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P O R T A R I A 001 DE 11 DE JANEIRO DE 1.988 O SECRETÁRIO DE SEGURANÇA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 131, VII, do Decreto nº 4.852, de 11 de outubro de 1979, R E S O L V E : Baixar, na forma do anexo, o Regimento Interno dos Estabelecimentos Penais da Secretaria de Segurança Pública, já devidamente apreciado pelo Conselho Penitenciário e Juízo das Execuções Criminais do Distrito Federal. Brasília-DF, 11 de janeiro de 1.988 JOÃO MANOEL SIMCH BROCHADO Secretário de Segurança Pública

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P O R T A R I A Nº 001 DE 11 DE JANEIRO DE 1.988

O SECRETÁRIO DE SEGURANÇA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 131, VII, do Decreto nº 4.852, de 11 de outubro de 1979,

R E S O L V E : Baixar, na forma do anexo, o Regimento Interno dos Estabelecimentos Penais da Secretaria de Segurança Pública, já devidamente apreciado pelo Conselho Penitenciário e Juízo das Execuções Criminais do Distrito Federal. Brasília-DF, 11 de janeiro de 1.988

JOÃO MANOEL SIMCH BROCHADO Secretário de Segurança Pública

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES INTRODUTÓRIAS

Art. 1º - A Coordenação do Sistema Penitenciário do Distrito Federal – COSIPE, adota os princípios contidos nas REGRAS MÍNIMAS PARA O TRATAMENTO DOS RECLUSOS E RECOMENDAÇÕES PERTINENTES formuladas pela Organização das nações Unidas – ONU, respeita as diretrizes fixadas nas RECOMENDAÇÕES BÁSICAS PARA UMA PROGRAMAÇÃO PENITENCIÁRIA, editadas pelo Ministério da Justiça e cumpre as Leis nº 7.209 e 7.210 de 11 de julho de 1984 (Código Penal – Parte Geral e Lei de Execução Penal).

Art. 2º - A Coordenação do Sistema Penitenciário do Distrito Federal –

COSIPE é subordinada diretamente ao Secretário de Segurança Pública. Art. 3º - O presente Regimento aplica-se ao Núcleo de Custódia de Brasília –

“NCB”, à Cadeia Pública – “CP”, ao Centro de Internamento e Reeducação – “CIR”, à Colônia Agrícola, Industrial ou Núcleo de Prisão Semi-Aberta – “CAINPSA”, à casa do Albergado- “CA”, ao Centro de Observação – “CO”, ao Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico – “HCTP” e demais estabelecimentos prisionais que venham a fazer parte do Sistema Penitenciário do Distrito Federal.

CAPÍTULO II

DO NÚCLEO DE CUSTÓDIA DE BRASÍLIA

- NCB -

Art. 4º - O Núcleo de Custódia de Brasília é o presídio do Distrito Federal e se destina a receber presos provisórios do sexo masculino e feminino.

§ 1º - Excepcionalmente, enquanto não for instalada a Penitenciária

feminina, as mulheres cumprirão pena no NCB. § 2º - Haverá alas separadas e tratamento compatível para as internas, não

se permitindo contato promíscuo com internos e servidores. Art. 5º - O regime do NCB é o de segurança máxima. Sua guarda externa

será feita pela Polícia Militar, com contingentes especialmente treinado para o serviço, sendo-lhes vedados o trânsito e a permanência na parte interna do estabelecimento, exceto, quando necessário, em reforço à guarda interna, a qual incumbe, com exclusividade, a Agente Penitenciários.

Art. 6º - Por motivo de excesso de lotação no CIR, excepcionalmente e com autorização judicial, os presos condenados ficarão recolhidos no NCB ou em outro local adequado e seguro.

Parágrafo Único - Neste caso, os condenados deverão ser recolhidos

separadamente dos demais, recebendo tratamento compatível com a sua situação prisional. Art. 7º - Em casos excepcionais, com autorização judicial e pelo estrito

tempo necessário, presos provisórios e condenados poderão ficar recolhidos nas Delegacias de Polícia da Secretaria de Segurança Pública ou quartéis da Polícia Militar.

Art. 8º - Haverá alas especiais para jovens-adultos, policiais, presos por

prisão civil e com direito a prisão especial (art. 295 do CPP). Art. 9º - Aos presos provisórios aplicar-se-á tratamento prisional sem rigor

penitenciário, com direito ao trabalho, ao lazer à educação e instrução curricular e profissionalizante, às assistências médica em geral, religiosa da sua fé, social e jurídica, assim como regime disciplinar prescrito na Lei de Execução Penal e neste Regimento.

Art. 10 - Será assegurado aos presos provisórios eficiente comunicação com

seus advogados, de maneira que garanta o sigilo nas entrevistas. Art. 11 - O Transporte de presos provisórios para atender aos chamados do

Judiciário e da Polícia Civil será da responsabilidade da Direção do Estabelecimento, que deve velar pela segurança e rapidez do atendimento, que será sempre feito através de requisição de autoridade judicial.

CAPÍTULO III

DA CADEIA PÚBLICA

- CP –

Art. 12 – Poderão ser criadas Cadeias Públicas nas Cidades Satélites de maior índice populacional.

Parágrafo Único – As instalações das Cadeias Públicas observarão o

disposto na Lei de Execução Penal.

CAPÍTULO IV

DO CENTRO DE INTERNAMENTO E REEDUCAÇÃO

- CIR -

Art. 13 - O Centro de Internamento e Reeducação é a penitenciária do Distrito Federal e tem como finalidade receber presos condenados do sexo masculino.

Art. 14 - O CIR terá regime de segurança máxima. Sua guarda externa será

realizada pela Polícia Militar, com contigentes especialmente treinados para o serviço, sendo-lhes vedados o trânsito e a permanência na parte interna do estabelecimento, exceto, quando necessário, em reforço à guarda interna, a qual incube, com exclusividade, a Agente Penitenciários.

Art. 15 - Aos presos assegura-se regime compatível com sua situação

prisional, com direito ao trabalho, ao lazer, à educação curricular e profissionalizante, às assistências médicas em geral, religiosa da sua fé, social, jurídica, bem como se lhes aplica o regime disciplinar estabelecido na Lei de Execução Penal e neste Regimento.

Art. 16 - Haverá alas especiais para policiais e com direito a prisão especial

(art. 295 do CPP). Art. 17 - Será assegurado aos presos condenados eficiente comunicação com

seus advogados, de maneira que garanta o sigilo nas entrevistas. Art. 18 - O transporte de presos condenados para atender aos chamados do

Judiciário e da Polícia Civil será de responsabilidade da Direção do Estabelecimento, que deve velar pela segurança e rapidez do atendimento, que será sempre feito através de requisição de autoridade judicial.

CAPÍTULO V

DA COLÔNIA AGRÍCOLA, INDUSTRIAL OU NÚCLEO DE PRISÃO SEMI-ABERTA

- C.A.I.N.P.S.A - Art. 19 - A colônia Agrícola, Industrial ou Núcleo de Prisão Semi-Aberta

destina-se ao cumprimento da pena em regime semi-aberto. Art. 20 - O condenado poderá ser alojado em compartimento coletivo,

observados os requisitos da Lei de Execução Penal. Parágrafo Único - São também requisitos básicos das dependências

coletivas: a) a seleção adequada dos presos;

b) o limite de capacidade máxima que atenda os objetivos de individualização da pena.

CAPÍTULO VI

DA CASA DO ALBERGADO

- C.A -

Art. 21 - A Casa do Albergado, destina-se:

I. abrigar internos em cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e de pena de limitação de fim de semana;

II. assistir o egresso em sua reintegração á vida em liberdade; III. proporcionar ao egresso, quando necessário, alojamento e

alimentação durante dois meses; IV. colaborar com egresso na obtenção de trabalho.

Art. 22 - O estabelecimento terá instalações para os serviços de fiscalização e orientação dos condenados, observando-se o que a respeito dispõe a Lei de Execução Penal.

CAPÍTULO VII

DO CENTRO DE OBSERVAÇÃO

- C.O -

Art. 23 - No Centro de Observação serão realizados exames gerais e

criminológicos dos internos dos estabelecimentos penais do Distrito Federal, na forma prevista na Lei de Execução Penal.

Parágrafo Único - No Centro poderão ser realizadas pesquisas

criminológicas e acompanhamento do tratamento de internos.

CAPÍTULO VIII

DO HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO

- H.C.T.P - Art. 24 - O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico é um

estabelecimento prisional e destina-se a custodiar e tratar inimputáveis e semi-imputáveis. Art. 25 - À esta unidade médica compete:

I. organizar e manter assistência médica e odontológica, a enfermaria e a farmácia;

II. realizar exames clínicos em internos; III. encaminhar ao isolamento os internos portadores de doença

contagiosa, comunicando os casos à autoridade competente.

Art. 26 - O tratamento ambulatorial, previsto na Lei Penal, será de competência desta unidade, ou em outro local com dependência médica adequada, mediante autorização judicial.

CAPÍTULO IX

DO INGRESSO, TRANSFERÊNCIA E SAÍDAS DO PRESO

Art. 27 - O ingresso do preso no sistema será feito no NCB e somente por

ordem escrita da autoridade competente. Art. 28 - O preso, ao ingressar no sistema, terá aberto em seu nome um

prontuário, devidamente numerado em ordem seriada, onde serão anotados, entre outros: seus dados de qualificação de forma completa; dia e hora do ingresso; grau de instrução situação de saúde física; aptidão profissional e se condenado, a data real do término de sua pena.

Parágrafo Único - No prontuário ficarão arquivados todos os documentos

relativo ao preso. Art. 29 - O encarregado do prontuário responderá pessoalmente pela

manutenção do sigilo das informações nele contidas, somente podendo fornecer dados ao judiciário, ao Conselho Penitenciário, à Direção do estabelecimento ou à Comissão Técnica de Classificação.

Art. 30 - Feito o prontuário, o preso será minunciosamente instruído acerca

das normas de procedimentos adotadas no Estabelecimento, recebendo um exemplar dos direitos e deveres prescritos no Estabelecimento, recebendo um exemplar dos direitos e deveres prescritos no presente Regimento.

Parágrafo Único - Os analfabetos serão instruídos oralmente. Art. 31 - O preso condenado cumprirá um período inicial, considerado

probatório, de cento e oitenta (180) dias, durante os quais terá seu comportamento e desempenho avaliados pela Comissão Técnica de Classificação.

Parágrafo Único - O prazo de que trata este artigo, nas penas até dois anos,

será estabelecido pelo Diretor, ouvida a Comissão Técnica de Classificação. Art. 32 - Sempre que possível, haverá separação entre presos de

comportamento, tendências, níveis de educação e faixa etária diversas.

Parágrafo Único - O preso primário cumprirá pena em seção distinta daquela

reservada para os reincidentes. Art. 33 - O preso transferido do NCB para o CIR, será acompanhado do seu

prontuário e de informações sobre conceito, elogios e punições, devendo restar apenas a ficha prisional no estabelecimento de origem.

Art. 34 - O Diretor do Estabelecimento ou Conselho Disciplinar informará

sobre presos transferidos, de modo a facilitar sua classificação. Art. 35 - Na época de transferência, se o preso estiver cumprindo pena

disciplinar, a mesma poderá ser concluída no outro estabelecimento. Art. 36 - As transferências para unidades prisionais de outros estados da

federação deverão ser feitas através de autorização judicial, contendo relato sobre a situação do interno.

Art. 37 - A soltura do preso dar-se-á pelo término do cumprimento da pena

ou em virtude de algum benefício incidente, sempre por ordem escrita da autoridade judiciária competente.

Art. 38 – Poderá haver saídas excepcionais, na forma e pelo modo

autorizado nos artigos 120 e 121 da Lei de Execução Penal.

CAPÍTULO X

DA CLASSIFICAÇÃO

Art. 39 - A classificação do preso far-se-á pela Comissão Técnica de

Classificação, consoante o rendimento apurado através do seu comportamento e desempenho prisional.

Art. 40 - Haverá 03 (três) graus de classificação:

BOM; REGULAR; e MAU.

§ 1º - Os requisitos serão os constantes da ficha prisional, além da soma dos conceitos dados por escrito pelos membros.

§ 2º - Durante o período probatório não haverá classificação de

comportamento.

Art. 41 - Punição ou comportamento incompatíveis praticados pelo preso podem importar em desclassificação, além de aplicação de penalidade. A desclassificação importa no retorno a qualquer grau inferior.

Art. 42 - As alterações de classificação não podem ocorrer em períodos

inferior a seis meses. Art. 43 - Qualquer alteração na classificação ou desclassificação terá de ser

fundamentada. Art. 44 - Da desclassificação caberá recurso, oral ou escrito, para o Diretor

do estabecimento, no prazo de 08 (oito) dias úteis, contados da data em que for dada ciência ao preso.

Parágrafo Único - O recurso a que se refere este artigo será assinado pelo

interessado, e redigido por ele ou por estagiário de Direito, advogado, Defensor Público, Promotor de Justiça ou Procuradoria do Distrito Federal.

CAPÍTULO XI

DO TRATAMENTO PENITENCIÁRIO

Art. 45 - O tratamento penitenciário terá como objetivo efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal, a emenda do preso e a preparação de sua volta à sociedade.

Art. 46 - São instrumentos de tratamento penitenciário, entre outros:

I. assistência material, médica, jurídica, educacional, social e religiosa;

II. trabalho; e III. disciplina.

§ 1º - A assistência visa ao atendimento das necessidades morais, espirituais

e materiais do preso e será prestada nas modalidades social, religiosa, jurídica, médica e educacional.

§ 2º - A educação tem por fim atingir um mínimo ético-social quanto à personalidade do preso. Nela se inclui o lazer prisional.

§ 3º - O trabalho, de qualquer natureza, é obrigatório e remunerado, podendo

ser realizado dentro ou fora do estabelecimento, na forma prevista na Lei de Execução Penal.

§ 4º - A disciplina será aplicada visando a obter o hábito da ordem e o

sentimento de respeito à autoridade e ao semelhante, devendo o preso ter conhecimento amplo do regime e do tratamento prisional.

§ 5º - O preso e/ou internado, usará o tipo de vestimenta a ser adotado e distribuído pela COSIPE ou por ela permitido.

CAPÍTULO XII

DA ASSISTÊNCIA PENITENCIÁRIA

SECÇÃO I DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 47 - A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o

internado e prepará-lo para o retorno à liberdade. Art. 48 - A assistência social, exercida por profissionais qualificados, será

prestada diretamente ao interno e a sua família. Parágrafo Único – É facultado o auxílio de entidades públicas ou privadas

nas tarefas de atendimento social. Art. 49 - Incumbe ao Serviço de Assistência Social:

I. conhecer os resultados dos diagnósticos e exames; II. relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os

problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido; III. acompanhar o resultado das permissões de saídas e de saídas

temporárias; IV. promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a

recreação; V. promover a orientação do assistido, na fase final do

cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno à liberdade;

VI. providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da previdência social e do seguro por acidente no trabalho;

VII. orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do internado e da vítima.

Art. 50 - Para os efeitos da assistência social, o conceito de família é

compreensivo de todos aqueles que mantenham relação de dependência com o preso, haja ou não parentesco legal.

SECÇÃO II

DA ASSISTÊNCIA RELIGIOSA

Art. 51 - A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos internados, permitindo-lhes a participação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa.

§ 1º - No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos. § 2º - Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar de

atividade religiosa. Art. 52 - A direção velará para que seja mantida, de forma atualizada, a

relação de religiosos e leigos e seus grupos, autorizados a trabalharem no estabelecimento prisional, onde constará a qualificação completa de cada um e o respectivo diretor, encarregado, ou orientador espiritual.

Art. 53 - Nenhum religioso ou leigo ou grupo religioso ou grupo leigo

poderá iniciar seus trabalhos sem antes ser advertido e instruído para os problemas prisionais e devidamente cientificado de que seu trabalho se deve desenvolver em harmonia com as normas do estabelecimento.

Art. 54 - Será permitido que os trabalhos religiosos se realizem fora do

estabelecimento, desde que haja prévia autorização do Juízo das Execuções Criminais. Art. 55 - Na realização de trabalhos internos dever-se-á dar preferência a

atividades ecumênicas. Art. 56 – De modo algum se permitirão cultos ou atividades que causem ou

possam causar tumultos ou delírios.

SECÇÃO III DA ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL

Art. 57 - A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do interno.

Art. 58 - O ensino de primeiro grau será obrigatório integrando-se no sistema escolar da Unidade Federativa.

Art. 59 - O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação ou aperfeiçoamento técnico.

Parágrafo Único - A mulher condenada terá ensino profissional adequado à

sua condição. Art. 60 - As atividades educacionais podem ser objeto de convênio com

entidade públicas ou particulares, que instalem escola ou ofereçam cursos especializados. Art. 61 - Em atendimento às condições legais, dotar-se-á cada

estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos.

Art. 62 - Não haverá limitação às formas de educação e instrução, devendo

dar-se ênfase especial às atividades artísticas, culturais e outras que possam produzir no preso nova visão da vida bem como se incentivar a educação física e profissionalizante.

Art. 63 - Será conferida especial atenção ao lazer prisional, voltada para o

relaxamento da tensão e para o entrosamento da vida social do preso, visando à sua integração à sociedade.

Parágrafo Único - Todas as formas sadias de lazer aconselhadas para o tipo e

idade dos presos devem ser desenvolvidas.

SECÇÃO IV DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA

Art. 64 - A assistência jurídica terá por fim a proteção dos direitos penais nos termos da Lei de Execução Penal e deste Regimento.

Parágrafo Único - Ao preso que puder defender seus direitos, sem prejuízo

dos seus encargos pessoais e familiares, não se dará assistência jurídica. Art. 65 - A assistência jurídica consiste nas seguintes tarefas:

I. manter o preso informado de sua situação jurídica penal; II. requerer e acompanhar todos os benefícios penais incidentes

na execução; III. manter contatos com o Juízo das Execuções, Tribunais,

Conselho Penitenciário e Direção do Estabelecimento no sentido de velar pela situação do preso;

IV. providenciar o recebimento de qualquer benefício extrapenal a que o preso tiver direito;

V. providenciar para que os prazos prisionais não sejam ultrapassados, requerendo o que for de direito;

VI. zelar pela situação patrimonial e cuidar dos registros civis do preso e de sua família.

Art. 66 - A assistência jurídica que se relacionar com recursos no foro será

desenvolvida por estagiário de Direito, Promotoria ou Defensoria Pública da Procuradoria do Distrito Federal.

SECÇÃO V

DA ASSISTÊNCIA MÉDICA

Art. 67 - A assistência médica será ampla, abrangendo a assistência dentária e o acompanhamento psicológico e psiquiátrico.

Art. 68 - Os Médicos, Dentistas, Psicólogos e Psiquiatras dos

estabelecimentos prisionais, farão atendimento ambulatorial e de emergência, encaminhando o preso, nos casos mais graves para atendimento nos hospitais da rede oficial.

Art. 69 - A assistência médica contará com uma farmácia, enfermaria e salas

de consultas. Art. 70 - O serviço de saúde prisional será auxiliado por pessoal de

enfermagem. Art. 71 - Ao ingressar no estabelecimento o preso será obrigatoriamente

submetido a exame de saúde, bem como ás medidas profiláticas e terapêuticas indicadas, lançando-se registro no seu prontuário.

Parágrafo Único – Tal exame inclui atendimento psicológico para efeito de

poder ser levantado um perfil de sua personalidade, além de exame dentário completo. Art. 72 - O preso terá asseguradas as medidas de higiene e conservação da

saúde durante todo o tempo do seu recolhimento. Art. 73 - Á assistência médica compete, entre outras, as seguintes atividades:

I. manter o fichário dos presos, com todas as alterações

cronologicamente registradas; II. velar pela inspeção sanitária da alimentação, vestuário e

dependências prisionais, comunicando à Direção qualquer irregularidade encontrada;

III. recomendar, em sendo o caso, exame de periculosidade ou de cessação desta;

IV. ajudar na manutenção da ordem interna, aliviando tensões pessoais ou coletivas;

V. realizar, quando solicitada, laudos técnicos acerca dos presos; e

VI. realizar, periodicamente, palestras para os presos, apreciando temas de interesse, como saúde, higiene, sexo, drogas e outros julgados apropriados.

SECÇÃO VI DO TRABALHO INTERNO

Art. 74 - O trabalho do condenado, como dever social condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.

§ 1º - Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho precauções

relativas à segurança e à higiene.

§ 2º - O trabalho do preso não está sujeito ao regime de Consolidação das

Leis do Trabalho. § 3º - O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não

podendo ser inferior a três quartos do salário mínimo. Art. 75 - O condenado á pena privativa de liberdade esta obrigado ao

trabalho na medida de suas aptidões e capacidade. Parágrafo Único - Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só

poderá ser executado no interior do estabelecimento. Art. 76 - Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em conta a

habilitação, a condição pessoal e as necessidades futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado.

§ 1º - Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem expressão

econômica. § 2º - Os maiores de sessenta anos poderão solicitar ocupação adequada à

sua idade. 1§ 3º - Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão atividades

apropriadas ao seu estado. Art. 77 - A jornada de trabalho não será inferior a seis, nem superior a oito

horas, com descanso nos domingos e feriados. Parágrafo Único - Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos

presos designados para os serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal. Art. 78 - O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou empresa

pública, com autonomia administrativa, e terá por objetivo a formação profissional do condenado.

§ 1º - Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora promover e

supervisionar a produção, com critérios e méritos empresariais, encarregar-se de sua comercialização, bem como suportar despesas, inclusive pagamento de remuneração adequada.

§ 2º - Todas as importâncias arrecadadas com as vendas reverterão em favor da fundação ou empresa pública.

Art. 79 - O trabalho externo será admissível para os presos em regime

fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina.

§ 1º - A verificação das condições de admissibilidade, conveniência e

oportunidade do trabalho externo será realizada pela Comissão Técnica de Classificação, a cujo parecer, entretanto, não ficará adstrito o Diretor do estabelecimento.

§ 2º - O limite máximo do número de presos será de dez por cento do total

de empregados na obra. § 3º - Caberá ao órgão de Administração, à entidade ou à empresa

empreiteira a remuneração desse trabalho. § 4º - A prestação de trabalho a entidades privada depende do consentimento

expresso do preso. Art. 80 - A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do

estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de um sexto da pena.

Parágrafo Único - Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso

que vier a praticar fato definido como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo.

Art. 81 - Será proibido qualquer tipo de trabalho que importe em fiscalização

ou controle de um preso sobre outro. Art. 82 – A remuneração do preso poderá ser depositada em Caderneta de

Poupança, aberta na Caixa Econômica Federal, para formação de pecúlio.

CAPÍTULO XIII

DA DISCIPLINA PRISIONAL

SECÇÃO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 83 - A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na obediência às

determinações das autoridades e seus agentes e no desempenho do trabalho. Parágrafo Único – Estão sujeitas à disciplina o condenado à pena privativa

de liberdade ou restritiva de direitos e o preso provisório.

Art. 84 - Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar.

§ 1º - As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado.

§ 2º - É vedado o emprego de cela escura. § 3º - São vedadas as sanções coletivas. Art. 85 – O condenado ou denunciado no início da execução da pena ou da

prisão, será cientificado das normas disciplinares. Art. 86 – Não haverá pena disciplinar em razão de dúvidas ou suspeitas. Art. 87 – Nas faltas graves, a autoridade representará ao Juiz da execução

para os fins dos arts. 118, inciso I, 125, 127, 181 §§ 1º, letra “d”, e 2º, da Lei n.º 7.210 de 11.07.84.

Art. 88 – Serão considerados faltas disciplinares leves e médias todas as

ações ou omissões do interno, infringentes de normas constantes deste Regimento e graves as previstas na Lei de Execução Penal.

Art. 89 - O preso que de qualquer modo concorra para a prática de falta

disciplinar incide na mesma sanção cominada ao faltoso, na medida da sua culpabilidade.

SECÇÃO II

DAS SANÇÕES DISCIPLINARES

Art. 90 – Aplicam-se aos presos infratores as seguintes sanções principais:

I. advertência verbal; II. repreensão escrita; III. suspensão ou restrição de direitos (art. 41, § único da Lei de

Execução Penal); e IV. isolamento na própria cela ou em cela especial.

Art. 91 - Consideram-se sanções secundárias :

I. perda de favores; II. suspensão de visita concedida em caráter de favor; III. rebaixamento de classificação disciplinar; e IV. apreensão de valores ou objetos.

Art. 92 - A cela de isolamento que ficará em local afastado dos pavilhões e

será de segurança máxima, terá as mesmas dimensões das celas comuns, como higiene, aeração e iluminação satisfatórias, mas guarnecida apenas com instalações sanitárias, cama e colchão.

Art. 93 - O rebaixamento de classificação disciplinar poderá verificar-se para qualquer conceito de grau inferior.

Art. 94 - A pena de apreensão de valores ou objetos será sempre aplicada quando o preso tiver em seu poder, irregularmente, valor ou objeto.

§ 1º - Quando a apreensão incidir sobre valor ou objeto, que, pela sua

natureza e importância, autorize a presunção de origem ilícita, o Diretor do estabelecimento o remeterá à autoridade competente para as providências cabíveis.

§ 2º - Nos casos em que não ocorra a hipótese prevista no § 1º, o valor

apreendido será depositado na conta do pecúlio prisional do preso, não podendo, entretanto, ser adicionado à parcela destinada a seus gastos particulares.

§ 3º - O objeto de uso não consentido, que houver sido apreendido, só se

restituirá ao preso quando este haja adquirido condições de usá-lo ou ao ser posto em liberdade.

SEÇÃO III

DA APLICAÇÃO DAS SANÇÕES

Art. 95 - Na aplicação das sanções disciplinares, Ter-se-á em conta os antecedentes do preso, o motivo que determinou a falta, as circunstâncias em que ocorreu e as consequências que acarretou.

Art. 96 - As sanções disciplinares na própria cela ou em cela especial de

isolamento não ultrapassarão o prazo de trinta dias, para cada falta cometida. Art. 97 - Compete ao Diretor do estabelecimento, ouvido o Conselho

Disciplinar, aplicar as sanções disciplinares. Art. 98 - As sanções disciplinares poderão ser aplicadas isolada ou

cumulativamente. Art. 99 - São circunstâncias que sempre atenuam a sanção:

I. a personalidade abonadora do preso; II. a ausência de faltas anteriores; III. ser menor de 21 anos e maior de 60 anos; IV. haver sido de somenos importância sua cooperação na falta; V. ter confessado, espontaneamente, a autoria da falta ignorada

ou imputada a outrem; VI. haver agido sob coação a que não podia resistir; e VII. ter procurado, logo após a falta, evitar ou minorar suas

consequências.

Art. 100 - São circunstâncias que agravam a sanção:

I. a personalidade desabonadora do preso;

II. a reincidência; III. promover ou organizar a cooperação na falta ou dirigir a

atividade dos demais agentes; IV. haver coagido ou introduzido outros presos à prática de falta; V. ter praticado a falta quando, em virtude da confiança nele

depositada pelas autoridades administrativas, gozava da liberação de alguma ou algumas normas gerais de segurança; e

VI. haver agido em conluio com funcionário.

Art. 101 - A execução da sanção disciplinar aplicada poderá ser suspensa, por seis meses, quando, a critério do Diretor do estabelecimento, as circunstâncias, a gravidade e a personalidade do agente autorizem a presunção de que não voltará a praticar faltas.

Art. 102 - Cometendo o interno nova falta, durante o período de suspensão,

será a sanção suspensa executada cumulativamente com a que vier a sofrer. Art. 103 - A execução da sanção disciplinar será suspensa quando o órgão

médico do Sistema Penitenciário a desaconselhar por motivo de saúde, em parecer acolhido pelo Diretor do estabelecimento.

Art. 104 - Ao preso submetido a regime disciplinar será assegurado banho de

sol e visita médica, nos dias e horários fixados pela Direção do estabelecimento. Art. 105 - O tempo de isolamento preventivo do infrator será sempre

computado no prazo de duração da sanção disciplinar aplicada.

SECÇÃO IV DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR

Art. 106 - Cometida a infração, deverá o preso ser conduzido ao Chefe de Vigilância interna para a lavratura da ocorrência.

Art. 107 - O Chefe de Vigilância interna deverá, tendo em vista a gravidade

da falta, adotar as providências preliminares que o caso requeira, e, sendo necessário, determinará o isolamento preventivo do preso.

Art. 108 - O Chefe de vigilância interna comunicará, imediatamente, a

ocorrência ao Diretor do estabelecimento, a fim de que este mantenha ou revogue as providências inicialmente tomadas.

Art. 109 - Cabe ao Diretor do estabelecimento encaminhar à Comissão

Técnica de Classificação e ao Conselho Disciplinar a comunicação de que trata o artigo anterior.

Art. 110 - O Conselho Disciplinar realizará as diligências indispensáveis à

precisa elucidação do fato, velando pelo direito de defesa do infrator. Art. 111 - Concluído o inquérito disciplinar, o Conselho o remeterá, com o

seu parecer, no prazo máximo de 24 horas, ao Diretor do estabelecimento para julgamento. Art. 112 - No parecer de que trata o artigo anterior, o Conselho opinará

quanto a culpabilidade do interno e proporá ao Diretor do estabelecimento a punição que entender cabível.

Art. 113 - As faltas cometidas no serviço externo serão julgadas pelo diretor

do estabelecimento, depois de exarado o parecer do Conselho Disciplinar. Art. 114 - Admitir-se-á como prova todo elemento de informação que o

Conselho Disciplinar entender necessário ao esclarecimento do fato. Art. 115 - O interno poderá solicitar reconsideração do ato punitivo, no

prazo de 08 (oito) dias úteis contados daquele em que a decisão seja comunicada ao preso, quando:

I. não tiver sido unânime o parecer do Conselho Disciplinar em

que se fundamentou o ato punitivo; e II. o ato punitivo tiver sido aplicado em desacordo com o parecer

do Conselho.

Parágrafo Único - O pedido de reconsideração não pode ser reiterado. Art. 116 - Somente após tornar-se definitivo será o ato punitivo anotado no

prontuário do preso. Art. 117 - Em qualquer época, o preso poderá requerer a revisão da punição

sofrida, desde que prove haver sido:

I. a decisão fundamentada em testemunha ou fato comprovadamente falso; e

II. aplicada a punição em desacordo com este Regimento.

Parágrafo Único - O pedido de revisão só se admitirá se fundado em provas não apresentadas anteriormente.

SECÇÃO V

DAS FALTAS DISCIPLINARES

Art. 118 - São faltas disciplinares leves:

I. ocultar fato ou coisa relacionada com a falta de outrem, para dificultar averiguações;

II. utilizar material, ferramenta ou utensílio do estabelecimento em proveito próprio, sem a autorização competente;

III. portar objeto de valor, além do regulamente permitido; IV. transitar pelo estabelecimento ou por suas dependências em

desobediência às normas estabelecidas; V. desobedecer às prescrições médicas, recusando o tratamento

necessário ou utilizando medicamentos não prescritos ou autorizados pelo órgão médico competente;

VI. enviar correspondências sem autorização do Diretor do estabelecimento;

VII. efetuar ligações telefônicas sem autorização; VIII. utilizar-se de local impróprio para satisfação de

necessidades fisiológicas; IX. utilizar-se de objeto pertencente a outro preso sem o devido

consentimento; X. proceder grosseira ou imoralmente em relação a outro

interno; XI. simular doença ou estado de precariedade física para eximir-

se de obrigação; XII. cometer desatenção propositada durante estudos ou aula de

serviço.

Art. 119 – São faltas disciplinares médias:

I. praticar ou contribuir para a prática de jogos proibidos, agravando-se a falta quando essa prática envolver exploração de outros presos;

II. resistir, inclusive por atitude passiva, à execução de ordem ou ato administrativo;

III. caluniar, difamar ou injuriar funcionário; IV. praticar compra ou venda não autorizada, em relação a outro

preso; V. faltar à verdade com o fim de obter vantagem ou eximir-se

de responsabilidade; VI. formular queixa ou reclamação com improcedência,

reveladora de motivo reprovável; VII. explorar companheiros sob qualquer pretexto ou forma; VIII. desobedecer aos horários justo ao trabalho que for

determinado; IX. recusar-se sem motivo justo ao trabalho que for

determinado; X. recusar-se à assistência ou ao dever escolar, sem razão

justificada; XI. entregar ou receber objetos sem a devida autorização;

XII. desleixar-se da higiene corporal, do asseio da cela ou alojamento, e descurar da conservação de objetos de uso pessoal;

XIII. lançar nos pátios águas servidas ou objetos, bem como lavar, estender ou secar roupas em local não permitido;

XIV. produzir ruídos para perturbar a ordem, nas ocasiões de descanso, de trabalho ou de reunião;

XV. desrespeitar os visitantes, seus ou de outros internos; XVI. retardar o cumprimento de ordem, com intuito de

proscrastinação; XVII. descurar da execução de tarefa; XVIII. ausentar-se dos lugares em que deva permanecer.

Art. 120 – São faltas disciplinares graves:

I. praticar atos constitutivos de crimes ou contravenções; II. iniciar movimento coletivo de subversão à ordem ou à

disciplina, ou dele participar; III. agredir ou tentar agredir funcionário ou visitante, agravando-

se a falta quando a agressão for praticada com uso de arma ou objeto equivalente, ou dela resultar lesão corporal ou morte;

IV. agredir ou tentar agredir companheiro, agravando-se a falta quando a agressão ou tentativa se praticar com uso de arma ou objeto equivalente, ou dela resultar lesão corporal ou morte;

V. evadir-se ou tentar evadir-se, agravando-se a falta quando a evasão ou tentativa for praticada através de abuso de direito ou favor, ou, ainda, mediante violência ou grave ameaça;

VI. adquirir, usar, portar ou fornecer substância que cause dependência física ou psíquica;

VII. confeccionar, portar ou guardar objetos proibidos; VIII. falsificar, alterar ou fazer uso de cartões de identidade ou

documento fornecidos pela administração; IX. praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; X. rebelar-se contra ordens não manifestamente ilegais; XI. desobedecer a ordem de funcionário no exercício da função

respectiva; XII. desacatar funcionário.

SECÇÃO VI DAS SANÇÕES DISCIPLINARES

Art. 121 - São sanções disciplinares leves:

I. advertência verbal; II. repreensão.

Art. 122 – São sanções disciplinares médias:

I. restrição de direitos; II. recolhimento na própria cela por período de 5 a 10 dias a ser

sugerido pelo Conselho Disciplinar e aprovado pelo Diretor Geral.

Art. 123 - São sanções disciplinares graves;

I. isolamento em cela, ou em local adequado, por período de 11 a 30 dias, a ser sugerido pelo Conselho Disciplinar e aprovado pelo Diretor Geral.

CAPÍTULO XIV

DAS PRERROGATIVAS

Art. 124 - São prerrogativas fundamentais inerentes à personalidade do preso:

I. o preso é pessoa humana e, por isso, deve ser tratado com o

apreço que merecer pelo seu comportamento, nada se devendo exigir desde que possa degradá-lo de sua condição;

II. durante a execução da pena, o preso conservará todos os direitos que não haja perdido ou não tenham sido suspensos, por força de lei ou sentença;

III. fora das outorgas decorrentes de sua condição pessoal ou resultantes de crédito de favores, adquirido no curso de sua vivência nos estabelecimento do Sistema Penitenciário, nenhum privilégio ou discriminação será deferido ou feito ao preso;

IV. não serão exigidos procedimentos incompatíveis com as prerrogativas da pessoa humana do interno, como o exercício de atividades de espionagem traiçoeira em relação a seus companheiros, mas é inerente a essa personalidade, em suas interpretações sociais, e prestação de testemunho sobre ilícitos de qualquer natureza, que sejam de seu conhecimento;

V. o dever de trabalhar, de se dedicar a atividades educativas, e o condicionamento disciplinar, não serão convertidos em exigências constrangedoras da personalidade, mas organizados como expedientes de ressocialização e de preparação do interno para a vida do homem livre.

CAPÍTULO XV

DOS DIREITOS

Art. 125 – São direitos específicos do interno:

I. dispor de assistência médica, jurídica, social e religiosa, nos termos deste Regimento;

II. ser ouvido pelo Diretor do estabelecimento onde estiver lotado, nos dias e horas previamente designados;

III. receber advogado e com ele conferenciar sigilosa e livremente, nos dias úteis no horário das 9 às 11 horas e das 13 às 15:30 horas;

IV. ser visitado, em horário livre, se estrangeiro, pelos agentes diplomáticos ou consulares do país de origem;

V. ser visitado por seu cônjuge ou companheira (o) e pelos parentes e amigos, nos dias e horários estabelecidos;

VI. não sofrer discriminação ou desigualdade de tratamento, salvo a resultante de sanção;

VII. ser protegido contra o sensacionalismo publicitário; VIII. ser ouvido, sempre que responsabilizado por qualquer

infração disciplinar; IX. não ser chamado ou identificado por número; X. não sofrer, em qualquer hipótese, forma aviltantes de

tratamento; XI. receber orientação e amparo no início da vida livre; XII. constituir um pecúlio prisional; XIII. ter em seu poder, no interior do estabelecimento, importância

em dinheiro não superior a 10% (dez por cento) do salário mínimo vigente;

XIV. receber educação moral, cívica, intelectual, física e profissional;

XV. continuar, no estabelecimento penitenciário as atividades intelectuais ou artísticas exercidas em sua vida pregressa;

XVI. escolher seu trabalho; XVII. peticionar às autoridades prisionais e extraprisionais; XVIII. comunicar-se com o mundo exterior, por via postal, sob a

devida vigilância; XIX. ter agenda diária que respeite período de 8 (oito) horas para

trabalho, oito horas para repouso e oito horas para higiene, alimentação e instrução.

Parágrafo Único - Os direitos previstos nos incisos V, XVIII e XIX poderão

ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do Diretor do estabelecimento.

SECÇÃO I DO PECÚLIO PRISIONAL

Art. 126 - Pecúlio prisional é o saldo resultante das deduções feitas no

salário das quantias destinadas a compor as indenizações previstas em lei, determinadas na sentença (Lei de Execução Penal, artigo 168), para pagamento da multa imposta na condenação.

Parágrafo Único - As deduções a que se refere este artigo serão mensais,

consecutivas, até total liquidação das obrigações, e estipuladas em 25% (vinte e cinco por cento) do salário penitenciário (Código Penal, artigo 50 § 1º, da Lei das Execuções Penais, artigo 168 e incisos e Código de Processo Penal, artigo 688, inciso II, alínea a).

Art. 127 - O pecúlio será dividido em três partes iguais, destinadas,

respectivamente, aos gastos particulares do preso, à prestação de assistência material à sua família e ao pecúlio de reserva.

Art. 128 - Quando o preso não tiver família a que deva assistir, a parcela do

pecúlio a ela destinada será dividida em duas iguais, sendo uma levada a crédito do pecúlio de reserva e outra recolhida ao Serviço Social do estabelecimento.

Art. 129 - O pecúlio de reserva do preso será mandado depositar, pelo

Diretor do estabelecimento, na Caixa Econômica Federal, em Caderneta de Poupança e só lhe será entregue em caso de livramento condicional ou de cumprimento de pena.

Parágrafo Único - no caso de necessidade justificada o Diretor do

estabelecimento poderá autorizar o levantamento de determinada quantia do pecúlio de reserva, para uso particular do preso.

Art. 130 - Em caso de morte do preso, o saldo será entregue aos seus

herdeiros, na falta destes, posto à disposição do Ministério Público para as providências legais cabíveis.

CAPÍTULO XVI

DOS FAVORES GRADATIVOS

Art. 131 - São favores a serem concedidos gradativamente aos internos;

I. visitas de parentes em qualquer grau e de pessoas amigas, em dias certos e em número limitado;

II. visitas especiais, fora do horário normal; III. visitas íntimas da esposa (o) ou companheira (o); IV. frequência ao cinema do estabelecimento; V. assistência a programas de televisão;

VI. participação em espetáculos recreativos; VII. práticas esportivas; VIII. uso de aparelhos receptores nas celas ou alojamentos; IX. horas de recreio; X. visita ao local onde se encontra ascendente, descendente ou

cônjuge, enfermo e em estado grave; XI. comparecimento a cerimônia fúnebre de ascendente,

descendente ou cônjuge; XII. saídas sem escolta, autorizadas pelo Juízo da Vara de

Execuções Criminais.

Art. 132 – A concessão dos favores a que se refere o artigo anterior será gradativa, em relação com o índice de aproveitamento, o grau de adaptação social e o bom comportamento revelados pelo interno.

Parágrafo Único - Os favores serão concedidos pelo Diretor do

estabelecimento, ouvido o Conselho Disciplinar.

CAPÍTULO XVII

DA TÉCNICA DE CLASSIFICAÇÃO

Art. 133 - À Comissão Técnica de Classificação – CTC, instituida pela Lei nº 7.210 de 11 de julho de 1984, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade, compete:

I. classificar os condenados, segundo os seus antecedentes e

personalidade, para orientar a individualização da execução penal;

II. elaborar o programa individualizador e acompanhar a execução das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos;

III. propor à autoridade competente as progressões e regressões dos regimes, bem como as conversões.

Parágrafo Único - Nos demais casos, a CTC atuará junto ao Juízo da

Execução e será integrada por Fiscais do Serviço Social. Art. 134 - A CTC, presidida pelo Diretor do estabelecimento, é composta de:

I. Presidente; II. Chefes de Serviços - no mínimo dois; III. Psiquiatra - um; IV. Psicólogo - um; V. Assistente Social – um

I.

Parágrafo Único – A Comissão Técnica de Classificação reunir-se-á tantas vezes quanto necessárias, para deliberar sobre tarefas a seu cargo.

Art. 135 – A Comissão, no exame para obtenção de dados reveladores da

personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá:

I. entrevistar pessoas; II. requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados

e informações a respeito do condenado; III. realizar outras diligências e exames necessários.

CAPÍTULO XVIII

DO CONSELHO DISCIPLINAR

Art. 136 - O Conselho Disciplinar – CD, instituído pela Lei nº 7.209 de 11.07.84, compete:

I. apurar faltas disciplinares, sugerir sanções, elogios e

recompensas; II. realizar estudos para formar o perfil do comportamento

prisional do interno. Art. 137 - O CD é composto de :

I. representante da Seção de Disciplina - um; II. representante da Divisão de Vigilância - um; III. representante da Divisão de Assistência ao Interno - um; IV. Psicólogo - um; V. Assistente Social - um.

Parágrafo Único - Na falta ou impedimento de um ou mais membros, o

substituto será designado pelo Diretor do estabelecimento, dentre funcionários. Art. 138 - Somente poderá compor o Conselho quem tiver contato intenso e

extenso com os presos. Art. 139 - O Conselho será presidido pelo representante Seção de Disciplina,

designado pelo representante Seção de Disciplina, designado pelo Diretor do estabelecimento, e reunir-se-á tantas vezes quantas necessárias para deliberar sobre as tarefas a seu cargo.

Art. 140 - As decisões serão sempre coletivas e lançadas por escrito, sendo tomadas por maioria simples.

Parágrafo Único - O empate será desfeito considerando-se vencedores os

votos favoráveis ao preso. Art. 141 - O conselho poderá socorrer-se do auxílio de qualquer elemento do

estabelecimento, quando necessário, para esclarecer suas decisões. Art. 142 - O conselho, decidirá após ouvir o preso de forma sigilosa e

espontânea.

CAPÍTULO XIX

DISPOSIÇOES FINAIS

Art. 143 - O Agente Penitenciário , funcionário e servidor, usará o tipo de vestimenta a ser adotado e distribuído pela COSIPE, ou por ela permitido.

Art. 144 - É defeso ao integrante dos órgãos da execução penal, e ao

servidor, a divulgação de ocorrência que perturbe a segurança e a disciplina dos estabelecimentos, bem como exponha o preso a inconveniente notoriedade, durante o cumprimento da pena.

Art. 145 - Á dúvida surgida na aplicação deste Regimento será dirimida pelo

Coordenador da COSIPE. Art. 146 - Este Regimento entrará em vigor na data de sua publicação,

revogada as publicações em contrário.

Brasília, 11 de janeiro de 1988

JOÃO MANOEL SIMCH BROCHADO SECRETÁRIO DE SEGURANÇA PÚBLICA DO DF

PORTARIA Nº 004, de 04 de Julho de 2001.

Dá nova redação ao artigo 32; revoga o inciso VI do artigo 118 e acrescenta incisos ao artigo 119 da Portaria nº 001, de 11 de janeiro de 1988 – REGIMENTO INTERNO DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS DA SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL. O SECRETÁRIO DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo Art. 131, inciso VII, do Regimento aprovado pelo Decreto nº 4.852, de 11.10.1979, RESOLVE: Art. 1º O art. 32 da Portaria nº 001, de 11 de janeiro de 1988, passa a vigorar com a seguinte redação: “ Art. 32. Sempre que possível e conveniente, haverá separação entre presos de periculosidade, comportamento, tendência, níveis de educação e faixa etária diversas.

§ 1º O Pavilhão de Segurança Máxima – PSM – por suas características físicas e de localização, destina-se à execução de pena privativa de liberdade de presos considerados de alto grau de periculosidade e à custódia de preso sob severa ameaça de morte ou que, pela impossibilidade de convivência ou pela sua condição pessoal, não possa ser recolhido ao Pavilhão de Seguro – PS.

§ 2º Nas condições de parágrafo anterior, o preso terá todos os direitos assegurados, na forma da lei.” Art. 2º Ao art. 119 da Portaria nº 001, de 11 de janeiro de 1988, serão acrescidos os incisos seguintes: XIX – Possuir, guardar, ocultar, receber, ceder a qualquer detento, utilizar ou intermediar o uso de aparelho de telefonia celular. XX – Possuir, guardar, ocultar, receber, ceder a qualquer título, usar ou intermediar o uso de bebida alcoólica, ou apresentar-se com sinais de seu uso.

XXI – Faltar, injustificadamente, ao trabalho externo, para o qual fora designado em razão de benefício concedido pela autoridade judiciária.

XXII – Enviar correspondência sem o conhecimento do Diretor do estabelecimento, o qual poderá suspender ou restringir o direito de o preso corresponder-se, desde que mediante ato motivado.

XXIII – Entregar, receber ou arremessar objeto, ou qualquer tipo de instrumento, de uma cela, ala, pátio ou pavilhão, para outra, ou para o interior ou exterior do estabelecimento.

XXIV- Possibilitar o detento, de qualquer maneira, a que estranho seja relacionado e recebido como seu visitante, visando com isso a fim proibido ou ilegal. Art. 3º Fica revogado o inciso VI do art. 118 da Portaria nº001 de 11 de janeiro de 1988. Art. 4º Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as demais disposições em contrário. Brasília, 04 de julho de 2001.

ATHOS COSTA DE FARIA Secretário de Estado de Segurança Pública do Distrito Federal