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PROJECTO ACADéMICO DESENVOLVIDO PELOS FINALISTAS DE DESIGN DA FACULDADE DE BELAS ARTES DA UNIVERSIDADE DO PORTO 02/ 03 SANDRINE COSTA E SARA VIEIRA, FACULDADE DE LETRAS.

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um dos temas mais actuais nos meios universitários é a discussão sobre os rankings. e o contexto que a justifica é a cada vez mais forte concorrência no ensino superior. as universidades são instituições competitivas. um dos exemplos que mais o atesta é a avaliação pelos pares da produção científica.o que é novo é que essa competição se vai fazendo também ao nível do próprio ensino. isto é, as universidades já não com-petem entre si apenas para afirmar a sua capacidade científica ou atrair os melhores investigadores.fazem-no também para atrair os melhores docentes, mais e melhores estudantes e para gerar mais valias. dois dos aspectos fundamentais da missão das universidades a investigação e o ensino estão, assim, a ser submetidos a uma forte concorrência nos planos nacional e internacional.está, por isso, a mudar o quadro em que se faz essa competição. e nem todos, bem entendido, têm condições para ir a jogo. vão-se perfilando assim, num reduzido número de países, competidores fortes e bem preparados para disputar uma com-petição à escala mundial. o que relegará para competições de âmbito regional ou nacional, universidades sem capacidade para o fazer a outro nível. o estatuto dos competidores será determinado pela capacidade de sustentar a concorrência, através de um ensino de qualidade e da excelência na investigação. este o desafio que se colocará às universidades portuguesas.este facto está a recentrar a cultura da avaliação em indicadores de desempenho. o que tem suscitado controvérsia, a pretexto de que está em causa a missão das universidades. os rankings são uma realidade recente na europa e os rankings in-ternacionais são uma novidade em todo o mundo. são pois, ainda, muitas as ques-tões que os confrontam. e, entre elas, uma emerge: como podem ser avaliadas de forma objectiva e sem erros instituições tão complexas como são as universidades? as metodologias utilizadas na elaboração dos rankings estão, por isso, na mira dos críticos. e, diga-se, não sem razão, pois dificilmente elas resistem a uma avaliação mais rigorosa. não obstante, avançou-se na discussão sobre os rankings: se vieram para ficar, aperfeiçoem-se as metodologias.a u.Porto tem acompanhado com atenção este debate. não só porque aspira a um maior reconhecimento internacional, mas também porque não pode furtar-se aos rankings. Por referência ou omissão, o seu nome sempre irá aparecer nas leituras que os outros fazem.um dos critérios mais objectivos em que se baseiam os rankings é a produção científica. a u.Porto não poderá aspirar a ser uma universidade de excelência se não melhorar os seus indicadores de produção científica. a percepção que às vezes temos da valia da nossa universidade como centro de investigação, casos isolados apenas confirmam a regra, é desmentida pela realidade. estamos ainda longe das melhores universidades no que respeita à produção científica. mas há sinais encorajadores. nos últimos anos, a u.Porto tem sido, entre as grandes universidades portuguesas, aquela em que a pro-dução científica é maior, com um crescimento anual de 15%. isto, se considerarmos as publicações com o registo u.Porto e aquelas que, sendo da autoria de investigadores da universidade, não são reconhecidas como tal, por omissão desta referência na afi-liação dos autores. os estudos mostram que nos últimos 5 anos a u.Porto perdeu em média 24% da sua produção científica por este motivo, ou seja, 300 artigos por ano. o que tem prejudicado a universidade na sua competição com as outras universidades a nível internacional!melhorar os indicadores de desempenho na produção científica será concerteza contribuir para a qualidade da u.Porto e, concomitantemente, para a sua subida nos rankings. e então far-se-á o pleno. À reputação decorrente do prestígio dos seus centros de investigação, aliará a u.Porto a sua subida nos rankings, projectando a sua imagem no cenário internacional. se os rankings nem sempre reflectem a qualidade das instituições, dificilmente acontecerá que a melhoria da qualidade prejudique o de-sempenho nos rankings. e então o desígnio de incluir a u.Porto entre as 100 melhores universidades europeias poderá ser uma realidade. é esse o nosso desejo e é também esse o desafio que fazemos à nossa universidade.

José Marques dos Santosreitor da universidade do porto

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uporto editorial

as universidades perante os rankings

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u.porto Nº �3revista dos antigos alunos da universidade do Porto direCtorjosé marques dos santos

ediÇÃo e propriedadeuniversidade do Porto; Praça gomes teixeira. 4099-002 Porto. t. 220408089 + f. 223401568. PublicaçÃo e distribuiçÃo da universidade do Porto como dever esPecial, conforme art. 8º al. e. dos estatutos da associaçÃo dos antigos alunos

CoNSelho editorialalberto carneiro, antónio marques,aurora teixeira, fernando zamith, joÃo nuno tavares, jorge fiel, luís miguel duarte, raquel seruca, vladimiro miranda

SuperviSÃo editorialisabel Pacheco, joÃo correia

redaCÇÃo anabela santos

ColaboraM NeSte NúMeroalberto amaral, artur silva Pinto, francisco josé guerreiro gomes, gémeo luís, hugo queirós, joÃo coimbra, jorge gonçalves, jorge sousa braga, júlio borlido santos,maria de lurdes correia fernandes, maria de sousa, Paula Pechincha, rui mendonça,serafim guimarÃes, sofia varge, teresa lago, teresa marques, tiago reis, valdemar santos

fotografia½ formato (egídio santos, Paulo duarte)

deSigNrui mendonça design

eXeCuÇÃo grÁfiCadigiPress-ediçÃo electrónica de imPressos, ldalugar de ramos, 4585-053 baltar

depÓSito legal149487/ 00

iCS5691/ 2000

tirageM40.000 exemPlares

periodiCidade trimestral

Na CapailustraçÃo de rui mendonça

membro da associaçÃo Portuguesa

uportoSuMÁrio

editorial – �

aS uNiverSidadeS peraNte oS raNkiNgS

aCtualidadeS – 4

CelebraÇÃo da MeMÓria e proJeCÇÃo No futuro

“eStíMulo à eXCelêNCia” para doiS iNveStigadoreS da u.porto

iNveStigadora do iNeb reCebe préMio pulido valeNte

MateMÁtiCoS da u.porto: uMa fÓrMula de SuCeSSo

voZeS da u.porto – 10

relatÓrioS da eNQa e da oCde: alguNS CoMeNtÁrioSalberto amaral, director do ciPes e ex-reitor das universidade do Porto, comenta dos relatórios da enqa, sobre avaliação do sistema nacional de avaliação, e da ocde, sobre o sistema de ensino superior português.

prof. ullriCh treNdeleNburg – In memorIAmhomenagem a ullrich trendelenburg, doutor Honoris Causa pela universidade do Porto, assinada por serafim guimarães, Professor emérito da u.Porto.

doSSier – 16

o stAte of de Art da iNveStigaÇÃo Na u.portoa uPorto traça um quadro, entre outros possíveis, da investigação mais relevante que se vai fazendo na universidade. aponta alguns avanços e mostra as caras que estão por detrás dos projectos.

Saber eM MoviMeNto – �6

reStituir vida e SigNifiCado ao Coveloos finalistas de arquitectura Paisagista foram desafiados pelas docentes de Projecto-qualificação urbana a apresentar propostas para a quinta do covelo, um espaço verde do Porto cheio de potencial, mas que passa por uma fase menos boa.

CoMo Se forMa uM MédiCo-deNtiStatodas as terças-feiras, cerca de 80 crianças recorrem aos serviços de consulta da faculdade de medicina dentária da universidade do Porto.

perfil – 3�

“é tudo uMa QueStÃo de eSforÇo”hélder maiato é investigador no ibmc. tem 30 anos e vários prémios nacionais e internacionais no currículo. dedica-se ao estudo da divisão celular e lidera a equipa que venceu o Prémio criostaminal em investigação biomédica.

ideNtidadeS – 38

iNSCrever o paSSado No preSeNte + hÁ Mil hiStÓriaS deNtro deSta hiStÓriaa exposição “depósito. anotações sobre densidade e conhecimento”, tranformou-se num acontecimento no novo edifício da reitoria da u.Porto, na Praça gomes teixeira. a mostra ocupará o edifício até 30 de junho. Paulo cunha e silva, o comissário, fala sobre as “mil histórias” que dão sentido ao seu programa expositivo.

estórias – Café diu (parte ii): “deSCulpa-Me, Silva”mais memórias do diu, um dos cafés de estudantes do Porto. desta vez, francisco josé guerreiro gomes, antigo aluno de farmácia, conta a estória de uma partida a um colega que gostava de ser “d. juan”.

CrÓNiCa – 44

barrageM da beMpoStatexto de jorge sousa braga e ilustração de valdemar santos.

a Saber – 46

toMe Nota – 48

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Celebração da memória e projecção no futuro

as instituições precisam de memória. a memória é um elemento forte da sua identidade e a forma como é investida no presente permite o seu reconhecimento. aliada da história, pode assumir uma função simbólica através da qual se mobilizam as gentes que a constituem. a u.porto celebra no dia �� de Março a sua criação em 1911. esta é a data escolhida pela universidade para comemorar a sua memória e mostrar à cidade de que modo constrói o seu futuro. a comemoração, composta de vários momentos, é simultaneamente símbolo e imagem mobilizadora.

Sessão solene comemorativaEste ano a sessão decorre no Salão Nobre da Reitoria. Depois da abertura pelo Reitor, José Carlos Marques dos Santos, às 10h30, seguem-se as intervenções de João Fernandes (Director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves), em representação dos antigos alunos; João Araújo (Presidente da Associação de estudantes da FEUP), em representação dos estudantes; Arnaldo Azevedo (Director do Serviço de Recursos Humanos e Expediente da Reitoria), em representação dos funcionários não docentes.O momento seguinte será dedicado à entrega de prémios a estudantes e docentes e à proclamação dos Professores Eméritos da U.Porto. Foram distinguidos com o Prémio “Investigação Científica na Pré-Graduação”, respectivamente com o 1º, 2º e 3º prémios, os projectos: “Efeito da oxiluciferina e do desidroluciferil-adenilato na luciférase do pirilampo”, liderado pelo Prof. Doutor Joaquim Esteves da Silva, do Departamento de

dia da universidade 2007

Química da Faculdade de Ciências; “DEVE – Diferencial Electrónico para Veículo Eléctrico”, liderado pelo Prof. Doutor Rui Manuel Esteves Araújo, da Faculdade de Engenharia e “Impacto Económico da Desnutrição Hospitalar”, liderado pela Profª Doutora Teresa Freitas do Amaral.Foi distinguida com o Prémio Utopia U.Porto 2005, concurso de escrita e ilustração, a aluna: Maria do Rosário Gomes da Silva com o título “Do outro lado do muro”. A Menção Honrosa foi atribuída a Sofia Raquel da Rocha Moreira, com o título “Um lugar Adormecido ao Sal” e a Daniel Filipe Conceição Pereira, com o título “Uma Utopia é apenas uma Utopia”.Os estudantes contemplados com o Prémio Incentivo (galardão para os melhores estudantes dos primeiros anos de cada faculdade da U.Porto), são: Tiago Resende Almeida (ICBAS), Ana Catarina Pinho Carvalho Pedrosa (FMUP), Patrícia Alzira da Silva Martins (FCNAUP), Diana Manuel Mocho de Bastos Couto (FFUP), Manuela Sofia Saraiva da Costa (FADEUP), Filipa Silva Lopes, Mariana Pinto Leitão Pereira e Cátia Sofia Gonçalves de Pinho Candeias (FLUP), Maria Luísa Ribeiro Lourenço (FDUP), Tiago Coelho Mourão Bianchi Aguiar e José António Boaventura Rodrigues (FEP), Joana Sofia Oliveira Magalhães (FMDUP), Maria Joana Rodrigues Sobral (FBAUP), José Diogo Magalhães Rio Fernandes e João Dias Caetano Silva (FCUP), Ariana Maciel Abranches Pintor, Miguel Aníbal Bessa, Flávio Manuel Fernandes Cruz e João de Campos Azevedo (FEUP), Luísa Marinho Saraiva (FPCEUP).O Prémio E-Learning UP foi atribuído ex-aequo a Paula Andrade e Patrícia Valentão (FFUP), pelo trabalho Farmacognosia II

– E-learning, nova estratégia de ensino e a Paulo Vasconcelos (FEP) pelo trabalho Matemática I – Estudo de caso: Projecto e-Learning UP/2005-2006.A Proclamação de Professores Eméritos da Universidade do Porto (distinção destinada a reconhecer a contribuição especial que um professor jubilado deu e poderá continuar a dar à Universidade) constitui, inegavelmente, um momento alto desta sessão. São galardoados: Prof. Doutor José Novais Barbosa (FEUP), Prof. Doutor Carlos da Silva Corrêa e Prof. Doutor João Machado Cruz (FCUP).A encerrar as comemorações, Artur Santos Silva, presidente do Conselho de Administração do BPI, proferirá a conferência principal, discorrendo sobre “Universidade e Criação de Valor”.

v Mostra da universidade do porto Ciência, ensino e inovaçãoTal como tem acontecido nos últimos 5 anos, antecedendo o programa oficial da sessão solene de comemoração do Dia da Universidade e em associação a este evento, até para que à celebração deste dia se associe a abertura à cidade e a participação dos mais novos, a Universidade muda-se para o Pavilhão Rosa Mota, no conjunto das suas faculdades e unidades de investigação. Sob o lema mobilização e descoberta, docentes e investigadores fazem da comunicação com o público estudantil do ensino secundário – a breve trecho à porta da Universidade –, a sua missão. A interactividade e o contacto directo continuam a ser privilegiados, assim como a invenção e a experimentação. A iniciativa, que revela o que de mais aliciante se produz na instituição ao mesmo tempo que informa e

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a área da educação Contínua na universidade do porto

Os desafios que se colocam actualmente à nossa sociedade em geral e, em particular, às Universidades enquanto produtoras de ciência, conhecimento e cultura, obrigam a perspectivar a aprendizagem ao longo da vida como condição necessária não só para o desenvolvimento pessoal de cada um, como para o progresso social, económico, tecnológico e cultural de toda a sociedade.A U.Porto, consciente deste desafio e reconhecendo o seu potencial científico e pedagógico, tem investido nos últimos anos na forte dinamização da área da educação contínua, enquanto dimensão fundamental da sua relação com o exterior. Os seus Antigos Alunos têm sido e continuarão a ser os destinatários privilegiados desta oferta formativa, uma vez que a U.Porto deseja colaborar no permanente desenvolvimento pessoal, científico, profissional e cultural dos seus diplomados. A oferta formativa para 2007 na área da educação contínua consta do catálogo publicado em formato electrónico (disponível em http://sigarra.up.pt/si_server/REITORIA/pages_html/catalogo_form_continua/2007/index.htm), e inclui 279 cursos dirigidos a diferentes públicos. Esperamos que os nossos Antigos Alunos encontrem na variedade da oferta presente no catálogo respostas satisfatórias às suas necessidades de formação e que nos façam chegar outras propostas que nos permitam ir ao encontro quer do gosto pelo saber que acreditamos cultivaram na U.Porto, quer das necessidades de requalificação profissional e actualização de conhecimentos que a U.Porto pretende propiciar.

Maria de Lurdes Correia FernandesVice-Reitora da Universidade do Porto

“estímulo à excelência” para dois investigadores da u.porto

Cláudio Sunkel, professor catedrático do departamento de Biologia Molecular do ICBAS e Vice-Director do IBMC, e João Bessa e Sousa, professor catedrático do departamento de Física da FCUP, foram galardoados com o “Estímulo à Excelência”. É uma distinção, atribuída pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, que tem dois critérios mínimos: a publicação de 100 artigos em revistas internacionais e 500 citações referenciadas no Science Citation Index, da ISI Web of Knowledge, ou a supervisão de 10 doutoramentos concluídos com êxito, a publicação de 50 artigos em revistas internacionais e 250 citações referenciadas no Science Citation Índex, da ISI Web of Knowledge. O “Estímulo à Excelência” pretende, assim, projectar a figura do investigador na sociedade portuguesa, reconhecendo a importância do seu trabalho, cuja produtividade se encontra ao nível dos padrões internacionais. João Bessa e Sousa já foi distinguido, pelo Presidente da República, com o título de Comendador da Ordem de Santiago de Espada, pela sua carreira de cientista, professor universitário e pedagogo. É actualmente presidente do IFIMUP (Instituto de Física dos Materiais da Universidade do Porto). Cláudio Sunkel foi, recentemente, nomeado coordenador nacional da avaliação das unidades de investigação financiadas pela FCT. É ainda coordenador do painel de Bolsas da FCT e foi eleito membro da European Molecular Biology Organization.

esclarece dúvidas, vive, sobretudo, do cometimento de todos os agentes da Universidade e da convergência da sua atenção nos dias da mostra. A inauguração oficial pelo Reitor da UPorto da 5.ª Mostra terá lugar no dia 15 pelas 11h30.15 a 18 de MarçoPavilhão Rosa Mota, das 10 às 19h, sábado das 10 às 23h.

Sarau do orfeão universitário do porto17 de MarçoAuditório da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, às 21h.

academia anima a baixa22 de MarçoPraça Gomes Teixeira,das 14h30 às 18h.

ilustraçÕes: rui mendonça

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uporto aCtualidadeS

universidade Júnior – inscrições

A partir de 15 de Março estão abertas as inscrições para a 3.ª edição dos Cursos de Verão da Universidade Júnior. Pelo terceiro ano consecutivo a U. Porto abrirá, durante o mês de Julho e na primeira semana de Setembro, as suas portas aos jovens estudantes do ensino básico (2.º e 3.º ciclos) e secundário. Nesta edição a UJr oferece mais de 90 actividades idealizadas por Professores e Investigadores das 14 faculdades da U. Porto. De edição para edição, a Ujr cresce procurando transformar-se, cada vez mais, num programa atractivo e diversificado. Em 2005, Ano Internacional da Física, inserida nas suas actividades “nasce” a Escola de Física. Em 2006 a UJr cria a Escola das Ciências da Vida e da Saúde (ECVS) possibilitando a 88 jovens de todo o país desenvolver projectos de investigação na Faculdade de Medicina, de Farmácia, no ICBAS, no IPATIMUP e no IBMC. Este ano a novidade é a criação de uma Escola de Química que decorrerá na 2.ª semana de Julho. Mas as novidades não ficam por aqui: a Escola de Línguas, além das ofertas habituais (inglês, francês, alemão e espanhol) vai possibilitar a alguns jovens uma primeira abordagem do italiano, do húngaro e do grego moderno. Os protocolos de colaboração celebrados entre a U. Porto e as diversas autarquias, no âmbito deste projecto, constituem um elemento fundamental para que centenas de jovens, oriundos de todo o país, possam frequentar estes Cursos de Verão.

Informações disponíveis no site: http://universidadejunior.up.ptContacto:Filomena Mesquita:[email protected] + T. 22 040 8130

investigadora do iNeb distinguida com prémio pulido valente

Um estudo publicado na revista “Biomaterials” de Inês Gonçalves, uma jovem investigadora do Instituto de Engenharia Biomédica (INEB) da Universidade do Porto, foi distinguido com o Prémio Pulido Valente, instituído pela Fundação Professor Francisco Pulido Valente e Fundação para a Ciência e Tecnologia. O artigo é um passo importante para a criação de materiais, biomateriais, que, em contacto com o corpo humano e o sangue, evitem a posterior formação de coágulos (trombos). Estes materiais poderão vir a ser constituintes de cateteres, válvulas cardíacas e outros dispositivos médicos.Um dos primeiros processos que ocorre quando os materiais usados são colocados em contacto com o sangue é a adsorção de proteínas e o tipo de proteínas adsorvidas condiciona a resposta do organismo. Inês Gonçalves estudou materiais em monocamadas auto-estruturadas, com uma determinada concentração de compostos simulando ácidos gordos, que poderão atrair albumina do sangue de uma forma selectiva e reversível, evitando a adsorção de outras proteínas, como o fibrinogénio. Enquanto que algumas proteínas do sangue, como o fibrinogénio, activam o sistema de coagulação, outras, como a albumina, fazem diminuir ou evitam mesmo a formação do coágulo.A equipa do INEB a que pertence Inês Gonçalves é coordenada por Mário Barbosa e estuda o processo de adsorção das proteínas do sangue aos biomateriais e a sua relação com a adesão e activação das células sanguíneas.

O Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, veio ao Porto participar num debate sobre a estratégia europeia para a Energia, que decorreu na Fundação de Serralves. Aproveitando essa circunstância deslocou-se ao edifício da Reitoria da Universidade do Porto, na Praça Gomes Teixeira, para visitar a exposição “Depósito. Anotações sobre densidade e conhecimento” (ver secção Identidades, pag.38), que ocupa a entrada principal da Reitoria e o antigo átrio de Química, virado ao Jardim da Cordoaria. Acompanhado pelo Reitor, José Carlos Marques dos Santos, pelo Comissário da Exposição, Paulo Cunha e Silva, e vários elementos da equipa reitoral, José Manuel Durão Barroso acrescentou o seu nome à já extensa lista de visitantes da exposição dedicada às colecções museológicas da Universidade do Porto, mas que contou também com a participação de 14+1 artistas contemporâneos, articulando a memória da instituição ao seu presente histórico. Só no dia da abertura (27 de Janeiro) passaram pelo átrio de entrada do edifício quase mil pessoas. Até ao final do mês de Fevereiro a exposição “Depósito: Anotações sobre densidade e conhecimento” foi visitada por 3.032 pessoas. A iniciativa, financiada pelo Programa Ciência Viva da FCT, pretende fazer uma reflexão sobre o presente dos depósitos e o futuro das colecções museológicas da Universidade do Porto.

durão barroso visitou a exposição “depósito”

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up NotíCia

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uporto aCtualidadeS

vê na publicação do seu artigo no “Annals” o “culminar de um percurso de quinze anos, que envolveu acima de 12 horas diárias de trabalho”. Realizado em parceria com dois investigadores brasileiros, o trabalho (intitulado “Global hyperbolicity of renormalizaton for Cr unimodal mappings” parte do caos e da ordem para explicar alguns princípios da matemática pura. Mas, à semelhança de Diogo Pinheiro (do qual foi orientador de doutoramento pela Universidade de Warwick, no Reino Unido), o trabalho de Alberto Adrego Pinto gravita sobretudo à volta dos sistemas dinâmicos, área que “permite explicar qualquer fenómeno que nos rodeia, sendo por isso de enorme aplicabilidade no nosso quotidiano”, remata o investigador.Palavras cujo sentido se perde facilmente entre os símbolos complexos e as equações de grau elevado que ajudam a explicar a imagem negativa de que a matemática sofre em Portugal. Um facto que, para Diogo Pinheiro se deve a um “problema cultural” do país, mas que, segundo Alberto Pinto, não impede a aposta na investigação de uma área na qual “o CMUP é cada vez mais reconhecido internacionalmente”:É então com optimismo que os dois investigadores olham para um futuro no qual se antevêem já novas “maratonas” de horas à volta de números e fórmulas matemáticas. Os segredos revelam-se nas palavras de Alberto Adrego Pinto: “Fica fácil passar 12 horas por dia à volta da matemática, fica fácil passar os fins-de-semana à volta da matemática, fica fácil ir de férias com a matemática... Não conseguimos viver sem ela”.

Matemáticos da u.porto: uma fórmula de sucesso

“A matemática não é a nossa profissão, é o nosso hobby. Nós divertimo-nos imenso com a matemática.” As palavras soam estranhas nos tempos que correm mas resumem a vida de Diogo Pinheiro e Alberto Adrego Pinto, dois investigadores do Centro de Matemática da Universidade do Porto (CMUP) que viram recentemente reconhecido o seu trabalho.Aos 27 anos, Diogo Pinheiro foi um dos oito distinguidos com o Prémio de Estímulo à Investigação 2006, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian a jovens investigadores das ciências básicas. Já Alberto Adrego Pinto viu um artigo seu publicado no “Annals of Mathematics”, um dos mais reputados jornais científicos do mundo na área. Licenciado em Matemática Aplicada pela Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP) e a realizar o pós-doutoramento no CMUP, Diogo Pinheiro viu premiada a excelência do seu “Price formation in incomplete markets”. Assim se apresenta um projecto no qual o investigador, especializado na área dos Sistemas Dinâmicos, pretende “encontrar maneiras para determinar os preços de um bem em mercados incompletos e perceber a interacção entre comprador e vendedor para chegarem a um preço final”. Para tal, Diogo Pinheiro já faz contas aos 12.500 euros atribuídos pela Gulbenkian, valor que, segundo o investigador, representa um “importante estímulo para prosseguimento de carreira”.Contas apertadas que se complexificam no quadro rabiscado do gabinete de Alberto Adrego Pinto. Aos 43 anos, e já com dezenas de palestras e projectos desenvolvidos em todo o mundo, o professor associado da FCUP (pela qual é licenciado em Matemática Aplicada)

entre Stonehenge e Castanheiro do vento

Arqueólogos ligados à Universidade do Porto participaram recentemente em escavações na zona de Stonehenge, Inglaterra, no âmbito de um intercâmbio que começou com as escavações de Castanheiro do Vento, perto de Foz Côa, e participaram na descoberta do que se pensa serem espaços habitados do período Neolítico (há cerca de 5.000 anos), inseridos na paisagem a que pertence Stonehenge. Na sequência dos contactos internacionais a propósito das escavações em Castanheiro do Vento (coordenadas por Vítor Oliveira Jorge, professor da FLUP), os arqueólogos portugueses foram convidados a participar nas escavações em Durrington Wall’s, a quatro quilómetros de Stonehenge. Bárbara Carvalho, licenciada em arqueologia na Faculdade de Letras, Ana Margarida Vale, com o mesmo curso e a realizar doutoramento na FLUP, Gonçalo Velho, docente do Instituto Politécnico de Tomar e a realizar doutoramento na FLUP e ainda João Muralha, também doutorando na FLUP, participaram assim no Riverside Stonehenge Project. A descoberta de vestígios de espaços habitados em Durrington Wall’s dá consistência à ideia de existência de vida quotidiana no local e não apenas de visitas ocasionais ao Stonehenge como se pensava antes. No próximo Verão, e se tudo correr como previsto, a equipa de arqueólogos portugueses voltará a Castanheiro do Vento e a Inglaterra para escavar ainda mais próximo de Stonehenge.

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gémeo luís seleccionado para bolonha

O ilustrador Gémeo Luís foi um dos três portugueses seleccionados para a Mostra de Livros para Criança de Bolonha (“Bologna Children’s Book Fair”) de 2007, a decorrer entre 24 e 27 de Abril, o mais importante certame internacional subordinado a esta temática. Gémeo Luís, Luís Mendonça, é docente no Departamento de Design da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Foi galardoado com o Prémio Nacional de Ilustração 2005, pelo livro “O Quê Que Quem – notas de rodapé e corrimão”, com textos de Eugénio Roda (Edições Eterogémeas). Gémeo Luís é ainda colaborador regular da UPORTO-revista dos antigos alunos da Universidade do Porto.Os outros portugueses seleccionados foram Teresa Lima e André Carvalho, entre mais de 70 ilustradores dos vários cantos do mundo, na secção “Ficção”. Aos quais se juntam mais de 10 na secção “Não ficção”.

u.porto recebe Mundial de râguebi universitário �010

A Universidade Porto foi a instituição escolhida para organizar o 4º Campeonato Mundial de Rugby Sevens (Masculinos) Universitário, a disputar no Verão de 2010. Trata-se do primeiro mundial de râguebi e do primeiro campeonato universitário desta envergadura a realizar-se em Portugal. A decisão foi anunciada a 16 de Janeiro pela Federação Internacional de Desporto Universitário (FISU), que optou por atribuir a organização do evento à U.Porto, em detrimento de uma candidatura francesa. Um facto que só realça a importância de uma vitória com a qual a universidade reforça a sua aposta no desporto, nomeadamente numa modalidade com grande tradição e visibilidade a nível académico. Cumprindo-se de dois em dois anos, o Mundial Universitário de Rugby Sevens (variante do râguebi jogada com equipas de sete jogadores em partidas de duas partes de sete minutos) conta habitualmente com a participação de uma dúzia de selecções nacionais universitárias masculinas, provenientes dos cinco continentes.Lançam-se, deste modo as bases para um evento que, por entre “placagens”, “touches” ou “penalidades”, e muito para além dos três dias do certame, vai projectar o nome da universidade a nível internacional. Para tal, estarará no Porto uma larga comitiva que se dividirá entre o Estádio Universitário do Porto (local dos jogos oficiais do campeonato) e as instalações da Faculdade de Desporto da U.Porto, que servirão de recinto de treinos das selecções participantes.

prémio Nobel pede tempo para a ciência

Aaron Ciechanover, Prémio Nobel da Química 2004, proferiu uma palestra em Serralves, a 24 de Janeiro, no âmbito do “Ciclo Nobel” promovido pelo Fórum Gulbenkian de Saúde, e onde discursou sobre “O proteossoma e a morte celular”. No final da conferência, Aaron Ciechanover criticou a atenção preferencial que, tendencialmente, se dá à vertente mais aplicada da ciência e aos resultados mais imediatos: “A ciência precisa de tempo! Habitualmente, os políticos têm pouca sensibilidade para perceber o tempo da ciência, querem resultados rápidos. Não se podem saltar etapas na ciência. Tudo o que nos rodeia resulta da investigação científica que requer amadurecimento, reconhecimento pelos pares e um progressivo ultrapassar de obstáculos”.Aaron Ciechanover foi distinguido com o Prémio Nobel (partilhado no mesmo ano com o também israelita Avram Hershko e o norte-americano Irwin Rose) por trabalhos desenvolvidos ao longo dos anos 70 e 80, sobre um aspecto da proteólise, ou seja, a degradação das proteínas dentro da célula. Neste mesmo dia, à tarde, e na sede da Fundação Gulbenkian, o director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), Manuel Sobrinho Simões, presidiu à mesa da conferência que encerrou o Ciclo Nobel: “O Controlo das transições do Ciclo Celular”, por Tim Hunt, Prémio Nobel da Medicina de 2001.

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O relatório da OECD sobre o sistema educativo revela alguns laivos neo-liberais, evidentes nas propostas de aumento das contribuições privadas para os custos do sistema, a perda de vínculo dos docentes à função pública ou a criação de novos cursos por concurso a que competirão instituições públicas e privadas.O relatório propõe a criação de uma “Grande Comissão” para a regulação do sistema, presidida pelo Primeiro Ministro e com uma composição demasiado estatizada. Esta será, talvez, uma das recomendações de eficácia mais duvidosa.Atendendo ao baixo nível médio de formação da população portuguesa, a OECD recomenda uma racionalização da rede, com eventual reconversão ou fusão de algumas instituições, mas sem o seu fecho, tendo por argumento a necessidade de futura expansão do sistema para haver convergência com a Europa. Esta será, porventura, uma das propostas mais inesperadas para um público à espera de medidas mais drásticas para corrigir as actuais disfunções do sistema e a baixa qualidade de alguma oferta. Há apenas uma referência à necessidade de assegurar a qualidade da oferta do sector privado.A OECD propõe uma separação clara entre os sub-sistemas universitário e politécnico, afastando as universidades das formações vocacionais e dando ao politécnico o monopólio dos CETs.São feitas sugestões próximas dos princípios da Nova Gestão Pública, incluindo a adopção de um novo modelo de financiamento baseado em contratos baseados no desempenho e um novo estatuto legal para as instituições de ensino superior (são conhecidas as referências ao modelo fundacional que está a ser implementado na Alemanha, que retira as instituições de ensino superior, quer da administração indirecta do Estado, quer da administração pública autónoma.As consequências destas alterações irão também afectar o modelo de governo das instituições, sendo proposta uma maior intervenção da sociedade sob a forma dos “conselhos de curadores” (boards of trustees) e a nomeação dos reitores, escolhidos pelas suas capacidades de gestão e não pela sua eminência académica, bem como a perda do vínculo do pessoal docente à função pública. Esta última medida estará também relacionada com o “inbreeding”, considerado uma das características mais negativa da actual carreira académica.O relatório critica a baixa eficiência do sistema de ensino superior português: a baixa eficiência pedagógica, associada a elevadas taxas de desistências e reprovações, a duplicação da oferta por um grande número de instituições gerando cursos e instituições

O ensino superior português enfrenta dificuldades de que se destacam a incapacidade reguladora do Estado, o excesso da capacidade instalada, um sistema de avaliação ineficaz na eliminação dos casos de baixa qualidade, a falta de clareza das missões institucionais (binómio universidade-politécnico), dificuldades de financiamento e baixa competitividade internacional.Esta situação ocorre num contexto internacional de mudança das relações entre as instituições de ensino superior, o Estado e a sociedade: as políticas neo-liberais e a emergência da Nova Gestão Pública, as políticas de culpabilização (blame policies) que atacando as autonomias profissionais, o sector público e os seus funcionários abrem caminho para a privatização das actividades do Estado, a defesa da superioridade da gestão privada e a perda de confiança nas instituições.Foi neste contexto que o Governo encomendou avaliações internacionais que servirão de base para reformar o sector, entre as quais a avaliação do sistema nacional de avaliação pela ENQA (Relatórios da ENQA e da OCDE: alguns comentários) e do sistema de ensino superior português pela OECD.O relatório da ENQA apresenta como principais pontos fracos do sistema de avaliação a ineficácia na produção de resultados (durante todo o período de vigência do sistema não se regista um único caso de encerramento de um curso devido à sua baixa qualidade), a falta de independência em relação aos avaliados e a baixa profissionalização dos processo. Outros factores como o estabelecimento de critérios europeus para as agências de qualidade que o actual sistema não cumpria, a diminuição da confiança nas instituições por efeito da emergência da nova gestão pública e a pouca relevância social do sistema (raramente os meios de comunicação social referiram os resultados da avaliação) contribuíram para uma avaliação final, algo negativa, do sistema que resultou da lei de avaliação de 1994.A ENQA recomenda a criação de uma nova agência, independente quer em relação às instituições quer em relação ao poder político, altamente profissionalizada, com treino eficaz dos avaliadores e equipas internacionais. Os resultados da acreditação devem ser claros e as consequências explícitas para as instituições avaliadas. O sistema deverá, ainda, acabar com as acreditações pelas ordens profissionais que deverão, no entanto, ser ouvidas na fixação dos padrões de acreditação. A introdução de auditorias institucionais, a possibilidade de usar a acreditação institucional para regular o número e a qualidade das instituições e um sistema de contraditório serão outras características da nova agência.

relatórios da eNQa e da oCde: alguns comentários

alberto aMaral

director do centro de investigaçÃo em Políticas do ensino suPerior (ciPes)

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com um número diminuto de alunos, a falta de colaboração interinstitucional, a baixa mobilidade dentro do sistema e as rácios docente/aluno que são consideradas muito generosas.Mas a sobrevivência do sistema não se conseguirá apenas com base no aumento da sua eficiência: a sua expansão vai exigir mais financiamento que a OECD vai procurar às contribuições de natureza privada: uma procura (demasiado optimista) da via filantrópica e o aumento (bem mais possível) das contribuições dos alunos e/ou das suas famílias. As razões para o aumento desta segunda fonte de receitas baseiam-se nos benefícios privados da educação de nível superior, sendo proposto um sistema de empréstimos aos alunos com o pagamento indexado aos rendimentos (income contingent loans). Este sistema é, em princípio, socialmente justo – o aluno, completado o curso, paga o empréstimo com uma taxa adicional no IRS ou nas contribuições para a segurança social, desde que os seus rendimentos ultrapassem um valor mínimo. Se estiver desempregado ou se os rendimentos forem muito baixos durante a sua vida de trabalho, o aluno não paga e a dívida caduca ao fim de um período fixado, em regra, entre 20 a 25 anos. Se o aluno tiver um excelente emprego pagará mais rapidamente a dívida. Porém, a OECD não refere o valor muito alto do investimento que o Estado terá que fazer até que o retorno dos pagamentos compense a atribuição de empréstimos a novos alunos, o que torna muito difícil a sua aplicação em Portugal face ao deficit orçamental e às limitações impostas por Bruxelas.Outras medidas apontam para a necessidade de implementar um novo sistema de acreditação (que é remetido para a ENQA), o aumento da empregabilidade da oferta educativa e a sua maior ligação ao mercado de trabalho, o aumento da participação da sociedade no governo das instituições e o aumento da internacionalização do sistema.

dificuldades, ineficácia, dependência, baixa profissionalização, baixa eficiência

ensino superior, mudança, reforma, avaliação, acreditação, auditoria, resultados, consequências, qualidade, desempenho, sociedade, financiamento, empregabilidade, internacionalização, convergência, racionalização, reconversão/fusão, investimento do estado, sistema de empréstimos, modelo de governo

ilustraçÃo: rui mendonça

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tinham sido discípulos de seu pai –, Hugh Blaschko, Wilhelm Feldberg, John Vane, Oleh Hornykiewicz, entre outros. Não se podia conceber ambiente mais estimulante! Em 1956, embalado pela bela experiência oxfordiana, voltou, de novo, à Alemanha, a Mainz, para trabalhar com G. Kuschinski. Cedo, porém, reconheceu, com amargura, que nem sempre a ciência tem poder para tornar pura a circunstância que cria. A paz e o conforto que a boa ciência gerava em Oxford não se reproduziam no centro para onde se tinha transferido. Ao fim de um ano, sentindo as dificuldades dos múltiplos e poderosos interesses que lhe estorvavam a marcha, decidiu deixar Mainz e aproveitar o convite de Otto Krayer seguindo para Harvard, esse outro grande centro de ciência biológica experimental. Aí, durante doze anos, prodigalizou a sua mestria de professor, a sua invulgar perspicácia de investigador e o seu enorme talento para motivar cientistas.Foi em Harvard (1957-1968) que adquiriu fama para perpetuar a grandeza do nome que herdou. Foi nessa prestigiadíssima Universidade, que recebeu e dirigiu a primeira grande leva de discípulos. S.Z.Langer, B.B.Fleming, N.Weiner, S.Brimijoin, P.R. Drasckozy, S. Pluchino, R. Maxwell, B.S. Smith, foram alguns dos numerosíssimos discípulos que lá entraram anónimos e de lá saíram nomes grados da ciência. Em Harvard iniciou, também, uma espantosa acção pedagógica dirigida à dignificação das publicações científicas. Editor das mais conceituadas revistas científicas americanas e europeias de fisiologia e farmacologia – teve grande responsabilidade editorial em nove delas – tratou de dar luta sem tréguas às tendências facilitistas ou de favorecimento que, muitas vezes pagavam favores ou representavam uma forma de comércio inaceitável em ciência. Intransigente defensor da exigência, chegava à intolerância irredutível para com as formas de linguagem menos

Morreu o Professor Ullrich Trendelenburg, doutor honoris causa pela Faculdade de Medicina do Porto. Mais do que um príncipe da ciência, um mestre de mestres, uma personalidade de referência em todo o mundo foi, acima de tudo, uma presença constante, solícita, amiga, que por todos distribuía a riqueza da sua lucidez intelectual, da sua espantosa capacidade crítica, da sua rara originalidade de pensamento.Durante os últimos três decénios visitou o Instituto de Farmacologia da Faculdade de Medicina, às vezes mais do que uma vez por ano, e fazia-o porque tinha a consciência de que era muito apreciado como cientista e muito estimado como pessoa.Bisneto do notável filósofo alemão Friederich Adolf Trendelenburg, neto do célebre professor de cirurgia que criou a técnica da apendicectomia mas que ficou mais conhecido pela posição (posição de Trendelenburg) que descreveu para facilitar o exame das vísceras da pequena bacia, filho de Paul Trendelenburg, insigne farmacologista nos anos trinta do século passado, Ullrich Trendelenburg tinha de ser grande e foi.Ullrich Trendelenburg nasceu em Gehlsdorf, no norte da Alemanha em 1922. Quando em 1941 terminou a preparação liceal e ia iniciar a sua licenciatura em Medicina, foi apanhado pela última leva de recrutamento feita pelo último fôlego do III Reich. Mobilizado para ser piloto da Luftwaffe, entrou no serviço activo, como piloto de guerra, em Março de 1945. Abatido nos céus de França pelas baterias anti-aéreas das forças aliadas em 10 de Abril desse ano, foi capturado e feito prisioneiro. Após 19 meses de permanência num campo de concentração, foi libertado e regressou à Alemanha para iniciar a sua preparação em medicina na universidade de Göttingen. Terminado o curso, foi convidado pela universidade de Uppsala para exercer funções docentes por um período de seis meses. Além do primeiro contacto directo que então teve com a Farmacologia através de E. Barany, que lhe deu oportunidade de conhecer J.H.Burn, eminente farmacologista de Oxford, esta estadia na Suécia serviu-lhe, pelo menos, segundo dizia, para abastardar o seu inglês! O contacto com Burn iria, em breve produzir os seus frutos. Graças a uma bolsa do British Council (1952-1954), Ullrich Trendelenburg deu entrada naquele que era considerado, na altura, o melhor centro de farmacologia do mundo. Este estágio que fez em Oxford durou quatro anos e terminou com o doutoramento em 1956. O seu chefe directo foi J.H. Burn, mas em Oxford trabalhavam, também, e em excelente ambiente de entendimento e colaboração, Edith Bülbring, Marthe Vogt – que

prof. ullrich trendelenburg – In memoriam

SerafiM guiMarÃeS

Professor catedrático emérito da faculdade de medicina do Porto

Em Harvard “(...) prodigalizou a sua mestria de professor, a sua invulgar perspicácia de investigador e o seu enorme talento para motivar cientistas.”

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adequadas para a exprimir. Sendo alemão, foi ele que levou os cientistas de língua inglesa a corrigirem o erro sistemático que durante decénios cometeram, quando utilizando animais nas suas experiências, escreviam na secção dos Métodos: animals of both sexes were used. Não há animais de ambos os sexos, dizia ele, com toda a razão! Desde a sua chamada de atenção toda a gente científica passou a escrever: animals of each sex were used. Por se ter cansado do sistema de vida americano, regressou à Alemanha em 1968, para criar em Würzburg um dos mais célebres centros de investigação alemães. Nessa pequena mas gloriosa cidade universitária, deu nova abertura à impetuosidade do seu génio. E logo se dirigiu a Würzburg uma nova ronda de beneficiários: estudantes, bolseiros, cientistas de todos os lados, rapidamente saturaram as vagas que abriu para quem desejasse trabalhar sob o seu comando: K-H. Gräefe, H.Bönisch, E. Schömig, M. Henseling, D. Paton, L. Bryan, foram alguns dos beneficiados. Conheci o Professor Ullrich Trendelenburg, pessoalmente, em Basileia, durante o Congresso Mundial de 1969. O seu nome era-me familiar da excelência das suas publicações. Ali conheci-o alto, magro, desajeitado, de ar sério e sempre a fumar. É um fenómeno interessante o da transição da emoção metafísica que me despertava aquele que assinava os artigos e o alvoroço que me suscitou a presença física do autor que tinha diante de mim. O aspecto exterior correspondia à imagem do cientista sábio, exigente, independente e sóbrio, que, depois vim a conhecer bem e a estimar muito.Ullrich Trendelenburg era, de facto, um dos maiores expoentes na investigação no domínio do sistema nervoso adrenérgico: tinha sido quem mais tinha contribuido para a descoberta da captação neuronial como processo de inactivação do mediador do simpático, o primeiro a identificar receptores para a histamina e para a pilocarpina nas células dos gânglios vegetativos e o primeiro a diferenciar dois grandes grupos de receptores para a 5-hidroxitriptamina. Era muito, mas ainda não era tudo. Já na Alemanha, foi o maior obreiro da caracterização do sistema de captação extraneuronial. Quando o conheci tinha acabado de regressar a Würzburg. Foi para lá que rumei cerca de um ano depois. Em Maio de 1971 abriu-me a porta do seu laboratório e eu entrei, respeitoso e tímido, como quem entra num templo. Poucas semanas depois, o intelectual frio e distante deu-me a chave da sua casa e o acesso à intimidade da sua família, que a Christel, sua mulher e a Marie,

sua única filha, tornavam adorável. Foi aí que vi que o cientista longínquo coleccionava selos, gostava de futebol e apreciava o fado. Que proximidade! E o estágio correu tão bem que seis anos depois estava, de novo, em Würzburg, agora acompanhado de mulher e filhos, para nova estadia de alguns meses. E as visitas recíprocas passaram a ser uma rotina. Porto e Würzburg passaram a estar à distância de extensas cartas mensais (354 em 30 anos) e de telefonemas frequentes.Quando era a sua vez de vir ao Porto, alojava-se no hotel Fátima – era, assim que, em homenagem à minha mulher, designava a minha casa – e as suas estadias eram um acontecimento para toda a família. Após o jantar, enrolando, convenientemente, os seus 1,90 m num sofá português normal e fumando ininterruptamente cigarros Camel sem filtro e bebericando Niepoort 20 years old o Ulli dava início à sessão, que àquelas horas e naquela circunstância, era muita mais cultural que científica. Que conversador! Foi este doutor honoris causa pela Universidade do Porto, este cientista invulgar, este homem extraordinário e este grande Amigo que, no dia 21de Novembro nos deixou. A sua vida foi, sem dúvida, uma aventureira peregrinação de semeador, para quem todos os terrenos eram férteis!

“Foi aí que vi que o cientista longínquo coleccionava selos, gostava de futebol e apreciava o fado. Que proximidade!”

ullrich trendelenburg Por serafim guimarÃes

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O CIMAR no seu todo integra 430 elementos (245 do CIIMAR), dos quais 154 com Doutoramento (81 do CIIMAR) e 200 estudantes de pós-graduação. O número de projectos actualmente em curso ronda os 100 e o número de artigos publicados anualmente em revistas internacionais indexadas ultrapassa os 200. O CIMAR apoia activamente vários cursos de mestrado e doutoramento nacionais e internacionais, alguns em colaboração com as Universidades do Algarve e de Aveiro e do CESAM desta Universidade, alargados recentemente às três Universidades Galegas e a um centro do CSIC.A cooperação nacional e internacional tem sido um dos elementos chave na sedimentação do CIMAR como o laboratório Português de referência em Ciências Marinhas e Ambientais. Por delegação da FCT, o CIMAR gere duas European Research Area Networks (ERA-Net): AMPERA (Accidental Marine Pollution) e BIODIVERSA (Biodiversity Research). O CIMAR também participa em duas Redes Europeias de Excelência: MARBEF (Marine Biodiversity) e Marine Genomics Europe, bem como diversos projectos INTERREG de que se destaca o projecto EROCIPS (Emergency Response to Coastal Oil, Chemical and Inert Pollution from Shipping).Através de convénios com outros centros de investigação, autarquias e escolas secundárias, o CIMAR tem igualmente promovido um número elevado de redes temáticas e de divulgação científica.

As alterações climáticas, o papel do Oceano na manutenção do sistema global de suporte de vida e os riscos derivados das actividades humanas estão hoje no cerne da preocupação pública mundial.As Ciências Marinhas e Ambientais estão cada vez mais na linha da frente dos debates públicos e do enfoque governamental, tanto a nível como nacional Europeu. O CIMAR Laboratório Associado participa activamente neste movimento, desenvolvendo investigação nas áreas da protecção ambiental e produção aquática. É de referir, como exemplo, a participação de investigadores do CIMAR em várias comissões e grupos de trabalho que contribuíram para a elaboração do Livro Verde para a Futura Política Marítima da União Europeia, o programa Europa do Mar da Conferência das Regiões Marítimas Periféricas e para a definição da Estratégia Nacional para o Mar, entre outros. Têm participado também em várias comissões internacionais, nomeadamente na Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO e no Programa Quadro da UE para a Investigação e Desenvolvimento Tecnológico.O CIMAR – Laboratório Associado resultou da associação, em 2002, do CIIMAR (Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do Porto) conjuntamente com o CCMAR (Centro de Ciências do Mar, Universidade do Algarve), do qual faz também parte um grupo de investigação em Geologia Marinha do INETI.O CIIMAR é uma associação sem fins lucrativos dedicada à investigação, divulgação e transferência de tecnologia na área das Ciências Marinhas e Ambientais. A investigação realizada pelo CIIMAR tem incidido principalmente na Biologia, Ecologia, Ecotoxicologia, Parasitologia, Fisiologia, Nutrição, Cultivo de Espécies Aquáticas, Química, e Sistemas de Detecção Remota. A maioria dos membros do CIIMAR provêm de três escolas da U.Porto: Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Faculdade de Ciências e Faculdade de Engenharia.Os investigadores do CIIMAR distribuem-se por 18 laboratórios (dos 30 existentes no CIMAR Laboratório Associado), integrados em quatro grandes linhas de investigação: i) Ecologia, Biodiversidade e Gestão de Ecossistemas Aquáticos; ii) Toxicologia e Química Ambiental; iii) Biologia e Biotecnologia Marinha; iv) Aquacultura.

Centro de investigação Marinha e ambiental (CiMar) – laboratório associado

JoÃo CoiMbra

director do cimar

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16 | 17 e globalizado, usando os recursos próprios e disponíveis. Nas ciências da saúde destaca-se o GABBA (ver testemunho de estudante e ex-estudante à frente), criado em 1996, de raiz multidisciplinar, articulando Faculdades e centros de investigação dentro e fora da U.Porto. Outras questões como a orientação de estudantes inscritos em instituições estrangeiras e a frequência da participação de investigadores em eventos científicos no estrangeiro foram também referidas. A consulta dos dados na ISI (Institute for Scientific Information) Web of Knowledge, base referencial em bibliometria, é um instrumento importante para aferir resultados de produção científica, quer em número de artigos publicados num certo período, quer em termos de factor de impacto das publicações. Sabe-se, no entanto, que estes dados favorecem as áreas em que o ritmo de publicação é mais acelerado, como a Biologia, em detrimento de outras, como a Matemática. A pouco enraizada prática de publicação dos resultados de investigação em revistas referenciadas no ISI, prejudica as ciências sociais, as artes e as humanidades nesta contabilização.Outro dado considerado foi o número de patentes registadas fora de Portugal, aspecto em que, na generalidade, a expressividade dos números nacionais é fraca comparativamente à realidade de vários países comunitários. No entanto, a evolução do número de patentes registadas por investigadores da U.Porto tem sido muito significativa desde que foi constituída uma equipa para dar apoio nesta área e, simultaneamente, identificar a investigação produzida com valor económico mais evidente. Até 2006, registavam-se em média cerca de duas patentes por ano e, desde o início desse ano até ao início de 2007, registaram-se 12, algumas em fase de registo internacional. Entretanto, conseguiu-se diminuir o prazo de registo de três meses para um mês, em média. De todo o modo, continua assinalável, no contexto do que se conhece sobre a economia portuguesa, o abismo que separa o custo de registo de uma patente a nível nacional, rondando os 2.500-3000 euros, e o registo a nível internacional que pode chegar aos 50.000 euros.

alinhar pelo desafioO desafio lançado pelo actual Reitor, durante a tomada de posse, no sentido de colocar a U.Porto no ranking das 100 melhores da Europa em 2011, segundo critérios consagrados e aceites internacionalmente, também passa por reorganizar e revalorizar a investigação que se faz. Passo importante: referir a U.Porto nas instituições de afiliação dos

Inspirado pelo tema do Dia da Universidade deste ano que dá especial destaque às questões de investigação, inovação e criação de valores, a UPORTO olha para o trabalho produzido dentro das suas paredes para desenhar um quadro, o state of the art da investigação marca U.Porto, assumindo desde logo que é necessariamente parcial, uma perspectiva possível perante os dados recolhidos. Trata-se, pois, de tomar o pulso à performance da Universidade do Porto em termos do conhecimento que se produz. Como estará a responder às crescentes necessidades de uma realidade concorrencial, nacional e internacionalmente, às necessidades de desenvolvimento do país e da região e, consequentemente à pressão crescente sobre as entidades produtoras de conhecimento?As dificuldades começaram quando se partiu para o estabelecimento de critérios que determinariam a relevância do trabalho produzido na U.Porto. Que escala, nacional ou internacional, adoptar? Num mundo globalizado, particularmente quando se trata da produção do conhecimento científico, tendo em conta que o conhecimento que mais conta é o que acrescenta algo de único, inovador, e o que se considera relevante numa escala global, as questões da internacionalização mereceram especial atenção. Qualquer grupo de critérios será sempre discutível. Por outro lado, o tratamento da informação e sua adaptação às páginas de uma revista que se quer lida por um público diversificado e permanentemente assediado pelos mais diversos suportes informativos, implica fazer opções em relação à panóplia de dados recolhidos.

os nossos critériosNa busca pelo mais adequado naipe de critérios, foram surgindo aspectos como a participação de investigadores da U.Porto em redes, equipas e projectos internacionais, e a participação de investigadores estrangeiros em actividades da U.Porto e o número de estudantes estrangeiros em pós-graduações – associadas a estes aspectos, referiram-se as condições de acolhimento. Há, em termos de internacionalização, diferenças significativas entre as iniciativas de pós-graduação, por exemplo, nas Humanidades, Desporto e Nutrição, com números muitos significativos de estudantes de países da América do Sul e de África, e outras, como ciências da saúde, ciências aplicadas e tecnologias, com número relevante de alunos originários de países europeus. Tanto uma como outra situação constituem exemplos da aplicação de estratégias de adaptação a um mundo competitivo

o “state of the art” da investigação na u.porto

uporto doSSier

da aplicação de estratégias de adaptação a um mundo competitivo e globalizado, usando os recursos próprios e disponíveis. Nas ciências da saúde destaca-se o GABBA (ver testemunho de estudante e ex-estudante à frente), criado em 1996, de raiz multidisciplinar, articulando Faculdades e centros de investigação dentro e fora da U.Porto. Outras questões como a orientação de estudantes inscritos em instituições estrangeiras e a frequência da participação de investigadores em eventos científicos no estrangeiro foram também referidas. A consulta dos dados na ISI (Institute for Scientific Information) Web of Knowledge, base referencial em bibliometria, é um instrumento importante para aferir resultados de produção científica, quer em número de artigos publicados num certo período, quer em termos de factor de impacto das publicações. Sabe-se, no entanto, que estes dados favorecem as áreas em que o ritmo de publicação é mais acelerado, como a Biologia, em detrimento de outras, como a Matemática. A pouco enraizada prática de publicação dos resultados de investigação em revistas referenciadas no ISI, prejudica as ciências sociais, as artes e as humanidades nesta contabilização.Outro dado considerado foi o número de patentes registadas fora de Portugal, aspecto em que, na generalidade, a expressividade dos números nacionais é fraca comparativamente à realidade de vários países comunitários. No entanto, a evolução do número de patentes registadas por investigadores da U.Porto tem sido muito significativa desde que foi constituída uma equipa para dar apoio nesta área e, simultaneamente, identificar a investigação produzida com valor económico mais evidente. Até 2006, registavam-se em média cerca de duas patentes por ano e, desde o início desse ano até ao início de 2007, registaram-se 12, algumas em fase de registo internacional. Entretanto, conseguiu-se diminuir o prazo de registo de três meses para um mês, em média. De todo o modo, continua assinalável, no contexto do que se conhece sobre a economia portuguesa, o abismo que separa o custo de registo de uma patente a nível nacional, rondando os 2.500-3000 euros, e o registo a nível internacional que pode chegar aos 50.000 euros.

alinhar pelo desafioO desafio lançado pelo actual Reitor, durante a tomada de posse, no sentido de colocar a U.Porto no ranking das 100 melhores da Europa em 2011, segundo critérios consagrados e aceites internacionalmente, também passa por reorganizar e revalorizar a investigação que se faz.

inspirado pelo tema do dia da universidade deste ano que dá especial destaque às questões de investigação, inovação e criação de valores, a uporto olha para o trabalho produzido dentro das suas paredes para desenhar um quadro, o state of the art da investigação marca u.porto, assumindo desde logo que é necessariamente parcial, uma perspectiva possível perante os dados recolhidos. trata-se, pois, de tomar o pulso à performance da universidade do porto em termos do conhecimento que se produz. Como estará a responder às crescentes necessidades de uma realidade concorrencial, nacional e internacionalmente, às necessidades de desenvolvimento do país e da região e, consequentemente à pressão crescente sobre as entidades produtoras de conhecimento?as dificuldades começaram quando se partiu para o estabelecimento de critérios que determinariam a relevância do trabalho produzido na u.porto. Que escala, nacional ou internacional, adoptar? Num mundo globalizado, particularmente quando se trata da produção do conhecimento científico, tendo em conta que o conhecimento que mais conta é o que acrescenta algo de único, inovador, e o que se considera relevante numa escala global, as questões da internacionalização mereceram especial atenção. Qualquer grupo de critérios será sempre discutível. por outro lado, o tratamento da informação e sua adaptação às páginas de uma revista que se quer lida por um público diversificado e permanentemente assediado pelos mais diversos suportes informativos, implica fazer opções em relação à panóplia de dados recolhidos.

os nossos critériosNa busca pelo mais adequado naipe de critérios, foram surgindo aspectos como a participação de investigadores da U.Porto em redes, equipas e projectos internacionais, e a participação de investigadores estrangeiros em actividades da U.Porto e o número de estudantes estrangeiros em pós-graduações – associadas a estes aspectos, referiram-se as condições de acolhimento. Há, em termos de internacionalização, diferenças significativas entre as iniciativas de pós-graduação, por exemplo, nas Humanidades, Desporto e Nutrição, com números muitos significativos de estudantes de países da América do Sul e de África, e outras, como ciências da saúde, ciências aplicadas e tecnologias, com número relevante de alunos originários de países europeus. Tanto uma como outra situação constituem exemplos

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autores. Caso isso não aconteça, contabilizar a produção científica da U.Porto será sempre uma tarefa difícil e sujeita a erros.Quando se buscam os factores que determinam a produção científica, surgem, de imediato, as condições logísticas e o financiamento da investigação, aspectos apenas em parte dependentes das políticas definidas centralmente pela Universidade. Há, no entanto, outros elementos associados à gestão da instituição. No programa do Instituto de Recursos e Iniciativas Comuns da U.Porto (IRIC-UP), está, por exemplo a criação de centros interdisciplinares de investigação em cinco domínios: Estudos Teatrais; Recuperação de Arte Contemporânea; Nanotecnologias; Desenvolvimento Sustentável e Saúde Pública, em fases diferentes de constituição. Por outro lado, o trabalho do UPIN, ao nível da identificação de conhecimento com valor económico, em parte, traduzível em patentes, está nesta linha. Assim como a articulação entre a U.Porto e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte, na definição de áreas de interesse mútuo entre os produtores de conhecimento e a região. O apoio à mobilidade de investigadores, à estadia (nas mais diversas vertentes, incluindo apoio à família e cuidados de saúde) de estrangeiros cá e à deslocação de estudantes e investigadores da U.Porto ao estrangeiro, é outro aspecto crucial. Neste ponto, refira-se que a Universidade dá alojamento a um centro ERA-MORE, rede destinada a dar apoio a investigadores estrangeiros que façam mobilidade na Europa, assim como a um centro de informação Fulbright, Fundação que apoia e atribui bolsas de mobilidade a estudantes/investigadores para programas de formação e investigação nos EUA.Quanto ao alojamento, os Serviços de Acção Social, nos três pólos da U.Porto, dispõem de 8 residências com capacidade para acomodar 970 estudantes, que também podem alojar estudantes de pós-graduação. Por outro lado, a Fundação Porto Social, municipal, no âmbito do programa Porto Cidade de Ciência disponibiliza residências, na zona do Covelo, para investigadores, estudantes de pós-graduação nacionais e estrangeiros não residentes na cidade. Em Campanhã, existem as residências universitárias da WorldSpru, em diversas tipologias.

Números inspiradoresSegundo os dados sistematizados no início deste ano, quase 30 por cento dos artigos científicos referenciados no ISI Web of Knowledge produzidos por investigadores da U.Porto ainda não referem a

afiliação à Universidade. A U.Porto garantiu cerca de 20% da produção nacional de artigos científicos referenciados na ISI Web of Knowledge até 2006, percentagem idêntica à do ano anterior.Estes 20 por cento da produção nacional que correspondem a 1.553 artigos estão distribuídos maioritariamente pela Faculdade de Ciências (406), Faculdade de Medicina (335), Faculdade de Engenharia (319) e Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (280). A seguir e acima dos 100 “papers” surge a Faculdade de Farmácia, com 142. Só depois aparecem as Faculdades de Economia (47), Ciências da Nutrição e Alimentação (24), Desporto (23), Psicologia (17), Letras (7) e Medicina Dentária (6). As Faculdades de Arquitectura, Belas Artes e Direito não têm qualquer artigo indexado no ISI Web of Science.Os “Essential Science Indicators” da “ISI Web of Knowledge” são outra ferramenta disponível nestas análises. Aqui, existem as opções “Highly Cited Papers”, os artigos mais citados nos últimos 10 anos, e “Hot Papers”, artigos com maior número de citações nos últimos dois anos. No primeiro caso, tendo a base sido actualizada a 1 de Janeiro de 2007, a U.Porto surge com 46 dos 271 registados a nível nacional. O primeiro artigo assinado por investigadores da U.Porto aparece em segundo lugar na listagem de 271 mais citados e assinados por portugueses, tendo como autores SN Dorogovtsev e JFF Mendes, na altura investigadores do Departamento de Física da Faculdade de Ciências (actualmente na Universidade de Aveiro), e intitulado “Evolution of Networks” (publicado no periódico “Advandes in Physics” em Junho de 2002), contando 487 citações. O segundo aparece em oitavo lugar na lista de artigos de portugueses e é assinado por 33 investigadores, entre os quais, A. Lopes-Vaz, na altura professor na Faculdade de Medicina, e intitula-se “New susceptibility locus for rheumatoid arthritis suggested by a genome-wide linkage study” (publicado em Setembro de 1998 no periódico “Procedings of National Academy of Sciences”) e conta 286 citações. O terceiro, o 17º da lista de portugueses, é assinado por Céu Figueiredo, investigadora do IPATIMUP, entre sete autores, foi publicado no periódico “Gastroenterology” de Julho de 1998, designa-se “Clinical relevance of cagA, vacA, and iceA status of Helicobacter pylori”, e conta 229 citações. Na quarta posição, com 226 citações, está o artigo assinado por quatro investigadores do Laboratório de Catálise de Materiais da FEUP: JL Figueiredo, MFR Pereira, MMA Freitas e JJM Órfão: “Modification of the surface chemistry of activated carbons”.

Passo importante: referir a U.Porto nas instituições de afiliação dos autores. Caso isso não aconteça, contabilizar a produção científica da U.Porto será sempre uma tarefa difícil e sujeita a erros.Quando se buscam os factores que determinam a produção científica, surgem, de imediato, as condições logísticas e o financiamento da investigação, aspectos apenas em parte dependentes das políticas definidas centralmente pela Universidade. Há, no entanto, outros elementos associados à gestão da instituição. No programa do Instituto de Recursos e Iniciativas Comuns da U.Porto (IRIC-UP), está, por exemplo a criação de centros interdisciplinares de investigação em cinco domínios: Estudos Teatrais; Recuperação de Arte Contemporânea; Nanotecnologias; Desenvolvimento Sustentável e Saúde Pública, em fases diferentes de constituição. Por outro lado, o trabalho do UPIN, ao nível da identificação de conhecimento com valor económico, em parte, traduzível em patentes, está nesta linha. Assim como a articulação entre a U.Porto e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte, na definição de áreas de interesse mútuo entre os produtores de conhecimento e a região. O apoio à mobilidade de investigadores, à estadia (nas mais diversas vertentes, incluindo apoio à família e cuidados de saúde) de estrangeiros cá e à deslocação de estudantes e investigadores da U.Porto ao estrangeiro, é outro aspecto crucial. Neste ponto, refira-se que a Universidade dá alojamento a um centro ERA-MORE, rede destinada a dar apoio a investigadores estrangeiros que façam mobilidade na Europa, assim como a um centro de informação Fulbright, Fundação que apoia e atribui bolsas de mobilidade a estudantes/investigadores para programas de formação e investigação nos EUA.Quanto ao alojamento, os Serviços de Acção Social, nos três pólos da U.Porto, dispõem de 8 residências com capacidade para acomodar 970 estudantes, que também podem alojar estudantes de pós-graduação. Por outro lado, a Fundação Porto Social, municipal, no âmbito do programa Porto Cidade de Ciência disponibiliza residências, na zona do Covelo, para investigadores, estudantes de pós-graduação nacionais e estrangeiros não residentes na cidade. Em Campanhã, existem as residências universitárias da WorldSpru, em diversas tipologias.

Números inspiradoresSegundo os dados sistematizados no início deste ano, quase 30 por cento dos artigos científicos referenciados no ISI Web of Knowledge produzidos por investigadores da U.Porto ainda não referem a

afiliação à Universidade. A U.Porto garantiu cerca de 20% da produção nacional de artigos científicos referenciados na ISI Web of Knowledge até 2006, percentagem idêntica à do ano anterior.Estes 20 % da produção nacional que correspondem a 1.553 artigos estão distribuídos maioritariamente pela Faculdade de Ciências (406), Faculdade de Medicina (335), Faculdade de Engenharia (319) e Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (280). A seguir e acima dos 100 “papers” surge a Faculdade de Farmácia, com 142. Só depois aparecem as Faculdades de Economia (47), Ciências da Nutrição e Alimentação (24), Desporto (23), Psicologia (17), Letras (7) e Medicina Dentária (6). As Faculdades de Arquitectura, Belas Artes e Direito não têm qualquer artigo indexado no ISI Web of Science.Os “Essential Science Indicators” da “ISI Web of Knowledge” são outra ferramenta disponível nestas análises. Aqui, existem as opções “Highly Cited Papers”, os artigos mais citados nos últimos 10 anos, e “Hot Papers”, artigos com maior número de citações nos últimos dois anos. No primeiro caso, tendo a base sido actualizada a 1 de Janeiro de 2007, a U.Porto surge com 46 dos 271 registados a nível nacional. O primeiro artigo assinado por investigadores da U.Porto aparece em segundo lugar na listagem de 271 mais citados e assinados por portugueses, tendo como autores SN Dorogovtsev e JFF Mendes, na altura investigadores do Departamento de Física da Faculdade de Ciências (actualmente na Universidade de Aveiro), e intitulado “Evolution of Networks” (publicado no periódico “Advandes in Physics” em Junho de 2002), contando 487 citações. O segundo aparece em oitavo lugar na lista de artigos de portugueses e é assinado por 33 investigadores, entre os quais, A. Lopes-Vaz, na altura professor na Faculdade de Medicina, e intitula-se “New susceptibility locus for rheumatoid arthritis suggested by a genome-wide linkage study” (publicado em Setembro de 1998 no periódico “Procedings of National Academy of Sciences”) e conta 286 citações. O terceiro, o 17º da lista de portugueses, é assinado por Céu Figueiredo, investigadora do IPATIMUP, entre sete autores, foi publicado no periódico “Gastroenterology” de Julho de 1998, designa-se “Clinical relevance of cagA, vacA, and iceA status of Helicobacter pylori”, e conta 229 citações. Na quarta posição, com 226 citações, está o artigo assinado por quatro investigadores do Laboratório de Catálise de Materiais da FEUP: JL Figueiredo, MFR Pereira, MMA Freitas e JJM Órfão: “Modification of the surface chemistry of activated carbons”.

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18 | 19 a supervisão de 10 doutoramentos concluídos com êxito e a publicação de 50 artigos em revistas internacionais e 250 citações referenciadas no Science Citation Índex, da ISI Web of Knowledge. No total dos 4 concursos, foram premiados 104 investigadores a nível nacional e 17 são da U.Porto. A 4ª e última candidatura (Abril 2006) não contou com candidatos da Universidade.

préMio eStíMulo à eXCelêNCia

1. 1ª candidatura (2004)2. 2ª candidatura (Abril 2005)3. 3ª candidatura (Out 2005)A 4ª e última candidatura (Abril 2006) não teve candidatos da Universidade do Porto.

As caras da evolução positiva da investigação na U.Porto são muitas. As que se seguem são apenas algumas das mais relevantes. Entre as caras apresentadas, para além de investigadores, estão estudantes ou ex-estudantes de algumas pós-graduações expressivas em termos de internacionalização e atracção.

No segundo tópico, “Hot Papers”, entre os 20 artigos de investigadores portugueses existe um assinado por um investigador da U.Porto: “The fourth data release os the Sloan Digital Sky Survey”, de 140 autores, entre os quais o norueguês Jarle Brinchmann, investigador no Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP). Note-se que os números extraídos dos “Essential Science Indicators” são resultantes apenas de uma primeira análise, dado que os autores afiliados à U.Porto nem sempre a referem nos artigos, ou seja, pode haver uma sub-contabilização.

Mérito reconhecidoUma medida da relevância da investigação produzida pode ser também aferida pelo número de Laboratórios Associados. São, neste caso, segundo a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), instituições privadas sem fins lucrativos ou instituições públicas de investigação associadas, de forma especial, à prossecução de determinados objectivos de política científica e tecnológica nacional. Com a atribuição do estatuto de Laboratório Associado, o Ministério reconhece a qualidade e utilidade da investigação que produzem. Existem 8 Laboratórios Associados, dos 26 a nível nacional, em que participam unidades de investigação da U.Porto: IBMC/INEB (Instituto de Biologia Molecular e Celular/Instituto de Engenharia Biomédica), IPATIMUP (Instituto de Patologia Molecular e Celular da Universidade do Porto), INESC-Porto (Instituto de Engenharia e Sistemas de Computador do Porto), REQUIMTE (Rede de Química e Tecnologia) – em que participa o CEQUP da Universidade do Porto –, CIMAR (Centro de Integrado de Investigação Marinha e Ambiental) – inclui o CIIMAR da Universidade do Porto –, LSRE/LCM (Laboratório de Processos de Separação e Reacção/Laboratório de Catálise de Materiais, ambos da FEUP), o IN (Instituto de Nanotecnologias) – inclui o IFIMUP da FCUP – e o LAETA (Laboratório Associado de Energia, Transportes, Aeronáutica e Espaço) – inclui o IDMEC da FEUP e o INEGI, entre as quatro unidades constituintes.O número de investigadores da U.Porto distinguidos com o Prémio Estímulo à Excelência, no contexto nacional, é também importante para aferir da qualidade da investigação. Os índices mínimos para atribuição do Prémio nas edições ocorridas, estabelecidos pela FCT, foram: a) a publicação de mais de 100 artigos em revistas internacionais e 500 citações referenciadas no Science Citation Index, da ISI Web of Knowledge; ou b)

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Caras da investigação

1. iNveStigadoreS CoM Maior NúMero de artigoS publiCadoS (e iNdeXadoS No iSi Web of kNoWledge)(nas bases SCI-EXPANDED, SSCI ou A&HCI, durante o ano de 2005, independentemente do ano de publicação, língua e tipo de documento, segundo a afiliação onde existem pólos da U.Porto – Gaia, Matosinhos e Vila do Conde – análise dos 1555 registos por autor)

patrício Soares da Silva medicina. 50 anos. natural de sÃo joÃo da madeira. coordena o instituto de farmacologia e teraPêutica.

Nº de artigos: 40 (número não confirmado pelo autor)Onde fez a formação: Licenciatura em Medina, na Faculdade de Medicina concluída em 1981. Bolsa de investigação na Universidade de Glasgow, entre 1984 e 1985, e doutoramento em Farmacologia, obtido em 1988.Entre os investigadores da equipa que coordena, quantos são investigadores estrangeiros (descriminar, por favor, se estão em pós-graduação ou pós-doc)? Os dois pós-doc que trabalham comigo no Instituto de Farmacologia e Terapêutica da FMUP são portugueses, embora com experiência de trabalho em laboratórios nos EUA. Temos diversas colaborações activas com grupos de investigação, principalmente nos EUA (Georgetown University, Case Western Reserve University, Harvard University, Houston University), mas todos os investigadores (pós-doc, estudantes de doutoramento e bolseiros estagiários) são portugueses. No total, trabalham 26 investigadores, entre os quais 17 docentes, dois em pós-doutoramento e 4 doutorandos, no Instituto de Farmacologia.De que mais gosta na Universidade do Porto? Na FMUP, agrada-me substancialmente a facilidade em promover investigação de translação, estabelecendo parcerias com a área de investigação clínica e promovendo o intercâmbio com os investigadores clínicos do Hospital de São João. Conheço as dificuldades que investigadores estrangeiros têm em promover este tipo de actividade, nos seus países. A proximidade dos nossos laboratórios com o ambiente clínico é uma vantagem que deve ser promovida, pois é a que mais oportunidades directas poderá trazer a quem faz ciência e a quem se encontra doente. A aplicação do método científico só pode melhorar a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos doentes.

Indique uma ideia para melhorar a actividade de investigação da Universidade do Porto? Na sequência do ponto anterior, gostaria de ver dinamizada a investigação de translação nas mais diversas áreas da biomedicina, nomedamente através da promoção de um maior nível de interacção entre as duas escolas médicas da U.Porto (FMUP e ICBAS) e os maiores hospitais desta região (São João, Santo António, Pedro Hispano, IPO-Porto, Magalhães Lemos, centro Hospitalar de Gaia, etc...). Ganhar dimensão deverá ser um dos maiores objectivos a perseguir num futuro próximo. Existem competências dispersas, mas a falta de dimensão – principalmente por inexistência de planos coordenadores, dificulta a nossa afirmação num plano mais vasto das redes europeias de ciência.

alírio rodrigues engenharia. 63 anos. natural do funchal. coordena o laboratório associado lsre/lcm, uma Parceria entre o laboratório de seParaçÃo e reacçÃo e o laboratório de catálise de materiais, ambos da faculdade de engenharia da universidade do Porto.

Nº de artigos: 35Onde fez a formação?Licenciatura em Engenharia Químico-Industrial, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (1968); doutoramento Universidade de Nancy (França) – 1973; Universidade de Luanda (1974).Dirige uma equipa de quantos investigadores (descriminar número de investigadores de carreira, docentes e investigadores, ou bolseiros de pós-graduação). Desses, quantos são investigadores estrangeiros (descriminar se estão em pós-graduação ou pós-doc)?Neste momento o meu grupo de investigação localizado no Laboratório Associado LSRE/LCM tem: 1 Investigador Auxiliar (Argentina), 9 pos-docs (7 estrangeiros), 10 estudantes de doutoramento (3 estrangeiros), 1 Bolseiro de Investigação.De que mais gosta na Universidade do Porto?O episódio recente de que mais “gostei” foi ter lido na Revista da UPorto um artigo sobre o acordo MIT-Portugal na U.Porto e constatar que o Laboratório Associado LSRE/LCM não foi chamado a participar nas reuniões com o MIT!

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Dirige uma equipa de quantos investigadores (descriminar número de investigadores de carreira, docentes e investigadores, ou bolseiros de pós-graduação). Desses, quantos são investigadores estrangeiros (descriminar se estão em pós-graduação ou pós-doc)?O meu grupo de investigação está integrado no Centro de Química da Universidade do Porto que por sua vez é um dos pólos do Laboratório Associado REQUIMTE e desenvolve toda a sua investigação no Serviço de Química Física da Faculdade de Farmácia.É constituído por 22 Doutorados dos quais 14 são Docentes da U.Porto e 2 são Investigadores Auxiliares da U.Porto. Adicionalmente o grupo comporta 1 estudante de pós-doutoramento, 25 estudantes de doutoramento (um belga e um brasileiro) e 7 estudantes de mestrado. De que mais gosta na Universidade do Porto? Dos seus estudantes, sejam eles de Licenciatura, Mestrado ou Doutoramento, que têm sido a condicionante da actividade que desenvolvo. Também a liberdade de orientação para realizar actividades de I&D, liberdade essa que apenas é limitada por questões de ordem financeira e, muito principalmente no caso do meu grupo de investigação, por limitações de área física para desenvolver essas actividades.Uma ideia para melhorar a actividade de investigação da Universidade do Porto.Na actual forma de transferência de fundos da FCT para a investigação, a Universidade tem naturais dificuldades em condicionar uma actividade que não financia.Existe, porém, espaço para intervir no sistema melhorando-o sendo a meu ver exequível:a) Redução da carga burocrática/administrativa. Libertação das unidades de Investigação da excessiva carga organizacional acompanhada de mecanismos que, quer do ponto de vista qualitativo quer quantitativo, permitam que não só as grandes unidades possam melhorar a actividade que desenvolvem, como também, permitir o despontar de novas unidades de investigação, onde gente nova, com a sua juventude, garra, e saber, possa renovar uma conjuntura que começa a ficar um tanto envelhecida.b) Actualizar os programas de “Investigação na Graduação”. As duas edições anteriores foram implementadas de forma intermitente perdendo-se o efeito de continuidade. O meu envolvimento nessas edições permitiu-me concluir tratar-se de uma acção com grandes efeitos mobilizadores nos docentes e discentes e com reduzidos custos financeiros.

Indique uma ideia para melhorar a actividade de investigação da Universidade do Porto?Garantir o mais simples (e pelos vistos mais difícil): estabilidade de financiamento – pouco ou muito, mas que se saiba quanto e se receba atempadamente!

henrique de barrosmedicina. 49 anos. natural do Porto. Professor catedrático da fmuP, director do serviço de higiene e ePidemiologia da fmuP, coordenador da comissÃo nacional de luta contra a sida.

Nº de artigos: 28 (número não confirmado pelo autor)Onde fez a sua formação (instituição onde obteve a licenciatura e o doutoramento)?Na FMUP.Dirige uma equipa de quantos investigadores (descriminar número de investigadores de carreira, docentes e investigadores, ou bolseiros de pós-graduação). Desses, quantos são investigadores estrangeiros (descriminar se estão em pós-graduação ou pós-doc)?Total: 16Docentes: 6Bolseiros (doc e pós-doc): 8Estrangeiros em pós-graduação 2De que mais gosta na Universidade do Porto?A vontade de fazer melhor, a creatividade, a ligação inteligente à região reconhecendo o desafio da internacionalização.Indique uma ideia para melhorar a actividade de investigação da Universidade do Porto?Não há “uma” investigação mas muitas em fases bem diversificadas de evolução. Para algumas (como a minha) o essencial é o espaço: sem espaço sufoca-se (em todos os sentidos) e não há mais futuro!

José luís Costa lima farmácia. 61 anos. natural do Porto (cedofeita)Professor catedrático da faculdade de farmácia, coordenador do laboratório de química-física da faculdade de farmácia, coordenador de equiPa de investigaçÃo do requimte.

Nº de artigos: 28Onde fez a sua formação (instituição onde obteve a licenciatura e o doutoramento)? Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

Patrício soares da silva alírio rodrigues henrique de barros

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Sobre o “hot paper” afirma:Este artigo, descrevendo os dados que resultaram de uma fase do maior projecto astronómico do mundo, tornou-se “hot paper”, não por uma questão de maior ou menor qualidade da investigação que esteve na sua origem, mas porque uma grande número de astrónomos usam os dados que constam dele.

3. trêS eStudaNteS e eX-eStudaNteSde pÓS-graduaÇÃo

rui Costa34 anos. natural da guarda.ex-aluno (ediçÃo de 1997) do Programa graduado em biologia básica e aPlicada (gabba). resPonsável Pela secçÃo in-vivo neural function do laboratory of integrative neuroscience no national institute of health (eua).

Onde fez a sua formação pré-graduada e em que área?Fiz a minha formação pré-graduada na Universidade Técnica de Lisboa, em Medicina Veterinária.O que o levou a escolher o GABBA como programa de doutoramento?O programa GABBA deu-me a possibilidade de receber uma formação avançada em várias áreas da investigação biomédica e de poder pensar qual o problema que queria investigar. Eu sabia que queria fazer investigação científica, mas não sabia especificamente em que área. Sabia que gostava da área de neurociência, mas queria saber mais sobre outras áreas. Acabei por fazer um doutoramento em neurociência utilizando genética e estudando uma doença tradicionalmente associada à oncobiologia.O que salienta nessa sua experiência de cinco anos?A nível do programa GABBA saliento a camaradagem com os meus colegas de doutoramento e o apoio fantástico de todos os responsáveis do programa. Foi um período de descoberta muito grande, não só a nível da investigação que levei a cabo, mas também de descoberta do que é a ciência e do que é processo científico vivido na primeira pessoa.

�. autor de “hot paper”

Jarle brinchmann 36 anos. natural de oslo, noruega.autor do “hot paper” (e MaiS trêS artigoS eNtre oS “highly Cited”) “the fourth data release os the sloan digital sky survey”, com mais 139 autores. investigador, em Pós-doutoramento, no centro de astrofísica da universidade do Porto (cauP), membro do sloan digital sky survey (sdss).

Onde fez a formação? Graduação e Mestrado na Universidade do Oslo, e Doutoramento (PhD) em Inglaterra, na Cambridge University (em 1999). Pós-doc no Max Planck Institute for Astrophisics, Alemanha que me levou a entrar no Sloan Digital Sky Survey (SDSS).Porque está em Portugal, a trabalhar no CAUP?Estou em Portugal porque casei com uma portuguesa, a trabalhar na Universidade do Minho. Quando procurei uma boa estrutura para fazer investigação em astronomia em Portugal, o CAUP foi a melhor opção, porque é próximo de Braga e é a melhor do ponto de vista organizacional e científico.De que mais gosta na Universidade do Porto?É difícil responder de modo completo. A comunidade astronómica em Portugal é de grande qualidade, mas pequena, sendo portanto injusta a comparação com centros no estrangeiro. Mas o CAUP sai bem em vários aspectos. Primeiro, é um centro jovem, com elevado grau de energia e entusiasmo para enfrentar novos desafios. Portugal é membro do maior observatório do mundo, European Southern Observatories (ESO), o que, não acontecendo, tornaria muito menos interessante a investigação. Finalmente, é de sublinhar a actividade de extensão à comunidade desenvolvida pelo CAUP, do melhor que tenho visto em centros com esta dimensão, rara noutros centros maiores.Uma ideia para melhorar a investigação da Universidade do Porto:Uma questão central é garantir que quem tem posições de quadro na Universidade continue activamente envolvido na investigação, paralelamente à docência. Tal significará reduzir, de alguma maneira, a carga horária de docência e trabalho administrativo, o que comportará custos. Geralmente, incentivar a investigação em qualquer universidade de hoje, pressupõe um forte investimento e um plano nacional de investimentos e prioridades relativamente claro.

josé luís costa lima jarle brinchmann rui costa

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Depois da licenciatura qual foi a sua experiência de trabalho?O sistema francês de graduação é diferente. Licenciatura, em França, equivale a Maitrise (bac+5 anos). Fui a diversas entrevistas para diferentes programas de doutoramento a que me candidatei (duas na Alemanha e uma em Lisboa). Fui aceite em todos e escolhi o melhor. O que o levou a escolher o GABBA como programa de doutoramento?Descobri o GABBA por acaso. Um amigo falou-me dele no IGC, apenas alguns dias antes de expirar o prazo de candidatura. Candidatei-me sem grande convicção. Não sabia exactamente de que tipo de programa de doutoramento se tratava. O que salienta nesta experiência que iniciou este ano?O GABBA é óptimo. Somos um grupo pequeno (12 pessoas) e a interacção com os professores, durante as aulas, é elevada. As aulas são muito dinâmicas quando há debate entre alunos e professores. É muito diferente do mestrado que concluí em França, em que os alunos se sentavam e ouviam passivamente os professores. As aulas envolvem um leque muito alargado de assuntos, em todas as áreas da biologia, e torna-se muito estimulante (e trabalhoso também). Já definiu uma área de interesse prefrencial? Qual?Prefiro parasitologia. Trabalharei em interacções parasita-hospedeiro e co-evolução conjunta.Uma ideia para melhorar a actividade de investigação na U.Porto?Sou apenas um estudante de pós-graduação… como tal, não me sinto em posição para dar conselhos ao nível da política de investigação da U.Porto. Especialmente, porque comecei o GABBA há apenas dois meses e, antes, estava em Lisboa. Do que percebi do IPATIMUP, parece-me um ambiente muito competitivo e francamente bom. O IBMC parece ter também muito bons padrões, mas estou ainda a conhecer os diferentes laboratórios.

João Muralha42 anos, natural de lisboa.doutorando em arquitecturas Pré-históricas na faculdade de letras.

Onde fez a sua formação pré-graduada e pós-graduada (mestrado) e em que área?Licenciatura na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestrado na Faculdade de Letras da U.Porto.

O que liga o trabalho que agora desenvolve no NIH ao trabalho desenvolvido no âmbito do seu Programa Doutoral?Durante o meu doutoramento estudei os mecanismos de aprendizagem e memória. Utilizei ratinhos geneticamente modificados para investigar os mecanismos moleculares e celulares de aprendizagem e memória, e debrucei-me especialmente sobre os mecanismos que causam deficiências de aprendizagem na neurofibromatose do tipo 1. Hoje em dia continuo a usar ratinhos geneticamente modificados e muitas das ferramentas que desenvolvi durante o meu doutoramento para estudar os mecanismos de aprendizagem e uso flexível de acções. Estamos interessados em saber por exemplo porque é que escolhemos certas acções em vez de outras, como é que desenvolvemos hábitos, e como é que os hábitos eventualmente se transformam em comportamentos compulsivos. E continua a haver uma vertente ligada à doença, como a doença de Parkinson.Uma ideia para melhorar a investigação na Universidade do Porto?Uma ideia? Mudar o processo de recrutamento de novos docentes. Contratar só docentes através de concurso internacional com júri de selecção diversificado e com a obrigatoriedade de os candidatos terem doutoramento, pós-doutoramento, e publicações relevantes na área.

Julien vézilier25 anos. natural de alès, frança.estudante do Programa graduado em biologia básica e aPlicada (gabba) na ediçÃo de 2007.

Onde fez a sua formação pré-graduada e em que área?Fiz a licenciatura em Bioquímica, na Universidade de Ciência de Montpellier. O que o trouxe a Portugal?Vim para Portugal para iniciar um doutoramento em Janeiro de 2006. Queria viajar e fazer um doutoramento fora de França. Surgiu uma oportunidade no Instituto Gulbenkian de Ciência, com uma bolsa Marie Curie (uma bolsa europeia muito boa). Infelizmente, deixei o programa doutoral passados quatro meses devido a incompatibilidades profissionais com o meu supervisor. Procurei, depois, outra via para continuar a estudar biologia em Portugal, perdendo, claro, a bolsa de doutoramento. Continuei a aprender a língua e precisava de encontrar uma forma de ficar. Descobri o GABBA e enviei a minha candidatura. Felizmente, consegui entrar.

julien vézilier joÃo muralha delfina da conceiçÃo tavares

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Indique uma ideia para melhorar a oferta pós-graduada e a actividade de investigação na U.Porto, particularmente na área em que trabalha, a arqueologia? Uma das situações que me preocupa é precisamente a quase inexistência de ofertas para a actividade de investigador pós-graduado em arqueologia. A docência universitária é importante, mas nem todos o conseguem. Assistimos neste momento a algum desalento por parte de licenciados e pós-graduados que querem iniciar ou continuar uma carreira de investigação e não existem ofertas de trabalho. Posteriormente cansam-se e procuram outros meios de subsistência, deixando a investigação e perdendo-se assim todo o investimento formativo que a própria faculdade lhes proporcionou. Uma ideia que poderia vingar seria a constituição de uma Unidade de Investigação Arqueológica que ao mesmo tempo poderia captar os melhores alunos, incentivá-los a continuar os estudos académicos, proporcionando-lhes bolsas de estudo, ou apoiando a sua candidatura a essas bolsas. Essa hipotética Unidade poderia sobreviver, prestando serviços em diversas áreas de estudo do património arqueológico; ordenamento do território, elaboração de projectos de recuperação patrimonial para Câmaras Municipais, elaboração de cartas de risco em arqueologia, etc. Existiria desta forma uma componente de investigação, uma componente de protecção do património arqueológico, e uma componente formativa aos licenciados que queiram e demonstrem capacidades de investigação.

4. doiS eXeMploS de iNveStigaÇÃo de alto valor eCoNÓMiCo

delfina da Conceição tavares55 anos. natural de angola.

paula Maria das Neves ferreira da Silva43 anos. natural da maia.

Manuel João rua vilanova 42 anos. natural de chaves.Professores no icbas e investigadores.

Em que projecto estão envolvidos?Coordenadores da equipa do projecto “Vacinas contra a cárie dentária à base de proteínas extracelulares imunomodeladoras e associadas à virulência, produzidas pelas bactérias cariogénicas S. Sobrinus e S. Mutans”, patente PT102907 e US 10/913,723 (à espera de registo nos Estados Unidos); investigadores e docentes do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade do Porto (ICBAS).

O que a levou a escolher a U.Porto para mestrado e doutoramento? Foram essencialmente três razões:1 – A escola de arqueologia pré-histórica da Faculdade de Letras da U.Porto é sem dúvida, uma das melhores do país, devido ao excelente trabalho dos seus docentes.2 – A oportunidade de trabalhar com dois professores (e dois amigos) que se têm destacado no estudo das arquitecturas pré-históricas; a professora Susana Oliveira Jorge orientadora de mestrado e o professor Vítor Oliveira Jorge, orientador do doutoramento.3 – A possibilidade de desenvolver o meu trabalho de investigação numa área que do ponto de vista arqueológico me atraía desde há muito; o Alto Douro.O que salienta nesta experiência como doutorando? Como surgiu a oportunidade de participar nas escavações na zona de Stonehenge?Como doutorando e bolseiro da FCT saliento a possibilidade de dedicar-me a tempo inteiro a um trabalho de investigação. As escavações arqueológicas e as prospecções de campo são essenciais neste tipo de pesquisa. As constantes reflexões e hipóteses de investigação discutidas com outros colegas e colocadas numa escavação arqueológica que por vezes se estende no tempo por dois, três meses, são fundamentais e necessárias ao trabalho de investigação. Por outro lado, a possibilidade de elaborar projectos internacionais e ser parceiro nas discussões científicas, é uma experiência enriquecedora.A oportunidade de participar no Stonehenge Riverside Project surgiu, precisamente, através dos contactos internacionais encetados pelo coordenador do nosso projecto em Castanheiro do Vento, o professor Vítor Oliveira Jorge. Elaboramos um projecto apresentado ao CRUP (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas) e ao British Council, através das Acções Integradas Luso-Britânicas. Na sequência destas acções, dois investigadores ingleses, os professores Julian Thomas e Colin Richards (entre quatro) vieram visitar e participar nos trabalhos de escavação em Castanheiro do Vento e durante a sua estada convidaram-nos para participar na intervenção arqueológica em Durrington Wall’s.

Paula maria das neves ferreira da silva manuel joÃo rua vilanova rui neto

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�4 | 25 O projecto desenvolveu-se ao longo de quanto tempo (quando começou e quando terminou)? E a sua execução (pelo que sabemos, está a ser construída a unidade industrial), quando terminará?O projecto TURBOCAST, de Junho de 2004 a Junho 2006, dando origem ao projecto FUNDIMP, de optimização do processo industrial, que decorre de Junho 2006 a Setembro 2008.Envolveu outras equipas da Universidade, de Portugal ou estrangeiras? Quais?Não.Qual o montante do investimento previsto na unidade industrial da Zollern? Quantos postos de trabalho directos?Cerca de 5.000 milhões de euros. Dará emprego e doze trabalhadores no primeiro ano, 20 no segundo e 25 no terceiro (2009). De que mais gosta na Universidade do Porto?Da relação FEUP-DEMEGI-indústria.Indique uma ideia para melhorar a investigação da Universidade do Porto?Condicionar mais a investigação às necessidades actuais e/ou estratégias do país, i.e., despertar nos industriais o interesse por algumas tecnologias que sabemos serem importantes nos países mais desenvolvidos.

Onde fizeram a formação (licenciatura e pós-graduação)?Delfina Tavares: Universidade de Luanda (licenciatura) e U.Porto (pós-graduação); Paula Ferreira e Manuel Vilanova: na U.Porto.Quantas pessoas participaram no projecto da Vacina Contra a Cárie?Como orientadores 3 investigadores seniores do ICBAS e 2, um da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (Silvério Cabrita) e o outro dos Hospitais da Universidade de Coimbra (António Fonseca), 1 estudante de doutoramento (Márcia Dinis) e uma “pós-doc” (Isabel Veiga-Malta).O projecto desenvolveu-se ao longo de quanto tempo (quando começou e quando terminou)?O projecto teve início em 2000 e continua em desenvolvimento.Envolveu outras equipas da Universidade e estrangeiras? Quais?Envolve a Universidade de Coimbra, com dois investigadores que fazem a avaliação da cárie dentária nos animais e a histopatologia.Qual a eficácia previsível da Vacina na prevenção da cárie?Os resultados obtidos permitem estimar uma eficácia de cerca de 70%.De que mais gostam na U.Porto? Do espírito de equipa e da receptividade dos órgãos dirigentes à inovação.Uma ideia para melhorar a investigação da Universidade do Porto:No que respeita ao ICBAS, a melhoria dos espaços destinados aos gabinetes dos investigadores e, sobretudo, dos laboratórios de investigação.

rui Neto48 anos. natural de albergaria-a-velha. Professor na faculdade de engenharia (feuP) e investigador no instituto de engenharia mecânica e gestÃo industrial (inegi).

Em que projecto está envolvido?Coordenador do projecto TURBOCAST, para um novo processo de produção de impulsionadores para turbocompressores de automóveis e uma nova unidade industrial para a Zollern.Onde fez a sua formação (licenciatura e pós-graduação)?FEUP – DEMEGI – UPQuantos investigadores participaram no projecto TURBOCAST (incluindo investigadores-docentes, estudantes de pós-graduação e de pós-doc)?Seis investigadores a 70% tempo.

uporto doSSier

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Investigação, tecnologia, educação e inovação são componentes essenciais para o desenvolvimento sustentado e para o crescimento económico e competitividade da Europa. A criação do European Research Council (ERC) não só consolida a aposta na investigação, como inova na sua implementação.O ERC é o resultado de vários anos de debate no seio da própria comunidade científica. Seguiu-se a criação, pela Comissão Europeia, de uma comissão independente de especialistas que, em consulta com a comunidade científica, preparou recomendações sobre os factores e critérios a usar na identificação dos membros do Conselho Científico do ERC e seleccionou os 22 membros fundadores.O Conselho Científico iniciou em 2006 a preparação do ERC definindo– a sua missão científica e estratégia global;– os moldes da sua organização e funcionamento, bem como as suas prioridades;– a estrutura de coordenação e supervisão do funcionamento operacional e implementação do programa;– a metodologia e regras de concurso, a estrutura de avaliação, selecção e financiamento das propostas, e identificou os próprios avaliadores.Actuando em nome da comunidade científica, e tendo presente a enorme expectativa associada à sua criação, o ERC pretende promover na Europa a criatividade e inovação, instigando à mudança no panorama da investigação. E estabelecer, pela sua actuação, novos exemplos e padrões, em si mesmos sinais dessa transformação.Uma das suas preocupações é a sua independência e transparência de funcionamento, perante a comunidade científica, a Comissão e Parlamento Europeus, e os próprios governos dos países membros. A par e passo, foi mantendo informada a comunidade científica sobre o progresso dos trabalhos através da sua página de internet (erc.europa.eu).Com um orçamento de 7 510 milhões de euros para o período 2007 – 2013, o Conselho Científico decidiu criar dois tipos de bolsas ERC:– Bolsas de início de carreira (Starting Grants), visando o arranque da actividade independente de investigadores com doutoramento concluído há mais de 2 anos, e menos de 9, em qualquer área do conhecimento; essa é uma fase crucial na carreira de um investigador, e em que faltava na Europa resposta adequada. Estas bolsas irão permitir atrair, e fixar nas instituições europeias, os jovens investigadores de excelência, independentemente da sua nacionalidade;

– Bolsas para investigadores/equipas estabelecidos (Established Researchers Grants).Em 2007, os cerca de 289 milhões de euros orçamentados irão financiar apenas bolsas do primeiro tipo. A selecção visará unicamente a excelência do investigador, a inovação, e a relevância do projecto na respectiva área. Com um generoso tecto financeiro e duração até 5 anos, estas bolsas deixam ao investigador a decisão na sua utilização: individual, podendo cobrir o próprio salário se não tiver outro tipo de contrato, constituir a primeira equipa, ou adquirir equipamento.Esta é uma excelente oportunidade para os jovens investigadores, europeus e não só, mas também para as instituições de acolhimento.Em 2008 será aberto concurso para investigadores estabelecidos. Em 2009, e anos seguintes, haverá dois concursos por ano, um para cada tipo de bolsas.É uma oportunidade nova para a Europa e aberta a todas as área do conhecimento. A avaliação caberá aos cientistas seleccionados para os 20 painéis do ERC: 5 em Ciências Sociais e Humanidades, 6 em Ciências da Vida e 8 nas Ciências Físicas e Engenharia. São painéis transversais e interdisciplinares, que funcionarão com flexibilidade, promovendo a inclusão.É uma oportunidade a não perder dadas as excelentes condições oferecidas. As exigências, resumem-se à promessa de excelência dos candidatos e à qualidade e ambição das propostas. Não há barreiras a áreas científicas, limites à criatividade, ou restrições à ousadia.

Teresa LagoMembro do Conselho Científico do ERCProfessora do Departamento de Matemática Aplicadada Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

Nova iniciativa para a investigação na europa

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�6 | 27 os finalistas de arquitectura paisagista da faculdade de Ciências apresentaram propostas para a Quinta do Covelo e candidataram-nas ao prémio Jovem arquitecto paisagista �007.

A cidade tem na quinta do Covelo um espaço com o invulgar dote de conciliar as memórias do Porto pré-urbano com as necessidades de lazer, mantendo ainda actividades pedagógicas e de produção. No seio da cidade, concilia a mais desenvolvida e característica mata da região Noroeste de Portugal – mata climácica do Noroeste de Portugal –, onde se destaca o carvalho-roble e árvores e arbustos que naturalmente lhe estão associadas (sobreiro, loureiro e outras); o carácter das antigas quintas do Porto dos séculos XVIII e XIX, incluindo a casa senhorial (actualmente em ruínas), jardim formal e espaços de produção; e ainda as características de um espaço verde urbano, com actividades pedagógicas e de lazer. Do topo, sob um solo aflorado por rochedos de granito, o olhar sobrevoa a cidade abrindo espaço entre sobreiros e pinheiros mansos – estaremos numa serra dos arredores?... A horta pedagógica ensina as crianças a lidar com as plantas e a sentir a terra, a Câmara cria e mantém plantas nas estufas para alindar os eventos da cidade… No Covelo, passeia-se, conversa-se, faz-se “jogging” e dá-se rédea solta ao cão…Apesar das potencialidades, o espaço mostra hoje alguns sinais de degradação, com estruturas construídas há pouco mais de vinte anos sem uso e em processo acelerado de desgaste, tendência para alguma insegurança e aspectos do parque que há muito estão por resolver e contribuem para que não seja mais agradável: um muro com portão que simulam uma separação no meio da Quinta; na parte mais baixa, a vista directa para as traseiras de instalações industriais e de habitações; uma zona de uso privado centrada na antiga casa do caseiro; estruturas diversas sem o uso para as quais foram concebidas. Por isso, a Câmara Municipal do Porto, entidade gestora do espaço e co-proprietária (com o Estado central) dos terrenos, lançou um concurso de ideias, durante o Verão de 2006, para requalificar a Quinta do Covelo. O objectivo, segundo o vereador Álvaro Castello-Branco, era envolver a cidade na reabilitação de um espaço que tem estado, em certa medida, fechado e, com as ideias apresentadas, preparar um plano único de intervenção. O primeiro prémio acabou por não ser atribuído e o segundo foi partilhado entre as equipas Pedro Ribeiro de Almeida/José Manuel Soares da Fonseca e Vasco Guimarães/Miguel Barbosa/Filipe Afonso. O prémio foi entregue no passado mês de Fevereiro.

excelente caso de estudoO Covelo é por tudo isto um excelente caso de estudo para trabalhos académicos em Arquitectura Paisagista. As docentes da disciplina de Projecto – Qualificação Urbana, Teresa Marques e Isabel Silva, lançaram o desafio aos alunos (ver comentário nesta secção), finalistas da licenciatura na Faculdade de Ciências da U.Porto. As cinco propostas, elaboradas durante o primeiro semestre de 2006/2007 por grupos de cinco alunos, foram apresentadas a 16 de Janeiro no auditório do Jardim Botânico.“Parque Urbano do Covelo – A reinvenção do passado”, “À procura de sustentabilidade”, “Quinta do Covelo – Parque dos sentidos”, “Covelo – Um novo conceito de quinta” e “Quinta do século XXI” são os títulos das propostas que transmitem uma ideia dos objectivos para esta quinta fundada em 1720 por Pais de Andrade, com o nome de Quinta do Lindo Vale. Mais tarde, chamar-se-ía Quinta da Bela Vista, nome a que não era estranha a situação geográfica da quinta, dos pontos mais elevados da cidade do Porto. Foi a aquisição por Manuel José Covelo que, usando-a para produção de vinho e cereais, lhe atribuiu o nome que melhor se fixou. Entre 1920 e 1931 o Salgueiros chegou a usá-la como campo de treinos. A partir de 1955, a propriedade da quinta passou a ser dividida entre Luís Paranhos e o Instituto Nacional de Assistência a Tuberculosos e, em 1983, a Câmara Municipal do Porto compra a parte que era propriedade de Luís Paranhos. Todas as propostas eliminam a alameda de entrada, unindo os solos agrícolas de um e outro lado, eliminam as estufas e o chão de cimento onde assentam, valorizam a mata climácica, os afloramentos rochosos e a horta pedagógica. Revalorizam a divisão entre a zona de mata, mais elevada, e a zona mais baixa, com melhor exposição solar, de bons solos e potencial de aproveitamento mais diverso. Quatro das cinco propostas dos alunos finalistas de Arquitectura Paisagista para a Quinta do Covelo, desenvolvidas e apresentadas no âmbito da disciplina Qualificação Urbana, candidataram-se ao Prémio Jovem Arquitecto Paisagista 2007, subordinado ao tema dos espaços urbanos de protecção, produção e recreio. As características daquele espaço verde urbano da cidade do Porto e o enquadramento estabelecido para o trabalho de avaliação da disciplina de Qualificação Urbana sugeriram aos finalistas em Arquitectura Paisagista intervenções de requalificação, precisamente, no sentido de lhe reforçar esta tripla funcionalidade e de o tornar mais fruível e vivido. Por isso, a candidatura das cinco propostas ao Prémio foi uma sequência lógica.

uporto Saber eM MoviMeNto

restituir vida e significado ao Covelo

finalistas de arquitectura Paisagista apresentam propostas

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“parQue urbaNo do Covelo – a reiNveNÇÃo do paSSado”linhas orientadoras:1. alteração do traçado original2. conservação da mata: privilegiar vegetação autóctone3. articulação do novo e do antigo4. duas tipologias de caminhos5. área central de recreio6. construção mínima

“à proCura de SuSteNtabilidade”objectivos de concepção:– manter e enaltecer o carácter de quinta, fazendo-o de forma sustentável, tirando partido das oportunidades que o espaço oferece e recuperando as valências de um espaço verde de grandes dimensões, de modo a que se concretizem diversas actividades, entre as quais o recreio e a educação ambiental.– Pretende-se uma intervenção mínima, conservando o carácter naturalizado e integrando novos conceitos e realidades no contexto de uma quinta com história. – Pretende-se que este espaço seja multifuncional e de acesso a todos criando-se um parque público de recreio para a toda a sociedade. – considera-se fundamental estruturar o espaço para o utente, fornecendo-lhe meios que permitam uma total fruição do espaço e um relacionamento equilibrado com os recursos naturais existentes.

“QuiNta do Covelo – parQue doS SeNtidoS”Princípios e objectivos de concepção:– converter o Parque do covelo num espaço urbano fechado, sustentável, agradável, com qualidade e acessível a todos;– transpor para o parque toda a memória que esta antiga quinta do Porto conserva nos poucos elementos que ainda se mantêm desse tempo;– recriar socalcos de produção associando a estes hortas Pedagógicas, pomares, castanheiros e talhões demonstrativos quer de cereais quer de aromáticas de uso culinário;– integrar um jardim dos sentidos;

“Covelo – uM Novo CoNCeito de QuiNta”ideia:actualizar o conceito de quinta de recreio, concedendo uma certa contemporaneidade ao espaço sem lhe retirar o carácter e respondendo, deste modo, às necessidades efectivas das pessoas. reforçar as funções básicas de protecção, produção e recreio.

“QuiNta do SéCulo XXi”conceito-base da proposta:reforçar e actualizar o papel da mata, de recreio (jardins formais), de produção (horta pedagógica), da zona de plantas ornamentais e do papel da casa.

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uporto Saber eM MoviMeNto

Da análise dos projectos desenvolvidos poderá afirmar-se que demonstram a capacidade de integrar um conjunto de princípios considerados como estruturantes na formação dos alunos de Arquitectura Paisagista da FCUP. De entre esses princípios destacamos a protecção e conservação de valores naturais – neste caso, e em particular, o solo agrícola, a mata climácica, a diversidade biológica, a diversidade do relevo natural, os afloramentos do maciço granítico, a permeabilidade do solo – a conservação e valorização do património histórico, artístico e cultural e a concepção de espaços verdes de uso público que integrem esses valores e, simultaneamente, respondam às necessidades actuais de recreio inclusivo da população, quer no contexto da vizinhança quer à escala da cidade, e se prolonguem para além dos seus limites físicos procurando, sempre que possível, gerar ou integrar corredores verdes. Outro factor que se verificou ter sido ponderado nas propostas foi a futura gestão sustentada do parque, baseada na regeneração natural da vegetação, no uso de plantas, não infestantes, bem adaptadas ao local, na economia de água para rega, na escolha criteriosa das tipologias de inertes e no conhecimento do seu ciclo de vida, na economia de infraestruturas e de equipamentos. Foi neste contexto que os alunos exercitaram a sua capacidade criativa, reflectindo as aspirações e gostos individuais nas tomadas de decisão. Manifestando ideias mais naturalistas ou mais formais, mais clássicas ou mais contemporâneas, verifica-se sempre a procura do entendimento e do respeito pelo carácter do lugar e do seu potencial lúdico e ecológico, como forma de promover a qualidade de vida da população através do recreio ao ar livre, num espaço valorizado pelo desenho sustentado a partir da manipulação dos recursos naturais e culturais presentes.Finalmente, poderá também afirmar-se que as propostas desenvolvidas revelam um conhecimento consolidado do processo projectual, desde a fase de levantamento e análise até à do projecto de execução, processo esse considerado como base fundamental da actividade do arquitecto paisagista.

Teresa Portela MarquesDocente co-responsável pela disciplina de Projecto – Qualificação UrbanaLicenciatura em Arquitectura Paisagista da FCUP

parque do Covelo – análise crítica das propostas

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“Manifestando ideias mais naturalistas ou mais formais, mais clássicas ou mais contemporâneas, verifica-se sempre a procura do entendimento e do respeito pelo carácter do lugar e do seu potencial lúdico e ecológico, (...)”

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a mesma coreografia azul, com fundo encarnado, repete-se todas as terças-feiras na faculdade de Medicina dentária da u.porto. em média, são atendidas 80 crianças. Muitas vêm através do protocolo estabelecido com a Junta de freguesia de paranhos, através do qual são encaminhadas crianças até ao 9º ano de escolaridade. outras foi a publicidade, que passa “de boca-em-boca”, que trouxe. fomos acompanhar um destes dias.

o caso práticoÉ no aspirador de saliva, que agarra com as duas mãos, que concentra todo o nervosismo dos seis anos. Vêem-se do corredor central, entre as batas azuis, os dois olhos bem arregalados, a tentar perceber quem seriam os elementos estranhos à equipa que se estavam a aproximar. Esta é já a terceira vez que o Simão se senta na cadeira deste “consultório”. Aguarda tratamento para a cárie que lhe foi diagnosticada nos dois molares de leite. Ao seu lado tem duas estudantes do 6º ano e uma assistente. Daniela Ferreira, uma das alunas, explica que depois do tratamento à cárie, o Simão terá de voltar, “de quatro em quatro meses, para fazer o controlo da erupção”. É sempre assim, à terça-feira, na Faculdade de Medicina Dentária da U.Porto. De manhã com os estudantes do 5º ano, à tarde com os do 6º ano. Pela mão dos pais, ou inseridas no grupo da escola que frequentam, as crianças chegam e aguardam vez. Depois, é só calçar as “pantufas” azuis, descartáveis, e entrar. São cerca de 80 por dia e resultam da relação que a Faculdade, e neste caso a disciplina da Odontopediatria (“especialidade da medicina dentária responsável pelo estudo, prevenção e tratamento das doenças da cavidade oral e dos dentes na criança”*), mantém com a comunidade. Para dar uma ideia do número de crianças atendidas, só no ano lectivo de 2003/2004, na disciplina de Odontopediatria realizaram-se mais de 1.500 consultas, das quais resultaram cerca de 1.660 tratamentos. No ano lectivo de 2004/2005 o número de actos clínicos rondou os 1.500 e no ano lectivo seguinte o número de consultas ultrapassou as 1.000. Contas feitas ao total de pacientes, foram atendidas mais de 14.000 pessoas no ano lectivo de 2005/2006, o que se traduziu em 17. 801 consultas.

Como se forma um médico dentista

o Serviço à Comunidade e a formação do futuro médico dentistaPara além de colaborar (oferecendo facilidades de pagamento das consultas) com instituições como a Escola Preparatória Oslar, o Colégio Barão Nova Sintra, o Hospital Magalhães Lemos, Médicos do Mundo, ou o Lar São Miguel, a Faculdade tem um protocolo com a Junta de Freguesia de Paranhos através do qual desenvolve um projecto de prevenção da cárie dentária, junto das escolas da área em que a Faculdade se insere, com crianças até o 9º ano de escolaridade. Em termos de custos, este é, sem dúvida, um serviço económico já que, para além de permitir a prestação de um serviço de atendimento especializado à sociedade, permite também preparar os futuros médicos dentistas. Os valores cobrados contemplam, assim, o facto de o estudante estar a aprender e dependem dos actos clínicos realizados, mas, por exemplo, as consultas que resultam do protocolo com a Junta de Freguesa de Paranhos custam 10 euros cada. O regente da disciplina de Odontopediatria, e professor associado com agregação, David Andrade, faz questão de salientar a importância que é dada à preparação prática dos alunos: “Existe uma preparação teórica, mas achamos que o mais importante é fomentar a relação da criança com o profissional. Se o Médico Dentista não conseguir empatia com a criança, não treinar essa empatia, está tudo perdido. Esforçamo-nos, de todas as maneiras, por estimular isso desde o início”. Os estudantes começam as aulas práticas no 4º ano, com adultos, e só a partir do 5º ano é que tratam crianças começando, naturalmente, por se ocupar dos actos clínicos mais simples. De qualquer forma, e antes de chegarem a esta fase, assistiram a tratamentos realizados pelos professores com quem interagiram e discutiram planos de intervenção. O ensino da Odontopediatria pretende, assim, preparar os futuros médicos dentistas a prestarem “cuidados de

“Foram atendidas mais de 14.000 pessoas no ano lectivo de 2005/2006, o que se traduziu em 17. 801 consultas”.

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saúde oral a crianças, adolescentes e pessoas com necessidades especiais”*. O plano de tratamento é discutido em cada aula prática, o que implica também colocar à prova o espírito crítico do estudante. Como estão sempre acompanhados de um assistente, é a este que cabe perceber se se trata de um caso difícil (ou porque a criança tem hiperactividade, ou alguma patologia), que deve ser tratado por um estudante do 6º ano ou de mestrado. Um mestrado, com formação específica em Odontopediatria, pretende fornecer as ferramentas necessárias para “dominar novos conceitos de estudo, diagnóstico, prevenção e tratamento dos problemas de saúde oral em bebés, crianças, adolescentes e pacientes com necessidades especiais”*. Às mãos dos estudantes de mestrado (que fazem atendimento todos os dias de manhã, e um dia por semana também à tarde) chegam todas as situações que impliquem o recurso a anestesia geral, ou actos mais elaborados, com técnicas que permitem o tratamento dessas crianças, no fundo, os casos mais complexos e multidisciplinares.

aprender a “técnica” dos afectos O comportamento do estudante durante a parte clínica complementa a avaliação, nomeadamente sob o ponto de vista intelectual, técnico, mas também afectivo. Pretende-se que a criança encontre no médico dentista “um amigo, e não o tradicional médico referenciado como causador de traumas e provocador de suores frios”*. David Andrade assegura que os estudantes de mestrado “saem verdadeiramente preparados com prática de clínica. No primeiro ano entram no bloco operatório para assistir às cirurgias, mas no segundo fazem tudo do início ao fim”. É o caso da Viviana Macho, de 29 anos. Enquanto esta reportagem decorria, recebeu a notícia de que a Faculdade aguardava a chegada de uma criança com um traumatismo grave. Uma situação para a qual tem vindo a receber formação: “São sempre os casos mais difíceis que são encaminhados até nós. Já tive crianças provenientes de várias zonas do país, já operei crianças que vieram de propósito de Lisboa, com Trissomia 21, mas também casos de crianças sem qualquer patologia, mas com medo ou fobia dos dentistas. São crianças que já correram vários médicos e que acabam por vir ter connosco”. O “truque” está em criar e fomentar alguma empatia com a criança: “Às vezes, nas primeiras aulas, não fazemos absolutamente nada. Mostramos os instrumentos, brincamos, vamos ‘fazendo umas cócegas’, como costumo dizer. Depois, à medida que evoluímos, introduzimos mais instrumentos e, no final, até conseguimos uma boa taxa

de sucesso”. O projecto de tese de Viviana prendeu-se com a caracterização da população com Trissomia 21 que, de acordo com vários artigos e com as próprias conclusões da tese, tem um índice de cárie mais baixo do que a população em geral. De acordo com a amostra populacional analisada, 152 crianças, a nível nacional, conclui-se, de facto, que o índice de cárie é muito baixo: “O estudo foi feito em conjunto com um pediatra e um nutricionista e o que se verificou foi que eles não são grandes apreciadores de doces”. A Faculdade tem vindo a dar resposta a muitos casos de pacientes com necessidades especiais, de resto, a Trissomia 21 foi também a área de doutoramento do regente da disciplina de Odontopediatria. David Andrade acredita que a Faculdade de Medicina Dentária ainda pode vir a ser, no Norte, um Centro privilegiado de atendimento Odontopediátrico.

* citaçÕes retiradas de “odontoPediatria/ relatório Pedagógico”, de david andrade.

“Às mãos dos estudantes de mestrado chegam todas as situações que impliquem o recurso a anestesia geral, ou actos mais elaborados.”

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3� | 33 na altura, com o Ministério da Ciência, criou condições para que 16 alunos frequentassem cursos avançados na área da Biologia e da Medicina. Isso permitiu atrair investigadores estrangeiros que nos davam aulas, que nos abriram perspectivas sobre o que sabíamos, e criou a possibilidade de podermos fazer o nosso trabalho de tese, à partida, em qualquer sítio do mundo, desde que nos recebessem. A receptividade era sempre muito boa. Um desses professores, que trabalhava na Universidade de Edimburgo, gostou do meu trabalho, criou-se a possibilidade de estabelecer uma colaboração com ele, e parte do doutoramento foi feito lá. Foi uma experiência de vida. A proximidade da cidade com a natureza foi um factor que também influenciou a minha decisão.

Depois desenvolveu trabalho de pós-doutoramento em microcirurgia celular no Wadsworth Center, New York State Department of Health. Como é que surgiu esta oportunidade? Tudo aconteceu de uma forma muito natural. Fui trabalhar, nesse pós-doutoramento, com uma pessoa com quem já tinha tido contacto durante o doutoramento. Estive lá duas semanas, porque era dos poucos sítios do mundo onde se aplicavam determinadas técnicas, e foi-se estabelecendo uma relação. Depois, a opção surgiu de forma natural. Lá fui, aprender a fazer microcirurgia.

Voltou em 2005. Actualmente é investigador no IBMC e Professor Auxiliar Convidado. O que o levou a voltar, para fazer ciência, e que entraves encontrou?Os cientistas andam sempre “com a casa às costas” e não sabem onde vão estar dentro de três, quatro ou dez anos. Na altura, confesso que também já estava há muito tempo fora, questões familiares, etc. Surgiu um concurso, aqui no IBMC, e eu concorri. Achei que havia vontade de crescer e de recrutar pessoas novas, com novas formas de fazer ciência.

“é tudo uma questão de esforço”

descemos à cave do instituto de biologia Molecular e Celular (ibMC). passámos a porta do laboratório, o tal “primeiro laboratório europeu de microcirurgia laser”, e sentámo-nos no gabinete onde, confessou mais tarde, passa mais tempo a tratar de burocracias do que aquele que gostaria. o consolo, visual pelo menos, para as horas de maior cansaço, está uns palmos acima da secretária. um rectângulo transparente coloca-o frente-a-frente com o jardim. hélder Maiato tem 30 anos, é investigador no ibMC e professor auxiliar convidado na faculdade de Medicina.tem vários prémios nacionais e internacionais no currículo e lidera a equipa de sete investigadores que recebeu o prémio Crioestaminal em investigação biomédica. recebeu recentemente o prémio relativo ao programa gulbenkian de apoio à investigação nas fronteiras das Ciências da vida. poderia ter seguido arte e design, não fosse o desencanto com o desenho geométrico. Ser atleta de alta competição também já foi opção, mas um problema de saúde impediu que fizesse do desporto profissão. dedicou-se à bioquímica.

Em que disciplinas era bom aluno, no secundário?Desenho, arte, biologia, química, fui sempre um bom aluno. Não me safava muito bem no inglês e agora, se calhar, falo melhor inglês que português… No 9º ano escolhi Arte e Design. Mas depois achei que era muito vocacionado para estilismo e pouco para o tipo de arte que eu procurava. Gostava muito de pintura e muito pouco de desenho geométrico e, por isso, não me seduziu. Se calhar perdeu-se um grande artista… (risos). No 10º ano fui para Químicotecnia…

Depois licenciou-se em Bioquímica. O que o levou a optar pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto? Foi uma escolha natural. Por querer ficar pertinho de casa e porque era uma licenciatura muito voltada para a investigação. Na altura, não se falava muito em investigação. Era uma possibilidade. Nada de concreto, como hoje.

Doutorou-se em Ciências Biomédicas no ICBAS e fez parte do 6º Programa Gulbenkian de Doutoramento em Biologia e Medicina, na Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. Como foi essa experiência?Foi o início de tudo. Era um programa piloto e penso que se revelou uma aposta muito positiva. A Gulbenkian, em conjunto,

uporto perfil

entrevista a hélder maiato

“Os cientistas andam sempre ‘com a casa às costas ”

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partir do que produzimos, tentam chegar a uma solução que possa ter interesses comerciais… Não vejo nada de errado nisso. É transferir o que fazemos no dia-a-dia para algo que possa interessar a todos.

Continua a defender a proposta de canalizar finalistas de cursos de gestão para os centros de investigação fundamental?Acho que fazia todo o sentido. Os licenciados em Gestão continuam a fazer os seus estágios em empresas já estabelecidas, mas seria interessante usar um pouco desse dinamismo, e até da ingenuidade de quem está a começar e tem conhecimentos numa área que nós não temos, para ser criativo. Usar o que fazemos e transformar numa coisa útil, de aplicação imediata. Mais curta. Sem haver necessidade de esperar décadas até que se desenvolva um conhecimento sólido numa determinada área.

Num país como o nosso, onde o investimento público em ciência é ainda insuficiente, que trunfospodemos usar? Dirigir a investigação para temas relacionados com os recursos e características próprias do país? A internacionalização dos projectos?Acho que é um conjunto de coisas, mas a nossa maior vantagem são as pessoas. Temos de saber aproveitar esse recurso. É o melhor de todos. Dar às pessoas as condições para poderem “explodir”.

Jovens…Sim, sou, sou de facto jovem, ainda (risos).

Mas submeteu dois projectos à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), sendo que um deles foi rejeitado.Aquilo com que trabalhei durante seis anos serviu de base a um projecto para a FCT. Era a continuação óbvia do trabalho que tinha sido realizado e o continuar do caminho que até aí se tinha revelado produtivo. Resumi todo o meu percurso científico até então e desenhei o projecto no sentido de obter algum financiamento para poder trabalhar. Vinha com muitas expectativas e muita vontade de trabalhar, mas o projecto não foi considerado para financiamento, e com justificações um pouco discutíveis. Uma delas era ser muito jovem…

Daí achar que deve haver um painel externo de avaliação para a investigação, específico para cada área de investigação, e que os investigadores juniores não deveriam ser avaliados juntamente com os seniores…Sim, porque é um sistema injusto. Não faz sentido que instituições como o IBMC ou o IPATIMUP, que até são financiadas pelo mesmo organismo que financia os projectos, estejam a recrutar pessoas novas para começar o seu trabalho, que estejam a desenvolver um esforço neste sentido, e que depois “as pernas sejam cortadas” e não seja possível progredir no sentido óbvio.

Para converter a investigação fundamental em algo rentável (registo de patentes, ou criação de spin offs) é preciso tempo e formação. O facto de quem faz investigação fundamental não ter tempo, nem formação nesse sentido, é uma coisa que o preocupa?Sim, mas eu não sou avaliado pelos produtos que vendo ou que consigo introduzir no mercado. Quando esse passar a ser um critério de avaliação da minha produtividade vai pesar na forma como faço ciência. Neste momento, a minha produtividade é avaliada pelo número de artigos publicados. Pelo número e pela qualidade da ciência que publicamos e transmitimos à comunidade cientifica. Há, claramente, dois tipos de investigação: a fundamental e básica que é o suporte para toda a outra que é aplicada. Mas não se pode aplicar algo se não soubermos o fundamento que está por trás. Eu enquadro-me no primeiro grupo. Agora se se formar uma rede de vários laboratórios em que uns trabalham numa área fundamental e outros que, a

“A nossa maior vantagem são as pessoas. Temos de saber aproveitar esse recurso. É o melhor de todos.”

divisÃo celular (foto de hélder maiato)

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34 | 35 dentro da célula. Em que estruturas celulares se associam, em que momento e qual a rapidez com que se associam…

No caso das células cancerígenas, que se dividem descontroladamente e se impõem às células normais, ao perceber como este mecanismo se processa, também se percebe como se pode combater…Não vamos procurar uma proteína qualquer. Trabalhamos com proteínas que, à partida, já sabemos que estão envolvidas no processo de divisão celular. Compreendendo a dinâmica dessas proteínas, vamos poder manipulá-las. Com os tais marcadores de luz e, para vermos lá dentro, com o microscópio que está equipado com um aparelho de detecção (que é uma câmara capaz de detectar essa fluorescência), localizamos algumas estruturas. Depois, através da microcirurgia a laser, podemos manipular essas estruturas ou destruir uma pequena estrutura e ver de que forma isso afecta a divisão celular, ou qual o papel da estrutura no movimento dos cromossomas, na correcta segregação dos cromossomas.

Essa manipulação, ou essa intervenção, não pode impedir a proliferação dos tecidos que se dividem continuamente? Não. Ainda estamos muito longe de chegarmos aí. Há uma maquinaria (molecular) que existe e efectua a divisão dos cromossomas. Estamos a tentar perceber como funciona…

Mas se não houver condições de financiamento…Não se pode apostar em todos. Deve apostar-se nos melhores. Nos que continuam na fase ascendente de produção e criatividade. Agora, usar os recursos para manter um sistema que agrada a todos não nos leva a lado nenhum.

É isso que se passa?Era isso que se passava. Estamos a caminhar no sentido de valorizar as instituições e os grupos, dentro das instituições, que mais e melhor produzem. Criar alguma instabilidade no sistema é bom porque as pessoas têm de “fazer pela vida”.

Com a sua equipa, de 7 investigadores, recebeu o Prémio Crioestaminal em Investigação Biomédica, com o projecto “Dissecação da Divisão Celular e Aneuploidia através de Microcirurgia Laser em Células Vivas”. Um projecto que procura, através da microcirurgia a laser, desvendar os segredos da divisão da célula. Espreitar lá para dentro e perceber de que forma as moléculas interferem na divisão celular (a mitose). Perceber como se transmite a informação genética durante esse processo, ou, até, o que poderá estar na origem da aneuploidia (divisão desigual de informação genética – perda ou ganho de cromossomas). Em células vivas…Normalmente são amostras de biopsias, até de alguns tumores, que têm a vantagem de as células se continuarem a dividir in-vitro. O que precisamos é de ver a divisão das células. Usamos para isso, muitas vezes, linhas celulares derivadas de vários tumores, que têm a capacidade de se dividir indeterminadamente em cultura, em laboratório, para além de ser o objectivo, torna-se também na ferramenta de estudo. Graças aos avanços da Biologia Molecular, podemos introduzir pequenos sinais luminosos dentro da célula. Com os pirilampos, por exemplo, ocorre um fenómeno que se chama bioluminescência. Eles têm uma pequena proteína que produz luz num determinado comprimento de onda. Usando os detectores certos conseguimos ver luz onde, à partida, não haveria luz. Utilizando a engenharia genética conseguimos introduzir esses marcadores luminosos e associá-los especificamente a determinados componentes da célula que queremos localizar… É como se eu andasse, à noite, com um candeeiro colado a mim. Estaria sempre visível. Se fizermos isso com as proteínas que temos na célula, através da engenharia genética, conseguimos saber para onde vão, como influenciam os cromossomas e qual a dinâmica destas proteínas

“Ao interferir na maquinaria da divisão estamos a jogar com o factor tempo. As células tumorais dividem-se muito mais rapidamente, do que as normais. Mais rapidamente vamos eliminar as que se dividem mais rápido, afectando um pouquinho as normais”.

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“Há mais de cem anos que se anda a tentar perceber como é que as células se dividem e ainda não há uma teoria, ainda não há um único Prémio Nobel atribuído a alguém que tenha descoberto como é que as células se dividem”.

Qual é o “óleo” mais recomendado…Com que óleo é que funciona… Como é que se afina. Compreendendo como é que a maquinaria funciona estamos a identificar um alvo terapêutico. Sem esta maquinaria, os cromossomas não são distribuídos e a célula não se divide. Se, de alguma forma, pudermos interferir com o funcionamento normal desta maquinaria estamos a controlar a máquina e a divisão celular, o que significa combater alguns tipos de cancro. Ainda estamos longe daquilo que seria necessário que é uma terapia específica. Ao afectar esta maquinaria estamos não só a afectar as células tumorais como todas as células que se estão a dividir. Milhões. Neste momento. É isso que faz a manutenção dos nossos tecidos. Há células que morrem, há células que têm de ser repostas. O grande desafio é actuar de forma selectiva, sem afectar aquelas células que se estão a dividir normalmente e que é preciso que se dividam. É difícil. Ao interferir na maquinaria da divisão estamos a jogar com o factor tempo. As células tumorais dividem-se muito mais rapidamente, com muito maior frequência, do que as células normais. Mais rapidamente vamos eliminar as que se dividem mais rápido, afectando um pouquinho as normais. Acabado o tratamento, as células normais vão continuar o seu desenvolvimento normalmente sem alterações.

E é para desenvolver este trabalho que tem aqui, no IBMC, o primeiro laboratório europeu de microcirurgia laser?Se quiser essa pompa toda… É um laboratório pioneiro no sentido em que usa uma tecnologia pioneira. Quer dizer, microcirurgia em células já se faz há trinta anos. Mas foi evoluindo no sentido de podermos combinar essa tecnologia com outras recentes e, nesses termos, estamos a ser pioneiros, ou seja, combinar um sistema que já era usado para manipular dentro da célula num outro sistema, também constituído por células vivas, onde é possível compreender as moléculas, fazer experimentação molecular, usando técnicas de biologia molecular. Sempre em células vivas.

Quando é que percebeu que era à divisão celular que queria dedicar a sua vida profissional?Não tenho noção. Quando comecei a fazer o doutoramento, por exemplo, um dos objectivos de fazer um primeiro ano com várias áreas era a exposição a problemas distintos. Gosto deste, gosto muito daquele. Adoro o outro...

E porque é que adora este?Porque não consigo pensar noutro processo biológico que seja tão fascinante, que me cause um impacto tão grande do que ver uma célula a dividir-se… Já viu uma célula a dividir-se?

Tenho uma imagem estereotipada…Depois mostro-lhe… Pode ser que a consiga atrair para a biologia (risos). Provavelmente foi aí o “clique”. Quando vi, pela primeira vez, uma célula a dividir-se achei impressionante! Como é que isto acontece? A dimensão do problema é tão grande! Há mais de cem anos que se anda a tentar perceber como é que as células se dividem e ainda não há uma teoria, ainda não há um único Prémio Nobel atribuído a alguém que tenha descoberto como é que as células se dividem.

E para se ser um jovem investigador o que é que é preciso? Ter uma certa dose de utopia, de atrevimento, de paixão pelo desconhecido?É preciso gostar muito. Ter paixão pelo desconhecido. Querer saber mais e não descansar até ter uma resposta.

E a questão do tempo? Uma investigação científica pode demorar o tempo de uma vida. Como é que, com isto, se gerem as metas que precisamos de impor a nós próprios? Também estabelecemos metas. Tentamos perceber como é que a célula se divide, mas dentro disso há pequenos degraus que vamos subindo.

divisÃo celular. maniPulaçÃo: rui mendonça

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E os momentos de desilusão?Eu chamar-lhes-ia dúvidas. Constantes. São mais as respostas negativas que obtemos do que as positivas. Há muito tempo de “partir pedra” até conseguirmos delapidar o objecto. E isso compensa tudo o resto. Apesar de ter 30 anos, já tenho alguma experiência nestes ciclos e à medida que vamos amadurecendo, encaramos isto de uma forma diferente da de quem está a começar, e para quem a primeira desilusão é o fim do mundo. Imagine que estamos a trabalhar, a concentrar todos os nossos esforços e recursos para responder a uma questão. Mas não somos só nós a trabalhar em divisão celular, há centenas de laboratórios em todo o mundo a tentar chegar à mesma solução. Gera-se competição. Estamos a trabalhar neste assunto e surge um artigo publicado por um laboratório da China que chegou à solução de uma forma idêntica à que estávamos a usar e mais depressa. Como se explica isto a alguém que está a começar? Que vem para cá aos fins-de-semana, para quem os feriados não existem, que devota o seu tempo e a sua paixão para responder a uma determinada questão?! Está quase a chegar lá e entretanto, sabe o resultado através de outro grupo. Olhar para trás, para o trabalho de anos e é para esquecer…

E muda de vida…É o que acontece a muita gente. A persistência científica vai muito do momento. Do timing, do local e da sorte. Há muita gente com grande aptidão para a ciência que acabou por sair por uma conjugação de inúmeros azares deste género.

O que faz nos tempos livres? Acompanha os jogos todos do FCP?A culpa é da minha mulher!!! Ela ofereceu-me um lugar no Estádio (do Dragão) e perante isto, não tenho hipótese de escapar. Mas gosto. Representa o espírito da cidade e eu visto essa camisola.

Há aí um certo bairrismo?Acho que só tenho de me preocupar comigo, ou neste caso, com a minha cidade. Quero é que a minha seja o melhor possível. Eu vejo sempre a cidade de uma forma muito colorida. As imagens que me ficam retidas são daqueles dias de sol maravilhoso a revelar as cores das casas, a cor do rio. O FCP representa, de alguma forma, uma força da cidade. E eu sempre gostei muito de desporto. Pratiquei desporto desde muito cedo. Cheguei à alta competição, em voleibol.

E porque abandonou?Por uma questão de saúde. Quando o desporto é levado muito a sério torna-se prejudicial. De facto confirmou-se. Ganhei um problema na coluna que me vai acompanhar…

Ou seja, a primeira paixão, a pintura, não funcionou, depois o desporto, também não, foi à terceira…Acredito que conseguimos ser bons a fazer o quer que seja mediante a nossa dedicação. Tudo depende de até onde estamos dispostos a ir. Para vingar.

Não são as coisas que vêm até nós?Não. Temos de lutar por elas.

Não acredita no destino.Não. Há um factor de acaso, mas não acho que esteja predeterminado. Temos de conquistar as coisas e não esperar que elas cheguem. Conseguimos vingar onde quer que seja mediante dedicação e esforço. Tudo depende do quão estamos dispostos a abdicar. É tudo uma questão de esforço.

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inscrever o passado no presente

“depósito – anotações sobre densidade e conhecimento”

átrio de química

de História da Medicina ou de Anatomia, da Faculdade de Medicina ou do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Subjacente à acumulação de peças e objectos nos vários depósitos das colecções da U.Porto, muitas vezes acrescentados ao sabor dos dias, porque outros usos se abandonaram e, então, as “coisas”, ficaram para trás, à espera de orientação e de destino, o nexo da aspiração do coleccionador a uma organização que orientou a sua escolha está, agora, irremediavelmente oculto na sedimentação que o tempo produziu. Hoje, quem lá quer chegar, a esse passado mais ou menos distante, até para valorizar o património e tornar visível, mostrar, terá que encontrar uma outra ordem em que deverão já estar implicadas formas de interacção com o público.A questão a colocar poderá ser: Que interacção suscitam com o tempo de hoje as peças, os fósseis, as máquinas, objectos mudos e misteriosos que muito bem se adequariam aos “cabinets de curiosités” do séc. XIX, desligados das práticas que motivavam a sua paciente recolha (ao serviço, sobretudo, do ensino) e de uma ideologia que pressupunha que o conhecimento era também acumulável? Ou, ainda, como se passa do conhecimento reservado e protegido por alguns, para um entendimento contemporâneo do museu como espaço de experimentação, aberto ao exterior e à circulação de pessoas, chamadas a participar num certo sentido de espectáculo a que não é alheia a necessidade generalizada de cativar/ seduzir públicos? Invenção de novos meios e sentido de espectáculo (ou de encenação) são, pois, aliados na convergência de vectores de que resulta o desenho de uma instalação/ exposição projectada para um determinado local e integrando em si mesma as variáveis da sua recepção, se quer ser visitada e apreciada.

produzir sentidoFace a um núcleo de contornos tradicionais, vitoriano como lhe chama o comissário, a escolha foi dupla, de conservação e de abertura: de conservação, porque retiradas de colecções muito variadas, as peças seleccionadas mantém um sentido de família: de cada série foram escolhidas várias, para contrariar o sentido da peça única retirada do seu contexto e explorada em exposição isolada; de abertura, porque, escondidas do olhar do público e recombinadas, são agora mostradas à cidade, encontrado um nexo, um sentido expositivo, mas, também, porque Paulo Cunha e Silva decidiu jogar nessa abertura uma outra ainda, a da ciência à arte, a da acumulação de conhecimento à produção do novo, convidando um significativo número de artistas contemporâneos

paulo Cunha e Silva, licenciado em Medicina pelo iCbaS e doutorado em Ciências do desporto, docente da faculdade de desporto, programador da “porto �001”, responsável por numerosos ciclos de debates e exposições realizados na fundação de Serralves, entre os quais “o corpo e os seus discursos” (1990), “o lugar: evidência e eclipse” (1997), ou “Metadiálogos” (�00�), comissário do ciclo de conferências “Qual é a medida do Mundo” que a u.porto promoveu em homenagem a abel Salazar, ex-director do instituto das artes, foi convidado, para comissariar uma exposição que assinalasse o “regresso à cidade” da instituição por ocasião da instalação da reitoria na praça gomes teixeira, com uma mostra sobre os museus e colecções museológicas, à maneira também de uma devolução simbólica de um património que se deseja partilhar com outros públicos. a exposição “depósito – anotações sobre densidade e conhecimento” ocupa os átrios simétricos do emblemático edifício da reitoria. patente até ao final de Junho é um convite ao reconhecimento de alguns tesouros da universidade, não pelo valor intrínseco de cada peça, mas pelo que, num extenso conjunto de 570 objectos, se surpreende como programa e possibilidade de sentido dos núcleos museológicos, e de diálogo com o contemporâneo, até pelo convite endereçado a 14+1 artistas para integrar a instalação e interagir com as opções de curadoria.esta abertura é tanto mais relevante quanto as condições de exposição das colecções da u.porto, hoje, não poderão nunca ser as da sua fundação. a iniciativa, no seu conjunto, é um manifesto da intenção contrária: a de inscrever o “passado no presente”, tornando-o activo.

A Universidade é detentora de um vasto e precioso espólio, acumulado ao longo dos seus quase 100 anos de existência, em áreas mais evidentemente museológicas, como a Mineralogia, a Antropologia e Pré-história, as Belas Artes ou a Arquitectura, e outras menos, como as colecções de instrumentos adequados a práticas científicas especializadas, hoje abandonados pela evolução das tecnologias, séries de objectos em desuso para os quais olhamos com curiosidade e admiração, fruto da estranheza que a distanciação no tempo veicula. Assim acontece com alguns núcleos de Engenharia ou de Ciências. Outros núcleos terão mais claramente um sentido disciplinar, como as colecções do Museu

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a dialogar com o seu roteiro museológico, de modo a integrar o acontecimento que ele quis que fosse a Exposição.O percurso destas peças, na sua génese, inclui vários circuitos, e integra-os numa nova ordem em que se pode antever uma aproximação a outra coerência da universidade relativamente aos seus museus e colecções. Todo este núcleo pede uma inventariação geral, a edição de um catálogo, o debate que o legitime e enquadre no presente, a criação de novas condições expositivas e a invenção de um conceito que permita a articulação dos vários projectos num único que possa impor-se e afirmar a sua importância entre outras instituições expositivas da cidade e do país, acertado com o tempo e critérios expositivos contemporâneos.De certo modo, em si, perceber é seleccionar. Desde sempre a consideração do que é raro, do que é arte, se liga a um processo de selecção e diferenciação de singularidades. Expor é, além disso, pôr em jogo uma combinatória, estabelecer ou revelar relações, pontes. Como se passa então do estado de depósito para a coerência de um princípio expositivo? E que sentido propõe a exposição?À entrada, quem desemboca no átrio principal, vindo da Praça Gomes Teixeira, depara com um enorme crocodilo atravessado, a boca apontada para a esquerda. Terá cerca de 3 metros de comprimento. A coloração verde-garrafa e o brilho dos olhos sugerem um objecto artificial, mas pertence à colecção do Museu de Zoologia e embalsamado é tão real como possível, nem mais nem menos do que outros dos seus companheiros de sala (no Museu) e de colecção (na exposição): macacos, morcegos, ou colibris. O raccord assim introduzido obriga a uma viagem no tempo e no espaço. De onde veio aquele espécime? A que meio pertence? O que faz entre peças com as quais nada tem em comum? Um braço robótico, um Ângelo de Sousa assente num cavalete ou as imagens de Fernando José Pereira? E mesmo o parentesco com o cristal de quartzo de grandes dimensões fica pouco nítido neste encontro com um momento a que o curador chamou “selva de conhecimento”, que corresponde à desordem primordial dos depósitos, na acumulação, por vezes anacrónica, de exemplares retirados ao mundo natural, artefactos, objectos de arte, instrumentos. No outro extremo do edifício, no antigo átrio de química, uma estante de grandes dimensões sai de um estrado, mantendo à vista os cabos e a estrutura metálica que lhe permite manter-se erguida e estável. A montra, com 12,5 x 7 metros, à medida da

parede do fundo, ensaia um princípio de organização das peças seleccionadas, organiza-se, diz o comissário, como um planisfério do conhecimento. É este, afinal, o museu imaginário de Paulo Cunha e Silva, o seu ponto de vista subjectivo e produtor de sentido e, simultaneamente, a antecâmara para um projecto maior de articulação dos vários depósitos existentes, numa colecção viva, coerente e pública, ou, finalmente, de um princípio de integração e de actualização da memória de uma instituição centenária, num museu dos museus que virá a ter um dia uma configuração possível.Ao espectador, dificilmente indiferente à enorme vitrina, está aberta a possibilidade de fixação selectiva de um pequeno continente em particular. Cada prateleira podendo funcionar como um dispositivo expositivo de um mostruário vário e plural. Ainda mais porque a visão macro pode ser detalhada instrumentalmente através dos binóculos em linha colocados à disposição do visitante. Que faz a múmia do antigo Egipto pousada numa prateleira central? Os pequenos colibris do Instituto de Zoologia Augusto Nobre perfilados à altura dos olhos à direita? A maquete da Ponte da Arrábida de Edgar Cardoso? Essas e outras peças obedecendo também elas a uma lógica de acumulação coabitam na estante que propõe a sua seriação de acordo com uma posição relativa na história da natureza e do conhecimento, patenteando em 7 patamares um critério de organização que corresponde a uma maior complexificação dos exemplares expostos: do nível 1 (minerais) ao nível 7 (jogo e arte). À sua frente, mas depositadas na mesma estrutura criada para o efeito por Inês Moreira, dispõem-se as peças de: André Cepeda, Eduardo Matos, João Leonardo, Mafalda Santos, Manuel Santos Maia, Marta de Menezes, Miguel Flor, Miguel Palma + António Caramelo, Nuno Ramalho, Pedro Tudela, Renato Ferrão, Rita Castro Neves, Sancho Silva e Tiago Guedes. O “Depósito” pode ser visitado de segunda a sábado, das 10 às 20h.

Pedro tudela. de(Pó)sito. 2006/2007 renato ferrÃo. resumo de uma ficçÃo útil. 2007 andré cePeda. dePósito. 2006

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Qual foi o programa desta exposição? O conceito de exposição foi-se modificando e a exposição assumiu-se como um work in progress. Inicialmente organizava-se em torno da ideia de peça. Depois evoluiu programaticamente para outra coisa: tratar não já as peças, mas sim as séries, as famílias, os parentescos. Quando mergulhava nos depósitos ficava sobretudo fascinado pelos conjuntos de peças. Decidi então criar um dispositivo formal que sustentasse este pensamento da série, recuperando a ideia do museu vitoriano em que a acumulação é porventura mais importante do que a celebração da peça única. Explorei a ideia do direito da peça a uma certa normalidade, até estatística! Não fazia sentido ter um colibri só, mas ter bastantes colibris. Ter sistemas, estruturas, que remetessem para a natureza do depósito… a exposição pretende manter a natureza, a atmosfera e a filosofia do próprio depósito.

Em que ponto surgiu o diálogo com os artistas?Foi um pressuposto de partida. Quis trazer a exposição até ao presente (e eventualmente até ao futuro). Não fazia sentido que fosse exclusivamente celebratória do passado, mas que inscrevesse a universidade em dois espaços: num espaço público – a rua – e no tempo presente. Os dois grandes eixos que sustentam a exposição são, justamente, o tempo e o conhecimento. O subtítulo é “Anotações sobre densidade e conhecimento”: um depósito tem densidade e um depósito de um museu de universidade deve ter conhecimento. Achei que a aproximação ao presente devia ser convidar artistas que pudessem tratar o tema da colecção, do depósito, da relação entre arte e ciência, da acumulação, da memória. Perante uma exposição à volta de peças de museu fazia sentido convidar os artistas mais jovens, supostamente com menos memória. Depois convidei dois artistas que têm trabalhado sistematicamente a questão da técnica, da ciência, do mecanismo, como são o Pedro Tudela e o Miguel Palma.

O percurso da exposição é de sistematização. Precisou de construir uma narrativa?Quis criar uma exposição sistemática, que continuasse a ser aquilo que vi – acumulação –, mas que pudesse ser outra coisa. Organiza-se em três momentos. Um primeiro, quando se entra na Reitoria, a que chamei com alguma liberdade “a selva do conhecimento”, em que as peças estão aparentemente desorganizadas. Ora a universidade é um sistema organizador e produtor de conhecimento. Então, depois de atravessarmos o

“há mil histórias dentro desta história…”Paulo cunha e silva fala do “depósito”

edifício, na zona oposta, temos já o conhecimento organizado. È assim que aparece a estrutura principal: um grande sistema organizador de conhecimento, que o organiza de forma clássica: a história da natureza e depois a história do conhecimento: dos minerais até ao cérebro humano, da pedra lascada até ao computador e, depois, o jogo e a arte em cima. O facto de corresponder a uma estrutura de estratificação do conhecimento remete novamente para a ideia de depósito em que as peças mais antigas, em termos de complexidade natural e no âmbito da história do conhecimento, estão em baixo, e as mais recentes, em cima. O tempo vai implicando ainda uma alteração na estrutura: quis que fosse uma espécie de superfície de tempo, primeiro a história natural, depois a história do conhecimento.A ideia foi justamente a de confrontar uma não narrativa, a situação da entrada, com uma narrativa um pouco linear. Depois precisei de complexifica-la, para não ter uma exposição de uma peça só, a do planisfério. Achei que devia sobrepor à narrativa do comissário, as múltiplas narrativas do visitante. As que consegue construir a partir da utilização de uma cortina de binóculos, através dos quais pode estabelecer uma relação com cada peça. Há vários eixos na exposição… várias histórias dentro desta história. A história do olhar é fundamental. Há um microscópio electrónico à entrada, que permite olhar para dentro e mergulhar na escala, e um projector de cinema que permite olhar para fora. Um dos objectivos da universidade é ver e mostrar, utilizar os instrumentos do olhar. Os binóculos inscrevem-se nesse filão: do olhar, da escala e na possibilidade de cada visitante fazer a sua leitura. Estando relativamente em cima da estrutura, vai olhar sem possibilidade de afastamento, cai sobre a peça, e, através do percurso que faz, estabelece relações e conexões. Isso é também uma frente irónica da exposição.

Os artistas trabalharam consigo?Reunimos várias vezes. Como dizia, há três momentos na exposição: o momento da selva, da desorganização, depois, o da organização do conhecimento através da narrativa alinhada na parede. Finalmente, o terceiro momento era colocar num plano ortogonal, que fizesse um ângulo de 90º com o plano do conhecimento organizado, as obras dos artistas que agora reorganizariam, ou desorganizariam, o conhecimento. São três actos. Quis que fosse muito performativa por causa da questão do tempo. No primeiro acto havia desorganização, no segundo acto, organização, e no terceito acto, reorganização e novamente

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desorganização, que é aquilo que os artistas fazem: reorganizam o mundo e o conhecimento. Há um caso ou outro que rompe com isso. O Sancho Silva, por exemplo, fez uma peça também irónica, cá fora, que se chama museu de rua e é uma espécie de termómetro do espaço público. Devia ser um colector de memórias de rua, dando aos transeuntes a possibilidade de lá colocarem uma peça sua e de serem também coleccionadores, mas as pessoas colocam lá lixo. Não foi já ironia virar a estante para fora, para o jardim da Coordoaria, para que o museu viesse até ao espaço público. Quis que quem passasse na rua visse os depósitos, que são aquilo que está escondido. Uma das poucas linhas do meu caderno de encargos era dar visibilidade aos depósitos da Universidade. A melhor forma de a satisfazer era criar uma estrutura voltada para a rua. Um dos problemas da Universidade é justamente a relação com a cidade. É absurdo porque é tão grande e está tão disseminada que a sua importância deveria ser muito maior. Agora está-se a alterar esse estado de coisas, mas até há muito pouco tempo foi um gigante escondido, com excelentes núcleos de investigação, com professores com grande protagonismo, mas invisível enquanto estrutura, muito afastada do espaço público. Achei que fazia sentido colocar o depósito em frente a três grandes portas viradas para a rua e mostrá-lo dessa forma.

Disse que tinha que produzir um acontecimento para chegar até ao presente…Houve duas performances no dia da inauguração. A performance é a arte do presente, do presente absoluto, do que está a acontecer. Quis que as peças viessem pelo menos até aquele momento. Performance é uma palavra usada em termos artísticos, mas também em termos de capacidade física. Decidi explorar a noção de performance nos dois sentidos. Considerei importante no dia da inauguração haver também uma prova de esforço: na estrutura da entrada estava um atleta a correr e um cientista do desporto fazia a monitorização da sua performance. Um performer, um coreógrafo, fazia uma performance no território dos artistas. Construía uma ponte – as pontes são também um dos temas da exposição (temos pontes emblemáticas, a do Eng. Correia de Araújo sobre o Tua, logo à entrada, e o cimbre da ponte da Arrábida, cá atrás). Achei interessante ter uma ponte construída em tempo real na inauguração… e o Tiago Guedes fez uma ponte, que é um modelo da ponte 25 de Abril.

Havendo tantas histórias dentro da história, há pouca informação na exposição.Entendi que devia ter níveis diferentes de organização. Tem, de facto, uma estrutura muito organizada, com quatro níveis semióticos: o primeiro, o do depósito, o segundo, o do senso comum (pedra, vida, etc,), o terceiro já com alguma descrição científi ca e depois um nível da identifi cação do que está dentro de cada um dos 35 módulos. É obssessiva com a sua própria descrição, mas depois tem zonas de disrupção da organização e de leituras múltiplas. Aqui aproximamo-nos um bocadinho de um território sensível que é o do conceito do comissário artista. Até que ponto um comissário tem legitimidade para criar uma obra com a obra dos outros? Penso que tem legitimidade para produzir uma obra polissémica. O trabalho curatorial é mais um trabalho de autor do que um trabalho museológico. O último módulo contém as últimas cinquenta teses de doutoramento de toda a Universidade. Ali está o mais recente conhecimento científi co nela produzido e está também representada a cultura escrita.

Qual deveria ser para si o futuro das colecções da Universidade?Penso que faz sentido que haja uma estrutura comum, mas não que se destruam as colecções; faz sentido preservar as lógicas de parentesco e de proximidade que as peças foram estabelecendo entre si ao longo do tempo, e não desarticulá-las. Não deve ser destruída a genealogia das colecções, que devem manter relações de proximidade com os locais em que se encontram. É importante criar uma plataforma comum, em termos virtuais, que enforme todas as colecções e todos os museus, mas que lhes permita uma existência relativamente autónoma, e as suas idiossincrasias. O ponto sensível é justamente encontrar até que circunstância devem ser mantidas as especifi cidades de cada colecção e de cada museu, e a partir de onde é necessário encontrar uma plataforma de normalização que permita apresentar globalmente as colecções. Topologicamente, não faz sentido trazer as colecções para um mesmo espaço físico, mas sim criar num espaço físico comum um núcleo expositivo, mutante, que possa ir evoluindo e chamar a atenção, que possa ir sendo reinterpretado e que funcione como um farol dos museus. O museu dos museus, numa lógica cartográfi ca, pode ser um mapa das colecções em que há uma zona central, espécie de introdução à colecção global. O verdadeiro museu seria o mapa por onde as pessoas circulam e onde vão visitar as peças no seu territórtio de origem.

Paulo cunha e silva

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4� | se dignava a aparecer, que estes eram os autores da carta e da armadilha que lhe fora armada. Zangado e com cara de poucos amigos, levantou-se e saiu.Nos dias seguintes, as sessões do café Diu continuaram com o ritmo costumeiro, porém com uma ligeira alteração – Silva passou a sentar-se numa mesa sozinho no fundo da sala, sem cumprimentar qualquer colega.Nessa época, a ausência de telemóveis, levava a que quem quisesse comunicar com um frequentador do café tivesse de ligar para o telefone central fixo e mandasse chamar o visado.Todos os dias, pelo meio da tarde, ouvia-se um empregado, usando um altifalante, levantando a voz e pedir:– Chama-se ao telefone o Senhor Silva. A chamada é da Maria Albertina.O pedido era acompanhado por uma gargalhada geral e o Silva mais isolado ficava no seu canto.

Acabo como comecei – Desculpa-me, Silva!Calculo que recordarás, magoado, esta história, mas tens de confessar que ele teve imaginação e tu mereceste!

Francisco José Guerreiro Gomes(Farmácia)

* Nome fictício de um personagem verdadeiro.

uporto ideNtidadeS

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estórias da universidade

Nos anos 60 do século passado, o ambiente do café Diu era o descrito na revista UPORTO de Dezembro de 2006. Como antigo aluno da Faculdade de Farmácia na Rua Aníbal Cunha, posso testemunhar o permanente ambiente de tertúlia estudantil que aquelas quatro paredes albergavam. Ali se estudava, conversava e se preparavam raids às noites do Porto e dos seus arredores.Porque estávamos no Carnaval, lembrei-me de propor à direcção da nossa revista UPORTO a reprodução de uma história real que nos encheu de divertimento nos tais anos 60.Aqui vai ela e que me desculpes, ó Silva!

Silva era um colega, trabalhador-estudante, oriundo do centro do país que, semanalmente, se deslocava ao Porto de comboio para frequentar as aulas. Já era casado e dormia num quarto alugado na Rua da Boavista. A senhoria tinha outros quartos também alugados. Num destes, vivia o Fernando, um estudante de Farmácia amigo do nosso herói.Silva era um português típico. Quando fora de casa, amigo de pândegas e exibindo junto dos colegas as suas aventuras amorosas que, na sua versão, nasciam sempre da “impressão” que causava junto do sexo feminino.Na realidade, o Fernando resolvera desmascarar o pseudo Don Juan da linha do Norte.Começou por preparar uma carta romântica, assinada por uma imaginária Maria Albertina, que se declarava ao Silva após ter viajado com ele no comboio. Descrevia o agrado da sua companhia e da sua conversa, sugerindo, por isso, que se encontrassem num dia, a certa hora, num café da Praça Carlos Alberto.Silva sentiu-se inchado e não cabia em si de contente. Claro que não resistiu e mostrou a carta ao colega Fernando (que a havia escrito). Este deu-lhe os parabéns pelo feito e aconselhou-o a não faltar e, como cavalheiro, a levar umas flores.No dia e um pouco antes da hora marcada, lá estava numa mesa do café o nosso estudante, todo engomado, de gravata nova e ansioso, bebendo uma bica e lendo o jornal para se dominar.À hora marcada, a porta foi sendo franqueada por um grupo de estudantes, conhecidos e amigos do Silva que se sentavam despreocupadamente nas outras mesas em volta. Ninguém olhava para o Silva que enterrava a cabeça no jornal tentando não ser reconhecido. No meio do grupo figuravam, não só o Fernando, como até o próprio cunhado que tinham convidado.Claro que a dúvida, se foi insinuando no espírito do Don Juan que, finalmente, percebeu, uma vez que a Maria Albertina não

café diu (Parte ii)“desculpa-me, Silva*”

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“eStÓriaS da uNiverSidade do porto”, um desafio ao leitor

a uPorto aguarda o contributo de actuais ou antigos alunos, docentes ou funcionários da universidade do Porto, em cerca de 2.500 caracteres (incluindo espaços), ou sensivelmente página e meia de texto manuscrito para cada “estória”, através do e-mail [email protected] ou da morada: uPorto – estórias, serviço de comunicação e imagem da reitoria da universidade do Porto, Praça gomes teixeira, s/n, 4099-002 Porto.

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uporto CrÓNiCa

Poema de jorge de sousa braga ilustraçÃo de valdemar santos

barragem da bemPosta

As águas que alimentam estas

turbinas não se reconhecem

quando são devolvidas ao leito

do rio. Algo da sua essência

navega agora nos cabos de

alta tensão. Quase precisam

– essas águas – de serem agora

conduzidas pela mão.

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uporto a Saber

o impacto do terrorismo nas Cadeias globais de abastecimentoJonas Lima

O autor é licenciado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores pela FEUP em 2001, e Mestre em Logística pela Escola de Gestão da U.Porto (2005). Desenvolve actividade de consultor nos domínios da logística, produtividade, e gestão de projectos. É actualmente docente da Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.Nesta obra justifica-se a necessidade das cadeias avaliarem o risco que lhes está associado e que características gerais deverão ter os respectivos planos de gestão de risco, caracterizando-se brevemente os tipos de terrorismo existentes. Pretende-se isolar do “bolo” do Risco a fatia correspondente ao Terror, procurando formas adequadas para o seu tratamento e quantificação nos sistemas logísticos actuais, destacando-a dos restantes riscos genéricos. Desenvolve-se uma proposta de modelização que permita a cada um dos elos de uma determinada cadeia, quantificar o nível de risco que ele próprio possui e a cadeia em que se encontra. O autor faz o levantamento das medidas de segurança mais significativas para as cadeias, cujo desenvolvimento e implementação tenha por objectivo fazer face à ameaça terrorista.De seguida, caracteriza a cadeia de abastecimento da indústria farmacêutica e testa-se a aplicabilidade da metodologia proposta concluindo-se com comentários finais sobre o estado actual da segurança nas cadeias de abastecimento e as linhas de orientação para o futuro.

edição: Editora UPpreço: 17 euros

rómulo de Carvalho na universidade do porto (19�8-1931)José Moreira de Araújo

Publicação evocativa da passagem de Rómulo de Carvalho pela U.Porto da autoria de José Moreira de Araújo, professor catedrático (jubilado) da FCUP que, de forma sucinta, enquadra a passagem de Rómulo de Carvalho pela Universidade sob o ponto de vista histórico, pessoal e da própria Universidade. Inclui extractos das “Memórias” (ainda inéditas) escritas nesta época da sua vida.«Há já alguns anos foi encontrado, no material que o Departamento de Física da Faculdade de Ciências do Porto entregara ao Museu de Ciência, um trabalho escolar de Rómulo de Carvalho. Foi então sugerida a sua publicação pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, ao tempo presidida pelo Prof. Ramôa Ribeiro. Pareceu, no entanto, que o trabalho, pela sua natureza e pequena extensão, dificilmente faria sentido sem ser acompanhado de uma evocação do clima social e académico da época que Rómulo passou no Porto, 1928 a 1931. No presente ano do seu centenário decidiu-se avançar com aquele projecto.»(José Moreira de Araújo)

edição: Editora UPpreço: 15 euros

�0 desenhos de antónio CardosoAntónio Cardoso

A colecção de desenhos que António Cardoso propõe surge na sequência de um percurso em que o encontro com a paisagem se torna decisivo: desde sempre, numa obra do pintor, a descoberta das estruturações naturais e dos ritmos nelas existentes, a observação atenta dos conjuntos arquitectónicos e da sua complexa envolvência especial, são dominantes, qualquer que seja a técnica materializadora ou os resultados a que chegue. (…) Assim, este conjunto de desenhos que a vários lugares e tempos, do mundo e do autor, pede a sua origem, assume-se com a unidade que uma estrutura mental lhe confere; e continuadamente remetendo para um real físico distante, escreve o silêncio e a luz de uma situação em definitivo ambígua: a do homem, entre a (in)sondável finitude e a alegria.” (Diogo Alcoforado)António Cardoso nasceu em Amarante em 1932. Frequentou a Academia Alvarez, a Escola Superior de Belas Artes e a Faculdade de Letras da Universidade do Porto onde se licenciou em História e doutorou na área da História da Arte com o tema: O Arquitecto José marques da Silva e a Arquitectura do Norte do País na primeira metade do séc. XX. Aqui leccionou várias cadeiras, nomeadamente Sociologia da Arte e História da Arte do Séc. XX. É autor de vários trabalhos sobre História da Arte e da Arquitectura, Arqueologia e História Local. É Director do Museu Amadeo de Souza Cardoso/ Amarante.

edição: Editora UPpreço: 19 euros

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revista “linguística”Maria da Graça Pinto (direcção)

Surgiu uma nova revista dedicada à investigação fundamental e aplicada na área da linguística ou em outras disciplinas relacionadas com a linguagem e as línguas naturais. A revista “Linguística” é editada conjuntamente pela Secção de Linguística do Departamento de Estudos Portugueses e de Estudos Românicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e do Centro de Linguística da Universidade do Porto. A publicação tem, “de momento”, escreve Maria da Graça Pinto, professora daquele Departamento e directora da publicação, periodicidade anual. Neste mesmo texto de apresentação da revista, publicado no “Espaço da Direcção”, Graça Pinto enuncia os propósitos da publicação: “(…) julguei de interesse que este primeiro volume fosse um espaço partilhado por especialistas portugueses e estrangeiros que, ao longo dos últimos anos, se têm reunido com um objectivo muito peculiar: conciliar a produtividade com qualidade científica sem esquecer a apreciação das pesquisas realizadas por parte dos seus pares e a sua divulgação junto de um público que se pretende cada vez mais abrangente”. Este primeiro número da “Linguística” é de cunho geral, mas os editores pretendem que o próximo seja temático.

edição: Secção de Linguística do Departamento de Estudos Portugueses e de Estudos Românicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e do Centro de Linguística da Universidade do Porto

Mecânica dos SolosManuel Matos Fernandes

Escrito visando ir de encontro às necessidades de quem se inicia no estudo da Mecânica dos Solos, matéria cujo ensino está, na FEUP, a cargo do autor há mais de 20 anos, este livro não pretende ser superficial e introdutório. Pelo contrário, o autor teve como objectivo atingir um tratamento aprofundado e abrangente do assunto, adequado não só aos futuros engenheiros mas também aos profissionais da área. O livro, estruturado em seis capítulos, menciona frequentemente as obras e os solos portugueses de forma a ilustrar as explicações e os conceitos nele apresentados. Este é igualmente enriquecido por uma selecção de fotografias. De mencionar que autor pretende completar este primeiro manual, referente à disciplina Mecânica dos Solos 1, com um segundo volume sobre primeiras aplicações, matéria leccionada noutro semestre aos mesmos alunos de Engenharia de Civil. O lançamento desta obra teve lugar na FNAC de Santa Catarina, a 16 de Outubro, integrada no evento A U.Porto na FNAC. O livro “Mecânica dos Solos: Volume I – Conceitos e princípios fundamentais” poderá ser encomendado no website da FEUP Edições (http://feupedicoes.fe.up.pt) ou em qualquer livraria nacional. Para mais informações contacte a FEUP Edições através do e-mail ([email protected]) ou do telefone 225081498.

edição: FEUP Ediçõespreço: 25 euros

preços de transferência – casos práticosGlória Teixeira (coordenação)

Na sequência de publicação da obra sobre Preços de Transferência e o Caso Português, e tomando em consideração a sua boa aceitação pelo público em geral, surge agora uma segunda edição que se propõe actualizar e desenvolver a primeira, nomeadamente com a inclusão do regime fiscal dos intangíveis em sede de preços de transferência e métodos aplicáveis, e ainda jurisprudência recente do Supremo Tribunal Administrativo sobre a temática, bem como instrumentos internacionais entretanto publicados. Ao nível da organização da legislação, chama-se a atenção do leitor para as recentes alterações legislativas no âmbito de medidas anti-abuso, através do aditamento de um novo artigo (art. 58º-A CIRC) em sede de preços de transferência e adaptação do regime de subcapitalização português ao princípio da não-discriminação, implementado pelo Tribunal de Justiça da União Europeia. Tendo a Comissão Europeia apresentado, a 10 de Novembro de 2005, uma proposta de Código de Conduta em sede de preços de transferência, apresentam-se nesta publicação as duas versões linguísticas deste código, respectivamente em português e inglês. A coordenadora, Glória Teixeira, é professora de Direito Fiscal da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP) e coordenadora do CIJE (Centro de Investigação Jurídico-Económica). (adaptado do website da editora Vida Económica).

edição: Vida Económicapreço: 23 euros

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uporto toMe Nota

48 | 15 a 18 de marçov MoStra da uNiverSidade do portoCiêNCia, eNSiNo e iNovaÇÃoPavilhão rosa mota, das 10 às 19h. sábado: das 10 às 23h. entrada gratuitaa u.Porto muda-se em peso para o Pavilhão rosa mota, mostrando ao público, do qual elege como principais destinatários os alunos do ensino secundário, a ciência que se faz na universidade, nas vertentes ensino, investigação e inovação. o contacto directo com o público é assegurado pelos docentes e investigadores da instituição que, para o evento, desenharam propostas de interactividade e experimentação. a mostra pretende abrir a universidade à cidade, esclarecendo dúvidas sobre a oferta a nível da formação, de modo a informar as escolhas.

20 de marçoSuJeitoS a Criar (depÓSito) CoM a idadereitoria da universidade do Porto, 18ha propósito do dia mundial da Poesia 2007, numa organização da reitoria da u.Porto com conceito e direcção de rui reininho, este acontecimento propõe-se envolver a instituição “num manto diáfano de poesia”. a ocasião a assinalar é também a da presença no edifício da exposição “depósito. anotações sobre densidade e conhecimento” em torno das colecções museológicas da universidade, como o título da iniciativa permite suspeitar pelo subtil reenvio.reininho convidou o actor jorge loureiro e kika santos para esta incursão de fim da tarde de celebração da poesia na universidade. os poemas, escolhidas para serem ditos numa amplitude que vai do sec. xvi aos nossos dias, “circunscrevem-se à muy nobre e sempre leal cidade do Porto”. o percurso dos “diseurs” rui reininho e jorge loureiro inicia-se na cidade envolvente, café “Piolho” e livraria lello (consta que ruidosamente), percorre os espaços da exposição depósito e desenvolve-se pelos corredores e pisos da reitoria, até à sala de vídeo-conferência, no 4º piso. aí, em vídeo-conferência, ligação lisboa, kika santos irá também ela dizer poesia. como explica o poeta no como & quando desta realização: “…pelo bairrismo internacionalista da palavra, por uns momentos de pura insanidade na nossa cultura e, porque não, pela civilização, pela leitura”.

22 de março dia da uNiverSidade do portoSeSSÃo SoleNe CoMeMorativa salão nobre, reitoria da u.PortoPraça gomes teixeira (aos leões), 10h30Programa:abertura pelo reitor da universidade do Porto, josé carlos marques dos santos.intervenções:joão fernandes (director do museu de arte contemporânea de serralves), em representação dos antigos alunos;joão araújo (Presidente da associação de estudantes da feuP), em representação dos estudantes;arnaldo azevedo (director do serviço de recursos humanos e expediente da reitoria), em representação dos funcionários não docentes. entrega do prémio “investigação científica na Pré-graduação” (atribuído pela fundação ilídio Pinho com o patrocínio da caixa geral dos depósitos).entrega de diploma aos estudantes distinguidos com o Prémio utopia u.Porto 2005 (concurso de escrita e ilustração sob o tema “do outro lado do muro”).entrega de diplomas aos estudantes contemplados com o Prémio incentivo (galardão para os melhores estudantes dos primeiros anos de cada faculdade da u.Porto).entrega de diploma aos docentes galardoados com o Prémio “excelência e-learning u.Porto” (distingue os docentes da u.Porto que utilizam as plataformas de e-learning da universidade para disponibilizar conteúdos on-line de apoio às disciplinas leccionadas. o prémio, no valor de 5 mil euros, é atribuído ao melhor projecto de e-learning cada ano lectivo).Proclamação de Professores eméritos da universidade do Porto (distinção destinada a reconhecer a contribuição especial que um professor jubilado deu e poderá continuar a dar à universidade. galardoados: Prof. doutor josé novais barbosa, Prof. doutor carlos da silva corrêa e Prof. doutor joão machado cruz).discurso de artur santos silva (presidente do ca do bPi), sobre “universidade e criação de valor”.

13 de abrilorQueStra de taNgoS da aaoupauditório da faculdade de engenharia, 21h30. entrada gratuitaa orquestra de tangos da associação dos antigos orfeonistas da universidade do Porto comemora 70 anos de existência no auditório da faculdade de engenharia com uma sessão solene seguida de actuações. a abertura está a cargo do reitor da u.Porto e será seguida de boas vindas pelo presidente da aaouP. florêncio de vasconcelos fará, depois, um historial da orquestra. o programa inclui a audição da actual orquestra de tangos e a actuação de antigos cantores da orquestra. de seguida, terá lugar uma homenagem a aureliano da fonseca (professor jubilado da faculdade de medicina) que integra a audição de “amores de estudante”com todos os muchachos. a noite encerra com um Porto de honra e com a apresentação de “70 anos de memórias” um audiovisual em projecção contínua.

11 a 18 de maioiNput 07 – i feStival aNual de teatro da uNiverSidade do portoestúdio latino (teatro sá da bandeira)iniciativa conjunta da u.Porto (iricuP) e da plataforma dos grupos de teatro da u.Porto, que pretende dar a conhecer o trabalho efectuado pelos grupos de teatro e valorizá-lo.

até 30 de junhoeXpoSiÇÃo “depÓSito. aNotaÇÕeS Sobre deNSidade e CoNheCiMeNto”reitoria da u.Porto, Praça gomes teixeira, átrio principal e antigo átrio de química, das 9h às 20h570 peças oriundas de núcleos museológicos da u.Porto, um percurso delineado entre dois pólos, que pretende traduzir o processo de organização do conhecimento, tornando-o patente numa estante de grandes dimensões (12,5x7m), e em diálogo com 14+1 artistas contemporâneos: andré cepeda, eduardo matos, joão leonardo, mafalda santos, manuel santos maia, marta de menezes, miguel flor, miguel Palma+antónio caramelo, nuno ramalho, Pedro tudela, renato ferrão, rita castro neves, sancho silva, tiago guedes.visitas guiadas por Paulo cunha e silva: 21 de março, 4 e 18 de abril, 2 e 16 de maio, às 18h.informaçÕes: ana martins: t. 22 040 8171