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Temas Conflituosos Relacionados Expanso da Base Florestal Plantada e Definio de Estratgias para Minimizao dos Conflitos Identificados

Programa Nacional de Florestas

Secretaria de Biodiversidade e Florestas Ministrio do Meio Ambiente

Projeto MMA/FAO/TCP/BRA/2902

Relatrio Final de Consultoria

Coordenao, Redao e Edio Final: Anna Fanzeres Base de Dados e SIG: Renata Alves Equipe de Apoio: Aspectos Histricos - Clia Dias Dados Amaznia Oriental - Marcelo Carneiro Sampaio Dados Minas Gerais - Mcio Tosta Gonalves Dados Rio Grande do Sul - Claudia Job Schmitt e Leonardo Alonso Guimares

Braslia, Maro 2005

Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 Antecedentes: O Programa Nacional de Florestas (PNF), da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministrio do Meio Ambiente, foi criado pelo Decreto n 3.420, de 20 de abril de 2000, e tem como finalidades: propor instrumentos e normas ambientais, promover, coordenar e integrar aes que assegurem o uso sustentvel dos recursos florestais, a expanso da base florestal plantada, a recuperao de reas alteradas, o apoio s populaes tradicionais e indgenas, a criao de novas unidades de conservao, a educao, cincia e tecnologia florestal, os servios ambientais das florestas, a assistncia tcnica e extenso florestal, o mercado e o comrcio de produtos florestais, a difuso, capacitao e implantao de sistemas agroflorestais, o manejo florestal de uso mltiplo e o monitoramento de desmatamentos, queimadas e incndios florestais predatrios. Para atender estes objetivos, no perodo de 2004 a 2007, o PNF tem como uma de suas metas a expanso da base florestal plantada associada recuperao de reas degradadas por meio: Do plantio de 800 mil hectares em pequenas e mdias propriedades at 2007; Do plantio de 1,2 milho de hectares por meio de programas empresariais sustentveis; e Da recuperao de 200 mil hectares degradados at 2007. Todavia, as plantaes de rvores no Brasil, especialmente aquelas formadas por monoculturas de espcies exticas (ex. gneros Eucalyptus e Pinus) vm sendo objeto de severas crticas quanto contribuio para o xodo rural, formao de grandes latifndios, reduo da biodiversidade e deteriorao de mananciais de gua. Estas crticas surgiram a partir de situaes e relaes conflituosas que vm ocorrendo, por dcadas, entre aqueles responsveis pela implantao e utilizao destes plantios de um lado e do outro os moradores das reas ocupadas e diversas entidades representantes dos interesses da sociedade civil (ex. grupos ambientalistas, sindicatos de trabalhadores rurais, organizaes religiosas, etc.). Conseqentemente a polarizao de disputas em relao este tema muito grande. Assim, para que o PNF possa atuar na expanso da base florestal industrial do Pas e tambm utilizar estes plantios para a recuperao de reas degradadas, antes de tudo, tem que serem estabelecidos canais de dilogo entre as diversas partes interessadas e resoluo dos conflitos existentes. Para isto, a Comisso Coordenadora do Programa Nacional de Florestas (CONAFLOR) demandou a elaborao de um diagnstico atualizado das frentes de conflito existentes, o histrico destes processos, os atores (i.e., instituies e indivduos) envolvidos e quais mecanismos financeiros e polticos tm influncia sobre este cenrio. Inicialmente, o Diretor do Programa Nacional de Florestas, Sr. Tasso Rezende de Azevedo, por meio de publicao de edital de consultoria, havia selecionado o Prof. Jos Drumond do Centro de Desenvolvimento Sustentvel da Universidade de Braslia, para elaborao deste estudo. Todavia, devido impedimentos pessoais, o Prof. Drumond no pode realizar o estudo em pauta, tendo ento o Diretor do PNF requisitado coordenadora desta equipe que assumisse o compromisso. Porm, os prazos inicialmente estabelecidos para entrega deste estudo no puderam ser estendidos e assim sendo, a exigidade de tempo demandou um exerccio de mobilizao de vrios atores que detm conhecimento sobre este assunto para a coleta de dados e a cooperao, mais que compreensiva e prestativa, de um outro grande nmero de pessoas em repassar contatos e informaes. Aqueles que diretamente colaboraram na elaborao deste estudo esto listados na capa deste relatrio e os demais, para no cometer omisses, fao um agradecimento geral.

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 Introduo: Este diagnstico sobre os conflitos existentes em relao aos monocultivos de rvores consta dos seguintes componentes: (i) Um relatrio descritivo dos conflitos scio-ambientais relacionados a plantios florestais no Brasil, caracterizando-se o histrico destes conflitos; quais so as grandes linhas de problemas; onde ocorreu e ainda est acontecendo; os atores e grupos de interesses envolvidos; mecanismos de resoluo existentes e potenciais; e recomendaes sobre os prximos passos para o PNF e demais partes interessadas. Uma base de dados derivada do IBGE, no nvel de micro-regies de todo territrio nacional, contendo os principais usos aos quais se destinam as plantaes de rvores no Brasil; outra base de dados, no nvel municipal, por Unidades Federativas, com informaes sobre existncia ou no de conflitos; tipos de conflitos; atores ou partes interessadas; mecanismos de resoluo de conflito, fomento e crdito.

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Todavia, conforme explicado na seo anterior, a exigidade de tempo para a conduo deste estudo delimitou o universo de consultas aos diversos atores envolvidos com esta temtica, bem como s visitas aos locais onde ocorrem conflitos em relao plantaes de rvores. Assim, este diagnstico aqui apresentado como um primeiro mapeamento, ou seja, o dimensionamento da problemtica em foco. Este documento passa a ser, ento, um guia para o aprofundamento das informaes e detalhamento das questes mencionadas, bem como identificao de outros aspectos que porventura tenham sido omitidos ou que no tenha sido possvel obter dados sobre os mesmos. Alm do mais, na perspectiva da construo de mecanismos para a resoluo de conflitos scio-ambientais, fundamental que se estabelea um processo participativo de identificao dos problemas e proposio de alternativas. Este exerccio de consulta democrtica e fortalecimento da cidadania s ir legitimar a proposio do PNF de busca de resoluo dos conflitos existentes. E aqui cabe a primeira observao, de que a despeito do ttulo desta consultoria declarar a busca pela minimizao de conflitos, tal estratgia no deve interessar nenhuma das partes envolvidas porque a experincia histrica neste tema demonstra que a adoo de medidas paliativas s leva ao recrudescimento futuro dos problemas e normalmente de maneira ainda mais polarizada e emocional do que no cenrio presente. Porm, o processo de elaborao deste diagnstico revelou a percepo de muitos atores da necessidade e vontade de participao na elaborao de estratgias conjuntas de interlocuo e resoluo das pendncias existentes. Assim, as recomendaes apresentadas ao fim deste relatrio descrevem potenciais estratgias a serem adotadas para a construo de mecanismos conjuntos. Estes novos caminhos a serem trilhados tm como vertente as diretrizes do debate de justia ambiental onde se parte do reconhecimento dos problemas e direitos dos envolvidos e em fruns neutros de intermediao se discutem informaes tcnicas confiveis e atualizadas, se faz o intercambio de experincias no Brasil e no mundo e se permite para todas as partes envolvidas igualdade de insero poltica e no processo de tomada de deciso. A busca de um modelo de desenvolvimento sustentvel na essncia de seus preceitos, isto inclusivo, a ansiedade de todos. Histrico: A origem dos monocultivos florestais no Brasil, ou como considerada, a prpria origem da silvicultura brasileira, esto, quase sempre, associados a espcies exticas, principalmente gneros de Eucalipto e Pinus. Mas a histria se iniciou mesmo com o Eucalipto. Apesar de controvrsias quanto

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 s datas corretas, a chegada oficial das primeiras sementes de Eucalipto ao Brasil ocorreu, de acordo vrios pesquisadores, em 1872, no Jardim Botnico no Rio de Janeiro, via Jardim de Aclimatao de Paris. H suspeitas ainda que, pelo sul do pas, via o Uruguai, onde j se faziam plantios em praas e marginando ruas, tenham aportado no Brasil sementes obtidas diretamente da Austrlia, trazidas por um Capito de Fragata, diretor do Laboratrio Pyrotcnico, na fbrica de cartuchos da Marinha, no bairro de Realengo, no antigo estado da Guanabara (atual Rio de Janeiro). Mas, os monocultivos de Eucalipto no Brasil se iniciam somente na primeira metade do sculo XX no estado de So Paulo, quando foi introduzido como cultura comercial por Edmundo Navarro de Andrade, Diretor do Servio Florestal da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Navarro se dedicou experimentao florestal por muitos anos, testando diferentes espcies de Eucalipto e outras espcies para fins comerciais. Fez inmeras viagens de pesquisas aos Estados Unidos e Austrlia, publicando o Manual do Plantador de Eucalyptos, em 1909, a primeira edio se esgota rapidamente, sendo reeditado em 1911. Neste Manual Navarro descreve seus resultados de pesquisas e atesta as inmeras vantagens da espcie para fins comerciais. Inicialmente a produo de Eucalipto em So Paulo se destinava a suprir a demanda de combustvel e dormentes para as locomotivas e trilhos da Companhia Paulista. Esta foi a estratgia adotada pela empresa para rebater as crticas aos desmatamentos originrios da implantao e expanso de ferrovias. Alm do mais, pressionada por setores conservacionistas, a Companhia Paulista criou um Servio Florestal em 1903, com a inteno de produzir madeiras para suprir suas demandas e se encarrega de distribuir sementes de eucaliptos para os fazendeiros da regio. Estatsticas de 1923 mostram que a Cia. Paulista, at ento, havia implantado cerca de 8,5 mil hectares com Eucalipto em oito hortos florestais. E segundo dados de Navarro, nos anos 60, o Brasil atingiu a marca dos 560 mil hectares reflorestados, sendo 80%, cerca de 450 mil hectares situados no estado de So Paulo. A expanso dos plantios de Eucalipto no Brasil, at atingir a atual rea plantada de cerca de trs milhes de hectares ocorreu a partir do incio da dcada de 70, com o estabelecimento de incentivos fiscais especfico para o setor florestal, como o mais conhecido e amplamente citado FISET Fundo de Incentivos Setoriais (Decreto Lei no. 1.376) destinado aos empreendimentos de reflorestamento, pesca e turismo. Em relao ao surgimento de conflitos em relao ao monocultivo de espcies de rvores de rpido crescimento, historicamente as disputas eram mais de cunho poltico. Do ponto de vista ambiental, na poca da introduo e aclimatao do Eucalipto, se destacava as mltiplas vantagens da espcie quando comparada com algumas outras nativas. Alm do rpido crescimento e das extraordinrias dimenses - vantagens mais apreciadas em 1872, tambm se apontava a qualidade da madeira, rija, compacta e resistente com peso especfico superior Teca (Tectona grandis), que possibilitava distintos usos da matria-prima. A nica desvantagem conhecida da espcie era a alta necessidade hdrica da planta, impossibilitando o plantio em regies consideradas secas. Esta perspectiva, majoritariamente positiva, complementa a percepo histrica dos impactos sociais, j que, na poca, as caractersticas ecolgicas do Eucalipto, na verdade, foram apontadas como importantes na recuperao de reas degradadas, principalmente, pela extrao de madeiras para uso domstico e pela agricultura predatria. Alguns agricultores sugeriam, ento, a interveno do estado no reflorestamento com esta espcie pelo seu rpido crescimento, em locais desmatado, principalmente em beira de estradas. No podemos esquecer que neste perodo estava em curso o reflorestamento da Tijuca, experincia pioneira e de sucesso, que utilizou amplamente o Eucalipto no estabelecimento inicial dos povoamentos. O Eucalipto se apresentava como cultura rentvel, e o

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 "agricultor inteligente" poderia auferir bons lucros com o plantio da nova cultura, alm do benefcio de poupar as florestas nativas. Todavia, havia disputas entre os defensores de plantios em larga escala e sem nenhuma poltica de fiscalizao (os agrnomos silvicultores de mentalidade produtivistas) e os defensores de uma legislao que regulasse o setor florestal no pas (os agrnomos silvicultores de mentalidade conservacionistas). Neste debate podemos destacar, como plos opostos, Edmundo Navarro de Andrade, em So Paulo, e Paulo Souza Ferreira, diretor do Servio Florestal no Rio de Janeiro. E a existncia de interesses conflitante ficou claro principalmente em torno da promulgao do primeiro Cdigo Florestal em 1934. Para Navarro, a futura legislao poderia se tornar um empecilho real a expanso florestal, principalmente no estado de So Paulo. Navarro argumentava que: um Cdigo lembra leis, posturas e estas s servem para cercear, restringir a liberdade, sendo, no caso presente, talvez um atentado ao direito de propriedade (Navarro, 1912). J Paulo Souza argumentava que o estado deveria formular polticas claras e eficazes para o setor, promulgando um Cdigo Florestal, fiscalizando as iniciativas de particulares (Sousa, 19...) principalmente investindo na formao de profissionais capacitados a enfrentar os grandes desafios do setor florestal no Brasil, e para isso prope a criao de cursos de formao de Engenharia florestal (Sousa, 1948). A ausncia de polticas pblicas ativas de proteo das florestas nativas e a recuperao das reas desmatadas era papel do estado, que estava a reboque das aes do setor privado interessado somente no aumento das taxas de lucros sem nenhum compromisso social de recuperao e conservao de matas nativas. Em relao aos monocultivos de Pinus, estes ocorreram mais tarde na histria do Brasil, tambm estimulados pelo incentivo fiscal do FISET, mas os antecedentes estas plantaes foram um pouco distintos, ainda que igualmente originrios na depreciao dos estoques naturais do Pas. At a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o mercado de conferas no Brasil era suprido pela importao, principalmente, de Pinho-de-Riga (Pinus Sylvestris). Neste perodo, as importaes foram suspensas e iniciaram as exportaes brasileiras do pinho nacional (Araucaria angustifolia) para a Alemanha e Gr-Bretanha. Coincidentemente, nesta poca, o governo brasileiro firmou um acordo com empresas dos Estados Unidos e do Reino Unido que medida que estas construssem novas estradas de ferro atravs do planalto sul brasileiro, tambm abrindo terras para novos imigrantes europeus, poderiam explorar a floresta nativa livremente. Foi o momento de multiplicao de serrarias e solidificao do setor exportador de madeiras como atividade econmica regional. Com o incio da Segunda Grande Guerra (1941-1945) este mercado foi interrompido, mas a explorao desregulada j comeava a preocupar vrios segmentos ligados ao setor. Em 1941, o antigo Instituto do Pinho deu origem ao Instituto Nacional do Pinho (Decreto Lei no. 3124) para tentar dimensionar o trabalho das serrarias no Sul do pas e a explorao da araucria. De natureza paraestatal e sob a jurisdio do Ministrio do Trabalho, o INP representava os interesses dos produtores, industriais e exportadores de pinho e de outras madeiras. A primeira tarefa do Instituto era de conduzir um levantamento dos estoques de madeiras e da capacidade de produo do setor nos estados do Sul. O objetivo desta interveno estatal era de limitar as extraes de madeiras e diminuir os desperdcios produzidos pela super produo. Desta forma, esperava-se que as reservas de florestas nativas de Araucria estariam sendo poupadas para um futuro aquecimento do mercado. Entretanto, esta iniciativa chegou tarde demais e enormes danos j haviam sido feitos essas matas naturais. As polticas para o Setor Florestal, at os anos 60, so pontuais e se destinam a resolver problemas imediatos. Porm algumas reivindicaes do sculo XIX sero finalmente postas em

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 prtica. Nas primeiras dcadas do sculo XX alguns estados criam servios Florestais (ou regulamentam os j existentes, como no caso de So Paulo) ligados s Secretarias de Agricultura. Os Servios Florestais buscaram atender demandas internas, especialmente do setor madeireiro, e atenuar as crticas feitas pelos setores conservacionistas aos desmatamentos produzidos pela extrao desordenada de madeiras em Reservas Florestais e tambm expanso de monoculturas florestais sem polticas claras de ordenamento territorial. A promulgao do primeiro Cdigo Florestal em 1934 tenta atender estas demandas, pautando regras claras no tocante ao uso dos recursos naturais e ao estabelecimento de monocultivos florestais. Porm, como o Setor Florestal funcionou, at a primeira metade do sculo XX, tendo como fonte de matria-prima os recursos florestais nativos, mesmo com a entrada em vigor do Cdigo de 34, a presso sobre estes recursos continuou intensa. A explorao das matas nativas de Araucria no sul do Pas atesta este fato. A partir da dcada de 70, com o incio dos anos do Milagre Brasileiro de crescimento econmico, muda o cenrio de polticas pblicas para o Setor Florestal. Para atender as demandas, tanto de segmentos empresariais consumidores da matria-prima florestal, como de setores preocupados com a diminuio da cobertura florestal nativa, o governo promulgou um novo Cdigo Florestal (Lei 4.771) em 1965, criou o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) em 1967 e criou a Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso Rural (EMATER) que difundiu, em muitas regies do Brasil, a cultura do Eucalipto e do Pinus como meios de ganhos econmicos rpidos. Em 1974, como apresentado anteriormente, foram criados ou reformulados mecanismos tributrios (os incentivos fiscais) especficos para o setor florestal. O mecanismo que mais privilegiou o setor, neste perodo, foi o FISET, estabelecido em 1974 e suspenso em 1986. Os emprstimos de longo prazo deste Fundo, custos reduzidos, se tornaram, rapidamente, o principal instrumento de atendimento de demandas por recursos financeiros do setor empresarial ligado a produo madeireira. E tambm deve ser ressaltado o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico (BNDE) que garantiu vultuosas somas de recursos financeiros ao setor florestal. Segundo dados do prprio BNDE, at 1994, s para o setor de celulose e papel foram liberados US$ 7.7 milhes, representando cerca de 6% do total aplicado em todo o setor industrial brasileiro para o mesmo perodo. O segmento de celulose e papel, sem dvida, foi o grande alavancador do setor de plantaes de rvores no Brasil, e presentemente, como ser apresentado adiante, continua a ser uma das maiores foras motrizes na implantao e expanso da base de plantaes de rvores. As primeiras fbricas de papel no Brasil surgiram na metade do sculo XIX e vieram associadas com a expanso da economia cafeeira. Com o Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek, a ampliao da capacidade instalada do Pas para produo de celulose estava associada perspectiva da integrao gradativa desta indstria com a de papel, que se encontrava j consolidada no mercado. A busca da autosuficincia em matrias-primas levou consolidao do eucalipto como principal fonte de fibras. Neste perodo o segmento de celulose e papel recebeu fortes estmulos financeiros por parte de mecanismos governamentais para produzir em larga escala visando, alm do suprimento do mercado interno, o mercado exterior. Assim, devida iminncia da escassez de madeira nas regies Sul e Sudeste, nas quais encontravam-se os principais empreendimentos industriais, inicia-se o reflorestamento de outras regies objetivando garantir o fornecimento de matria-prima para as grandes indstrias de celulose e papel. No governo do General Ernesto Geisel (1974-1978) surge o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) e, alguns meses aps foi proposto o Plano Nacional de Papel e Celulose (PNPC), que reproduzia os objetivos especficos j pregados por JK de tornar o Brasil auto-suficiente na produo de papel e, alm de garantir o suprimento do mercado interno de celulose, gerar5

Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 excedentes em escala para exportao. Para tornar exeqvel, o Plano pretendia reflorestar uma rea de 4 milhes de hectares. Visando a racionalizao do processo e evitando a disperso dos recursos da rea florestal, foram criados os Distritos Florestais, e, at 1979, seriam implantados 12 distritos de um total programado de 30. Este Programa se constituiu em mais uma iniciativa para atender as demandas do setor florestal na procura por recursos de longo prazo e a custos reduzidos. Um primeiro grupo de 20 projetos, financiados com recursos dos incentivos fiscais, foi implantado nos estados do Esprito Santo, Minas Gerais, Gois, no Sul da Bahia, reas de So Paulo e da regio sul do Pas. Os 10 projetos restantes seriam localizados no Norte e Nordeste do pas. A partir daquele momento, comea a se delinear uma srie de conflitos e disputas, presentemente denominados de carter scio-ambientais. Porm, at o retorno e solidificao das liberdades polticas no Brasil, iniciado em 1985, as disputas eram mantidas em um carter local e isolado. A memria dos que vivenciaram estes momentos reconstri as aes das empresas ou de seus intermedirios como revestidas de violncia moral ou fsica, tendo at gerado a morte de muitos. As disputas hoje denominadas sociais eram basicamente pela apropriao da terra custo zero ou preos simblicos. Etnias indgenas e quilombolas, at mais desempoderadas que os trabalhadores rurais que tambm ocupavam estas terras sem ttulos de posse, foram igualmente expulsas ou cercadas por vastas extenses de plantios de rvores. Em seguida comearam os problemas ambientais devido ao desmatamento para substituio da floresta nativa, inapropriada para os fins industriais almejados; e a utilizao de produtos qumicos para o combate de formigas e outros males atacando os monocultivos de rvores. Os impactos em relao aos recursos hdricos, que bem demonstram a combinao scioambiental ao prejudicarem a sobrevivncia humana e da biodiversidade nativa, na verdade, s surgiram uns tempos depois da implantao destes plantios. E presentemente um dos temas de maior importncia a ser debatido e resolvido em relao vastas plantaes de rvores. Mesmo com os privilgios, concedidos s empresas produtoras e consumidoras de produtos florestais, sendo progressivamente extintos, a partir da segunda metade dos anos 80, o Setor Florestal ainda buscou meios para garantir sua expanso. A nova estratgia veio por meio de programas de reflorestamento em pequenas e mdias propriedades agropecurias. As "fazendas florestais" integravam a terra e o trabalho de agricultores tradicionais s necessidades das empresas consumidoras. A promoo do fomento florestal como passou a ser denominado presentemente o mecanismo preferencial para ampliao da base florestal para o abastecimento de matria-prima em empreendimentos dos segmentos madeireiro, de papel, celulose e energtico. Adiante sero apresentados detalhes sobre estas iniciativas em cada uma das regies de enfoque deste diagnstico. Identificao das reas com plantaes de rvores: A localizao dos plantios de rvores existentes no Brasil o primeiro passo no entendimento da base florestal plantada para que se possa estabelecer o contexto de insero desta atividade nas diferentes regies ecolgicas, culturais e scio-econmicas do Pas. Porm, como no existe nenhum inventrio nacional de plantaes, o levantamento desta informao teve que ser baseado na nica fonte de dados de carter abrangente para o territrio brasileiro. Assim, por meio de consulta base de dados do IBGE, do Censo Agropecurio de 1996 e Levantamentos da Silvicultura de 1990 a 2003 estabeleceu-se onde no territrio brasileiro ocorrem plantaes de rvores. Infelizmente, os dados disponibilizados pelo IBGE somente enfocam no volume e valor da produo silvicultural, informao limitada para as reais necessidades deste Diagnstico. Apesar disso, diante da falta de opes, tomou-se como premissa que se, nos municpios

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 listados, havia produo decorrente de plantaes de rvores, conseqentemente naquelas unidades administrativas existiriam plantaes. Ento, utilizando-se esta informao disponvel, foi reorganizada uma base de dados, e produzido um mapa, com todas as micro-regies (i.e., grupo de municpios) onde ocorrem plantaes de rvores no Brasil. A opo por organizar esta informao em um nvel hierrquico acima do de municpio ocorreu para fins de melhor visualizao dos dados. E esta fonte de dados do IBGE permitiu ainda a identificao dos principais grupos de finalidades de uso destas plantaes, a saber: Lenha, Carvo, Madeira para celulose e papel, Madeira para outras finalidades, Extrao de Tanino (Accia Negra) e Extrao de Resina (Pinus spp.). O mapa gerado a partir desta base de dados se encontra no Anexo I e a base de dados em arquivos *.xls (Excel) e shapefile (i.e., Arcview) no cdrom deste Diagnstico. Mesmo em face destas limitaes descritas acima, esta base de dados serviu como ponto de partida para algumas anlises e inferncias sobre que setores produtivos tm relao direta ou indireta com estas plantaes. No grfico, a seguir, produzido da compilao dos dados do IBGE por regio, para aqueles segmentos que poderiam ser comparados com valores na mesma unidade de metro cbico (i.e., carvo1, lenha, celulose & papel, e madeira slida). Os valores encontrados demonstram que o segmento de celulose & papel, seguido pelo de lenha e madeira slida, foi o que apresentou maior volume de produo de matria-prima oriunda de reflorestamentos. Adiante, estas informaes sero comparadas com o consumo de matria-prima de reflorestamentos para melhor entendimento da contribuio de cada um destes segmentos em relao base florestal plantada.Mdia Produo Silvicultura por Regio Brasileira (Fonte IBGE - 1990 a 2003)20000000

metros cbicos

15000000 10000000 5000000 0 Carvo vegetal Lenha Papel e celulose Madeira slida

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

segmentos de consumo de matria-prima de reflorestamentos

Um outro segmento que est listado na base de dados do IBGE o de extrao de resina de Pinus. Esta atividade se iniciou no Brasil na dcada de 70 e em 1989 o Pas passou de importador exportador, e em 2002 j tinha atingido a posio de segundo maior produtor mundial desta matriaprima, com aproximadamente 90 mil ton/ano (US$ 25 milhes/ano), atrs apenas da China com uma produo anual de 400 mil toneladas e detentora de 60% do mercado mundial. Cerca de 80% da produo nacional advm de plantaes de Pinus ellioti e o restante da resinagem de Araucaria angustiflia.Os dados originais so em toneladas, mas foram convertidos para m3 utilizando-se a taxa de converso de 1m3=250 kg carvo vegetal (Indicadores Tcnicos do Fundo Florestar de So Paulo - www.floresta.org.br).1

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 O setor dos produtos resinosos no Brasil, como um todo, formado por cinco tipos de empresas: 1) Empresas proprietrias florestais ou entidades florestais que arrendam suas florestas; 2) Empresas de resinagem; 3) Empresas de produo de breu e terebintina; 4) Empresas de produo de derivados de breu ou de terebintina; e 5) Empresas que comercializam produtos resinosos. As empresas do segmento de resinas, ligadas base florestal plantada, de acordo com a ARESB (Associao de Resinadores do Brasil)2, na safra de 1999 eram em nmero de 54 produtores de goma-resina. As plantaes, utilizadas para a produo de resina, so reas prprias ou arrendadas (normalmente por perodos de trs anos). Neste segundo grupo esto grandes empresas do ramo de celulose & papel, produtos de madeira slida ou lenha e carvo, alm de algumas reas pblicas estaduais e federais3. E destes produtores, cerca de 60% das reas est no estado de So Paulo, 20% no estado do Paran, 8 % em Minas Gerais e 5% no Rio Grande do Sul (ver grfico a seguir).

Produo nacional de resina de Pinus tons/ano

1,100

14,640

Minas Gerais Rio Grande do Sul Paran Mato Grosso do Sul Bahia Tocantins So Paulo Outros

16,894 61,616

7,500 4,650 1,400 2,200

Quanto produo de resina de Pinus, apesar da concentrao da maior parte da produo nacional ser em So Paulo, este estado no o maior detentor de reas plantadas com este gnero, como ser mostrado adiante. E o acesso reas de plantaes para a extrao de resina considerado por 91% dos produtores como um dos grandes problemas que afetam o setor4. A ARESB quando contatada para este Diagnstico declarou que o segmento tem necessidade de 40.000 ha de novas reas para assegurar a demanda produtiva. Por esta situao vivenciada pelo segmento de resinagem, pode-se perceber a importncia de caracterizao da demanda e presso exercida por cada segmento produtivo sobre a base florestal plantada. Assim, a finalidade de uso dos plantios mais uma varivel na anlise necessria este Diagnstico.www.aresb.com.br Empresas brasileiras que arrendam suas florestas para resinagem: Alcatex, Banestado Reflorestadora, Duraflora, Eucatex Florestal, Fazenda Santa Andra, Fundao Consumo Produtos Florestais do Estado de So Paulo, IBAMA, ORSA Celulose e Papel S.A. (fonte: Ferreira, J.P.R.J. 2001. Anlise da cadeia produtiva e estrutura de custos do setor brasileiro de produtos resinosos. Tese Mestrado. USP/ESALQ). 4 Ferreira, J.P.R.J. 2001.3 2

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 Ento, analisando-se os dados do IBGE sob esta tica, surgiu o questionamento se o segmento de celulose & papel, que se caracteriza como o maior produtor de matria-prima oriunda de plantaes de rvores, tambm seria o maior consumidor de madeira de reflorestamentos. Esta perspectiva esperada uma vez que este segmento depende exclusivamente de matria-prima de reflorestamentos. Mas, como as estatsticas oficiais no abrangem informaes sobre consumo, foi feita uma busca em vrios websites alguns pertencentes associaes representativas dos diferentes segmentos, e outros genricos contendo informaes ambientais ou econmicas relacionadas ao setor florestal. Vrias informaes foram encontradas, contudo, deve ser feita a ressalva que nestas fontes, os dados so, muitas vezes, conflitantes e nem sempre representam uma srie histrica completa e atualizada para todos os segmentos do setor florestal. Conseqentemente, o grfico abaixo s contempla a seqncia de dados entre 1996-1998, perodo com informaes disponveis para todos os segmentos. Este snapshot comparativo, todavia, confirma que o segmento de celulose & papel, ao menos neste curto perodo, consumiu um volume maior e tambm crescente de madeira de reflorestamentos.Consumo de madeira de reflorestamentos em 1000 m345000.00 40000.00 35000.00 30000.00 25000.00 20000.00 15000.00 10000.00 5000.00 0.00 1996 1997 1998 serrada laminas & compensados chapas celulose & papel carvo

Fonte: websites da ABRAF, AMS, BRACELPA e Ambiente Brasil. Esta informao corroborada por dados disponibilizados pela Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS)5 sobre o consumo de madeira plantada por segmento no ano de 2003, como mostra a tabela a seguir:

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www.sbs.org.br

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005Consumo de Madeira Plantada por Segmento - Brasil 2003 Segmento Celulose Siderurgia Produtos Slidos Painis Reconstitudos Fonte: SBS Consumo (m3) 46 milhes 42 milhes 20 milhes 7 milhes

Ento, diante do fato que o segmento de celulose & papel oque consome maior volume de madeira de reflorestamentos, o prximo questionamento se este nvel de consumo tambm est gerando maior presso para expanso da base florestal plantada. Para se responder esta questo procedeu-se anlise dos antecedentes e perspectivas de investimentos neste segmento. O segmento celulsico papeleiro, atualmente, composto por 255 industriais dentre as quais 25 delas possuem base florestal com reflorestamentos. Estas empresas com bases florestais esto distribudas por 11 estados e abrangem aproximadamente 365 municpios. E importante esclarecer que este segmento, especialmente nos Pases mais desenvolvidos, altamente integrado, sendo que a maioria das unidades produtoras de celulose tambm produz papel, e em mdia, s 23% da celulose produzida mundialmente compe a chamada celulose de mercado. No Brasil, no entanto, o enfoque tem sido em atender a demanda mundial de celulose de mercado e cerca de 52% da produo nacional exportada. Do ponto de vista histrico, como mencionado anteriormente, o segmento de celulose & papel vem sendo objeto de polticas pblicas especficas desde o fim da dcada de 60. Analistas do setor declaram que o Banco Nacional de Desenvolvimento (primeiro BNDE e depois BNDES) no se restringiu ao papel de agente financiador, mas foi tambm planejador e indutor de investimentos, principalmente nas dcadas de 60 e 706. J outra autora relembra que esta interferncia estruturante no segmento de celulose e papel, na verdade, foi iniciada ainda na segunda metade da dcada de 50, mas somente acelerada a partir da poltica de incentivos fiscais de 1966 (Lei 5.106). O FISET permitia a deduo de Imposto de Renda para investimentos em projetos de reflorestamento aprovados pelo, ento, Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), oque propiciou a expanso dos macios de plantaes de rvores especialmente com Eucalipto e Pinus7. estes incentivos tambm so atribudos, no mesmo perodo, o desmatamento de 26,6 milhes de hectares de florestas nativas8. Em seguida, em 1968, o BNDE - j acrescido do componente social, portanto, BNDES, estabeleceu nveis mnimos de escala de produo para projetos que desejassem apoio financeiro. Em 1972, o Conselho de Desenvolvimento Econmico (CDE) fixou novos nveis mnimos para a escala de produo, em 1.000 toneladas/dia de celulose de fibra curta (i.e., Eucalipto). Estes critrios acabaram adotados tambm pelo BNDES como condicionantes de financiamento. E mesmo que as empresas

Juvenal, T. L. and R. L. G. Mattos (2003). O setor de papel e celulose. Rio de Janeiro, BNDES: 21 pp. ZAEYEN, A. Estrutura e desempenho do setor de celulose e papel no Brasil. Tese de mestrado. Rio de Janeiro, IEI/UFRJ, 1986. 8 Silva, J. d. A. (1996). Anlise Quali-Quantitativa da Extrao e do Manejo dos Recursos Florestais da Amaznia Brasileira: Uma abordagem geral e localizada (Floresta Estadual do Antimari - AC). Departamento e Engenharia Florestal, Setor de Cincias Agrrias. Curitiba, Paran, Brasil, Universidade Federal do Paran: 547 pp.7

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 atingissem estes patamares em etapas, deveriam comprovar que detinham o suprimento de madeira necessria ao processo produtivo. Estas medidas resultaram no aumento expressivo da produo brasileira de celulose e papel e no incio das exportaes. At 1973, 60% da produo nacional era controlada por pequenas empresas, muitas vezes com estruturas familiares. Estes tempos estavam ultrapassados e estava lanada a era das mega-indstrias com escalas de produo nunca menor que 500 mil toneladas de celulose/ano, mas ainda continuamente expandindo, em todos os momentos que a conjuntura do mercado externo propicia9. Quando em 1955, foi concedido o primeiro financiamento pelo BNDES10, a produo nacional de celulose era de 73 mil toneladas e a de papel de 346 mil toneladas. Em 2002, quase meio sculo depois, a produo brasileira alcanou a marca de 8 milhes de toneladas de celulose e 7,7 milhes de toneladas de papel. O BNDES tambm foi instrumental durante este processo, principalmente aps a extino do FISET, quando passou a apoiar a planta de processamento e as plantaes necessrias ao funcionamento destas grandes indstrias. E o Primeiro Programa Nacional de Papel e Celulose (I PNPC) foi elaborado com apoio do BNDES e resultou, entre outras aes, no impulso pesquisa tecnolgica na rea de plantios. Esta estratgia levou o Brasil a alcanar a maior produtividade florestal do mundo, com plantios de Eucalipto crescendo em mdia 36,8 m3/ha/ano e os de Pinus em media 29,5 m3/ha/ano. Mas, importante ressaltar que em alguns estados brasileiros as condies edafo-climticas permitem nveis de produtividade ainda mais altos (ver figuras a seguir) oque torna estes locais o foco atual para expanses da base florestal plantada por este segmento.

Fonte: BRACELPA (Associao Brasileira de Celulose e Papel) 11 Relatrio Estatstico Florestal 2003.A Aracruz Celulose em trs fbricas contguas no Esprito Santo j produz dois milhes de toneladas/ano de celulose branqueada de Eucalipto e a Veracel j inicia 10 E este financiamento nem foi para uma indstria que utilizasse matria-prima florestal, mas sim a Celulose e Papel Fluminanese S.A., localizada no municpio de Campos no Estado do Rio de Janeiro, e que utilizava bagao de cana para fabricar celulose no branqueada depois transformadas em papel de embrulho. Como tambm o segundo emprstimo, tambm em 1955 para outra indstria campista Celubagao Indstria e Comrcio. 11 www.bracelpa.prg.br9

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005

Fonte: BRACELPA Relatrio Estatstico Florestal 2003. A partir da dcada de 80, os objetivos estratgicos do governo brasileiro para o segmento celulsico papeleiro comearam a se concretizar com a ascenso do Brasil ao mercado exportador. Na dcada de 90 houve a ruptura definitiva da poltica econmica e industrial brasileira com o modelo de substituio de importaes e assim solidificada a insero do Brasil no grupo de pases exportadores de celulose de mercado (i.e., originaria de Eucalipto). Na dcada de 90, o consumo mundial de celulose e pastas de mercado cresceu uma taxa anual mdia de 4,1% a.a., enquanto a celulose de eucalipto apresentou crescimento ainda mais expressivo de 8,5% ao ano. Em 1999, comparativamente a 1998, o consumo de celulose e pastas cresceu 6,3%, ficando a celulose de eucalipto tambm com um crescimento mais significativo de 13,1%. Em 2003, a produo total brasileira de celulose foi de 8,6 milhes de toneladas e 4,5 milhes de toneladas foram exportadas. Foram tambm produzidas 7,9 milhes de toneladas de papis, em geral, e exportadas 1,8 milhes de toneladas. Em 2004 as exportaes ultrapassaram a marca de cinco milhes de toneladas (ver grfico a seguir).

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 Tambm na dcada de 90 que houve a delimitao do nicho de grandes empresas controlando cerca de 90% das exportaes brasileiras: Aracruz Celulose no estado do Esprito Santo, Cenibra no estado de Minas Gerais, Suzano/Bahia Sul Celulose na Bahia, Votorantim Celulose e Papel em So Paulo, Riocell no Rio Grande do Sul e Jar Celulose no Amap. A Veracel Celulose, em fase final de construo no Sul da Bahia tambm busca se integrar a este clube seleto. Todas estas empresas contam, ou contaram, de uma maneira ou de outra, com o apoio do BNDES e algumas so em parte controladas por investidores externos. Tambm outra caracterstica do setor a tendncia, desde a fase de expanso na dcada de 70, de concentrao, assim estas empresas, so competidoras, mas tm controles acionrios cruzados. Uma panormica sobre o perfil de investimento no segmento celulsico papeleiro mostra que na dcada de 80, a desacelerao da economia brasileira e mundial, nos chamados anos perdidos, levou ao aumento do custo do capital e ao colapso do sistema internacional de crdito. Diante deste cenrio este segmento concentrou seus esforos em exportar mais e reduzir custos. Entre 1986 e 1992 os investimentos foram para modernizao e ganhos de produtividade, e houve maior preocupao com a profissionalizao da gesto das empresas. Atendendo a esta necessidade, no fim de 1987, o governo lanou um novo Programa Nacional de Papel e Celulose, que contemplava um novo ciclo de investimentos e estabelecia metas para 1995 de expanso da produo de celulose, papel e tambm pastas de alto-rendimento. Conseqentemente tambm estabelecia aumentos nas exportaes. E para atingir estes objetivos, entre outras aes iria privilegiar a importao de equipamentos e implantao de novos reflorestamentos. A partir de meados da dcada de 90, apesar das mudanas na conjuntura econmica estarem mais favorveis ao setor produtivo industrial, como as empresas do segmento tinham muitas dvidas externas, o enfoque continuou a ser em priorizar as exportaes. Mas, esta estratgia gerou ainda a capitalizao das empresas e expressivos ganhos financeiros porque boa parte de seu faturamento ocorria em moedas fortes. A perspectiva deste segmento nos prximos 10 anos de que o crescimento mundial de consumo de celulose e pastas de mercado continue em taxas iguais ou superiores da dcada de 90. A demanda potencial adicional estimada para at 2015 da ordem de 15 milhes de toneladas de celulose de fibra curta (i.e., Eucalipto) e de 7,4 milhes de toneladas de celulose de fibra longa (i.e., Pinus)12. E respondendo a esta demanda, de acordo com a BRACELPA13, o segmento j planeja a seguinte expanso de sua base florestal de plantaes, a saber:

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Mattos, R. L. G. e A. C. d. V. Valena (2000). Celulose de Mercado: Novo ciclo de expanso. Rio de Janeiro, BNDES: 12 pp. 13 Relatrio Estatstico Florestal 2003.

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005PLANTIOS E REFORMAS PROGRAMADAS PELAS EMPRESAS DO SEGMENTO DE CELULOSE & PAPEL COM BASE FLORESTAL DE PLANTAES (Por ano em ha) PLANTIOS REFORMAS TOTAL ANO EUCALIPTO PINUS OUTROS EUCALIPTO PINUS OUTROS GERAL 41.247 10.100 0,0 122.397 18.998 0,0 192.742 2004 37.856 10.524 0,0 132.013 20.610 0,0 201.003 2005 31.707 13.074 0,0 136.888 16.966 0,0 198.635 2006 17.806 12.814 0,0 138.485 15.385 0,0 184.490 2007 5.648 10.824 0,0 138.245 15.688 0,0 170.405 2008 7.770 10.574 0,0 129.953 17.234 0,0 165.531 2009 7.222 10.674 0,0 131.880 20.100 0,0 169.876 2010 5.100 12.551 0,0 124.223 19.219 0,0 161.093 2011 5.934 10.224 0,0 124.206 19.679 0,0 160.043 2012 160.290 101.359 0,0 1.178.290 163.879 0,0 1.603.818 TOTAL

PLANTIOS E REFORMAS PROGRAMADAS PELAS EMPRESAS DO SEGMENTO DE CELULOSE & PAPEL COM BASE FLORESTAL DE PLANTAES (Por estado em ha entre 2004-2012) PLANTIOS REFORMAS TOTAL UF EUCALIPTO PINUS OUTROS EUCALIPTO PINUS OUTROS GERAL 0,0 14.000 0,0 77.500 0,0 0,0 91.500 AP 59.183,0 0,0 0,0 314.639,9 0,0 0,0 373.822,9 BA 0,0 0,0 0,0 163.323,8 0,0 0,0 163.323,8 ES 4.500 0,0 0,0 114.187,2 5.667 0,0 124.354,2 MG 0,0 0,0 0,0 61.011 0,0 0,0 61.011 MS 0,0 0,0 0,0 54.000 0,0 0,0 54.000 PA 18.183 29.159 0,0 22.713 93.524,0 0,0 163.579 PR 0,0 0,0 0,0 580 0,0 0,0 580 RJ 14.000 0,0 0,0 28.900 2.774 0,0 45.674 RS 7.200 47.400 0,0 0,0 36.000 0,0 90.600 SC 57.224 10.800 0,0 341.435,1 25.914 0,0 435.373,1 SP 160.290 101.359 0,0 1.178.290 163.879 0,0 1.603.818 TOTAL

O segmento seguinte a ser analisado, em termos de consumo de matria-prima de reflorestamentos, foi o de carvo. Os maiores consumidores de carvo vegetal industrial so as empresas produtoras independentes de ferro-gusa e algumas siderrgicas integradas. Da produo total de ferro-gusa no Brasil cerca de 29% suprida por empresas que utilizam o carvo vegetal como elemento termo-redutor do minrio de ferro (SINDIFER)14. Quando analisamos uma srie histrica de consumo para este produto fica caracterizada a primeira grande incoerncia entre as informaes disponveis nos diferentes websites consultados. A SBS, como apresentado anteriormente, atribuiu siderurgia o consumo de 42 milhes de metros cbico de madeira de reflorestamentos para a produo de carvo industrial. Mas, quando examinamos a srie histrica disponibilizada pela AMS/SINDIFER, e a convertemos para a mesma unidade mtrica15, o consumo, em 2003, de madeira para a produo de carvo industrial no passa de 2614 15

www.sindifer.com.br Originalmente esta base de dados est em metros cbico de carvo (mdc) e foi utilizada a taxa de converso de 1mdc=1.2 m3 madeira de reflorestamento (Indicadores Tcnicos do Fundo Florestar de So Paulo - www.floresta.org.br).

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 milhes de metros cbicos (ver grfico a seguir). Ainda bem mais abaixo do que o consumo do segmento celulsico papeleiro.Consumo de madeira de reflorestamento para produo de carvo industrial30000.00 25000.00 20000.00 1.000 m3 15000.00 10000.00 5000.00 0.0086 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 20 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 20 20 20 03

Em relao s guseiras independentes, o estado de Minas Gerais, na dcada de 80, praticamente dominava este segmento com 95% da produo, mas em 2003 este percentual de participao j havia cado para 64% da produo nacional. O centro produtor mineiro est gradativamente sendo substitudo pelo eixo dos estados do Maranho e Par, que j chegaram a responder por 33% da produo deste segmento em 2002, mas caram para 29% em 2003. Complementarmente, os estados do Esprito Santo e Mato Grosso do Sul vm, ao longo dos anos alternando perodos de aumento e diminuio de suas produes, e respectivamente, participam com 5-6% e 1-2% da produo, entre 1993 e 2003 (AMS/SINDIFER). E apesar deste segmento ser classificado como de produtores independentes, em Minas Gerais as 41 empresas existentes se reuniram no SINDIFER (Sindicato da Indstria do Ferro no estado de Minas Gerais) e no eixo Par/Maranho, as 13 indstrias existentes se reuniram sob a Associao das Siderrgicas de Carajs (ASICA). E no segmento siderrgico, apesar de grandes indstrias nos estados do Rio de Janeiro e So Paulo utilizarem o carvo mineral (coque), e as usinas integradas usurias de carvo responderem por somente cerca de 4% da produo nacional (ver tabela a seguir), em Minas Gerais sua importncia marcante.Produo Total de Ferro Gusa (t) - Brasil Siderurgia a Coque 17,057,316 17,849,340 17,951,149 18,832,000 18,683,000 Siderurgia a Carvo Vegetal Usinas Integradas 2,455,161 1,969,405 1,667,612 1,418,250 1,467,895 Produtores Independentes 5,446,839 5,145,595 4,359,388 4,762,570 4,960,105 Total Geral Total 7,902,000 7,115,000 6,027,000 6,180,820 6,428,000 24,959,316 24,964,340 23,978,149 25,012,820 25,111,000

Anos 1994 1995 1996 1997 1998

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 20051999 17,738,793 2000 20,323,476 2001 19,577,677 2002 21,595,610 2003 22,564,026 Fonte: Sindifer; IBS 1,408,374 1,253,782 1,303,045 1,294,184 1,346,753 5,401,413 6,145,377 6,510,233 6,759,890 8,103,864 6,809,787 7,399,159 7,813,278 8,054,074 9,450,617 24,548,580 27,722,635 27,390,955 29,649,684 32,014,643

O estado de Minas Gerais responde pela maior parte da produo (41,4%) nacional do segmento de indstrias integradas usurias de carvo vegetal. Outra caracterstica do segmento que est ocorrendo o mesmo fenmeno de fuses e aquisies do segmento celulsico papeleiro. Dados de 2000 (INDI) mostram as seguintes empresas operando no segmento, mas no existem informaes nos websites de todas estas sobre a fonte de matria-prima energtica utilizada. Sabe-se, contudo que a Acesita, Belgo-Mineira, Gerdau e Mannesmann com certeza utilizam carvo vegetal, pois so scias da Associao Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF)16:Empresas Usiminas (MG)/Cosipa (SP) Gerdau (RS,SC, MS)/Aominas (MG) Acesita (MG)/Villares (SP)/Companhia Siderrgica de Tubaro (ES) CSN (RJ) Belgo-Mineira (MG)/Dedini/SMJ Mannesmann (MG) Itaunense (paralisada) Barra Mansa/Votorantim Metais (RJ) Capacidade de produo de ao bruto Unidade: 106 t/ano 7,8 6,4 5,0 4,8 3,0 0,79 0,14 0,45

Um contraponto nesta anlise do volume de carvo vegetal originrio de reflorestamentos que utilizado pelos segmentos guseiro e siderrgico o fato de que parte da demanda para fabricao de carvo industrial atendida com matria-prima de florestas nativas. Assim, preciso identificar a origem do carvo vegetal utilizado para se obter o entendimento se estes segmentos esto buscando um aumento de consumo de carvo de reflorestamento e desta maneira tambm exercendo presso para um aumento da base florestal plantada. Como tambm no existem estatsticas oficiais claras sobre o percentual de consumo de carvo vegetal oriundo destas duas fontes de matria-prima, buscou-se informao na rede web. Novamente, houveram discrepncias entre os valores encontrados em diferentes websites, relatrios setoriais e encontros empresariais, que variaram de acordo com o pblico-alvo. Para exemplificar, a Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS)17 citada em uma matria disponvel na rede web, declara que em 2004 o consumo de carvo vegetal oriundo de reflorestamentos foi de cerca 20 milhes de metros de carvo (mdc)18 e que segundo dados do setor, cerca de 50% desse carvo foi originrio de matas nativas (em sua maioria do cerrado). Por conta desta produo de carvo, estima-se que 500 mil ha de cerrado esto sendo desmatados anualmente. Para solucionar o problema bastaria serem plantados 150 mil ha de eucalipto por ano, demonstrando assim os benefcios da silvicultura brasileira. J a antiga16 17

www.abraflor.org.br www.sbs.org.br 18 Informao tambm discrepante da fornecida na tabela anteriormente apresentada.

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 ABRACAVE, Associao de Produtores de Carvo Vegetal, agora Associao Mineira de Silvicultura (AMS)19, em uma apresentao no ano 2000, declara que o carvo originrio de plantaes de rvores j representava ento 82,5% do montante consumido pelo setor siderrgico. Apesar de no ter sido explicitado nesta palestra, acredita-se que o objetivo era o de demonstrar a crescente responsabilidade ecolgica deste segmento produtivo. Independentemente das discrepncias descritas acima, os dados disponveis sobre consumo de carvo oriundo de reflorestamentos demonstram um crescimento ao longo dos anos. E a tendncia configurada nas informaes disponveis que continue a haver aumento do consumo de carvo vegetal oriundo de plantaes, seja por coibio da produo de carvo ilegal de florestas nativas, ou seja, por crescimento da produo nacional de ferro-gusa e derivados de ao.

Consumo de madeira e carvo por guseiras e siderrgicas35000.00 30000.00 20000.00 25000.00 mdc 20000.00 15000.00 10000.00 5000.00 5000.00 0.0019 8 19 6 8 19 7 8 19 8 8 19 9 9 19 0 9 19 1 9 19 2 9 19 3 9 19 4 9 19 5 96

25000.00

15000.00 m3

10000.00

Carvo de floresta nativa (mdc) Carvo de reflorestamento (mdc) Madeira de reflorestamento (m3)

0.00

Apesar desta tendncia de crescimento do consumo de carvo oriundo de reflorestamento, o consumo total de carvo vegetal com fins industriais no Brasil est presentemente mais baixo do que em meados da dcada de 90. E, de maneira geral, tem havido diminuio no volume total de consumo de carvo industrial, como fica demonstrado em dados da AMS apresentados na tabela abaixo.Consumo Total de Carvo Vegetal (1000 mdc1) - Brasil Anos 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Florestas nativas Consumo 17,923 15,180 14,920 7,800 5,800 8,600 % 56.5 46.0 48.0 30.0 24.6 32.6 Reflorestamentos % Consumo 13,777 17,820 16,164 18,200 17,800 17,800 43.5 54.0 52.0 70.0 75.4 67.4 Total Consumo 31,700 33,000 31,084 26,000 23,600 26,400

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www.silviminas.com.br/

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 20051999 2000 2001 2002 2003 8,070 7,200 8,367 7,571 7,616 30.0 28.3 31.9 28.2 26.1 18,830 18,200 17,853 19,249 21,586 70.0 71.7 68.1 71.8 73.9 26,900 25,400 26,220 26,820 29,202

A razo para este perodo de decrscimo de consumo durante a segunda metade da dcada de 90, provavelmente est relacionada com a troca de fonte energtica feita por grandes empresas siderrgicas para o carvo mineral (coque), e tambm as dificuldades e custos de obteno de carvo vegetal dentro de um raio de abastecimento vivel. Neste perodo as distncias para obteno de carvo vegetal chegaram cerca de 1.200 km e o custo chegou a subir at 20% do que era na dcada anterior, passando a representar at 60% do custo final de produo de ferro gusa20. A tabela a seguir apresenta a mudana de preo do carvo vegetal oriundo de florestas nativas e em relao plantaes pode-se prever que o aumento tenha sido ainda maior devido aos custos mais altos de produo.PREO MDIO PARA COMPRA DE CARVO VEGETAL ORIGEM NATIVA COMPARAO 1997/LTIMOS 10 ANOS (us $/m3) Regio 1997 ltimos 10 anos Sete Lagoas Belo Horizonte Divinpolis Santos Dumont Montes Claros RJ Fonte: ex-ABRACAVE, AMS. 22,01 21,89 22,50 23,44 15,63 27,05 18,37 19,75 19,16 21,64 15,46 22,59

Porm, dois outros fatores tambm tm que ser levados em considerao. Primeiro, a mudana gradual que vem ocorrendo do centro produtivo de ferro-gusa de Minas Gerais para o eixo ParAmap21, oque no necessariamente implica no menor uso de carvo, mas provavelmente no menor controle sobre o consumo e fontes de matria-prima. No s este fato descrito acima deve ser objeto de acompanhamento por parte de agncias governamentais ambientais e da sociedade civil organizada, mas tambm deve ser dada ateno importncia das guseiras independentes na produo de ferrogusa e conseqentemente consumo de carvo. O grfico a seguir demonstra que desde a ltima dcada vem crescendo o perfil de participao destas empresas no segmento de produo de ferro-gusa no Brasil.

INDI (1999). Ferro Gusa - Perfil Setorial. Belo Horizonte, MG, Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais: 10 pp. 21 INDI (1999).

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005Produo de ferro-gusa no Brasil (tons)9000.00 8000.00 7000.00 6000.00 5000.00 66% 4000.00 64% 3000.00 2000.00 1000.00 0.00 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 62% 60% 58% 56% 76% 74% 72% 70% 68% Produo Ferro-gusa BR (integradas e independentes) Produo ferro-gusa independentes Percentual de produo ferrogusa independentes

E o segundo fator a nova conjuntura mundial de busca de diminuio de emisses de gases causadores de aquecimento global. A adoo de medidas de melhoria da eficincia energtica no s uma boa contribuio para campanhas de relaes publicas e marketing, como possivelmente, em um futuro prximo, poder servir para obteno de crditos referentes aos mecanismos de desenvolvimento limpo. Este ltimo aspecto tem grande potencial de agir como limitante na expanso de uso de carvo vegetal e, portanto de demanda por expanso da base florestal de plantaes. Assim, diante deste cenrio de aumento do consumo de carvo oriundo de plantaes, de acordo com informaes do Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais (INDI)22, para garantir o abastecimento futuro de carvo vegetal, o SINDIFER estabeleceu parceria com a Associao das Siderurgias para o Fomento Florestal (ASIFLOR) para a implantao, ao longo de oito anos (portanto at 2012), de uma reserva de plantaes de rvores de 525 mil hectares, cerca de um tero da rea planejada pelo segmento celulsico papeleiro. O prximo segmento consumidor de matria-prima de reflorestamentos o de madeira serrada, que apesar de menos proeminente, em 1998 j havia alcanado uma faixa de consumo anual da ordem de 15,16 milhes de metros cbicos. Relatrios setoriais disponibilizados na rede web demonstram que o segmento de produtos de madeira slida vem aumentando rapidamente o consumo de matriaprima de reflorestamentos, especialmente Pinus. E a Associao Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF)23 declara em seu website que o Brasil conjuntamente com o ttulo de maior exportador mundial de celulose de fibra curta (Eucalipto) tambm o maior exportador mundial de compensado de Pinus.

22 23

www.indi.mg.gov.br www.abraflor.org.br

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005Evoluo do consumo em 1.000 m de madeira slida Fonte: www.ambientebrasil.com.br Segmento Total Serrada Reflorestamento Floresta nativa Total Laminas & Compensados Reflorestamento Floresta nativa Total Chapas Reflorestamento Floresta nativa Total Total Reflorestamento Floresta nativa 1990 36.658 9.164,5 27.493,5 3.886 777,2 3.108,8 1.972 1.972 0 42.516 11.913,7 30.602,3 1996 45.180 13.779,9 31.400,10 4.268 938,96 3.329,04 3.765 3.765 0 53.213 18.483,86 34.729,14 1997 45.062 14.600,08 30.461,92 3.964 967,22 2.996,78 4.330 4.330 0 53.356 19.897,3 33.456,70 1998 44.864 15.612,67 29.251,33 3.773 969,66 2.803,34 5.196 5.196 0 53.833 21.778,33 32.054,67

Fonte dos dados - ITTO, ANFPC, ABPM, ABRACAVE, STCP, FUNATURA

A ABIMCI (Associao Brasileira da Indstria de Madeira Processada Mecanicamente)24, que representa os interesses tanto de empresas que trabalham com madeira oriunda de florestas nativas como de reflorestamento, em seu ltimo relatrio setorial, do ano de 2003, declara que para os diferentes produtos de madeira slida, produzidos no Brasil, o cenrio era o seguinte: Madeira serrada Apesar da contribuio das florestas nativas ser ainda maior do que de plantaes de rvores, a produo e consumo de madeira serrada tropical permanecem estabilizados desde 1995, no patamar de 14 milhes de m3; o consumo interno de 95% da produo, mas este consumo que tambm era estvel comeou a decrescer nos ltimos anos dada a preferncia dos empresrios do ramo para atender a demanda de mercados externos. J a produo de madeira serrada de Pinus vem crescendo gradualmente, apesar de ter-se atenuado nos ltimos anos. Mas entre 1993 e 2002, a taxa anual de crescimento atingiu o valor 7% a.a. Desde o ano 2000 a produo anual havia atingido patamares de oito milhes de m3, sendo que 80% da produo foi consumida internamente. Porm, as exportaes vm crescendo exponencialmente, entre 1993 e 2002, passaram de cerca de 300 mil m3/ano para 1,5 milhes m3/ano. Um crescimento de 400%. A madeira serrada de Pinus, que at meados da dcada de 90 representava cerca de 25% da produo nacional, em 2003 j havia crescido para cerca de 35%. No s as exportaes diretas tm movido este crescimento, mas tambm o aumento de demanda da industria moveleira localizada em So Paulo e no sul do Brasil (ver adiante). Chapas, lminas e compensados Mesmo que estes produtos somados representem um potencial de consumo mais baixo de madeira de reflorestamentos, as tendncias do segmento24

www.abimci.org.br

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 so importantes para entendimento das fontes de presso sobre a base florestal plantada. No caso de compensados, segmento para o qual a ABIMCI disponibiliza informaes, as plantaes no sul e sudeste do Brasil, particularmente Pinus asseguram 60% da produo nacional. Os restantes 40% so manufaturados com madeira de florestas nativas. Enquanto a produo de compensado composto somente de madeiras tropicais tem se mantido estvel ao longo da ltima dcada, em torno de um milho de metros cbicos/ano, o compensado de Pinus desde 1999 atingiu o patamar de 1,6 milhes de metros cbicos/ano e as exportaes vm substituindo as vendas para o mercado domstico. Produtos oriundos do aproveitamento de madeira serrada Dos chamados Produtos de Maior Valor Agregado (PMVA), apesar deste grupo nem sequer aparecer listado nos dados de consumo encontrados, as anlises setoriais anteriores a 2004 declaravam que a indstria de painis reconstitudos, consumidora de Eucalipto e Pinus, em 2004 consumiria 10 milhes de m3/ano, oque implicaria na necessidade de dobrar, em curto prazo, as reas florestais ligadas a esta indstria. E outro aspecto importante advm do uso destes produtos pelo setor moveleiro brasileiro, que como ser descrito a seguir, tem crescido exponencialmente. Dois dos produtos de reaproveitamento so blocos e blanks. Sua fabricao recente no Brasil, mas tem crescido rapidamente devido a propiciar grande agregao de valor em matrias-primas antes desperdiadas, permitindo sua utilizao para molduras e painis, cujo consumo pelo mercado nacional tambm tem aumentado. Tambm a produo de portas no Brasil em grande parte baseada no reaproveitamento de matria-prima serrada. A capacidade de produo em 2002 alcanou o patamar de 6,3 milhes de unidades/ano representando 90% da capacidade industrial instalada. A ABIMCI estima que existam 2.300 empresas atuando neste ramo, sendo 80% localizadas nos estados do Paran e Santa Catarina. E 10 empresas concentram 50% da produo nacional. O mercado interno absorve a maior parte da produo (cerca de 75%), mas as exportaes vm crescendo exponencialmente e em 2002 chegou 1,6 milho de unidades/ano. E o painel colado lateral o PMVA que mais empregado pelo segmento moveleiro. A produo de quase 300 mil m3/ano e 75% do consumo domstico, mas as exportaes tm crescido exponencialmente. Entre 1995 e 2002 passaram de 20 mil m3/ano para 65 mil m3/ano. Existem ainda outros produtos, tais como pisos, que tambm podem ser fabricados com o reaproveitamento de matria-prima, mas no existem estatsticas claras sobre a contribuio da matria-prima advinda de plantaes. Especificamente sobre o segmento moveleiro, a ABIMOVEL (Associao Brasileira das Indstrias do Mobilirio) quando contatada para este Diagnstico declarou que seus associados s utilizam insumos j processados (chapas, ferragens, tintas/vernizes, etc.). Mas, de qualquer maneira, as indstrias de mobilirio no Brasil sendo usurias de matria-prima oriunda de plantaes, mesmo que indiretamente, tambm podem estar exercendo presso sobre a base florestal plantada. De acordo com a ABIMCI a indstria moveleira brasileira consome cerca de 15% da produo total de madeira serrada e os 10 grandes plos moveleiros existentes no Brasil so os principais mercados consumidores desta matria-prima. As indstrias brasileiras de mveis esto mais concentradas nas regies Sul e Sudeste, sendo que o estado de So Paulo detm 24% das empresas do mercado formal, seguido pelo Rio Grande do Sul e Minas Gerais com 12% cada, depois o Paran com 11% das empresas e Santa Catarina representam 9% deste universo. Alm do mais, o Rio de Janeiro e o Esprito Santo detm, respectivamente, 5% e 2% deste setor e os restantes 25% das indstrias esto distribudas em outros plos que ainda encontram-se em estgio inicial de desenvolvimento, como o do Cear e na Bahia. Estes centros produtores congregam cerca de 16.000 micro, pequenas e mdias

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 empresas, na sua maioria com uma estrutura familiar, de capital nacional. Somente na fabricao de linhas de mveis como de escritrio, que tem ocorrido o interesse de investimento por parte de empresas estrangeiras. O estado de So Paulo no s tem o maior nmero de indstrias moveleiras como responde por cerca de 40% do faturamento do setor e concentra 80% da produo nacional de mveis de escritrio. Depois dele, o Rio Grande do Sul o segundo maior produtor de mveis, representando em mdia 20% do valor da produo nacional. Sua produo comercializada predominantemente no mercado domstico e apenas 7% do valor da produo so exportados. Contudo, as exportaes deste estado representaram no ano de 2003, aproximadamente, 30% do valor total das exportaes nacionais. Segundo informaes da ABIMOVEL apresentadas em um estudo produzido para o Ministrio da Indstria e Comrcio25, o faturamento deste segmento em 1999 foi de US $7,3 bilhes e em 2004 de US $25 bilhes, com uma taxa mdia anual de crescimento de 28% a.a. E as exportaes vm crescendo taxas mdias de 44,3% a.a., devido a melhoria drstica da capacidade produtiva da indstria nacional e aumento da demanda externa. Um aspecto da conjuntura internacional que o mercado europeu tem comprado somente mveis produzidos a partir de madeira de reflorestamentos devido preocupaes ecolgicas. Para atender este crescimento, o setor moveleiro tambm demonstra a preocupao de que a atual base florestal plantada no suficiente para atender sua demanda, j que o limite estimado para a produo sustentada de toras de Pinus de sete milhes de m3/ano. As grandes empresas consumidoras de madeira (fbricas de celulose e siderurgias a carvo vegetal) so tambm os fornecedores de grande parte da lenha e toras para outras atividades, e alm das baixas taxas de reposio da base florestal plantada que ocorrem desde o fim dos incentivos fiscais26, a perspectiva atual de ampliao da produo da indstria de celulose & papel pode reduzir ainda mais a oferta de toras no curto e mdio prazo. A predominncia de pequenas empresas, segundo especialistas do setor, diminui a probabilidade de que o segmento moveleiro invista na implantao de reflorestamentos prprios. Portanto, este conjunto de informaes sobre consumo de madeira oriunda de reflorestamentos demonstra que o segmento de celulose & papel est na vanguarda da presso para expanso da base florestal plantada. Ento, a prxima reflexo que se faz necessria sobre a rea total ocupada atualmente pelas plantaes existentes e oque a expanso das mesmas ir gerar em cada regio. Todavia, se as informaes sobre consumo j eram problemticas, dados sobre a rea ocupada por plantaes no Brasil ainda menos disponvel, mais imprecisa e discrepante. A declarao encontrada no website Ambiente Brasil27 exemplifica a questo: No existe, atualmente, no Brasil, um levantamento preciso quanto ao total da rea reflorestada no Pas. Os dados so estimados por iniciativa das instituies estaduais de meio ambiente ou ainda pelas entidades de classe que congregam as indstrias de base florestal. Nesse particular, no so computados os plantios em pequenas propriedades ou aqueles no vinculados diretamente reposio florestal obrigatria. Porm, algumas iniciativas de organizao das informaes existentes, que ainda deficientes, provm alguns elementos para uma anlise geral da situao.25

PENSA-FIA-FEA-USP (2001). Frum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Indstria de Madeira e Mveis (CPIMM). So Paulo, Fundao Instituto de Administrao - USP, Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade, Programa de Estudos dos Negcios do Sistema Agroindustrial: 56 pp. 26 Todavia como ser mostrado adiante neste Diagnstico, esse no parece ser mais o cenrio vigente. 27 www.ambientebrasil.com.br

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005Principais agentes reflorestadores no Brasil, com suas respectivas reas plantadas Entidades Empresas de celulose & papel Empresas siderrgicas Empresas de painis madeira reconstituda de rea (mil ha) 1.399 950 250 209 2.172 % do total 28,10 18,10 5,0 4,2 43,60

Pequenos produtores (reas de at 20 ha) Outros (reas governamentais FLONAS ou de pesquisa; estaes experimentais e empresas) Total

4.980

100

Fonte: Censo Agropecurio do IBGE, BRACELPA, ABRACAVE, SBS e FAO.

Os dados acima, so discrepantes de informao obtida em uma palestra apresentada no I Frum Nacional de Base Florestal, ocorrido em Braslia em junho de 2003:Segmento Siderurgia carvo vegetal Celulose e papel Madeira processada mecanicamente Frutferas e palmceas Outros fins rea (ha) 1.640.526 1.602.985 854.555 605.557 610.697 % 31 30 16 11 12

Os dados fornecidos nesta tabela, todavia, provm informao sobre reas com plantaes de frutferas e palmceas, que mais uma varivel a ser considerada para este Diagnstico. Os recursos o FISET tambm serviram para a implementao de reas de monoculturas de palmito e de rvores de espcies frutferas. No primeiro caso, servem como exemplo as reas implementadas no estado do Paran. Na primeira metade da dcada de 70, o interesse por estes plantios foi at maior do que pela introduo de Pinus, chegando a representar, em 1975, 50% das novas reas de reflorestamento implementadas no estado. E no total geral de reas que foram plantadas com incentivos do FISET, entre 1966 e 1979, de 655.545,82 ha, cerca de 22% foram utilizadas para plantio de palmito. E no segundo, como foi o caso de plantaes de caju no ecossistema de Caatinga. Pouco se sabe destes plantios e no levantamento de dados para este Diagnstico buscou-se contatos e informaes sobre o tema sem sucesso. A segunda etapa deste estudo deve contemplar esta questo, com mapeamento destes plantios e levantamento das condies scio-ambientais nos locais de sua implementao. Da mesma maneira, esta segunda etapa de aprofundamento tambm deve servir para uma olhada cuidadosa em outras culturas permanentes, mesmo que arbustivas, como a mamona, cuja proposta do

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 atual governo de ser utilizada como panacia para pequenos produtores no NE deixa de levar em considerao uma srie de aspectos. Este cenrio, em relao estas culturas de carter mais agrcola, pode significar, no futuro, o estabelecimento de um clima de conflito scio-ambiental similar com o existente em relao plantaes de rvores de Eucalipto e Pinus. Mas voltando aos dados sobre rea plantada com plantaes de rvores, justamente com enfoque em Eucalipto e Pinus, as informaes disponveis apontam que as reas de plantios com o primeiro gnero concentram-se na regio Sudeste, sendo que somente o estado de Minas Gerais responsvel por cerca de 51% do total plantado. J os estados que mais se destacam em reas plantada com Pinus so o Paran, Santa Catarina, Bahia e So Paulo. Juntos somam 73% do total plantado. Na maior parte das fontes de informao sobre reas plantadas, a rea reflorestada para fins industriais ocupa entre 4,6 e 5,0 milhes de hectares, sendo cerca de trs quintos destas reas ocupadas por plantios do gnero Eucalipto e o restante com o gnero Pinus. As discrepncias existentes, porm, podem ser constatadas comparando-se as tabelas respectivamente publicadas nos websites do Ambiente Brasil e da Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS).

rea de reflorestamentos por UF Fonte: Ambiente Brasil Estado Bahia Minas Gerais So Paulo Paran Santa Catarina Rio Grande do Sul Outros Total Eucalipto 196.360 1.535.750 574.150 54.150 41.550 112.990 405.850 2.920.800 % 6,72 52,58 19,66 1,85 1,42 3,87 13,90 Pinus 86.349 143.407 202.012 605.130 348.960 136.800 167.502 % 5,11 8,48 11,95 35,80 20,65 8,09 9,91 Total 282.709 1.679.157 776.162 659.280 390.510 249.790 573.352 % 6,13 36,42 16,83 14,30 8,47 5,42 12,43 100,00

100,00 1.690.160 100,00 4.610.960

Fonte dos dados: ABPM, ANFPC,SBS

REA PLANTADA COM PINUS E EUCALIPTOS NO BRASIL (ha) SBS, 2000 UF Pinus Eucalipto Total Amap 80.360 12.500 92.860 Bahia 238.390 213.400 451.790 Esprito Santo 152.330 152.330 Mato Grosso do Sul 63.700 80.000 143.700 Minas Gerais 143.410 1.535.290 1.678.700 Par 14.300 45.700 60.000 Paran 605.130 67.000 672.130 Rio Grande do Sul 136.800 115.900 252.700 Santa Catarina 318.120 41.550 359.670 So Paulo 202.010 574.150 776.160

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005Outros Total 37.830 1.840.050 128.060 2.965.880 165.890 4.805.930

E outro fator de discrepncia e confuso em relao s informaes sobre rea dos reflorestamentos no Brasil introduzido pela Associao Brasileira de Produtores de Celulose e Papel (BRACELPA), que citada no website Celulose Online28 (reproduzindo artigo publicado na Gazeta Mercantil, seo de Cincia & Tecnologia, em 23/01/2003), declara que: Atualmente, as matas produtivas reflorestadas no Brasil cobrem uma rea de 1,4 milho de hectares. O Eucalipto responde por 69% desse universo, seguido do Pinus, com 29%, e outras madeiras, com 2% (dados da BRACELPA). Porm, de acordo com a publicao Relatrio Estatstico Florestal 2003, disponvel no prprio website da BRACELPA, estas reas so referentes somente aos plantios pertencentes s 25 empresas do segmento de celulose & papel que detm plantaes.rea Total Reflorestada em 31/12/2003 (Por ano em ha) Fonte: BRACELPA Gnero Eucalipto 25.253,2 5.787,8 7.127,0 8.886,8 10.381,7 6.882,0 11.798,5 14.190,0 17.708,7 18.587,9 29.470,8 23.883,9 26.358,1 19.070,7 23.319,1 23.945,4 29.997,9 53.338,7 Pinus 57.014,7 9.549,2 9.561,5 10.156,9 9.144,3 8.806,2 6.150,2 5.543,3 8.128,1 9.791,3 14.020,6 17.277,5 11.985,0 10.970,7 15.584,6 17.655,1 22.461,8 19.758,5 Araucria 7.929,1 116,9 11,3 65,6 141,2 98,3 113,4 92,4 91,6 137,6 83,0 1,0 0,0 11,8 85,8 92,2 148,7 99,7 Accia 0,0 0,0 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 1,7 1,4 260,3 0,0 2.391,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,4 0,0 Outros 975,1 72,5 25,0 44,8 355,4 43,9 88,3 81,6 27,5 216,5 62,0 8,0 75,6 201,6 102,3 16,0 49,0 128,0

Ano de Plantio 1944-1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 199628

Total Geral 91.172,1 15.526,4 16.724,8 19.154,1 20.022,8 15.830,4 18.150,4 19.909,0 25.957,3 28993,6 43.636,4 43.561,4 38.418,7 30.254,9 39.091,8 41.708,7 52.657,8 73.324,9

www.celuloseonline.com.br

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 20051997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Total 79.374,6 92.195,0 88.581,8 106.099,4 139.535,0 133.959,3 148.455,7 1.144.189,0 15.554,8 19.231,7 18.151,4 18.475,6 19.675,9 17.216,0 20.598,9 392.463,8 84,1 105,6 126,2 20,2 0,0 0,0 0,0 9.655,7 1,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,8 0,0 2.657,2 112,7 205,0 146,0 32,0 215,9 25,0 0,0 3.309,7 95.127,5 111.737,3 107.005,4 124.627,2 159.426,8 151.201,1 169.054,6 1.552.275,4

E estes valores totais, da ordem de 1,4 milho de hectares (i.e., somente Eucalipto e Pinus), so corroborados pela Associao dos Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF) em duas tabelas disponibilizadas em seu website e apresentadas a seguir. Porm, a comparao dos dados, da tabela acima da BRACELPA com a primeira tabela da ABRAF, ano a ano, tambm demonstra discrepncias de valores. Alm do mais, cabe ressaltar que a ABRAF, em outra tabela disponvel no mesmo website, apresenta o valor de cinco milhes de hectares de rea de plantaes de rvores no Brasil sem explicar o porque destas diferenas.

Ano de Plantio 1943-1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995

rea Total Reflorestada Existente em 31/12/02 (Por ano em ha) Fonte: ABRAF Gnero Eucalipto Pinus Araucria Accia Outros 23.035,1 58.726,9 9.666,9 0,0 966,0 3.891,9 9.366,9 97,8 0,0 59,3 6.644,4 11.867,2 144,0 0,9 45,6 4.788,2 11.167,4 44,7 0,0 15,4 5.740,6 12.357,3 158,3 0,0 64,3 8.923,6 11.917,6 133,9 0,2 359,2 5.888,9 10.264,3 115,3 0,0 34,4 8.380,4 7.824,4 113,4 0,0 113,3 8.946,4 7.308,6 92,4 1,7 70,3 13.366,0 8.534,3 91,5 1,4 100,8 16.412,2 10.588,4 137,6 260,3 208,3 28.874,0 15.106,2 83,0 0,0 50,4 28.278,8 17.814,7 1,2 2.391,0 25,0 22.379,0 12.056,5 0,0 0,0 88,7 23.776,9 10.966,1 11,8 0,1 208,5 30.389,8 15.854,6 85,8 0,0 147,9 29.263,5 17.721,2 92,2 0,0 16,1 45.810,1 22.712,0 150,7 0,1 54,8

Total Geral 92.394,9 13.415,9 18.702,1 16.015,7 18.320,5 21.334,5 16.302,9 16.431,5 16.419,4 22.094,0 27.606,8 44.113,6 48.510,7 34.524,2 34.963,4 46.478,1 47.093,0 68.727,7

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 20051996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Total 82.215,7 89.595,4 96.245,1 85.234,0 102.763,9 135.273,9 132.691,3 19.834,7 15.816,1 19.198,2 17.511,6 18.289,2 19.468,4 18.203,7 99,7 87,1 105,7 140,5 24,7 0,0 0,0 0,0 1,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,7 127,0 107,8 207,1 153,4 31,0 217,3 29,4 102.277,1 105.607,6 115.756,1 103.039,5 121.108,8 154.959,6 150.925,1 1.457.122,7

1.038.809,1 400.476,5

11.678,2 2.657,6 3.501,3

Esta segunda tabela da ABRAF, a seguir, representa este valor total de 1,4 milho de hectares distribudo nas Unidades da Federao.rea Total Reflorestada Existente em 31/12/02 (Por estado em ha) Fonte: ABRAF/BRACELPA Gnero Eucalipto Amap Bahia Esprito Santo Maranho Mato Grosso do Sul Minas Gerais Par Paran Rio Grande do Sul Santa Catarina So Paulo Total Pinus Araucria Accia Outros 0.02.650,0 878,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 461,3 0,01.977,8 0,0 0,0 0,0 9.597,9 0,0 127,1 682,0 7,6 49,0 923,8 0,0 66,2 13,2 0,0 402,3 92.499,1 239.154,6 115.707,6 5.500,1 58.652,1 153.604,1 38.471,0 256.941,5 54.325,6 111.879,8 330.387,2 1.457.122.7 55.147,0 33.824,1 228.051,0 11.103,6 115.596,5 110,2 5.500,1 0,0 58.652,1 0,0 148.481,2 2.683,8 34.002,0 4.469,0 44.449,7202.766,8 43.199,5 10.387,5 8.438,9102.450,9 297.291,1 32.680,6

Estado

Total Geral

1.038.809,1400.476,5 11.678,22.657,63.501,3

Pode-se notar que quando se compara a rea total plantada com Eucalipto e Pinus no Brasil com a rea plantada com estes dois gneros s para o segmento de celulose & papel, a hierarquia de importncia dos estados se modifica (ver tabela a seguir). Considerando-se o total geral de plantaes, para todos os segmentos produtivos, Minas Gerais o estado com maior rea plantada, seguido de So Paulo e do Paran. Mas se os dados analisados forem sobre as reas plantadas pertencentes ou objetivando atender o segmento celulsico papeleiro, So Paulo passa a ser o estado com maior rea plantada, seguido pelo Paran e pela Bahia. Coincidentemente, nestes trs estados esto ocorrendo frentes de expanso dos plantios de rvores para atender este segmento, como apresentado adiante.

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005rea plantada com Eucalipto e Pinus em todo o rea plantada com Eucalipto e Pinus para o Brasil (total de 4.805.930 ha) segmento de celulose & papel (total de 1.457.122,7 ha) Fonte: SBS UF Minas Gerais So Paulo Paran Bahia Santa Catarina Rio Grande do Sul rea com Eucalipto 1.535.290 574.150 67.000 213.400 41.550 136.800 rea com Pinus 143.410 202.010 605.130 238.390 318.120 115.900 Fonte: Bracelpa UF So Paulo Paran Bahia Minas Gerais Esprito Santo Santa Catarina rea com Eucalipto 297.291,1 44.449,7 228.051 148.481,2 115.596,5 8.438,9 rea com Pinus 32.680,6 202.766,8 11.103,6 2.683,8 110,2 102.450,9

Estas discrepncias se repetem, mais uma vez, em relao s reas reflorestadas anualmente, sendo que os dados da BRACELPA no coincidem com os da antiga Associao de Produtores de Carvo Vegetal (ABRACAVE), agora Associao Mineira de Silvicultura (AMS), em relao aos plantios com o gnero Eucalipto, comparando-se os valores a partir de 1992.

REA ANUAL REFLORESTADA ENTRE 1992 E 2001 INCLUINDO REFORMAS (hectares) Fonte: BRACELPA, 2002 Gnero Ano 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Eucaliptos 69.556 70.045 64.060 71.294 88.004 86.118 92.223 88.897 101.133 133.959 Pinus 12.923 18.820 19.562 22.695 24.118 15.228 18.374 18.278 18.071 14.616 Araucria 0 267 81 147 111 116 104 154 25 12 Accia 0 0 0 234 2 1 0 0 0 0 Outros 174 71 0 170 307 206 0 27 175 0 Total 82.653 89.203 83.703 94.540 112.542 101.669 110.701 107.356 119.404 148.587

Ano 1990 1991 1992 1993 1994 1995

REA ANUAL REFLORESTADA NO BRASIL (hectares) Fonte: ex-ABRACAVE (AMS), 2001 Eucalipto para Eucalipto para Celulose/Outros Carvo 125.000 87.421 51.305 67.283 80.067 78.539 46.653 81.739 37.026 82.801 30.351 98.340

Total 212.421 118.588 158.606 128.392 119.827 128.691

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 20051996 1997 1998 1999 2000 2001 32.752 30.756 30.000 30.000 30.000 50.000 106.808 101.723 110.830 107.000 71.000 88.100 139.560 132.479 140.830 137.000 101.000 138.100

Para finalizar esta anlise da desuniformidade de informaes que so primordiais para qualquer processo de planejamento e tomada de decises referentes ao Setor Florestal, vale apontar que a maioria das empresas ligadas ao setor de base florestal plantada afirma que cerca de 66% da rea total do territrio nacional coberta por florestas naturais; 0,5% por plantaes de rvores e os restantes 33,5% por outros usos como agricultura, pecuria, reas urbanas, estradas, etc (ABIMCI/STCP29). Contudo, um estudo recente, produzido dentro da prpria Diretoria de Florestas do Programa Nacional de Florestas (DIFLOR/PNF) da Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF) do Ministrio do Meio Ambiente (MMA)30, sobre quantificao de reas degradadas no Brasil, utilizando dados do IBGE e de outras agncias governamentais, chegou aos seguintes valores (ver tabela a seguir): reas de florestas naturais representam 36,7% do territrio nacional, sem serem consideradas as unidades de conservao que ocupam 7,8% e terras indgenas 11%; e as reas de plantaes de rvores ocupam, na verdade, 0,6% do territrio. A diferena de apenas 0,1% sobre a rea total de plantaes, representando cerca de 85 mil ha, no significativa territorialmente, porm importante do ponto de vista de ilustrao de existem deficincias bsicas quanto informao de onde esto as plantaes de rvores, a quem pertencem e para que fins elas existem.Quantificao das reas degradadas no Brasil, distribudas entre os principais agentes modificadores das paisagens naturais Discriminao 1995 2005 de Uso do Solo Observaes Agropecurio rea rea Total % rea rea % Florestal e total (Km) total Total Outros (mil ha) (mil ha.) (Km) 7.542 75.420 0,9 8.873 88.730 1,0 + 0,1% Permanentes 34.253 342.530 4,0 48.933 489.330 5,7 + 1,7% Temporrias + 24.000 240.000 2,8 26.400 264.000 3,1 + 0,3% em Pousio 6,9% 105.005 1.050.050 12,2 143.843 1.438.430 17,0 + 4,8% Pastos Artificiais Terras 165.500 1.655.000 19,3 129.951 1.299.510 15,2 Reduo de 4,1% Produtivas sem utilizao atual 336.300 3.363.000 39,2 365.543 3.580.000 42,0 Subtotal 1 352.332 3.523.320 41,2 314.332 3.143.320 36.7 Estimativa + adio Fl. Naturais das APPs e RL (~) 700 7.000 0,08 500 5.000 0,06 Setor Florestal Fl. Plantadas 18.000 180.000 2,1 17.100 144.000 1,68 Estimativa + adio Campos29

empresa de consultoria STCP Engenharia de Projetos do Paran, amplamente utilizada pelo governo na produo de documentos de anlise 30 Tcnico responsvel Luiz Carlos Srvulo de Aquino.

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005Naturais Terras imprprias: inaproveitveis Sub-Total 2 Unidades de Conservao Terras Indgenas Sub-Total 3 UHEs Piscicultura Audes de O irrigao U T Projetos de R Minerao O reas de S influncia urbana e industrial Subtotal 4 TOTAL GERAL de APPs de lagos (~) Pntanos, encostas ngremes, esturios fluvio-marinhos etc. * MMA / SBF / DAP * FUNAI

5.823 376.855 46.900 94.645 141.545 3.127 80 1.700

58.230 3.768.550 469.000 946.450 1.415.450 31.270 800 17.000

0,68 44,0 5,4 11,0 16,4 0,36 0,01 0,19

5.823 366.777 67.000 * 94.645 * 161.645 3.399 132 2.124

58.230 3.350.550 670.000 946.450 1.616.450 33.990 1.320 21.240

0,68 39,0 7,8 11,0 18,8 0,39 0,01 0,25

424

4.240

0,05

471

4.710

0,06

1.470

14.700

0,17

1.730

17.300

0,2

6.801 854.700

68.010 8.547.000

0,8 100

7.856 854.700

78.560 8.547.000

0,9 100

331 PCHs + 78 mdias e grandes Espelho dgua do Brasil: ~ 56.000 Km Associao Brs. de Piscicultores 95% das minas so de pequeno porte: ~16.528 Estimativa baseada nos %s demogrficos de ocupao e n de municpios do Brasil. -

Como mencionado anteriormente, parte desta deficincia de informaes vem sendo suprida pelos estados na elaborao de mapeamentos de sua cobertura arbrea (i.e., florestas nativas e plantaes de rvores) e conduo de inventrios florestais. O estado de So Paulo publicou um Atlas especfico sobre reas reflorestadas com identificao em mapas dos gneros botnicos utilizados Pinus ou Eucalipto, alm de informaes sobre as condies de manejo, idade dos plantios detentores das propriedades31. Todavia esta informao no estava disponvel em formato eletrnico e a compilao dos dados no permite a identificao das reas de reflorestamento em cada municpio. Tambm foram feitos mapeamentos e alguma quantificao de reas com reflorestamentos nos estados do Rio Grande do Sul, Paran e Minas Gerais. No Rio Grande do Sul, de acordo com o website da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) foram quantificadas e qualificadas todas as formaes florestais do estado, por meio de convnio entre o governo do estado do Rio Grande do Sul - SEMA e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), sob coordenao do Departamento de Florestas e reas Protegidas (DEFAP) da SEMA. Porm s esto disponibilizados no website tabelas concisas das informaes obtidas para o estado, como um todo, no havendo imagens das reas. J no Paran foi elaborado um Atlas similar ao do estado de So Paulo, s que esta publicao somente abrange as reas do estado onde ocorre Floresta Ombrfila Mista, ou seja, as Florestas de

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Kronka, Francisco J. N. (org.) 2002. Inventrio Florestal das reas Reflorestadas do Estado de So Paulo. Secretaria de Estado de Meio Ambiente/Insituto Florestal. 184 pp.

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 Araucrias (Araucaria angustifolia)32. Nestas reas foram mapeados os remanescentes de Araucrias e tambm reas de reflorestamento, sem, contudo haver distino das espcies utilizadas nestes ltimos33. Ao fim da publicao existe uma listagem por municpios abrangidos com a rea administrativa total, rea de remanescentes de florestas nativas e de reflorestamentos, mas o somatrio dos totais de reas reflorestadas apresenta erros. Em Minas Gerais, no website do Instituto Estadual de Florestas possvel a visualizao de imagens de satlite com a demarcao de reas com reflorestamentos, mas no existe qualquer quantificao destas reas e muito menos quais as espcies utilizadas. Como nos demais estados, iniciativas de contato e obteno destas informaes para este Diagnstico foram infrutferas. Complementarmente, a ABIMCI publicou quatro estudos sobre os setores de processamento mecnico de madeira nos estados de Santa Catarina, Paran, Mato Grosso e Par. Nestes estudos tambm so includas algumas informaes sobre a rea de florestas nativas e plantaes, mas no so apresentados mapeamentos, nem distino por municpio. Caracterizao da existncia e qualificao de conflitos scio-ambientais, atores, e identificao de mecanismos de resoluo de conflitos, incentivos e outros mecanismos de mercado pertinentes: O primeiro esclarecimento que se faz necessrio que este Diagnstico dos conflitos scioambientais em relao plantaes de rvores, devido s vrias limitaes descritas na seo de Antecedentes, no aborda com profundidade e detalhamento suficientes uma srie de informaes que so ainda necessrias para um correto entendimento das questes pertinentes este tema. E neste sentido, tambm no foi possvel adentrar uma discusso no campo terico de definies sobre oque no jargo atual passou a ser denominado de conflitos scio-ambientais. Tal embasamento terico, todavia, ser fundamental no momento, que se delineia como de continuidade deste estudo, de proposio e construo de mecanismos de dilogo e busca de solues. Mas, para este levantamento inicial, buscou-se, ao menos, atender aos mnimos preceitos das diretrizes tericas sobre que variveis de informao se fazem necessrias para a anlise das questes em relao plantaes de rvores. Sob esta perspectiva, cabe aqui uma observao sobre o termo scio-ambiental. A maioria dos escritos sobre o tema utiliza a expresso socioambiental como palavra conjugada. Porm, optou-se pelo uso de hifenizao para que ficasse claro que, apesar de estar-se falando da combinao e/ou interao de questes sociais e ambientais, na verdade, estes so dois universos de problemas, com perspectivas de solues at distintas. Ou ainda, oque provavelmente se caracteriza mais como a reao de movimentos sociais em torno da questo ambiental34. E no se deve esquecer que estes dois universos devem ser compreendidos dentro de sua insero em um mundo com predominncia do contexto econmico. Assim, em complemento identificao dos objetivos econmicos das reas de plantaes de rvores, foram selecionadas algumas variveis, para a descrio e qualificao dos chamados conflitos scio-ambientais. Estas variveis permitem a identificao de parmetros ambientais, sociais e institucionais delimitadores (ao menos inicialmente) destes mesmos conflitos. Idealmente, aspectos psicolgicos referentes s

Castella, P. R. and R. M. Britez (2004). A Floresta com Araucria no Paran. Braslia, D.F., Fundao de Pesquisas Florestais do Paran/PROBIO. 33 Apesar de que no Estado do Paran a predominncia de uso do gnero Pinus para reflorestamento. 34 Barbanti Jr., O. (2002). Conflitos socioambientais: teoria e prtica. Departamento de Economia, Universidade Federal do Paran. Curitiba: 20 pp.

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Diagnstico de conflitos scio-ambientais em relao plantaes de rvores; Coord. Anna Fanzeres Relatrio Final; Maro 2005 percepes dos diferentes atores tambm deveriam ter sido coletados, mas esta estratgia se apresentou invivel, nesta fase do estudo, pelas limitaes acima citadas. A base de dados apresenta-se de duas formas: em formato shapefile, tendo como base a Malha Munic