% e a correlação de -35% com o modelo não-

linear (TABELA 14). Ou seja, área do xilema ativo não influencia fortemente Ks na base.

Porém, o pouco que influencia é de forma negativa. Com isto, apresentando a tendência

decrescente da reta na figura 32A.

Já o segmento da copa apresentou parâmetros estatísticos baixos com coeficiente de

determinação de, aproximadamente, 3%, mas com correlação positiva (r= 0,002) utilizando o

65

modelo linear. Com isto, a reta apresentou tendência crescente. Como os segmentos da copa

possuíam diâmetro reduzido, consequentemente, a área do xilema ativo também seria menor

do que a base. Mas, ao analisar a figura 32A, nota-se que há uma alta variação dos dados Ks

(S=55,2) e provavelmente esta é a razão pelos parâmetros estatísticos fracos.

Comparando a tendência das retas e a dispersão dos dados da base e da copa na figura

32A, nota-se que a área do xilema ativo e Ks apresentam um comportamento oposto entre os

segmentos. Enquanto a base abrange um tamanho maior de área condutiva entre os

indivíduos, não apresenta Ks acima de 50. Já os segmentos da copa, que apresentaram área do

xilema ativo menor do que 15 cm² resultaram em uma Ks praticamente 200. Com isto,

acredita-se que quanto maior a área condutiva, menor será Ks.

Tabela 14. Descrição dos parâmetros estatísticos resultantes das análises de regressão para modelos linear e não-

linear entre condutividade hidráulica e variáveis biométricas e anatômicas em palmeiras. Significância

representada por * (p<0,05); ** (p< 0,01); *** (p< 0,001) e ns para não significativo (p>0,05).

Variáveis Segmento Modelo Raj² r F p

Área do Xilema Ativo x Ks Base Linear 0,1232 -0,3510 1,12 p=0,320ns

Não-Linear 0,1756

0,50 p=0,635ns

Copa Linear 0,0259 0,1610 0,21 p=0,657ns

Não-Linear 0,0020

0,02 p=0,934ns

Altura x Ks Base Linear 0,1633 0,4040 1,56 p=0,247ns

Não-Linear 0,0589

0,51 p=0,523ns

Copa Linear 0,0298 0,1726 0,25 p=0,633ns

Não-Linear 0,0189

0,16 p=0,915ns

Diâmetro x Ks Base Linear 0,3454 -0,5877 4,22 p=0,074ns

Não-Linear 0,4879

3,56 p=0,095ns

Copa Linear 0,0173 0,1315 0,14 p=0,717ns

Não-Linear 0,0169

0,14 p=0,774ns

Diâmetro de Vaso x Ks Base Linear 0,5832 0,7764 11,19 p<0,001***

Não-Linear 0,5362

10,09 p<0,001***

Copa Linear 0,7889 0,8882 1,83 p<0,01**

Não-Linear 0,7107

2,58 p<0,01**

Frequência de Vaso x Ks Base Linear 0,0540 -0,0126 0,46 p=0,478ns

Não-Linear 0,0685

0,59 p=0,380ns

Copa Linear 0,0038 -0,0616 0,03 p=0,866ns

Não-Linear 0,0057

0,05 p=0,753ns

66

Figura 32. Representação gráfica das curvas de tendência entre as variáveis biométricas e anatômicas do lenho

da copa e base das palmeiras com condutividade hidráulica. A) Área do xilema ativo; B) Diâmetro; C) Altura

total; D) Diâmetro de vaso; E) Frequência de vaso. Observação: (●) Base; (○) Copa.

A

B

C

D

E

67

5.5.2.2. Diâmetro da base e da copa

Diâmetro dos segmentos apresentou a mesma tendência da área do xilema ativo.

Considerando que ambas variáveis são relacionadas, já se esperava que os resultados fossem

similares. Porém, parâmetros estatísticos da base mostraram um alto coeficiente de

determinação (48%) enquanto a copa apresentou apenas 1,7%. Outra diferença foi ao

comparar coeficiente de correlação, em que a base apresentou -59% e copa 13%. O melhor

modelo para base foi o modelo não-linear e para a copa o linear. Analisando ambos os

parâmetros e a curva da base, nota-se que o diâmetro não apresenta dados tão dispersos

quanto os da copa (FIGURA 32B). Com isto, resultando em um ajuste mais preciso. Base

também apresentou uma correlação com a variável Ks bastante alta, apesar de negativa. O

valor negativo ditou a tendência decrescente da relação. Novamente os dados da copa

apresentaram distribuição bastante dispersa e variada, resultando em um ajuste pior (baixo

R²). Correlação positiva ocasionou tendência crescente dos dados.

5.5.2.3. Altura total

Analisando a figura 32C representando a relação da altura com Ks, é evidente que esta

apresentou uma tendência diferente das outras duas variáveis biométricas. Ambos os

segmentos apresentaram tendência crescente (rBase= 0,404; rCopa= 0,173), porém com

coeficientes de determinação baixos (R²ajBase=0,163; R²ajCopa= 0,03). Base apresentou o melhor

ajuste com o modelo linear por novamente apresentar os dados menos dispersos do que a copa

(FIGURA 32C). Mas, ambas apresentam valores de Ks similares em indivíduos baixos e

altos. Resultado similar ao observado na relação altura total e área do xilema ativo.

5.5.2.4. Diâmetro de Vaso

Diâmetro de vaso apresentou a mesma tendência encontrada na relação com área do

xilema ativo. Ambos os segmentos apresentaram a tendência crescente, em que quanto maior

é a dimensão do vaso maior será a condutividade. Mas, diferentemente da análise com área do

68

xilema ativo, o segmento que apresentou os valores superiores foi o da copa. A base

apresentou coeficiente de determinação 58% com modelo linear e 76% de correlação

(FIGURA 32D). Copa apresentou 79% e 89%, respectivamente, também com modelo linear.

Ambas apresentaram ajustes satisfatórios, porém os valores superiores do segmento copa

indicam que a variedade de tamanho de vasos presentes nesta altura influencia a

condutividade hidráulica. Como a base possui tamanho de vasos menos variados,

consequentemente apresentou um ajuste ligeiramente inferior.

5.5.2.5. Frequência de Vaso

Em contrapartida à variável diâmetro de vaso, frequência se apresentou com tendência

decrescente (FIGURA 32E) para ambos os segmentos (rBase= -0,013; rCopa= -0,062). Além de

serem pouco correlacionadas, Ks e frequência de vaso resultaram em coeficientes de

determinação baixos para ambos os segmentos (R²ajBase= 0,054 (modelo linear); R²ajCopa=

0,0068 (modelo não-linear)). Assim, mostrando que o tamanho do duto é mais influente do

que o número de dutos que existem.

69

6. DISCUSSÕES

6.1. Área do Xilema Ativo: ÁRVORES

Os valores das dimensões da área do xilema ativo encontrados neste estudo são similares

ao encontrado em outras florestas tropicais, como Granier et al. (1996) e Anhuf et al. (1999).

O primeiro encontrou entre 103 e 796 cm² de área condutiva em 9 espécies arbóreas na

Guiana Francesa. O segundo entre 26 e 646 cm² em 8 espécies arbóreas na Venezuela. Outros

estudos em florestas tropicais encontraram valores entre 73 e 139 cm² e 31 e 49% de

cobertura da área transversal (7 espécies) em uma área de floresta inundável na Amazônia

Central brasileira (PAROLIN et al., 2008); 2 e 51 cm² (5 espécies) no Panamá (ANDRADE et

al., 2008); e 6 e 39 cm² (4 espécies) no cerrado brasileiro (MEINZER et al., 1999).

6.1.1. Variáveis Biométricas para estimativa de área condutiva

6.1.1.1. Diâmetro à altura do peito (DAP)

Apesar dos parâmetros estatísticos não serem muito elevados, DAP foi a variável

selecionada como a melhor para a estimativa da área do xilema ativo. Outros autores também

concluíram que DAP era a melhor variável para esta estimativa, como Vertessy et al. (1995),

Kumagai et al. (2004), Lamberty et al. (2002), Gebauer et al. (2008), Horna, et al. (2011) e

Meinzer et al. (2011). Esta alta correlação entre DAP e área do xilema ativo é baseada na

hipótese de que quanto maior é o crescimento da árvore, maior será sua exigência hídrica.

Para suprir a demanda de carbono necessária para o incremento diamétrico e produção de

folhas, as árvores necessitam maximizar sua absorção de água e consequentemente aumentam

a área do xilema ativo para conseguir transportar este volume de água (GEBAUER et al.,

2008). Porém há fatores que podem minimizar este transporte e acreditamos que são estes

fatores que proporcionaram parâmetros estatísticos menores que o esperado.

A principal razão especulada para explicar os baixos valores dos parâmetros

estatísticos é devido à diferença entre os indivíduos arbóreos, que incluem diversas

características. Por exemplo, espécies de diferentes estágios sucessionais são responsáveis por

diferentes taxas de transpiração, consequentemente alterando a área do xilema ativo.

70

Wullscheleger et al. (2001) e Horna et al. (2011) expõem que árvores pioneiras ou heliófila

(espécies exigentes por luz) são mais suscetíveis a perder um maior volume de água. Para

compensar esta liberação de água para atmosfera, estas espécies necessitam de uma área

condutiva maior para transportar este volume elevado. A espécie Cecropia sciadophylla

presente dentre os amostrados é uma árvore pioneira típica na região amazônica. Portanto, é

uma espécie exposta a uma alta taxa de incidência de radiação solar para manter sua

funcionalidade metabólica. Esta exposição causa uma elevação na taxa de transpiração e

explica a alta porcentagem ou total cobertura da área transversal por área do xilema ativo dos

indivíduos (HORNA et al., 2011). Em contrapartida, mas sustentando a mesma hipótese, a

espécie Ocotea neesiana que é considerada como uma espécie florestal de comportamento

secundário (germina com baixa incidência de radiação solar, porém necessita de altas taxas de

radiação solar quando adulta) (PAULA et al., 2004) apresenta cerca de 30% de sua área

transversal como área condutiva ativa. Nota-se que ambas as espécies apresentam alturas

similares (TABELA 3).

Outra explicação por apresentar um coeficiente de determinação relativamente baixo

pode-se atribuir ao fato de que a variação diamétrica dentro do grupo de espécies amostradas

pode reduzir estes parâmetros estatísticos. Apesar do número baixo de amostras, pode-se

observar na Figura 14 que os dados começam a se dispersar após DAP>30cm. Quanto maior o

intervalo para DAP e área do xilema ativo, será menos provável resultar em um bom ajuste

para estabelecer um padrão sobre uma alta variedade de espécies, dimensões, idade e sucessão

ecológica (GEBAUER et al., 2008; ČERMAK & NADEZDHINA, 1998).

Uma evidência que corrabora com esta hipótese são os resultados obtidos na análise

adicional da área do xilema ativo das seções obtidas logo abaixo da primeira inserção dos

galhos (ou base da copa). Os valores elevados dos parâmetros estatísitcos demonstram que

apesar da variedade de espécies, o fato do intervalo de classes diamétricas ter se estreitado (S=

5,4) resultou em um ajuste melhor do que utilizando DAP (S= 7,4). Porém, não poderia ser

utilizado como uma variável de estimativa devido a sua não representatividade das espécies

amazônicas que normalmente apresentam DAP acima de 25 cm.

Outros fatores que podem influenciar a relação entre DAP e área do xilema ativo são

presença de tiloses ou segmentos ocos no tronco (SAITOH et al., 1993; MCELRONE et al.,

2010; KITIN et al., 2010; COCHARD & TYREE, 1990; JAMES et al., 2003; GERRY, 1914;

71

WHITING & O’MEARA, 2013). Tilose pode causar em alguns indivíduos, principalmente,

aos pertencentes à família Lecythidaceae (MOUTINHO, 2008), uma faixa descontínua de

área condutiva. Nas árvores amostradas neste estudo, 50% dos indivíduos apresentaram vasos

bloqueados parcial e/ou completamente. Por isto, acreditamos que esta seja a razão pelos

padrões irregulares, que algumas seções apresentaram após a coloração, e que podem resultar

em uma subestimativa real da área condutiva total.

Árvores que apresentaram fustes ocos também foram consideradas como razões pela

subestimativa da área condutiva. Nas árvores amostradas, os ocos encontrados foram

resultantes de ataques de fungos, patógenos ou cupins e formigas (FIGURA 33). Sete

indivíduos (20%) apresentaram esta característica e acredita-se que este oco pode causar uma

área condutiva menor do que a original. Alguns indivíduos apresentaram área do xilema

ativas mais próximas da casca ou até a beira do oco. Não há como certificar se o oco já

equivalia a uma área não condutiva.

Figura 33. Tipos de oco e anomalia presentes nas árvores amostradas. A) Patógeno; B) Formiga; C e D) Cupim.

A

B

D

C

72

O último aspecto a se considerar sobre a alta variabilidade da relação DAP e área do

xilema ativo é idade da árvore. Visto que as árvores amostradas foram coletadas

aleatoriamente em uma floresta primária, é provável que a diferença de idade entre os

indivíduos possa variar em até centenas de anos (CHAMBERS et al., 2001). Infelizmente,

para este estudo não foi possível determinar a idade das amostras. Presumindo que haja uma

grande diferença de idade, esta pode explicar porque algumas árvores apresentaram áreas

condutivas reduzidas ou amplas. Vertessy et al. (1995), Čermak et al. (1998) e Horna et al.

(2011) concluem que árvores mais velhas apresentaram área condutiva menor, já que seu

crescimento estagna ao longo anos, sugerindo que o uso de água também se reduz.

6.1.1.2. Altura Total

Altura apresentou uma relação mais baixa com área do xilema ativo, quando

comparado ao DAP, já que o crescimento vertical da altura não ser relacionado com o

crescimento horizontal ou desativação de vasos da área condutiva. Apesar disto, altura

apresentou a mesma tendência de curva que a variável DAP. Isto indica que igual ao DAP, a

árvore necessita absorver mais água para crescer e com isto aumenta sua área condutiva de

acordo com esta necessidade (GEBAUER et al., 2008; KÖSTNER et al., 2002).

O fato de ser uma relação positiva é devido a contribuição ecológica que a altura

proporciona à área do xilema ativo e transporte de água. Quanto mais altas são as árvores,

mais alta será a copa exposta a radiação solar. Andrade et al. (1998) usando 5 espécies

tropicais do Panamá e o mesmo modelo não-linear utilizado neste estudo, observaram que

quanto mais alta é a árvore, maior é a área do xilema ativo. Ambrose et al. (2010) afirmam

que árvores mais altas possuem uma taxa de trocas gasosas reduzida. Isto é, uma baixa

conductância estomática que resulta em uma redução na assimilação de carbono,

consequentemente afetando o crescimento. Portanto, se árvores altas não estão assimilando

carbono suficiente para seu crescimento, isto afetaria negativamente sua área condutiva (não

teria carbono suficiente para aumento de biomassa lenhosa para compensar esse período com

estômatos fechados).

73

Gebauer et al. (2008) também concluíram que árvores mais altas expostas a taxas

elevadas de incidência de radiação solar afetam a área do xilema ativo. Porém, diferente de

Ambrose et al. (2010), observam que árvores mais baixas que não estão diretamente expostas

a radiação solar possuem área condutiva menor por não transpirarem tanto quanto árvores

altas, independentemente do DAP. Algumas árvores altas possuem a estratégia de manter a

área do xilema ativa reduzida para evitarem embolismo-cavitação, já que árvores altas com

altas taxas de respiração podem criar uma pressão interna do vaso elevada o suficiente que

façam as paredes dos vasos cederem (COCHARD & TYREE, 1990; CHRISTMAN et al.,

2012; LANGAN et al., 1997). Em um dos indivíduos amostrados de Vantanea micrantha,

observou-se que esta possuía um DAP largo, altura baixa e vasos de tamanho médio, porém

uma área condutiva estreita. Brosimum utile também apresentou este mesmo padrão,

corroborando com esta hipótese. Esta espécie, apesar de possuir um tamanho médio de DAP,

vasos médios (118 µm) e ser considerada uma árvore alta, apresenta uma área do xilema ativo

também estreita. Porém, vasos destas dimensões são susceptíveis a embolismo (TYREE et al.,

1994c). Portanto, devem-se estudar mais profundamente as estratégias ecológicas adotadas

por espécie para haver uma compreensão melhor sobre seu papel em um povoamento

florestal.

6.1.1.3. Volume

Ao ajustar área do xilema ativo com a variável volume estimado com DAP, observou-

se o quanto a variável DAP pesa mais do que a variável altura. Se estas variáveis tivessem

pesos similares, seus ajustes deveriam ter sido similares. Mas, foi claro que a variável altura

possui pouca influência sobre volume, ao apresentar parâmetros estatísticos ligeiramente

acima. Esperava-se que o ajuste seria melhor, se altura tivesse uma maior influencia sobre

esta variável. Apesar do ajuste com parâmetros superiores ao DAP, volume necessita ser

estimado por métodos destrutivos (cubagem) (MACHADO & FIGUEIREDO FILHO, 2009)

ou através de equações ajustadas para a área de estudo em questão.

74

6.1.2. Anatomia da Madeira

6.1.2.1. Diâmetro e Frequência de Vaso

Pode-se afirmar que diâmetro de vaso e frequência de vaso não são diretamente

relacionados à área do xilema ativo. Que apesar destas variáveis estarem diretamente

relacionadas à condução hidráulica de indivíduos vegetais estas não são responsáveis pelo

tamanho da área de condução ou pela ativação e desativação de vasos. Número e dimensões

tangenciais dos vasos não alteram com variações sazonais ou influências ecológicas como

área do xilema ativo (STERCK et al., 2008). Fisher et al. (2007) concluíram que estas

variáveis podem se alterar somente com alguma alteração genética ou se uma determinada

espécie ocorrer em diferentes altitudes e latitudes pode haver uma diferença entre elas. Com a

diferença de altitude, consequentemente número e diâmetro de vaso, esta mesma espécie pode

ser mais suscetível a embolismo e cavitação no nível de altitude que apresentar o maior

diâmetro de vaso. Como os indivíduos coletados estavam situados próximos entre si e em

uma área sem declive, esta hipótese pode ser aceita. Noshiro & Baas (2000), também não

encontraram resultados significativos para a relação entre diâmetro e frequência de vaso com

variáveis biométricas da árvore, como DAP e área condutiva, mas acreditam que a influencia

seja na diferença da localidade dos povoamentos (latitude).

6.1.2.2. Comprimento do elemento de vaso

Já a relação ente área do xilema ativo e a variável comprimento de elemento de vaso,

que apresentou parâmetros estatísticos elevados e positivos, pode ser atribuído à influência de

baixas ou altas temperaturas e taxas de precipitação (BAAS, 1982). Portanto, espécies que

apresentaram área condutiva reduzida ou maior devido a elementos microclimáticos podem

influenciar diretamente no comprimento do elemento de vaso. Acredita-se que sazonalidades

bem acentuadas (por exemplo, taxas elevadas de precipitação; períodos rigorosos de seca)

podem induzir uma redução destes elementos de vasos (BAAS, 1982). Considerando que o

nível de precipitação e temperatura na área de estudo foi constante ao longo dos anos (sem

secas acentuadas), pode-se aceitar a hipótese de que a diferença no tamanho dos elementos de

vasos é em decorrência dos diferentes regimes hídricos que cada espécie possui. Baas (1982)

75

se baseou no estudo de Bailey e Tupper (1918), onde fizeram uma análise evolutiva de plantas

fossilizadas e associando suas características ao clima e local de origem. Wheeler & Baas

(1991) afirmam que a média do comprimento do elemento de vaso em florestas tropicais varia

entre 530 e 750 µm, coincidindo com a média encontrada deste estudo (x CompVaso=553 µm).

6.2. Condutividade Hidráulica: ÁRVORES

6.2.1. Variáveis biométricas

Com base nos resultados obtidos, variáveis biométricas (DAP, altura total e área do

xilema ativo) possuem baixa influência sobre condutividade hidráulica. Apesar de alguns

estudos indicarem o contrário, como DAP e altura serem altamente correlacionado a Ks

(ROSNER et al, 2008; MCCULLOH et al., 2010), outros obtiveram os mesmos resultados.

Simonin et al. (2006) ao estudarem os efeitos de densidade, por meio de parâmetros como

condutividade hidráulica e dimensões da árvore, em povoamentos de Pinus ponderosa

encontraram que houve uma tendência negativa quanto a altura e área do xilema ativo com

condutividade. Acreditam que isto é devido à diferença de idade no povoamento estudado.

Domec & Gartner (2003) também relataram tendência negativa nas relações entre área do

xilema ativo e diâmetro com Ks. Este estudo acredita que esta relação negativa é devido à

falta de controle do crescimento secundário sobre embolismo ou inviabilidade das vias.

Considerando as características encontradas nos indivíduos amostrados, ambas as

explicações podem ser aplicadas, já que houve alta ocorrência de tilose e a hipótese de que

haja árvores antigas com seu crescimento já estagnado. O motivo para este declínio ao

estagnar o crescimento da árvore é devido a redução de assimilação de carbono e

consequentemente água. O carbono que é assimilado é investido no enrijecimento dos dutos

xilemáticos, ao invés de crescimento diamétrico, em altura ou de área condutiva

(MCCULLOH et al., 2011).

76

6.2.2. Variáveis anatômicas

Diâmetro e frequência de vaso apresentaram forte influência sobre condutividade

hidráulica e isto já era esperada devido à utilização da variável raio do vaso na equação que

estimou o parâmetro. Esta relação entre Ks e diâmetro ou frequência de vaso foi encontrada

por outros autores como McCulloh et al. (2010). Esta relação oposta entre frequência e

diâmetro também é de amplo conhecimento na literatura, onde vários autores com estudos em

diferentes povoamentos e grupos funcionais concluíram que quando há poros grandes

necessariamente haverá menos vasos (MCCULLOH et al., 2010; RENNINGER et al., 2013;

ZACH et al., 2010; FAN et al., 2012; TYREE et al., 1992).Vasos grandes e poucos

normalmente são associados a uma condutividade maior e mais eficiente do que vasos mais

estreitos e menores (ZANNE et al., 2010). Esta relação crescente entre diâmetro de vaso e Ks

pode ser vista nos indivíduos 1, 4 e 5 (Cecropia sciadophylla), que possui vasos largos e

baixa frequência, apresentando alguns dos maiores valores da amostragem. Enquanto os

valores mais baixos são equivalentes a indivíduos com muitos poros e de pequeno diâmetro

(Ex.: Ocotea neesiana).

Esta variabilidade encontrada entre os indivíduos amostrados é exatamente devido a sua

autoecologia e ecologia sucessional. Os indivíduos com os maiores valores de Ks são de

comportamento pioneiro. Além de Cecropia sciadophylla, Eschweillera wachenheimii (nº 19)

(LIMA et al., 2002), Mabea caudata (nº 20) (LORENZI, 1992), Sclerolobium chrysophyllum

(nº 23) e Pourouma guianensis (nº 28) (MARANHO & PAIVA, 2012) apresentaram alguns

dos maiores valores de Ks da amostragem. Únicas variáveis similares entre elas foram

diâmetro e frequência de vaso, variando distintamente em DAP, altura e área do xilema ativo.

Segundo McCulloh et al. (2011), árvores pioneiras são consideradas hidraulicamente

eficientes por conseguirem investir rapidamente o carbono transportado pelo xilema em seu

rápido crescimento, ao invés de investir em numerosos vasos. Poorter et al. (2010) explicam

que espécies pioneiras, por estarem expostas a uma alta incidência de radiação, possuem taxas

fotossintéticas altas que suprem o carbono necessário para crescimento. Este suprimento só é

possível através de uma condutividade hidráulica alta e eficiente. Portanto, para compreender

como a condutividade hidráulica é influenciada nas árvores, deve-se relacionar sua anatomia

do lenho com seu comportamento ecológico.

77

6.3. Gênero Eschweillera

A partir dos dados exclusivos do gênero Eschweillera, podemos observar que mesmo

dentro da espécie e gênero há uma diferença não só em tamanho (diâmetro e altura), mas

também para área do xilema ativo e condutividade hidráulica. Ao considerarmos a

porcentagem da seção transversal equivalente à área condutiva podemos afirmar que esta área

é independente da espécie, já que houve desde 22% de cobertura a 99%. O mesmo pode-se

dizer sobre condutividade hidráulica. Os valores de Ks, que variaram entre 0,73 e 6,92,

indicam que este padrão do uso de água também não depende da espécie.

Podemos atribuir estas diferenças entre indivíduos da mesma espécie e localidade à

idade e posição dentro do povoamento (FAN et al., 2012; HORNA et al., 2011). Apesar de

Eschweillera sp. possuir um comportamento de árvore pioneira, se houver árvores maiores ou

clareiras próximas pode haver alguma influência sobre a área condutiva e condutividade

hidráulica (HORNA et al., 2011). Outro fator que poderia influenciar estes parâmetros é a

presença de tilose em todos os indivíduos amostrados deste gênero (MOUTINHO, 2008), já

que não houve grandes variações entre o tamanho e frequência dos vasos.

Houve uma diferença na relação área do xilema ativo e diâmetro de vaso, mas

acredita-se que isto se deve ao baixo número de indivíduos da amostra. No entanto, as

tendências das curvas apresentadas mostraram que esta análise utilizando apenas um gênero

dentro do povoamento seguiu a tendência apresentada pelo povoamento com diversas

espécies. Mas, como o gênero Eschweillera é considerado um dos gêneros hiperdominantes

na Amazônia brasileira (STEEGE et al., 2013), acreditamos que a espécie possui a capacidade

de se adaptar a condições variadas encontradas dentro de uma floresta. Mori & Prance (1990)

afirmaram que apesar da ocorrência predominante deste gênero em florestas de platô terra-

firme, espécies já foram encontradas em florestas de várzea, altitudes elevadas e cerrado.

Portanto, apesar destes dados apresentarem a tendência do povoamento amostrado, pode ser

que outra espécie ou gênero não apresente os mesmos resultados.

78

6.4. Área do Xilema Ativo: PALMEIRAS

Existe uma alta variação entre os valores da área do xilema ativo da base com copa.

Além do diâmetro ser até 50% menor, diferentemente das árvores a área condutiva de todas as

espécies de palmeiras é mais expressiva próxima a casca (RICH, 1987). Considerando que

palmeiras possuem o mesmo número de feixes vasculares em qualquer altura e que a base já

atingiu o ponto de estagnação da expansão (tecidos parenquimáticos e enrijecimento das

células das fibras ao redor dos feixes vasculares) em diâmetro, à altura da copa estes tecidos

ainda estão em expansão (RENNINGER et al., 2013; WATERHOUSE & QUINN, 1978).

Consequentemente, tornando a área condutiva nesta altura menor (RICH, 1987). Palmeiras

não possuem crescimento secundário (diâmetro) (HUANG et al., 2002), portanto não

produzem novos feixes vasculares e tecido lenhoso em camadas ao longo dos anos como as

árvores (RENNINGER et al., 2013; TOMLINSON, 1979). Segundo Rich (1987), Euterpe

macrospadix (antiga nomenclatura de Euterpe precatoria (HENDERSON & GALEANO,

1996)) possuem como característica alta capacidade de enrijecimento celular na base e ao

longo do crescimento em altura. Assim, garantindo força e rigidez na sustentação mecânica do

tronco e copa.

Rich (1987) ao estudar a sustentação mecânica de cinco espécies de palmeiras, dentre

elas Euterpe precatoria, validou todas as hipóteses referentes aos resultados obtidos neste

trabalho. O autor discorre em como a maioria das espécies estudadas apresentaram feixes

vasculares menores na base da copa do que na base do fuste e que estes são mais abundantes

na periferia da seção transversal. Também confirmou que próximo à copa os feixes vasculares

estão mais concentrados e consequentemente indicando que tamanho das células

parenquimáticas agregadas aos feixes vasculares são menores quando a posição da altura é

mais elevada. Rich (1987) também observou nas espécies de palmeiras estudadas que os

feixes vasculares mais próximos da periferia começam a ser esclerificados (enrijecimento

parenquimático e das fibras) primeiro e de acordo com o crescimento (altura e diâmetro

simultaneamente) vão esclerificando os feixes vasculares mais ao centro.

Portanto, os resultados crescentes encontrados relacionando diâmetro e altura com

área do xilema ativo de palmeiras são consistentes a seu desenvolvimento anatômico. A base

apresentou maior diâmetro e maior área condutiva devido a seu histórico mais antigo de

79

expansão celular do que a copa, resultando em feixes vasculares menos frequentes por mm²,

em maiores diâmetros de vaso e também em uma área do xilema ativo maior. A relação

crescente com altura confirma que segmentos próximos à copa necessitam de um

desenvolvimento maior de altura e diâmetro (expansão celular) para que sua área condutiva

aumente e seus feixes vasculares menos frequentes (RENNINGER et al., 2013;

WATERHOUSE & QUINN, 1978).

As diferenças encontradas entre Euterpe precatoria, Oenocarpus bacaba e

Oenocarpus bataua podem ser relacionadas ao habitat em que vivem. Apesar de possuírem o

mesmo padrão de área condutiva, o fato de possuírem frequência e tamanho de vasos

diferentes entre si deve ser levado em consideração. As palmeiras que tiveram área condutiva

maiores e próximas (E. precatoria= 66%; O. bataua= 75%) são encontradas comumente em

áreas que sofrem com alagamentos e solo mais arenosos (HENDERSON et al., 1995;

GARCIA, 2000). Enquanto O. bacaba (área condutiva= 31%) é uma palmeira comum em

áreas mais elevadas e de solos bem drenados (HENDERSON et al., 1995; RIBEIRO et al.,

1999). Devido a ocorrência praticamente exclusiva de E. precatoria e O. bataua

(VORMISTO et al., 2004) em áreas alagadas, nos leva a crer que estas palmeiras possuem

uma exigência hídrica alta. Portanto, sua área condutiva deveria ser larga o suficiente para

conseguir suprir esta demanda. O mesmo vale para O. bacaba que não ocorre em áreas

alagadas, já que sua exigência hídrica deve ser baixa e não necessita de uma área condutiva

muito larga.

6.5. Condutividade Hidráulica: PALMEIRAS

Os valores encontrados neste estudo são similares aos encontrados em outros estudos

sobre condutividade hidráulica em palmeiras. Renninger et al. (2013) ao estudar eficiência

condutividade de Iriartea deltoidea, encontraram um valor médio de 24 para Ks, que é

próximo ao valor encontrado para a média à altura do base. Renninger & Phillips (2010)

também analisaram condutividade hidráulica em diferentes alturas em palmeiras e obtiveram

o mesmo padrão encontrado neste trabalho: até a base Ks está em torno de 25 a 50 kgm-

1sMPa

-1 e à altura da copa em torno de 100 e 200 kgm

-1sMPa

-1.

80

6.5.1. Diâmetro e Área do Xilema Ativo

Condutividade hidráulica (Ks) relacionada com diâmetro e área do xilema ativo

apresentou a mesma tendência para copa (crescente) e base (decrescente). Esta tendência entre

as duas variáveis já era esperada considerando que o crescimento diamétrico para palmeiras

irá aumentar a área do xilema ativo.

A tendência decrescente dos dados da base nos indica que o crescimento diamétrico e

área condutiva torna a condutiva hidráulica mais baixa, pois a palmeira terá a mesma

demanda hídrica que antes era suprida satisfatoriamente por um número determinado de

feixes vasculares. As palmeiras não possuem a habilidade de controlar sua área condutiva

como as árvores e isto resultam em uma sobrecarga nos feixes vasculares (copa) ou excesso

de dutos para transporte de água (base) (RENNINGER, 2010). Quanto mais surgem

superfícies para passagem de água, maior será o atrito da água que causará uma redução da

condutividade. Ou o oposto, como na copa, onde a área condutiva é menor com o mesmo

número de vasos que na base e a as superfícies de passagem não é o suficiente para o fluxo de

água. Assim, causando em uma elevação de praticamente 5x o valor encontrado para a base.

6.5.2. Altura total

Altura apresentou a tendência contrária a diâmetro e área do xilema ao indicar que

quanto mais alta a palmeira, maior foi sua condutividade hidráulica, tanto para base quanto

para copa. Se fosse seguir a teoria de que a condutividade hidráulica diminui com o

crescimento da palmeira, como ocorreu com diâmetro na base, isto não poderia se aplicar a

altura. Já que esta variável continua a crescer mesmo após a estagnação do diâmetro devido à

característica intrínseca das palmeiras de possuir um crescimento colunar (SALM et al.,

2005). Portanto, o que garante o aumento de Ks junto com o aumento da altura é a relação

direta entre esta e a produção foliar (RENNINGER, 2010). Com aumento da área foliar junto

com a altura tem-se o aumento da taxa fotossintética devido à exposição da copa à radiação

solar. Como Euterpe precatoria é uma espécie pouco exposta ao sol por ocorrer em áreas

baixas da floresta amazônica terra-firme (ROCHA, 2004), esta não sofrerá com fechamentos

81

de estômatos que poderiam reduzir a captação de água. Com isto, indivíduos altos com copa

vasta necessitarão de uma condutividade hidráulica eficiente para suprir a produção foliar,

assimilação de carbono e a perda de água por transpiração (RENNINGER & PHILLIPS,

2010). Além disso, o fato da condutividade aumentar ao longo do fuste sugere que até a copa

não há limitações hidráulicas, como os galhos das árvores (KRAMER & BOYER, 1995;

RENNINGER & PHILLIPS, 2010).

6.5.3. Variáveis anatômicas

Diâmetro e frequência de vaso apresentaram a tendência esperada ao considerar o

desenvolvimento anatômico que palmeiras possuem. Renninger & Phillips (2010) também

documentaram que a base apresenta valores de Ks baixos, enquanto diâmetro de vaso é alto e

frequência é baixa e o contrário até atingir à altura da copa. Estes autores atribuíram estes

resultados ao fato das palmeiras não ajustarem seu sistema condutivo produzindo novos feixes

vasculares de acordo com o crescimento do indivíduo e seu habitat.

6.6. Comparação entre árvores e palmeiras

Apesar das palmeiras serem indivíduos anatomicamente diferentes de árvores, ao

relevarmos as variáveis anatômicas diâmetro e frequência de vaso ambas se

apresentaram inversamente proporcional uma a outra para ambos grupos funcionais

(FIGURA 34). Este padrão foi encontrado em diversos estudos e considerado como

um padrão global de plantas lenhosas ou plantas que apresentam tecidos semelhantes

ao lenho (como as palmeiras) (ZANNE et al., 2010; MCCULLOH et al., 2010;

RENNINGER et al., 2013; ZACH et al., 2010; FAN et al., 2012; TYREE et al.,

1991).

A maior diferença entre palmeiras e árvores foi os valores mais altos de Ks, que

indicam que palmeiras são vegetais hidraulicamente mais eficientes do que árvores.

Ou seja, as palmeiras investem o carbono assimilado na produção de folhas ao invés

82

de produzir novos vasos, tecidos lenhosos e galhos como as árvores, já que seu

sistema hidraulico é formado por dutos geneticamente mais enrigecidos e menos

frágeis do que árvores (RENNINGER et al., 2013).

Figura 34. Relação frequência e diâmetro de vaso para povoamento arbóreo, gênero Eschweillera e palmeira

açaí.

Devido à capacidade das árvores em adaptar sua área condutiva de acordo com seu

microclima e outros fatores como embolismo e cavitação, torna palmeiras mais

hidraulicamente eficientes por não sofrerem embolismo. Apesar desta vantagem, é um

grupo funcional restrito a determinadas áreas de ocorrência.

Tendências da base das palmeiras foram as mesmas apresentadas pelo povoamento e

pelo gênero Eschweillera para área do xilema ativo e Ks. A tendência contrária da

copa foi devido ao desenvolvimento anatômico diferenciado das palmeiras.

83

7. SÍNTESE DOS RESULTADOS

I. O padrão da área do xilema ativo em árvores se apresentou diferente para cada espécie

e dentro das espécies. Estas diferenças foram atribuídas a diferentes posições

fitossociológicas; microclima; estratégia ecológica contra embolismo e cavitação;

presença de tiloses e anomalias na madeira (falhas causadas por doenças ou presença

de oco); e diferentes taxas de uso de água por espécie.

II. Padrão do xilema ativo para palmeiras se apresentou similar entre espécies. Dentre as

três espécies analisadas, área condutiva se apresentou em faixas contínuas de feixes

vasculares. Porém, cada espécie apresentava uma determinada frequência de feixes

(maior ou menor) e diferentes profundidades de alcance da área condutiva. Estas áreas

condutivas não sofrem tanta alteração com fatores ecológicos e climáticos quanto às

árvores. Todas apresentaram a tendência de que quanto maior for o diâmetro em uma

determinada altura, menor seria a frequência de feixes vasculares.

III. A equação alométrica e variável escolhida para a estimativa da área do xilema ativo

para um povoamento de árvores foram: Y=0,8227·DAP1,7805

. Para a palmeira açaí,

Y=0,3639·DAB2,129

.

IV. Variáveis biométricas (DAP, altura e volume) influenciam mais fortemente ou

somente estas influenciam área do xilema ativo ao comparar às variáveis da anatomia

da madeira.

V. Condutividade hidráulica específica (Ks) foi maior em palmeiras, por não investir

fortemente em biomassa como as árvores. Investimento de água e carbono na

produção de alburno, folhas e galhos para copas reduzem a condutividade hidráulica

das árvores. Porem, tanto para árvore quanto palmeiras, Ks foi influenciado

fortemente por diâmetro de vaso.

VI. Palmeiras apresentaram diferentes valores de Ks em sua base do fuste e base da copa.

Base da copa apresentou maior condutividade hidráulica do que base, devido à alta

densidade de feixes vasculares para uma área transversal reduzida.

84

VII. Estudos por espécie são essenciais para uma compreensão mais aprofundada na

dinâmica de relações hídricas de uma floresta. Porém, ao comparar o gênero

Eschweillera com o povoamento, as tendências encontradas foram similares.

VIII. Recomenda-se que estudos relacionados a relações hídricas focando em apenas uma

espécie ou grupo de espécies similares ecologicamente sejam executados para haver

um entendimento mais amplo sobre cada componente que agrega à formação do

equilíbrio de um ecossistema rico em espécies tão distintas na floresta amazônica.

IX. Desenvolvimento de equações alométricas para estimativa da área condutiva para

determinadas espécies comerciais ou de interesse é imprescindível para facilitar

estudos de uso da água por espécie e associar a estudos de assimilação de carbono,

estimativa de transpiração e também a práticas silviculturais e manejo florestal.

85

8. CONCLUSÃO

Área do xilema ativo e condutividade hidráulica influenciam diretamente o tamanho

do indivíduo e vice-versa.

Diferentes posições dentro do povoamento podem influenciar variações dos padrões

de uso da água (proximidade com clareiras (naturais, exploração madeireira ou

desmatamento) ou áreas mais adensadas).

Diferentes exigências hídricas (área condutiva e densidade do fluxo de seiva) por

espécie podem influenciar o entorno do ambiente.

Alterações da paisagem podem sim causar alterações no padrão de uso de água,

podendo fragilizar o ecossistema.

86

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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