outubro/2007 2 fim do fator previdênciário · 2018-07-04 · entrevista joão de barro...

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entrevista joão de barro outubro/2007 2 Divulgação A Lei n.º 9.876 de 1999 modifi- cou os critérios de cálculo dos benefícios de prestação conti- nuada, mediante ampliação do período de contribuição utiliza- do para apuração do salário-de- benefício e aplicação sobre o mesmo do Fator Previdenciário. Em função disso, o brasileiro passou a ter que trabalhar mais para se aposentar sem perdas no valor de seus benefícios. Para o Senador Paulo Paim (PT/ RS), autor do PLS 296/03 que revoga o Fator Previdenciário, o critério é perverso, pois ao pri- vilegiar a aposentadoria por tempo de contribuição tardia e punir, drasticamente, a conside- rada precoce, penaliza aqueles que começaram a trabalhar cedo, na maioria trabalhadores de menores rendimentos. Fim do Fator Previdênciário JB - Qual sua avaliação sobre as pers- pectivas de aprovação do projeto? Paim - Senador – O Projeto de Lei do Se- nado (PLS) 296/03 revoga o fator previdenciário. Essa matéria foi aprovada no ano passado na Comissão de Assuntos Soci- ais do Senado e, desde então, está na Comis- são de Assuntos Econômicos. Infelizmente as votações não seguem uma fila, mas sim vontade política. A pauta de votações de ple- nário é decidida pela reunião de líderes de todos os partidos. As das Comissões são de- cididas pelos presidentes das respectivas Co- missões. Como costumo dizer sempre, o que apressa a votação de uma proposta é a pres- são popular. Por isso, é de fundamental im- portância que os interessados, sejam entida- des ou representações populares, devem se manifestar enviando aos parlamentares e- mails, cartas, telegramas ou fazendo ligações para os gabinetes e para os serviços que a Câmara e o Senado disponi-bilizam. Com isso, tenho certeza, os projetos terão mais chances de entrar em pauta. JB - Quais as dificuldades para essa aprovação? Paim - O grande entrave para aprovação desse projeto de vital importância para os tra- balhadores é que alguns setores do governo e da sociedade defendem que existe déficit nas contas da Previdência. O argumento é que se não retardar a concessão das apo- sentadorias a Previdência se tornará inviável em curto prazo. Não concordamos com isso. Dados da Anfip e de outras enti- dades nos mostram que a Previdência é, sim, superavitária. O que temos é desvios das verbas. Se isso não ocorresse, com cer- teza não teríamos tais justificativas. JB - Quais as conseqüências para a Previdência? Paim - Como dizia anteriormente, sem- pre defendi que não existe déficit nas contas da Previdência. Inclusive, enquanto deputa- do, solicitei auditoria ao Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar isso. O relató- rio confirmou que a Previdência é superavitária. O problema, repito, é que os sucessivos governos desviaram os Recursos da Seguridade Social para outros fins. JB - O Fórum Nacional de Previdên- cia discute alternativas para o Bra- sil. Na sua opinião, o que deveria mudar na Previdência brasileira? Paim - Bem, até o momento nenhuma pro- posta proveniente do Fórum chegou ao Con- gresso. De minha parte, defendo um caixa único para a seguridade social e a gestão quadripartite. Nessa linha apresentei o pro- jeto 178/07 que dispõe sobre a gestão quadripartite da seguridade social, a cargo dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados. Sou favorável ao cálculo atuarial, ou seja, a que o trabalhador rece- ba de acordo com sua contribuição. Defen- do também a recuperação do poder aquisi- tivo dos aposentados e pensionistas e a vinculação, para quem recebe acima do mí- nimo, ao salário mínimo. Nesse sentido, apresentei o PLS 58/03 (recupera o poder aquisitivo) e a Proposta de Emenda a Cons- tituição 13/06 (prevê a vinculação dos be- nefícios dos aposentados e pensionistas ao salário mínimo). O PLS 58/03 recebeu apoio de diversas entidades. Recentemen- te, a Confederação Brasileira de Aposen- tados e Pensionistas (Cobap) entregou ao presidente do Senado um abaixo-assinado com mais de 1,2 milhão de assinaturas pe- dindo urgência para a aprovação da maté- ria. Acredito ainda que deva haver intensa fiscalização para que não haja sonegação. JB - O que podem fazer os tra- balhadores brasileiros para agilizar a votação e garantir a aprovação do projeto? Paim - Reitero que a mobilização de to- dos os segmentos da sociedade organizada para aprovar o PLS 296/03 é fundamental. É preciso reivindicar junto ao relator e aos integrantes da CAE a imediata votação des- sa matéria. Consegui que no relatório apro- vado na Comissão Mista do Salário Míni- mo, da qual fui relator, fosse incluído tam- bém o fim do fator previdenciário. Foi enca- minhado pela Comissão ao plenário da Câ- mara o Projeto de Lei nº 100/07. Portanto, mais uma frente de luta pela derrubada do referido fator. JB - A Previdência é deficitária? Paim - Como já afirmei anteriormente, ela é superavitária. Não existe o propagado déficit na contas da Previdência Social. Essa é uma inverdade que vem sendo repetida há muito tempo no país. O déficit é apontado apenas por aqueles que consideram somente as contribuições de empregados e emprega- dores, sem lembrar que a Constituição de 1988 também destinou à Seguridade Social parte das receitas de tributos como Cofins e PIS, entre outros, além de parte das recei- tas das loterias. Quando se consideram es- ses recursos, além das contribuições de em- pregados e empregadores, conclui-se que a Previdência é superavitária. Desses re- cursos previstos na Constituição, cerca de R$ 50 bilhões foram desviados, sem que houvesse ilegalidades, para os ministérios da Fazenda, para da Ciência e Tecnologia e para o Congresso, entre outros. Daí a importância de ser aprovada a PEC 24/ 03, de minha autoria, que estabelece que os recursos da Seguridade Social devam permanecer na Seguridade Social. Vale salientar que a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip) apresenta dados e núme- ros que comprovam que não existe o pro- pagado déficit. Equílibrio entre as partes Atuário analisa impacto da taxa de juros e tábua de mortalidade. A o dar prosseguimento à iniciativa de le-var mais conhecimento aos apo- sentados, aposentadas e pensionistas sobre o funcionamento da previdência pública e complementar, a APCEF promoveu na reu- nião mensal de setembro, a palestra Prin- cípios da Avaliação Atuarial. A palestra foi ministrada pelo atuário Giancarlo Giacomini Germani (foto), da Mirador As- sessoria Atuarial, que fez uma avaliação técnica sobre planos de benefícios, com des- taques para a análise do impacto da taxa de juros e a tábua de mortalidade. Atuário é o profissional responsável por determinar o equilíbrio dos planos previdenci-ários. É quem busca desenhar a melhor forma de manter as duas partes (receita e despesa) equilibradas. Com a estabilidade da moeda e a redução dos juros, é fundamental que os participantes se utilizem de conquistas democráticas para garantir o equilíbrio dos planos e a melhora contínua de seus benefícios. Na Funcef, a Josiane Picada previdenciário. Segundo ele, com a inflação estabilizada se consegue obter com mais pre- cisão o impacto da variável taxa de juros no gerenciamento dos planos. Quanto à tábua de mortalidade, Germani explicou que cada vez as pessoas vivem mais e, por isso, o compro- misso dos planos previdenciários também au- menta, pois paga-se um benefício de aposen- tadoria ou de pensão por um período mais longo. "As taxas de juros declinantes e o au- mento da sobrevivência faz com que os pla- nos precisem buscar um reequilíbrio", ressal- tou. Para ele, o aumento da expec- tativa de vida e a economia estável é bom para todos, menos para a previdência, porque o período para acumular as contribuições não está sendo alterado. Ou seja, a idade mé- dia de aposentadoria das pessoas continua igual, enquanto o perío- do de recebimento em ascensão, em função do aumento da longevidade. "Para manter o equilíbrio do siste- ma, seria necessário aumentar a contribuição ou o período de contribuição", ressaltou. BANCÁRIOS O atuário explicou ainda que o sistema apresenta hoje superávits, e que pouco se aproveita os excedentes do passado - em relação a boas rentabilidades - para minimizar as despesas futuras. Ele disse que muitas empresas conseguiram gerar superávits melhor do que outras em fun- ção da característica do perfil dos investi- mentos que tinham no passado. "As que conseguiram obter melhor resultado na gestão, podem ser beneficiadas em detri- mento de outras que terão que buscar no- vas alternativas para manter o plano equi- librado", frisou. Para ele, o bancário está na categoria daqueles que acumularam muito recurso no passado, souberam aproveitar bem o momento e conseguiram obter excelente ren- tabilidade nos planos, o que auxilia para que a contribuição futura não seja tão grande. mudança da tábua de mortalidade realiza- da em conjunto com o processo de saldamento garantiu a solidez de todos os planos de benefícios. E isso se deu em de- corrência da democratização, ou seja, via participação dos associados. VARIÁVEIS O atuário explicou como funciona a jun- ção das duas variáveis (taxa de juros e tábua de mortalidade) e o seu impacto no plano

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Page 1: outubro/2007 2 Fim do Fator Previdênciário · 2018-07-04 · entrevista joão de barro outubro/2007 2 Divulgação A Lei n.º 9.876 de 1999 modifi-cou os critérios de cálculo

entrevista joão de barro outubro/2007 2

Divulgação

A Lei n.º 9.876 de 1999 modifi-cou os critérios de cálculo dosbenefícios de prestação conti-nuada, mediante ampliação doperíodo de contribuição utiliza-do para apuração do salário-de-benefício e aplicação sobre omesmo do Fator Previdenciário.Em função disso, o brasileiropassou a ter que trabalhar maispara se aposentar sem perdasno valor de seus benefícios.Para o Senador Paulo Paim (PT/RS), autor do PLS 296/03 querevoga o Fator Previdenciário,o critério é perverso, pois ao pri-vilegiar a aposentadoria portempo de contribuição tardia epunir, drasticamente, a conside-rada precoce, penaliza aquelesque começaram a trabalharcedo, na maioria trabalhadoresde menores rendimentos.

Fim do Fator Previdênciário

JB - Qual sua avaliação sobre as pers-pectivas de aprovação do projeto?

Paim - Senador – O Projeto de Lei do Se-nado (PLS) 296/03 revoga o fatorprevidenciário. Essa matéria foi aprovada noano passado na Comissão de Assuntos Soci-ais do Senado e, desde então, está na Comis-são de Assuntos Econômicos. Infelizmenteas votações não seguem uma fila, mas simvontade política. A pauta de votações de ple-nário é decidida pela reunião de líderes detodos os partidos. As das Comissões são de-cididas pelos presidentes das respectivas Co-

missões. Como costumo dizer sempre, o queapressa a votação de uma proposta é a pres-são popular. Por isso, é de fundamental im-portância que os interessados, sejam entida-des ou representações populares, devem semanifestar enviando aos parlamentares e-mails, cartas, telegramas ou fazendo ligaçõespara os gabinetes e para os serviços que aCâmara e o Senado disponi-bilizam. Comisso, tenho certeza, os projetos terão maischances de entrar em pauta.

JB - Quais as dificuldades para essaaprovação?

Paim - O grande entrave para aprovaçãodesse projeto de vital importância para os tra-balhadores é que alguns setores do governoe da sociedade defendem que existe déficitnas contas da Previdência. O argumento éque se não retardar a concessão das apo-sentadorias a Previdência se tornaráinviável em curto prazo. Não concordamoscom isso. Dados da Anfip e de outras enti-dades nos mostram que a Previdência é,sim, superavitária. O que temos é desviosdas verbas. Se isso não ocorresse, com cer-teza não teríamos tais justificativas.

JB - Quais as conseqüências paraa Previdência?

Paim - Como dizia anteriormente, sem-pre defendi que não existe déficit nas contas

da Previdência. Inclusive, enquanto deputa-do, solicitei auditoria ao Tribunal de Contasda União (TCU) para apurar isso. O relató-rio confirmou que a Previdência ésuperavitária. O problema, repito, é que ossucessivos governos desviaram os Recursosda Seguridade Social para outros fins.

JB - O Fórum Nacional de Previdên-cia discute alternativas para o Bra-sil. Na sua opinião, o que deveriamudar na Previdência brasileira?

Paim - Bem, até o momento nenhuma pro-posta proveniente do Fórum chegou ao Con-gresso. De minha parte, defendo um caixaúnico para a seguridade social e a gestãoquadripartite. Nessa linha apresentei o pro-jeto 178/07 que dispõe sobre a gestãoquadripartite da seguridade social, a cargodos trabalhadores, dos empregadores, dosaposentados e do governo nos órgãoscolegiados. Sou favorável ao cálculoatuarial, ou seja, a que o trabalhador rece-ba de acordo com sua contribuição. Defen-do também a recuperação do poder aquisi-tivo dos aposentados e pensionistas e avinculação, para quem recebe acima do mí-nimo, ao salário mínimo. Nesse sentido,apresentei o PLS 58/03 (recupera o poderaquisitivo) e a Proposta de Emenda a Cons-tituição 13/06 (prevê a vinculação dos be-nefícios dos aposentados e pensionistas aosalário mínimo). O PLS 58/03 recebeuapoio de diversas entidades. Recentemen-te, a Confederação Brasileira de Aposen-tados e Pensionistas (Cobap) entregou aopresidente do Senado um abaixo-assinadocom mais de 1,2 milhão de assinaturas pe-dindo urgência para a aprovação da maté-ria. Acredito ainda que deva haver intensafiscalização para que não haja sonegação.

JB - O que podem fazer os tra-

balhadores brasileiros paraagilizar a votação e garantir aaprovação do projeto?

Paim - Reitero que a mobilização de to-dos os segmentos da sociedade organizadapara aprovar o PLS 296/03 é fundamental.É preciso reivindicar junto ao relator e aosintegrantes da CAE a imediata votação des-sa matéria. Consegui que no relatório apro-vado na Comissão Mista do Salário Míni-mo, da qual fui relator, fosse incluído tam-bém o fim do fator previdenciário. Foi enca-minhado pela Comissão ao plenário da Câ-mara o Projeto de Lei nº 100/07. Portanto,mais uma frente de luta pela derrubada doreferido fator.

JB - A Previdência é deficitária?Paim - Como já afirmei anteriormente,

ela é superavitária. Não existe o propagadodéficit na contas da Previdência Social. Essaé uma inverdade que vem sendo repetida hámuito tempo no país. O déficit é apontadoapenas por aqueles que consideram somenteas contribuições de empregados e emprega-dores, sem lembrar que a Constituição de1988 também destinou à Seguridade Socialparte das receitas de tributos como Cofins ePIS, entre outros, além de parte das recei-tas das loterias. Quando se consideram es-ses recursos, além das contribuições de em-pregados e empregadores, conclui-se quea Previdência é superavitária. Desses re-cursos previstos na Constituição, cerca deR$ 50 bilhões foram desviados, sem quehouvesse ilegalidades, para os ministériosda Fazenda, para da Ciência e Tecnologiae para o Congresso, entre outros. Daí aimportância de ser aprovada a PEC 24/03, de minha autoria, que estabelece queos recursos da Seguridade Social devampermanecer na Seguridade Social. Valesalientar que a Associação Nacional dosAuditores Fiscais da Receita Federal doBrasil (Anfip) apresenta dados e núme-ros que comprovam que não existe o pro-pagado déficit.

Equílibrio entre as partesAtuário analisa impacto da taxa de juros e tábua de mortalidade.

Ao dar prosseguimento à iniciativa dele-var mais conhecimento aos apo-

sentados, aposentadas e pensionistas sobreo funcionamento da previdência pública ecomplementar, a APCEF promoveu na reu-nião mensal de setembro, a palestra Prin-cípios da Avaliação Atuarial. A palestra foiministrada pelo atuário GiancarloGiacomini Germani (foto), da Mirador As-sessoria Atuarial, que fez uma avaliaçãotécnica sobre planos de benefícios, com des-taques para a análise do impacto da taxade juros e a tábua de mortalidade.

Atuário é o profissional responsávelpor determinar o equilíbrio dos planosprevidenci-ários. É quem busca desenhara melhor forma de manter as duas partes(receita e despesa) equilibradas.

Com a estabilidade da moeda e a reduçãodos juros, é fundamental que os participantesse utilizem de conquistas democráticas paragarantir o equilíbrio dos planos e a melhoracontínua de seus benefícios. Na Funcef, a

Josiane Picada

previdenciário. Segundo ele, com a inflaçãoestabilizada se consegue obter com mais pre-cisão o impacto da variável taxa de juros nogerenciamento dos planos. Quanto à tábua demortalidade, Germani explicou que cada vezas pessoas vivem mais e, por isso, o compro-misso dos planos previdenciários também au-menta, pois paga-se um benefício de aposen-tadoria ou de pensão por um período maislongo. "As taxas de juros declinantes e o au-mento da sobrevivência faz com que os pla-nos precisem buscar um reequilíbrio", ressal-

tou. Para ele, o aumento da expec-tativa de vida e a economia estávelé bom para todos, menos para aprevidência, porque o período paraacumular as contribuições não estásendo alterado. Ou seja, a idade mé-dia de aposentadoria das pessoascontinua igual, enquanto o perío-do de recebimento em ascensão, emfunção do aumento da longevidade."Para manter o equilíbrio do siste-

ma, seria necessário aumentar a contribuiçãoou o período de contribuição", ressaltou.

BANCÁRIOSO atuário explicou ainda que o sistema

apresenta hoje superávits, e que pouco seaproveita os excedentes do passado - emrelação a boas rentabilidades - paraminimizar as despesas futuras. Ele disseque muitas empresas conseguiram gerarsuperávits melhor do que outras em fun-ção da característica do perfil dos investi-mentos que tinham no passado. "As queconseguiram obter melhor resultado nagestão, podem ser beneficiadas em detri-mento de outras que terão que buscar no-vas alternativas para manter o plano equi-librado", frisou. Para ele, o bancário está nacategoria daqueles que acumularam muitorecurso no passado, souberam aproveitar bemo momento e conseguiram obter excelente ren-tabilidade nos planos, o que auxilia para quea contribuição futura não seja tão grande.

mudança da tábua de mortalidade realiza-da em conjunto com o processo desaldamento garantiu a solidez de todos osplanos de benefícios. E isso se deu em de-corrência da democratização, ou seja, viaparticipação dos associados.

VARIÁVEISO atuário explicou como funciona a jun-

ção das duas variáveis (taxa de juros e tábuade mortalidade) e o seu impacto no plano

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joão de barro outubro/2007 3antena

SANTIAGO

PÁGINAS

www.apcefrs.org.brPágina da Associação do Pesso-

al da Caixa Econômica Federal. In-formações e uma série de serviços à dis-posição dos associados.

www.feebrs.org.brPágina da Federaçãodos Bancários do RS.

www.contrafcut.com.brPágina da Confederação Nacional dos

Trabalhadores do Ramo Financeiro.

www.fenae.org.brPágina da Federação Nacionaldos Empregados da Caixa.

Página do Sindicato dos Bancáriosde Porto Alegre.

www.sindbancarios.org.br

www.funcef.com.brPágina da Fundação dosEconomiários Federais.

www.moradiaecidadania.org.brPágina da ONG Moradia e Cidadania dosEmpregados da Caixa.

?? ?

Mais um pacote para pesar no bolso do con-tribuinte gaúcho. Esse é o resumo das medidaseconômicas anunciadas pela governadora YedaCrusius, como saída para aumentar a receitado estado. A governadora anuncia a previsãode um déficit de RS 1,3 bilhão em 2008, e ga-rante que no conjunto amplo das ações a seremadotadas para equilibrar as finanças, estão au-mento e redução de alíquotas do ICMS e revi-são de incentivos fiscais concedidos a empre-sas. A estratégia do governo é convencer os ali-ados e a população de que caso o pacotaço nãoseja aprovado poderá haver um colapso nos ser-viços públicos e um atraso ainda maior de salá-rios de servidores do Executivo nos próximosmeses.

O aumento de impostos não é nenhuma no-vidade. Pelo contrário, é o mesmo remédio ado-tado pelos ex-governadores Antônio Britto eGermano Rigotto e que se mostrou ineficaz paraequilibrar as contas públicas.

Para a CUT/RS, o pacote apresenta aindainsuficiência no que se refere à redução de in-centivos fiscais a grandes empresas. "A crisedeve ser combatida de forma séria e nãopropagandeando o déficit como justificativa para

aumentar imposto", ressalta o presidente daCUT/RS Celso Woyciechowski, em texto publi-cado na página eletrônica da Central. "O mo-delo de Estado ' gerencial` que está sendoimplementado pelo Governo Estadual não con-templa as reivindicações dos trabalhadores emovimentos sociais e segue na contramão danecessidade de termos um estado ativo e indutordo desenvolvimento", reforça.

Para inviabilizar as medidas do pacotaço,a CUT/RS vai realizar uma Jornada de Lutaspor Desenvolvimento que incluem debates e vi-sitas em várias regiões do estado. Nessamobilização, a Central apresentará propostasalternativas para recuperar o papel do Estado,como indutor do desenvolvimento. Entre as pro-postas, estão: o combate a sonegação tributá-ria e à renúncia fiscal, inclusive com a revi-são dos benefícios fiscais já concedidos aosgrandes empresários; o direcionamento daação do Estado para o crescimento integra-do e sustentável dos diversos sistemas lo-cais de produção; a democratização da ges-tão do estado com participação popular ea valorização dos trabalho e dos salários,inclusive do piso salarial regional.

O pacotaço da YedaDia 13 de setembro de 1987, há 20

anos, ocorria um dos maiores aciden-tes radioativos do mundo, o Césio -137,em Goiânia. O sofrimento das vítimascontinua até hoje. O acidente atingiu,além de moradores da região, policiaise bombeiros enviados ao local pela Co-missão Nacional de Energia Nuclear(CNEN). Sem proteção apropriada, ostrabalhadores sofreram contaminaçãoe até hoje lutam contra doençasprovocadas pela radioatividade.

Descaso

Você sabia que Belém do Pará foi esco-lhida para sediar o próximo Fórum SocialMundial, marcado para dezembro de 2009?

No dia 5 de outubro foi lançada aCampanha Nacional por Democracia eTransparência nas Concessões Públicasde Rádio e TV. Entidades engajadas nodebate pela democratização da comuni-cação, promoveram manifestações nasprincipais capitais do país.

Transparência

1º Botequim do EsporteNo dia 27 de outubro acontece a festa do esporte. O 1º Botequimdo Esporte será no Ginásio de Esportes da APCEF, na Avenida

Coronel Marcos, 627, às 22h. A festa promete muito chope, pagodee alegria. Ingressos antecipados na APCEF. Associados individual

R$ 20,00, casal R$ 36,00 e não associados R$ 25,00. Maisinformações

pelo fone 51 3268 1611. PARTICIPE!

TV Digital

É o total de destruição da Amazônia,até 2006.

17%

.

Floresta“Os povos da floresta que menos con-

tribuem para o aquecimento global sãoos que mais sofrem com o problema. Vi-mos isto na seca que atingiu a Amazôniaem 2005. Os indígenas, os ribeirinhos,que em toda sua vida não contribuíramcom uma tonelada de CO2 para o aque-cimento global, ficaram isolados, semágua, sem poder se transportar. Estaspessoas são as vítimas deste modelo deconsumo adotado pela cidade...”, diz odirigente do Grupo de Trabalho Amazô-nico (GTA) e membro do Conselho In-ternacional do Fórum Social Mundial(FSM), Adilson Vieira, em entrevista àAgência Carta Maior.

A partir de 2 de dezembro, a TV di-gital começa a funcionar em escala co-mercial no Brasil. A princípio, apenas osmoradores da Grande São Paulo vão terdisponível a nova tecnologia. O novo sis-tema entra em operação quase sete anosdepois das primeiras discussões sobre oassunto e com um custo superior ao ima-ginado. Só o conversor - equipamento bá-sico que vai receber a transmissão digi-tal em UHF e enviá-la para uma TV nor-mal - deve custar em média R$ 700.

O futuro da agricultura será debatidoentre os governos mundiais, em janeirode 2008. A iniciativa visa recolher pro-postas para a elaboração do Relatório dasNações Unidas sobre a agricultura. Odocumento pretende recomendar direçõesfuturas para pesquisas agrícolas nacio-nais e internacionais. Entre os problemasda agricultura industrial a serem debati-dos, estão os transgênicos e o uso deagrotóxicos cada vez mais poderosos enocivos ao meio ambiente.

Agricultura

Entrevista Paim fala sobre Fator Previdenciário ......................2Previdência Atuário explica planos previdenciários................2JB 50 Anos Os aposentados nas páginas do João Barro.............5Meio Ambiente Transgênicos tomam conta do país..................8Comunicação Telesur traz olhar latino para a televisão.................9TB Fest Diversão total dos Técnicos Bancários .......................10Che Homenagens nos quarenta anos da morte do revolucionário ........10Costelão Regional Serra promove mais um evento de sucesso..........10Esporte Muitas novidades para crianças e adultos......................11Cultura Coral da APCEF e Caixa de Pandora em ação................11

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joão de barro outubro/2007 4editorial

Esta edição do João de Barro fechou naredação no dia 11 de outubro de 2007.

GESTÃO 2006-2009Presidenta: Célia Margit ZinglerVice-presidente: Marcelo Marimon Gonçalves

DIRETORIA EXECUTIVATITULARESAposentados, Saúde e Previdência: Amanda AngélicaGonzales CardosoComunicação: Marcos Leite de Matos TodtCultura: Almeri Espíndola de SouzaEsportes: Ricardo Luis da Rocha ChristinoPatrimônio: Paulo Ricardo BelottoRelações de Trabalho: Tiago Vasconcellos PedrosoSocial e Lazer: Andrea Lima SpinelliSUPLENTES: Francisco de Assis Kuhn Magalhães,Felisberto Machado de Souza, Gilmar Cabral Aguirre,Jailson Bueno Prodes, Vera Lúcia Reck de Araújo, PauloCésar Ketzer, Ruben Danilo de Albuquerque Pickrodt,Sandro Dias Fernandes, Sérgio Aveline Squeff.CONSELHO FISCALTITULARES: Presidente: Claudio Morais Soares. Secre-tário Geral: Guaracy Padilha Gonçalves. Geraldo OtoniXavier Brochado.SUPLENTES: Celso Danieli, Marisa Zancan Godoy, SandraMaria FariaCONSELHO DELIBERATIVOPresidente: Ricardo Luiz Müller; Secretário Geral: PauloDaisson Gregório Casa Nova.Regional Porto Alegre TITULARES: Carlos Alberto Träsel,Cláudio Stern da Cunha Filho, Devanir Camargo da Silva,Maria Regina Pereira Figueiró, Maristela da Rocha, PauloDaisson Gregório Casa Nova. SUPLENTES: Jorge Peixotode Mattos, Juarez Machado de Oliveira, Marcela Nunes deAguiar, Renato de Castro Becker, Volmar Fernando AlvesDal Santo. Alto Uruguai: Ricardo Luiz Müller, Vanda MariaBianzin Grzeidak. Centro: Marcelo Husek Carrion, AthosRonaldo Miralha da Cunha. Fronteira Oeste: Jefferson Arau-jo da Silva, Flávio Dornelles Paré. Fronteira Sul: VilmarVallenoto da Silva, Vagner Kobe Braga. Litoral Norte: NeiGlades de Francisco, Carmem Rejane Ramos. Litoral Sul:Jonas Aguiar, Marco Antônio Botelho Gomes. Missões: Mo-acir Scheuer Deves, Marcos Maicá. Passo Fundo: PauloCésar Kunzler, Régis Moreno Nogueira Santos. Serra: Mar-cos Mazzutti de Castro, Marcos Alexandre Streck. Sul: Cristinade Souza Gularte, Luiz Antonio Reck de Araújo. Vale doParanhana: João Alberto Holsbach, Dirceu D’Ávila Sampaio.Vale do Rio Pardo: Gilberto Castoldi, Adroaldo SchmidtCarlos. Vale do Taquari: Rafael Reckziegel, Luiz AntônioSieben. Vale dos Sinos: Nestor Francisco Imhoff, OdenarCorrêa de Souza.COORDENADORES DAS REGIONAISAltivo Goularte Rodrigues (Centro); Ricardo Luiz Sulzbach(Vale do Taquari); Carmem Rejane Ramos (Litoral Norte);Cláudio Batista Rodrigues Osório (Fronteira Oeste), JoãoBruno Schmitz (Vale do Paranhana); Paulo Cesar Reis Pe-reira (Missões); Evandro de Moura Hahn (Passo Fundo);Luiz Roberto Portantiolo (Sul); Jonas Aguiar (Litoral Sul); CleoFernandes Rodrigues (Fronteira Sul); Nilson Roque Urban(Vale do Rio dos Sinos); Deise Fátima Pauletti (Alto Uru-guai); João Aristeu Moraes de Oliveira (Vale do Rio Pardo);Vladimir Tadeu Bettiol (Serra).

joão de barroJornal da Associação do Pessoal da CaixaEconômica Federal do Rio Grande do SulCONSELHO EDITORIAL: Almeri Souza, Amanda Car-doso, Andrea Spinelli, Célia Zingler, Marcelo Marimon, Mar-cos Todt, Tiago Vasconcellos.PRODUÇÃO (Projeto Gráfico, reportagem, edição, foto-grafia, diagramação e composição):

Rua José do Patrocínio, 721/201, Porto Alegre, RS, CEP90050-003. Fone 51 3221 2829 Fax 51 3211 0773.E-mail: [email protected]ção e reportagem: Jair Giacomini (RJP 7844), JosianePicada (RPJ 6486) e Carla Rossa (RJP 7866).

Ilustrações: Elias Monteiro Charge: Santiago

Fotolito e Impressão: Gazeta do SulTiragem: 8500 exemplares Periodicidade: mensalDistribuição gratuita para associados da APCEFOs artigos assinados publicados no João de Barro não refletemnecessariamente o pensamento da diretoria da APCEF.

Avenida Coronel Marcos, 851,Bairro IpanemaPorto Alegre - RS -CEP: 91.760-000Fone: 51 3268.1611Fax: 51 3268.2700E-mail: [email protected]

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A APCEF oferece aos seus associados asses-soria jurídica em diferentes áreas, através de doisescritórios de advocacia. Além disso, os associa-dos podem marcar horário nos plantões semanais.Para atendimento, é necessário agendar horárionos telefones indicados abaixo.

Direito SocialDefesa Administrativa,Seguro Jurídico, Previdência51 3227 [email protected]ão: quintas-feiras, das 14h às 17h40minRua Andrade Neves, 159, 11º andar.

Advocacia Fagundes, Meyer, SchneiderAções Trabalhistas,Tíquetes e Cesta-Alimentaçãoaposentados e ativos51 3595 477551 3268-1611 (para agendar horário)Plantão: Quintas-feiras, na APCEFdas 16h às 18h, [email protected]

Vencemos a intransigência da CaixaNo dia 4 de outubro, com apenas um dia de greve,

mas depois de quase dois meses de negociações, re-presentantes da direção da Caixa ainda não tinhamuma proposta decente para oferecer aos trabalhado-res. Tinham sim uma ameaça: ajuizar dissídio no Tri-bunal Superior do Trabalho (TST), caso a proposta daempresa não fosse aceita por seus empregados.

O pacote oferecido pela Caixa era medíocre, e aatitude do governo em partir para a ameaça, um re-trocesso. Julgar o conflito entre capital e trabalho naJustiça, e passar por cima das partes usando o podernormativo da Justiça, foi um absurdo. Desde que sur-giu o novo sindicalismo ligado à CUT, no final da dé-cada de 1970, luta-se para que trabalhadores tenhamseus direitos respeitados, inclusive o de greve, e para quepromovam suas atividades e negociem com liberdade.

Por determinação do governo federal a Caixa par-tiu para o TST, o que representou um retrocesso noprocesso de negociação e na relação do banco com omovimento sindical. Atitude típica das ditaduras. Umaintransigência inexplicável, principalmente conside-rando que até então tinham ocorrido apenas quatrorodadas de negociação. Além disso, no dia seguinteao ajuizamento, aconteceria a audiência de concilia-ção. Ou seja, mais uma confirmação de que o compor-

tamento do governo foi um desrespeito total ao direitode greve dos trabalhadores.

Ao contrário do que o governo esperava, essa ati-tude serviu para fortalecer ainda mais o movimentodos trabalhadores bancários.

Comunicação e Meio Ambiente - Nesta edição, oJoão de Barro reservou os temas transgênicos e Telesurpara as seções Meio Ambiente e Democratização dosMeios de Comunicação. O tema transgênicos é perti-nente porque a difusão em grande escala desses pro-dutos no Brasil preocupa ambientalistas e agrônomos.Segundo eles, além de nocivos à saúde humana e ani-mal, a invasão de grãos geneticamente modificados ,como a soja e o milho, pode prejudicar de formairreversível a biodiversidade de plantas e alimentosno país.

Outro tema que merece atenção é a Telesur, a tevêlatino-americana criada em 2005 por Venezuela, Ar-gentina, Cuba e Uruguai. A emissora surgiu para con-trapor o monopólio das tevês comerciais e refletir adiversidade étnica e cultural do continente. Agora,no final de outubro, sua programação também es-tará disponível no Brasil, através do Canal 25 daparabólica comum.

Terças-feiras, 20 horas,no Galpão Crioulo da APCEFEncontro do Núcleode Cultura GaúchaOutubro17 - Prazo final para votação, na página da APCEF, doconcurso de crônicas Cotiano do Rio Grande do Sul.20 - Passeio em comemoração ao Dia da Criança, naFloresta Encantada do Vô Rangel. Informações emwww.apcefrs.org.br, ou pelo fone: 51 3268 1611.20 - Jogos de Integração nas regionais Serra e Frontei-ra Oeste e assembléias das regionais Fronteira Oeste eVale do Rio Pardo. Mais informações emwww.apcefrs.org.br.24 - Reunião dos aposentados, com a presença dodiretor de Benefícios da Funcef, Carlos Alberto Caser,na Casa dos Bancários, Rua General Câmara, 424, PortoAlegre, às 14h.24 - Assembléia na Regional Centro. Mais informaçõesem www.apcefrs.org.br25 - América Café, no Teatro Dante Barone, Assem-bléia Legislativa, às 20h.27 - Festa do Esporte, 1º Botequim do Esporte, noGinásio de Esportes da APCEF, na Avenida CoronelMarcos, 627, às 22h.27 - Jogos de Integração e assembléia na Regional Valedo Taquari. Mais informações em www.apcefrs.org.br

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joão de barro outubro/2007 5em pauta

HISTÓRIAS DEORGANIZAÇÃO COLETIVA

APOSENTADOS

Uma força permanenteJoão de Barro testemunha o valor de quem trabalhou e trabalha para a construção da APCEF.

A APCEF existe para repre-sentar a totalidade de seus asso-ciados. Desde sua fundação, há54 anos, trabalha para que to-dos se sintam parte da entidade.Sejam eles colegas da ativa ouaposentados. E todas as lutas ereivindicações foram acompa-nhadas pelo João de Barro,periódico da APCEF, cuja fi-nalidade é dar cobertura aosassuntos e notícias relevantesà categoria.

Os aposentados sempre fo-ram contemplados pelas açõesda APCEF. Mas a seção Joãode Barro 50 anos destaca trêsgrandes momentos que exigiramintervenções mais fortes e efeti-vas da Associação. Episódiosem que a APCEF investiu pe-sado em assessoria jurídica e naorganização dos associados paratentar reverter ou minimizar per-das e retrocessos. O primeirogrande momento foi em 1995,com a retirada do direito aotíquete-alimentação dos aposen-tados. Sobre esse assunto, a edi-ção de janeiro de 1995 anuncia-va: “Tickets: APCEF oferece as-sessoria jurídica aos aposenta-dos”. O tema repercutiu em vá-rias edições seguidas do jornal.Os outros dois grandes momen-

tos foram na virada do milênio.Um ocorreu em 2001 com a edi-ção do Decreto 3721/01 - queaumentava a idade mínima paraa aposentadoria na previdênciacomplementar e o outro com amigração ao REB, a partir de fe-vereiro de 2002.

O serviço jurídico da APCEFjá encontrava-se à disposiçãodos associados-aposentadospara a reconquista do tíquete,mas a constituição do SeguroJurídico Previdenciário ampliouesse leque de iniciativas jurídi-cas, assim como passou a pro-porcionar consultas e esclareci-mentos por especialistas na ma-téria previdenciária. A constitui-ção do Grupo Estratégico e aelaboração da proposta desaldamento ao impasse vividopelos planos de benefício daFuncef foram intervenções quecontemplaram a todos os empre-gados, mas privilegiaram dire-tamente os aposentados. E emtodos esses grandes momentos,o João de Barro esteve presen-te, para registrar a importânciado trabalho.

REG/REPLANAté mesmo aqueles que não

optaram pelo Saldamento doREG/Replan foram beneficiadoscom o auxílio jurídico. Além dis-so, foi a partir do GT Funcef,com representação da APCEFdo Rio Grande do Sul, que seconquistou a atualização daspremissas atuariais do REG/Replan. Uma iniciativa que pro-porcionou o reequilíbrio do pla-no e a garantia de pagamentodos benefícios, assim como a

possibilidade de conquistas desuperávits históricos. Para essesassociados, a APCEF continuareivindicando à Caixa e à Funcefa utilização do superávit, paraevitar o previsto aumento de con-tribuição para os integrantes daúltima faixa salarial. A APCEFtambém reivindica a alteração dométodo de capitalização para im-pedir novos aumentos mantendoo equilíbrio atuarial do plano.

Para os optantes pelosaldamento, a APCEF se mantémacompanhando o processo e rei-vindicando, junto à Caixa e àFuncef, a solução para as ques-tões pendentes.

ESPAÇOSTemas referentes aos aposen-

tados e pensionistas são de ex-trema importância para aAPCEF. Suas reivindicações edúvidas são discutidas e traba-lhadas nas reuniões mensais deaposentados, aposentadas e pen-sionistas, com promoções decursos e palestras sobre Funcef,previdência pública e completar,entre outros. A importância e odesenrolar desses encontros sãoregistrados com freqüência naspáginas do João de Barro. Poisa APCEF reconhece a força dosaposentados na construção emanutenção da Associação, as-

O JB, ao completar 50 anos,abre espaço para as recordações,antigas ou recentes do movimentoassociativo. Coube a mim escreveralgumas palavras sobre uma dasmais recentes (se não a única) orga-nização coletiva direcionada aosaposentados, no âmbito de todas asAPCEFs, que está dando certo: asreuniões mensais de aposentados,aposentadas e pensionistas da Cai-xa, associados ou não da APCEF.

Leonardo Roberto RigonAposentado e ex- GerenteLogística CEAR/PO e ex-Chefe da DIPAT/RS.

A importância das reuniões mensaisO embrião das reuniões nas-

ceu da repulsa que o REB cau-sou em grande parte dos bancá-rios da CEF, principalmente noRio Grande do Sul, e começoua pulsar na Assembléia Geral de21 de Abril de 2001, quando foiaprovado o Seguro JurídicoPrevidenciário. Cresceu nas reu-niões mensais de alguns associ-ados, na Cia. de Arte, fortale-ceu-se nos almoços das quintasfeiras na Associação e ganhoumaioridade, consolidando-secom o GT estratégico da asso-ciação, passando a fazer parteda Agenda da APCEF, em mea-dos de 2003.

As reuniões inicialmente ser-

viam para esclarecer dúvidassobre direitos previdenciários eandamentos dos estudos das pro-postas de adequação do REG/Replan, possibilitando questio-namentos e sugestões para osparticipantes do GT Novo Pla-

no. Essas reuniões propiciaramtambém, pela constante presen-ça de membros da diretoria, umcanal de diálogo direto com a ad-ministração da Fundação. Con-solidam-se agora como umfórum de auxílio na fiscaliza-

ção dos atos daFundação e acom-panhamento cons-tante das demandasdos assistidos,além de preenche-rem as lacunas deinformações sobrea CEF, a Funcef edireitos previden-ciários e tambémobviamente possibi-

litam a confraternização entre osparticipantes.

Por tudo isso, e por ser umespaço aberto a todos os aposen-tados, sejam eles optantes peloREB, saldamento ou integrantesdo REG/Replan, é importanteque se mantenham as reuniões.Ou seja, é importante que se re-únam cada vez mais participan-tes para que possamos, em con-junto, conhecer, discutir, criticar,construir e propor políticas paraa nossa Fundação e para a pre-vidência pública do país.

sim como a de seus associadosativos. E por entender que a ins-tituição deve representar a todos,recentemente ampliou a seçãoColuna dos Aposentados paraseção Fala Associada(o). Umaforma de oferecer oportunidadeigual de manifestação para ativose inativos no João de Barro.

As reuniões mensais de apo-sentados iniciaram em 2003.Para o GT/Funcef tivemos a in-dicação da diretora de Aposen-tados, Saúde e Previdência,Amanda Cardoso e para o GT/Estatuto a indicação da MariaRegina Figueiró. O GT Estraté-gico se reúne semanalmente coma assessoria do Seguro Jurídico,representada pelos advogadosRicardo Castro e Fábio Barbo-sa. Compõem o GT atualmenteAmanda Angélica Cardoso,Maria Regina Figueiró, SergioNunes, Célia Zingler e AndréaSpinelli. Na campanha salarialdeste ano o tíquete-alimentaçãopara aposentados esteve entre asprioridades e foi uma das reivin-dicações originadas nas reuniõesde aposentados para integrar apauta específica da Caixa.

Tanto nas reuniões mensais,quanto na publicação de repor-tagens no João de Barro de te-mas de interesse dos aposenta-dos, na constituição do SeguroJurídico Previdenciário, na pá-gina eletrônica e no Fórum Que-ro me Aposentar, a APCEF pro-cura proporcionar espaços paraque todos se sintam contempla-dos e inseridos na entidade. As-sim como nas demais atividadessociais, culturais e esportivas queintegram ativos e aposentados.

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joão de barro outubro/2007 6em pauta

CAMPANHA SALARIAL 2007

Após várias rodadas denegociação, os traba-lhadores do ramo fi-

nanceiro, aprovaram, no dia 2de outubro, a proposta para clá-usulas econômicas da FederaçãoNacional dos Bancos (Fenaban).A definição garante aos bancá-rios um reajuste de 6% sobre sa-lários e benefícios, melhora naParticipação nos Lucros e Re-sultados (PLR) e 13ª cesta-ali-mentação como nova conquistaa ser incorporada na ConvençãoColetiva de Trabalho (CCT).

Os bancários chegaram ao re-ajuste de 6% depois de muitamobilização e da ameaça de gre-ve geral. Para chegar a essepercentual, a categoria recusou ou-tros índices oferecidos pelos ban-queiros. No dia 21 de setembro, aFenaban ofereceu uma correção de4,82%, o que correspondia a umavariação da inflação dos últimos 12meses. A segunda oferta, propostano dia 28 de setembro, de 5,2%,também foi rejeitada pelo Coman-do Nacional.

PROPOSTASUma das grandes conquistas

dessa Campanha Salarial foi aincorpação do pagamento da 13ªcesta-alimentação no CCT. Anova cláusula faz com que a ces-ta tenha, este ano, o valor de R$252,36. Com o reajuste de 6%,aumenta também o valor do au-xílio refeição. O tíquete será deR$ 14,72 por dia, totalizando asoma de R$ 323,84 por mês.

A PLR mantém o formato de

80% do salário mais o valorfixo. Reajustado pelos 6%, fi-cará em R$ 878 na regra básica(teto de R$ 5.826). Os bancosque - ao calcularem a distribui-ção da PLR não atingirem 5% dolucro líquido - devem aumentar ovalor até chegar a dois salárioscom teto de R$ 11.652. O paga-mento será feito de maneira que ametade seja cumprida até dez diasapós a assinatura do acordo e aoutra metade em março de 2008.

Já o adicional da PLR serápago de acordo com os critériosda Convenção de 2006. O adi-cional corresponde a 8% da va-riação em valor absoluto docrescimento do lucro líquido doexercício de 2007, em relação aoano anterior, divididos entre osseus empregados em parcelasiguais com limite individual. Omínimo será de R$ 1.200 e má-ximo de R$ 1.800. Esses valo-res valem para os bancos que ob-tiverem um aumento no lucro lí-quido igual ou superior a 15%em relação a 2006. Já as insti-tuições que não atingirem esselucro vão efetuar o pagamentode maneira proporcional.

A proposta aprovada tam-bém prevê a antecipação do pa-gamento da PLR. Ou seja, seráantecipada 50% da regra bási-ca, que deverá ser paga dez diasapós a assinatura da convençãocoletiva. Dessa forma, os ban-cários receberão 40% do salá-rio, mais parcela fixa de R$ 439limitada a 15% do lucro líquidodo primeiro semestre.

Bancários garantem 6%Depois de muita pressão e ameaça de greve geral, bancários e Fenaban definem cláusulas econômicas.

Fonte: Convenções Coletivas de Trabalho, DIEESE Subseção SESE/Sindicatodos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

APCEF

Cláusulas 2006 2007

Reajuste salarial 3,50% 6%Portaria 605,68 642,02Escritório 869,33 921,49Caixa e tesoureiro 1.214,84 1.287,73Auxílio-refeição 305,58 323,84Cesta-alimentação 238,07 252,35Auxílio-creche/babá 171,13 181,40PLR 80% + 828,00 80% + 878Adicional à PLR 1.000 a 1.500 1.200 a 1.80013ª Cesta-alimentação - 252,36

Imagens da mobilização em Porto Alegre: no clima farroupilha, os bancários queimaram o boneco de um vampiro, que simboliza a ganância dos banqueiros.

www.apcefrs.org.brVisite o site da APCEF e fique por dentro das últimas notícias. Aproveite para votar na sua crônica preferida no concurso

Cotidiano do Rio Grande do Sul, em homenagem aos 50 anos do João de Barro. A votação encerra no dia 17 de outubro.

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joão de barro outubro/2007 7em pauta

CAMPANHA SALARIAL 2007

Mobilização e conquistasSete dias de greve alcançam benefícios para empregados da Caixa e para a população.

Uma semana de greve.Esse foi o tempo quedurou a pressão direta

dos empregados da Caixa Econô-mica Federal para arrancar dobanco melhores condições de tra-balho. A greve iniciou no dia 3 deoutubro e encerrou no dia 9, de-pois de muita negociação e ajus-tamento de propostas entre repre-sentantes dos empregados e a di-reção da empresa.

Os sete dias de mobilizaçãogarantiram aos trabalhadores daCaixa Participação nos Lucros ouResultados (PLR) linear, compro-misso de proposta de novo Planode Cargos e Salários (PCS) paraos Técnicos Bancários e escritu-rários até abril de 2008 e garan-tia de não serem descontados osdias parados.

O pagamento da PLR de for-ma linear atende a demanda domovimento sindical de justiça nadistribuição dos lucros, mas tam-bém traz descontentamento entremuitos empregados de faixas sa-lariais mais altas. Desde a suaimplementação, as diferentes for-mas de pagamento da PLR sem-pre trouxeram insatisfação deparcela dos empregados que sesentia prejudicada. Para os ban-

cários, o debate da questão deveter como objetivo um formato depagamento mais justo e solidário.No entanto, o assunto não deveser motivo de semear a divisão ea disputa interna, atitudeinjustificável no quadro de empre-gados da Caixa.

Mais de 80% dos locais de tra-balho, nas principais cidades dopaís, aderiram à greve. No dia 8,véspera da aprovação da propos-ta, todas as agências de Porto Ale-gre haviam parado. Embora te-nham garantido reivindicaçõesimportantes, os trabalhadores daCaixa não vão desistir de lutarpelos demais eixos da pauta es-pecífica da Campanha Salarial de2007. Entre elas, a recuperaçãodas perdas salariais acumuladasno período Fernando HenriqueCardoso, a isonomia, a jornadade seis horas, o tíquete e a cesta-alimentação para todos os aposen-tados.

Em Porto Alegre, a última pro-posta do banco foi aprovada emassembléia, no dia 9 de outubro,que lotou o maior salão do Clubedo Comércio, no centro da cida-de. No mesmo dia, bancários devários cantos do estado aprova-ram também o reajuste de 6% nos

salários e 13ª cesta-alimentação.Os salários com correção e 60%da PLR serão pagos dez dias apósa assinatura do acordo com a ins-tituição. Confira a íntegra da pro-posta no quadro ao lado.

ATENDIMENTOAs medidas garantidas pela

greve também vão beneficiar apopulação. O banco se compro-meteu em contratar três mil no-vos funcionários até o final de2007 e realizar concurso no pró-ximo ano para abrir mais vagas.A ampliação do quadro de pesso-al é uma das reivindicações dosempregados da Caixa, devido àsobrecarga de trabalho. Para osbancários, é necessário contratarmais empregados para melhoraras condições de trabalho e dar umatendimento digno aos programascomo o Bolsa Famíla e o financi-amento habitacional. Além dessesprogramas, a Caixa concentradois terços dos recursos do Pro-grama de Aceleração do Cresci-mento (PAC), do governo federal.

RETROSPECTIVANo dia 9 de outubro, o Co-

mando Nacional dos Bancáriosorientava as assembléias da

categoria em todo o país a acei-tarem a última proposta feitapela direção da Caixa. A deci-são foi tomada em reunião nasede da Fenae, em Brasília. Nes-sa reunião, os membros do Co-mando avaliaram que a propos-ta trazia avanços significativose se configurava em vitória so-bre a intransigência e o recursoencaminhado à Justiça do Tra-balho.

Em Porto Alegre, trabalhado-res da Caixa fizeram umpasseatão pelas ruas centrais dacapital. Na ocasião, uma carta aber-ta foi entregue à sociedade para mos-trar que a mobilização dos empre-gados também buscou melhoriaspara clientes e população.

O interior do estado tambémse mobilizou. A greve foi forte nasbases dos sindicatos de Alegrete,Cachoeira do Sul, Camaquã,Carazinho, Caxias do Sul, CruzAlta, Erechim, Guaporé,Horizontina, Ijuí, Lajeado, Lito-ral Norte, Novo Hamburgo, Pas-so Fundo, Pelotas, Rosário doSul, Rio Grande, Santa Cruz doSul, Santa Maria, Santo Ângelo,São Borja, São Leopoldo,Uruguaiana, Vacaria e Vale doParanhana.

PROPOSTA NA ÍNTEGRAÍndice de reajuste: 6% para sa-lários e demais verbas.

PLR:

R$ 4.100,00 aos empregados não-comissionados.

R$ 4.362,84 aos empregadoscomissionados.

O pagamento será feito 60% atédez dias após a assinatura do acor-do e 40% até março de 2008. Se obanco tiver crescimento do lucrosuperior a 15% em comparação a2006, serão acrescidos R$ 600, quetambém serão pagos até março de2008.

13ª cesta-alimentação: incorpo-rada ao contrato de trabalho de R$252,60.

Adiantamento de férias:parcelamento passa de 5 para 10meses sem juros.

PCS: construção de diretrizes e pre-missas do novo PCS em 30 diasapós a assinatura do acordo. Apre-sentação da proposta de novo PCSaté 30 de abril de 2008. Implanta-ção até 1º de julho de 2008.

Unificação das carreiras: todosos empregados da carreira adminis-trativa passam a ter um único PCS.Além disso, as atuais vantagenspessoais (VP) dos escriturários pas-sam a integrar a tabela do PCS, oque traz mais segurança na carreirafuncional do empregado.

Incorporação: os R$ 30,00 (cor-respondentes à campanha de 2004)serão incorporados no Plano de Car-gos e Salários, realinhando a curvasalarial numa nova tabela. A formade ascensão será por antigüidade emerecimento e os critérios serãoapresentados até 30 de abril de2008.

Emprego: contratação de maistrês mil empregados até dezembrodeste ano e realização de concursopúblico em março de 2008.

Taxa de juro: os bancários da Cai-xa terão direito à menor taxa de jurode consignação nominal.

Internet: em até 30 dias após a as-sinatura do acordo devem ser apre-sentadas pela Comissão de Funci-onários propostas de alteraçõespara a utilização da internet.

Saúde Caixa: fica garantido aosempregados em efetivo exercíciona Caixa e que venham a se apo-sentar pela Previdência Social o pla-no de Saúde Caixa.

Licença Prêmio e Apip: conver-são de até 30 dias da licença-prê-mio - para aqueles que já têm estedireito - mais a Apip (ausência per-mitida para tratar de interesses par-ticulares) em espécie.

Bolsas: ampliação da bolsa de in-centivo à graduação para 4.100 va-gas.

Idiomas: bolsa para cursos de in-glês, espanhol e japonês, de até R$1.200 por ano.

Antecipação do tíquete-refei-ção: aos contratados até o 15º diaútil do mês.

Auxílio-creche a partir do 1ºmês: hoje é a partir do 3º mês.

Funcef:Funcef:Funcef:Funcef:Funcef: empregados atualmenteno Plano de Melhoria de Proventose Pensões (PMPP) poderão aderir aonovo plano de benefícios do fundode pensão.

Abono dos dias parados: a di-reção da Caixa também comprome-teu-se a não descontar os dias pa-rados na greve até 9 de outubro.

Imagens da mobilização dos trabalhadores da Caixa:nesta foto, passeatão em Porto Alegre; em cima, da esquerdapara a direita, Alegrete, Carazinho, Passo Fundo e Pelotas.

Marisane Pereira/Federação dos Bancários RS

Fotos Divulgação Sindicatos de Bancários

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hoje joão de barro outubro/2007 8

Soja e milho geneticamente modificados enriquecem empresas, em detrimento da biodiversidade e da saúde humana e animal.

TRANSGÊNICOS

Ambientalistas e agrônomosestão preocupados com a difusãodos alimentos transgênicos noBrasil. Primeiro foi a soja, agoraé o milho geneticamente modifi-cado que coloca em alerta os es-pecialistas em solos e plantas. Aspreocupações vão desde o perigoda perda da biodiversidade a efei-tos nocivos à saúde humana e ani-mal. Para os engenheiros agrôno-mos Fábio Dalsóglio e GabrielFernandes, o cultivo de grãos ge-neticamente modificados tem a fi-nalidade de beneficiar grandesindústrias multinacionais, em de-trimento da vida. Fábio Dalsóglioé doutor em Fitopatologia, pro-fessor da Ufrgs e membro da Co-missão Técnica Nacional deBiossegurança. Gabriel Fernan-des é assessor técnico da Asses-soria e Serviços a Projetos emAgricultura Alternativa. Para eles,empresas como Monsanto,Syngenta, Bayer, Basf e Dupondutilizam-se da engenharia genéticapara obter sementes patenteadas ecom isso garantir o monopólio nosmercados mundiais. Uma políticaque leva o produtor a pagar royaltiepor essas plantas e as sementes pro-duzidas, além de comprometer a se-gurança alimentar.

AGROTÓXICOSLíderes mundiais nos merca-

dos de transgênicos, essas empre-sas também são grandes produ-toras de agrotóxicos. Uma com-binação perfeita, pois elas mes-mas produzem a planta e oherbicida. Uma das primeiras cul-turas transgênicas a seremcomercializadas foi a soja resis-tente ao agrotóxico glifosato, pro-duzida pela Monsanto. Esseagrotóxico mata a soja convenci-onal, mas pode ser usado peloagricultor para eliminar as ervasdaninhas nas culturas de sojatransgênica, sem afetar sua plan-tação. O uso repetido do mesmoagrotóxico tem acelerado osurgimento de plantas daninhascada vez mais resistentes aos ve-nenos. “Isso tem levado o produ-tor a usar uma quantidade maiordo glifosato ou mesmo de outrosprodutos mais fortes. Tanto é quejá há multinacionais querendo lan-çar no mercado soja transgênicaresistente a outros herbicidas para

contornar esse problema”, ressal-ta Fernandes. O agrônomo expli-ca ainda que o Brasil é centro dediversidade do milho e que a libe-ração do milho transgênico colo-ca em risco toda essa riqueza.“Além de o Brasil não ter estru-tura para a segregação da produ-ção, a polinização do milho é fei-ta pelo vento, que facilmente fe-cundará plantações vizinhas aoscampos de transgênicos”, avisa.

COMIDASegundo Fernandes, as prin-

cipais culturas transgênicas pro-duzidas hoje no mundo são soja,algodão, canola e milho, e 90%delas concentram-se nos EstadosUnidos, Argentina, Brasil e Ca-nadá. O Rio Grande do Sul é gran-de produtor de soja, seguido doParaná. Também se produz nomundo trigo, batata, arroz e aveiatransgênicos. “Esses grãos sãoresponsáveis por mais de 70% daalimentação mundial, e essas em-presas estão reduzindo de manei-ra significativa a diversidade ge-nética dessas espécies comer-cializadas. Com isso, cada vezmais o mundo depende de poucasespécies para comer, que estãocada vez mais nas mãos dessasempresas com poucos gens. E issoé um problema, pois estamos cadavez mais sob o risco de ficarmossem comida”, adverte Dalsóglio.Além disso, o doutor emFitopatologia diz que até mesmoa Monsanto pôde confirmar, atra-vés de estudos, de que a sojatransgênica não é mais produtivaque a soja comum. “Os agricul-tores estão gastando mais com assementes e os agrotóxicos. Sóquem ganhou foi a Monsanto, queteve lucro recorde ano passado noBrasil, levando milhões de dóla-res para o exterior. O Brasil, naverdade, perdeu esse dinheiro”, re-lata. Para Dalsóglio, mais impor-tante do que ficar discutindo quemvai ganhar dinheiro hoje, seria es-tudar qual a proposta mais sus-tentável, “o que será melhor parao futuro dos nossos filhos, netose bisnetos, mas infelizmente o go-verno protela e a sociedade não seenvolve”.

MANIPULAÇÃOEngenharia genética é o pro-

cesso de manipulação dos genesnum organismo, geralmente forade seu processo normal repro-dutivo. Transgênicos ou organis-mos geneticamente modificados(OGMs) são organismos produ-

zidos por meio da transferênciade genes de um ser vivo para ou-tro, geralmente de espécies dife-rentes. “Por exemplo, um peixeque recebe características de por-co ou a soja que recebe genes devírus, bactérias ou outros orga-nismos”, exemplifica a cartilhaTransgênicos: a verdade por trásdo mito, elaborada pela Campa-nha de Engenharia Genética daorganização não governamentalGreenpeace. “Quando organis-mos são geneticamente modifica-dos, um pacote de genes é intro-duzido, incluindo uma seqüênciapromotora para ativar o ‘gene deinteresse` (que faz uma planta pro-duzir uma proteína tóxica a inse-tos ou ser tolerante a umherbicida, por exemplo) e o DNAda seqüência terminal, que indicaonde é o fim do pacote genético.Um marcador pode ser incluídoporque o processo de engenhariagenética é muito ineficiente e so-mente uma pequena porção decélulas incorpora o pacote inseri-do. Todas essas características

podem vir de qualquer espécie. Osgenes mais usados são os de bac-térias e vírus.”, explica a cartilha.

Para o engenheiro agrônomoGabriel Fernandes, os transgê-nicos são organismos que semultiplicam, e que uma vez li-berados no meio ambiente nãotem como voltar atrás. “Não temcomo fazer um recall, como umcarro que saiu com defeito de fá-brica. As construções transgêni-cas são artificiais e nunca exis-tiram na natureza. Elas mistu-ram DNA de diferentes espéci-es, inclusive vírus e bactériaspatogênicas, e isso pode dar ori-gem a novos elementos infecci-osos”, alerta. Ele explica aindaque o processo também oferece orisco de essas novas construçõesgenéticas passarem paramicroorganismos nativos ou ani-mais silvestres, cujas conseqüên-cias são desconhecidas.

“A questão da análise préviade riscos e da biossegurança nãoé levada a sério no Brasil. Nãoexiste aqui uma política de

biossegurança. O que vemos é ogoverno assumir uma postura dedefesa da rápida liberação dostransgênicos para agradar a seto-res do agronegócio com quem secomprometeu em busca de alian-ças políticas”, afirma.

SAÚDENa cartilha, o Greenpeace

elenca alguns motivos para seopor à liberação dos transgênicosno meio ambiente: perda dabiodiversidade, aumento do uso deagrotóxicos, ameaça à segurançaalimentar, falta de estudos e faltade transparência. Para a organi-zação, a utilização de transgênicoscom resistência a herbicidas estácausando o aparecimento de superpragas, além da contaminação daterra e dos lençóis freáticos devi-do ao uso intensivo de agrotó-xicos. A entidade também apontacomo conseqüência o aparecimen-to de alergias, o aumenta da re-sistência a antibióticos, os efeitosinesperados de longo prazo e oaparecimento de novos vírus me-diante a recombinação. Ou seja,os transgênicos estão sendo utili-zados na alimentação humana eanimal sem estudos suficientesque comprovem a sua segurança.“Substâncias responsáveis porcatástrofes ambientais e humanascomo o ascarel, a talidomida, oDDT e as bifenilas policloradasforam endossadas por cientistassérios devido aos poucos estudosdisponíveis na época”, ressalta acartilha.

Com o cultivo e a comer-cialização da soja transgênica noBrasil, foi criada regulamentaçãoespecífica para garantir direito deinformação sobre alimentostransgênicos. Também foi criadaa Lei de Biossegurança que refor-ça o Decreto de Rotulagem 4.680que determina que alimentos quecontenham ingredientes trans-gênicos sejam identificados.

Neste mês de setembro, a jus-tiça determinou que as empre-sas Bunge e Cargill obedeçam alei e rotulem seus produtos como símbolo dos transgênicos. Osóleos Liza e Soya agora deve-rão conter o "T" dentro do tri-ângulo amarelo, para indicar queforam fabricados com ingredi-entes transgênicos. A determina-ção é resultado de denúncia doGreenpeace, em 2005, pelo fatode as empresas fabricantes doSoya e do Liza não identifica-rem a produção de seus óleos co-mestíveis com soja transgênica.

Grãos de ouro (para as multinacionais)

Como contribuirInforme-se sobre os transgênicos e sobre as possíveisconseqüências ao meio ambiente e à saúde humana eanimal. Se você é contra os transgênicos, opte pormarcas que informem no rótulo que o produto é livre detransgênicos. Participe de campanhas contra a libera-ção de grãos e plantas transgênicas. O Greenpeace pos-sui em sua página eletrônica o guia do consumidor queinforma sobre os alimentos disponíveis no mercado quecontêm ingredientes transgênicos em suas composições.

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joão de barro outubro/2007 9hoje

COMUNICAÇÃO NA AMÉRICA LATINA

Telesur: um olhar latinoNo ar desde 2005, emissora tem o objetivo de refletir a diversidade étnica e cultural do continente.

Romper com os latifúndiosmidiáticos e resgatar a histórialatino-americana. Esses são osprincípios que sustentam o pro-jeto criador da TV Sur, ouTelesur (no Brasil, TV Sul ouTelesul). Uma televisão por sa-télite, em espanhol, lançada em24 de julho de 2005, pelos go-vernos da Venezuela, Argentina,Cuba e Uruguai.

Com sede em Caracas, capi-tal da Venezuela, a emissora sur-giu para funcionar 24 horas pordia com correspondentes e su-cursais em diversos países. Nofinal de outubro de 2007, par-te da programação vai estardisponível no Brasil tambémpelo Canal 25 da parabólicacomum (satélite domésticoB1), com tradução em Portu-guês, através do sinal da TVEducativa do Paraná. A novi-dade vai dar mais visibilidadeà emissora, que até então sópodia ser captada por parabó-lica digital (satélite NSS 806),pelos sites (www.telesurtv.net,www.pr.gov.br/rtve e www.tvcomunitariadf.com.br) oupelas tevês comunitárias deBrasília, Niterói, Rio de Janei-ro, Florianópolis, Paraná eRocinha. Pela comunitária deBrasília, é possível acompanharaté nove horas de programação,por dia. Pelo site da Telesur, apartir das 20h, o telespectadortambém assiste ao noticiário,produzido pelas sucursais, inclu-sive do Brasil.

Em dois anos de funciona-mento, a Telesur conquistoumais sócios, Bolívia, Nicaráguae em breve o Equador. Possui su-cursais na Argentina, Colômbia,Nicarágua, Brasil, Washington,México, Haiti e recentementetransmite sinal à Espanha, ondepromete inaugurar, em breve,mais uma sucursal. Há corres-pondentes também no Chile e noPeru. "Nós na América Latina eno Caribe fomos treinados a nosver por olhos estrangeiros. De-veríamos estar olhando para nóscom nossos próprios olhos", dis-se na época da inauguração, odiretor-geral da emissora, AramAharonian. Na ocasião, o dire-

tor também ressaltou que o pro-jeto surgiu para oferecer umaalternativa às visões de emisso-ras como a espanhola TVE e anorte-americana CNN em espa-nhol.

PROGRAMAÇÃONa Telesur, os países parcei-

ros, sucursais e correspondentesproduzem seus próprios notici-ários, em que tentam refletir adiversidade étnica e cultural docontinente. As reportagens sãoenviadas a Caracas, responsá-vel pela veiculação. O forte daprogramação é o jornalismo,com programas e debates, quecontextualizam as notícias, alémde documentários e filmes lati-no-americanos. "Existe hoje umpredomínio da visão dos meiosde comunicação controladospelo Norte, ou seja, pelos paí-ses do império que têm o con-trole do fluxo de informação.Por essa razão, é muito difícilque a humanidade compreendao que está acontecendo no He-misfério Sul. E quando dizemosSul, é o Sul histórico, geográfi-co e cultural", explica o jorna-lista Beto Almeida, membro dajunta diretiva da Telesur e pre-sidente da TV Comunitária deBrasília. "Na tevê comercial, aAmérica Latina só é divulgadaquando há uma tragédia, umgolpe de Estado ou a visita deum presidente imperialista. Ouseja, o tratamento aos latinos ésempre negativo. Quando háuma revolução em massa, comona Venezuela, por exemplo, queconseguiu eliminar o analfabe-tismo e que tem o salário míni-mo mais elevado da AméricaLatina, isso não vira notícia",completa.

A data da inauguração daTelesur, 24 de julho, não foi es-colhida por acaso. Nesse mes-mo dia, em 1783, nasceu SimonBolívar, herói da independênciade países da América do Sul emártir da luta pela integraçãodos povos do continente.

FUNCIONAMENTOA sustentação econômica do

canal vem dos governos funda-dores e sócios e da rede de cola-boradores, constituída por pro-dutores independentes e tevêscomunitárias. A diretoria é in-ternacional, e seu presidente é oministro de informação da

Venezuela, Andrés Izarra. Oconteúdo é bilíngüe, com legen-das ou tradução em portuguêsnas transmissões em espanhol evice-versa. A produção é feitapor jornalistas venezuelanos,correspondentes e sucursais dospaíses envolvidos. "Esse é umorçamento dos cidadãos, não éum projeto de governo, e sim dosEstados, pois percebemos que aintegração latino-americana queestá na Constituição de váriospaíses só pode se concretizar setambém houver uma tradiçãonas esferas cultural, comunica-tiva e informativa", acrescentaAlmeida. Para ele, não se podefazer integração exclusivamen-te comercial ou econômica, "elatem que ser cultural, política,educacional e tambémcomunicacional. Então, nadamais lógico que tenhamos umatevê que faça com que os paísesse conheçam".

CRÍTICASMas a proposta de integração

da América Latina e de criaçãode uma comunicação que con-traponha o domínio dos meiosde comunicação no continentelatino-americano gerou muitascríticas. Quando esteve em Ca-racas para a inauguração da

emissora, Almeida foi entrevis-tado por correspondente do NewYork Times, que perguntou a elecomo seria garantida a indepen-dência da televisão. Almeida res-pondeu ao jornalista com outroquestionamento. "Você acha queo NY Times é independente? In-dependente de quê, se ele defen-de seus anunciantes e a maiorparte deles é ligada à indústriabélica", disse. Para o João deBarro, ao ser perguntado sobreo risco de a Telesur ser uma te-vê de Hugo Chaves, Almeidacomeçou a responder tambémcom uma pergunta: "Qual a in-dependência da TV Globo?", econtinuou: "pois nós achamosque a TV Globo é do capital. Naverdade não existe independên-cia, o que existe é uma linha edi-torial comprometida com um ououtro valor. Nós, na Telesur,mostramos as manifestaçõestanto da direita, quanto da es-querda, mas com comentários.Nossas câmeras entram nasmanifestações dos oprimidos,dos camponeses, dos excluídos,pois são os setores sociais quenunca têm voz, que só aparecemcomo baderneiros, ou quandosão presos ou mortos", justifi-ca. Para Almeida, a suposta li-berdade de imprensa é um con-

ceito vago. "A Telesur procuratratar a pluralidade do fato so-cial e as várias informações quecompõem um fato. Eu não acre-dito que uma emissora que de-pende da montadora de carrosvá fazer matéria isenta sobre ocolapso do trânsito, ou seja, elatem um limite que é a sua recei-ta publicitária. A linha editorialdessa emissora passa pelo depar-tamento comercial, e a nossanão. Nós temos um conselho denotáveis, formado por intelectu-ais, escritores e gente ligada àsartes".

Almeida acusa ainda a lógi-ca comercial que preside osgrandes meios de rebaixar a in-formação a uma mercadoria. Eleexplica que o objetivo maior daTelesur é produzir uma progra-mação que respeita os valores dacivilidade, da democracia e dacidadania, além de fazer comque os povos latinos se aproxi-mem. "Existe um outro mundoem movimento, buscando justi-ça, criando uma nova noção éti-ca de cultura e dos meios de co-municação", garante. "Os povoslatino-americanos precisam seenamorar e não ficar de costasuns para os outros. Eles nosvêem em preto e branco, mas nóssomos tecnicolor", completa.

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enfoque joão de barro outubro/2007 10

FALA, ASSOCIADA(0)

O CRISTO MARXISTAEra uma noite de decisão no Estádio Olímpico. O Grêmio ia enfren-

tar um time argentino pela "Libertadores da América". Na entrada doestádio esbarrei com um bando de garotos, de uma "torcida jovem"que, qual um bando de passarinhos, fazia um grande alarido, berran-do o "Ah! eu sou gaúcho!". Um deles, de uns 12 anos, portava umaenorme bandeira com as cores do clube, tendo no centro o rosto deChe Guevara, com a clássica boina guerrilheira, na cor azul, é claro"Quem é esse aí?", perguntei, me fazendo de desentendido. O meninome olhou fixo, como que descrente da minha ignorância, e disse: "Esseé o Che, o maior guerrilheiro das Américas. É um libertador...".

Uma reflexão sociopoliticaSubi as escadas, sentei-me na minha cadeira e fiquei juntando as

idéias para uma reflexão sociopolítica. Havia dois dados relevantes:Aquele garoto que, quando nasceu fazia 15 anos que Ernesto "Che"Guevara tinha morrido e, quem contou a ele as lutas do médico argen-tino que se tornou guerrilheiro?

Um ícone místicoNa mesma semana, os jornais abriram grandes manchetes sobre os

quarenta anos da morte de Guevara nas selvas da Bolívia. Olhando afoto de seu cadáver, a gente não pode deixar de fazer uma ligaçãocom a figura de Cristo: recostado, olhos abertos, barba em desalinhoe lábios entreabertos, numa fisionomia serena. Há, curiosamente, nopeito, perto do coração, um ferimento perfurante. A ilação não foi sóminha.

O jornalista Tomáz Martinez, do La Nación, de Buenos Aires, autorde "Santa Evita", referiu-se ao que ele chama de Cristo-Comunista,como um dos maiores ícones ideológicos da América Latina. Recor-dou que, em 1968, no auge da repressão, discursando aos jovens, emParis, Dom Helder Câmara, Arcebispo de Olinda e Recife, afirmou que"... só uma classe de homens, aqueles de visão planetária e de cora-ção universal, poderá consumar o milagre de apagar as desigualdadesentre raças, sexos e classes, entre submissos e insubmissos, ilustrados eiletrados. Só poderão consegui-lo aqueles que sejam violentos como osprofetas, justiceiros como Guevara, verdadeiros como Cristo".

O martírio de um líderNo livro Compañero, uma biografia recente, autoria do escritor Jor-

ge Castañeda, ele entrevista o alemão Henrich Böll, Prêmio Nobel deLiteratura, que se refere à última refeição de Guevara cativo. Poucashoras antes de sua execução sumária, numa analogia com a cruz,quando o guerrilheiro teria recusado uma sopa oferecida, por causado vinagre. A verdade é que a foto de Guevara morto, inexplicavelmente,traz consigo um ponderável apelo místico. Parece fazer a separaçãoentre a brutalidade do autoritarismo de todos os tempos, assim comoelabora a síntese dos eternos anseios libertários do homem novo. "ComGuevara, afirma Böll, todos nos libertamos, e asseguramos o direito dequestionar a autoridade e a dissentir". Ideologias à parte, a verdade éque Che Guevara passou para a galeria dos mitos latino-americanos,junto com Zapata, Sandino, Vargas, Evita, Neruda, Gaitán, Marti, Borgese tantos outros, em um continente tão carente de valores reais e verda-deiros líderes.

Um idealista do não-conformismoOs anos sessenta, encarnados da rebeldia de Che, deixaram uma

herança irreversível de liberdade em todos os segmentos do mundointeiro. Não se faz julgamentos históricos, ainda mais de idealistas oude mitos populares, sob pena de erro ou retratação. Felizmente a polí-tica não é o tribunal onde se julga a história. O comunismo acabou. Omarxismo mostrou-se insuficiente para a complexidade da vida huma-na, mas a figura de Che Guevara não cessa de encarnar o desejohumano, seja de libertação, seja de mudança. O fato é que, quarentaanos depois, para contrariedade de alguns, Guevara continua vivo.Como que ressurrecto. Talvez por isso, o jovem torcedor tenha ficadotão espantado com minha pergunta.

Um mito nunca morreEsta é a reflexão que me veio à mente neste mês de outubro, quan-

do a América Latina, um continente tão carente de liberdade e de açõesigualitárias, celebra os quarenta anos da morte de Che Guevara, umhomem que - por haver se tornado um mito - vive nas lutas daquelesque buscam libertação.

Antônio Mesquita GalvãoEmpregado aposentado da Caixa, associado da APCEF.É escritor e filósofo

O andar térreo da Casa dosBancários lotou com a fes-

ta dos Técnicos Bancários (TBs),no dia 29 de setembro. A músicarolou madrugada adentro em vá-rios ambientes da casa. O espaçocultural virou pista de dança comDJ e show especial da trans-formista Dandara, que fez umaperformance muito divertida dacantora Alcione. “Eu achei a ini-ciativa muito boa, porque assimos TBs se unem e podem enten-

TB Fest foi um sucessoder mais da vida e da carreira dosbancários”, diz a técnica bancáriaRachel de Araújo Weber. Rachel tem21 anos, entrou na Caixa em 2005e trabalha na Gifug/PO.

No bar da Casa dos Bancá-rios teve videokê e foram servi-das pizzas, das 22h à uma damadrugada. A TB Fest foi umainiciativa dos TBs, realizadapelo SindBancários, com apoioda APCEF. A festa também dis-tribuiu brindes.

Che viveNo dia 9 de outubro completa-ram-se 40 anos da morte de CheGuevara. Uma lenda para os jovensrevolucionários de todo o mundo,Che Guevara é um exemplo de fi-delidade e total devoção à uniãodos povos subjugados. Para cele-brar a memória do mais famosorevolucionário e líder político latino-americano, foi organizado por par-lamentares, sindicatos e associa-ções um ciclo de atividades,intitulado Che Vive, durante a se-mana de 8 a 11 de outubro.

A APCEF também participou

das homenagens, no ato-show CheVive no auditório Dante Barone daAssembléia Legislativa, dia 8 deoutubro, com a presença de AtilioBoron. Músicos gaúchos cantarame homenagearam Che Guevara. AAPCEF se fez presente nas celebra-ções também através do grupo Cai-xa de Pandora, ao preparar especi-almente para o Che Vive a esqueteFragmentos - Uma Homenagem aChe Guevara, com textos do próprio

Che Guevara. O grupo de teatroda APCEF levou o espetáculo aoauditório do Colégio Júlio deCastilhos, dia 10 de outubro. Aesquete também participou daabertura do debate com SérgioMartinez, Conselheiro da Embaixa-da de Cuba no Brasil, dia 11 deoutubro, na Casa dos Bancários. Odebate com Martinez foi sobre os45 anos do bloqueio econômicoimposto pelos Estados Unidos aCuba e sobre a prisão de cinco cu-banos acusados de espionagemem terras norte-americanas.

Fotos Filipe Caldeira

Costelão farroupilhaUma sede repleta de azaléias

recepcionou os participan-tes do X Costelão da Serra,prestigiado evento promovido pelaRegional Serra da APCEF, emFarroupilha. O Costelão aconteceduas vezes no ano. O primeiro é noDia do Trabalhador e o segundo nascomemorações farroupilhas.

Cerca de 200 pessoas, entreassociados, familiares e amigos sedivertiram das 10h às 17 horas,no dia 15 de setembro. Os prepa-rativos começaram bem cedo. Agrande novidade dessa edição foia promoção de um bingo que dis-tribuiu muitos prêmios. A nature-za, a beleza das flores e a infra-estrutura da sede que inclui galpão(também chamado de costeló-dromo), campo de futebol e qua-dra de tênis foram fundamentais

para tornar a festa ainda mais di-vertida. “O importante é confra-ternizar, e nada melhor que umchurrasco para marcar a semanafarroupilha”, garante o coordena-dor da regional, Vladimir Bettiol.

Também prestigiaram o evento apresidenta da APCEF, Célia MargitZingler, o presidente da Agea,Antoci Neto de Almeida e o diretordo Sindicato dos Bancários deCaxias do Sul Ademar Bellini.

Divulgação

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joão de barro outubro/200711enfoque

O Núcleo de Cultura Ga-úcha da APCEF encer-rou o mês farroupilha

em grande estilo, e da formacomo os gaúchos e as gaúchasgostam: com muita comida emúsica típicas. O Jantar BaileCampeiro, no Galpão Crioulo daAssociação, dia 28 de setembro,foi um sucesso. Grande parte doêxito se deve ao som de gaita,violões, pandeiro e vozes do gru-po Beira D’Estrada. “Gosteidesta festa especificamente por-que o grupo faz uma músicagaúcha autêntica”, diz a associ-ada Sílvia Nair dos Santos Bar-ros, gerente da Agência MeninoDeus da Caixa. Sílvia e o mari-do Rui são grandes apreciado-res das festas promovidas peloNúcleo, principalmente depoisda reforma do galpão, concluí-da em julho do ano passado. "Opessoal que assumiu o galpão émuito bom, está sempre inovan-do", reforça Sílvia.

Os cerca de 200 participan-tes apreciaram uma janta de pri-meira: carreteiro de charque, fei-jão mexido e saladas. De so-bremesa foi servido doce de abó-bora. “Tenho que agradecer osucesso da festa ao apoio do di-retor Paulo Belotto e dos de-mais colaboradores e participan-tes do Núcleo que trabalharamno evento”, lembra o diretor da

Associação e coordenador doNúcleo, Paulo Cesar Ketzer.

TANGOAntes de liberar a pista

para o arrasta-pé, a organiza-ção da festa fez uma surpre-sa. A professora de dançaDanielly Raiter Brandt e o bai-larino Fabrício, ambos daequipe de dança FernandoCampani, deram um show detango. O espetáculo foi umaamostra do que a professorapretende oferecer na oficina detango, com estréia marcadapara o dia 6 novembro. Asaulas serão às terças-feiras, nogalpão da APCEF. Danielly jáministra desde junho aulas dedança de salão no local, tam-

Tudo que o gaúcho gostaComida típica e música gaúcha autêntica garantem o sucesso da festa.

JANTAR BAILE CAMPEIRO

Iniciou a parceria entre a APCEFe o Genoma Colorado. Umaescolinha de futebol para criançase adolescentes com idades de 4 e17 anos. As aulas ocorrem àsquartas e sextas-feiras, das 9h às17h, no campo de futebol da sedeB da Associação, Avenida CoronelMarcos, 851. O Genoma Coloradoé um projeto do Esporte ClubeInternacional que incentivacrianças e adolescentes à práticade futebol.

Além de proporcionar umaatividade sadia entre os atletas, asociedade vai permitir que aAPCEF participe em competiçõesde futebol mirim e infantil entre osdiversos núcleos do GenomaColorado. A parceria visa ainda adesenvolver atividades sociais eculturais para congregar atletas,familiares e amigos. "É umaoportunidade de tornar a iniciativamais do que uma atividade detreinamento e disputa, mastambém de lazer e descontração,tão difíceis com a correria do dia adia", diz o diretor da APCEF SérgioSqueff. Para os coordenadores eprofessores da escolinha, Melissae Ricardo Quesada, a parceria étambém uma oportunidade dedesenvolver esse projeto na zonasul da cidade. A escolinha estáaberta ao público em geral. Osdependentes de associados daAPCEF têm desconto de 12%sobre o valor da mensalidade. Maisinformações e inscrições pelosfones (51) 3268 1611, 9326 3793e 9653 2123.

FUTSAL FEMININOAs associadas e dependentes

também podem aprender a jogarfutebol. A equipe de futsal daAPCEF promove treinos de futsalfeminino em seu ginásio de espor-tes, na Avenida Coronel Marcos,627. Os treinos são orientados peloprofessor Ney Ramires, às quintas-feiras, das 20h às 22h. Mais infor-mações e inscrições pelos fones(51) 9975 4835 (Márcia) e 99833929 (Liane).

JOGOS DE INTEGRAÇÃOContinuam as etapas regionais

dos Jogos de Integração daAPCEF. A grande final será nos dias1º e 2 de dezembro em Tramandaí.As regionais que ainda não marca-ram suas datas devem se agendaraté o dia 18 de novembro. A pri-meira etapa regional foi em PassoFundo, no dia 29 de setembro. Asdisputas nas regionais Vale dos Si-nos e Serra acontecem no dia 20de outubro e na Taquari em 27 deoutubro. Agende-se.

GENOMA COLORADO

ESPORTE

Festival de vozesO Coral da APCEF deu um

show de talento no 42º Fes-tival de Coros do Rio Grande doSul, intitulado O Gaúcho querCantar, dia 30 de setembro, noLindóia Tênis Clube. A ocasiãotambém marcou o 1º Encontro deCoros do clube. O coral da Asso-ciação dividiu aplausos com maissete coros gaúchos que interpre-taram diversas canções nacionaise internacionais. O evento foi pro-movido pela Federação de Corosdo RS, com a finalidade de divul-

gar o canto como patrimônio cul-tural do estado. Regido pelo ma-estro Luiz Carlos Andrade, o Coralda APCEF interpretou Dezilde AlCavallero, Canção Ballet, Passaredoe No Rancho Fundo. No final, to-dos receberam certificado e troféusde participação, além de convitepara as próximas edições.

AGENDA CHEIAO Coral da APCEF também

participou de homenagens à Se-mana Farroupilha. No dia 18 de

setembro esteve na Noi-te da Caixa, quando aAPCEF se fez presenteno AcampamentoFarroupilha, no Pique-te dos Bancários (Par-que Harmonia). No diaseguinte, também mos-trou seu talento no Re-canto Gaúcho da Caixa,montado na AgênciaPraça da Alfândega.

A peça América Café, do grupo Caixa de Pandorada APCEF, faz única apresentação no dia 25 de outu-bro, às 20h, no Teatro Dante Barone, na AssembléiaLegislativa. Voltada às comunidades sem acesso aoteatro comercial, o espetáculo tem o apoio da Uniãode Negros pela Igualdade (Unegro); União Nacionaldos Estudantes (UNE); União Brasileira de Estudan-tes Secundaristas (Ubes); Confederação Nacional dasAssociações de Moradores (Conam); Federação Ga-úcha das Associações de Moradores (Fegam/RS);União das Associações de Moradores de Porto Ale-gre (Uampa) e União Brasileira de Mulheres (UMB).

O espetáculo, dirigido por Artur José Pinto, conta uma história de amorque foi sucesso nos palcos por onde passou. "O nosso compromisso é tam-bém levar a cultura a quem não tem acesso a ela, por isso o Caixa de Pandorarealizará este espetáculo gratuito", explica a diretora de Cultura da APCEFAlmeri Espíndola de Souza.

Única apresentaçãoAMÉRICA CAFÉ

Perda É com pesar que a diretoria da APCEF comunica ofalecimento do associado e aposentado Alceu Beck, ocorrido no dia28 de setembro, aos 78 anos. Pioneiro do tradicionalismo na APCEF,Beck foi o grande responsável pela construção do primeiro galpãocrioulo, na parte baixa da Sede B da Associação. O galpão foi construídocom recursos oriundos da venda de papéis descartadados nas agênci-as e unidades da Caixa em Porto Alegre. Os papéis eram recolhidospor ele mesmo, um eterno apaixonado pela cultura nativista.

Fotos Filipe Caldeira

bém às terças-feiras. As ins-crições para a oficina de tangojá estão abertas. Mais informa-ções na página eletrônicawww.apcefrs.org.br, ou pelofone 51 3268 1611.

Os presentes também fize-ram um minuto de silêncio pelofalecimento de um dos maioresincentivadores da cultura gaú-cha na APCEF, Alceu Beck (leianota abaixo).

CORAL DA APCEF

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joão de barro outubro2007 12

ciano magenta amarelo preto

enfoque

JOÃO DE BARRO 50 ANOS

O associado Valter Nunes tirou o 1º lugar no concurso defotografia Imagens do Rio Grande do Sul. A foto Olharesdo Ferrabraz, que está na capa desda edição, foi feita no

Morro do Ferrabraz, em Sapiranga, onde se pratica o vôo livre. Oconcurso foi promovido pela APCEF em homenagem aos 50 anos dojornal João de Barro.

O segundo lugar ficou com a fotografia de título Meu Céu Sul (aolado, em cima), da aposentada Elora Fabrica Galarraga. A terceira fotomais votada foi Churrasco (ao lado, abaixo), de Luis Tadeu Vilani, de-pendente da associada Alba Regina Benvegnú, da Redur/PF.

Valter Nunes, primeiro colocado, é gerente de Retaguarda emParobé, tem 45 anos de idade, 18 deles dedicados à Caixa. Há cercade quatro anos, passou a estudar fotografia. "Acho que o gosto pelafotografia veio de meu pai, que gostava muito", explica o vencedor. Otalento para a arte fotográfica já rendeu a Nunes o primeiro lugar noconcurso da Fenae, em 2005.

Para o concurso da APCEF Imagens do Rio Grande do Sul, umacomissão julgadora formada por membros indicados pela diretoriapré-selecionou as 13 fotos que estavam de acordo com os critériospropostos no regulamento. As fotos concorrentes foram disponibilizadasna página eletrônica da Associação e escolhidas por voto do júri popular,por todos os associados. A classificação se deu por ordem de maior vo-tação. Todos os participantes vão receber pontos no programa PAR, daFenae, além de certificados da APCEF. Na avaliação da diretoria daAssociação, todos os trabalhos são excelentes.

Os demais classificados foram: Arco-íris em Dose Dupla, de Débo-ra Sperafico, da Superintendência Serra Gaúcha; Encantos de Cima daSerra, de Silvana Lottermann , Ag Lajeado; Torre, de Sidney Lima, Gifug/PO; Tranqüilidade no Rincão Gaia, de Elisa Meurer, dependente de TraudiIngrid Meurer, Ag. Santa Cruz do Sul; Araucária, de Sílvia Kaiser, daGifug/PO; Gaia, uma Nova Chance, de Ornélio Meurer, dependente deTraudi Meurer, Ag. Santa Cruz do Sul; Moinho Solitário, de ElaineNardes, dependente de Alzemiro Nardes, Ag. Canudos; Pôr-do-sol naAv. Diário de Notícias, de Gorety Schein, dependente do aposentadoPaulo Schein; Ângulos da Serra Gaúcha, de Maria da Graça da Silva,Ag. Moinhos de Vento; e Rincão Gaia: o meio ambiente agradece, deTraudi Meurer, Ag. Santa Cruz do Sul.

Imagenspremiadas